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NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

E d iittori
oriaal Uma Mensagem da
Um novo canal de Fundação Itaú Social
comunicação
Desde que criamos o Programa Escre-
vendo o Futuro nos preocupamos em es-
“Incentivar o desenvolvimento
tabelecer novos canais de comunicação
das competências de leitura e escrita
com professoras e professores de todas dos alunos da escola pública foi o
as regiões do país. Na Ponta do Lápis é grande desafio que a Fundação Itaú
mais um desses canais: em forma de al- Social assumiu ao criar, em 2002, o
manaque, traz informações, relatos de
Programa Escrevendo o Futuro.
prática, textos de alunos, entrevistas,
análises de especialistas, notícias e curio- Hoje, o Escrevendo o Futuro é um
sidades para serem compartilhadas e estímulo permanente à formação de
disponibilizadas aos 25 mil professores alunos e professores. Com ações in-
inscritos no programa. Queremos pro-
seridas em um contexto de fortaleci- 1
por discussões, apresentar novas referên-
mento da cidadania, o Programa bus-
cias e também colaborar para a reflexão
e o aprimoramento de práticas de ensi- ca alcançar nosso principal objetivo:
no de Língua Portuguesa. a melhoria do ensino público funda-
Cada edição vai se concentrar num mental no Brasil.”
gênero de texto. Nesse primeiro número
abordamos o artigo de opinião e nos Roberto Egydio Setubal
próximos trataremos de textos de me- Presidente da Fundação Itaú Social
mórias e poesia. Claro que sem a parti-
cipação do professor o trabalho fica
incompleto. Por isso, junto com cada edi- “Durante o processo de forma-
ção do almanaque, seguirá uma carta ção do Programa Escrevendo o Futu-
para que nossos leitores dêem sua opi-
ro, seja presencial ou à distância, os
nião sobre a publicação e mandem seus
recados, sugestões e experiências. Basta professores são preparados para ofe-
preencher e levar ao Correio: a posta- recerem a seus alunos situações reais
gem é por nossa conta. de escrita, estimulando-os a estreitar
Conhecemos os (muitos) problemas suas relações com sua realidade numa
da educação em nosso país. Somos oti- análise crítica para melhor compre-
mistas e é exatamente por isso que agi- endê-la e transformá-la. E, assim, te-
mos de modo a construir novas qualida-
mos como resultado textos que retra-
des em educação, com base no diálogo
com quem, de fato, pode alterar essa si- tam a diversidade cultural e traços re-
tuação. gionais brasileiros, acompanhados de
Queremos que apreciem esse nosso um olhar crítico porém repleto de es-
almanaque e continuem fazendo parte perança acerca do lugar onde vivem.”
do Programa Escrevendo o Futuro.
Boa leitura e bom trabalho! Antonio J. Matias
Vice-Presidente da Fundação Itaú Social
NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

ESPECIAL

Entrevista
ANA BEATRIZ PATRÍCIO
A Superintendente da
Fundação Itaú Social,
entidade responsável pelo
Programa Escrevendo o
Futuro, fala dos desafios,
objetivos e conquistas
do programa. Deixa
conselho de quem
entende do mercado:
Diego Cezar Silva, 11 anos, semifinalista de Amparo, SP

2 “Invista em capital humano”


“I
Em quais áreas a Fundação a esse desafio. Começamos como principal foco, atuando
Itaú Social atua e por que pela idéia de um prêmio. sempre em aliança com o po-
realiza o Escrevendo o Avançamos: o Escrevendo o der público e a sociedade civil.
Futuro? Futuro é muito mais que isso,
O Escrevendo o Futuro é
A Fundação Itaú Social tem é um proposta de formação
de abrangência nacional.
um forte compromisso com o para alunos e professores.
Que estrutura a Fundação
desenvolvimento social do A Fundação trabalha com mobiliza para fazê-lo
país. Temos projetos na área da outros projetos em acontecer?
saúde pública, mas na educa- educação? As parcerias são fundamen-
ção estão concentrados nossos
Sim. Acreditamos tais. Temos a coordenação téc-
que não se transforma nica do projeto com o Cenpec,
a realidade apenas que produz o material. O que
O Programa Escrevendo com ações pontuais. fazemos é discutir conceitos e

o Futuro é muito mais


Por exemplo, o progra- alinhá-los aos valores da Fun-
ma Melhoria da Educa- dação Itaú Social. Além do
que um prêmio, ção no Município arti-
cula secretários de
Cenpec temos a Undime e o
Canal Futura. Contamos com
é uma proposta de educação, dirigentes o apoio do Consed (Conselho

formação para alunos


de escola e professo- Nacional de Secretarias de
res para desenvolver, Educação) e do Ministério da
e professores. implementar e avaliar Educação. A Fundação em si
tem uma equipe pequena. Nós
a proposta educacio-
nal do Município. Envolvemos operamos com a estrutura do
maiores esforços. O Escreven- Conselhos Tutelares, Universi- Banco Itaú, com sua área jurí-
do o Futuro nasceu de um de- dades, ONGs. Queremos, com dica, de informática, de marke-
safio lançado pelo Dr. Roberto isso, extrapolar os muros da es- ting, de comunicação interna
Setúbal [Presidente da Fundação cola. Em outro programa, o e as agências que divulgam o
Itaú Social e Diretor Presiden- Educação e Participação, o tra- programa pelo Brasil realizam
te do Banco Itaú]. Informado balho é direcionado às ONGs. eventos com os secretários de
sobre a realidade da educação Hoje em dia, quando se fala educação, visitam as escolas e
pública brasileira, mobilizou a em desenvolvimento sustentá- homenageiam os alunos e es-
Fundação a planejar ações vel de um país, não basta atuar colas vencedoras.
para a melhoria do ensino da na infra-estrutura, é preciso in- Uma outra forma de os fun-
leitura e escrita. Em parceria vestir no capital humano. Por cionários participarem é através
com o Cenpec fizemos frente isso escolhemos a educação do Programa Itaú Voluntário.

EDUCAÇÃO COMO FOCO MAIOR, ATUANDO SEMPRE EM ALIANÇA COM O PODER PÚBLICO E A SOCIEDADE CIVIL.
NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE
Em 2004, no Escrevendo o é ampliar ainda mais o núme- regulamento, que é claro e
Futuro, 90 voluntários se cor- ro de escolas envolvidas. está amplamente divulgado,
responderam com as tanto no site do Cenpec,
crianças e 10 avaliado- quanto no da Fundação.
res participaram das co- Em 2006, nossa Para finalizar, dê um
missões julgadoras. Não
sabíamos como um ge- meta é ampliar ainda depoimento pessoal
sobre o projeto.
rente de agência agiria mais o número de Considero um privilé-
trabalhando em conjun-
to com professores e ou- escolas envolvidas. gio vivenciar toda a tra-
tras pessoas ligadas à jetória do prêmio. A in-
educação. Eles deixaram teração com professores
as agências por quatro dias e Como a Fundação garante a e alunos das mais diversas re-
participaram de um processo transparência e a alidades brasileiras provoca
de formação e das reuniões de confiabilidade do projeto? sentimentos intensos e, às ve-
avaliação. A experiência foi in- Que tipo de controle tem zes, contraditórios: a inquie-
teressante e enriquecedora para garantir seus resultados? tação pela grandeza dos desa-
para todos os envolvidos. É sempre um grande desa- fios da educação no Brasil, o
fio. Se estamos levando para a encantamento com a tenaci-
Como a Fundação avalia o dade dos professores na bus-
programa e que perspectivas causa social, a ética e a trans-
parência, valores do Itaú, estes ca de soluções viáveis para 3
vê para ele? cada realidade, a visão crítica
valores têm que estar presen-
O programa está crescen- tes em nossas ações. Nas ofici- e ao mesmo tempo “amoro-
do. Depois da primeira edição, nas, procuramos nos certificar sa” com que os alunos retra-
em 2002, tivemos 77% das es- da autoria, de que os textos se- tam o lugar em que vivem, o
colas se reinscrevendo para a lecionados foram efetivamen- desenvolvimento de novos
segunda edição. Em depoi- te produzidos pelos alunos. E universos culturais para profes-
mentos, professores relatam temos a certeza de que nossos sores e alunos.
que esse material não foi utili- parceiros comungam as mes- De tudo isto uma grande
zado apenas para participar de mas crenças e valores. Todos os certeza: a responsabilidade de
um prêmio, fortaleceu o traba- passos previstos no programa todos nós pela transformação
lho de leitura e escrita inclusi- acontecem de acordo com o social de nosso país.
ve no ensino médio. O mate-
rial chegou até as mãos de edu-
cadores que não haviam se ins-
crito. Nosso principal objetivo
Abrangência do
é a formação do docente. Mas, Prêmio Escrevendo o Futuro
ao longo do programa cons-
tatamos que os alunos também
são beneficiados. Durante as
oficinas eles descobrem a fun-
ção social da leitura e escrita,
ferramenta importante para in-
serção na comunidade.
Neste ano, queremos pros-
seguir com a formação dos 25
mil professores que se inscre-
veram no ano passado, o que
não é fácil. Junto com o
Cenpec buscamos alternativas:
criação de um espaço virtual
de aprendizagem, vídeos e pu-
blicações. Fizemos parcerias
com duas universidades para
analisar mais profundamente
Municípios inscritos em 2002
os textos dos alunos e, assim, Municípios inscritos em 2004
subsidiar a formação dos pro- Municípios inscritos em 2002 e 2004
fessores. Em 2006, nossa meta

NÃO SE TRANSFORMA A REALIDADE COM AÇÕES PONTUAIS


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

REPORTAGEM

O caminho
percorrido
Dois anos de trabalho e muitas etapas.
Alunos, professores e organizadores
contam como foi participar do Giselle Santos de Paula,
4 em 2004
vencedora do prêmio
Programa Escrevendo o Futuro.

