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BOLETIM

INFORMATIVO DA CRUZ VERMELHA DE MOÇAMBIQUE ­ SEDE CENTRAL 21 de Setembro de 2020 ­ Nº3

CVM e parceiros discutem  CVM procedeu à entrega de  CRUZ VERMELHA DE 


lições aprendidas na máscaras e produtos  MOÇAMBIQUE 
resposta ao Idai e Kenneth  alimentares ao MISAU MISSÃO ­ VISÃO ­ VALORES 
A  mesa­redonda  realizada  pela  Cruz  Como  parte  da  sua  missão  e  apoio 
Vermelha  de  Moçambique  (CVM),  nos  dias  humanitário, a Cruz Vermelha de Moçambique  Missão
24  e  25  de Agosto,  serviu  como  um  espaço  – CVM entregou, em Agosto último, ao MISAU  Contribuir para a melhoria das condições 
para reforçar a colaboração e a comunicação  (Ministério  da  Saúde)  máscaras  e  produtos  de vida das populações mais vulneráveis, 
entre os principais intervenientes no sistema  alimentares.  Os  bens  doados,  em  parceria  prevenindo  e  aliviando  o  sofrimento 
de  aviso  prévio,  onde  foram  também  com  a  Nestlé  Moçambique,  são  destinados  humano em todos os lugares, através de 
partilhadas  as  lições  aprendidas  durante  as  aos profissionais da saúde que estão na linha  mobilização  de  recursos  para  a 
acções  de  resposta  aos  impactos  dos  da frente no combate ao novo coronavírus. promoção  da  cultura  de  paz  e  não­
ciclones Idai e Kenneth. Págna 3 Págna 6 violência, solidariedade e inclusão social.

Visão
Ser  a  organização  humanitária  mais 
eficaz,  eficiente,  sustentável  e  confiável 
na  assistência  às  populações 
vulneráveis, a nível do país.

Valores
Promover  em  todas  as  actividades 
valores  humanitários  tais  como  a 
inclusão  social,  tolerância,  solidariedade, 
respeito  pela  diferença,  uma  cultura  de 
paz e não violência.
2 BOLETIM INFORMATIVO ­ CRUZ VERMELHA DE MOÇAMBIQUE

 
CORAÇÃO GENEROSO

Projecto criado para apoiar famílias que perderam 
sua fonte de renda devido a COVID­19

O
nze  mil  é  o  número  de  famílias  das  famílias  que  perderam  suas  fontes  de  citando alguns exemplos 
propostas  para  beneficiarem  de  bens  rendimento  e  se  tem  às  ruas  para  procurar  A Cruz Vermelha de Moçambique juntou­se a 
alimentares,  no  âmbito  da  campanha  sustento. iniciativa  para  dar  apoio  logístico  ao  CNV 
lançada  em  Junho  último,  pelo  Conselho  Para  Osvaldo  Mauaie,  presidente  do  CNV,  naquela  campanha  que  previa  uma 
Nacional  do  Voluntariado  (CNV)  na  qual  a  faz­se  necessário  atender  as  necessidades  arrecadação  de  275  toneladas  de  produtos 
Cruz  Vermelha  de  Moçambique  (CVM)  é  daqueles  que  perderam  meios  de  alimentares  ao  fim  de  um  mês,  o  tempo  que 
membro e parceira. A campanha, denominada  sobrevivência por conta da COVID. “Estamos  durou  a  actividade. A  CVM,  representada  ao 
"Coração  Generoso",  foi  estendida  pelo  a  dizer  que  alguns  que  eram  funcionários  de  mais  alto  pela  Secretária  Geral,  Maria 
território  nacional  e  abrangiu  mil  famílias,  limpeza  num  ginásio  que  hoje  (actualmente)  Cristina  Uamusse,  tem  apoiado  a  campanha 
mais necessitadas, de cada província do país. encerrado  e  que  não  está  a  funcionar  bem  na  logística  para  assegurar  que  todos 
O  projecto  visava,  dentre  vários  métodos  de  como  os  que  trabalham  como  taxistas,  mas  produtos  canalizados  cheguem  às  mãos  das 
combate  à  COVID­19,  reduzir  a  mobilidade  que  já  não  tem  clientes”,  afirmou  Mauaie,  famílias necessitadas.

