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ANO VII, N 1384
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Política IKWELI
N
Por: Malito João
ampula (IKWELI) – A
nova onda de ataques
terroristas a sul da
província de Cabo Del-
gado resultou em mais de 33
mil novos deslocados, os quais
procuram por ambiente de se-
gurança na vila de Namapa e no
posto administrativo de Alua no
distrito de Eráti, na província de
Nampula.
Este novo cenário coloca desafi-
os ao governo, o qual deve prov-
er meios para garantir assistência
humanitária a essas pessoas, cuja
maioria é constituída por crianças
e mulheres.
É neste quesito que até a última
terça-feira (27), o Instituto Nacion- “ Para os deslocados internos, foi mos a discutir a possibilidade de
al de Gestão do Risco de Desas- possível ao governo fazer uma re- instalação de abrigo temporário”,
tres (INGD) tinha conseguido as- sposta a 2.728 pessoas, através mas que “várias são as questões
sistir, apenas, 2.728, dos 33.202 do INGD, e o PMA [Programa que estamos a aferir para termos
deslocados. Mundial de Alimentação] está a uma decisão final”, depois de “a
A delegada do INGD em Nampu- fazer a parte complementar, o que partir do dia 21 do mês de Fevereiro
la, Anacleta Botão, disse, duran- significou 670 famílias. Temos al- termos tido entrada massiva de de-
te uma reunião de coordenação guma contribuição já declarada slocados oriundos de Chiúre que
com parceiros de assistência hu- de alguns parceiros e aguarda- se abrigaram no distrito de Eráti”,
manitária, que o governo, também, mos a qualquer instante mais con- onde “até então contávamos com
está preocupado com a ameaça tribuições”, disse Botão, que ano- 33.202 deslocados internos”.
da eclosão de doenças de origem ta estarem em curso no terreno Igualmente, para fazer face as
hídrica, como diarreias, no seio acções de monitoria e do registo. doenças, Anacleta precisou que
do grupo dos deslocados. A fonte reforçou ainda que “esta- “já foram criadas brigadas móveis
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Política & Sociedade IKWELI
para fazer-se o rastreio das doenças os desafios que o governo do dis- de acção como foi dito aqui para
junto daquelas pessoas que já estão trito possa ter para continuar com podermos ver como é que nós
no local. Esperamos mais reforço na a assistência, então partilha de podemos gerir os pequenos re-
assistência humanitária, alimentar, informação é muito importante”, cursos que temos, e o registo
saúde e água e saneamento”. disse Rodrigues. que foi feito acreditamos que foi
Manuel Rodrigues, governador de Jaime Neto, Secretário de Estado de urgência”.
Nampula, que participou na referi- na província de Nampula, que di- Os parceiros têm noção de que
da reunião, reconheceu ser preocu- rigiu a reunião, disse que “vamos não se devem medir esforços
pante e urgente a providência de continuar a trabalhar, lembran- para prover assistência a estes
ajuda aos deslocados, acreditando do que nos deslocados temos deslocados, sobretudo porque
que o número assistido é ainda muito crianças que não estão a estu- os números tendem a subir, tal
pouco. dar, mas também no Eráti outras como referiu António Rafael que
“É verdade que estamos a trabalhar, crianças não estão igualmente disse que “nós verificamos que
mas precisamos de reforçar acções a estudar uma vez que as suas há muita necessidade lá em
de assistência daquela população, escolas estão a servir de abrigo. Eráti, por isso já estamos a criar
porque daquilo que nós vivemos Também concordamos na neces- condições de, pelo menos, fazer
de perto existem pessoas que pre- sidade da criação de equipas de latrinas, dizer ainda que esta-
cisam mesmo de apoio urgente, es- trabalho de nível provincial que mos dispostos a ajudar aquela
tamos a falar de crianças, idosos e devem apoiar os esforços que es- população, o que precisamos é
pessoas com deficiência, mas tam- tão a ser feitos no distrito. Essas um aval do governo”.
bém assistência psicossocial, porque equipas serão chefiados pelos
uma parte delas vivem o drama na directores provinciais, e é preci-
sua mente, e o que eu queria pro- so que trabalhemos de facto com
por é continuarmos a partilhar infor- algum horizonte, apesar de esta-
mações, isso é fundamental, para mos a dizer que eventualmente a
que possamos ficar todos alinhados, população pode voltar, mas se cal-
sobretudo daquilo que são os númer- har a situação não é melhor, então
os, as necessidades e naturalmente temos que estabelecer esse plano
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Por: Redação
ampula (IKWELI) – A vila rológicas e aliada a precipitação nas próximas 24h os níveis
autárquica de Malema, reg voltem a subir na estação hi-
na província de Nampula, istada nas últimas 24h na estação drométricas E-195 no rio Male-
está sob alerta de risco pluviométrica de Malema tendo ma, e-143 no rio Nataleia e rio
moderado a alto de inundações atingido 70.3mm, prevê-se que Mutivaze”.
