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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO DO LARGO SÃO FRANCISCO

TEORIA GERAL DO ESTADO II

A GLOBALIZAÇÃO E OS IMPACTOS NEGATIVOS NAS FRONTEIRAS NO MUNDO


GLOBALIZADO: O FIM DOS LIMITES?

CAMILA DE OLIVEIRA SANTOS (12694251)

Projeto de pesquisa para a disciplina


Teoria geral do Estado II
(DES0126), da Faculdade de
Direito do Largo São Francisco,
como requisito parcial de
conclusão.

SÃO PAULO

2022
SUMÁRIO

Resumo……………………………………………………………………….. 3

Introdução………………………………………………………………………4

Justificativa……………………………………………………………………..5

1.1 Quais são os impactos da globalização?......................................................7

1.2 Como a globalização transformou as fronteiras……………………… 9

2. 1 O mundo sem fronteiras.……………………………………………… 11

Objetivos.........................................................................................................13

Material, métodos e análise dos resultados............................................... 14

Referências Bibliográficas……………………………………………… ... ... 15

2
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar como a globalização influencia e impacta
diretamente as fronteiras , demonstrará os pontos positivos e principalmente os negativos.
Como a globalização pode ser um grande aliado das fronteiras, ampliando, modificando,
deslocando, multiplicando e alargando as fronteiras, ao mesmo tempo em que as torna mais
incertas e frágeis, pois dificultam a passagem dos estrangeiros, podendo muitas das vezes
construir muros e aumentar as desigualdades sociais , que estão exacerbadas no mundo em
que vivemos.

Abstract: This work has an objective to analyze how globalization influences and impacts
directly the borders , it will demonstrate the positive and mainly the negative points. How
globalization can be a great ally of the borders, expanding, modifying, displacing,
multiplying and extending the borders, while making them more uncertain and fragile,
because they make the passage of foreigners more difficult, and can often build walls and
increase social inequalities, which are already exacerbated in the world in which we live.

Resumen : Este trabajo tiene como objetivo analizar cómo la globalización influye e impacta
directamente en las fronteras , demostrará los puntos positivos y sobre todo los negativos.
Cómo la globalización puede ser una gran aliada de las fronteras, expandiéndose,
modificándose, desplazándose, multiplicándose y ampliándose, al tiempo que las hace más
inciertas y frágiles, porque dificultan el paso de los extranjeros, y a menudo pueden construir
muros y aumentar las desigualdades sociales, que ya están exacerbadas en el mundo en que
vivimos.

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INTRODUÇÃO

A globalização é um elemento essencial para as fronteiras, pois podem se tornar mais


flexíveis de acordo com as posições políticas e econômicas envolvidas nesse processo. Ela
promoveu a evolução das tecnologias, transcendendo as fronteiras nacionais , diminuiu
distâncias , favoreceu o transporte e principalmente as comunicações, contribuindo para as
trocas comerciais , culturais e sobretudo com a rapidez com que essas trocas acontecem,
marcando uma nova era na história da humanidade.
Na década de 80 com o avanço e as inovações tecnológicas , se associava as
telecomunicações que a globalização iniciou em seu processo de expansão, fortalecendo a
ideia de pertencimento global. Apesar de tantas novidades , positividade e facilidades , nem
só de pontos assertivos sobrevive uma globalização e as fronteiras, será sobre estes aspectos
que iremos analisar o impacto da globalização nas fronteiras transnacionais.
A problemática em que se insere o tema trata-se de como a mundialização afeta
todas as áreas da vida das pessoas , e não beneficia a todos igualmente, uns obtêm altos
ganhos, a maioria perde e outros não ganham nada. Diante desses aspectos, o foco será as
fronteiras, já que não afetam apenas o individual, mas o coletivo, nações , países , um
verdadeiro drama para as pessoas mais pobres que estão fugindo de guerras , catástrofes e
estado de calamidades em seu país. A ONU no seu relatório anual sobre o desenvolvimento
humano declara que a globalização está em um estado de concentração de renda. O chefe da
ONU se pronuncia sobre a falta de oportunidades que impacta diretamente na qualificação do
trabalho que cria um certo ciclo viciosos, ou seja, em algumas áreas como na Tecnologia há
mais vagas de empregos e oportunidades, pois não há pessoas intelectualmente capacitadas
para tal, já nas áreas que não são necessárias tanto conhecimento estão em superlotação, dado
que as pessoas optam pelo que possuem a capacidade de produzir , como mercados , lojas ,
gerando uma desigualdade exacerbada , em que os empresários ficam cada vez mais ricos e o
proletariado , padecem com um salário que não é suficiente para garantir uma vida digna,
sem o necessário para viver. Trataremos diretamente sobre a desigualdade com ênfase nas
fronteiras.