Empossado novo Secretário Provincial 
da CVM em Maputo
A  Delegação  da  Cruz  Vermelha  de  meu  alcance  para  o  sucesso  desta  causa 
Moçambique  ­  CVM  da  Província  de  humanitária”,  reiterou  Macuácua, 
Maputo  conta,  a  partir  de  10 Agosto,  com  reconhecendo também os desafios da nova 
um novo Secretário Provincial. Trata­se de  função. 
Carlitos  Macuácua  que  antes  da  tomada  Abílio  Campos,  em  representação  da 
de  posse  desempenhava  a  função  de  Secretária  Geral  da  CVM,  instou  a  actual 
Chefe de Transportes e Protocolo na Sede  liderança  a  zelar  pelas  actividades  daquela 
Central.  Na  ocasião,  o  empossado  parcela  do  país  através  da  priorização  da 
assumiu  a  sua  disponibilidade  para  Doutrina e dos Princípios Fundamentais que 
trabalhar  de  forma  a  revigorar  aquela  regem  o  bom  funcionamento  da  Cruz 
Delegação. “Vou fazer tudo que estiver ao  Vermelha de Moçambique.
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CVM e Instituições de Gestão de Desastre discutem 
lições aprendidas na resposta ao Idai e Kenneth 
Nacional  de  Meteorologia  (INAM),  para  que 
estes  partilhem  as  experiências  do  ciclone 
Idai e Kenneth e os desafios para responder 
às próximas situações de emergência”, disse 
Jânio Dambo.
O  Gestor  do  FbP  disse  ainda  que  um  dos 
objectivos  do  projecto  é  incrementar  a 
capacidade  dos  pontos  focais  nas 
instituições parceiras. Por isso, é necessário 
que  os  pontos  focais  sejam  envolvidos 
desde  a  fase  de  pesquisa  até  a  elaboração 
do PAA.
O  INAM  partilhou  a  sua  experiência  sobre 
como  as  suas  previsões  ajudaram  a 
responder antecipadamente a estes eventos. 
O Director Geral do INAM, Adérito Aramuge, 
disse  que  uma  das  lições  importantes 
trazidas  pelo  Idai  é  a  necessidade  de 
reforçar a coordenação entre esta instituição 
e  a  Direcção  Nacional  de  Gestão  de 
Recursos Hídricos (DNGRH).
Os  participantes  realçaram  o  papel  dos 
voluntários  como  principais  intervenientes  e 
primeiros  socorristas  no  terreno.  Para  eles, 
mesmo  não  sendo  especializados  na 

A
  mesa­redonda  realizada  pela  Cruz  Africa  Austral,  Jânio  Dambo,  depois  da  matéria, estão sempre predispostos a ajudar, 
Vermelha de Moçambique (CVM), nos  ocorrência  dos  ciclones  Idai  e  Kenneth,  o  devendo  as  instituições  humanitárias  dar  a 
dias  24  e  25  de Agosto,  serviu  como  período de resposta às emergências foi longo  devida  atenção  a  este  grupo  de  extrema 
um  espaço  para  reforçar  a  colaboração  e  a  e  não  houve  uma  concertação  técnica,  entre  relevância em momentos de emergência.
comunicação  entre  os  principais  os  diferentes  actores  humanitários,  para  que  Em  2015  a  CVM  aderiu  ao  mecanismo  de 
intervenientes  no  sistema  de  aviso  prévio,  se  avalie  o  impacto  do  trabalho  em  rede  Financiamento  Baseado  em  Previsão  (FbP) 
onde  foram  também  partilhadas  as  lições  desenvolvido. e  já  implementou  o  Protocolo  de  Acções 
aprendidas  durante  as  acções  de  resposta  “Neste momento de preparação para a época  Antecipadas  (PAA)  para  ciclones.  Neste 
aos impactos dos ciclones Idai e Kenneth. 2020/2021  a  CVM  reuniu  com  actores  do  momento,  prepara­se  para  evitar  os 
Segundo  o  Gestor  do  Projecto  governo,  concretamente  o  Instituto  Nacional  impactos  de  um  futuro  desastre  natural, 
Financiamento  baseado  em  Previsão  da  Gestão  de  Calamidades  (INGC)  e  o  Instituto  como ciclones e chuvas extremas.
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José de Abreu, quatro décadas ao serviço da 
Cruz Vermelha de Moçambique 

