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Conheça as Instituições de Ensino da

Investindo no Futuro: o papel das


Rede Municipal de Dois Irmãos

escolas em nossa comunidade


É com grande alegria que com- Quando nossas escolas têm eleva- do a próxima geração. Estamos
partilho com vocês algumas refle- do conceito, a qualidade de vida comprometidos em apoiar nossos
xões sobre o valor inestimável das de nossa comunidade melhora, a professores, proporcionando-lhes
escolas em nossa cidade. Como criminalidade diminui e as pers- treinamento contínuo e reconhe-
prefeito, estou profundamente pectivas de carreira se expandem cimento pelo excelente trabalho
comprometido em garantir que para nossos jovens. que fazem.
nossa comunidade prospere e Para que nossa visão de um fu- Em última análise, a força de
cresça, e não há nada mais funda- turo brilhante seja concretizada, uma comunidade é medida pela
mental para esse crescimento do estamos comprometidos em for- qualidade de sua educação. Nos-
que a educação. necer recursos financeiros, trei- sas escolas são o coração de nos-
Nossas escolas são os pilares de namento para educadores e infra- sa cidade, moldando o presente e
nossa sociedade, os locais onde o estrutura moderna para todos os criando um caminho para um fu-
conhecimento é transmitido, as ambientes escolares. turo brilhante. Juntos, como uma
mentes são moldadas e o futuro Nossas escolas também são cen- comunidade unida, continuare-
é forjado. Cada sala de aula é um tros de inclusão e diversidade, mos a investir em nossas escolas,
microcosmo de esperança, opor- onde aprendemos a respeitar as capacitando nossos jovens para
tunidade e igualdade, onde todos diferenças e a valorizar a riqueza enfrentar os desafios e transfor-
os nossos jovens têm a chance de de culturas que compõem nosso mações do mundo com confiança
sonhar e conquistar seus objetivos. Município. Ao promover um am- e determinação.
No entanto, investir em educa- biente de aprendizado que celebra Agradeço a todos os envolvidos
ção não é apenas uma obrigação, a diversidade, estamos construin- em nossa jornada educacional e
é uma estratégia inteligente para do uma sociedade mais justa e so- convido cada um de vocês a se
o desenvolvimento de nossa ci- lidária. envolver e apoiar nossas escolas.
dade. Escolas de qualidade são Nossos educadores desempe- Juntos, construiremos um futu-
a mola propulsora para famílias nham um papel vital nesse pro- ro promissor para nossa amada
talentosas, empresas inovado- cesso. Eles são a linha condutora, Dois Irmãos.
ras e, como resultado, para um guiando nossos filhos, transmi-
ambiente econômico próspero. tindo conhecimento e inspiran-

Jerri A. Meneghetti
Prefeito Municipal de Dois Irmãos

PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 3


A revolução das revoluções Um Jeito de Viver Escola
Em 2024, festeja-se o Bicentená- em 1898, foi fundada a Associa- meia tudo; de que a solidão está “Se esta rua, se esta rua fosse Idealizo a educação sempre pen-
rio da Imigração Alemã. Aqui, na ção Católica de Professores, um crescendo e que ela é onipresente. minha, eu mandava eu mandava sando no melhor, com respeito
região pioneira, o processo edu- marco na história, pois oportuni- Em muitos lugares de nosso ladrilhar…com pedrinhas, com aos educandos, famílias, profis-
cacional, como tudo mais, teve de zou a construção de um método pequeno mundo, o tempo todo, pedrinhas de brilhante…Ahhh sionais da educação e munícipes.
partir do zero. No ano de 1824, o pedagógico unificado. Os profes- tudo está mudando muito rapi- quem não se lembra, este é um O trabalho dos gestores é im-
Rio Grande do Sul era habitado sores evangélicos logo, também, damente. A previsibilidade foi jeito amável de viver e reviver es- prescindível para o sucesso da
por índios, espanhóis, africanos fundaram a sua associação. abalada. O psíquico das pessoas cola. A primeira infância, as séries gestão educativa. A Secretaria
e portugueses. O Estado somava Por algumas décadas, os go- está sendo afetado. E algo aparece iniciais, as séries finais, muitas Municipal de Educação de Dois
cerca de 130 mil almas. vernos assistiram de longe, apre- como nova visão para o mundo: marcas e vivências significativas Irmãos - SMEDI - através do Setor
De 1824 até 1830, chegaram à ciaram de longe os teutos e seus por todos os lados, mentes bri- que aguçam a nossa memória de Pedagógico, Educação Inclusiva,
região 5.350 imigrantes, os quais descendentes, com grande ímpe- lhantes trabalham para acelerar estudante… que vida intensa de Educação Ambiental, Tecnologias
foram, inicialmente, encaminha- to, pontilharem grande parte do métodos e processos que facilita- ser aluna, estudante, escrever, ler, Educacionais, Alimentação Esco-
dos aos lotes imperiais do entorno Estado com linhas e picadas, onde rão novas vidas. fazer temas, trabalho em grupo, lar, Financeiro, Administrativo,
da incipiente povoação da sede de se lecionava em alemão, onde se E quanto aos jovens e as novas pesquisar… Cultural, Desporto, Transporte
São Leopoldo; após, naturalmen- falava o alemão em casa, na socie- tecnologias, quanta inovação sur- Mas na condição de aluna/estu- Escolar têm a missão de orientar
te, para as áreas que denomina- dade, na rua. gindo: e, novamente, a fé corajosa dante crescemos e nos apaixona- e acompanhar os espaços educa- ra e a tradição. A nossa querida
mos, hoje, de Novo Hamburgo, Com o desenrolar das duas do professor, seu idealismo e per- mos pela educação. Ser professora tivos nas diversas atividades que Baumschneis - Dois Irmãos –
Campo Bom, Estância Velha, Dois grandes Guerras Mundiais – em severança a conduzi-los pelas tri- ahhh, que maravilha, muito estu- exercem, primando pela aprendi- nasceu e se constituiu através de
Irmãos, Ivoti, Sapiranga… O pro- ambas, a Alemanha estava posi- lhas do progresso com a ética e os do no magistério, na graduação, zagem da criança e do educando e nossas raízes germânicas que per-
cesso não se desenvolveu de su- cionada contra os interesses do valores necessários. nas especializações…. pelo bem estar de todos. meiam o nosso legado com uma
petão. São, afinal, cinco anos. Im- Brasil - muitas coisas mudaram. Independente do que ainda O início da jornada educativa A SMEDI realiza essa missão em trajetória de muito trabalho, jun-
põe-se, pois, um questionamento: O Governo Central entendeu que pode nos surpreender, penso que com ênfase no propósito de edu- parceria com diversos segmentos tamente com as demais descen-
quanto tempo, após a chegada dos era chegada a hora de agir, de se o humanismo deva prevalecer. O cação, dedicação, acolhimento e da administração municipal, do dências que também fundaram
primeiros imigrantes à região de reposicionar com energia, de as- ambiente escolar deverá ser mui- compromisso, que, entrelaçados legislativo e judiciário, de entida- nosso lar. Seguimos confiantes e
Dois Irmãos, foi possível formar, sumir as rédeas. E, assim, aconte- to atraente. A questão ambiental com os profissionais responsáveis des sociais e de colaboradores e, com união, sempre contando com
reunir a primeira turma de alunos ceu. Pouco a pouco, é verdade. deve permanecer no topo das pelos espaços educativos, tra- por isso, reconhece a importância a esperança como nossa compa-
de ascendência germânica? Ainda na área da educação, ti- prioridades. Se vamos, dentro de çam um caminho de união que de todos esses profissionais para nheira de estrada para caminhos
O processo de ocupação come- vemos o programa de construção 15, 20 anos fazer cálculos envol- combina esforços, pensamentos que a educação aconteça de ma- de direção à luz... À luz de Deus, à
çou lentamente; as distâncias en- – em parceira com os municípios vendo a nossa mente? Se vamos e constitui um todo. As ações neira eficaz. luz da paz, à luz do amor.
tre as famílias eram desafiadoras; – de várias centenas de pequenas continuar a nos interessar sobre profissionais são fundamentadas Continuo preservando a cultu-
para muitas, os tempos eram de escolas por todo o Estado, do go- as nossas origens, sobre a nossa na ética; já a formação de profes-
A LUZ PROSSEGUE! PELA EDUCAÇÃO! VIVA A ESCOLA!
escassez de víveres. Eram tempos verno Brizola. Nenhuma criança história? Penso que a identidade sores é explorada como um pro-
de construção de uma estratégia deveria ficar sem escola. Dois Ir- local, que remete a nossa identifi- cesso que não se esgota em uma
pela sobrevivência. Logo, os filhos mãos aderiu à ação. cação com o que os pioneiros que trajetória definida, mas é cons-
tinham de estar em casa, na linha Em 1971, tivemos a reforma do alavancaram, deve continuar res- truída contínua e constantemente
de frente da luta. ensino. Outro acontecimento re- soando. no cotidiano escolar. A afeição é
Na nossa região, na da coloniza- levante: as professoras passaram a Ah! Já estamos em uma era de papel primordial, demonstrando
ção antiga, até 1850, entre os cató- ocupar mais e mais a docência. A evolução contínua e rápida. Cada estima pelo outro e zelo pela di-
licos, foram criadas 10 escolas; 25 Constituição de 1988 trouxe no- vez mais, qualquer coisa que pos- versidade. Em consequência do
anos após, em 1875, já eram 40. vidades. sa ser conectada a Internet, é. conjunto desses fatores, surge o
Os evangélicos criaram 14 escolas E, agora, estamos a um passo do Portanto, trata-se de uma questão protagonismo de nossas crianças
até 1850. Todas essas eram man- Bicentenário. A impressão que as a ser colocada no topo das priori- e estudantes em seus processos de
tidas pelas comunidades, prova pessoas têm é de que o tempo está dades, como imperiosa. aprendizagem, visando potencia-
incontestável da preocupação do voando; de que os valores e con- lizar aspectos de âmbito educa-
imigrante com a educação dos fi- ceitos são como as nuvens que se cional do território do município
lhos. dissipam facilmente; de que o in- de Dois Irmãos.
Por ocasião do Congresso dos dividualismo prospera na socie- Sou educadora, busco ser visio-
Católicos Alemães, em Harmonia, dade; de que o imediatismo per- nária com o propósito pelo bem.
Juarez Stein Denise Maria Maldaner
Vice-prefeito de Dois Irmãos Secretária Municipal de Educação

4 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 5
Humanidade, solidariedade e
Editorial............................................................................................................... 3 Beatriz Maria Jung Stoffel - Projeto: A vida das Borboletas.................................. 51
Iara Cristina dos Santos, Eduarda Schallenberger Stein e Mariele Elisa Blume-
Momentos de Rede Detetives da água em ação: conscientizando sobre o uso e preservação da água... 52

união: o pleno sentido de rede!


Emocionando o cotidiano escolar (EMEF Felippe Alfredo Wendling)......... 8 Márcia Enzweiler Borth, Cinara de Moraes Santos, Fernanda Abreu e Veronice
A Importância do Acolhimento no Ambiente Escolar (EMEF Dr. Mário do Nascimento - Projeto: Nem tudo se joga fora, cuide da natureza!..................... 53
Sperb)...................................................................................................................... 8 Tanise da Costa Pereira, Bruna Fernanda Utzig Immig e Cassiane Lerner de
Escola e Família: uma parceria necessária! (EMEI Profª. Clarice Maria Sousa - A Lógica do Dia a Dia....................................................................................... 54
Arandt).................................................................................................................... 9 Cristina Sturmer Knob e Carina Sander Becker - Projeto: Minha história
Planejamento e reflexão: que escola queremos construir? (EMEF Profº. começou com a tua.......................................................................................................... 55
Quando projetamos nossa mente tigam olhares para o passado. Deve fissionais e humanos, a cada dia do Arno Nienow)........................................................................................................ 10 Cátia Weiler - Na alfândega dos conhecimentos........................................................ 56
sobre a educação em Dois Irmãos, representar o cantar de pássaros, nosso trabalho como educadoras e Uma comunidade chamada escola (EMEF Profº. Paulo Arandt)................... 11 Adriane Aline Butzker Costa, Tamires Schuck Kafer e Ana Claudia da Rosa -
EMEF Professor Matheus Grimm: um lugar onde a educação acontece Artistas da turma Multi................................................................................................... 57
pensamos que a escola e estar na o tocar dos sinos, a generosidade educadores? (EMEF Profº. Matheus Grimm).......................................................................... 12 Gabriela D’Ávila Schüttz - Formação de leitores na escola. A experiência da lei-
Noite Literária (EMEF Primavera)...................................................................... 12 tura compartilhada em sala de aula nos anos finais na escola carlos rausch......... 58
escola é viver a comunidade esco- da vizinhança e o sorriso de uma Talvez você encontre algumas Brincar e interagir com e na natureza: um jeito de viver a escola (EMEF Jéssica Trierveiler, Marli Closs, Janete Loebens Johann e Isadora Helena
lar, é estar e ser presente de corpo e criança que convoca a um abraço! respostas nas páginas que seguirão, Profª. Heda Alves Nienow).................................................................................. 13 Schneider Sales - Vida marinha....................................................................................... 59
Mostra de projetos de Pesquisa: um universo inteiro a ser desvendado Eliane Roth Gateli e Anderson Barbosa Soares - Projeto Teatro Envolvente:
alma, independentemente da reali- São os sentimentos e emoções que mas se tudo der certo, você encon- (EMEF 29 de Setembro)....................................................................................... 13 um relato de experiência sobre a linguagem teatral na educação infantil e anos
dade. Mas o que torna possível es- movem a vida em comunidade. trará mais dúvidas. Porque espera- A parceria que fortalece (EMEI Jardim da Alegria).........................................
Espaço Verde: um ambiente de aprendizagem e diversão (EMEF Albano
14 iniciais..........................................................................................................................
Deloni Ott Stoffel - Letramento matemático através dos jogos e ludicidade: a
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sas vivências? De que modo conse- Não saberíamos indicar como mos que cada um encontre o seu Hansen)................................................................................................................... 14 alegria de ensinar e aprender brincando....................................................................... 62
A educação que transforma (EMEF Carlos Rausch)........................................ 15 Camilo Bruno Fonseca, Marite Callegaro e Débora Roberta Padilha da Silva-
guimos trazer a vida em sociedade todos sentem essas vivências, pois próprio jeito de viver a escola, sen- Núcleo de Apoio às Escolas (NAE - Núcleo de Apoio às Escolas).................. 16 Frutas que alimentam e dão energia para nosso corpo.............................................. 63
para o âmbito escolar? cada uma é singular. do você mesma/o, conhecendo o Gestão e ação no PROJETO GLOBAL: um olhar além da escola (Centro Perla Motta Goulart - Abandono de animais.............................................................. 64
Integrado de Educação Complementar das Escolas Municipais de Dois Ana Cristina Wiest - Es war einmal... Era uma vez... Um conto que ainda não
Para superar estes desafios, a edu- Todavia, com esta revista, alme- seu espaço, seu potencial e trilhan- Irmãos – Projeto Global)...................................................................................... 17 havia sido contado........................................................................................................... 66
cação deve ser concebida como um jamos propor algumas reflexões: o do o seu próprio caminho, que se Eduardo Gabriel Sebastiany - Na teia da Dona Aranha............................................ 67
Momentos Secretaria Municipal de Educação Deise Groth e Maureen Marques Pereira Guerra - Nossos Animais Fantásticos... 68
reflexo autêntico da diversidade e que faz dessa cidade um cruza com tantos outros, nesta rede Setor Pedagógico................................................................................................... 18 Robinson Ribeiro, Velânia Raine Ritter Eberhardt, Vanessa Orsi Cechinatto -
complexidade de nossa comunida- doce para viver, um doce para forte, fraterna e solidária! Setor do Transporte...............................................................................................
Setor do Desporto.................................................................................................
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O mundo é de vocês!........................................................................................................
Jenifer Spengler e Rosilene de Roma Gatelli - Pequenos Animais de Jardim........
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de. Ela deve representar o verde em ser e estar? O que nos motiva para Setor de Alimentação Escolar.............................................................................. 21 Paula Djovana Stoffel - É preciso se reinventar e se desafiar..................................... 71
Eveli Lourdes Smaniotto e Gabriela Helis Scherer - Alfabetizar é magico! Para a
meio às belas construções que ins- darmos o nosso melhor, como pro- Entrevista vida toda!.......................................................................................................................... 72
Ernani Mügge Katia Francini Kolling - Pequenos contadores de histórias!..................................... 73
A 34.ª Feira do Livro: histórias e memórias....................................................... 22 Kelin Karine Kolling - Brincando: o jeito de viver a escola na educação infantil... 74
Guisela Taiane de Oliveira Schenkel - A influência da oficina de culinária no
Seção Integrada desenvolvimento de hábitos saudáveis......................................................................... 75
Débora Juliana da Silva - A Pesquisa Científica na Educação Infantil........... 23 Alessandra Alves de Souza, Tatiane Büttenbender e Aline Pinheiro da Silva -
Djeni Kelly Knorst Lang - Vivenciando a identidade: conhecendo nosso ser.. 24 Chuva de onde vem?....................................................................................................... 76
Patrícia Scheidt Alles e Thuany Milena Heinzmann - Aflorando o desen- Andréa Maleski dos Santos e Ricardo Kolling da Costa - Avaliação como re-
volvimento: a contribuição do contraturno escolar na formação de um flexão: A experiência da EMEF Profº. Paulo Arandt em um projeto inovador
cidadão crítico e participativo............................................................................. 25 de avaliação interna......................................................................................................... 77
Colegiado CME/DI - 35 anos: muitos jeitos de se viver a educação.............. 26 Fabiana de Moraes, Jeniffer Thaís Mossmann e Renata Andrade Correia - A
Shirley Maria Heck Backes - Escola: um lugar de convivência e formação potência das trocas entre o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e
integral.................................................................................................................... 28 Monitoria Educacional: entre ações - reflexões - frustrações.................................... 78
Maria Bianca Henrich e Caroline Pires Cerveira - O uso de recursos tecnológi-
Artigos cos para a elaboração de materiais didáticos............................................................... 79
Cristina Vier e Eliane Roth Gateli - A gestão de pessoas no ambiente Ana Carolina Torres - O eu, o outro e o nós: a prática do autorretrato e o (re)
escolar...................................................................................................................... 29 descobrimento de si......................................................................................................... 80
Daniele Arndt - As políticas educacionais e a gestão escolar democrática.... 30 Letícia Soares da Silva e Kely Fabiane Arend - “A Festa do Alfabeto” e “A Viagem
Camilo Bruno Fonseca e Fernanda Abreu - Vivendo o universo das ciên- do Alfabeto”....................................................................................................................... 81
cias na educação infantil...................................................................................... 32 Sabrina Dornelles, Ivana Collet e Izabel Goulart - “As descobertas de Ian” e dos
Aline Flores Rodrigues, Kelly Simone Silveira Correa e Juliana Gallas estudantes das séries iniciais de EMEF. Professor Paulo Arandt.............................. 82
Grawer - Escola e Família: uma parceria necessária!....................................... 33 Ana Claudia da Rosa - Promovendo Vivências e Construções Significativas em
Ana Claudia da Rosa, Cátia Weiler e Lídia Garcia - Como a interdisciplinar- uma turma do Ano do Ensino Fundamental: Estratégias para Estimular a Leitu-
idade pode ampliar a visão dos estudantes sobre as temáticas trabalhadas?... 34 ra...................................................................................................................................... 84
Adilson Reis Dillenburg - Jogos pedagógicos concretos aliados ao ensino Débora Knackfuss Escobar dos Santos e Giulianna Scarpati Faustini - Uma
da Matemática....................................................................................................... 36 massagem um tanto quanto diferente........................................................................ 85
Jéssica Trierveiler, Marli Closs, Iara Cristina dos Santos e Eduarda Stein- Thainá Letícia Garibaldi da Rosa - Intervenção precoce e a especialização em
Para preservar a vida é preciso cuidar do meio ambiente, faça a sua parte... 37 análise do comportamento aplicada............................................................................. 86
Nadia Helena Schneider - Consequências do uso excessivo de telas por Kellen Gambato - É uma cilada!................................................................................... 87
crianças/adolescentes........................................................................................... 38 Melissa Juliane Prates e Denise Fabiana Schmidt - Cantar, dançar e barulhar é
Tanise da Costa Pereira - Gestão humanizada para além dos limites da sala só começar....................................................................................................................... 88
de aula................................................................................................................... 40 Melissa Juliane Prates, Debora K. EScobar dos Santos e Aline Pinheiro da Silva
Cassiane Lerner de Sousa - Ser escola................................................................ 41 - De onde vem os bebês................................................................................................. 89
Dulce M. Fusiger Garcia, Cristina Sturmer Knob, Kellen Gambato, Rejani Butzen, Denise Maria Maldaner, Marcos Emerim, Fabiana Kellen Gambato e Kelin Karine Kolling - Vivendo a escola respeitando o Maria Cristiane do Couto Martins - No mundo dos contos literários................... 90
Niedermeier, Juliana Zimmer, Eduardo Gabriel Sebastiany e Vanessa Orsi. meu contexto......................................................................................................... 42 Alessandra Girola - Introdução da Tecnologia a partir da Educação Infantil....... 91
Graciele Andreia Wolfart - A relação criança e professor: caminhos para Daniele Schneider e Aline Tatiane Morschell - O encantado mundo das bor-
tornar a aprendizagem significativa.................................................................... 44 boletas coloridas.............................................................................................................. 92
Alana Schuck e Letícia Luana da Rosa - Vivências e experiências: con- Maiza Luana Bauer, Tamires Schuck Kafer e Giulianna Faustini Scarpati - Uma
EXPEDIENTE Diagramação: Uirá Müller hecendo a área rural e urbana da cidade de Dois Irmãos................................. 45 amiga que conheci na escola e nunca vou esquecer.................................................... 93
Entre em Contato: Fotos: Autores, Divulgação / Imagens: Freepik.com Nérison Carlos Hoffmann e Debora Linck - A Jornada da Escola Albano 34ª Feira do Livro de Dois Irmãos - Leia, acolha & transforme - Histórias e
Rua Berlim, 240 - Centro - Dois Irmãos/RS Hansen na Implementação de um Laboratório Maker..................................... 46 memórias........................................................................................................................... 94
CEP: 93950-000 - (51) 3564-8800 Comissão Organizadora: Bruna Góis Soares de Almeida - Estudantes de 9º ano em: Professor de
seceduca@edu.doisirmaos.rs.gov.br Dulce M. Fusiger Garcia, Cristina Sturmer Knob, Educação Física por um dia................................................................................. 47
www.doisirmaos.rs.gov.br Kellen Gambato, Rejani Butzen, Denise Maria Maldaner,
Jornalista responsável: Leonardo Boufleur – 0017603/RS Marcos Emerim, Fabiana Niedermeier, Juliana Zimmer, Eduardo Gabriel Sebastiany, Vanessa Orsi Cechinatto e Ester Terezinha Re-
Revista Palavra de Educador
Revisão linguística: Instituto Superior de Educação Ivoti Eduardo Gabriel Sebastiany e Vanessa Orsi. ichert - Interdisciplinaridade: algumas reflexões................................................ 48
Secretaria Municipal de Educação de Dois Irmãos/RS.
Capa: Imagens fornecidas pelas escolas.
Vol. 1, n. 1 (dezembro 2014) Dirce Rodrigues da Silva - Razão Áurea/Número de Ouro............................. 49
Dois Irmãos: SMEDI, 2014-. v.: il.; 23x31cm Formatação: Fabiana Niedermeier e Rejani Butzen
Anual
ISSN 2358-2219
Ficha catalográfica elaborada por Maria do Carmo Mitchell Neis – CRB 10/1309 Relatos de Experiências
Claudine Angelina Buttenbender - Explorando a harmonia das sequências
Os textos presentes nesta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. recursivas através da arte africana e da matemática............................................ 50

6 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 7
Momentos de Rede 2023 Escola e Família: uma parceria
Como dizia Paulo Freire, “onde quer que haja mulheres e homens, há sempre o que fazer, há sempre o que
ensinar, há sempre o que aprender”. É assim que se constituem as nossas escolas: na coletividade que ensina e necessária!
que também aprende. Muitas são as boas experiências que surgem dessa coletividade. Os Momentos de Rede
2023 retrata essas experiências, demonstrando o quão potente e rico é o trabalho coletivo. Sabemos que tanto a família quanto a escola desempenham papéis decisivos na educação e formação da

Emocionando o cotidiano escolar


criança. Ao ingressar no ambiente escolar, faz-se necessário uma fase de adaptação, na qual os aspectos afe-
tivos, o diálogo e respeito são imprescindíveis, favorecendo a construção de vínculos. Uma boa relação entre
família e escola deve fazer parte de qualquer trabalho educativo, de modo a unir esforços em busca de obje-
tivos comuns.
Viver a escola, para nós, não significa um contexto cercado de classes, livros, cadernos e conteúdo. Viver é Envolver as famílias nem sempre é tarefa simples, por isso a escola oportuniza a participação dos pais e co-
sentir, despertar emoções e marcar memórias afetivas e efetivas. Assim, aprender deixa de ser uma ação de munidade escolar em palestras, reuniões por turma, assembleias e eventos que são oferecidos durante o ano
simplesmente adquirir conhecimento e passa a ser algo prazeroso, digno das melhores memórias. O papel letivo, visando o acesso a informações fundamentais na educação dos filhos, criando assim um elo importan-
do educador nesse processo torna-se mais o de um facilitador, que instiga, fornecendo orientações, recursos tíssimo no desenvolvimento da aprendizagem de qualquer criança. A escola tem a responsabilidade de dialo-
e suporte, enquanto os estudantes conduzem suas próprias experiências de aprendizagem ativa. Conforme gar, informar, aconselhar e encaminhar os mais diversos assuntos aos pais para que, juntos, possam promover
apontou Paulo Freire, “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. uma educação integral da criança e refletir sobre suas atitudes, envolvendo-se na vida escolar dos filhos.
O cérebro humano tem uma tendência natural a memorizar informações que são emocionalmente envol- A união família/escola gera benefício em relação não só ao processo ensino/aprendizagem, mas também
ventes. Coisas que são percebidas como divertidas, interessantes, prazerosas ou emocionantes muitas vezes na troca de informações acerca da criança, no desenvolvimento da mesma na escola e em casa. Ou seja, essa
são mais facilmente retidas na memória em comparação com informações que os estudantes consideram inter-relação possibilita compreender a atuação da criança tanto em casa como na escola, suas condutas e as
monótonas. Desenvolver as habilidades e as competências previstas em cada ano escolar através de ativida- relações que estabelece com os adultos no seio familiar (ANDRADE, 2008).
des que instiguem emoções positivas desempenha um papel importante na consolidação da memória. Uma boa comunicação entre família e escola geralmente traz bons resultados, fazendo com que os familia-
Pensar essas propostas diferenciadas e que envolvam os estudantes, para que, de fato, vivam a escola de res entendam seu papel e sua importância no processo de ensino e aprendizagem, além de deixá-los bem in-
maneira significativa é certamente um desafio que se apresenta no cenário atual, não com sentido de pro- formados a respeito da vida escolar dos seus filhos. Szymanzki (2003, p.75) reforça a convivência dos pais na
blemática, mas sim de estímulo e motivação! escola quando diz que: “Uma condição importante nas relações entre família e escola é a criação de um clima
Referências bibliográficas: de respeito mútuo – favorecendo sentimentos de confiança e competência, tendo claramente delimitados os
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996.
âmbitos de atuação de cada uma [...].”
Diretora: Cassiane Lerner de Sousa Sendo a família o primeiro contato da criança desde o seu nascimento, a base de todo o processo de for-
Vice-diretora: Bruna Fernanda Utzig Immig mação para se viver em sociedade, é indispensável que a ela seja assegurado seus direitos à vida, à saúde, à
Técnica de Apoio Pedagógico: Tanise da Costa Pereira alimentação, à educação (ECA, 1990) como primordial ao seu desenvolvimento. É na família que a criança
começa a receber a educação básica (valores, ideais, respeito, noções comportamentais e de autonomia…). A
escola torna-se assim, uma aliada da família, pois dará continuidade nesse processo educativo e introduzirá a

A Importância do Acolhimento no
formação intelectual, firmando uma parceria imprescindível para alcançar uma maior qualidade na educação
e aprendizagem.
Atualmente, percebe-se que esse entendimento está se perdendo, pois a grande maioria dos pais acreditam

Ambiente Escolar
que é responsabilidade somente da escola instruir e educar seus filhos, delegando o que seria o seu papel para
os professores. Diante dessa inversão de valores e papéis, as crianças ficam vulneráveis em meio a falta de
direcionamento dos pais que mostram-se resistentes em aceitar as propostas pedagógicas da escola em favor
de ter as suas vontades e necessidades atendidas.
Todos os dias, no ambiente escolar, acolhe-se crianças, professores e profissionais da educação como um
Escola e família sempre formaram um elo importante no desenvolvimento da aprendizagem, elo este que
todo, com uma escuta sensível e um olhar individualizado. Sabemos que em nosso dia a dia, no núcleo fami-
deve ser mantido e fortalecido nos dias de hoje. Não é intenção da instituição que os pais sejam responsáveis
liar, nas relações como um todo, vivencia-se situações que precisam ser elaboradas, e que precisam de pesso-
pelo currículo escolar e sim, que participem e estimulem aos filhos o comportamento de estudante e cidadão.
as que possam ajudar nessa elaboração. Muitas vezes percebemos alunos com diferentes reações, querendo
Já à escola cabe também uma função educativa junto aos pais, para que em colaboração mútua possam pro-
chamar a atenção de diferentes formas, ou algum professor que percebemos estar diferente em determinado
mover uma educação integral da criança. A partir da parceria Escola e Família, a criança se torna um adulto
dia. A gestão escolar tem papel fundamental nessa intervenção, tanto com alunos, como com professores,
capaz de contribuir positivamente para a construção de uma sociedade mais justa.
para que se sintam acolhidos e escutados em suas individualidades. Percebe-se que as vezes um colo, um
Referências bibliográficas:
abraço, uma palavra de carinho, para aquela criança que está se sentindo mais sozinha, já faz toda diferença. ANDRADE, L. B. P. de. Os centros de convivência infantil da UNESP: contexto e desafios.Dissertação (mestrado em Serviço Social) – Faculdade de História, Direito e Serviço Social da
UNESP. Franca, SP. 2003.
Portanto é importante compreender o outro, sabendo que todos temos sentimentos e emoções que por vezes BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90. São Paulo, Atlas, 1991.
precisam deste olhar acolhedor. SZYMANZKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. 1ª reimpressão. Brasília, Plano Editora: 2003.

Diretora: Eliane Roth Gatelli Diretora: Aline Flores Rodrigues


Técnica de Apoio Pedagógico: Cristina Vier Vice-diretora: Juliana Gallas Grawer
Técnica de Apoio Pedagógico: Kelly Simone Silveira Corrêa

8 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 9
Planejamento e reflexão: que Uma comunidade chamada escola
escola queremos construir? A aplicação das avaliações externas não é um tema novo para as escolas. O Ministério da Educação criou,
em 1988 o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e desde então, esse tipo de avaliação tem sido apli-
cado nas escolas de todo país. Alguns Estados e Municípios também criaram avaliações próprias, nos moldes
Neste ano de 2023, buscamos construir um modelo de gestão na EMEF Prof. Arno Nienow, garantindo a do Saeb, para coletarem elementos específicos de cada rede. O objetivo, no entanto, é um só: coletar dados que
eficiência nos processos administrativos e gerenciais, qualidade na atividade pedagógica de gestão da prática possibilitem a criação de políticas públicas para a educação e definir qual o direito de aprendizagem básico
docente, sempre com carinho e atenção no atendimento às famílias e orientação educacional dos estudantes. que todo aluno deve ter assegurado ao concluir cada ciclo do Ensino Fundamental e Médio.
Acreditamos no diálogo e na participação ativa da comunidade escolar, algo sempre visto nos eventos e ce- As avaliações externas, entretanto, não conseguem acompanhar o estudante de forma individual. Daí a ne-
rimônias organizados, no intuito de se construir uma escola forte e feliz, onde a prática escolar cotidiana seja cessidade das avaliações internas, que permitem que a equipe gestora e os professores possam analisar, além
prioridade e os alunos estejam sempre no centro das ações do nosso coletivo. do desempenho individual, se as práticas pedagógicas adotadas pela escola estão tendo sucesso ou não.
A prática cotidiana escolar é complexa e cheia de desafios. Exige paciência, sabedoria e humildade para Com isso em mente, a EMEF Prof Paulo Arandt pensou em criar sua própria avaliação como forma de
buscarmos acertar nas tomadas de decisão e quando acontecerem os erros e problemas, que acontecem, bus- preparar os estudantes para as avaliações externas e auxiliar os professores e a equipe gestora a pensar como
carmos aprender com as experiências e melhorarmos com elas. podemos melhorar a aprendizagem dos estudantes. O professor Ricardo Kolling da Costa foi convidado para
Ser educador, estando em sala de aula e particularmente no papel da gestão escolar, requer que busquemos organizar este projeto e foram disponibilizadas quatro horas semanais para isso. Foi criado um Drive para
ser melhores a cada dia. Como profissionais, mas sobretudo como humanos. Pois acreditamos que essa é e que a equipe gestora e o professor trocassem materiais sobre as avaliações externas, como referencial teórico
sempre deve ser a razão de ser da educação na escola: sermos humanos melhores, ajudarmos familiares e for- e modelos de provas anteriores.
marmos estudantes para que esses também possam ser seres humanos melhores em nossa sociedade. O professor elaborou, em um primeiro momento, provas para as turmas de 5º e 9º anos com um total de
Estamos em um processo de construção. Temos um projeto de escola, o qual buscamos consolidar na re- 10 questões de Língua Portuguesa e 10 questões de matemática, seguindo a matriz de referência que indica
lação com a comunidade escolar representada pelo Círculo de Pais e Mestres e Conselho Escolar, tendo em as habilidades que devem ser avaliadas em cada etapa da escolarização, mais especificamente, os elementos
vista a (re)formulação do Projeto Político Pedagógico no ano de 2024. que descrevem as habilidades trabalhadas nas avaliações, os chamados descritores. Ao elaborar as provas,
Acreditamos na retomada e valorização das culturas e tradições de nosso município de Dois Irmãos e região o professor também elaborou o gabarito no qual constavam os descritores exigidos em cada questão. Isso
do Vale dos Sinos, ao mesmo tempo em que seja assegurado o espaço à pluralidade e diversidade em todos os auxiliou na hora de passar os resultados para os professores, pois foi possível verificar qual habilidade estava
sentidos: de pensamentos e concepções pedagógicas, de etnias/raças e crenças religiosas, de modos de viver e consolidada e qual precisaria ser mais trabalhada. A análise deste descritores possibilitaram também apontar
ser em nosso meio, desde que com respeito e tolerância com o diferente. habilidades que não estavam previstas no documento orientador do município, o DOC/DI.
Tendo clareza da nossa missão de bem representar nossa mantenedora e o território educacional de Dois Como o resultado era individual, foi possível verificar se os estudantes com desempenho baixo estavam
Irmãos, sempre com foco nos interesses e razões da população que atendemos, a Escola Arno se oferece como sendo atendidos de alguma forma pela escola, com aulas de reforço, por exemplo. Os alunos que possuem
um espaço que busca se qualificar no ensino ofertado, na formação cidadã de nossas crianças e adolescentes, laudo e aqueles com dificuldades já reconhecidas, mas que ainda estão em processo de investigação, tiveram
nas condições de trabalho oferecidas aos docentes e demais profissionais que aqui atuam. tratamento diferenciado e realizaram as provas em uma outra sala e com o auxílio de um profissional que fez
Um espaço que se busca acolhedor, de afeto, carinho e esperança! a leitura da prova para eles.
Como a escola entende que a caminhada de um estudante no espaço educativo é o resultado de anos de
trabalho de cada profissional que atendeu aquele indivíduo, elaborou-se uma formação sobre as Avaliações
Externas para todos os professores da escola, momento em que o professor responsável pelo projeto pode
apresentar a metodologia utilizada e os resultados da primeira aplicação, proporcionando um debate que
convidou a todos a se corresponsabilizarem pelo processo e por garantirem o direito de aprendizagem de cada
criança e jovem.

Diretora: Andréa Maleski dos Santos


Diretor: Gerson Kolling Vice-diretora: Luciana Maria Schabarum Acker
Vice-diretora: Márcia Catieli Oberherr Técnicos de Apoio Pedagógico: Tathiana de Farias Mueller e Leandro Alex
Técnicos de Apoio Pedagógico: Marcos Elias Emerim e Sandra Regina B. Becker Heckler

10 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 11
EMEF Professor Matheus Grimm: Brincar e interagir com e na
onde a educação acontece natureza: viver a escola
A escola municipal de ensino fundamental Professor Matheus Grimm é o lugar onde a educação acontece. Nossa escola concebe a criança como um ser curioso, explorador nato, que pede movimento, que quer
Nela são proporcionadas experiências e vivências para o desenvolvimento de aprendizagens. A relação, inte- aprender e tem um jeito próprio de fazer isso brincando. Esta concepção somada às nossas concepções de
ração e cooperação entre todos é a base para a construção de vínculos que auxiliam no desenvolvimento dos educação e as leis/normas que orientam a educação infantil nos fazem organizar nossa prática pedagógica
educandos e educadores no espaço educativo. prevendo tempos maiores de integração das crianças com e na natureza.
O acolhimento do ser humano, crianças, adolescentes e adultos, considerando às suas especificidades, torna O brincar e o interagir, com seus pares, na e com a natureza beneficia imensamente as crianças, possibili-
o ambiente mais humano, não deixando de realizar os encaminhamentos necessários para a evolução de cada tando exercer sua pulsão de explorar, indo além, buscando novos desafios, aprendendo a avaliar e lidar com o
cidadão. risco, com o imprevisível, ao mesmo tempo que desenvolve e aprimora suas habilidades intelectuais, emocio-
A inclusão de alunos com alguma deficiência, transtorno de aprendizagem ou dificuldade de aprendizagem, nais, sociais e físicas. Este brincar e interagir se dá nos espaços externos, mas principalmente na área verde da
está presente na nossa escola, pois desde a educação infantil até o último ano do ensino fundamental, estamos nossa escola, denominada, carinhosamente, pelas crianças de “floresta”. É comum vermos as crianças subindo
atendendo crianças e adolescentes com alguma situação específica, o que está sendo um grande desafio para em árvores, mexendo na terra, brincando com as folhas, galhos, sementes, insetos, água; aproveitando sua
os educadores, que não estão medindo esforços para promover aprendizagens essenciais para a vida de cada infância de forma saudável e feliz - próximo ao que viveram seus pais e avós.
estudante. A troca de experiências e vivências na própria escola, assim como o apoio de parceiros, está auxi- Essa interação e brincadeira também tornam-se ações concretas de educação ambiental ao propiciar a cria-
liando os educadores na mediação com os alunos. ção de vínculo, de afeto e cuidado da criança com a natureza, afinal é mais provável que tu preserve o que tu
Na escola também estamos avançando no uso da tecnologia, disponibilizando para os nossos professores aprendeu a amar.
recursos, ferramentas e materiais que estão tornando as aulas mais motivadoras, facilitando a aprendizagem.
A escola tem um papel social na comunidade, de promover a educação e todos os profissionais não estão Diretora: Eloiza Aparecida Wilhelms
medindo esforços para o alcance dos seus objetivos enquanto instituição. Vice-diretora e Técnica de Apoio Pedagógico: Elisangela Rossetto Juriatti
Diretora: Gladis Marli Haas
Vice-diretora: Natália Madalena Grendoski

Mostra de projetos de Pesquisa:


Técnica de Apoio Pedagógico: Vanderléia Alles Linck

um universo a ser desvendado


Noite Literária A escola tem, integradas a seu cotidiano, ações já consolidadas, pensadas e discutidas no coletivo que dina-
mizam o trabalho pedagógico e contribuem com o desenvolvimento da aprendizagem das crianças e dos estu-
dantes. Dentre as ações consolidadas e incorporadas ao cotidiano da escola encontra-se a Mostra de Projetos
Com o intuito de promover a leitura, a qual consideramos muito importante na formação dos nossos es-
de Pesquisa que contribui com ações individuais e coletivas pautadas na autonomia, com tomada de decisão a
tudantes, temos uma bela caminhada com eventos literários aqui na Escola Primavera. Desde 2012, além
partir de princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários, que visem entender a realidade
de participar da Feira do Livro, organizada pela SMEDI/Administração Municipal, promovemos algo que
e colaborar para a oferta de uma educação de qualidade social.
aproxime o estudante do(a) escritor(a). Muitos nomes conhecidos e que agradam nosso público já passaram
A Mostra de Projetos constitui o fechamento de uma caminhada de pesquisa como princípio educativo e de
por aqui.
investigação, estimulada pelos educadores e construída pelas crianças e pelos estudantes da escola. Ela ocorre
Neste ano, na nossa 2ª Noite Literária, tivemos a honra de receber o ecritor Caio Riter, que conversou com
uma vez por ano com data pré definida, através da exposição e apresentação (aberta à comunidade) no giná-
estudantes, seus responsáveis e nossos professores. A espera pela visita do Caio rendeu boas leituras e traba-
sio da escola dos trabalhos de pesquisa realizados.
lhos magníficos, que decoraram nosso espaço escolar no dia 25 de agosto. Além desses trabalhos cada turma
O resultado da Mostra de Projetos de Pesquisa deste ano superou as expectativas da escola, demonstrando
preparou uma linda apresentação.
um grande avanço na qualidade dos trabalhos apresentados, resultado da dedicação, esforço e comprometi-
Realizamos esse tipo de atividade por acreditarmos que através da leitura nossos estudantes ampliam o
mento dos estudantes e dos educadores. Esta vivência abre novas portas às crianças e estudantes uma vez que,
vocabulário, conhecem novas culturas e costumes e podem viajar à vontade por diversos lugares e com inú-
neste ano, os trabalhos melhores avaliados receberam como premiação o credenciamento a MOSTRATEC
meros personagens.
Júnior, coroando ainda mais o belíssimo trabalho desenvolvido.