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JUSTIFICATIVA

É notável a influência exercida pela Globalização nas fronteiras. Pela primeira vez na
história , mais pessoas vivem diretamente nas fronteiras por não atingirem seu objetivo;
adentrar em solo exterior. A situação desses indivíduos, de separação de sua terra natal,
família para introduzir-se em uma cultura distinta, sem a cidadania do local, os levam e os
tornam “homens- fronteira” em "lugares-fronteira''.
E aqui, entramos no primeiro tema do livro de Michel Agier1, uma exposição para
construir o argumento central. Ao longo da última década do “mundo sem fronteiras”, o
continente americano expandiu seus projetos de integração regional, com o MERCOSUL e o
ALENA, que evidenciaram uma aproximação entre os países e a redução de suas barreiras
alfandegárias. Em contrapartida, há alguns anos essas mesmas fronteiras tornaram-se pontos
de tensão em decorrência de uma série de problemas que se amplificaram, seja no que diz
respeito aos tráficos de todos os tipos ou às tensões territoriais. Nas condições de faixas nas
fronteiras, as pessoas não conseguem e muitas das vezes não podem ultrapassá-las, pois “não
têm reconhecimento nem ‘cidadania’ plena no local de destino”2. O autor destaca três tipos de
homens-fronteiras: o errante, o meteco e o pária, levando em consideração sua condição
social e os lugares de onde vêm.
Os classificados errantes, que podem ser afegãos ou africanos, procuram ao redor do
Mediterrâneo um espaço para adentrar na Europa, pelo mar, desertos ou até mesmo nas
florestas, que poderão representar eventualmente fronteiras. Sempre há uma incerteza pelo
caminho, e em alguns países são taxados pela entrada ilegal e a clandestinidade. Por mais que
esse ato represente uma fuga, uma esperança de se refugiar em outro lugar, não se abstêm de
se tornar um espaço assustador para essas pessoas. Os metecos são uma figura que reaparece
na cidade, mas teve sua origem na antiguidade. São os trabalhadores sem documentos, sem
cidadania, sem direitos fora da relação de trabalho, que se assemelham aos metecos na Grécia
Antiga. E por fim, os párias são os que vivem em um campo de refugiados, de retenção, de

1
AGIER, Michel. Nova Cosmópolis: as fronteiras como objetos de conflito no mundo contemporâneo. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol. 31, 91, junho/2016, p. 2
2

