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ISBN978-85-225-0590-6

Copyrig|u¢OliviflJarinGomesdaCunhaeFliviodo¡SantcsGomes
Diniws dun ediçño menudos i
¡TOM PGV
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Pedição -2007
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llmskoz Mmm Pinwdz Furia
C/um: ¡Galo + ¡asociados dedgn-wumudes¡3n.oom.br

Ficha utalogråñca elaborada pela Biblioteca


Mario Henrique Simonsen/FGV

Quue-cidadlo: biswrhneancnpologiuda på:-amnctpoçåo


uolìmü/O1'¡nn¡zoåo¢es:OIlvhi¡uhGo|nesdlCnnhuc
flúviodosSanmsGon¢s- R¡od¢Jnnaim:Editnnl'G\{
2007.
452;.
:mm umlwpm.
1. Escravuo-Euundpoçio. 2. Brasil-I~linóda-Aboib
çia. 1888. 3. Brasil - R1.-Iaçñcs radais. I. Cunha. Olivia Maria
Gomes da. ll. Gomes. Flàvio dos Santos. lll. Fundado Gctulio
Verga.

CDD - 326.0981
Inrroduçóo
Que cidodôo? Ileióricos do iguoldode, colidiono do
dtiaranço
Flóvio dos Santos Gomes e
Olívio Morio Gomes do Cunho

0 modo frio com o qual foi acolhida aqueia data demonstra evidentemente
a falta de patriotismo que existe entre nós (...)! Os dias 12 e 13 de maio do
corrente ano em nada diíeriram dos cornuns, scnio pelo melo especial que
tevenossapoIiciaemmandarespancarepúsaraspatasdosan¡mais,os
transeunterquesairamdosseuslaresmorqueaprudendaassirnoamnse-
ihava... diaendo que não bouve festa: (...). Algumas iluminaçoes. música
na rue, no largo da líberdade e também brincadeira particular. traduriram
o sentirnento de um pow (...).

Essas consideraçöes são de João China, editor do sernanário A Pdtria -


um jornal dedicado aos “homens de cor" que circulou na capital paulistana entre
1889 e 1890.' Um ano após a Abolição, o então candidato à Assembleia Constituin-
te pelo Partido Republicano se mostrava temeroso com o descaso das autoridades.
0 reconhecimento de que algo mudara a vida dos homens e mulheres “de
cor" no país motivara a festa e a oelebração. Mas a tentativa de banir os populars das
mas da capital paulistana parecia condenar os festejos da libertaçâo dos escravos ao
silencio. China debitava tais aoontecimenmos ao “preoonceino de cor”, herança da es-
cravidåo que a República Itaveria de extinguir. Mas também advertia que a ausencia
denodduacercadesaesfatosnosjomaütuiasidomtñwmaisdanosaeaue1.Fom
capazderetiraros“transeuntesquesairamdosseuslates”da h|srúria.Osilendoaoer-
cadascomemoraçôado l3deMaiode l889paredaprojetarnofuturoumperigoso
esquecimento. As palavra: de João China estao envoltas num emaranhado de sentidos

'cum ¡sam
8 ousst-cioaoio

emmmodafesuedosilèndoqueoolocamemdiiiogompresentaçòessobreame-
mdriaeaesuindabistúriatliaisdeumsembapdsaexdnciofonnaldonabalho
esuammBmsü.aindignaçñodeJo¡oCliinanmesdmulaamfledrwbresemsigni-
licadosmooddianoda'pop\daç¡odeu›r'aoñmdoséuúoXD(enaspdmeirasdéu-
das do seculo XX.
Ao sugerir descontlnuidades entre a produçio e a inscrido do evento e a
eomuuçãodamemórimmaspreocupaçôesnosimúgamapensarsobrealgurudos
desafioa que devem ser enfrentados por todos aqueles que adentram no completo
territorio das questòes relacionadas oom o estudo das experiencias sociais que per-
meiarn a pos-emancipaçåo no Brasil. Embora nlo esteja propriamente ausente das
preocupaçñes de historiadores e dentistas sociais, diversas oonjunturas historicas e
polldoasoolodnmalembmnçadaqualJo¡oCbinaser¬mendaderazòesoutras,
nas quais o esquecimento por vezes transformou-se em estrategia atraves da qual
era possivel imaginar outros territorios de liberdade localizados muito alem do
evento. 'Ierritórios nos quais silencios. esquecirnentos e protestos constituiram estra-
tegias possiveise não-excludenres, utilizadas porex-escravos e “pessoas deeor” para
setornaremcidadåosdailepúbiicaeda naçio.Oreoonhecimentodaexistenciade
múltiples estrategias politicas. discursivas e simbólicas com as quais as narrativas
lristoriograñcas e populares descreveram e aludiram ao 13 de Maio nos permite es-
boçar algunas questôes que norteiam a proposta deste iivro.¡
Uma pergunta, de inicio. se faz neoessaria. Como esquadrinhar o impacto
simbólico do evento 'libertador' sem reduzir os significados oonferidos as experien-
ciasdeiiberdadequeoñzeramsocialeculturalmenterelevante? Diantedessedesa-
fio, nossas preocupaçôes se projetam para além da simples (ainda que neoessária)
problematizaçâo do evento e seus significados. ricos. densos e profundamente enrai-
zadosnaculturaenoimagintriodanação. imaginamosimprescindivelinventarum
jogo aparentemente oontraditório que nos perrnitisse nos desvencilhar do evento.
direcionando nossas atençñes tanto para o cotidiano de marginalização quanto para
as estrategias de sobrevivencia enfrentadas pela “populaçåo de col” nos anos que se

¡Comalgumuemeo6es.todmmtextmqtneomp6unamävmforamapresenmdmemse-
minario homdnimo. organizado pelo laboratorio de Antropologia e Historia da UFRJ em 22
demaioel0desetanbrode2(IJG.AiémdaparüdpaçIoadvadosaumruaquipresuuesm
dhctmlodetenosdewummlegasduranmosaninldmaapnsuiuçlodosmbalhmbe-
nefidou-sedosnHowscmnmtañmdoscoleguCelmCanro,MudrFalnnin.MumAbmn
Nwdo$aüaePeterPryGutadwiudeagradeoerumnnmårimnihsoseanlidrude
mmqueoscdabondwaedebatedores&enduammnoamamvite.Fuulmaue.amoola-
buadoruduteüvm,wsdebatedora.aaalunmbdúuudeinidaç¡odmüñcaqueseen-
voiveramernetapasdiversasdapreparaçåodoseminárioedeste livrmeaoscoiegasque
apresennnmseusuabalbosmaemmdñmmuqueporraañesdeudandivemnioforam
aqui inciuidos-I(eilaGrinber¡.Moacir PainieiraeRoboonMacbado-.nosaosagradecimen
tospelarlcaparcerianessaaventuradereflexlo.
Inrrooucio 'il

se-guiram a 13-BB e. paralelamente, considerar as constnicfles cultorais que lhe con-


feriram intellgibilidade e deosidade ltisto-rica.3 Esse camioho foi trilltado de fonos
clitrersa, mas nio menos nriatitla, pelos trdrios autores.
.H lih-erclacle e cette sig-nil"icacl-os _ para ett-escratfos, ere-africanos litlres, Ii-
bertos por alienta, ingenuos inaseidos no pda-tail), tutelados e para a popular;-:io
de litfres e pobres em geral - foram constantemente redeftnidos. Por um lado, pelo
imagindrio e pelo deaartho de utna sota'-edade projetada para se tomar "ch-'i1i¦ada" e
'lgt.t|;lIt|iria' com o adtrento da República e. por outro. por experiencias histdricas
coruroetas, idaeneiadas em arw urbanas e n.|rais no Brasil entre o último quartel do
scctdoiiiiteaprimeirametadedo s¿¬culoJiiIi.nas qttaisttalores como igunldadee
cidadanla focant cotidianamente contestadas."
A transiomtacio do enero-to em tiabaliiedor litrre este-se ionge de n-illtsr
um caminlto linear e ttretfersitfel. Da mesma forma, a libertaçio cornporton otttras
hlstoricidades. experiencias e interpcetnciies do evento. Para alem do iato de a po-
pttlaçìo brasileira de“|itIrea deeor', no linal do séet|loÍIlIl]IL serbastante sttpetiora
deescrat'os.gracesemgt'andeparteaprdticeda concessåodealforrias-c|ttestdo
que tem resultado em impoctarttes intrestigaçües sobre os significados da liberdade
pero pessoes "de cor" livrce mas sem direitos politicos e de eidadtmia nome socieda-
de escravista -, o debate em torno da ertirtç-lo do cativeiro estese imerso ent neoli-
dades loeais -e regiortais bem diversas. As provincias do ƒtrnaaonas e do Beard, por
ettemplo, decretaram a ab-ollcio em nteados da decada de IE-BU. besando em conta
a heterogerteidade deases procesaos, il preciso entender, por eaernplo, como ercperi-
encias socieis marcadas por contentos de dispersas geo-grdflca e projetos de intetin
ri:-açln - entroltrendo comunidades de fttgitiifos, eematroo, populaçüee indigenas e
aquelas nidad-dos, eniìrn, ttnta garna de outras identidades regionais - parti.l11arar|t
das mesmss ansiedades e qttesticnamentos em torno da itbolicão que ntoltilirararn
litrreseeauatroanatìortee.-"ouemcentrosurbanosnofina1doa|ieuloIIi1ii.5E.ssa
-questäo nos dd a oportuoidade de refiedr sobre as pc-ssitreis conenües entre ionnas
de oc.'|.|pat;äo territorial, traballto eompttlsdrio de ¡migrantes e crintirtosos, e proces-
sos de ettpensio, octipacio e controle de Ftonteires. intensiflcados no alvorecer da
República. Questionar as noçües de "re-giìo" e "fronteira", tal qua] apareeem num
mapa geopolitico que localiza areas e personagens, cornpondo um retrato dos im-
pactos ptodttridosp-oa.IdsoI1çaortopais,nos para-eeoprimeiropassoemdirecäoa
urna atnpliação dos estados sobre a pda-emantipacio. ño relalitfiaar o recorte legio-
naledesloearoeitto polltieotradieionalmente prnpostoparapensaraitboliiçloea
“trensiclofi qoisernos imaginar outros espaãos de significaçiifo nos quais a lih-erdade
tenha sido [rflinterpfretadtt na etrperiêneia.

iåobcefestasecomemoracñesemtomcde iliboli-r;ão.rer5ilra.1'El'E|'?e ICIIDB.


* ter ames-s, tesi; e cmtm-.¬|=, ts-so.
5 ter comes, tsos.
5' Ver Almada.. 15!!-4; Gebara. Iilflfi: Lamottnier, 1935; Latina, l'itEil¦ e Stein. 1iH.¦I'IZ¦I.
IO Ouasr-cioaoio

Oqueseimagina rupturaouoorreentteestatutossociaisdistintos-odo
esaomeododdodão-omsütuiunnmdedetemponlidadesdivenas,poréminten
namenteconectadas. Emseu interiorseabrigam muitas fonnasdesere reoonltecer-se
oomofiweeddadñoe,prmdpahnente,devivendartaismndiçñesnasrehçöesde
oaba1ho,nosmecanBmosdeparddpaçåopoUdca,nasesuatégiasdepmduçåode
subjetividade e identidade. É justamente nessas esferas que a oonexão entre estatutos
jurídicos de cidadania, representaçñes sobre “cor” e oonoepcñes de "pessoa" apareoem
como pecas de um quebra-eabeça aparentemente incompleto. Neie é possivel reco-
nbeeerdisctusospoiimèmioos,queonreafimnmd%ielhm¢sreiaüvasenueos
cidadåosmrasinaiizamaneoessáriaaoomodaçïodestes-defonna igualitariaepa-
tnóooa'
' -aoladodeoutrosbrasileirosfi Énumoompleno territóriode praticassocsais,"
queenmivemmlaçöesenuepesoasmarcadaspaldenddadessociahvadadagque
inusitadas oombinaçôes dos signiñcados de liberdade, cor e cidadania ganham e pro-
duaem novos significados. Esas transformaçòes estao estreitamente relacionadas a
um quadro de rnudança politia mais atnpio. Novas classiñcaçôes sociais povoaram
documentos, procasos, registros estatistioos, cartas e reiatórios, que inseriram nåo-ci-
dadåos are entäo qualiiicados como escravos, ingenuos, libertos, tutelados, desordeiros e
vadios no universo burocrático e na linguagem juridica do Estado republicano. Varios
ajustes, seja no piano da l1lI8\l1l8¢m- $218 no da representaçäo, foram necessúrios. No-
vos significados povoararn textos diversos e estiveram presentes em infindáveis deba-
testravadosnostribunais, ministériosecartóriosaoercadacessãodedireitospoiitioos
eiegaisapessoasdeoondassiñcadasnåosópeloseiodesuaodgemémica,mastam-
bémpormrmmdiepodaosamemóflasociüfonemenmemaizadamimaginåñopa-
triareal e escravistaf
Ainda que, no Brasil, a figura do 'emancipado' tenba reoebido feiçño for-
mal e juridica bastante limitada - aplicada åqueles classificados como “africanos
livres”,apremdidosdumnteoo'áfiooüegalemteladospeioEstadoaparúrde 1831 -,
um de seus mais importantes sentidos nos ofereoe múltiplos poaibilidades interpre-
tativas do que se pretendeu constituir periodos de “ajuste”, "pt-eparação”, 'aprendi-
zado' e 'instruçãd' para o advento do trabalho livre.” Ao mesmo tempo, vale a pena
assinalar que tanto os debates quanto os processos de concão de liberdade impli-
caram urna microcronologia da dissolucão e da reinvençåo das formas de domina-
flo, proximidade, dependencia, tutela e proteção, que permearam as reiaçòes entre
senhores e escravos, num novo contexto. Nas últimas décadas do sécuio XDK, con-
flitos entre apreensòes dispares da lei e do oostume e querelas envolvendo a defi-
niçño do estatuto social de ingenuos e sexagenårios, que passaram a povoar o
mundo dos 'livres de cor” nos tnbunais, parecem apontar para a neoessidade de re-