Diretora: Daniele Simone Arndt


Diretora: Estefania da Silva Goulart Vice-diretora: Roberta Stoffel Callai
Vice-diretora: Melissa Knüppe Técnica de Apoio Pedagógico: Minéia Taís dos Santos
Técnicas de Apoio Pedagógico: Angela Griebeler e Karina Rossa

12 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 13
A parceria que fortalece A educação que transforma
“É necessária uma aldeia inteira, para educar uma criança”, como diz o provérbio africano, as pessoas apren- A escola deve representar a vida presente. Os desafios impõem à escola uma postura diferente, diante da
dem e se educam a partir dos valores familiares, mas também de acordo com valores sociais da comunidade formação de seus estudantes.
onde vivem e se relacionam. Nesse contexto, a escola assume papel primordial, de conciliar os valores fami- No contexto de uma escola atual, tudo aponta para uma metodologia de trabalho flexível, na qual aprender
liares e sociais, preparando, a partir das vivências cotidianas, cidadãos resilientes, empreendedores e criativos, a selecionar informações é fator essencial para a organização do conhecimento. Além de consolidar a apren-
capazes de transformar situações adversas em oportunidades para o bem estar de todos. dizagem e de se afinar com as orientações educacionais.
Na EMEI Jardim da Alegria, organizamos espaços colaborativos entre professores, pais e gestão, de forma a Sendo assim, o professor é o centro da construção da aprendizagem do estudante. Cada vez mais, o papel
oportunizar às crianças, momentos e vivências baseados em problemáticas reais, mas que priorizem o desen- afetivo do professor chama a atenção no processo de formação para a vida e para o trabalho.
volvimento de uma consciência de cuidado com a vida pessoal, social e planetária. Preservar boas relações, O educador atual, além da consolidação de aprendizagens, também aprofunda com os estudantes um exer-
estimular trocas constantes entre escola e famílias, favorece este processo. Assim, a Gestão Escolar oportuniza cício de reflexão sobre fatos, comportamentos, acontecimentos cotidianos, planos, metas, frustrações, senti-
espaços de troca, reflexão e diálogo entre os professores, em reuniões formativas e Conselhos de Classe, para mentos, escolhas, consequências, começos e recomeços.
organizar propostas de encaminhamento e ajuda no processo de desenvolvimento de cada criança. Além dis- O educador deve buscar sempre se qualificar, a fim de obter uma formação crítica e mais humana, que
so, os pais são convidados e já possuem a prática de se dirigirem à escola para conversar e construir junto com possibilite ao educando a capacidade de refletir sobre temas do seu próprio cotidiano, fazendo deste um ser
os profissionais da escola, estratégias de organização de rotinas, apoio sócio emocional com profissionais es- capaz de transformar sua própria vida. “Educação é um processo de vida, e não uma preparação para a vida”.
pecializados e trocas de experiências com os professores para qualificar o processo educativo dos seus filhos. E isso requer tempo, e tempo de qualidade, investido na nobre missão de educar.
Uma comunidade que estuda e aprende, tem melhores condições de educar. Por fim, o tempero principal de
todo esse trabalho é o comprometimento, cuidado e carinho que os profissionais dedicam a cada criança.
Fruto disso, são espaços saudáveis para o desenvolvimento e educativos por si só. Onde cada criança se de-
senvolve, com boa autoestima, em segurança física e psicológica, onde todos se relacionam, independente das
limitações de parentesco e do convívio na comunidade.

Diretora: Ana Liliam Siebert Hausmann Esswein


Vice-diretora: Maria Patricia Stoffel Kolling
Técnico de Apoio Pedagógico: Leandro Alex Heckler

Espaço Verde: um ambiente de


aprendizagem e diversão
A Escola Albano Hansen apresenta um ambiente diferenciado, carinhosamente batizado através de uma
votação feita com toda a comunidade escolar de Espaço Verde, que se destaca por proporcionar aos nossos
alunos inúmeras experiências e vivências em contato com a natureza, incluindo benefícios para o bem-estar,
recreação, aprendizado e incentivo à preservação do meio ambiente.
No nosso Espaço Verde, desenvolvem-se atividades práticas, através das quais os alunos podem estudar
ecossistemas, botânica, ciência ambiental e agricultura, entre outros tópicos. Alguns alimentos são prove-
nientes da nossa própria horta e utilizados na merenda escolar, assim como chás, temperos e frutas. Além dis-
so, a natureza estimula a criatividade e a imaginação das crianças, e o contato com ela permite que os alunos
sintam-se mais inspirados e motivados.
No Espaço Verde encontra-se uma vegetação nativa envolvida por áreas de recreação utilizadas em diversos
momentos, inclusive nos recreios, como a casa da árvore, balanços, gangorras, mesas e bancos, estrutura para
ginástica (barras, argolas e trapézio), slackline e escalada de cordas. Nós, da escola Albano Hansen, traba- Referência bibliográfica:
DEWEY, 1897). MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 3ª ed. São Paulo: Cortez, Brasília, 2001. P.56.
lhamos para que espaços como esse sejam bem cuidados, explorados e, principalmente, usados de maneira
espontânea, lúdica e educativa.

Diretor: Nérison Carlos Hofmann Diretora: Fabiana Lopes Volz Rasche


Vice-diretora: Débora Linck Vice-diretora: Graziele Oliveira Martins
Técnica de Apoio Pedagógico: Camila Santos Técnica de Apoio Pedagógico: Dirce Rodrigues da Silva

14 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 15
Núcleo de Apoio às Escolas Gestão e ação no PROJETO
O Núcleo de Apoio às Escolas - NAE compõe uma equipe interdisciplinar, cuja atuação se constitui na
assessoria e suporte para as escolas. No NAE, vivenciamos “UM JEITO DE VIVER ESCOLA” ímpar, pois
GLOBAL: um olhar além da escola
nosso trabalho visa dar suporte aos professores, alunos, equipe técnica, direção e às famílias, trabalhando
diretamente com a comunidade escolar. Nosso desempenho, em especial, objetiva promover e potencializar a A palavra gestão nos remete a: pensar, articular, planejar, conciliar, executar, calar e falar...determinar.
capacidade de aprender do educando, bem como fortalecer suas habilidades e competências. Estar a frente de uma equipe vai muito além de ter uma portaria e fazer acontecer. A gestão necessita de
Os profissionais do NAE, quando solicitados pela equipe diretiva, circulam nas escolas para intervir em sensibilidade, comprometimento, entrega, paciência, resiliência e se valer da razão.
situações em que os estudantes estão envolvidos. Participam da Microrede e auxiliam nos encaminhamentos A gestão do Global envolve muitas pessoas, com demandas, visão de mundo, conhecimentos, experiências
para profissionais da área da saúde, quando verificada a necessidade. e perspectivas diferentes. No Projeto Global, significa olhar para 440 crianças, do 1º ao 6º ano. Envolve ges-
No âmbito da Psicologia Escolar, busca-se promover intervenções que proporcionem o desenvolvimento de tar serventes responsáveis pelo café da manhã, almoço, lanche da tarde e higiene diária. E os profissionais da
forma integral, incluindo fatores emocionais, cognitivos e relacionais. Para este fim, a família e toda a comu- educação que são desafiados a pôr em prática todas as suas habilidades, pois o contraturno não é escola, é
nidade escolar é envolvida. São realizados encontros individuais e familiares, assim como visitas nas escolas, complementação curricular, onde se oportuniza o conhecimento de forma lúdica, prazerosa e significativa.
onde são desenvolvidos projetos e intervenções, juntamente, com as equipes. Reuniões com outros serviços Ao Projeto Global não cabe o ritual de escola, mas uma proposta que visa alcançar as competências ge-
da Rede (CAPS, UBS, CT, CREAS) também são realizadas pretendendo promover diferentes olhares e saberes rais para a Educação Básica previstas na BNCC. Somos diferentes, e para tal, existe uma Associação de pais
para o melhor benefício do aluno. Além disso, atualmente, os seguintes projetos estão sendo disponibilizados denominada APEG que por meio de suas contribuições permite a contratação de oficineiros e recursos
para as escolas, a fim de proporcionar a todos os alunos o acesso a temas importantes relativos à Saúde Men- pedagógicos que garante o diferencial, como música, robótica, ginastica, arte, horta, ju jitsu, culinária…
tal: “Saúde Mental na Adolescência” e “Relações respeitosas e bullying na escola” A sensibilidade desta gerência cabe a equipe gestora, que deve ter em seu DNA a inquietude e a perspicácia
O foco do trabalho Psicopedagógico são os processos de aprendizagem, assim como, suas dificuldades e das demandas da sociedade.
limitações inerentes. Visando decifrar a origem destas, que pode ser social, física e mesmo emocional, a oferta
deste apoio conta com a parceria da Apae e também da empresa conveniada ADDE que, além de avaliar a
criança/estudante no seu desenvolvimento e desempenho cognitivo, auxiliam nas intervenções.
Já a Fonoaudiologia Educacional apoia com atuações de: promoção e prevenção da saúde fonoaudiológica
à comunidade escolar, desenvolvendo ações facilitadoras, enriquecedoras e inclusivas para melhor comu-
nicação e processo de aprendizagem; triagens e avaliações no ambiente escolar e no NAE, a fim de identi-
ficar como estão os diferentes aspectos relacionados a comunicação, linguagem oral e escrita dos alunos e
das turmas, bem como acompanhamentos, nos quais busca-se acolher e dialogar com as pessoas e serviços
envolvidos, para que juntos possamos fazer intervenções. Essas costumam ser reuniões interdisciplinares,
acompanhamento individual ou em grupos de alunos, e encaminhamentos a outros profissionais da educação
e/ou da saúde, assim como encaminhamentos a Fonoaudiologia Clínica para tratamento de demandas mais
complexas.
O NAE também oferta Projetos Multidisciplinares:
- Projeto “Desenvolver Bem” (para pais de crianças da Educação Infantil) e
- Projeto: “Amparo ao Monitor” (Suporte e acolhimento aos monitores das escolas).
Articular ações de acolhimento, apoio, avaliações e orientações direcionadas à melhoria do desenvolvimen-
to cognitivo, emocional e social dos educandos e a toda comunidade escolar é o “Nosso jeito de viver escola”.

Diretora: Lea Eudes Reis Henrichsen


Técnica de Apoio Pedagógico Nadia Helena Schneider Vice-diretora: Jaqueline Dieter
Fonoaudiólogas: Carolina Louise Cardoso e Juliana Cardoso Rodrigues Técnica de Apoio Pedagógico: Ana Paula Zanella
Psicóloga: Mariana Rosa da Silva

16 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 17
Momentos Secretaria Municipal de Educação Com o apoio da Administração Municipal, Secretaria de Educação, professores de Informática Educati-
va, empresas parceiras e comunidade escolar, a EMEF 29 de Setembro organizou o I Festival de Inovação,
Denise Maria Maldaner
Ciência e Tecnologia, evento para incentivar o protagonismo dos estudantes, apresentando possibilidades
para identificar oportunidades e desenvolver ideias criativas e inovadoras.
Secretária da Educação Que essa jornada continue a ser permeada pelo espírito do amor, inspirando a cada um de nós a dar o

Setor Pedagógico
melhor de si e a fazer desta escola um lugar verdadeiramente especial.
Com gratidão, Setor Pedagógico.
Celsi Lambrecht Richter, Denise Maria Maldaner, Dulce Maria Fusiger Garcia, Fabiana Niedermeier, Raquel
Machado Leite, Rejane Maria Atz Juver, Rejani Butzen, Priscila de Lima, Ivana Soligo Collet, Cristina Stoffel
Görgen e Juliana Zimmer.

A educação é a chave para o desenvolvimento humano e o alicerce sobre o qual construímos um futuro
de possibilidades. Mais do que um processo, ela é um caminho para a descoberta, a compreensão e o cres-
cimento contínuo.
A escola, nesse contexto, não é apenas uma instituição física, mas um ambiente dinâmico que inspira a
aprendizagem em todas as suas formas. É um lugar onde as crianças e estudantes desenvolvem habilidades
essenciais, como pensamento crítico, criatividade, colaboração e resiliência. A verdadeira educação vai
além das salas de aula; ela se estende às interações diárias, moldando não apenas o intelecto, mas também
o ser como um todo.
Viver a escola como um modo de vida implica em cultivar uma comunidade educativa onde todos os
membros - crianças, estudantes, educadores, pais/responsáveis e funcionários - se envolvam ativamente no
processo de aprendizagem. Essa abordagem fomenta um ambiente de apoio e crescimento mútuo.
A educação transcende as fronteiras da escola e se integra à vida cotidiana. A curiosidade torna-se um Setor do Transporte
hábito, a busca pelo conhecimento uma paixão. Os desafios são encarados como oportunidades de apren- Anencir Fröhlich, Gabriela Felix da Trindade, Luciano Banachoki, Rogério Medinger e Vilmar Augusto
dizado, e a colaboração é vista como uma ferramenta essencial para o progresso. Hanzen Back.
Para evoluirmos na trajetória pedagógica, o Setor Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Encerramos o ano de 2022 com a aquisição de mais um ônibus escolar, com capacidade para 59 passageiros
Dois Irmãos - SMEDI, fomentou a formação continuada dos profissionais, através das formações do SE- e que também conta com acessibilidade. Com isso, dispomos de 04 veículos, sendo que até o presente mo-
BRAE:Desenvolvimento de competências sócio-emocionais, Protagonismo, ética e colaboração, Educando mento haviam apenas 03 motoristas. Sabendo da necessidade do município para o transporte das crianças e
para o empreendedorismo e projeto de vida, Programas de Escolares em parceria com a Sicredi Pioneira: estudantes, era preciso um novo motorista para darmos conta desta demanda.
Programa a União Faz a Vida, Cooperativa Escolar, Educação Financeira na Ponta do Lápis, , ofertou a Por isso, com o aumento de alunos que precisam do transporte para se deslocar até as escolas, além do au-
formação dos Primeiros Socorros, Lei Lucas socorros de urgência, e a Visualidades Afro-brasileiras e In- mento de contraturnos conveniados, começamos o ano de 2023 com um novo motorista. Assim, tivemos um
dígenas na Educação Básica. Podemos ainda salientar, que a grande maioria das escolas da rede municipal. aumento do número de alunos transportados com os veículos próprios.
Os professores do AEE - Atendimento Especializado ao Educando e monitoras, receberam formações es- Através do transporte escolar, foram feitos muitas saídas de estudos, transporte para a Feira do Livro e
pecíficas sobre assuntos pertinentes à inclusão. Olimpíadas Escolares, tanto da rede municipal, como da rede estadual e particular, além de alunos da Funda-
As formações disponibilizadas para os profissionais neste ano, permitiram que cada um aprendesse e ção Assistencial de Dois irmãos (FADI). Também foram abastecidas todas as escolas da rede municipal, com
aplicasse no seu dia. E para fazermos um jeito diferente de viver na escola, precisamos estar abertos para estrega de carnes, produtos de limpeza, materiais de expediente e mobílias.
cada interação, cada descoberta, contribuindo para a nossa jornada educacional contínua, transformando
a escola em um farol que guia a busca pelo conhecimento.
Na busca constante de olhar para nossas crianças e estudantes, o Setor Pedagógico acompanhou o proces-
so de aprendizagem com o auxílio dos indicadores de aprendizagem e o diálogo constante com os profissio-
nais da educação nas escolas. A escuta sensível com as equipes gestoras também proporcionou momentos
de trocas e construções pedagógicas.
O Setor Pedagógico também conta com a parceria do Núcleo de Apoio às Escolas - NAE, o qual auxilia na
demanda que temos na rede municipal através de atendimentos especializados. O NAE tem a coordenação
da técnica de apoio pedagógico da SMEDI e conta com profissionais de psicologia, fonoaudiologia e psi-
copedagogia que auxiliam no desenvolvimento cognitivo dos educandos que necessitam de atendimento
especializado.
Além disso, as turmas da Educação Infantil de todas as escolas receberam brinquedos novos, os quais
proporcionaram novas interações e aprendizagens significativas para as crianças. Ainda, foi ofertado nas
EMEIs, aulas de Informática Educativa para crianças de 4 e 5 anos, através do uso dos Chromebooks e as
aulas foram ministradas por uma professora concursada na área.

18 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 19
Setor de Desporto
Astério Luís Mombach

PROJETO ATLETISMO SUPERAÇÃO DE DOIS IRMÃOS

O esporte é um direito de todos, sendo valioso instrumento de transformação social, Através do esporte que
se pode conseguir uma melhora significativa nas atitudes do aluno e por consequência, um melhor aproveita-
mento escolar e muitas vezes reconhecendo que o esporte pode representar uma grande chance em sua vida.
Assim a Administração municipal de Dois Irmãos, através do Departamento de Desporto, conseguiu criar o
Projeto SUPERAÇÃO de Atletismo, tendoa Instituição Evangélica de Novo Hamburgo IENH, como parceira
deste projeto já que é referência regional no Atletismo Escolar.
O Programa de Atletismo Dois Irmãos tem os seguintes objetivos:
- fornecer oportunidade de aprendizagem dos fundamentos da MODALIDADE ATLETISMO, trabalhando
atividades para o desenvolvimento psicofísico-social de crianças e adolescentes do município de Dois Irmãos/
RS, através da prática de Atletismo de forma orientada e com acompanhamento técnico. A implantação deste
Projeto visa fortalecer e potencializar as atuações de jovens atletas do município de Dois Irmãos por meio

Setor de Alimentação Escolar


da realização de atividades esportivas com foco no Atletismo, contribuindo para a criação de condições e
oportunidades a fim de que todos os jovens do município possam desenvolver o seu potencial como pessoas,
cidadãos e futuros profissionais, utilizando as atividades esportivas como o foco principal de todo esse desen- Rodrigo Dapper e Fabiane Möller Borges.
volvimento humano. Através dos resultados, pretende-se desencadear um processo motivador de continuida-
de deste projeto com objetivos a longo prazo de contribuir para o desenvolvimento de uma cultura esportiva Neste ano, um dos destaques da alimentação escolar é a inovação por alimentos in natura na base das
de qualidade no município. refeições oferecidas nas unidades educativas do Município de Dois Irmãos. Desta forma, destacaram-se
- Propiciar às crianças e adolescentes da rede de ensino de Dois Irmãos, no turno contrário escolar o desen- as barrinhas de cereal produzidas pelas serventes de escola da E.M.E.I. Jardim da Alegria, que atualmente
volvimento de um conjunto de práticas esportivas saudáveis através de um ambiente de relações construtivas, atende crianças de 0 a 5 anos de idade. O desafio proposto e bem aceito pelas servidoras e alunos, contem-
possibilitando seu desenvolvimento atlético e seu crescimento como cidadão ciente de suas responsabilidades plam mix de sementes, amendoim, granola, cereal, castanha, aveia, banana, uva passa, açúcar mascavo e
e com perspectivas de futuro melhor. mel. A preparação é totalmente manual. Os hábitos saudáveis através da educação alimentar e nutricional
- Desenvolver o lado psicomotor através de um jogo e técnicas de treinamentos avançadas, utilizando uma são incentivados nas escolas, para que permaneçam e estejam presentes no cotidiano das crianças e de suas
metodologia especialmente elaborada para isto. famílias, para a vida saudável de todos.
- Aceitar e conhecer as regras de Atletismo.
- Conscientizar as crianças e jovens que a maior vitória não está em ganhar as provas e sim em manifestar
se maior potencial físico, técnico, tático e humano.
- Utilizar estratégias pedagógicas para o crescimento natural das crianças e jovens.
- Fazer novas amizades que lhes permitam desfrutar deste esporte com elas.
- Formar pessoas e transmitir valores.
Assim, a implantação deste Projeto visa fortalecer e potencializar as atuações de jovens alunos/atletas do
município de Dois Irmãos por meio da realização de atividades esportivas com foco no Atletismo, contribuin-
do para a criação de condições e oportunidades a fim de que todos os jovens do município possam desenvol-
ver o seu potencial como pessoas, cidadãos e futuros profissionais, utilizando as atividades esportivas como o
foco principal de todo esse desenvolvimento humano.

20 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 21
A 34ª Feira do Livro: memórias Débora Juliana da Silva
Professora e Coordenadora Pedagógica
Escola de Educação Infantil Bruxinha Faceira

Entre 23 e 29 de outubro de 2023, conhecer novos professores, con- e 2008, do qual resultaram várias
realizou-se, em Dois Irmãos, a 34.ª versar com estudantes ativou a publicações e que obteve à época,
Feira do Livro. Para mim, o even- memória, trazendo lembranças entre outras distinções, o prêmio
to veio revestido de um sabor es- de minha atuação como professor Gestor Público. Vários docentes
pecial: fui o patrono. A escolha,
feita de forma democrática entre
em Dois Irmãos, em especial, as
ações em prol da leitura do texto
declararam que a proposta conti-
nua viva na escola, o que, obvia- A pesquisa científica na educação infantil
os docentes, teve como motivação literário. Muitas dessas lembran- mente, me deixou muito feliz. Algo
não só minha produção ficcional ças pude compartilhar com meus que persiste por duas décadas, com É sabido que a Educação Científi- vam noções e conhecimentos cientí- lacionar as características dos planetas
e acadêmica, mas todo o trabalho interlocutores durante a semana certeza, tem sua relevância. ca é uma metodologia/conhecimento ficos dentro das suas possibilidades. com fenômenos do dia-dia delas. Por
desenvolvido na rede municipal da Feira. Enfim, foram muitas as expe- abordado pelo ensino de Ciências da No projeto de estudo desenvolvido exemplo: estudamos os planetas Júpi-
entre 1991-2012, como professor, Quando cheguei aqui, no final riências durante minha atuação Natureza. Demo (2011) afirma que a com uma turma de Pré (5 e 6 anos) ter e Saturno considerados os gigantes
própria vida como tal, já nos estabele- não foi diferente, o tema de interesse gasosos e para que a criança pudesse
diretor, coordenador de projetos, dos anos de 1980, Dois Irmãos já como professor da rede munici-
ce algum tipo de conhecimento. O co- das crianças foi o Espaço Sideral, en- ter uma aprendizagem significativa,
atuações sempre pautadas pela possuía uma biblioteca munici- pal e múltiplas as lembranças da- nhecimento científico está vinculado à volvendo o conhecimento de todos os relacionamos com os estados físicos
defesa da leitura e da literatura. pal com acervo considerável e um quela época. Pude revivê-las nes- adaptação dos fenômenos da natureza planetas, bem como as estrelas e anéis. da água, uma observação de uma cha-
Entretanto, fiz questão de compar- bom número de frequentadores. sa semana da 34.ª Feira do Livro à sociedade e aos interesses humanos, Dentro deste tema o conhecimento leira de água fervendo já proporcionou
tilhar a honra e a alegria da distin- As escolas municipais, entretanto, e compartilhá-las com o público. controlando-os, preservando-os, ou científico foi abordado a cada pergun- uma noção de como seriam os plane-
ção com todos os que me acompa- embora possuíssem, cada uma, sua Por isso agradeço, imensamente, transformando-os, de acordo com as ta/dúvida da criança. As atividades fo- tas gasosos.
nharam na caminhada: prefeitos, pequena biblioteca, precisavam de a todos os que participaram da necessidades, tendo em vista à solução ram lúdicas e os planetas foram as pri- Observou-se no encerramento do
vice-prefeitos, secretários, colegas, atenção especial. É nesse contexto minha caminhada como profes- dos problemas que vão surgindo ao meiras descobertas delas, uma vez que, projeto que as crianças criaram um
funcionários das escolas, estudan- que iniciamos um movimento co- sor da rede municipal, aos que longo de sua evolução, adequando-se precisaríamos que elas tivessem um certo engajamento para a pesquisa,
tes e comunidade em geral. A bus- letivo em prol da literatura, afinal, reconheceram o meu trabalho e como referência para uma visão de conhecimento prévio para o aprofun- relacionando a todo tempo, fenôme-
ca por uma educação de qualidade, como bem defende Antonio Can- me elegeram como patrono, aos mundo coerente e objetiva (GERAL- damento das características de cada nos do cotidiano com possibilidades
DO, 2009). um. O processo de conhecimento se existentes. Percebeu-se então que a
por uma cidade leitora, não foi um dido, ela é um “bem incompres- que me acolheram calorosamente
Na educação infantil a metodologia deu a partir da imaginação da criança. educação científica quando abordada
empreendimento individual; mui- sível” (Candido, 2004, p. 74), ou nos diversos espaços, desde minha de projetos de estudos é muitas vezes Ela entrava no foguete (que foi confec- de forma lúdica e concreta faz desper-
to pelo contrário, foi um projeto seja, aquele que não pode ser ne- escolha, até o último dia de feira, abordada para desenvolver os objeti- cionado com a turma), usava seu ca- tar possibilidades de respostas a aquilo
coletivo. Muitos e muitos atores gado ao ser humano. A literatura, aos que compartilharam comigo vos propostos pela legislação nacional. pacete e imaginava onde iria pousar, que muitas vezes a criança não conhe-
sociais, desempenhando as mais concordamos com ele, “age com o momentos de paixão pelas histó- Muitos desses projetos apresentam fazendo com que o destino de pouso, ce, buscando a pesquisa como meio de
variadas funções no município, fo- impacto indiscriminado da vida e rias e memórias, seja nas escolas, temas voltados ao mundo natural, fa- fosse o objeto de estudo da semana. O alcançar uma resposta.
ram decisivos para a construção de educa como ela – com altos e bai- seja na praça. Um agradecimento zendo com que as crianças desenvol- projeto proporcionou às crianças, re-
uma educação da qual hoje Dois xos, luzes e sombras” (Candido, especial ao prefeito, Sr. Jerri Adria-
Irmãos pode se orgulhar. 2002, p. 83). O resultado das ações ni Meneghetti, ao vice-prefeito, Sr.
Nesses dias de Feira, visitei as foi muito positivo, e as bibliotecas Juarez Stein, à secretária de edu-
doze escolas municipais e, em escolares deram um salto de quali- cação, Denise Maria Maldaner e
cada uma, pude ver o quanto o dade. Muitas delas, passaram, in- sua equipe, ao Comitê Lies, pelo
município aposta e investe na edu- clusive, a abrir suas portas para a acolhimento e atenção, a mim e a
cação. A estrutura delas é invejá- comunidade em geral, democrati- minha família, durante todo o pe-
vel; as bibliotecas, localizadas em zando ainda mais o acesso ao livro. ríodo que envolveu a realização da
espaços adequados, aconchegan- Além das ações voltadas especi- Feira.
tes, apresentam excelente e quali- ficamente para a qualificação das Por fim, desejo muito sucesso a
ficado acervo, o que evidencia que bibliotecas, também relembrei e todos, e que a leitura e a literatu-
há uma política de investimento compartilhei com colegas profes- ra continuem recebendo sempre
no livro e na leitura. sores outra experiência memorável atenção especial. Que venha a 35.ª
A realidade que encontrei foi – o Carrossel de Letras. Foi um pro- Feira do Livro!
envolvente. Visitar as escolas, re- jeto de valorização da leitura e da
encontrar antigos colegas da rede, literatura, desenvolvido entre 2003

Ernani Mügge
Doutor em Literatura Brasileira, Portuguesa e Luso-Africana, com pós-doutorado em Cultura e Literatura. Pesquisador e professor do curso de Letras e do
Programa de Pós-graduação em Processos e Manifestações Culturais e dos cursos de Letras do Instituto Superior de Educação Ivoti.

Referências bibliográficas: Referências bibliograficas:


CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: Textos de intervenção. Seleção, apresentações e notas de Vinícius Dantas. São Paulo: Duas Cidades/Editora 34, 2002, p. 77-92. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 9 ed. São Paulo: Autores Associados, 2011.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. Rio de Janeiro: Duas Cidades/Ouro sobre Azul, 2004, p. 171-193. GERALDO. Antonio C. H. Didática de Ciências Naturais na Perspectiva Histórico Crítica. Campinas: Editora Autores Associados Ltda., 2009.

22 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 23
Djeni Kelly Knorst Lang Patrícia Scheidt Alles
Professora de Educação Infantil Diretora de Escola

Thuany Milena Heinzmann


Escola de Educação Infantil Bruxinha Faceira

Professora do Projeto Teatro


Espaço Aflorar Contraturno Escolar

Vivenciando a identidade: Aflorando o desenvolvimento:


conhecendo nosso ser a contribuição do contraturno escolar na
Identidade pessoal é um dos que-
sitos mais importantes para nos sen-
formação de um cidadão crítico e participativo
tirmos pertencentes ao mundo. A
construção da identidade acontece
O Contraturno Escolar é um grande Nada garante que o professor mude despertar a motivação pessoal é mo-
a partir das relações que a criança
aliado à escola regular. O aluno apro- a vida de todos, apenas tentar e saber tivação; ver o invisível é visão; tornar
estabelece com os grupos com que
veita do momento pós aula – que por que um único aluno está melhor por visível o invisível é criação; fazer o im-
convive. Quanto mais intensas essas
vezes é desperdiçado com coisas in- uma palavra sua dita na hora certa, já possível é crescimento;” (RUDMIK,
interações, maior o impacto sobre a
significantes – para ter vivencias que é o suficiente. Projetar é tentar... tentar 2015, p. 44). Fazer o impossível é mos-
identidade delas. O ambiente escolar
agreguem na sua vida escolar e, muitas a busca constante. Se os alunos estive- trar para os alunos que, na verdade,
tem uma contribuição importante
vezes, na sua formação como cidadão rem centrados em um contexto com nada é impossível se não quisermos
através das relações e vivências cons-
crítico e ativo na sociedade. Pensar no pouco acesso à educação e se faltam- que seja. Criar metas e projetar sonhos
truídas.
bem-estar do aluno e na valorização -lhes oportunidades, é na escola que é o início para uma vida melhor. Por
A própria BNCC, diz que se deve
do seu tempo livre é estar projetan- o jovem encontra a única esperança que trabalhar e estudar se não for para
usar todas as interações, brincadeiras
do a melhor qualidade de vida para o para uma vida melhor. Se o contexto realizar planos a longo prazo? Nada te-
e linguagem para esse fim. Ou seja, o
aluno, pensando no futuro. Paramos familiar for complicado, o professor ria sentido se não fossemos capazes de
cotidiano na Educação Infantil deve
para refletir na palavra projetar: pala- será visto como a única pessoa capaz projetar.
sempre considerar essa construção
vra transitiva direta. Projetar significa de dizer algo “certeiro”. É preciso olhar O trabalho em sala de aula vai além
de identidade da criança. A Base Na-
estender-se para frente, olhar a diante para os estudantes de uma forma sen- das quatro paredes. É um caminhar
cional Comum Curricular deixa claro
e planejar. Qual a direção que segui- sível, precisamos ver neles o potencial constante e ininterrupto que leva
que um dos direitos primordiais de
remos? Todos temos planos e sonhos, e incentivá-los a buscar seu projeto de tempo e envolve muitas pessoas. Per-
aprendizagem e desenvolvimento na
inclusive as crianças. Qual o papel do vida. Se a escola é fator crucial para cebe-se que o autor enaltece que esse
Educação Infantil é o autoconheci-
professor diante dessa riqueza? O ser ajudar alunos a buscarem seus sonhos, objetivo não deve ser unicamente da
mento, conceituando essa capacidade
professor é muito mais que apenas re- o contraturno escolar certamente será escola e do contraturno, mas também
como um dos mais relevantes campos
passar conhecimentos porque é “obri- o aliado que permitirá que a busca das famílias, sociedade e governantes
de experiência (o eu, o outro e o nós),
gatório”. continue. Rudmik (2015), em seu li- “[...] aqueles que possam ver e criar o
responsável por potencializar a for-
O professor é capaz de gerar a ideia vro Tornando-se Imaginal cita a ideia futuro que visualizam, precisam e dese-
mação da identidade nas crianças.
de aluno que ele quiser. O docente tem de termos um “grande motivo”. Qual jam ter. Precisamos de líderes Imaginal
No primeiro semestre de 2023 foi ção, as crianças conseguiram absor- ças. Torna-se papel da escola promo-
o desafio de fazer com que esses estu- seria a graça de viver sem termos um que possam conduzir o processo para
realizado com a turma do Maternal ver os conhecimentos sobre seu corpo ver situações de aprendizagem ricas
dantes não desistam do seu sonho e, motivo para projetar nosso futuro? transformar uma lagarta emborboleta.”
III, faixa etária de 3 anos, a constru- humano e suas características parti- de significado, que contribuam para
mais que isso, mostrar que cada um Nesse caso, para as escolas e os contra- (RUDMIK, 2015, p.55). Se nós mes-
ção da identidade através do projeto: culares, distinguindo-se dos colegas. a construção da identidade pessoal e
deles ali presente é capaz de realizar. turnos, os próprios alunos são os gran- mos não sonharmos, como iremos
“Eu sou assim e cada um é de um jei- Durante o processo, as crianças apre- social da criança, além de estratégias
Não se trata apenas de sonhar um pro- des e maiores motivos nessa busca. É inspirar nossos alunos? Precisamos ser
to”. O projeto proporcionou às crian- sentaram um grande avanço de sua usadas para conduzir o(a) aluno(a) à
jeto de sua vida, mas sim de buscá-lo. a oportunidade que temos de formar sensíveis o bastante para termos o dom
ças muitas descobertas sobre si, e so- autonomia, usufruindo de suas ha- descoberta do mundo que os cerca. A
Correr atrás do que se quer e lutar para cidadãos para fazerem a diferença, da empatia: olhar o próximo e querer
bre os outros. Todas as experiências bilidades, e descobrindo seus limites. curiosidade infantil direciona a aqui-
que consiga realizar. Temos em nossas ou apenas para somar com o resto da ajudá-lo... e que esse seja nosso JEITO
propostas estavam vinculadas com Trabalhar este projeto tornou-se mui- sição de conhecimentos que servirão
salas de aulas e espaços de contratur- multidão. DE VIVER ESCOLA!
a construção da identidade, possibi- to importante para as crianças, auxi- de base para conceitos complexos a
no, alunos motivados, esperançosos, Rudmik (2015) ainda menciona em
litando com que as crianças se reco- liando diretamente na construção da respeito de si e da sociedade.
revolucionários, persistentes, mas seu livro a ideia de nos tornarmos pes-
nhecessem como sujeitos no mundo. identidade e contribuindo para um
também temos os que não esperam soas imaginais, pessoas que buscam
Foi possível identificar diferenças e desenvolvimento de forma integral.
nada da vida, os que vão para escola ser alguém que faz e leva a diferença
semelhanças dentro da turma, como Criar situações pedagógicas para as
por obrigação, os impacientes, ou até adiante. Para isso, ele cita cinco chaves
também, a descoberta de novas cul- crianças distinguirem suas caracte-
mesmo aqueles que acham tudo “cha- para se tornar Imaginal: “Encontrar o
turas, todas pertencentes à sociedade. rísticas, auxiliam na autoconfiança e
to” e sem graça. grande motivo é um grande motivo;
Através deste processo de constru- valorização de diferenças e semelhan-
Referência bibliografica: Referências bibliograficas:
HORN, Maria da Graça Souza - Saberes, cores, sons, aromas,: a organização dos espaços na educação infantil / Maria da Graça Souza Horn. - Porto Alegre: Artmed, 2004 RUDMIK, Thomas R. Tornando-se imaginal: visualizando e criando o futuro da educação. São Paulo: Senai-SP Editora, 2015.

24 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 25
CME/DI - 35 anos: muitos jeitos de
se viver a educação
Neste ano de 2023, o Conselho Municipal de Educação de Dois Irmãos está completando 35 anos de exis-
tência, 25 anos de efetivo funcionamento e, também, comemora 21 anos de Sistema Municipal de Ensino. Atualmente o CME/DI é composto por: Vilson Francisco Selch (Presidente do CME/DI), Celsi Lambrecht
Quantos desafios, quantas expectativas, quantos olhares atentos de pessoas envolvidas e engajadas nesses Richter (Vice-Presidente), Carolina Preussler (1ª Secretária), Ana Liliam Siebert Hausmann Esswein (2ª
processos! Esperançosas, essas pessoas estavam juntas, em cada reunião, em cada constituição de grupo, em Secretária), Matheus Klauck Blume, Morgana Melo de Melo, Ivana Collet Soligo, Ana Paula Closs, Rejani
cada transposição legal dos princípios, das deliberações e das determinações federais oriundas da Presidên- Butzen, Juliana Trentin.
cia da República, do MEC/CEB ou do CNE para o âmbito do contexto da Educação território do Município O Conselho Municipal de Educação exerce papel de articulador e mediador das demandas educacionais
de Dois Irmãos. junto aos gestores municipais e desempenha funções normativa, consultiva, mobilizadora e fiscalizadora.
O Conselho Municipal de Educação do município de Dois Irmãos foi criado em 24 de agosto de 1988, pela Ficou um grande aprendizado para os membros do CMD/DI: que o conselheiro deve ser um estudioso,
Lei Municipal n° 716, enquanto um órgão de cooperação, vinculado ao gabinete do prefeito, com a finalida- pesquisador, debatedor e sabedor da legislação educacional. Não basta o conselheiro ter boa vontade. Ele
de de auxiliar a Administração Municipal na orientação, no planejamento, na interpretação e no julgamento precisa ter profissionalismo no exercício de sua função para garantir um direito básico às crianças e adoles-
da matéria inerente à educação. Entretanto, durante um período de dez anos, ficou com atividades restritas. centes do território: educação.
Em conformidade ao que consta na Ata nº 01/1998, em 23 de março de 1998, às 15 horas, na Prefeitura
Municipal de Dois Irmãos, reuniu-se, pela primeira vez o CME/DI. Através da Portaria n°289/1997, consti-
tuía-se o CME/DI por: Maria Lígia Cerveira (SEMEC), Iara Wickert (Câmara de Vereadores), Maria Helena
Vier Becker (escolas da rede particular de ensino), Eliana Maria Wolf (escolas da rede estadual de ensino),
Denise Maria Maldaner (escolas da rede municipal de ensino), Irena Lurdes Girardon Julien (Lions Club de
Dois Irmãos), Terezinha Ritter Malheiros (APAE), Lixia Stoffel (FADI) e Ieda Regina Henrich Scholl (COM
das redes pública e particular de ensino de Dois Irmãos).
Considerando a Ata n° 02/1998, no dia 27/04/98, às 17h, elegeu-se a primeira diretoria do CMD/DI, pro-
clamada como a primeira presidente do CME/DI a Sra. Terezinha Ritter Malheiros (APAE), Vice-presidente
a Sra. Eliana Maria Wolf (Rede estadual).
Nesta composição o CME/DI ainda estava submetido ao Conselho Estadual de Educação – CEE, pois ain-
da não havia a instituição do Sistema Municipal de Ensino.