1. Quem é José Luís de Abreu? 5.  Como  foi  lidar  com  questões  importantes. Fiquei até finais de 1987­1989.


Sou  natural  da  cidade  de  Tete.  Caracterizo­ humanitárias? No ano de 1989 fui nomeado Secretário para 
me  como  um  homem  sem  religião,  pois  Difícil  não  é  e  nunca  foi,  mas  é  complicado.  a  província  de  Sofala  pois  era  a  base 
acredito  que  todos  oramos  pelo  mesmo  Um  ser  humano  deve  interiorizar  que  deve  logística  onde  permaneci  até  Sofala  1997. 
Deus. servir  aos  outros.  Sabendo  que  muita  gente  Em Dezembro do mesmo ano (1997) passei 
depende de si, deve compreender a situação  para  a  província  de  Manica  e  em  1999 
2.  Como  se  caracteriza  como  homem  e  em  que  cada  pessoa  se  encontra,  sempre  assumi  como  Director  interino  do  Centro  de 
trabalhador?  dando  valor  a  vida  humana  mais  que  Formação da CVM até 2002.
É  difícil  me  caracterizar,  mas  me  considero  qualquer outra coisa. Em  2003,  me  tornei  oficialmente  Director  do 
um  homem  simples,  respeitoso  e  honesto,  Centro  ocupando  desta  forma  dois  cargos 
devido  a  educação  que  recebi  da  minha  6.  Como  é  que  chega  a  ser  nomeado  onde  permaneci  até  2008.  Já  em  2009, 
família  em  especial  dos  meus  pais.  Sempre  Secretário  Provincial?    Qual  foi  a  passo  para  o  cargo  de  Secretário  Provincial 
procurei  alimentar  os  valores  que  me  foram  sensação?  de  Gaza,  onde  fiquei  por  dois  anos  e  em 
transmitidos. Quando  entrei  na  CVM,  não  entrei  como  2011  retorno  a  Manica  como  Secretário 
secretário  e  nunca  foi  uma  ambição.  Pela  novamente  e  permaneci  até  a  data  da 
3. Quais são as coisas que mais detestava  educação que tivemos após a independência,  reforma. 
no ambiente de trabalho? tínhamos  que  fazer  tudo  pelo  bem  do  País.   
O  que  mais  detestava  no  ambiente  de  Em  1981  quando  se  cria  a  CVM,  nós  não  7.  Como encarou todos esses desafios?
trabalho  é  repreender  alguém  por  um  tínhamos ainda uma estrutura e, foi criado um  Tive  que  encarar  os  desafios  de  maneira 
trabalho  mal  feito.  Eu  sinto  que  as  pessoas  embrião do Secretariado Nacional da CVM e  certa.  Não  posso  dizer  que  não  tive 
são capazes de darem o melhor de si, o facto  me  indicaram  como  Coordenador  do  hesitações,  principalmente  na  província  de 
de  eu  saber  que  a  pessoa  não  fez  por  Secretariado Nacional.  Sofala. Mas como o diálogo e a honestidade 
questões  ligadas  a  desleixo  me  irritava  Em  1982  passamos  a  ter  o  primeiro  foram  os  guias  do  meu  trabalho,  consegui 
bastante.  secretário geral e passei a exercer o cargo de  encarar  os  desafios  sabendo  as  dificuldades 
chefe  do  Departamento  de  Planificação  e  que  poderia  encarar  e  já  estava 
4.  Quando  e  como  entra  para  a  Cruz  Desenvolvimento  Institucional  e  estava  psicologicamente  preparado.  O  que  aprendi 
Vermelha de Moçambique?  encarregado  da  planificação,  desenhar  e  bastante na CVM e que irei levar comigo é o 
Entro  na  Cruz  Vermelha  de  Moçambique  de  introduzir programas.  diálogo, pois muita coisa pode ser resolvida e 
Forma  acidental,  posso  assim  dizer,  Risos!    Após  várias  crises  internas  que  obrigaram  a  aprendida dialogando. 
Foi  através  do  Decreto  Presidencial  nº43/78  saída do Secretário Nacional, em 1985 passei 
em  que  o  Governo  criou  o  Comitê  a ocupar o cargo de Secretário Geral Interino  8.  Queremos  acreditar  que  as  condições 
organizador  da  CVM,  e  desde  então  sou  durante dois anos. de  trabalho  naquela  época  não  eram  das 
único que continuou até a data da sessão de  Com  a  nomeação  da  nova  Secretária,  a  melhores,  poderia  nos  contar  como  era  o 
actividades.  Janete  Mondlane,  passei  a  trabalhar  como  real cenário vivido?
assessor  para  questões  pontuais  e  Naquela  época,  era  difícil  e  desafiante, 
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porque estávamos num ambiente de conflito e 
expostos  a  riscos.  A  CVM  por  ser  uma 
organização  humanitária,  as  pessoas 
olhavam­na  de  forma  esperançosa.  Por  outro 
lado,  existia  um  forte  laço  de  solidariedade 
interno  o  que  contribuía  para  o  alcance  do 
sucesso  das  actividades  e  foi  graças  a  esse 
sentimento  solidário  que  a  Cruz  Cruz 
Vermelha desenvolveu.