7Umtrabaibopioneiro<perecuperaasiógicasdaemandpaç¡oeElnseberg, 1977. Seguindo


outros caminbos, ver, por exernpio, os segulntes trabalhos mais recentes: Mendoriça, 1999;
Papali, 2003; e Pena, 2000.
'Paraumaanalisedosdebatessobreoiimdotrtñoo,verRod|igues,2000.
turrooucio if-.I

e marcado por valores hier.-irc|uioo-s. no refletir sobre o que chamou de “problemas


ds liherdatlo", o historiador Thomas Holr abrio um campo rito de perspectivas
analíticas. Sue recusa em conoeber como 'natural' a tmnsiormecio do estatuto
social dos cativos ero fonnuiatpñes legais de tarater liberal. nas quais cidadios pie-
nos de direito mover-se-tem autonomos e livres num novo mercado de relaooes
socials e bono simbolicoo supostamentc universals, nos incita a pensar o caso bra-
sileiro a partir de urna perspectiva comparada.”
“E.scrnvidäo" o “|iI:iercIade" não são termos antitedcos. e o terreno que so-
pera um conjunto compte:-to de ettperiencias que se abrigo em cada um delos merece
no-ssa atcnçio- it ausencia de vinculos de subrnissio, a disteruiäo de hierarqtlias ie-
gais de sulaordinacio no plano jurídico e consensuai. hem como o -:iesaparecintonto
dos textos e irtstrnirnentos bttrortralico-s que iegitìmaram a sujeicio - sin est-as de
faro as marcas da restauracão de um dlreito primordial? Cenamente que nio. it ii-
berdade não foi restaurada; ao contrario, foi inventada e experimentada por aqueies
que nio a oonheciam- Por isso. o territorio de lib-erdade e pantenoso e rnuitos dos
sinais que sacralisaram a suhordiriacão e a sujeir,-no tonimum-se parte de um ambi-
guo tet11¦no no qual ett-estrrai-'os e 'iivres de cor" tornararn-se cidadãos em estado
contingente: quasc-cidadãos. El que facer entìo com as :marcas üieaa e sirtlb-dlieas
desse passado, inaltetaveis mesmo diante de opemcoes jun-idicas, ¡nstimcionais e
sirnbdlicas diversas?
Liberdade tampouco foi sinonimo de tguaidade. E. e justamente nuse mido-
io que envoive supostas oposiçñes, em grande parte constn.tidas pelas andfiis-es sobre o
estatuto juridica do escravo e do cidadão pro-tlttridas a partir dos anos 1930 nos Esta-
-dos Unidos i[e também no Brasil]-, que nos ettcontrarrtos. 'Gorno dissoeiar e mati:-ar
uma sieqü-E-noia de tropos que se auto-teptoduaem? Libcrdadc av-caso tia -crstrfldtiäo.
igualdade como corolario de Iiiierdaclo, ltherttstlo como dupio da cidadania. eseravo
versos iiherto, sujeirorassujeitado temas livre etc? en invertir oa oompreensão da di-
mcnsão provisd-ria, por veses precaria, atribuida a cases termos, taivex deves-aetnoo eit-
plititar que nao estamos rtecessariamente evocando os sinais da permanencia o ds
continuidade.
no contrario, interessa-nos entender como e suaves de que op-eracom dis-
otIrs:l¬-fils. processes sociais e historicos, ltomens e mullteres c1.|jo estatuto social esta-
va oondicionado ii cotrtbirtacño de sua condicio juridica. origern social e apar-Encia
fisica passarn a ser vistos e a ver a si prdprios como íguois. Evidentemente, essa ii
urna tïansforrnação social eompicxa. .Ft intcrprctot;do juridica -que permite usa mu-
danca e dara, etnia-ora nao o seja sua ado-pio conto urn sistema de orelìiçit. Vertiatle e
valor no piano das reioçüts interpc-ssoais. A logica taiver. seja muito mais prdxinta
da conquista, do convencimento e da continua produ-cio de l|ttet'pt'e-taco-es otllìras.
at:l*avé'.'i -tias qtiais a crcrt-.;a no estatuto jurídico igualitario seja possivei. I"-iotssa inten-
ção e refletir sobre as vicissitttdes das experiencias de iii!icI'd-ade- E por entender que

11 Ho-it, l9'§I5a e 1*it'it5b; e F-con, Holr e Cooper, EIIIIIDCI.


14 Quasrcuoaoåo

liberdade não se resume a um estatuto legal e esta longe de encontrar amparo nos
textos jurídicos coetlneos ao ano que a institulu, imaginamos neoessário nos mover
nesse terreno munidos de ferramentas interdiaciplinares. De forma simples, poderia-
mosdiner: msmdesejoéespendagprospecmndescobflrelnvesdgar-amaneim
dos geólogos - a natureza tenue, provisoria e múltipla da Iiberdade. Como, onde,
em que condioöes homens e mulheres “de cor" dela usufruiram, transformaram-na
em objeto de interpretação, connendas, ou mesmo rejeitaram os significados a ela
atribuidos pelo dbcurso jurídico.
A primeira tarefa talvez seja investigar os varios signiñcados atribuidos a
experièndaqueconcedeeperrniteumnovoesmmtosodalahonmmemulhereade
cotnopaisnofìnaldoséculoìmi. Muitose falouemsignifimdos atribuidosacor,
em oonjunção entre posição de classe e aparencia, e mesmo em micropoliticas de -
utiliaandoumtermopouoolernbrado,cunhadopor0racyNogueiranosanos 1940
- “evitapão”.¡3 A evitopão poderia ser tomada como resistencia a uma interpretaçio
inequívoca dos valores igualitårios? Talvez. 0 faro é que as experiencias de confor-
mação ou resistencia a essa reiutancia tem sido compreendidas como estrategias de
ajustqdeaceiuçâo-porvezespassiva-dosprojetoapoüdomqueconcebemo
“cidadão nacional”. A idéia de acentuar e sublinhar o carater provisdrio do estatuto
da cidadanla - o titulo quase-cidadao - se justifica por um desejo. Dar enfase a
compreenaão de casos e experiencias de recusa do projeno disciplinar que institul ju-
rídicamente a figura do ddadåo e do nacional. Essas pråticas estão longe de consti-
tuir exemplos de resistencia ou critica social envoltos num discurso politico único, e
muito mais presentes em situaçôes aparentemente experimentadas no cotidi-
ano do trabalho, na relaçåo com o Estado e as institulçñes oñclais, nas relaçñes ln-
terpessoais vivenciadas em espaços domésticos. enfim, a todo momento em que
esteve em jogo o poder do exercicio da igualdade para homens e mulhexes marea-
dos por origem social ou cor.
Oquedgnlflcaserdefawüvreelgualmeessasoondifiesestlvemmdealnd-
dasdasprerrogativaspolitieas (esobretudojuridicas) queooncedemaossujeitnspos-
sibihdadesconcetasdeexucè-las?FbrissomsmIedmosàuiviafidademmoalgo
aparente. Talvez os elementos mais aquecidoa nas análises sobre a pós-emancipaçio
noBrasüsejamaquelesquediaemrespeimåsesfenseåsdimensñesdepoden0de
bamsobmasexpedéndasdeüberdadedelineadopelosvårimauwresquecompöun
esmüvmmlomemrelevofacemsdimrsasdadisuihxiçâodesigtiddepoderntmm
sodedadepós-escravistaeaslinguagens utiliz.adasparareferi-las.Dessernodo,pode-
mosexplorarumpouoomaisoque Nogueirachamoudeevltaçñoequeporveaesfol
traduzido como silencio. ¡bnnas de preteriçño, subordinação, humilhação e domina-
çiomdaaleanóñuequemaünramemionnumaisoumenoaexplidtasdoquevee-
naDas(l997)dtamoude“sofrímentosodaP'-condiçãonaqualseenoontram
populaçöes que, por suoessivas geraçñes ou catástrofes de grande impacto social. es-

” ver Nøguein. ms.


rmroouclo 15

ao ruinas s rama» forma as mboramsçsø, imubnraras ¢ mmnçsø. t no pn-


nodaliberdadeeda igualdadeque ilorescemosmecanismosmaisperversos, porque
envoltos em retoricas fluidas, de preteriçao e evitaçlo.
Ao falarmos de antropologias e historia de pos-emancipaçåo, nos lança-
mos em uma leitura na qual categorias de cor e raça não instituem de antemio o
foco da nossa atençåo, mas, ao contrario, eståo sujeitas e condicionadas aos debates
que, ao longo do periodo que os autores tem chamado de pos-emancipaçoo, colo-
cam nocoes de liberdade e igualdade sob o escrutinio de atores variados. Sus leitura
depende de injunçôes historicas, sua compreensão, de um olhar antropologico a
perscrutar as dimensoes simbólicas que perpassam praticas. voaes e relaçoes inter-
pessoais. Sua enunciaçåo é objeto de contestaçio, realirrnaçio, estranliamento e
perplexidade. Diante dese esboço. e possivel entender as preocupaçoes de China.
indagar sobre as constniçôes sociais que permitiram a festa e o esquecimento, ex-
plorar os marcos temporais que por veses deram intelegibilidade as referencias e as
experiencias de liberdade, e compreender as nuances, artificios de poder e enuncia-
dos politicos que se abrigaram sob o emblema da igualdade. Por esse percurso a es-
cravidão deixa de ser avesso e antitese da liberdade e ocupa seu lugar de referente
obliquo. por vezes difuso, em outros momentos reticente. Por fim, em tempos de ár-
dua discussão sobre “direitos” nada mais estimulante do que refletir sobre os
cados atribuidos à igualdade e às retoricas em torno da cidadania ao ñndar do
soculo XIX e inicio do século XX. Dependendo do conjunto jurídico de que estejamos
falando somos quase-iguais cujos “direitos” estão condicionados a constante reinter-
pretação. E assim, podemos começar pelo fim, com a pergunta de Thomas Holr ao
questionar os desdobramentos e narrativas da pos-emancipaçäo na Jamaica: “liber-
dade para quê?".
Enfim, ao reunir historiadores e antropólogos nessa aventura de reflexão,
n intenção foi instiga: formas de dialogo, imaginação e abordagem. Ao focalizar
casos envolvendo embates e desaiios colocados pela ordem legal que concedeu a li-
berdade e a possibilidade de acesso a cidadania a uma massa de es-escravos e “li-
vres de cor” no Brasil, um dos objetivos deste livro é refletir sobre as interpretacoes
conferidas a essas experiencias e seus impactos numa discussão mais ampla sobre os
modelos de cidadania e igualdade no Brasil durante a pos-emancipaçåo.

ltinerorios
Este livro se subdivide em duas partes. A primeira, intitulada Territorios
da Memoria e do irabalho, abre com um texto acerca do processo de construção de
uma memoria sobre a Aboliçño. Lilia Moritz Schwartz localiza o que denomina “am-
bigilidades do processo de Abolição". Narrativas em torno da noçño de dádiva (e re-
conhecimento) dos libertos para com a Redentora e, em última anúlise, a monarquía
for-am agenciadas por interpretes, protagonistas e narradores diversos. E os sons do
silencio ja se faziam estrondosos nos anos imediatamente pos-Aboliçåo. Para issc.
l-iebe Maria Martos de Castro e Ana Maria Rios investigam as narrativas da memoria
lo Qusstceosoåo

