REVISTA

Palavra de Educador
Publicação da Secretaria Municipal de Educação de Dois Irmãos/RS

Ano 8 – Número 8
Dezembro 2021

AUTORIA
em Rede

Do enfrentamento à superação.
Conheça as instituições
de Ensino da Rede Em 2020, o mundo foi sur-
Municipal de Dois Irmãos preendido com a maior e mais
grave pandemia em mais de um
Quer conhecer um pouco mais das instituições? século. A propagação do novo
Clique sobre as imagens para mais informações. Coronavírus trouxe perdas ir-
reparáveis, vidas ceifadas, além
das crises econômicas que fo-
ram desencadeadas em todos
os continentes e problemas de
toda ordem. Contudo, esse pe-
ríodo ímprobo da história da
humanidade veio, também,
para testar a resiliência do ser
humano e impor novos desafios
para a Educação.
Em pleno século vinte e um,
com todo o avanço da medi-
cina e os tratamentos para os
mais diversos tipos de doenças,
com vacinas desenvolvidas para
os mais severos tipos de vírus,
houve milhões de vidas ceifadas
por todo o mundo. Os reflexos
da crise sanitária se deram em
todos os setores e, como não
poderia ser diferente, na área da
Educação. Com as medidas de
Jerri A. Meneghetti
(continua na capa 3) Prefeito Municipal de Dois Irmãos
PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
controle, veio o fechamento dos
espaços escolares e a preocupa-
ção com o prejuízo no ensino
das nossas crianças, que repre-
sentam a esperança e são a razão
de todos os nossos esforços, nes-
ta missão da Educação Pública.
Entretanto, a tecnologia trouxe
o ensino híbrido. Uma forma de
minimizar as perdas e de man-
ter o vínculo entre aluno e ins-
tituição de ensino, um alento ao
que parecia não ter fim. A partir
disso, mais uma vez, entrou em
cena uma categoria de profis-
sionais capazes de transformar
e de se transformar, de se adap-
tar às mais diversas condições
para cumprir sua nobre mis-
são: educar. Os profissionais da
Educação, atuantes nas diversas
frentes de trabalho, desde a lim-
peza, preparação de alimentos,
serviços de secretaria, até o ato
de lecionar, buscaram conheci-
mento, prepararam-se e foram
brilhantes na execução dessa
l
Editora
nova forma de ensinar. Dois Ir-
mãos, sem dúvida alguma, foi
um caso de sucesso nesse perí-
odo, graças à união de esforços Sumário
entre todos os servidores da
Educação e das outras áreas de
apoio, em conjunto com a ges-
tão municipal.
Nosso sincero agradecimento ntos
Mome
a todos os profissionais, os quais de Red
e
saudamos por todo o esforço,
a dedicação e o entendimento
da situação adversa que foi en-
frentada. Ainda não chegou ao
fim, mas sentimos que estamos
mais fortalecidos, mais huma- Entrevis
ta
nos e melhor preparados para
as transformações pelas quais
o mundo está passando. É pre-
ciso continuar acreditando na
Educação Pública, cumprindo
a nossa missão. O futuro da so- Seção
da
ciedade depende, essencialmen- Integra
te, do que estamos fazendo hoje
pelas crianças e pelos jovens.
Vamos, juntos, superar e seguir
em frente. Um fraterno abraço.
Argos
de
Relatos s
n cia
Experiê
Seção
ia
Literár
Palavra
a
Ilustrad
3
 Ensino híbrido:
Editora l
l Editora
cação, aos alunos e aos pais. um ensino de qualidade que experiências e aprendizados
Dessa forma, foi possível cons- vise, além dos ensinamentos do ano vigente. Cada texto de-

novos desafios, novos caminhos

Sumário O ano de 2021, igualmente ao
anterior, aconteceu de forma
desafiadora para toda a socie-
dade, principalmente na área
da Educação. Pensando na me-
lhor forma de enfrentar esses
Mome
ntos
de Red novos obstáculos, sem deixar a
e de aprender. A capa da agenda
qualidade da educação de lado,
tornou-se necessária a constru-
ção de novos caminhos e novas
formas de atuar como docen-
te. O modelo de aulas híbridas
Entrevis surgiu como principal meio de
ta
Seção
Integra
da
transformação do ensino atu-
al, trazendo a possibilidade de
trabalhar com avanços tecnoló-
gicos, focando tanto no presen-
cial, quanto no não presencial.
A partir dessa mudança, tam-
bém foi possível a retomada de
vínculo entre alunos, professo-
res e espaço escolar.
A pandemia de COVID-19
desencadeou quebras e mu-
danças de paradigmas no co-
tidiano, fazendo e refazendo
um movimento de construção
coletiva. Durante esse período,
evidenciou-se que a construção
coletiva move a Educação e o
compromisso de gerir. A par-
ceria com as escolas, com os
alunos, com as famílias e com
a comunidade foi essencial para
o desenvolvimento do trabalho
híbrido. A coletividade foi e
continua sendo indispensável
e ganha força a partir do olhar
atento aos profissionais da Edu-
truir o ensino híbrido e garan-
tir que o processo de ensino e
aprendizagem tivesse êxito.
O conjunto de ações como a
escuta, o olhar, o acompanhar o
cotidiano e a alternância entre
o presencial e não presencial
oportunizaram novas experiên-
cias e vivências, fazendo surgir
um novo formato de ensinar e
deste ano, formatada no início
de 2021, demonstra, no diálogo
entre aluno e professor, a par-
tir de um notebook, uma forte
exemplificação da saudade que
sentimos da presencialidade.
Juntamente, a imagem valida o
esforço, a dedicação e o carinho
dos professores e alunos.
Esse contexto demonstrou
que a tecnologia está presente
na Educação de forma indiscu-
tível, porém, a presencialidade,
o olhar e a escuta afetiva são ne-
cessários e fundamentais para
curriculares, os avanços sociais
que a escola proporciona.
A oferta do ensino híbrido foi
e ainda é desafiadora, conside-
rando a necessidade de aulas
dinâmicas, acessíveis, flexíveis
e voltadas à aprendizagem.
Cada diretor(a), vice-diretora,
técnica em apoio pedagógico,
professor, monitor, auxiliar,
secretário, vigilante e servente
são protagonistas desse proces-
so de reinvenção. À vista disso,
a Secretaria de Educação pa-
rabeniza a todos pela parceria,
pelo envolvimento, pelo com-
prometimento e pela superação
para com a Educação de Dois
Irmãos.
A Educação, para 2021, esco-
lheu o lema “TUDO VAI DAR
CERTO”, sendo a Revista Pa-
lavra de Educador, em sua 8ª
edição, a demonstração viva do
trabalho realizado nas escolas,
relatando diversas vivências,
monstra uma parcela funda-
mental para que a Educação
prossiga, enfatizando o foco no
equilíbrio pessoal, emocional e
Sumário
espiritual, bem como a prática
da empatia e resiliência para a
superação dos desafios. Atrevo-
-me a dizer que “TUDO ESTÁ
DANDO CERTO”!
ntos
A Secretaria de Educação pro- Mome
e
porciona iniciativas e valoriza de Red
as ações educativas, sendo a Re-
vista Palavra de Educador parte
do legado educacional. Por isso,
cumprimento todos os profis-
sionais que colaboraram com ta
Entrevis
a Revista Palavra de Educador,
destacando, especialmente, a
comissão organizadora pelo
comprometimento em dar con-
tinuidade a esse trabalho.
Que a leitura da revista seja Seção
proveitosa e proporcione gran- Integra
da
des trocas de aprendizagens!

Argos
Argos

Relatos de
Experiê e
d Relatos s
n cia
ncias Experiê

Seção Eu amo educação!

Seção
Literár
ia Ich liebe die Erziehung! Literár
ia

Denise Maria Maldaner

Secretária da Educação
Palavra
Pedagogia / Especialização em Supervisão e Administração Escolar Palavra
Ilustrad a
a Ilustrad
4 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 5
 Editora l

Vamos juntos contemplar nossos caminhos?

l Editora
Momentos de Rede........................................................................................... 5 Bruna Fernanda Utzig Immig e Ivan Daniel Müller
Aprender a fazer: relatos de uma experiência inovadora com as turmas de Pro-
Entrevista gressão da Escola Primavera..................................................................................... 68
Frei Jaime Bettega Cleunice de Fátima Sobieski, Maria Bianca Henrich e Vanessa Orsi Cechinatto
“Pouco tempo depois, tinha híbrido e de suas práticas. Essas cativos. Finalizamos com a certe- Ensino Híbrido: novos desafios, novos caminhos............................................. 28 Sala de Aula Interativa - Uma proposta para uso das tecnologias no Ensino
construído uma ponte. experiências são compostas por za de que comandos fundamen- Seção Integrada
Híbrido.........................................................................................................................
Patrícia Richter
70

Na verdade, meia ponte, que che-
Sumário gou até a meia ponte do vizinho.
Ele, então, atravessou o rio.”
escolhas, que compreendem o
material utilizado, o formato da
estrutura, a tinta que dá cor à
tais foram importantes: parceria, Professor M.e Pablo Silveira Estefania da Silva Goulart e Denise Daniela Klein Kohlrausch
72
olhar sensível, acolhimento, deci- A metodologia de projetos como alternativa para o contexto atual................ 29
Conselho Municipal de Educação
Cooperativa Escolar...................................................................................................................
Vanessa Orsi Cechinatto Sumário
sões e muita dedicação. O compromisso do CME/DI diante do cenário incomum de restrição......... 31 Memórias do Tradicional Kerb de São Miguel....................................................... 74

Eliandro Rocha construção, mas que, para além Nós, enquanto Comissão da Artigos Seção Literária
Quantas pontes construímos e disso, visam, enquanto ponte, Revista, agradecemos a todos Berenice Ody Claci Both Goldschmidt
Pandemia e aprendizagem................................................................................... 33 Ana............................................................................................................................... 75
atravessamos este ano? Quantas unir horizontes. os profissionais da Educação, Marisa Rosa Paula Knob Denise Daniela Klein Kohlrausch
Mome alegrias e desafios compartilha- Tais registros, essenciais para o às crianças e aos estudantes que Entre o “Ser” tecnológico e o saber docente...................................................... 34 Elo................................................................................................................................ 76
ntos
Nadia Helena Schneider Eloiza Aparecida Wilhelms
ntos
mos? Quanto aprendemos jun- nosso fazer pedagógico, represen- contribuíram com seus compar- O que é TDAH?..................................................................................................... 35 Alice e a Fada Azul..................................................................................................... 77
Mome
de Red e
e de Red
tos? tam um recorte que muito tem a tilhamentos para a nossa cone- Relatos de Experiências
Marina Castro de Freitas
Vozes............................................................................................................................ 78
A Revista Palavra de Educador contribuir com a construção de xão. Temos a certeza de que, jun- Aline Tatiane Morschell, Aline Texeira, Aline Cardoso e Sandra Petry Nadia Helena Schneider
Festa das lanterna.................................................................................................. 36 O que há no fundo do corredor................................................................................ 79
nos traz um conjunto de pontes, aprendizagens significativas, pois tos, construiremos muitas outras Cleunice Sobieski e Marissol Greiner
construídas pelos profissionais evidenciam ações realizadas e pontes, capazes de instigar traje- As obras de Flávio Scholles e seus encantos........................................................ 38 Palavra Ilustrada........................................................................................................ 80
Maria Bianca Henrich e Tania Maria Tavella
de Educação da Rede Munici- também possibilidades que vão tórias inspiradoras no novo ciclo E agora? Podemos utilizar as mesmas tecnologias do ensino remoto no Ilustrações da Capa.................................................................................................. 82
Entrevis
ta pal de Ensino, através do ensino além dos muros dos espaços edu- que se aproxima! ensino presencial?................................................................................................. 40
Entrevis
ta
Cleunice Sobieski e Marissol Greiner
Brincando a gente aprende.................................................................................. 42
Deise Groth e Melissa Juliane Prates
E a nossa história continua.................................................................................. 43
Daiane Cristina Lucas Castanho e Silviani Aparecida Andriani Oliveira
Contos que encantam: a importância dos contos de fadas na Educação In-
fantil........................................................................................................................ 44
Aline Flores Rodrigues, Beatriz Maria Jung Stoffel e Kelly Simone Sil-
Seção veira Corrêa
Do ensino remoto ao presencial: um olhar atento e sensível.......................... 46 Seção
Integra da
da Eloiza Aparecida Wilhelms Integra
O desafio da não presencialidade na Educação Infantil.................................. 47
Maureen Marques Pereira Guerra
Inspiração............................................................................................................... 48
Rejani Butzen
A trajetória da Informática Educativa............................................................. 49
Ana Cristina Wiest
Kerb - um mar de aventuras................................................................................ 50
Cassiane Lerner de Sousa
Um olhar para a inclusão no ensino híbrido..................................................... 52
Argos
Eveli Lourdes Smaniotto Argos
Recomeço............................................................................................................... 53
Fabiana de Moraes
O acolhimento e escuta de quem cuida: chá com as mães dos estudantes
do atendimento educacional especializado da EMEF Prof. Paulo Arandt..... 54
Fabiana Niedermeier e Rejani Butzen
Desafios do agora: práticas na coordenação pedagógica................................... 55
Fabiana Lopes Volz Rasche, Marissol Greiner e Ricardo Kolling da Costa
Relatos de
Experiê e
d Robótica Educacional na EMEF Dr. Mário Sperb - Os primeiros passos
da escola na Cultura Maker................................................................................. 56
Relatos s
n cia
ncias
Fernanda de Souza Bock e Sabrina Dornelles Experiê
A escritora que encantou as crianças e transformou um leitor em personagem... 58
Comissão Organizadora: Denise Maria Maldaner, Denise Daniela Klein Kohlrausch, Estefânia da Silva Denise Daniela Klein Kohlrausch e Graziele Oliveira Martins
Goulart, Eloiza Wilhelms, Fabiana Niedermeier, Marlene Lúcia Schmitt, Nadia Helena Schneider, Rejani O olhar da gestão escolar frente à pandemia..................................................... 60
Karina Rossa
Butzen e Tathiana de Farias Mueller. Olhar, sentir, ouvir e acolher................................................................................ 61
Lea Eudes Reis Henrichsen, Claci Both Goldschmidt e Nina Gabriela
EXPEDIENTE ANO 8 N. 8 - DEZEMBRO 2021
ISSN Nº 2358-2219
Capa: Arte sobre ilustrações – Formatação: Nadia Helena
Schneider Ponne Rodrigues
Seção Diagramação: Uirá Müller Pandemia, e agora?................................................................................................ 62 Seção
Literár Entre em Contato: Fotos: Autores/Divulgação / Imagens: Freepik.com (livre) / ia
ia Rua Berlim, 240 - Centro - Dois Irmãos/RS www.br.depositphotos.com (direito controlado)
Letícia Soares da Silva
Literár
CEP: 93950-000 - (51) 3564-8800 Desenhos animados antigos................................................................................ 63
seceduca@edu.doisirmaos.rs.gov.br Comissão Organizadora: Silviane Vilanova Copetti
www.doisirmaos.rs.gov.br Denise Maria Maldaner, O desafio de ensinar através da tela.................................................................. 64
Revista Denise Daniela Klein Kohlrausch,
PALAVRA DE EDUCADOR Jornalista responsável: Leonardo Boufleur - 0017603/RS Estefânia da Silva Goulart, Eloiza Wilhelms,
Olinda Elisandra Silveira da Silva
é uma publicação da Bibliotecária responsável: Andréa Inês Calini - CRB10/2029 Fabiana Niedermeier, Marlene Lúcia Schmitt, Ensino híbrido: novos desafios, novos caminhos e hora de cuidar de quem
Secretaria Municipal de Educação, Cultura Revisão Linguística: Vanderleia Lucia Dick Conrad Nadia Helena Schneider, Rejani Butzen e cuida....................................................................................................................... 65
e Desporto de Dois Irmãos. e Denise Daniela Klein Kohlrausch Tathiana de Farias Mueller. Bruna Fernanda Utzig Immig
Palavra O simples que encanta......................................................................................... 66
Os textos presentes nesta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Palavra
Ilustrad a
a Ilustrad
6 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 7
 Seção Momentos de Rede 2021
Editora l
l Editora
Escola: lugar de escuta e escolhas
Em 2021, gestores, professores, profissionais da educação e, sem dúvida, as famílias, foram desafia- Escola é um espaço social onde reina a criação, o movimento, a interação, a brincadeira em di-
dos à reinvenção, diante da Pandemia COVID-19. ferentes espaços e tempos - com diferentes parceiros e sozinho -, a expressão de sentimentos, de
Sumário Entre ações de vínculos, aprendizagens diversificadas, atividades criativas e cuidados, muitas ad- necessidades, de opiniões, de descobertas, de dúvidas, a participação nas decisões e na organização.
versidades foram superadas. Sendo assim, buscamos ouvir as crianças, suas ideias e sugestões para a escola, tanto no pátio, Sumário
Momentos de Rede registra alguns destes momentos marcantes que ocorreram durante este ano como na sala de referência. Neste ano, os grupos de crianças foram recebidos na sala da equipe di-
letivo, nos espaços educativos da rede municipal de ensino. retiva. Suas ideias e sonhos foram sendo anotados. Eis que surgiu: “precisa comprar uma estátua de
ouro”. Uma estátua? “Sim, para enfeitar a escola”.
Mome
Experiências/Vivências na EMEI Clarice Arandt Comprometemo-nos a buscar formas de efetivar as sugestões aos poucos. Explicamos de onde
vem o dinheiro para as aquisições e melhorias e que não conseguimos comprar tudo, por isso preci- ntos
ntos Mome
de Red e
e Devido às mudanças ocorridas no período de Pandemia, foi preciso buscar novas maneiras de samos fazer escolhas. Também trabalhamos a importância de cuidar do que temos. de Red
inovar nas práticas pedagógicas, adotando metodologias diferentes que pudessem acolher as crian- Após efetuar e receber algumas compras, reunimos as crianças novamente para apresentar as aqui-
ças e despertar nelas a vontade de descobrir, de investigar e de aprender. Nesse sentido, a inclusão sições e retomar os cuidados. Entendemos que esses momentos são importantes para que as crianças
das tecnologias se tornou uma aliada para o desenvolvimento das atividades no período híbrido, se sintam ouvidas, acolhidas e responsáveis pelo zelo coletivo. A criança absorve o que testemunha,
para que professoras e crianças fossem explorando juntas essa nova forma de ensinar e de aprender. vivencia, experimenta. Nossas ações educam mais que nossas palavras.
Entrevis Uma das muitas e ricas experiências vivenciadas na EMEI foi da turma do NA2, que, além de ta
ta colocar as crianças como protagonistas, oportunizou maior aproximação entre elas fortalecendo Entrevis
os vínculos. As crianças, mesmo divididas em grupos nos turnos da manhã e da tarde, além dos
que estavam de forma não presencial, aproximaram-se através de videochamada e, assim, puderam
conversar, trocar conhecimentos das suas vivências da escola e de casa, oportunizando a interação
uns com os outros.
Seção Seção
Integra da
da Integra

Argos
Argos

Relatos de
Experiê e
d Relatos s
n cia
ncias Experiê

Seção
Seção
Literár ia
ia Literár

Diretora: Beatriz Stoffel Diretora: Daniele Schneider

Vice-diretora: Aline Flores Rodrigues Vice-diretora: Eloiza A. Wilhelms
Técnico de Apoio Pedagógico: Kelly Simone Silveira Corrêa Técnica de Apoio Pedagógico: Berenice L. Ody
Palavra
Palavra
Ilustrad a
a Ilustrad
8 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 9
 Editora
l Editora
Um dia de Circo na EMEI Jardim da Alegria
O circo é uma atividade que envolve grande variação de movimentos e que exige diferentes ha-
bilidades físicas e motoras. Além da prática do exercício físico, que traz benefícios à saúde, o circo
Sumário também desenvolve a expressividade, a criatividade e a fantasia. O circo também emociona, seja
pelo medo das performances acrobáticas, pela beleza do figurino, pela alegria dos palhaços ou pela
possibilidade de vivenciar um mundo novo e diferente.
A EMEI Jardim da Alegria, com a intenção de proporcionar às crianças, as mais variadas experiên-
cias, vivências e interações, oportunizou no mês de outubro, em parceria com um artista circense,
que também é pai de uma criança da nossa escola, um momento muito significativo, cheio de ale-
Mome
ntos gria, de diversão e de desafios corporais.
de Red
e Nossa concepção enquanto escola é de que:
o ser humano não pode ter apenas habilidades motoras, ou cognitivas, afetivas ou sociais isoladas;
perceber habilidades isoladas é negar a concepção do ser um corpo, mente e sociedade’’... “aprender
movimentos não é uma ação restrita aos fenômenos fisiológicos e biomecânicos da contração muscu-
Entrevis lar; envolve a intenção do movimento, seu simbolismo e a expressão que ele transmite. O movimento é
ta essencialmente a expressividade humana (FALKENBACH, 2002, p. 55).
l
Retornando com afeto
De acordo com o Conselho Nacional de Educação, as instituições ou redes de ensino devem des-
tinar, ao fim do período de suspensão das aulas presenciais, momentos para realizar acolhimento e
reintegração social, ou seja, é fundamental que além da retomada pedagógica, estejamos atentos à
questão socioemocional entre professores, familiares, alunos e funcionários, que precisam adaptar- Sumário
-se novamente à rotina depois de um longo período de isolamento social. Os educadores são os pro-
tagonistas nesse processo de acolhimento, porém antes de dar suporte às crianças, também devem
sentir-se bem e acolhidos dentro da escola.
Nesse sentido, procuramos ouvir e atender sugestões, além de pequenos gestos para demonstrar
ntos
o quanto a presença e a participação de cada um é essencial na retomada, levando sempre em con- Mome
e
sideração as emoções vinculadas ao processo. As emoções são parte essencial do desenvolvimento de Red
social e cognitivo de todos nós.
Para as crianças, tornam-se essenciais os momentos em que elas são percebidas e ouvidas dentro da escola
no processo de interação e de aprendizagem. Assim, espaços e momentos de trocas e de escutas foram forta-
lecidos, aumentando a confiança, o respeito, a admiração e favorecendo a autoestima de cada um.
ta
Entrevis

Seção Seção
Integra da
da Integra

Argos
Argos

Relatos de
Experiê e
d Relatos s
n cia
ncias Experiê

Seção
Referência: Seção
Literár ia
ia FALKENBACH, AP. A Educação Física na Escola: uma Experiência como Professor. 1. ed. Lajeado: UNIVATES, 2002. Literár

Diretora: Andréia Tatiana Andriola Diretor: Nérison Carlos Hofmann

Vice-diretora: Ana Lilian Siebert Hausmann Vice-diretora: Débora Linck
Técnico de Apoio Pedagógico: Tathiana de Farias Mueller Técnico de Apoio Pedagógico: Tanise da Costa Pereira Fontana
Palavra
Palavra
Ilustrad a
a Ilustrad
10 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 11
 Editora
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Do presencial ao on-line, vivenciamos a pluralidade cultural
A EMEF Dr. Mário Sperb, na intenção de manter o vínculo entre a escola e a família, promoveu
momentos de interação através do mundo da leitura, juntamente à escritora Adriana Borella Pessoa.
Sumário Inicialmente, foram trabalhados com as turmas os livros “A curiosidade de Cauã” e “Um mundo
diferente”. A partir das leituras, foram proporcionadas vivências e experiências, como também o
envolvimento direto de dois alunos indígenas que fazem parte da nossa comunidade escolar, com-
partilhando conhecimentos e costumes da sua cultura, como por exemplo, a cantiga da música
“Borboletinha” na língua Kaingang. Foram produzidos bonecos com elementos da natureza e tam-
bém confeccionados apitos que emitem sons de animais. Esses apitos foram utilizados na trilha pela
Mome
ntos mata existente no entorno da escola.
de Red
e Como culminância dessa iniciativa, realizou-se um encontro pelo Google Meet, envolvendo os
educandos, as famílias, os docentes, a equipe diretiva e a escritora. O encontro foi extremamente
válido para toda a comunidade escolar, pois foi possível reunir todos nesse momento encantador.
Entrevis
ta
l
Com os desafios a Educação se transforma
O protagonismo no ensino híbrido.
A pandemia afetou nossos alunos, não somente na aprendizagem, mas também em suas relações
sociais. O resgate dessas perdas teve de ser pensado minuciosamente para que pudéssemos impac-
tar de forma significativa, sempre lembrando que “por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que Sumário
olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa” (Ferreiro.1985,p.68).
O projeto “O aniversário do Senhor Alfabeto”, baseado no livro do autor Amir Piedade, obteve
grande êxito nos objetivos traçados quanto ao resgate da escrita, da leitura e da interação social.
Todo o projeto contou com atividades lúdicas e prazerosas, com o foco em trabalhar a consciência
ntos
fonológica, resgatando as relações sociais entre os alunos e buscando a evolução da aprendizagem. Mome
e
O livro tomou forma e vida fora das páginas, com os personagens, letras e presentes confecciona- de Red
dos em EVA pela monitora Débora Schuh e pela professora Cassiane L.de Sousa, transformando a
contação de história em um momento encantador.
Os sons das letras, a sonoridade das palavras, os presentes, a decoração do aniversário e até mes-
mo a receita do bolo da festa foram explorados. Os alunos se envolveram, divertiram-se e apren-
deram, sendo protagonistas de suas próprias construções. ta
Entrevis

Seção Seção
Integra da
da Integra

Argos
Argos

Relatos de
Experiê e
d Relatos s
n cia
ncias Experiê

Seção
Referência: Seção
Literár ia
ia FERREIRO, Emília; Teberosky, Ana. Psicogênese da Língua Escrita.3.ed. Porto Alegre. Artes Médicas, 1985. Literár

Diretora: Fabiana Lopes Volz Rasche Diretora: Olinda Elisandra Silveira da Silva
Vice-diretora: Eliane Roth Gateli Vice-diretora: Rejane Maria Atz Juver
Técnico de Apoio Pedagógico: Sandra Regina Bressan Becker Técnico de Apoio Pedagógico: Ângela Griebeler
Palavra
Palavra
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Construindo uma rede de apoio e um espaço de confiança
Segundo ano de Pandemia da Covid-19 e ainda é difícil enumerar e mensurar os desafios que nos
foram (e ainda estão sendo) impostos, enquanto equipe diretiva e pedagógica da escola Primavera,
Sumário a maior da Rede Municipal.
Após um longo período no ensino remoto, iniciamos o ano letivo de 2021 com a responsabilidade
de atendermos nossos alunos no modelo híbrido, com novas configurações: turmas divididas, com
revezamento entre a sala de aula e a Plataforma do Google Classroom, professores buscando opor-
tunizar situações de aprendizagem em diferentes espaços.
As salas de aula estavam novamente ocupadas, mesmo que pela metade. O pátio da escola voltava
Mome
ntos a ter crianças correndo, assim como a quadra de esportes, que depois de tanto tempo, passou a ser
de Red
e usada pelos professores.
O ensino híbrido trouxe o sentimento de que estávamos nos aproximando do que podemos cha-
mar de “normalidade”, de rotina escolar. Entretanto, seguiu-se o desafio de acolher a demanda dos
nossos alunos e também de colegas que traziam sentimentos de medo e de ansiedade diante de um
período de afastamento e de incertezas em relação ao desconhecido.
Entrevis E tem sido assim! Agora, novamente, no modo presencial de ensino, a nossa equipe tem buscado
ta ressignificar sua prática, colocando-se em posição de escuta sensível, que vai muito além do “ouvir”
o que outro fala. Buscamos reconhecer, a partir do entrelace de nossas próprias vivências, este novo
ambiente que se apresenta para nós. Sabemos da responsabilidade de superarmos nossos medos e
fraquezas para oferecer à escola um espaço singular de confiança, no qual se possa novamente con-
jugar o verbo ESPERANÇAR, de Paulo Freire.
Seção
Integra
da
l
A importância da infraestrutura pedagógica e tecnológica
Todos sabemos que o uso da tecnologia está cada vez mais presente na vida dos professores e dos
alunos, principalmente pelo fato que, desde o ano passado, com o início da pandemia, os professo-
res precisaram mudar o seu método de ensino, participando de várias capacitações para o uso de
tecnologias no ensino remoto e aprendendo o uso de diversas ferramentas para auxiliar nas aulas. Sumário
Enquanto isso, nós, da equipe diretiva da EMEF. Arno Nienow, diante desse contexto, começamos a
planejar como seria o retorno às aulas presenciais e como poderíamos contribuir para dar sequên-
cia a essa inovação tecnológica pela qual o ensino passou, e também dar continuidade ao excelente
trabalho desenvolvido pelos professores. Então, através dos recursos recebidos da Verba Municipal,
ntos
vimos a necessidade de equipar toda a escola. Primeiramente, estendendo o acesso à internet em Mome
e
todas as salas de aula e, em seguida, comprando televisores Smart e notebooks para auxiliar os pro- de Red
fessores nesse processo.
Com esses investimentos, percebeu-se um avanço muito significativo na qualidade de ensino ofer-
tado aos alunos. As aulas passaram a ser mais dinâmicas, os alunos puderam se integrar mais. O
modelo de aula tradicional se inverteu, os alunos passaram a acessar os vídeos e materiais básicos
e jogos diretamente da plataforma do Google. Além disso, disponibilizamos a sala de Informática a ta
todos os alunos que não tinham acesso à internet para realizar as atividades. Entrevis
O retorno das aulas à presencialidade, nos fez perceber as consequências da perda do aprendizado
durante a pandemia. A nossa escola se preocupa e faz o possível para oportunizar os recursos a
todos, a fim de tentar amenizar os prejuízos no processo de ensino e de aprendizagem dos nossos
alunos. Contudo, em um período de tantas mudanças e incertezas, sabemos que o primeiro passo
para melhorar e qualificar cada vez mais a Educação ofertada aos alunos foi dado, mesmo que tenha
Seção
sido de forma tão inesperada. da
Integra

