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Eleição e Redenção

D i s c i p u l a d o M a d u r o e R e p r o d u t i v o > B a s e s d a S a l v a ç ã o

Exemplar do Discipulador

Módulo 2
Misael Batista do Nascimento e Ivonete Silva
Discipulado Maduro e Reprodutivo
Módulo 02: Bases da Salvação: Eleição e Redenção

Exemplar do Discipulador
3ª Edição Revisada
Copyright © 2008 Misael Nascimento e Ivonete Silva. Proibida a reprodução sem autorização por
escrito dos autores.

Dedicatória
A Deus, supremo benfeitor, que nos escolheu desde antes da fundação do mundo, para que desfrutás-
semos da redenção graciosa por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

Projeto gráfico e editoração: Misael Nascimento e Ivonete Silva


Revisão de conteúdos: Alain Paul Laurent Rocchi, Ivonete Silva e Maria Aparecida da Silva.

Dados para contato:


Fone: (0 61) 9964-6111.
E-mail: contato@misaelbn.com.
Web site com recursos didáticos adicionais: www.misaelbn.com.
3ª Edição Revisada.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
NASCIMENTO, Misael Batista. SILVA, Ivonete, 2008
Discipulado Maduro e Reprodutivo.
Módulo 02: Bases da Salvação: Eleição e Redenção. Exemplar do Instrutor ou Discipulador.

Brasília, DF: Junho de 2008.


1. Cristianismo 2. Evangelho 3. Doutrina da salvação (soteriologia)
4. Os cinco pontos do Calvinismo – TULIP 5. Predestinação 6. Eleição.
7. Redenção 8. Expiação 9. Teologia do pacto 10. Cosmonomia.
Sumário
Introdução................................................................................................................................................. 1
Seção 1: Escolhidos para a salvação....................................................................................................... 5
1 Os cristãos são escolhidos....................................................................................................................... 6
2 A eleição é incondicional.......................................................................................................................... 9
3 Nenhuma injustiça.................................................................................................................................. 11
4 Fonte de segurança................................................................................................................................. 13
5 Conclusão da primeira seção................................................................................................................. 15
Seção 2: O que Cristo realizou............................................................................................................ 17
6 Redenção e expiação............................................................................................................................... 18
7 Os sacrifícios de sangue no Antigo Testamento................................................................................. 21
8 O que Cristo fez..................................................................................................................................... 24
9 Cristo é o Mediador................................................................................................................................ 27
10 A expiação alcança os eleitos................................................................................................................. 29
11 Não podia ser de outro jeito.................................................................................................................. 32
12 Conclusão da segunda seção.................................................................................................................. 35
Considerações finais............................................................................................................................... 37
Referências bibliográficas....................................................................................................................... 38
Apêndice: Definições de termos, abreviações e metodologia de citações........................................ 39

iii
Introdução
Deus abandonou a humanidade decaída? Esta é a pergunta respondida nestes estudos.
A Bíblia revela que Deus quis salvar, livremente, unicamente por amor. Assim como ele realizou a
primeira criação, providenciou também a salvação ou nova criação. Aleluia!
Logo após a queda, o Senhor prometeu aos nossos primeiros pais um Redentor, que esmagaria a
cabeça da serpente (Gn 3.15). Nos momentos dramáticos que se seguiram à desobediência de Adão,
Deus estabeleceu o pacto da redenção.
Eleição e redenção
Estudaremos as doutrinas da eleição e redenção. Na eleição, Deus escolheu, antes da fundação do mun-
do, dentre a humanidade decaída, alguns para serem salvos. Na redenção, Deus Pai enviou Deus Filho,
Jesus Cristo, no poder de Deus Espírito Santo, para reconciliar os eleitos consigo mesmo.
Tais doutrinas são o coração do evangelho. Todos os dias, devem ser não apenas lembradas, mas
oradas e aplicadas na vida de cada seguidor de Jesus Cristo.
Doutrinas impopulares
Estes ensinos são atacados. O homem moderno, simpático à idéia de liberdade e autonomia absolutas,
sente-se ofendido diante dessas afirmações. Líderes ditos cristãos desviam-se desses tópicos, especial-
mente das afirmações da Palavra de Deus sobre predestinação e eleição. Há pregadores populares que
fazem chacota com esse ensino.
O resultado dessa má doutrinação é visível. Igrejas crescem rapidamente em torno de versões defei-
tuosas do evangelho, mas a geração que se levanta demonstra uma fragilidade significativa, uma vez que
suas convicções religiosas são firmadas sobre alicerces fracos. Os evangélicos deste tempo são infantis
diante das tribulações, confundem autoridade espiritual com prepotência e são conduzidos como gado,
por líderes personalistas e inconseqüentes.
O discipulado bíblico é caracterizado por firmeza de caráter, humildade e prática fervorosa e inte-
ligente da Palavra de Deus. Isso exige a consciência de que fomos eleitos e comprados pelo sangue do
Cordeiro.
As cinco afirmações do evangelho
Nesses estudos, seguimos um roteiro seguro. Estas exposições são baseadas na formulação doutrinária
de um sínodo realizado no século XVII, em Dordrecht, na Holanda.
Os estudiosos daquele sínodo produziram um material profundamente bíblico e, ao mesmo tempo,
compreensível, fácil de memorizar e explicar. O evangelho foi resumido em cinco declarações:
1) Deus criou tudo perfeito, mas o homem decaiu de seu estado de santidade e comunhão original.
2) Deus escolheu, dentre a massa de pecadores, alguns para serem salvos.
3) Cristo morreu pelos eleitos.
4) Os eleitos são chamados pelo Espírito Santo, através da proclamação do evangelho.
5) Os eleitos serão glorificados.
Em cada aspecto da salvação, Deus relaciona-se conosco com base nos pactos da criação e da re-
denção. Deus é quem sempre toma a iniciativa de salvar; nós somos os beneficiários de uma poderosa e
eficaz obra de redenção.
O acróstico TULIP
Os teólogos do século XVII utilizaram a tulipa, flor comum em certas regiões da Europa e América
do Norte, e também símbolo da Holanda, como uma representação do evangelho. O acróstico TULIP
(tulipa, em inglês) sintetiza as principais declarações das boas notícias de Deus para nossa salvação:

1
2 Bases da salvação
Total depravação.
Uma escolha incondicional.
Limitada expiação.
Irresistível chamado.
Perseverança dos santos.
Estes estudos das verdades bíblicas relacionadas ao acróstico TULIP nutrem, desafiam, transfor-
mam, fortalecem e promovem o seu crescimento no discipulado cristão.
O que é discipulado
O termo discipulado é entendido, em muitos contextos, como os estudos iniciais da vida do cristão,
normalmente como a preparação para o batismo e profissão de fé. Nestes estudos, considera-se discipu-
lado o processo de amadurecimento do servo de Deus, da conversão até a glorificação.
Isso é assim porque a vida com Deus é aprendizado e aperfeiçoamento, todos os dias, para sempre.
Na conversão, inicia-se a caminhada; várias décadas depois, ainda estamos sendo moldados graciosa-
mente pelo Espírito que nos dispensa graça através da Palavra, dos sacramentos, da oração e do convívio
com os irmãos. E, enquanto prosseguimos, amadurecemos e reproduzimos o discipulado em outras
pessoas. Somos sal e luz, preservamos, damos sabor e iluminamos, amamos e servimos a Deus. Perten-
cemos a ele, fomos chamados para dar fruto (Mt 5.13-16; Jo 15.16).
A singularidade deste material
Este material fornece subsídios diferenciados para discipuladores e discípulos. Um discipulador é o
professor, evangelista ou instrutor que usa os estudos para ensinar a pessoas interessadas. Um discípulo
é um aluno ou indivíduo disposto a estudar a Palavra de Deus. Há, ainda, a possibilidade de o leitor estu-
dar sozinho, utilizando o exemplar do discípulo e comparando suas respostas com o roteiro de estudos
do exemplar do discipulador.
Objetivos de estudo
Os principais objetivos do ensino são mostrados no início das seções. O exemplar do discipulador con-
tém objetivos também para quem instrui.
Destaques de texto
Os textos enfatizados são marcados com itálico. Ao invés de simplesmente substituir os termos teoló-
gicos por palavras contemporâneas, os autores optaram por destacar tais termos com negrito e fornecer
seus significados no próprio parágrafo onde eles aparecem pela primeira vez. Além disso, tais termos são
repetidos no quadro Novas palavras.
Textos bíblicos
Os textos bíblicos que comprovam as afirmações dos estudos são transcritos da Bíblia Sagrada, segunda
edição da versão revista e atualizada no Brasil, tradução de João Ferreira de Almeida. No exemplar do
discípulo, são deixadas lacunas nos textos, para serem preenchidas pelos alunos. O objetivo é auxiliar o
discípulo a fixar as bases bíblicas de cada ensino, além de ganhar proficiência no manuseio da Escritura.
No princípio __________________ Deus os céus e a terra (Gn 1.1).
No exemplar do discipulador, os textos a serem completados aparecem em negrito.
No princípio criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1).

Símbolos de fé
Nos estudos, são estabelecidas ligações dos conteúdos com os símbolos de fé de West-
minster (a Confissão de fé, o Catecismo maior, o Catecismo menor ou Breve catecismo),
assim como a Confissão belga, o Catecismo de Heidelberg, a Segunda confissão helvética e os
Cânones de Dordrecht, também denominados Cânones de Dort. Estes documentos foram
produzidos nos séculos XVI e XVII por mais de uma centena de teólogos. Pretende-se
despertar o interesse para tais documentos que são aceitos por todas as igrejas de linha
teológica reformada como sumário adequado da doutrina bíblica.
Introdução 3
Fique alerta
Cada seção finaliza com um quadro Fique alerta. Diante das mais variadas vertentes dou-
trinárias, muitas delas destituídas de biblicidade, é sempre bom ser avisado quanto aos
perigos existentes nos discursos religiosos atuais, muitos deles baseados em “filosofia e vãs
sutilezas” (Cl 2.8).
Para memorizar
A afirmação do salmista é preciosa: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar
contra ti” (Sl 119.11). O Senhor Jesus Cristo, ao ser tentado no deserto, recorreu à Escri-
tura que se encontrava em sua memória (Mt 4.4, 7 e 10). Esta é a razão por que ao final de
cada seção, há um versículo da Palavra de Deus a ser memorizado.
Sugestão de leitura bíblica
As seções terminam com sugestões de leituras bíblicas. A idéia é criar no discípulo o hábito da leitura
freqüente da Palavra de Deus.
Para aprender mais
Ao fim de cada seção, são fornecidas referências úteis para o aprofundamento do estudo.
Os dados completos das obras citadas encontram-se nas referências bibliográficas.
Definições de termos, abreviações e citações
Para saber mais sobre as definições de termos, abreviações e citações, consulte o apêndice na página 39.
Caminhe devagar
Estude com calma. O ideal é caminhar devagar, lendo cada referência bíblica, esmiuçando conceitos, re-
alizando as atividades propostas, memorizando os versículos indicados e respondendo com profundida-
de às questões levantadas. É claro que tudo pode ser feito mais rapidamente, caso haja disponibilidade de
tempo. O importante é que os conteúdos sejam realmente absorvidos. Lembre-se: estamos estudando
o evangelho, centro de nossa caminhada espiritual.
Agradecimentos
Nada seria feito sem o apoio, sugestões e críticas de muitas pessoas. Os irmãos da Igreja Presbiteriana
Central do Gama foram bondosos, apoiando-nos para que pudéssemos dedicar-nos à leitura, oração e
redação de estudos. Muitos trabalharam – e continuam gentilmente fazendo isso – como revisores de
texto e leiaute, favorecendo o aprimoramento deste material.
Esta é uma obra feita a muitas mãos. O Rev. Misael projetou o curso, organizou a pesquisa bíblica
e referências bibliográficas, escreveu as introduções, estudos e conclusões. Ivonete Silva, educadora
cristã, revisou os conteúdos e produziu a maior parte das contextualizações e atividades. Rita de Cássia,
secretária da IPCG, ajudou muito administrando a agenda do Rev. Misael e fornecendo sugestões per-
tinentes sobre o texto. A Cidinha colaborou propondo mudanças no texto, na composição visual e na
redação dos objetivos. Louvamos ao Senhor pelas revisões adicionais realizadas pelo Presb. Alain Paul.
Por fim, os autores agradecem pelo apoio e compreensão de seus familiares. O Rev. Misael é grato
a sua esposa Mirian, suas filhas Ana Carolina e Bruna e sua mãe, Roberta. Elas são seus maiores amores,
lenitivo e sua motivação, permitindo que ele dedicasse incontáveis horas na preparação destes estudos.
Ivonete agradece a sua mãe Jael, por suas orações, apoio e incentivo ministerial.
Tudo foi escrito para agradar, servir e honrar a Deus, maravilhoso Criador, Redentor e Juiz.
Para quem são estes estudos
Estes estudos beneficiarão a todos os seguidores do Senhor Jesus Cristo, de todas as denominações
evangélicas. Objetiva-se disseminar a verdade que produz vida. Espera-se que cada estudante da Bíblia
obtenha uma compreensão límpida da sã doutrina e se sinta motivado a continuar crescendo na graça e
conhecimento do Redentor (2Pe 3.18).
4 Bases da salvação
Se você absorver essas verdades a ponto de poder ensiná-las a outros, estará capacitado para coope-
rar na tarefa de fazer discípulos.
Oramos para que o Espírito Santo o conduza. Que Deus seja glorificado, sua fé seja fortalecida e os
discípulos sejam multiplicados.
Os autores.
Seção um
Escolhidos para a salvação
TULIP. Uma escolha incondicional.