D epois de muito trabalho em uma longa jor- do pelo Cenpec, em parceria com Undime e Ca-
nada, era natural a ansiedade dos pequenos e de nal Futura e apoio do MEC (Ministério da Educa-
seus professores no anfiteatro do Memorial da ção) e Consed (Conselho Nacional de Secretarias
América Latina, em São Paulo, naquela noite de 6 de Educação), o programa propõe mudanças em
de dezembro de 2004. O vencedor da segunda conceitos e práticas de ensino da língua escrita.
edição do prêmio Escrevendo o Futuro ia ser anun- Tudo começa na escola, onde professores que
ciado. O júri era formado por representantes dos se inscrevem no programa recebem o Kit Itaú de
parceiros do projeto. Giselle Santos de Paula, 11 Criação de Textos com orientações de como tra-
anos, autora de No morro não tem só bandido, balhar com seus alunos. Nesta edição, depois da
levou um pequeno susto quando anunciaram seu triagem nas próprias escolas, o projeto recebeu
nome. Era ela a vencedora. Mas ainda havia outra 5974 textos, que depois de selecionados em seus
surpresa para a menina. Num grande telão, apa- Estados e regiões foram reduzidos a 183 semifina-
recia a imagem da escritora Zélia Gatai, emocio- listas. Os selecionados puderam participar, com
nada, lendo e comentando o texto de Giselle. seus professores, de oficinas regionais de três dias
Desde que surgiu em 2002, o Programa Escre- sobre a prática e o ensino da escrita realizadas nos
vendo o Futuro tem como objetivo aprimorar as pólos regionais de Curitiba, Manaus, Rio de Janei-
práticas de produção de texto nas escolas públicas ro, Belo Horizonte, São Paulo, Recife e Goiânia.
brasileiras. Em 2004 foram 10 mil escolas inscri- Em cada pólo, estudantes e professores visitaram
tas, em todos os Estados, com 25 mil professores museus, teatros, livrarias e pontos turísticos. No
preparando oficinas para um milhão de alunos. último dia de atividades os alunos reescreveram
Realizado pela Fundação Itaú Social e coordena- seus textos, incorporando as noções adquiridas nas
oficinas. “O projeto, além de ser um concurso, traz
a idéia de como produzir e aperfeiçoar um texto.
Nossa preocupação principal são as práticas na pro-
dução de texto. Por isso o cuidado constante com
o aprimoramento, com o texto sendo revisto e re-
escrito muitas vezes”, explica a coordenadora de
gestão do Cenpec, Maria Estela Bergamin.

Os finalistas
Em cada pólo regional foram selecionados três
textos, totalizando 21 finalistas. Por chegar a essa
etapa, cada finalista e a respectiva escola ganha-
ram um microcomputador com impressora. Na
Em Goiânia, alunos visitam o Museu do Cerrado premiação, o grupo Meninas do Conto contou
histórias e musicou alguns textos semifinalistas.

O PROGRAMA PROPÕE MUDANÇAS EM CONCEITOS E PRÁTICAS DO ENSINO DA LÍNGUA ESCRITA


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE
Para muitos alunos e professores, participar do pro-
grama já foi uma vitória. Para Mary Silvia Oliveira,
que percorre oitenta quilômetros por dia para che-
gar a sua escola na zona rural de São João de Ira-
cema (SP), a experiência foi inédita: “É a primeira
vez que participo de um prêmio que valoriza o
trabalho do professor e a escola pública.”

Grupo de Teatro ‘Meninas do Conto’ recita os


poemas e dramatiza textos de alunos do Pólo Recife

O programa ainda incentivou outras ações. Em


Igarapé da Fortaleza, município de Santana (AP),
alunos de Iraneide Costa entrevistaram moradores
da região e descobriram novas informações sobre a
No Pólo do Rio de Janeiro, professoras bacia hidrográfica local. O resultado da pesquisa se
orientam seus alunos na reescrita dos textos transformou num convite da prefeitura aos peque-
nos escritores para a produção de um livro.
5

Multiplicação do kit e
dos resultados
O kit fornecido pelo programa para a produ-
ção das oficinas em sala de aula acaba percorren-
do toda a escola. Os materiais são fotocopiados e
as propostas das oficinas divulgadas até a alunos
do ensino médio. “Ele foi muito usado porque tem
muitas orientações pedagógicas para trabalhar a
leitura e a escrita”, conta Elis Regina Queiroz, pro-
fessora em Boa Vista (RR).
Não deixou de ser uma agradável surpresa para Semifinalistas do Pólo Belo Horizonte em
os organizadores do projeto. “Estamos contentes oficina de escrita
com tudo isso. Os textos melhoraram muito de
2002 para cá. Hoje, as crianças argumentam, con-
tra-argumentam, identificam problemas do lugar O programa não pára. Nos anos pares promo-
onde vivem. Quando uma criança se torna ‘es- ve o prêmio. Nos ímpares produz atividades de
trangeira’ no lugar onde vive, passando a identi- formação de professores e educadores, além de
ficar problemas e belezas que antes não eram publicar, com análise, os textos dos alunos premia-
percebidos, ela não está apenas se preparando dos e os relatos de prática de professores. Uma
para ser cidadã, já está exercendo a cidadania”, iniciativa modelo para aqueles que acreditam na
afirma Sonia Madi, coordenadora pedagógica do educação pública do país e lutam por seu aprimo-
Escrevendo o Futuro. ramento.
Daniele Moura de Moraes, jornalista enviada
pelo canal Futura para acompanhar as oficinas do
Prêmio Escrevendo o Futuro.

“Vou correndo
pegar meu lugar
Alunos do Pólo Curitiba ganham mais um prêmio:
no futuro, e você? ” la
Paulinho da Vio
podem escolher livros de literatura infantil

HOJE, AS CRIANÇAS ARGUMENTAM, CONTRA-ARGUMENTAM, IDENTIFICAM PROBLEMAS DO LUGAR ONDE VIVEM.


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

RECADO DO LEITOR

– ne
– pn – dia do +m

Que aconteça de novo!


“Fiquei encantada com o livro que
montamos, com as entrevistas que
a –d
+p
–x
+za
– do

eu dei, com o momento da esco-


lha dos livros (muito interessante
e gratificante). Fiquei emociona-
da quando o grupo de teatro de São vermelho –d –r
em inglês d+
Paulo dramatizou minha história e +s +s
a de outros colegas. A ansiedade
tomava conta de todos nós e de re-
pente ouço meu nome no 2o lugar
na categoria Memórias. Foi lindo!

( )
–o
Sei que é difícil acontecer de novo
– sta +a
6 momentos como esse, mas vou lu-
tar para que isso aconteça outras
vezes em minha vida.”
RESPOSTA NA PÁGINA 21
Aluna semifinalista:
Maria Eduarda Fermino
Londrina – PR

O selo de carta
A Inglaterra, em 1840, foi o primeiro país a
Descobertas lançar o selo postal, um comprovante de
“A realização de todas as oficinas pagamento de tarifa de correio, com a figu-
foi muito interessante; pude des- ra da rainha Vitória. O Brasil veio a seguir:
cobrir questões polêmicas que in- em 1842 lançou o Olho de Boi (tinha esse
comodavam as crianças. O melhor nome pelo formato do desenho). Não trazia a efígie de Pedro II
nesse trabalho foi levar os alunos para que ninguém “ousasse” carimbar a face imperial.
a pensarem sobre seu ponto de vis-
ta pois, apesar de sua pouca idade
e experiência, no convívio social
são expostos a idéias que compar-
tilham e das quais por vezes até A carta mais barata
discordam, mas têm receio de apre- Instituída em 1995, a carta social
sentá-las.” pode ser enviada pagando-se
Prof a Conceição Aparecida A. apenas R$ 0,01, em qualquer
Ornelas Micheloto agência dos Correios. Pode ser
São Jorge do Patrocínio – PR
enviada para todo o Brasil,
sempre de pessoa
física para pes-
soa física. O en-
Prazer de escrever velope tem que
“Participar do Programa Escre- ser comum e ter
vendo o Futuro me fez repensar a no máximo 10g;
maneira como vinha ministrando o endereço deve
as aulas de Língua Portuguesa, de ser manuscrito,
modo arcaico, tendo um livro contendo a inscrição
básico que não tem a ver com a re- “Carta Social” acima
alidade de meus alunos. Com o do CEP. Leva o mes-
programa saímos da sala de aula mo tempo da carta
e fomos buscar inspiração na na- comum. Mas não
tureza, na música e poemas. Os abuse, cada pes-
alunos descobriram o prazer de
soa pode postar até
escrever.”
5 cartas por dia.
Prof a Divina Aparecida da Silva ESCREVA PARA NÓS:
Piracanjuba – GO RUA DANTE CARRARO, 68
CEP 05422-060
SÃO PAULO-SP
AGUARDAMOS SUA CORRESPONDÊNCIA
NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE
‫ﱟﱟﱟﱠﱟﱟﱟ‬
Questão de Gênero
O artigo de opinião

