OPINIÃO
DIARIOdePERNAMBUCO | Recife, quinta-feira, 25/02/2021
Alex Sandro Gomes *
asg@cin.ufpe.br
Novas formas de ensinar e de aprender
Durante séculos, as sociedades qual mudamos modos de produção
vêm praticando a transmissão de e difusão de bens e conhecimentos.
conhecimentos e saberes em seus As revoluções são, ao mesmo tem-
rituais de convivência social, seja po, resultado da ação humana e
na família, nas comunidades lo- motivo para a transformação na
cais ou nos estabelecimentos es- própria forma como socializamos
colares. Estes logram do reconhe- os indivíduos nas sociedades. Para
cimento e confiança dos indiví- que esses tenham a possibilidade de
duos de uma comunidade por te- participar nos ecossistemas altera-
rem sistematizado formas mais dos pelas evoluções técnicas, a sua
eficientes de socialização que as formação precisa, de alguma ma-
práticas orais, as quais ocorrem neira, desenvolver habilidades ne-
nos espaços sociais de convivên- cessárias a lidar com modelos e fer-
cia vocacionados ao aprendizado ramentas contemporâneos de pro-
não formal ou informal. dução de conhecimento e riqueza.
Ao longo dos dois últimos sécu- A atualização da maneira com
los, a humanidade vivencia resulta- a qual socializamos indivíduos
dos e impactos de sua própria evo- ocorre, em parte, por meio de tu-
lução técnica sob a forma de revo- do que constitui os sistemas educa-
luções industriais. A cada nova re- cionais de uma nação: desde seus
volução, ampliamos e aprofunda- currículos de formação de pro-
mos o domínio de técnicas e isso au- fessores, bases nacionais curricu-
menta a própria velocidade com a lares, até a forma idiossincrática
Paulino Fernandes *
opiniao.pe@diariodepernambuco.com.br
Prisão e imunidade de parlamentar
Ao lado da prerrogativa de foro, que no exercício do mandato, ou
comumente chamada de “foro pri- em razão dele; enquanto a imuni-
vilegiado”, uma das questões que dade formal, mais propriamente
mais suscita o debate, em relação chamada de imunidade, relacio-
às prerrogativas conferidas aos par- na-se com o não-processo (civil ou
lamentares, diz respeito à imuni- penal), sendo também garantida a
dade. Entretanto, há confusão de partir da diplomação. Essa modali-
conceitos, especialmente em rela- dade sofreu alteração com a Emen-
ção ao alcance da garantia da imu- da Constitucional nº 35/2002, uma
nidade, seja material ou formal, vez que anteriormente à mudança,
constitucionalmente assegurada o parlamentar só poderia ser pro-
a deputados e senadores. cessado e julgado, se a Casa legis-
A imunidade material consiste lativa autorizasse. Uma verdadei-
na inviolabilidade conferida ao par- ra licença, portanto, era necessá-
lamentar, desde a expedição do di- ria. Após a EC 35, quando recebi-
ploma, de isenção de crime, quan- da a denúncia, pelo Supremo Tri-
to a quaisquer de suas opiniões, bunal Federal, será dada ciência à
palavras e votos proferidos, desde Câmara ou ao Senado que, por ini-
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por meio da qual professores efe-
tivamente realiza a transposição
didática junto a seus estudantes.
Em certo sentido, as instituições
de ensino deviam criar as condi-
ções contemporâneas para que os
indivíduos mais jovens da socieda-
Durante o ano de 2020, as
instituições e seus atores
foram instigados a planejar
e executar metodologias
emergenciais
de se preparem para nela atuar,
garantindo sua plena inclusão. A
intensificação das mudanças so-
ciais deveria levar a uma adapta-
ção, na mesma velocidade, da ma-
neira como as instituições e redes
de ensino criam espaços de apren-
ciativa de partido político nela re-
presentado, e pelo voto da maioria
de seus membros (maioria absolu-
ta), poderá, até a decisão final, sus-
tar o andamento da ação.
