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Texto 4 - LIMA Jandir Ferrera De. A Concepo Do Espao Econmico Polarizado
Texto 4 - LIMA Jandir Ferrera De. A Concepo Do Espao Econmico Polarizado
contato: jandir@unioeste.br
Resumo: Este artigo analisa a concepção de espaço econômico polarizado. A noção de pólo é ligada à noção de
dependência. O pólo reflete a concentração das atividades produtivas e da existência de um centro, com uma
pequena periferia composta de vários espaços que gravitam no seu campo de influência econômica e política.Portanto,
a questão principal na análise espacial e até mesmo na política territorial deve ser a busca pelo policentrismo das
atividades econômicas. Na realidade, uma das características do desenvolvimento capitalista é a exclusão social dos
espaços e das culturas que não se adaptam à sua lógica de produção. Por isso, o processo de polarização é um
elemento de conflito, pois vem reforçar as desigualdades regionais e o caráter excludente do sistema produtivo.
Palavras-chave: Economia Regional; Economia Espacial; Desenvolvimento Econômico.
Abstract: This article analyzes the conception of polarized economic space. The notion of a pole is connected with the
notion of dependence. The pole reflects the concentration of the productive activities and the existence of a center, with
a small periphery composed of some spaces that gravitate in its field of economic and political influence. The ultimate
issue in space analysis and even in territorial politics should be the search for the polycentrism of economic activities.
In reality, one of the characteristics of capitalist development is social exclusion from spaces and from cultures that
do not adapt to its logic of production. Therefore, the polarization process is an element of conflict, as it comes to
strengthen the regional inequalities and the excluding character of the productive system.
Key words: Regional Economy; Economic Development; Space Economy.
Resumen: Este artículo analisa la concepción de espacio económico polarizado. La noción de polo es relacionada a la
noción de dependencia. El polo reflite la concentración de las actividades productivas y la existencia de un centro, con
una pequeña periferia compuesta de varios espacios que gravitan en su campo de influencia económica y política. Por
lo tanto, la cuestión principal en el análisis espacial y hasta en la política territorial debe ser la búsqueda por el
policentrismo de las actividades económicas. En realidad una de las características del desarrollo capitalista es la
exclusión social, de los espacios y de la cultura que no se adaptan a su lógica de producción. Por eso, el proceso de
polarización es un elemento de conflicto, pues refuerza las desigualdades regionales y el carácter excluyente del
sistema productivo.
Palabras claves: Economía Regional; Economía Espacial; Desarrollo Económico.
INTERAÇÕES
Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 4, N. 7, p. 7-14 , Set. 2003.
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é que nele os diversos territórios ou regiões implicações. Segundo suas idéias, as ativi-
que o compõem são ligados às mesmas dades econômicas não são localizáveis com
decisões. Os territórios são orientados por precisão, por isso, o espaço não podia ter um
um mesmo plano de desenvolvimento sentido meramente físico. Não poderia tam-
econômico. As condições de planejamento bém ser definido como um território delimi-
e a ação dos instrumentos regulatórios tado pelos acidentes geográficos ou pelo livre
garantem o acesso aos recursos naturais arbítrio do homem, ao contrário, considerava
escassos, estabelecem as regras de locali- essas divisões vulgares e sem valor analítico
zação dos assentamentos humanos e das para a economia. Dessa forma, defendia que
diretrizes da exploração industrial e extra- os espaços são conjuntos abstratos, consti-
tiva. Com isso, as atividades de planejamen- tuídos de relações econômicas (monetárias,
to e gestão dos recursos, têm como delimita- investimento, poupança etc.), realizadas por
dor o espaço geográfico e a forma como este agentes econômicos (unidades familiares,
interage com o meio em que está inserido, empresas e governo).
tanto produtivo como improdutivo. Para Assim, Perroux (1982) conceitua o
Andrade (1987), isso implica levar em con- espaço econômico em duas perspectivas:
sideração os elementos físicos (estrutura, inicialmente, examinando e descrevendo o
relevo, hidrografia e clima), os elementos relacionamento e a distribuição das ativi-
biológicos (vegetação e fauna) e os elemen- dades econômicas no espaço geográfico,
tos sociais, ou seja, a organização feita pelo atividades que podem ser localizadas através
homem. Com isso, nota-se que o espaço não de suas coordenadas ou mapeamento; pos-
é um elemento isolado, mas interde- teriormente, analisando o espaço econômico
pendente, o que pode ser observado no que corresponde a relações conceituais mais
âmbito das regiões. Por outro lado, o espaço amplas – por exemplo, uma empresa ou
plano ou programa, segundo Silva (1996), indústria, ou um grupo delas, pode localizar
apesar de não coincidir com a região sua produção em uma determinada área,
polarizada, teria por vocação a criação de porém seu mercado de insumos, ou de
regiões polarizadas novas. O que implicaria produto, pode estar localizada dentro ou fora
na seleção de meios disponíveis no espaço do mesmo espaço geográfico.
geográfico para um determinado fim. Com isso, o espaço polarizado corres-
Apesar destas concepções de espaço, ponde a um campo de forças ou de relações
a teoria econômica, depois de 1950, dedica funcionais. Ele corresponde às interde-
uma atenção considerável sobre o espaço pendências ou intercâmbios entre os espaços
polarizado. Esta discussão teve uma influên- homogêneos, ou seja, consistem em centros
cia muito forte sobre a as analises do desen- (pólos ou nó) dos quais emanam forças cen-
volvimento econômico. De acordo com trípetas (de atração) e centrífugas (de repul-
Jacques Boudeville (1972, p. 25), a região tem são). Cada centro atuando forma um campo
uma oposição com o espaço “[…] porque ela de atuação próprio. Pode-se então definir o
se compõe de elementos geográficos necessa- espaço ou região polarizada; como o lugar
riamente contíguos, de elementos espaciais onde há intercâmbio de bens e serviços, do
que possuem fronteiras comuns”. A região qual a intensidade de intercâmbio interior é
é um espaço heterogêneo onde estão pre- superior, em cada um de seus pontos defi-
sentes as relações entre um pólo dominante, nidos, à intensidade exterior.