dos libertos e seus descendentes. Nelas, as concepcoes de liberdade dos anos imedia-
mmentepos-Aboüçãoforammarcadupdamanutençlo(eexmnsoo)doacessoa
terra. trabalho familiar; e por expectativas quanto ao campesinato no Rio de Janei-
ro. Expectativas outras mobilizaram politicas públicas e faaendeiros em termos de
projetos imigrantistasedeocupaçlodeterraspúblicaslìstesseooscaminhosque
cruza Giralda Seyfertlt, ao abordar as primeiras decadas republicanas, analisando a
politica de colonização no vale do ltajai, em Santa Catarina. imigrantes - transfor-
mados em 'colonos brancos” - confrontaram-se com a legislaçño, com empresas
colonizadoras e ideais de assimilaçlo nacional. Atravessando outras fronteiras, Ri-
chard Price analisa a regilo das Guianas. especialmente o Oiapoque (atualmente di-
visa da Guiana Francesa com o Amapå). Quilombolas - especialmente os mcroons
Soromokas, provenientes do Suriname -. com Ionga tradição de resistencia colo-
nial. migraram e redefiniram suas identidades. inventando territorios para os seus
deuses. Produziram-se outros espaços e fronteiras da pos-emancipaçlo, demareando
diferenças entre quilombolas e suas experiencias diante de outras populaçoes negras
emancipadas no Brasil, no Suriname e na Guiana Francesa. Fronteiras agrarias de
ocupação e colonizaçåo com indios, quilombolas, camponeses e migrantes cearenses
são perscrutadasporifloviodos Santosôomes. Foiohiaranliãoentreosseculoslilx
e XX um cenorio para a gestação de um campesinato negro que desaliava territorios
de poder e controle na pos-emancipação. Terra, trabalho e formas de controle colo-
caram em disputa e conflito vårios setores sociais em diversos contextos. É o que
evidencia Verena Stolclte ao tratar da introduçio de trabalhadores Iivres na agricul-
turadeSloPauloemmeadosdoseculoXIX.Relaçoesdetrabalbocadavezmais
conflitivas e formas de agenciamento de mio-de-obra rcdeiìniram a posiçio de pa-
tròes e traballiadores - com destaque para as mullieres - nas fazendas cafeeiras.
0 lugar da familia e do trabalho feminino na logica capitalista nos remete a uma
serle de questoes sobre o papel de concepcoes sobre momlidodc nos estudos sobre
traballio no Brasil.
Sealibeniade-parafraseandobarbaraïields-eraumalvoemoonstaw
temovunenwmcidadmia-enåoapenuosseusconceimsecstegodas-pamos
lbenosnåofoisomenteumanümgernfilafoidesenhadaunmnassuadimensôes
sunbolkzsquanwamvesdaagemiadosmjeimserwowidoslssaseouuuquestba
sioanalüadas na segunda parte: Algualdade porum 'lïizz Foliticasda Representação.
Quemainidae$idmyQralhwb,apmminundoadimensoesdesoüdariedadeseex-
periendudeoabaüiadoresnegros,homuuemulhues.queamvesdemdedadube-
neñcentesorganiuvamosmundosdouaballwedacukuraanravolu.Ptxiemos
pensarcomoashistoriasdonabalhonasultimasdeadasdaescravidåoforam frag-
mentadasemnarrativasnasquaisaetnicidadeeasculturasdeclasseforamtransfor-
madas em invisiveis. ideologías raciais, exclusão e cidadania não se manifestaram
apenas entre discursos. Cronologias, ternpos e espaços acabaram reiundidos. Mas as
representaçòer não foram quimeras. Russ, fábricas, conveses e outros espacos impro-
visadosforampalcosdeconfrontos.l.Znåosodeidéias.Al¡berdade.suasconcepçoese
simbolosfonmexperimurtodos,comodunonsuamoscaplndosdeMariaHelena Ma-
mnoouclio l7

chadoeÁlvmoPaeiradoNasdmenm.Aprinwininvesdgaasank\daçñesenuequi-
iombolaseoperåriosemSanmsnasúltimasdecadasdosoculo)GX.Aoinvesde
eloqüentes e diligentes abolicionistas - os tais eaifoses celebrados pela historiogra-
fia -, encontramos trabalhadores negros agenciando mao-de-obra, protsção dos pa-
trñes e "direitos". As identidades de quilombolas, ex-escravos e suas relaçôes com o
movimurmabolicionismfommmdimensiomdasnaquelecontenoflummesmoce-
nadointerpretanm-nosseuspropriostennos-ounospersonagensemnovosm-
teiros.Asconuadiçöaesmvammenosnasaümdesdelesemaisnunmhinodograña
queamstruiuumvazionahistodadouabaflwsobalogicadauansiçåo.ÁlvamNu-
dmurm,pusuavez,destaammoasteteoessurgimmalemdospomos,maispmpna-
mente no interior dos navios. Aborda como os marinheiros da Armada reinventaram
uma “cidadania possivel”. A Revolta da Chibata em 1910 não foi o último, e muito
menos o primeiro capitulo dessas lutas. A Armada e seus marinheiros transformaram-
se em territorio de confrontos. onde a cor e as identidades socials misturavam-se. Mi-
col Siege! analisa o movimento de construçåo do monumento ii mãe presa na démda
de l920.Aamuilaçåoenoemovimentmsodais,inmlemniseeütesnmmpuspecd-
va transatlentica. Ao descre-ver o dialogo travado entre diferentes personagens - fa-
voråveisounãoaoerguirnentodeummonurnentoamãepreta-,Siegel nos mostra
cornoe-sseeventotransforrnou-se num diålogodeideiasviajantessobreraçaegenero.
articulandooimaginariodenaçãoentre BrasileEUA. Retornandoasquestoesdapro-
duçâodosilêncioedainvençãodonão-eventoedesuanâo-memoria, destacados ini-
cialmente, surgem estudos abordando as dimensôes das acusaçñes de feiticaria e das
fonnasdeocupaçãourbam.YvonneMaggienvisimosestudossobnfeidçaflaeos
promssos criminais envolvendo curandeiros e seus clientes na cidade do Rio de Janei-
ro, destacando como as logicas e conseqiientes narrativas sobre as crenças organin-
vam uma certa face da sociedade brasileira, hierarquizando-a em meio ao clientelismo
e ao paternalismo. Outras formas de reproducao de hierarquias se imhricarn com re-
presentaçñes sobre intimidade e domesticidade. A partir da anolise da documentaçäo
adrninistrativadaiìscolaüomestica Nossa$enhoradoAmparo,fundadaem l868em
Petropolis, e de processos litigiosos envolvento “criadas” e “patrñes”, Olivia Maria Go-
mesdaCunhadiscuteafm'maçåodeumaconsdenciamoraledeumapedagogiado
trabalhodoméstico no lliodelaneironasúltimasdrãcadrndoséculoìibieseusvin-
culoscorndiscursossobreaemancipaçãodamulher. 'lendooRiodeJaneirocomoce-
nário, Brodwyn Fischer fecha o livro com um estudo no qual operaçöes juridicas no
campo do direito civil e na legislaçio de ocupação urbana produzem a “repartiçåo”
etnica.socialetopograficadacidademaravilhosanosanos l930e40. Fischermostra
como os roteiros da ocupação urbana obedeceram às politicas públicas do mercado de
trabalho, de modemizaçio e errclusåo da populaçâo pobre e negra. e como esta esta-
beleceu canais de relacionamento e dialogo com as elites e ciientelas politicas locais.
Enfim, e possivel pensar a emancipaçåo e seu legado constituindo-se entre
outros tempos. Tempos longos, mas não cristalizados. Menos cronologicos ou sob o
balizamento da legislação e principalmente da meo condutora indelevel da politica
do Estado. Ao contrario seriam tempos permanentemente refundidos, posto que es-
quecidos, aproximados, enfatiaados e distanciados entre textos e subtextos de diver-
sas experiencias historicas.
CAPi†eI_|:== 1

Des males ele declive: se-bre es emhigüitleeles rte


pre-:esse de Abeliçñe bresileire

Lilie Meri†: Sehwercr

Em 1{'J de junh-e de 155?. e eendesse de Elemrl esmevete e Isabel: “Hãe


Ihetleu perflbtätsde Hegënttieqlle vai terde ertereer, mas fiedeeeeeujuíeeenes hens
eenselhes de seu meride, espere em Deus que tude ende bem durante use ete-!|1eie“.|
Hesse tene |:nremenittrrie., Berrel. talves inspirada pels prepris situeeïue francesa, temía
pele geveme de sue pretegids.. I*-le Brasil, e sìteetáe peliüee eemplieetfa-se eem e even-
çe des repuhlieeees, mas ere sehr-erude a prfie pela sbeliçãe de eserevidãe que cha-
lnetle e greme des etençães.
Assim, se s Lei Ftie Brenee, de IETI, errefeeere es stequu e fieere eem
que e eempenhe pela ebelleäe entras-.ze memenreneereente em eelepse. já a penir
de deeede de IEEE, e ditfidíde em dues grandes eerrentes - mederedes [euje gree-
de ideelege ere Jeequirn Habueell e radleais (entre es queis se destaeevem Silva Jer-
dirn, Luis Gema e fintenie El-ente) -, e ehelieíenìsme re-ssurgie eeme e teme de
mementef Fer mais que e geuerne temes-se reeenrer e tåtiees refeneistes - eerne e
premulšeçãe de Leí des Sertegenárìes -, e resulmde, ne-sse eentexte, psreeie ser e
epe-ste. Nada detinhe e mevìmente que egere indieetfe - terdiereente, se :empe-
rede ee restante de munde - e ±`u:|..1I de Heretfìdãe ne Eresfl.

1 temen. 1ers±1st~e.
2 Úsjemeis entiesttre.¬rist.|a|s surgirem nessa epe-ee em Lerge es-eele: A Únde, A Ahelíçã-e, -Ditente e
Ne-ve. A Heíeneìll tdídgide per Jtntünie H-ente, lider des eeifesesfl. A W-de Se-nen-flrítr, File de He
dt'-I"e;dtt .FI Liítllerdttde, EJ ..¿|.-ÍÍI!-I¦It`, H. Gtlflte de T-iII"tI|'t! I[t|ir'l¦;1fle [Jer Jesë -tl.-e Ffltreelttlel. .FI T-itrrtt de
Hedm-|;-de. Úallnígedefsermn, .P|LeI!e, Ú '|:|-emeeme deeerles-depenfletesepes|:1uir|s.
3 Essa lei Íevereeie de te] rr±a.rLeir:e -:les Ietifundíáries es-ere1.'is|¦.es que ete es ele-elieienistes mais
metletedes e ele se epeserem. Pre*-"E-e e pegemente de Indertieeqåe :tes preprletdriee de esera-
ves per su: Llbenseüe. Hem disse. esrebeleetu que es esersves de útil mes detreriem dm mais
tres ¡Ines de trehelhe gretuite ee serlher; elem de ìrtstiluir ume multe de SIIIHIII e mil-nifis .eee
que ejud.esse|¬.e es-tnltres fisgitìtres-
24 Gun!-caonoio

Por outro lado. enqunnno 1 Aboliçio de faro não vinha, avolumavam-se as


libemçôes realizadas pelos própfios escnvoe ou por proprietñrios, que, cientes da
íminèlldedapmmulgaçloequeruxdoseadilnmreoinevitåvdpmmoviamasfa-
moas'fesuedeaboliçlo”.0s¡eg¡moeoñdaisrevehmulmmduçIodråsfiano
númerodeeecravosdadécadadel870ponade80,oonformemostraatabelaa
seguir, elaborada por Manos (1987:69) para e província do Riodelaneim.

Ano Nìdoleaovos
1819 146.060
182! 173.775
1873 150.549
1060 224.850
l&$I 229.637
1872 301 352
1873 289.239
1880 268.881
1882 2181130
1885 162.421

Ofamoéqueaportirdadécedadel880oabol¡cionismotomouasruase
oejornaisdaépomassimoomoñammevidentesesfalådesdessamdedadeesum-
vocreu, que mandnhaumdiscureoliberal como fechada.
Daparne dogovemo penecianåohaveroutra saídaaenãoantedpar-seao
inevnåvd,mesmoporqueeabollçloj¡aemellnvaàrevdladmgovemanwes.*0s
cazivos íugiamem massa. efluiam lsddades,eas auwndades emm lncapazesde
conte! movimentos de ul monta. Boaco ñnal veioem 1888, um ano antesdo ñnal
dalnonarquimquepexdeuoonxeleseusúltìnxosapoioseesteitas.Masessajåéoutra
h¡stóna,eaqueesmutenundomalìnroquimf«e-seanneseoembíguoproceno
deaboliçãoquetomouquasewdaadéoodadel880.\blnemoeaoam.Redlgidode
maneirasimples.onenodaleieracumoedixeto:'Fìcaabolidaaeecravidionolw
sil. Revogam-se as disposiçöes em oontrårio”. 0 13 de Maio redimiu 700 mil esm-
vos, que representavam. a em altura, um número pequeno em comparado com o
tomldepopnleçâmesdmudaem lSm¡lhñesdepessoos.ComoaevQ,el¡bemçlo
denwmudemaiserepresentouoflmdoúlümoapoioàmonarqulazosfaundelros

*Mündhno.nloapodeaquecuqueeuenvtdlojåluvi¡ndoaboüdaemprwhflaco-
mooCeeri (marçode l8B4)eoAmezonu(julhode 1884).
Dos Mmts om Dkowa 25

arioasdaregi¡odovaledoPanlbodivordanm-se,apnrdrdeantåo,deseuand-
goallado.
Comemoradanoestrange¡rocomoa^'vìuótia'dogovernoimperLnl.aleide
13 de maio foi reoebida no Brasil, após a explosåo inicial de júbilo, com multa ex-
pectativa, por mais que falas eufóticas, como as de Joaquim Nebuco. pamoessetn
desmentir a npteenalo:

23demalode188B.Meucarobario[dePenedo].E.¢túfeitaaabollçlol
Ninguémpodlaespenrtlooedotlopandefanoetambemnutaoatenfato
nlciottalfoicomemoradotannoentreruóml-Iåvlntediasvlveeatacldade
umdelltiostupende-setudoeportantotambemnoortespondendaenue
oeaml;os.MatétempodevoItar(...)lsabelñoouoomoaúItimeaooltedo-
ndeeacnmsquefezdou'onomnqu¡Iombo(...)AmonorcMoestdmo¡s
popu|1m'doquenunoo..."'