Colegiado do CME/DI

Diante dos desafios locais e das necessidades de brevidade nos processos de criação e credenciamento de
escolas, através da Lei Municipal nº 1.966/2002, de 07 de novembro de 2002, organizou-se o Sistema Muni-
cipal de Ensino de Dois Irmãos.
A Lei Municipal nº 1.967/2008, de 07 de novembro de 2002, consolidou a gestão democrática na educação
municipal, recebendo a autonomia em orientar as competências de cada ente dentro do Sistema Municipal
de Ensino e maior respaldo para as decisões do órgão colegiado, como também a adequação do Regimento
Interno do Conselho Municipal de Educação com o Sistema. Eis que se reorganiza o CME/DI com Sistema
Próprio.

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Shirley Maria Heck Backes Cristina Vier
Diretora do Colégio Imaculada Conceição Técnica de Apoio Pedagógico

Eliane Roth Gateli


Diretora da Escola
EMEF Dr. Mário Sperb

Escola: um lugar de convivência e formação A gestão de pessoas no ambiente escolar


integral. O ambiente escolar sempre foi um cer em sua caminhada e construir ca- exemplo, se percebemos uma criança
espaço perpassado por situações de- minhos cada vez mais aperfeiçoados. que sempre está em conflito, ou que
Como educadores e pessoas de boa la é oportunidade para que alunos e pequenas, participam da construção safiadoras, porém em tempos de rá- Um grupo de trabalho onde perce- nunca consegue se organizar, ou que
vontade, precisamos nos ocupar e professores desenvolvam habilidades das regras, criando possibilidades de pidas mudanças no campo educacio- be-se atritos entre alguns profissio- suas reações dizem de fatos externos
buscar novas práticas capazes de ofe- ou competências socioemocionais. diálogos, menos chances haverão de nal, destacamos a gestão escolar como nais, seja por desconfiança, seja por que possam lhe afetar. O olhar atento
recer novas propostas pedagógicas. Pensar menos em trabalhos para o conflitos. O foco está no dia a dia. principal articulador na condução acontecimentos mal resolvidos, tem da equipe gestora e professores nestas
Neste sentido, a escola precisa ser desenvolvimento das competências, É importante, na escola, construir destas metamorfoses. Gestar o pre- a tendência a tornar-se cada vez mais situações e o diálogo com os pais, é de
um espaço de encantamento, a apren- como aulas de empatia ou de coope- junto com os estudantes os combina- visível e o imprevisível, as questões afastado. Nestas situações, como já re- extrema importância para conhecer-
dizagem deve ser diversificada, inte- ração, e mais em como os alunos, pro- dos para a vivência diária no ambien- interpessoais que influenciam o tra- latamos, a gestão escolar deve partir mos e entendermos melhor o que a
gradora, significativa, ativa e sociali- fessores e toda a comunidade escolar te escolar, que se dê espaço para que balho, as situações de vida de muitos da premissa de acolher e fazer a escu- criança está vivenciando, ou já tenha
zadora. vivenciam situações que possibilitam os eles reflitam quando não respeitam estudantes que afetam seu emocional ta das partes envolvidas, porém nesta vivenciado.
Segundo o Papa Francisco, a educa- aprenderem a trabalhar juntos, se co- alguma regra, e assim, decidirem qual e acabam intervindo em suas apren- escuta averiguar o que é real e o que Sabemos que estas intervenções no
ção é um dos caminhos mais eficazes nhecerem cada vez mais e melhor. encaminhamento eles darão. Nor- dizagens, as tecnologias avançadas é construído a partir do olhar daque- que diz respeito ao pessoal e interpes-
para humanizar o mundo e a história. O conflito é inerente à existência malmente eles chegam a soluções e seus efeitos na vida escolar, são so- le profissional que relatou e que traz soal nos demandam muito tempo e
Ela se apresenta como o antídoto na- humana. Silvia Breim, diz que há brilhantes e conseguem se dar conta mente alguns exemplos confrontados consigo o que também já comentamos diálogo enquanto equipe gestora, mas
tural à cultura individualista, que às diversas experiências que mostram sobre suas atitudes. em nosso dia a dia. Neste momento, que é a forma como percebe e pensa também sabemos que se sentir bem
vezes se degenera em um verdadeiro que quanto mais as crianças, desde destacaremos um destes aspectos que sobre as situações. em nosso ambiente de trabalho ou na
culto ao “ego” e no primado da indi- ressaltamos como um dos mais desa- Em um grupo de trabalho, sentir-se escola onde convivemos é crucial para
ferença. fiadores no campo da gestão escolar: não acolhido ou incomodado, sem a saúde física e mental de todos.
Daiane Fraga, doutora em neuroci- a gestão de pessoas não na sua prática tentar esclarecer os fatos com ajuda Por isso, para que se melhore a co-
ência, aponta que dirigidas por meio de trabalho, mas sim, em seu dia a dia de pessoas que possam fazer uma es- municação e se cultive boas relações
de um apego seguro com um cuida- relacional. cuta sem tanto envolvimento com a interpessoais entre equipe gestora,
dor, tanto na escola como em casa, as Existem processos individuais que situação ocorrida é a melhor condu- professores, pais e alunos, pode ser
experiências sociais e emocionais ini- afetam os processos coletivos, que po- ção para um entendimento da situ- um bom começo, para esta caminha-
ciais informam e treinam as impor- dem afetar tanto positivamente, quan- ação. Criar suposições e até mesmo da, a escuta, a empatia e a comunica-
tantes regiões emocionais do cérebro to negativamente as relações nas esco- imaginar situações, podem prejudi- ção entre os profissionais da escola.
para que essa regulação socioemocio- las, que podemos nomear de histórias car a saúde mental da pessoa que está Este modo de vivenciar as situações e
nal seja efetiva, impactando direta- de vida. Cada pessoa traz em seu jeito passando por isso, portanto o diálo- entender o que se passa com as mes-
mente o desempenho acadêmico da de ser, de pensar e agir, suas experiên- go verdadeiro sempre será a melhor mas, são fundamentais e devem fazer
criança. cias de vida, situações que marcaram oportunidade para o entendimento. parte da rotina escolar, criando espa-
Ainda segundo Daiane: A constru- sua história desde sua infância. O tra- As relações entre as crianças na escola ços que favoreçam o convívio genuíno
ção de relacionamentos sociais na es- balho em uma equipe exige envolvi- também são encaminhadas com este e saudável entre as pessoas.
cola está ligada a uma melhor gestão mento de todos e um relacionamento viés de diálogo para o esclarecimen-
das emoções e é um preditor de longo saudável entre seus participantes, para to, porém existem situações que per-
prazo para o comportamento social e que este espaço de convivência diária, passam o âmbito escolar, como, por
o desempenho acadêmico da criança. tenha vivências positivas no âmbito
As emoções positivas podem repre- interpessoal.
sentar um poderoso catalisador para A equipe gestora de uma escola,
o bem-estar e o sucesso escolar. muitas vezes têm como função fazer
Segundo Silvia Breim, mais do que a escuta de problemas e situações que
trabalhar as habilidades e as compe- estejam atrapalhando uma boa convi-
tências socioemocionais na escola, vência, assim como também o traba-
nas diferentes faixas etárias é preciso lho e seu andamento. Um grupo de
trabalhar a convivência no ambiente trabalho unido, com divergências e
escolar. Tudo o que acontece na esco- diálogo, é um grupo que tende a cres-
Referências bibliograficas: Referências bibliográficas:
Revista Educação, edição 295, de 14 de agosto de 2023. CERICATO, Itale Luciane; CERICATO, Lauri. Competências sociemocionais de bolso: Formando alunos e professores para os desafios do séc. XXI. São Paulo: Editora Arco 43, 1ª
ANDRADE Rogério Ferraz. Pensar o Presente e o Futuro da Educação. São Paulo: Paulinas, 2022. ed. 2019.

28 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 29
Daniele Simone Arndt superficial do mesmo evidencia que fundamentais que requerem atenção conforme a imagem (Imagem 1).
Diretora da Escola boa parte de suas intenções ficou no e cuidado. Ao promover uma cultu- A reflexão sobre as políticas edu-
EMEF 29 de Setembro papel (VIEIRA, 2007). ra de diálogo, participação e respeito cacionais, a legislação vigente, a au-
mútuo, podemos construir ambien- tonomia escolar e a gestão demo-
Por fim, é importante reconhecer a tes educacionais mais inclusivos, de- crática precisa acontecer de maneira
dinâmica do poder presente nas re- mocráticos e propícios ao desenvol- interligada e é essencial para pro-
lações políticas e de gestão. O poder vimento integral dos estudantes. mover uma educação de qualidade,
pode ser exercido de diferentes ma- Nesse contexto, as reflexões devem que atenda às necessidades de nossa
As políticas educacionais e a gestão escolar neiras, e é fundamental que ele seja
utilizado de forma ética e responsá-
explorar questões como a valoriza-
ção dos profissionais da educação, a
sociedade. Elas formam o quebra-ca-
beça da Educação no Brasil. Ao con-

democrática vel. Em uma comunidade escolar, o


poder deve ser exercido com o ob-
formação continuada, a promoção de
condições adequadas de trabalho, a
siderarmos os documentos orienta-
dores, como a Constituição Federal, a
jetivo de promover o bem-estar dos participação da comunidade escolar LDB e o Plano Nacional de Educação,
A reflexão sobre as políticas edu- reitos educacionais. possuem visões e objetivos distintos estudantes, o desenvolvimento edu- nas decisões e a busca pela equidade podemos direcionar nossas análises e
cacionais e gestão democrática é de Os elementos que abrangem a po- e que, muitas vezes, entram em con- cacional e o fortalecimento da parti- no acesso e na qualidade da educa- reflexões de maneira mais consisten-
extrema importância para compre- lítica e a gestão, como a resolução flito. As intenções do poder público cipação e voz de todos os envolvidos. ção. É preciso estabelecer relações te, visando a construção de um siste-
endermos e aprimorarmos o sistema de conflitos, tomada de decisões e são traduzidas em políticas que se Em suma, os elementos que abran- entre os princípios das políticas edu- ma educacional eficiente, inclusivo e
educacional em nossa sociedade. Ao poder, estão presentes não apenas materializam na gestão. Essa gestão gem a política e a gestão estão in- cacionais vigentes, como a universa- participativo.
analisarmos o contexto da educação no âmbito político mais amplo, mas se compõe de 3 dimensões: o valor trinsecamente presentes em nossa lidade, a equidade, a gestão democrá-
básica e a formação dos profissionais também em nossa comunidade e no público, as condições de implemen- comunidade e no cotidiano escolar. tica e a valorização dos profissionais
da educação, podemos identificar cotidiano escolar. É importante reco- tação e as condições políticas. Diante A resolução de conflitos, a tomada da educação, de modo a fortalecer o
pontos cruciais que afetam direta- nhecer que, em qualquer grupo so- disso, aponta que conversar, dialogar de decisões e o poder são questões sistema educacional como um todo,
mente a qualidade do ensino e o de- cial, especialmente em um ambiente e negociar são processos da gestão,
senvolvimento dos estudantes. educacional diversificado, é natural mas nem sempre será possível a ne- Imagem 1:
Nesse sentido, é imprescindível re- que surjam conflitos devido às dife- gociação. Partes do quebra-cabeça da Educação Nacional Brasileira
lacionar as análises realizadas com rentes opiniões, concepções, culturas Nesta perspectiva defendida pela Fonte: Criação da autora
as estratégias, metas e diretrizes das e problemas de convivência. autora e na qual compactuo, é funda-
políticas públicas nacionais. Essas A capacidade de resolver conflitos mental que a tomada de decisões seja
políticas, embasadas em documen- de forma justa e pacífica é fundamen- realizada de maneira participativa e
tos como a Constituição Federal, a tal para promover um ambiente de democrática, levando em considera-
Lei de Diretrizes e Bases da Educação aprendizado saudável e construtivo. ção diferentes perspectivas e buscan-
Nacional (LDB) e o Plano Nacional Através do diálogo aberto, da escuta do o consenso sempre que possível.
de Educação, são orientadoras e fun- ativa e da mediação, é possível en- A inclusão de todos os membros da
damentais para nortear as ações no contrar soluções que levam em con- comunidade escolar no processo de
campo educacional. sideração as necessidades e perspec- tomada de decisões promove um am-
A Constituição Federal, em seu ar- tivas de todas as partes envolvidas. biente de confiança, transparência e
tigo 205, estabelece a educação como É importante incentivar a prática responsabilidade compartilhada.
um direito de todos e um dever do da resolução de conflitos de forma Ainda sobre a alocação de recursos,
Estado, garantindo o pleno desen- construtiva, ajudando os estudantes é importante nos atentarmos ao fato
volvimento da pessoa, o exercício e demais membros da comunidade de que,
da cidadania e a qualificação para o escolar a desenvolver habilidades de
trabalho. A LDB, por sua vez, define comunicação e empatia. O estoque de boas ideias de bai-
as bases da educação nacional, es- Além disso, a tomada de decisões xo custo tende a ser limitado. A boa
tabelecendo os princípios e normas também desempenha um papel cru- educação requer elevados investimen-
que devem ser seguidos em todos os cial na política e na gestão, seja no tos. A dimensão financeira, que é um
níveis e modalidades de ensino. O âmbito nacional ou no cotidiano es- componente fundamental da gestão,
Plano Nacional de Educação, docu- colar. Em uma comunidade educa- no mais das vezes, tende a ser igno-
mento que traça metas e estratégias cional, é necessário tomar decisões rada na formulação de promessas
para a educação em um determina- que afetam diretamente os estudan- e planos. Por isso mesmo é que um
do período, traz diretrizes que visam tes, os profissionais da educação e os grande contingente de boas intenções
promover a qualidade, a equidade e pais. Essas decisões podem abranger se desvanece na medida em que avan-
a valorização da educação em todas desde a definição de currículos e me- ça o cotidiano da gestão. Tome-se, por
as suas dimensões. É essencial que as todologias de ensino até a alocação exemplo, o Plano Nacional de Edu-
reflexões sobre a gestão educacional de recursos e a implementação de cação (PNE), que consumiu energia
e a gestão escolar democráticas este- políticas educacionais. de um imenso contingente de pessoas
jam alinhadas com essas diretrizes, Vieira (2007) considera que a (s) para, finalmente, ser sancionado pelo
buscando promover a participação, política (s), enquanto processo social Presidente da República, em janeiro
a transparência e a efetivação dos di- histórico, são feitas por pessoas que de 2001. Uma apreciação ainda que Referências bibliográficas:
VIEIRA, Sofia Lerche. Política(s) e Gestão da Educação Básica: revisitando conceitos simples. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. V. 23, n. 1, p. 53-69, 2007.

30 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 31
Camilo Bruno Fonseca Aline Flores Rodrigues
Professor de Educação Infantil Diretora da Escola - EMEI Professora Clarice Maria Arandt
Fernanda Abreu Kelly Simone Silveira Correa
Professora de Educação Infantil Técnica de Apoio Pedagógico
EMEI Profª. Clarice Maria Arandt
Juliana Gallas Grawer
Vice-Diretora
EMEI Profª. Clarice Maria Arandt

Vivendo o universo das ciências na educação Escola e Família: uma parceria necessária!
infantil Sabemos que tanto a família quanto tados, fazendo com que os familiares cola em favor de ter as suas vontades e
a escola desempenham papéis decisi- entendam seu papel e sua importância necessidades atendidas.
Ao ensinar Ciências na educação de campo, oportunizando momen- possibilite um novo olhar para o en- vos na educação e formação da crian- no processo de ensino e aprendizagem, Escola e família sempre formaram
infantil, é possível identificar novas tos de experiências diversificadas, sino de Ciências na educação infantil, ça. Ao ingressar no ambiente escolar, além de deixá-los bem informados a um elo importante no desenvolvimen-
possibilidades de trabalho que eno- possibilitando agregar ainda mais para que o trabalho em conjunto com faz-se necessário uma fase de adap- respeito da vida escolar dos seus filhos. to da aprendizagem, elo este que deve
brece e respeita as crianças dentro de conhecimentos das diversas ciências, outras ferramentas seja sistemático, tação, onde os aspectos afetivos, o di- Szymanzki (2003, p.75) reforça a con- ser mantido e fortalecido nos dias de
suas particularidades. Por meio de perpassando pela Educação Infantil pois, conforme Botega (2015, p. 79- álogo e respeito são imprescindíveis, vivência dos pais na escola quando diz hoje. Não é intenção da instituição que
um olhar mais atento é possível per- (SOARES et al., 2019). 80), “se os docentes julgam que não favorecendo a construção de vínculos. que: “Uma condição importante nas os pais sejam responsáveis pelo cur-
ceber a riqueza das oportunidades e Desenvolvendo um dos campos de estão preparados e não tem as bases Uma boa relação entre família e escola relações entre família e escola é a cria- rículo escolar e sim, que participem e
possibilidades de ensinar, satisfazen- experiência, “Espaços, tempos, quan- conceituais necessárias para o ensino deve fazer parte de qualquer trabalho ção de um clima de respeito mútuo – estimulem aos filhos o comportamen-
do as demandas de desenvolvimento tidades, relações e transformações”, os dos conhecimentos de ciências, irão, educativo, unindo esforços em busca favorecendo sentimentos de confiança to de estudante e cidadão. Já à escola
e aprendizagem (COSTA, 2021). verbos manipular, explorar, observar, sempre que possível, evitar a explo- de objetivos comuns. e competência, tendo claramente deli- cabe também uma função educativa
No universo da Educação Infan- identificar, entre outros, permitem al- ração de situações de aprendizagem Envolver as famílias nem sempre é mitados os âmbitos de atuação de cada junto aos pais, para que em colabo-
til existem inúmeros caminhos para cançar vários objetos de estudo, por dentro desse assunto”. tarefa simples, por isso a escola opor- uma [...].” ração mútua possam promover uma
se ensinar Ciências, de forma que o meio da investigação. E para que estes momentos de tro- tuniza a participação dos pais e comu- Sendo a família o primeiro contato educação integral da criança. A partir
professor potencialize seu olhar com cas de experiências sejam cada vez nidade escolar em palestras, reuniões da criança desde o seu nascimento, a da parceria Escola e Família, a criança
sensibilidade e análise de seus alunos, mais ricos, é muito importante que os por turma, assembleias e eventos que base de todo o processo de formação se torna um adulto capaz de contribuir
possibilitando saber o que querem ou professores que não são da área das são oferecidos durante o ano letivo, para se viver em sociedade, é indis- positivamente para a construção de
o que demandam para se desenvolve- ciências sejam integrados às possibi- visando o acesso a informações funda- pensável que a ela seja assegurado seus uma sociedade mais justa.
rem de acordo com a faixa etária. Ao lidades de investigação e experimen- mentais na educação dos filhos, crian- direitos à vida, à saúde, à alimentação,
passo que as crianças brincam, tam- tação, dentro das realidades que as es- do assim, um elo importantíssimo no à educação, …(BRASIL, 1990) como
bém descobrem coisas referentes ao colas possam oferecer, com o objetivo desenvolvimento da aprendizagem de primordial ao seu desenvolvimento. É
ambiente que as cercam, com um viés de impactar positivamente a apren- qualquer criança. A escola tem a res- na família que a criança começa a re-
investigativo (SOARES et al., 2019). dizagem e a vivência destes alunos, a ponsabilidade de dialogar, informar, ceber a educação básica (valores, ide-
Vários assuntos podem surgir, pois partir da etapa de onde tudo começa: aconselhar e encaminhar os mais di- ais, respeito, noções comportamentais
a curiosidade converge com os fenô- a educação infantil. versos assuntos aos pais para que jun- e de autonomia…). A escola torna-se
menos presenciados e vividos ou por tos possam promover uma educação assim, uma aliada da família, pois dará
estarem no seu imaginário, por exem- integral da criança e refletir sobre suas continuidade nesse processo educativo
plo, como consta no Referencial Cur- atitudes, envolvendo-se na vida escolar e introduzirá a formação intelectual,
ricular Nacional para a Educação In- dos filhos. firmando uma parceria imprescindível
fantil (RCNEI), Brasil (1998, p.189): A união família/escola gera benefício para alcançar uma maior qualidade na
“se for possível manter uma horta em relação não só ao processo ensino/ educação e aprendizagem.
na instituição, as crianças também Ademais, é imprescindível buscar aprendizagem, mas também na troca Atualmente percebe-se que esse en-
podem observar o crescimento das propostas, metodologias e alternati- de informações acerca da criança, no tendimento está se perdendo, pois a
hortaliças e vegetais, além de apro- vas para ampliar o acesso das crian- desenvolvimento da mesma na escola grande maioria dos pais acreditam que
veitá-los nas refeições”, possibilitando ças a este espaço, como: capacitação e em casa. Ou seja, essa inter-relação é responsabilidade somente da escola
a observação da realidade (HAILE, dos professores, oficinas de experi- possibilita compreender a atuação da instruir e educar seus filhos, delegando
2018). mentações voltadas para os proje- criança tanto em casa como na escola, o que seria o seu papel para os profes-
É interessante explorar os espaços tos e desenvolvimento de recursos suas condutas e as relações que esta- sores. Diante dessa inversão de valores
da escola e também promover saídas didático-pedagógicos, de forma que belece com os adultos no seio familiar e papéis, as crianças ficam vulneráveis
(ANDRADE, 2008). em meio a falta de direcionamento dos
Referências bibliográficas: Uma boa comunicação entre família pais que mostram-se resistentes em
BOTEGA, Marcia Palma. Ensino de ciências na educação infantil: formação de professores da rede municipal de ensino de Santa Maria, RS, Brasil. 2015. 137 f. Tese (Doutorado em
Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015. e escola geralmente traz bons resul- aceitar as propostas pedagógicas da es-
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF, 1998.
COSTA, Edith Gonçalves; ALMEIDA, Ana Cristina Pimentel Carneiro de. Ensino de ciências na educação infantil: uma proposta lúdica na abordagem ciência, tecnologia e sociedade
(CTS). Ciência & Educação. Bauru, V. 27, 2021. Referências bibliográficas:
HAILE, Ana Caroline. O ensino de ciências na educação infantil. 2018. 112 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia) – Programa de Pós-Graduação em Ensino de ANDRADE, Lucimary Bernabé Pedrosa de. Os centros de convivência infantil da UNESP: contexto e desafios. 2003. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Faculdade de História,
Ciência e Tecnologia, Universidade Federal Tecnológica do Paraná, Ponta Grossa, 2018. Direito e Serviço Social da UNESP. Franca, SP. 2003.
SOARES, Alessandro Cury; SILVA, André Luís Silva da; PORTUGAL, Khalil Oliveira; FERREIRA, Marcello; SILVA FILHO, Olavo Leopoldino da. O ensino de ciências na educação BRASIL. Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, DF, 1990.
infantil: possibilidades e desdobramentos. Revista de Produtos Educacionais e Pesquisas em Ensino, v. 3, n. 2, p. 85–104, 2019. SZYMANZKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília: Plano Editora, 2003

32 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 33
Ana Claudia da Rosa ficial (IA), canva e editores de vídeo um tema em comum. Isso envolve a nexão profunda com diversos conteú-
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais para apresentar os pontos turísticos participação dos professores de cada dos, permitindo-nos contextualizar o
Cátia Weiler do município através de imagens, fala disciplina na sala de aula, discutin- tema por várias perspectivas. Isso, por
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais dos personagens e descrição. do suas perspectivas e contribuições sua vez, estimula o pensamento críti-
Lídia Garcia Conforme Fazenda (2008), a in- para a análise do assunto em questão. co dos estudantes, enriquecendo sua
Professora de Informática Educativa trodução da interdisciplinaridade na Ao integrarmos o componente de compreensão do mundo ao seu redor.
EMEF Dr. Mário Sperb
escola ou no meio acadêmico requer Arte e Informática Educativa em nos-

Como a interdisciplinaridade pode ampliar


que duas ou mais disciplinas abordem so currículo, estabelecemos uma co-

a visão dos estudantes sobre as temáticas


trabalhadas?
O projeto da turma do quarto ano bagagem cultural e muito mais aber- se mais as barreiras da sala de aula,
da Escola Municipal de Ensino Fun- tos a questionamentos, o que torna seu percebeu-se um direcionamento dos
damental Dr. Mário Sperb surgiu aprendizado muito mais significativo. próprios estudantes em usar as TICs,
com a finalidade de proporcionar Nesse âmbito, a interdisciplinarida- primeiramente como ferramenta de
uma investigação em busca de co- de rompe barreiras do componente pesquisa na busca de dados sobre a
nhecimento, valorização e respeito curricular e traz uma nova perspec- cidade, pontos turísticos e curiosida- Estudantes na sala de informática Educativa.
pela história de nossa cidade, além de tiva aos estudantes. São nesses pe- des. Com o auxílio da professora de
contemplar nosso currículo escolar quenos momentos, em que descons- informática educativa puderam aces-
dentro de cada componente. Os alu- truimos portas e paredes, horários e sar geograficamente os pontos turísti-
nos trazem consigo conhecimentos cronogramas de aulas, conseguindo cos do município, através do Google
anteriores que provêm de suas pró- fazer com que os estudantes perce- Maps, pelo qual navegaram, explo-
prias famílias e estavam ansiosos para bam que o conhecimento não é algo rando imagens de satélites fornecidas
aprofundar seu entendimento sobre que lhes será transmitido pelo profes- pelo Google Earth e verificaram as
nossa cidade. Partimos de um contex- sor, mas uma construção colaborativa formas de acesso aos locais. Também
to no qual nossa escola foi a primeira que parte deles, que se dá nessa via foi produzido um vídeo da turma em
fundada no município e o cemitério de mão dupla, com trocas e apren- que os estudantes criaram avatares
localizado em frente que, diga-se de dizados. Para que o projeto ultrapas- falantes, utilizando Inteligência Arti-
passagem, desperta muito o interesse
dos estudantes, foi também um dos
primeiros fundados.
Durante nosso processo de apren-
dizagem, reconhecemos a importân-
cia de compartilhar nossas experi-
ências com o componente de Arte, Releituras de Flávio Scholles pelo 4º ano.
especialmente ao destacarmos as no-
táveis obras do artista plástico Flávio
Scholles, que oferecem uma aborda-
gem única para narrar a história de
nossa cidade e a jornada da imigração
alemã.
Em um primeiro momento, os estu-
dantes foram instigados a criarem suas
próprias obras, tendo como inspiração
os quadros do artista. O trabalho pro-
duzido foi bem interessante. Os estu-
dantes sentiram necessidade de retra-
tar pontos conhecidos por eles dentro
da cidade e que possuem importância
histórica, como o Museu Histórico
Municipal de Dois Irmãos e a Ponte
de Pedra. Os estudantes também vol- Releituras de Flávio Scholles.
taram seu olhar para os estudos refe-
rentes ao município com uma nova Estudantes usando as TICs na aula de artes. Referências bibliográficas:
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (Org.). O que é Interdisciplinaridade? São Paulo: Cortez, 2008.

34 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 35
Adilson Reis Dillenburg Jéssica Trierveiler Professora de Educação Infantil
Professor de Ensino Fundamental - Anos Finais
EMEF Prof. Carlos Rausch Marli Closs Professora de Educação Infantil
Iara Cristina dos Santos Professora de Educação Infantil
Eduarda S. Stein Professora de Educação Infantil
EMEI Profª Clarice Maria Arandt

Jogos pedagógicos concretos aliados ao ensino Para preservar a vida é preciso cuidar do meio
da Matemática ambiente, faça a sua parte
Ensinar requer um constante mo- va o raciocínio lógico e sejam estimu- Atualmente encontramos uma va- O projeto “Vida Marinha” foi de- procuramos conscientizar as crianças ma. Sendo assim, ao longo da pesqui-
vimento na busca por adequações lados o pensamento independente, a riedade de opções de jogos pedagó- senvolvido com a turma do NA5 da dos cuidados necessários para eles sa eles descobriram que:
metodológicas de ensino, pois os es- criatividade e a capacidade de resolver gicos concretos, pensados e desen- Escola Municipal de Ensino Infantil sobreviverem. Durante o estudo, des- - O peixe-palhaço vive em anêmo-
tudantes parecem estar cada vez mais problemas. Ainda, a importância do volvidos para as diferentes idades Professora Clarice Maria Arendt. O cobrimos que os animais marinhos nas que são muito venenosas. (João)
acelerados e com dificuldades de con- uso de jogos e curiosidades no ensi- e necessidades. Existem jogos his- tema surgiu ao observarmos brin- estão morrendo diariamente em de- - O peixe palhaço não dança, ele
centração para desenvolver as ativi- no da Matemática, com o objetivo de tóricos, evolutivos e fragmentados, cadeiras e diálogos das crianças, nas corrência da poluição dos oceanos. tem esse nome devido às suas cores.
dades propostas em seus ambientes mudar a rotina da classe, despertar o consistindo em trabalhar a atenção quais brincavam e relatavam sobre Realizamos uma saída pelo bairro da (Maria Luiza)
escolares. Como educadores, somos interesse do aluno e fazê-lo gostar de e planejamento das ações, exigindo as férias na praia. Segundo elas, de- escola, a fim de recolhermos o lixo - A água viva queima com os tentá-
diariamente desafiados a encontrar aprender a disciplina, diante seu cará- plasticidade cerebral frente às variá- pararam-se com águas vivas que, ao jogado no chão e visitamos a Usina culos para se defender dos predado-
meios/dinâmicas para que o processo ter lúdico, desenvolvedor de técnicas veis do jogo. entrarem em contato com a nossa de Reciclagem de Dois Irmãos para res. (Joaquim)
de ensino e aprendizagem possa inter- intelectuais e formador de relações Enfim, a prática de jogos concretos pele, provocam queimaduras. Assim, compreenderem a importância da - A enguia dá choque. (Pedro)
vir e despertar o interesse dos educan- sociais. Os autores destacam que é que desafiam a capacidade humana, surgiram diversos questionamen- separação e descarte correto do lixo. - O polvo tem três corações e tem
dos, com abordagens significativas e através dos jogos que se torna possível tais como: o montar de formas geo- tos, por exemplo: como a água-viva Fizemos uma socialização entre as oito tentáculos. (Sophia)
que atraiam-lhes a atenção. proporcionar experiências, estimular métricas, de alinhamentos, combina- queima as pessoas? O peixe palhaço turmas para refletirmos sobre as con- - O polvo solta tinta preta para fugir
É fundamental que ocorra a apren- a aceitação de normas e hierarquias, o ções de cores, preenchimentos, entre dança? Quantos tentáculos o polvo sequências do descarte de lixo de ma- dos predadores. Ele não tem ossos, e
dizagem dos estudantes por meio do trabalho em equipe e o respeito pelos outros, normalmente atraem a aten- tem? O que a estrela-do-mar come? O neira desordenada. consegue passar por pequenos bura-
desenvolvimento de habilidades es- outros. ção das pessoas, quando na oportuni- que mora dentro das conchas? Como cos. (Rafael)
senciais no processo educacional, evi- Jogos como o Dominó de Cores,- dade do contato. Apesar das pessoas, os animais respiram dentro da água? - A tartaruga marinha põe e enterra
denciando a importância e sentido da Tablini, Ábaco Aberto, além de ou- atualmente, independente de sua ida- Tartaruga pode respirar fora d’água? seus ovos na areia. (Maíra)
existência dos espaços escolares. Em tros, podem ser usados para explorar de, e em sua maioria, estarem sempre Por que os golfinhos fazem barulhos - As tartarugas marinhas têm pul-
tal processo, historicamente, a apren- conceitos matemáticos de números ligadas às questões tecnológicas, o altos? Os animais marinhos sentem mões e precisam respirar fora da
dizagem matemática sempre foi, para e formas geométricas, auxiliando no jogo concreto ainda é uma excelente frio na água? Por que o polvo solta água. (Elisa)
grande parte, uma disciplina de difí- desenvolvimento do raciocínio e da ferramenta para auxiliar no desenvol- tinta? Todos os animais marinhos têm - O caranguejo tem cinco patas e
cil compreensão e sua aprendizagem lógica. Já, como exemplos, o Critérios vimento intelectual. Sendo assim, é dentes? Peixes têm ossos? Por que os duas tem garrinhas. (Maria Victória)
constantemente condicionada a diver- Planos, Quadrante e Travessia Geo- necessário incentivar e explorar, além animais marinhos fazem bolhas? - O golfinho tem a cor cinza e res-
sos fatores. Diante de tal observação, métrica são jogos de estratégia que dos ambientes escolares, a prática em O tema foi inserido de forma sim- pira por um buraquinho. (Antonelli)
os professores são movidos a uma in- apresentam variações nos cenários de família e amigos, reconhecendo sua ples e compatível à idade das crian- - A foca come peixinhos e pode res-
cessante avaliação da prática, buscan- acordo com mecânicas de movimen- importância e contribuições no de- ças, por meio de pesquisas na inter- pirar dentro da água. (Alici)
do aprimorar suas ações, avaliando to, captura e objetivo. senvolvimento pessoal. net, para entender o modo de vida - A ostra dá pra comer, tem que
melhores caminhos e propondo in- de cada animal. Várias atividades re- chupar ela, mas tem que tirar a péro-
tervenções mais acertadas para que se lacionadas ao tema foram realizadas, la. (Arthur)
possa obter resultados significativos a como: leitura de livros infantis, rodas As crianças perceberam que as - O tubarão tem dentes grandes.
partir de suas escolhas. de conversa, vídeos educativos sobre ações diárias, realizadas equivocada- (Davi)
O ensino e a aprendizagem da Ma- a anatomia e fisiologia dos animais, mente, relacionadas ao descarte do Em síntese, foi possível aproximá-
temática, através de uma metodologia confecção dos animais marinhos com lixo afetam a fauna marinha. Estes -las da compreensão da importância
que inclui o uso dos jogos pedagógi- diferentes materiais (areia, argila, car- materiais, principalmente o plástico, do cuidado com o meio ambiente.
cos concretos, reflete a uma provoca- vão, sucatas, papelão, massinha de chegam aos oceanos por meio dos Conhecer os animais faz com que as
ção humana em mergulhar no pensa- modelar, jornal, entre outros). Como cursos d’água, são confundidos com crianças estejam atentas à sua preser-
mento reflexivo e desafiador, de forma culminância do trabalho faremos alimentos e ingeridos pelos animais, vação e à importância da fauna para
individual ou coletiva. Segundo Gro- uma saída de estudos para o Museu causando-lhes, muitas vezes, a morte. nossa sobrevivência. Mas a aprendi-
enwald e Timm (2007), para aprender de Ciências Naturais da UFRGS/Ce- Como nosso projeto foi desenvol- zagem mais impactante e significativa
matemática é preciso que se desenvol- Dominó de 4 cores. climar-Mucin na cidade de Imbé/RS. vido por meio da escuta atenta às foi a conscientização do descarte cor-
O projeto teve como objetivo estu- crianças é importante trazermos nes- reto do lixo. Como isso faz diferença
dar as características dos animais ma- te texto as aprendizagens adquiridas, para os animais que estudamos e para
Referências bibliográficas:
GROENWALD, Claudia Lisete Oliveira; TIMM, Ursula Tatiana. Utilizando curiosidades e jogos matemáticos em sala de aula. Educação Matemática em Revista, 2000. rinhos e por meio dessas pesquisas dando voz às próprias crianças da tur- as pessoas de modo geral.