9. De Maputo para Sofala e de Manica para 
Gaza,  como  foi  encarar  essa  mudança  de 
ambiente?
Nasci  em  Tete,  cresci  e  casei  em  Maputo, 
então  as  mudanças  de  ambiente  não  me 
afectavam,  me  adaptei  muito  bem,  porque 
tudo está assente na conversa e compreensão 
daquilo que as pessoas querem. E o que elas 
querem  é  respeito  pela  cultura,  integração  no 
grupo  e  acima  de  tudo  fazê­las  compreender 
que também pertences à equipa.

10.  Enfrentou  alguns  constrangimentos 


durante esse percurso?
No  geral  não!    Sempre  gostei  de  uma  gestão 
participativa,  onde  todos  eram  responsáveis 
pelo  trabalho  e  nesses  moldes  é  difícil  que  definidos  de  servir  a  comunidade  sem 
haja constrangimentos. distinção  e  tivemos  que  fazer  muito  trabalho  15.Como  olha  para  a  relação  que  tinha 
de informação e esclarecimento. com  os  colaboradores  e  demais  técnicos 
11.  Foram  42  anos  de  trabalho  e  17  como  da Delegação?
Secretário da Província de Manica. Durante  13. Como foi conciliar a família e trabalho?  Não  vejo  as  coisas  de  maneira  dramática. 
este período o que mais o marcou? Risos!  Nos  primeiros  anos,  principalmente  Quem  vai  trabalhar  com  pessoas  deve  estar 
O  que  mais  me  marcou,  é  o  facto  de  termos  quando  trabalhava  na  sede  no  Departamento  preparado  e  saber  que  um  indivíduo  é  uma 
conseguido  nos  adaptar  aos  diversos  de  Planificação  e  Desenvolvimento  complexidade,  dificilmente  não  haverá 
momentos.  Lembro­me  que  inicialmente  Institucional,  viajava  bastante  e  na  época  conflitos.  Tive  uma  boa  relação  com  os 
passamos  por  inúmeras  dificuldades,  não  acabava  de  formar  um  lar,  como  técnicos  e  alguns  conflitos  que  felizmente 
tínhamos  projectos.  Contudo,  essa  luta  está  compreensível, minha esposa não entendia e  não resultaram em inimizades.
ser  ultrapassada  e  hoje  a  CVM  em  Manica  tive que explicar como as coisas funcionavam
ganhou  maior  intervenção  social  e  16.    No  dia  15  de  Agosto  tomou  posse  o 
conseguimos  fazer  com  que  os  parceiros  14.  Se  fizermos  uma  retrospectiva  da  novo  Secretário  Provincial,  como 
começassem  a  se  integrar  em  diversas  Organização,  em  que  nível  se  encontra  secretário  Cessante,  algum  conselho  a 
actividades. hoje a Delegação de Manica de 0­100%? deixar? 
É  complicado  fazer  essa  restrospectiva  O  novo  Secretário  Provincial  é  alguém  que 
12.  Qual  foi  o  desafio  mais  marcante  que  avaliativa,  seria  uma  auto­avaliação,  apenas  conheci  há  longos  anos,  é  uma  pessoa  que 
teve  de  enfrentar  enquanto  Secretário  pessoas  exteriores  podem  fazer  isso.    Mas  cresceu  na  CVM,  acredito  que  tem 
Provincial? posso dizer firmemente que fizemos o melhor.  experiência necessária apesar de ser jovem.  
Em Sofala, enfrentei várias dificuldades, desde  Contribuí da melhor forma possível dentro das  Contudo acredito que seja capaz se todos ao 
a compreensão que as pessoas tinham sobre  minhas  capacidades  e  limitações.  Fico  feliz  seu  redor  estiverem  dispostos  a  ajudar,  mas 
a  CVM  e  sua  actuação.  Considerando  que  pelo facto de a organização estar a apostar na  ele  está  em  condições  de  levar  o  barco  a 
estávamos num período de conflito nem todos  juventude  pois  estes  irão  dinamizar  e  bom porto.
conseguiam  compreender  que  esta  modernizar  o  trabalho.  Existe  espaço  para 
organização era e é guiada por princípios bem  que os outros dêem o seu melhor. 17. Se pudesse mudar algo hoje dentro da 
CVM  o  que  seria?  E  o  que  deveria  ser 
mantido?
É uma questão difícil de responder. De forma 
humilde,  se  tivesse  oportunidade  não 
mudaria  nada,  apenas  poderei  melhorar  o 
papel  da  organização  na  sociedade,  mas 
esse  é  um  desafio  de  todos  nós.  O 
sofrimento  alheio  deve  ser  tomado  por  cada 
um  de  nós  como  seu,  porque  esta  é  a 
essência do trabalho da CVM.