Objetivos para o instrutor ou discipulador


• Adorar ao Senhor pela salvação incondicional que lhe é oferecida através de Jesus Cristo.
• Entregar a Deus a totalidade de sua vida, reconhecendo que toda sua existência é governada pela
bondosa, santa e agradável vontade do Senhor.
• Na dependência do Espírito Santo, transmitir ao discípulo estas verdades da Bíblia, auxiliando-o
ainda a dar glória unicamente a Deus pela salvação.

Objetivos para o discípulo


• Compreender que Deus, simplesmente por amor, decidiu salvar um povo.
• Compreender os principais conceitos relacionados à doutrina bíblica da eleição.
• Reafirmar a sua dependência de Deus e adorar ao Senhor por sua grandiosa bondade.

Introdução
Ao lermos os relatos bíblicos sobre a criação e a queda, aprendemos que o homem
foi criado conforme a imagem e semelhança de Deus, mas decaiu de sua condi-
ção original. Por causa disso, nascemos separados de Deus e escravos da carne, do
mundo e do Diabo. Chegou o momento de compreendermos o que a Bíblia ensina
sobre a eleição para a salvação. No acróstico TULIP, esse assunto é apontado na
segunda afirmação, “uma escolha incondicional”.
Estudos da seção 01: Escolhidos para a salvação
Estudo 01. Os cristãos são escolhidos
Estudo 02. A eleição é incondicional
Estudo 03. Nenhuma injustiça
Estudo 04. Fonte de segurança
Estudo 05. Conclusão

5
Estudo um: Os cristãos são escolhidos
Todos se acham agentes de seu destino. Acham que podem determinar a própria sor-
te. Mas temos alguma escolha quando nascemos? Ou quando morremos? Ou existe
uma força maior que nos coloca em uma direção?
É a evolução que guia as nossas vidas? A ciência nos aponta o caminho? Ou é Deus
que intervém e nos mantém a salvo?
Heroes, primeira temporada, episódio dois, “Não olhe para trás”, cena um.

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que


Conceito de eleição deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
A predestinação ou eleição
Novas Palavras Mas Deus prova o seu próprio amor para
é explicada adequadamente conosco pelo fato de ter Cristo morrido por
no sétimo artigo dos Câ- Predestinação: Os atos nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
nones de Dordrecht: da soberania divina de
Nisto consiste o amor: não em que nós
eleição e reprovação.
A eleição é o tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos
imutável propósito
Eleição: “O ato divino amou e enviou o seu Filho como propiciação
de Deus, pelo qual antes da criação pelos nossos pecados. (...) Nós amamos
ele, por mera graça no qual ele escolhe porque ele nos amou primeiro (1Jo 4.10, 19).
e de acordo com algumas pessoas para Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei
a sua soberana serem salvas, não com nova aliança com a casa de Israel e com a casa
boa vontade, antes base em qualquer de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus
da fundação do mérito previsto nelas, pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar
mundo, escolheu, mas somente por causa da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha
dentre toda a raça de seu beneplácito aliança, não obstante eu os haver desposado, diz
humana que havia o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei
soberano” (MDC, p. 308).
caído — por sua com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
própria culpa, de SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas
sua integridade original para o pecado e leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o
a perdição —, um número definido de seu Deus, e eles serão o meu povo (Jr 31.31-33).
pessoas para serem redimidas em Cristo,
a quem ele desde a eternidade havia
designado como mediador e cabeça dos Quem escolhe quem?
eleitos e o fundamento da salvação.
CDt, cap. 1, artigo 7.
A Bíblia ensina que não é o ser humano que de-
cide escolher Deus. O Senhor é quem escolhe seus
discípulos, a fim de estarem com ele em salvação e
Deus quis salvar serviço.
A verdade maravilhosa que a Bíblia chama de evan- Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o
gelho, “boas novas”, é que Deus, motivado por poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos
seu imenso amor, decidiu salvar um povo através que crêem no seu nome; os quais não nasceram
de um segundo pacto, chamado pacto da graça. do sangue, nem da vontade da carne, nem da
Amavas-me, Senhor, ainda cintilante vontade do homem, mas de Deus (Jo 1.12-13).
Não irrompera a luz ao mando Criador!
Pois assim como o Pai ressuscita e
E nem o ardente sol,
vivifica os mortos, assim também o Filho
rompendo no levante,
vivifica aqueles a quem quer (Jo 5.21).
Trouxera à terra e ao mar
a força fecundante. Ninguém pode vir a mim se o Pai,
Meu Deus, que amor! que me enviou, não o trouxer; e eu o
Meu Deus, que eterno amor! ressuscitarei no último dia (Jo 6.44).
Hino 88, Amor perene, do hinário Novo cântico.
E prosseguiu: Por causa disto, é que vos

6
Escolhidos para a salvação 7
tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, Damos, sempre, graças a Deus por todos vós,
pelo Pai, não lhe for concedido (Jo 6.65). mencionando-vos em nossas orações e, sem
cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e
Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do
contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei vosso amor e da firmeza da vossa esperança em
para que vades e deis fruto, e o vosso fruto nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos,
permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao amados de Deus, a vossa eleição (1Ts 1.2-4).
Pai em meu nome, ele vo-lo conceda (Jo 15.16).
Como a Bíblia denomina os cristãos
Quem são os eleitos? Aqueles que crêem em Cristo como Senhor e Sal-
Todos os que crêem em Jesus Cristo como Senhor vador de suas vidas, são identificados na Escritura
e Redentor e dele desfrutam em seus corações são como escolhidos, predestinados ou eleitos de Deus.
eleitos de Deus, senão, jamais teriam crido e nun-
Com quem foi feito o pacto da graça? O
ca teriam se interessado pelo evangelho.
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve pacto da graça foi feito com Cristo, como
a minha palavra e crê naquele que me enviou o segundo Adão; e, nele, com todos os
tem a vida eterna, não entra em juízo, mas eleitos, como sua semente.
passou da morte para a vida (Jo 5.24). CMW, pergunta 31.
Mas vós não credes, porque não sois das minhas
ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; Porquanto aos que de antemão conheceu, também
eu as conheço, e elas me seguem (Jo 10.26-27). os predestinou para serem conformes à imagem
Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a
que pregamos. Se, com a tua boca, confessares esses também chamou; e aos que chamou, a
Jesus como Senhor e, em teu coração, creres esses também justificou; e aos que justificou,
que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás a esses também glorificou (Rm 8.29-30).
salvo. Porque com o coração se crê para justiça e
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
com a boca se confessa a respeito da salvação.
Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de
crê não será confundido. Pois não há distinção bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo,
entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o assim como nos escolheu, nele, antes da fundação
Senhor de todos, rico para com todos os que do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o perante ele; e em amor nos predestinou para ele,
nome do Senhor será salvo (Rm 10.8-13). para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo,
segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1.3-5).
Os eleitos são transformados pelo poder de
Deus. Isso pode ser verificado em sua fé, amor e Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
obras. real, nação santa, povo de propriedade
Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as
a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo virtudes daquele que vos chamou das trevas
fruto se conhece a árvore (Mt 12.33). para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.9).
8 Bases da salvação: eleição

Atividades
1. Leia a estrofe do hino 260, Amor que vence, do Hinário Novo cântico, e responda as questões “a” e “b”.
Amor que tudo me perdoas,
Amor que até mesmo abençoas
Um réu de quem tu te afeiçoas!
Vencido ó Salvador por ti,
Teu grande amor senti!
a) De acordo com o que estudamos, interprete a frase: “Um réu de quem tu te afeiçoas”. Sugestão de
resposta: Somos réus diante de Deus. Por causa do nosso pecado, merecemos condenação. Deus,
porém, livre e bondosamente, nos amou.
b) Como é denominado o ato amoroso divino, de entre os pecadores escolher alguns para a salvação?
Qual é a relação da letra do hino com essa ação divina? Sugestão de resposta: O ato divino, de entre
os pecadores escolher alguns para a salvação, é denominado de eleição incondicional. O hino fala
do amor perdoador e abençoador de Deus, que abraça o pecador que não merece ser amado.
2. A partir da figura a seguir, faça o seguinte:

d o o h i l s e c s e s c o l h i d o s
3

e s l i t e o e l e i t o s
8 2 4 5

p s o r t e d d e n s a i p r e d e s t i n a d o s
9 6 7 1

D E u s q u I S S A L v A R
1 2 3 4 5 6 7 8 7 9

a) As letras embaralhadas foram palavras retiradas do estudo. Desembaralhe as letras e forme as palavras.
b) Copie as letras dos quadrados numerados (três primeiras linhas) nos quadrados de baixo (última
linha), que possuem os mesmos números. Descubra a frase contida nesses últimos quadrados (dica: a
frase também encontra-se no texto estudado).
3. Como eu posso saber que eu sou um cristão verdadeiro, um salvo, um eleito de Deus? Sugestão
de resposta: Eu preciso estar certo de haver crido em Cristo como meu Senhor e Salvador, nos
termos de Romanos 10.8-13. Tenho ainda de verificar se, após declarar-me cristão, apresentei os
frutos da fé, conforme Mateus 12.33 e 1 Tessalonicenses 1.2-4.
Estudo dois: A eleição é incondicional
Ao meio-dia, cansado, com fome e sede, Jesus resolveu descansar junto a um poço.
Uma mulher samaritana veio buscar água. As pessoas nascidas na Samaria não se da-
vam muito bem com os judeus; não costumavam nem se falar. Mas Jesus pediu à mu-
lher que lhe desse um pouco d’água e, em seguida, ofereceu-lhe a “água da vida”.
Aquela mulher foi alcançada pela bondade de Deus e tornou-se seguidora de Jesus
Cristo. O interessante é que ela não era uma pessoa de procedimento exemplar. Seu
modo de vida se chocava contra os padrões morais de sua época, de modo que ela era
considerada uma pecadora, e por isso era marginalizada. Apesar de tudo, foi escolhida
por Deus para a salvação.

Deus escolhe incondicionalmente produto não apenas de seu pensamento,


mas também de sua vontade. Humanamente
Apesar dos eleitos serem reconhecidos por sua fé falando nós podemos dizer que toda obra
e vidas transformadas (o que significa que eles re- de Deus é precedida por uma deliberação
alizam boas obras), não é a fé nem as boas obras da mente e uma decisão da vontade. Em
que motivam Deus a predestinar alguém para a alguns lugares da Escritura, a palavra usada é
conselho, em outros lugares é estabelecimento,
salvação. A fé e as boas obras são conseqüências e
determinação ou decreto, em outros lugares
não a causa da eleição. é propósito, em outros lugares é ordenação
No Antigo Testamento, lemos que Israel ob- [ou predestinação] e em outros é o favor ou
teve a terra prometida não por causa de sua obedi- beneplácito de Deus. Paulo fala do prazer e do
ência ou boas obras, mas para realizar-se um du- conselho da vontade de Deus (TSHB, p. 176).
plo propósito divino: julgar as nações da Canaã e Essas pessoas [os eleitos], embora por
cumprir as promessas feitas aos patriarcas: natureza não sejam nem melhores nem
Não é por causa da tua justiça, nem pela retitude mais merecedoras do que outras, mas têm
do teu coração que entras a possuir a sua terra, em comum com elas o fato de estarem
mas pela maldade destas nações o SENHOR, envolvidas na mesma miséria, Deus
teu Deus, as lança de diante de ti; e para confirmar decretou dá-las a Cristo, para serem salvas
a palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a teus por ele (...), para demonstração de sua
pais, Abraão, Isaque e Jacó. Sabe, pois, que não misericórdia e para o louvor da sua gloriosa
é por causa da tua justiça que o SENHOR, graça... . CDt, cap. 1, artigo 7.
teu Deus, te dá esta boa terra para possuí-
la, pois tu és povo de dura cerviz (Dt 9.6). O conselho do SENHOR dura para
De forma semelhante, Novas Palavras sempre; os desígnios do seu coração,
a eleição para a salvação é Presciência: A por todas as gerações (Sl 33.11).
incondicional. Deus não presciência é um Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou;
escolhe baseado no seu co- aspecto da onisciência quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida;
nhecimento prévio dos fa- de Deus. Uma vez quem, pois, a fará voltar atrás? (Is 14.27).
tos (presciência). Ele elege que a onisciência é
Por aquele tempo, exclamou Jesus; Graças te
porque quer, motivado por o conhecimento que
dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
amor livre. A Bíblia chama Deus possui de tudo, ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos
a presciência é a
isso de eleição segundo a e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai,
capacidade divina de
graça, misericórdia ou “be- porque assim foi do teu agrado (Mt 11.25-26).
prever — saber tudo
neplácito de sua vontade”. sobre — o futuro. Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-
se e glorificavam a palavra do Senhor, e
Todas as obras de Deus,
creram todos os que haviam sido destinados
tanto na criação quanto na redenção, são
para a vida eterna (At 13.48).
9
10 Bases da salvação: eleição

Sabemos que todas as coisas cooperam para o Nele [em Cristo], digo, no qual fomos também
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são feitos herança, predestinados segundo o
chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28). propósito daquele que faz todas as coisas
Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto conforme o conselho da sua vontade (Ef 1.11).
que não foram chamados muitos sábios segundo
a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de Quando, porém, se manifestou a benignidade
nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para
as coisas loucas do mundo para envergonhar os com todos, não por obras de justiça praticadas
sábios e escolheu as coisas fracas do mundo por nós, mas segundo a sua misericórdia, ele
para envergonhar as fortes; e Deus escolheu nos salvou mediante o lavar regenerador
as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e renovador do Espírito Santo, que ele
e aquelas que não são, para reduzir a nada derramou sobre nós ricamente por meio de
as que são; a fim de que ninguém se vanglorie Jesus Cristo, nosso Salvador (Tt 3.4-7).
na presença de Deus (1Co 1.26-29).