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deslocados. Além dessa especificações, os estrangeiros passam por diversos lugares que
deveriam ser apenas provisórios, mas em algumas circunstâncias sem ter um lugar mais
adequado para viver, passam suas vidas em um acesso limitado e, muitas vezes, sobrevivem
nas próprias fronteiras.
Com base nesse cenário, o antropólogo exemplifica esses fatos com situações reais,
como o Hospital de Gaza que tornou-se moradia de refugiados palestinos, mulheres
palestinas que tentaram escapar de violências, de trabalhadores migrantes sírios, libaneses
pobres, de iraquianos, de egípcios e também em grande número, de refugiados sírios. Já o
campo de Maheba, que também foi citado pelo autor, em razões de guerras e conflitos, se
tornou uma área que nunca parou de crescer em números de ocupantes refugiados.
Posteriormente, trabalha na questão social e cultural dos que ali vivem, reforçando a ideia das
situações de precariedade e da banalização que é dada a eles, onde a situação “indefinida” se
demonstra tão enraizada que acaba dando espaço para a formação de hierarquias de
superioridade entre os membros envoltos na mesma situação.
No que se refere a esses indivíduos e lugares que são conhecidos pelo leitor, Agier
destaca que as situações de descobertas, os percursos e lugares formam novos mundos
contemporâneos, inicialmente quase incompreensíveis para aqueles que chegam, porém
mesmo que lentamente o estrangeiro começa a compreender a língua, costumes, leis, modos
e entre outros, revela que, para o estrangeiro, o novo modelo cultural é uma terra de
aventura, um objeto de investigação, algo problemático e totalmente complexo de se lidar.
Desse modo, o “forasteiro” extrai a objetividade e a "inteligência do mundo”, construindo
uma lealdade ambígua pois ele não substitui um padrão cultural por outro, mas se torna um
“híbrido cultural” que vive na fronteira de dois modelos diferentes de vida, sem saber a qual
dos dois ele pertence.
Dessa experiência mais fronteiriça que marginal, Agier diz que, cada um estabelece uma
distância em relação à sua própria identidade “de origem” e a sua sociedade de acolhimento,
iniciando uma compreensão do “global”. Aqui, então, o autor começa a delinear seu
argumento pelo cosmopolitismo dessas figuras, já que esse novo olhar é o que define sua
diferenciação.

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1.1 QUAIS SÃO OS IMPACTOS DA GLOBALIZAÇÃO?

Sob a perspectiva da globalização muitas mudanças aconteceram. A troca de cultura


impactou principalmente os campos sociais, econômicos e políticos, a desigualdade
desacerbada se instaurou , da mesma maneira que trouxe evoluções, retrocessos também
vieram na bagagem. Existem várias fases da evolução da globalização , mais especificamente
4 fases que falaremos ao longo do texto.
A primeira fase da globalização (Século XV ao XIX) que ficou conhecida com a
expansão marítima europeia que transformou as bases da sociedade daquela época.
Entretanto, essa primeira fase embrionária, ainda não pode ser chamada de globalização no
sentido em que conhecemos hoje, visto que eram economias autônomas e pouco integradas
entre si. Com esse efeito de novas mercadorias e especiarias, alavancou o interesse e
principalmente incentivou os navegadores europeus a buscarem novas rotas comerciais e
consequentemente encontrarem novas culturas , usando um meio de transporte já conhecido
na época e comunicação.
Já na segunda fase da globalização, meados do século XIX e XX , houve a
formação de um Capitalismo industrial , com a exploração das colônias os sistemas de
transporte e comunicação se ampliaram , com a criação de automóveis , telégrafos e sistema
de telefonia. Com todos esses acontecimentos o mundo foi se interligando , obedecendo uma
hierarquia de dominação e dependência. De acordo com Karl Marx em sua obra “O
manifesto comunista” existe uma infraestrutura e uma superestrutura que comandam e
formam o sistema do capitalismo , um sistema complexo que foi se desenvolvendo ao longo
do tempo. A infraestrutura é a base material da sociedade, que são as forças produtivas mais
conhecidas como relações de trabalho e os meios de produção. As relações de produção são a
relação entre as classes que se estabelecia entre os burgueses que possuíam o capital e os
operários que usavam sua força de trabalho para sobreviver. Essa interdependência, de
burgueses e os operários, é uma relação de dominação e força, quem controla os meios de
produção e quem exerce o trabalho, se tornando assim a base material da sociedade
A terceira fase da globalização tem como ensejo a guerra fria , se estendendo até o final
da Segunda Grande Guerra , que foi marcada pela polarização entre o socialismo e o