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Argos

Relatos de
Experiê e
d Relatos s
n cia
ncias Experiê

Seção
Seção
Literár ia
ia Literár
Diretora: Denise Daniela Klein Kohlrausch Diretora: Janete Teresinha Sausen da Silva
Vice-diretora: Graziele Oliveira Martins Vice-diretora: Malú Schmitt
Técnico de Apoio Pedagógico: Cristina Vier, Karina Rossa e Técnico de Apoio Pedagógico: Rosane Maria Sebastiany e
Marisa Rosa Paula Knob Tathiana de Farias Mueller
Palavra
Palavra
Ilustrad a
a Ilustrad
14 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 15
 Editora
l Editora
Ação solidária
Durante o ano de 2021, ainda em meio à Pandemia da
Covid-19, com o retorno gradativo dos estudantes à escola,
Sumário novamente passamos por novos desafios. Um deles foi o
desafio de pensar uma ação solidária que ajudasse toda a
comunidade escolar no retorno às aulas.
A ação partiu do CPM da escola, que é muito atuante e
presente. Inicialmente, realizou-se uma campanha de arre-
cadação de uniformes que já não serviam mais nos (nas)
Mome
ntos seus (suas) filhos (as), ou seja, estavam obsoletos em casa.
de Red
e Assim, para a surpresa de todos, inúmeros uniformes fo-
ram doados e a maioria deles estava em bom estado.
Os uniformes doados que necessitavam de reparos fo-
ram lavados pelas serventes da escola e, posteriormente,
consertados voluntariamente pelas famílias (mães e avós)
Entrevis da nossa comunidade. Na sequência, oportunizou-se, no
ta ginásio da escola, o Primeiro Brechó Solidário de Unifor-
mes. Uma iniciativa que ajudou muitas famílias e também
contribuiu com o educandário.
l
Reinventando a Educação em tempos de pandemia
Os anos de 2020 e 2021 ficarão guardados em nossas recordações como os anos em que ocorreram
muitas mudanças na Educação. Com a pandemia, houve a necessidade de adaptações na oferta do
ensino pelas diferentes redes, equipes diretivas e professores para o acesso dos estudantes ao ensino
formal. Foram enormes os investimentos que precisaram ser realizados pelos gestores, munindo as Sumário
escolas com o mínimo de estrutura e condições para fazer com que o processo de ensino e de apren-
dizagem acontecesse no ensino não presencial.
O uso da tecnologia na Educação se tornou uma necessidade também na Escola Professor Ma-
theus Grimm. Nesse sentido, foram planejadas pela equipe gestora da escola, junto ao departamen-
ntos
to de TI da Prefeitura e Secretaria de Educação, todas as ações necessárias para a implantação de Mome
e
internet Wi-fi nas salas de aula, a instalação de projetores, a contratação da plataforma Google for de Red
Education e a formação dos professores para o uso das ferramentas e recursos tecnológicos, a fim
de proporcionar ao professor e ao aluno todas as condições para o uso das ferramentas digitais em
sala de aula.
Foram muitos os desafios para fazer com que as crianças e adolescentes pudessem seguir apren-
dendo, continuando os seus processos de desenvolvimento e aprendizagens. Assim, em nossa es- ta
cola, com as instalações feitas, recursos tecnológicos disponibilizados e com o aperfeiçoamento Entrevis
profissional do nosso grupo relacionado ao uso das tecnologias, muito estudo, dedicação e, prin-
cipalmente, trabalho em equipe, conseguiu-se ensinar os nossos alunos, apesar das adversidades
vivenciadas com a pandemia.

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Integra da
da Integra

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Relatos de
Experiê e
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Seção
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Diretora: Dorotéia Selch Diretora: Simone Bockorny
Vice-diretora: Edna Cunegatto Vice-diretora: Caroline Pires Cerveira
Técnico de Apoio Pedagógico: Fernanda Pinheiro Leite Pereira Técnico de Apoio Pedagógico: Vanderléia Alles Linck
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16 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 17
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l Editora
Conectando experiências
Superados os desafios de 2020, entramos em 2021 com muitas incertezas, mas também com as
esperanças renovadas de que voltaríamos com as aulas presenciais. No entanto, foi longo o caminho
Sumário até estarmos todos juntos novamente: aulas remotas, turmas alternadas, ensino presencial, horários
para as turmas A e B, horários para ensino presencial, decretos, enfim, vivenciamos diferentes esco-
las em um único ano letivo.
Neste ano tão atípico, fica a certeza de que a comunicação entre a comunidade escolar é chave
para um bom entendimento e um bom trabalho. Sabemos que as tecnologias vieram para ficar na
Educação, não somente como instrumento pedagógico, mas também para aproximar as pessoas.
Mome
ntos Ao fazer uso das redes sociais para nos conectarmos à comunidade escolar, percebemos o alcance
de Red
e que temos junto às famílias do bairro São João. Sempre que precisamos, pudemos contar com o
engajamento dos alunos e das famílias. Pudemos ter noção disso na comemoração dos 35 anos da
escola.
Iniciamos as publicações no Facebook com uma contagem regressiva, apresentando, a cada dia,
um vídeo de alguém que fez ou faz parte dessa história, contando suas lembranças e momentos
Entrevis vividos aqui. O ponto alto dessa retrospectiva foi, sem dúvida, a abertura da cápsula do tempo,
ta idealizada há 10 anos pela professora Geni Golembieski. Lembranças foram revividas, saudades
compartilhadas, mensagens de apreço e gratidão foram recebidas. Tivemos a confirmação de que
a escola Paulo é o coração que pulsa no bairro São João e que quem por aqui passa, leva consigo a
certeza de que a Educação é feita por gente que se importa e que faz a diferença.
l
Aulas síncronas, uma realidade possível!
As práticas pedagógicas que embasam nosso modelo de Educação vêm sendo problematizadas
e ressignificadas, a fim de encontrar formas mais efetivas de promover um ambiente saudável, de-
safiador e com desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. Ao repensar nossa prática
pedagógica, com a retomada do ensino presencial e híbrido, após o distanciamento imposto pela Sumário
pandemia, a EMEF 29 de Setembro reconfigurou os seus espaços e a sua prática em sala.
Assim, os estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental que optaram pela presencialidade
foram divididos em grupos (A e B), com atividades em semanas alternadas. Com a demanda dos
professores, que sentiram a necessidade de estar mais próximos dos estudantes que permaneceram
ntos
no modo não presencial, ou ainda, aos que estavam na semana não presencial em função do escalo- Mome
e
namento, passou-se a ofertar as aulas de forma síncrona. Assim, as aulas ocorreram na sala de aula de Red
da turma para os estudantes que estavam no presencial e via Meet aos estudantes que estavam na
semana não presencial, em casa, e aos que optaram pela não presencialidade.
Os estudantes sem acesso à internet foram convidados a vir todas as semanas para escola, assim,
a turma tinha acesso todas as semanas às explicações dos professores, às trocas entre os estudantes
e uma rotina de estudos. Com isso, constatamos que o projeto pedagógico da escola deve refletir o ta
contexto social atual, repensar as práticas e as metodologias, bem como valorizar o protagonismo e Entrevis
o desenvolvimento dos estudantes, entre outras necessidades, a fim de se garantir a todos o direito
a uma Educação de qualidade.

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da Integra

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Relatos de
Experiê e
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Diretora: Eleandra Gnoatto Ferreira Diretora: Daniele Simone Arndt
Vice-diretora: Andréa Maleski dos Santos Vice-diretora: Roberta Stoffel Callai
Técnico de Apoio Pedagógico: Minéia Taís dos Santos Técnico de Apoio Pedagógico: Ana Paula Zanella e
Elisangela Rossetto Juriatti
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Departamento de Cultura
l Editora
A volta
Thaís Backes Klein
Nossa volta foi cheia de cuidados e de apreensões. Será que vai dar certo? Será que os alunos con-
Uma ação realizada em parceria com o Departamento da Cultura, que envolveu todas as escolas
seguirão manter o distanciamento? Será que conseguiremos oferecer almoço sem aglomerar? Será
da Rede Municipal de Ensino de Dois Irmãos, foi a 32º FEIRA DO LIVRO. Este ano de forma on-
que teremos que parar tudo novamente? Teremos casos de COVID-19?
Sumário -line e presencial, contemplou rica programação. Destacamos a visita da Patrona Professora Glaci Sumário
Enfim, foram tantas perguntas. Todas respondidas com o sorriso do olhar de cada criança. Na
Saraiva Doerr, os vídeos com escritores, os livreiros nas escolas, as lives de espetáculos, as apresen-
felicidade delas por voltar ao nosso espaço. Algumas demonstraram nas oficinas, outras na hora do
tações e muito mais.
recreio, outras na hora de se alimentar, outras no abraço que não puderam dar.
Confira alguns momentos marcantes registrados, também, na memória de nossos alunos.
Tivemos muitos sorrisos no olhar, demonstrando o quão felizes estavam. Percebemos uma carên-
cia afetiva maior, alunos mais chorosos, mas todos muito felizes em voltar. E nós também!
Mome ntos
ntos Com o passar dos dias, fomos organizando e adaptando à nova rotina escolar. Tanto os alunos Mome
de Red e
e quanto os professores demonstraram a felicidade da volta. de Red
Percebemos que os alunos estão mais atentos aos seus professores, tantos foram os mimos entre-
gues no Dia do Professor. Muitos bilhetinhos emocionados!
Enfim, a volta foi gratificante.

Entrevis ta
ta Entrevis

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da Integra

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Relatos de
Experiê e
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Diretora: Lea Eudes Reis Henrichsen
Vice-diretora: Claci Both Goldschmidt
Técnico de Apoio Pedagógico: Nina Gabriela Ponne Rodrigues
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20 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 21
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Departamento de Desporto Momentos Secretaria Municipal de Educação

l Editora

Astério Luís Mombach Denise Maria Maldaner

Secretária da Educação
O esporte na educação física será para os alunos na vida como uma digital dos dedos. Mar-
Sumário cará para sempre.
Tudo vai dar certo! Sumário

Um momento importante para a Secretaria da Educação, junto com o Departamento de Desporto

foi o Desafio da Corrida de Revezamento da Tocha da Olimpíada Escolar, que ocorreu pelo segun-
do ano cosecutivo, percorrendo 30 quilômetros, passando pelas Escolas participantes. O evento,
Setor Financeiro
Mome
reuniu alunos, professores, ex-alunos, pais e comunidade, com o intuito de consolidar, ainda mais, Cristina Stoffel Görgen e Rodrigo Dapper ntos
ntos a 23ª Olimpíada Escolar, realizada no dia 8 de dezembro, que faz parte do Calendário de Eventos Mome
de Red e
e
do Município. Pode-se afirmar que os participantes demonstraram coragem, força, motivação e Depois de enfrentarmos um para quadro, massa de mode- no/aprendizagem. de Red
emoção, tanto ao carregarem a tocha, quanto ao participarem do atletismo olímpico. Esses dois ano de muitas turbulências e lar, agenda para os professores, Durante o ano, aos poucos, a
momentos ressaltam e confirmam a importância do Esporte Escolar para a obtenção de qualidade mudanças, 2021 bateu na porta passagem escolar para o trans- rotina escolar encontrou e se-
no ensino em sua excelência. com novos desafios, surgidos a porte, entre outros itens neces- guiu seu rumo. As vivências
cada dia. Cada um deles enfren- sários para o enfrentamento deixaram muitos aprendizados.
Entrevis tado com muita resiliência, soli- da situação de pandemia, neste Estamos juntos e fortalecidos ta
ta dariedade e cooperação. ano, novas aquisições foram fei- para enfrentarmos novos desa- Entrevis
Além das licitações de com- tas, bem como reformas e obras fios.
pras de materiais como cader- nas escolas, visando qualificar e
nos, canetas, folhas, apagadores enriquecer o processo de ensi-

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Relatos de
Experiê e
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Setor da Alimentação Escolar Setor de Transporte

l Editora

Ana Paula Buchain Gassen e Fabiane Möller Borges
O Setor da Alimentação Es-
Sumário
colar, no início do ano de 2021,
organizou-se para o retorno
presencial dos alunos, porém,
logo nesse início de ano, os alu-
nos voltaram para as atividades
Mome remotas, permanecendo dessa
ntos
de Red
e forma por dois meses. Sendo
assim, o setor de nutrição se or-
ganizou para distribuir kits de
alimentos para os alunos matri-
culados na rede municipal.
Buscando qualificar a me-
Entrevis
ta renda escolar, foram realizados
encontros, nas escolas, para a
formação dos serventes. Vários
assuntos foram abordados, em
especial, a oferta de uma ali-
mentação saudável em temo
Seção
Integra de pandemia. Destaca-se o de
da
julho, no qual os serventes tive-
ram um momento de formação
presencial, divididos em dois
grupos, mantendo os protoco-
los do COE.
Com o retorno presencial dos
alunos, em maio, a alimentação
escolar foi novamente adapta-
da à realidade. Ressalta-se que,
nesse momento, a higienização
dos espaços, realizada pelos ser-
ventes, foi muito importante.
Em outubro, foram distribuí-
dos mais kits de alimentos, com
ajuda e parceria das escolas.
Também no segundo semestre,
as escolas foram equipadas com
fogões, geladeiras, freezers, for-
nos, máquinas de lavar e de se-
car, entre outros, de acordo com
a necessidade de cada local.
Aos poucos, fomos retoman-
do a rotina da alimentação es-
colar, ofertando alimentos sau-
dáveis, com todos os cuidados
necessários.
Anencir Frohlich, Gabriela Felix da Trindade, Luciano Banachoki e
Vilmar Augusto Hanzen
Iniciamos o ano letivo com a
esperança do retorno às aulas,
após o ano atípico que foi 2020.
Mas, em menos de uma semana,
vimos-nos na mesma situação
do ano anterior: escolas fecha-
das novamente e a perda do nos-
so principal motivo de acordar
bem cedo para nossa “missão”
diária: transportar os alunos.
As tarefas e o contato se limi-
taram, mas acabamos conhe-
cendo algumas realidades do
dia a dia das crianças, pois com
o retorno das aulas de forma
híbrida, e em alguns casos, ti-
vemos que, novamente, ajudar
as escolas na entrega de mate-
rial para os alunos sem acesso
às atividades. Estas eram leva-
das pelas pedagogas, que iam
até as casas dos alunos para,
também, conversar com as fa-
mílias. Esses momentos foram
muito emocionantes.
Após a retomada presencial
das aulas, além do transporte es-
colar, voltaram as entregas; dos
livros didáticos, dos ranchos e
das mobílias para as escolas, as-
sim como dos kits de alimenta-
ção para as famílias dos alunos.
Com o retorno presencial dos
estudantes, um dos momentos
mais aguardados por eles, foi a
volta das saídas de estudos.
Para a realização dessas ati- Sumário
vidades, era necessário agen-
damento prévio, observação
quanto ao número limitado de
estudantes e um planejamento,
respeitando todos os cuidados ntos
Mome
orientados pelo COE (Centro de Red
e
De Operações de Emergência).
A oferta dessas vivências opor-
tunizou aos alunos a explora-
ção in loco de muitos conte-
údos que eles aprenderam em
ta
sala de aula. Entrevis
Podemos dizer que o traba-
lho de motorista foi sempre
carregado de muito agito, ale-
gria e satisfação de ter o dever
cumprido.
Seção
da
Integra

Argos
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Relatos de
Experiê e
d Relatos s
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ncias Experiê

Seção
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24 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 25
 Editora
Setor Pedagógico
l Editora
Celsi Lambrecht Richter, Fabiana Niedermeier, Ivana Soligo Collet,
Marlene Lúcia Schmitt, Nadia Helena Schneider e Rejani Butzen.
Sumário
Mome
ntos
de Red
e as profissionais, Adriana Stras-
Iniciamos com um START
repleto de ideias colaborativas
Entrevis junto às equipes diretivas e um
ta
calendário escolar em forma-
to híbrido. Por momentos, era
impossível afirmar o dia em
que todos estariam imuniza-
dos e quando voltaríamos ao
Seção “novo” normal. Por outro lado,
Integra
da sempre tínhamos a certeza de
que o amor no coração estava
garantido para seguirmos com
comandos fundamentais rumo
a uma boa partida: compro-
misso, perdão, acolhimento,
Argos aprendizagens, dedicação, ale-
gria e fé. Este jogo vivenciado
na prática, propiciou muitas
aventuras, descobertas e pos-
sibilidades. Seguem relatos de
Relatos algumas ações pedagógicas que
Experiê e
d
realizamos ao longo deste ano.
ncias
Fase inovação - Em parceria
com a Educa Web, avançamos
enquanto Rede de Ensino com
um projeto piloto que objeti-
Seção
Literár
ia
Palavra
Ilustrad
a Ilustrad
26
va concretizar digitalmente os
registros pedagógicos de com-
provação da vida escolar das
crianças e dos estudantes, bem
como a vida profissional dos
docentes. A concretização no
período do terceiro trimestre
foi avaliada com muitas ressal-
vas positivas, e já realizamos os
ajustes necessários para poten-
cializar sua aplicação no ano
letivo de 2022.
Fase formação docente - Os
professores do Ciclo de Alfabe-
tização pertencentes a um es-
paço de aprendizagem da Rede
Municipal foram os desbrava-
dores de uma experiência que
viabilizou um olhar mais sen-
sível frente ao processo de en-
sino e aprendizagem dos Anos
Iniciais do Ensino Fundamen-
tal. Nesse contexto, revisitamos
o nosso Projeto Político Peda-
gógico e, efetivamente, refle-
timos sobre a qualificação da
nossa prática pedagógica.
Fase Quadros que Falam -
Por meio do subprojeto cultu-
ral “Quadros que Falam: narra-
tivas migratórias”, que faz parte
do projeto A Caminho de 2024:
200 anos de Migrações Alemãs
para o Brasil, foram desenvol-
vidas, junto ao corpo docente
de Dois Irmãos, aprendizagens
que atravessam a história do
município. Trata-se de uma
iniciativa do Instituto Históri-
co de São Leopoldo, que tem o
objetivo de proporcionar uma
interação entre o conhecimen-
to acadêmico, as manifestações
culturais e a Educação Básica.
Fase Meio Ambiente - As-
sessoria permanente aos pro-
fessores da Rede Municipal de
Ensino, quanto aos materiais
de apoio pedagógico para pla-
nejamento de aulas que envol-
vam o tema ambiental (vídeos,
cartilhas,…), bem como em
aulas práticas.
Também, foram realizadas
reuniões preparatórias para as
atividades da 24ª Semana de
Meio Ambiente (de 31/05 a
05/06/2021), juntamente, com
o Departamento de Meio Am-
biente, com participação direta
em algumas ações conforme
imagem abaixo.
Fase Núcleo de Apoio às Es-
colas (NAE) - Contando com
burger Trierweiler e Carolina
Louise Cardoso, o NAE, é um
espaço vinculado à Secretaria
Municipal de Educação. Du-
rante o ano de 2021, auxiliou
crianças e alunos que apre-
sentaram dificuldades em seu
desenvolvimento e que foram
encaminhados por espaços
da Rede Municipal de Ensino,
orientando suas famílias e pro-
fissionais de escolas.
No início do ano, a maioria
dos contatos com as crianças e
suas famílias ocorria por meios
digitais de comunicação. Da
mesma forma, o contato com
l
Sumário
os profissionais de escolas. tégias práticas para aquisição
Esse contato passou a ser híbri- e aprimoramento de diversas
do e, atualmente, a maioria dos habilidades.
ntos
acompanhamentos acontece Fase planejando o futuro Mome
e
presencialmente. - Organização e participação de Red
O número de encaminhamen- dos encontros, a nível munici-
tos de crianças e adolescentes pal e regional, dos preparativos
para receber acompanhamento para a CONAE 2024, visan-
no NAE vem crescendo con- do construir propostas para a
sideravelmente e, em razão da definição e implementação de ta
demanda, os profissionais do políticas públicas de Educação. Entrevis
NAE participaram da elabora- Um novo ano letivo se apro-
ção de edital para contratação xima e, com ele, vislumbramos
de profissionais para auxilia- novas fases desse jogo, que
rem na atuação junto a esse será recarregado e reiniciado
serviço no próximo ano. em breve. Com tantas apren- Seção
A novidade em 2021 foi o dizagens construídas, algumas Integra
da
lançamento do Projeto “Desen- relatadas acima, agradecemos
volver Bem, que visa a orientar as contribuições de todos e nos
as famílias dos alunos da Rede sentimos fortalecidos enquan-
Municipal sobre o desenvolvi- to Setor Pedagógico. Até o pró-
mento infantil e elencar estra- ximo START.
Tudo deu certo!
Argos
de
Relatos s
n cia
Experiê
Seção
ia
Literár
Palavra
a
27
 Ensino Híbrido:
Editora l
l Editora
Professor M.e Pablo Silveira

novos desafios, novos caminhos

Professor universitário do Instituto de Ivoti – ISEI e assessor pedagógico do Programa União Faz a Vida.
Parceiro das escolas municipais da rede municipal de Dois Irmãos, em especial, por assessorar a metodologia
de projetos pedagógicos.