36 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 37
Nadia Helena Schneider tibilidade para desenvolver depres-
Técnica de Apoio Pedagógico são, ansiedade, baixa autoestima e
NAE - Núcleo de Apoio às Escolas
transtornos da imagem corporal. Este
último é motivo de preocupação espe-
cial entre as meninas, levando a risco
aumentado de distúrbios alimentares
como anorexia e bulimia, quando to-

Consequências do uso excessivo das telas por


mam para si padrões de beleza irreais
e inatingíveis vendidos pela mídia.

crianças/adolescentes Diante da constatação de que o ex-


cesso de telas na infância representa
um perigo para o desenvolvimento
As crianças em idades cada vez 95% tinham no telefone celular o gem, porque as crianças dependem da saudável das crianças e adolescen-
mais precoces têm tido acesso aos dispositivo de acesso à rede. comunicação com outras pessoas para tes, faz-se necessário reduzir seu uso.
equipamentos de TV, telefones ce- Segundo a médica e coordenadora aquisição de vocabulário e desenvol- Neste desafio a escola pode auxiliar,
formações do mundo digital e, con- Segundo a pediatra Mariana Gra- orientando e informando os pais e
lulares, smartphones, notebooks e do Núcleo Saúde e Brincar do Insti- vimento linguístico
sequentemente, tem mais dificulda- nato, do Hospital Israelita Albert responsáveis sobre a necessidade
computadores levando-as a uma in- tuto Nacional de Saúde da Mulher,
des de socialização e exploração do Einstein e integrante do Departa- do uso consciente das telas digitais
toxicação digital. da Criança e do Adolescente Fernan- Destaca-se que diversos estudos
mundo real, que é tridimensional. mento de Pediatria do Desenvolvi- e como esse ambiente virtual pode
Pretende-se nas próximas linhas des Figueira (IFF/Fiocruz), Roberta têm apontado atrasos cognitivos e
Este distanciamento impede a ex- mento da Sociedade Brasileira de ser substituído por atividades ao
refletir sobre o impacto do longo Tanabe: de linguagem associados ao uso ex-
ploração e a convivência de outras Pediatria, “uma criança que não ar livre, atividades de relaxamento,
tempo de exposição às telas digitais cessivo de telas na primeira infância,
possibilidades de experiências sen- desenvolve bem as habilidades de meditação, jogos de tabuleiro, ativi-
no desenvolvimento das crianças/ O uso excessivo de telas tem sido época importante na plasticidade ce-
soriais e sociais. comunicação, interação social e fun- dades físicas e brincadeiras que esti-
adolescentes. Sabe-se o quanto es- associado a inúmeros desfechos noci- rebral e na organização estrutural. O
Cabe ressaltar que na interação di- ções executivas durante a infância, mulem a atenção e a concentração.
ses dispositivos trazem mais pratici- vos de ordem física, cognitiva e com- interesse e a atenção são mantidos na
gital, a resposta é rápida e pronta, o certamente, terá prejuízos em seu Recomendando que estes momentos
dade no dia a dia, mas é necessário portamental. Entre eles, destacam-se: oferta de múltiplos e contínuos estí-
que deixa pouco lugar para a inves- funcionamento nas fases posteriores de lazer sejam diários, em torno de
lembrar que o uso prolongado pode sedentarismo, obesidade, problemas mulos, cujos resultados obedecem a
tigação, a imaginação, a apreensão da vida”. uma hora, para desenvolver a plena
fazer muito mal para a saúde deste osteoarticulares, como vícios postu- uma lógica imediatista.
e interpretação dos conteúdos que Na mesma preocupação, a médica saúde física, mental, emocional e
público. rais e dores musculares, baixa motri- Ressalta-se que a superestimulação
vão sendo apresentados. Na exposi- Roberta Tanabe, alerta que: social. Professores e pais devem ser
Pesquisas recentes mostram o cidade, manifestações oculares como presente nos meios digitais e a ob-
ção prolongada às telas, as habilida- exemplos e companheiros de explo-
quanto crianças e adolescentes estão síndrome do olho seco, vista cansada tenção de respostas imediatas, atra-
des necessárias e importantes para Todos esses fatores concorrem para ração e descobertas, fortalecendo
cada vez mais expostos aos meios di- e miopia, problemas auditivos pela vés destas, interferem, negativamen-
a leitura, vão sendo paulatinamente dificuldades de interação e adaptação os vínculos de afeto, alimentando a
gitais. Segundo dados da TIC KIDS exposição a excesso de ruído. A dimi- te, no desenvolvimento da criança/
desestimuladas e atrofiadas sobretu- ao meio social. Considerando, sobre- curiosidade e a autonomia da crian-
ONLINE BRASIL 2019 (Pesquisa so- nuição das horas e da qualidade do adolescente. Alguns destes prejuízos
do, quando não há mediação de um tudo, as crianças maiores e adoles- ça/adolescente.
bre o Uso da Internet por Crianças sono, sobretudo, quando as telas são são bem visíveis no desenvolvimento
adulto durante este uso, fazendo as centes, entre outros efeitos na saúde
e Adolescentes no Brasil), em 2019, usadas antes da hora de dormir, in- cognitivo, entre eles cita-se; a habili-
devidas orientações e explicações. mental, evidencia-se maior suscep-
89% da população entre 9 e 17 anos terferem na capacidade de aprendiza- dade de saber esperar, contribuindo
era usuária de Internet, o que cor- gem e se relacionam com sonolência para a impulsividade, hiperativida-
responde a cerca de 24 milhões de diurna e piora do desempenho acadê- de, baixa tolerância às frustrações,
crianças e adolescentes, dos quais, mico. Há atrasos também na lingua- irritabilidade e estresse, bem como a
capacidade de atenção, prejudicando
especialmente seu rendimento esco-
lar.
Um fator agravante é o comporta-
mento passivo da criança/adolescen-
te, frente às telas, que pode desenvol-
ver uma predileção por atividades
que exijam menos cognitivamente,
dando espaço a preguiça, a ansiedade
e a frustrações, reações que podem
surgir diante da oferta de atividades
que requeiram mis esforço intelectu-
al, capacidade crítica, criativa e pa-
ciência, debilitam o protagonismo Referências bibliográficas:
delas. PARTATA, Eduardo. Seu sono é prejudicado pelo uso do celular e computador. Blog CPAPS. Disponível em <https://www.cpaps.com.br/blog/saiba-como-o-uso-de-eletronicos-pode-
-prejudicar-o-seu-sono/>
Outro elemento importante é que https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-atualiza-recomendacoes-sobre-saude-de-criancas-e-adolescentes-na-era-digital/
as crianças/adolescentes se habituam https://www.webmd.com/mental-health/news/20170503/are-smartphones-helping-or-harming-kids-mental-health
https://www.nationwidechildrens.org/family-resources-education/700childrens/2018/10/children-and-cell-phones
com o caráter bidimensional das in- Imagens de uso livre: www.freepik.com

38 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 39
Tanise da Costa Pereira Cassiane Lerner de Sousa
Técnica de Apoio Pedagógico Diretora da Escola
EMEF Felippe Alfredo Wendling EMEF Felippe Alfredo Wendling

Gestão humanizada para além dos limites da Ser Escola


sala de aula Viver a escola é um paradoxo entre o meu próximo, acreditando em seu cada no desenvolvimento de habili-
o complexo e o simplório. Comple- potencial. É reconhecer, é mudar e dades que capacitam nossos alunos
xo pela diversidade de pensamentos, lutar com dignidade, ética e sabedo- para o enfrentamento do mundo real,
Não há outro caminho senão o da comunidade da qual se faz parte. To- liberdades e não contra elas.
vidas e experiências que se entrela- ria sobre a cultura instituída em re- superando as expectativas e vencen-
prática de uma pedagogia humaniza- dos lidam diariamente com desafios O olhar diferenciado às individu-
çam. Simplório pelo fato de que toda lação à valorização dos estudos e da do os obstáculos da vida.
dora, em que a liderança revolucioná- emocionais, como o estresse relacio- alidades contribui para a criação de
esta diversidade é o que enriquece as instituição escolar. E quando percebermos que tudo
ria, em lugar de se sobrepor aos opri- nado ao ensino, à pressão de atender uma cultura escolar saudável, ba-
aprendizagens e o desenvolvimento Ser escola é ser forte e corajoso, isto foi possível alcançar, saberemos
midos e continuar mantendo-os como às necessidades dos estudantes e com seada no respeito mútuo, na comu-
social humano. diariamente, lutando por um futuro que cumprimos com nosso propósi-
quase “coisas”, com eles estabelece uma a complexidade das interações inter- nicação aberta e na colaboração. A
Para Paulo Freire, em seu poema melhor, sendo capaz de apresentar as to de ser escola. Mesmo que, talvez,
relação dialógica permanente. (FREI- pessoais na escola. Além disso, no dia gestão humanizada de profissionais
Escola é: inúmeras possibilidades para aqueles tudo isso não passe apenas de uma
RE, 1987, p.31) a dia, fica quase impossível dissociar em um espaço educativo é necessá-
que, no momento, estão com suas vi- visão utópica, para o lugar mais im-
a vida pessoal da vida profissional, ria para promover um ambiente de
“Escola é... o lugar onde se faz ami- sões limitadas. portante do início da construção do
Muito se fala da importância de por mais que se tente. Somos seres trabalho saudável, o bem-estar dos
gos, não se trata só de prédios, salas, Ser escola é compreender que ela futuro da vida de todos nós: a escola.
uma gestão escolar participativa e emocionais. A gestão humanizada educadores e o sucesso dos alunos.
quadros, programas, horários, concei- está além de provas e testes, mas fo-
humanizada, recebe-se orientações reconhece esses desafios e oferece Ela reconhece a importância de tra-
tos... Escola é, sobretudo, gente, gente
de que o olhar diferenciado, de frater- apoio emocional e reconhecimento tar os profissionais com dignidade e
que trabalha, que estuda, que se ale-
nidade e de acolhimento, é essencial às individualidades e necessidades. respeito, permitindo que eles desem-
gra, se conhece, se estima.... Impor-
para as crianças, os estudantes e as Quando os profissionais se sentem penhem seu papel de forma mais efi-
tante na escola não é só estudar, não
famílias. Logicamente tal verdade é valorizados, respeitados e ouvidos, a caz e contribuam para o crescimento
é só trabalhar, é também criar laços de
essencial para uma boa gestão. Con- tendência é que estejam mais moti- e desenvolvimento de uma comuni-
amizade, é criar ambiente de camara-
tudo, é fundamental pensarmos tam- vados e engajados em seu trabalho. dade educacional positiva. Em um
dagem, é conviver...” (Freire, 2008)
bém nos profissionais da educação. A Uma gestão humanizada cria um am- mundo cada vez mais tecnológico,
individualização, ver e levar em con- biente de trabalho onde os educado- onde a utilização de máquinas e apli-
Freire nos traz em sua poesia uma
sideração o profissional como alguém res se sentem apoiados e encorajados cativos cresce exponencialmente, a
excelente reflexão. Em outras pala-
único, com suas particularidades é a contribuir com ideias inovadoras e inteligência emocional ainda pode
vras, escola não é apenas constituí-
necessário para a qualidade do tra- esforços para melhorar a educação, ser maior do que o comportamento
da por burocracias e rotinas, com as
balho no espaço escolar e para a boa são parte essencial do processo. Um puramente racional.
quais estamos acostumados a viven-
saúde mental, como já falou Mahatma corpo docente satisfeito e motivado
ciar no nosso cotidiano, ela é muito
Gandhi, as doenças são os resultados tende a ter um impacto positivo no
mais do que isso, a escola é feita prin-
não só dos nossos atos, mas também desempenho dos alunos. Educadores
cipalmente de GENTE.
dos nossos pensamentos. que se sentem apoiados e capacitados
Precisamos recordar que quando
O vínculo de escuta e compreensão podem ser mais capazes de fornecer
tratamos de gente, estamos lidando
deve ultrapassar os espaços da sala uma educação de qualidade e criar Imagem: www.freepik.com
com seres humanos repletos de sen-
de aula e estar presente também na um ambiente de aprendizado eficaz.
timentos e vivências que atravessam
gestão. É indispensável reconhecer a Para Paulo Freire (1987, p.39):
o mundo escolar.
importância de tratar os educadores
Precisamos refletir e compreender
com empatia, respeito e apreço, le- Desta maneira, o educador já não
que ser escola ultrapassa seus muros
vando em consideração suas neces- é o que apenas educa, mas o que, en-
(Saviani, 2011). Ser escola é acolher,
sidades emocionais e profissionais. quanto educa, é educado, em diálogo
é acreditar que eu posso fazer a di-
Colocar a escuta efetiva em ação com o educando que, ao ser educado,
ferença na vida dos alunos, é ensinar
também é uma maneira eficaz de re- também educa. Ambos, assim, se tor-
com legitimidade todas as habilida-
alizar um planejamento estratégico e nam sujeitos do processo em que cres-
des e competências necessárias para
propor soluções. cem juntos e em que os “argumentos
que todos possam estar preparados
O bem-estar emocional é funda- de autoridade” já, não valem. Em que,
para o futuro que os aguarda.
mental para que se tenha vínculo com para ser-se, funcionalmente, autori-
Ser escola é ser capaz de alavancar
o espaço e, consequentemente, com a dade, se necessita estar sendo com as
Referências bibliográficas:
Referências bibliográficas: Freire, P. (2008). Ser escola é. Fonte: Portal Mec: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/cartilha2008.pdf
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11 ed. ver. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.

40 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 41
Kellen Gambato superfície onde seus estados interiores “Postão” há uma mangueira? Já repa- emocionalmente falando?
Professora de Educação Infantil se projetam ou refletem; de modo que, rou que no estacionamento ao lado E quanto ao projeto, explorando o
Kelin Karine Kolling a partir daí, sabe-se, ou pensa-se saber, há uma jabuticabeira? Quantas flores mundo das emoções e dos sentimen-
Professora de Educação Infantil aquilo que se quer, sente, teme, deseja, você vê pelo caminho que faz todo tos, percebemos emoções que não sa-
EMEI Profª Heda Alves Nienow pensa, isto é, aquilo que se pode comu- dia para ir ao seu trabalho? Há gati- bíamos muito bem definir e também
nicar desses estados. É preciso, portan- nhos que ficam se alongando e se re- identificar. A literatura de apoio aju-
to, que o homem tenha diante de si um torcendo por entre suas pernas e pés dou muito. As conversas com os cole-

Vivendo a escola e respeitando o meu contexto


espelho onde possa se refletir algo, um para ganhar um carinho? Há cheiro gas facilitaram a identificação de mui-
objeto a ser comunicado, conteúdo ob- de flor de laranjeira perto da sua casa to sentimento que parecia escondido
jetivado dos seus estados vividos.” ou escola? Você ganha um beijinho e desabrochou como uma flor em ple-
(GIACOIA, 2001, pg. 37) de tchau da sua filha? Seu vizinho, lhe na primavera. Foi extremamente rico
Sabe-se que a profissão de professor este deve ser respeitado e atendido. certos “monstrinhos na barriga” (alu- oferta uma comidinha ou um “chima” nos aprofundarmos nas emoções,
é uma das mais estressantes na atua- são ao livro de Tonia Casarin). Como E quando enfrentamos o vazio que de vez em quando? Já sentiu um abra- pois conseguimos enquanto seres hu-
lidade. Isso se dá por muitos motivos Sendo profissionais que observam, lidamos com estes monstrinhos? há dentro de cada um, nos deparamos ço de uma criança que diz: “Profíí, eu manos e professoras, nos ajudarmos a
e não é isso que queremos salientar. fica claro que precisamos trabalhar com tudo quanto é tipo de emoção e te amo?” E quando se olha no espe- entender os nossos sentimentos, a nos
Todo mundo sabe das dores que car- com emoções e sentimentos na escola “O cavaleiro estava aflito. O ferreiro sentimento, tanto os ditos “positivos”, lho, bem no fundo dos olhos, miran- enxergarmos. Senão, como ajudaría-
rega consigo devido à sua história de e sem esquecer de acatar o protago- era de longe o homem mais forte do como os ditos “negativos”. do a pupila, o que “vê”? mos as crianças nessa jornada senti-
vida e seus contextos. Como diz a nismo infantil. Não é somente uma reino. Se ele não conseguia tirá-lo de E pasmem, a gente PRECISA estar Sente tudo isso? Entende como mental e tendo ciência de que tudo é
música “Dom de Iludir” de Caetano turma em específico que necessita ser dentro da armadura, quem consegui- bem (de verdade e não da boca para é leve só de pensar? E é esse tipo de processo?
Veloso: “Cada um sabe a dor e a delí- desafiada neste tocante. Na realidade, ria? fora) nestes aspectos se quisermos cuidado que queremos lembrar, das Foi olhando primeiramente para as
cia de ser quem é”. todas as crianças merecem se conhe- Sendo um homem gentil, exceto passar algo bacana (e merecedor) pequeninas coisas que acontecem no “tiny things” e em segundo momento
O ponto chave é: inteligência emo- cer melhor. quando o dedão de seu pé era pisado, o para as crianças. decorrer do nosso dia, que deixamos para o próprio umbigo (aaaaai, como
cional! Algo que não é um “canudo” O ponto é: como trabalhar com os ferreiro percebeu o pânico do cavaleiro Porque se alguma vírgula estiver passar, que fazemos no automático. doeu), que nos fortalecemos e con-
que nos guia, é uma aprendizagem infantes sobre sentimentos se não os e foi solidário: mal posicionada, tenha a certeza que Será que estar no automático não nos seguimos viver um lindo projeto, do
contínua. É algo que não é teoria, é sei bem? Se fui criado(a) para repri- Suas condições são bastante adver- uma hora ou outra, o texto vai brecar, deixa infelizes? Menos inteligentes, nosso modo de viver a escola.
experimentação. mir, para engolir choro “e ficar quie- sas, cavaleiro, mas não desista. Volte vai barrar, vai surtar, vai pedir ajuda.
Como eu lido com tudo o que tenho to(a)”? Como trabalhar com emoções amanhã, depois que estiver descansa- Sabemos bem quem é este texto, não
dentro de mim, como eu lido com as que não sei “segurar”? Não é tarefa do. Você me pegou no final de um dia é mesmo? É nosso cérebro que irá
frustrações diárias? Pois a vida é, que- fácil!!! estafante.” influenciar nosso corpo e iremos psi-
rendo ou não, uma montanha russa, (FISHER, 2018, pg. 15) cossomatizar.
onde por vezes estamos no topo e em Nossa ideia é: numa vida tão con-
outros momentos estamos lá embaixo Como professoras, experimenta- turbada e repleta de informação (di-
querendo ter um pouco de visão. Essa mos na pele que para trabalhar com ga-se de passagem, pouco conheci-
“visão” pode ser um colo, um carinho, as crianças sobre as emoções e os sen- mento), onde estamos nos cobrando
um abraço, um trevo de quatro folhas timentos, precisamos estar bem com por coisas que nem a própria Mulher
que encontramos pelo caminho, en- nós mesmas, pois é tanta coisa que é Maravilha daria conta, estamos nos
fim, um afago para a alma que tanto aflorada, mas tanta coisa, que preci- cuidando autenticamente? Estamos
suplica apoio. samos recuar, voltar algumas casinhas parando, respirando, olhando para
E se este afago estiver num projeto no jogo da vida, para podermos en- dentro de nós e admirando as peque-
presente na turma? E se essa turma for tão, seguirmos adiante. nices ao redor?
de educação infantil? E se houver in- Com o outro e suas trocas temos Não sabemos ao certo onde encon-
clusão? E se mesmo com tantos “e se”, uma faculdade de aprendizado. No trar leveza e nem daria, pois é tanta
for uma vivência inimaginavelmente entanto, quando estamos a sós, com “fórmula pronta” para alívio imediato
positiva dentro e fora da escola? a cabeça no travesseiro antes de dei- que fica difícil escolher. E por vezes
E é exatamente isso que queremos tar ou respirando conscientemente no não é questão de escolha, as fórmulas
falar, não do projeto no sentido de meio de uma turbulência emocional, raramente se aplicam, devido à subje-
como ele se deu nos maiores detalhes Por mais que, tecnicamente falan- é que a amplitude do pensar ganha tividade e à complexidade que envol-
pedagógicos possíveis e sim, da im- do, nosso cérebro adulto esteja pre- outro patamar. É algo parecido com vem a existência.
portância de enquanto adultos, olhar- parado para lidar com abstrações, um pós-doutorado. Porém, nossa dica é olhar para si e
mos para as crianças e aprendermos muitas vezes é no concreto e no coti- para o que está aqui pertinho, nada
com elas. Essa é nossa vivência esco- diano que iremos aprender algo. “Por que é preciso que se constitua de Cancún com as amigas ou Veneza
lar, o olhar! Afinal de contas, as emoções estão e desenvolva a faculdade da consciên- com o boy magia. É aqui, é agora, é
Não seria uma escrita empírica sin- aí sempre, a todo instante. Um “Oi” cia? É preciso porque é indispensável; estar e ser presente.
gular de um contexto específico, pelo que foi dado sem olhar no olho, um para que o homem possa se comunicar, Você já reparou que na frente do
contrário, há um tsunami de informa- aperto de mão meio forte, um “pas- faz-se necessário, antes de tudo, que ele
ções fomentando que as crianças es- sou e virou a cara para mim”, etc. possa refletir, inteirar-se daquilo que Referências bibliográficas:
VELOSO, Caetano. Dom de Iludir. RCA Victor LP, 1977. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bTh8J6Yo-xM. Acesso em 6 de setembro. 2023.
tão longe de serem tábulas rasas e que Enfim, nas interações com o outro pretende comunicar. Nesse sentido, a FISHER, Robert. O cavaleiro preso na armadura: Uma fábula para quem busca a Trilha da Verdade; tradução de Luiz Paulo Guanabara. - 26ª ed. - Rio de Janeiro: Record, 2018.
GIACOIA, Osvaldo Junior. Nietzsche como psicólogo. São Leopoldo: Editora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2001.
tem por direito o seu protagonismo e, a gente acaba sentindo certas coisas, consciência representa justamente a CASARIN, Tonia. Tenho monstros na barriga. - 4ª ed.: Tonia Casarin, 2018.

42 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 43
Graciele Andreia Wolfart Alana Schuck
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais

Letícia Luana da Rosa


EMEF Felippe Alfredo Wendling

Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais


EMEF Profº Carlos Rausch

A relação criança e professor: caminhos para Vivências e experiências: conhecendo a área


tornar a aprendizagem significativa rural e urbana da cidade de Dois Irmãos
O docente, assim como a criança, é influência abrangente, que toca o sen- processo, faz-se necessário criar e Este texto tem como objetivo rela- Ao ser perceptível que apenas estu- A partir da experiência, foi possível
envolvido pela sua totalidade. Dessa tido de self incipiente das crianças, proporcionar um ambiente aco- cionar uma proposta pedagógica com dar teoricamente quais são os elemen- avançar em alguns conceitos e conhe-
forma, é imprescindível reconhecer suas impressões e interações com os lhedor e estimulante, que propicie o conceito de experiência aborda- tos característicos das áreas urbanas e cimentos abstratos, como criação de
que ela já vem com ideias preestabe- outros e até mesmo a maneira como à criança ser protagonista em suas do por Jorge Larrosa Bondia. Ela foi áreas rurais não era suficiente e que mapas e maquetes. Assim, foi possível
lecidas a partir de suas concepções, seus pais enxergam você e a elas. ações, participando e contribuindo pensada para as turmas dos segundos era necessário os estudantes verem, desenvolver outras habilidades im-
construídas durante suas experiên- (JABLON; DOMBRO; DICHTEL- com as vivências oferecidas pelo pro- anos da Escola Municipal de Ensino perceberem e sentirem os elementos portantes nas áreas de Língua Portu-
cias de vida. Por essa razão, ela pre- MILLER, 2009, p. 30). fessor e tornando suas aprendizagens Fundamental Professor Carlos Raus- no contexto de seu cotidiano e da sua guesa, Artes e Matemática. Também, a
cisa ser vista como um ser que pos- mais significativas. ch, sob orientação das professoras cidade, criou-se a experiência, para partir das diferentes propostas, como
sui e constrói conhecimento. Diante Outro aspecto primordial é a afe- As aprendizagens significativas da Alana e Letícia. que fossem afetados e pudessem criar a feitura de uma notícia de jornal, as
disso, a interação entre a criança e o tividade, que proporciona vínculos criança são todos os acontecimen- Esta atividade partiu da necessidade sentidos por aquilo que viveram. Des- crianças puderam elaborar seus pró-
professor constitui uma ferramenta fortes e efetivos entre o professor e a tos, informações e sentimentos que de abordar uma competência de Geo- ta forma, como afirma Bondia (2002, prios sentidos perante a vivência da
indispensável para que a aprendiza- criança, transmitindo emoções posi- ficam marcados, de alguma maneira, grafia descrita na Base Nacional Co- p. 24), “o sujeito da experiência seria saída de estudos. Afinal, como afirma
gem aconteça de fato. tivas, tranquilidade e segurança. Na em seu processo de ensino. A esco- mum Curricular (BNCC), na qual as algo como um território de passagem, Bondia (2002, p. 27), “se a experiência
Através desse vínculo, o professor escola, todo processo de desenvolvi- la tem o papel de transmitir saberes, crianças devem reconhecer a impor- algo como uma superfície sensível é o que nos acontece e se o saber da
a conhece e descobre suas necessi- mento psicomotor, intelectual, social contudo a sociedade apresenta co- tância do solo e da água para a vida e que aquilo que acontece afeta de al- experiência tem a ver com a elabora-
dades, o que direciona o trabalho do e cultural é movido pela emoção. As- nhecimentos dos quais a escola, por seus impactos na cidade e no campo. gum modo, produz alguns afetos, ins- ção do sentido ou do sem-sentido do
docente. Entender e compreender a sim, vezes, não dá conta. Por isso, a escola Após a leitura de textos e vi- creve algumas marcas, deixa alguns que nos acontece”.
criança em suas muitas especificida- precisa buscar uma filosofia voltada sualização de vídeos no YouTube, os vestígios, alguns efeitos”.
des torna o educador sensível e com- A emoção age, principalmente, no para a cidadania, para conseguir es- estudantes questionaram se, na cida-
prometido com sua prática. nível de segurança das crianças, que é tabelecer a relação entre sociedade e de de Dois Irmãos, havia área urbana
O poder da influência que o pro- a plataforma sobre a qual se constro- escola. e área rural e, caso existissem, onde fi-
fessor exerce sobre a criança é fan- em todos os desenvolvimentos. Ligado Por fim, é preciso olhar para a cavam. Assim, percebeu-se que, para
tástico e, ao mesmo tempo, perigoso, a segurança está o prazer, o sentir-se criança como um ser que carrega além da informação, as crianças de-
pois ela toma o exemplo do professor bem, o ser capaz de assumir riscos e uma história pessoal, com experiên- veriam experienciar para, então, fazer
como uma verdade absoluta. É incrí- enfrentar o desafio da autonomia, cias particulares, que são influencia- sentido. Inspiradas em uma frase que
vel a forma como se pode construir poder assumir gradativamente o prin- das por vários fatores, como a mídia, quase habita o senso comum, “só faz
relacionamentos duradouros entre a cípio de realidade, aceitar as relações a sociedade e a própria família. En- sentido se for sentido”, buscou-se, no
criança e o adulto. sociais, etc. (ZABALZA, 1998, p. 51). tão, o professor tem como finalidade artigo de Jorge Larrosa Bondia (2002),
ter responsabilidade ética, consciên- a inspiração para o planejamento da
As crianças têm uma capacidade Ainda é importante destacar o uso cia de suas ações, garantindo em sua proposta relatada a seguir.
fantástica de perceber como você se da linguagem como meio de apro- prática a construção do conhecimen- Bondia (2002, p. 21) afirma que “a
sente em relação a elas. Elas sentem ximar e intensificar a relação entre to e a formação de sua cidadania. experiência é o que nos passa, o que
seus sentimentos através da maneira a criança e o professor. A partir da nos acontece, o que nos toca”. Por-
como você as abraça, da expressão em linguagem, constrói-se o pensamen- tanto, para ir além da informação e
seu rosto e do tom da sua voz. Como to e a capacidade de decodificar a re- buscar este sentimento descrito por
você tem um papel tão importante em alidade e a própria identidade. Nesse Bondia, realizou-se uma saída de es-
suas vidas, elas se importam com o tudos para observação dos elementos
modo como você se sente e precisam da área rural e da área urbana da cida-
de sua aprovação. Como as pequenas de de Dois Irmãos, ou seja, dentro do
ondas criadas quando se joga uma contexto de vida das crianças e com a
pedra em um lago, seus sentimentos possibilidade de serem transformadas
em relação a cada criança têm uma perante a ação.
Referências bibliográficas:
Referências bibliográficas: BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
JABLON, Judy R.; DOMBRO, Amy Laura; DICHTELMILLER, Margo L. O poder da observação: do nascimento aos 8 anos. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, ANPEd, n. 19, p. 20-28, Abr. 2002.Disponível em: https://
ZABALZA, Miguel A. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998. www.scielo.br/j/rbedu/a/Ycc5QDzZKcYVspCNspZVDxC/?format=pdf&lang=pt Acessado em: 19 de setembro de 2023.

44 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 45
Nérison Carlos Hoffmann Bruna Góis Soares de Almeida
Diretor da Escola Professora de Educação Física

Debora Linck
EMEF Profº Carlos Rausch

Vice-Diretora
EMEF Albano Hansen

A jornada da Escola Albano Hansen na Estudantes do 9º ano em: Professor de


implementação de um Laboratório Maker Educação Física por um dia.
A Escola Municipal de Ensino Fun- dade, autonomia e protagonismo du- lidades são inestimáveis e preparam Após o recesso escolar, em agosto, tes por meio de conversas informais, ração das aulas como para a realiza-
damental Albano Hansen vem de- rante o período de aula. nossos alunos para um futuro cheio os estudantes do 9º Ano da EMEF material descritivo e, também, através ção prática com a turma da Educação
dicando anos de esforços para ofere- 2. Atividades do Laboratório Maker: de oportunidades. Carlos Rausch, iniciaram o projeto in- de uma aula prática ministrada pela Infantil, eles também mostraram-se
cer uma educação de qualidade que No novo espaço, os alunos da Esco- 4. Autonomia e protagonismo: Uma titulado: Professor de Educação Física professora de Educação Física, Bruna empolgados com o desafio de serem
prepare os alunos para os desafios la Municipal Albano Hansen têm a das metas mais significativas deste por um dia. Neste projeto os estudan- Góis Soares de Almeida, para a turma responsáveis por outros. Eles perce-
do século XXI. O desenvolvimento oportunidade de participar de uma projeto é capacitar os alunos a se tor- tes foram divididos em grupos, cada escolhida (NA01). Sabemos que a fase beram a necessidade e dependência
do Laboratório Maker foi uma jor- variedade de atividades de aprendi- narem protagonistas de seu próprio grupo seria responsável por elaborar e de pré-adolescência é um período de que os pequenos têm para resolver
nada que se desdobrou gradualmen- zado prático. Isso inclui a criação de aprendizado. No Laboratório Maker, ministrar uma aula de Educação Físi- muitas dúvidas, conflitos e busca da conflitos, realizar atividades, ir ao ba-
te, com recursos próprios da escola projetos de robótica, o uso da impres- eles têm a liberdade de escolher pro- ca, de aproximadamente 40 minutos, identidade individual. Ao longo do nheiro, dividir com os outros colegas
sendo investidos na aquisição de kits sora 3D para dar vida às suas ideias jetos, experimentar e aprender com para as crianças da turma NA01 da primeiro semestre, em conversas com algum material, assim como também,
de robótica e outras ferramentas edu- e a exploração de jogos lógicos, os seus erros. Isso não apenas aumenta Educação Infantil da mesma escola. os estudantes, percebi que, em muitos a necessidade de utilizar materiais es-
cacionais. Neste ano, com o apoio quais estimulam o pensamento críti- sua confiança, mas também os torna Essa turma é composta por 20 crian- momentos, eles não compreendiam as pecíficos, explicações rápidas e claras
do Projeto do Fundo Social Sicredi, co e a resolução de problemas. Além mais envolvidos em suas jornadas de ças, sendo uma delas de inclusão. A consequências de determinadas atitu- das atividades e linguagem simples
pudemos ampliar nosso laboratório disso, os estudantes têm a liberdade aprendizado. professora titular, Edina, foi super so- des, justamente por ainda não terem e mais infantil. Foram momentos de
para incluir, não apenas a robótica, de desenvolver projetos pessoais que A implementação do Laboratório lícita e aceitou prontamente participar vivenciado situações em que fosse ne- trocas de experiências e conhecimen-
mas também uma impressora 3D e alimentam sua criatividade. Além da Maker na Escola Municipal Albano do projeto, acompanhando a turma cessário agir com responsabilidade e tos, tanto entre a professora e os es-
uma sala específica que serve como utilização dos equipamentos e ma- Hansen é uma história inspiradora em todas as aulas. A monitora respon- maturidade. Em muitos momentos, tudantes, quanto entre os estudantes e
Laboratório Maker. teriais disponíveis no laboratório, os de inovação e compromisso com o sável pela aluna de inclusão também escutei falas vindas deles como : “ Por- as crianças. Essas trocas contribuíram
1. Expansão para um Laboratório alunos são estimulados a utilizar ma- futuro de nossos alunos. O labora- participou das aulas. Tal proposta teve que é um problema fazer tal coisa?” muito para melhorar a maneira de ver
Maker completo: em 2023, a Escola teriais alternativos. tório não é apenas um espaço físico, como objetivo estimular o senso de ou “ Fulana(o) pega no nosso pé…” e compreender o outro, enriquecen-
Municipal Albano Hansen deu um 3. Desenvolvimento de habilidades- mas um local onde o aprendizado se responsabilidade, senso crítico e ca- e ainda “ Nós não fizemos nada para do a prática pedagógica e tornando
passo significativo no desenvolvi- -chave: A implementação do Labo- torna envolvente, desafiador e diver- pacidade investigativa dos estudantes, ninguém, só estávamos nos divertin- o processo de ensino/aprendizagem
mento do laboratório, organizando ratório Maker não se trata apenas de tido. À medida que nossos alunos de- bem como proporcionar vivências em do”. Tais comportamentos e falas evi- mais tangível.
uma sala específica que concentra tecnologia; é uma oportunidade para senvolvem suas habilidades, ganham que eles experimentassem situações denciaram a necessidade de buscar
todos os kits de robótica, material os alunos desenvolverem habilidades confiança e se tornam protagonistas que seriam referência para outrem, de alguma forma dialogar com estes
educacional e jogos lógicos. Essa sala essenciais para a vida. Eles aprendem de sua própria educação. Estamos, necessitando, desta forma, apresentar estudantes de maneira mais clara, real
tornou-se um espaço vital onde os a trabalhar em equipe, a resolver de- assim, construindo as bases para uma postura e comportamento adequa- e palpável. Os resultados deste projeto
alunos podem, não apenas aprender safios complexos de forma indepen- comunidade mais forte e um futuro dos. Antes da realização prática do foram surpreendentes, pois além da
sobre robótica, mas também desen- dente e a pensar de maneira criativa brilhante. projeto, instruções, dicas e sugestões maioria dos estudantes demonstrar
volver habilidades de lógica, criativi- para superar obstáculos. Essas habi- foram proporcionadas aos estudan- responsabilidade tanto para a elabo-

46 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 47
Eduardo Gabriel Sebastiany Dirce Rodrigues da Silva
Professor de Ensimo Fundamental - Anos Finais Técnica de Apoio Pedagógico

Vanessa Orsi Cechinatto EMEF Profº. Carlos Rausch

Professora de Ensimo Fundamental - Anos Finais


Ester Terezinha Reichert
Professora de Ensimo Fundamental - Anos Finais
EMEF Profº Arno Nienow

Interdisciplinaridade: algumas reflexões Razão Áurea/Número de Ouro


As manifestações de práticas inter- sional, assim como a identificação de possível agregar descobertas relativas A razão áurea, ou número de ouro, gulo cujos lados apresentavam esta com n>3.
disciplinares ainda se apresentam de suas potencialidades, visando as dife- às diversas áreas do conhecimento. ou ainda, a proporção dourada é um relação, apresentava uma especial Podemos perguntar: será que esta
forma tímida no cotidiano escolar. rentes contribuições. Miranda e Man- Outra possibilidade está nos horá- número irracional misterioso e enig- harmonia estética e lhe chamaram de sequência numérica aparece em ou-
Entende-se que há consenso sobre a gini (2020, p. 181) mencionam que: rios de planejamento individual que mático que nos surge numa infinida- retângulo áureo. tras situações da vida?
importância e contribuição da inter- ocorrem concomitantemente entre os de de elementos da natureza na forma No fim da Idade Média, havia duas A resposta é positiva e espantosa
disciplinaridade para uma aprendiza- [...] auto-organização da equipe para pares, momentos ímpares em que é de uma razão e com o valor arredon- escolas matemáticas: uma, a escola da pela grande quantidade de situações
gem mais significativa, mas que ainda aceitação dos objetivos e definições, no possível trocar ideias e fomentar dis- dado a três casas decimais de 1,618, igreja e universidade, voltada para um em que ela ocorre. Apresento uma
é preciso refletir sobre formas de co- que diz respeito ao processo de traba- cussões, já que a interdisciplinaridade sendo considerada por muitos como âmbito mais teórico e exaustivo e ou- modesta lista, que poderá ser facil-
locar essa teoria em prática. Esta pro- lho, fazendo-se necessário trabalhar apresenta-se, essencialmente, como uma oferta de Deus ao mundo. tra com uma finalidade mais prática mente ampliada se pesquisarmos
posição parte do pressuposto que os tensões e conflitos, já que uma equipe um trabalho em equipe. A designação adotada para este nú- e objetiva, a qual pertencia Fibonacci. mais na literatura: estudo genealógi-
professores que atuarão neste modelo é composta por diferentes sujeitos. Isto Em experiências anteriores dos mero, Ф (Phi maiúsculo), é a inicial A contribuição de Fibonacci para o co de coelhos e de abelhas, compor-
serão investigadores, pois estarão em é, cada componente da equipe deve ter autores, esse processo da interdisci- do nome de Fídias, escultor e arqui- número de ouro está relacionada com tamento da luz, comportamento dos
constante processo de reflexão crítica claro seu papel, limites e possibilidades plinaridade já foi executado em di- teto encarregado da construção do a solução de seu problema dos coe- átomos, crescimento de plantas, as-
de suas abordagens e práticas docen- diante do conjunto, assim como dos de- ferentes espaços e momentos, tendo Partenon, em Atenas. lhos publicado no livro, Liber Abaci, censão e queda em bolsas de valores,
tes (FAZENDA, 1995). Nesse sentido, mais. resultados muito satisfatórios, o que A história deste enigmático número a sequência dos números de Fibonac- probabilidade e estatístic, além de es-
a postura do professor mostra-se cru- mostra que é possível estruturar um perde-se na antiguidade. No Egito, as ci. É interessante como a razão áurea pirais como: galáxias, marfins de ele-
cial para que movimentos interdisci- Daí se dá a importância de articular ambiente para trocas observando a pirâmides de Gisé foram construídas está intimamente relacionada com a fantes, ondas do oceano.
plinares possam ser iniciados. uma rede de colaboração entre os do- realidade de cada espaço escolar, atra- considerando a razão áurea: a razão sequência de Fibonacci.
Na realidade do município de Dois centes, especialmente os dos Anos Fi- vés da parceria entre o corpo docente entre a altura de uma face e a metade A sequência dos números de Fi- A MATEMÁTICA E O CORPO
Irmãos, fica claro que os professores nais. Neste ponto, percebe-se a potên- e equipes diretivas, sempre com o in- do lado da base da grande pirâmide é bonacci aparece num dos problemas HUMANO
não apresentam o simples caráter téc- cia das reuniões pedagógicas coletivas tuito de proporcionar uma educação igual ao número de ouro. Essa razão tratados no Liber Abaci e que consiste O emprego da razão áurea se torna
nico da década de 1970 e já buscam como momentos de diálogo para que de qualidade aos nossos alunos. surge também em muitas estátuas da no seguinte: mais sedutor nas relações existentes
desenvolver melhores estratégias de os professores encontrem, juntos, te- antiguidade. Um casal de coelhos torna-se pro- no corpo humano. No rosto femini-
ensino para seus alunos. Entretanto, o mas que permeiem as disciplinas e/ou Construído muitas centenas de dutivo após dois meses de vida, e a no há proporções invariáveis, pre-
professor investigador defendido por o cotidiano dos alunos, em que seja anos depois, o Partenon grego con- partir de então, produz um novo ca- valecendo sempre a razão áurea: na
Fazenda (1995) ainda apresenta ou- tém a razão áurea no retângulo que sal a cada mês. Começando com um distância entre a base do nariz e do
tras características que estão menos contém a fachada (largura/ altura), o único casal de coelhos recém-nasci- queixo, na divisão da altura da cabeça
presentes no corpo docente, como a que revela a preocupação de realizar dos, quantos casais existirão ao final pelas linhas das sobrancelhas, na di-
colaboração entre os profissionais e o uma obra bela e harmoniosa. de um ano? visão, pela boca, da distância entre a
compartilhamento de descobertas e Os Pitagóricos usaram também a Designando como fn o número de base do nariz e do queixo, o fato de
experiências, objetivando a constru- razão de ouro na construção da es- casais de coelhos existentes após n que umbigo divide o corpo em média
ção do conhecimento coletivo. trela pentagonal. Não conseguiram meses, evidentemente, f0 = f1=1. Por e extrema razão e de a linha dos olhos
A ideia de equipe, conforme Mi- exprimir como quociente entre dois outro lado, o número de casais exis- dividir o comprimento do rosto em
randa e Mangini (2020, p. 178), traz números inteiros, a razão existente tentes no enésimo mês, fn, é igual ao média e extrema razão.
a possibilidade de modificação dos entre o lado do pentágono regular número existente um mês antes, fn-1, Segundo a história, estes traços de
processos de trabalho fragmentados, estrelado e o lado do pentágono re- mais o número de nascimentos no- beleza humana encontram-se na obra
para o de um trabalho pensado e rea- gular inscritos numa circunferência. vos. Ora, esse número é exatamente de Leonardo da Vinci, Monalisa.
lizado coletivamente, numa perspec- Quando chegaram a essa conclusão, o número de casais existentes há dois E você? Será que é matematicamen-
tiva interdisciplinar. ficaram muito espantados, pois tudo meses, fn-2, os que têm, pelo menos te perfeito?
Nesse sentido, reitera-se a impor- isso contrariava toda a lógica que co- dois meses de vida, portanto em con-
tância do diálogo que possa garantir nheciam e defendiam e a chamaram dições de reproduzir. Então, cada ele-
o autoconhecimento de cada profis- de irracional. Foi o primeiro número mento da sequência de Fibonacci é a
irracional de que se teve consciência soma dos dois anteriores. Podemos,
Referências bibliográficas: que o era. Este número era o número portanto, construir toda a sequência:
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1995. de ouro, apesar deste nome só lhe ser f1=1, f2=1, f3=2, f4=3, f5=5, f6=8,
MIRANDA, G. M.; MANGINI, F. N. da R. Trabalho em equipe interdisciplinar na contemporaneidade: limites e desafios. Sociedade em Debate, v. 26, n. 3, p. 177-193, 2020. http://dx.
doi.org/10.47208/sd.v26i3.2786> Acesso em: 22 set. 2023. atribuído uns dois mil anos depois. f7=13, f8=21, f9=34, f10=55, f11=89
SILVA, Wagner Rodrigues; SANTOS, Susanna Soares; ANTONELLA, Kiahra. Desafios do trabalho colaborativo num projeto interdisciplinar de pesquisa científica. Revista Leia Escola,
v. 23, n. 1, 2023
Os gregos consideraram que o retân- e f12=144, ou seja, fn = fn-1 + fn-2,