'lrata-sedepensernoquesecharnavadepopular.0atofoi,8ìlI\.P°P'1¡lfe
conferiu, por extensåo, populuidade a Isabel e à monarqula. No entanto, politica-
mente, a estabílidade do Imperio se desotganizou de maneira definitiva.
Malsdoqueperda¡matetia1e,aAbollçiolevouaodesptesdgiodeununflm-
ñapdidamuimadvgexuemmnenteligadaaouomeqtnnpidamemeaebendeou
penohdodoenpti›Beanos.Formdsqueenwonrquhptem1eaeoeptopnetånoem-
nbmmdttúosdehemmmedegameocmáta'h›evltå\elda|nedlde.afaludemduu-
melo-ehdaaonlxadapormulnosemhaes-selmnotonzflrnulmomnolstado.
Destaforma.apesardavenãoofldal.queatrlbulualsabelodmlode'1\
Redenton',edodimadeeufotlaqueosótglosoñdaispmmravamdemonmar-
oomaemieslodemoedasfesúvee,commuimsnegroeeü1dios,econdeooreç6es
ilustres-,esaepereoeuseroúltlmoatodoteatrodamonuqula. Noentan-
m,muitasvemesoúlümoétambemoprimelro.Apartlrdofamooonsumedoeem
meioaesasodedadedasmamupessouisedoculmaopenonüismo.aAbol¡ção
folennwdldaeebeowldeoomoumedådfva,umbelop|'eseonequememdauoooe
devoluçlo.Potls:oolsabeloon\nerteu-eeem"ARedent:ora"eoatodaAboll-
çiotransformou-seem mento de 'dono único' e não noresultado deum prooesso
ooletlvodelutaseotmqulstes.
Dlvorcieratn-se, portanto, nesse momento, duas instlncias de represen-
taçlo. A monarquía, decadente e falida como slsnema, recuperou o imaglnårio ao
vincular-se ao amo mais popular do Imperio: a Aboliçåo. A 'realeza política' se as-
soeiou a uma “realeza mitificada', quese mágica e, nesse eaeo, senhora da justiçe
edaeegurença.

5 Biblioteca Nacional. ooL 'Ibblas Montelro.


Id tirnsse-eresel-e

Prfasrada das elites e de prdprie jege pelitiee, a rnenarquia panheu, per ea-
minhes terrneses. unrs neva represensaçãe e inengnreu uma rnsnelre eempliesda de
lider eem si qeestãe des direites e de eidedanie. Len,-ge de msree de indìvidue e de sus
lute pela prúpria rlihelieie, fieemes rnesrtle eetn e eemplieede je-ge des relarpìes e de-
veres, de :have de persenalisree e de prdprie elieereiisrne. El ete, -:eme qee ediei-:men
eme eeva vers-ie e eme eslruture antige, que sempre reveleu eeme es releeües priva-
das. nuse pais, aeabem per se irnper es esferas pdblieas de atuaeãe.
El els_|er.lve deste eeplrrrle E, perrente, refletlr sehre uma i|u.e|'prerei;ìe per-
tieular de rltheliçãe lrrasileire, feita nes mementes enterieres ae ete de 13 de maie
de le-BE en en eeetertte imedietareenre pesterler, que te-eden e ass-eeiet e realese
eern e Iibertaçie de t-setsvldäe en vie ne ste nm merite eselnsive des anrlges pre-
prieraries. Eeme se fdssemes evesses à representaçãe da vielèrieia e da lute. ne Bra-
sil a M:-e1ir;de fei entendida eeme uma dridiva, um presente que mereeie ates
reelpreees de el:-edieneie e snbrnlssie. ¡ies eserave-s reeerrt-iibertes se rt-steve, p-ele
menes ne v'r`sãe des elites, e respesta serví] e suhsenriente, reeenheeedera de tarna-
nhe de '*prmer1te" reedm-reeeh-ide. Diferentemente, dessa maneira. de preeesse vi-
verieiade em entres pslses. ende e 1ilsertsr;se Fer slsservids eeme urna eenquists,
equi ela repr-es-enteu eenrinuidede e e repesiçãe de hiererquies qee, de täe aenta-
des, pureeiem legidmedas pela prdpria netnresa.

Em erd-amd'
He decada de ïllìl-Eltl, e quesrde de abelí-çãe se temen e teme da ves. Hes
jerneis, em par1:iet.tIer. e assunte era de fate eerrtral. sende tratade de duas rneneiras
paralelas: se, per um lede, pere-:ie pre-:ise etìrmsr e erdem e e eenrrele per parte
das elites lrranees, diante da lihertaçãe imineete des esemves; per entre, estal1ele~
eia-se de ferrna perempterie e eeeessdrie snlsrnissle e Ieeldade des eetlves que ee-
meçevem e gerrher a Iiherdade. Ús imìgrantes etrrepetrs, que equí ehegeram pera
resnlver s tee enm-entade “qnestãe da rnãe-de-etrra'. ses penees estapevam das fa-
eendes, genhavem es eidedes e pessavam a erteeuter es tmhellies urhanes para es
quais estavanr mais preperades. .Tri des er:-eseraves penzeie se esperar e III-peste: ri
retsil trensperëntje, eu ume atitnde peeiliee, que irnplieeve li-:er nes fesendes, sel:
um te-girne muite peuee alterade. Eis es deis Iades da niesrna meeda que earaetreriea
nmn faceta singular da .thelie-ie hrrssileire: distante de n-eeäe de reveleeìe. nesse
pre-eesse de lilrerter;ãe eseteveerata era representade eeme peeífiee, gradual e, se-
bnetnde, eeme um “presente des serrheres e de E.stede". rtes eatlves resrave e Ieslds-
de e e peeir;ãe sulrmisse de quem ganhe ente dri-dive. It Iiherdede pareee representer,

'E Nes prúrtímes dues set;-En: ulilieei fartertnente ertigeu retiredes de urrle srfrie de jemeis peu-
llrtsmeis, Mes eeme- eies se referem a Ieerllidades divirrress, que tel insistencia em jett-
nais de uma se prevlnele nde traria maieres preh-lemas pera a anrllìse de represent-ar;-¡Su
28 Quest-001010

libertor.Asaidapanotex-escravor,neetamedida,nloeraaautonomia,martin-
sençlonasantigasfazendansuastnelltasconliecidas.
Maseseenio foi.poroerto.umcasoisolado.Vdrios relatoaoontamere-
contain a merma ladainha, alterando-se apenas locais e nomas.

Cepivari - Um benemetimo
Háfatoehoruoaagtlodigrrordelouvoteimitaçioqueomaiorelogioque
eelhespodefaaerepublid-io¢ti|npleamø1teaernoomentådot.Oentelu›
tirrimosrbarlodeAlme¡daLhna.depotsdererfeiwvåriosbeneficioseo
munsapioaüflvvtuiseamaønnmmargfeirmmmaumae-
¡anteediflcioondefuncionaumadareacolupúbIioas.tetdedaradotodos
orescravorlivrespornnmone,acabadef\mdatumaeacolaprimårlepata
lngemtoreacnvoafldlfleouurnacaeaerpaqosaecomtoduasooniodida-
de¢precisaparaaewola.CorttramouoomoproferaorortFtanciaooJoee
\tndoAmaralJúnlot,queoomtodeaeduea¢oregeaeeooIa.
Nodia4dooorrenmefoiinauguradaeabertaåraules;duratweodiaefre~
qüentadapeloth\g!nuore,ånoite,peIoradultorunnúniemsq›eriora40.
lIelnaaboaordemeadiedpllnareeon\endadapeloexmo.beråoeeaecuta-
daoomtodoouridadopelodignoptofeseotåbonitoeoovmventequando.
atarde.o¢eactavotvoltamdotrabalho.uooomdemupueoomtodooosaeio
upr¢sentmn~ted:oulorlSenne-eeumgnndepnaerquat›doseerttranosa-
iloondefuncionaaaula.todoiluminado.eaive«setms40bometudetra-
balhoque,tendolor¡odouenmdoeomo:hodo.¢mpunhnmupeno¢olíwo!
Nota-aenorembiantedetodosumarriaonl1o.cheiodepraaet,eoorntodo
orilencioeatençãoouvanuexplicaçòesdoprofesrotïermbtadasuau-
lagwloƒttsersrnurreƒeipdesedemonroroteooutrodia.
0xal¡todosotfu.enddrotlrnltaseunoexmo.rtberio,pnpmmrdoretu
múeroresaowrpomgomruttdesuoltìuroçdoqumdomiarodiodoredat-
ção. htabensaoenno.bariodeAlrneidal.itr\o,purubeIudltumonidode.
parabenraomunlcfi›iodeCapivariporum;randeÍeiro.A:sinado:Urnad-
mlrador(hovútdude$doHsulo,Sma¡ol888).

Mesmo panindo de um jornal considerado progresrista, a materia tem ca-


racterísticas semelhantes a anuerior. Vamos por partes. .Id no Inicio do texto, hd a
lógica da añrmaçio pela oontraporiçlo. O autor (sempre anónimo, como se a falta
de peraonalizaçio fonte garantia de veracidade) afirma nio querer comentar, mas
con1enta,ava1iaeelogiaotempotodo,esempre,obarão.Porsinal,håutnaclara
dicotornia expresa em doi: lados absolutamente desigueis Em uma parte este o ba-
rlo, um grande benfeitor: construtor de escolar. de uma igreja. um libertador em
potencial e, sobretodo, aquele que traz civilização aos 'mineros estratos". Na outra
estãooecativos-elementoeporoenoinfaiores-,quesóseessenhoreandodo
oonbecimento dos brancot, e portanto negando o que 'eta seu”, podiam oonviver
oom a lrberuçâo.
30 Quart-caosoao

parece se coadunar à lógica da libertaçåo deíendida pelas elites nacionais. De um


lado estariam a escravidåo, o preconceito, os hábitos tradicionais, uma casa velha.
De outro, a própria civilizaçåo, com suas fábricas. fórmulas científicas, escolas e a
democracia. Tal qual doi: blooos monoliticos e separados entre si, assim estariam se-
parados cativos e senbores, só igualados por um prooesso lento, ordeiro e “civiliza-
do”, cujo ápice aguartlado seria a Aboliçâo.
A civilizado, que consistiría “no cambio da vida simples”, era o grande
ñrn, já alcançado pela sociedade branca e que a população de cor devia 'conquistar
lentamente”. Essa conquista não se faría, porem. sem a destnriçåo de elementos
mmidendos'baucapini§'dadvilimçñoafiiam.Asim,osnegms,pudatdosem
“preoonoeitos” ou, em outros termos, sua cultura e religião, ganhariam o diteito de
aocsso a “verdadeira civilização”, marcada pelos muitos simbolos de progresso da
epoca. A escalada de ral degrau se daria, e claro, de forma lenta e gradual, da mes-
ma maneira morosa que se oonslderava ser o acesso ao oonhecimento cientifico ou a
economia e à cultura nos paises civillzados.
Mas a materia não rernetia apenas a teoria evolucionista social; repassava
e ¡nrroduzia a já estabelecida representação do “paraiso da harmonia racial”. Nele,
todos se sentam juntos, apesar das distancias culturais e de formação, e nada impe-
de um futuro pacifico. como se queria prever com a libertaçåo.
Talvez seis por isso que, também ncsse contexto, uma clara divisäo lin-
güística oorneqou a se afirmar, opondo termos tlo próximos como “preto” e 'negt-o”.
Essa dlscussåo parece ser correlata ao debate sobre os famigerados qullombos, que,
de tåo freqüentes, amedrontavam as elites locais. Nos jornais, uma distinçåo clara se
impbs aos pouoos: na grande maioria das materias, o escravo, hornem de cor ou li-
berto descrito como “preto” pasou a ser chamado de “negro” quando se tratava de
noticias sobre lnsurreiçñes ou qufiornbos. Ou reja, “preto” era o escravo submisso -
alvo das propagandas brancas de libertação - e “negro” era o quílornbola ou o “fu-
jão', que não se conformava oom as regras da sociedade de senborcs de nerras. Veja-
moscomoessetipodediferenciaçåosedavaporvezesemumamesmamateria,
mostrando como se rnanipulavam, no nivel da linguagem, qualidades presentes na
lógica social:

Assalto
Anteontem as 10 horas da manhl na antiga estrada de ltatiba foi assaltado
pordoisnegrosƒugidosumcsmaradadenornehntortioüodoi (...) foi quan-
do apareceu outro e os doi: negros se evadiram. Hi dias deu-se na estrada o
seguinte faro: tendo ¡do catar clpó a mando de seu senhor um preto de uma
faautda,quen'abaIbavatranq0llamente,foiapanhadopordiversosnegmr
/ugirisos e quilonrbolns que despediram-no e derarn-lbe uma Valente sova. 0
pretotcvedeesperaranoiteparavoltarparaafaaenda (Corre¡oPoulistono,
12 out. 1887).
ees starts es esetvs. 31

Assirn, eeqtrente e 'p-rate" e e eserave eemuntente representada, vielente


per veses, mas dependente e vineelade à sue eendiçìe; e “negra” e antes de tude
em fngitlve. parigese e p-entre eeaflaivei. Fer entre lada, “preto” e, seirnrt de tnde,
et:|t.|-ele que perd-eu sue "'hu|rtildede", earfe-eterlsliea que pereeia predeminar pele me-
n-ns ne tiist-ntse el-ìeial settre a eseravidäe.
Em nrn memertte em que es ne¦¦_r,;res eemeçavam a Inter per sua lihertsçee
e ne mínirne revelader pereeher al insistencia na eendiçãe suhnuìme de esertave -
aint eeme de lilserte -- e e earater de eseeçae des negtes que se ametrnavam.
Hesse pertieuiet, ume materia ptrlrlieeda ne Cetreie Feultlstene, em 13 de maie de
1595. pertanre spes a attelieie da esennddåe, e alnseiutatrtente reveiaders:

ID que ele-s dieem e e que eles faeem


-[___] e e 'tt-ea ratpa efrieatta, tie ddeil, ttìe rr,Fer.ñ.I|:r, tãe amiga, ,|'ir|!'et' de t'ir]'rrer:er
tr-etíerttrl, e veiha rat,-e de Ceirn, -ere eujas tetas .ruI:|mt'.r.rrr_r bee-etttes, grande
parte de nessa vlds neeienel este ai e tnssse Iede, lrnrnilrit- e sempre 11-ee, lie-
ttssttt, ntterl-st'tta'tr. srfltipei, preitlƒrrttlt-de ser pes, etrn'egtt-t tr ri tri-rstrtrr. sem irr-
eerrtedar es brattees. ¡Jue slrrtpatia per esse vtllta pdria de etistenetìei 'Qee
lseleea ne s-eu,|'irt1ãel'¦t'¬rttr-e. ne este ttfli-Ftïfl Ft'itet`-tire. tre ettter erre tem e-rttƒìlites
des hrttnres! Ineerperada ne- p-eve Irr'.asi|eire, elia que nie nes ítr|:etttse-de 1.rive
eetnssee à per-re, st:-ntlnrìe eenesee es eeisas que sentlmes.-.