O ser humano carrega consi- formato de ser e de agir. Foram vão mudar. A inteligência arti-
Sumário go o gosto por novidades. Os anos de construção do conhe- ficial delegou para a tecnologia Sumário
olhos desejam enxergar algo
novo, o cérebro vibra quan-
cimento, utilizando os mesmos
conteúdos e a mesma metodo-
os movimentos lógicos e repe-
titivos. No interior de uma sala A metodologia de projetos como
alternativa para o contexto atual
do assimila o que era desco- logia. De um dia para o outro, física ou virtual, os protagonis-
nhecido até então. O próprio fomos convocados a ficar em tas serão os mesmos: alunos
Mome coração pulsa intensamente casa e, ao mesmo tempo, con- e professores, numa contínua ntos
ntos Mome
de Red
e quando algo sonhado se torna tinuar exercendo nossa profis- interação. Logo mais, a tecno- O ofício de professor nunca e elas estavam mais próximas re e José Moran nos mostram de Red
e
realidade. Os dias são novos, o são, ou melhor, a nossa nobre logia deixará de ser ‘alguém’ foi tarefa fácil. São vários os das escolas, nos unimos en- que é preciso utilizar metodo-
amanhecer tem sempre algo de missão. Fomos surpreendidos desconhecido para tornar-se desafios que encontramos a quanto grupo de trabalho e, logias ativas para valorizar o
diferente, a chuva que cai não é pelo medo e, praticamente, des- parte do nosso cotidiano. O cada dia na escola, ao mesmo em todas as turmas de todas protagonismo das crianças e
a mesma água que existia antes conhecíamos a flexibilidade. As segredo não está no manuseio tempo, são inúmeros os mo- as escolas, paramos para ou- jovens. Freire (2007) vai nos
da evaporação. As novidades lágrimas e os risos se intercala- das máquinas, mas na habilida- mentos em que somos positi- vir e nos conectar com nos- dizer que:
Entrevis vamente surpreendidos com sos alunos. Ou seja, em meio
ta perpassam os dias e espantam ram, enquanto a jornada pare- de de continuar se encantando Entrevis
ta
a acomodação e a indiferença. cia não terminar mais. Quería- pela maravilhosa tarefa de edu- as realizações das crianças e ao caos, conseguimos avançar “As propostas de trabalho que
Se nenhum dia é igual ao outro, mos novos caminhos, mas não car. Vamos precisar de meios dos jovens. Quem nunca se em alguns pontos no que diz não apenas faço às crianças,
a vida também precisa de reno- necessariamente acompanha- adequados, pois teremos que emocionou com o êxito de um respeito às estratégias de ensi- mas que também com elas dis-
vação. dos de novos desafios. ‘tocar’ o aluno, presencial ou estudante, quem nunca sentiu no-aprendizagem. cuto, expressam, e não poderia
É mais fácil seguir um forma- A pandemia simplesmen- virtualmente. Depois de tudo o no sorriso ou no olhar de um Quando observamos esse deixar de ser assim, aqueles
Seção Seção
Integra to pré-estabelecido e deixar a te nos obrigou a sermos dife- que foi enfrentado, somos con- aluno o sentimento de agra- contexto vivido, recordamos interesses. Por isso é que, em
da
da
vida acontecer. Muitas pessoas rentes. Forçosamente tivemos vocados a celebrar a saudade decimento e de alegria por que, há anos, instituições de última análise, as propostas Integra
mudam quando percebem que que assumir outra postura, que une a comunidade escolar e ter realizado algo que outrora ensino vêm buscando alter- nascem delas e de mim como
correm o risco de perder aquilo principalmente diante do uso a resgatar o desejo de contribuir não conseguia? É essa mistu- nativas para transformar os professora. (...) vão entender o
que tanto queriam e que, com pedagógico da tecnologia da na construção do significado da ra de sensações que permeia processos de ensino tradicio- meu papel de organizadora e
o tempo, foi perdendo o brilho. informação. Muitos alunos en- vida, através do conhecimento o dia a dia das nossas práticas nais, pautados pela exposi- não de “dona” das atividades.”
Se a novidade é uma necessida- sinaram e continuam ensinan- que contempla o amor. Quan- escolares, desde que escolhe- ção e imposição do conteúdo (FREIRE, 2007, p.21).
Argos de, não podemos nos esquecer do seus professores na hora da do amamos o que fazemos, nos mos esta profissão. pelo professor, em estratégias Argos
de que o novo é, geralmente, o utilização dos demais recursos tornamos ‘híbridos’, isto é, edu- No entanto, no início de que visem à participação ativa Dentre as alternativas pro-
existente que foi renovado, rein- oferecidos pelas plataformas. camos de diferentes maneiras, 2020, quando a pandemia dos estudantes, que valorizem postas pelos autores, a peda-
ventado ou recriado. A vida não Poderia ter sido diferente? Cla- porque amamos a educação. da Covid-19 chegou a nos- o conhecimento trazido por gogia por projetos destaca-se
muda, o tempo é o mesmo des- ro que sim, mas estávamos sa- sa região, os desafios do ofí- eles e os tornem protagonistas por ser capaz de conduzir,
Relatos de sempre. As novidades acon- tisfeitos com os nossos planos cio de professor aumentaram do processo de aprendizagem. através de uma gestão conjun- de
Experiê e
d Relatos s
tecem quando existem sonhos de aula e com os projetos inte- de forma exponencial. Como John Dewey, Maria Montes- ta com os estudantes, a uma n cia
ncias Experiê
que subsidiam a capacidade de gradores. Até a carga horária já se conectar com os estudan- sori, Willian Kilpatrick, entre aprendizagem significativa e
arriscar-se e de continuar cami- estava determinada. Sabíamos tes? O que fazer para que eles outros teóricos da Educação participativa.
nhando, mesmo que seja por ou- tudo, só não imaginávamos que aprendam? Como tornar nos- já nos alertavam, há cerca de Também observamos essa
tras vias e com outros calçados. seríamos surpreendidos de um sas aulas significativas? Como 120 anos, que era fundamen- perspectiva quando nos re-
Seção Na condição de profissionais dia para o outro. será que está a saúde mental tal romper com a estrutura portamos à Base Nacional
de nossas crianças e jovens tradicional da escola e colocar Comum Curricular (BNCC), Seção
Literár da Educação, já tínhamos in- O ensino híbrido não é o pro- ia
ia Literár
ternalizado e cimentado um blema em si. As máquinas não em meio às incertezas da pan- o estudante e a criança como pois ela frisa, de forma explí-
demia? Mas também fomos centro das ações pedagógicas cita, que devemos organizar
Frei Jaime Bettega
descobrindo possibilidades. (GAUTHIER; TARDIF, 2010). nossas estratégias sintoniza-
Professor universitário, escritor e palestrante, Frei Jaime Bettega, construiu sua trajetória religiosa alicerçada na busca
por conhecimento. Formado em Filosofia, Teologia e Administração de Empresas, concluiu doutorado defendendo a Utilizamos ferramentas que, Autores mais próximos aos das com “as necessidades, as
tese sobre a compaixão no trabalho. Reconhecido por liderar projetos sociais como o Mão Amiga e pelas mensagens até então, não conhecíamos, dias atuais, como Maria Car- possibilidades e os interesses
Palavra
que propaga em diferentes meios, participa diariamente na rede Tua Rádio, Tua Rádio São Francisco e Maisnova FM. nos aproximamos das famílias men Barbosa, Madalena Frei- dos estudantes” (BNCC, 2018, Palavra
Ilustrad a
a Ilustrad
28 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 29
 Editora
l Editora
p.14). O mesmo documento
reforça que é preciso que o
trabalho dos professores “se
organize em torno dos inte-
resses manifestos pelas crian-
Sumário ças” (BNCC, 2018, pág. 58)
Mas é possível realizar pro-
jetos em meio à pandemia?
Estudantes frequentando as
aulas de maneira remota, di-
versidade de níveis de apren-
Mome
ntos
de Red
dizagem em uma mesma tur-
e ma, muito “conteúdo” para
trabalhar. Como pensar em
projetos em meio a tudo isso?
A resposta para isso come-
ça a surgir quando notamos
Entrevis que, nos últimos meses, várias
ta
ações pedagógicas promovi-
das pelos professores utiliza-
ram elementos da pedagogia
de projetos. Foram inúmeras
as propostas interdisciplinares
Seção em que dois ou mais professo-
Integra
da res reuniram-se para planejar
o que poderiam fazer em con-
junto para determinada tur-
ma. Também foi possível per-
ceber escolas que planejaram
estratégias de ensino-aprendi-
Argos zagem após ouvir os estudan-
tes, elencando necessidades
e demandas a partir do que
os próprios alunos traziam,
mesmo estes estando em suas
casas. Da mesma forma, uma
Relatos
Experiê e
d grande quantidade de pro-
ncias
fessores planejou ações que
abriram mão da “dureza” do
currículo tradicional, para de-
senvolver ações que contem-
plassem aspectos da educação
Seção integral e de desenvolvimento
Literár
ia de competências socioemo-
cionais. Foi possível perceber
uma infinidade de propostas
que valorizam a experiência e
a descoberta das crianças e as
Palavra colocam como protagonistas
Ilustrad
a Ilustrad
30 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
de suas aprendizagens.
Ou seja, ao longo desse pe-
ríodo, mesmo com todas as
adversidades, os professores
conseguiram fazer com que
os aspectos que pautam uma
educação inovadora e de qua-
lidade pudessem prevalecer,
mobilizando nas crianças e
nos adolescentes o desejo de
aprender e a esperança de
logo estar, com segurança, vi-
venciando a escola de forma
presencial.
No momento atual, os estu-
dantes estão voltando a fre-
quentar as escolas. Os profes-
sores vêm percebendo avanços
e lacunas nas aprendizagens
durante o período remoto/hí-
brido. Começamos a perceber
a iminente chegada do final do
ano e parece que não teremos
tempo para ensinar tudo que
deveríamos. Parece-nos que
uma alternativa seria “acelerar
com o conteúdo”, passar tudo
o que for possível, aproveitar
o tempo perdido, mesmo que
tenhamos que recorrer a ve-
lhas metodologias expositivas
que nos fazem ser mais velo-
zes na “corrida do conteúdo”.
No entanto, nossa ansieda-
de por querer fazer o melhor
para os estudantes nos cega.
É possível que alguns alunos,
na velocidade das inúmeras
aulas expositivas, tenham boa
memória e decorem o que ou-
viram até o dia de uma ava-
liação. Mas, da mesma forma
que foram rápidos para deco-
rar, serão ainda mais rápidos
para esquecerem e o que terão
feito não terá sido aprender e
sim, memorizar até o dia da
prova.
O que todos sabemos é que
a aprendizagem significativa,
aquela que é duradoura, que
resiste ao término de uma
avaliação, precisa de algumas
condições para que aconteça.
De acordo com a BNCC, ela
precisa ser contextualizada,
ser um conhecimento que te-
nha aplicação na vida real, que
parta do interesse e da proble-
matização do estudante, que
os coloque de maneira ativa e
protagonista no processo, que
seja construída em conjunto
com eles e não sobre eles.
Sendo assim, mesmo na ad-
versidade na qual nos encon-
tramos, a metodologia de pro-
jetos ainda traz em seu cerne
as características necessárias
para que as nossas crianças
e adolescentes, efetivamen-
te, aprendam. Por meio dela,
temos a chance de fazer com
que a escola faça sentido para
os estudantes, que tenham
prazer em estudar, em pesqui-
sar, em desvendar os mistérios
escondidos em cada conheci-
mento contido em nosso cur-
rículo.
Conselheiros:
Adriana Strasburger Trierweiler
Ana Paula Closs
Ana Liliam Siebert Hausmann Esswein
Anelise Klauck Blume
Carmen Royer
O compromisso do CME/DI diante
do cenário incomum de restrição
social
Em meados de 2020 fomos
globalmente paralisados por
uma pandemia. O elevado
grau de contágio do vírus da
COVID–19 estabeleceu o iso-
lamento social como o artifício
preponderante para o comba-
te ao vírus. Todas as institui-
ções educacionais limitaram
suas ações, suspendendo as
aulas presenciais e muitas ins-
tituições deram seguimento
ao atendimento educacional
através do encaminhamento
de atividades não presenciais,
dentro de suas possibilidades.
O Conselho Municipal de
Educação de Dois Irmãos -
CME/DI, em contínuo exer-
cício do seu papel de articu-
lador e mediador das ações e
demandas educacionais, ad-
junto aos gestores municipais,
continuou cumprindo com
sua função normativa, consul-
tiva, deliberativa e fiscaliza-
dora, adaptando-se à situação
emergente.
Sob o olhar da União Nacio-
nal dos Conselhos Municipais
de Educação do Rio Grande do
Sul (UNCME-RS), enquanto
uma entidade nacional/esta-
dual representativa dos Con-
selhos Municipais de Educa-
PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
Carolina Preussler
Celsi Lambrecht Richter
Juliana Trentin
Rejani Butzen
Vilson Francisco Selch – Presidente do CME/DI.
ção, criada em 1992, “[...] que
está presente em todos os es-
tados brasileiros com a finali-
dade de incentivar e orientar
a criação e o funcionamento
desses órgãos colegiados [...]”
(CADERNO 2, 2020, p. 03),
em seus Cadernos e nas suas
orientações, tratou a respeito
das atribuições essenciais dos
CMEs, destacando as prio-
ritárias frente ao momento
excepcional de pandemia da
COVID-19.
O CME/DI, no uso de suas
atribuições legais que lhe con-
fere o artigo 11, inciso III e art.
33, da Lei n° 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, este último
alterado pela Lei nº 9.475, de
22 de julho de 1997, o art. 8º,
incisos I e VIII da Lei Munici-
pal n° 1.966/2002 e o art. 10,
inciso I e VIII, da Lei Munici-
pal n° 1.967 de 2002, redigiu e
deliberou orientações em seus
atos normativos. Essas orien-
tações têm por objetivo regu-
lamentar o funcionamento do
Sistema Municipal de Ensino,
normatizando o desenvolvi-
mento do Plano de Ação em
torno das atividades escolares,
excepcionalmente, enquan-
to permanecerem as medidas
l
Sumário
ntos
Mome
e
de Red
referentes às restrições sanitá-
rias decorrentes da COVID-19
nas Unidades Educacionais do
Sistema Municipal de Ensino ta
Entrevis
de Dois Irmãos/RS, obede-
cendo ao expresso no Parecer
CNE/CP nº 05/2020 e Parecer
CNE/CP n° 011/2020.
Diante disso, exarou atos
normativos através dos Pa- Seção
receres: CME/DI n°12/2020, Integra
da
CME/DI nº 26/2020, CME/
DI nº 27/2020 e CME/DI n°
33/2021, bem como pareceres
de renovação de autorização
de funcionamento de escolas
de Educação Infantil e con-
Argos
traturnos-escolares ou indica-
ções e resolução pertinentes.
O CME/DI sempre teve cla-
reza de que a função prepon-
derante da Educação não se
de
altera pela evidência de se Relatos s
n cia
estar vivendo uma pandemia. Experiê
O olhar do CME/DI mante-
ve-se atento à aprendizagem
dos estudantes, contemplando
as ações administrativas e pe-
dagógicas e o papel central do Seção
professor nesse processo. Este Literár
ia
Conselho tem clareza e com-
preensão sobre o desafio que
se institui com o trabalho de
confecção e desenvolvimen-
to das atividades pedagógicas Palavra
a
31
 Editora
l Editora
não presenciais, presenciais,
híbridas ou até a educação bi-
modal, como uma proposta
de educação em que estudan-
tes e professores/as ensinam e
Sumário aprendem em dois espaços de
Educação, em que escola e fa-
mília precisam estar alinhadas
no processo formativo, edu-
cativo e emocional. Esse novo
contexto requer uma nova
postura e atitude.
l
entender que precisam de or- Berenice Ody
ganização, dedicação e pla- Pedagogia
Especialização em Neurociência aplicada à Educação e Educação Inclusiva.
nejamento para se inserir no
mundo digital. É preciso envi-
dar esforços para fortalecer os
vínculos com as famílias para
Sumário

Pandemia e aprendizagem
forma articulada, ou seja, o es- É preponderante que se in- minimizar os efeitos deixados
paço presencial e o espaço não centive e se qualifique cada vez pela pandemia.
presencial. Toda essa dinâmi- mais a utilização de tecnolo- Apesar das desigualdades
Neste contexto em que estamos in- Aparecem as dificuldades, as limi- que já ocorreu. Será preciso um olhar
ca trouxe diversas mudanças gias como aliadas ao processo sociais em nossa sociedade, o
seridos, onde toda a sociedade pro- tações, a irritabilidade, o estresse. atento dos gestores públicos e priva-
para o cenário educacional. de ensino e de aprendizagem ensino não presencial opor- cura se resguardar frente à pande- Nesse momento é preciso calma, pa- dos para que, efetivamente, busquem
Mome ntos
ntos
de Red
Em sua inovação e ruptura para minimizar as desigual- tunizou diferentes ferramen- mia, adequando-se aos protocolos ciência e resiliência, pois todos estão soluções que atendam à defasagem Mome
e
e com as metodologias presen- dades de acesso às novas fer- tas pedagógicas digitais como de higiene e distanciamento social, a afetados com esta pandemia. na Educação Infantil, no Ensino Fun- de Red
ciais anteriores, apresentou-se ramentas digitais. Na mesma novas formas de ensinar e de escola ficou à mercê de fechamentos É a primeira vez, neste novo milê- damental, no Ensino Médio e no Su-
desafiadora e exigente, geran- perspectiva, que se valorize o aprender para os professores e e de retornos presenciais. Criou-se nio, que estamos vivenciando esse perior.
uma inconstância educacional que contexto de distanciamento social Contudo, as ações pedagógicas
do uma exaustão dos profis- professor e se destaque a im- para os estudantes, com o ob- reflete diretamente na saúde mental e suas fragilidades. Sabemos que as deverão ser pensadas e construídas
sionais da educação. portância da participação da jetivo de garantir que a apren- de todos os envolvidos: família e co- crianças aprendem pelo corpo, pelos levando-se em conta as observações
Entrevis É notório que o trabalho do família no processo educacio- dizagem aconteça de forma munidade escolar. sentidos, que precisam vivenciar, ex- dos professores e das instituições de ta
ta Entrevis
professor se expande e visa à nal. Logicamente, é preciso igualitária para todos, ameni- Quando as aprendizagens aconte- plorar, conviver, participar, brincar ensino. Todos devem se debruçar
necessidade de registros de que todas as instituições, os zando as lacunas que a pande- ciam de forma presencial, o olhar e se conhecer. A infância bem vivida a pensar sobre o que pode ser feito,
atento do professor captava dificul- é o marco referencial para ser um priorizando o aluno e suas particula-
sua efetiva atividade profissio- gestores e os profissionais da mia provocou nas nossas ins-
dades no processo de aprendizagem e adulto saudável, mental, emocional, ridades, ou seja, uma ação conjunta
nal em planilhas, de planejar Educação se empenhem para tituições de ensino. buscava alternativas a partir de ações social e fisicamente. entre todos os envolvidos no proces-
ações, alimentar a plataforma que o processo de ensino e de É importante enfatizar o pedagógicas para que a criança ou o Como pensar as dificuldades que so de ensino e de aprendizagem se faz
Seção on–line, realizar web confe- aprendizagem jamais volte a trabalho incansável do CME/ adolescente tivessem as suas apren- se apresentam no ensino híbrido? urgente e necessária. Seção
Integra rências (Meet), responder às ser o que era antes, dado que DI e parabenizar todos os dizagens processadas da melhor Primeiramente, temos que estabele- da
da Integra
perguntas e tirar dúvidas por os professores vivenciaram profissionais da Educação maneira. Na fase de Educação Infan- cer uma rotina que contemple horá-
til ao quinto ano do Ensino Funda- rio para estudos. A criança precisa
WhatsApp, corrigir atividades novas formas de ensinar, no- pelo que fizeram e fazem mental, a plasticidade do cérebro, as de acompanhamento para conseguir
e avaliar as crianças e os estu- vas ferramentas de avaliação para garantir uma educação funções executivas e as competências realizar as propostas vindas da esco-
dantes a partir desse novo for- e as crianças e os estudantes de qualidade para todas as socioemocionais estão em pleno de- la, sejam elas presenciais ou remo-
mato de ensino. Vivencia-se, estão podendo vivenciar no- crianças e estudantes, antes, senvolvimento. tas. Quanto menor a criança, maior
portanto, uma reinvenção da vas formas de aprender e de durante e pós-pandemia. A exposição exagerada frente às o tempo de acolhimento e de organi-
Argos
telas começa a provocar o estresse, zação para essa rotina acompanhada. Argos
a ansiedade e, sobretudo, surgem as Quando adolescentes, a autonomia
Referências:
dificuldades resultantes de uma re- se faz necessária, porém nem toda
CME/DI. Parecer n° 33/2021. Orientação ao Sistema Municipal de Ensino sobre o desenvolvimento do Plano
lação virtual, onde as explicações e a família estabelece a rotina acompa-
de Ação em torno das atividades escolares [...]. Aprovado em 09 de junho de 2021.
organização do tempo para realizar nhada e adequada ao estudante. Sen-
CME/DI. Parecer n°12/2020. Orienta as Instituições integrantes do Sistema Municipal de Ensino de Dois Ir-
as tarefas escolares se perdem. do assim, nem sempre o adolescente
Relatos mãos sobre a reorganização do Calendário Escolar 2020 e o desenvolvimento das atividades pedagógicas não pre-
A questão da escola se fazer pre- realiza as propostas de aprendizagem Relatos s
de
Experiê e
d senciais, excepcionalmente, enquanto permanecerem as medidas em razão do novo Coronavírus – COVID-19.
sente na vida da criança é um fator ou participa delas, comprometendo, n cia
ncias Aprovado em 03 de junho de 2020. Experiê
essencial para sua socialização, para assim, a qualidade da sua aprendi-
CME/DI. Parecer nº 26/2020. Orientação ao Sistema Municipal de Ensino sobre o desenvolvimento do Plano
o gerenciamento de suas emoções zagem e o seu desempenho escolar.
de Ação em torno das atividades escolares [...]. Aprovado em 19 de agosto de 2020.
e para aprendizagens referentes ao Nesses casos, buscam-se a parceria
CME/DI. Parecer nº 27/2020. Recomenda e orienta as Instituições integrantes do Sistema Municipal de Ensino
convívio em comunidade. Nosso cé- e o comprometimento das famílias
de Dois Irmãos sobre a manutenção do Plano de Ação nos aspectos referentes à busca ativa, frequência/infrequ-
rebro precisa de uma rotina institu- com a escola.
ência - documentação e arquivamento - repactuação dos objetivos de aprendizagem e flexibilização acadêmica
Seção ída para compreender o meio, para Com o fim da pandemia se aproxi-
[...]. Aprovado em 04 de novembro de 2020. Seção
Literár estabelecer relações de tempo e de es- mando, educadores estão discutindo
ia CNE/CP. Parecer n° 011/2020. Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades Pedagógicas Literár
ia
paço. Assim, consegue processar as como ajudar a compensar o tempo
Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia. Aprovado em 7 de julho de 2020.
muitas informações que recebe atra- perdido. Por si só, expandir o acesso
CNE/CP. Parecer nº 05/2020. Reorganização do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de ativi-
vés de estímulos sensoriais. à internet não fará com que o apren-
dades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da Pandemia da CO-
Quando a família percebe que a dizado remoto funcione para todos,
VID-19. Aprovado em 28 de abril de 2020
criança não está respondendo de mesmo intercalando com as aulas
UNCME-RS. Cadernos 2. Recomendações e orientações aos Sistemas Municipais de Ensino: durante e pós-
maneira adequada às propostas da presenciais. Nem fará muito para
Palavra -pandemia da COVID-19, junho de 2020.
escola, fica sem saber como agir. remediar a perda de aprendizagem Palavra
Ilustrad a
a Ilustrad
32 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 33
 Editora l
l Editora
Marisa Rosa Paula Knob Nadia Helena Schneider
Licenciatura em Letras/Inglês / Licenciatura em Pedagogia / Esp. em Psicopedagogia Clínica e Institucional Comunicação Social - Publicidade e Propaganda Especializações em Gestão Escolar,
Esp. em Supervisão Escolar Psicopedagogia Clínica e Psicanálise
Técnica de Apoio Pedagógico dos Anos Finais EMEF Primavera Mestrado e Doutorado em Processos Midiáticos

Sumário
Sumário

Entre o “Ser” tecnológico e o saber docente O que é TDAH?

A Pandemia da Covid-19 promoveu
a inserção da tecnologia na prática dos
Mome professores, que foram requisitados a
ntos
colocar em uso, em caráter emergen-
de Red
e
cial, conhecimentos acerca do rol de
programas e aplicativos que já esta-
vam disponíveis há algum tempo para
a escola, mas que não eram utilizados.
Os professores chegaram até os seus
alunos através de áudios, vídeos e
Entrevis links.
ta
1. Tecnologia e aprendizagem
Segundo Campos (2003), a necessi-
dade de inclusão de ferramentas tecno-
lógicas no planejamento das atividades
pedagógicas não é uma novidade nos
cursos de formação de professores .
Seção Entretanto, sabe-se que a tecnologia,
Integra
da por si só, não é garantia de sucesso na
prática do professor, como referem-se
Cruz e Weiss (2001):
O computador é um recurso caro,
se comparado ao custo de lápis ou de
livros, mas não é auto-suficiente para
ser tratado como algo mais que um
recurso didático que pode, por si só,
Argos
resolver todos os problemas da escola
(CRUZ, M.; WEISS, A. 2001, p. 17).
De acordo com Pais (2002), a uti-
lização da informática como ferra-
menta didática “requer métodos que
favoreçam a articulação entre a elabo-
Relatos ração de conhecimentos e os valores
Experiê e
d Relatos s
por eles visados”.
ncias
O título deste texto faz referência
ao ‘ser tecnológico’. Neste caso, o ‘ser’
traz consigo o sentido do humano
que está por detrás da máquina, lem-
brando-nos que é preciso haver certa
Seção harmonia entre o fazer pedagógico e
Literár o universo tecnológico.
ia
Já o subtítulo, traz o conceito de
‘amorosidade’, retirado da obra de
Paulo Freire (1922-1997), e remete
à ideia de amor ao mundo, de senti-
mento verdadeiro. Freire nos convida
e nos instiga a refletir sobre nossa res-
ponsabilidade com o planeta, onde o
amor é referido como uma relação que
abrange todos os seres, primeiramen-
te, como parte da natureza que somos.
2. A tecnologia e a subjetividade
pedagógica
Com o início do ensino híbrido, o
professor, em determinados momen-
tos, precisou ressignificar o conceito
de ‘aprendizagem’, questionando o
valor dos ‘conteúdos’ a serem ensi-
nados e seu aproveitamento no con-
texto social da escola pública. Paín
(1985) ressalta que:
No nível social consideramos a apren-
dizagem como um dos pólos do ensi-
no-aprendizagem, cuja síntese consti-
tui o processo educativo. Tal processo
compreende todos os comportamentos
dedicados à transmissão da cultura, in-
clusive os objetivados como instituições
que, especifica (escola) ou secundaria-
mente (família), promovem a educação
(PAIN, 1985, p.18).
De certa forma, o uso das tecnolo-
gias oportunizou ao professor ousar
dar mais significado às aprendizagens.
Cavaco (1999) contribui com essa re-
flexão ao elencar algumas questões
que atravancam o fazer pedagógico:
Em muitas escolas vive-se principal-
mente a rotina, a normalidade acrítica, e
todas as mudanças, todas as inovações,
estão condenadas antes de se tentarem.
Nelas não se consegue elaborar, de for-
ma autônoma, um conjunto mínimo de
princípios, de objetivos claros e especi-
ficados [...[ (CAVACO, 1999, p. 176).
O retorno à presencialidade trouxe
de volta oportunidades únicas de se
comprovar o quanto a amorosidade é
inerente ao saber docente. Saber este
que não é adquirido através dos diver-
sos conceitos teóricos e sim, que se dá
a partir da profunda relação profes-
sor/aluno. Como afirma Fernández
(2001), o sujeito se constitui e aprende
através do olhar do seu ensinante:
(...) as questões de aprendizagem e de
ensino envolvem, com certeza, os seres
humanos que contam com um orga-
nismo transformado (humanizado)
em corpo através do desejo e da inteli-
gência; portanto, não só se jogam com
os aspectos conscientes, como prin-
cipalmente inconscientes e pré-cons-
cientes convocados pelo vínculo com o
outro. (...) (FERNÁNDEZ, 2001, p. 58).
O desafio imposto pelos professores
a si mesmos não foi pequeno. Mas eles
seguem firmes, fazendo pontes que li-
gam e interligam os ‘conteúdos’ cur-
riculares à subjetividade que constitui
o processo de ensino-aprendizagem.
Considerações finais
Nenhuma ferramenta tecnológi-
ca pode substituir o fazer e o saber
pedagógico. Inicialmente, surgiram
dúvidas sobre a competência dos pro-
fessores para ensinar seus alunos sem
a utilização do giz e do quadro negro,
hoje temos a certeza da importância
do vínculo aluno/professor no laço
que envolve o processo de ensino/
aprendizagem.
E agora, já tendo a escola retornado
ao modo presencial de ensino, e obser-
vando as cenas que envolvem profes-
sores e alunos, tenho a convicção de
afirmar que NADA SUPERA A AMO-
ROSIDADE DO SABER DOCENTE.
Em uma perspectiva histórica, se-
gundo Benczik (2000), o primeiro
médico a pesquisar sobre Transtorno
de Déficit de Atenção/Hiperatividade
- TDAH foi DI Galen, estudioso grego
que estudou sobre a impaciência e a in-
quietação de crianças. Na época, consi-
derava-se tais sintomas como similares
aos de pessoas que apresentavam con-
duta de indivíduos retardados. Entre-
tanto, percebe-se que muitos estudos
foram realizados até chegar ao que
hoje conhecemos como Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade.
O TDAH, algumas vezes, altera a
vida e o cotidiano das famílias que
precisam lidar com a tensão e a discus-
são do dia-a-dia, pois esse transtorno
é apontado como um dos principais
problemas de dificuldades de apren-
dizado e do insucesso escolar. Quan-
do não diagnosticado precocemente,
deixa a criança incapaz de se expressar
claramente, com humor instável, desa-
tenção contínua, inquietude e impul-
sividade. Barkley (2002) apresenta o
TDAH como sendo um transtorno de
desenvolvimento do autocontrole, que
consiste em problemas com os perío-
dos de atenção, com controle do im-
pulso e com nível de atividade. Assim,
esses problemas são refletidos em pre-
juízos na vontade da criança ou na sua
capacidade de controlar o seu próprio
comportamento. O fato é que a intensi-
dade dos problemas enfrentados pelos
portadores do TDAH variam de acor-
do com as suas experiências de vida e
a genética é o fator básico na determi-
nação do aparecimento dos sintomas.
Segundo o psiquiatra Ênio Roberto
de Andrade, a hiperatividade só fica
evidente no período escolar, quando
é preciso aumentar o nível de concen-
tração para aprender. “O diagnóstico
clínico deve ser feito com base no his-
tórico da criança”. Por isso, a observa-
ção de pais e professores é fundamen-
tal. (ANDRADE, 2000, p. 30).
No ambiente escolar é importante
que os professores tenham conheci-
mento do conflito incompetência x de-
sobediência e aprendam a discriminar
os dois tipos de problema. É necessário
desenvolver um repertório de interven-
ções para poder atuar eficientemente
no ambiente da sala de aula que há uma
criança com TDAH, a fim de minimi-
zar o impacto negativo do seu tempera-
mento. Também deve ser desenvolvido
um plano para educar e melhorar as
habilidades deficientes da criança com
TDAH. Destaca-se que, em sala de
aula, um dos pontos mais marcantes
apresentado por crianças com hipera-
tividade é a falha no funcionamento
produtivo das tarefas, ou seja, a criança
quase nunca consegue terminar as tare-
fas escritas. Fato que não tem nada a ver
com a inteligência da criança.
Sendo assim, a escola deve pensar
em uma metodologia adequada, que
oferte aprendizagens significativas, en-
volvendo seus alunos, a fim de solucio-
nar as possíveis dificuldades. Roman e
Steyer (2001, p. 97) ressaltam a impor-
tância da “Rotina” na escola. Segundo
autores, ela deve ser desenvolvida para
possibilitar, a partir da organização
externa, a segurança emocional e a
organização interna da criança. Tam-
bém a rotina favorece e complementa
o processo de socialização por meio da
aprendizagem das regras de convívio
em grupo, da formação de vínculos
e da aquisição de conhecimentos em
todos os âmbitos do desenvolvimento.
Quanto à família, é possível sugerir
algumas propostas de orientações, tais ntos
como disponibilizar para a criança a Mome
e
Arteterapia, que tem sua origem na de Red
Antroposofia de Rudolf Steiner, segun-
do ele “o Homem é considerado um ser
espiritual constituído de alma e corpo
vivo,” (BOSSA, 1994. p.17). A arte atra-
vés dos elementos de cor, forma, volu-
me, disposição espacial, dentre outros, ta
Entrevis
possibilita que a pessoa vivencie os ar-
quétipos da criação, ou seja, reconecte-
-se com as leis que são inerentes a sua
natureza, isso traz um contato com a
essência criadora de cada um. No mes-
mo sentido temos a Musicoterapia. A
arte e a música favorecem a liberação Seção
de emoções, de conflitos internos, con- Integra
da
teúdos reprimidos, medos, auxilia na
coordenação motora, no equilíbrio fí-
sico, mental e espiritual. Também deve
ser traçado um programa para elevar
a autoestima da criança, estabelecer
uma rotina diária com pequenas tare-
fas e estabelecer horários para realizar
os deveres de aula, bem como, incen- Argos
tivar o comportamento positivo e fazer
elogio quando uma ação for bem su-
cedida, podem ajudar a criança. Outra
forma é recompensar seu esforço com
alguns de seus desejos, tais como: so-
bremesa de que ela gosta, passeio de de
bicicleta no parque, dentre outros. A n cia
Experiê
família também precisa estabelecer re-
gras que sejam cumpridas por todos os
integrantes para que haja a harmonia
na convivência familiar.
Diante do exposto, verifica-se que,
para alcançar o sucesso nos casos de
Seção
TDAH é preciso um trabalho em con- ia
Literár
junto e de muita persistência, carinho
e, acima de tudo, de muito amor.