48 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 49
Claudine Angelina Buttenbender Beatriz Maria Jung Stoffel
Professora de Ensino Fundamental - Anos Finais Professora de Educação Infantil
EMEF Primavera EMEI Profª Heda Alves Nienow

Explorando a harmonia das sequências Projeto: A vida das Borboletas


recursivas através da arte africana e da A Educação Infantil é um espaço animada que visualizei no YouTube

matemática para promover o pensamento, a cog-


nição, a reflexão, um lugar que requer
https://www.youtube.com/watch?-
v=o62R_hHJDRQ. Como recurso
disciplina, organização, mas não o didático usei o avental de história e
Nesta narrativa vou compartilhar gível e significativo para os alunos. Nessa fase, apresentou-se aos alu- silêncio e a falta de movimento. Nes- fui fazendo a narrativa e colocando
uma experiência enriquecedora de Paralelamente, apresentou-se nos o conceito de sequência recursi- sa concepção de escola infantil cabe os personagens nele. Após o conto
ensino, realizada na turma do 7º ano aos alunos a riqueza da arte africana, va na matemática. Após esse estudo, pensar a cabeça e o corpo. O corpo surgiu um debate na turma sobre a
da EMEF Primavera, na qual integra- bem como uma conexão única com a os alunos foram convidados a pintar para brincar, correr e movimentar-se, possibilidade da lagarta voar ou não.
mos os conceitos de sequências re- natureza e a vida cotidiana. Iniciou-se sua própria obra de arte, inspirada com atividades de interação; e a men- Aproveitei a oportunidade para fa-
cursivas com a Arte e a Matemática. a experiência apresentando aos alu- na arte africana, através dos tecidos te para absorver o aprendizado que zer algumas perguntas instigadoras
O objetivo é proporcionar aos alunos nos imagens, via projetor, sobre arte e incorporando os princípios da se- está aliado a toda essa movimentação para as crianças: Para onde a lagarta
uma compreensão mais profunda das africana, destacando suas característi- quência recursiva que eles identifi- e alegria que a infância traz. Apoia- foi? Ela voou? Ela pode voar? Com a
sequências recursivas, por meio da ex- cas específicas e a diversidade de for- caram. Na sequência, apresentaram da nos documentos oficiais, como a conversa mais perguntas foram sur- para as famílias. Também compara-
ploração criativa e visual. A interseção mas artísticas que ela engloba, como: suas criações na aula, compartilhan- Síntese das Diretrizes Curriculares gindo e, por fim, vários dias de con- mos as funções do nosso corpo com
entre arte e matemática é um campo máscaras, esculturas tribais e tecidos do o padrão que escolheram, a se- da Educação Básica (CNE), as quais versa e muitas hipóteses surgiram. as funções do corpo da borboleta e
fascinante que permite aos alunos ex- estampados. quência recursiva correspondente e enfatizam que os eixos norteadores Assistimos a história no YouTube e descobrimos que temos muitas dife-
plorar conceitos complexos de manei- como incorporaram essa sequência das práticas pedagógicas devem ser as dúvidas e curiosidades aumenta- renças e semelhanças. Depois de três
ra criativa e envolvente. Nesse sentido, em sua obra de arte. Isso promoveu as interações e as brincadeiras, ga- ram. Certa tarde, questionei a tur- semanas, as lagartas “desapareceram”
apresento uma experiência de ensino uma discussão em sala de aula sobre rantindo às crianças as mais diversas ma: - Como podemos descobrir se e fomos investigar para ver onde elas
que combina a rica tradição artística as conexões entre arte e matemática e experiências, envolvendo as múltiplas a lagarta vira borboleta? Depois de tinham ido. Descobrimos que esta-
africana com as sequências recursi- a importância dos padrões. linguagens; e a Base Nacional Co- pensar um pouco, o Cauê teve a ideia vam fazendo casulo e dormindo den-
vas de matemática. Por intermédio Essa experiência educa não apenas mum Curricular (BNCC), que define de observar uma lagarta para desco- tro dele. Passaram mais algumas se-
dessa abordagem interdisciplinar, sobre matemática e arte, mas também seis direitos de aprendizagem e de- brir se ela iria voar. Surgiu a ideia de manas de espera. Durante esse tempo,
buscou-se enriquecer a compreensão sobre a maneira como diferentes for- senvolvimento, os quais devem ser construir um terrário para as lagartas. experimentamos comidas de sabores
dos alunos sobre a harmonia subja- mas de desenvolver habilidades são assegurados a todas as crianças, ini- No dia seguinte, coletamos o material diferentes, descobrimos que as bor-
cente a ambas as áreas e promover essenciais para o pensamento crítico e ciei o projeto “A vida das borboletas”, na “floresta” e construímos um habi- boletas sentem o sabor com os pés,
uma aprendizagem mais profunda. resolução de problemas. A integração no início do mês de abril do corrente tat. Procuramos lagartas no pátio da escutam com as asas, sua língua é em
Este artigo propõe uma experiência da arte africana com o estudo de sequ- ano. escola e na floresta, mas não encon- forma de espiral e fica do lado de fora
de ensino que alavanca a beleza dos ências recursivas no 7º ano foi um su- Tudo começou com uma hora do tramos. Combinamos de procurar da boca, que tem um par de antenas e
padrões na arte africana para ensinar Depois de familiarizá-los com a cesso em todos os aspectos. Os alunos conto com a história “A lagarta Lala”. em casa e, se achassem, as trariam seis patas.
sequências recursivas de forma visual arte africana, introduziu-se a ideia não apenas aprofundaram seus co- Ela foi inspirada em uma história para a escola. Encontrei lagartas no E, finalmente, o grande dia da
e intuitiva. de padrões e simetria presentes nes- nhecimentos matemáticos, mas tam- pé de couve da minha horta, coletei transformação chegou e foi uma festa
A Experiência de Aprendizagem sas obras. Discutiu-se como os pa- bém se envolveram em uma jornada e, juntos, colocamos no terrário e ini- na sala! Era uma segunda-feira chu-
A turma de 7º ano estava estudando drões geométricos e os símbolos são culturalmente enriquecedora. Essa ciamos a observação. Foram semanas vosa do mês de junho e tivemos a gra-
sequências recursivas como parte do usados para transmitir significados e abordagem interdisciplinar e inclusi- de expectativas e curiosidades para as ta surpresa de encontrar duas lindas
currículo de matemática. Essas sequ- como esses elementos podem ser vis- va de ensino certamente deixou uma crianças, que viram as lagartas dobra- borboletas no terrário. As crianças
ências são aquelas em que cada termo tos como sequências recursivas visu- marca de firmeza em sua educação e rem de tamanho de uma semana para ficaram muito felizes e empolgadas.
subsequente é definido com base nos ais. Durante a atividade, a professora ajudou os alunos a entenderem como outra. Elas comiam e cresciam muito Não saíram de perto do terrário até
termos anteriores. Essas sequências atua como facilitadora, encorajando a arte africana é rica em padrões e se- e as crianças comentavam: o momento que as devolvemos à na-
podem ser encontradas em muitos as- os alunos a explorar livremente as se- quências que podem ser relacionadas “- Elas crescem porque comem tureza. Quando a chuva parou, solta-
pectos da natureza, desde a disposição quências recursivas enquanto fazem aos conceitos matemáticos das sequ- muita salada! E tomam água”. mo-nas na porta do saguão da escola
das folhas em uma planta até os pa- conexões entre a arte africana e os ências recursivas, enriquecendo sua Conversamos sobre alimentação para o seu primeiro voo. Algumas
drões de crescimento de conchas ma- conceitos matemáticos. O ambien- compreensão e a apreciação de ambas saudável e sobre o crescimento, com- crianças ficaram tristes pela partida
rinhas. A matemática das sequências te colaborativo estimula a troca de as disciplinas. paramos o tamanho delas com o ta- delas e outras ficaram encantadas ao
recursivas ajuda a descrever e explicar ideias e ajuda os alunos a desenvol- manho que tinham ao nascer, pesei vê-las voar. Com isso, encerramos o
características naturais complexas. O ver suas habilidades de resolução de e medi todos, fizemos um gráfico e projeto com a curiosidade e as dúvi-
desafio era tornar o conceito mais tan- problemas. enviei o peso e a medida de cada um das das crianças sanadas.

50 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 51
Iara Cristina dos Santos Márcia Enzweiler Borth Professora de Educação Infantil
Professora de Educação Infantil
Cinara de Moraes Santos Professora de Educação Infantil
Eduarda Schallenberger Stein Fernanda Abreu Professora de Educação Infantil
Professora de Educação Infantil
Mariele Elisa Blume Veronice do Nascimento Monitora Educacional
EMEI Profª Clarice Maria Arandt
Monitora Educacional
EMEI Profª Clarice Maria Arandt

Detetives da água em ação: conscientizando Projeto: Nem tudo se joga fora, cuide da
sobre o uso e preservação da água natureza!
Considerando que as crianças pos- O interesse da turma NB3, da EMEI com o planeta, com o descarte correto além dos questionamentos. A turma
suem um potencial transformador Professora Clarice Maria Arandt, pelo do lixo, com a reciclagem e o uso de mostrou-se muito envolvida a cada
da realidade em que estão inseridas, assunto ‘reaproveitamento’ surgiu sacolas de tecido ou recicladas. descoberta. As vivências foram muito
tanto no presente quanto no futuro, quando as professoras trouxeram para Foram inúmeras as propostas reali- significativas e os estudantes compre-
o trabalho acerca do tema água e sua a sala alguns brinquedos confecciona- zadas e a cada dia surgiam novas des- enderam a importância do descarte
preservação torna-se de fundamental dos com sucatas. Com a contação da cobertas. A turma socializou a canção, correto e a reciclagem do lixo. A turma
importância. O projeto surgiu a partir história: “A turma do utilixo” e a con- “Jogue o lixo na cestinha” (Professora relatou que aprendeu durante o proje-
de observações das crianças quanto fecção de cartazes para as lixeiras da Joice Silva Santos em paródia de “O to a importância de cuidar do planeta,
ao uso consciente da água. Durante sala surgiram mais questionamentos. patinho colorido” de Bento e Totó) e os descartando o lixo corretamente, re-
o encher da garrafa de água no be- Em outro momento, as crianças pa- brinquedos confeccionados com suca- ciclando, utilizando sacolas de tecido
bedouro, idas ao banheiro e na sala, raram para observar o caminhão e os tas. Realizamos passeios pelo bairro e ou recicláveis, reaproveitando mate-
no momento de escovação dos den- recicladores recolhendo o lixo da es- coletamos o lixo encontrado nos arre- riais e objetos, reduzindo o consumo
tes, entravam em discussão quanto das e curiosidades da turma e, dentre da água; Experiência como forma a cola. Surgiram então muitas dúvidas dores da escola. As crianças ouviram excessivo, entre outras ações. A turma
ao uso correto da água. Mostraram a elas, destacamos: Passeio da chuva; chuva; Experiência do saco de eva- sobre o assunto: “Por que o caminhão músicas, histórias, assistiram vídeos e concluiu, de forma satisfatória, dizen-
curiosidade sobre a falta de água na Confecção folder com desenhos, falas poração; Confecção de um pluviôme- do lixo amassa o lixo?” “Por que é im- se divertiram com jogos relacionados do “É muito bom cuidar da natureza!”.
cidade e trouxeram falas sobre o rio e aprendizagens; Mobilização e entre- tro com garrafa pet; Construção de portante reciclar?”... Seguimos nesse ao tema. As famílias se envolveram, Que essa conscientização das crianças
seco e questionamentos sobre a chu- ga dos folders para comunidade es- um gráfico acerca da quantidade de caminho e assistimos ao vídeo: “Nem criando brinquedos feitos com sucatas seja transmitida para suas famílias e,
va. Sabendo que a escola tem o papel colar; Conversa com a bióloga Ivana água nas frutas; Confecção do fundo tudo se joga fora, nem tudo que sobra e decoraram sacolas de tecido de do- de forma contagiosa, para a comuni-
de sensibilizar a criança quanto a nos- Soligo Collet. Além disso, realizamos do mar da NB1 e criação de animais é lixo”, do Mundo Bita, e as crianças ação. Outra experiência significativa dade. Assim, as gerações futuras po-
sa responsabilidade com o meio am- uma saída de estudos na Corsan, que marinhos com materiais recicláveis apresentaram mais indagações, con- foi a visita à Usina de Reciclagem da derão usufruir do nosso planeta de
biente, o projeto aqui explicitado visa foi muito significativa, uma vez que com as famílias; Experiência Poluição firmando o interesse pelo assunto. Os cidade de Dois Irmãos, onde a turma maneira sustentável!
ajudar na conscientização das crian- foi possível sanar os questionamentos da água; Confecção de coletes e lupas professores (as) são peças fundamen- sanou dúvidas e observou as etapas do
ças em relação à preservação da água, trazidos em sala, como: “A gente quer para os detetives; Mobilização junto tais no processo de conscientização trabalho realizado pelos recicladores.
mostrando consumo consciente e sua saber como eles limpam a água?” (Te- com a turma NA5 e NB3 para o re- da sociedade referente aos problemas A guia do local explicou cada espaço
importância para a vida. odoro); “Como a água vai do rio para colhimento de lixos jogados na ruas ambientais, pois buscam desenvolver e a experiência da reciclagem de pa-
Nesse contexto, fizemos algumas as nossas casas? (Lara)”. próximas à escola; Construção da em seus alunos hábitos e atitudes sa- pel foi algo que deixou as crianças en-
perguntas instigadoras e salientamos A saída de estudos na Usina de Re- maquete “Que planeta você quer para dias de conservação ambiental e res- cantadas, pois participaram de todo o
que, assim como em nossas casas, na ciclagem de Dois Irmãos surgiu devi- seu futuro?; Horta e um jardim com peito à natureza, transformando-os processo com entusiasmo e relataram
escola a água também é de extrema do a turma trazer os questionamen- reutilização da água da chuva; Cons- em cidadãos conscientes e compro- essa experiência aos seus familiares.
importância para preparação dos ali- tos: “Que tipos de coisas eles fazem na trução do Livro do Projeto. metidos com o futuro do nosso país. A turma recebeu a visita da bióloga
mentos, higiene, horta, limpeza e, por Usina?” (Otávio). Após, realizamos Na mostra pedagógica a turma pôde (MUNHOZ, 2004). Observando o Ivana Soligo Collet para falar sobre a
isso, precisamos utilizá-la de forma uma roda de conversa e registramos demonstrar na prática tudo o que encantamento do grupo pelo assunto, composteira, e ela explicou qual a me-
consciente. Diante de tanta curio- a vivência por meio da montagem de descobriu e, ao finalizarmos o proje- demos início às vivências significa- lhor maneira de pôr em prática, junto
sidade, muitas dúvidas e algumas um vídeo em que as crianças, indi- to, percebemos o quanto as crianças tivas. Iniciamos pelo que as crianças ao canteiro da turma, na horta da es-
certezas surgiram a partir das falas vidualmente, relataram seu aprendi- exploraram, experimentaram, de ma- já sabiam sobre lixo para o que elas cola, esclarecendo as dúvidas que sur-
abordadas pelas crianças: “Por que zado. Realizamos também a saída de neira autônoma e protagonista, por tinham curiosidade em descobrir. E giram. Prática que foi realizada pelas
não podemos desperdiçar a água?” estudos ao Museu de ciências natu- meio das vivências proporcionadas, surgiram vários questionamentos, crianças com o auxílio das professo-
(Teodoro), “Como seca a água do rais - Ceclimar\Ufrgs em Imbé, que lançando suas hipóteses e pesquisan- como: “Quais são os tipos de lixo?”, ras, com atenção e de forma contínua
rio?” (Stéfany), “Para que a chuva ser- abrangeu as temáticas relacionadas à do sobre as curiosidades abordadas, “O que é feito com o papel higiênico e periódica durante o projeto.
ve?” (Bento). E assim surgiu o projeto poluição dos oceanos e tipos de lixo. assim damos-nos conta do quanto o que vai para o lixo?”, “Como se recicla Acreditamos que atingimos os obje-
“Detetives da água em ação”. Realiza- Além disso, foram realizadas pro- estudo foi significativo para todos os o papel?”. tivos do projeto, sanamos as dúvidas
mos propostas, buscando sanar dúvi- postas como: Tipos de nuvem; Ciclo envolvidos. O objetivo do projeto foi conscienti- das crianças referente ao reaproveita-
zar que é preciso e possível contribuir mento de sucatas e aprendemos para
Referências bibliograficas:
DOIS IRMÃOS, Documento Orientador Curricular de Dois Irmãos. Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto. – Dois Irmãos: SEMEC, 2019.
RIO GRANDE DO SUL, Secretaria de Estado da Educação. Departamento Pedagógico, União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação. Referencial Curricular no Referência bibliografica:
Gaúcho: Educação Infantil. Porto Alegre: Secretaria de Estado da Educação, Departamento Pedagógico, 2018.V1. MUNHOZ, Tânia. Desenvolvimento Sustentável e Educação ambiental. Brasília, abril/2004, p.81.

52 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 53
Tanise da Costa Pereira Cristina Sturmer Knob
Técnica de Apoio Pedagógico Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais
Bruna Fernanda Utzig Immig Carina Sander Becker
Vice-Diretora
Cassiane Lerner de Sousa Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais
EMEF Profº Arno Nienow
Diretora de Escola
EMEF Felippe Alfredo Wendling

A Lógica do Dia a Dia Projeto: Minha história começou com a tua


Quem nunca ficou intrigado com a lógica ajuda a considerar várias op- nossos colegas resolviam problemas Desde os primeiros anos de idade sua casa, deveria ir à procura de obje- comparação com o passado, presente e
resposta daquela charada, daquele nú- ções, avaliar prós e contras e escolher complexos com abordagens diversas. registramos fatos, momentos e lem- tos, fotos e documentos que estariam sua evolução, foi apresentada uma cai-
mero do enigma ou ainda encucado a melhor alternativa. Compreender a Junto a isso, também desafiaram as branças que ficam guardadas em uma com a família a muito tempo e qual a xa surpresa e dentro dela tinha alguns
com a resolução de um problema? Os relação entre causa e efeito é impor- crianças a resolver problemas do co- espécie de setor do nosso cérebro. Es- memória (lembrança) que eles repre- modelos de máquinas fotográficas
desafios mobilizam nossa mente e nos tante para entender as consequências tidiano que exigiam raciocínio lógico. sas memórias surgem sempre quando sentavam. Cada aluno trouxe para a com um filme de revelação. Os alunos
motivam, trazendo ótimas oportuni- das ações. Nem todos os métodos funcionam nos deparamos com algo que faz esse escola o seu objeto ou enviou uma foto, ficaram surpresos, pois não haviam
dades de aprendizado. No cotidiano é A argumentação, facilitada pelo da mesma maneira para todos os es- resgate. Os responsáveis por trazer es- através da rede social, e apresentou-o visualizado esse equipamento, pois,
possível encontrar inúmeros desafios pensamento lógico, também está li- tudantes. Portanto, a plasticidade e a sas lembranças à tona podem ser am- para a turma, explicando a memória nos dias atuais, utilizamos o celular
que demandam o uso do raciocínio gada à comunicação eficaz, ajuda a capacidade de avaliar constantemente bientes, cores, um cheiro, um aconte- que esse item tinha para a família. Es- para este fim. Para dar continuidade
lógico, corriqueiramente, mesmo sem expressar ideias de maneira clara e co- o progresso e a reação dos alunos são cimento, uma brincadeira ou pessoas. ses materiais nos ajudaram a entender ao estudo, as turmas fizeram uma vi-
percebermos. Assim, para que possa- erente, tornando a fala mais compre- essenciais para o sucesso das interven- Essas memórias fazem parte de nossa e a contar a história sobre quem somos sita ao Museu. Lá entendemos e fomos
mos realizar ações diversas em nossas ensível para os outros. ções. história individual e podem ser, tam- e de que forma essas lembranças tam- construindo a identidade individual e
vidas, de modo efetivo, é preciso esti- Desde cedo, tais atividades fortale- Essa diversidade de atividades ilus- bém, coletivas. E foi assim que surgiu bém formam a nossa identidade. coletiva da nossa cidade. Após a visita
mular essa capacidade de pensamen- cem as conexões neurais no cérebro, trou a flexibilidade e adaptabilidade o projeto: “Minha história começou Com base nessas descobertas inicia- foram realizados cartazes de sistema-
to. promovendo um desenvolvimento que os educadores podem ter ao in- com a tua”. Um trabalho realizado mos a construção da árvore genealógi- tização das evidências observadas e
Ao longo das nossas jornadas como cognitivo saudável, preparando as troduzir propostas lógicas em suas au- pelas duas turmas do 2ª ano da Esco- ca de cada aluno, para entender a ori- análises dos resultados. Para finalizar
educadoras, tivemos diversas oportu- crianças para enfrentar desafios inte- las. Além disso, a colaboração entre os la Municipal de Ensino Fundamental gem de sua história e as conexões entre o projeto, planejamos um chá de me-
nidades de participar de intervenções lectuais mais complexos no futuro e professores foi extremamente valiosa. Prof Arno Nienow. cada parentesco. Também aprendemos mórias afetivas, foram convidados os
relacionadas à lógica. Durante 2023, ainda aumentar a autoconfiança, pois Trocar ideias, compartilhar sucessos e Iniciamos nosso estudo, primei- e pesquisamos mais sobre o que é me- avós dos alunos, que participaram e
como equipe gestora da EMEF Felippe se sentirão mais capazes de superar desafios, discutir resultados e ajustar ramente, construindo a história das mória, para isso lemos e conhecemos o relataram sobre suas vivências do pas-
Alfredo Wendling, nos propusemos a obstáculos e alcançar metas. abordagens em conjunto enriqueceu crianças desde o seu nascimento. Cada livro Guilherme Augusto Araújo Fer- sado. Foi um momento para ouvirmos
trazer desafios lúdicos nas reuniões Assim, as propostas tornam-se um a experiência dos envolvidos. Foi gra- criança trouxe fotos, objetos, certidão nandes, da escritora Mem Fox, que fala histórias, vivências e relatos do tempo
pedagógicas e, consequentemente, investimento valioso no desenvolvi- tificante perceber como a interação de nascimento para apresentar e pes- da amizade entre uma criança e uma em que eram estudantes e crianças. Foi
aguçar a temática nos profissionais da mento intelectual, sendo feitas por entre diferentes perspectivas pedagó- quisar informações sobre a sua histó- idosa. Criança que ajuda a vovó a recu- uma oportunidade para resgatarmos
escola, levar essa motivação até os es- meio de jogos estratégicos, brinca- gicas resultou em soluções criativas ria. Nesse momento, os alunos foram perar suas memórias, separando obje- lembranças de cheiros, brincadeiras e
tudantes. deiras, quebra-cabeças, atividades e eficazes para engajar os alunos no questionados sobre seu sobrenome, tos e fotografias que são fonte de infor- acontecimentos passados, nos quais as
Pensamos que estimular a lógica é matemáticas, desafios e muitas outras desenvolvimento de suas habilidades sobre as pessoas de sua família e como mação sobre pessoas. Posteriormente, memórias vividas através da oralidade
fundamental, pois contribui para o abordagens educativas. lógicas. cada aspecto faz parte da sua história. cada aluno pesquisou o que é memó- deixarão lindas recordações entre ne-
desenvolvimento cognitivo e para o Segundo o psicólogo Carl Rogers, Assim, também, iniciamos um resgate ria, fazendo uma entrevista. Para estu- tos, avós e professoras.
desenvolvimento das habilidades de a aprendizagem com problematiza- das memórias das famílias com uma dar sobre a evolução dos objetos e sua Com esse projeto os alunos aprende-
resolução de problemas, fortalecendo ção torna-se mais significativa, o que investigação, na qual cada aluno, em importância na história, fazendo uma ram que o nosso nome é muito impor-
a capacidade de enfrentar os desafios acontece mais facilmente quando as tante, mas que nosso sobrenome carre-
do “mundo real” de maneira eficaz, situações são percebidas como desa- ga um legado, uma história que inicia
promovendo o pensamento críti- fios. antes de nascermos. Aprendemos tam-
co, ajudando a analisar informações, As atividades vivenciadas foram bém que estamos em um mundo que
identificar padrões, avaliar argumen- experiências enriquecedoras e que evolui e que nossos avós têm muitas
tos e tomar decisões fundamentadas. trouxeram uma nova dimensão de histórias e saberes importantes para
O raciocínio coerente é essencial entendimento sobre o ensino e apren- compartilhar conosco. A participação
para resolver problemas, ensina a dizagem. Colaborar com outros pro- ativa das famílias, a alegria dos alunos
abordar os desafios de forma siste- fessores nesse contexto ampliou a em receber os avós no nosso ambien-
mática, não só na matemática, mas perspectiva, permitindo explorar uma te escolar, compartilhando um pouco
em todas as áreas do conhecimento. variedade de métodos e estratégias da rotina, e a realização dos avós em
A capacidade de tomar decisões bem que podem ser aplicadas em diferentes poderem relatar fatos e vivências do
fundamentadas é crucial na vida. A disciplinas. Pudemos observar como passado foi, com certeza, uma troca
de aprendizagens com fontes históri-
Referência bibliografica: cas vivas. Isso sim ficará guardado na
CARL Rogers: Quem foi e quais são suas teorias. Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva. Disponível em: <https://iptc.net.br/carl-rogers/>. Acesso em 08 de set.2023. memória.
Lógica: raciocínio lógico em diversas situações do cotidiano. Disponível em: https://blog.portaleducacao.com.br . Acesso em 08 de set.2023.

54 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 55
Cátia Weiler Adriane Aline Butzker Costa
Professora de Ensino Fundamental - Anos Finais Professora de Educação Infantil
EMEF Felippe Alfredo Wendling Tamires Schuck Kafer
Professora de Educação Infantil
Ana Claudia da Rosa
Professora de Educação Infantil
EMEI Jardim da Alegria

Na alfândega dos conhecimentos Artistas da turma Multi


Trabalhar com educação sempre aula e, embora não pronunciasse pa- saberes, colocar-se no lugar do sen- experimentar a arte, explorar, conhe-
é um desafio. Foi-se o tempo em que lavras, percebia-se que ela seguia al- sível, de poder olhar o outro, seja ao cer, descobrir, vivenciar sob diferentes
o professor era visto como aquele que guma melodia que trazia dentro de si. apreciar uma obra de arte e o que o âmbitos, desenvolvendo a criatividade
ensinava. Da visão arcaica daquele Nesse momento, os colegas começa- artista quis dizer com ela, seja nesse e imaginação.
que passava conteúdos, o educador ram a redigir um texto e Karol parou olhar mais empático para com cada Contemplando a curiosidade das
passou a ser um mediador de conhe- de cantar, passando a observar os es- ser e o mundo que nos rodeia. Quan- crianças em conhecer um artista e um
cimentos. O aprendizado se dá nesse tudantes. Aproximei-me. “Karol, can- do me importo com o outro, quando ateliê, pensamos em apresentar a eles
campo que se estabelece. Essa zona ta para mim a música que você estava trago para dentro de mim as questões algumas obras do artista Flávio Schol-
densa e nem sempre pacífica que é cantando há pouco.” Eis que Karol do outro, posso tornar nossa relação les, próximo de nossa região. Então,
a troca de experiências, uma via de começa a cantar para mim a mesma mais significativa. É nesse local que nos apropriamos das obras desse artis-
mão dupla de descobertas. Cada nova melodia e meus olhos encheram-se penso e repenso o espaço da sala de ta e fomos até o ateliê com a turma. As
turma, um novo professor necessi- de lágrimas. Até aquele momento, aula. Espaço esse não físico, mas eté- crianças tiveram a oportunidade de
ta se redescobrir. Novos indivíduos, não sabia se Karol estava sequer me reo e que abarca o momento da troca. conhecê-lo pessoalmente e fazer ques-
com outras necessidades e questiona- compreendendo. Sim, Karol não só Karol me fez pensar sobre isso. Como tionamentos, sanando suas dúvidas e
mentos (por vezes até sem pergunta me compreendia, como interagiu di- que a sala de aula se tornasse quase curiosidades. Percebemos o brilho no
alguma). Nesses momentos, sempre retamente comigo. Aquele pequeno que uma sala de espera, como nos Nos momentos de brincadeiras, interesse pelas artes. Eles relataram olhar das crianças ao observarem as
penso em como fazer com que aquele instante condensou todo um processo aeroportos, em que aguardamos para percebemos que as crianças da turma que gostariam de fazer pinturas com diversas obras de arte que lá estavam e
conteúdo que necessita ser trabalha- e foi muito significativo. Karol perce- embarcar nos voos. Porque, nesse lo- Multisseriada NA/NB demonstraram tintas, esculturas, vasos com argila e as falas de quem as fez. Admiraram-se
do faça sentido para os estudantes. É beu e sorriu. cal do importar-se, quando realmente grande interesse em desenhar. Pediam desenhos. Outros relataram que gos- com o tamanho dos quadros, acha-
nesse ponto que acredito que resida o São esses pequenos instantes que abrimo-nos ao outro, podemos fazer para a professora que lhe dessem fo- tariam de saber como podemos fazer ram alguns gigantes e quiseram saber
conhecimento, no fazer sentido. Den- fazem a jornada ter um significa- uma viagem para dentro, mas tam- lhas e pegavam seus estojos de mate- arte. detalhes de como o artista faz suas
tro de todo esse contexto instigante do especial. Acompanho o filósofo, bém em direção ao outro, seus an- riais, assim ficando por longos perí- O projeto teve como objetivo conti- criações, tintas que usa e pincéis. As
e, por vezes, avassalador que é uma educador e palestrante Mario Sergio seios, lutas e demandas. E é nesta sala odos desenhando. Faziam desenhos nuar explorando materiais artísticos, crianças perceberam que muitas obras
sala de aula, encontramos também a Cortella. Em algumas de suas pales- de espera, que nunca é de espera, mas lindos, como: sereias, paisagens, cas- fazendo obras de arte e testando ou- que estavam no ateliê já conheciam e
inclusão. Indivíduos que, com suas tras ele fala sobre o verbo importar- de constante ir e vir, nesta “alfândega telos, frutas, pessoas, paisagens e eram tras possibilidades de produções ar- já tinham feito sua releitura. Assim,
especificidades, nos fazem repensar -se, citando como o ato de trazer para dos conhecimentos”, que a educação verdadeiras obras de artes. Também tísticas. Entre as propostas oferecidas sentiam-se orgulhosos, pois tinham
ainda mais nosso papel como educa- dentro. Penso muito a respeito disso. se eleva a um novo patamar e nossa apresentavam curiosidade em fazer para as crianças da turma citamos al- pintado quadros que o artista pintou,
dor. Aqui encontrei a Karol. O quanto nos importamos uns com existência de educadores toma senti- pinturas. Quando pintávamos na sala gumas que foram significativas: Cons- como, por exemplo: Ritzeletas que ha-
Karol é minha aluna já pelo segun- os outros. E o quanto me importa o do. Gratidão Karol. ou no pátio, nos azulejos, eles ficavam trução de um painel sobre “Artes”: O viam feito a releitura. As crianças pas-
do ano. Seu processo de aprendizado que os estudantes trazem consigo, *Karolini de Souza é estudante do encantados, adoravam misturar as co- que sabemos? Representação através saram a se ver como grandes artistas e
possui especificidades que vão além suas realidades ou o quão significati- 9º ano da E.M.E.F. Felippe Alfredo res. Tanto que logo perguntavam para de desenho das crianças em papel so- ficaram orgulhosas com suas pinturas
do acompanhamento e desenvolvi- va uma aula de Arte possa ser em suas Wendling, na qual sou Professora de a professora: “Posso misturar as cores bre o que foi falado. Conhecemos as em folhas, azulejos e esculturas com
mento dentro do conteúdo progra- vidas. Para além de conhecimentos e Arte. para ver qual fica?” A curiosidade de- obras e sobre a vida de alguns artis- argila. Elas usavam a imaginação e
mático no qual a turma está inserida. les em criar cores novas era enorme. tas como: Vincent Van Gogh, Claude assim criavam obras fantásticas, com
No ano anterior, Karol pouco per- Como o interesse deles estava vol- Monet, Flávio Scholles. As crianças muita dedicação e capricho.
manecia em sala. Agitava-se muito tado para este fazer artístico, surgiu a realizaram escolhas de algumas obras Por meio deste projeto, as crianças
e necessitava ir com a monitora para ideia de trabalharmos o projeto: Artes para fazer releituras. Obra de arte em perceberam a beleza das obras de arte
ambientes mais amplos e com menos para aprofundar o conhecimento das azulejos, materiais reaproveitados, dos artistas, tanto deles como tam-
pessoas. No início deste ano, começa- crianças, ampliando o repertório de utilizando tinta PVA para artesanato bém de outros. Um artista se expressa
mos um trabalho mais intenso para experiências, partindo para escultu- e pincéis. Mistura de cores para con- através de uma pintura, desenho, es-
que ela permanecesse conosco em ras, modelagens, releituras de obras seguir uma nova paleta, experiências cultura, representando suas emoções
sala. Embora dialogue bastante com de artes, entre outros. Fizemos uma para ver o que acontece com as mis- e sensações, podendo ter uma inten-
Karol, muitas vezes me questionei se roda de conversa para conhecermos turas, observações e conclusões. Ofe- cionalidade e usando sua imaginação.
me compreendia. Se a comunicação qual era o interesse das crianças. Cada recemos diferentes propostas: pintura, Tudo isso traz um encantamento tan-
que estava tentando estabelecer era, criança escolheu uma imagem que desenho, modelagem, escultura, re- to ao artista como para quem vê aque-
de fato, efetiva. Certo dia Karol che- representasse o que gostaria de apren- leitura de obras de arte, colagens que, la obra de arte.
gou muito feliz. Cantava durante a der. A maioria das crianças mostrou por meio delas, as crianças puderam

56 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 57
Gabriela D’Ávila Schüttz Jéssica Trierveiler Professora de Educação Infantil
Professora de Ensino Fundamental - Anos Finais
Marli Closs Professora de Educação Infantil
Janete Loebens Johann Monitora Educacional
EMEF Prof. Carlos Rausch

Isadora Helena Schneider Sales Estagiária


EMEI Profª. Clarice Maria Arandt

Formação de leitores na escola Vida marinha


Esta experiência se une a um leque ria que cada livro apresenta, pela pos- Leitura Compartilhada com novas As turmas NA5 e NB1 da Escola dos munícipes não sabe quais em- ção e cuidado com o meio ambiente,
de ações pedagógicas direcionadas sibilidade do estudante exercer as ha- obras. Municipal de Educação Infantil Pro- balagens são recicláveis e quais não. envolvemos as crianças em diálogos
à popularização do hábito da leitura bilidades da leitura, da oralidade e da Este ano, os estudantes do 6º perí- fessora Clarice Maria Arandt realiza- Tendo em vista a Lei 12.305/2010, que sobre o descarte correto, mobilizações
nas escolas. A leitura de obras lite- criatividade de modo lúdico. Pensa-se odo foram apresentados ao projeto e ram uma saída de estudo à Usina de regulamenta a prevenção e a redução de recolhimento de lixo nas proximi-
rárias, seja em versão digital ou im- na leitura de livros literários uma ati- os do 7º ano já desenvolvem a leitura Reciclagem de Dois Irmãos. Nessa na geração de resíduos, considerando dades da escola e propostas de confec-
pressa, tem se mostrado um desafio vidade prazerosa em si e não um meio integral da sexta obra do projeto. Já os visita ficaram impactadas com a gran- como principal objetivo a prática de ção de materiais e brinquedos. Perce-
importante nas escolas brasileiras. na busca de outros fins: melhora no alunos do 8º e 9º anos decidiram es- de quantidade de lixo produzido na hábitos de consumo sustentável e que bemos que essa ação foi positiva, visto
Este texto apresenta um breve relato vocabulário, na compreensão da di- colher e adquirir um exemplar de um cidade, sendo que descobriram que visam propiciar o aumento da recicla- que as famílias relataram que as crian-
sobre uma prática já internalizada pe- nâmica da língua, na aquisição de título específico para este momento alguns tipos não podem ser recicla- gem e da reutilização dos resíduos, as ças compartilharam em casa essas vi-
los estudantes de Língua Portuguesa conhecimentos gerais entre outros da aula, assinalando um primeiro e dos, tais como: sacola plástica branca, prefeituras deveriam pôr em prática as vências, sinalizando a importância do
na E.M.E.F. Carlos Rausch: a Hora da benefícios que a leitura pode trazer. importante desdobramento do proje- embalagem transparente, caixas de ações que garantissem essa lei. Mesmo descarte correto e a separação do lixo,
Leitura Compartilhada. Essa experi- Nesta experiência, a leitura com- to: a escolha da obra a ser lida. Essa ovos transparentes, garrafas coloridas, assim, há pouca fiscalização para o assim como a higienização das emba-
ência também se apresenta como uma partilhada ocorre a partir da apre- escolha simboliza mais do que a liber- entre outros. cumprimento da lei no comércio. lagens com água quente para evitar o
ponte, entre tantas possíveis, diante sentação de uma obra aos estudantes, dade para selecionar o que lhes inte- Sabemos que, durante a pandemia, aparecimento de moscas, ratos, ba-
de um desafio maior: a formação de geralmente os livros literários que a ressa ler, mas a apropriação e perso- isso foi necessário, devido ao cuidado Nesse contexto, uma das primeiras ratas e abelhas na Usina de Recicla-
leitores nas escolas. escola dispõe em número suficiente nalização pelos estudantes da Hora da e restrições, mas há uma preocupação questões que é preciso fazer é se não gem. A partir dessas aprendizagens as
O projeto iniciou-se no mês de mar- para que cada estudante da turma te- Leitura Compartilhada. mundial com o aumento dos rejeitos, estaria havendo uma espécie de trans- crianças estão mais atentas e observa-
ço de 2022, durante as aulas de Língua nha seu próprio exemplar em mãos. Por fim, destaca-se que é uma ses- com a maneira desordenada de des- ferência da responsabilidade do Estado doras, pois cada vez que se deparam
Portuguesa. O hábito da leitura não Assim, cada educando lê em voz alta são da aula aguardada por eles, que carte. Cada vez mais estamos viven- e do mercado para os consumidores. com algum lixo no chão demonstram
constitui uma traço expressivo da cul- e acompanha a leitura dos colegas e começam a construir suas próprias do catástrofes ambientais (enchentes, Frequentemente, governos e empresas interesse em recolhê-lo.
tura brasileira, mesmo que momentos do professor, também em voz alta, referências e interesses literários. Esse secas, poluições dos solos, etc) e qual buscam suavizar sua responsabilida- A décadas ouvimos o discurso “pre-
dedicados à leitura sejam promovidos respeitando o turno de cada um. Uma reconhecimento por parte dos estu- será a causa? Cortez e Ortigoza (2007, de, transferindo-a para o consumidor, cisamos preservar o meio ambiente
nos espaços escolares. Neste sentido, vez cessado o acervo disponível, con- dantes parece nos indicar que a se- p.60) afirma que “[...] O homem, prin- que passou a ser considerado o princi- e as crianças são o futuro”, mas o fu-
essa experiência buscou refletir sobre sultamos a Biblioteca Pública do mu- mente pelo prazer da leitura foi plan- cipal ator da degradação ambiental, pal responsável pela busca de soluções. turo nos remete para algo que ainda
os resultados obtidos em ações seme- nicípio e realizamos trocas de títulos, tada e está gerando frutos! sofre as consequências do desrespeito Muitas vezes o consumidor assume virá, onde fica o agora? Não podemos
lhantes, cujos resultados não haviam a fim de dar continuidade à Hora da ao meio ambiente em todas as esferas sozinho essa responsabilidade que, na acreditar que essa é a decisão certa. A
sido satisfatórios. Assim, surgiu a de sua vida”. verdade, deve ser compartilhada por criança está no agora e precisamos re-
ideia da Hora da Leitura Comparti- Pensamos que, para amenizar os todos, em cada esfera de ação. (Cortez verter esse descaso, conscientizando a
lhada. Destaca-se que a prática refe- danos causados pela produção de lixo e Ortigoza, 2007, p. 54) todos que é no dia a dia que devemos
rida não denota a ideia da tradicional em demasia, seria necessário um tra- cuidar do planeta Terra. Nossas ações
leitura dirigida ou da leitura colabo- balho voltado para a conscientização Na nossa escola desenvolvemos um diárias estão sentenciando o nosso fu-
rativa - conceito ricamente estudado da população, logo que grande parte trabalho voltado para conscientiza- turo, que está cada vez mais incerto.
e documentado, em que o objeto da
leitura é problematizado e discutido
pelos estudantes junto ao professor,
buscando o desenvolvimento de um
leitor competente e crítico.
A experiência da leitura compar-
tilhada descrita aqui é muito menos
audaciosa, mas não por isso menos
relevante, já que o objetivo é a leitura
pela leitura. Ou seja, a realização da
leitura junto aos estudantes não alme-
ja a criação de fichas de leitura, apre- Referências bibliograficas:
sentações orais ou quaisquer outros BRASIL. Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 03 ago. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2010/Lei/L12305.htm. Acesso em: 19
mecanismos de controle de leitura. abr.2019.
CORTEZ, Ana Tereza Caceres. Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades. Disponível em: https://books.scielo.org/id/n9brm/pdf/ortigoza-9788579830075-03.pdf Acesso
Ela se dá pela curiosidade, pela histó- Títulos lidos pelos estudantes do 7º ano. em: 12 set. de 2023.