18.  Hoje  está  reformado,  qual  é  o 


sentimento que carrega?
Apesar de todas as dificuldades que tivemos 
de  enfrentar,  hoje  deixo  a  CVM  feliz  e  com 
ambiente  saudável,  pois  conseguimos  a 
estabilidade.
6 BOLETIM INFORMATIVO ­ CRUZ VERMELHA DE MOÇAMBIQUE

APÓS A DEVASTAÇÃO DO KENNETH

Vítimas do ciclone Kenneth recebem material de 
construção para melhorar as condições de abrigo  
O
 ciclone Kenneth devastou em Cabo 
Delgado  inúmeras  famílias  e  criou 
danos  sem  precedentes.  Foi  neste 
contexto que parceiros da CVM mobilizaram 
recursos  para  apoiar  a  reconstrução  de 
abrigo.  Entretanto,  187  agregados 
familiares,  vítimas  do  Ciclone  Kenneth  que 
viram  suas  casas  destruídas,  receberam  da 
CVM,  semana  passada,  material  de 
construção,  numa  acção  coordenada  com  o 
CICV. 
O  material  é  constituído  essencialmente  por 
chapas  de  zinco,  pregos,  arame,  alicate  e 
martelo. 
Este kit resulta de um donativo, que a CVM 
recebeu  de  uma  empresa,  cujo  projecto, 
para  além  de  contemplar  material  de 
construção  para  cerca  de  900  famílias, 
destinava­se  também  a  aquisição  de 
material  de  pesca  para  22 Associações  de 
pescadores.

NO ÂMBITO DO APOIO AO GOVERNO

CVM  procedeu  à  entrega  de  máscaras  e  produtos 


alimentares ao MISAU

Como  parte  da  sua  missão  e  apoio  organizações  presentes  no  evento  estão  a  vindo  a  operacionalizar  no  auxílio  ao 
humanitário,  a  Cruz  Vermelha  de  levar  a  cabo.  “Esta  doação  de  meios  de  Governo  na  área  da  saúde,  no  contexto  da 
Moçambique  –  CVM  entregou,  em  Agosto  protecção  e  de  produtos  alimentares  e  COVID­19.
último,  ao  MISAU  (Ministério  da  Saúde)  material  de  apoio  médico  destinada  aos  Este  apoio  significativo,  que  foi  entregue  ao 
máscaras  e  produtos  alimentares.  Os  bens  profissionais da saúde é grande e prestimoso  Ministério da Saúde surge num contexto em 
doados,  em  parceria  com  a  Nestlé  reforço  da  nossa  capacidade  de  resposta  a  que  os  números  de  casos  positivos  tem  se 
Moçambique,  são  destinados  aos  condição  da  COVID­19  e  outras  doenças”,  avolumado no país em todo mundo no geral.
profissionais da saúde que estão na linha da  afirmou o Ministro.  As  4.200  máscaras  assim  como  os  diversos 
frente  no  combate  ao  novo  coronavírus.  O  Por  sua  vez,  Avelino  Mondlhane,  Presidente  produtos  alimentares  já  estão  a  ser 
Ministro da Saúde, Armindo Tiago, enalteceu  da  CVM,    disse  que  o  acto  está  inserido  nas  canalizados  para  os  centros  de  tratamento 
a  iniciativa  que  a  CVM  e  outras  três  diversas  actividades  que  a  instituição  tem  da COVID­19 na cidade de Maputo. 
BOLETIM INFORMATIVO ­ CRUZ VERMELHA DE MOÇAMBIQUE 7