CAMPOS, F. C. et al. Cooperação e Aprendizagem on line. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. ANDRADE, Ênio Roberto de. Indisciplinado ou hiperativo. Nova Escola, São Paulo, n. 132, maio de 2000.
FERNÁNDEZ, Alícia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica da criança e sua família. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1991. BARKLEY, Russell A. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): guia completo e autorizado para os pais, professores e profissionais da saúde. Trad. Luís Sérgio Roizman. POA: Artmed, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Paz e Terra, 2014a. BENCZIK, Edyleine Bellini Peroni. Transtorno de déficit de atençâolhiperatividade: atualização diagnóstica e terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
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Ilustrad a
a Ilustrad
34 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 35
 Aline Tatiane Morschell Pedagogia
Aline Texeira Pedagogia e Especialização em Educação Infantil
Aline Cardoso Pedagogia
Sandra Petry Magistério e Pedagogia
evento, uma divertida Caça ao Tesou-
ro com a lanterna. As famílias foram
previamente convidadas a escrever ou
desenhar uma carta para seus filhos e
escondê-la em algum lugar da casa. No
dia seguinte, as crianças das turmas
chegaram na escola muito animadas,
trouxeram os tesouros encontrados
em suas casas para socializar com os
colegas, contaram, com entusiasmo,
como foi a descoberta dos tesouros
em forma de cartas. Estavam felizes e
realizados com o evento. Ansiosos, já
queriam saber quando seria a próxima
festa.

Festa das lanternas

Neste relato, narramos a experiência
realizada em parceria entre as turmas
NA1 e NA5 da EMEI Clarice Mª Aran-
dt, que iniciou durante o período não
presencial. A turma NA1, envolvida
nas investigações de sua casa, partici-
pou, via Google Meet, de uma Festa do
Pijama. Nessa ocasião, contamos a his-
tória “Viviana, a Rainha do Pijama”, do
autor Steve Webb, e lançamos a ideia
de preparar um evento para os colegas
da turma NA5, intitulado Festa das
Lanternas. A partir desse momento, as
crianças participaram dos preparati-
vos para a festa.
Assim como na narrativa da história,
na qual a personagem Viviana escreve
cartas convidando seus amigos ani-
mais para sua festa, as crianças tam-
bém elaboraram, coletivamente, o tex-
to para a carta convite. No encontro
virtual semanal, projetamos um dos
convites escritos pela Viviana e lança-
mos algumas perguntas geradoras: Al-
guém já recebeu um convite? Para quê
serve um convite? Que informações
estão presentes nesse texto? As consi-
derações e as definições das crianças
foram registradas¹. Solicitamos, como
proposta para aquela semana, a elabo-
ração de um desenho com representa-
ções de como imaginavam que poderia
ser a festa. As ilustrações, juntamente
com a produção textual, estruturaram
o convite digital enviado à turma NA5.
No início de maio, retornamos à
escola de modo presencial e a convi-
vência e o brincar foram de extrema
importância para fortalecer os víncu-
los de afeto e de amizade. Em um pri-
meiro momento, as propostas do perí-
odo não presencial foram retomadas,
ressignificadas e transformadas no
coletivo. Além do digital, um convite
físico foi produzido pelas crianças para
entregar aos amigos da outra turma:
um desenho elaborado com caneta
permanente em saco plástico transpa-
rente com uma folha preta dentro, jun-
tamente com uma lanterna de papel
branco para “iluminar” a ilustração.
Com os convites prontos, a turma os
deixou na caixa de correio produzida
pela turma NA5 que, com muita sur-
presa e curiosidade, explorou o ma-
terial. Muito animadas, as crianças,
produziram coletivamente uma carta
resposta, confirmando a presença na
Festa das Lanternas.
Para deixar esse momento de intera-
ção ainda mais especial, confeccionou-
-se um kit festa para as crianças enfei-
tarem as suas casas para o encontro
virtual. Nele continham bandeirinhas,
produzidas por elas e alguns balões,
itens que foram pensados pela turma
NA1, durante a elaboração do texto
para o convite.
O tão esperado dia da Festa das
Lanternas chegou. No dia 19 de maio,
ao som da música “Lanterninha”, do
grupo Tiquequê, as crianças das tur-
mas NA1 e NA5 foram acolhidas no
ambiente virtual com o intuito de se
conhecerem e brincarem juntas. Casas
enfeitadas, sorriso no rosto e o brilho
no olhar da criançada demonstravam
a alegria e a empolgação para a festa.
Durante a festa, houve desfile das
fantasias, brincadeiras com a lanterna,
estátua com caretas e, para finalizar o

¹ Texto para o convite elaborado coletivamente durante encontro virtual:

Queridos colegas do NA5, vocês querem participar de uma festa bem divertida? Vocês precisam trazer uma
lanterna e podem vir de fantasia! Preparem em suas casas balões, bandeirinhas e um lanchinho. Vai ter mú-
sica e alegria! A festa será na quarta-feira, 19.05.2021, às 19 horas, no Meet.

Professoras NA1: Aline Tatiane Morschell, Aline Texeira e Aline Cardoso

Professoras NA5: Aline Tatiane Morschell e Sandra Petry

36 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 37
 Cleunice Sobieski balho, pensamos em levar os estu-
Pedagogia / Especialização em Orientação, Psicopedagogia Clínica e Institucional dantes ao atelier do pintor e fazer
um piquenique naquele lindo espaço,
Marissol Greiner porém, devido ao contexto pandêmi-
Pedagogia / Especialização em Orientação, Supervisão e Gestão Escolar co que ainda persiste, não foi possí-
vel. Entretanto, para responder às
dúvidas das crianças, as professoras
Rudaia Scholles. Ela sugeriu a grava-
ção de vídeos com as perguntas dos
estudantes.
As crianças ficaram encantadas com
as gravações e, principalmente, com
o retorno do pintor, que mostrou-se
muito atencioso. Os vídeos estão dis-
Temos certeza de que o trabalho
desenvolvido foi muito relevante
para o aprendizado dos estudantes,
uma vez que conseguimos desen-
volver habilidades e competências a
partir das obras, deixando o ensino e
aprendizagem mais prazerosos e sig-

As obras de Flávio Scholles e seus encantos

conversaram com a filha do artista, poníveis nos QR codes abaixo. nificativos.

Confira os vídeos com as entrevistas com o artista Flávio Scholles:

A pandemia mudou a nossa vida,
aprendemos muitas coisas e também
tivemos que nos adaptar a outras. Sa-
bemos que tudo nesta vida tem um
porquê, então precisamos sempre ver
o lado bom das coisas e, desta pan-
demia, uma das coisas positivas que
ficou foi a troca de experiências entre
os professores, que aumentou durante
o ensino remoto e continuou no pre-
sencial. E nós, professoras Cleunice,
da turma NB da Educação Infantil, e
Marissol, do 4º ano da EMEF Dr. Má-
rio Sperb, fizemos muitas trocas em
nossos momentos de planejamento
na escola. Nossas ideias borbulhavam
e só parávamos de imaginar e de so-
nhar com atividades bacanas para as
turmas quando barradas pelos pro-
tocolos sanitários de segurança de
enfrentamento à COVID-19. Mesmo
assim, criamos outros meios para dar
continuidade às atividades, cumprin-
do os protocolos.
A ideia para a atividade que nar-
raremos aqui era trabalhar com as
obras do Flávio Scholles, devido ao
envolvimento com o curso que es-
tava fazendo sobre o pintor e pelo
meu encantamento pelas obras dele,
a partir de várias visitas realizadas ao
seu atelier, e também por já ter viven-
ciado a atividade em outras turmas,
anos anteriores. Algumas obras se-
riam as mesmas escolhidas para tra-
balhar nas duas turmas. Ao abordar
a emancipação do município, segun-
do Flávio “A vinda para a cidade e o
contato com os países de origem da
maioria dos habitantes do Vale do
Rio dos Sinos fizeram com que tives-
se a ideia de fechar o círculo com a
situação de origens[...]” (SCHOL-
LES, 2014, p. 37). Na Semana Farrou- 01- Scholles - Introdução 02- Perguntas do NB 03- Scholles - Respostas do NB
pilha, ao abordar o chimarrão, como
diz Flávio: “ Nós somos os primatas
do universo. O gaúcho tem o mítico
dos índios, o místico dos negros e o
racional dos europeus. Um povo tão
atrevido que toma chá em um poron-
go!”( SCHOLLES, 2014, p.348).
Os estudantes do NB trabalharam
sobre a imigração, o município, o
bairro, a rua e o endereço de cada 04- Perguntas do 4º ano 05- Scholles - Respostas do 4º ano 06- Passeio online*
criança com a releitura da obra Re-
barbas Urbanas. Ainda, fizeram uma
outra releitura, da mesma obra, co-
lando dobradura das suas casas com
seus endereços. Na Semana Farrou-
pilha, realizaram a releitura com as
fotos da obra Tomando chimarrão,
de duas edições distintas. Na Sema-
na das Crianças, foram feitas as re-
leituras das obras Jogando Sapata ou
Amarelinha e Pulando cordas, ex-
plorando o processo de brincar e as * Passeio via Google Maps. Da escola até o Atelier de Arte Flávio Scholles.
brincadeiras.
Já os educandos do 4º ano, a partir
da obra Rebarbas Urbanas, trabalha-
ram sobre a imigração, a zona rural e
a urbana do município. Os fluxos po-
pulacionais foram abordados a partir
da obra Os sem título. Os estudantes
também fizeram a interpretação da
obra Dois Irmãos e refletiram sobre a
influência alemã no desenvolvimento
da cidade de Dois Irmãos. Na Sema-
na do Gaúcho, realizaram a releitura
com fotos das obras Tomando chi-
marrão, Homem tomando chimar-
rão III, Mulher tomando chimarrão e
Comendo Waffer. Com a chegada da
primavera, os estudantes analisaram
as obras Like Flowers e Interferência
Rudaia, e fizeram as suas releituras.
As crianças ficaram encantadas
com as obras trabalhadas e também
ficaram super curiosas para explorar
o “livrão” do artista, que é de encher Referência bibliográfica:
os olhos. Como culminância do tra- SCHOLLES, Flávio. Quadros que falam. Novo Hamburgo: Um Cultural, 2014.

38 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 39
 Deise Groth avança, criar jogos e compartilhá- conteúdo em casa, assiste a um ví- [..] a construção individual - na
Informática Educativa - Formação Licenciada em computação e Especialista em Mídias -los para que possam editá-los. deo e, na escola, poderá debater, qual cada aluno percorre e escolhe
na Educação. O Google Meet pode ser usado opinar e aprofundar o assunto. O seu caminho; a grupal - na qual o
Melissa Juliane Prates para um bate papo com alguém
que possa contribuir para um pro-
papel do professor também pas-
sa a ser de mediador e não mais
aluno aplica a sua aprendizagem
por meio de diversas formas de en-
Informática Educativa - Formação Licenciada em computação e Especialista em Mídias
na Educação. jeto ou promover um encontro de transmissor de conhecimen- volvimento, interação e comparti-
virtual com outras turmas da rede. to, abrindo, assim, o espaço para lhamento de saberes, atividades e

E agora?
Os jogos digitais e as atividades
gamificadas podem perfeitamen-
te ser usados em sala de aula ou
Podemos utilizar as mesmas tecnologias do como tema de casa. Os aplicativos
colaborativos do Google Workspa-
o aluno ser protagonista e buscar
informações sozinho.
O ensino híbrido, ou blended le-
arning, é uma das maiores tendên-
cias da Educação do século XXI,
produções com seus pares, com dife-
rentes grupos, com diferentes níveis
de supervisão docente; e a tutorial,
em que aprende com a orientação
de pessoas mais experientes em di-

ensino remoto no ensino presencial? ce, como o Docs e Apresentações

No período do ensino remoto,
vivenciamos um cenário de mu-
danças na sociedade e, especial-
mente na área da Educação, fomos
desafiados a usar as tecnologias
educacionais. Exploramos mui-
tos recursos e aplicativos, alguns
apresentados em formações, ou-
tros compartilhados entre colegas
ou buscados na internet, conforme
as nossas necessidades.
De repente, chegou o ensino hí-
brido, que antes, no Ensino Fun-
damental, era mais uma teoria,
porém passou a ser uma realida-
de. Atualmente, a maioria dos
estudantes retornaram ao ensino
presencial, depois de vivenciarem
intensamente o mundo da Inter-
net, tanto para o estudo quanto
para a diversão e, a partir disso,
surgiu a questão: como não opor-
tunizar o uso das tecnologias em
sala de aula? Como não usar mais
o Google Sala de Aula e o Google
Meet? Como não usar Podcasts ou
áudios? Como não usar jogos do
Wordwall, Kahoot e outras pla-
taformas e ferramentas gamifica-
das para introduzir ou avaliar a
aprendizagem? Como não enviar
um vídeo do Youtube para os es-
tudantes assistirem em casa e de-
pois comentarem em aula? Como
não criar trabalhos em murais
colaborativos? Como não usar o
quadro inteligente Google Jambo-
ard? Como não usar a nuvem, o
Google Drive e a conta de e-mail
educacional? Como não usar um
jogo quizz, avaliações ou testes no
Google Forms? Como não conti-
também contribuem para a apren-
que promove uma mistura entre o
ensino presencial e propostas de
ferentes campos e atividades (cura-
doria, mediação, mentoria) (Baci-
dizagem significativa. Já o Padlet ensino on-line, ou seja, integran- ch e Moran.2018. p.)
nuar avançando na Educação? pode ser usado para criar murais do a Educação à tecnologia, que Enfim, precisamos inovar e im-
Precisamos novamente nos rea- virtuais, sintetizar ideias, opinião já permeia tantos aspectos da vida plementar ferramentas tecnoló-
daptar e usar o máximo de ferra- e conteúdo. É gratuito, fácil e in- do estudante. gicas que despertem nos alunos
mentas que conhecemos durante tuitivo. Segundo Bacich e Moran (2018), interesse e motivação em apren-
o ensino remoto. Um exemplo é o Outra estratégia interessante é a a aprendizagem mais intencional der, para que, assim, a sua atenção
aplicativo Google Jamboard, que Sala de Aula Invertida, que pode se constrói num processo comple- esteja mais focada, visto que terá
serve como meio para facilitar a ser uma metodologia muito ba- xo e equilibrado entre três movi- uma experiência nova, mais dinâ-
explicação de conteúdos, além de cana, em que o aluno estuda um mentos: mica e atualizada em sala de aula.
ser uma forma de interação entre 1.
professor e aluno. O Jamboard
pode ser usado tanto na sala de
aula presencial quanto nas aulas
remotas. É possível, escrever ou
desenhar com a caneta, inserir
imagens, duplicar, excluir, riscar,
mover, apagar, desfazer e cons-
truir aprendizagens coletivamente
através dessa ferramenta simples 3.
e potente. Também é possível ir
construindo um Jam com os alu-
nos, à medida em que a explicação

2.

1. Mural colaborativo no Padlet - Quais aplicativos os alunos do 5° ano utilizaram no ensino remoto.
2. Livro de receitas - trabalho colaborativo no Google Apresentações.
3. Qr code de exemplos de uso do Google Jamboard.
Referência:
Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórica e prática. / Organizadores, Lilian Bacich, José Moran. - Porto Alegre: Penso, 2018.
Notas adesivas no Jamboard. Geekie; Disponível em <https://www.geekie.com.br/blog/sassaki-na-nova-escola-o-que-e-o-ensino-hibrido-na-teoria-e-na-pratica>; acesso dia 13/10/2021

40 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 41
 Cleunice Sobieski Deise Groth
Pedagogia / Especialização em Orientação, Psicopedagogia Clínica e Institucional Graduação: Curso Normal Superior – Licenciatura para Educação Infantil
Pós-graduação: Neurociência e Educação
Marissol Greiner
Pedagogia / Especialização em Orientação, Supervisão e Gestão Escolar Melissa Juliane Prates
Graduação: Pedagogia – Licenciatura / Pós-graduação: Educação Infantil e Anos Iniciais
com ênfase em Ludopedagogia e Literatura Infantil

Brincando a gente aprende E a nossa história continua...

Após um ano em casa, isolados,
chegou a hora de voltar para a esco-
la, em um novo formato, porém com
muita criatividade e inúmeras possi-
bilidades.
De 22 a 30 de maio é a Semana
Mundial do Brincar. Para quem já
leu “O Pequeno Príncipe”, eis uma
bela frase, “[...] Ser adulto não é o
problema, esquecer é que é [...]”. Essa
frase deve ecoar no coração de quem
gosta de brincar e, também, daqueles
corações afetados pelo pensamen-
to de que brincar é coisa de criança.
Brincar é tarefa imprescindível para
bebês, crianças bem pequenas, crian-
ças pequenas e demais faixas etárias.
Brincar é importante e saudável para
todos. Gostar de brincar não deve ser
algo apenas para crianças. Brincar é
Referência bibliográficas:
RESNICK, Mitchel. Jardim de Infância para toda a vida: por uma aprendizagem criativa, mão na massa e relevante para todos. Porto Alegre: Penso, 2020.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. Barueri, SP: Ciranda Cultural, 2016.
prazeroso, é vital e faz bem em qual-
quer idade.
Inspiradas nas leituras dos livros
“O Pequeno Príncipe” e “Jardim de
Infância para a vida toda”, buscamos
trocar ideias e planejar atividades
lúdicas e prazerosas aos educandos,
para manter vivo o desejo de brincar
das crianças.
A programação da Semana do
Brincar incluiu tarefas como resga-
tar brincadeiras (pular corda e rodas
cantadas), refletir sobre brincadeiras
que herdamos de outras culturas,
trazer o que é atração do momento
ao fazer a receita de slime, entrar no
mundo do faz de conta e com “di-
nheirinho”, brincar de ir à feira e ao
mercado, fazer piquenique nos horá-
rios de lanches, sem deixar de traba-
lhar os conteúdos de todas as turmas,
apenas dar lugar ao lúdico, à diversão
e à troca de experiências entre profis-
sionais da escola toda.
Entretanto, esse resgate da brin-
cadeira requer inovar, pois a roda
cantada não será como era antes da
pandemia, agora é preciso brincar
sem dar as mãos. Também usamos o
pano do brinquedo “paraquedas”. De
forma adaptada, continuamos fazen-
do brincadeiras bacanas e desenvol-
vendo muitas habilidades, pois você
pode brincar com a sorte, ou brincar
com o mercado de ações. Brincar
com brinquedos e até com ideias”.
Mesmo após a “Semana do Brincar”,
continuamos brincando, pois a vida
na escola e toda a nossa vida deve ser
mais “Jardim de Infância”.
Passado o ano de 2020, que foi tur-
bulento e atípico, o ano escolar de
2021 iniciou com grandes expecta-
tivas e um breve reencontro. Porém,
entre bandeiras e decisões judiciais,
voltamos ao ensino remoto: um mo-
mento para continuarmos a cuidar de
nós, de nossas famílias e do coletivo.
Em um primeiro momento, um
vídeo de apresentação se fez neces-
sário, tanto das professoras como
das crianças, afinal, continuaríamos
a caminhar com os mesmos peque-
nos do ano anterior, mas com novos
integrantes na turma. Descobrimos
como as famílias comemoram a Pás-
coa e fizemos um encontro virtual
pelo Google Meet para amenizar a
saudade. Conhecendo um pouqui-
nho mais uns dos outros, surgiu
nosso primeiro projeto: Identidade.
Com a história “Eu sou assim e vou
te mostrar”, fizemos brincadeiras,
cantamos, exploramos elementos da
natureza e reproduzimos nosso rosto.
E para conhecermos um pouco me-
lhor o nosso corpo, que tal uma mas-
sagem relaxante?
O mês de maio chegou e, com ele,
uma bela surpresa: as aulas presen-
ciais voltaram, em meio período e
com todos os protocolos de segu-
rança. Algumas crianças voltaram
e outras continuaram com o ensino
não presencial. Assim, começamos a
nossa segunda adaptação, e a história
‘Quero colo’ nos trouxe o aconchego
de que precisávamos. Na escola, um
colinho das professoras e, em casa,
um carinho da família, o que nos dei-
xou tranquilos para esta nova etapa
escolar.
Como estávamos no ensino híbri-
do, continuamos nos encontrando
mensalmente pelo Meet, para que a
turma pudesse se ver e manter o vín-
culo com os colegas e com as profes-
soras de ambos os turnos, e também
com aqueles que continuaram no
ensino não presencial. Nosso projeto
“Identidade” continuou de forma hí-
brida, e as propostas continuaram na
escola e em casa.
Com o segundo semestre, veio a
possibilidade do período integral e,
com ele, a rotina foi se organizando.
As crianças que estavam divididas em
turnos puderam se encontrar, outras
que estavam em casa puderam voltar
ao convívio escolar, e tivemos ainda
algumas crianças no ensino não pre-
sencial. Portanto, o ensino híbrido
continuou.
E nesse cotidiano, de muito ob-
servar as crianças na sala, nas nossas
idas ao pátio, nas brincadeiras e nos
passeios pelo bairro, percebemos que
eles se encantaram ao ver os animais.
Então fizemos uma expedição inves-
tigativa que consistia em um passeio
pelo bairro, seguido de uma explora-
ção de brinquedos diversos em forma
de ilhas, o que confirmou o interesse
da turma pelos animais. Assim surgiu
o segundo projeto: “Que bicho é esse?
Berçário B conhecendo os animais”.
Perguntamos às famílias se tinham
animais de estimação em casa e quais
eram seus animais de estimação pre-
feridos, solicitamos fotos e, com elas,
fizemos um mural, onde as crianças
exploraram as suas fotos e as dos co-
legas. Agora já sabíamos que cachor-
ro, gato, papagaio e coelho tinham
significado especial para as crianças.
A partir deles, começamos as nossas
experiências.
Fizemos releitura das obras “Ca-
chorro”, de Romero Brito, e ”Gatos”,
de Aldemir Martins, dobraduras,
experimentação de água em diver-
sas temperaturas, caixa surpresa de
música, com diversos animais, livros
de histórias com texturas e abas in-
terativas. Jogos como quebra-cabeça,
voz dos bichos e memória também
foram explorados. Fizemos, ainda,
uma visita à Agropecuária do bairro
e recebemos a visita de um coelho.
Construímos móbiles com imagens
dos animais e raças que foram ex-
ploradas. Passeamos pelo bairro em
busca de elementos da natureza para
construir ninhos de pássaros e dis-
tribuímos pela escola alpiste dentro
de casinhas feitas pelas famílias, para
que os passarinhos viessem natural-
mente ao nosso encontro.
Todas as propostas foram disponi-
bilizadas para as crianças do ensino
não presencial e usamos as ferramen-
tas do Google Sala de aula para atingir
todas as crianças.
Para finalizar o projeto, fizemos
uma exposição do Berçário B, para a
qual as famílias e a comunidade es-
colar foram convidadas a nos visitar.
Com todos os protocolos de seguran-
ça, puderam ver muitas das nossas
expressões artísticas, num compilado
das nossas vivências a partir dos ani-
mais.
Este ano foi muito especial, pois
nos trouxe a possibilidade de viver
o ensino híbrido de maneira prática
e acessível, trazendo novas aprendi-
zagens que vieram para enriquecer e
para melhorar a nossa prática peda-
gógica.

42 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 43
 Daiane Cristina Lucas Castanho coisas erradas, papai e mamãe urso
Graduada em pedagogia/ Pós em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Especial queriam que ela ficasse para brincar
com eles.”
Silviani Aparecida Andriani Oliveira Relato da Isabel e da sua família so-
Graduada em Pedagogia / Pós em Psicopedagogia Institucional bre o livro Patinho Feio:
“Concluímos que o livro aborda
alguns temas: desprezo por ser dife-
tristeza do patinho, a esperança de
encontrar alguém que gostasse dele,
a solidão que sentiu e a alegria de ter
encontrado uma nova família.”
Nossa mala literária visitou todas
as casas das crianças do NB2 e nós,
professoras, ficamos felizes com as
tribuições. Sentimos que todas elas
entenderam o significado de cada
conto, envolveram-se em cada situ-
ação apresentada nas histórias, reali-
zando todas as atividades com muita
emoção e participação.

