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Escola de História da Igreja – Lucas Régis Lancaster

Material de Apoio – Aula 2 – Os alicerces divinos e apostólicos da Igreja

Marcos históricos da fundação da Igreja

➢ É possível apontar seis marcos que de alguma forma condensam a fundação da Igreja:
o Encarnação (Lc 1,38): No momento em que a
Virgem disse Fiat (Faça-se), Deus desceu do Céu e
entrou na história, assumindo um corpo. Sendo a
Igreja o seu Corpo, de algum modo, a Igreja nascia
ali, no instante em que o Verbo se fazia carne.
o Profissão de fé de São Pedro (Mt 16,13-20): Quando
Simão, inspirado por Deus, reconheceu Jesus como o
Cristo, este declarou que sobre ele, agora chamado
Pedro, construiria sua Igreja, lhe entregando as chaves
do céu e prometendo que as portas do inferno não
prevaleceriam. Aquele ato marca a fundação do
papado por Cristo.
o Última Ceia (Mt 26; Mc 14; Lc 22; Jo 13-17): Ne la Cristo aboliu o antigo sacerdócio
e instituiu o novo, ordenando os Doze Apóstolos os
sacerdotes da Nova Lei. A Santa Ceia marca,
portanto, a instituição do Sacerdócio Católico, que
deriva daqueles 12. Também nela Cristo instituiu a
Eucaristia, e com ela os demais Sacramentos,
essenciais à missão salvífica da Igreja.
o Calvário (Jo 19,34): Estando Cristo morto na Cruz,
o centurião São Longuinho atravessou-lhe o lado
com uma lança, perfurando seu Sagrado Coração, do
qual jorrou Sangue e Água. Reproduzia-se, assim, o
qu e ocorra no Gênesis: como do lado do homem
Deus tirou a mulher (Gn 2,21), do lado de Cristo,
Deus tirou sua Esposa, a Igreja (Ef 5,29). E como de Adão e Eva nascera a humanidade
decaída, de Cristo nascia a nova humanidade, regenerada pelo seu sacrifício, a Igreja

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Católica. E no Calvário, Deus deu à sua Igreja sua própria mãe como Mãe, confiando-
a, na pessoa de São João, todos os cristãos como filhos (Jo 19,26-27; Ap 12,17).
o A Grande Comissão (Mt 28,16-20): Esse é o nome que se dá à última instrução do
Ressuscitado à sua Igreja, enviando-a para que fizesse discípulos entre todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar
tudo quanto Ele ordenada. Em seguida subiu aos Céus, abençoando sua Igreja (Lc
24,51) e prometendo que estaria com ela todos os dias, até o fim dos tempos (Mt 28,20).
o Pentecostes (At 2,1-13): Conforme Cristo ordenara,
os Apóstolos, a Virgem Maria e os demais fiéis,
permaneceram em oração em Jerusalém. Após a
substituição do traidor Judas por São Matias como
12º Apóstolo (At 1, 15-26), foi-lhes derramado
então o Espírito Santo Paráclito, que Cristo
prometera na Última Ceia. Não apenas capazes de
falar em todas as línguas e serem entendidos, mas
tamb ém iluminados a respeito de toda a fé católica
que deveriam pregar nos quatro cantos do mundo,
os apóstolos ergueram-se cheios de coragem. São
Pedro, o Papa, foi até o povo de Jerusalém e lhe
exortou a conversão, gritando sua fé em Jesus
Cristo, convertendo três mil. Na expressão de
Daniel-Rops, “começou naquele instante a história cristã, com aquela declaração
apologética, que era também uma declaração de guerra ao mundo”.

As perseguições judaicas e a conversão de São Paulo

➢ A cura do aleijado por São Pedro no templo (At 3) chamou a atenção das autoridades judaicas,
que o prenderam e a São João, e os castigaram com açoites (At 4).
➢ Narra a Escritura, porém, que a perseguição apenas fortalecia a Igreja, que “era como um só
coração e uma só alma” (At 4,32).
➢ Necessitados de alguém que servisse os pobres que a Igreja acolhia, os Apóstolos instituíram o
diaconato, escolhendo sete homens provados na fé para auxiliá-los na administração da Igreja
(At 6).

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➢ Um destes escolhidos foi Santo Estevão, cujos grandes feitos em prol da evangelização
chamaram a atenção das autoridades judaicas, que o prenderam. Instado a declarar no que cria,
fez um longo discurso provando como Cristo era o Messias esperado pelos judeus e foi
condenado à morte, sendo apedrejado enquanto perdoava
seus inimigos (At 7).
➢ Desencadeou-se uma feroz perseguição, espalhando os
fiéis de Jerusalém para várias regiões da Judeia e Samaria
(At 8).
➢ Entre os perseguidores estava Saulo, judeu natural de
Tarso, extremamente cioso da pureza da lei. Encarregado
de prender os seguidores de Jesus que se encontravam em
Damasco, foi surpreendido no caminho pelo próprio
Cristo, que o fez cair de seu cavalo e revelou-se a si
mesmo. Cego, Saulo foi até Damasco e ao seu encontro
foi Santo Ananias, instruído por Cristo, que o batizou.
Convertido e imediatamente dedicado ao apostolado, o
agora São Paulo pôs-se a pregar o Evangelho e atraiu o furor dos judeus. Fugiu de Damasco
com São Barnabé e foi para Jerusalém, onde foi instruído por São Pedro. Em seguida foi para
Tarso, sua cidade natal, onde permaneceu por alguns anos (At 9).