NUMA ALTURA QUE CRESCEM OS NÚMEROS DE DESLOCADOS

CICV ajuda a construir o maior centro de 
tratamento da COVID­19 em Moçambique 

O
s  ataques  se  intensificaram  nas  o fogo cruzado.
torna impossível.
cidades  e  distritos  da  província  de 
O  Décimo  Congresso  é  o  maior  centro  de 
Cabo  Delgado,  no  norte  de  A  cidade  de  Macomia,  onde  o  CICV 
tratamento dos casos de COVID­19 no país”, 
Moçambique. A  situação  obrigou  milhares  de  trabalhava havia um ano para restabelecer os 
afirma  Basilio  dos  Mwelus,  chefe  do 
pessoas  a  fugir  a  pé,  de  barco  ou  pelas  serviços  de  água  e  assistência  à  saúde,  foi 
Departamento  de  Planejamento  da  Direção 
estradas  até  a  capital  da  província,  Pemba,  atacada  no  final  de  maio,  obrigando  toda  a 
de  Saúde  da  província.  “Esperamos  que  não 
um  epicentro  da  COVID­19,  onde  o  Comitê  população  a  correr  para  a  mata  e  a  fugir  em 
seja  preciso  fazer  uso  total  da  infraestrutura. 
Internacional  da  Cruz  Vermelha  (CICV)  botes  precários  rumo  ao  sul.  Durante  os 
Mas, se for o caso, temos todas as condições 
ajudou  a  construir  o  maior  centro  de  confrontos,  foi  destruída  uma  maternidade 
necessárias  para  responder.  Isto  é 
tratamento do país. que o CICV havia reparado após a passagem 
especialmente  importante  em  Cabo  Delgado, 
onde  há  alto  número  de  deslocados  e  maior  do ciclone Kenneth, em 2019.
As  famílias  chegaram  a  Pemba  exaustas  e 
concentração  de  pessoas  particularmente 
traumatizadas  após  deixarem  suas  casas  e  Os  recentes  ataques  em  Mocímboa  da  Praia 
expostas ao risco de contaminação.”
praticamente  todos  os  seus  pertences  para  são  o  exemplo  de  uma  tendência  em  que  o 
Os  novos  ataques  em  Mocímboa  da  Praia 
trás.  Outras  devem  chegar  nas  próximas  conflito  armado  se  intensifica  enquanto  o 
são  o  exemplo  mais  recente  de  uma 
semanas,  fugindo  dos  recentes  ataques  em  acesso  humanitário  diminui.  Estamos 
tendência  preocupante,  em  que  o  conflito 
Mocímboa  da  Praia  e  diversas  partes  da  extremamente preocupados com o bem­estar 
armado  aumenta  enquanto  o  acesso 
província. de famílias que vivem com medo de ataques 
humanitário  diminui.  Em  Mocímboa  da  Praia, 
Macomia  e  outras  cidades  e  povoados  de  e  sem  acesso  a  itens  básicos  de  ajuda 
“As  pessoas  que  fogem  do  conflito  armado  humanitária,  como  assistência  à  saúde, 
Cabo Delgado, o conflito não poupou os civis 
em  Moçambique  trocam  o  perigo  do  conflito  abrigo,  alimentos  e  água  potável,  aos  quais 
nem os seus bens. Casas foram incendiadas, 
pelo risco de infecção por COVID­19. O novo  têm direito por lei.
escolas  e  estabelecimentos  de  saúde 
centro de tratamento ajudará a comunidade a    O  ataque  em  Macomia  obrigou  o  CICV  a 
saqueados  e  destruídos,  e  cultivos  agrícolas 
responder  à  crise  sanitária,  mas  essas  suspender  seu  trabalho  por  tempo 
arruinados.  Centenas  de  pessoas  morreram, 
famílias  não  poderão  voltar  enquanto  houver  indeterminado.  Isto  ocorre  após  meses  de 
ficaram  feridas  ou  desapareceram,  e 
combates  próximos  das  casas  dos  civis”,  problemas  de  acesso  causados  pelas 
centenas de milhares são deslocadas à força 
afirmou  Raoul  Bittel,  chefe  de  operações  do  inundações,  que  destruíram  estradas  e 
de  suas  casas,  precisando  se  esconder  na 
CICV em Pemba. pontes na região. Além disso, nosso trabalho 
mata ou fugir.
O risco de contrair COVID­19 em Pemba, um  para  melhorar  o  fornecimento  de  água  na 
dos epicentros do vírus mais preocupantes de  cidade  não  havia  sido  finalizado.  Uma 
A  violência  recorrente  atinge  desde  2017  as 
Moçambique,  é  muito  real.  A  maioria  das  maternidade  que  tínhamos  rehabilitado  após 
comunidades  de  Cabo  Delgado,  uma 
pessoas  deslocadas  encontra  abrigo  com  a  passagem  do  ciclone  Kenneth  e  reaberta 
província  rica  em  recursos  naturais,  mas  em 
familiares,  o  que  representa  uma  carga  em  Dezembro  de  2019  foi  destruída  pelos 
2020  sua  frequência  e  a  intensidade 
adicional para eles e agrava as condições de  combates.
aumentaram.  Cidades  que  antes 
superlotação que favorecem a propagação da   
permaneciam  intactas  e  serviam  de  refúgio 
doença,  já  que  o  distanciamento  físico  se  Continua na página seguinte.
para quem fugia das zonas rurais ficaram sob 
8 BOLETIM INFORMATIVO ­ CRUZ VERMELHA DE MOÇAMBIQUE