Contos que encantam: a importância dos

rente dos outros animais da fazenda, falas das crianças e com as suas con-

contos de fadas na Educação Infantil

Há momentos na vida das crian-
ças em que elas gostam de utilizar
fantasias, de brincar com situações
imaginárias e de ouvir histórias. As
crianças apreciam as histórias que
começam com “Era uma vez….” e
terminam com “viveram felizes para
sempre”. Essa ideia cria a esperança
de que as coisas na vida podem dar
certo. As histórias dos Contos de Fa-
das ajudam a lidar com as emoções e
dificuldades do dia a dia, através dos
sentimentos como medo, raiva, in-
veja, inferioridade, tristeza, ansieda-
de, insegurança, entre outros. Esses
são alguns dos motivos pelos quais
a criança pede que a mesma história
seja contada diversas vezes.
Através dos personagens, a criança
fica aliviada em sentir raiva em rela-
ção à madrasta má, sentir medo de
um lobo voraz. Identificam-se com a
coragem do príncipe, com a sabedo-
ria do rei, com a fragilidade da prin-
cesa e com a maldade da madrasta.
Mala Literária
Todos nós temos essas características
em diversas situações de nossa vida.
A turma do Nível B2, em nossas
rodinhas de conversas, demonstrou
um imenso interesse pelas histórias
de contos de fadas, pelos clássicos da
literatura infantil, destacando perso-
nagens como dinossauros, príncipes,
princesas, fadas e super-heróis.
Partindo desse olhar e de falas
cheias de curiosidades, decidimos
desenvolver o projeto “Os Contos
que Encantam”. Por meio do projeto,
envolvemos as crianças e as famílias
em lindas histórias, descobrindo, as-
sim, que os contos nos ensinam valo-
res, emoções, vivências significativas,
expressões e linguagens.
O projeto teve como objetivo de-
senvolver o gosto pela boa leitura e
estimular a criatividade dos alunos.
Uma vez por semana, duas crianças
levavam para casa cinco livros na
mala, fazendo a escolha de um livro
para leitura, dentre eles: Chapeuzi-
nho Vermelho, Patinho Feio, Cachi-
nhos Dourados, Pinóquio, A Bela
Adormecida. Na parte de dentro da
malinha, havia a explicação e o pedi-
do para que um familiar da criança
lesse o livro. Após a leitura, orien-
tou-se que a criança deveria ser esti-
mulada a fazer um breve relato sobre
os valores e ensinamentos abordados
no livro, bem como produzir um de-
senho da parte que mais apreciou.
Desse modo, as famílias foram convi-
dadas a participar da vida escolar e a
se integrar com ela, proporcionando
momentos de aprendizagem prazero-
sos com os(as) filhos(as).
Nas histórias trabalhadas, as crian-
ças, com muita emoção, contribuíram
com falas significativas. Na história
da Bela Adormecida, por exemplo,
destacaram sentimentos como medo,
maldade, amor, proteção, paz, des-
pertar, alegria e dor. Explicaram que
maldade é quando alguém machuca
uma pessoa ou algum colega, empur-
ra ou bate. E que o amor é quando
se apaixona, é um abraço apertado
e quando vivem felizes. Na histó-
ria do Pinóquio, disseram que não
se deve mentir, roubar, desistir, que
não podem fugir de casa nem ser de-
sonestos. No conto do Patinho Feio,
relataram que não devemos julgar as
aparências, que temos que amar as
pessoas e os animais como eles são,
não abandonar os animais. E no con-
to da Branca de Neve, destacaram
que não se pode abrir a porta para
qualquer um, pois pode ser bandi-
do, que não se deve ser fingido nem
fazer maldades, que é preciso prati-
car o bem, não envenenar as coisas
e oferecer para as pessoas, ajudar o Davi e família Isabel e família
próximo sem esperar nada em troca,
ser carinhoso, dar proteção (os anões
protegem a Branca de Neve).
Na atividade da mala, que contou
com o envolvimento das famílias,
destacamos as seguintes contribui-
ções:
Relato do Davi e da sua família so-
bre o livro Cachinhos de Ouro:
AMOR: “Representado na história
pelo ato de cuidado da mamãe ursa
com o papai urso e com seu filhote.
Onde preparou um gostoso mingau
para todos.”
ATITUDE: “Neste caso, atitude er-
rada da Cachinhos de Ouro, pois ela
entrou na casa de outros sem pedir li-
cença e usou, quebrou e comeu coisas
que não eram suas.”
GENEROSIDADE: “Apesar da
Cachinhos de Ouro ter feito várias Referência:
https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/estetica/contacao-de-historias-na-educacao-infantil/56729

44 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 45

Do ensino remoto ao presencial: um olhar
atento e sensível
Desde o início da pandemia, as
mudanças do dia a dia nos trouxeram
novos desafios e aprendizagens, num
contexto que continua se modifican-
do periodicamente através de leis,
decretos, portarias e protocolos para
reorganizar e adequar espaços, roti-
nas e horários na escola.
Através do planejamento e do apoio
dos envolvidos, o retorno às aulas
presenciais foi construído com cuida-
do e atenção, preservando a saúde e
o bem-estar de todos. O uso de más-
caras, álcool em gel, controle de tem-
peratura das crianças, das famílias e
dos colaboradores, ventilação dos
ambientes, distanciamento social,
rotinas de higienização e ações peda-
gógicas foram preparadas com muita
dedicação e responsabilidade, trans-
mitindo segurança e acolhimento.
Mesmo após esse período de rea-
daptação, percebe-se que a ansiedade
se faz presente em meio às incertezas
46 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
Aline Flores Rodrigues Pedagogia e Pós em Educação Infantil
Beatriz Maria Jung Stoffel
Literatura InfantilInfantil
Kelly Simone Silveira Corrêa
e inseguranças, fazendo-nos encon-
trar caminhos para gerenciar essas
angústias e administrar nossas emo-
ções, que foram afetadas de maneira
constante e contínua.
A preocupação e as dúvidas das fa-
mílias foram amenizadas através de
reuniões, avisos e orientações. Nes-
te momento, faz-se necessário um
olhar sensível, a fim de transmitir
as informações de maneira objetiva,
usar as palavras adequadas para que
as famílias possam compreender e
estar atentas ao que está sendo co-
municado.
Diante desse contexto, os profes-
sores precisaram adaptar sua meto-
dologia de trabalho, aprendendo um
outro modo de oportunizar aprendi-
zagens às crianças. O uso das ferra-
mentas tecnológicas auxiliam muito
nesse processo. Famílias, estudan-
tes e professores experimentaram e
continuam usando tais ferramentas.
Pedagogia e Pós em Ludopedagogia
Pedagogia e Pós em Gestão Escolar
Os professores seguem explorando e
desenvolvendo possibilidades e estra-
tégias para qualificar cada vez mais
os processos de ensino e de aprendi-
zagem. Com isso, além das crianças,
foi necessário motivar as famílias em
relação ao compromisso e à respon-
sabilidade de seguir firme e incenti-
vando os (as) seus(suas filhos(as).
Criar uma rotina flexível, onde se
possam estabelecer metas reais e pos-
síveis de serem alcançadas, sem des-
cuidar do bem-estar. Cuidar de quem
cuida e acolher quem acolhe, expres-
sar emoções, proporcionar tempo,
além de construir relacionamentos,
também são atitudes essenciais para
a saúde e que se desenvolvem nas
interações do cotidiano. O preparo
emocional é tão importante quanto
os protocolos sanitários na retomada
às aulas presenciais, afinal, esse tem-
po que vivenciamos mudou nossas
vidas.
Eloiza Aparecida Wilhelms
Licenciatura em Pedagogia
Especialização em Gestão Escolar
O desafio da não presencialidade na educação
infantil
Dois mil e vinte foi um ano difí-
cil para todos. Exigiu reinvenção,
reorganização para a sociedade em
geral. Na área da Educação não foi
diferente. A mim, coube o papel de
ser suporte, fazer a gestão comparti-
lhada de um grupo. Com o retorno
à presencialidade em dois mil e vin-
te um e com a possibilidade de es-
colha das famílias quanto a retornar
ou não, criou-se mais uma demanda
para os professores. Planejar, atender
e acompanhar as crianças na presen-
cialidade e aquelas que optaram por
permanecer de forma não presencial.
E aqui acontece meu contato di-
reto com a não presencialidade na
Educação Infantil. Reafirmo: depois
de um ano de formações e de vivên-
cias, essa combinação é imperfeita,
isso para não dizer que é impossível.
PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
Como trabalhar a partir dos dois ei-
xos estruturantes, brincar e interagir,
garantir os direitos e os objetivos de
aprendizagem presentes nos docu-
mentos orientadores e mandatários?
Como trabalhar com os projetos de
aprendizagem com quem não re-
torna? Como impedir o fosso entre
quem está na escola e quem está em
casa?
Realizar pesquisas com as famílias
para entender os limites e as possibi-
lidades de cada uma. Fazer reunião
presencial. Orientar. Explicar. Falar
da BNCC, dos direitos de aprendiza-
gem, das impossibilidade de ofertar
remotamente o que ofertamos pre-
sencialmente devido às questões físi-
cas, materiais e contextuais.
Busca-se mostrar e promover a
compreensão da importância do
trabalho na Educação Infantil, bem
como, os limites e as consequências
do ensino não presencial, afinal a fa-
mília passa a ser as mãos e olhos do
professor na garantia dos direitos da
criança. Se a parceria, a comunicação
entre escola e a família sempre foi im-
portante para o sucesso nas aprendi-
zagens, agora, mais ainda.
Planejar, organizar sacola com ma-
teriais, salas interativas
por meio da tecnologia
digital, encaminhar,
aguardar o retorno,
agendar o encontro
virtual, apoiar, soli-
citar esclarecimentos,
fazer buscas ativas, in-
vestir na formação de
vínculo com a família,
tudo com o objetivo de
garantir aprendizagens
e manter viva a chama
pelo conhecimento.
Em meio a isso é
preciso controlar a
angústia para não cair
no desânimo, frente
a falta de devolutivas,
lembrando que não
conseguimos alcançar
todos da mesma for-
ma, assim, como não
alcançamos na presen-
cialidade, ainda assim,
é preciso cumprir com nosso dever
de forma amorosa e pontual, respei-
tando os limites de cada família.
Chamar quem não está dando re-
torno e alertar sobre as consequên-
cias civis, registrar em ata, e final-
mente, após todo esforço, as famílias
reconhecem que o melhor lugar para
a criança é a escola, se organizam e
todos retornam a presencialidade.
47
 Maureen Marques Pereira Guerra
Pedagogia e Pós graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional
Inspiração
Todos os anos, faço, com alegria,
a escrita para a revista, pois, a cada
ano, forma-se uma nova turma, tra-
zendo novas experiências e diversi-
ficadas vivências. No entanto, com o
tema da escrita da revista deste ano
“Ensino Híbrido: novos desafios, no-
vos caminhos” senti-me um pouco
mais reflexiva. Afinal, o que poderia
destacar de diferente com esse as-
sunto já tão explorado nas lives, no
bate- papo e nos encontros virtuais?
Acontece que, nesta semana, surgiu
a inspiração para escrever e vou con-
tar o motivo.
Trabalho no turno da manhã, mas
como meu concurso é de vinte e cin-
co horas, também trabalho algumas
tardes. Cheguei à escola onde atuo
desde 2017, bem no momento da
chegada do ônibus com as crianças.
Havia dois grupos de crianças de
quem fui professora. Elas me recebe-
ram com tanto carinho e euforia que
eu fiquei pensando na minha moti-
vação pela profissão e me emocionei.
Às vezes, não percebemos o quanto
marcamos positivamente ou nega-
tivamente as crianças que passam
por nós. Podemos influenciá-las no
modo como se comportam e na ma-
neira como irão autoavaliar-se como
sujeitos capazes e habilidosos.
Grande parte dos meus colegas
professores destacam como motivo
para opção pela área da Educação
ter admiração por um professor que
fez parte de sua formação escolar.
Eu, ao contrário, fiz essa escolha por
querer ser diferente de alguns pro-
fessores que tive, principalmente na
adolescência. Estava nessa fase difí-
cil da vida, em que tudo parece ter
mais intensidade, e lembro-me de
um professor que submetia os alu-
nos a situações em que passavam
vergonha perante a turma. Esse fato
muito contribuiu para que eu per-
48 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
desse a coragem de perguntar em
aula e dar minhas opiniões. Como se
a aprendizagem fosse obtida através
de transmissão de ensinamentos ou
do fazer na frente de todos de forma
a constranger os estudantes. Como
se o erro não fosse algo construtivo e
o não saber no momento significasse
o não saber para toda a vida. A for-
ma de orientar daquele professor me
paralisava. Muitas vezes, eu sabia o
que dizer, contudo, o seu modo de
agir fazia com que as minhas ideias
fugissem.
Assumir o processo educativo
como algo que vai além do aspecto
cognitivo, sendo uma construção
significativa e prazerosa que leve o
educando a ter boas lembranças des-
se período é a base do meu trabalho.
Aquelas crianças que compartilha-
ram um ano de suas vidas comigo,
começaram a falar de experiências
que havíamos vivido: vinda do prín-
cipe, da cápsula do tempo, da cons-
trução de casas extraordinárias, da
árvore dos sonhos e, naquele instan-
te, a inspiração e a criatividade retor-
naram.
Hoje me sinto muito agradecida
por cada ser humano que marcou a
minha vida. Aquelas crianças par-
ticipativas, entusiasmadas e que me
inspiraram a ser criativa nas minhas
propostas e também as mais difíceis
que, por vezes, fizeram-me esquecer
da motivação e tornaram-me, por
alguns momentos, uma professora
“chata”. Fazendo uma retrospectiva
da minha vida profissional, percebo
que nem sempre consigo ser aquela
professora que eu sonhava quando
fazia Pedagogia, errei em muitos mo-
mentos, mas querendo acertar.
Depois de um ano de pandemia,
observando como os meus queri-
dos colegas professores atuam com
as suas turmas, revendo as minhas
atividades e buscando entender as
crianças com empatia, consigo visu-
alizar a professora que eu desejava
ser, a professora que fui em muitos
anos e a professora que agora sou.
Lembrei-me, também, da fala de
Paulo Freire: cada vez mais consigo
diminuir a distância entre a fala e a
prática no meu fazer pedagógico e
isso me deixa muito feliz. Tento sem-
pre ter a empatia de buscar entender
o jeito como cada criança pensa, seus
desejos e suas motivações para con-
seguirmos, juntos, enriquecer as ex-
periências e as vivências, fazendo da
aprendizagem uma construção cole-
tiva e significativa.
Rejani Butzen
Pedagogia - Multimeios e Informática Educativa
Especialização em Psicopedagogia e em Mídias na Educação
A trajetória da Informática Educativa
A Informática Educativa, desde o
ano de 1995, vem trilhando de forma
significativa o seu trabalho na Rede
Municipal. Segundo relato da profes-
sora Girlei Fabiane Schmitt da Silva,
no início, diversos desafios foram en-
frentados.
Naquela época, o espaço da infor-
mática era na SEMEC 2, localizado na
Rua São Miguel, Nº 350 (atual prédio
do Cartório Eleitoral), e contava com
vinte computadores para atender os
educandos, que eram levados pelo
motorista da prefeitura, da escola
para a sala da SEMEC2.
No decorrer dos anos, diversos
profissionais da Rede que tinham
interesse na área foram compondo o
grupo, efetuando os atendimentos.
Ressalta-se que a Secretaria de Edu-
cação sempre esteve comprometida,
colaborando e proporcionando cur-
sos de formação na área para auxiliar
o trabalho dos docentes.
Em 1997, de acordo com as in-
formações das professoras Girlei e
Cristina Stoffel Görgen, aos poucos,
o espaço da SEMEC2 foi se desmem-
brando e os atendimentos passaram a
ser realizados nas escolas. A primeira
escola a receber computadores e a re-
alizar atendimento especializado foi a
EMEF Professor Matheus Grimm. Na
sequência, as demais escolas. Cada es-
paço indicava um docente que tinha
interesse em atender a demanda no
laboratório, estando, constantemente,
em capacitação na área da informáti-
ca, visando ao seu aperfeiçoamento e
qualificação.
Em abril de 2008, ocorreu o pri-
meiro concurso público na área da
Informática Educativa, do qual parti-
cipei, sendo nomeada em outubro do
corrente ano para compor o grupo de
Referência bibliográfica:
WEISS, Alba Maria Lemme; CRUZ, Maria Lúcia R.M. da. A Informática Educativa e a criança com dificuldades no processo de aprendizagem.In:A informática e os problemas escolares
de aprendizagem. Rio de Janeiro: DP&A editora, 1998.v
PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
profissionais. No ano seguinte, novas
nomeações foram realizadas e, atual-
mente, contamos com treze profissio-
nais para atender a demanda da Rede.
Destaco que, no presente momento,
estou à frente da Coordenação Peda-
gógica da Informática Educativa na
Secretaria Municipal de Educação, e
a colega Joceline Mausolff Grübel, na
Coordenação do Departamento de TI
da Prefeitura.
Ao fazer uma viagem no tempo,
podemos relembrar como eram os
espaços educativos, a dificuldade que
se tinha em ter acesso aos recursos
tecnológicos, entre elas, o acesso ao
computador, ao celular e à internet.
Também podemos recapitular o per-
curso da Informática Educativa, na
Rede Municipal, iniciado no espaço
da SEMEC2, com poucos recursos
e profissionais. Hoje as escolas têm
laboratórios de Informática equipa-
dos com diversos computadores, im-
pressoras, data show, acesso rápido à
internet, entre outros. Também nas
EMEIs, os profissionais têm acesso
aos recursos para auxiliar no planeja-
mento e no desenvolvimento do seu
fazer pedagógico.
Atualmente, a Informática tornou-
-se fundamental no mundo em que
vivemos, com a pandemia, ficou ain-
da mais evidente a necessidade do
uso dos recursos tecnológicos para se
comunicar, trabalhar, assistir e intera-
gir nas aulas e a Educação precisou se
adequar com atividades presenciais e
não presenciais.
Neste cenário, os usos dos recursos
tecnológicos foram tomando conta
do nosso dia a dia, transformando-se
em ferramentas de trabalho de aula,
como, por exemplo, o aparelho celu-
lar, que possibilita acessar conteúdos
diversos, contatar pessoas, encontrar
locais, interagir em aplicativos, assis-
tir a aulas, tirar fotos, criar documen-
tos e assim por diante.
Pensando no aprimoramento pro-
fissional e na contribuição para o en-
sino híbrido, o atual grupo, neste ano,
retomou as reuniões de forma online
para trocas de ideias, compartilha-
mento de novas ferramentas e apli-
cativos, criação de novas atividades,
novas técnicas para mediar as aulas e
o processo de ensino e aprendizagem.
No transcorrer dos encontros, o
grupo sentiu vontade de compartilhar
seus conhecimentos com os demais
colegas da Rede, para que estes tam-
bém pudessem utilizar as novas alter-
nativas de recursos e acessos aos di-
ferentes instrumentos, qualificando o
planejamento de suas aulas, bem como
o fazer pedagógico do seu dia a dia.
Para tanto, o grupo se preparou e
elaborou um manual explicativo com
diversos instrumentos, exemplos e
informações para entregar aos cole-
gas, após, a primeira live de formação
dos docentes da Rede Municipal com
o título: “Tecnologias Educacionais:
Aplicações no Ensino Híbrido”. O
momento foi extremamente válido.
Na live e no manual, encontram-se
conteúdos relevantes sobre: a sala de
aula invertida, como publicar vídeos
na Web, o encurtador de site gg.gg, o
Wordwall, o Google Forms, o Kahoot,
a gravação de áudio, entre outros. Fi-
camos muito felizes em contribuir
com a comunidade escolar e acrescen-
tar ao nosso itinerário, novos desafios.
O grupo continua se encontrando,
trocando ideias, planejando e apri-
morando o trabalho na Rede de for-
ma efetiva, colocando-se à disposição
para auxiliar no que for de seu alcance.
49
 Ana Cristina Wiest terra, com grande curiosidade para
Letras Português/Alemão conhecer mais a fundo a história e
Especialização Metodologia em Anos Iniciais e Educação Infantil criar mais empatia perante tantas di-
ficuldades. Momento especial conta-
do de forma lúdica através de teatro
de sombras, a partir dos estudos do
historiador Martin Dreher, trazen-
foram desafiados a construir a sua
“Stammbaum” (árvore genealógica).
A conclusão do trabalho foi no Dia
da Árvore, com mãos e tintas, mui-
ta diversão e aprendizados. Há uma
família venezuelana na turma, e a
pluralidade cultural e inclusão fazem
nização e integração. A Polonese é
sempre o ponto alto da festividade
na escola. Neste ano, com máscaras
e álcool em gel, mas não com menos
alegria e entusiasmo. E assim, culti-
vamos a essência do nosso Kerb de
São Miguel, um grande tesouro de

Kerb - um mar de aventuras

“Depois de muito tempo em tra-
vessia, num barco à deriva pelo mar,
chegaram em terra firme os imigran-
tes, para sempre São Miguel vão cele-
brar”. (Hino de Dois Irmãos).
Muitas lembranças e homenagens
aos nossos ancestrais, primeiro gru-
po de alemães que aqui chegou, na
antiga aldeia Baumschneis.
Ancestrais? Aldeia? Navio? Atra-
vessar o oceano? Ir além do horizon-
te?
Não nos faz lembrar de um filme?
Uma animação que as crianças co-
nhecem bem: “Moana”.
Através dessa analogia, os alunos
dos Anos Iniciais embarcaram nessa
tão emocionante e real história, mar-
co fundador do nosso município, his-
tória que nenhuma outra cidade co-
lonizada por alemães tem celebrado
ininterruptamente há 192 anos.
Uma analogia, segundo o dicioná-
rio, significa estabelecer relação de
semelhança entre coisas ou fatos dis-
tintos. Dentre as mensagens do filme,
destaca-se a mensagem em sua trilha
sonora que diz: “Contando histórias
do passado, nossa herança se man-
tém!” Conhecer para valorizar. As-
sim como na história da Moana, as
tradições de sua cultura passavam de
geração para geração através das his-
tórias que contavam, da forma como
os mais antigos ensinavam e os mais
novos aprendiam. Numa das lições
mais importantes do filme, Moana
nos ensina a respeitar e a valorizar o
lugar em que vivemos. Dois Irmãos
continua acolhendo imigrantes que
buscam melhorar suas vidas, porque
muito amam a sua família, como ou-
trora fizeram os seus primeiros mo-
radores. “Es war einmal” Era uma
vez… sim, essa história precisa ser
contada e recontada para sempre
pelo imensurável valor que tem.
Nas aulas de Língua Alemã, ouvi-
mos a canção da Moana em alemão,
imaginando a coragem dos alemães
para atravessar o oceano, enfrentar
o desconhecido. Estudamos sobre
a partida, o naufrágio, o resgate por
um navio inglês, a espera na Ingla-
do detalhes dessa travessia, segundo parte da rotina da nossa escola. identidade cultural, cujo legado so-
registros históricos e documentados, Atividades diversas, trajes e lanche brevive há quase dois séculos, cuja
indo além de tudo que os alunos já típico fizeram parte da programação, história contaremos para sempre por
conheciam. pois KERB é celebração, confrater- aqui a todos que chegarem.
Os estudantes desenharam velei-
ros, representando o navio “Cäcília”
como conhecemos, que naufragou na
costa holandesa na primeira semana
da grande viagem. O navio que res-
gatou os sobreviventes, aquele que
partiu da Inglaterra dois anos após,
trazendo os ex-náufragos e os navios
desenhados pelos alunos representa-
ram as dezenas de veleiros que anco-
raram no Brasil ao longo das décadas
de imigração alemã, com os quais fi-
zeram projeção em sombras e brinca-
ram alegremente.
Oramos agradecendo e pedindo
pela saúde de todos, com a certeza
de que nenhuma tempestade dura
para sempre. Recomeçar com LIE-
BE (amor), HOFFNUNG (esperança)
e GLAUBE (fé), palavras estudadas
durante os preparativos para o 192º
Michelskerb, é a melhor escolha, até
mesmo se for em uma nova pátria,
além do horizonte. Alguns alunos
ensaiaram e apresentaram um teatro
na celebração de Kerb na escola, per-
mitindo-nos contagiar somente por
bons sentimentos e emoções que a
data nos traz. Nesse dia, as crianças
abrilhantaram a festividade com can-
ções e um poema estudados ao longo
do ano.
Os Anos Finais participaram da
atividade “História em movimento”,
em que pranchetas e folhas com per-
guntas curiosas fizeram os estudantes
moverem-se pelo saguão em busca
das respostas precisas, pois os textos
estavam espalhados e colados em di-
ferentes espaços nas dependências da
escola.
A turma de 9º ano participou de
uma videochamada com Cecília Se-
bastiany Becker. Uma jovem estu-
dante dois-irmonense que está viven-
do na Alemanha. As turmas de 5º ano
estudaram o tema “Familie”, quando

50 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 51
 Cassiane Lerner de Sousa
Magistério / Graduada em Pedagogia
Pós-graduada em Psicopedagogia
Um olhar para a inclusão no ensino híbrido
Em plena pandemia, onde os olha-
res de todos encontravam-se assus-
tados e perdidos, imersos em incer-
tezas, por vezes, a ansiedade tomou
conta de todos, principalmente quan-
to ao retorno presencial escolar. A es-
perança, de forma segura, tornou-se
real através do ensino híbrido.
A preocupação com a situação da
aprendizagem de todos os alunos se
evidenciou na presencialidade par-
cial, e se intensificou ainda mais em
relação aos alunos de inclusão. Neste
ano, há duas inclusões na turma do
terceiro ano da escola municipal Feli-
ppe Alfredo Wendling. A partir desse
contexto, uma pergunta surgiu em
relação aos alunos de inclusão: Como
auxiliá-los, no contexto do ensino
híbrido, a continuar os caminhos de
superação e de crescimento dentro
de suas aprendizagens?
A resposta veio através da criação
de uma “ Caixa Alfabetizadora” e
da “ Sacola de Jogos”. Para que essa
ideia fosse posta em prática, em um
primeiro momento, foram ouvidos
os relatos das famílias, tanto sobre as
dificuldades quanto sobre as habili-
dades dos alunos para a construção
de cada jogo/atividade.
No primeiro caso, devido ao atraso
cognitivo, o foco na alfabetização era
essencial. Catorze jogos desafiadores
e divertidos com o objetivo de desen-
volver a alfabetização, o letramento
e o pensamento lógico matemático
foram pensados e enviados aos estu-
dantes. Dentre eles, estavam: Trilha
do alfabeto, Víspora, Palavras secre-
tas, Silabário, Cartinhas do Alfabe-
to, Trilha do Alfabeto, Calculadora
Maluca, Memória, Pareamento en-
tre Quantidades e Numerais, Racha
Cuca, Corrida até o Cem e o Tabu-
leiro das Placas Numéricas. Junto à
caixa e aos jogos, foi enviado um ma-
nual de instruções para facilitar o en-
52 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
tendimento quanto às regras do jogo.
A caixa foi enviada para a aluna e o
retorno da família ocorreu através de
fotos e de relatos enviados via What-
sApp à escola. A aluna ficou encanta-
da e motivada.
A “Sacola de Jogos” foi pensada
para um aluno autista; nesse caso, a
criança estava alfabetizada, porém,
segundo os relatos da família, en-
contrava-se desmotivada quanto aos
estudos. O objetivo da sacola foi res-
gatar o encantamento do estudante
quanto ao prazer de aprender, crian-
do novas possibilidades para a cons-
trução e para a produção de novos
conhecimentos. Cada jogo criado foi
relacionado a uma unidade temática
do terceiro ano e ao interesse especí-
fico do aluno, a fim de atrair sua aten-
ção e foco, além de trabalhar algumas
questões relacionadas à motricidade.
Os jogos criados foram: Jogo agen-
te especial (jogo com cenas variadas,
onde o aluno deve realizar “missões”,
em seguida escrever seus relatos),
Pista de Corrida alfabética, Tabuleiro
de letras e imagens, Relógio e fichas
para montagem de horas, Tapa no
número, Cartaz Dias da Semana para
fixação na geladeira (para o acompa-
nhamento diário dos dias), Torre das
dezenas, Trilha dos números, Hora de
medir (fichas com sugestões do que
medir e uma trena ), Siga a sombra,
Pular Corda ( corda aromática com
sugestão de vídeos para aprender no-
vas formas de pular ), Jogo Cornhole
(jogo americano de lançar pequenos
saquinhos em um tabuleiro), Ioiô ( o
brinquedo em si e sugestões de sites
e vídeos para aprender manobras),
Expressões de Sentimentos, Pasta In-
terativa com jogos de sete erros, ligue
números, montagens de paisagens,
etc. Na sacola, também foram envia-
dos livros selecionados na biblioteca
da escola e fichas de leitura de acordo
com o interesse do aluno.
Para esse aluno, a professora gra-
vou vídeos explicativos sobre como
funciona cada jogo de forma prática,
os quais foram enviados pela pedago-
ga da escola, via WhatsApp, aos fami-
liares. A família escolheu uma forma
criativa e interativa para a devolução
das tarefas: um canal no Youtube foi
criado pelos pais, já que o aluno tem
grande interesse por vídeos dessa
plataforma. Sua aprendizagem foi
extremamente significativa e o seu
interesse foi mais uma vez desper-
tado. Antes do final do semestre, o
aluno compareceu à escola para uma
avaliação e demonstrou bom rendi-
mento.
O material foi feito de forma a en-
cantar os alunos e a desenvolver a sua
aprendizagem, pois ensinar exige
muito mais do que apenas o domínio
das técnicas e didáticas. Há necessi-
dade de nos conectar e compreender
as emoções, sentimentos e habilida-
des de cada criança, assim, será pos-
sível ensinar e auxiliar de forma qua-
litativa, mostrando o quanto a escola
é um espaço de bem-estar, seja de
forma presencial, on-line ou híbrida.
Eveli Lourdes Smaniotto
Magistério - Pedagogia - Licenciatura Plena - Habilitação em Administração Escolar e Su-
pervisão Escolar
Pós Graduação - Especialização em Administração e Supervisão Escolar
Recomeço
Este ano, mais uma vez, estamos en-
frentando vários desafios. Há pouco
tempo, passamos por várias situações
nas quais fez-se necessário iniciar os
estudos de forma remota através da
plataforma Google Classroom. No
mês de maio deste ano, continuamos
a oferta das tarefas escolares na mo-
dalidade híbrida, em que a turma foi
dividida em dois grupos, sendo que
uma parte realizava as atividades de
forma on line e a outra, tinha o au-
xílio da professora presencialmente
em sala de aula. Depois, as aulas pas-
saram a ocorrer de modo presencial,
cumprindo os protocolos sanitários
de prevenção à Covid-19, conforme
as orientações do COE.
As atividades presenciais foram re-
tomadas e percebeu-se a ansiedade
das crianças diante de um contexto
tão diferente e desafiador. A pande-
mia nos impôs práticas diferentes
das que tínhamos anteriormente. O
cuidado quanto ao distanciamento
social, a higienização adequada dos
espaços e das mãos foram algumas
delas.
Diante disso, tanto as relações como
os próprios espaços foram transfor-
mados e reinventados, assim, com
o distanciamento social previsto, a
sala de aula também precisou ser re-
desenhada, cada aluno ocupando um
“novo espaço” dentro da sala, toman-
do o cuidado de não invadir o espaço
alheio determinado. A nova formata-
ção do ambiente, no qual os alunos
convivem, necessitou um olhar muito
atento, pois é nele que os alunos inte-
ragem e é fundamental que se sintam
bem e tenham prazer em aprender.
No primeiro momento, a tarefa
foi trazer os alunos de volta à esco-
la. Depois de recebê-los e acolhê-los,
não da mesma maneira como quan-
do retornavam das férias, mas com
muito mais afeto, pois após a vivên-
PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
cia de uma experiência que pode ter
deixado diversos impactos negativos,
não apenas na aprendizagem, mas
no desenvolvimento sócio emocio-
nal causado pelo isolamento social
e distanciamento escolar se fez ne-
cessário. Tivemos que pensar como
ajudar aos que tiveram chance de
aprender “normalmente” e aqueles
que ficaram, de alguma forma, para
trás. Tentar entendê-los, ouvi-los,
perceber quais eram suas dificulda-
des e quais as demandas que traziam
de casa foram grandes desafios, pois
tudo isso interfere no processo da
aprendizagem.
Era importante reconhecer o co-
nhecimento que traziam e não ape-
nas apontar o que faltava. Traziam na
bagagem experiências fora da escola,
sabedorias e valores adquiridos pela
situação que vivenciaram devido ao
isolamento social causado pela pan-
demia. Entretanto, traziam consigo
muita alegria e esperança de poder
voltar; partindo dessa situação, tenta-
mos fazer o melhor para cada um, le-
vando em conta todas as possibilida-
des que tinham para viver e crescer.
Sem dúvida, está sendo um ano
de surpresas. No aspecto curricular,
os alunos tiveram muitas perdas,
mas algumas ações foram realmente
necessárias. Primeiramente, foi im-
portante trazer aqueles que estavam
mais distantes dos processos de ensi-
no e aprendizagem, avaliando o que
eles aprenderam e ajudando-os para
que recuperassem o que perderam e
se aproximassem daqueles que tive-
ram mais oportunidades. Tal contex-
to exigiu criatividade e flexibilidade
para reorganizar conteúdos de acor-
do com a nova realidade educacional,
adaptar objetivos e criar estratégias
de recuperação da aprendizagem.
Com certeza, a pandemia acentuou
a diferença entre aqueles que tinham
mais dificuldades e os que tinham
mais facilidade de aprender, contudo,
mesmo diante de tantos obstáculos,
não desistimos. Foi no afeto, no aco-
lhimento, na empatia e na vontade de
ajudar que a nossa sala de aula se tor-
nou um ambiente de esperança, onde
pudemos estar juntos, a fim de criar
uma etapa um pouco mais alegre e
construtiva.
Sabemos que para trás ficaram mui-
tas incertezas, mas o que nos move é
a importância do caminho que vem
pela frente. Todos nós estamos um
pouco mais frágeis, mais sensíveis,
um pouco perdidos, mesmo assim,
estamos aqui com nossa esperança,
que renasce a cada dia dentro de nós,
às vezes com mais força, outras vezes
nem tanto. Mas estamos aqui!!
53
 Fabiana de Moraes Fabiana Niedermeier
Licenciatura Plena Pedagogia Pedagogia / Especialista em Neurociência aplicada à Educação Inclusiva
Especialização em Psicopedagogia Institucional
Especialização em Atendimento Educacional Especializado Rejani Butzen
Pedagogia - Multimeios e Informática Educativa
Especialização em Psicopedagogia e em Mídias na Educação

