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NOVA REDAÇÃO DA NR 35 TRABALHO EM ALTURA

Artigo de Jussara Nery


Dezembro de 2022
Publicado originalmente pela ANIMASEG

Publicada a nova redação da NR 35 - Trabalho em Altura, PORTARIA MTP Nº 4.218,


DE 20 DE DEZEMBRO DE 2022.

Foram dias de estudo e discussões para que enfim o novo texto da NR35 fosse aprovado por consenso pelas
bancadas do governo, trabalhadores e patronal.

Podemos até dizer que foi uma conquista, um trabalho de discussões, acordos e desacordos, sugestões e
contribuições técnicas, até se chegar ao texto final acordado por todos.

Podemos dizer que tivemos ganhos e melhorias, mas ainda faltam alguns detalhes, importantes para
podermos avançar mais em prol da segurança dos trabalhadores em altura.

Pelo princípio do bom entendimento, da viabilidade de aplicação e principalmente da segurança do


trabalhador em altura, foi feito o melhor por todos os participantes.

Alguns itens considerados fundamentais foram retirados para podermos avançar nos trabalhos, como, por
exemplo, a menção às normas técnicas, que deveria estar contida no item “Objetivo” e foi retirada.

A bancada dos trabalhadores no GTT, inclusive, enviou um manifesto à CTPP sobre essa questão tão
fundamental às boas práticas de segurança (vide anexo).

Porém, o texto da NR-35 contempla, em vários momentos, o atendimento às normas técnicas e não podemos
deixar de esclarecer que os equipamentos de proteção contra queda, cuja certificação é compulsória, devem
atender às normas técnicas.

Outro ponto polêmico resolvido muito bem foi a questão das ancoragens, principalmente as temporárias,
cuja seleção e responsabilidade passa a ser de um PLH responsável ou por trabalhador capacitado de acordo
com procedimento elaborado por este. A exigência também de uma autorização formal do trabalhador
capacitado garante a prática segura. Tira do trabalhador essa responsabilidade que não deve ser dele.

Muitos pontos importantes devem ser ressaltados, como a inclusão de itens referentes ao resgate, o
esclarecimento e complementação do processo de inspeção do SPIQ, tão importante para a segurança do
trabalhador, a menção à obrigatoriedade do uso do talabarte de segurança contra queda com absorvedor de
energia, os novos itens de glossário que irão ajudar muito no entendimento de vários termos e procedimentos
indicados no texto base e o anexo III de escadas.

O Anexo de escadas merece uma menção especial pois, trabalho em altura e escadas andam juntos: a maioria
dos trabalhos em altura é acessado via escadas, até os mais simples, como trocar uma lâmpada até escadas
em torres e plataformas.

Houve também nesse item alguma dificuldade de aceitação, mas que foi contornada e entendida como
necessária.

Discussões foram adiadas para uma futura revisão, como a necessidade de se incluir alguma orientação sobre
trabalhos de risco mesmo abaixo dos 2m padrão, onde riscos adicionais possam ser detectados pela avaliação
inicial.
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NOVA REDAÇÃO DA NR 35 TRABALHO EM ALTURA

Como conclusão podemos dizer que: com a harmonização desta com as demais NRs e Portaria 672, a importância
da informação ao trabalhador quanto às instruções de segurança, simplificação e desburocratização de alguns
procedimentos, tivemos ganhos e melhorias para o entendimento e aplicabilidade da NR-35 e segurança do
trabalhador em altura.

Anexo

Manifesto Bancada dos Trabalhadores:

A Análise de Impacto Regulatório da NR-35 nos orienta quanto à necessidade da melhoria dos regulamentos
para avanço na prevenção de acidentes no trabalho em altura. Atualmente, o número de acidentes por
queda de altura representa a segunda maior causa de fatalidade em acidentes de trabalho no Brasil.

Nesse contexto, no entendimento da bancada dos trabalhadores, é necessário manter na NR-35 as


referências ao dever de cumprimento das normas técnicas nacionais vigentes e, na ausência, das normas
internacionais, pois elas asseguram:

- Garantia do padrão de qualidade de equipamentos;

- Preservação da segurança do usuário;

- Respaldo às empresas adquirentes em caso de acidentes;

- Auxílio na seleção e no uso de equipamentos adequados à cada atividade;

- Orientação e respaldo aos fabricantes, importadores e nos projetos específicos sobre os produtos que
serão ofertados ao mercado;

- Atendimento aos requisitos normativos governamentais.

Devido a estas e outras questões pertinentes à garantia da segurança e à prevenção de acidentes dos
trabalhadores em altura, a retirada da referência às normas técnicas imporia retrocessos à regulamentação
atualmente existente na NR-35 e iria na contramão dos objetivos constantes da análise de impacto regulatório,
quais sejam: reduzir a exposição de trabalhadores, sem a devida proteção, aos perigos do trabalho em altura
com risco de queda, e reduzir ocorrências de acidentes e doenças ocupacionais decorrentes do trabalho em
altura.

Solicitamos o registro deste parecer em ATA e encaminhamento a CTPP.

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NOVA REDAÇÃO DA NR 35 TRABALHO EM ALTURA

Texto: Jussara J Nery – Consultora técnica para certificação


de equipamentos de proteção individual e membro dos
comitês de estudo de Normas ABNT, CB32.

Convidada pelo CSB como representante, na bancada dos


trabalhadores, no GTT NR-35.

Colaboração: Tiago Santos – Consultor especialista em


Proteção Contra Queda, Instrutor e Nível 3 – Examinador
em Acesso por cordas e coordenador do CE 01 do CB32.

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