Moçambique  também  realizarão  campanhas  tem capacidade imediata para 200 pacientes, 


O  CICV,  em  parceria  com  a  Cruz  Vermelha  de  conscientização  nas  comunidades  sobre  podendo expandi­la para 400.  
de  Moçambique,  intensificará  os  programas  as doenças transmissíveis. O CICV e a Cruz   O CICV e a Cruz Vermelha de Moçambique 
em Cabo Delgado durante 2020 para atender  Vermelha de Moçambique planeiam fornecer  organizaram  diversas  distribuições  de  ajuda 
às  crescentes  necessidades  humanitárias  artigos  de  ajuda  como  colchões,  redes  para  famílias  deslocadas  que  fugiram  para 
geradas pelo conflito armado.  mosquiteiras,  lonas  e  sabão,  além  de  Pemba.  Este  ano,  entregamos  utensílios  de 
Os centros de saúde, que agora enfrentam a  instalações  de  água  potável  e  saneamento  cozinha, lonas, produtos de higiene pessoal e 
pressão  de  ter  que  atender  uma  população  para as famílias deslocadas, no próximo ano. outros  artigos  essenciais  para  mais  de  12,5 
maior  e  tratar  ferimentos  causados  por  Para ajudar Pemba a lidar com o aumento de  mil  pessoas,  seguindo  as  regras  de 
ataques armados, receberão equipamentos e  casos  de  COVID­19,  o  CICV  ajudou  a  distanciamento  físico  para  conter  a 
suprimentos  médicos,  enquanto  o  construir  o  Décimo  Congresso,  o  maior  propagação  da  COVID­19.  Também 
abastecimento  de  água  e  outros  serviços  centro  de  tratamento  da  pandemia  no  país,  fornecemos  ajuda  financeira  a  150  famílias 
serão  reabilitados  conforme  necessário.  em  parceria  com  a  Organização  Mundial  da  altamente vulneráveis para ajudá­las com as 
Voluntários  da  Cruz  Vermelha  de  Saúde  (OMS)  e  Unicef.  O  estabelecimento  despesas.

A  estratégia  da  Cruz  Vermelha  de  Moçambique 


para  responder  a  COVID­19  no  país  concentra­
se  na  prevenção  e  mitigação.  Isso  inclui 
comunicação  de  risco  e  envolvimento  da 
comunidade ­ como informações para mudança 
de comportamento e combate à desinformação, 
além  de  notícias  falsas,  promoção  da  higiene, 
instalação  de  pontos  de  lavagem  das  mãos, 
desinfecção  do  transporte  público,  suporte 
direccionado  a  grupos  de  risco  e  informações 
essenciais de apoio psicossocial.
As equipas de voluntários já estão promovendo 
activamente  comportamentos  de  mitigação  na 
maioria  das  províncias.  Outras  actividades 
cobertas durante esse período incluem o apoio 
às  unidades  de  saúde  e  a  distribuição  de 
utensílios  domésticos  essenciais  para  as 
pessoas deslocadas internamente.
BOLETIM INFORMATIVO ­ CRUZ VERMELHA DE MOÇAMBIQUE 9