Já em tema de prisão, em princí-
pio, deve-se ressaltar que, quando
na excepcional situação de cometi-
mento (flagrante de crime inafian-
çável) não retira do parlamentar a
garantia da imunidade. Se assim
não fosse, não existiria sequer a hi-
pótese dessa espécie de prisão pro-
visória ser decretada. Portanto, co-
metido um crime inafiançável por
deputado ou senador, devido à na-
tureza do delito ser inafiançável e
em estado de flagrância, impor-se-
Conselho Editorial
Carlos Frederico A. Vital
Diretora de Redação
Paula Losada
dizagem atualizados à socializa-
ção de conhecimentos, habilida-
des e competências.
Nas últimas décadas, é nítido o
crescente descontentamento de pais,
professores e estudantes da educa-
ção básica em relação às metodolo-
gias adotadas. Diversos fatores pare-
cem limitar as possíveis inovações
nas instituições de ensino, tais co-
mo: formação inicial dos profissio-
nais, perfil das equipes gestoras, re-
pertório de crenças, disponibilida-
de de equipe de governança de TI-
Cs nas instituições, entre outras.
Durante o ano de 2020, as ins-
tituições e seus atores foram ins-
tigados a planejar e executar me-
todologias emergenciais com o
uso massivo de plataformas digi-
tais. Estes movimentos, em respos-
ta à emergência da pandemia da
Covid-19, podem acelerar a apro-
priação de novas metodologias de
ensino baseadas em plataformas
digitais, mas em suas versões to-
-á a prisão. Mas enquanto essa hipó-
tese única de custódia, submete-se
ao crivo da Casa legislativa decidir
por sua manutenção; a imunida-
de, por sua vez, é garantia consti-
tucional, que subsiste durante to-
da a instrução processual (inclusi-
ve durante eventual estado de sí-
tio), a fim de que se verifique se o
cometimento do crime se dera nas
hipóteses de exclusão de crime (in-
violabilidade) ou de suspensão do
processo (imunidade processual).
Um dos pontos que mais intriga,
entretanto e entre tantos, em re-
lação ao tema imunidade, no que
diz respeito ao alcance do concei-
to: se a inviolabilidade alcançaria
toda e qualquer manifestação do
parlamentar, quando usa da ex-
pressão (verbal ou escrita), fora da
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talmente remotas parecem pouco
eficientes do ponto de vista do en-
gajamento e da aprendizagem. A
resposta emergencial deverá ins-
pirar a legitimação de metodolo-
gias mais flexíveis e efetivas nas
instituições de ensino.
A incorporação de uma cultura
digital à rotina de instituições de
ensino representará continuidades
e rupturas da conhecida experiên-
cia de aprendizagem presencial. O
papel das lideranças educacionais
será o de estabelecer visões que aju-
dem a legitimar espaços híbridos
de aprendizagem que sejam inspi-
radores de novas possibilidades de
atividades, projetos e intervenções,
que contribuam para fomentar a
autonomia, a criticidade e o prota-
gonismo e a formação de efetivas
redes de aprendizagem.
* Professor da UFPE e vice-pre-
sidente da Academia Pernam-
bucana de Ciências
sua atividade. Essa distinção deve
ser observada, pois em razão da
prerrogativa conferida pela Cons-
tituição, não são poucos os casos
em que o parlamentar abusa dessa
garantia, sob o equívoco da com-
pleta irresponsabilidade e, portan-
to, da impunidade. Como para es-
sa pretensiosa inviolabilidade, a
Constituição Federal não ressal-
vou a proteção em relação aos cri-
mes de natureza verbal (calúnia,
injúria e difamação), principal-
mente com o conceito elástico ga-
nho da EC 35, com a adição do ter-
mo “quaisquer” a “opiniões, pala-
vras e votos”, cada situação exigi-
rá uma análise específica.
* Defensor público do Estado de
Pernambuco e professor
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