Escrever e convencer
para mudar O poder da
argumentação
Escrever o que se pensa sobre algo, querendo Em 13 de janeiro de 1898, o es-
critor francês Émile Zola escre-
convencer o leitor, exige argumentos. É preciso ve artigo para o jornal L‘Aurore,
defender, exemplificar, justificar ou desqualificar intitulado “Eu acuso!”, responsa-
posições. Essa é a regra geral para um bom artigo de bilizando políticos e militares
pela condenação injusta à prisão
opinião, gênero que não existiria se não fosse o jornal. de um militar chamado Dreyfuss.
Zola era o escritor mais famoso
N enhum gênero de texto nasce, como se diz, “sem pai nem da França naquele período. Seu
mãe”. Todos têm suas origens marcadas por alguma área de ativida- artigo, em formato de carta
de humana. No caso dos artigos de opinião, essa origem está nos aberta, mobiliza o país para a re-
jornais. O Manual de Redação da Folha de S. Paulo, um dos princi- visão do julgamento. Tempos 7
pais jornais do país, afirma que “o jornal (...) é um órgão formador depois, Dreyfuss é inocentado
de opinião. Sua força se mede pela capacidade de intervir no deba- e libertado.
te público e, apoiado em fatos e informações exatas e comprova-
das, mudar convicções e hábitos.” Cada uma para o
Para entender o funcionamento do artigo de opinião, é preciso seu lado!
entender o funcionamento do jornal, que vive de noticiar fatos novos O primeiro jornal a separar notí-
e importantes. As notícias, que são a razão de ser do jornal, ocupam cias e opiniões foi o diário inglês
grande parte dele e devem ser “verdadeiras”, isto é, apoiadas em Daily Courant. Samuel Buckley,
que o dirigiu entre 1702 e 1735,
informações e fatos precisos, isentos de opinião. É claro que isso é
fez a mudança pois acreditava
muito relativo, porque ninguém consegue dizer alguma coisa sem que o leitor devia ser livre para
denunciar, de alguma forma, o que pensa sobre o que diz... formar suas opiniões. Foi nessa
Como as notícias publicadas devem ser isentas de opinião sobre época que os jornais passaram
os fatos noticiados ela vai aparecer nos artigos. Eles são escritos por a defender a neutralidade da
notícia para a divulgação da ver-
pessoas influentes na sociedade, a respeito dos debates criados pela
dade.
leitura das notícias que circularam no jornal em dias anteriores. Os
articulistas, por serem pessoas respeitadas, podem, com suas pala-
vras, influenciar ou mesmo mudar con-
vicções e hábitos dos leitores.
Para atingir sua finalidade, conven-
cer os leitores da importância da opi-
nião do articulista, os artigos de opi-
nião são organizados como uma es-
pécie de discussão entre pontos de
vista diferentes sobre os fatos polê-
micos que as notícias abordaram.
Podem não gostar
Eles são planejados para que a opi-
nião do autor pareça ser a mais
da opinião...
correta, a mais importante, en- O jornalista Aparício Torelly, o Ba-
quanto as opiniões contrárias a rão de Itararé, abre no Rio de Ja-
neiro, em 1934, o Jornal do Povo.
ela são desvalorizadas.
Publica artigos com a história do
Separando as notícias das opi- marinheiro João Cândido, líder
niões, o jornal atinge duas finalidades: da Revolta da Chibata de 1910
a notícia traz fatos apoiados em in- (que defendia o fim dos casti-
formações comprovadas e os artigos gos corporais). Militares contrá-
rios aos artigos seqüestram e
procuram mudar a opinião, as con-
agridem o Barão. De volta à re-
vicções e os hábitos dos leitores. dação do jornal, afixa tabuleta
Heloisa Amaral, mestre em educação,
pesquisadora do Cenpec
‫ﱟﱟﱟﱠﱟﱟﱟ‬
na porta: “Entre sem bater”.

ARTIGOS DE OPINIÃO: DISCUSSÃO ENTRE PONTOS DE VISTA DIFERENTES


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

Página LITERÁRIA

Dentro de mim mora uma casa


O escritor e professor de literatura Jorge Miguel Marinho fala da esperança encontrada
nos textos dos estudantes que participaram do Programa Escrevendo o Futuro.
João escreveu três palavras, colocou as três numa garrafa e jogou tudo no mar. Não se sentiu mais
conhecido nem sentiu a vida melhor. Mas o sentimento de diminuir as distâncias ou aproximar
as pessoas foi lá no fundo do seu coração. Acontece o seguinte: quando João escreveu as três
palavras que um dia alguém achou na garrafa e não entendeu muito bem porque elas apenas
diziam “Eu estou aqui”, ele procurou com todas as mãos e todas as letras de todos os tempos o
primeiro “sentido de escrever” que é partilhar com o mundo o que existe dentro de cada um.
Jorge Miguel Marinho

E screver não Na maioria dos tex-


nasce só da vonta- tos que são poemas,
8 de de esmiuçar e opiniões, lembranças e
conquistar as pala- simples confissões, o lu-
vras e dizer do jeito gar desejado para se vi-
que a gente é, que já ver não existe ainda na
é um caminho e tan- “terra onde se pisa”, a
to. Escrever nasce terra de verdade, mas
também daquele de- é uma cidade sonhada
sejo mais fundo e que já fincou estacas
profundo de “ser al- no coração dessa ga-
guém nesse mundo”, lera de 4a e 5a séries
mostrando o que das escolas públicas e
mora dentro de cada também já mora den-
um. E vai daí que, tro de cada um. Não
como palavra puxa dá para deixar de re-
palavra, os escritores gistrar aqui o “futuro”
grandes e também os de algumas imagens
“escritores pequenos” vão criando um mun- colhidas assim ao acaso, porque elas estão
do onde todo mundo possa morar e viver. presentes na voz de todas essas crianças ma-
Foi isso o que aconteceu e mais um mon- ravilhosas e suas palavras voadoras. Olha só
tão de coisas que só os “escrivinhadores” sen- essas: “Eu me mudo como o vento que sopra
síveis sabem fazer com as palavras que ficam pra lá e pra cá”, “Minha cidade vai ficar/
bem espertas para descobrir o que é real. É, melhor do que se imagina/ feliz voltarei a brin-
é isso mesmo! Pois fique sabendo você, lei- car/ na esquina da rua Bonina”, “Conheço
tor que gosta de ver a vida abrindo as suas muitos lugares e sei que outros estão a me
portas com mãos de criança para um futuro esperar”.
melhor, que existe uma moçada, espalhada Não é bom demais esse tom de alegria,
por esses quatro cantos do Brasil, que pega melancolia e esperança voltado para “um
firme no papel e de preferência no lápis – que horizonte” que já deve estar “esperando” por
é bom de apagar – para rabiscar, escrever e essa trupe entusiasmada e, é claro, também
inventar um novo país. Só para dar uma olha- por nós? Pois é nessa trilha que aparecem os
da nessas crianças bem de perto, basta ler os textos de opinião que criticam e condenam
textos que foram selecionados no Programa as queimadas dos canaviais, a bandidagem,
Escrevendo o Futuro, que teve como tema des- o tráfico de drogas, a falta de postos de saú-
sa vez “O lugar onde vivo”, e você vai ver de, de água, de asfalto, de saneamento, o
como o resultado foi surpreendente. desemprego, a demora do ônibus, os animais

ABRINDO AS PORTAS COM MÃOS DE CRIANÇA PARA UM FUTURO MELHOR


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE
em extinção, a preservação dos rios, a polui- xaram escapar o sonho de fazer amorosamen-
ção da natureza e das emoções, a corrupção, te uma cidade mais acolhedora, uma pátria
a violência atroz com mortes misteriosas e mais que amada, enfim um país mais huma-
muita saudade de um mundo que ainda no e humanamente mais feliz.
ninguém viveu... Mãos à obra então, crianças e professores
Mas de tudo isso, o que é mais significati- que, no seu pedacinho de terra fértil de ima-
vo são as palavras de tristeza que parecem ginação, sonham todos os dias o sonho de
doer na mão de quem escreve e nos olhos todos nós. E não se esqueçam nunca que NÓS
de quem lê. Veja só a sensibilidade dessas ACREDITAMOS EM VOCÊS.
passagens que revelam mais uma vez “a fal-
ta, a carência e a penúria” de um lugar
que as crianças projetam e ainda não
tem chão para acontecer: “Quero dei-
xar para trás a tristeza de mudar”, “Não
preciso ter lembranças, pois vivo a es-
perar”, “Ontem alegria, hoje só solidão”,
“O nosso mundo está muito doente”,
“Seria aqui o meu lugar? Dá vontade de
chorar.”.
9
Note e anote que são palavras tristes
mas escritas com uma “caligrafia feliz”.
Isto acontece porque, com a mesma for-
ça que as crianças denunciam os males
Jorge Miguel Marinho é professor de literatura, ator,
da vida, estão também escrevendo e anun-
roteirista, escritor. Entre as obras publicadas, estão
ciando um dia esperançoso que está quase Te dou a lua amanhã, prêmio Jabuti,
por se fazer. Na curva das emoções, prêmio APCA e
O cavaleiro da tristíssima figura, prêmio HQMIX.
Nesse trabalho, é sensível e comovente a
participação dos professores nas oficinas e,
como mestres na arte de acolher o imaginá- Penetra surdamente no
reino das palavras.
rio das crianças e apontar com o “cajado” do Lá estão os poemas qu
e esperam ser escritos.
conhecimento o norte dessas e tantas outras Estão paralisados, ma
s não há desespero,
trilhas do exercício de escrever, são os pri- há calma e frescura na
superfície intata.
meiros leitores desses textos reveladores que Ei-los sós e mudos, em
estado de dicionário.
nos fazem tão bem. Convive com teus poem
as,
antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscu
ros.
“Eu me mudo como o vento Calma, se te provocam
.
Espera que cada um se
que sopra pra lá e pra cá” consume com seu po
realize e
der de palavra e
seu poder de silêncio.
Não forces o poema a
desprender-se do limbo
E não é demais lembrar que nesse jeito Não colhas no chão o .
poema que se perdeu.
tão sensivelmente bonito de buscar, invadir e Não adules o poema.
morar na casa que existe dentro de cada um, Aceita-o como ele ace
itará sua
todos estão certamente “escrevendo” o futu- forma definitiva e conce
ntrada no espaço.
ro com uma moradia feita de cimento, ma- Chega mais perto e co
ntempla as palavras.
deira ou taipa que será a habitação coletiva Cada uma tem mil fac
es secretas
ORETRATO

de um imenso país. De verdade mesmo, “a sob a face neutra


casa” de verdade parece já estar assentando e te pergunta, sem inte
resse pela resposta,
tijolo por tijolo e sendo erguida com mais for- pobre ou terrível, que
REPRODUÇÃO – AUT

lhe deres:
ça, aventura, luta e imaginação. Ela vem do Trouxeste a chave?
desejo de criar um lugar onde se viva com (Procura da poesia – Ca
rlos Drummond de And
mãos de crianças que, apesar de serem sofri- rade)
das devido às injustiças da vida, nunca dei-