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capitalismo. A guerra fria gerou muitos avanços tecnológicos apesar de trazer um clima de
tensão de uma terceira guerra mundial com uma tecnologia mais aprimorada , podendo causar
um estrago maior em todo o planeta. Além dos meios de transportes já estarem avançados os
meios de comunicação foram ampliados , com o desenvolvimento da robótica , internet e
principalmente na biotecnologia , os instrumentos já criados foram sendo aperfeiçoados
aumentando ainda mais a interligação entre as nações.
Finalmente a quarta fase da globalização (datando 1989 até os dias de hoje) é marcada
pela Queda do muro de Berlim e o fim da guerra fria , entrando em um novo momento da
história chamado de Nova Ordem Mundial , a globalização passou a ser o centro , com a
expansão do capitalismo , incluindo até os países que eram chamados de segundo mundo por
serem socialistas. O que se pode perceber com os fatos e tais fases é o encurtamento das
distâncias e a “aceleração” do tempo, a forma como tudo se tornou mais rápido , os
transportes mais velozes, a aceleração se refere em como as tecnologias são criadas e
aperfeiçoadas rapidamente e substituídas facilmente por uma nova criação.
Percebemos com isso o tanto que a globalização foi se transformando ao longo do
tempo , não apenas com as tecnologias e as guerras , mas na vida cotidiana das pessoas e
principalmente nas fronteiras que não tiveram bons resultados. As fronteiras vão se tornando
algo volátil que dependem dos interesses políticos e econômicos envolvidos nesse processo

“Em termos nacionais, há que destacar a obra “O Conceito de


Fronteira na Época da Mundialização”, de Maria Marchueta,
que apresenta as fronteiras divididas em dois grupos: Fronteiras
estruturais – as que por força das suas características são mais
resistentes ou imunes às pressões da globalização (e.g. fronteira
civilizacional, fronteira cultural); Fronteiras conjunturais – as
que são estabelecidas em função de novos interesses e
objetivos, e de fenómenos económicos e sociais (e.g. a fronteira
do conhecimento, fronteira do tempo) (2002, pp. 18-45).

As fronteiras são regiões de grandes impactos, sensibilidade, e precisam ser


conservadas pois podem gerar conflitos maiores, o papel da globalização das fronteiras
enfraquecem totalmente a ideia central das fronteiras e limitando-a apenas como o que separa

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um país do outro , ou os limites de um determinado território , enquanto as fronteiras servem
muitas vezes de abrigo e refúgio para muitas pessoas. As fronteiras ficam totalmente
subordinadas a um soberano que pode ou não recusar a entrada de estrangeiros em seu país
por aspectos ideológicos.

1.2 COMO A GLOBALIZAÇÃO TRANSFORMOU AS FRONTEIRAS

Em 2019 foi publicada uma reportagem , em que um arquiteto chamado Ronald Rael e
uma professora chamada San Fratello que construíram uma gangorra no meio de um muro ,
da fronteira entre El Paso (EUA) e Ciudad Juárez (México) para unir as pessoas dos dois
lados da fronteira. O principal responsável pela construção da gangorra declara que o muro
que há entre os dois países virou um ponto de sustentação das relações entre México e
Estados Unidos , dado que as pessoas podiam se conectar através de uma brincadeira ,
fazendo saber que, o que acontece em um lugar também tem consequências significativas no
outro lado, isso foi primordial para a ideia do brinquedo pois se não houver um contato com
outra pessoa do outro lado , não há brincadeira , muito menos interação humana.
Esse contato não pode ser negligenciado , pois principalmente na fronteira do sul dos
Estado Unidos e o norte do México as interações e o fluxo de pessoas são controlados, algo
muito contraditório para um mundo tão globalizado quanto o nosso , em que as interações
deveriam ser mais fáceis , diretas , a troca de cultura seria mais abrangente. Mas o que
podemos observar é que com a globalização esse contato ficou cada vez mais escasso se
limitando apenas ao contato via internet e pelas redes sociais, o contato direito é amplamente
fiscalização, dominado, sendo intensos apenas entre mercadorias, capital e informações, já a
circulação de pessoas é restritas existindo um contato totalmente fragilizado e rígido.
Nem todas as pessoas são bem aceitas nessa circulação global , se você for um turista há
um tratamento diferenciado, visto que um indivíduo que irá visitar outro país com os seus
próprios recursos, tem um capital reservado e isso interessa aos governantes do país
determinado, porém para o estrangeiro que saiu de seu país de origem em busca de uma