58 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 59
Eliane Roth Gateli po de criação teatral, onde a imagi-
Diretora de Escola nação, o corpo, e a ação dos alunos
Anderson Barbosa Soares estejam integrados, na construção
Professor do Projeto Teatro de novos saberes e competências ex-
EMEF Dr. Mário Sperb pressivas. (FERREIRA; FALKEM-
BACH, 2012, p. 11)

Projeto Teatro Envolvente: um relato de Pensar a escola como um lugar


de possibilidade e de transfor-

experiência sobre a linguagem teatral na mação, no qual é possível criar


narrativas e outras formas de ensi-

educação infantil e anos iniciais. no, assim como transformar a sala


de aula em cenário e tudo aquilo
que a imaginação permitir, é pen-
1. O que o Teatro nos ensina? instigar a reconhecer seu protag- O espaço escolar no qual a maio- sar numa escola que abrace todas
onismo na sociedade e, também, ria das crianças tem contato, pela as competências curriculares e
O teatro é uma das linguagens a contemplar e sentir apreço pela primeira vez, com a linguagem todas as manifestações artísticas
mais antigas de comunicação do arte como um todo. teatral enquanto conhecimento como legítimas.
homem e o fato dela ser compos- O teatro, sendo uma linguagem (aula) ou contemplação (peças de
ta por muitas outras linguagens, diversa, pode operar em uma pon- teatro/apresentações), faz com que 2. Meu corpo experimenta, cria e
como a plástica, sonora, verbal e te de conhecimento com a ped- essas crianças vivenciem momen- compartilha.
a cinestésica, a torna ainda mais agogia, facilitando o processo de tos relevantes para a sua formação
abrangente e necessária. E, além de leitura e de escrita, visto que seus e ressignifiquem lugares, bem O contato com o teatro abre por-
possuir seus próprios conteúdos e exercícios nos anos iniciais, prin- como o pátio da escola, que pode tas para novas descobertas cor-
conhecimentos, é a partir do con- cipalmente na educação infantil, virar um palco. Segundo Ferreira e porais e sensoriais, tais como o
tato com o teatro que o sujeito em são lúdicos. O uso do teatro de Falkembach: reconhecimento do corpo como o espectador pode reconhecer nele ser o mote de aprendizagem dessa
formação consegue ampliar suas fantoches/sombras, a contação parte do ensino-aprendizado. Em importante espaço de debate das criança. Correr, pular e canalizar a
habilidades, como a criatividade, de histórias ou jogos teatrais são O que torna o espaço teatral são exercícios vocais os estudantes nossas questões e, principalmente, energia em exercícios e atividades
a expressão corporal e vocal, além formas de tornar o aprendizado as ações empreendidas nele: o teatro aprendem diferentes maneiras de perceber quão prazerosa e gratifi- traz a sensação de expansão e de
de trabalhar um pensamento críti- prazeroso e eficiente, em que a es- se dá em um espaço simbólico que é entonar a voz e dar vida aos per- cante pode ser essa relação (DES- entendimento acerca da própria
co-reflexivo. Então, quando falam- cuta, a participação e envolvimen- construído pela ação dos atores-jog- sonagens criados nos exercícios GRANGES, 2003, p. 33) capacidade. Experimentar no cor-
os da arte teatral, estamos falando to do estudante com a aula são adores, daqueles que participam do propostos. Também, nas aulas, tra- po a sensação de ser “outro” que
de uma prática capaz de provocar elementos significativos para essa jogo teatral. Dessa forma, a sala de balhamos jogos de concentração, As práticas educacionais envol- está adormecido dentro de si jun-
o estudante e fazê-lo questionar o interlocução entre as artes cênicas aula pode se transformar em um coletividade e criatividade, com o tas na linguagem teatral começam to a todas as descobertas que só o
mundo a sua volta. Assim como e a pedagogia. espaço de jogo, em um espaço-tem- intuito de trabalhar a socialização pelo corpo do aluno, muitas vez- teatro proporciona. Sendo assim,
da turma, o foco e a atenção. es adormecido atrás de classes e todos devem ou deveriam fazer
A partir das aulas de teatro é pos- cadeiras, e que, na verdade, deve teatro.
sível perceber os educandos mais
criativos e desenvoltos em todos
os momentos que estão na escola e
fora dela também. É notório que as
crianças, com o passar do tempo,
comecem a criar um vínculo com
o ritual de fazer teatro e todos os
seus conteúdos. De acordo com
Desgranges:

O apreço está diretamente ligado


ao grau de intimidade e, apenas
entrando em contato com o teatro,
seus meandros, técnicas e história,
Referências bibliograficas:
FERREIRA, Taís; FALKEMBACH, Maria da Fonseca. Teatro e dança nos anos iniciais. Porto Alegre, Mediação, 2012.
DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do Espectador. São Paulo, Hucitec, 2003.

60 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 61
Deloni Ott Stoffel Camilo Bruno Fonseca
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais Professor de Educação Infantil
Projeto Global Marite Callegaro
Professora de Educação Infantil
Débora Roberta Padilha da Silva
Monitora Educacional
EMEI Profª Clarice Maria Arandt

Letramento matemático através dos jogos: Frutas que alimentam e dão energia para
a alegria de ensinar e aprender brincando nosso corpo
A prática docente tem me ensina- para a aula, os usados no contraturno ou no seis, mas se no decorrer do ca- A temática Frutas despertou um - “Como é uma árvore de uva?”
do que o acolhimento, a escuta e o e ainda as roupas que no decorrer do minho for ultrapassado por qualquer interesse significativo aos alunos da (Thierry);
diálogo são pilares fundamentais na dia iam despindo. Observamos todos adversário volta para casa e tem que turma NB2 da EMEI Clarice Maria - “A banana tem semente?” (Fer-
compreensão e desenvolvimento da os compartimentos de cada mochila, recomeçar. A frustração de voltar é Arandt, próximo ao fim do período nando);
aprendizagem, e por isso sempre op- planejamos e organizamos os mate- inevitável, porém, um bom jogador de adaptação da nova rotina diária - “Como é feito o chá da bergamo-
tei em estar na Educação Infantil, lu- riais por tamanho, depois definimos sabe que neste jogo tudo é possível, que lhes era apresentada. Em um dos ta?” (Flávia).
gar que me permite exercer com tran- onde cada um poderia ficar, por últi- pois na reta final da trilha é preciso momentos de alimentação surgiu o Partindo disso, atividades foram
quilidade e maestria os pilares acima mo treinamos diferentes dobras nas acertar a quantidade de casa para sair, seguinte questionamento: “Por que desenvolvidas com o objetivo de
citados. Entretanto, como professora roupas para ocupar menos espaço. do contrário fica indo e vindo, e é nes- comemos frutas duas vezes ao dia?”. responder as perguntas trazidas. Ao
concursada e fazendo parte da rede Na prática de jogos em equipe: pas- te momento que o retardatário pode O questionamento foi uma semen- longo do projeto, os alunos externa-
municipal de educação, em 2023 me sa garrafa, o primeiro jogador da fila chegar primeiro. tinha para a discussão. A partir des- vam suas percepções, encantamentos,
aventurei como oficineira no Proje- precisa ter agilidade, percepção do Por fim, no jogo “brincando de en- se momento, deu-se início a uma questionamentos e alegrias ao identi-
to Global e, neste espaço de troca de valor de cada garrafa no momento genheiro”: projetar um trânsito segu- conversa de esclarecimento, em que ficarem novas descobertas e aprendi- e sabores.
saberes, compartilho algumas das vi- de escolha, enquanto os demais jo- ro para nossa cidade, definitivamente essa semente foi “regada” pelos pro- zados: Em um canteiro, as crianças reali-
vências neste novo espaço. gadores prestam atenção e precisam não é tarefa fácil, demanda muitos fessores com algumas informações - “A melancia nasce da semente de zaram o plantio de mudas de moran-
A Base Nacional Comum Curri- ter agilidade em receber e repassar cálculos. O lápis foi registrando os sobre a importância do consumo de uma planta rasteira e pode ser amare- go, no qual observaram o processo
cular (BNCC) aponta que a partir a mesma. Percebi que as crianças se comandos do pequeno projetista, que frutas e seus benefícios. Começaram la” (Vinícius); de crescimento, maturação e ama-
de dezembro de 2017, o 1º e 2º ano doam, cada uma com suas particula- ilustrou o relevo irregular da cidade e a “germinar” e várias perguntas sur- - “O morango tem flores brancas e durecimento. Na terceira semana de
do ensino fundamental passam a ser ridades: comandos, gritos, agitação, no “sobe e desce” criou rótula, sinali- giram, “gerando” o projeto Frutas. A amarelas e o fruto é vermelho”; setembro, realizaram a colheita dos
considerados “ Ciclos de Alfabetiza- constatações… (“Quem tem mais zação, vegetação, lago, parques, casas, pesquisa foi crescendo e o objetivo de - “Fazemos chá com a folha da ber- primeiros frutos, pois logo as mudas
ção”. Com ela aprimoramos o enten- garrafas ganha.” “Não, quem faz mais escola e igreja, ocupando todo o es- explanar os benefícios para o desen- gamoteira” (Flávia); entrarão em estágio de senescência.
dimento de Letramento e como se dá pontos.”). Por fim, quantificamos as paço disponível no papel, afinal, Dois volvimento do corpo humano, pro- - “Podemos usar a casca de algumas Uma descoberta muito importante
o processo de apropriação da lecto- garrafas, somamos os valores de cada Irmãos tem infinitas belezas a serem movendo a alimentação saudável e frutas para colocar na horta e as ver- que trouxeram foi a partir do plantio
-escrita (aprendizagem significativa uma, transformamos os resultados registradas. melhorando o consumo por parte das duras crescem com isso” (Iago); da muda de abacaxi, que foi feita com
da leitura e da escrita). E o processo em dezenas, e assim, temos a equipe Diante disso, percebeu-se que os crianças foi ficando cada vez maior. - “A casca do limão é repelente para a coroa obtida a partir do abacaxi co-
matemático? Desenvolver o raciocí- vencedora, além de ser uma brinca- jogos e as brincadeiras mobilizaram O assunto começou a ser explorado não vir o mosquito da dengue” (Sofia letado no pomar da escola, pois cada
nio lógico também é um método de deira onde todos ganham. esquemas mentais, criando impulsos e as crianças trouxeram o que já sa- e Miguel). abacaxizeiro produz apenas um fruto
letramento. Se o processo significativo Observou-se, no jogo de solo: o co- naturais em que a criança realizou es- biam: O aumento da ingestão de frutas por ciclo de floração. Logo, a coroa
da alfabetização acontece no enredo lorido do tabuleiro, pinos e o dado forços voluntários e espontâneos para - “Mamão faz bem para os olhos” pelas crianças foi percebido, pois foi replantada após o crescimento
do cotidiano da criança, o letramento “fazem” o convite para o jogo. O ludo atingir o objetivo em questão, estimu- (Henrique); mostraram-se curiosos e participati- das radículas para que o pomar possa
matemático também não é diferente. é um desafio de concentração, paci- lou e aprimorou habilidades motoras, - “Se comer frutas diferentes, vamos vos no desenvolvimento das ativida- produzir mais abacaxis ao longo do
Assim, procurei desenvolver minha ência e muita estratégia para chegar cognitivas, afetivas e sociais, e promo- ter várias vitaminas” (Alana); des, estimulando o desejo de novas tempo.
prática além das operações básicas ao destino, as regras são claras, para veu a capacidade da criança de resol- - “Quanto mais fruta comemos, experiências. Algumas das árvores existentes no
trazendo propostas relacionadas às sair de casa o dado precisa cair no um ver problemas. mais forte ficamos” (Iago); Embora grande parte das ativida- pomar da escola são mantidas pelas
necessidades primárias de quem fre- Enquanto traziam o que já sabiam, des tenham sido realizadas dentro da funcionárias, como: a bananeira, a la-
quenta a escola e contraturno, através a curiosidade foi despertada e outros escola, os esforços, quando desenvol- ranjeira, o limoeiro e demais árvores
de dinâmicas atrativas, jogos e brin- levantavam a mão para questionar vidos em conjunto pelos alunos, pais, frutíferas existentes, permitindo que
cadeiras. algo que ainda não sabiam, surpreen- comunidade em geral, professores e as crianças acompanhem o desenvol-
Logo nos primeiros dias letivos dendo-nos com o rico conteúdo que funcionários, possibilitam o ensino e vimento e produção das frutas.
percebi a dificuldade das crianças estava em “modo de espera” neles. a troca de conhecimentos, de forma A parceria entre escola e comunida-
em organizar seus pertences em uma - “Porque todas as frutas não nas- aglutinadora. Em algumas propos- de é fundamental para o desenvolvi-
única mochila, afinal, dentro preci- cem da árvore?” (Isabela); tas, os pais enviavam frutas de seus mento das atividades e também para
sava caber os materiais necessários - “Como o coco nasce?” (Augusto); pomares (fruta do conde, carambolas que as crianças possam “viver a esco-
- “O que podemos fazer com as cas- e romãs), para que pudessem experi- la”, entendendo o pertencimento delas
Referência bibliografica:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/, acessado em 22/09/2023.
cas das frutas?” (Sofia); mentar novos aromas, texturas, cores nos espaços escolares e na sociedade.

62 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 63
Perla Motta Goulart a maioria das pessoas adotou e não rua com algum alimento, água ou até
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais comprou seu Pet. mesmo encaminhando para a Asso-
EMEF Felippe Alfredo Wendling Concluímos que, antes de adotar- ciação de Animais. Lá é o local ideal
mos um animal, é muito importante para ajudar a conseguir um lar amo-
pensarmos bastante, para depois não roso para ele.
acabarmos abandonando-o. É impor- É muito importante realizarmos a
tante pensarmos no tempo que preci- castração dos animais para evitar que

Abandono de animais
samos dedicar ao animalzinho e nos tenhamos muitos deles nas ruas em
custos que iremos ter com ração, re- estado de sofrimento. Além disso, de-
médios e veterinário. vemos denunciar qualquer situação
Também precisamos pensar com de maus tratos às autoridades.
Os alunos do 3º/01 da E.M.E.F. Fe- • Observar se existem animais brincarmos com ela, que foi resgatada Por meio do nosso trabalho foi pos- quem iremos deixar o bichinho quan- Aprendemos, com este trabalho,
lippe Wendling e a professora Perla abandonados no bairro; e atendida pela Associação. Eles au- sível incentivar o cuidado com os ani- do formos viajar. Devemos dar pre- que os animais nos ensinam que
Goulart iniciaram um estudo com a • Pesquisar na internet sobre o tema xiliaram encaminhando-a para a cas- mais e sensibilizar as pessoas para a ferência pela adoção consciente, pois quem ama não abandona e cuida com
temática sobre o Abandono de Ani- estudado; tração e cirurgia para retirada de um adoção responsável. existem muitos animais abandonados todo amor e carinho como gostaria de
mais. A justificativa do trabalho ba- • Realizar uma pesquisa sobre a câncer de mama. Após sua recupera- No questionário que as famílias e que precisam de ajuda! ser tratado!
seou-se no fato de que muitas pessoas adoção de animais entre os alunos da ção, em um lar temporário, iniciou- professores responderam, felizmente, Se possível, auxilie os animais de
abandonam os animais na nossa cida- E.M.E.F Felippe Wendling. -se uma busca para encontrar um lar
de. Nosso trabalho foi de grande im- amoroso para ela. Agora, Gaya vive
portância, pois falamos sobre a prote- A turma foi visitar a Associação feliz com sua nova família!
ção dos animais. Amigos dos Animais, que é formada Realizamos uma pesquisa entre a
O problema que tínhamos para re- por pessoas que amam os bichos e comunidade, professores e funcio-
solver era: o que poderíamos fazer trabalham voluntariamente para dar nários da Escola Felippe Wendling,
para diminuir o índice de abandono o melhor para eles, uma vez que es- questionando sobre a adoção de ani-
de animais em nossa cidade? tão em situação de risco. Na oportu- mais.
Em nossas hipóteses, gostaríamos nidade, entrevistamos a presidente da Em nosso questionário foi possível
de incentivar a adoção de animais e Associação Maria Isaura Husken, que verificar que 80,7% dos entrevistados
conscientizar as pessoas para uma respondeu a diversas questões trazi- têm animais de estimação.
adoção responsável. das pelos alunos. Ao serem perguntados sobre como
O objetivo geral do trabalho teve o Iniciamos o trabalho com debates conseguiram o animal de estimação,
intuito de incentivar as pessoas a cui- e conversas sobre o tema. Após, rea- 71,8% respondeu que adotou. Já 9,9%
darem mais dos animais. lizamos pesquisas bibliográficas em comprou e o restante ganhou ou o
Os objetivos específicos do trabalho diferentes sites. Assistimos um vídeo animal apareceu em sua casa.
foram: sobre o resgate da cachorrinha Gaya Quando questionados sobre se já
• Conhecer o trabalho da Associa- e da sua evolução após ser adotada. viram algum animal em situação de
ção de Animais; Recebemos então a visita da Gaya em abandono, 96,4% respondeu que sim.
• Distribuir panfletos sobre a prote- nossa sala de aula e tivemos a opor-
ção de animais pelo bairro; tunidade de darmos muito carinho e

Referências bibliograficas:
https://adotar.com.br/instituicao.aspx?cod=2005
https://jornaldoisirmaos.com.br/noticia/18032022-abandono-de-caes-e-gatos-preocupa-associacao-dos-animais-de-dois-irmaos

64 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 65
Ana Cristina Wiest Eduardo Gabriel Sebastiany
Professora de Ensino Fundamental - Anos Finais Professor de Educação Infantil
EMEF Profº Arno Nienow EMEF Profº Carlos Rausch

Es war einmal... Era uma vez... Um conto que Na teia da Dona Aranha
ainda não havia sido contado Trabalhar com a Educação Infantil é
garantia de retorno ao mundo da ima-
“Um rei chamado Vírus que vi- viam música? Quais eram os entrete- instrumentos tocamos? E se, com a ginação. Para Piaget (2010), a imagina-
via escondido em qualquer lugar do nimentos? Momento de conversar em nossa música, pudéssemos afastar ção é a ferramenta com a qual as crian-
mundo. Ele tinha muita vontade de família, ouvir histórias de antigamen- algo de ruim… Uma boa música traz ças abstraem objetos e situações que
expandir o seu reino. Então, um dia, te, pois naquele momento a família bons sentimentos! Os maiores com- não estão presentes imediatamente
saiu à conquista de outros reinos. Pe- estava tendo mais tempo em casa. positores clássicos do mundo falavam no ambiente e que vai evoluindo até a
gou um avião e, ao aterrissar em cada Interessantes invenções que usamos alemão… Bach, Beethoven, Mozart, construção de símbolos mais comple-
cidade, começou a empestar a todo no nosso cotidiano foram inventadas Chopin. xos. Já Montessori (2021) enfatiza que
planeta…” Conto de Guadalupe del genuinamente por alemães, desde o Embarcamos para uma viagem essas construções surgem a partir da
Canto, traduzido em vários idiomas motor ao filtro do café. Em cada um encantadora: A Rota dos Contos de exploração ativa do mundo, através do
para ajudar pais e educadores pelo de nós mora um inventor em poten- Fadas, que vai da cidade dos irmãos corpo que sente e que age. Compreen-
mundo a conversar com seus filhos cial. Em tempos de pandemia, tive- Grimm, Hanau, no vale de Kinzig, dendo a potencialidade do movimento
sobre a triste realidade: Covid-19. Es- mos que “nos reinventar”, o momento num percurso de 600 km até o mar, e do imaginário, duas turmas de Edu-
tudamos a versão em língua alemã. exigiu de nós precaução e criativida- onde surgiu o conto “Bremer Stadt- cação Infantil foram convidadas a vi-
Você, caro leitor, deve estar pensan- de. Os estudantes relataram em frases musikanten” (Os Músicos de Bre- venciar, nas aulas de Educação Física,
do, mas o que isso tem a ver com as o que estavam “inventando” em casa. men). o projeto “Na teia da Dona Aranha”.
vivências da escola hoje? É que esse “Wir backen Brot” (Nós fazemos A cantiga clássica da Dona Aranha é
relato de experiência ficou inacaba- pão), “Ich planze im Garten” (Eu Hanau é a cidade natal de Jacob e um componente da cultura brasileira cânicos e anatômicos. Ele defende que rado a Base, pois aponta como objeti-
do devido às demandas da pandemia planto na horta)... Wilhelm Grimm e abriga o Monu- e dispensa apresentações. Ocorre que as crianças não são simples corpos em vos e habilidades a experimentação de
e não foi publicado. Mas como todo E como cuidar dos sentimentos e mento Nacional em homenagem aos essa figura mítica possui característi- movimento, elas são vidas que estão situações que demandem domínio,
bom conto dos irmãos Grimm “Wenn emoções das nossas crianças? Lite- Grimm, marco zero do roteiro. cas e habilidades carregadas de signos ocupadas com algo significativo, o que exteriorização, combinação e ade-
sie nicht gestorben sind, dann leben ratura sempre é uma boa escolha. A (Fonte: Google) que podem ser assimilados de diver- caracterizou como o Se-movimentar. quação de movimentos, coisas que
sie noch heute” (se eles não morre- fantasia dos contos de fadas é funda- sas formas. Um dos elementos mais Um exemplo disso é a brincadeira de só ocorrerão se as atividades fizerem
ram, então vivem hoje ainda) virou o mental para o desenvolvimento in- Neste ano, os contos retornaram utilizados no projeto foi a teia da per- pular elástico, realizada no projeto. A sentido no contexto proposto, como
nosso “felizes para sempre”. Continuo fantil. “Se quiser falar ao coração dos de forma presencial e muito especial. sonagem que serviu como fio condu- brincadeira possui relevância cultural uma brincadeira na teia da aranha.
o meu relato de 2020… homens, há que se contar uma histó- Um novo conto para se contar! tor e teceu as experiências corporais, no Brasil e apresenta variações especí- Uma vez que o movimento humano é
E foi assim que começamos as ati- ria. Dessas onde não faltem animais, através da imaginação e de seus sig- ficas dependendo da região, tendo evo- fundado em uma intencionalidade, o
vidades não presenciais na discipli- (...) e muita fantasia. Porque é assim nificados. Em determinados momen- luído organicamente ao longo do tem- Se-movimentar remete a uma forma
na de Língua Alemã na EMEF Arno suave e docemente que se despertam tos, os fios de barbante passavam a se po entre os círculos de socialização e especial de compreender o mundo
Nienow, naquele ano de 2020. Após a consciência”. (Jean de La Fontaine, sé- manifestar como teias pegajosas que sua importância e fim estão na própria através da ação.
história, estudantes e famílias foram culo XVII) formavam obstáculos e deveriam ser prática. Segundo os Campos de Expe- O projeto “Na teia da Dona Aranha”
instigados a confeccionar, simboli- Muito poderia se dizer sobre a im- evitadas, em outros, a teia materiali- riência da BNCC (2017), poder-se-ia rendeu muitos frutos, pois priorizou
camente, um escudo protetor contra portância de contarmos histórias zava-se como uma ponte que auxilia- propor a atividade com o simples in- o contexto social e os significados
este rei indesejado. Queríamos ter a para as crianças. E o quanto isso im- va na passagem das aranhas, mesmo tuito de que as crianças demonstras- simbólicos construídos pelas crianças
certeza de que as nossas famílias es- pacta positivamente a vida delas. O que, aos olhos adultos, parecesse uma sem controle adequado de seus corpos ao longo das aulas. Elas justificaram
tavam tomando os devidos cuidados momento era delicado, aproveitei a simples fita de slackline. em brincadeiras e jogos (EI03CG02). certos acontecimentos e sugeriram
e, assim, gerar uma consciência de oportunidade para trazer os clássi- Neste ponto, recorro a Kunz (2004), Assim, avaliar-se-ia se a criança é ca- ações, infiltrando-se no jogo simbó-
cuidado e proteção para afastar o mal. cos dos Irmãos Grimm, na sua língua que critica uma Educação Física que paz de saltar e direcionar seus pés para lico e construindo coletivamente os
Escudos protetores ativados, segui- original, e trazer esse encantamento, olha para um corpo que é, ou capaz acertar ou evitar o elástico, bem como esquemas motores que não se restrin-
mos com as aulas remotas. Na pro- alegria e esperança dos finais felizes, de realizar ações, como correr, saltar, em qual estágio do movimento ela se giram a uma classificação por nível
posta seguinte deveriam imaginar de certa forma. Começamos com o arremessar e suar, ou é incapaz, prio- encontra. Nesse sentido, o DOC-DI de desempenho, mas nos sentidos do
suas vidas sem telefones celulares, conto “Der Rattenfänger von Ha- rizando aspectos fisiológicos, biome- já apresenta uma evolução se compa- Se-movimentar.
sem carro, sem internet. Como ou- meln” (O flautista de Hamelin). Quais Referências bibliograficas:
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: < http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_ver-
Referências bibliograficas: saofinal_site.pdf > Acesso em 09/06/2022.
NOEL, Daniel. Os contos dos irmãos Grimm. Editora Taschen, 2017. KUNZ, Elenor. Educação física: ensino & mudanças. Ijuí: Unijuí, 3. ed., 2004.
https://www.academia.edu/42297988/O_ESCUDO_PROTETOR_CONTRA_O_REI_VIRUS - Acesso em abril de 2022. MONTESSORI, Maria. A mente da criança: mente absorvente. Campinas: Kírion, 1. ed., 2021.
http://plataforma.prolivro.org.br/projeto-exibe.php?p=263&s=135 - Acesso em 22 setembro de 2022. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: LTC, 4. ed., 2010.

66 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 67
Deise Groth Robinson Ribeiro
Professora de Educação Infantil Professor do Ensino Fundamental - Anos Finais

Maureen Marques Pereira Guerra Velânia Raine Ritter Eberhardt


Professora do Ensino Fundamental - Anos Finais
Vanessa Orsi Cechinatto
Professora de Educação Infantil
EMEI Jardim da Alegria
Professora do Ensino Fundamental - Anos Finais
EMEF Primavera

Nossos animais fantásticos O mundo é de vocês!


Entre conversas e brincadeiras so- que, por isso, precisamos ampliar os nais e tridimensionais, relacionadas Uma proposta interdisciplinar rea- esperança no futuro, aponta pesqui-
bre os poderes dos animais, se eram cuidados? Por que o mosquito Ae- à temática estudada. As contações de lizada com a turma do 9º ano de 2023, sa”, do G1. Em seguida, demos conti-
bons ou maus, perigosos ou proteto- des Aegypti, por exemplo, é perigoso histórias, utilizando livros e fantoches na EMEF Primavera. nuidade com a abordagem da música
res, surgiu o interesse da turma Nível para nós? Durante o desenvolvimen- como recursos, além de histórias cria- “Mundo Jovem”, de Negra Li. Essas
B2, de cinco anos, da EMEI Jardim to do Projeto, houve a participação das e contadas pelas crianças, tam- A turma do 9º ano apresentou curio- atividades foram adaptadas do site
da Alegria, por estudar animais fan- das famílias na criação e confecção bém fizeram parte de nosso Projeto. sidade e, ao mesmo tempo, ansiedade “Planejador de Aulas”. Discutimos
tásticos como por exemplo, aranha, de animais fantásticos, bem como, Com o Projeto Animais Fantásticos pelo término do Ensino Fundamental também e diferenciamos os conceitos
gato, cachorro, raposa, tubarão, tar- em pesquisas acerca do animal sele- percebemos que as crianças enrique- e ingresso no Ensino Médio. A partir de sonho, objetivos e metas, visando a
taruga e, ainda os animais fantásticos cionado pela criança, coletando in- ceram seu repertório de brincadeiras, dessa perspectiva, os professores de necessidade de escolher um objetivo
imaginários, como unicórnio e o dra- formações sobre alimentação, peso e vocabulários, suas produções artísti- Língua Portuguesa, Língua Inglesa e e, realmente, criar estratégias para co-
gão. Desta forma, iniciamos o Projeto altura, habitat, e curiosidades sobre cas, criando e imaginando a partir das Ciências decidiram explorar algumas locá-lo em prática para chegar aonde
Animais Fantásticos, buscando vin- o mesmo, para compartilhar com a vivências oportunizadas. Além disso, possibilidades relacionadas às respec- queremos. Nesse sentido, exploramos escrita e a oralidade.
cular a curiosidade das crianças ao turma. As famílias trouxeram rela- houve superação de medos de alguns tivas disciplinas, de acordo com as também a letra da música Sonhos, Durante o projeto, foram realizadas
Documento Orientador Curricular tos sobre suas pesquisas e criações, animais, através do conhecimento do competências gerais da BNCC, fun- de Belara. Em uma roda, fizemos um também atividades coletivas, como:
- Dois Irmãos, tornando os saberes e ressaltando o quanto estes trabalhos seu modo de vida. As crianças tam- damentadas no conhecimento social, levantamento sobre o que queremos palestra da ACI/NH, conversa com o
aprendizagens mais significativos. possibilitaram que elas “voltassem a bém puderam compreender sua im- autoconhecimento, trabalho e projeto descobrir sobre algumas escolas da professor Juneor Brehm,do IFSUL e
Através da metodologia de expe- ser criança”, afinal, grande parte das portância e contribuição para o meio de vida, além de diversas habilidades região para que possam fazer as me- visita ao Liberato.
rienciação as crianças interagiram crianças apresenta muita curiosidade ambiente, bem como a sua saúde e específicas de cada disciplina, cujas lhores escolhas, sempre pensando na Os alunos realizaram, ainda, um
com objetos e recursos que oportu- e interesse por esta temática e a cria- bem-estar. atividades relataremos a seguir. bagagem que os alunos gostariam de teste vocacional online, que pôde es-
nizaram construir saberes e conheci- ção de animais fantásticos remeteu ao Enfim, o mundo do faz de conta Nas aulas de Língua Portuguesa, ter para o futuro. Então, assistimos e clarecer em quais áreas eles apresen-
mentos. Puderam vivenciar propostas imaginário infantil com suas histórias foi se ampliando em nossa turma, iniciamos as discussões a partir do discutimos sobre a postura dos per- tavam maior aptidão.
que visaram responder aos seus ques- fantásticas. Surgiram animais fantás- sendo que as brincadeiras foram se vídeo “Sonhos: o que você quer ser sonagens do filme “À procura da fe- Para finalizar, realizamos um semi-
tionamentos e curiosidades sobre os ticos como o Lobossauro, a Unipéia, a transformando, enriquecidas com os quando crescer?” e, a partir disso, rea- licidade”, no intuito de pensar sobre nário em que os estudantes puderam
animais, e o que os torna fantásti- Tigroleta, o Dinodog, o Megalo-Rex, novos conhecimentos que foram de- lizamos uma dinâmica que provocou características importantes para o apresentar os slides que resultaram
cos. Refletimos sobre os motivos de a Tartaronça, a Cobralante, o Tubaré senvolvidos através das trocas de in- reflexões a partir dos questionamen- Mercado de Trabalho e experiências das pesquisas relacionadas às escolas
alguns animais serem considerados e o Pancaco. No decorrer do Projeto, formações, pesquisas e observação de tos: “Quem eu sou?”, “O que eu gos- de vida. de Ensino Médio. Junto às apresenta-
“protetores” e outros “perigosos”: O houve a exploração e manipulação de animais em diferentes suportes, como taria de ser?”, “Qual é o meu papel no Nas aulas de Ciências os estudantes ções, foram acolhidas as inquietações
que os fazem “protetores”? Por que diversos recursos, texturas e super- vídeos, livros, revistas e laboratório mundo?” e “O que dificulta para que realizaram pesquisas sobre as áreas de deles sobre o seu futuro, possibilida-
alguns são perigosos? Precisam se de- fícies que oportunizaram à criança de ciência. Este foi, realmente, um eu consiga ter o papel que eu desejo trabalho de profissionais na área da des e sonhos e todos puderam contri-
fender? Seu modo de alimentação o expressar-se por meio de desenhos, Projeto fantástico que vivenciamos no mundo?”. Trabalhamos também ciência e após isso apresentaram aos buir uns com os outros nesse sentido.
torna perigoso? Quais são os animais pinturas, recortes, colagens e dobra- com muita alegria neste primeiro se- com a leitura crítica da reportagem colegas, o que permitiu uma grande Após, o aluno Kauã tocou a música
que trazem prejuízos à nossa saúde e dura, criando produções bidimensio- mestre. “Jovens de periferia de Belém não têm ampliação do olhar neste sentido. Sonhos, e todos cantaram jundo.
Nas aulas de Língua Inglesa, foi A partir do projeto, foi possível per-
trabalhada a música Everything is ceber o quanto a escolha de uma esco-
changing, que fala sobre mudanças, la ou curso técnico podem agregar no
processo pelo qual os estudantes do currículo de cada aluno a longo pra-
9º ano estão passando. Articulando zo. O olhar para pessoas que tiveram
também com as habilidades deste sucesso em sua carreira profissional a
componente curricular, estudamos partir do conhecimento também con-
as diferenças de futuro (Will x Going tribuiu para motivá-los a buscar mais
to), e quais são as profissões em que qualificação e levou-os a discutir mais
a língua inglesa é um diferencial. Si- sobre o seu futuro, procurar dicas so-
mulamos uma entrevista de emprego bre provas de seleção e pedir orienta-
e uma carta de recomendação, onde ções sobre possibilidades de cursos,
em ambas atividades aperfeiçoamos a levando em consideração o seu perfil.

Referência bibliografica:
https://planejadordeaulas.org.br/ Acesso em: 11/09/23.

68 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 69
Jenifer Spengler Paula Djovana Stoffel
Professora de Educação Infantil Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais

Rosilene de Roma Gatelli


Projeto Global

Professora de Educação Infantil


EMEI Profª. Clarice Maria Arandt

Pequenos animais de jardim É preciso se reinventar e se desafiar


O desejo por realizar este projeto se questionamentos: Destacamos a construção de um Atuando com educação desde o ano
mostrou em vários momentos, espe- - Como as formigas conseguem livro coletivo de descobertas, onde de 2015, iniciei minha caminhada na
cialmente numa das idas da turma na fazer os túneis por dentro do formi- conseguimos documentar e compar- Educação Infantil, onde por sete anos
caixa de areia, quando as crianças en- gueiro? tilhar o progresso e as aprendizagens tive a oportunidade de trabalhar com
contraram uma formiga diferente das - O que as formigas comem? Elas diárias, proporcionando ainda às as crianças pequenas, onde sempre
demais, pois essa tinha asas. A partir bebem água? crianças a oportunidade de refletir procurei buscar por um aprender lú-
do achado, surgiram muitos questio- - Como o grilo consegue fazer ba- sobre o que aprenderam e como cres- dico, leve e ao mesmo tempo signifi-
namentos a respeito do que a formiga rulho? Onde ele mora? ceram ao longo do processo. cativo, um aprender que partisse do
fazia ali, por que ela tinha asas, o que - Como a minhoca consegue co- Vale ressaltar que as famílias estive- interesse das crianças, onde de fato
comia e como era sua casa. Realiza- mer? Ela tem boca? ram envolvidas de maneira ativa e po- a aprendizagem pudesse acontecer
mos uma caminhada pelos arredores - Como as abelhas fazem o mel? sitiva na pesquisa, especialmente com a partir do brincar, observar, ouvir e
da escola a fim de aguçar nossa curio- - Onde o beija-flor mora? a coleta de pequenos animais para conviver. olhares para a aprendizagem, para a Os alunos do projeto Global já vi-
sidade, observamos tudo à nossa vol- - Como a lagarta vira borboleta? observação na escola, bem como au- Quando pude compreender este educação e principalmente para as nham tendo aulas de robótica desde
ta e encontramos um formigueiro gi- - Por que as joaninhas têm pinti- xílio na confecção de alguns animais processo de uma aprendizagem lú- crianças. 2013, e o interesse pela oficina é en-
gante e muitos outros animais como: nhas pretas? com materiais recicláveis. A Mostra dica na educação infantil, reconhe- Este ano em que ingressei no Pro- cantador, a curiosidade o desejo e
borboletas, abelhas e passarinhos. - Como a aranha faz a teia? Pedagógica foi de grande valia, pois cer sua importância e a importância jeto Global atuando como professora vontade de querer aprender e estar ali
A turma realizou então, uma expe- O tema foi explorado de manei- encantamos a todos e pudemos mos- de uma aprendizagem que acontece de Robótica eu pude de fato compre- é algo que nos chama a atenção. Uma
dição investigativa pelo pátio da es- ra investigativa, para ampliar sabe- trar tudo o que descobrimos com através do brincar, busquei trazer isso ender um pouco mais sobre as apren- mistura de tecnologia, com criações,
cola e, com suas lupas em mãos, exa- res através do lúdico, das interações a exposição de nossos trabalhos na para os meus alunos, com propostas dizagens que partem do interesse dos invenções, curiosidades e criatividade
minaram atentamente cada cantinho e experiências. Inúmeras situações nossa sala de aula. lúdicas, projetos que partiam do inte- alunos. Os alunos compreendem, que chama cada vez mais a atenção
e encontraram diversos bichinhos de aprendizagem foram vivenciadas Acreditamos que para adquirir resse das crianças e assim tornando as gostam e se sentem motivados quan- dos alunos. Onde os alunos aprendem
e também algumas casinhas: for- ao longo do projeto a fim de sanar a novas aprendizagens, devemos pro- aprendizagens significativas de uma do o assunto é relacionado a tecnolo- na teoria mas na prática criam, atra-
migueiros, teia de aranha, ninho de curiosidade da turma, como: cons- porcionar momentos nos quais as forma interessante e curiosa. gia e a informática e cada vez mais a vés de brincadeiras, jogos, onde fazem
passarinho, buraquinhos de grilo na trução de um formigueiro gigante de crianças possam observar, comparar, Após esta compreensão da cons- tecnologia faz parte do dia a dia des- uma ligação da aprendizagem com o
grama, joaninhas e abelhas no jardim. argila, culinária (bolo formigueiro), explorar e realizar registros, apren- trução da aprendizagem na educação tas crianças. seu dia a dia, onde com sua imagina-
No decorrer dos dias, o significati- bate papo com apicultor, degustação dendo assim a notar detalhes, padrões infantil, me veio a busca e o interes- Que os alunos amam e dominam ção e criatividade constroem na prá-
vo interesse de pesquisa do grupo foi do mel, jogos de sequência lógica e e diferenças, o que é fundamental se por ingressar o meu trabalho com a informática não é novidade, mas, é tica as aprendizagens adquiridas. E
notório e formulamos como objetivo memória, alinhavo da colméia, jogo para a compreensão do mundo ao seu crianças dos anos iniciais, a busca por preocupante o quanto que o fácil aces- com isso, mais uma vez podemos ver
pesquisar e conhecer sobre os peque- da velha com abelha e joaninha, ob- redor. O Projeto Pequenos Animais novos desafios, novas aprendizagens so a informação e a tecnologia podem o quão importante é trazermos para
nos animais de jardim e inspirá-los a servação de animais com o microscó- de Jardim foi de grande importância e novos conhecimentos. Foi então também prejudicar as crianças, por dentro das salas aquilo que desperta
tomar medidas de cuidado para pro- pio, plantio de flores, horta, caminha- e teve um impacto amplo no desen- que tive a oportunidade de ingres- isso é preciso ensina-los a buscar por o interesse dos alunos, aquilo de fato
teger o meio ambiente. Assim foram das em torno da escola, apreciação de volvimento das crianças, visto que sar no Projeto Global, onde, além do alternativas boas neste mundo tecno- fará com que eles queiram estar ali e
surgindo espontaneamente diversos histórias, músicas, vídeos e imagens. elas foram protagonistas no desenvol- novo desafio de atuar com as crianças lógico, para que assim nossos alunos queiram aprender cada vez mais.
vimento das propostas e mostraram- maiores surgiu a proposta de atuar na aprendem e saibam usar a tecnologia A robótica nos ensina diariamente
-se engajadas com o tema, levando a área da Robótica dentro do projeto. a seu favor. E é neste momento que a criar novas possibilidades, com os
sério as investigações e descobertas, De fato, foram novos desafios, um entra a robótica, trazendo a tecnolo- lego, os kits de robótica, desde cria-
bem como o apreço, amor e zelo pela recomeço, novas aprendizagens, no- gia, as aprendizagens, o pensamento ções de carros, elevadores, animais,
natureza. vas descobertas, mas também novos crítico e criativo das crianças. até jogos e brincadeiras de alfabetiza-
ção envolvendo as peças. É preciso se
desafiar, se reinventar, recriar e trazer
para dentro da sala de aula aquilo que
desperta a atenção e a curiosidade dos
alunos. Fazer da aprendizagem um
momento interessante, com interesse
e participação das crianças, permitin-
do assim criar aprendizagens leves e
significativas.