Atividade
1. Há em nosso meio uma idéia de que para irmos para o céu, basta sermos “bonzinhos”. De acordo
com o estudo de hoje, como você responderia a essa idéia? Sugestão de Resposta: Em primei-
ro lugar não somos “bonzinhos”. Em decorrência da queda de Adão, nascemos com o coração
pecaminoso, completamente inclinados ao mal e rebeldes contra Deus. Isso posto, não consegui-
mos realizar a justiça perfeita exigida pela lei divina. Uma vez que não temos atos perfeitamente
“bons”, nossa salvação depende única e exclusivamente da vontade graciosa de Deus.
2. Vimos no início da lição, que a mulher samaritana precisava de salvação, ao mesmo tempo que,
olhando pela perspectiva de seus atos, ela não merecia ser salva. Qual é a sua situação, nesse exato
momento, com relação à salvação? Haveria alguma semelhança entre o seu estado e o daquela mulher
de Samaria? Sugestão de resposta: Peça aos alunos que façam alguns minutos de silêncio a fim de
refletirem sobre essa importante questão. Aproveite para convidá-los a se arrependerem e crerem
em Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas. Motive os alunos cristãos a louvarem a Deus
por ter nos amado e vindo a nós, mesmo sendo nós tão pecadores.
3. Marque a alternativa correta. Os motivos que levam Deus a escolher uma pessoa para a salvação são
os seguintes:
( ) Deus prevê que aquela pessoa receberá Cristo como Senhor e Salvador. Nesse caso, a escolha
divina baseia-se na fé prevista.
( ) Deus prevê que aquela pessoa se dedicará a ele e o servirá de todo coração, dedicando-se ao seu
serviço. Nesse caso, a escolha divina baseia-se nas obras previstas.
( ) Deus prevê que aquela pessoa é um indivíduo de bem, honesto e religioso. Nesse caso, a escolha
divina baseia-se na bondade inerente do ser humano, prevista pelo Senhor.
( √ ) Deus escolhe independentemente de qualquer fé, obras ou suposta bondade existente no ser
humano. Ele escolhe soberanamente, unicamente por amor.
Estudo três: nenhuma injustiça
Roberto possui duas casas que aluga. De acordo com os contratos dos aluguéis, o
atraso de dois meses consecutivos no pagamento dá ao proprietário o direito de exigir
os imóveis de volta.
Um dos inquilinos não conseguiu pagar e foi despejado. Roberto foi injusto? Abso-
lutamente não, pois o inquilino havia assinado um contrato e sabia do que poderia
ocorrer caso o mesmo fosse descumprido.
Se o dono das casas decidisse perdoar a dívida daquele inquilino, isso não daria ao ou-
tro o direito de também atrasar os pagamentos, alegando que, em virtude do perdão
concedido a um, Roberto era obrigado a perdoar a todos. O proprietário dos bens
pode, livremente, agir com generosidade ou justiça.

Deus, quanto à eleição,


Deus não é injusto prevalecesse, não por Novas Palavras
Alguns dizem que, se Deus escolhe alguns para a
obras, mas por aquele Réprobro: O termo
que chama), já fora dito significa “reprovado”. No
salvação e deixa de escolher a outros, ele é injusto. a ela: O mais velho será contexto da doutrina
“Para ser justo”, afirmam, “ele deveria salvar a to- servo do mais moço. da eleição, todos os
dos”. Esse raciocínio falha em considerar quem é o Como está escrito: Amei homens são reprovados
homem e quem é Deus. Jacó, porém me aborreci diante da prova da lei.
de Esaú. Que diremos, No entanto, dentre os
O fato de que Deus favorece alguns e passa
pois? Há injustiça da réprobos, Deus separa
por alto a outros, não dá o direito à acusação
parte de Deus? De alguns para a salvação.
de que sobre Ele pesa a culpa de agir com
modo nenhum! Pois ele Enquanto os salvos são
injustiça. Só podemos falar de injustiça
diz a Moisés: Terei denominados “eleitos”,
quando uma parte pode reivindicar algo de
misericórdia de quem me os que permanecem
outra. Se Deus devesse o perdão do pecado e
aprouver ter misericórdia em seus pecados são
a vida eterna a todos os homens seria injustiça
e compadecer-me-ei denominados réprobos.
se Ele salvasse apenas um número limitado
de quem me aprouver
deles. Mas o pecador não tem, absolutamente,
ter compaixão. (...) Logo, tem ele misericórdia de
nenhum direito ou alegação que possa quem quer e também endurece a quem lhe apraz.
apresentar quanto às bênçãos decorrentes da (...) Ou não tem o oleiro direito sobre a massa,
eleição divina. De fato, ele perdeu o direito para do mesmo barro fazer um vaso para honra
a essas bênçãos. Não somente não tem o e outro, para desonra? (Rm 9.11-15, 18 e 21).
direito de pedir contas a Deus por eleger
uns e omitir outros, como também devemos Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria
admitir que Ele seria perfeitamente justo, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis
se não salvasse ninguém, Mt 20.14, 15; Rm são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus
9.14,15 (TSB, p. 108). caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do
Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou
Deus é o dono da Criação quem primeiro deu a ele para que lhe venha a
ser restituído? Porque dele, e por meio dele,
Deus é soberano sobre a criação. Ele tem direitos e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a
sobre nós. Isso distingue os cristãos dos não-cris- glória eternamente. Amém! (Rm 11.33-36).
tãos. Os eleitos respondem ao mistério da vontade
E, do modo por que Janes e Jambres
divina com adoração; os réprobros, por sua vez,
resistiram a Moisés, também estes resistem
duvidam do caráter divino e se rebelam.
à verdade. São homens de todo corrompidos
E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham na mente, réprobos quanto à fé (2Tm 3.8).
praticado o bem ou o mal (para que o propósito de

11
12 Bases da salvação: eleição
Cremos que, quando o pecado do Todos os homens pecaram em Adão, estão
primeiro homem (Adão) o lançou com sob a maldição de Deus e são merecedores
toda a sua descendência na perdição, da morte eterna, de modo que ninguém
Deus se mostrou como ele é, a saber: teria sido injustiçado se ele [Deus] tivesse
Misericordioso, porque ele livra e salva da resolvido deixar toda a raça humana
perdição aqueles que ele, em seu eterno e no pecado e sob a maldição e decidido
imutável conselho, somente pela bondade, condená-la por causa do seu pecado.
elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor, sem CDt, cap. 1, artigo 1.
levar em consideração obra alguma deles.
Justo, porque ele deixa os demais na queda
e na perdição em que eles mesmos se
A excelente vontade de Deus
lançaram. CB, artigo 16.
O discípulo compreende que Deus é soberano, ou
seja, livre para agir de acordo com sua vontade,
O homem merece a condenação que é excelente.
Por causa da queda há depravação. O homem na- E não vos conformeis com este século, mas
tural rejeita tudo o que se relaciona ao Deus ver- transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa,
dadeiro e opta por viver de acordo com as incli- agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2).
nações de seu coração corrompido. Por isso ele
merece a condenação. O cristão nem sempre consegue compreen-
Acerca desse ponto, pronuncia-se o primeiro der todos os detalhes dessa vontade, mas, pela fé,
artigo dos Cânones de Dordrecht: confia em Deus, que é puríssimo e cheio de mise-
ricórdia, agradecendo pelo privilégio da salvação.

Nota ao discipulador: Esclareça ao aluno que Deus é digno de ser reconhecido e honrado,
mesmo que não haja salvação. Nunca é demais repetir que as condições do pacto firmado em
Gênesis 2.16-17 são claras: o pecado gera a morte. Se após a queda Deus destruísse Adão e
Eva, ainda assim ele demonstraria justiça, cumprindo fielmente sua parte na aliança. Em outras
palavras, mesmo que não haja salvação para a humanidade, Deus continua sendo Deus —
Criador, Todo-Poderoso, Santo, Bom, Justo, Fiel, Soberano e Glorioso, digno de toda honra
e louvor eternamente.
Argumente com base na situação dos anjos. Não há redenção para os anjos decaídos. Mesmo
assim, estes continuam reconhecendo, ainda que a contragosto, que Deus é Deus. Isso equiva-
le a dizer que, para demonstrar sua perfeição, Deus não é obrigado a salvar ninguém.

Atividade
1. O discípulo de Cristo, antes de acusar Deus de injustiça, considera quem é Deus e quem é o homem.
Um texto bíblico que fala sobre isso é o Salmo 139. Quais são as características de Deus e do ho-
mem, apresentadas nesse Salmo? Sugestão de Resposta: Deus é onisciente (vv. 1-5), onipresente
(vv. 6-10), criador e soberano (vv. 11-16), transcendente (situado muito acima da compreensão
humana — vv. 6, 17-18), santo e justo (vv. 19-24). O salmista é objeto do amor e cuidado divino
(vide todo o Salmo), limitado em sua compreensão da sabedoria do Senhor (vv. 6, 17-18) e peca-
dor (vv. 19-24).
2. Muitas vezes nós não conseguimos compreender todos os detalhes da vontade de Deus para nós.
Qual deve ser nossa atitude? Sugestão de Resposta: Orar e procurar discernir a vontade de Deus a
partir da leitura e do estudo da Escritura. Mesmo quando tal discernimento não for muito claro,
precisamos aprender a confiar em Deus, enfrentando as perplexidades com coragem, esperança e
paciência.
Estudo quatro: Fonte de segurança
Simeão estava sentado sozinho na capela quando eu cheguei, dez minutos antes na-
quela manhã de quarta-feira. Seus olhos estavam fechados e ele parecia meditar, por
isso sentei-me numa cadeira ao seu lado, silenciosamente. Mesmo sentado em silencio
ao lado desse homem, eu não sentia qualquer constrangimento.
Vários minutos se passaram até que ele se virasse para mim e perguntasse: — 0 que
você tem aprendido aqui, John?
Buscando algo para dizer, a primeira coisa que me ocorreu foi: — Fiquei fascinado por
seu modelo de liderança, ontem. Faz perfeito sentido para mim.
— As idéias e o modelo não são meus — Simeão me corrigiu. — Tomei emprestados
de Jesus.
— Sim, Jesus — eu disse me mexendo na cadeira. — Acho que você sabe, Simeão, que
eu não sou uma pessoa muito religiosa.
— É claro que você é — ele disse gentilmente, como se não houvesse dúvida a respeito
disso.
— Você mal me conhece, Simeão. Como pode afirmar isso?
— Porque todo mundo tem uma religião, John. Todos nós temos alguma espécie de
crença a respeito da origem, natureza e finalidade do universo. Nossa religião é sim-
plesmente nosso mapa, nosso paradigma, as crenças com que respondemos as difíceis
questões existenciais. São perguntas assim: como o universo foi criado? O universo
é um lugar seguro ou hostil? Por que estou aqui? O universo foi feito ao acaso ou há
uma finalidade maior? Há algo depois da morte? Todos nós pensamos nessas coisas,
claro que alguns mais do que outros. Até os ateus são pessoas religiosas, porque eles
também têm respostas para essas perguntas.
Diálogo entre Simeão e John. O monge e o executivo (HUNTER, 2004, P. 73-74).

Fonte de Segurança segurança e satisfação espiritual exigem a comunhão


com o Criador e o descanso do coração nas promes-
Uma das perguntas “religiosas” citadas no diálo- sas divinas de salvação.
go acima é “o universo é um lugar seguro?”.
Pelo ensino da Bíblia sobre a criação, queda e
Se tentarmos respon-
eleição, aprendemos que o universo tem origem,
der isso do ponto de vista Novas Palavras
sustentação e redenção em Deus.
da hipótese da evolução das Evolucionismo:
espécies (evolucionismo), Doutrina cuja idéia Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos,
a resposta é não. básica é a evolução como alguns de vossos poetas têm dito: Porque
das espécies ao longo dele também somos geração (At 17.28).
Ninguém pode sen-
do tempo.
tir-se seguro crendo que, Ao saber que antes de sequer existirmos, Deus
quanto à sua origem, é uma já havia nos escolhido para andarmos com ele em
mera obra do acaso, quanto à sua sobrevivência, amor, somos abençoados. Compreendemos que é
depende exclusivamente de suas habilidades em
possível colocar diante dele nosso orgulho, nossa an-
um mundo instável, em que os fortes e melhor
adaptados eliminam os mais fracos. Ademais, a siedade e todos os temores.
13
14 Bases da salvação: eleição
Um criança emocionalmente saudável não O decreto da eleição e reprovação revelado
terá dificuldade em jogar-se de uma superfície na Palavra de Deus, (...) ainda que seja
deturpado por homens perversos, impuros
mais alta nos braços de um adulto que ela saiba e instáveis, para sua própria perdição,
que a ama. Ela se sentirá segura e tal segurança de- fornece um inexprimível conforto para as
corre da certeza produzida pelo amor. pessoas santas e tementes a Deus.
CDt, artigo 6.
SENHOR, não é soberbo o meu coração, nem
altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes
coisas, nem de coisas maravilhosas demais Somente pela graça
para mim. Pelo contrário, fiz calar e sossegar
a minha alma; como a criança desmamada se Se a salvação dependesse
aquieta nos braços de sua mãe, como essa de nós, estaríamos sempre Novas Palavras
criança é a minha alma para comigo (Sl 131.1-2). inseguros. A fé descansa Graça: No contexto da
A doutrina da eleição assegura aos discípulos em Deus e suas promes- doutrina da salvação,
de Cristo, de que tal confiança foi tornada pos- sas. É possível caminhar graça é o favor
imerecido de Deus —
sível por causa do decreto divino, estabelecido com Deus alegremente, sa-
sua decisão e ação
desde a eternidade. Cremos porque fomos escolhi- bendo que nossa redenção reveladas em Cristo
dos, fomos amados desde “antes da fundação do pode ser resumida em uma e aplicadas em nosso
mundo”. frase: somente pela graça. coração por meio do
Entendo que dessa forma, no sentido da Inda que indigno Espírito Santo. A graça é
Escritura, de acordo com o Espírito, que foste escolhido, a declaração maior do
a confissão do sábio conselho de Deus é Jamais vacile porque eu amor perfeito e ilimitado
uma fonte de rico conforto. Dessa forma te amei. de Deus: Ele nos ama
nós aprendemos que não é uma casualidade Quem dos meus braços não por causa de nosso
cega, nem um destino obscuro, nem uma pode arrancar-te? desempenho — o que
vontade irracional ou maligna, nem qualquer Seguro sempre fazemos ou deixamos de
força natural que governa a raça humana e o te guardarei! fazer. Deus nos ama ao
mundo, e que o governo de todas as coisas ponto de nos eleger em
Hino 146, A segurança Cristo, e nos tornar, por
está nas mãos do Deus Todo-Poderoso e
do crente, do hinário meio do Redentor, filhos
do Pai misericordioso. Certamente a fé é
Novo cântico. queridos, separados para
necessária para que se entenda isso. É a fé que
nos mantém constantes na luta da vida, é por Porque pela graça sois a comunhão com ele.
causa dela que nós avançamos para o futuro salvos, mediante a fé;
com esperança e confiança. O conselho do e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de
Senhor permanece para sempre (TSHB, p. 177). obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8-9).
Assim como nos escolheu, nele, antes da O SENHOR é o meu pastor;
fundação do mundo, para sermos santos e nada me faltará (Sl 23.1).
irrepreensíveis perante ele (Ef 1.4).
Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo
Na esperança da vida eterna que o de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu
Deus que não pode mentir prometeu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti (Is 43.3).
antes dos tempos eternos (Tt 1.2).