9
melhora de condições de vida ou até mesmo um refugiado sempre existirá uma barreira, algo
totalmente desigual entre o entrangeiro e o turista.
A globalização integradora não passa apenas de uma falácia que é propagada , visto
que na vida real e cotidiana essa relação é bem distinta da teoria. No artigo da Doutoranda em
Antropologia Social Pesquisadora Associada Sênior do Centro em Rede de Investigação em
Antropologia (CRIA) - no pólo da Universidade do Minho é relatado que há uma
contraditoriedade nas práticas do estado , pois respondem de formas diferente e mais
burocráticas para os estudantes cabo-verdianos, que tencionam ficar em Portugal no final
dos seus estudos

A efetiva desunião do Estado é patente nas práticas contraditórias do


Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em Portugal, cujos locais de
atendimento respondem de forma diferenciada aos pedidos de renovação
de títulos de residência dos estudantes cabo-verdianos, que tencionam
ficar em Portugal no final dos seus estudos. É do conhecimento geral dos
estudantes quais os locais de atendimento que renovam com mais
facilidade os títulos de residência. As diferenças de postura observadas
entre os oficias do SEF e os mediadores do Conselho Nacional de Apoio
ao Imigrante (CNAI) também não exibem uma unidade de prática, dado
que o trabalho de mediador é caracterizado por uma abordagem mais
flexível na interpretação da lei, das normas sociais e dos protocolos
institucionais. Em vez de abordar a lei como um conjunto de restrições
fixas, o papel do mediador é o de a encarar como um espaço para
adaptabilidade intercultural (Agustí- -Panareda, 2006). Durante o meu
trabalho de campo, acompanhei algumas estudantes ao Gabinete de
Apoio Jurídico do CNAI, no Porto, onde mediadores culturais ajudavam
a escrever exposições para acompanhar os pedidos ao SEF de renovação
de vistos ou títulos de residência caducados. As exposições eram escritas
em papel branco, sem nenhum timbre ou carimbo do CNAI e assinadas
pelos interessados. O papel dos mediadores era o de ajudar os imigrantes
a argumentar o seu caso da forma o mais favorável possível, à luz do
“[...] regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de
estrangeiros de Portugal” (Portugal, 2007, p. 4290). (CHALLINOR,
2011, p. 61)

Será que realmente esses fatos acontecem por interesse nacional ou apenas é refletido
o descaso com estrangeiros e refugiados? As barreiras e os muros que dividem as fronteiras
não são apenas físicos , mas ideológicos, quanto maior for a desigualdade, e a realidade
socioeconômica distinta existente entre os países da fronteira, maior será o controle, maior