'l'err'i'veI etn see dmeriçäe, e meterte eendense reprueeteçüts dispersas.


iltlesme alguns anes ap-ds a ñbelieie efieial da eseravidåe ptevaleeia a ideie de uma
Iïbertafie paeiiìea, frnte de srgnrtias "t|nalidsdes" negras: sulnnissãe. hntnildade.
medereeie, eereter servit;aI e amet peles Iìlhee brartees. 'Came urn "entre". um “eu-
tre" a euem se destina nm lugar inl`erler e tnrelade, era asslm que se tlelineava nes-
se rnedele de lihertaçãe e de eenviventrìe.
ets eenseqüeneias ferarn ¡mens-es. eee sd perque representaçees desse Iipe
see multas veras partliltadas e I”ar.e-rn parte de nm idiema eemurti - rellde a partir
de verlas dteves -, mas eittda perrqtre 1hes fei adieienade um entre elemente, que
l-'ae par eem esta rreeee de erdem e gradnaeiie. ei ¡dela de que a Ftlseliçee era nm
presente. uma dddive, que merecia reeenheeimente e sulrtmissãe.

Eerrt leeltletie
I'-les jemais da epeea, e sel: a ferrea de ƒelrs slivers. ntna serie de materias
(muites veses, per eerte, inventadas] ia saeientie e etrrieei-dede des ieiteres eem ve-
rie-s 'eenses' que eee se reletiarn apenas e vieleneia sdvirtda de sistema eseravetra-
ta; pele eentrerie, muites pequenes relates desereviem eventes "`meraviIheses" e,
eeme tal. ertetnplares de lilrettaçñes feiras per pertiettlares, eeme stes de ventade
individual.
32 Quasrcuoaolo

Neles. algunas reltetaçöes se fezlam presentes. Prlmeiro. o “merecedor”


detalptem¡oerasempue'umptemleaP'quetespond¡aaogestocomdemonsua-
qöesde"extre|nagratidio”.Mém diseo.oo"donoodaeçâo"enmossenltores,que
puedamaetosúnloo¢aquemmmprlatalteq›onsabüldade.Dessamanelra,nas
notícias que relatam “festa de libettaçäo”, enoontra-ae uma serie de reafinnaçôes
deordetn,hiera|'qula,posn|raelugaz,e“onegroa¡ndaépteto”, ñeledependente.
No Comeio Paulistano, por exetnplo, havia uma seçto especialmente dedi-
cada ao tema lntitulada Movvimento Emancipadot, a exemplo do que vinha ooofren-
doemoutrocjornals. Omesmosenborqueofereciatutela aos'pretos dependentes'
ouqueoondenavaseusaooovlolentosetaaqueleque"concedia-porsuamera
vontade - e llherdade”. Para tanto, qualquer ocasllo parecia igualmente válida:
momes.asamutms,formamras.baüzados.naadmenma,novoscargos,vendade
lmóvels ou outro data cotnemoratlva. Ubettava-se amé 'por amor à ame": em 13 de
julho de 1880, a Província noticiou que mn eocnvo pasara a sercltaxnado de Fran-
cboo Camñes em homenagem ao eocrltot que seu at-oenhor tanto epreclava.
Eesetlpodenotlclatinhaestiloseenunclados tnu¡tossìmilares.Alihena-
çåo en sempre entendido como um “ato voluntário”. uma dådive exclusivamente
ofemdapelosenbotbmnco,queoonoed¡aaman\müss¡oaaeuscaüms.Pbtouuo
lado, a líbemção parecia ser, nesse momento. um assunto esencialmente privado,
que fazla porte dos direitos zelosamente guardados pelos senhores e ptoprietårios.
tuna vez que o Estado aparentemente mantlnha-se alheio, e bastante acomodado, só
eglndo em momentos de crlse.'° Quanto nos ex-escravoo, cabía-lbes exclusivamente
opapddemoepwreshum¡ldes,gntosedependmus.quedevlamsecontentanna
maloriadasvezes,empermanocernufazendaa,oupndcamwtenamesmascm-
diç6es.ouwmoeselafladoo.ouelndefledosapa|esnapmmesade'vlremasef.

Clmpíms.OtaSiIvetimoPedn›ooteunintodaa|uoeacravatiaeexpIic0u-
lheanovalelqueseregulat1:entou.$eparouoseseravosmalo¢esde60
attogdedatandoqueosoonsldetavaoomodesobtigadoodoservlçodetres
anoeedo¡lmeoesaeeleloeoompovtnnaItenmplm1na|te.OanPedmoofa-
louemaeguldaaotseusetcavosdoeemlnotesdetevoluquetuuoelcoo-
moasuafialnilialtúmttitooanosvlvlnmentreeletsentumsóemprqndo
|íwrecmfinntbunim|nentenojmtúpncotnqu¢smtpnasnumrmLOsexm-
votcontmddosdedomromqueestnmmprontosomavenmsemorresemseus
nnmm(cor~wmutut¢m›,1o3uuaao›.

Nessecaso.amatérlaremeoeàpol¿|nicaLeldosSexagenårlos,quellbet-
muesaevosoommaisde60anoe,osquais,|nesmoess¡m,deviamuabalharainda
malsu'esamepanlognraemancipação.lnngeda¡magemdecalmanaqueanu-
tétíaptocunpassanoambiente era conturbodoetollelmais pnovocavn do que ge-

'°MuiusobtumoetnmototalaD1eamentodoEnadonesoemomentodecrlae.
nos mms os oiiowa 33

rava resignação. Na verdade, o tema era tudo menos neutro. A situação interna
tornava-se cada vez mais tensa em funçio das agitaçbes em ptol da aboliçåo da es-
cravidão e do final da monarquía. Basta um breve olhar na “agenda” de fatos para
se ter uma idéia da situaçño: em 1880. foi fundada a Sociedade Brasileira contra a
Escravidlo e, em 1883, a Confederaçao Abolicionista. Também nesse ano. Castro Al-
ves publicou O escravo e Joaquim Nabuoo, 0 oboiicionismo, duas obras cujos autores
lideravam o movimento de emancipaçåo e que passaram a ser - na literatura e na
ciencia politica - livros de referencia sobre a questio. Em 1884, a escravidão foi
extinta noCearåenoAmazonaseem28desetembrode 1885 foi promulgadaa Lei
dos Sexagenårios - a Saraiva Gotegipe -, apenas acirrando ainda mais os animos.
O carater conservador da medida era tio evidente que as reaçöes não se
ñzeram esperar. Añnal. da época da Lei do “entre Livre (1871) a Lei dos Sexagenå-
rlos, a composicåo e a distribuição dos escravos no pais havia mudado radicalmente.
Segundo o Relatdrio de 1886. desde 1873, entre manumissbes e moroes, o número
de escravos sofrera uma reduçåo de 412.468 individuos. Dessa maneira, as estimati-
vas para 1886 apontavam para urna população escrava de 1.133.228, e as matricu-
las de 1887 revelavam a existencia de 723.419 cativos. Alem dessa reduçåo geral, a
dlstribulçåo desigual acelerara-se: nao só os cativos haviam sido deslocados do Nor-
te para o Sul do pais. como as libertaçôes eram muito mais evidentes na regiâo se-
tentrional." Mas, apesar do claro perfil pallatlvo da medida, ela não deixava de
sinalizar o fìm próximo da escravldão. A tåtica era ganhar tempo e evitar o que mais
se temía: rebeliöes de escravos.
De longe, até a Barral escrevia a d. Pedro. teniendo o processo. O impera-
doc, em resposta à carta aflita. reagia:

Petrdpolls, 28 de dezembro de 1886. (...) Aqui tem cliavido bastante (...)


A questlo da emancipaçao vem progredlndo e espero ao Ionge ve-la reali-
zada sem maiores abalos. Mens ñllios partem a 5 de janeiro (...) Minha
vida é a mesma e quando puso pelo Challet Miranda não imagina que
saudades tenho."

Sem malores abalos e de longe... assim era tratada a questão pelo Estado,
que deixava cada vez mais aos particulares a conduçåo da Abolição. Dessa maneira,
lidos nesse contexto, materias como as descritas adma parecern ganhar novo senti-
do e funçåo. Em vez da tensão das últimas horas, esse tipo de noticia trazia um esti-
lo e um tom bastante particulares: a libertacåo era uma concessão, um presente sob
controle, seja do Estado, seja do proprietario branco, que concedia o beneficio a
seus escravos, que em troca lhe deviam fidelidade, mesmo quando a liberdade fosse
comprada pelo cativo por altas somas.

" camu», 199a›=291.


l* matters@ Naesønal. ¢<›L robar Monteim.
Dos Mates oa Neiva 35

Seguindo a mais tradicional maneira de "bem festejar”, as janelas surgiam


ornadas, as mas decoradas com tapetes de flores. faaendo da ocasião motivo para
"celebrar". De um lado, “as pessoas gradas', de outro, os libertos.

Sorocaba-Natarrledeumdocorrentetevelugaraentregadmcartasde
liberdade pelacorniáoemancipadora. Foressaocasiãoltouve sinceras ma-
nilestaçñesderegoeljoporaquekacmuecinientopereurendooslüiatnnda
ansquidn.osmos.preood¡dosdocomistdoedemnabmidndemúsioa,sendo
rtesmocasiãokmntodosenmsidsdcm›ims(ComioIhtdktdno,Sjan.1888).

lìitpostos ao olltar, desfilando pelas ruas, os libertos não eram entendidos


como “sujeitos” da Aboliçio, mas antes “como objetos"; felizes contemplados com
esse troféu que pedia em troca a gratidão. Na verdade, o outro lado dos festejos e
desfiles revelava uma questão cada vez mais presente: o problema da manutençåo
dos negros nas fazendas, uma vez que já se anunciava a atitude pouco intervencio-
nista do Estado e desmentia-se a possibilidade de pagamentos aos senliores que se
oonsiderassem Iesados. Ou seja, durante longo tempo esperou-se do Estado uma ati-
tude mais firme, que implicasse ou o ressarcimento. ou a organização da mio-de
obra; esperança que logo se desfez e que resultou no rompimento de varios simpati-
zantes dos partidos Conservador e Liberal, que passaram a engrossar as ñleiras do
movimento republicano.
Dessa maneira, os rituals privados de libertação eram antes a añrmação da
propriedade ou pelo menos de que 'algo deveria mudar para que tudo permaneces-
se como estava”. Nesse sentido, buscando dar uma aparència “natural” a esse pro-
blema complemo - que se referia ao assentamento dos escravos em suas antigas
propriedades, mesmo que em regime assalariado -, os proprieulrios caprlchavam
nos festejos. tentando passar uma imagern de celebraclo para o que era, no minimo,
inseguro e passivel de temor.

Açaoñlantrópica.ÉsabidoquenossomnigooomendadorJoaquim 8.do
Amaral eomprou uma grande fazenda aos lierdelros do ñnado Neto dos
Santos incluindo nos rronsoçães os esaavos. 0 praw ñndava-se em abril se-
guintc. mas o comendador Amaral disse-llies que se os servissem, os despa-
cliaria em dezembro, cumprindo religiosamente a palavra. No último dia
do mes de dezembro, lindo a um toque de sino, fez saber a toda aquela por-
çdo de liomens que flndava o estigma do cativeiro. 0 honrado lavrodor velo
a perder alguns contos de reis. mas lioou amplamente reoompensado nos
goaosdaoonsciêrtcioeriosoplmxsosdaobna (...) Eleaindafez mais: brindou
os libenosoomgrnndeelouroiontorentquesederomoenasanimadissimas
degrotídãoeƒenrorosossentimentosporpartednquelunrdescorupães. Assim,
por eaemplo. um dos preto: levantou-se oom este brinde. seguindo-se de ou-
tros. A liherdode?Ao nosso senltor de ontent! Ao nosso potrão de baje! Ã exce-
çlo de dois ou tres deles, que alegaram motivo justo, os outros ficaram
empregados a salario (Carreño Ptruiistano. 8 jan. 1876).
[1-1:5 Mates un Ehiiti-¡wi 3?