Atividade
Relacione o item da coluna da esquerda com a frase correspondente, da coluna da direita.
a) Segurança ( d ) O interesse pelo evangelho e a fé em Cristo como Senhor e Salvador.
b) Decreto divino ( c ) Hipótese sobre as origens, segundo a qual a humanidade surgiu em
decorrência de um longo e ininterrupto processo de evolução.
c) Evolucionismo ( b ) Base para nossa eleição para a salvação.
d) Evidência da eleição ( e ) O alicerce da fé.
e) Deus e suas promessas ( a ) Sentimento e estado decorrentes de sabermos que somos amados
por Deus incondicionalmente.
Estudo cinco: Conclusão da seção um
A partir do que foi estudado, é possível afir- ma de graça. Deus é, então, o único au-
mar o seguinte: tor da salvação dos que crêem em Jesus.
6 Sem Deus estamos perdidos! Diante Agradeça ao Senhor por este maravilhoso
do justo juízo divino, e em decorrência amor.
da corrupção proveniente da queda e dos 6 Aceitamos a soberania divina. Os cris-
atos pecaminosos voluntários, toda a raça tãos não questionam a justiça ou soberania
humana merece a condenação. Reconheça divinas, mas acolhem o seu governo e lou-
sua completa dependência da misericórdia vam-no por tão grande redenção. Adore
de Deus para sua salvação. ao Senhor, reconhecendo que ele é grande e
6 Deus revela sua bondade na eleição. reina sobre tudo. Peça para que ele confirme
Deus decidiu salvar algumas pessoas por seu governo sobre o seu coração.
meio de seu Filho Jesus Cristo, segundo 6 Podemos crer e descansar. Esse ensino
o “beneplácito de sua vontade”. Ele fez produz segurança e não medo. O planeja-
isso não por prever algum tipo de bonda- mento e a execução do plano de salvação
de inerente, fé ou mérito do ser humano, dependem de Deus e não de nós. Expres-
mas unicamente por (pura) misericórdia. se amor ao Senhor e descanse em suas pro-
Esse favor imerecido é o que a Bíblia cha- messas de salvação.
Um dos autores destes estudos ouviu de um pregador popular, em um culto transmitido por rede de TV,
que a questão da salvação se encontra fora da “órbita divina”, ou seja, Deus não interfere nas decisões do
homem sobre esse assunto. É a partir dessa percepção que alguns afirmam que não é Deus quem escolhe
o homem, mas este é que “toma uma decisão ao lado de Jesus Cristo”. Tal idéia se opõe ao ensino das
Escrituras. Segundo a Bíblia, a salvação do homem, em todos os seus aspectos, depende exclusivamente
da graça de Deus.

“Assim diz o SENHOR, que te criou, e te formou desde o ventre, e que te


ajuda: Não temas, ó Jacó, servo meu, ó amado, a quem escolhi” (Is 44.2).

Pense e pratique
1. De acordo com o que estudamos, especialmente as declarações de Romanos 11.33-36, qual deve ser a nossa
atitude diante da soberania de Deus na eleição? Sugestão de resposta: Devemos amar e adorar a Deus por
sua infinita soberania, glória, graça e sabedoria.
2. De que modo a doutrina da eleição produz segurança nos corações dos discípulos de Cristo? Sugestão
de resposta: Reconhecemos que a salvação da qual desfrutamos foi perfeita, amorosa e infalivelmente
planejada por Deus, desde a eternidade passada. Sabemos que Deus mesmo é quem aplica essa salvação
nos corações de seus escolhidos hoje, e também garante sua operação nos eleitos das futuras gerações.
A partir disso, podemos descansar em louvor e confiança. Agora temos como servir a Deus não como
um meio para ganharmos méritos religiosos ou para nos sentirmos seguros e amados, mas como uma
resposta à segurança e ao amor que ele derrama em nossos corações.
3. De acordo com o seu entendimento deste estudo, o que é graça? De que maneira a compreensão sobre
a graça nos auxilia a caminhar com Deus? Sugestão de resposta: Viver pela fé, sob a graça de Deus, é
fundamental para a vida cristã saudável. Quando a graça não é compreendida, surgem os erros do
legalismo (a idéia de que devemos “comprar” o favor de Deus com nossa obediência à lei) e misticismo
(a concepção de que Deus deve ser “experimentado” através de êxtases ou fenômenos sobrenaturais).
Tanto o legalismo quanto o misticismo não passam de pobres e ineficazes caricaturas da verdadeira
vida com Deus.

15
16 Bases da salvação: eleição

Sugestão de leitura bíblica


Lv 4.1-35, 5.1-19. Dt 29.1-29. Is 53.1-12, 61.1-11. 1Pe 1.2-21.
Lv 6.1-7, 24-30. Dt 30.1-20. Mt 1.18-25, 27.33-56. Ap 5.1-14.
Lv 7.1-10, 8.1-36. Dt 32.1-47. Rm 3.32-5.11.
Lv 9.1-24, 15-22. Is 42.1-9, 46.1-13. Hb 9.1-28.

Para aprender mais


4 A soberania banida, de R. K. Mc Gregor Wright, cap. 5-7.
4 IC, 2.5 e 3.21-24.
4 BEG, notas teológicas “O verdadeiro conhecimento de Deus” (p. 872), “Liberdade e escravidão
da vontade” (p. 880), “A sabedoria e a vontade de Deus” (p. 986), “Deus reina: a soberania
divina” (p. 991) e “O propósito de Deus: predestinação e pré-conhecimento” (p. 1089).
4 BCW, perguntas 7-8, 19 e 20.
4 CFW, 3.1-8.
4 CMW, perguntas 12-14 e 24-31.
4 MDC, cap. 18.
4 Os cinco pontos do Calvinismo, de W. J. Seaton, p. 8-12.
4 TSB, Primeira parte: As obras de Deus, II.A-E.
4 TSC, volume 3, cap. VIII e IX.
4 TSG, Parte 5, cap. 32.
4 TSH, Parte 3, cap. I-II.
4 TSHB, cap. 14.
4 TSS, Parte VI, cap. II, Seção I.I.
Seção dois
O que Cristo realizou
TULIP. Limitada expiação.

Objetivos para o instrutor ou discipulador


• Adorar ao Senhor pela eficácia da obra salvadora de Jesus Cristo.
• Dedicar seu coração e vida a Deus, em resposta a tudo o que Cristo é e faz para a sua salvação.
• Compreender que o tema deste estudo é, literalmente, o centro do evangelho. Por isso, prepa-
rar-se adequadamente e, na dependência do Espírito Santo, conduzir o discípulo à compreen-
são e desfrute dessas verdades.

Objetivos para o discípulo


• Compreender que a morte, ressurreição e exaltação de Cristo cumpriu perfeitamente o plano
divino de redenção.
• Reafirmar que Cristo morreu por todos os que nele crêem para a salvação.
• Entender os significados dos principais termos relacionados à doutrina da salvação, bem como
o modo como tais conceitos se relacionam na sua própria experiência com Deus.
• Responder a tais ensinamentos com adoração e apropriação pessoal de tais verdades.

Introdução
Os estudos desta seção são o coração do evangelho. Neles você aprende sobre o Fi-
lho do Deus vivo, enviado dos céus para esmagar a cabeça da serpente, estabelecer o
reino divino e redimir aos eleitos. Ao conhecer mais e melhor ao “Cristo crucificado”
(1Co 1.22), que ressurgiu dos mortos e vive para sempre, você passa a compreender
a terceira expressão do acróstico TULIP, “limitada expiação”.
Estudos da seção 2: O que Cristo realizou
Estudo 06. Redenção e expiação
Estudo 07. Os sacrifícios de sangue no Antigo Testamento
Estudo 08. O que Cristo fez
Estudo 09. Cristo é “o” Mediador
Estudo 10. A expiação alcança os eleitos
Estudo 11. Não podia ser de outro jeito
Estudo 12. Conclusão

17
Estudo seis: Redenção e expiação
A fim de entender o ensino da Bíblia sobre a expiação, imagine uma situação por de-
mais improvável:1 o filho de um juiz respeitado comete uma infração grave no trânsi-
to, e seu caso é encaminhado para ser julgado por seu próprio pai.
Pense naquele juiz fazendo o que é certo, condenando o jovem com uma pena justa.
Após promulgar sua sentença, ele desce de sua tribuna, tira sua toga, abraça o filho e
paga a fiança. Tal juiz é honesto, cumprindo plenamente a justiça exigida pela lei. Ao
mesmo tempo ele ama incondicional e sacrificialmente, pois assume o prejuízo causa-
do pelo filho, pagando o que é estipulado.

Espere Israel no SENHOR, pois no SENHOR


Conceito de redenção há misericórdia; nele, copiosa redenção (Sl 130.7).

A expiação é um aspecto Antes de tudo, vos entreguei o que também


importante da redenção. Novas Palavras recebi: que Cristo morreu pelos nossos
Redenção: o ato de pecados, segundo as Escrituras (1Co 15.3).
De modo geral, redenção
é o “livramento de algum Deus, pelo sangue de Ele nos libertou do império das trevas
Cristo, de nos resgatar e nos transportou para o reino do Filho
mal através do pagamen- do seu amor, no qual temos a redenção, a
da maldição da lei e
to de um preço” (MORRIS, nos assegurar o perdão remissão dos pecados (Cl 1.13-14).
Leon, Redenção. In: DOUGLAS,
dos pecados e a vida Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-
1962, p. 1372). se ele próprio maldição em nosso lugar
eterna.
No Antigo Testamen- (porque está escrito: Maldito todo aquele
to, o verbo gã’al tem o sentido de “remir, libertar, que for pendurado em madeiro (Gl 3.13).
resgatar, vingar, agir como parente”. No Novo Cristo morreu positiva e eficazmente para
Testamento, exagorazo, redimir e lutroo, resgatar, salvar a um certo número de pecadores que
comunicam as idéias de “comprar para fora”, ou mereciam o inferno, em quem o Pai já havia
“libertar contra recibo de resgate”, e aphesis, re- fixado seu amor graciosamente e por eleição.
missão, é usado para transmitir as idéias de “sol- O Filho pagou a dívida desses eleitos, e por
eles satisfez a justiça do Pai, atribuindo-lhes
tura, liberação, libertação” (VINE, UNGER & WHITE
sua retidão de modo que se completem nele
JR., 2006, p. 259, 931 e 939).
(SEATON, [s.data], p. 13).
A obra de Cristo teve a natureza de
satisfação,2 porque enfrentou e respondeu a Quem é o Redentor dos eleitos de Deus?
todos os requerimentos da lei e da justiça de O único Redentor dos eleitos de Deus é o
Deus contra o pecador. A lei já não condena Senhor Jesus Cristo, que, sendo o eterno
Filho de Deus, se fez homem, e assim foi
o pecador que crê em Cristo. Mas aqueles
e continua a ser Deus e homem em duas
a quem a lei infinitamente santa e estrita de
naturezas distintas, e uma só pessoa, para
Deus não condena têm direito à comunhão e
sempre. BCW, pergunta 21.
ao favor divinos. Portanto, a obra de Cristo
não foi mero substituto para a execução da
lei, que Deus em sua soberana misericórdia O esquema da redenção
considera adequado aceitar em lugar do
que o pecador era obrigado a dar. Tinha um A figura 01 fornece um esquema ou moldura con-
valor inerente que a tornava uma satisfação ceitual dentro da qual podemos compreender me-
perfeita, de modo que a justiça não tem mais lhor a redenção.
exigências. Não se lhe pode exigir, com A Bíblia começa com a criação, queda e pro-
justiça, nenhum castigo adicional por aquele
messas iniciais da redenção. O Antigo Testamen-
delito (TSH, p. 844).
1
A situação é improvável porque, nos termos das leis ocidentais, juízes normalmente não podem julgar seus próprios familiares.
2
Cristo realizou uma obra de satisfação no sentido de satisfazer as exigências de Deus, de perfeita obediência à vontade divi-
na e de pagamento da penalidade do pecado, no lugar dos eleitos.
18
O que Cristo realizou 19
to é o registro dos primeiros anúncios do evange- para consumar o reino.
lho. Em seguida, temos a realização messiânica da O terceiro aspecto da obra redentora é o tem-
redenção. O Novo Testamento (o alicerce da ver- po presente. Entre a primeira e segunda vindas
dade inspirada por Deus e transmitida pelos após- de Jesus Cristo, o Espírito Santo está aplicando a
tolos) revela e explica a pessoa e obra do Reden- redenção nos eleitos. Pelo Espírito, a Igreja é ilu-
tor: Deus Filho encarnou-se, morreu, ressuscitou, minada, nutrida e capacitada para o cumprimen-
deu instruções à sua Igreja e foi exaltado (subiu to dos mandados divinos. A Igreja recebe força
aos céus, sentou-se à direita de Deus Pai e enviou enquanto vai retornando ao evangelho, a fim de
Deus o Espírito Santo), prometendo que voltaria obter ensinamentos e recursos espirituais.