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restrição será realizada. Enquanto que na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá existe
um controle mínimo, já que são países evoluídos e desenvolvidos economicamente falando ,
é facilitado para um canadense conseguir adentrar e circular pelo território norte-americano
sem um controle rígido como acontece na fronteira dos Estados Unidos com o México que
são desiguais economicamente não possuem o mesmo grau de evolução econômica. E esse é
exatamente o problema, enquanto a globalização prega uma conexão entre os países a
diminuição das distâncias , percebemos que isso existe apenas para um lado da moeda , as
pessoas que não estão enquadradas na parte que interessa economicamente, são excluídas , é
como se não houvesse a “globalização” em certo lugares, para certas pessoas e
principalmente para algumas fronteiras.
A atitude do arquiteto citado acima , se tornou memorável e ao mesmo tempo triste ,
pois percebemos como aquelas pessoas do outro lado da fronteira são negligenciadas, se
alguém não se levantar e realizar algo diferente , algo que mova a sociedade a se atentar o
que acontece nos lugares em que não são tão notados, todos esquecem e nem se importam
com o que acontece com a vida das pessoas nas fronteiras. Será que um dia chegaremos em
um mundo sem fronteiras?

2. 1 O MUNDO SEM FRONTEIRAS

Para Adriane Roso3 Um mundo sem fronteiras é possível , mesmo com todas as
limitações , é necessário a seguinte pergunta para nortear os caminhos das fronteiras : Quem
delimitou as fronteiras que existem em nosso mundo e o por quê isso ocorreu ?

A pergunta que podemos e devemos fazer para começar a pensar é:


quem traçou as fronteiras existentes hoje em nosso mundo? E por que
interesses e razões? Não é necessário muito esforço para percebermos
que as fronteiras existentes no mundo atual eram muito diferentes.

3
Organizadora e Coordenadora da obra “Um mundo sem fronteiras : representações sociais e práticas
psicossociais

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(ROSO, Adriana. Um mundo sem fronteiras : representações sociais e
práticas psicossociais. p.34. 2021) PÁGINA 34 - FRONTEIRAS 12

Em um mundo globalizado em que as atualizações são constantes, um mundo sem


fronteiras não é apenas algo utópico, mas, algo que a próxima geração poderia vivenciar se
não fosse tantos fatores externos que combatem fortemente um mundo sem fronteiras. A livre
circulação entre os países não deveria ser algo impossível para nós, já que o mundo nos
pertence , entretanto podemos observar algo distinto, as fronteiras restringem dominam , e
são fortemente controladas , desta maneira há um aumento considerável e uma busca
incessante por poder, cidadania e soberania.
No século XXI se torna visível o desejo dos estados e também de alguns cidadãos
de um controle mais rígido na mobilidade das pessoas e a crença de que o mundo seria mais
seguro se os lugares fossem altamente controlados e vigiados. A ideia de um mundo sem
fronteiras é tão poderosa que pode transformar as bases na sociedade , viver em uma mundo
em que o ser humano não é tão rotulado, dependendo do seu país de origem, ou se vem de um
país desenvolvido. Esses determinados tipos de fronteiras servem para separar ainda mais a
raça humana , segregando cada vez mais um país do outro para que não haja tanta mistura. O
problema central dessa segregação se inicia quando olhamos para a história, para o passado ,
a Alemanha de Hitler tinha esse principal objetivo segregar o “bom” do “ruim” , e sabemos
como essa época termina , por esse motivo ,devemos lutar para que as fronteiras não se
tornem mais segregadores tendo como objetivo mitigarmos essa problemática ao máximo
que conseguimos para termos um mundo evoluído não repetindo os mesmos erros
gravíssimos do passado.
No pensamento liberal clássico as principais liberdades fundamentais são : a liberdade
de ir e vir, liberdade de movimentação do capital ,a terceira a liberdade de serviços. A
liberdade das pessoas de se movimentarem é o principal objetivo de um mundo sem
fronteiras . O tratado de Schengen é um exemplo claro disso em que visa a livre-circulação ,
da convenção entre países europeus que tem como propósito uma política de abertura das
fronteiras e livre-circulação de pessoas de determinados países. Mais uma vez a segregação
de pessoas atuando fortemente. Esse é exatamente o problema: o mundo sem fronteiras
parece uma realidade quando na verdade está disfarçada de controle e domínio das mais altas
forças políticas. O direito de poder se mover pelo planeta não deve ser restringido apenas
para alguns cidadãos , tanto pobres como ricos, afinal este mundo pertence a todos,

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infelizmente o sistema em que vivemos continua distinguindo as pessoas por sua classe social
e pelo lugar onde vive.