PALAVRAS DE TRISTEZA QUE PARECEM DOER NA MÃO DE QUEM ESCREVE E NOS OLHOS DE QUEM LÊ.
NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

ONDE ESTÁ O FUTURO


Do que falam
Parece conversa de adulto, Terra para todos
mas os artigos de opinião “Hoje nosso Estado passa por muitos
trabalhados no Programa problemas, um dos mais recentes é o
da demarcação das terras indígenas,
Escrevendo o Futuro foram que ainda não foi resolvido.”
feitos por mais de mil Juliana Maria da Silva Ramos, 11 anos
Boa Vista – RR
crianças de 4a e 5a séries,
de todo o Brasil.
Poluído e seco
São mais de 170 milhões “Na cidade de Brasiléia existe um rio
de brasileiros vivendo em regi- chamado Rio Acre. Estou preocupada
porque as águas deste rio estão
ões com características própri- poluídas e, cada dia que passa, ele
as de clima, costumes e ativi- seca mais.”
dades socioeconômicas. Essa Adzinara Sousa do Nascimento, 10 anos
diversidade aparece nos pro- Brasiléia – AC
10 blemas que afligem a popula-
ção. E as crianças, não menos
Transporte para o além...
preocupadas que os adultos, AM
“A situação de transporte alternativo ficou
também avaliam o dia-a-dia do bastante complicada, envolvendo
local onde vivem. polêmicas, indecisões, brigas e mortes.
Nas oficinas, as crianças Sou contra o seu retorno, pois além de
AC
tumultuar o trânsito, apresentou falta de
aprenderam a olhar criticamen- segurança para passageiros e pedestres.”
te, tecer argumentos, sustentar Jenyffer Soares Estival Murça, 10 anos
pontos de vista, dialogar com Goiânia – GO
diferentes idéias, incorporar a
seu discurso a fala de pessoas
da comunidade. Um verdadei- Pela salvação do Diamantino
ro exercício de cidadania. “O rio Diamantino foi ao longo do
tempo devastado pela mineração.
Depois a mineração foi substituída
pela agricultura, mesmo assim o rio

Msuãa cidosade,àquaios basrquaest!ões continua sofrendo, pois as pessoas


jogam lixo no rio, além disso o esgoto
vai para suas águas sem nenhum
E na tratamento.”
a comunidade?
polêmicas que incomodam
Fernando Muniz da Cruz, 10 anos
Diamantino – MT
em sala de
Esses fatos são discutidos
a opinião
aula? Sua turma tem um es? Emprego ou saúde?
formada sobre essas situaçõ as têm “Uma destilaria de álcool é a
as crianç
Vamos descobrir o que su de vista? responsável por centenas de
empregos para a população e,
os
a dizer, quais são seus pont opor essa também, por danos ambientais.
o pr
Caso tenha dúvidas de com recorra às
É triste saber que a maioria da
população defende a continuidade
discussão, planejar o debate, de Vista das queimadas em virtude de que
a mecanização do corte causará
ontos
orientações do fascículo P -2004. o desemprego. Sou contra as

do kit de Criação de Texto mo


queimadas porque o município tem
condições de criar novas fontes
Escreva-nos contando co de trabalho, aproveitando essa
mão-de-obra. De que vale ter
foi sua experiência. emprego se não se tem saúde?”
Jaciara Jannyne Silva Santos, 10 anos
Nova Londrina – PR

AS CRIANÇAS APRENDERAM A OLHAR CRITICAMENTE O LUGAR ONDE VIVEM


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

as crianças do Brasil?
Os batatas de Paraupebas De que água beber?
“Muitos problemas estão sendo “Aqui está ocorrendo uma discussão
causados por eles, inclusive mortes muito importante: se usamos a água
misteriosas. Estou falando dos do Itans ou da adutora. Sou a favor da
‘batatas’, pessoas que compram água do Itans e as pessoas que são
cartões de bancos para roubar contra não pensam que, com um certo
dinheiro de pessoas inocentes.” tempo, a água do Itans ficará tão limpa
Francisco Alex Santos de Andrade, como a da adutora e quando chover,
13 anos ficará mais pura que atualmente.”
Paraupebas – PA Indiara Alves Fernandes, 10 anos
Caicó – RN

Canalizar para ninguém


RR
AP
entrar pelo cano
“A população do povoado Volta do Rio
enfrenta um problema seriíssimo, que 11
é a falta de água. Precisam de uma
nova rede de abastecimento com uma
PA
M canalização adequada, pois a que
MA temos é de péssima qualidade.”
CE
RN
Josiane de Almeida Silva, 11 anos
PI PB
São João – PE
PE
AL
TO SE
RO Uma rodovia pede socorro
BA
MT “A nossa Campos é cortada pela
rodovia conhecida como BR 101.
DF Sabemos que ela está em situação
GO muito grave, pois está cheia de
buracos, sem calçamentos e já
MG
morreram muitas pessoa por causa
MS ES dos acidentes.”
SP Izabela de Souza Alves, 14 anos
RJ Campos de Goytacazes – RJ

PR

Desperdício de dinheiro?
SC
“No ano passado teve uma reforma
que melhorou, mas não resolveu
RS
todos os problemas da escola.
Algumas pessoas não concordam
com a construção de uma nova
escola, pois acham que seria
desperdício de dinheiro.”
Gabriela Aparecida Mendes, 10 anos
Campo Belo – MG

Experiência: posto de saúde


no laboratório da escola Avenida para secar café
“A grande polêmica é o posto de “Um cafeicultor pediu espaço ao
saúde. É essencial termos um posto prefeito [para secar café na avenida].
em nossa comunidade para atender a Dizem que a medida atrapalhou o
grande população. Mas, o caso é que trânsito; que a população não foi
querem abrir o posto de saúde no avisada com antecedência e que essa
laboratório de Ciências, na escola onde atitude abre precedentes para outros
eu estudo. Como nós alunos produtores solicitarem o mesmo
ficaríamos?” benefício.”
Lilia Rodrigues da Silva, 11 anos Angélica Larissa Ferreira, 10 anos
Sapucaia – RS Dois Córregos – SP

NA VOZ DAS CRIANÇAS, PROBLEMAS QUE AFLIGEM A POPULAÇÃO


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

De olho na prática LEIO BEM TODOS


OS TEXTOS E ESCOLHO UM DELES –
AQUELE QUE APRESENTA OS PROBLEMAS
MAIS FREQÜENTES. ESCREVO O TEXTO NA
OS TEXTOS DOS ALUNOS LOUSA E VOU AJUDANDO A TURMA A
ESTÃO CHEIOS DE ERROS DE DESCOBRIR AS IDÉIAS QUE ESTÃO
ORTOGRAFIA E CONCORDÂNCIA. INCOMPLETAS, O QUE PODE SER
ENSINAR O ALUNO
AS IDÉIAS SÃO CONFUSAS E A AMPLIADO. APRENDI QUE NÃO DÁ
A PRODUZIR UM TEXTO DE
PONTUAÇÃO, NEM SE FALE! PARA ARRUMAR TUDO DE
QUALIDADE NÃO É TAREFA FÁCIL,
CORRIJO TUDO. E MESMO COM UMA SÓ VEZ.
PRINCIPALMENTE QUANDO
TODO ESSE TRABALHO A PRODUÇÃO
CHEGA O MOMENTO
FINAL AINDA ESTÁ LONGE DO
DE REVISÁ-LO.
ESPERADO...

E VOCÊ, TAMBÉM
VIVE ESSE DILEMA? ESTÁ EM
BUSCA DE NOVAS RESPOSTAS?
ACEITA UM DESAFIO? ENTÃO LEIA
O TEXTO “CRIANÇA SOFRE”
E RESOLVA O TESTE DE
MÚLTIPLA ESCOLHA.

