Escola De Serviço Social Disciplina: Técnicas de Intervenção Social Período: 2023.02 Professora: Geisa Bordenave Aluna: Klarice Manhães Pereira
ESTUDO DIRIGIDO 1
Texto base: GUERRA, Yolanda. “A instrumentalidade no trabalho do assistente
social”, 2000. (TEXTO 1).
1) “A instrumentalidade, como uma propriedade sócio-histórica da profissão,
por possibilitar o atendimento das demandas e o alcance de objetivos (profissionais e sociais) constitui-se numa condição concreta de reconhecimento social da profissão” (GUERRA, 2000, p. 1). Com base no texto enunciado diferencia instrumentalidade e instrumentação técnica, refletindo ainda sobre as condições objetivas e subjetivas do exercício profissional (0,5):
Segundo Guerra, o sufixo “idade” refere-se à capacidade, qualidade ou
propriedade de algo. Desse modo, uma categoria apropriada pelo Serviço Social, na inserção da divisão sociotécnica do trabalho, é “instrumentalidade”, o que significa o fazer de suas ações, propriedade constitutiva da profissão, construída e reconstruída no processo sócio-histórico, seu modo de ser. Através dessa capacidade, pode-se transformar, modificar, alterar as condições objetivas e subjetivas, as relações interpessoais e sociais existentes num determinado nível da realidade social: nível do cotidiano. A condição objetiva compreende-se como o que já está posto, condições já dadas em que não são possíveis de mudança a curto ou médio prazo, como a propriedade dos meios de produção e a divisão do trabalho. Enquanto as condições subjetivas significam não haver necessariamente um modo pré-determinado, estão relacionadas aos sujeitos, aos profissionais e suas escolhas, como exemplo o grau de qualificação. Já o termo Instrumentação refere-se ao conjunto de instrumentos e técnicas. A autora apresenta a partir da reflexão das políticas sociais como focalizadas e fragmentadas, a possibilidade de um profissional também enxergar a realidade nesse formato, apenas como procedimentos instrumentais pontuais e imediatos, uma prática com o olhar exclusivo a isto é manter uma lógica conservadora, tarefista, executiva, isolada, burocrática. No processo em que se alteraram o cotidiano profissional e o cotidiano das classes sociais que demandam a sua intervenção, modificando as condições, os meios e os instrumentos existentes, e os convertendo em condições, meios e instrumentos para o alcance dos objetivos profissionais, os assistentes sociais estão dando instrumentalidade às suas ações.
2) “No trabalho o homem desenvolve capacidades, que passam a mediar sua
relação com outros homens. Desenvolve também mediações, tais como a consciência, a linguagem, o intercâmbio, o conhecimento, mediações estas em nível da reprodução do ser social como ser histórico, e, portanto, postas pela práxis (GUERRA, 2000, p.4). Discorra sobre a relação entre a postura teleológica e instrumentalidade e o significado da instrumentalidade convertida em “instrumentalização de pessoas” (0,5):
O trabalho na teoria marxiana significa a transformação da natureza pelo
homem, e assim, de si mesmo e outros. Esse processo é percebido como um conjunto de atividades prático-reflexivas voltadas para o alcance de finalidades. A partir do atendimento às necessidades coletivas e a dinâmica para que isso ocorra, é fundado o ser social. A autora afirma que toda postura teleológica envolve instrumentalidade, o que possibilita ao homem manipular e modificar as coisas a fim de atribuir-lhes propriedades verdadeiramente humanas, com o intuito de que se convertam em instrumentos/meios para o alcance de seus objetivos. Dar finalidade a um objeto é um processo teleológico, qual precisa um conhecimento prévio anterior. Desse modo, a capacidade do trabalho e da instrumentalidade da profissão são semelhantes, pois podem transformar, modificar, alterar condições objetivas e subjetivas e objetivam determinada intencionalidade. Entretanto, o modo de produção capitalista detém a propriedade de converter as instituições e práticas sociais em instrumentos/meios de reprodução do próprio capital, a ver a conversão dos homens em meios para realização de fins de outros homens na compra e venda da força de trabalho. Tal processo é entendido como instrumentalização das pessoas, condição de existência e permanência da ordem burguesa, via instituições, organizações criadas com este objetivo, ser instrumento de reprodução e valorização do capital.
3) Considerando as considerações de Yolanda Guerra acerca da natureza e
modo de se expressar das políticas sociais, elabore reflexões sobre a configuração das políticas sociais como espaços de intervenção profissional e as dinâmicas produzidas através delas (0,5):
Entender o surgimento da profissão e das políticas sociais é de
fundamental importância para compreender a conjuntura de atuação profissional nesse espaço. As políticas sociais, além de dimensão econômico-política, criada pelo Estado para o enfrentamento da Questão Social e reprodução da força de trabalho, como resultado das lutas de classes, é também um conjunto de procedimentos técnico-operativos. Nesse contexto, fundam um mercado de trabalho para os assistentes sociais na atuação da implementação (fase terminal de ação executiva) das políticas, constituindo a condição de trabalhador assalariado, que também responde às exigências institucionais. Desse modo, o espaço de intervenção profissional em que se exerce a instrumentalidade, cercado por contraditoriedades, naturezas compensatórias e focalistas, como é tratado no texto, pode reproduzir uma dinâmica que corresponde a ordem neoliberal, capitalista: movimentos que impedem um exercício reflexivo, determinado pela visão fragmentada das políticas sociais que faz com que o profissional também as considerem dessa maneira, e também movimentos expressos em procedimentos instrumentais pontuais e imediatos, como exemplo questionários que não permitem uma análise aprofundada. 4) A partir do texto de Yolanda Guerra, elabore reflexões sobre o cotidiano como o espaço privilegiado para a realização das ações instrumentais e o significado do reconhecimento da instrumentalidade como mediação (0,5):
A autora explica a instrumentalidade como uma mediação que permite a
passagem das ações meramente instrumentais, técnicas para o exercício profissional crítico e competente, ou seja, permite o movimento da teoria à prática na realidade. Desse modo, a particularidade envolve a capacidade de articular as três dimensões constitutivas da profissão, e por certo demonstra o reconhecimento do Serviço Social em operar transformação, alterações nos objetos e nas condições (meios e instrumentos) através desse movimento. Tal modificação é realizada, materializada em um nível ou espaço, o cotidiano, onde se exerce a instrumentalidade, a intervenção, a prática, o atendimento de demandas que necessita reflexão