Como se ve. o senhor Silva Prado estava líhertandn apenas no er-cravoc


melo idosos, que, Et es-ses eltutes, repreoenttwam mais gesto do que genho, mas mes-
mo essim vnnglorieve-le do gesto.13 .F|J|Em do mais, nuse como em outro: materias,
per-|:el:te¬se n intencäo implícita de gutentlr o estflbelcolmento dos eetiiros nos femen-
dns. Pere Esto, 'Ii-'ollo utllliur uma ttírle de justificetivtts, a lìm de referendo: que este
era o “ceniinho rtatural", assim como n melhor mnneirn de o ettcrevo se lnserir em
uma soei-edede para e quel “não se encontmvn preporedo"¬ ñpolnr pero tel'-rnlld Eu-
rno desordeirce. vngabundagcm, despreparo moral c intelectual era sempre inìlldo
querido se queria segur-ar “oc preto; na foccncla".

El sr. cnpitän Pedro .nlcanlara cmrloo-nos para ser publicada tt carte de li-
bertletle que conceden à cscrevn E1.-n. de di! anos mais ou menos¬ F'-de co-
rno -cu-ndiçcì-o uni-cctniente que t-f|`t-11 em qualquer um-n de .rucu ƒt:r.Iertd'd.t.. ¦e':|'ldo-
esta condiçäo intpor-to pero que não nndc o vo,-gnbundnr (Carreño Pnnlion-
no. jul. lEI¦?I5|.`I.

A Iiberteção violin, nssirrt, repleta de ohtigaçñes - pressupo:-tes e não di-


tns - c era cocr-citlvn cn1 sus cfctiveção. A prcocupação com a mãn-de-obre espres-
iflve-so, portttnto, no tentativa de guiar os lil:-ertos nas :ones ttg;|ír:oles e oblígtl-los
no trahelho. Era es-se o espoço que e libeneçäo dos hrnnoos permitía e previa pero
oo ei:-escrnvos.
A antropólogo Manuela Enlrteiro de Eunlut I[l'5ll55:'.?§l] nos oferooc uma r-¿rie
de argumentos nesse sentido, demowatrnndo plimeitemente tomo umfl grendo per-
centngcm de nlfon-Las era. já de partida. condicional. |:n*e1-=cndo todos once de servloo
entes do goco de líberdade- .it autora eitpliclta ainda que o líheno -:Ia :_-nn; nn-al que
fostie “elfotïiado pelo fundo de eniancipação era ohrigado n urn domicilio de cinco
unflfi no municipio onde houve-sae sido nlforriedo (...J- e de mesrttn mnneirn os proprle-
tárioe que se propusemem implantar Iraliialho-5 1i¬-'res em seus estnbeleoirnentos teriom
o incentivo do- Estado e direito no Iïnbalho de seus llbeflod por oiliotl anos”.
Assini, e Aholicio era entendida como uma es-pe-cie de “retlencão da mio-
de-obre". um cnrninlio “pro-tetor e t1.|telor". que viseira impedir oo “de-.tcarnirtho-5"
prúfprioo tt esse grupo. que. confonne oomeçnvem e elìnner es teorias deteflriiniates
recinis de epoca. onrecln de cnndicü-es para a vida em civlltcacäo.
I'-las noticias de libertação É sempre n uelhn imngem do “preto humilde. flel
e tmhallmdor", e aliada e ele hd urna tontepçio eipeolfiiott de llbetteção: uni-H quel-
täo entre l:|-rencoi.

H I-ultin lrlattoso (19521 1'nostr.a que a |m!dLn de vida dos es-cravnr do campo, no ttnbalho. ere
de 15 actos. Den: n:m.11eLra, os escrmros que atlngiant a barrelr: dos 50 ernrn entes urn encar-
go, um p-en-u e ee1"re¬g.ere e elimenter.
SE Guns:-ctoaoio

Hi diulcncnc. El ücstc e o -Sul vo-iuntoriontcnte, jnbiinrumcntc, quebrnni os


milltciron H todo din dos nlgetnes tln eicrnvítlìo I2...} Não e no tt cpirnììo pri-
hlicn que ot ntnrvc; tio no tcnlimcntos mee nnlnu. n rccnnhecimcnto do di-
reito postergado, e sitnp-¡tia prjos vtticnres unbnlhndnret dos ƒnnendns. A
ncgrotlo do rito. Ddo-se .tir1,guitt.rcs_|Fet-tos nos ,Fon-cndcs. De fotendelrte reu-
nem co et'-ctnvtu. proclumntn-nos livre: I[...} entio elos, to pobre! e gcnertutu
In1bolhudur1cI._litt¦em dc nido c un cl-flrtìu cl-tu clmnr-tu ti-|1;t_|'i:guci`ru¬t nttrn :orn-
lrrn ƒn-n-Etico etquccrnt dos rniztfliricu, lnnugnrnrn n rcgintc de libcrdodr nos gn'-
tos dr vivo sinitd. Sim, vivctrn te reniioret. Viva tt rocrttu-onto llberdodc
[emm-n-tu lo son Punta, an nec. lititï-'}.

El nto é dos senhoreo, nssim como es liomenngens no gesto "voluntario-.to".


:tos ett-cscrevoc resta n rcpresenntcão de sitiiputin, cada vea mais anunciada n mn
discurso deterministtt racial e biológico, que desautoliza n iguoldnde, _itttr.1m-ente
eplegondn netete contento. Midi. uma serie dc cienlistos, reunidos sobretodo nn
Boliin e em Pernombuco, comectuam tt defender tt utlocåo de te-orlns detultniniätfls
rnciais, que efitnbelotiem difctetlces ontolügicus entre ns ro-on: e que pass-nvam desi-
gualdades cultureis pum o dominio dn nature:-tn. ¡tutores como Nine Etodriguett, Sil-
vio Romero e tantos outroe nplicavorn mod-cloo prudtrtilïlut nlltutet e tt“1n$Íurn1.tt1-'t-irn
tt iguuldndc nu me utopia legal ou nte mesmo numn fnln sem cliio promovida pelos
flcurnos jurldicos.
'EI-s ltomens nuocem iguala". diria I'-lino Rodrigues ne-son epoca, como tt de-
sautorionr a lihcrtacão juridica que recent se aFtrn1e|n-“ Tal tlisoirr-o dctenninista.
por sun ven se con-nve com o modelo tuteler de libertttoio, como n indicar que não
hnvin abolição sem o necentårio controle.
Neootls materias dojornal estebelecinm-se de imedioto, e logo upon tt liber-
datic. vinculos csttcitco entre o scnltor c os en-etc-mvoc, Estes últimos iornnvnm-se
etemos credores, dando oligem inclusive às relecñes de clientflitnno tão presentes
em toda a República Uelha. Hetoe sentido, segundo lt-'lnnueln tïarneiro de Eunlia
il'?B5:4E'-513], es nlfltrrries rrnciuni corutigo “fdnnulno reveladores de tntpcctetivns
ideoldgi-ces", já que 'supunltnm em particular que locos entre senliores e es-crovos
eitistinm e não deverinm terminar com ti mnnumies-io".
Hevia, po-rtnnto. todo unan npostn no trnnsformnçäo do escrnvo em cliente,
num ogtegedo, ou num elemento Iigndo n seu senhor por locos de dependen-t:in nin-
cla mois esttcitos. its festividades que acotnpttnhavam tais at-ns de Iihenzacão, assim
como os det-iileo, comicios, bonquetes e discursos, poreciam repr-uentnr o outro ln-
do de reolldotle. que opunlm coses celcbraoü-es pnciflctut e oontrolndns no fenomeno
do “negro ouilomboln e insubmisso". Alem disso, olas renlinrtnvnm o novo lugar 'do
preto", que, nesses momentos Iïnnis do monnrouin, e já cont n presence cada ve:

1" Em El cttp-etticuio dos roptt.t iltìiül, live e utlurlunidatlt de detienvulver untn análltte nl-Hit
ctiida-do-se de entrada dos teorias recieis no E-:mail a partir d.e década de lB'.ì"I|1
DOS Maris oa DÁDWA 39

mais evidente da imigração europeia, devia ficar restrito ao “não-lugar". Era absolu-
tamente transparente que, com a abolição. ele não encontraría posiçio segura e es-
tåvel na nova lógica politica que se montava.
Na verclade, essas notícias, que se tornaram a feiçåo oficial e legitima de
nossa Abolição, eram antes 'representaçôes do Estado” e surgiam no lugar dele,
conferindo afetividade e pertença ao espaçp inócuo da libertação. Ou seja. se tomar-
mos o conceito de representação de Carlo Ginzburg (2001:8S), veremos que esse,
por um lado, “faz as vezes da realidade representada e. portanto. evoca a ausencia;
por outro, torna visível a realidade representada e, portanto, sugere a presença. Mas
a contraposição poderia ser facilmente invertida: no primeiro caso, a representação
é presente, ainda que como sucedâneo; no segundo, ela acaba remetendo, por con-
traste, à realidade ausente que pretende representar".
Os rituais de libertação viriam, assim, no lugar do Estado, ou de uma re-
pmentaçåo oficial. na falta do Estado e na presença excesiva dos senhores de escra-
vos. 'leatralizam dessa maneira a presença e a ausencia e seriam "semiófotos", no
sentido de que componariam muitos significados. Tal qual uma ¡magem reiterada, a
líbertaçåo era um presente de brancos, que ofereciam ao mesmo tempo a manumis-
são e o trabalbo. 0 negro que mostrava autonomia estava fora dessas falas, assim
como da representaçåo oficial que se fazia da nossa Aboliçâo, tão singular em seu
prooesso. Ou melhor, era um pano de fundo oculto, presença sugerida pela constan-
te reiteraçåo da ordem e do controle. .lá o preto, o bom escravo, o negro de alma
branca, era, sim, o objeto passivo desse tipo de reptesentaçño.
Na égide do discurso oficial, a libertsção era entendida de forma univoca,
sendo apagada: as nuanças e ambigüidadesz era uma dådiva de um lado só. Nada
de prever ressarcimentos. ou de falar em merecimento ou sacrificio. Como um fardo
branco, uma meta “quase que bumaniulria', essa 'abolição à brasileira” fazia-se oo-
mo representaçåo: escondendo a violencia e inflacionando a tutela e o caráter tran-
qüilo das ltbertaçòes.
Mas parece pouoo ficarrnos restritos à desconstrução do caråter merarnen-
te ideológico do discurso das classes dirigentes. É preciso levar a serio a eficacia
simbólica desses gestos politicos. Os rituais, ao teatralizar a libertação - esse tipo
de libertaçåo -, ao mesmo tempo em que moldavam as oondiçñes de vida em con-
sønñndn com a rcalldadc existente, acabuvarn por “fazrê-la acontecer”, tornrrvam-na
mais e mais real.
Como mostra o antropólogo Clifford Geertz, em Negara (s.d.:l7l), os
dramas do Estado-teatro balines. “mimetioos de si mesrnos. nio eram. ao ñm e ao
cabo, nem ilusñes nem mentiras, nem prestidigitação nem faz de conta. Eles eram
o que existia”. Com efeito, diferentemente da definiçåo tradicional, que opöe o
simbolo à realidade, quem sabe valba a pena insistir um pouco mais nessa outra
dimensåo que encontra eficacia nas estruturas simbólicas. Afinal, como mostra Ge-
ertz, os simbolos representam tudo que denota, descreve, representa, exempliñca,
rotula, indica, evoca, retrata, exprime - tudo o que de uma maneira ou de outra
significa, vindo dai sua dimensão pública. A eficacia de qualquer simbolo está vin-
«I-D r¦rur.sr.ere.r.e.ï.e

rruleda ã eendiçie de ser p-ertillrrrde e eernpreerrsirfel pela r:em1.r|1idade ende se in-


se11e,e que sinrrlita pera uma anillse que eentempåe, mas ed nlérrr, de idüa de pura
ide-elegía e de merripuleeãe.
Elss-ls senheres men1prL1rwern¬ sim. rn-es errewern rerrrb-em emererrhedes nes
redes que preeursvem teeer e eereditatfam ne diseurse que fesíam. Hair ainda, se
repmtlueirem a realidade. eeabmrnm também per eriri-la tras fe-:mas sirnhdlieas que
elegfern. Jrflnel. sen disenrse nde pereeie feeer senrtde se pere eles mesmes. uma
ve: que ere espesre nume eemurddede de signifieeçie que elesnçnve equeles que
erwiun e reeeni-refiere "e rerre”. Per irse merme, nde hasta entender estes neriezias
apenas eeme 'ment:lIeses“; suas r:enserqr`lenr:1`.as ferem mais prefurrdrrs, ne metllde
em que nãe pudiere ser eensiderades ahselutarnente externas äqueles que delas de-
perrdiem: diente de tnrnanhe presente, sd prrrerrie restar espaçe para rr retrihuieãe
na fenne de greridãe.