12

“Criança sofre”
——————————
———— ——————————
——————————

——————————
——

——
———— ——————————
—————————— a ser , po desde————
is ——
nd o nã o é tão co mp
—— ete
——nte—— como——dev —— eri—— —— ——
———— O mu—— —— —— —— ——
um—— ro da——
du—— na——do na—— s ——
uen o eu e alg un s——co leg
—— as —— me us dá
—— ——va——mos——
peq
———— —— —— ——
——
ad e. ——————————
cer âm ica s da—— mi nh
—— a ——cid —— ——————————
———— ——
ao sol—— quent da reg
e —— ião
—— , ca
—— usa——va—— um——
O ba rro ——mo lha
—— do—— , jun
—— to—— —— —— ——
, só—
———— ——
mo s qu e sair ——cedinh——o—— e vo——lta——r ao—— me——io dia
——
e ma r, ma
sta——————
l-e—— s ass im—— me ——sm o——tín ha
—— —— —— ——
——nd
gra —— —— ——————————

ola . —— —— ——————————
——ois
dep —— íam
—— os—— esc
à —————— —— —— ——
as ——as cri ças——
an—— que—— balha
tra—— —— m,—
é um a gra nd e inj ust iça
—— co—— mi go
—— e——co m——tod—— ——
——Is —— so——tud——o —————— —— ——
os——ap—— ren—— com——
der —— facil ida——de,—— que-—
blo——
ma
ço —————— ltr ata a me nte e nã
—— o ——co nse
—— gu——im ——
nsa—— ——.—
po o ca——
is—— —— —— e ap——arecem
——
iam flu ir dia nte da——s co—— qüênc
nse—— —— ias—— qu——
an do—— ass——im —— ita s
mu ————————co isa s qu e po
——der —— —— —— —— ——
pa——ra tra lha—r.
ba——
——
estud ar e esp era r che—— ga——r à —— fase—— ulta——
ad—— ——
nça——
ria—— qu
tem———————— e bri nc ar, —— —— —— —— ——
——de
idades
——C ——
P eti e——ou——tros,——qu—— e dã—— oport——
o —— un—— —
P rog
o ———————— ram a B ols a E
—— sco—— la, —— ——
ste —— ——ci-
H oje——exi—— —— e e pre
ent——
——
fa mí lia s co nti nu am—— end——
viv—— o mi—— serav—— elm—— —
est ud——ar ——sem —— ba lha
tra———————— r. S ó qu e as
—— —— —— —— —— ——
que ——esses—— gra—-
pro——
——
sob rev ive rem , po is ma is——impo ——rta——nte——do ——
da——aju—— do s
da ———————— fil ho s pa ra —— —— —— —— —— ——
crian ça—s,
——do
san ——
m sal ári o jus to——para——os—— pais—— sas——
des—— ——
do go ser
no,————————
ver—— ia um em pre go
—— dig
—— no—— co —— —— —— ——
ma
—— s —— —— ——————————

—— —— ——————————
inc
—— lus——ive——o me—— u.———————— —— ——
ningu——
e, —— ém—— vin——ha à——esc—— ola—— sem—— ca—-
—— S—— e isso——ac ——on—— tecess—— os
is e—— sem—— o res tan—— do ma
te —— ——
ial.——
ter—— Serí
—— am——
der
—— no—— , sem——láp—— ——
não cheia
barri——
de —— ga—— cheia——e —— cabeç—— também
a —— ——,——————
cri
—— an—— ças—— ar de ver -
ho—— s e fa nta—— sia—— ——vo
s e sim —— nta——de——de est——ud—— —— ——
de——son—— ——
s qu apare
e —— -
da de,—— de—— sab——er res—— olv——er tod
—— os—— os——pro——blema —— —— ——
——
o os——de—— M—— mátic——
ate—— a. ——Qua —— o tud
nd—— —— o
ces
—— sem—— ——me
, até —— sm——
nc a ma is dir que:——
ei —— iança
“cr—— —— sof
——
. —
re”——
isso
—— ac
—— on——tec er
—— nu —— —— —— ——
04.
revendo o Futuro em 20
ire tem 16 ano s e ticipou do Programa Esc
par— em Alt o San to – Ceará
Fre ire
Régio Adriano Alves ola Francisco Nonato Fre
É aluno da 5 série na Esc
a

VOCÊ ESTÁ EM BUSCA DE NOVAS RESPOSTAS?


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

O TESTE DO TEXTO
É hora de verificar seus conhecimentos sobre gênero textual.
Assinale a resposta mais adequada. Boa sorte!
1 Num artigo de opinião, o autor... para sobreviverem, pois mais importante do que
a - toma posição sobre uma questão polêmica. esses programas do governo seria um emprego
b - divulga um fato. digno com salário justo para os pais dessas
c - relata experiências do cotidiano. crianças, inclusive o meu”.
d - enumera problemas da comunidade.
5 Para convencer o leitor de seu ponto de vista, o
2 Ao escrever um artigo de opinião, o autor autor deve trazer para o texto a opinião dos
emite seu ponto de vista e... adversários. Em “Criança sofre” há discussão
a - publica-o em jornais e revista, mantendo entre opiniões contrárias?
neutralidade. a - Sim, no trecho “Criança tem que brincar, estudar e
b - desenvolve a capacidade de narrar os fatos. esperar chegar à fase adulta para trabalhar.”
c - procura não influenciar o leitor com suas opiniões. b - Há mas deve ser ampliada através de pesquisas,
d - incorpora a seu discurso a fala de outras pessoas entrevistas, porque no texto foram apenas citadas
que já se pronunciaram a respeito do tema, “Hoje existe o Programa Bolsa Escola, Peti e
valorizando-a ou desqualificando-a. outros, que dão oportunidades de estudar sem
trabalhar”, sem trazer as opiniões dos que são a
3 No texto “Criança sofre”, o objeto de crítica
favor dos programas sociais do governo.
do autor é: c - Há o testemunho, autoridade construída pela
a- a dificuldade de aprendizagem em Matemática. experiência vivida.
b- o clima árido da região. d - Sim, aparece quando o autor denuncia um sério
c- a crise cultural. 13
problema e reforça essa posição com bons
d- o trabalho infantil e os projetos sociais do governo. argumentos.
4 Identifique o trecho do texto “Criança sofre” 6 Que sugestão o professor deve fazer para aju-
que revela a questão polêmica, a denúncia dar o aluno a aprimorar o trecho abaixo?
do problema, o ponto de vista do autor. “(...) pois o cansaço maltrata a mente e não
a - (...) vontade de estudar de verdade, de saber
conseguimos aprender com facilidade, bloque-
resolver todos os problemas que aparecessem, até
mesmo os de Matemática. ando assim muitas coisas que poderiam fluir
b - “O barro molhado, junto ao sol quente da região, diante das conseqüências que aparecem”.
causava um grande mal-estar”. a - use expressões para introduzir a conclusão como:
c - “O mundo não é tão competente como deveria “então”, “assim”, “portanto”.
ser, pois desde pequeno eu e alguns colegas meus b - explique melhor para o leitor o que quis dizer no
dávamos um duro danado nas cerâmicas da minha trecho sublinhado.
cidade”. c - reforce a posição do autor com novos
d - “Só que as famílias continuam vivendo argumentos.
miseravelmente e precisando da ajuda dos filhos d - verifique se a pontuação está correta.
CONFIRA RESULTADOS NA PÁGINA 21

ind ica——da——do——s de pe
——s-
 A—— oduç
pr—— ão—— —— ——

Um dedo de prosa
—— ——
——————————
—— maçõ
or—— es——pa——ra—— ——nta
suste —— r
—————————— qu—— , inf
isa—— —— ——
conv sa——
er—— é se mp be
re———— m- ——
do au ? ————————
tor——
Um——
—— a bo—— a—— —— —— ——
a——posiç——ão—— —— ——
la——fre——nte——a —— lis-
cia——
pe——
vinda quan —— do—— se——tem——pe ——
 az——
Tr—— ntos——
po—— de—— vis—— ——es
ta de ——
—— ———— ——
ap—— orar
rim—— ——um ——tex——to.———— sunto polêm——ico
que——
, —— ta-
for——
batal
—— ——ha——de—— tas
—— no
—— as—— ———— ——
retom
nte —— ar—— m o————
co—— alu no——as ——
me nta—— o? ——————
çã——
É im
—— ——po——rta—— —— lec
——em—— argu
a —— —— ——
cid——as—— no—— fas—— ulo
cíc—— ——
ntific a bo
se ——
a-—— a
——re
s ofe  to,——ide——
õe—— tex ——
orien taç ——o
o ler
—— —— A—— —— —— ——
—— —— de ——
de——Vista com——
, —— finali
a —— de
da———— do——
o—— s ar—— mento
gu—— ——s,
n-
co——
—— ——s——
Ponto —— —— ulaçã
tic——
ar—— ——
——
eber
rc—— as cto——
pe—— s do—— to
tex—— ——
leitor po
seu——————
de —— nto de
levá-
—— —— lo——a pe
—— —— ——
—— ncen
ve—— —— do
—— o—— ————
que——po—— dem se——r me lho
—— dos.——————
ra—— ta?——————————————————
—— —— ——
ra—— —— vis
—— a?
——ica
polêm está—— cla—— está——pr——eserv ad——
——A —— qu—— tão——
es—— ———— ——A—— toria
au—— ——do—— tex
——to —— ——

to? ——————
——no——tex—— ——————————
n- E você, tem um trabalho
cuss ão——, co—— argu
m —— me——
 Há
—— ——um ——a—— dis—— —— ——
a
interessante de aprimoramento de
cons—— entes
ist—— em——
, —— no ——
tor—— dess—— texto dos alunos? Gostaria de
——tos
———— ——
compartilhar a sua experiência?
——qu
—— es—— ? ——————————————
tão—— Escreva-nos contando.
gume nto ——or
s fav eis
áv——
O
—— —— tex
—— traz——
to—— ar—— —— —— ——
?
ntrár ios—— ques
à —— tão ab—— dada
or—— ——
——e—— co—— —— —— ——

ACEITA UM DESAFIO?
NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

ENTREVISTA
Na sede do Cenpec, a coordenadora pedagógica do Programa
Escrevendo o Futuro, Sonia Madi, falou dos caminhos abertos
pelo projeto e de como propõe ao professor uma nova forma de
trabalho para a construção de textos. Afinal, chama atenção:

“Escrita não é um dom”