O evangelho plenamente
revelado e explicado

Os primeiros anúncios do evangelho O evangelho aplicado

3
Aplicação Trinitária da Redenção
NT Iluminação, Nutrição, Capacitação e Missão

AT 2
Retorno contínuo à fonte. Avanço a partir dos retornos 4
aos conteúdos e recursos do evangelho
1
Serviço profético do AT Fundamento Serviço missionário e cosmonômico da Igreja
apostólico
do NT

1. Criação, queda e promessas iniciais da redenção


2. Realização messiânica da redenção (encarnação, morte, ressurreição e exaltação de Cristo – Pentecostes)
3. Aplicação atual da redenção
4. Consumação da redenção (parusia - segunda vinda de Cristo)
Término da revelação do Antigo Testamento (Malaquias)
Término da revelação do Novo Testamento (Apocalipse)

Figura 01: A redenção abrange toda a história, da criação até a consumação.

A redenção será completada na volta de Cris- objeto: denota a cobertura, o afastamento ou


to, denominada consumação. Naquele dia o pró- a extinção do pecado, de modo que ele não
prio cosmo será definitivamente libertado de to- mais constitua barreira à comunhão amigável
dos os resquícios da desobediência de Adão. entre a pessoa e Deus (PACKER, 2005, p. 218-
219).
Resumindo, no que diz respeito ao passado, a
redenção foi anunciada desde os tempos do Anti- A expiação3 é, mais Novas Palavras
go Testamento e realizada na encarnação, morte, propriamente, o ato de co- Expiação: o ato
ressurreição e exaltação do Senhor Jesus Cristo. brir. O termo usado na Es- providenciado pelo
No tempo atual, a redenção está sendo aplicada no critura significa “ressarcir”, próprio Deus, de enviar
alcance dos eleitos pelo evangelho e na influên- “indenizar”, “compensar”, Jesus Cristo, seu Filho,
cia destes em todas as áreas da vida para glória de “aplacar”, “perdoar”, “re- para morrer no lugar
Deus. Quanto ao futuro, a redenção será consuma- mover”, “anular”, “inva- dos eleitos, a fim de
pagar os pecados
da na volta de Cristo (figura 01). Essa é a moldura lidar”, “ser reparado”. O
deles.
dentro da qual devemos contemplar a expiação. sentido original é “calafe-
tar”, “besuntar”, ou seja,
Conceito de expiação “tapar uma fenda com betume”, que é uma aplica-
ção restrita do sentido mais geral de “cobrir”.
O termo expiação deve ser compreendido como
“o ato pelo qual Deus restaura o relacionamento O pecado exige retribuição
de harmonia e unidade entre ele e os seres huma-
nos” (YOUNGBLOOD, 2004, p. 535). Trata-se do pa- Os termos do pacto das obras foram claros. O ho-
gamento exigido pelo pecado, uma “satisfação ou mem morreria se comesse do fruto da árvore do
substituição penal” (TSB, p. 343). conhecimento do bem e do mal – a conseqüência
Expiação é a ação que tem o pecado como final do pecado é a morte. O pecado afronta a san-
3
A citação de J I. Packer e este parágrafo são contribuições do Presb. Alain Paul L. Rocchi.
20 Bases da salvação: redenção
mas da árvore do conhecimento do bem e do
tidade de Deus e, por isso, exige reparação e casti-
mal não comerás; porque, no dia em que dela
go. A transgressão torna seu praticante passível da
comeres, certamente morrerás (Gn 2.16-17).
pena de morte diante do santo tribunal divino.
Maldito aquele que não confirmar as
O fato de termos herdado a culpa do peca-
palavras desta lei, não as cumprindo. E
do de Adão, bem como a nossa prática pessoal do
todo o povo dirá: Amém (Dt 27.26)!
pecado nos colocam em eterna dívida para com o
Criador. Eis que todas as almas são minhas; como a
alma do pai, também a alma do filho é minha;
E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De a alma que pecar, essa morrerá (Ez 18.4).
toda árvore do jardim comerás livremente,
Porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23).

Atividades
1. A figura 01 revela quatro aspectos da redenção. Complete as frases conforme a figura:

Um. Criação, queda e promessas iniciais da redenção

Dois. Realização messiânica da redenção (encarnação, morte, ressurreição e exaltação de Cristo –


Pentecostes)

Três. Aplicação atual da redenção

Consumação da redenção (parusia – segunda vinda de Cristo)


2. Explique com suas palavras o que é expiação. Sugestão de resposta. Caro discipulador, ainda que
você deva dar liberdade a cada aluno para explicar o conceito, lembre-se que as explicações de-
vem ser consistentes com o conceito apresentado no estudo.
3. Relacione corretamente as frases:

a) O homem morreria se comesse do fruto da ( b ) a conseqüência final do pecado é a morte.


árvore do conhecimento do bem e do mal pois...
b) Todo pecado é por Deus reprovado, pois... ( c ) nos colocam em eterna dívida para com o
Criador.
c) O fato de termos herdado a culpa de Adão... ( a ) a lei divina declara maldito todo o que
desobedece a qualquer mandamento.
Estudo sete: Os sacrifícios de sangue
no Antigo Testamento

Em 1977 um garoto de 13 anos caiu num fosso de ariranhas, no zoológico de Brasília.


Passava por perto Sílvio Delmar Hollenbach, um sargento do Exército, que pulou no
fosso e retirou o adolescente.
Os animais, agitados porque recentemente haviam tido filhotes, atacaram o militar,
que não resistiu aos ferimentos, morrendo no hospital.
Por sua coragem ele ganhou do Exército a “Medalha do Pacificador com Palma” e
foi homenageado pelo povo de Brasília, que deu o seu nome ao zoológico da cidade.
Ademais, o presidente da República o promoveu, após a morte, por bravura, ao posto
de segundo tenente.
Adaptado de EXÉRCITO BRASILEIRO, [s.local]: 2002.

Sacrificar-se a fim de salvar outra pessoa é um ato heróico. Cristo, por sua vez, é muito
mais do que um herói. O derramamento de seu sangue na cruz foi muito mais do que a
conseqüência de sua dedicação aos homens. Cristo verteu o seu sangue para satisfazer
plenamente a justiça de Deus.

O significado do sangue lei de Moisés. Era sobre o propiciatório que mani-


festava-se a presença gloriosa de Deus (figura 02).
O sangue é o símbolo da vida. Por isso, a expiação
do pecado exige o derramamento de sangue, ou
seja, o sacrifício de uma vida.
Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo
tenho dado sobre o altar, para fazer expiação
pela vossa alma, porquanto é o sangue que
fará expiação em virtude da vida (Lv 17.11).
Nos tempos do Antigo Testamento, o perdão
de pecados era obtido quando o pecador entrega-
va ao sacerdote um animal que era morto em seu
lugar.
Como sua oferta pela culpa, pelo pecado que Figura 02. O propiciatório era a tampa da arca, sobre a qual
cometeu, trará ele ao SENHOR, do gado eram colocados os querubins.
miúdo, uma cordeira ou uma cabrita como Ali, virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio
oferta pelo pecado; assim, o sacerdote, por dos dois querubins que estão sobre a arca do
ele, fará expiação do seu pecado (Lv 5.6). Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que
No qual temos a redenção, pelo seu eu te ordenar para os filhos de Israel (Êx 25.22).
sangue, a remissão dos pecados, segundo Tomará do sangue do novilho e, com o dedo, o
a riqueza da sua graça (Ef 1.7). aspergirá sobre a frente do propiciatório; e, diante
do propiciatório, aspergirá sete vezes do sangue,
O sangue e o propiciatório com o dedo. Depois, imolará o bode da oferta pelo
pecado, que será para o povo, e trará o seu sangue
O sangue da oferta era colocado sobre o propicia- para dentro do véu; e fará com o seu sangue
tório, no santo dos santos, o lugar mais reservado como fez com o sangue do novilho; aspergi-lo-á
no propiciatório e também diante dele. Assim, fará
do tabernáculo. Dentro da arca ficavam as tábuas da expiação pelo santuário por causa das impurezas

21
22 Bases da salvação: redenção
dos filhos de Israel, e das suas transgressões,
do Criador, se um substituto morrer em seu lugar,
e de todos os seus pecados. Da mesma sorte,
fará pela tenda da congregação, que está com assumindo a penalidade devida por seus pecados.
eles no meio das suas impurezas (Lv 16.14-16). Repetindo: um substituto deve cumprir os termos
do pacto, no lugar do pecador.
A utilidade da lei Os passos da expiação no
A lei indica o caminho da virtude e promulga a propiciatório
sentença de condenação sobre o pecador, mas Como isso funcionava no propiciatório:
não capacita o homem a obedecê-la. Seu objetivo
primário é revelar o perfeito padrão de justiça de 1. Deus vinha por sobre a arca da aliança,
Deus. enxergava sua lei, que havia sido quebra-
da pelo pecador, e isso provocava sua ira.
Ademais, a lei serve como um guia que des-
perta em nós a consciência de nosso pecado, uma 2. Em seguida, ao ver o sangue sobre o pro-
vez que, por ela, compreendemos a extensão da piciatório, Deus considerava que a culpa
depravação total: somos convencidos de nossa in- do pecador estava expiada, ou seja, remi-
capacidade de apresentar obediência absoluta aos da, paga.
preceitos de Deus. 3. Deus se tornava propício ao pecador, ou
seja, perdoava o pecado com base no san-
Ninguém será justificado diante dele por
obras da lei, em razão de que pela lei vem o
gue aspergido sobre o propiciatório. Isso
pleno conhecimento do pecado (Rm 3.20). nos ajuda a compreender o hino 268, Re-
De maneira que a lei nos serviu de aio para denção, do hinário Novo cântico:
nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos Sê propício aos condenados
justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não A lutar na escuridão
permanecemos subordinados ao aio. (Gl 3.24-25). Deste abismo de pecados,
Pois qualquer que guarda toda a lei, mas Sob a dor da maldição!
tropeça em um só ponto, se torna culpado
de todos. Porquanto, aquele que disse: Não O teu sangue foi vertido,
adulterarás também ordenou: Não matarás. Expiraste, ó meu Jesus!
Ora, se não adulteras, porém matas, vens E ficou por ti cumprido
a ser transgressor da lei (Tg 2.10-11). Meu resgate sobre a cruz.
Mas todos nós somos como o imundo, e todas as
A lógica da expiação nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós
murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades,
O raciocínio por trás dos sacrifícios do Velho como um vento, nos arrebatam (Is 64.6).
Testamento é simples: o homem não consegue,
Com efeito, quase todas as coisas, segundo a
por sua força, guardar a lei. Ele não possui mere-
lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento
cimentos nem capacidade para salvar-se. Deixado de sangue, não há remissão (Hb 9.22).
à sua própria sorte e recursos, é condenado. Ele só
pode ser perdoado e, por conseguinte, reaproximado
O que Cristo realizou 23

Atividades
1. Responda
a) No Velho Testamento a expiação do pecado exigia o derramamento de sangue, por quê? Sugestão de
Resposta: Porque o sangue é o símbolo da vida, já que o pecado resulta em morte, a expiação do
pecado exige o derramamento de sangue, o sacrifício de uma vida.
b) Como o perdão dos pecados era obtido no Velho Testamento? Sugestão de Resposta: O Pecador
deveria entregar um animal ao sacerdote, este animal era morto em seu lugar e o sangue da oferta
era colocado sobre a tampa da arca da aliança, em um lugar chamado propiciatório, assim quando
Deus via o sangue aspergido pelo pecado, ele considerava que a culpa do pecador estava expiada
perdoando o pecador com base no sangue do substituto.
c) Qual o objetivo da lei dada por meio de Moisés? Sugestão de Resposta: Indicar o caminho da
virtude, o caminho que o povo deveria seguir e promulgar a sentença de condenação, já que
nenhum homem poderia cumpri-la. Ela revela o perfeito padrão da justiça de Deus, e serve como
guia para despertar em nós a consciência do pecado e nos convencer da nossa incapacidade em
obedecer a Deus.
2. Numere a seqüência das frases, de acordo com a lógica dos sacrifícios do Velho Testamento:
( 3 ) Deixado à sua própria sorte e recursos, será condenado.
( 4 ) Ele só pode ser perdoado e, por conseguinte, reaproximado do Criador, se um substituto morrer
em seu lugar.
( 1 ) O homem por sua força, não consegue guardar a lei.
( 2 ) Ele não possui merecimentos nem capacidade para salvar-se a si mesmo.
Estudo oito: O que Cristo fez
Em 2007 o Brasil vibrou com a visita de uma comissão da Federação Internacional de
Futebol – FIFA. Várias cidades foram inspecionadas com o objetivo de verificar-se
a possibilidade do país sediar a Copa de 2014. Autoridades do governo federal, bem
como governadores de alguns Estados, demonstraram entusiasmo nas entrevistas. Fi-
cou claro o interesse da nação em preencher os requisitos necessários para hospeda-
gem do grande evento.
Tal situação nos ajuda a entender o valor da antecipação. Os inspetores da FIFA fo-
ram considerados como uma espécie de prenúncio de algo que poderia ocorrer. Ainda
que os preparativos para uma Copa do Mundo exigissem grandes investimentos e
cuidado com detalhes, a chegada daquela comissão deu ao Brasil uma esperança: se a
nação atendesse a algumas exigências, a Copa de 2014 seria marcada, predominante-
mente, pelo verde-amarelo.