urbanas. É apelo desta instituição que as
De acordo com um comunicado da pessoas em zonas e risco aban-
Divisão de Gestão da Bacia Hidro- donem imediatamente, pois,
gráfica do Lúrio, da Administração “para o caso da vila de Malema
Regional de Águas Norte (ARA há iminência de inundações ur-
Norte), “a bacia do Lúrio está actual- banas”, sobretudo nos bairros
mente a registar níveis moderados de Mpeneca, 8º Congresso,
com tendência a subir devido a pre- Mpeneca Expansão, Mutivaze
cipitação que se regista com alguma A, Mutivaze B, Namele e Pe-
intensidade na bacia”, por isso “de dreira.
acordo com as previsões meteo-
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Sociedade IKWELI
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Por: Virgínia Emília
ampula (IKWELI) – Um novo
fenómeno de violação dos
direitos da criança ganha
contornos na cidade de Nam-
pula, maior centro urbano do norte
de Moçambique. Este fenómeno con-
siste na exploração da mão-de-obra
infantil, no comércio informal, duran-
te o período nocturno.
O Ikweli fez uma pesquisa para apurar
o nível da seriedade do problema e no-
tamos que, maioritariamente, nas ruas
da cidade, sobretudo nas mediações de
locais de diversão nocturna, ao longo
da noite, são crianças que vendem pe-
tiscos e outros aperitivos para os con-
sumidores de bebidas alcoólicas.
As crianças que são colocadas nesses somos assaltadas, mas como não balhos de casa a minha cunhada
ambientes de risco, também, contam tenho outra alternativa como ajudar e nas noites vir para a rua vender,
que quando regressam a casa, sobretu- a minha avó, acabo enfrentando os porque ele não tem dinheiro para
do as raparigas, têm sido vítimas de vi- riscos, por exemplo ontem quase me matricular de novo na esco-
olência, até sexual. levavam todo dinheiro que eu tinha la, então com essa ideia do meu
Apuramos, igualmente, que algumas vendido e a banana que tinha resta- irmão preferi não voltar a estudar,
famílias recorrem a estas práticas para do, mas um grupo de jovens que re- mas sim a vender”.
que as crianças não percam aulas du- gressava da escola acudiu-me, de- Triste, a menor conta que “se eu
rante o período diurno, mas outras nem sconfio que sejam pessoas que me não vender aqui na rua, minha
por isso. conhecem e sabem do meu horário”. cunhada não vai me dar comida e
Com 12 anos de idade, a adolescente Luísa Teresa Ali, de 16 anos de o meu irmão não terá palavra, mas
Maria Assane vive no bairro de Namute- idade, interrompeu a frequência es- as vezes tenho medo de ser en-
queliua com a sua avó. Durante o dia colar quando frequentava a 8ª classe contrada pelo caminho com esses
frequenta a escola, mas de noite fica na escola secundária de Nampaco, terroristas que estão a actuar em
nas imediações da rotunda do aeropor- e agora vende espeto de carne de Cabo Delgado, mas não tenho out-
to de Nampula para comercializar ba- galinha durante a noite, desde 2021. ra escolha, pior ainda que os meus
nana madura. Ela conta que o seu irmão mais vel- pais ainda continuam no mesmo
Ela, própria conta que, deve ficar ho, com quem vive, é quem a obriga ambiente”.
naquele local até pouco depois das 21h, a esta actividade. Com 12 anos de idade, Momade
sem protecção e sob todos os riscos. “Comecei a vender essa hora porque António vende maçaroca cozida
“De tarde eu tenho que fazer activi- tenho tempo esta altura, todo dia fico pela noite adentro nas ruas, pelo
dades de casa para depois ir à escola. a fazer actividades na casa do meu facto de os seus encarregados
Estudo na escola primária e completa mano, ajudando a minha cunhada”, ameaçarem-no quando não for re-
de Namutequeliua”, conta, prosseguin- anota, referindo que “eu passei a alizar as vendas.