Md eeneeiin-rie
Hes jemrris eneentremes, pertsrrrte. uma serie de netí-r:ias dispersas. ƒerts
diver: referentes e vdfles leeelidedes, que. eeme per lnsisreeels. vie reeende uma
leia de 'causes' e erremples, que reflerern, mas tembem brrseem eemprever. e mes-
me predueir, e errrdter embigrre - emteprdenal e pneífiee - de Iiberteçãe bresileire.
Mes nie se nes penìddiees a±`rrn1.a¬.=e-se esse imegem eenrpleare de nessa
abeliçãe. Tlunhern es grandes auteres desrfievem-se de seus temes di]-eres para refle-
tlr flre tr liherteçäe des esersïes e seus tdnr.1.rIes -:em e fintrl de menarquia. Este d
e cese de famese terrte de Jeequim Hebuee. que em Minha ƒenneçãe. Ii'-'re publica-
de ne tirarle de seeule, em l9IEIt¦.15 registrerie:

dr eheliçãe ne Brasil me lrrrereseeu mais de que redes es eurres fare; eu re-


ries de fare-rr de que fui eerrrernpcflrreeç e esprrlsäe de lmpereder me ahe-
Ieu nrair ereíunderrrerrre de que redes es qrr-edes de erene eu eerfirrreles
rurei-eeajs que eeenrpenhel de lenge I[...j|- He Brull a meeerquia fer' e que
rrimes. uma meglsrrarrrra pepuler. Depelr de rece-pçie que dem Pedru II re-
-.-e nes Esredes Ueides de Jrrrrertrre em 151-'fi, nde era nreis Heire dur-ir:L=rr de
que pere rr intelig-¿raja eullas de pels e nrrenerrnrie eenstitueienal ere em ge-
rfeme rnrrite superíer às ehamedes repúblicas Iatirru-enrerïean-es |¦...} Trnlre
eenrrhçdede quee rr1¦:e: |re¦n:rper'um piedr-íseíte.rím:efee rverdedeire teríe de-
rLmLdedemeltberri=deperepmrperemmerdfl_eflsteeerqreeserheeresrn¬
vemperrleeqeenefi±rnde,qrrendeeleeerLrenemed11r¦ndedeI5-de
rrerelnlrre lemenm eínde um perrre e seu T3 de nreíe I{...]' d quede de .I'rnpe`rie
Fuera _fi.m dr m.Ér1:.l|e: e|1I1'ei.n::|.

'f rre needed, re-reee, ne, 11-r-rrfs, ere.


di d|usst.r::n±.t:.i.n

tefetçaría -:1 1-¡de patemalista de nessa nhdliçie. Mas el texte fat rnais: revela uma
"estnlture prdfunde de escrevidìn”, nu nielhnr, uma serie de valnre-s. edstumes e
slmhnïns, que tetiam 'rinde para fiear, a despeite de sistema eset'a1m-:rata que se des-
1'l'IflI1'II¦-H"I|"¡H.

Fnius|:nquenpreb1un1me1nldees|:1tddiesedesen.tmupeJepm*.itnelre
tree ens meus elhes em sue nit:lder. perfeite eem sue mluçle e'|:rri|;atdri|.
Hãd sd esses esetet-'tu nin se ritthertl queisede de sue renhu-ra e-eme e Id-
nJ1aJnetenfimahe¶t;nadu.il;grunìi-En-utmunuImdndequflndmI1EIes
merrernm nt-reditende-te es dnedere: |[...} ¡eu enrirdm nda rerie detendn ger-
rntner e mais [ese suipeire de que d |en.I'¦e-.r pudeue ter urne e-brigeedd _t|-ere
tem ele: queIheperter|rirnn[...1Detucenre11nrenIieeerepde de estrena, e:|¬
nnJednirnnij'ìeLIm|gedncuntntnrnmnuïnquen;n¿dusernfnInn'snnUne
sue ded|E-teçde. Ene perdde upenrdnee de dlïdde de senñ-er geles estremsƒigu-
ree-se-me e enünh _t|-ere es pedir.: que eresterem pela es-trevidde, tr rnei-tr de
esenpurem 11 um dns pin-res tttiitï-es de hístdriu...

Auemtddin,pensedanesseste|'mes,nânseresumiriaåì|11agemda\dd-
ndaaçie. ne entitrdrie, teria preduzide uma rede teme de culture, um ¡diente letal,
eujes intplirmçües e teverberaçdes eentinuaríatn presentes e nie se aedm-ndariam a
I-ei. Assim, na file de um des grandes pilates de abel-lieienismn bresileim, e questie
del-enha¬I.re-se cum tnda a sua enmplesidade. Mais de que d prnblema eminentemen-
te pelitite, que se ter-else tem e ete eremplat, trata-.re-se de lider :em 1 'queme
mural" da est:rn'-fidin e en-m ns estratns mais pretendes Iegedns p-ele sistema e pet
sue ptdprie desmuntagern rápida: entre eles e tema de '51-andan" e de uma intima
dependencia.
Hesse eesn em particular, Hahuen trate - nn fnrnnse- eapítuln íntiruled-n
*Ii'Iassengena"- das suas primeires lemhrençns de estrwddàe e de releçåe de fideli-
dede que teria se estaheleeide da parte de eatiifn pera edm seu senlmn E meu nhje-
dve e jusratnente nemeer ta] releçle. de mellter. pensar ne sus penetreçde. pere
elem de uma Ieiture eatelusivannente ealeada na Idgiee de eunjunmre e de pelídea
1-mel. ñlgumee esmntttes se rndstram puede sfeitas à dieerenia e insistem em, rei-
mesamente, perpeaså-la: e ene e. quem sab-e. d ease aqui.
Tãlver. seja essa a maneira de entender entnt:-, Iìnda a ntdnarquia en-t|ua|1t-n
sistema pelitite, ele ressurgiu pepulermente e-ente rep-resentaçãe e essetiede trei-
eentemente ae etn da Ahnfieãn, mais u.tna vea reptetada ee-me didiva. Para tan-
te, baste entender e impnrtlneia de nm fenümenn :eme e Guarda Negra, que se
me-s1:|1:~u leal en eulte de "Isabel, e FLedentnre", nu de releitura pepular de prdprie
figura de d. Pedrn II. Enfrentetnns em-es d-nis fenümenes, a :fim de entender suas eee
need-es cum u tema de dddive. mete central deste reflexän
P-nr um Iade, e itnegem de mnnarea fe-í lentamente se -mnstruindn de ma-
neira pared-nxal: se n lntperin enlrasfa evid-enternente un deeadeneia, d- Pedre res-
surgia eeme simhnln pepular. ende ver mais essntiede à liherteçãu dns esermms. Em
44 Guns!-cioaolo

'lambém em 1889 foi editada a biografia de d. Pedro ll, feita pelo rabino
de Avignon. Benjamim Messe. Escrita em tom laodaoório. a obra era antes uma ho-
menagemaesseimpemdordoNovoMundo,queemumndtordaslinguasclassicas
e um estudioso do "ltebraismo".¡9
Em 1889, o Brasil também participou da importante Exposição Universal
de Paris. Cavaicanti, Rio Branco, Eduardo Prado esmeraram-se na oonstruçâo de
um pavilhiio grandioso, num estilo hibrido dos palacios de fantasia. Contava com
uma torre majestosa de 40 metros e uma cúpula envidraçada e ciiamativa. Bm um
quiosque ao lado, vendía-se cafe a 10 centimos a xicara. Enormes telas do pintor
brasileiro Bstevão da Silva, apresentando frutas tropicais, enfeitavam as salas mais
vaaias. Seis estatuas coiossais representavam os rios do Brasil e numa enorme ba-
cia fiutuava, rornanticamente, uma tipica vitória-regia. Enquanto a Holanda pre-
senteava o aniversårio frances oom uma beia tulipa, a vitória-regia, uma especie
selvagem e exótica. representava as excentricidades do Brasil. 0 café, a iúria de
nossos rios e de nossa vegetaçåo e até mesmo a África no Brasil adornavam o civi-
liaado e grandioso edificio.
'Para fora”, portanto, tudo ia muito bem; mas os simbolos e representa-
çôes nio se impôem exclusivamente por pura emissio. Em momentos de crise. a uti-
liaaçño do imaginårio e de emblemas nacionais é particularmente visivci e o Brasil
nãoescapouà regra.Aomesmo tempoemqueoimpérioiaà França homenageara
revoluçâo. a campaniia republicana ganhava força no Brasil. tomando como pretex-
to aa mesmas comemoraçôes do oentenårio da República Francesa. 0 exemplo da
França. que derrubara os privilegios da aristocracia, passou a ser invocado com in-
sistencia. obliterando-se o fato de que aquele pais comemorava só 18 anos de vida
republicana e não 100. como indicava a data festiva. Tudo se passava como se a mo-
narquía estivesse garantida exclusivamente em função da imagem ainda simpatica
do impcrador.
Mas os ánimos mudavam rapidamente e, a cada dia, as posiçôes se radica-
Iizavarn mais. No governo liberal de Ouro Preto tomou impulso uma idéia ja presen-
te na época de João Alfredo, que pretenden criar uma força paralela ao Eaercito,
para amar como protetora da monarquía. A 'Guarda Negra” nasoera de uma idéia
de André Rebouças e revelava até que ponno os militares se opunham ao novo regi-
me que se montava, embora uma das primeiras preocupaçôes de seu idealiaador
fosse evitar o enfrentamento direto, devido à especificidade de sua composiçao -
dizia-se que era formada pela “tale carioca e por maitas de capoeiras”.
A situaçåo era de fato paradoxal e, mais uma vez, reveiava os mminbos
ambiguos que o proccsso de libenaçao wmava no Brasil. Os ex-escravos guardavam
ieaidade à monarquía e se opunharn aos republicanos. cbamados de “os paulistar”.

" Ao que pareoe, apesar da autoria formalmente penenoer a Morse. a biografia teria sido
escrita pelo proprlo bario do Rio Branco.
eos M-tras es ei-else 45

eomo se estes últimos fessem es verdadeiros algoaesfn' Ús primeittrs el're-t|Ll-es se de-


ram durante Lime eorlferüneia de Silva Jarriim e foram ineentivados por Jose de Pe-
troeirrio, para quem parecia o-or-trral que o governo se deiendesse das “vioieritias
republicanos”. Não paravam de surgir 'ooatos aeerea de “Guarda He-gra". Hui Harbo-
sa a tiramos de *'r.rrrr nooo de mairrapilhos entoando vivas a n'|onart|rda e ao Ftrnido
Liberal", tuna 'eapoeiragem autorizada". Comerrtava-se que o grupo reunia mais de
Eüü negros lil:-ertos amolinedes, que rnarehavam para a eidade a firn de lutnr eentre
os republloanos. Dudo conflaveis são essm números nao se sabe. -D faro é que ne-
gros e abolieienistas reeonheel-dos. eomo Patrocinio, temaram-se leais a monarquía
- e sobretodo a Isabel -, seus sntigos opositores, e enoontrarsm nos republioanos
inimigos mais palatriveis. Por outro lado, eemo a lei era divulgada de maneira pes-
soal, es benesses do oro fieararn assetiades a isabel e não ae regirne politi-eo, clara-
mente ialido.
Construiram-se, assim. deis mitos paralelos: o de "Isabel, a nedenrora" e
e de d. Pedro II como "e grande pei de todos". E. essas imagens pareeeram se asso-
oior de tel modo que, por eeesifio de República, um evidente “eenaerenginrerrto" se
¡mp-es, rlssim eeme nie felt-rrrem demenstraeñes de '“'IeaIdade". não tante à realeaa
que aeabava - totalmente enhaqueeida e desaereditada -, mas às figuras dos
antigos goverrrantes.“
Não É o easo de refaaer a histd-ria da ptotdanraçäo da Reprlhliea e os últi-
mos meses da monarquía. Inreressa mais mostrar como logo apds a queda de regi-
me reorga niaaram-se representar;-Íses dispersas e, soisretudo, assoeiou-se ir figura do
mer-raros rs are rnais popular do Segundo Ftelnado: a aboliçio da eseravidäo. Em no-
tas, artigo-s. materias. rre amaçäo do instituto l-Iistdrieo Geogrtiiiee Brasileiro
[IH-Gili. a realidade virou mito e vi-:e-versa, e a figura da rmtiga monarquía se asso-
eiou a rrrn caldo de eultura de nrais longa duraçi-'ro. Mas não foi sn na esfera prllsliea
que essas rnudanças se fiteram sentir. D rnonarea eomeeou a ser reeordado nas re-
ieittrras populares. que, ao lado dos distantes hettiis republicanos, elegeram um im-
perador popular, relido em Eurrção das festas, seleeionado a partir de simbolos
oompadveis tom detemrinado ideario e esqueoido ern outros. Has trovas populares
- anteriores e se-blretudo posteriores ir proelamaçio da República -. ele ere, a dm-
peito de sua inten-çiio ou não, um lrerdi da gente, um filho da terra:

I'r'Ior1'eu Ehtrrn Pedro Frbrreim


fioou Dom Pedro Se-gundo
barerrde :om as prsr:-mas
govemarrdo sempre o mrtodo (Nordeste, lis:-H]-.