Os sacrifícios indicavam Cristo Como Cristo satisfaz a justiça divina


Os sacrifícios de animais das cerimônias do An- O cumprimento do pacto
tigo Testamento eram uma espécie de anúncio e da redenção exigiu a entre- Novas Palavras
preparação. O sangue dos animais só era aceito ga de Cristo como sacrifí- Vicário: Que faz
por Deus porque prefigurava o definitivo e eficaz cio vicário, ou seja, substi- as vezes de – que
sacrifício de Cristo. tutivo. A morte de Cristo substitui – outrem. O
sacrifício de Cristo é
Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, satisfez plenamente as exi-
denominado vicário
abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, gências da justiça divina. porque Jesus nos
dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A Como o Senhor Jesus substituiu na cruz. Ele
seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças,
fez isso? literalmente recebeu o
o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele
castigo que, legalmente,
todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da O último Adão cabia a nós.
[nova] aliança, derramado em favor de muitos,
Primeiro, a reversão da
para remissão de pecados (Mt 26.26-28).
queda exigia uma vida de completa obediência, ou
No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha seja, o cumprimento perfeito dos termos do pacto
para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus,
das obras de Gênesis 2.16.17.
que tira o pecado do mundo! (Jo 1.29).
Ao tornar-se plenamente humano, Jesus assu-
Não por meio de sangue de bodes e de miu a posição de último Adão. Assim como o pri-
bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou
meiro Adão, por sua desobediência trouxe morte
no Santo dos Santos, uma vez por todas,
e escravidão à sua descendência, Cristo, por sua
tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o
sangue de bodes e de touros e a cinza de uma obediência, garantiu vida e libertação ao seu povo,
novilha, aspergidos sobre os contaminados, os bem como redenção à totalidade do cosmo.
santificam, quanto à purificação da carne, muito Se, pela ofensa de um só, morreram muitos,
mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, muito mais a graça de Deus e o dom pela
a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, graça de um só homem, Jesus Cristo, foram
purificará a nossa consciência de obras mortas, abundantes sobre muitos (Rm 5.15).
para servirmos ao Deus vivo! (Hb 9.12-14). Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão,
Porque é impossível que o sangue de touros foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é
e de bodes remova pecados (Hb 10.4). espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual,
e sim o natural; depois, o espiritual (1Co 15.45-46).

24
O que Cristo realizou 25
nos, com sincero coração, em plena certeza de
O castigo pelo pecado fé, tendo o coração purificado de má consciência
Segundo, uma vez que toda a descendência de e lavado o corpo com água pura (Hb 10.19-22).
Adão está incluída no pecado, e, portanto, mere-
ce a morte, era necessário que Cristo assumisse o O diabo foi vencido
lugar dos eleitos, morrendo por eles. Dessa for- Terceiro, Cristo venceu o diabo. Sua obra re-
ma, Deus poderia perdoar os pecados dos eleitos dentora cumpriu a promessa de Gênesis 3.15. Os
ao mesmo tempo em que demonstraria sua jus- cristãos, por meio do Redentor, foram libertos do
tiça contra o pecado. No sacrifício expiatório de poder do inimigo.
Cristo, Deus, que é santo e justo, castigou o peca- Qual é o seu único conforto na vida e
dor – representado por seu Filho, morto na cruz. na morte? O meu único conforto é que
Simultaneamente, ele abriu a porta de comunhão – corpo e alma, tanto na vida como na
para aqueles que aceitam sem perdão, confiados morte, não pertenço a mim mesmo, mas ao
meu fiel Salvador, Jesus Cristo, que, com
na pessoa e obra de Cristo.
o seu próprio sangue, pagou totalmente
É esse aspecto da obra do Redentor que ga- por todos os meus pecados e me libertou
rante aos discípulos o perdão dos pecados. completamente do poder do diabo; e assim
ele me preserva, de modo que, contra a
Cremos que Deus, que é perfeitamente
vontade do meu Pai celestial, nem um fio
misericordioso e justo, enviou o seu Filho
de cabelo poderá cair da minha cabeça;
para assumir a natureza humana em
e também, que todas as coisas devem
que foi cometida a desobediência, para
cooperar para minha salvação, e, portanto,
fazer reparação pela mesma, e suportar
pelo seu Espírito Santo ele também
o castigo do pecado pela sua paixão e
me garante a vida eterna e me torna
morte. Portanto, Deus manifestou a sua
sinceramente disposto e pronto a viver para
justiça contra o seu Filho quando colocou
ele daqui em diante. CH, pergunta 1.
as nossas iniqüidades sobre ele e derramou
a sua bondade sobre nós, que éramos Ele nos libertou do império das trevas e
culpados e dignos da condenação. Por nos transportou para o reino do Filho do
amor perfeitíssimo, ele entregou o seu seu amor, no qual temos a redenção, a
Filho à morte por nós e o ressuscitou para remissão dos pecados (Cl 1.13-14).
nossa justificação, a fim de que por ele
tivéssemos a imortalidade e a vida eterna. Visto, pois, que os filhos têm participação
CB, artigo 20. comum de carne e sangue, destes também
ele, igualmente, participou, para que, por sua
Mas ele foi traspassado pelas nossas morte, destruísse aquele que tem o poder
transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; da morte, a saber, o diabo (Hb 2.14).
o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e
pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53.5).
O envio do Espírito Santo
Pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua
Por último, depois de exaltar ao Filho, Deus
graça, mediante a redenção que há em Cristo Pai enviou ao seu povo, por meio de Cristo, o Es-
Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como pírito Santo.
propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua Cristo realizou a redenção em um ponto fixo
justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado
da geografia e história – morreu e ressuscitou em
impunes os pecados anteriormente cometidos;
tendo em vista a manifestação da sua justiça no Jerusalém, há pouco mais de dois mil anos atrás.
tempo presente, para ele mesmo ser justo e o O Espírito, por sua vez, é o Executivo da Trinda-
justificador daquele que tem fé em Jesus. Onde, de, responsável por atualizar o evangelho às novas
pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que gerações de eleitos.
lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.
Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
A partir do Pentecostes, o evangelho do amor
independentemente das obras da lei (Rm 3.23-28). do Pai revelado em Cristo, se expandiu por todas
Mas Deus prova o seu próprio amor para as nações, no poder do Espírito. As novas gera-
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por ções de eleitos, regenerados pela bênção de Deus,
nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). puderam reassumir os mandados espiritual, social
Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no e cultural, estabelecidos no pacto da criação. Ago-
Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, ra o universo pode ser abençoado pela Igreja, e a
pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou vida pode ser vivida tendo como centro a glória
pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande
do Criador.
sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-
26 Bases da salvação: redenção
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro estais comigo desde o princípio (Jo 15.26-27).
Consolador, a fim de que esteja para sempre ... a própria criação será redimida do
convosco, o Espírito da verdade, que o mundo cativeiro da corrupção, para a liberdade
não pode receber, porque não o vê, nem o da glória dos filhos de Deus (Rm 8.21).
conhece; vós o conheceis, porque ele habita
convosco e estará em vós. Não vos deixarei Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio,
órfãos, voltarei para vós outros (Jo 14.16-18). o primogênito de entre os mortos, para em todas
as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus
Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo
enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
que dele procede, esse dará testemunho de dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas,
mim; e vós também testemunhareis, porque quer sobre a terra, quer nos céus (Cl 1.18-20).

Atividades
1. Escreva “C” para as afirmativas corretas, e “E” para as afirmativas erradas.
( C ) O sacrifícios no Antigo Testamento indicavam para o sacrifício de Cristo.
( E ) O sangue dos animais era aceito por Deus porque eles eram perfeitos.
( C ) O cumprimento do pacto exigiu a entrega de Cristo.
( C ) Sacrifício “vicário” é a mesma coisa que sacrifício substitutivo.
2. Procure no caça-palavras os termos que completam as frases:

L E S P I R V U Q F X P N E M L E + + + + + + + + + + + + +
S I L R F C A W Y N I K B B C + I L + + + + + + + + + + + +
C B B E Y Y H V C L B R A M B + + B E + + + + + + + + + + +
T Y L E I R E D E N T O R A O + + + E I R E D E N T O R A O
B J M Y R T G W E U L P E K T + + + + R T + + + + + + E + T
X Q G U A T O Z I J B V O T I + + + + + T O + + + + V O + I
W P C Q M D O S O K A B T Y R + + + + + + O S + + A B + + R
Q S L B U E R S Y N E T Q N I + + + + + + + S + N E + + + I
M O R T E S P X G D Q E G I P M O R T E + + + G D + + + + P
C R I S T O N E I H Y E I A S C R I S T O + E I + + + + + S
I R C B K W L E R I A D M B E + + + + + + L E + + + + + + E
O P F V R H N E U I Q I T P M + + + + + H N + + + + + + + +
T Q P X O C R V R Y W N U F O + + + + O C + + + + + + + + +
C L I A I A C I T S U J M K N + + + + I A C I T S U J + + +
S Z E A K R K C H B D N O Y T + + + A + + + + + + + + + + +

a) A morte de Cristo satisfez plenamente as exigências da justiça divina.


b) O primeiro Adão, por sua desobediência, trouxe morte e escravidão à sua descendência. Cristo, por
sua obediência, trouxe vida eterna.
c) Cristo assumiu o lugar dos eleitos, morrendo por eles.
d) A obra redentora de Cristo cumpriu a promessa de Gênesis 3.15. Os cristãos, por meio do Reden-
tor, foram libertos do poder do inimigo.
e) O Espírito Santo é responsável por atualizar o evangelho às novas gerações de eleitos.
Estudo nove: Cristo é o mediador
Antes de emprestar uma grande quantia, um banco normalmente exige que seu cliente
apresente um fiador, como garantia do contrato. Disputas pessoais ou mesmo entre
nações são resolvidas com a intervenção de um mediador. Um fiador é alguém que
garante o pagamento de uma dívida, no caso da impossibilidade de quitação por parte
do devedor. Um mediador é alguém que liga duas partes antes separadas.

Cristo é mediador e fiador deve-se estabelecer este princípio, a saber:


que o ofício que lhe foi outorgado pelo Pai
Para realizar a redenção Cristo assumiu o ofício consta de três partes. Ora, ele foi dado não
de mediador e fiador. Como mediador, ele uniu os apenas como Profeta, mas também como Rei,
eleitos a Deus. Como fiador, ele garantiu o paga- e ainda como Sacerdote (IC, 2.15.1, p. 248).
mento do preço pelos pecados dos eleitos. Aprouve a Deus, em seu eterno propósito,
Porquanto há um só Deus e um só Mediador escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho
entre Deus e os homens, Cristo Jesus, Unigênito, para ser o Mediador entre Deus
homem, o qual a si mesmo se deu em resgate e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o
por todos: testemunho que se deve prestar Cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro
em tempos oportunos (1Tm 2.5-6). de todas as coisas e o Juiz do Mundo; e
deu-lhe, desde toda a eternidade, um povo
O Senhor Jesus, em sua natureza humana para ser sua semente, e para, no tempo
unida à divina, foi santificado e sem devido, ser por ele remido, chamado,
medida ungido com o Espírito Santo, tendo justificado, santificado e glorificado.
em si todos os tesouros de sabedoria e da CFW, 8.1.
ciência. Aprouve ao Pai que nele habitasse
toda a plenitude, a fim de que, sendo santo, O SENHOR, teu Deus, te suscitará um
inocente, incontaminado e cheio de graça e
profeta do meio de ti, de teus irmãos,
verdade, estivesse perfeitamente preparado
para exercer o ofício de Mediador e Fiador. semelhante a mim; a ele ouvirás (Dt 18.15).
Este ofício ele não tomou para si, mas para Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de
ele foi chamado pelo Pai, que lhe pôs nas
Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes,
mãos todo o poder e todo o juízo, e lhe
ordenou que os exercesse. CFW, 8.3. Deus o fez Senhor e Cristo (At 2.36).
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes
Cristo é profeta, sacerdote e rei e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
nestes últimos dias, nos falou pelo filho, a quem
O Redentor realiza sua função de mediação exer- constituiu herdeiro de todas as cousas, pelo
cendo as funções de Profeta, Sacerdote e Rei. qual também fez o universo (Hb 1.1-2).
6 Como Profeta ele revela a vontade de
Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como
Deus para a salvação daqueles que nele
grande sumo sacerdote que penetrou os céus,
crêem e traz a derradeira e suprema pala-
conservemos firmes a nossa confissão. Porque
vra do evangelho.
não temos sumo sacerdote que não possa
6 Como Sacerdote ele intercede por seu
compadecer-se das nossas fraquezas; antes,
povo e oferece o sacrifício exigido pelos pe- foi ele tentado em todas as coisas, à nossa
cados. semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos,
6 Como Rei ele governa, supre, cuida e pro- portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a
tege seus súditos. fim de recebermos misericórdia e acharmos graça
Portanto, para que a fé ache em Cristo sólida para socorro em ocasião oportuna (Hb 4.14-16).
matéria de salvação, e assim nele descanse,

27
28 Bases da salvação: redenção

Atividades
1. Complete:

a) Como mediador, Jesus uniu os eleitos a Deus.

b) Como fiador, Jesus satisfez a justiça de Deus pagando o preço pelos pecados dos eleitos.