A querela entre helenistas e judaizantes e o Concílio de Jerusalém

➢ A Igreja crescia, mas logo se instalou dentro dela um conflito, seu primeiro conflito interno, a
querela entre “helenistas” e “judaizantes”:
o Helenistas: Eram judeus da diáspora, que conviviam com os povos de outras nações e
que consideravam que os rigores da Antiga Lei não deveriam ser impostos aos fiéis
vindos do paganismo.
o Judaizantes: Eram judeus que permaneceram na Palestina, e que consideravam
necessária a manutenção da lei mosaica, em especial da circuncisão. Muitos até mesmo
negavam a admissão dos gentios no seio da Igreja.
➢ Cristo instruiu São Pedro a respeito disso. Através de uma visão misteriosa instou-o a “não
chamar de impuro o que Deus purificou” (At 10,14) e o enviou para batizar o primeiro pagão
convertido, São Cornélio, assim como à sua família, sobre a qual derramou o Espírito Santo
(At 10, 34-48).

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➢ Isso não resolveu o conflito interno na Igreja. Os judaizantes continuavam a pregar apenas aos
judeus e a obrigar os gentios convertidos pelos helenistas a cumprir a lei mosaica.
➢ São Barnabé foi até Tarso e trouxe São Paulo de volta. Passaram um ano evangelizando em
Antioquia, na Síria, onde os fiéis de Cristo foram chamados pela primeira vez de “cristãos”
(At 11,26).
➢ Primeira Viagem de São Paulo (ocorrida entre 45 e 48/49): viajou com São Barnabé para o
Chipre, para Antioquia da Psídia e para Icônio. Depois voltaram para Antioquia na Síria (At
13-14).
➢ Em Antioquia estabeleceu-se o
conflito aberto entre os helenistas e
judaizantes. São Pedro, querendo ser
conciliador, assumiu uma postura
inaceitável. Repreendido por São
Paulo, definiu que a questão seria
resolvida em Jerusalém.
➢ No Concílio de Jerusalém, São
Pedro e os apóstolos decidiram que a
Igreja deveria ser aberta a todas as
nações e que a antiga lei não mais vigorava (At 15).
➢ Se tratou da separação definitiva da Igreja em relação ao Judaísmo.

As viagens apostólicas

➢ Espalhados pelo mundo, os Apóstolos evangelizaram de cidade em cidade, escolhendo um


sucessor para cada igreja local que fundavam (um bispo):
o São Tomé: Pregou na Pérsia e chegou até a Índia, onde morreu lançado até a morte, em
Madras, em 72.
o São Mateus: Pregou na Pérsia e depois na Etiópia. Foi apunhalado até a morte na
Etiópia, em cerca de 72.
o São Matias: Pregou na Síria. Foi apedrejado e depois decapitado em local desconhecido
por volta de 80.
o Santo André: Viajou pela antiga região da Cítia, no sul das antigas repúblicas
soviéticas. Em seguida pregou na Ásia Menor e chegou até a Grécia, onde foi
crucificado numa cruz em forma de X em 60.

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o São Filipe: Pregou no norte da África e fundou a Igreja de Cartago, depois partiu para
a Ásia Menor, onde foi crucificado, na cidade de Hierápolis, em 80. Jaz na Basílica dos
Santos Apóstolos, em Roma.
o São Bartolomeu: Evangelizou a Armênia, onde foi esfolado vivo e depois decapitado,
em 51. Suas relíquias se encontram na Igreja de São Bartolomeu na Ilha, em Roma.
o São Tiago Maior: Viajou até a Espanha (aparição de Nossa Senhora do Pilar) e depois
voltou para Jerusalém, onde foi decapitado, em 44. Seu corpo foi trasladado de volta
para a Espanha, e jaz hoje em Santiago de Compostela.
o São Tiago Menor: Evangelizou na Síria, mas foi apedrejado em Jerusalém, em 62. Suas
relíquias estão na Basílica dos Santos Apóstolos, em Roma.
o São Simão e São Judas Tadeu: Pregaram na Pérsia, onde foram martirizados a
machadadas em 70. Estão sepultados na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
o São João: Foi para Éfeso, na província romana da Ásia, com Nossa Senhora.
Provavelmente lá se deu sua Assunção. Viajou e pregou pela Ásia e foi preso e levado
a Roma no tempo de Domiciano e colocado para morrer numa caldeira de azeite
fervente. Não morreu, sendo desterrado na ilha de Patmos, onde escreveu suas cartas,
seu Evangelho e o Apocalipse. Libertado, voltou para Éfeso, onde morreu aos 94 anos
em 103.

São Pedro e São Paulo

➢ As viagens missionárias de São Paulo estão detalhadamente


narradas nos Atos dos Apóstolos entre os capítulos 16 e 28.
Por volta do ano 60 foi preso pelos judeus em Cesareia e
condenado a morte. Apelou para o imperador, tendo sido
levado para Roma.
➢ Em Roma, conforme testemunho de Eusébio de Cesareia, já
se encontrava São Pedro desde o ano 42. Ele fundou a Igreja
de Roma, onde foi bispo por 25 anos.
➢ No tempo de Nero foram condenados a morte. Ficaram presos
no Cárcere Mamertino.
➢ São Paulo foi decapitado na Via Ápia e São Pedro crucificado de cabeça para baixo no
Vaticano no ano 67.

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