70 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 71
Eveli Lourdes Smaniotto Katia Francini Kolling
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais Professora de Educação Infantil

Gabriela Helis Scherer


EMEF Profº. Arno Nienow

Monitora Educacional
EMEF Felippe Alfredo Wendling

Alfabetizar é mágico! Para toda a vida! Pequenos contadores de histórias!


A fase dos seis ou sete anos é mar- tante usar músicas, vídeos, jogos e até magia acontecendo. que foi inspiração do livro de Kênia
cada pela incrível jornada da alfabe- o corpo para aprender. A alfabetização é um momento es- Colares: O segredo do menino que
tização. Nesse momento, o “bê-á-bá” Sabe como as crianças costumam pecial e emocionante. Embarcamos desenhava. Theodoro conversou com
começa a criar palavras, e mesmo aprender o alfabeto? Cantando! É nessa aventura juntos, com sorrisos, os alunos sobre sua experiência e ensi-
com a fala um pouco enroscada, nos- muito divertido! E jogos que envol- paciência e muita alegria. Ler e escre- nou técnicas de desenhos incentivan-
sas crianças embarcam em uma das vem palavras são ótimos para alunos ver abrem as portas para um mundo do a todos com diversas ilustrações.
aventuras mais importantes de suas que precisam de uma ajuda extra. de descobertas e sonhos. Fizemos Conversamos sobre as letras e nú-
vidas: aprender a ler. Esse período Trabalhar juntos em equipe também dessa jornada uma história mágica meros que existem dentro dos livros
tem um impacto gigante não só na é uma boa ideia, para que todos pos- para contar! através da história: O senhor alfabeto
vida delas, mas também na de todos sam contribuir com seus talentos e e por fim, construímos um livro em
à sua volta. E adivinha quem é uma habilidades. grupo com o título: O livro viajante,
peça-chave nesse quebra-cabeça? Os A sala de aula deve ser um lugar onde cada aluno imaginou para onde
pais! Sim, o apoio da família é super mágico. Imagine um lugar cheio de A magia das primeiras histórias Formas; Escuta, Fala, Pensamento e o livro havia viajado realizando um
importante nessa jornada que pode coisas interessantes para ler e escre- teve um significado especial para Imaginação; Espaços, Tempos, Quan- desenho. Esses desenhos foram en-
ser desafiadora. ver, onde tudo faz sentido e é diver- os alunos da Escola Professor Arno tidades, Relações e Transformações viados juntamente com a escrita, para
O trabalho dos professores nesse tido! Alfabetizar não é apenas juntar Nienow da turma do NB1. O proje- foram contemplados com a realização a gráfica Celer, onde foram impressos,
processo de alfabetização pode ser um letras para formar palavras e frases, é to Pequenos contadores de histórias de diferentes atividades, sendo elas: se transformando em um livro de ver-
desafio e tanto. É necessário entender como abrir uma porta para um mun- iniciou ao perceber o interesse que os Exploração dos livros da sala de aula dade! Essa história foi apresentada pe-
como as crianças aprendem a ler e es- do cheio de histórias emocionantes. É alunos tinham em recontar histórias e contação do livro da biblioteca se- los alunos em um Sarau literário orga-
crever. E acredite, para os pequenos como se tornar amigo dos persona- trabalhadas em sala de aula pela pro- manalmente para os colegas, onde a nizado na escola ocorrendo também
também não é nada fácil. Imagina só, gens dos livros e viver aventuras in- fessora. Com o objetivo de estimular a família era avisada antecipadamente uma noite de autógrafos com os livros
aprender como transformar os sons críveis através das palavras. imaginação, oralidade e interpretação para contar a história para o filho(a) produzidos pelos alunos do NB1. Mo-
da fala em letras e palavras escritas? A leitura e a escrita nos fazem en- entre as crianças, o projeto criou vida, e prepará-lo(a) para a apresentação. mentos que ficarão guardados para
Parece complicado, não é? Mas com xergar o mundo com outros olhos, visando despertar o gosto pela leitu- Eram escolhidos dois alunos por se- sempre no coração de cada um.
um pouco de ajuda, muita paciência e olhos de explorador, de quem nun- ra através de imagens, descobrindo o mana e a história era contada com Com esse projeto descobrimos
algumas dicas, eles vão conquistando ca para de aprender. Quando você lê que tem dentro dos livros e como eles ajuda de uma televisão didática con- como os livros são produzidos, quem
essa habilidade aos poucos. uma história e se perde nela, é como são feitos. feccionada com sucata. os produz, quais estratégias pode-
Entender como os estudantes se você se tornasse parte dela, é como O interesse dos alunos pelo projeto Tivemos a visita da escritora Car- mos usar para contar histórias e que
aprendem é a chave para o planeja- foi percebido quando, cada vez que a mem Riva para falar sobre seu livro: dentro dele existem letras, números e
mento de atividades divertidas e efi- professora contava uma história, as As descobertas de Ian e como foi es- imagens. Aprendemos que podemos
cazes. Ah, é importante que sejam crianças reproduziam a mesma cena, crever seu livro. Foram criadas histó- ser autores da nossa própria história,
divertidas mesmo! Afinal, quem não pegando livros e contando a história rias individuais pelos alunos, onde foi viajando por mundos incríveis atra-
gosta de aprender brincando? Antes através das imagens para os colegas realizada a contação da mesma para vés da nossa imaginação. Vivemos
de começar a alfabetização, é preciso com muita facilidade. Visto isso, co- os colegas. Realizamos brincadeiras momentos significativos, prazerosos
descobrir o que os alunos já sabem. meçamos um trabalho onde semanal- explorando a imaginação, onde o alu- e de muita aprendizagem.
Isso é fundamental para o sucesso mente duas crianças contavam seu li- no deveria tirar um objeto da caixa e
desse aprendizado mágico. É como vro que haviam retirado da biblioteca contar uma história e o colega ao lado
um mapa que mostra por onde come- para os amigos. A família era avisada retirar outro objeto e dar sequência
çar a explorar esse universo de letras. com antecedência para poder contar a a mesma. Confecção de um fantoche
Ah, e não existe um jeito certo de história para o filho(a) em casa e pre- utilizando caixa de leite, onde o alu-
ensinar a ler e escrever. Cada crian- pará-lo(a) para o momento. A partir no deveria inventar um personagem,
ça é única, e o método que funciona disso, a curiosidade sobre como são dando um nome e suas características.
para uma pode não ser o melhor para feitos os livros foi crescendo e o pro- Realizamos um passeio de estudos
outra. Alguns aprendem melhor ou- jeto se desenvolvendo. para a gráfica Celer para os alunos
vindo, outros vendo e outros fazendo Os campos de experiências: O Eu, verem de fato como um livro é pro-
atividades práticas. Portanto, além de o Outro e o Nós; Corpo, Gestos e duzido, um momento único e muito
aprender com lápis e papel, é impor- Movimentos; Traços, Sons, Cores e especial. Visita do menino Theodoro,

72 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 73
Kelin Karine Kolling Guisela Taiane de Oliveira Schenkel
Professora de Educação Infantil Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais
EMEI Profª. Heda Alves Nienow Projeto Global

Brincando: o jeito de viver a escola na A influência da oficina de culinária no


educação infantil desenvolvimento de hábitos saudáveis
A Educação Infantil me encanta. Aprendizagem e Desenvolvimento na mais tranquilas. Consigo observar e Sou professora oficineira do Pro- uma alimentação saudável e equili- veis fazemos um trabalho em conjun-
Para mim, é a fase mais importante no Base. Mas estamos garantindo isso às registrar com mais tranquilidade e jeto Global desde 2017, onde iniciei brada, perpassando, assim, as paredes to com o refeitório do Projeto Global,
desenvolvimento das crianças. Mas a crianças? Com uma rotina respeitosa me organizar melhor. com a Oficina de Alfabetização e as- da sala de aula, visando melhorias e pois notou-se que por meio do incen-
rotina em uma Escola de Educação que proporcione momentos de brin- Procuro todos os dias - quando não sim permaneci até o final do ano de mudanças nos hábitos alimentares tivo em sala, as crianças passaram a
Infantil é muito corrida e, quando se cadeira? chove - proporcionar momentos ao ar 2021, mas no início de 2022 aceitei das crianças de forma integral, e, em se alimentar melhor na hora das re-
trata de uma escola de turno integral, Tenho procurado, na medida do livre e em contato com a natureza. Te- um novo desafio: assumi a Oficina de consequência, uma maior promoção feições, se permitindo experimentar
podemos dizer que se torna ainda possível, rever minhas práticas com mos o privilégio aqui na EMEI Heda, Culinária, que já era do meu interesse. de saúde e bem-estar por meio de re- uma maior variedade de frutas e ver-
mais cansativa. Não só para nós adul- as crianças e promover mais momen- de ter um pátio amplo e uma área ver- Confesso que foi um grande desafio, e ceitas simples, práticas e saudáveis. duras, e montar pratos lindos e colo-
tos, mas para as crianças também. tos de brincadeira. Em parceria com de, onde as crianças possam escalar também o mais prazeroso, pois desde Em nossas aulas de culinária os ridos, pois já conseguem compreen-
Temos o acolhimento, café da manhã, minha colega de turma, organizamos em árvores, coletar folhas e pedras, então foi possível observar e vivenciar alunos têm um espaço de várias ex- der a importância das boas escolhas
almoço, higiene, descanso, organiza- a sala referência em contextos para observar os insetos e passarinhos, es- mudanças significativas na maneira periências e aprendizagem, recebem para o seu organismo.
ção da sala, fruta, lanche, escovação. pequenos grupos, para assim, opor- corregar no barranco com grama, fa- que as crianças vêm se alimentando, informações, aprendem colocando Fico imensamente feliz e honrada
Sem falar nas rodas de conversa, roda tunizar um espaço mais atrativo, mais zer comidinha e se pintar com lama, assim como aplicar o que já vivencio a “mão na massa”. Nelas, colocam por contribuir de alguma maneira
cantada, chamada, olhar agendas, vi- rico em materiais, para que as crian- entre outras possibilidades. É nesse no meu dia a dia: uma dieta saudável. à prova quais as práticas e vivências para a construção de bons hábitos na
vência dirigida, entre outros. ças possam ter mais autonomia para brincar que surgem as pesquisas, as Através da Oficina de Culinária é contribuem para conhecer melhor a vida das crianças, sei que a semente
No meio desse cotidiano tão frag- escolher do que e como brincar. Eu, investigações, as hipóteses. É o mo- possível desenvolver um trabalho pe- si mesmo, sua história, cultura e as está sendo plantada e os benefícios
mentado, quanto tempo a criança tem professora, entendi que não preciso mento que a criança cria, imagina, se dagógico multidisciplinar e com te- que existem além do seu local. serão imensos e a longo prazo.
para brincar enquanto está na escola? estar no comando o tempo todo ou expressa, se relaciona, explora, parti- mas relacionados a diversas áreas do Atualmente, além das diversas re-
Em quais momentos isso acontece? dizendo o que as crianças precisam cipa e se conhece. conhecimento. Busca-se incentivar ceitas “pra lá de saborosas” e saudá-
Muitas vezes o brincar é esquecido ou fazer durante o tempo em que estou A criança fala com com o corpo,
passa despercebido diante dos nossos com elas. Eu preciso, em primeiro lu- não só com a palavra, fala no brin-
olhos. gar, respeitar as suas singularidades. car, se conecta com ela mesma, com
Nós, professoras da Educação In- Colocando em prática a organiza- o outro e com o meio que a cerca. É
fantil, sabemos o quanto o brincar ção da sala referência em contextos brincando que a turma do Nível B1,
tem importância para o desenvolvi- investigativos, percebi as crianças da EMEI Heda, vive momentos ricos
mento das crianças, mas elas estão mais concentradas, mais curiosas, e marcantes na escola.
tendo esse tempo ou até mesmo o di-
reito de brincar e interagir com seus
pares? “Ao observar as interações e
a brincadeira entre as crianças e de-
las com os adultos, é possível iden-
tificar, por exemplo, a expressão dos
afetos, a mediação das frustrações, a
resolução de conflitos e a regulação
das emoções”. (BRASIL, 2018 , p. 37)
As interações e brincadeiras estão
citadas como eixos norteadores nas
Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil, no nosso
Documento Orientador Curricular
(DOC-DI), no Referencial Gaúcho e
na BNCC. O brincar é um Direito de
Referências bibliograficas:
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. 2010
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2018.
DOIS IRMÃOS. Secretaria Municipal de Educação. Documento Orientador Curricular de Dois Irmãos. 2020.
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Educação. Referencial Curricular Gaúcho: Educação Infantil. Porto Alegre, 2018.

74 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 75
Alessandra Alves de Souza Andréa Maleski dos Santos
Professora de Educação Infantil Diretora de Escola
Tatiane Büttenbender Ricardo Kolling da Costa
Professora de Educação Infantil
Aline Pinheiro da Silva
Professor de Ensino Fundamental - Anos Finais
EMEF Profº. Paulo Arandt
Professora de Educação Infantil
EMEI Profª. Clarice Maria Arandt

Chuva de onde vem? Avaliação como reflexão: A experiência


Um projeto sempre surge de uma chuva” onde observamos as fases da tos aprendemos que eles surgem de da EMEF Prof. Paulo Arandt em um projeto
inovador de avaliação interna
curiosidade, de um questionamento, água até ela se tornar chuva, passando descargas elétricas na atmosfera. As
algo que intriga ou tira da zona de por toda transformação: evaporação, crianças realizaram a releitura desses
conforto, com a turma do Nível A3 condensação e precipitação. Com essa fenômenos sonoros utilizando tinta e
da EMEI Clarice não foi diferente. experiência as crianças concluíram pincel, surgindo desenhos cheios de
“A avaliação escolar hoje só faz sen- criado um Drive para que a equipe ço educativo é o resultado de anos
Após seguidos dias de chuvas repen- que a chuva vem das nuvens e está criatividade e imaginação. Com o ob-
tido se tiver o intuito de buscar cami- gestora e o professor trocassem ma- de trabalho de cada profissional que
tinas, as dúvidas e questionamentos em constante processo. As experiên- jetivo de conscientização, na Semana
nhos para melhorar a aprendizagem” teriais sobre as avaliações externas, atendeu aquele indivíduo, elaborou-
começaram a surgir: “profe porque cias referente ao arco-íris também fo- do Meio Ambiente a turma trabalhou
Jussara Hoffmann como referencial teórico e modelos -se uma formação sobre as Avaliações
está chovendo de novo?”, “porque tem ram muito gratificantes e expressões a importância da preservação da água
de provas anteriores. Externas para todos os professores
arco-íris?”, “de onde vem a chuva?”, de espanto eram visíveis com cada e a separação do lixo, colocando-o em
A aplicação das avaliações externas O professor elaborou, em um pri- da escola, momento em que o pro-
“como assim? Eu estava ali e tinha sol, transformação percebida. O arco-í- seu respectivo lugar, sendo importan-
não é um tema novo para as escolas. meiro momento, provas para as tur- fessor responsável pelo projeto pode
até chegar aqui começou a chover.”, ris de gelatina onde as cores, mesmo te para não causar enchentes nas ci-
O Ministério da Educação criou, em mas de 5º e 9º anos com um total de apresentar a metodologia utilizada e
questionou uma criança apontando líquidas, não se misturaram devido dades quando chover e também para
1988 o Saeb (Sistema de Avaliação da 10 questões de Língua Portuguesa e os resultados da primeira aplicação,
de uma ponta da sala a outra. Assim ao açúcar adicionado em doses dife- manter os rios e lagos limpos. Para o
Educação Básica) e desde então, esse 10 questões de matemática, seguindo proporcionando um debate que con-
sucessivas perguntas e curiosidades rentes foi o mais marcante, uma vez fechamento, as famílias foram con-
tipo de avaliação tem sido aplicado a matriz de referência que indica as vidou a todos a se corresponsabiliza-
foram surgindo. A partir disso de- que aos poucos forma-se um arco-íris vidadas para a mostra de trabalhos
nas escolas de todo país. Alguns Es- habilidades que devem ser avaliadas rem pelo processo e por garantirem
cidiu-se iniciar o projeto “Chuva de nítido bem na frente deles. Aprovei- onde puderam apreciar os registros
tados e Municípios também criaram em cada etapa da escolarização, mais o direito de aprendizagem de cada
onde vem”, com o objetivo de pesqui- tamos os dias chuvosos e passeamos deste lindo projeto através de fotos
avaliações próprias, nos moldes do especificamente, os elementos que criança e jovem.
sar, descobrir e sanar essas interroga- na chuva, as famílias enviaram capas, e propostas realizadas pelas crian-
Saeb, para coletarem elementos es- descrevem as habilidades trabalhadas A partir dos primeiros resultados
ções. Foi um projeto muito divertido, galochas e guarda chuvas onde a di- ças. Foram momentos encantadores,
pecíficos de cada rede. O objetivo, no nas avaliações, os chamados descrito- obtidos, a equipe gestora recebeu o
as crianças curtiram e participaram versão estava garantida. Os trovões, cheio de novas aprendizagens e ale-
entanto, é um só: coletar dados que res. Ao elaborar as provas, o profes- convite para que o professor respon-
com entusiasmo de cada etapa, tudo os raios e os relâmpagos também gria para a turma do Nível A3.
possibilitem a criação de políticas pú- sor também elaborou o gabarito no sável apresentasse o projeto para as
construído e pensado em conjunto foram questionados pelas crianças,
blicas para a educação e definir qual qual constavam os descritores exigi- demais escolas da rede em uma reu-
com eles. Confeccionamos o “saco da onde foram trazidas imagens e jun-
o direito de aprendizagem básico que dos em cada questão. Isso auxiliou na nião entre os técnicos de apoio pe-
todo aluno deve ter assegurado ao hora de passar os resultados para os dagógico, organizada pela Secretaria
concluir cada ciclo do Ensino Funda- professores, pois foi possível verificar Municipal de Educação (SMEDI).
mental e Médio. qual habilidade estava consolidada e Com a repercussão positiva entre os
As avaliações externas, entretanto, qual precisaria ser mais trabalhada. A TAP, surgiu o interesse da SMEDI na
não conseguem acompanhar o estu- análise deste descritores possibilita- implementação deste projeto inova-
dante de forma individual. Daí a ne- ram também apontar habilidades que dor em toda a rede municipal de en-
cessidade das avaliações internas, que não estavam previstas no documento sino.
permitem que a equipe gestora e os orientador do município, o DOC/DI. Diante desse passo tomado pela
professores possam analisar, além do Através do resultado era individual, SMEDI, o projeto da EMEF Prof Pau-
desempenho individual, se as práticas foi possível verificar se os estudan- lo Arandt ganhou forças para alçar
pedagógicas adotadas pela escola es- tes com desempenho baixo estavam novos voos e propor sua aplicação,
tão tendo sucesso ou não. sendo atendidos de alguma forma não somente aos 5ºs e 9ºs anos, mas
Com isso em mente, a EMEF Prof pela escola, com aulas de reforço, também aos 2ºs, 4ºs e 8º anos, con-
Paulo Arandt pensou em criar sua por exemplo. Os alunos que possuem siderando que essa experiência pre-
própria avaliação como forma de pre- laudo e aqueles com dificuldades já paratória não desenvolve habilidades
parar os estudantes para as avaliações reconhecidas, mas que ainda estão e demonstra resultados em apenas
externas e auxiliar os professores e a em processo de investigação, tiveram em uma ou duas aplicações, mas sim
equipe gestora a pensar como pode- tratamento diferenciado e realizaram durante um processo gradual e con-
mos melhorar a aprendizagem dos es- as provas em uma outra sala e com o tínuo, onde o educando reconhece e
tudantes. O professor Ricardo Kolling auxílio de um profissional que fez a compreende as etapas que ocorrem
da Costa foi convidado para organizar leitura da prova para eles. nas avaliações externas ao mesmo
este projeto e foram disponibilizadas Como a escola entende que a ca- tempo em que se compromete com
quatro horas semanais para isso. Foi minhada de um estudante no espa- sua própria aprendizagem.

76 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 77
Fabiana de Moraes Professora de Atendimento Especializado Maria Bianca Henrich
Jeniffer Thaís Mossmann Monitora Educacional Professora de Informática Educativa

Renata Andrade Correia Monitora Educacional Caroline Pires Cerveira


Veronice do Nascimento Monitora Educacional Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais
EMEF Profº. Matheus Grimm
EMEF Primavera

A potência das trocas entre o Atendimento O uso de recursos tecnológicos para a


Educacional Especializado (AEE) e Monitoria elaboração de materiais didáticos
Educacional Os estudantes do 5º ano da escola da pesquisa foram usados para criar impactos sociais, ambientais, cultu-
Professor Matheus Grimm estudaram no Google Apresentações materiais rais, econômicos, científicos, tecnoló-
O foco deste relato de experiência dantes/crianças de inclusão e, conse- dade se tivermos o apoio necessário o Rio Grande do Sul com a professo- didáticos sobre o tema Porto Alegre. gicos e éticos.
é uma abordagem de quatro olhares quentemente, em planos de ação para de todas as instâncias responsáveis. ra titular e ela solicitou que fizessem Foi disponibilizado um modelo de Nesta experiência pedagógica foi
distintos, mas na mesma direção so- proporcionar a aprendizagem e o de- O engajamento junto a comunidade uma pesquisa dos pontos turísticos de slide de apresentação para a confec- possível explorar vários recursos tec-
bre as ações, reflexões e frustrações senvolvimento desses sujeitos. Porém, escolar é crucial para que consigamos Porto Alegre na aula de Informática ção de cartinhas, num tamanho pa- nológicos, desenvolver o raciocínio
compartilhadas entre a professora es- essa construção muitas vezes não é fá- respeitar e compreender o repertório Educativa. O que seria uma simples drão para usar no tapete pedagógico lógico e experimentar a programação,
pecialista do AEE e parte das Monito- cil. Os padrões comportamentais rígi- cultural e social que a aquela crian- atividade de pesquisa, abriu a possi- do kit de robótica, que a escola adqui- através de práticas e interações, com
ras Educacionais da EMEF Primave- dos, nos desafiam as nossas propostas ça nos traz, além do envolvimento bilidade de explorar as Ferramentas riu este ano. o objetivo de garantir a diversidade
ra, no primeiro semestre de 2023. e intervenções. Por vezes, pensamos e para com a evolução desta criança no Google (Google Workspace). O kit de robótica é composto por de situações que promovam o de-
A Sala de Recursos Multifuncio- elaboramos, ao longo de vários dias, mundo que a cerca. Só a partir disso, O estudo do Rio Grande do Sul e da um robô e cinco tapetes pedagógicos. senvolvimento pleno dos estudantes,
nais, local dos atendimentos do AEE, uma proposta, mas no momento de é possível provocar e construir nela o sua capital é um dos objetos de estudo Um tapete está em branco, o que pos- tornando as suas aprendizagens mais
fica literalmente no “coração” da es- colocá-la em prática o sujeito, não de- seu repertório educacional. deste ano e foi pensado em uma saída sibilita a criação das atividades e ofe- significativas.
cola, que por consequência partilha monstra interesse, coloca-se em uma Hoje, fala-se muito pela escola, fa- de estudos para Porto Alegre, a fim de rece aos professores e estudantes um
de muitos momentos coletivos que posição de fuga e opta por não reali- la-se muito sobre como deve ser a aprofundar a aprendizagem vista na recurso didático com alto potencial
acontecem ao seu redor. E a partir zar a tarefa. A frustração, então, se faz inclusão na escola, sugere-se muito teoria em sala de aula. O trabalho de criativo e de fácil adaptação aos cur-
deste recorte discorremos um pouco presente no nosso cotidiano. Porém, sobre o nosso fazer pedagógico, mes- pesquisa foi organizado para que os rículos escolares.
entre as ações da professora espe- nosso trabalho exige constância. É mo sendo nossa, a propriedade peda- estudantes pudessem conhecer pre- O ‘Explorador kids’, como é chama-
cialista e as Monitoras, que se dá na preciso insistir, repetir e refazer inú- gógica para tal, a maioria é só plateia. viamente os pontos turísticos da ca- do este kit, tem o objetivo de desen-
maioria das vezes de forma genuína meras vezes e estar sempre atento aos Mesmo assim, a escola, nós profissio- pital e conseguissem se localizar com volver o pensamento computacional
ao observar o cotidiano plural e valo- sinais. Às vezes, quando menos espe- nais que nela atuam, escolhemos ser mais facilidade quando estivessem e ensinar programação através de um
roso de uma escola. ramos, chegamos a grandes conquis- a ação, a que faz, a que engaja toda a nos locais. robô de chão, uma joaninha, e além
Na sua teoria psicogenética, Wallon tas. Considerando, esses aspectos, comunidade escolar, lugar que todos O trabalho foi desenvolvido em de aprenderem sobre o conteúdo,
(1999) pontua que o indivíduo é um a relação de troca entre monitoras e os dias planejamos para ser o ideal, duplas e os estudantes acessaram se- ainda desenvolve o raciocínio lógico.
ser corpóreo, concreto e deve ser visto professora do AEE torna-se, na ver- mesmo com demandas cada vez mais manalmente o E-mail Educacional, o Desta forma, o ensino do pensamen-
como tal, ou seja, seus domínios cog- dade, uma enorme rede de apoio. irreais. Google Sala de Aula e o Google Drive. to computacional permite explorar
nitivos, afetivos e motor fazem parte Segundo Freire (1996), é pensando Portanto, profissional do AEE e Conforme a BNCC, as tecnologias vivências e experiências movidas pela
de um todo. E são nestes pequenos/ criticamente a prática de hoje ou de Monitoras, necessita do olhar uma, da e recursos digitais devem, cada vez ludicidade por meio da interação com
grandes momentos, que os perce- ontem que se pode melhorar a próxi- outra para se nutrir de novas ações - mais, estar presentes no cotidiano das os conteúdos, proporcionando uma
bemos a integralidade do sujeito em ma prática. Para que a prática peda- reflexões - frustrações, pois a respon- escolas. É necessário promover a alfa- aprendizagem ativa e significativa.
formação e que o resultado das nossas gógica se torne significativa a quem a sabilidade, postura ética e profissio- betização e o letramento digital, tor- Dentro desta perspectiva, para cada
ações com fala constante e assertiva, recebe, o apoio e união entre as mo- nal diante dos desafios da educação nando acessíveis as tecnologias e as etapa de ensino as unidades escolares
suporte visual, combinados e prin- nitoras ao AEE, serve de alicerce que inclusiva, em um espaço escolar, em informações que circulam nos meios devem atender algumas premissas: na
cipalmente o olhar do dia a dia, nos estruturam as bases do desenvolvi- tempo algum deverá ser atribuída há digitais e oportunizando a inclusão educação infantil criar e testar algo-
propicia ver uma palavra nunca dita, mento do educando. Nosso trabalho uma pessoa, a escola é coletiva é neste digital. ritmos brincando. Já no ensino fun-
um choro intempestivo, uma intera- tem por finalidade a busca do desen- coletivo que nos fortalecemos, tenta- Após iniciar a pesquisa, criaram damental, destaque para o aprendi-
ção com a sua turma, um sorriso tí- volvimento integral das habilidades mos acertamos, erramos, repensamos um documento compartilhado entre zado de compreender a computação
mido ou o encontro em busca de um comportamentais, socioemocionais e e continuamos. a dupla e as professoras. Foram explo- como uma área de conhecimento que
abraço acolhedor. cognitivas, mas é possível refletir que rados recursos de edição, como co- contribui para explicar o mundo atual
Além disso, essa parceria, oportu- esse exercício só pode partir de uma piar e colar, buscando informações e e o estudante como um agente ativo
niza um mapeamento de nossos estu- possibilidade e se tornar uma reali- fotos dos pontos turísticos. Os dados deste mundo, ao gerar criticidade e

Referências bibliograficas: Referências bibliograficas:


BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, de 07 de janeiro de 2008. 2008, p. 14-20. Disponível em: . Acesso em: Base Nacional Comum; Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/193-tecnologias-digitais-da-informacao-
10set. 2023. -e-comunicacao-no-contexto-escolar-possibilidades; Acesso dia 19 de setembro de 2023.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra , 1996. Escola Maker; Disponível em: https://escolamaker.com.br/mod/page/view.php?id=2390; Acesso dia 21 de setembro de 2023.
WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1999. Revista Educação; Disponível em: https://revistaeducacao.com.br/2022/11/14/5-coisas-sobre-a-bncc-da-computacao/; Acesso dia 19 de setembro de 2023.

78 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 79
Ana Carolina Torres Letícia Soares da Silva
Professora de Educação Infantil Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais
EMEF Primavera
Kely Fabiane Arend
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais
EMEF Albano Hansen

O eu, o outro e o nós: a prática do autorretrato “A Festa do Alfabeto” e “A Viagem do


e o (re)descobrimento de si Alfabeto”
Vivenciando as interações no coti- A representação de si na quadra amparar no processo de acolhida e O letramento nos faz viajar em um gem do Alfabeto”, onde cada letra via- fizemos uma Festa à fantasia, na qual,
diano alguns vínculos se estabelecem Além da capacidade de se posicio- criação de vínculos da turma. mundo encantador, o mundo da lei- ja com um meio de transporte e para cada aluno precisaria vir caracteriza-
e podem ser mediados de modo a nar, para quem está sendo contorna- tura e da escrita. Foi pensando nisso um lugar diferente (seja ele cidade, do com alguma coisa que remetesse
contribuir no desenvolvimento dos do, como a capacidade de manipu- “De quem é este sorriso?” que iniciamos um projeto com os estado ou país que tenha como inicial ao lugar onde sua letra viajou.
aspectos socioemocionais das crian- lação do objeto riscante para quem O mural expositivo “De quem é dois segundos anos da Escola Albano a própria letra) e de lá conta algumas Observando o engajamento e o in-
ças. A autoimagem e o cuidado de si contorna, envolveram noções que este sorriso?” foi elaborado a fim de Hansen, trabalhando nele, os livros: curiosidades deste território. Com teresse dos alunos, consideramos que
são fundamentais para o pleno desen- permitam ampliar os conhecimentos oportunizar um espaço que permita “A Festa do Alfabeto” de Jamile Nery essa história trabalhamos rimas, pro- o projeto foi significativo. Através
volvimento da criança e os autorre- do mundo físico em seu entorno. às crianças conhecer e reconhecer os e “A Viagem do Alfabeto” de Darlei dução textual onde cada aluno preci- dele, além de desenvolver as habili-
tratos são uma das múltiplas formas Inicialmente, dispondo de venda integrantes de seu grupo de convi- Zanon e Letícia Zanon. sou pesquisar com ajuda da família dades indicadas para o segundo ano
de estabelecer essa conexão sobre nos olhos, as crianças que se sentiram vência, ampliando o conhecimento Iniciamos fazendo a leitura do livro sobre um lugar diferente que iniciasse referentes a leitura e escrita, foi pos-
suas características físicas próprias e confortáveis foram convidadas para do outro e de si, além de reconhecer- “A Festa do Alfabeto”. Nessa história com a letra sorteada, Com a apresen- sível fazer com que as aprendizagens
a dos seus pares. participar da dinâmica que envolvia -se tendo uma imagem positiva de si as letras são convidadas para uma tação das pesquisas, conhecemos um fossem vivenciadas na prática a partir
reconhecer o outro sem contar com o mesma. festa à fantasia e cada uma delas pre- pouquinho das curiosidades de cada de contextos lúdicos e concretos que
aspecto da visão mas sim, pelo toque, cisa estar fantasiada de alguma coisa lugar e construímos um livro da tur- fazem parte do dia a dia dos alunos.
identificando características próprias que inicie com a própria letra. Após a ma chamado “A viagem do segundo
como o cabelo e suas diferentes for- apropriação da história pelas turmas, ano 01” e “A viagem do segundo ano
mas: cacheado, crespo ou liso, com ou iniciamos uma série de atividades en- 02”. Assistimos vídeos sobre os luga-
sem franjas; além daqueles mais bai- volvendo o enredo. Lista de letras e res visitados pelas letras, fizemos a re-
xos e altos. suas fantasias, desenhos, ordem alfa- leitura da capa do livro usando dese-
bética, interpretação da história, lista nhos, recortes, colagens, trabalhamos
dos nomes dos alunos e suas possí- os meios de transportes usados para
Autorretrato da estudante Liara, veis fantasias (com a inicial de cada chegar em cada lugar, com o auxí-
2023. nome), construção do alfabeto para lio do Mapa Mundi conhecemos um
expor com suas fantasias, produção pouco sobre os continentes ao qual
A prática do autorretrato se deu textual, caça-palavras, jogo da me- pertencem os países. Realizamos bin-
através da disposição de materiais ris- mória com letra e fantasia. Atividades go de letras e lugares. Na matemática
cantes e folhas para que pudessem fa- matemáticas como sequência numé- exploramos através de histórias mate-
zer a representação de si, ao passo que rica, histórias matemáticas e gráficos máticas os cálculos adição e subtra-
as produções foram expostas na sala também foram desenvolvidas. ção entre outras propostas.
referência durante o primeiro semes- Passamos à leitura do livro “A via- Como culminância deste projeto,
tre, acompanhadas das fotografias de
cada estudante. Ao ar livre, outras (Re)conhecer. Pertencer. Acolher
propostas foram dirigidas a fim de Em outro momento, em um am- na Educação Infantil é oportunizar
dar continuidade nos aspectos desen- biente que buscasse favorecer o re- espaços de escuta, de encontros, de
volvidos no primeiro semestre, como conhecimento do outro pelas quali- encantamento e de permitir as des-
observado abaixo: dades, foi aplicado na turma, logo no cobertas e as vivências que carrega o
início do ano, o painel dos elogios, cotidiano.
cujo objetivo era cada criança esco-
lher a foto de algum colega da turma Conviver, brincar, participar, ex-
e aplicar sobre um dos quatro possí- plorar, expressar, conhecer-se NA-01
veis elogios do painel: amigo(a), co- - EMEF Primavera
rajoso(a), querido(a) ou bonito(a),
representados em emojis. A prática
desafiou que as crianças também pu-
dessem ver o outro para além de si e

80 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 81
Sabrina Dornelles Profª. de Ensino Fundamental - Anos Iniciais família e poupar os recursos naturais ele pode fazer um controle de gastos mitir informações importantes e úteis
Ivana Soligo Collet Coordenadora da SMEDI é indispensável para a manutenção da através delas. para todos.
vida e somente o esforço coletivo tra- O livro foi ilustrado pelos próprios O trabalho realizado, além de abor-
Izabel Cristina Goulart Maria da Silva rá benefício a todos. estudantes do 4º ano 02 e do 3º ano 02 dar um tema de relevância social, per-
Profª. de Ensino Fundamental - Anos Iniciais
Para que os conhecimentos traba- e, depois de concluído, a divulgação mitiu a reflexão sobre o uso da lingua-
Dorotéia Selch Profª. de Ensino Fundamental - Anos Iniciais lhados atingíssem mais pessoas, o 4º da história ocorreu através da Hora gem e sobre a importância de escrever
EMEF Profº. Paulo Arandt
ano 02 decidiu criar uma livro com o do Conto com a professora Dorotéia com clareza e de adaptar a escrita às