OBJETIVOS

O presente projeto de iniciação científica pretende alcançar o desenvolvimento de


uma pesquisa sobre como seria um mundo sem fronteiras e como a globalização tem afetado
o crescimento da diluição das fronteiras , e a dualidade com que é submetido. A globalização
serviria para galgar patamares inimagináveis para as fronteiras em que chegaríamos a um
mundo em que as fronteiras não existiriam e que as pessoas conseguiriam exercer os seus
direitos de ir e vir em qualquer espaço do planeta terra.
A escolha desse tema para essa pesquisa se dá a importância da vida das pessoas que
passam pelas fronteiras e que vivem nas fronteiras e que muita das vezes são negligenciadas ,
a situação precisa ser estudada, compreendida e principalmente mudada pois a vida de
pessoas reais estão em jogo.

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MATERIAL, MÉTODOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Todo material utilizado para o desenvolvimento deste projeto está disponível nos
acervos digitais ou na Biblioteca da Faculdade de Direito da USP. Toda a bibliografia estará
citada nas folhas abaixo com os URL dos links disponíveis para pesquisa e consulta de todo
conteúdo exposto neste presente trabalho.
Optou-se em ser dissertativa- argumentativa a forma em que foi tratado o tema por ser
um contexto mais abrangente e pessoal que merecia mais espaço para relatos , situações
descrevendo o modo em que o tema foi tratado e como o tema ainda não foi esgotado , há
muito ainda para se fazer e procurar.
Nesse sentido ,obteve o intuito de estabelecer ligações com os textos de pós-graduação e
professores como de relatos que aconteceram recentemente para que o tema fosse mais
explorado mesmo com um espaço limitado de linhas. Como exposto acima a pesquisa foi
limitada pois merece um aprofundamento para ser levado adiante e ter impactos sociais na
sociedade , principalmente na vida das pessoas que estão vivendo estas situações.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGIER, Michel. Nova Cosmópolis: as fronteiras como objetos de conflito no mundo


contemporâneo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol. 31, 91, junho/2016,
p. 2

CASTELETTO, Hugo. SANTOS, Erick. A globalização e seus efeitos na sociedade. a


PIC-Unicesumar/ICETI, Maringá/PR. 2018. Disponível em:
https://rdu.unicesumar.edu.br/bitstream/123456789/3555/1/HUGO%20SANTANA%20CAS
TELETTO.pdf

CHALLINOR, Elizabeth. O estado do corpo imigrante e o corpo do Estado: negociações


na interface. Saúde Soc. São Paulo, v.23, n.1, p.54-66, 2014.

GLOBO.Arquiteto instala gangorras na cerca entre EUA e México. G1 Globo Play. São
Paulo. Julho, 2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/30/arquiteto-instala-gangorras-na-cerca-entre-eu
a-e-mexico.ghtml

PENA, Rodolfo. Fases da globalização. UOL, São Paulo. p 1-10, 2011. Disponível em :
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/fases-globalizacao.htm

SEABRA, Miguel. O conceito de fronteira: uma abordagem multifacetada. Instituto de


Estudos Superiores Militares Curso de Estado-Maior Conjunto. Lisboa, Portugal. 2012.
Disponível em:
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/10023/1/MAJ%20Saldanha%20Seabra.pdf

ROSO, Adriana. Um mundo sem fronteiras : representações sociais e práticas psicossociais.


Porto Alegre, RS , Brasil. p 1-110. 2021.
Disponível
em:https://site.abrapso.org.br/wp-content/uploads/2021/11/Mundo-sem-fronteiras.pdf

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