O acolhimento e a escuta de quem cuida: Desafios do agora:

chá com as mães dos estudantes do práticas na coordenação pedagógica
atendimento educacional especializado da Iniciar junto à Coordenação da Se- de profissionais de diferentes áreas, dendo as suas particularidades e lan-

Emef Prof. Paulo Arandt cretaria Municipal de Educação de

Todos os dias, ao final da jornada
de atendimento dos estudantes na
escola, há uma parada para escutar
e registrar alguns pontos acerca do
Atendimento Educacional Especiali-
zado. Tal momento refere-se ao con-
vite aos estudantes a falar sobre o
que gostaram e o que não gostaram
durante o momento de atendimento,
desde aspectos relacionados à pro-
posta de trabalho da professora até
situações não particulares não perce-
bidas durante o atendimento.
Este processo tem como objeti-
vo, além de considerar o que os es-
tudantes trazem para a organização
do nosso encontro posterior, pos-
sibilitar que tenham a experiência
de compartilhar seus pensamentos,
sentimentos, situações vividas, gos-
tos, desgostos e emoções. Trata-se
de uma ação que tem o intuito de
colaborar com o empoderamento e
a sensibilização deles, uma vez que
encontram-se em um espaço em que
podem falar de seus sentimentos sem
receios de julgamentos.
A dinâmica foi possível de ser rea-
lizada após o retorno presencial, con-
tudo o seu início ocorreu ainda no
ano de 2020, com o Projeto da caixa
do acolher, pensada para humanizar
as nossas famílias, reafirmar a sua
importância e de seus filhos/as para
a nossa escola e contribuir para o
fortalecimento dos vínculos afetivos.
A relação família-escola é apontada
como um importante fator de influ-
ência no processo de inclusão, uma
vez que traz implicações para o de-
senvolvimento social e cognitivo do
aluno e está diretamente relacionada
ao sucesso escolar (Glat, 1996; Des-
sen, & Polonia, 2005, 2007; Ferreira,
& Marturano, 2002; Silveira, & Ne-
ves, 2006).
Sabemos que um estudante com
deficiência não se expressa apenas
verbalmente, mas, sobretudo, em
suas interações, brincadeiras, gestos e
silêncios. No entanto, criar condições
para expressarem o que pensam, sen-
tem e vivem diariamente, colabora
significativamente para que os alunos
sejam cada vez mais protagonistas
das suas escolhas e, consequente-
mente, mais autônomos.
Considerando o bom vínculo cons-
truído com as famílias, foi impor-
tante ampliar esse acolhimento para
quem cuida desses estudantes, dedi-
cando-se inteiramente para os filhos,
na maioria das vezes, ficando invisi-
bilizada perante as demandas roti-
neiras de consultas médicas, terapias,
atendimentos de Fonoaudiologia, Fi-
sioterapia e tantos outros.
Dessa vivência, veio a vontade de
escutar mais as famílias, de forma
carinhosa, através de um chá especial
com elas, oportunizando, assim, o
contato, a partilha e o fortalecimento
com outras mães. A socialização das
narrativas tem o intuito de unir as
pessoas, de forma muito especial. O
objetivo do Atendimento Educacio-
nal Especializado da nossa escola, a
longo prazo, é que se os estudantes
e suas famílias se fortaleçam para ini-
ciar novos projetos.
Assim, quando acolhemos um es-
tudante, respeitando as suas singu-
laridades, acolher a sua família é um
dos pilares essenciais deste processo.
Dar visibilidade para essas mães/fa-
mílias, possibilita que elas consigam
potencializar ainda mais o repertório
cultural, verbal e social desses estu-
dantes que, na sua maioria, não são
inseridos em outras comunidades
além da familiar e da escolar.
Dois Irmãos, em um ano de Ensino
Híbrido, foi realmente desafiador.
Sentadas frente a frente, dia após dia,
temos a oportunidade de aprender,
ensinar, conviver e cuidar, sentindo-
-nos parte de uma grande rede de
ensino.
Sabemos que Dois Irmãos preza
pela qualidade do ensino, pelo apri-
moramento dos profissionais, pela
formação integral das crianças e dos
estudantes, buscando valorizar cada
ação que segue nessa direção. Per-
cebemos que, em cada ação, traba-
lhamos com a individualidade den-
tro do coletivo em todos os espaços
educativos, considerando as relações
na comunidade escolar e o acompa-
nhamento multidisciplinar, ou seja,
como fonoaudiologia, psicologia e
psicopedagogia.
Para seguir com o cuidado, a dedi-
cação, o amor e a ética, são necessá-
rias a constante formação e a autoava-
liação. Qualificar os planejamentos,
ressignificar ações, ponderar novas
estratégias e inovar nos possibilita
construir novas trilhas pedagógicas e
caminhar por elas só é possível com
trabalho em equipe.
Na função de coordenar as Técni-
cas de Apoio Pedagógico, pedagogas,
também responsáveis por auxiliar as
crianças e os estudantes em seu pro-
cesso de aprendizagem, buscamos
pensar juntas, abrindo um espaço de
fala e de escuta. Dessa forma, conse-
guimos acolher as necessidades de
cada ambiente educativo, compreen-
çando, assim, um olhar que norteia o
avanço de maneira colaborativa.
Como coordenação, entendemos
que as relações interpessoais e a aco-
lhida ativa nos permitem um traba-
lho mais efetivo na busca do sucesso
coletivo. Enquanto rede, repensamos
conceitos, concepções e atuamos por
sujeitos que se constituam cidadãos
de um mundo mais humano. É atra-
vés da nossa troca de olhares, de co-
nhecimentos e de conversas sensíveis
que vamos construindo uma Educa-
ção repleta de possibilidades. Sabe-
mos da importância de cada pessoa
desse cenário, portanto seguimos
juntas, em constante movimento,
para realizar com amor e muita resi-
liência nossas práticas pedagógicas.

Referência bibliográfica:
GLAT, R. (1996). O papel da família na integração do portador de deficiência. Revista Brasileira de Educação Especial, 2(4), 111- 118.
TIBA, IÇAMI. Quem ama educa!: Formando cidadãos éticos. Içami Tiba, São Paulo: Integrare Editora, 2007.

54 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 55
 Fabiana Lopes Volz Rasche sinam programação. Através de uma
Licenciatura em Pedagogia / Especialização em Orientação Escolar sequência didática de jogos projeta-
Marissol Greiner dos para crianças que não tiveram
Pedagogia / Especialização em Supervisão, Orientação e Gestão Escolar experiência anterior com programa-
ção de computadores, os alunos fo-
Ricardo Kolling da Costa ram desafiados a utilizar o raciocínio
Ciências Biológicas / Especialização em Gerenciamento Ambiental
para resolver problemas que aumen-

Robótica Educacional na EMEF Dr. Mário Sperb

tavam de complexidade a cada nível.
A professora Marissol apresentou
os robôs para as crianças, elas fica-
Os primeiros passos da escola na Cultura ram muito empolgadas com eles e
tiveram êxito desde as primeiras

Maker programações. Num primeiro mo-

A Robótica Educacional chegou
na EMEF Dr. Mário Sperb em 2017,
como um tema sugerido pela profes-
sora Joceline Mausolff Grübel, para
a formação continuada dos docentes
da escola. Assim, em 2018, o grupo
de educadores teve sua primeira for-
mação sobre Robótica Educacional.
É válido ressaltar que a Robótica
Educacional tem uma metodologia
de aprendizagem em que o principal
foco é a pesquisa vinculada à aqui-
sição de conhecimentos, em seguida
começa a despertar nas crianças o
desejo pelo saber científico de uma
maneira simples. Essa ideia está
cada vez mais presente nas institui-
ções de ensino de todos os níveis,
afinal, ela permite que os educan-
dos possam aprender unindo teoria
e prática. Atualmente esse processo
é conhecido como cultura maker e
visa incentivar o desenvolvimento
da autonomia para experimentação
e resolução de problemas.
Desde 2018, surgiram diversas ou-
tras demandas enquanto escola e,
assim, foi necessário priorizar outras
abordagens, não esquecendo o cená-
rio pandêmico que estamos viven-
ciando. Passaram-se alguns anos e,
sempre que possível, esse assunto foi
abordado pelo grupo de educadores,
mesmo somente na teoria, pois havia
a clara compreensão da importância
em ofertar a metodologia de ensino
aos nossos educandos.
Por saber de tal importância, nes-
te ano de 2021, em reunião com a
ACPM Escolar (Associação Círcu-
lo de Pais e Mestres), pensamos em
investimentos e em projetos educa-
cionais para nossos alunos. Foi en-
tão que a diretora da escola, Fabia-
na Lopes Volz Rasche, listou alguns
projetos que seriam importantes de-
senvolver na escola, entre eles, a Ro-
bótica Educacional.
Após a aprovação do Projeto de
Robótica Educacional pelo grupo
de professores e demais membros
da equipe diretiva, deu-se início à
procura de profissionais que ofer-
tam esta modalidade de ensino e que
pudessem orientar nossa escola nos
seus primeiros passos para dar início
ao projeto.
Sendo assim, a EJR Robótica Edu-
cacional, através do mediador Eloir
José Rockenbach, prestou todo su-
porte necessário para que a robótica
educacional fosse colocada em práti-
ca em nossa escola, além de oferecer
um momento de formação para os
professores Ricardo Kolling da Cos-
ta, professor de Informática Educa-
tiva, e Marissol Greiner, professora
titular do 4º ano do EF, turma es-
colhida para a aplicação do projeto
piloto que se iniciou em 2021 e que
tem como objetivo ser ampliado
para as demais turmas em 2022.
Os primeiros passos da Robótica
Educacional nas aulas de Informá-
tica Educativa foram dados através
da plataforma Blockly Games, uma
série de jogos educacionais que en-
mento, as crianças jogaram uma
partida de futebol com os robôs, fo-
ram momentos de muita diversão e
aprendizado. Nestas aulas também
foi possível utilizar a robótica para
estudar a tabuada, para trabalhar
com as questões socioemocionais,
pois, além de ser protagonista da sua
jogada, a criança também precisa ter
autocontrole emocional para desen-
volvê-la satisfatoriamente.
Quatro estudantes da turma repre-
sentarão a escola no CIRDI Mostra-
tec 2021 - Campeonato Internacional
de Robótica a Distância. As crianças
já tiveram o primeiro contato com o
campeonato, quando participaram
das seletivas que ocorreram no mês
de setembro. Foi um momento de
analisar e de planejar as próximas
jogadas. No final de outubro, acon-
tecerão as provas do campeonato. O
CIRDI tem o objetivo de proporcio-
nar momentos de diversão, de ale-
gria e de entretenimento a todos os
participantes. Participar do campe-
onato é uma forma de incentivar as
crianças a resolver situações proble-
mas que possam vir a acontecer no
dia-a-dia, assim como desenvolver
empatia com o próximo.
Assim, fica claro que, através do
incentivo ao desenvolvimento de ha-
bilidades na área da ciência da com-
putação, é dada a oportunidade aos
educandos de criar, de colaborar e de
fazer com que quase todas as disci-
plinas pareçam mais relevantes, afi-
nal, a programação e a robótica po-
dem ser utilizadas como ferramentas
no ensino de diferentes áreas do
conhecimento, desenvolvendo dife-
rentes competências e habilidades de
forma lúdica e significativa.

56 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 57
 Fernanda de Souza Bock fessor Carlos Rausch, também teve
Magistério / Licenciatura em Matemática / Pós-Graduada em Educação Infantil e Séries Iniciais uma experiência inesquecível com a
com ênfase em Ludopedagogia e Literatura Infantil Kênia. Durante a pandemia, o meni-
no, de 7 anos, demonstrava interes-
Sabrina Dornelles se somente pela leitura de gibis e os
Magistério / Licenciatura Letras - Português/Inglês / Pós-Graduada em Metodologia do Ensino da
Língua Portuguesa
outros livros ficavam de lado. Depois
de participar do vídeo, cantando a

A escritora que encantou as crianças e

transformou um leitor em personagem
Quando falamos em estimular o
gosto pela leitura, geralmente, desti-
namos essa tarefa às pessoas que es-
tão próximas das crianças, ou seja, fa-
miliares e professores. A convivência
com os adultos que apreciam a leitu-
ra e que mostram o quanto um livro
pode ser divertido são essenciais para
transformar a vida dos pequenos a
partir da literatura.
O contato das crianças com escri-
tores torna-se viável, principalmente,
através das escolas que, dentro das
suas condições, podem promover
eventos em que os livros são a grande
atração. A escolha de belas obras e de
autores que valorizam os pequenos
leitores contribuem muito para des-
pertar o desejo de ler. Kênia Colares,
durante as duas últimas Feiras do
Livro do município de Dois Irmãos,
conseguiu fazer isso e tornou o tra-
balho com as suas histórias em uma
verdadeira festa.
Na Feira de 2019, durante o ba-
te-papo com os alunos, a escritora
chamou algumas crianças e professo-
ras no palco, fez brincadeiras e isso
rendeu muitas risadas. A diversão,
principal recurso utilizado, garantiu
a atenção dos alunos, vinculando a
leitura com algo prazeroso. Cada
trabalho realizado pelos alunos foi
recebido pela escritora com muita
alegria. Ela não deixou ninguém sem
retorno e, geralmente, divulgava esse
material de alguma forma. No mes-
mo ano, por exemplo, fez um vídeo
sobre o livro “Os sonhadeiros do 3°
ano 02”, criado pela turma da EMEF
Professor Paulo Arandt, sobre a his-
tória “Maria Sonhadeira”. Ao ver a
publicação do vídeo no Facebook, a
turma ficou encantada e com vontade
de conhecer mais livros da escritora.
Em 2020, “Leia, imagine e trans-
forme” foi o slogan da Feira do Livro
Municipal e virou uma música cria-
da pela escritora Kênia, que contou
com o auxílio de pais e professores
que enviaram vídeos dos estudantes
cantando a música. O resultado foi
um pequeno coral formado em plena
pandemia, cada um cantando do seu
jeito e sendo valorizado pela espon-
taneidade. Não foi necessário muito
ensaio e até quem é mais tímido fez
sucesso com a sua participação no
vídeo.
Theodoro, aluno da EMEF Pro-
música, a mãe dele entrou em con-
tato com a escritora para adquirir al-
gumas das suas histórias. Theodoro e
o irmão ficaram encantados com as
novas aquisições. Em tempos de pan-
demia, os pais de Theodoro estavam
fazendo um verdadeiro malabarismo
para fugir das tecnologias, ambos
professores que, da noite para o dia,
viram a rotina cercada pelo mundo
virtual para atender às necessidades
dos alunos e garantir a aprendizagem
dos próprios filhos. Graças à feira do
livro e às obras da autora, a literatura
voltou a fazer parte da vida do aluno.
Após realizar atividades remotas
relacionadas ao livro “Dona Sorriso”,
Theodoro participou da live promo-
vida pela Prefeitura Municipal de
Dois Irmãos. Ele interagiu bastante
com a patrona Kênia Colares, fato
que motivou a mãe do Théo a entrar
em contato com a escritora e com-
partilhar com ela algumas produções
e desenhos do filho. Kênia conheceu
a trajetória do menino e encantou-
-se com a habilidade dele na arte do
desenho. Isso inspirou a escritora
a transformar a paixão do menino
pelo desenho em obra literária. Em
maio de 2021, Kênia lançou o livro
“O segredo do menino que desenha-
va”, uma história que retrata todo o
encantamento e a criatividade das
crianças.
A internet ocupou grande parte do
tempo dos estudantes, especialmente
durante a pandemia, e a leitura de li-
vros não mais atraiu a atenção deles.
Por isso, os esforços para divulgar a
literatura e promover o hábito da lei-
tura, além de contar com ludicidade,
precisou ter a tecnologia como alia-
da. A escritora Kênia Colares con-
seguiu valorizar quem lê utilizando
recursos que atraem a atenção dos
pequenos. O trabalho desenvolvido
por ela mostra comprometimento
com a infância, sensibilidade e muito
amor. Ela não trabalha, ela se diverte
com o que faz.

58 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 59
 Denise Daniela Klein Kohlrausch Karina Rossa
Graduada em Letras / Pós-graduada em Revisão e Avaliação de Textos Pedagogia
Especialização em Coordenação Pedagógica e Orientação Educacional
Graziele Oliveira Martins Especialização em Atendimento Educacional Especializado
Graduada em Pedagogia / Pós-graduanda em Educação 5.0 / Pós-graduada em Transtorno do Es-
pectro Autista / Pós-graduada em Neuropsicopedagogia Clínica / Pós-graduada em TIC’s para a
Educação

O olhar da gestão escolar frente à pandemia Olhar, sentir, ouvir e acolher

O ano de 2020 iniciou com o desa-
fio de ser o nosso primeiro ano à fren-
te da gestão escolar, porém, o maior
deles ainda estava por vir. Passados os
primeiros dias de aula, em que estáva-
mos organizando a rotina da escola,
todas as instituições de ensino foram
surpreendidas com o contexto pandê-
mico que ocasionou o fechamento das
escolas, impossibilitando assim, a ma-
nutenção das aulas presenciais.
A partir deste contexto, alguns ques-
tionamentos certamente foram unâ-
nimes entre os gestores: e agora, como
gerir tudo isso? Como os professores
ensinarão à distância? Que suporte os
alunos de inclusão terão, uma vez que
não poderão contar com a presença
física das monitoras? Como orientar
a equipe de professores? E, o mais
importante, como manter a saúde
mental de todos os colaboradores da
escola em meio a esse cenário assusta-
dor? A partir destes questionamentos
outros foram surgindo ao longo dos
dias diante do contexto desafiador
causado pela pandemia.
Segundo Libâneo (2004), “O esti-
lo de gestão adotado pela direção in-
fluencia as interações entre as pessoas
(professores, alunos, funcionários),
determinando as mais variadas práti-
cas e formas de relacionamento.” As-
sim, a nossa responsabilidade frente à
comunidade escolar era muito grande.
Foi um momento em que todos os
segmentos da sociedade precisaram se
reinventar e na área da Educação não
foi diferente. Em tempo recorde, as
equipes pedagógicas e diretivas junto
ao grupo de professores não mediram
esforços para que a aprendizagem dos
estudantes fosse possível, necessitou-
-se aprender muito acerca da área tec-
nológica para poder ensinar utilizando
Referência:
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.27ª ed. São Paulo: Editora Paz e Terra,1996. Coleção Saberes.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5º ed. revista e ampliada.Goiânia: Editora Alternativa, 2004.
MORAN, José. O Cenário das Transformações da Educação. Fusão de dois textos publicados no Blog Ed. Transformadora disponível em: www2.eca.usp.br/prof/moran. Acesso 14/10/21.
ferramentas digitais, como o Google
for Education.
Conforme Moran (2019), “pessoas,
escolas e universidades foram desafia-
das a adaptar-se rapidamente, a plane-
jar de forma rápida, mais compartilha-
da, com experimentação e avaliação
contínuas dos processos”. Esta foi uma
prática muito presente em nossa escola,
pois sempre deixávamos claro que gos-
taríamos das estratégias e as mudare-
mos, caso o grupo sentisse necessidade.
Em 2021, em um modelo híbrido de
ensino. Mesmo com todas as deman-
das pedagógicas, houve a necessidade
de reorganizar a escola de acordo com
os protocolos da Covid-19 de modo
a oferecer segurança para a saúde e
bem-estar dos estudantes e dos cola-
boradores.
O contexto pandêmico demandou
muita energia, comprometimento e
dedicação dos professores, das mo-
nitoras e da equipe diretiva. Mesmo
com todos os esforços, por vezes,
havia um sentimento de impotência
diante de algumas situações que fu-
giam ao nosso alcance.
Esse momento de pandemia (sim,
ainda estamos em uma pandemia),
bem como outros momentos de
grandes mudanças na nossa história,
causam nas pessoas as mais diferen-
tes reações. Algumas acabam lidando
com a situação através da negação ou
da minimização dos fatos, outras per-
cebem a realidade como uma forma
de defesa, preferem ver apenas o lado
bom das coisas (o que seria ingênuo),
e há ainda uma parcela da população
que, apesar da triste realidade, pro-
cura encontrar esperança e soluções
para os desafios surgidos.
Os desafios continuam sendo mui-
tos, depois de nos depararmos com o
modelo híbrido, retornamos ao modelo
presencial, mas um modelo presencial
diferente. Todos estavam com sauda-
des de rever toda a comunidade esco-
lar reunida novamente, porém com a
constante preocupação de seguir todos
os protocolos sanitários para que pu-
déssemos nos manter bem, não somen-
te de forma física mas saudáveis men-
talmente. Contudo, engana-se quem
pensou que, com o retorno presencial
os problemas estariam resolvidos, inú-
meros casos de ansiedade, inquietude e
inclusive situações de vulnerabilidade
social marcaram intensamente o retor-
no dos estudantes. Com isso, a equipe
docente junto à equipe pedagógica e
diretiva pensaram estratégias de reali-
zação de forma constante das escutas
ativas acolhendo e contribuindo com
as demandas dos estudantes.
Este foi o olhar que a equipe diretiva
da EMEF Primavera buscou ao acolher
aqueles que vieram ao nosso encontro,
um olhar sensível e compreensivo para
cada um dos segmentos que compõem
a escola. Ainda estamos aprendendo a
lidar com certas situações e emoções,
recorrendo à orientação adequada
quando necessário. A aprendizagem
é um processo que ocorre ao longo da
vida e das mais diferentes maneiras, “
[...] não apenas para adaptarmos à re-
alidade, mas, sobretudo, para transfor-
mar, para intervir, recriando-a” (FREI-
RE, 1996, p.28).
Nesse sentido, parar e olhar para o
modelo de ensino e de aprendizagem
que tínhamos até o início da pandemia
e o que temos hoje, leva-nos à reflexão
sobre nossas práticas e à busca por
uma real transformação na Educação.
O foco principal dessa transformação
não está nas ferramentas tecnológicas,
está na pessoa, no sujeito.
O dia é 28 de setembro, 19h55min,
quando saio da escola, entro no carro
e sigo para minha casa. O caminho
parece ainda mais escuro devido à
forte chuva que cai naquele momen-
to, porém, sinto-me iluminada ao
estar envolta em meus pensamentos.
A volta para casa é o meu momento
de reflexão, sobre o meu dia, sobre
minhas ações e sobre minhas experi-
ências. Como se fosse uma autoava-
liação.
Através de cada sentido, vou res-
gatando as lembranças de uma tarde
que, como tantas outras, foi repleta
de experiências e vivências que nos
fazem refletir e nos transformam. Pa-
rece-me ainda ouvir a voz da mãe de
uma aluna de 5 anos relatando um
momento em que estava alterada e
nervosa, sua filha havia dito que pre-
cisava pedir para a diretora empres-
tar as suas pedras mágicas da calma e
complementa, ensinando a ela uma
respiração lenta e profunda para se
acalmar. Essa voz ainda encerra sua
fala afirmando ter a certeza de que a
professora da sua filha vai conseguir
ajudá-la, pois a criança a ama muito e
a tem como referência.
Ainda sinto o cheiro do café que a
monitora passou, bem fresquinho, e
deixou sobre minha mesa. Até que
eu conseguisse chegar à minha mesa,
considerando as demandas e as cor-
rerias da tarde, que nos levam aqui,
ali e acolá, é claro que o café esfriou.
Porém, o calor desse carinho da cole-
ga aqueceu o meu coração.
Sinto também o aperto no coração
da professora que entregou os pare-
ceres e não viu o pai que se locomo-
ve com muletas aguardando na fila,
pois queria ter visto e ter dado pre-
ferência. Como temos a tendência de
nos culpar por situações que não so-
mos capazes de prever ou controlar?
Quantas vezes já fomos injustos ou
exigentes demais conosco?
Lembrei da fala repleta de empatia
da professora que conta sobre a mãe
do seu aluno, que agradece por ele es-
tar em casa, vivo e seguro, e que, para
ela, isso basta. Considerando todo o
contexto, também bastaria para mim,
afirmou a professora. E eu concordo
com ela. Vejo o olhar sensível da mo-
nitora que, com a chegada de outra
colega, decide permanecer auxilian-
do aquele aluno que se vinculou mui-
to a ela e precisa muito dela por per-
to. Há um grande desgaste, cansaço,
mas que é vencido pelo compromisso
com o outro, pela preocupação com o
desenvolvimento do aluno.
Sorrio enquanto lembro da fala do
professor que, em conversa com a
turma sobre uma situação séria e de-
licada ocorrida com os colegas, expli-
ca a importância de pensar sobre os
motivos que levam alguém a fazer o
que é certo, ficar com medo e querer
se calar. E foi em um acontecimento
na rotina, que o professor trabalhou
tantos princípios de coletividade e
cidadania com nossos alunos, essen-
ciais para a formação cidadã.
Penso na aluna que precisa passar
na minha sala todas as tardes antes da
aula para me dar um “oi’’ e que, nesse
dia, veio me mostrar a sua roupa tí-
pica alemã, toda orgulhosa e cheia de
autoestima. Lembro do aluno de 10
anos que pediu, em oração com seus
pais, para que tivesse amigos e gos-
tasse da escola, afirmando para mim
que fora atendido por Deus, pois es-
tava muito feliz na Escola Primavera.
Enquanto penso, o tempo passa,
mas a chuva não para. Já estou quase
em casa e ainda sou levada por tantos
pensamentos sobre mais uma tarde
de trabalho. Assim acontece todos os
dias. E assim trabalhamos a humani-
dade: com exemplos diários de como
tratamos as pessoas e como lidamos
com situações adversas. E diante de
todo esse novo contexto que estamos
vivendo, as situações adversas são re-
almente diversas. De todos os tipos e
com vários personagens.
Tento concluir o que percebo em
comum em todas as situações e sinto-
-me preenchida por um imenso sen-
timento de estar cumprindo nosso
papel enquanto escola. Olhar, sentir,
ouvir, acolher as pessoas. Amar, to-
car, transformar as pessoas em seres
cada vez mais humanos. Uma escola
onde caminhamos na mesma dire-
ção, construímos os mesmos valores
e batalhamos pelos mesmos princí-
pios. Onde acreditamos que, segun-
do Miguel Arroyo, a aprendizagem
realmente significativa é aprender a
ser humano.
Já passa das 20h15min quando
chego em casa. É hora de alimentar
a alma e acalmar o coração. Forta-
lecer o corpo e desacelerar a mente.
A energia está terminando, mas o
desejo de fazer cada vez melhor ain-
da é grande. Que a chuva dessa noi-
te regue esse desejo e o faça crescer
sempre, resistindo às dificuldades, às
energias negativas e a quem insiste
em desistir. Que o desejo se transfor-
me em sonhos. E que os sonhos se-
jam realidade!
Que os sonhos
sejam realidade!