do que quando “volto tarde já não me viver com o meu irmão depois de eu “Antes de eu sair de casa, ten-
permite levantar cedo para ir vender, sair da casa dos meus pais já que ho que acordar cedo para fazer
por isso que acabo saindo para a rua a eles sempre discutiam”. Esta ado- trabalhos domésticos, e só as-
esta hora [de noite], só para ver se pos- lescente justifica que se mudou para sim posso sair para a venda, sou
so ajudar a minha avó a comprar algo casa do irmão porque precisava de obrigado a não voltar sem a maça-
para comer. Não tenho como não sair um ambiente com alguma paz para roca acabar, porque corro o ris-
de casa de noite para rua, porque não poder prosseguir com os seus estu- co de ser expulso e batido com a
temos mais ninguém para nos ajudar”. dos. “ mas, foi ao contrário, quando minha tia, por esta razão que aca-
Maria diz ter vivido uma situação de cheguei o meu irmão só me disse bo passando o dia todo na rua, as
assalto. “Nós que vendemos de noite, que eu tinha que ajudar com os tra- vezes se tiver a sorte volto a casa
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Sociedade IKWELI
cedo, mas há vezes que fico todo o dia ta] acabar e eu ir para casa, porque que as crianças enfrentam, porque
a vender. Também é normal eu voltar quando não acaba minha tia me in- acredito eu que uma mãe não terá
e não encontrar comida na mesa, en- sulta”. a coragem de deixar a sua filha
quanto os meus sobrinhos comeram e A dona Marlene Samuel Moisés, uma ir à rua para vender, depois mui-
quando pergunto não me respondem”, mãe residente na cidade de Nam- tas delas não vivem com suas
conta este menor. pula, comentou sobre o fenómeno, próprias mães. Tenho uma vizinha
Júlia Rodrigues, de 13 anos de idade, mostrando preocupação e conde- que faz o mesmo trabalho com a
dedica-se a venda de arrufadas, e lam- nando a atitude de alguns pais e sua sobrinha, mas quando tentei
enta que durante a sua actividade mui- encarregados de educação ao expor falar com ela diz que eu tenho que
tos homens, maiores de idade, procur- seus educandos em situações como passar a cuidar da minha vida,
am aproveitar-se dela, muitas vezes estas. mas é de lamentar a situação que
tocando nos seus seios. “Os próprios encarregados de ed- as crianças estão a passar”, con-
Ela disse que quando explica a sua ma- ucação dessas crianças são re- cluiu esta nossa fonte.
drasta sobre estes perigos e riscos nada sponsáveis pelos crimes de assalto
acontece. “Eu sou pegada minhas ma-
mas, mas quando explico isso a minha
madrasta, ela só diz que eu é que sou
uma oferecida, mas ela não sabe das
consequências que passo quando anoi-
tece”, queixou-se.
Aliás, Júlia disse que há vezes em que
se vê obrigada a manter relações sexu-
ais com desconhecidos em troca de din-
heiro para cobrir a parte das arrufadas
que não é comprada. “As vezes tenho
que dormir [manter relações sexuais]
com esses tios que bebem só para o
bolo [arrufadas] da minha tia [madras-
N
Por: Malito João
ampula (IKWELI) – Pelo
menos 3 (três) pessoas
terão morrido electro-
cutadas no bairro de
Murrapaniua, nos arredores da
cidade de Nampula, resultante
de ligações clandestinas de en-
ergia pública da rede nacional,
por conta da não observância das
condições de segurança.
Segundo apurou o Ikweli, as mortes
ocorreram neste mês de fevereiro
que hoje termina.
As ligações clandestinas fazem víti-
mas de todo o tipo, tal como suce-
deu com um professor da disciplina
de Educação Física na escola se- não sabemos bem, bem como acompanhou, mas daquilo que
cundária de Murrapaniua 2. “Morreu isso aconteceu, mas ele morreu eu ouvi juntos dos meus cole-
um professor de educação física, de choque de energia, e este gas é de que ele estava a tentar
que por sinal era meu professor. Ele assunto cada um conta como ligar a sua máquina de soldar e
foi electrocutado na sua residência,
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Sociedade IKWELI
como outro fio estava solto lhe deu que conduzem a energia eléctri- Fevereiro de 2024, ainda não
esticão, e como ninguém estava ca está vulnerável, colocando em tivemos nenhuma intervenção
para tentar salvar acabou perdendo risco a vida das pessoas. em relação electrocução devi-
a vida", contou Leonino Fernando. Esta situação não somente do as palestras que os colegas
Este interlocutor acrescentou que preocupa a população e as que vem desenvolvendo dia
“esta situação de pessoas morre- famílias das vítimas, mas tam- pós dia”, disse.
rem electrocutadas tem sido fre- bém o Comando Provincial de O SENSAP diz, ainda, que as
quente, principalmente neste bairro Salvação Pública (SENSAP), em equipas continuam a trabalhar
de Napipine concretamente aqui na Nampula, que tem estado a tra- com a população de modo a
zona de Murrapaniua, e não sabe- balhar no sentido de aconselhar proteger e informar sobre os
mos o que se deve fazer para redu- a população sobre as ligações cuidados a ter com a corrente
zir essa situação”. não autorizadas. elétrica, afogamento, incêndio,
Durante a semana passada, o Ikwe- Abílio Chinai, porta-voz do Co- entre outros casos, e “neste
li teve indicações de morte de uma mando Provincial de Salvação momento estamos a trabalhar
criança por electrocução ainda em Pública em Nampula, afirmou em diversos bairros da cidade
Murrapaniua. Os familiares e vizin- que o sector tem vindo a realizar atravessados por rios no senti-
hos não avançaram as circunstân- palestras, e desde o mês de Ja- do de diminuir o número de víti-
cias em que a menor perdeu a vida. neiro não registou óbitos por con- mas de afogamento nesta épo-
Em Murrapaniua existem vários lo- ta de electrocução ca chuvosa”.
cais que a disposição dos cabos “De Janeiro até hoje, dia 27 de
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