Voluntários e técnicos de Dombe formados em práticas 
de higiene feminina e protecção dos beneficiários
De  04  a  06  de  Agosto,  20  Voluntários  e  2 
Técnicos  de  Saúde  do  Posto  Administrativo 
de  Dombe,  Distrito  de  Sussundenga,  na 
Província  de  Manica,  receberam  formação 
em Práticas de Higiene Feminina, bem como 
conceitos  básicos  de  Protecção,  Género  e 
Inclusão dos beneficiários.
Apoiada  pela  Federação  Internacional  da 
Cruz  Vermelha    e  financiada  pelo  Ministério 
dos  Negócios  Estrangeiros  do  Governo 
Alemão,  através  da  Cruz  Vermelha Alemã,  a 
formação  abordou  questões  como  mitos  e 
realidades  da  menstruação,  práticas  de 
limpeza  e  utilização  adequada  de  kits  de 
higiene,  bem  como  a  sensibilização  de 
voluntários  sobre  como  partilhar  informação 
do  projecto  e  vias  de  protecção  dos 
beneficiários  em  caso  de  queixas  e 
reclamações.

CVM apoia 121  CVM forma docentes e  FICHA TÉCNICA


voluntários em  funcionários do ESEG  COORDENAÇÁO GERAL, LAYOUT E 
MAQUETIZAÇÃO
Dombe, Manica para o novo normal Pedro Fumo
Texto: José Tomás, Pedro Fumo, 
Através  do  projecto  "Ajuda  Humanitária  em  A Cruz Vermelha de Moçambique capacitou, no 
WASH  e  Áreas  de  Abrigo  para  pessoas  contexto  da  COVID­19,  funcionários  da  ESEG  Sebastiana Primeiro e Wanderleia Noa, 
afectadas  pelo  Ciclone  Idai  na  Província  de  (Escola  Superior  de  Economia  e  Gestão).  CICV
Manica",  a  Cruz  Vermelha  de  Moçambique  Trata­se  de  gestores,  representantes  das  Fotos: José Tomás, Pedro Fumo, 
apoia  121  voluntários  com  máscaras  turmas,  serventes  de  limpeza,  guardas  que 
reutilizáveis,  detergentes  de  limpeza  e  estarão  na  linha  da  frente  da  gestão  e  Sebastiana Primeiro e Wanderleia Noa, 
ferramentas  de  visibilidade  nos  Distritos  de  implementação  das  medidas  de  prevenção  CICV
Guro,  Macate,  Machaze,  Macossa,  naquela  instituição  de  ensino.  A  iniciativa 
Mossurize, Tambara, Manduzze. Os mesmos  enquadra­se  no  âmbito  do  reforço  das  acções 
Distritos  beneficiaram­se  também  de  33  internas  de  prevenção  da  COVID­19  e  ENDEREÇO
estações  de  lavagem  das  mãos,  no  âmbito  preparação  das  instituições  do  ensino  superior  Cruz Vermelha de Moçambique
da estratégia de prevenção da COVID­19. para o retorno ao sistema de aulas presenciais. Sede­Central
Avenida Agostino Neto, 284
Moçambique, Maputo

CONTACTOS
Email
wanderleia.noa@redcross.org.mz
pedro.fumo@redcross.org.mz
info@redcross.org.mz
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CPS celebra Dia Mundial dos Primeiros Socorros 
em transmissão ao vivo para televisão

O
  Dia  Mundial  dos  Primeiros 
Socorros  é  uma  data  celebrada 
todos os anos e desta vez mereceu 
a sua comemoração no dia 8 de Setembro. 
Para  assinalar  a  data,  o  Centro  de 
Primeiros  Socorros  (CPS)  realizou  uma 
simulação  como  demostração  do 
importante papel daquela unidade fulcral da 
CVM. 
O  evento  foi  transmitido  em  directo  no 
programa da TV Miramar, Belas Manhãs.  
De  acordo  com  a  Federação  Internacional 
das  Sociedades  da  Cruz  Vermelha  e  do 
Crescente Vermelho, define­se os primeiros 
socorros  como  a  prestação  e  assistência 
médica  imediata  a  uma  pessoa  ou  uma 
ferida  até  à  chegada  de  ajuda  profissional. 
Centra­se  não  só  no  dano  físico  ou  de 
doença,  mas  também  no  atendimento 
inicial,  incluindo  o  apoio  psicológico  para 
pessoas  que  sofrem  emocionalmente 
devido  a  vivência  ou  testemunho  de  um 
evento traumático.

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