60 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 61
 Lea Eudes Reis Henrichsen Letícia Soares da Silva
Hab. Magistério / Licenciatura em Matemática / Pós em Gestão Educacional Formação Magistério
Claci Both Goldschmidt Licenciatura Plena em Matemática e especialização em Educação Especial Inclusiva.
Hab. Magistério / Licenciatura em Matemática / Pós em Gestão Educacional
Nina Gabriela Ponne Rodrigues
Hab. Magistério / Licenciatura em História e Licenciatura em Pedagogia / Pós em
Psicopedagogia e Pós em Atendimento Educacional Especializado.

Pandemia e agora? Desenhos animados antigos

Em março de 2020 fomos pegos de
surpresa com a suspensão das ativi-
dades presenciais por conta da Pan-
demia da Covid-19. Ficamos longe
dos alunos, dos colegas e do agito di-
ário que tínhamos no Projeto Global.
O sentimento de falta nos in-
vadiu. Faltava a fala, os risos altera-
dos, o bater dos sapatos e o ruído das
mochilas pelos corredores. O silêncio
instalado denunciava a ausência de
vida. A “Vida Cotidiana” que acon-
tece na interação entre os alunos e
os professores através das atividades
desenvolvidas nas oficinas realizadas
nos diferentes espaços ofertados.
Adentramos 2021 com a certeza de
que voltaríamos ao agito normal, o
que não foi possível. A volta acon-
teceu somente em junho e de forma
híbrida. Diante desse formato, fez-se
necessário muitos ajustes, houveram
problemas, soluções, muitas conver-
sas e também desistências de matrí-
culas e matrículas novas. Contudo,
aos poucos tudo foi se resolvendo e
se acalmando.
Com o retorno presencial, muitas
mudanças foram realizadas para o
cumprimento dos protocolos sanitá-
rios de prevenção à Covid-19. A pre-
ocupação com a higienização cons-
tante dos espaços educacionais, o uso
de álcool em gel, a higiene adequada
das mãos, a adequação do número
de estudantes nos espaços. Tais ações
viraram rotina para que pudéssemos
zelar e contribuir para o bem-estar e
a saúde de todos.
Além da preocupação com a lim-
peza e higiene, percebemos que as
crianças voltaram com hábitos ali-
mentares muito peculiares, em espe-
cial, o de não aceitar mais alimentos
importantíssimos para a sua saú-
de. Cabe ressaltar que no espaço do
Projeto Global as crianças recebem
orientações sobre a importância de
uma alimentação saudável, assim
como o nosso cardápio é elaborado
por nutricionistas e pensado exata-
mente para a faixa etária dos nossos
alunos, ou seja, com alimentos e in-
gredientes necessários para uma re-
feição equilibrada e saudável.
Durante uma reunião pedagógica
com o grupo de professores a preo-
cupação com a alimentação dos estu-
dantes estava na pauta, assim, após
algumas reflexões, conjuntamente
planejou-se uma força tarefa para
incentivar, com palavras e com exem-
plos hábitos alimentares saudáveis.
Respeitando a individualidade de
cada um, estimulou-se a criança a ex-
perimentar alimentos que dizia não
gostar, assim, aos poucos percebeu-
-se uma adesão maior aos alimentos
anteriormente não consumidos por
elas. Através de pequenas mudanças
nos hábitos alimentares evidencia-
mos uma maior disposição quanto
ao desenvolvimento das atividades
propostas.
O trabalho de estimular constan-
temente os hábitos de alimentação
saudável em nosso refeitório mante-
ve-se diário e constante, por vezes,
torna-se cansativo, contudo vale a
pena, principalmente quando per-
cebemos a evolução de cada criança.
Para contribuir com as reflexões aci-
ma, destaco as palavras de Oliveira:
O ambiente escolar exerce influência
na formação da personalidade e no
perfil alimentar dos alunos, e repre-
senta o lugar ideal para o desenvolvi-
mento de programas coletivos educa-
tivos, contribuindo para a formação e
consolidação de hábitos saudáveis que
serão refletidos no ambiente familiar,
o que justifica a utilização do alimento
como elemento pedagógico (OLIVEI-
RA et al., 2014; RAMOS et al., 2013).
No agito da rotina de nossa “Vida
Cotidiana”, nas refeições com as
crianças, perceber em seus rostinhos
a satisfação em saborear pratos colo-
ridos, repletos com variedades de ali-
mentos, simboliza para nós, a forma-
ção integral dos nossos estudantes.
Referência:
https://periodicos.ufjf.br/index.php/lynx/article/view/25591
Vocês já assistiram aos desenhos
animados de hoje em dia? O que pen-
sam sobre eles? São diferentes dos
que assistimos há alguns anos? E não
seria legal se nossas crianças pudes-
sem conhecer os desenhos assistidos
no passado e sentir a mesma magia
que nós sentíamos?
Por este motivo, iniciou-se um
projeto resgatando alguns desenhos
e suas histórias com a turma do 2º
ano da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Albano Hansen. O pro-
jeto iniciou através de uma pesquisa
realizada com as famílias acerca dos
desenhos de que mais gostavam e a
que assistiam na infância. Com a pes-
quisa em mãos, selecionamos, em sala
de aula, os 15 títulos mais citados. A
turma em que a atividade foi proposta
era formada por 14 alunos e a profes-
sora. Cada um dos estudantes repre-
sentaria um dos desenhos, a partir da
sua escolha.
Os desenhos escolhidos foram: Ca-
verna do Dragão, Flintstones, Mickey
e Minnie, Pantera Cor de Rosa, Pa-
pa-léguas, Pernalonga, Pica-pau, Piu-
-piu e Frajola, Popeye e Olívia Palito,
Scooby-Doo, Smurfs, Snoopy e Char-
lie Brown, Tom e Jerry, Turma da Mô-
nica e Zé Colméia e Catatau.
Iniciamos o projeto assistindo a al-
guns episódios para que todos tives-
sem a oportunidade de conhecer os
desenhos. Após, fizemos um painel
na sala de aula com envelopes colori-
dos com a imagem de cada desenho
para a troca de cartinhas entre os per-
sonagens.
Durante o tempo em que traba-
lhamos no projeto, realizamos várias
atividades que envolveram os per-
sonagens, dentre elas estão: textos
informativos sobre cada desenho,
interpretações textuais, produções
textuais, bilhetes, cartas, receitas, mí-
micas, pesquisas com as famílias so-
bre o seu personagem, apresentação
para a turma, histórias matemáticas,
gráficos de barras e de pizza, bingos,
cartazes, maquetes, desenhos, ima-
gens coloridas pelos alunos utilizando
a técnica do pontilhismo, trilha ani-
mada, criação dos personagens com
massinha de modelar.
O projeto terá a sua culminância ao
término do ano letivo, com a festa à
fantasia, respeitando os protocolos
de segurança; cada aluno estará ca-
racterizado com alguma fantasia ou
com acessórios do seu personagem.
O envolvimento dos alunos está
sendo tão grande que, em sala de aula,
as crianças chamam-se pelo nome do
personagem e brincam reproduzindo
as suas características. A participação
das famílias também foi um aspecto
positivo. Os estudantes pesquisam em
casa e trazem curiosidade e objetos
relacionados aos personagens para
mostrar aos colegas e professora.
“Eu estou gostando muito do projeto
Desenhos Animados Antigos, porque é
muito divertido e eu pude ser a Pante-
ra Cor de Rosa. Eu já amava a Pantera
e agora amo todos os personagens do
projeto da profa Letícia, e o que mais
eu gostei foram as apresentações dos
personagens”, diz Isabela Heck Cardo-
so, 8 anos.
Proporcionar aos estudantes o res-
gate histórico da infância das famílias
através do desenhos nos deixa muito
felizes, pois além de trabalhar as ha-
bilidades e competências indicadas
para essa faixa etária, conhecendo os
desenhos antigos, também nos diver-
timos, brincamos e aprendemos de
forma lúdica e prazerosa.

62 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 63
 Silviane Vilanova Copetti Olinda Elisandra Silveira da Silva
Magistério 2º grau / Graduação : Pedagogia Magistério Magistério / Licenciada em Computação / Especialista em Mídias na Educação
Pós-Graduação: Psicopedagogia Institucional Pós-Graduação em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica
Psicologia (em andamento)

O desafio de ensinar através da tela Ensino híbrido: novos desafios, novos

Um verdadeiro desafio para pro-
fessores, pais e alunos. Assim foi a
rotina das aulas à distância para os
estudantes da única turma de 1º ano
da EMEF Dr. Mário Sperb, em 2021.
A expectativa das aulas presenciais,
no início do ano letivo, durou muito
pouco. Tudo o que havia sido plane-
jado precisou ser mudado rapida-
mente. Com o cancelamento das au-
las presenciais, os alunos começaram
a ter, uma vez por semana, durante
uma hora, um encontro de forma vir-
tual, via Google Meet. No encontro
semanal, com os pequenos do 1º ano,
a professora tinha pela frente o desa-
fio de ensinar o que normalmente é
ensinado em vinte horas semanais,
de forma presencial.
Era necessário dar os primeiros
passos para a alfabetização, através
de uma tela de computador, tentan-
do manter a atenção e o interesse de
quem estava do outro lado com muita
vontade de aprender. A sineta tocava
às 19h30min todas às quintas-feiras
e mais de 50% dos alunos estavam
presentes, preparados com caderno,
lápis e com os olhinhos muito curio-
sos. Todos estavam interessados em
ver, ouvir e interagir com os outros
colegas e com as professoras.
A professora Viviane, de Educação
Física, auxiliou no suporte necessá-
rio naquelas horas em que a internet
caía, ou quando a apresentação não
aparecia na tela, ou quando o vídeo
não carregava. Muitas vezes, foi ne-
cessário contar com a sorte do sinal
da internet ou até mesmo com a inex-
periência de lidar com as novas tec-
nologias e com as demandas impos-
tas diante do contexto pandêmico.
Seguindo os combinados da pri-
meira aula, os pequenos aprenderam
rapidamente a abrir e fechar o micro-
fone na hora certa, para que todos
pudessem entender o que cada cole-
ga tinha a dizer e ouvir atentamente
as orientações da professora. Na tela,
desfilaram letras, números, jogos, de-
safios, músicas, histórias, dentre tan-
tas outras coisas.
Em casa, as atividades, enviadas
semanalmente, dentro do possível,
abrangiam as habilidades e compe-
tências, segundo a BNCC. Isso era
tudo o que podíamos dispor para
tornar o momento de aprendizagem
o mais produtivo possível. E assim
seguimos, apesar de tudo, presentes e
atuantes no processo de ensinar e de
aprender.
Nos bastidores, a preocupação com
o processo de ensino e aprendizagem
era evidente, a ansiedade das famílias
diante da pandemia, dentre outras si-
tuações que a escola precisou geren-
ciar. Diante disso, o trabalho incan-
sável dos professores e a parceria da
Equipe Pedagógica e Administrativa
foram fundamentais para que tivés-
semos êxito nesta caminhada tão de-
safiadora em tempos de pandemia.
Não estávamos parados, tampouco
confortáveis com essa situação que
pegou a todos de surpresa e se arras-
tou por mais de ano. Tivemos, toda-
via, a certeza de uma coisa: a escola
continuou viva e pulsando dentro de
cada um, em cada momento pensa-
do e planejado para levar o melhor
para nossos estudantes. A escola não
parou. Ela se fez presente de outra
forma, de uma forma inovadora e di-
ferente.
caminhos e hora de cuidar de quem cuida
Estamos passando por um momen-
to inédito no mundo, ocasionado por
um vírus conhecido como Covid-19.
Esse vírus, aparentemente veio para
nos mostrar a fragilidade da vida
do ser humano como um todo. Não
que não soubéssemos dela, contu-
do, a Covid enfatizou essa situação.
Esse vírus pode ser chamado de de-
mocrático: não escolhe suas vítimas
por nível social, cor da pele ou altura
ele simplesmente escolhe. Nessa tur-
bulência pandêmica enfrentada por
todos nós, posso afirmar como ficou
difícil para os professores, somos
compostos por abraços, elos de apro-
ximação, empatia, cuidado e, acima
de tudo, carinho. E agora, como en-
frentamos essa situação?
De imediato, precisamos pensar
que esses profissionais diante do atu-
al cenário, necessitam ter os seus sen-
timentos acolhidos, vindo a refletir
posteriormente em sua prática peda-
gógica. Diversos são os motivos para
esse acolhimento, pois os professores
passaram por experiências de luto
muito próximas a eles, de filhos, de
amigos, de pais, de esposa, de mari-
do, de pessoas queridas, e todas essas
perdas precisam ser analisadas e am-
paradas de modo especial, através da
escuta de um profissional empático
que consiga trabalhar o luto.
Além disso, não podemos deixar de
citar as mudanças que ocorreram na
rotina dos profissionais da educação
desde o começo da pandemia. Foi
difícil ficar em casa no período de
isolamento, mas também foi difícil
se ausentar da segurança que o lar
apresenta e voltar a encarar um mun-
do tão diferente do qual estávamos
habituados. Essas mudanças geram
inseguranças para todos nós, alunos
e professores. Ainda precisamos lidar
com o medo do contágio, com os cui-
dados e com as precauções, com os
anseios das famílias,os medos e as
dúvidas. É um momento diferente, e
precisamos abraçá-lo, dentro do pos-
sível, para que possamos superá-lo.
A melhor forma de amenizar o caos
vivenciado em nosso mundo hoje é
acolher os profissionais da educação,
escutá-los e valorizá-los, compreen-
dendo que, acima de profissionais,
são seres humanos, e que as dores são
individuais, não cabendo a ninguém
minimizar a dor do outro. Zelar pela
segurança e pela saúde dentro da
escola trará para eles também mais
confiança e conforto.
O professor é uma figura funda-
mental, é o que está mais próximo
fisicamente e emocionalmente do
aluno. É ele que a criança irá pro-
curar, caso sinta-se insegura ou des-
confortável. A pandemia acentuou a
diferença entre aqueles que tinham
mais dificuldades de aprender, exi-
gindo um novo educador, que preci-
sou se reinventar, teve que adaptar-se
às novas tecnologias, às novas meto-
dologias, transformando-se. Agora
é a hora de cuidar de quem cuida, e
acima de tudo, valorizar ainda mais
os profissionais que ultrapassam bar-
reiras para prover o melhor para seus
alunos.

64 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 65
 Bruna Fernanda Utzig Immig
Licenciada em Biologia / Pós graduação em Educação Ambiental, Coordenação Pedagógica e
Orientação Educacional
O simples que encanta
“A simplicidade da vida é que tor-
na as pequenas coisas em gestos tão
grandes que não existe valor que pos-
sa preenchê-los.” Guilherme Sarati.
Há tempos a inovação tecnológica
vem ganhando espaço também den-
tro da sala de aula. A restrição das
aulas presenciais, devido à pandemia
da Covid-19, fez com que esse pro-
cesso se acelerasse, tanto no uso de
sistemas e plataformas on-line para a
realização das aulas de forma remota,
quanto na utilização de ferramentas
didáticas para o ensino.
Acredito que foi um impulso para
que nós, professores, perdêssemos
muitos medos e receios do uso da
tecnologia junto à Educação. Um
período curto de muitas formações,
aprendizados e trocas entre os pares
para fazer o ensino acontecer de uma
66 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
maneira nunca imaginada. Isso trou-
xe muitos aspectos positivos que per-
durarão na nossa prática mesmo com
a volta ao ensino presencial.
Porém, não podemos esquecer que
o simples também encanta e também
tem o seu valor. Não precisamos dei-
xar de realizar práticas que davam
certo apenas por considerá-las sim-
ples. Cada um, dentro da sua reali-
dade, pode avaliar e dosar o uso das
tecnologias com o uso das técnicas
“antigas”, o mais importante é, efeti-
vamente, sensibilizar e tocar o aluno
para que, da melhor forma, ele atinja
as habilidades pretendidas.
Gostaria de socializar algumas
práticas realizadas com alunos dos
Anos finais do Ensino Fundamental,
na disciplina de Ciências, no ano de
2021, no retorno presencial. Ativida-
des estas que considero simples, mas
que divertiram os estudantes, torna-
ram a aula mais dinâmica e que, te-
nho certeza, deixou marcas positivas
criando memórias afetivas e signifi-
cativas na aprendizagem.
Na Educação Infantil, tudo gira em
torno do brincar, da fantasia. Por que
à medida que os alunos crescem e vão
avançando de ano, deixamos de brin-
car com eles? Eles podem sim apren-
der brincando, mesmo nos anos
finais, as dinâmicas e as atividades
práticas podem deixar até mesmo a
leitura de um texto mais interessante.
Quando abordei o tema “clima,
tempo e sensação térmica” no 8º
ano do EF, na Escola Felippe Alfredo
Wendling, um dos textos que iríamos
trabalhar foi dividido em partes e nu-
merado, os alunos formaram duplas e
um deles deveria esconder uma parte
desse texto. Após, brincando de quen-
te e frio, o outro da dupla deveria
localizar a parte do texto escondida.
Quem escondeu guiava quem estava
na busca apenas falando “quente”, se
estava chegando próximo, e “frio”, se
estava ficando mais distante. Em sala
de aula, o texto que foi encontrado foi
lido e dialogado em partes, conforme
a ordem. Parece tão banal, mas essa
brincadeira para iniciar a leitura do
texto movimentou de forma muito
positiva os estudantes. O simples fato
de sair da sala e colocar o corpo em
movimento faz toda a diferença.
E quantos conteúdos podemos
adaptar para jogos simples e bem
conhecidos! Estes costumo utilizar:
Bingo, jogo da velha, jogo da memó-
ria, adivinhação de palavras, antes
de introduzir um novo assunto e eles
adoram!
Realizei, também na Emef Felippe
PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
Alfredo Wendling, agora com o 6º
ano do EF, uma prática que é simples
e deixou a garotada muito animada.
Fizemos um bolo de micro-ondas e
gelatina para trabalhar as transfor-
mações químicas. Fica mais fácil,
interessante e gostoso compreender
que, nesses casos, a matéria sofre
uma transformação e não consegue
mais voltar a ser o que era!
A horta! Outro momento de simpli-
cidade e de resultados incalculáveis!
Cada vez mais nossos alunos convi-
vem com menos espaços naturais, in-
clusive na escola, que muitas vezes é
tomada pelas construções para aten-
der às demandas. O uso da tecnolo-
gia nos afasta do toque com a terra.
Sempre que possível, em algum local,
mesmo que adaptado, é interessante
fazer tocar a terra, preparar o terreno,
plantar, cultivar, acompanhar o cres-
cimento e colher. Esses passos nos
dizem muito mais sobre a nossa vida
do que imaginamos e todos esses as-
pectos, os práticos e os emocionais,
podem ser trabalhados quando faze-
mos tocar a terra. A atividade pode
ser interdisciplinar, como está acon-
tecendo com as turmas de Progressão
na Escola Primavera e, dessa manei-
ra, a horta é vislumbrada através de
muitos olhares e muitas perspectivas,
os aprendizados não são poucos
A pandemia nos deixou inseguros
do que se pode ou não voltar a fazer,
mas não podemos deixar de criar
momentos significativos de aprendi-
zagem e estes estão presentes nas ati-
vidades, nas brincadeiras e nas pro-
postas mais simples, basta olharmos
com intencionalidade e carinho para
o que fazemos. Acredito que aí está
o maior segredo para atingir o maior
número de habilidades em nossos
educandos.
67
 Bruna Fernanda Utzig Immig berar a energia no decorrer do pro-
Licenciada em Biologia / Pós graduação em Educação Ambiental, Coordenação Pedagógica e cesso.
Orientação Educacional Como abertura do projeto, o coor-
Ivan Daniel Müller denador do Horto Municipal, Lúcio
Licenciatura em Educação Física / Pós graduação em Educação / Mestrado em Diversidade Afonso Habitzreuter, veio conversar
Cultural e Inclusão Social Doutorando em Sociologia com os alunos, falou de sua experiên-
cia em hortas escolares, sobre o papel
cessidades nutritivas de uma pessoa e
o que devemos fazer para ter o hábito
de uma boa alimentação, os cuidados
no cultivo dos alimentos, dentre tan-
tos outros aspectos.
Num segundo momento, realiza-
mos o plantio de mudas e sementes
conseguem se organizar para reali-
zar, de forma coletiva, os trabalhos
de plantio e de manutenção da horta.
“Ver a semente germinar”, “tirar o
que não importa de perto do que está
crescendo”, “escolher o que queremos
plantar em nossa vida” ou “quais os

Aprender a fazer: relatos de uma experiência

do horto na alimentação escolar e os
cuidados necessários para cultivar
uma horta, bem como algumas es-
inovadora com as turmas de Progressão da pecificidades de hortaliças a serem
plantadas.
trazidas pelos professores e alunos:
chuchu, espinafre, salsa, cenoura,
couve, hortelã, manjericão, erva doce
e batata doce. O trabalho de manu-
tenção da horta é constante, pois
cuidados devemos ter com a terra do
nosso coração e sentimentos” são ob-
servações que possibilitam reflexões
filosóficas sobre nossas vidas, e isso
é extremamente importante quando

Escola Primavera. A escola já dispunha de um espa-

ço de horta escolar, que pelo tempo
de desuso foi tomado pelas ervas
daninhas. Assim, primeiramente foi
necessário limpar o terreno, aerar e
adubar a terra, sendo que esses mo-
mentos aconteceram nas aulas de Ci-
ências e de Educação Física. Contu-
do, o projeto foi interdisciplinar, pois
trabalhou-se em conjunto a outras
áreas do conhecimento, como: os no-
mes de alimentos em inglês, o preço
das hortaliças e das frutas, reflexões
sobre o valor da cesta básica, o poder
de consumo das pessoas, o conceito
de uma horta comunitária e o que são
os produtos orgânicos, quais as ne-
o inço cresce em poucas semanas
e estamos planejando plantar mais
hortaliças nos canteiros que foram
preparados. O tempo também inter-
fere na continuidade do projeto, que
pretende estender-se até o final do
ano letivo com a colheita do que foi
plantado.
Mesmo com o projeto em anda-
mento, já percebemos a influência do
trabalho desenvolvido, pois é notável
a empolgação da grande maioria ao
deixar o ambiente tradicional da sala
de aula e experienciar o contato com
a terra. No trabalho prático da hor-
ta, já reconhecem a importância de
ações colaborativas e cooperativas e
trabalhamos com seres humanos e
suas perspectivas de futuro.
Sabemos que a revitalização da hor-
ta será uma experiência significativa
na vida desses alunos. No entanto,
para além da experiência exitosa com
as turmas de Progressão, sem dúvida,
o ano de 2021 também ficará marca-
do como um capítulo impactante na
existência da Escola Primavera e de
nossas experiências profissionais, en-
quanto professores, pois antes de fin-
dar o ano e o projeto, já constatamos
que é preciso ir além dos muros da
sala de aula, além dos muros da Es-
cola, caminhar para além dos nossos
muros docentes.

Dizem que nos momentos difíceis
é possível escrevermos grandes capí-
tulos de nossa existência. Pois bem,
apesar de todo contexto educativo
diferenciado gerado pela Pandemia
da Covid-19, contamos, neste ano de
2021, com uma inovação no campo
educacional da Escola Primavera:
duas turmas de Progressão.
Para além da adversidade pandê-
mica, sem dúvida, o fato de lidarmos
com esse desafio no campo educa-
cional colocou o grupo de professo-
res ainda mais em movimento. Des-
se movimento, “caminhando entre
ideias”, surgiu a indagação: de que
modo buscar novos caminhos de
ensino e de aprendizagem que dia-
loguem com a BNCC, ao passo em
que também ofereçam possibilidades
de aprendizagem significativas para
alunos que apresentam defasagem
escolar?
Sem dúvida, coube, primeiramen-
te, reafirmar Paulo Freire (FREIRE,
2019): “não há saber mais ou saber
menos, há saberes diferentes”. Sendo
assim, inicialmente ouvimos os alu-
nos, procuramos entender suas ex-
periências, suas necessidades e suas
demandas e, a partir delas, buscamos
cativá-los para que pudéssemos de-
senvolver suas potencialidades den-
tro da Escola. Amparando-nos no
conceito de “Aprender a Fazer”, um
dos quatro Pilares da Educação no
Século XXI, coletivamente pensamos
em um projeto interdisciplinar de
restauração da horta escolar.
A ideia visava a reafirmar a noção
de que a habilidade cognitiva é com-
provadamente mais bem desenvolvi-
da se associada à experiência, sendo
que nunca é demais ressaltar que
todo processo educativo deveria ser
pautado na prática e na colaboração
entre os aprendizes (DELORS, 2012).
A horta escolar é um laboratório
vivo para desenvolver uma série de
atividades didáticas nas diversas dis-
ciplinas, além de trabalhar distintos
eixos como o afetivo, o emocional,
Referências:
o social, dentre outros, há a conexão FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 58º ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2019
com a natureza, mexer na terra e li- DELORS, J. (org.). Educação um tesouro a descobrir – Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Editora Cortez, 7ª edição, 2012.