“As descobertas de Ian” e dos estudantes das


título “As descobertas de Ian 2”. Nessa Selch, responsável pelo atendimen- características do gênero textual. A
história, Ian, com o auxílio da mãe e to na biblioteca. Ver uma professora leitura de “As descobertas de Ian” esti-
da professora, aprende a economizar contar, de forma lúdica, a história ale- mulou a busca por mais conhecimen-
séries iniciais de EMEF. Professor Paulo Arandt dinheiro e, ao mesmo tempo, con-
tribuir para a preservação ambien-
grou muito os pequenos escritores e
ilustradores, pois eles tiveram o traba-
to e também a necessidade de com-
partilhar o que foi aprendido. Com a
tal. Na história, o menino analisa o lho reconhecido e apreciado e, além dedicação de vários profissionais, foi
O protagonismo dos alunos através leitura do livro infantil “As descober- ra, surgiram novas ideias que contri- próprio comportamento e procura disso, a escrita e os desenhos produ- possível incentivar o protagonismo
da criação literária: descobertas sobre tas de Ian”, da escritora Carmen Luiza buem para o equilíbrio financeiro e, sempre utilizar a luz elétrica e a água zidas não foram utilizados somente dos estudantes e orientá-los a refletir
educação financeira e preservação Riva que participou da Semana Cul- dentre elas, o uso consciente da água quando elas são realmente necessá- com o intuito de avaliar a turma, mas sobre a responsabilidade de cada um
dos recursos naturais. tural na escola. e da energia elétrica. Para esclarecer rias. A mãe mostra para o filho como sim para encantar outras crianças dentro da própria família e da comu-
Preservar o meio ambiente e tornar- O livro aborda a educação financei- as dúvidas das duas turmas, a Bióloga interpretar as contas e de que forma através da literatura e também trans- nidade.
-se um adulto que consegue adminis- ra de forma simples, divertida e mos- Ivana Collet conversou com os estu-
trar os próprios recursos financeiros tra a importância da criança na ma- dantes. Ela enfatizou a importância
de forma organizada e independente nutenção do equilíbrio financeiro da de compreender os dados que apa-
são habilidades desenvolvidas na es- família. Ações como substituir a en- recem nas contas de luz e de água e
cola e podem garantir uma vida mais comenda de uma pizza por um san- mostrou que observar as unidades de
saudável. Há diversas formas de tra- duíche caseiro, realizar uma festa de medida KW e metros cúbicos, com-
balhar esses temas em sala de aula, e aniversário somente com os parentes parando-as de um mês para o outro,
uma delas é fazendo com que a crian- próximos e confeccionar um cofrinho possibilita a análise do consumo.
ça perceba que também é responsável com garrafa pet para guardar dinhei- Muitas ações para diminuir o valor
pelo bem-estar da própria família e da ro foram escolhas do Ian, personagem das contas foram elencadas e, as tur-
comunidade. Atitudes simples, como do livro. A autora, através da literatu- mas perceberam que o descuido de
evitar o desperdício da água e sepa- ra, mostrou a importância de evitar deixar uma torneira aberta enquanto
rar adequadamente os resíduos, ao se gastos desnecessários e de diferenciar lava a louça ou escovar os dentes e a
tornarem um hábito, têm o poder de a necessidade de consumir do desejo luz ligada em cômodos que não ne-
gerar transformações, imediatas ou de adquirir. Essa leitura possibilitou cessitam de iluminação contribuem
a longo prazo, e devem ser estimula- reflexão sobre o quanto é difícil su- para o aumento do valor das contas.
das desde cedo. Na EMEF. Professor prir as necessidades de uma família e Já aproveitar a água da chuva e do en-
Paulo Arandt, os estudantes do 3º ano que comprar o que desejamos requer xágue da máquina de lavar não reque-
02 e 4º ano 02, das professoras Izabel organização, planejamento e bastante rem muito esforço e só trazem benefí-
Goularte e Sabrina Dornelles realiza- economia. cios financeiros e ambientais. Poupar
ram um trabalho que iniciou com a Durante o bate-papo com a escrito- dinheiro é importantíssimo para a

82 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 83
Ana Claudia da Rosa Débora Knackfuss Escobar dos Santos
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais Professora de Educação Infantil
EMEF Dr. Mário Sperb
Giulianna Scarpati Faustini
Monitora Educacional
EMEI Jardim da Alegria

Promovendo vivências e construções Uma Massagem um tanto quanto diferente...


significativas: Estratégias para estimular a Quem não gosta de massagem? As azeitona nessa brincadeira consiste em toconhecimento corporal da criança

leitura
crianças da turminha do Maternal B2 massagear os lóbulos das orelhas dos e é uma forma de expressar afeto for-
da Jardim da Alegria de 2023 adoram! pequenos. talecendo o vínculo e aprofundando a
Em nosso MB2, percebemos que as 9) Quase terminando, vem a batata conexão emocional entre cuidador e
A turma do 4º ano da Escola D. o desfecho das histórias e seus perso- acreditamos que a educação deve ser crianças constantemente pediam colo palha: massageie os dedos das mãos criança.
Mário Sperb é composta por 12 estu- nagens, mas também a exposição a um processo contínuo e incansável para as profes. Nesse contexto, surgiu dos pequenos. Por último, percebemos que é muito
dantes, e é inegável que a prática da diferentes referências literárias trazi- de busca pelo conhecimento. Nesse a ideia de aproveitar esses momentos 10) Por último, o bacon! É hora de útil avisar, antes de começar, que você
leitura desempenha um papel funda- das pelos colegas e pela professora. contexto, o papel do professor emer- para fazer uma espécie de massagem e, pegar a criança como quem pega um vai fazer um único cachorro quente
mental no desenvolvimento da capa- Além disso, nossa turma do 4º ano ge como o de um mediador, promo- em seguida, liberar a criança para vol- bebê no colo e fazer cosquinha em sua por criança, ou seja, uma vez só para
cidade interpretativa dos estudantes, conta com a “Sacola Literária”, que vendo o resgate de princípios éticos e tar a brincar com os demais colegui- barriga, sempre fonte de boas risadas. cada um. Passamos a fazer isso para
bem como na construção de um co- abriga uma variedade de obras. A estéticos no ambiente da sala de aula. nhas. Como nossas crianças adoram Notamos o quanto as crianças fi- que não pedissem para repetir a ex-
nhecimento amplo e diversificado. cada semana, a sacola é levada para Em resumo, o “Clube do Livro”, a “Sa- histórias e enredos, típicos dessa faixa cam felizes, satisfeitas e relaxados com periência trezentas mil vezes, afinal,
Como educadora, minha reflexão a casa de um estudante, e este, jun- cola Literária” e as “Histórias Coleti- etária, resolvemos criar algum ele- essa prática… E, além disso, a prática quem não adora uma massagem?
contínua sobre minha prática docente tamente com sua família, escreve um vas” mostraram que, além dos livros, a mento lúdico que favorecesse esse mo- de massagem em crianças ajuda de
me estimula a buscar estratégias que relato sobre os livros lidos ou histórias adoção de estratégias que se adaptem mento: a narrativa de como fazer um diversas formas, pois promove o au-
ajudem os estudantes a construírem que chamaram a atenção. Quando a ao processo de ensino-aprendizagem cachorro quente! Todos os dias desde
seu próprio conhecimento. No con- sacola retorna à escola, o estudante ampliam as oportunidades para os que criamos essa brincadeira que que-
texto atual, reconheço que os profes- compartilha esses relatos com a tur- estudantes revisarem e aprimorarem remos relatar, elas vem pedindo: “Pro-
sores precisam fazer um esforço extra ma. Para diversificar ainda mais nos- sua relação com a leitura. Isso cria fe, Profe, faz cachorro quente?”
para criar novas oportunidades de sa abordagem à leitura, criamos his- uma imersão profunda na dimensão 1) Sente-se e coloque a criança de
aprendizado e compreender que en- tórias coletivas, onde cada estudante literária, na qual a imaginação de- barriga para baixo em cima das suas
sinar e aprender são processos inter- contribui com uma parte da narrati- sempenha um papel fundamental na pernas.
ligados. Não se trata apenas de trans- va, seguindo o trecho anterior do co- atribuição de sentido à existência. 2) Comece afofando com as mãos
mitir conhecimento ao aluno, mas lega. Isso gerou histórias inusitadas, Imagem 1: Estudante falando sobre suas costas como se estivesse prepa-
também de aprender com ele. Nesse fruto da imaginação das crianças. o livro. rando o pão do cachorro quente.
sentido, a vontade de aprender é um No decorrer dos dias, nossa turma 3) Depois, diga que está cortando o
princípio fundamental da aprendiza- começa com o olhar curioso e a sede pão por passar a mão reta nas costas
gem, que ocorre na interseção entre o por descobertas. No ambiente escolar, deles, no mesmo sentido da coluna.
indivíduo e o ambiente. os estudantes são naturalmente moti- 4) A seguir, “pique” a salsicha fazen-
Com o objetivo de estimular a vados a questionar e buscar significa- do movimento similar por toda a colu-
curiosidade literária dos estudantes, do no que estão aprendendo. Ao lon- na, de uma ponta a outra.
implementamos diversas estratégias. go da prática diária, observamos uma 5) E, então, promova o molho fazen-
Uma delas é o “Clube do Livro”, no evolução significativa no repertório do movimentos circulares nas costas
qual reservamos dez minutos diários dos estudantes em suas produções Imagem 2: Estudante fazendo relato dos pequenos como quem mexe um
para a leitura em sala de aula. A cada textuais, com um aumento na rique- da sacola literária. caldeirão.
dia, um estudante compartilha suas za de detalhes em relação ao passado. 6) Após, coloque o milho fazendo
experiências com o livro que está len- Essas atividades também influencia- movimentos ritmados com as pontas
do, permitindo que os colegas façam ram suas visões de mundo e compre- dos dedos para cima e para baixo, pa-
perguntas sobre a história. O “Clube ensão das narrativas. Os estudantes recido com quando a gente sacode a
do Livro” foi projetado principalmen- passaram a identificar os elementos já aberta lata de milho para descer seu
te para fomentar a leitura diária, des- estruturais das histórias e refletiram conteúdo na panela
pertando a curiosidade sobre as obras sobre temas como confiança, igualda- 7) Então, coloque a ervilha por fazer
recomendadas pelos colegas. Essa de e mal-entendidos. o mesmo movimento ritmado, porém
abordagem visa não apenas descobrir Seguindo a perspectiva freiriana, agora com as mãos em concha.
8) Depois vem a azeitona, pouco co-
Referência bibliografica: locada nos cachorros aqui do sul, mas
Práticas de letramento literário na escola. Proposta para o ensino básico. Disponível em <http://www.editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/catalog/download/1033/1017/ utilizada em outros lugares do país. A
10937-1?inline=1> . Acesso em 02 de setembro de 2023.

84 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 85
Thainá Letícia Garibaldi da Rosa Kellen Gambato
Monitora Educacional Professora de Educação Infantil
EMEI Profª. Clarice Maria Arandt EMEI Profª. Heda Alves Nienow

Intervenção precoce e a especialização em É uma cilada


análise do comportamento aplicada. “Um jeito de viver escola”. Me ques-
tionei: como? Percebi que a pergunta
“As monitoras são pessoas que bus- pecialistas como pediatras, tal como cia após pandemia nas escolas das é um tanto interessante, por se tornar
cam o conhecimento e visam as po- professores que vivenciam e orien- redes municipais. Por tratar-se de subjetiva, pois é como cada um sen-
tencialidades de cada aluno. Respei- tam-se a BNCC, possuindo experiên- um espectro, ou seja, vários fatores te a sua escola. Bem, mas é para falar
tam e exigem respeito pelo trabalho cias na prática para analisar e preocu- que interferem no comportamento, de mim, como eu vivo, e eu vivo ob-
que desempenham com muita dedi- par-se quando algo aparenta estar em se faz necessário estudar constante- servando. Sim, eu não enxergo muito
cação e afeto.” outro ritmo. Este processo de acom- mente sobre práticas com evidências bem no quesito de olhos, mas meus
panhamento dos marcos envolve na ciência ABA e como funciona este ouvidos e coração me fazem “ver”
Ao desenvolvermos no ambiente várias áreas a serem avaliadas como cérebro que no processo de desenvol- cada coisa esplêndida diariamente,
externo, após o nascimento, entra- cognição, linguagem, motricidade, vimento teve alguns prejuízos, com que muitas vezes há suspiros, “trevos
mos em contato com a diversidade socialização e emocional de acordo a possibilidades de avanços junto às te- de quatro folhas”, o olho embaça, o
de cheiros, texturas, sons, sabores e cada faixa etária. rapias. Pensando nestas crianças e no coração bate devagar!
estímulos visuais importantes para A criança em idade escolar traz seu bem estar na escola e sua evolu- E nesse observar vivido, nesse ob-
o crescimento saudável, assim exer- consigo características próprias, par- ção, a SMEDI vinculado a Clínica De- servar cauteloso, eu engrandeço o
citando as habilidades cognitivas, ticularidades desenvolvidas com in- dicar-se ofereceu o curso de Acom- meu ser, pois aprendo tanto, mas tan-
emocionais e sensoriais no decorrer fluência do meio em que vive e nos panhante Terapêutica as Monitoras to com estes infantes que digo e repi-
destas vivências. São estes momentos estímulos que recebe desde o nasci- e Professoras do Atendimento Edu- to: “Poxa, você tem só 6 anos e é uma
que observa-se como a criança reage e mento, cabendo assim aos profissio- cacional Especializado da rede, a fim das melhores pessoas que já conheci.
compreende a sua realidade. A partir nais da educação acolher e ter um de continuar atendendo as necessida- Obrigada por isso!”
destas percepções, o adulto educador olhar atento para identificar possíveis des individuais de cada criança com E numa destas observações, me de-
acompanha o desenvolvimento com atrasos no seu desenvolvimento e di- qualidade, ética e responsabilidade, parei com um recorte diário que que-
base nos marcos e promove funções ficuldades na interação e socialização, dando suporte às aprendizagens, ro viver com vocês!
aos estímulos propostos, com o obje- viabilizando a investigação de possí- promovendo a interação social, au- Há um jogo diferente na sala refe-
tivo de proporcionar uma qualidade veis transtornos, possibilitando a in- xiliando na comunicação, no suporte rência. Ana olha e diz: “Esse eu co-
de vida e aprendizagem ao ser em de- tervenção precoce. emocional e nas atividades de vida di- nheço, eu quero brincar com ele” e “Uhmmm… Será?”, “Aqui… É, não!”, Dá de ombros e verbaliza: “Massinha
senvolvimento. O Transtorno do Espectro Autista, árias, bem como o monitoramento de Joaquim já indaga: “Eu também sei “Ahhh, esse vai dar. Olha aqui, vai en- é melhor.”
Os marcos do desenvolvimento ge- conhecido também como TEA, é um comportamento e desenvolvimento como é. Posso brincar também?”. caixar no outro, pega essa pecinha, ó.” Bryan e Joaquim estão conectados e
ralmente são acompanhados por es- dos diagnósticos em maior evidên- de habilidades específicas com mais Ambos sentam ao lado do jogo Começam a encontrar possibili- logo montam o desafio, foi-se a cilada!
propriedade. e já começam a manipular, tentar dades e constroem, desconstroem e Mostram virtuosos e orgulhosos a
A inclusão acontece quando são encaixes, pensam possibilidades e reinventam hipóteses. sua façanha para a professora e soli-
criadas condições para que todas as verbalizam uns “Uhmmm… Não”, Mas não está dando certo. Eles citam uma foto, “que é para mostrar
pessoas tenham acesso igualitário a veem que não encaixa e Joaquim diz: para a mamãe”, diz Bryan.
oportunidades, recursos e direitos, “A gente vai ter que se ajudar, por- Após o clique, segue a saga da cilada.
e possam participar ativamente e de que não está dando.” Ana responde: (Caro leitor, respire fundo, por fa-
forma significativa na sociedade e “A gente vai ter que começar tudo do vor) E aí, como não sentir, como não
esse é o nosso compromisso. zero.” e Joaquim salienta: “Essa é uma viver isso? Quem vive a educação, ob-
ótima ideia! Perfeito!” serva, se inunda, é quase uma osmose
Começa um novo encaixe e desen- que ocorre. Por vezes me pergunto
caixe. Novas possibilidades surgem e onde eu termino e onde começa a
isso atrai um terceiro. escola, pois já não sou mais a mes-
Bryan chega e já vai afirmando ma que eu era quando aqui cheguei.
compatibilidades. Ana não gosta, a E todo dia algo muda, todo dia tem
frustração de não ter conseguido e coisa nova e boa acontecendo. O tal
os pitacos do novo integrante fazem do Heráclito está mais do que certo! E
com que ela se desestimule e, então, é assim que sigo, do meu jeito de viver
resolve sair e brincar de outra coisa. a escola.

86 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 87
Melissa Juliane Prates Melissa Juliane Prates
Professora de Educação Infantil Professora de Educação Infantil

Denise Fabiana Schmidt Débora Knackfuss Escobar dos Santos


Professora de Educação Infantil
Aline Pinheiro da Silva
Professora de Educação Infantil
EMEI Jardim da Alegria
Professora de Educação Infantil
EMEI Jardim da Alegria

Cantar, dançar e barulhar é só começar De onde vem os bebês?


Os sons estão em toda parte. A fomos inserindo novos materiais para rias culturas inseridas nessas músicas, Em um belo dia de sol no pátio, as eles estavam na barriga, e que pudes-
música faz parte da vida cotidiana e aumentar e enriquecer essas investi- com nossa ajuda, os bebês confeccio- crianças brincavam livremente, quan- sem nos trazer algo que representasse
é uma linguagem importante para a gações: papel celofane, plástico bolha, naram instrumentos com sucatas. do uma menina representava uma este momento, uma foto ou uma rou-
formação na educação infantil. Con- cortinas sonoras com chocalhos, ba- Construímos móbiles e espalhamos gestante colocando a boneca embaixo pinha para que pudessem relatar na
siderando isso, nós, professoras do lões e guizos. Fizemos pesquisa com pela sala. Uns tinham as fotos plas- de sua blusa, logo as demais come- rodinha. Este símbolo, deixou nosso
Berçário A, colocávamos várias mú- as famílias perguntando as músicas tificadas dos instrumentos para que çaram a imitá-la, brincando e con- debate bastante animado, trazendo à
sicas para embalar a rotina com ale- que costumavam ouvir em suas in- os bebês brincassem, outros conti- versando, começaram a levantar hi- tona o porquê do seu nome. Uma pes-
gria e ritmo. Cantávamos e fazíamos fâncias e qual ouvem agora com os nham tampinhas de garrafa, chaves e póteses sobre de onde vem os bebês. quisa foi realizada com as famílias e
gestos. As crianças embalavam o cor- bebês. A partir disso, fizemos uma outros objetos que, quando tocavam Durante a semana percebemos que foi contagiante ver as crianças expli-
po, ficavam nos olhando, batiam pal- playlist musical que era reproduzida com as mãos, produziam sons. Ex- a mesma brincadeira ocorria, e que cando com orgulho e protagonismo a
minhas demonstrando alegria com o em sala e comentávamos de qual fa- ploram quebra cabeças de três peças, os questionamentos não paravam, sua história. Após já sabermos o peso
que estava acontecendo. Algumas co- mília vinha para aumentar e diversi- feitos por nós, com imagens dos ins- assim, iniciamos o projeto que teve e a medida com que as crianças nas-
locavam o dedo na bochecha e faziam ficar o repertório dos bebês. Também trumentos. Trabalharam com tinta como objetivo não somente investi- ceram, pudemos construir um “an-
o som de “oh”, sinalizando que aquela contemplaram os sons da natureza e comestível, experienciando pinturas gar a problemática apresentada pelas tes e depois” para que eles pudessem
música contagiante iria começar e, as- do cotidiano, passeando pelos pátio com músicas ao fundo. Durante o crianças, mas também criar condições comparar e ver o quanto cresceram.
sim, de forma despretensiosa, nasceu da escola. Quando ouvíamos o canto projeto, recebemos uma flautista que, para que essa aprendizagem ocorres- O que mais as crianças apreciaram foi
o projeto. dos pássaros, alertávamos as crianças além de tocar várias músicas, deixou se, garantido o desenvolvimento inte- a experiência de manipular um úte-
Percebendo que as crianças come- que, com o passar do tempo, já iden- as crianças explorarem o instrumen- gral delas. Começamos com a histó- ro feito com balão, água e um bebê
çaram a fazer gestos nas músicas, imi- tificavam por conta própria e usavam to. Para finalizar, a mãe de uma aluna, ria de varal “De onde vem os bebês” e de plástico, o qual eles levaram para
tando-nos e que largavam o que es- o dedo na bochecha e o “oh”, para si- que é professora de línguas, veio nos percebemos que o encanto se fazia na casa. À pedido das crianças, coloca-
tavam fazendo para chegar perto do nalizar sons específicos da natureza. brindar com uma roda de canções gestação e nascimento dos bebês, e foi mos tinta vermelha para representar
aparelho de som, sinalizando o prazer alemãs, valorizando a cultura da cida- por esse viés que continuamos nossos o sangue. Com o passar dos dias, as
que sentiam. Sabendo da importância de. Durante a realização do projeto, estudos. Convidamos duas gestantes crianças relataram que os bebês ha-
de explorar sons, gestos e movimen- foi possível proporcionar várias vi- da escola, uma no início da gestação viam nascido, a bolsa havia se rom-
tos para uma vivência que promova vências com sons, silêncio e músicas, e outra já no final, juntamente com pido, só reforçando as aprendizagens
o desenvolvimento integral de nossos deixando os bebês livres para expe- a médica da UBS do bairro que tam- vividas anteriormente. Várias outras
bebês, visando trabalhar a consciên- rienciar sons produzidos com o cor- bém é mãe de uma de nossas crian- experiências foram oportunizadas,
cia corporal, a sensibilidade, a cria- po, com objetos e com instrumentos ças. Nesse momento, a médica trouxe como exploração de bonecas, banhei-
tividade e concentração e embasadas musicais, assim como a apreciação e o estetoscópio e além de responder ras, fraldas, mamadeiras e panelinhas
no campo de experiências “Traços, a diversidade de músicas e culturas, às perguntas das crianças proporcio- incentivando o faz de conta, enrique-
sons, cores e formas” da BNCC, ali- evidenciando a pesquisa de crianças nou a elas que escutassem o coração cendo as brincadeiras e fortalecendo
nhamos nosso projeto “Cantar, dan- bem pequenas. dos bebês. Com esta experiência pu- as aprendizagens. Jogos de imitação
çar e barulhar é só começar”. A linguagem musical é universal deram constatar que quanto maior a e mímica visando movimentos e há-
Entre as habilidades que a música e não tem idade para que aconteça, barriga mais forte bate o coração do bitos dos bebês. Fizemos gráficos e
possibilita no desenvolvimento e na sendo que, desde o ventre estamos en- bebe. Também convidamos a pro- uma visita ao berçário da escola onde
aprendizagem estão a descoberta de As músicas infantis continuavam no volvidos com o universo sonoro. Por fessora Aline para relatar como foi puderam brincar e observar como é
sons produzidos com o próprio corpo repertório, cantávamos, dançávamos, isso, esse projeto aconteceu de forma sua gestação. Esta, trouxe as fotos de esse local onde ficam os bebês, onde
e com os objetos do ambiente, a ex- fazíamos gestos. Incluímos o barulhar leve e natural, trazendo momentos quando estava grávida, do ultrassom, eles comem e onde eles trocam as
ploração de diferentes fontes sonoras do corpo, batendo e instigando que agradáveis, recheados de sorrisos e do parto e as roupinhas de seu bebê. fraldas. Assim encerramos o projeto
e de materiais para acompanhar brin- eles também batessem com as mãos, espontaneidade. De todos estes relatos, o que mais des- “De onde vêm os bebês”.
cadeiras cantadas, canções, músicas e ora na perna, ora no joelho e, assim, A turma do Berçário A descobriu pertou questionamentos foi o cordão Experiência vivida com crianças de
melodias. Começamos promovendo fomos mudando as partes de acordo que é fácil fazer pesquisas com sons e umbilical e o sangue que envolveu três a quatro anos.
atividades que contemplassem o ba- com o ritmo da música. Exploramos silêncios, com o corpo e com objetos este momento. Para que as crianças
rulhar. Primeiramente, distribuímos um instrumento musical por sema- diversificados e que barulhar, cantar e pudessem perceber que já haviam
panelas, colheres de pau e sucatas di- na e apreciamos músicas embaladas movimentar o corpo, além de trazer passado por isso, pedimos às famílias
versas. Os bebês puderam explorar e por chocalho, violão, flauta e tambor. alegria, trouxe um aprendizado pra- que conversassem com eles, contando
fazer pesquisas sonoras. Aos poucos, Além de aproveitar para sentir as vá- zeroso. como foram as vivências de quando

88 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 PALAVRA DE EDUCADOR - SMEDI DOIS IRMÃOS - DEZEMBRO DE 2023 89
Maria Cristiane do Couto Martins Alessandra Girola
Professora de Ensino Fundamental - Anos Iniciais Professora de Informática
EMEF Felippe Alfredo Wendling EMEF Primavera e EMEF Profº. Carlos Rausch

No mundo dos contos literários. Introdução da tecnologia a partir da educação


O presente artigo tem o objetivo de afetado o hábito da leitura, pois os pensamento de ganhar asas e voar, e
infantil
relatar e compartilhar experiências de mesmos permanecem parte do seu que cada vez mais vem sendo deixado
um projeto pedagógico na turma de tempo jogando e olhando vídeos, não de lado devido ao aumento das tecno- Todos os anos quando recebo o de- Utilizamos no presente relato o va a pepita de ouro e clicamos nela.
5º ano da escola municipal Felippe parando para ter momentos de leitu- logias. safio de trabalhar Informática Edu- Software Educacional Gcompris, no Ao final de todas as aulas visitamos
Wendling, tendo a finalidade de for- ra de livros para conhecer e viajar no Por meio dela nos permite entrar cativa na escola, recordo sempre que menu onde ficam os jogos de intro- o site “jogosgratisparacriancas”. Nes-
mar leitores crítico / reflexivo na so- mundo da literatura. em outros mundos, ampliar hori- uma boa base é a chave para o sucesso. dução computacional. O Gcompris é te site há inúmeras atividades para os
ciedade. A pesquisa foi desenvolvida por zontes, desenvolver a compreensão, Assim, em meio as turmas que atendo um pacote com atividades educacio- pequenos. Em específicos, testamos a
Inicialmente os estudantes não meio de diversas leituras de obras li- comunicação e o poder da concentra- sempre converso com os professores nais para crianças de 04 a 10 anos. Ele atividade de pintar. O estudante esco-
apreciavam o momento da leitura, terárias e com diferentes autores, e a ção aumenta. Por meio deste trabalho titulares, criando e planejando espa- oferece uma gama de atividades, in- lhia uma figura para colorir e quando
achavam chato e demonstravam in- cada quinze dias a realização de di- participativo e comprometido, alme- ços para o acolhimento das turmas de cluindo jogos de exploração do mou- terminava, voltava na seta e colocava
satisfação. Para mostrar o quanto a ferentes atividades a respeito de cada ja-se desenvolver o gosto da leitura e Educação Infantil. se e teclado. Neste caso, usamos as em outra.
leitura poderia ser prazerosa, legal e leitura realizada. possibilitando que os leitores se tor- De acordo com a BNCC, nesta Etapa atividades de mouse onde os alunos Pode parecer singelo, mas para o
divertida, realizamos atividades di- A leitura a partir das obras literárias nem reflexivos e críticos. do Ensino a criança tem direito há inú- iniciaram seu estudo do mouse e suas educando associar o mouse físico
versificadas com cada obra literária, é riquíssima, pois faz com que os es- A leitura é, de acordo com Caval- meros processos de desenvolvimento funcionalidades. Foram quatro aulas, com o virtual, conseguir coordená-lo
realizamos leituras em diferentes tudantes se envolvam em diferentes canti (2009) de fundamental impor- da aprendizagem, dentre eles explorar de 30 minutos cada. e movê-lo é significativo nesta faixa
espaços da escola e aos poucos des- contextos, no qual, as histórias são tância no processo de ensino apren- diversos saberes onde se incluem as No primeiro momento, após apre- etária. Além disso, criar uma rotina
pertando nos estudantes o gosto pela narradas, prendendo a atenção do dizagem da criança, pois pode ser tecnologias. Que neste caso, especifi- sentações, conhecimento do ambien- de postura, atenção, curiosidade e
leitura. leitor e envolvendo-o por meio da ra- para ela o espaço fantástico para a ex- camente contribui para a rotina , bem te, do mouse e suas funcionalida- pesquisa torna-se indispensável para
A partir do projeto foi possível res- zão, emoção e fantasia, simplesmen- pansão do seu ser, exercício pleno da como, a autonomia e maturidade. des, os estudantes começaram com o bom andamento nos outros anos
saltar a importância e o verdadeiro te é a imersão num mundo mágico e sua capacidade simbólica, visto que No ano de 2022, além das minhas um jogo de “limpar a tela”. Este tem que iram passar.
significado da leitura, que não é ape- encantador, sendo uma experiência trabalhar diretamente com elementos turmas habituais, recebi a tarefa da como objetivo o movimento da flecha No começo foi complicado e peno-
nas decodificar palavras por palavras, única e individual. do imaginário, do maravilhoso e do SMEDI de atender as turmas NA e NB do mouse. Em seguida, utilizamos o so, pois torna-se difícil fazer parte de
mas sim, compreender o que estava Para desenvolver este projeto, fo- poético. Amplia o universo mágico, da Escola Clarice Arandt, como forma mesmo jogo, só que em outra versão. um todo, onde você não é o centro
sendo lido de maneira explícita e im- ram utilizadas ferramentas tecnológi- trans real da criança para que esta se de introduzir os alunos no mundo das Desta vez para “limpar a tela”, preci- das atenções e não é “socorrido de
plícita. cas como a televisão, livros e materiais torne um adulto mais criativo e feliz. tecnologias , já que não possuíam pro- savam clicar uma ou duas vezes com imediato”.
Através de observações durante pedagógicos disponíveis na escola, as- Concluímos que a prática da leitura fessor para este fim. No primeiro mo- o mouse. A turma percebeu que para o bom
as rodas de conversas e relatos dos sim como revisão bibliográfica sobre modificou-se com o advento das no- mento fiquei apreensiva, porque pos- No segundo momento, utilizamos funcionamento e andamento das ati-
estudantes sobre a falta de interes- a importância da leitura e para sanar vas tecnologias e que podemos sim suía muitas turmas nas escolas que já o jogo “bombeiro”, onde passamos o vidades, se fez necessário sua organi-
se em realizar leituras, pois tinham os motivos que os jovens não gostam utilizar as tecnologias para realizar leciono. Em seguida aceitei a propos- cursor do mouse por uma mangueira zação, empenho, esperar sua vez de
preferência em utilizar o celular e de ler e fazem por obrigação. leituras e pesquisas e não somente ta, pois tenho por experiência que as até a água chegar no fogo, trabalhan- falar e ser atendido. Também se fez
aparelhos eletrônicos, que segundo Acreditamos que a leitura é essen- para diversão. tecnologias inseridas a partir da edu- do assim motricidade fina. Em segui- perceber que devemos ter estratégias
os estudantes eram mais divertidos, cial para mostrar o caminho do co- Por meio desta prática, pode-se cação infantil facilitam o trabalho nos da, com o jogo do “ouro”, vivenciamos de trabalho para que possamos ter
constatou-se que a tecnologia tem nhecimento e das possibilidades do notar que a turma adquiriu maior anos seguintes do Ensino Fundamen- o movimento do scroll do mouse. As- um final esperado e não só jogar de
capacidade e formular perguntas co- tal. Assim partindo desse pressuposto, sim que aproximavasmos., aumenta- qualquer jeito.
erentes, esclareceram suas dúvidas e que usada com equilíbrio e com ativi-
desenvolveram suas habilidades in- dades adequadas às tecnologias con-
terpretativas, refletindo sobre o seu tribuem de uma forma abrangente e
meio e atuando como cidadãos cons- preparam as crianças para um mundo
cientes. cada vez mais digital, estabeleci uma
Com este projeto os educandos fi- rotina básica de aula que constitui
caram tão entusiasmados que imagi- em: Conhecer o laboratório, o equi-
naram realizar a criação de um blog pamento (funcionalidade do mouse)
literário da turma, e assim incentivar em concomitância com a inserção da
as pessoas de diferentes idades a co- criança na rotina da escola.
nhecer diversas obras literárias.
Referências bibliograficas:
Referência bibliografica: “BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.”
CAVALCANTI, Joana. Caminhos da Literatura Infantil e Juvenil: Dinâmicas e vivências na ação pedagógica. 3 ed. São Paulo: Paulus, 2009. “ DOIS IRMÃOS, Documento Orientador Curricular de Dois Irmãos. Dois Irmãos: SMEDI , 2019.”

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Daniele Schneider Maiza Luana Bauer
Professora de Educação Infantil Professora de Educação Infantil

Aline Tatiane Morschell Tamires Schuck Kafer


Professora de Educação Infantil
Giulianna Faustini Scarpati
Professora de Educação Infantil
EMEI Profª. Clarice Maria Arandt
Monitora Educacional
EMEI Jardim da Alegria

O encantado mundo das borboletas coloridas Uma amiga que conheci na escola e nunca vou
Ao realizar um passeio para co- esquecer
nhecer o entorno da escola e brincar
numa área verde, conhecida carinho- Num final de tarde chuvoso, as referências à personagem Josefina nas crianças para passarem uns dias com
samente como a “Floresta encantada”, crianças estavam brincando na sala de brincadeiras e no dia a dia, visto que as mesmas e suas famílias. A turma fi-
as crianças da turma NA1, da Emei aula e algo chamou atenção na jane- ela era “bastante observadora” e aju- cou radiante com a ideia das corujas
Professora Clarice Maria Arandt en- la: uma grande quantidade de neblina dava em vários momentos da rotina visitarem suas casas e acompanharem
contraram diversas borboletas voan- cobria os morros parecendo com uma escolar, acompanhando a convivência suas rotinas e vivências em família!
do pelo local e correr atrás delas foi fumaça que saia da floresta. Com a coletiva em: rodinhas, interações em E assim foi… As crianças foram
a diversão do momento. Convidamos imaginação aguçada, duas crianças brincadeiras, organização dos espa- recebendo as visitas das corujinhas
o grupo para se aproximar do inseto levantaram uma hipótese: “Olha, é a ços e brinquedos. Percebemos visi- juntamente com uma pastinha para
para observá-la, instigando-as a falar chaminé da casa do Papai Noel!” Nes- velmente, que o comportamento das realizarem o relato escrito e o registro
sobre suas percepções. De volta à es- como vídeos educativos para observar lugar ao meio da natureza, onde as ta hora, os demais colegas correram crianças evoluiu positivamente, pois em desenho dos momentos passados
cola, ao brincar nos espaços externos, o ciclo de vida da borboleta, montan- borboletas gostam de estar, no parque em direção a janela e foram comple- como Josefina elogiava a turma e via em família junto às visitantes. Acom-
outras borboletas foram avistadas e do o “Jogo da metamorfose” com as Municipal Romeo Benício Wolf. mentando com falas: “O Papai Noel tudo que acontecia, havia uma certa panhadas das crianças, as amigas
sempre criavam grande euforia na crianças, utilizando elementos natu- O projeto, além de proporcionar tem uma fábrica de brinquedos; A fá- preocupação em não desapontá-la. corujas participaram de: eventos de
turma. A partir dessas manifestações, rais que foram coletados com suas fa- muitas descobertas e aprendizagens, brica dele tem uma chaminé; O Papai aniversário, almoços e passeios em fa-
iniciamos uma investigação para co- mílias e trazidos numa “caixa da natu- também aguçou o olhar das crianças Noel tem muitos ajudantes para fazer mília, aulas de ballet, judô, escolinha
nhecer e descobrir mais característi- reza”. Ao enfatizar questões referentes para observar as belezas e minúcias os brinquedos; Ele cuida do compor- de futebol, idas ao supermercado para
cas e curiosidades deste inseto. a essas mudanças também utilizamos da natureza. Tornaram-se verdadei- tamento das crianças; Como ele mora fazer compras, assistiram desenhos,
O projeto “O encantado mundo das diferentes histórias como “A borbole- ros cuidadores e admiradores dos numa floresta tem muitos bichinhos e bem como, se envolveram em diver-
borboletas coloridas” buscou envol- ta e o grilo”, “A primavera da lagarta”, pequenos bichinhos, principalmente até os bichinhos ajudam a cuidar. É... sos outros momentos e brincadeiras
ver as crianças em várias propostas que, juntamente com a narrativa do das borboletas, que fascinam e en- os passarinhos ajudam a cuidar”. presentes no cotidiano familiar.
lúdicas para que pudessem brincar do livro “Gabriela, a borboleta amare- cantam a turma todas as vezes que A turma se mostrava criativa. Tive- Como professoras e monitora da
com a imaginação e ao mesmo tem- la” foi possível também abordar ques- podem contemplar seu vôo no céu ou mos a ideia de apresentar um “mas- Um dia, a turminha chegou na sala turma, consideramos os momentos
po encontrar as respostas para seus tões sobre os sentimentos e aceitação num pouso em nosso jardim. cote” com o objetivo das crianças e algo diferente havia acontecido. A vivenciados com as crianças junto
questionamentos e dúvidas referen- de si mesmo, trabalhando compe- continuarem criando histórias e en- coruja Josefina simplesmente havia das personagens Josefina e Juscelina
tes a estrutura corporal do inseto e tências socioemocionais importantes redos. Na busca por um personagem sumido do quadro, deixando um es- profundamente significativos, pois
compreender melhor como ocorre o para o desenvolvimento das crianças. que fosse de encontro ao imaginário paço em branco onde antes ocupava. aguçaram ainda mais o imaginário
processo da metamorfose. Para atrair Dessa forma, cada uma confeccionou das crianças, a monitora Giulianna Então, as crianças literalmente passa- infantil. Sabemos que, por vezes, se
as borboletas cultivamos um jardim sua “borboleta dos sentimentos” para sugeriu trazer um quadro com a foto ram a “ver” Josefina em árvores do torna um tanto quanto difícil traba-
bem próximo a nossa sala de referên- levar para casa e juntamente com a fa- de uma coruja, que ela tinha em casa. entorno da escola, nos pátios onde lhar algumas atitudes apresentadas
cia, para podermos visualizá-las mais mília conversar, identificar e nomear Na hora do conto planejada para a se- brincavam e até nos jardins de suas pelas crianças no ambiente escolar,
próximas a nós. Acompanhamos o as emoções vivenciadas, registrando- mana, apresentamos a coruja Josefi- casas. Procuravam vestígios de sua porém as personagens Josefina e Jus-
processo de crescimento das flores, -as num caderno para ser comparti- na, que tinha um quadro como casa e revoada, coletando penas ao chão das celina nos ajudaram, de forma lú-
fazendo a rega e observações perió- lhado na turma. que conseguia sair e voltar dele quan- praças onde brincavam na escola ou dica, a abordar e trabalhar questões
dicas e quando menos esperávamos, Algumas lagartas e cascos de casu- do ninguém estava olhando. A turma lugares visitados. como: inclusão, cuidado e respeito ao
pudemos avistar e contemplar diver- los foram encontradas e trazidas para fez muitas perguntas, e estas foram Passadas algumas semanas, ao re- próximo, tolerância, paciência, com-
sas vezes o inseto e verificar as partes a sala referência com o objetivo de ob- respondidas por Josefina “cochichan- tornar da pracinha, as crianças per- preensão, colaboração e organização
do seu corpo, inclusive o espirotrom- servar seus detalhes e características. do” ao pé do ouvido das professoras, ceberam que Josefina havia retornado com a turma de forma interativa e
ba, o aparelho bucal adaptado para Muitas músicas, brincadeiras e expe- que se transformaram em intérpre- à escola, trazendo duas sacolas, uma prazerosa. Além de explorar aspectos
sugar o néctar das flores. Ao utilizar riências lúdicas, envolvendo a culiná- tes da personagem traduzindo suas carta e que não estava sozinha. Na comportamentais importantes para o
o microscópio da escola também ob- ria e a imaginação foram vivenciadas. “falas” para as crianças. A coruja Jo- carta ela explicou que foi visitar sua desenvolvimento social das crianças,
servamos as asas, cabeça, tórax e ab- A partir da canção da “Borboletinha”, sefina foi aceita prontamente como família e voltou acompanhada de sua fomentamos ainda mais o imaginário
dômen de borboletas que compõem o as crianças se envolveram no prepa- nova integrante da turma e ganhou irmã-gêmea, “Juscelina”, que também e a criatividade infantil, tão presentes
“Borboletário” da escola. ro de um delicioso bolo de chocolate um lugar de destaque na parede, para ficou curiosa para conhecer a turma. nas crianças desta faixa etária, que
Utilizamos recursos visuais, como que foi degustado em um piquenique que pudesse enxergar todos os ân- A carta trazia uma proposta especial. devem continuar sendo cultivados ao
imagens, materiais pedagógicos bem acompanhado de chimarrão num gulos da sala. Foram feitas inúmeras As corujas queriam visitar a casa das longo da vida.

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34ª Feira do Livro de Dois Irmãos
Leia, acolha & transforme
Histórias e memórias
Lesen, annehmen und verwandeln: geschichten und erinnerungen

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