sua periferia e os pólos de outras regiões. Os espaços polarizados podem ser de
Assim, o espaço econômico tende à polari- crescimento ou de desenvolvimento. Os
zação. As possibilidades de um espaço pólos de desenvolvimento são aqueles que
homogêneo ocorrem mais em função das conduzem a modificações estruturais e que
características geográficas que econômicas. abrangem toda a população da região
polarizada. Já o pólo de crescimento corres-
3. O Espaço econômico polarizado ponde a certos pólos que, mesmo motivando
o crescimento do produto e da renda, não
François Perroux (1977) procurou dis- provocam transformações significativas das
tinguir as várias noções de espaço e suas estruturas regionais.
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Segundo Silva (1996), o pólo de cresci- mercado. Estes efeitos seriam sobre a estru-
mento é ativo, pois produz a expansão indus- tura da produção (aglomeração, efeitos
trial, mantendo o ritmo crescente das suas técnicos para frente e para trás, transporte),
atividades, em contraste ao pólo de desenvol- sobre o mercado (impactos de inovações,
vimento, que apenas produziria a expansão mudanças nas variáveis macroeconômicas,
da indústria mediante condições especiais. mudanças institucionais e demográficas).
Assim, os pólos exercem um efeito de domi- Analisando os efeitos econômicos-
nação sobre os outros espaços. Essa domi- funcionais sobre a estrutura de produção,
nação se dá através da ação de uma unidade ocorre o efeito de aglomeração quando a in-
motriz. A unidade motriz pode ser uma dústria ou grupo de indústrias opera a um nível
unidade simples ou complexa, composta por de escala ótima. Uma redução de custo causa
empresas ou indústrias, ou uma combinação economias de escala, externa e de localização
delas que exercem um efeito de atração espalhando-se pelo conjunto da região.
(dominação) sobre as demais unidades a ela Apesar de os efeitos de aglomeração
relacionada. Sua atuação num espaço sócio- envolverem as relações de uma cadeia pro-
econômico gera efeitos positivos. dutiva, os efeitos técnicos de encadeamento
Uma empresa motriz pode estar são os que dizem respeito à função de produ-
geograficamente situada em um local de ção, ou seja, as relações de compra de insu-
exploração da matéria-prima e seu mercado mos e fornecimento de produtos. Os efeitos
de bens e serviços estar localizado em outras para trás (fornecimento de insumos), com as
regiões, dessa forma a empresa ou indústria indústrias complementares, são geralmente
estará completamente deslocalizada em mais importantes que os efeitos para frente
relação ao seu mercado de bens e serviços (fornecimento de produtos) com as empresas
(ex.: indústria de mineração). satélites, porque o valor adicionado pela
Assim, segundo Lima, Silva e Piffer empresa motriz é comparativamente ao da
(1999), a empresa motriz compõe um espaço indústria satélite bem maior.
econômico polarizado. Ela está inter-relacio- Os efeitos de junção ou transporte
nada com as demais indústrias através de envolvem investimentos para expandir a
um sistema de relações econômicas – preços, capacidade da rede de transporte como
fluxos, investimentos etc. Diferentes indús- resposta à atuação da indústria motriz, já
trias crescem a taxas diferenciadas. Dessa que o transporte é um componente expres-
forma, dois fatos condicionam, basicamente, sivo do custo. A rede de transporte torna-se
o crescimento regional: o fluxo de rendas pes- dessa forma parte do eixo de desenvol-
soais e as relações técnicas e comerciais entre vimento, que além do tráfego de produtos
empresas localizadas na região, que tem inclui a orientação principal e durável do
maior influência no desencadeamento do tráfego de serviços e capitais.
crescimento regional. Dessas empresas, a Já os efeitos sobre a demanda ou
unidade motriz geralmente tem a maior mercado basicamente dizem respeito às
influência, pois é de grande porte. A sua pro- mudanças nas propensões keynesianas, ou
dução representa uma grande parcela da seja, o crescimento da indústria motriz afeta
produção regional. Ela gera economias a estrutura de população através da expan-
externas, tem um grande volume de transa- são da renda regional. Do mesmo modo, as
ções com o pólo, caracterizando dessa forma instituições se modificam a fim de se ajusta-
uma grande interdependência técnica rem à elevação do nível de bem-estar geral.
(linkagens). Apresenta um crescimento Aumentos persistentes na renda causam,
normalmente superior a média regional e segundo Keynes (1985), uma diminuição na
utiliza técnicas intensivas de capital. propensão a consumir e em contrapartida
Nesse sentido, pode-se classificar, uma elevação na propensão a poupar.
segundo Lima, Silva e Piffer (1999), num Da mesma forma, ocorrem mudanças
sentido econômico e funcional, a influência na relação trabalho/lazer devido ao efeito
da unidade ou indústria motriz em relação demonstração – tentativa de alcançar status
aos efeitos que ela engendra sobre a estrutura de estrato social superior – e as variações de
de produção, e efeitos sobre a demanda ou produtividade.
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