68 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 69
 Cleunice de Fátima Sobieski ploravam os aplicativos Google, uti- leceu-se, portanto, como uma suces- da vida real. Os jogos ajudam os estu-
Pedagogia / Especialização: Psicopedagogia Clínica e Institucional lizavam o e-mail, o Google Drive, são de aprendizados com inúmeros dantes a enfrentar desafios, fases, di-
Maria Bianca Henrich Google Documentos e Google Slides recursos tecnológicos, o que propor- ficuldades e a lidar com os fracassos.
Licenciada em computação / Especialista em Mídias na Educação e, desde 2018, já haviam realizado a cionou que os alunos explorassem, Foi necessário muito tempo e paci-
Vanessa Orsi Cechinatto experiência de utilizar o Google Sala simultaneamente, diferentes canais ência. Tempo para aprender a manu-
Graduada em Letras - Português/Inglês / Especialista em Alfabetização de Aula na disciplina de Língua Por- perceptivos que combinavam sons, sear, para rever links, para repensar
Especialista em Língua, Literatura e ensino: teoria e prática tuguesa. Dessa forma, tiveram facili- imagens e textos para uma melhor formatos, contudo, não desistimos e

Sala de Aula Interativa: Uma proposta para

uso das tecnologias no Ensino Híbrido
A pandemia da COVID-19 exigiu
dos professores um ressignificar na
forma de encaminhar as atividades
não presenciais e, assim, permitiu
combinar metodologias ativas com
as tecnologias digitais móveis, o que
hoje, de fato, configura-se como uma
estratégia de inovação pedagógica,
no contexto da aprendizagem híbrida
que, segundo Bacich e Moran (2018),
destacam a flexibilidade, a mistura e
compartilhamento de espaços, tem-
pos, atividades, materiais, técnicas e
tecnologias que compõem esse pro-
cesso ativo.
Nessa perspectiva, apresentamos
uma ferramenta pedagógica que nos
aventuramos a utilizar para deixar
as nossas aulas mais atrativas e mo-
tivadoras: a sala interativa temática.
Essa proposta proporciona interação,
autonomia, dinamismo e aprendiza-
do, à medida que os links conectam
imagens a vários conteúdos digitais.
Na área da informática, as ativida-
des não presenciais foram todas me-
diadas pelas tecnologias, que tiveram
uma intensa expansão no uso social
e educacional. A professora de infor-
mática passou a ser uma referência e
um apoio no uso das tecnologias, que
muito contribuiu com seus colegas
realizando socializações, indicando
sites, materiais e novas possibilidades
através das plataformas de atividades
gamificadas. As atividades de infor-
mática para Educação Infantil e Anos
Iniciais no ensino híbrido foram ba-
seadas na aprendizagem por histórias
e jogos.
Na Educação Infantil, o cenário da
sala interativa passou a ser a foto da
sala de aula da escola. Semanalmente,
a professora gravava um vídeo expli-
cando as atividades, para se aproxi-
mar e se comunicar com os alunos.
Dentro das salas interativas, também
foram usados como recursos o Goo-
gle Apresentações para criar um ál-
bum on-line de fotos individuais com
registro da criança acrescentadas
ao longo do ano e o Google Forms,
criando trilhas pedagógicas. O resul-
tado positivo foi visto nos comentá-
rios das famílias da turma NB, dizen-
do: “O Thales adorou as atividades…
O Thales adorou a sala interativa!” e
outro, “Olá, profe! Amei as fotos do
Thales fazendo as atividades na esco-
la… Muito legal!”.
Os alunos dos Anos Finais já ti-
nham uma trajetória no uso das
tecnologias antes da pandemia: ex-
dade em explorar os diversos outros
recursos dentro da Sala Interativa, o
que proporcionou diversas aprendi-
zagens significativas de forma mo-
tivadora, exploradas tanto de forma
individual, quanto de forma colabo-
rativa e gamificada.
O uso das salas interativas estabe-
aprendizagem.
Segundo Bacich e Moran (2018),
os jogos e as aulas roteirizadas com
a linguagem de jogos (gamificação)
estão cada vez mais presentes na es-
cola e são estratégias importantes de
encantamento e motivação para uma
aprendizagem mais rápida e próxima
criamos salas interativas para as pro-
postas pedagógicas, pois entendemos
que o novo nos desacomoda e nos
mostra que é possível aprender quan-
do há dedicação e vontade de fazer.
Segundo Resnick (2020), ao longo
dos anos, vários educadores e pes-
quisadores defenderam o aprender
fazendo, argumentando que a melhor
forma de aprender é estar ativamente
envolvido em fazer algo..
O uso da Sala de Aula Interativa
nos proporcionou a possibilidade de
unir diversas possibilidades em um
único espaço, pensado de forma se-
quencial, de forma a explorar, cola-
borativamente, diversas habilidades.

Referências:
Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórica e prática. / Organizadores, Lilian Bacich, José Moran. - Porto Alegre: Penso, 2018.
Jardim de infância para a vida toda: por uma aprendizagem criativa, mão na massa e relevante para todos / Mitchel Resnick ; tradução: Mariana Casetto Cruz, Lívia Rulli Sobral; revisão
técnica: Carolina Rodeghiero, Leo Burd. - Porto Alegre: Penso, 2020.

70 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 71
 Estefania da Silva Goulart as cooperativas escolares.
Pedagogia / Pós-graduação em andamento: Espaços e possibilidades para a Com o retorno gradual dos alunos
Educação Continuada em 2021, resolvemos apresentar o
Denise Daniela Klein Kohlrausch novo projeto da escola aos estudantes
Graduada em Letras / Pós-graduada e Revisão e Avaliação de Textos do 5º ao 8º ano. Reunimos as turmas
de cada turno, pelo período de duas
semanas seguidas, pois estávamos or-
ças, à educação financeira, ao em-
preendedorismo e à inclusão social,
além de incentivar e de oportunizar
o protagonismo dos alunos. Além
da conversa, os alunos assistiram a
um vídeo explicativo, elaborado pela
coordenação pedagógica das coope-
ta-feira, no turno da tarde. Tendo em
vista o que ouvimos dos integrantes
das cooperativas veteranas nos seus
relatos durante nossa formação, ain-
da estamos “engatinhando”; porém,
nesse curto período, já escolhemos
um nome e iniciamos uma campa-

Cooperativa Escolar
ganizados com grupos A e B, seguin-
do todos os protocolos de higiene,
no ginásio da escola, momento em
que a diretora Denise e a vice-direto-
ra Graziele falaram um pouco sobre
o surgimento da ideia. Na sequên-
cia, os professores Estefania e Ivan,
orientadores da cooperativa, fizeram
uma conversa, a fim de conquistar
participantes para o projeto. Nesses
momentos, explicaram que, entre ou-
tros objetivos, o projeto cooperativa
escolar visa ao fomento de lideran-
rativas escolares, e participaram de
uma dinâmica que necessitava de
cooperação entre eles, com o intui-
to de deixar claro esse pré-requisito:
querer construir algo coletivamente,
por meio da colaboração de todos os
integrantes.
Como o número de inscritos
foi muito grande para iniciar, dividi-
mos os participantes em dois grupos,
que são atendidos pelo professor Ivan
na quarta-feira, no turno da manhã,
e pela professora Estefania na quin-
nha, envolvendo toda a escola, para a
criação do logotipo da Cooperprima.
Estamos, assim como os estudan-
tes, ansiosos e animados com esse
novo desafio, pois não vemos a hora
de ver o fruto do nosso trabalho im-
pactando positivamente a vida das
pessoas que integram nossa comuni-
dade escolar. Além disso, o fazer co-
letivo é um dos valores que buscamos
sempre ressaltar em nossa escola.

Com o intuito de qualificar ainda
mais o ensino na EMEF Primavera,
em 2019, ingressamos no Programa
A União Faz a Vida (PUFV), que tra-
balha com a metodologia de proje-
tos. Da Educação Infantil aos Anos
Finais do Ensino Fundamental, todos
os professores se envolveram, partici-
param das formações e se beneficia-
ram do projeto, apresentando traba-
lhos na Mostra de Trabalhos da Rede
Municipal de Ensino.
Dentro do PUFV, a convite da Se-
cretária de Educação, fomos conhe-
cer uma Cooperativa Escolar em
Nova Petrópolis, na Escola Bom Pas-
tor. Naquela manhã, ouvindo o Pro-
fessor Everaldo Marini, orientador
das cooperativas escolares da região
e fundador da Cooebompa, e demais
professores de cooperativas já exis-
tentes, refletimos que era isso que a
Escola Primavera precisava. Duran-
te a tarde, participamos de uma as-
sembleia presidida pelos alunos da
Cooebompa, com prestação de con-
tas e resolução de assuntos diversos;
saímos encantadas de lá. Ainda em
2019, participamos de um encontro
de cooperativas escolares no muni-
cípio de Feliz, onde testemunhamos
os impactos desse projeto na vida dos
estudantes. Alunos de pouca idade
fizeram seus relatos para um grande
público, em cima de um palco, de
microfone na mão. Protagonistas de
verdade, engajados com suas comu-
nidades escolares e preocupados com
um futuro melhor. Naquele momen-
to, tivemos a certeza de que poderí-
amos implementar uma cooperativa
na nossa escola.
O ano de 2020 iniciou com a pro-
messa de formação aos professores
orientadores das cooperativas novas,
junto com os veteranos, e uma grande
troca de experiências. Em virtude da
pandemia da Covid-19, que paralisou
diversos setores da sociedade, a for-
mação foi on-line, via Google Meet,
recurso do Google Sala de Aula. A
novidade era a constituição da coo-
perativa através da gamificação, mais
especificamente, com o jogo Cooper-
lândia, criado pelos Professores Eve-
raldo Marini, Pablo Silveira e Patrícia
Brum Pacheco, especialmente para

72 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 73

Vanessa Orsi Cechinatto
Graduada em Letras - Português/Inglês / Especialista em Alfabetização
Especialista em Língua, Literatura e ensino: teoria e prática
Memórias do Tradicional Kerb de São Miguel
No primeiro dia de aula, 03/05/21,
a emoção de todos era notável. O iní-
cio correspondeu a um “olhar”, mo-
mento de chegar “perto”. Nessa busca
pelo entrosamento, o tema da Olim-
píada de Língua Portuguesa, “O lugar
onde vivo”, não poderia ter sido mais
pertinente, e foi aí que tracei o meu
ponto de partida. Partimos das me-
mórias que todos tinham desse tem-
po de pandemia (memórias recentes)
e conversamos sobre como esse pe-
ríodo que vivemos será relembrado,
um dia, pelos nossos filhos, netos,
bisnetos...
A partir disso, conversamos sobre o
que eles entendiam como memória e
qual a sua importância. As respostas
foram muito interessantes: “porque
com elas podemos ficar para sem-
pre com aquelas pessoas que já mor-
reram em nosso coração”, “porque
com elas sabemos o que já aconteceu
com a nossa família antigamente”
e eu continuei perguntando: “será
que todos nós temos memórias que
merecem ser guardadas?” e alguns
disseram “sim”, de forma muito em-
polgante, enquanto outros disseram:
“acho que não”. A partir dessa con-
versa, solicitei que pensassem em
alguma história que envolvesse a sua
comunidade ou sua família com que
outras pessoas possam se identificar,
ressaltando que todos nós temos uma
história importante e que precisamos
e podemos guardar, também quando
as deixamos registradas por escrito.
Imediatamente, uma aluna começou
a contar uma história sua. “Profe, eu
tenho um objeto que passa de geração
em geração na minha família, que já
passou pela minha bisavó, minha avó
e agora está com a minha mãe”. Ou-
tra aluna comentou que a sua bisavó
não conseguiu criar a sua avó e a deu
para uma outra família, que o mesmo
ocorreu com a sua mãe e que ela era
74 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021
uma vitoriosa porque sua mãe conse-
guiu criá-la.
E assim foi indo. A cada aula, uma
roda de memórias. Instiguei-os a
irem em busca de mais informações,
de conversar com as famílias e ouvi-
-las com atenção e, nesse momento,
citei uma história pessoal minha, que
tenho uma avó, Dona Martha, de
85 anos, que adora contar histórias.
Contei um pouco sobre os tempos do
passado que ela sempre gosta de me
explicar, da sua rotina diária de ler
o jornal físico quando acorda, da le-
tra bonita e diferente… Os alunos se
empolgaram muito e logo surgiram
diversas perguntas sobre ela, até que
um aluno disse: “Profe, traz uma foto
da tua avó para mostrar para nós”. E
aí pensei: por que não fazer uma cha-
mada de vídeo com ela, em que ela
pudesse contar um pouco das histó-
rias do seu tempo de criança? Os alu-
nos ficaram eufóricos!
Depois de alguns dias, por meio de
chamada de vídeo, conversamos com
a Dona Martha. O momento foi en-
cantador, uma experiência fantástica
de troca entre gerações… À medida
que ela falava, os olhares deles, en-
cantados, olhavam para mim e ex-
pressavam: “Nossa!”.
Previamente, eu combinei com ela
que falaria um pouco da sua vida em
geral, que eram as primeiras pergun-
tas dos alunos, e depois pedi que ela
falasse um pouco sobre um momento
que já tínhamos comentado na ativi-
dade anterior: o Kerb de São Miguel,
festa mais tradicional e típica da nos-
sa cidade, que este ano completa seus
169 anos de existência. Ela contou,
com muitos detalhes, as diferenças
entre o Kerb que os alunos vivenciam
hoje e o de 70, 80 anos atrás, os alu-
nos ficavam cada vez mais curiosos e
impressionados.
A partir da conversa, partimos
para a escrita, inicialmente, coletiva,
de um texto de Memórias Literárias
sobre a conversa que tivemos com a
minha avó, para que eu pudesse aju-
dá-los a escrever uma história que,
daquele momento em diante, todos
conheciam, explorando mais o uso
da “linguagem para criar imagens,
provocar sensações, ressaltar deter-
minados detalhes ou características”.
O resultado foi inspirador e propor-
cionou muitos e ricos aprendizados a
todos.
Paro, então, para refletir: de algu-
ma forma nós, professores e alunos,
podemos ter sentimentos iguais. E
nada poderia ser mais lindo do que
encontrarmos as nossas semelhanças
através das histórias da nossa tradi-
ção que, quando colocadas no papel,
passam de histórias do passado para
memórias perpetuadas para o futuro.
l
Editora
Claci Both Goldschmidt
Hab. Magistério, Licenciada em Matemática e Pós-graduada em Gestão Educacional
Ana
Sumário
Ana adorava escrever. Sua vida retratava-se em forma de poemas e ver-
sos. Fazia teatro, vivia intensamente os personagens que representava. Seu ntos
Mome
sotaque alemão e sua simplicidade cativavam as pessoas. Por ironia do de Red
e
destino, essa menina meiga, alegre, espontânea, parou de existir. Ana se
fechou em seu mundo de sofrimento, seus versos e poesias emu-
deceram.
O tempo foi passando. As palavras outrora ditas ainda es-
tavam vivas em sua memória. Tentando fugir da humi- ta
Entrevis
lhação que sofrera, foi morar em outra cidade.
A primeira vez que o professor Sérgio viu aquela
menina sentada no meio da sala, sabia que ela era
especial. Ana pouco falava, apenas respondia o
que lhe era pedido, mas com muito cuidado, pois
Seção
ainda tinha medo de ser recriminada se respon- da
Integra
desse errado.
O professor, sempre muito atento, tentava entender e saber
o que a deixou tão amargurada e com medo de se expressar.
Você não pode participar, você fala errado, essas palavras
ecoam na mente de Ana, relembrando o dia em que seu
mundo desabou e mudou sua vida. Ana, esse personagem
Argos
é para você, você é a pessoa ideal para isso. Ana parecia so-
nhar, sentiu um toque suave em seus ombros, abriu os
olhos e lá estava o professor Sérgio com aquele olhar
sereno e um sorriso no rosto, sim você consegue, eu
sei que consegue, dizia ele. O olhar de Ana deixou o de
Relatos s
professor encantado, ele sabia que ela seria a pessoa Experiê
n cia
certa para aquele papel. Aquele olhar não precisava de palavras, os olhos de Ana diziam,
professor eu sei fazer. Era um sonho? Não, não podia ser, lembrava que da última vez lhe
disseram que ela não poderia participar porque falava errado, era melhor ficar quieta. Agora
estavam dizendo que ela ia conseguir. Sim, Ana, você vai fazer o papel principal, você conse-
gue, é a menina certa para isso. Seção
No último ato da apresentação, Ana teria que representar chorando. Ela sabia que precisava Literár
ia
dar o melhor de si e tremia, os colegas a incentivaram e a encorajaram. Sabia que não podia
decepcionar, não suportaria mais uma humilhação. Ao subir no palco Ana viveu o persona-
gem, chorava de verdade e foi aplaudida de pé. Olhou para a plateia e lá estava o professor,
não precisava de palavras, seu olhar dizia, você é capaz, eu sabia que ia conseguir.
As palavras do professor naquela hora mudaram a sua vida. Palavra
a
Ilustrad
PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 75
 l
Editora
Denise Daniela Klein Kohlrausch Eloiza Aparecida Wilhelms
Graduada em Letras / Pós-graduada e Revisão e Avaliação de Textos Licenciatura em Pedagogia / Especialização em Gestão Escolar

Elo Alice e a Fada Azul

Sumário

Helena acorda, senta na cama, esfrega os olhos e tenta evitar a clari- Na escola da imaginação, as crianças brincam alegremente. A professora Traquina está es-
dade do dia. Está muito frio. Com preguiça de pegar um casaco mais tirada no gramado. As crianças examinam-na, verificam a temperatura, medicam, internam. Mome
ntos
grosso, decide que ficará mais um pouco no aconchego das cobertas. - Está com Covid, diz uma delas. de Red
e

Uma hora depois, a moça já não pode mais evitar a necessidade de Alice aperta os lábios, treme o queixo, pisca os olhos e se afasta. Senta embaixo da árvore e
pôr-se de pé. Calça os chinelos de pelo e só então se dá conta de que chora.
aquele lugar é desconhecido. A casa é gelada, muito clara e deserta. Não - O que houve Alice?
há conversas nem latidos... O choro está tão denso e descontrolado que a Fada Azul não consegue compreender uma
Ela veste um roupão que está pendurado ao lado da cama e deci- só palavra. ta
Entrevis
de olhar pela janela para saber se reconhece o espaço onde está. Fica - Calma, Alice. Respira. Que tal brincarmos de cheirar a flor e soprar a vela? Olha que flor
confusa. Como pode estar tão frio ali dentro e, na rua, ter centenas de linda e cheirosa - diz a fada tirando uma linda rosa vermelha de sua bolsinha.
belas flores que contornam a residência? Não é possível... se fosse - Aqui a vela. Quero ver se você consegue. Cheira. Segura o ar um pouquinho e sopra com
inverno, eu não sentiria mais o cheiro doce do jardim. Preciso força. Mais uma vez. Isso!
encontrar alguém que me ajude a entender o que está acon- As duas brincam por um tempo. Alice está mais calma.
tecendo. - Agora me conta: O que houve? Seção
da
Integra
Ela desce as escadas e se sente abraçada pelo calor da- Choramingando, Alice responde:
quele lindo dia. O roupão já não é mais necessário. O cheiro - Eu não quero dividir os brinquedos e a professora vai ligar para a minha mãe.
de café convida a abancar-se na cozinha, igualmente silenciosa. - Hmmm! E você está triste porque acha que a mamãe vai te xingar?
Aquela mesa parecia preparada para ela: uma torrada quenti- - Não. Eu não sei o que eu tô. Torce a boca, dá de ombros e pergunta: Ela vai ligar para mi-
nha, café fresco, um doce de uva e um pedaço de queijo branco. nha mãe?
Isso me faz lembrar a infância... O gosto da saudade preenche a - Não, ela não vai ligar. Agora me conta o motivo de você não querer dividir?
Argos
memória e o coração de Helena. - Eu não quero, não gosto de dividir.
Satisfeita, vai até a porta e decide explorar o local. Engraçado - Sabe, Alice. Dividir é difícil, às vezes eu também tenho dificuldade para dividir. Só que
que não sinto dores de cabeça terríveis que assombram meus quando não divido, acabo ficando só, sem ter com quem brincar. E eu gosto tanto de brincar
dias inteiros. Nem meu corpo dói mais. Na caminhada, ela vê com meus amigos, então me esforço. Divido mesmo doendo aqui dentro. Afinal, essa dor
os copos-de-leite que a falecida avó costumava cultivar em casa. logo passa quando estou me divertindo. de
Relatos s
Mais adiante, os apetrechos de pedreiro lembram a rotina pesa- - Veja! Você não quis dividir, agora está aqui, embaixo da chal-chal chorando, triste, preo- Experiê
n cia
da do avô. Tenho certeza de que eles gostariam de saber como cupada, enquanto os amigos estão rindo, se divertindo.
me sinto bem hoje. Como eu queria tê-los perto de novo. - O que é isso que você tem aqui no seu peito?!
De repente, vozes familiares quebram a quietude do ambien- Alice para de chorar, começa a rir e responde:
te. Não pode ser quem ela pensa... anda mais um pouco e se - É um curativo!
põe a ouvir uma conversa. Escondida, tenta se aproximar a fim - Olha o que eu tenho aqui? diz a fada tirando um termômetro da bolsinha. Seção
de entender o que está sendo dito. Quando as vozes parecem Os olhos de Alice brilham. Literár
ia

claras, o coração acelera, as lágrimas enchem os olhos e lavam o - Vamos lá brincar com seus amigos?
rosto espantado de Helena. É o falecido avô perguntando para a avó, que recém partiu. Alice balança a cabeça afirmativamente. Ela e a fada levantam, dão as mãos e saem saltitan-
- Então, ela já sabe? tes ao encontro do grupo. Alice se aproxima da professora e diz:
- Vó? Vô? O que vocês estão fazendo aqui? Isso não é possível, eu... vocês... nós... - Olha, profe, o que eu tenho! Vou me esforçar para aprender a dividir.
- Calma, querida. Estamos juntos novamente... Palavra
a
Ilustrad
76 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 77
 l
Editora
Marina Castro de Freitas Nadia Helena Schneider
Letras: Português/Inglês Comunicação Social - Publicidade e Propaganda Especializações em Gestão Escolar,
Psicopedagogia Clínica e Psicanálise
Mestrado e Doutorado em Processos Midiáticos

Vozes O que há no fundo do

Sumário

corredor
São Paulo, 24 de agosto de 2021. Estou na fila de espera. O corredor do hospital é frio e úmi-
do. Fico impaciente e caminho de um lado para o outro. Será que agi corretamente vindo até Mome
ntos
aqui? de Red
e

A mulher sentada em uma das cadeiras reclama de dor de cabeça. Dizem que também é um
sintoma. Ao lado há um homem e duas crianças. Ele segura a mão dela e tenta acalmá-la aler-
tando que pode não ser nada.
Olho para a família e penso em como será a vida dos filhos se aquela mãe tiver o cérebro
dominado por elas. Me afasto e vejo um jovem sendo carregado por dois enfermeiros. Desa-
cordado, ele é levado até o ambulatório. Do corredor consigo ver a expressão do médico. Não
há mais como ajudá-lo. Certamente as vozes já o tomaram.
Sozinha, refaço mentalmente o caminho até o hospital, consigo lembrar-me da noite an-
terior e o que fiz durante o dia. Mas o lapso de memória que tive há duas horas no meio da
reunião me deixou bastante preocupada. Há rumores de que, quando elas chegam, nos fazem
esquecer quem somos, de onde viemos e o que queremos.
O jovem que estava no ambulatório acorda, dá um sorriso e abraça o médico e os enfermei-
ros. Não sabe dizer o seu nome, mas sente-se feliz por estar vivo. Em voz alta ele diz: A vida é
bela!
Atônita, pego minha bolsa e corro em direção à rua. Saio do hospital e não sei para onde ir.
Olho para cima e vejo pessoas cantando e dançando no alto de um prédio. Respiro fundo e
tento lembrar quem sou. Parece que ainda lembro.
Ouço uma voz me chamar. Olho para os lados e não há ninguém. Sigo correndo. Algo cai
da bolsa. Volto para buscar e vejo que é um documento. É a minha foto, com um nome que
desconheço.
Os olhos são os espelhos da alma. Diz o poeta.
Em não raros momentos, quando ela tropeça-
va na dúvida, procurava alento fixando o olhar na
imagem do espelho. E ao fitar seus próprios olhos, ta
Entrevis
tinha a sensação de entrar em um estreito e infinito
corredor, ora sombrio, ora refletido por luzes coloridas.
Este, como se fosse um portal, levava-a a uma inexplicá-
vel experiência. Ao encontro da sua alma, defrontando-a
com pensamentos e sentimentos, com os quais lutava para
equilibrá-los. Medos, angústias, afetos, desafetos, alegrias, Seção
da
Integra
tristezas... Seu Lado A e seu Lado B, ali, encontravam-se mis-
turados como café com leite. Às vezes, amargo, de aroma forte
e intenso, quente, frio, gelado, morno, outras vezes, de sabor
mais suave e doce. As variações eram muitas, e todas espe-
ciais. Elas faziam parte de um refinado cardápio. Único, e que
para degustar, era necessário certa sabedoria, caso contrário,
Argos
o usufruir da vida ficava relegado.
Quantos acontecimentos vinham a sua mente desde sua
infância. Passados como quem folheia, rapidamente, um
livro. Nesses momentos de introspecção, ao observar-se
com mais atenção, verificou que a sua alma denunciava de
Relatos s
o que não viveu. Ficou reflexiva e recordou de como, em Experiê
n cia
certas ocasiões, fora orgulhosa, egoísta e rude, perdendo
oportunidades e distanciando -se de amigos. Entretanto,
também fora bondosa, carinhosa e solidária... era difícil
a equação.
Agora, não lhe restando muito tempo, permanece, a Seção
maior parte do dia pensativa, na frente do mesmo espe- Literár
ia

lho que, durante toda a sua vida, mostrou-lhe o quanto

era jovem e bonita, e que hoje, ressalta suas rugas, seus
olhos desbotados, seus cabelos brancos e o quanto lhe
inquieta o fundo do corredor.
Palavra
a
Ilustrad
78 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 79
 Palavra Ilustrada
l
Editora

Em 2021, a Seção Palavra Ilustrada contempla a representação artística do seguinte questio-

namento: Pandemia: quais mudanças podemos promover para melhorar a vida?
A partir desta pergunta os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental das escolas muni- Sumário
cipais, através de desenhos, representaram suas ideias com muita criatividade e sensibilidade.
Perante uma rica diversidade de ilustrações, a Comissão da Revista selecionou 6 trabalhos
para compartilhar nessa Edição. Confira!

Pandemia: quais mudanças podemos promover para melhorar a vida? Aluna Wanessa Ellen Galvão Corecha - 8º ano - EMEF Professor Paulo Arandt Mome
ntos
e
de Red

ta
Entrevis

Aluna Thamyres Rocha dos Santos - 7º ano - EMEF Professor Paulo Arandt
Seção
da
Integra

Argos

Aluna Lavínia Ritter de Matos - 6º ano - EMEF Primavera

de
Relatos s
n cia
Experiê

Seção
ia
Literár

Aluna Yasmin Kaefer Bohnen Aluna Sofia Georg Bayer Aluna Bianca Gaedicke - 8º ano - EMEF Primavera
9º ano – EMEF Albano Hansen 9º ano - EMEF Albano Hansen Palavra
a
Ilustrad
80 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021 81
Ilustrações realizadas a partir do tema: Conheça as instituições
Como o Corona Vírus mudou a da
Ilustrações minha
Capavida escolar? de Ensino da Rede
Municipal de Dois Irmãos
Quer conhecer um pouco mais das instituições?
Clique sobre as imagens para mais informações.

Sofia Altenhofel Wiest – 1º ano Náthali Giovana Pandolfo - Emily Dapper – 4º ano
EMEF Prof. Carlos Rausch EMEI Jardim da Alegria EMEF 29 de Setembro

Pedro Fernando G. Ferraz – 2º ano Julya Beatriz Reis da Silva - BN1

Bruno Matheus Odi – 5º ano
EMEF Prof. Carlos Rausch EMEI Profª Clarice Maria Arnold
EMEF Prof. Paulo Arandt

Enzo Richter Relly – 4º ano Lara Rubenich Kuhn – NB2 Rafael Oviedo – 4º ano
EMEF Prof. Paulo Arandt EMEF Prof. Arno Nienow EMEF 29 de Setembro

Gabriel Cezar dos Santos - NB Gustavo Lopes Fonseca – 4º ano Isabela G. Hoelscher – NB 02
EMEF Prof. Paulo Arandt EMEF Prof. Paulo Arandt EMEF Prof. Carlos Rausch

Ilustrações realizadas a partir do

Rafael Mateus Haas – 4º ano
EMEF 29 de Setembro
tema:
Como o Corona Vírus mudou a
minha vida escolar?
Alunos da Educação Infantil e
Ensino Fundamental do 1º ao 5º
anos das escolas municipais
Larissa Vitória Vivan – 4º ano retrataram suas percepções e
emoções, vivenciadas em 2021.
EMEF 29 de Setembro

82 PALAVRA DE EDUCADOR - SEMEC DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2021

 Ilustrações realizadas a partir do tema:
Como o Corona Vírus mudou a minha vida escolar?
Alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental
do 1º ao 5º anos das escolas municipais retrataram
suas percepções e emoções, vivenciadas em 2021.

Eu amo educação!
Ich liebe die Erziehung!