E' iduito se tem dito sobre rs papel do Partido Iìepubiitarro paulista na pro-tlenraflo de Itepribli-
ee. De fate, desde a ti-ri'-tadade 1-E-?I'.I, São Fnule efitrtrrire urna post-pio de destaque no eetuirlo
ee-oniilrnieo de pais, sem rm entanto eorrtat e-om uma reprr:ser|I.er,1ìo perlltiea er:r|'|'t:rp-or|r;i:|'rte.
1" Em As' borhos de irnperttrioe.. [1'EI",i|fle] live a ofp-ortunititrtle de du-envolver esse argunsento
eom mais vagar:
-Id -nessa-etoselo

rlirnrer'` um Iirniio r1'ågue


de pende foi en Ftlnde
es peisinlros responderem
lrfrve Derrr Pedro Segundo!
'Uvm r-fs swtflvnor
rre m-le de eriança.
res arrlflsorrtt
no papo da or'rça.
Ú lil pode ser petluenirro
eorrtrim um preaerjoeunde;
reld-giro para Isaiano
r! rrrais que Pedro Segundo;
ii-orina e ehap-r!r.r de sol
si-o as grandeza: de mundo [I.'Iatr:r Grosso)-
Ú raio, ri soi!
Surrp-ende tr Iuai
lìrrrvns no "rr'eIhr:r
que está rra ru-rr [Hie de Janeiro]-.
.Fr mire de Deodore disse:
- Este iïlhe jd foi meu;
agora tri ansaidieoado
riemirrhn pam:edeDr'.1sai{.E:E-oFer,1.1n],
Srriu D. Pedro Segundo-
prere e reino de Lisbtse-
A-eabou-se a menarqrda
o Brasil fleou à toa-
Este p-evo esni perdido.
está sem arrtrmeçio,
e o rnrlpado diste tudo
ri e ebefe da rra-:Se Eüenuders, Eahialtn

tr. Pedro era, ponente, apresentado corno Irerdi popular, e reirrtrodotido


aos porreos como heroi oiieial. João do Rio, na erdrniea “r'i. tatuagem no Rio". fat urrr
petrttetro tratado sobre e-ssa prritlea, prinreiro pelo mundo aforo, depois no Brasil.
Passo entire sr deserever es diversos motivos e as espe-ei|'ir:idade..-s naeiorrais. Quando
ehega nos negros, o cronista dendj' des mas de Iiie refere-se ls mareas mais reeor-
rerrtes entre eles: o erueilìrto e a -:eros imperial.

Essrarregrteesplitamirrgumaoserneeraaãodastemagetumlaoeree imperial
htsitarreteI;amarosrapirduemurmm1m,nmnar*ranoodetodaanr;a,nran
arrarreornílr-etesset1rtareirI:ona::íente:¬EIr!Ei11FedroIIr1.'lrseradr.'rrro'r":='

H drp-ud Sousa, IW?.


H liiftrtrrros, rr.. 11, nov. 1';ìl'I¦I|-il-,
nos Mates oa Oioiva 47

Essa talvez seja mais uma das multas manifcstaçòes que acompanliaram,
durante algum tempo, boa parte da populaçåo negra brasileira, que ligou o final da
escravidåo aos leones da realeza: isabel. “a liedentora”, e seu pal de barbas brancas.
E mais uma vez o modelo só reafirmava a mesma representaçao e vice-versa: a Abo-
liçao era um presente "dado" pelos monarcas ou pelos próprios proprletarios de ter-
ras, e todos pediam em troca lealdade e submissão.
Vimos, assim, até aqui, não só o lado ritual da afirmação da Aboliçåo -
nas tantas iestas de líbertação - como a criaçâo de um argumento que vinculou a
rnonarquia à abolição, seja no depoimento isolado de Nabuco, exemplar em sua
posição e local, seja na análise da idealizaçåo quase mítica da realeza no Brasil.
Resta pensar na dadiva como 'um fato social total”, que, nos termos de Marcel
Mauss, tem derivaçôes não só economicas e politicas. mas sociais, culturais. juridi-
cas, religiosas, técnicas e familiares. 0 social só é real quando apreendido como
sistema, e é nesse sentido que vale a pena insistir não tanto nas implicaçôcs exter-
nas da Aboiiçåo - que levaram à exclusão e à marginalizaçåo da populaçåo ne-
gra, sem espaço na nova ordem republicana que se montava -, mas na apreensão
intema e em suas repercussöes.

Concluindoz dor, recabar a ratribuir


É hora de pensar nas decorrências desse processo, que gestou uma repre-
sentação dadivosa da Aboliçåo brasileiro. como se essa se resumirse a um ¡menso
presente, merecedor de uma quase que eterna e “natural” retribuição. Para tanto,
nada como pedir auxilio ao modelo clåssico do antropólogo francés Marcel Mauss,
em seu consagrado “I-Insalo sobre a dadiva”.
Publicado pela primeira vez em 1922, o estudo pretendia, a partir do mé-
todo comparativo. entender por que a dadiva. aparentemente voluntaria, era. na
verdade, um sto compulsorio. Em outros termos, tratava-se de investigar o que fazia
com que o presente recebido fosse obrigatoriamente retribuido.
Para responder a tal lndagaçño, o ctnólogo descreve formas de troca e de
contrato em sociedades, ir época, consideradas arcaicas em relaçao a nossa própria
sociedade. Sistemas semelhantes e regras de reciprocidadc obrlgatúrias podiam ser
encontrados em sociedades melanésias, como as de Fiji, Nova Guiné e parte da Ásia
meridional, mas também na Polinesia e no noroeste americano. Segundo esse mode-
lo, a troca instauraria uma estrutura comum. que implicaria tres obrlgaçòcs recipro-
cas: "dar, receber e retribuir”.
Utilizando-se de uma amostragem ampla - que abarcava casamento, nas-
cimento, puberdade, morte e comércio -, Mauss mostrou oomo, na troca de pre-
sentes, estariam incluidos elementos como honra. prestigio e mana. que oonfeririam
riqueza mas também a obrigaçäo de retribuir a drldiva recebida. 0 autor obteve, as-
sim. uma grande sintese. ao propor que se podia provar que nas coisas trocadas
existia uma virtude que forçaria as dádivas a circularem, a seretn ofertadas, a serem
Dos Mates oa Dåonva 49

Receber é dar e retribuir, e essa devoluçåo seria coercitiva por principio.


Portanto,oquesereve|a pormeiodaanåliaeéopróprioestatutodadadiva, que, no
caso brasileiro, se associa ao caråtaer individual que a libertação teve no Brasil, uma
vez que o ato do Estado tardou.
É como se fosse refeita a máxima que mostra como, no Brasil, “privado”
nio e uma categoria imediatamente contraposta a '*público". pelo menos no sentido
tradicionaldotermo.Anteumaconcepçåofrågilde¡-Istadoe um usodebildasinsti-
tuicñes públicas, no pais a esfera privada parece referir-se a familia extensa e nio ao
individuo, que permanece distante das leis. Os escravos teriam sido libertados por
um ato particular, seja de Isabel, seja de seus proprietarios, e não é a esfera pública
quepareceestaremevldencia. ÉcomoseoatodaAboliçãovirasaeumtemada inti-
midade e das nelaçbes pessoais, fugindo da agenda pública e do próprio exercicio da
cidadanla. Dos escravos esperava-se “gratidão” e a permanencia nas fazendas, nio a
cidadanla, propalada pela nova República.
PorslnaLn¡oforampoucosospensadoresqueatentaramparaessacompli-
cadamhçåoenueesferaspúNicaepñvadamBnsil.SérgioBuarquedeHdanda,un
l936,chamavaarençiopamumuacodefinidodamlmmbmsiIen'a,mnheddopela
expreas¡odeRibeimCwto,queafirmavaquedadamosaomundo“ohomemcm-
dial". Para Holanda, porém, cordialidade não significava “boas maneiras e civilidade”.
Na dvilidade, dizia ele, "ha qualquer coisa de coencitivo (...) é justamenne o contrario
de polidez. Ela pode iludir na aparéncia".24 Na vendade, o famoso historiador estava
maisinneressadoementendercomoacordialidadevmludo“coração”,ou meIbor,fa-
lava daa reiacbes pautadas pela intimidade e pela afetividade, e que, portanto, desco-
nhcciam o fonnalismo. Tal qual uma ética de fundo emotivo, no Brasil imperaria 'o
cultoaemobrigaçåoerigor;intimistaefamiliar".25
Ralaes do Brasil traz, assim, um alerta ao apego irrestrito aos 'valores da
personalidade' numa terra em gue o liberalismo impessoal seria caraterizado ape-
nas como um 'mal-entendido". 6 Em queståo estava, dessa maneira, a possivel -
e desejåvel - emergencia de instancias de representação que se sobrepusessem as
persistennes estruturas intimistas. É nesse sentido que se podem traçar paralelos,
por exemplo, com a expressâo “dialetica da malandragem”, elaborada em ensaio
clåssico de Antonio Candido (1993). Por melo da figura do bufäo, que aparece
com certa regularidade na literatura brasileira. e tendo como base o romance de
Manuel Antonio de Almeida - Memórias de um sargento de milicias -, Candido
alcança uma estrutura espedñca, uma cena dialética da ordem e da desordem, na
qual tudo seria lícito e ilícito, burla e serio. verdadeiro e falso. Nesse local, a inti-

1* mana. meno?.
¡S lbid,p. 101. Dizohistoriadon 'åquetienhumdessesvizinhosaoubedeaertvolveratalextre
moesamhundapemnaüdadequeparemconstimuouaçodecidwdanevoluçlmdude
tempor imemoriais' lp. 32).
1° mu. p. 119.
|¦¦--|:|s. H.I.LEs an Diales 5|

Dessa ntaneira, para a antnra, n favn-r seria uma especie de idea-1c«gia,ja


que parte de uma presnissa falsa: a supnsta ignaldade entre es partes ettllta a reali-
dade da hierarquia da padet. Par ñm, a relacãn de favar camnflaria a p-nssibilidade
de a Irabalhadnr ]i¬|.I1e perceher cama ts faaendcire manipula a situargfãa- cara vistas it
daminaeän.
É justamente pautada nesse tip-n de reflesäa que It-'laria 51r1¬ria desatltdriaa-
ria e use das ideias Iilserais nn Brasil, disendn que estas teriant sida alssn-1¬rídas tal
qual idenlcrgía, uma tree que as nacües de igualdade e de liherdade a-Iìrstureceriaïtl as
'eerdadeiläs |1:Iae¦`f|-es de daminacän, Isaseadas na tra-ca de favores.
Estariamcs, assim, retamandc apenas a idéia da rnanipulaçin idcnllfrgica.
presente na dådisfa e na falsa rre-ca? Éjnstarnente apnnda-se a essa cnncepcãa mera-
mente ideeldgica e palitica de faver que iteberte Sclterara desensfelve urna centra-
argumentaçãe, mnstran-de canta as ideias Iilserais de igualdade e cidadania juridica
fnram tradueidas nn Brasil came fewer. Tal '“n'adneãe“ nan servia para encei:-rir a ci-
dadania, urna tre: que n prúprin cnnceítn de cidadania seria diferente daqnele can-
fnrmadn pelas revelnçees hnrgneses eernpeias de secele I-MII. assim. a ¡dele de
fav-ar e de pfitdlegia se snbrepnria. par aqui, aa cc-nceita de cidadania e seria, mais
preprinrnente, sun sersie le-cal, Pet isse, “as ideias estariant fare de Inge r", uma ves
que transpnrtadas de entre cantante tetialn sida- ressignificadas. e adquirida. em um
centeste diferente, sentidas distintas. El facer näe dilniria a hierarqnia - aa centra-
ria, a repntia -, mesntn parque tadns parecem saber e recnnhecer a hi-erarqnia, que
pam a ser peea internalisaas nesse jege.
Nän se trata. dessa maneira, de apenas descenstïuir discuts-es na ch-ave
pelinea e idenldgica. mes, antes. entender per que esses "tetitas" centinnasfam a Ea-
aer tanta sentida. I'-in limite, e fácil tir da passadc, mais dificil I;-É- cempreende-1a. 'Ús
riruais de Iibena-çãn, a fala sand-asista de lilahncn, as imagens de isabel, a Hedentn-
ra, e de pai das hrancas - que restistìant it pniiptia falência da sistema - parecern
camper -.retsü-es de uma partida mais prnfnnda. A ahnliçän da escratridãn aparecia
antes ca-ma nm “grande fasfc-T', que se inseria nessa iingnajar cnmum. intrnjetandc- a
I1ier-arquia a parti.t dessa trace sempre - e par delìniçãn _ desigual. Canta tun fe-
rrñmenn se-cial fetal, a diiditfa ar1:ict|1a1ra clcmentns salta-s, dande scntidn a uma fer-
ma de snciabilídade que niia se resurnia a nma dicntntnia cn-mpa-sta par dais hlaces
mannliticas, cam seus direitns e detferes: senheres e escratrns. lila articula, amplia e
tende a cnnstituir a prdpría scrciedacle- Afìnal, a trace nunca fa-i sindnirna de ausen-
cia de hietatquias. Ela e antes sua afinnacãc, sua intericrisacãc-.
Mais da que analisar as especificidades da prncessa hrasileirn de ahnliçãn
de mcravidäa, lmeressa insisdr nas dccerrenclas. De tae rnninianda. a llbenaçae ce-
mn que nin existia. De tan tra nqüila, nin deveria nem aa means ser sentida. De tie
natttralisada, parecia nm duigrnia da-s cens. De tán insctida, passna rapidamente
para a nrdem da passadn mais passadn. E afinal, que espaçn se-bra para a pnpnlaeä-n
que fni efetisamente libenadn? apenas ama grande e quese inernindsel falta.
Tahree seja par isse que nc- Hina a República, cnmpnsta apenas dais anns
apds a ƒtbnliçã-n, ja se tenha irnprimidn a “¬.-'ersäa nficial" que fasia da ahnlicän re-
52 Quawcnoaoåo

cente um tema da “antigüidade", jogando com tempos e modelos que nio respeitam
espaçoouwodição.1alqualumaoemporaüdadesemmedicñesexmmas,oqueera
ontem virava mito e o tempo breve parecia distante, como lembrança de reliquia ve-
lha. 'Nos nem caemos que eacravos outmra tenham havido em tao nobre pais (...)
Liberdade, líberdade, abre as asas sobre nds”, dia o bino, reafirmando pelo menos
na lógica da afetividade do canto, que se quer nacional, que a Aboliçio nio teria
tardado. Nunca o “outrora” foi, de fato, tio breve.

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