Escrevendo o Futuro é um concurso de textos? para construir e estruturar o texto. E as orientações
para as oficinas de escrita se propõem a isso.
Não, ele vai muito além de um concurso de
textos. É um programa de formação. Nossa inten- Na prática, como se propõe a produção de texto
ção é propor aos professores mudanças nas práti- nas oficinas?
cas de ensino de Língua Portuguesa. Para isso, as
escolas de todos os estados brasileiros se inscre- As atividades são direcionadas para que o tex-
vem e os professores recebem o Kit Itaú de Cria- to cumpra a função para a qual foi escrito. Por
14 ção de Textos (três fascículos: Pontos de vista, Poe- exemplo, no caso da escrita de um artigo de opi-
tas da escola e Se bem me lembro...). Esse materi- nião: não basta o aluno listar os problemas de
al propõe oficinas que orientam os alunos na pro- sua cidade, reclamar da região, ele precisa expor
dução escrita. Após esse trabalho, na escola uma o seu ponto de vista, usar argumentos convin-
comissão julgadora escolhe o melhor texto, que é centes, recolher outras opiniões. Para isso é pre-
enviado à Undime (União dos Dirigentes Munici- ciso incentivar o debate, que ainda não é uma
pais de Ensino), responsável por selecionar os me- atividade freqüente em sala de aula. Insistimos
lhores do Estado. Esses textos são encaminhados muito nas oficinas para que se levem questões
ao Cenpec, que realiza as oficinas regionais, nas para discutir com as crianças na tentativa de aju-
quais são selecionados os finalistas. dá-las a identificar as polêmicas que afetam sua
comunidade. Outro aspecto fundamental é a des-
De que forma o programa contribui para que os tinação do texto. Já que eu escrevo para alguém
alunos escrevam melhor? ler, então o texto não pode ter como destino a
gaveta, a pasta do professor. A produção precisa
Na perspectiva que adotamos, a questão cen-
ser publicada no jornal da escola, no mural, no
tral é oferecer uma boa situação de produção, ou


jornal da cidade.
seja, escrever com uma intenção, para alguém ler,
escolhendo o gênero de texto mais adequado para
este objetivo. Escolhido o gênero, ele precisa ser
ensinado. Isso implica também reconhecer as mar- “Nossa intenção é propor aos
cas e poder utilizá-las ao escrever. Assim, são ela- professores mudanças nas práticas de


boradas seqüências didáticas para ensinar a ler e
escrever gêneros de textos que circulam na socie- ensino de Língua Portuguesa.”
dade, por exemplo, notícias e artigos de jornais,
reportagens e propagandas de revistas, porque isso
é que vai dar à criança a condição de ser cidadã. É necessário muito trabalho para se escrever um
texto?
Essa é uma novidade no ensino da língua escrita? Há um longo caminho para se escrever um bom
Essas idéias estão presentes nos currículos des- texto. Em uma das atividades iniciais, os alunos fa-
de a década de 80 e um dos precursores foi o pro- zem uma primeira produção para o professor des-
fessor Wanderley Geraldi, da Unicamp, propondo cobrir o que o aluno já sabe e planejar quais aspec-
essa concepção de ensino de Língua Portuguesa na tos da escrita deve trabalhar mais. É interessante
programação da Prefeitura de São Paulo. Posterior- notar o quanto a criança evoluiu do texto prelimi-
mente, chegaram as idéias de pesquisadores da Es- nar, da primeira exposição de idéias até o texto
cola de Genebra. Mais de 20 anos se passaram e final. Idéias inicialmente soltas, desarticuladas vão
ainda encontramos educadores que partem do prin- ganhando clareza, consistência. Quando nos man-
cípio de que se a criança estiver alfabetizada e dam os textos dos semifinalistas, a versão inicial é
conhecer algumas regras gramaticais, terá condi- anexada, portanto podemos comparar e perceber
ções de ler e produzir qualquer texto. Mas a es- o avanço da escrita dos alunos. Isso se deve ao
crita não é um dom, é algo que se ensina e se processo de ensino, à intervenção constante do
aprende. Assim, é preciso dominar ferramentas professor durante a realização das oficinas.

ESCREVER COM UMA INTENÇÃO, PARA UM LEITOR REAL


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE
E como fica o ensino de gramática nessa
proposta?
A gramática que se ensina está articulada ao
gênero que se escreve. Portanto, tenho que saber
quais são os conceitos gramaticais que eu preciso
para escrever um texto de opinião, por exemplo.
Tudo tem que se ensinar: como é que se toma
posição em um texto? Que expressões usar para
mostrar opiniões contrárias? E para desqualificá-
las? Se o aluno aprende conceitos gramaticais des-
colados do contexto, ele até reconhece que a ora-
ção é coordenada adversativa mas não sabe quan-
do utilizá-la, que palavras são mais adequadas para
dar coesão e garantir o sentido do texto.


“A escrita é algo que

se ensina e se aprende.”

Quando se fala no processo de produção de


Nem sempre foi assim...
15
texto, surgem logo as preocupações com a “Estudei até o 4o ano em diferentes ci-
reescrita. Como é a orientação desse trabalho no dades, pois meu pai era maquinista de
trem e vivia mudando de cidade. Na-
material?
quela época ele achava que mulher não
Em geral, os professores orientam a reescrita devia estudar, pois podia aprender a
dizendo “o texto precisa ser reescrito porque está escrever cartas para o namorado.
confuso”, ou então “o texto não tem começo, meio Não me lembro de ter aprendido a fa-
e fim”. zer carta na escola. Para escrevermos,
minha professora usava sempre um
Para orientar o trabalho, o professor precisa grande cartaz que ficava pendurado
recuperar o objetivo da escrita. Uma boa conver- num canto da sala e quando queria que
sa com o aluno é fundamental: por que o texto nós escrevêssemos, escolhia uma das
está confuso? Há idéias incompletas, como orga- figuras com fazendas, animais, crian-
nizá-las? Os pronomes (ele, ela) se referem a quem? ças e escrevia na lousa: Composição
Com base nas respostas, o aluno vai reescrevendo à vista de uma gravura.
o texto junto com o professor e isso contribui para A professora pedia que os alunos des-
que ele perceba que nem tudo que pensou está crevessem tudo o que viam e depois,
presente no texto. outro dia, inventassem uma história
como se estivessem naquele lugar,
Tudo isso exige esforço e cai por terra a im- como se vivessem naquela cena.”
pressão de que os textos “nascem apenas da ins- Josina Amaral Rizotti, 87 anos – SP
piração”. Afinal, por trás de um bom texto existe
muito trabalho: é preciso “suar a camisa”!

Aprendendo com “a babá lava o bebê”


Caminho Suave foi a cartilha de alfabetização
mais usada no Brasil por pelo menos três dé-
cadas. O método em que cada letra ou sílaba
é associada a um desenho, com frases nem
sempre conectadas à realidade, está ultrapas-
sado. Mas fez história. Mesmo fora do catálo-
go do Ministério da Educação desde 1995, até
recentemente chegou a vender 10 mil exem-
plares por ano. A diferença é que a maioria dos
atuais compradores são adultos, apegados ao
livro em que se alfabetizaram aprendendo que
o “A babá lava o bebê”.

POR TRÁS DE UM BOM TEXTO EXISTE MUITO TRABALHO: É PRECISO “SUAR A CAMISA”!
NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

TIRANDO DE LETRA

O que se ensina e o que se aprende


Professora do Rio de Janeiro pôs a mão na massa e conta, passo a passo, como
ensinou seus alunos a escrever um artigo de opinião.

A o conhecer o Programa Escrevendo o Futuro, fiquei


imediatamente motivada a levá-lo para a escola onde atuo Plaane
Pl ballho
traaba
nej ar o tr
enta-
como professora de sala de leitura. O tema “O lugar onde  Ler atentamente as ori
de
vivo” possibilitou aos alunos a reflexão e questionamento ções do fascículo Po s nto
de sua realidade, enquanto moradores de uma comuni- Vis ta - Tex to de opi niã o
dade carente e violenta. Era a oportunidade de conhecer
bem mais que o lugar: redescobrimos pessoas, interesses,
desejos... Foi uma forma de crescermos juntos – professor e alunos
– discutindo questões pertinentes à vida na favela:
o bom, o ruim, o estigma, o preconceito.
Iniciei o projeto com atividades de sensibiliza- ião
azeerr o aarr tigo ddee opi nnião
16 Traz
ção a partir de imagens, músicas, poemas, frases, aulaa
parra a ssaala ddee aul
pa
palavras. Os alunos fizeram as primeiras lei- as que stões polê-
 Ide ntif ica r
turas do lugar. Era necessário que eles se iden- co-
micas que incomodam a
tificassem com o local, se percebessem como
mu nid ade
membros da comunidade. ão de
 Propor a primeira produç
Propus a primeira produção escrita. Nela tex to para diagnóstico
os alunos enumeravam, descreviam os problemas, sinalizavam vá- produ-
 Criar uma situação de
-
rios aspectos negativos da favela, mas sem a preocupação de deli- ção imaginária, na qual o alu
icu lista
near as questões polêmicas. Por isso, planejei a discussão dos temas no ocu pe o lugar do art
mais relevantes: violência, tráfico, discriminação, desemprego, fome.
As situações eram debatidas, as opiniões fundamentadas e fortaleci-
das. Porquês, os prós apareciam nos debates e, aos poucos, eram Conhec er ma is
incorporados aos textos produzidos pelos alunos durante as oficinas. ião
o aarr tigo ddee opi nnião
Para alicerçar a argumentação, li textos de diferentes  Ana lisa r art igo s de opinião
ecer
gêneros e autores. Não foi difícil apresentar Chico Buar-  Levar os alunos a reconh
que às crianças. Conheciam de perto a mutuca, o me nto s do gênero artigo
os ele
papel, a contramão, o sinal fechado... (palavras de opinião
ler ar-
presentes na letra da música Pivete). A leitura  Inc ent iva r os alu nos a
das imagens do livro Cenas de rua, de Ângela tigo s de opi niã o
Lago, reforçou a idéia de que “nem todo menor de rua é um pive-
te”. À medida que avançavam as discussões, a defesa da comunida-
de ficava mais evidente nas produções dos alunos. tão polêmiicc a
uisaar a quesstão
Pesq uis
opi -
Buscamos mais informações entrevistando Dona  Fazer um a pes qui sa de
ore s da
Jaci, presidente da associação de moradores do Jar- nião junto aos morad
re a que stã o
dim Carioca – Complexo do Dendê. Com isso, os comunidade sob
alunos descobriram que existem pessoas lutando polêmica esc olh ida
rita as
para fazer da favela um lugar melhor para viver.  Incluir na produção esc
opiniões colhidas na pes quisa
Vencida boa parte das oficinas, chegou a hora da produção do s par a
texto final. O tema escolhido – “No morro não mora só bandido” –  Bu sca r info rm aç õe
sus tentar a opiniã o
evidencia o preconceito que tanto angustia os moradores de comu-
nidades carentes.
Produzido o texto, iniciamos o pro- parar a pr
Preepa
Pr prod çãoo final
oduuçã
cesso de revisão e aprimoramento. Reto-  En sai ar a pro duç ão de um
mei as orientações do fascículo Pontos de art igo de opi niã o
Vista, revisitando inclusive algumas ofi-
 Aprimorar o tex to
cinas. Acompanhei o grupo bem de per- escrita
 Orientar a produção da
to. Conversei com cada aluno: juntos relemos os textos, refizemos
final
algumas argumentações. Tirei dúvidas, fiz intervenções e correções.