2. Relacione os títulos da coluna da esquerda com as atribuições da coluna da direita.

( 1 ) Profeta ( 2 ) Intercede pelo povo e oferece sacrifício pelos pecados.

( 2 ) Sacerdote ( 3 ) Governa, supre, cuida e protege seus súditos.

( 3 ) Rei ( 1 ) Revela a vontade de Deus para a salvação daqueles que crêem nele.
Estudo 10: A expiação alcança os eleitos
Após ter visitado várias igrejas, sempre buscando respostas às suas dúvidas relacio-
nadas à salvação, Vilma estava confusa. Um sacerdote recomendou que ela fizesse
boas obras e rezasse regularmente. Um pastor evangélico lhe disse que, para ser salva,
bastava levantar a mão “aceitando a Jesus” e, em seguida, preencher uma ficha de deci-
são. Em ambos os casos, parecia que a salvação era algo obtido por obras, mesmo no
último caso, pois, a resposta ao apelo era algo que ela podia fazer, conforme o pregador
repetiu várias vezes.
Ao conversar com seus colegas de trabalho, a coisa “complicou”.
– Não se preocupe com isso – asseverou Arnaldo. – Deus é amor, e um Deus de
amor não mandaria ninguém para o inferno. Creio que Cristo realmente veio ao
mundo para salvar os pecadores e, como todos as pessoas são pecadoras, Cristo
veio salvar a todas elas. No final das contas, todos serão salvos.
– Eu discordo completamente – disse Júlia, uma colega evangélica. – Deus já man-
dou Jesus Cristo para nos salvar. Agora, Vilma, você precisa imaginar como se
Jesus estivesse sendo oferecido a todos, como um produto – um excelente produto
por sinal – em uma loja. Compra quem quer. Entenda que Deus já fez o que era
necessário para a salvação. O resto depende de nós. É preciso “tomar posse” da
salvação pela fé. Se você não quiser crer, saiba que mesmo que Cristo deseje salvá-la,
ele não poderá fazer isso, pois sua incredulidade impede que a redenção seja eficiente
para você.

Argumentos defeituosos Esse ponto contraria o ensino claro das Es-


crituras. A Bíblia revela que a salvação depende
O argumento da colega de Vilma é baseado em de conhecermos a Cristo, de nele crermos e a ele
duas teses relacionadas à morte de Cristo, a de invocarmos como Senhor e Salvador pessoal. Se-
que Cristo morreu para “salvar a todos os homens gundo a Palavra de Deus, os que não abraçarem o
sem distinção” ou que ele “morreu para salvar a evangelho continuarão separados de Deus, desti-
ninguém em particular” (SEATON, obra citada, p. 13). nados a eterna condenação.
O argumento do universalismo O argumento do arminianismo
Essa tese afirma que a morte de Cristo teve A segunda tese recebe esse nome por causa de
como objetivo salvar a todos 4 os homens; portanto, seu principal defensor, Jacobus Arminius, (1559-
todas as pessoas serão salvas, mesmo aquelas que 1609) professor de teologia na Universidade de
nunca ouviram ou que rejeitaram o evangelho. Leiden (WRIGHT, 1998, p. 30). Arminius ensinava que
A lógica por trás desse argumento é simples: o homem pode ser salvo, se ele quiser. Para ele,
se Deus é amor, não deve haver nenhum tipo de após a queda, o homem não decaiu completamen-
condenação eterna ou inferno. te. A vontade humana, mesmo depois da desobe-

4
Para defesa desse ponto de vista, são citados textos bíblicos nos quais afirma-se que Cristo morreu por “todos” os homens,
ou que Deus tem a intenção de salvar a “todas” as pessoas; p. ex., 1Tm 2.4. A melhor interpretação para tais textos é que os
termos “todos” ou “todas”, nestas passagens, devem ser entendidos como referindo-se a todos os eleitos. Deus ordena que o
evangelho seja pregado a todos os seres humanos (chamado externo), para que, por meio dessa pregação, sejam convertidos
os escolhidos (chamado interno ou vocação eficaz).

29
30 Bases da salvação: redenção
diência de Adão, continuou livre para decidir-se 6 O evangelho é pregado com um convite a
por Cristo. Tais afirmações contrariam o ensino todos, para que se arrependam e creiam.
da Bíblia sobre a total depravação 6 Nem todos, porém, crêem no evange-
O arminianismo é uma tentativa de estabe- lho. Isso se deve a um fato simples: O
lecer o homem como centro do processo de sal-
evangelho é para salvação dos eleitos.
vação. Ensina-se que Cristo obteve uma possível
salvação, que é efetivada de acordo com o exercício 6 Para os eleitos, o evangelho é o poder
da vontade humana. Se o pecador decidir aceitar a de Deus para a salvação. Nesses, Deus
Cristo, então ele será salvo. Se ele decidir rejeitá- cumpre plenamente seu eterno conse-
lo, a morte de Cristo continua válida para sua sal- lho.
vação, mas ele não será salvo em virtude de sua
Concluindo, a expiação realizada por Cristo é
rejeição do evangelho.
cem por cento eficaz para cumprir o plano divino.
De acordo com esse ponto de vista, Cristo pode
salvar a todos – se todos o aceitarem – ao mesmo O Filho de Deus morreu para resgatar a todos os
tempo em que pode salvar ninguém – se ninguém o que haviam sido dados a ele no pacto da redenção.
aceitar. A eficácia do sacrifício de Cristo é relativa
Foi da vontade de Deus que Cristo por
e parcial. meio do sangue na cruz (pelo qual Ele
O problema aqui é que a soberania de Deus é confirmou a nova aliança) redimisse
limitada pela vontade do homem. Deus salva se o efetivamente de todos os povos, tribos,
homem quiser. Mesmo que Deus deseje salvar, se línguas e nações, todos aqueles e somente
o homem não quiser a salvação, Deus fica impedi- aqueles que foram escolhidos desde a
do, limitado ou circunscrito pela decisão humana. eternidade para serem salvos, e Lhe foram
dado pelo Pai. Deus quis que Cristo lhes
A Bíblia, por sua vez, revela que o evangelho
desse a fé, que Ele mesmo lhes conquistou
é centrado em Deus que é Criador e soberano. O com sua morte, junto com outros dons
que Deus decreta, faz. Deus jamais é limitado por salvíficos do Espírito Santo. Deus quis
suas criaturas. Isso significa que Deus salva a quem também que Cristo os purificasse de todos
planeja salvar. os pecados por meio do seu sangue, tanto
O arminianismo foi condenado como here- do pecado original como dos pecados
sia pela Igreja Reformada Holandesa no Sínodo atuais, que foram cometidos antes e
de Dordrecht, em 1618-19, mas ganhou força a depois de receberem a fé. E que Cristo os
guardasse fielmente até ao fim e finalmente
partir do século XIX, principalmente “por causa
os fizesse comparecer perante o próprio Pai
de sua ênfase no individualismo idealista ou oti- em glória, “sem mácula, nem ruga”
mista” (HORTON, 1998, p. 45). Atualmente a crença (Ef 5:27). CDt, cap. 2, artigo 8.
arminiana é defendida por teólogos influentes e
propagada pela maioria das igrejas evangélicas. Enviou ao seu povo a redenção; estabeleceu
para sempre a sua aliança; santo e
Conceito de expiação limitada tremendo é o seu nome (Sl 111.9).
Ela dará à luz um filho e lhe porás o
A expressão limitada ex- nome de Jesus, porque ele salvará o seu
piação indica que a eficácia Novas Palavras povo dos pecados deles (Mt 1.21).
da morte de Cristo alcança Expiação limitada: Todo aquele que o Pai me dá, esse virá
o número exato dos eleitos. A entrega de Cristo a mim; e o que vem a mim, de modo
na cruz, a fim de nenhum o lançarei fora (Jo 6.37).
6 A morte de Cristo
derramar seu sangue É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas
tem valor infinito, e providenciar por aqueles que me deste, porque são teus (Jo 17.9).
ou seja, é suficien- purificação dos
te para salvar a to- Maridos, amai vossa mulher, como
pecados para todos os também Cristo amou a igreja e a si
dos os homens. eleitos. mesmo se entregou por ela (Ef 5.25).
O que Cristo realizou 31

Atividades
1. Assinale a alternativa correta:
Expiação limitada é:
( ) O fato de Jesus ter morrido por todas as pessoas.
( √ ) O fato de Jesus ter morrido pelos eleitos de Deus.
( ) O fato de Jesus ter morrido pelos pobres.
2. Explique porque o universalismo e o arminianismo não são considerados ensinos bíblicos. Sugestão
de resposta: O universalismo é errado porque baseia-se na crença de que, se Deus é amor, não
condenará as pessoas. A Bíblia, porém, revela que a salvação depende de reconhecermos e desfru-
tarmos de Cristo como nosso Senhor e Salvador, do contrário, Deus manifestará a sua justiça. O
arminianismo é contrário às Escrituras, porque é baseado na crença de que a salvação depende da
vontade humana. O Deus revelado na Escritura é soberano, e sua soberania não é limitada pelos
homens.
Estudo onze: Não podia ser de outro jeito
A pergunta veio de um dos presbíteros mais experientes: – Considerando as condições
do pacto das obras, é possível a salvação sem a redenção?
O candidato à profissão de fé e batismo engoliu em seco, franziu a testa e pensou por
longos cinco segundos. Em seguida ajeitou a postura, olhou os membros do Conselho
nos olhos e respondeu cheio de convicção:
– Sim é claro! Deus é soberano e, sendo assim, ele não precisaria, se quisesse, mandar
Jesus para morrer por nós na cruz. Ele poderia simplesmente decretar, como Deus,
que quem cresse nele seria perdoado e pronto. Se Deus quisesse nos salvar sem ne-
nhum sacrifício de sangue, ele o faria.
A fala do jovem causou boa impressão aos líderes da Igreja. Estes reconheceram sua
inteligência e boa capacidade de comunicação. Elogiaram ainda sua convicção sobre
a soberania de Deus. Orientaram-no, porém, a retornar à classe de catecúmenos. Ele
não estava pronto para professar a fé e receber o batismo, pois não havia compreendi-
do adequadamente o ensino bíblico acerca da redenção.

É necessário que o Filho do Homem sofra muitas


Jesus tinha de morrer na cruz coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos
principais sacerdotes e pelos escribas; seja
Repassemos os principais ensinamentos da dou- morto e, no terceiro dia, ressuscite (Lc 9.22).
trina da expiação:
6 De acordo com o pacto das obras de Gê- A expiação garante a justificação
nesis 2.16-17, o pecado gera o afastamen- Em razão da expiação, te-
to de Deus que culmina com a morte (não mos paz com Deus. Por Novas Palavras
apenas física mas sobretudo espiritual). meio de Cristo fomos jus- Justificação: “Processo
tificados, ou seja, decla- pelo qual seres
6 Deus é santo em sua natureza. Sendo
humanos pecadores
santo, ele não tem como não condenar o rados justos e acolhidos por
são aceitos por
pecador. Sua justiça exige a aplicação dos causa dos méritos e sacrifício um Deus santo”
termos do pacto das obras. do Redentor. (YOUNGBLOOD, obra
citada, p. 829).
6 Isso significa que, mesmo que Deus queira Mas vós sois
perdoar, ele também deve condenar. Para dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou
resolver o dilema, é necessária a expiação.
da parte de Deus sabedoria, e justiça, e
A questão, então, não é se Deus castigará o santificação, e redenção (1Co 1.30).
pecado, mas quem receberá o castigo. A doutrina
da expiação mostra que, para ser salvo do castigo, Justificados, pois, mediante a fé, temos
o pecador deverá recorrer a um substituto que pa- paz com Deus por meio de nosso
gue por ele o preço de sua transgressão. Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1).

Em suma, se Cristo não morresse na cruz, não Portanto, interpretamos a justificação somente
haveria salvação. como a aceitação em virtude da qual, recebidos
De acordo com os termos do conselho, Deus à sua graça, Deus nos tem por justos. E dizemos
deu seu Filho unigênito para que todo aquele que ela consiste na remissão dos pecados e na
que nele crê tenha vida eterna (TSHB, p. 177). imputação da justiça de Cristo (IC, 3.11.2, p. 198).