ERA NECESSÁRIO QUE ELES SE IDENTIFICASSEM COM O LOCAL, SE PERCEBESSEM COMO MEMBRO DA COMUNIDADE.
NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE
Etapa final. Os membros da escola escolheram o melhor texto
da turma.
Por certo, o trabalho não terminava ali, estava apenas começan-
do. Outros professores da escola também pretendem trabalhar com
as oficinas do Kit Itaú Criação de Texto – Pontos de Vista. De tudo,
fica a crença de que escrever com qualidade é uma habilidade que TODOS APRENDERAM
se ensina e se aprende. MUITO. O ESFORÇO VALEU
A PENA. E A ALUNA GISELLE
Professora Myrian Rodrigues da Silva Munhoz participou do Programa SANTOS DE PAULA FOI A
VENCEDORA DO PRÊMIO
Escrevendo o Futuro em 2004. Leciona na Escola Alice Tibiriçá ESCREVENDO FUTURO -
(04.20.013), na cidade do Rio de Janeiro. 2004.

Texto vencedor do Prêmio Escrevendo o Futuro em 2004


No morro não tem só bandido
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Subindo a ladeira, ouvi uma frase de um grupo de jovens que desconhece o meu
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lugar, dizendo que “no morro só mora bandido”. Isso não é verdade. Acredito. Isso é
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preconceito. ———— ——————————
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No lugar onde vivo, quase todo o dia, tem tiros que podem ser confundidos com barulhos de fogos.
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mas
17
O céu, à noite, fica iluminado pelas balas e traçantes que cruzam o morro. Parece uma festa junina,
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o tiros,
não é. Se fosse festa se chamaria “Festa da Desesperança”; são bandido
———— ————————————————— s e policiais trocand
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esquecendo da comunidade assustada, que não tem nada a ver com essa guerra que tira vidas de pessoas
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inocentes. —————————————————
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Moro na Messina, no Jardim Carioca. Na verdade não parece um jardim. O lugar é triste,
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doloroso e medonho; é como um beco sem saída e sem esperança. A comunidade só mora aqui porque
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não tem dinheiro para morar num lugar melhor.
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Ser pobre não significa ser bandido não. As pessoas não têm culpa de serem pobres. A maioria
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tem bom caráter, sensibilidade; elas só querem ser alguém na vida e ter paz.
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Sinto que todas as pessoas vivem tristes por causa da violência que mata e destrói famílias, que
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não têm nada a ver com o tráfico de drogas. Eu percebo o medo nos rostos das pessoas quando
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tiros, quando acordam ou vão dormir e torço para que só escutem o barulho de pássaros cantando,
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pois quero ver a felicidade, harmonia e o amor no meu lugar.
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Favela não só tem bandido, não. Nem todo mundo conhece o lugar onde vivo. No morrodartemo
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pessoas trabalhadoras saindo cedo de casa para trabalhar; para buscar o pão de cada dia
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e
———————————————————————————————— e
que comer aos filhos, que ficam com a esperança no coração, esperando o pai voltar com vida
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s tra-
alimentos. Têm crianças que querem brincar, estudar, querem
————————————————— um futuro melhor, pois alguma
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balham cedo demais porque têm pais desempregados. Elas trabalham catando papelão, varrendo
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ruas, vendendo rosas nos bares, nos restaurantes e sinais, pois não querem ser marginais. roubar e,
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Na minha opinião, tem gente passando muita necessidade e a fome é tanta, que elas vão isso, o
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sem pensar no que estão fazendo se envolvem na bandidagem e no tráfico de drogas. Com
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lugar onde moro vai aparecendo na televisão e nos jornais.
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A televisão não mostra o lado bom do morro: as brincadeiras das crianças, a amizade da comu-
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nidade, as pessoas que são boas e querem fazer a favela ficar bonita e um lugar bom de se viver.to,
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Entendo que o aumento da violência acontece por causa do desemprego e da fome. Portan
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os governos e as prefeituras devem se preocupar mais com os pobres. Nós não somos bichos
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nem bandidos. Somos trabalhadores e cidadãos que precisam de emprego, um bom lugar
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para se viver com dignidade, mais escolas, hospitais.
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Quando isso acontecer, aí sim, eu vou morar num verdadeiro Jardim Carioca e vou deixar
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de ouvir a frase que tanto me deixa chateada...
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cidade do Rio de Janeiro
Giselle Santos de Paula, 11 anos, aluna da 4 série da Escola Alice Tibiriçá,
a

UM BOM LUGAR PARA SE VIVER COM DIGNIDADE, MAIS ESCOLAS E HOSPITAIS.


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

HISTÓRIA DE ALMANAQUE Decifre o código


Identifique o símbolo correspon-
dente a cada letra e descubra
as palavras que estão faltando.

Contra sua vontade


———————————————————————— (Black e Rita) Quem são e como vivem os chimpanzés
A  das fêmeas
———————————————————————— dura cerca de 8 meses e meio e os
No Parque Zoológico “Quinzinho de Barros”
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gêmeos são raros.
de Sorocaba, viviam dois chimpanzés, Black e Rita, Assim como os bebês humanos, os
———————————————————————— chimpanzés bebês precisam de
que ficavam presos numa jaula fria e malcheirosa. Os chimpan-
——————————————————————————————— contato físico e 
 para
zés eram revoltados, estressados e se irritavam com o público, se desenvolver com saúde.
———————————————————————————————
que muitas vezes achava graça em atormentá-los. Chimpanzés dependem das
———————————————————————————————  até os 7 anos de idade.
Começou a reforma do zoológico, que estava abandonado, e
——————————————————————————————— Limpar o pêlo de outros chimpanzés
os chimpanzés foram transferidos para o Santuário Ecológico é um dos mais importantes
———————————————————————————————
comportamentos sociais nas
Conservacionista “Velho Jatobá” - GAP (Projeto dos Gran-
———————————————————————————————  
.
des Animais). Eles ficaram lá por três meses e se relacionaram Ajuda a promover a amizade.
———————————————————————————————
muito bem com os outros primatas, principalmente Rita, que esta- Chimpanzés são capazes de
——————————————————————————————— demonstrar alegria,
va interagindo com as fêmeas.
——————————————————————————————— 
, medo,
18 A confusão começou quando o Dr. Pedro Ynteriam, desespero, amor e empatia.
———————————————————————————————
Chimpanzés constroem
bioquímico, microbiologista, autoridade reconhecida interna-
———————————————————————————————  .
cionalmente no que se refere a primatologia e coordenador do
——————————————————————————————— Se precisar de ajuda, recorra à
projeto GAP no Brasil, descobriu que Black e Rita não legenda:
———————————————————————————————
 ☺ 
queriam voltar mais para o zoológico.
——————————————————————————————— A B C D E F G H I J K L M N
O caso foi parar na Câmara Municipal de Sorocaba e uma
——————————————————————————————— 
vereadora enviou um requerimento ao senhor prefeito, solicitando O P Q R S T U V W X Y Z Ã Ç
———————————————————————————————
atender ao pedido dos chimpanzés de ficarem no santuário, situado
———————————————————————————————
CONFIRA SEUS ACERTOS NA PÁGINA 21