32
O que Cristo realizou 33
Proclamando em grande voz: Digno é
Glória ao crucificado e o Cordeiro que foi morto de receber o
ressurreto poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e
honra, e glória, e louvor (Ap 5.12).
Cristo “desceu ao hades”, ou seja, morreu e foi
sepultado. Três dias depois ele ressuscitou. A re- Como devemos reagir a tais ensinos? Res-
denção foi consumada e o Redentor, assentado ao pondemos ao amor de Cristo com fé, louvor e
lado de Deus Pai, intercede por nós, protegendo- amorosa obediência.
nos, guiando-nos e abençoando-nos diariamente. Livres do medo! Já resgatados!
Deus prometeu e cumpriu, decidiu salvar e Cristo morreu por nossos pecados!
salvou, decretou e agiu. Sua vontade foi completa- Na sua cruz o pacto se fez,
mente realizada, nada foi capaz de frustrar os seus Fomos remidos de uma vez.
desígnios. Sim, de uma vez! Amigo, acredita,
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso No Salvador tens sorte bendita!
Senhor, o qual foi concebido por obra do Cristo, na cruz, a Lei satisfez
Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu E redimiu-nos de uma vez!
sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, Ao malfeitor, que a pena merece,
morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu
Vida, perdão e paz oferece.
dos mortos ao terceiro dia; subiu ao céu; está
Vem a Jesus com santa avidez
assentado à mão direita de Deus Pai Todo-
Pois te recebe de uma vez!
poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos
e os mortos (Credo apostólico). Graça real! Não há mais castigo!
Não mais temor, nem sombra ou perigo!
Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não
Vestes reais, não triste nudez,
há salvador. Eu anunciei a salvação, realizei-a
Cristo enriquece de uma vez!
e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre
vós, pois vós sois as minhas testemunhas, Hino 150, Salvação perfeita, do
diz o SENHOR; eu sou Deus (Is 43.11-12). hinário Novo cântico.
34 Bases da salvação: redenção

Atividades
1. Mesmo considerando os termos do pacto das obras, a expiação foi apenas um método escolhido
por Deus para a salvação, mas ele podia salvar os eleitos simplesmente declarando que estes estavam
perdoados. Desse modo, Deus “se esqueceria” dos pecados dos homens, sem necessidade da morte
de seu Filho numa cruz.
As afirmações acima são verdadeira ou falsas? Explique sua resposta. Sugestão de resposta: Tais
declarações são falsas. O pacto das obras exigia duas coisas: perfeita obediência ou, em caso de
desobediência, a morte. Se Cristo não viesse para viver uma vida de perfeita santidade e, além
disso, morrer por nós na cruz, não haveria redenção.
2. Complete a frase com a sentença correta:
Agora temos paz com Deus, podemos nos aproximar dele, uma vez que formos declarados
justos por causa dos méritos de Cristo.
a) ... pois, pelos nossos méritos, somos salvos.
b) ... Jesus morreu por nós, mas podemos decidir se queremos ou não essa paz.
c) ... podemos nos aproximar dele, uma vez que fomos declarados justos por causa dos méritos de Cristo.
3. Leia novamente a letra do hino 150, Salvação perfeita, do hinário Novo cântico, e responda:
a) Na primeira estrofe lemos: “Na sua cruz o pacto se fez”. A qual pacto o autor se refere? Sugestão
de resposta: O autor refere-se ao pacto da redenção. Após a quebra do pacto das obras, o homem
ficou afastado de Deus. Mas por meio da morte de Cristo, Deus nos reaproxima dele, consideran-
do-nos justificados pelo sangue de Cristo.
b) Que lei Cristo satisfez? Sugestão de resposta: Cristo satisfez a lei moral de Deus expressa no
Decálogo, que exigia que o homem andasse conforme a sua vontade, e a norma definida no pacto
das obras (em Gênesis 2.16-17), segundo a qual a alma que pecasse deveria morrer. Cristo cum-
priu a lei duplamente. Primeiramente, no que diz respeito aos padrões de santidade da lei, ele
viveu em perfeita obediência. Depois, no que diz respeito às penalidades da lei, ele entregou-se
para morrer no lugar dos pecadores.
Estudo doze: Conclusão da seção dois
A partir do que foi estudado, podem ser estabelecidas as seguintes declarações doutrinárias:
6 A morte de Jesus Cristo na cruz foi o nheça Cristo como o seu mediador.
sacrifício perfeito, que cumpriu inteira- 6 Cristo morreu para redimir aqueles que
mente as exigências divinas e providen- haviam sido incluídos no plano de sal-
ciou completa satisfação pelos pecados vação, estabelecido por Deus desde an-
dos eleitos. Compreenda que não há ne- tes da fundação do mundo. Sua morte
cessidade de nenhum outro sacrifício, pe- foi completamente eficaz para o resgate
nitência ou qualquer ato de satisfação ou dos eleitos. Adore a Deus por seu amor de-
mérito, para que o homem seja purificado monstrado desde a eternidade e porque sua
de seus pecados. redenção foi completa e eficaz.
6 Cristo é o único Mediador entre Deus e 6 Deus é todo-poderoso, soberano e
os homens. Somente através de sua obra fiel. Ele sempre cumpre aquilo que de-
completa é que se torna possível retomar creta. Louve a Deus por sua soberania e
o relacionamento com o Criador. Reco- fidelidade.
Um aspecto comum em todas as seitas é a crença na autonomia humana. Cada vez mais são
popularizadas idéias que estabelecem o homem como centro da ação espiritual. Afirma-se, por exemplo,
que Deus depende do homem como este último fosse co-igual com o Criador. Somos motivados, aqui
e ali, a abraçar práticas mágicas: se atuarmos de maneira correta dentro de determinado ritual, ou
pronunciarmos as palavras corretas na oração, não apenas o diabo será vencido por nós, mas o próprio
Deus será “forçado” a nos dar o que lhe pedimos. Em suma, a soberania de Deus tem sido banida da
religião dita evangélica, com sérios prejuízos para o discipulado. Não podemos nos deixar enganar por
tais modismos falaciosos. Temos de sujeitar nossas mentes e corações ao ensino fiel da Bíblia. Deus é a
origem e o realizador da salvação. Devemos depender só dele em nossa caminhada cristã. Unicamente a
ele deve ser dada toda a glória para redenção.

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém


vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

Pense e pratique
1. Uns buscam a salvação pelas boas obras, outros confiam na intercessão de santos. De acordo com o ensino
bíblico, qual a crença e atitude corretas, a fim de desfrutarmos da salvação? Sugestão de resposta: É preci-
so crer unicamente na pessoa e obra de Jesus Cristo, como Redentor e Senhor da vida.
2. Como devemos viver à luz daquilo que Cristo realizou por nós? Sugestão de resposta: Desejo responder
ao amor de Deus amando-o e servindo-o de todo o meu coração, com todas as minhas forças e todo o
meu entendimento.

Sugestão de leitura bíblica


Êx 3.1-22. Is 55.1-13. Jr 33.3-13. Jo 1.1-14.
Êx 4.1-31. Jr 1.1-10. Ez 36.23-28. Gl 1.10-24.
Js 1.1-9. Jr 3.14-22. Jl 2.12-19. 1Tm 1.12-17.
Jz 6.11-24. Jr 4.1-4. Jn 1.1-2.10.
1Sm 3.1-14. Pv 8.1-21. Jn 3.1-4.11.
Is 6.1-8. Pv 8.32-36. Mt 4.18-22, 9.9.

35
36 Bases da salvação: redenção

Para aprender mais


4 A soberania banida, de R. K. Mc Gregor Wright, cap. 8.
4 IC, 2.1-3.
4 BEG, notas teológicas “Redenção limitada” (p. 1248), “A expiação”
(p. 1322), “Eleição e reprovação” (p. 1333).
4 BCW, perguntas 13-19.
4 CFW, 6.
4 CMW, perguntas 21-39.
4 MDC, capítulo 15.
4 Os cinco pontos do Calvinismo, de W. J. Seaton, p. 1-8.
4 TSB, Terceira parte: Os ofícios de Cristo, I-VI.
4 TSC, volume 3, cap. II.II, cap. IV a VI e X.
4 TSG, Parte 4, cap. 27, 29.
4 TSH, Parte 3, cap. IV-IX.
4 TSHB, cap. 15, 17 e 21.
4 TSS, Parte VI, cap. I, Seção IV.I-III.
Considerações finais
Após estudar este material, você poderá utilizá-lo para estudar com outra pessoa. Você foi constituído
por Cristo como um evangelista, recebendo a nobre incumbência de fazer discípulos.
Estas páginas contêm doutrina bíblica sólida, rica e equilibrada, necessária para formar caráter e vida
profunda com Deus. Ore, suplicando que Deus o capacite para a tarefa e lhe mostre uma pessoa para
testemunhar, quem sabe alguém que está começando a freqüentar sua igreja, ou, talvez, um familiar ou
colega de estudos ou trabalho. Faça contato e inicie os estudos.
Oramos para que Deus o abençoe em seus estudos e testemunho cristão!
Os autores.

37
Referências bibliográficas
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São Paulo: Cultura Cristã, 2005.
BAVINCK, Hermann. Teologia sistemática. Trad. Vagner Barbosa. São Paulo: SOCEP, 2001.
BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. 2ed. Trad. Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
CALVINO, João. As institutas: Edição clássica. 2ed. Trad. Waldir Carvalho Luz. São Paulo: Cultura Cristã,
2006. v. 2.
__________. As institutas: Edição clássica. 2ed. Trad. Waldir Carvalho Luz. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. v. 3.
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática. Trad. Heber Carlos de Campos. São Paulo: Hagnos, 2003. v. 3 e 4.
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WRIGHT, R. K. Mc Gregor. A soberania banida: Redenção para a cultura pós-moderna. Trad. Héber Carlos
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YOUNGBLOOD, Ronald F. (Ed.). Dicionário ilustrado da Bíblia. Trad. Lucília Marques Pereira da Silva... [et
al.]. São Paulo: Vida Nova, 2004. 1475 p.

38
Apêndice: Definições de termos,
abreviações e metodologia de citações

Definição de termos e abreviações


Termos e abreviações usados são definidos da seguinte maneira:
BEA. Meister e o autor destes estudos referem-se às
Bíblia de estudo Almeida. ordenanças da criação como mandados. Gerard
BEG. Van Groningen utiliza o termo mandatos.
Bíblia de estudo de Genebra. MBC.
BENVI Manual de doutrina cristã, de Wayne Grudem.
Bíblia de estudo NVI. SCH.
CB. Segunda confissão helvética.
Confissão belga. Símbolos de fé.
CDt. A Confissão de fé, o Breve catecismo ou Catecismo
menor e o Catecismo maior de Westminster.
Cânones de Dordrecht ou de Dort.
TSB.
CMW.
Teologia sistemática, de Louis Berkhof.
Catecismo maior de Westminster.
TSC.
Cf.
Teologia sistemática, de Lewis Sperry Chafer.
Confira em.
TSG.
CFW.
Teologia sistemática, de Wayne Grudem.
Confissão de fé de Westminster.
TSH.
IC.
Teologia sistemática, de Charles Hodge.
As institutas, edição clássica, de João Calvino.
TSHB.
lit.
Teologia sistemática, de Hermann Bavinck.
Literalmente.
TSS.
Mandado ou Mandato.
Teologia sistemática, de Augustus Hopkins Strong.
Preceito ou ordem de superior para inferior.
Uma ordem ou incumbência divina que deve v.; vv.
ser seguida, obedecida e realizada pelo homem. Versículo; versículos.
O. Palmer Robertson, Mauro Fernando
Citações
Nestes estudos, são citados diversos autores. O leitor terá contato com obras teológicas importantes
escritas por autores confiáveis e piedosos, cujos ensinos são fiéis à interpretação bíblica.
As citações são mostradas em margem recuada e tipo menor, seguidas da fonte entre parênteses.
Parte da tarefa dos primeiros escritores cristãos parece ter sido distinguir o Deus dos cristãos dos outros
deuses que havia no contexto religioso (McGRATH, 2005, p. 175).
No exemplo acima, a citação foi extraída da obra de McGrath, publicada no ano 2005, página 175.
Para obter mais detalhes sobre essa obra, nas referências bibliográficas, procure por McGRATH, listado
em ordem alfabética. Você encontrará o seguinte:
McGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã.
Trad. Marisa K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.
Isso indica que o nome completo do autor é Alister E. McGrath. O livro do qual foi retirada a cita-
ção chama-se Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à teologia cristã, foi traduzido por
Marisa K. A. de Siqueira Lopes e publicado em São Paulo, pela Shedd Publicações, em 2005.
39
40 Bases da salvação: Apêndice

No caso das obras de referência que constam na seção de abreviações, será utilizada a abreviação
seguida do endereçamento pertinente, da seguinte forma:
IC, 4.7.21, p. 141.
A referência aponta para As institutas, edição clássica, de João Calvino, livro 4, capítulo 7, seção 21.
Para facilitar ainda mais a pesquisa, informamos que o texto utilizado encontra-se na página 141.
Sempre que a mesma obra for citada mais de uma vez, a partir da segunda citação, em lugar do ano
de publicação, constará a expressão obra citada. Caso ocorra de a mesma obra aparecer em seguida ao
endereçamento “obra citada”, constará a expressão ibid.
Primeira citação (McGRATH, 2005, p. 175).
A partir da segunda citação (McGRATH, obra citada, p. 557).
Citação consecutiva do mesmo autor e obra, na mesma página (Ibid., p. 580).
Quando a obra citada tiver mais de três autores, será citado apenas o primeiro autor, seguido da
expressão et al.
BOICE et al., 1998, p. 325.

Quando a citação contemplar partes extraídas de diversas páginas do texto do autor, será utilizada
a expressão passim.
HORTON, 1998, passim.

Quando um autor cita outro autor, o registro da citação contém a expressão apud, como segue:
KNOWLES, Andrew, A descoberta da fé. [s.local]: Ed. Núcleo, [s.data], apud FREITAS, 2001, p. 8.

No exemplo acima, trata-se de uma citação de Andrew Knowles (obra A descoberta da fé, sem data
ou local de publicação), que consta na página 8 do livro de Neli Maria de Freitas, publicado em 2001.

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