também em nossa cidade. A resposta veio com ironia: “Só em


———————————————————————————————
Sorocaba os chimpanzés pensam e escolhem onde desejam ficar...”
——————————————————————————————— De onde vem a expressão
O senhor prefeito deveria se informar melhor antes de falar,
———————————————————————————————
“Macaco velho não põe
pois o chimpanzé conhece, sente, odeia, se afeiçoa, sofre igual a a mão em cumbuca”?
———————————————————————————————
um humano, a única diferença é que ele não fala.
———————————————————————————————
Mesmo o responsável pelo setor de tratamento dos animais
———————————————————————————————
do zôo declarou que os chimpanzés estarão em melhores condições
———————————————————————————————
no novo recinto: “Vamos resgatar uma dívida com eles e lhes
———————————————————————————————
oferecer condições mais dignas”.
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Os primatas voltaram para o zoológico que foi reinau-
———————————————————————————————
gurado, ficou uma beleza com jaulas com vidros e até tem um
——————————————————————————————— O fruto da sapucaia, uma
cupinzeiro artificial que é o segundo do mundo, no recinto dos
——————————————————————————————— árvore muito popular no Brasil,
chimpanzés, que estão bem, mas sozinhos, tristes, vistos como tem forma de cumbuca. Ela
——————————————————————————————— guarda castanhas muito
bichos em extinção, presos. Na minha opinião resgatar seria
——————————————————————————————— apreciadas por macacos.
Quando madura, rompe-se
livrá-los da prisão, para que tivessem uma vida digna com
——————————————————————————————— uma pequena abertura na parte
respeito e junto com outros primatas. Eu penso que, se a po-
———————————————————————————————
inferior do fruto, liberando as
castanhas. Os macacos mais
pulação fosse melhor informada e pudesse dar sua opinião, os
——————————————————————————————— jovens e afoitos enfiam a mão
chimpanzés voltariam para o santuário. por essa abertura para colher
——————————————————————————————— as castanhas. Com a mão
Essa reforma feita no zoológico deveria servir para reformar
——————————————————————————————— cheia não conseguem tirá-la,
os conceitos mesquinhos e egoístas de muitas pessoas. ficando presos e tendo que
——————————————————————————————— escolher entre escapar da
cumbuca ou ficar com as
Fabiana Aparecida Teixeira Alexandre tem 11 anos e participou castanhas. É por isso que
do Programa Escrevendo o Futuro em 2004. É aluna da 4a série macaco experiente não cai na
na Escola Municipal Sorocaba Leste, em Sorocaba - SP história da cumbuca.

CHIMPANZÉS SÃO CAPAZES DE DEMONSTRAR ALEGRIA


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

Coisas de Almanaque

Barão dos didáticos Leituras de


O pai do livro didático brasileiro foi o médico baiano professores
Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas (1825/ A primeira publicação ofici-
1891), professor de Castro Alves e Ruy Barbosa. Es- al para professores, “A Es-
creveu coleções de livros didáticos e distribuiu mais chola Pública” (1890/1897),
de 400 mil cartilhas pelo país. Para ele, “o bom com- trazia informações a respei-
pêndio” era tudo, e os “discípulos” podiam se exerci- to das novas concepções
tar sozinhos. Na contramão do seu tempo, defendia o pedagógicas introduzidas
fim dos castigos físicos aos alunos. na Escola Normal.

1761: em Stein,
nas cercanias 19
de Nuremberg,
na Alemanha, o
marceneiro Kaspar
Faber fabrica seu
primeiro “lápis
de chumbo”.

LÁPIS
Vem do latim lapis, pedra. Há notícias de seu uso desde
ovo Systema
de o século 16, na Itália. Os lápis nessa época eram feitos
Caderno do “N (1 89 4) . de um mineral chamado plombagina, proveniente da
Calligra ph ia”
Inglaterra. Quando a França entrou em conflito com os
ingleses, a matéria-prima tornou-se rara. Comprovando
que a necessidade é o grande combustível das
Tudo importado menos o escritor invenções, o químico Nicolas-Jacques Conté conse-
guiu fabricar lápis usando uma mistura de grafite,
No fim do século XIX, a expansão da escola repu-
pólvora e terra argilosa.
blicana (sobretudo do primário) propiciou o de-
senvolvimento do mercado editorial brasileiro e Objeto mais utilizado do mundo
a profissionalização do escritor didático. Mas a O lápis é o objeto mais utilizado em qualquer canto
maioria dos objetos escolares (lápis, penas me- do globo. O Brasil é o maior produtor: mais de um
tálicas, tintas, cadernos, contador numéri- bilhão de unidades são fabricadas anualmente. Os
co, jogos pedagógicos) era importada maiores consumidores são os norte-ameri-
da Europa e EUA. canos: 2 bilhões e meio de lápis por ano.

Suppa
RIO É O RIO NÃO REDAÇÃO:
INTERDITADO ESTÁ PRÁ “MEU ANIMAL
PARA PEIXE! DE
BANHISTAS ESTIMAÇÃO”

Humor
De Joelhos
Época de exames na escola. A mãe de Juquinha encontra o filho ajoelhado “O português é uma língua muito difícil.
ao lado da cama de mãozinha posta e tudo: Tanto que calça é uma coisa que se bota,
– O que você está fazendo, filho?
e bota é uma coisa que se calça.”
E o menino responde:
– Rezando pro rio Amazonas ir para a Bahia. Barão de Itararé
– Mas, por que, filho?
– Porque foi isso que eu escrevi na prova.

O PRIMEIRO ALMANAQUE SURGIU EM 1455, NA EUROPA


NA PONTA DO LÁPIS – ALMANAQUE

O que vem por aí


União virtual também faz a força Prêmio Itaú-Unicef
O Escrevendo o Futuro ganha comunidade na Uma iniciativa da Fundação Itaú Social e
internet para o encontro dos professores que do Unicef, sob coordenação do Cenpec,
fazem parte do programa. Em tempo real edu- destina-se a ONGs com ações sócio-edu-
cadores poderão conversar, trocar experiên- cativas. Em 2005 o tema é Educação e par-
cias e planejar ações sobre o ensino de Lín- ticipação: tecendo redes. O Prêmio desta-
gua Portuguesa. Em maio começam os tes- cará projetos que articulem atores sociais com os direitos
tes da comunidade, que estará aberta aos das crianças, adolescentes e famílias. Sites do Cenpec,
participantes do Escrevendo o Futuro a partir de agosto. do Unicef e da Fundação Itaú Social trazem o regulamen-
to e informações sobre a inscrição.
Direto na fonte
O Programa Melhoria da Educação no Terra Paulista – Jovens chega a mil
Município, desenvolvido pela Fundação Itaú escolas públicas do Estado
Social desde 1999, tem como objetivo con-
tribuir com o planejamento e gestão de Baseado na coleção Terra
políticas públicas municipais para crianças Paulista: Histórias, arte, cos-
e adolescentes. Propõe aos gestores um processo de for- tumes, idealizada por Maria
mação adequado à realidade local. Em maio foi lançado Alice Setúbal e desenvolvido por uma equipe de profissi-
no Fórum Nacional da Undime, em Brasília, a publicação onais, foi lançado pelo Cenpec, em abril/05, o material
Os municípios em busca da melhoria na educação, com paradidático Terra Paulista – Jovens. Desenvolvido pelas
estudos feitos em Alagoa Grande e Pocinhos (PB); Itabe- professoras Marta Grosbaum e Lídia Carvalho, consta de
raí (GO); Poço Redondo (SE); Acari (RN); Sobradinho e uma série de dez livros, um almanaque, três jogos de ta-
20 Uauá (BA). buleiro e uma série de vídeo-documentários.

Correspondência à vista
Professores de Pernambuco e Minas Gerais que participaram do Prêmio Escrevendo o Futuro em 2004 receberão cartas
com a análise dos textos de seus alunos inscritos no prêmio. Este trabalho será coordenado pelas professoras-douto-
ras Elizabeth Marcuschi – coordenadora do Núcleo de Avaliação e Pesquisa Educacional da Universidade Federal de
Pernambuco – e Maria da Graça da Costa Val – vice-diretora do CEALE da Universidade Federal de Minas Gerais.

Voluntários da Fundação Itaú Social superam metas


Desde outubro de 2004, profissionais de agências do Banco Itaú têm se correspondido com crianças semifinalistas do
Prêmio Escrevendo o Futuro em diferentes regiões do país. Troca de idéias, fotos, dicas e informações cercadas de
afetividade são o que mais aparecem nas cartas. Para a maioria dos estudantes, é oportunidade rara de ampliar horizontes.
Se o compromisso era apenas estimular a escrita e a leitura dos semifinalistas, os voluntários superaram a meta.

De Alice para Saymon, de Saymon para Alice*

Oi, Saymon!
Oi, Alice para as
a de m or ou a ch eg ar e eu estava estudandoulpe-me. Estudo logosofia às
terças-feiras e
A cart a consegui responder,
desc sábados e também
faço academia.
provas finais só agora crise danada de bronquite. Está Sabe, você disse ter
minha irmã Teresa
bronquite e a
Sabe, estou com um ra melhorar, não sei se você sabe, também tem. Vejo
o sofrimento dela na
dando o que fazer paé! Ai como é ruim. imaginar o seu. Espe
s crises e posso
ro que esteja
mas bronquite tosse aton – Bandeira do Sul – MG melhor e que o rem
édio dê o
m
Um abraço de Say 25/11/04 resultado esperado.
Alice Saka – São Pa
ulo – SP
05/12/04

Oi, Saymon!
Estou te enviando algumas fotos minhas, espero
que goste.
Tudo bem Alice? o curso que você estuda Logoso- Esta é a definição de Logosofia no dicionário:
Fiquei curioso sobre ciência moderna que se propõe a estudar o
fia o que é isso? talmente da bronquite. Às vezes homem pelo próprio homem, isto é, induzi-lo a
examinar e conhecer o seu íntimo, seus
Ainda não sarei to a; minha mãe vai levar no médico sentimentos, seus desejos e suas necessidades.
fico bem, às vezes pior tentativa, vamos ver o que dá. Gostaria de saber como você está, se a sua
da homeopatia como ria de ter uma foto sua para bronquite resolveu te dar uma trégua e foi
Alice, se puder, gostainha família. embora de vez!
Conte-me como foram as suas férias.
colocar junto com m on 14/12/04 Um beijinho 17/12/04
Um abraço de Saym *Alice Saka é funcionária do Banco Itaú, em São Paulo, e voluntária da
Fundação Itaú Social; Saymon Melo Borges é estudante da 4a série em Bandeira do Sul – MG.

CARTAS RECHEADAS DE AFETIVIDADE

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