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Prefeitura Municipal de Curitiba

Secretaria Municipal da Saúde


Superintendência de Gestão em Saúde
Departamento de Atenção à Saúde
Coordenação de Saúde Mental

DIRETRIZES INSTITUCIONAIS

DOS CENTROS DE ATENÇÃO

PSICOSSOCIAL- CAPS

DE CURITIBA

CURITIBA, ABRIL DE 2018


ATUALIZADA: NOVEMBRO DE 2019
REVISADA E ATUALIZADA: MAIO DE 2021

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ORGANIZADORES:

Cristiane Sinhoca Rasera


Elaine Venceslau Tosin
Flavia Vernizi Adachi
Juliana Czarnobay
Juliane Faria Loureiro
Luciana Maysa da Silva Sydor
Luciane do Rocio Jungles de Manente
Marcelo Costa Benatto
Maria Carolina Scaff Pereira
Maria Christina Barreto
Nalu Yassuko Yamamoto Caigawa

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 05
INTRODUÇÃO 06
1. O QUE SÃO CAPS 07
1.1 Organização dos CAPS de Curitiba 09
1.1.1 Horário de Funcionamento 09
1.2 Estrutura dos CAPS 09
2. A PRÁTICA DO CAPS 10
2.1 Espaços Organizadores 12
2.1.1 Recepção 12
2.1.2 Ambiência 12
2.2 Conjunto de Atividades 13
2.2.1 Acolhimento 13
2.2.2 Avaliação Especializada 17
2.2.3 Projeto Terapêutico Singular – PTS 17
2.2.4 Atendimento Especializado 20
2.2.4.1 Ofertas Terapêuticas 20
2.3 Atenção à Crise Psicossocial e Evento Agudo 22
2.3.1 Atenção à Crise Psicossocial 22
2.3.2 Evento Agudo 23
2.3.3 Recursos de Rede para atender a crise/evento agudo em saúde mental 23
2.3.3.1 Unidade de Pronto Atendimento 23
2.3.3.2 Leito de Hospitalidade nos CAPS III 24
2.3.3.3 Leito de Estabilização Psiquiátrica – UEP 26
2.3.3.4 Leito Integral em Hospital Psiquiátrico 26
2.3.3.5 Leito psiquiátrico em Hospital Geral 27
2.3.4 Interface com a Central de Retaguarda em Saúde Mental CRSM 29
2.3.5 Fluxo de solicitação de leitos UEP e hospitalares 29
2.4 Reabilitação Psicossocial 30
2.5 Articulação de Redes Intra e Intersetorial 31
2.5.1 Matriciamento 32
3. PROCESSOS DE GESTÃO DO TRABALHO EM CAPS 34
3.1 Papel da Gestão no Serviço 34
3.2 Coordenador do CAPS 34
3.3 Projeto Institucional 35
3.4 Espaços de Discussão/qualificação técnica 35

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3.4.1 Reunião de Equipe 35
3.4.2 Reunião de Equipe de Referência (Mini-equipe) 36
3.4.3 Passagem de Plantão 36
3.4.4 Câmaras Técnicas dos Núcleos Profissionais 37
4. INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO CUIDADO 37
4.1 Prontuário 38
4.2 RAAS, BPA-C e BPA-I 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
APÊNDICE 01 NORMATIZAÇÃO DOS REGISTROS EM PRONTUÁRIOS DE CAPS 43
APÊNDICE 02 TERMO DE CIÊNCIA DOS DIREITOS DA PESSOA PORTADORA DE
TRANSTORNO MENTAL 45
APÊNDICE 03 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 46
APÊNDICE 04 PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA DOS CAPS PARA LEITO 48
APÊNDICE 05 FORNECIMENTO DE CÓPIA DE PRONTUÁRIO 49
APÊNDICE 06 PROCEDIMENTOS PARA O FATURAMENTO 52
APÊNDICE 07 ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO DO ACOLHIMENTO 62
APÊNDICE 08 CRITÉRIOS E REGULAÇÃO DO USO DOS LEITOS DE CAPS 63
APÊNDICE 09 COMPARTILHAMENTO DE LEITO 66
APÊNDICE 10 PROJETO INSTITUCIONAL 73
APÊNDICE 11 SISTEMATIZAÇÃO DAS ROTINAS DE CUIDADO DAS EQUIPES NOTURNAS
DOS CAPS 74
APÊNDICE 12 FLUXO PARA SOLICITAÇÃO/ACOMPANHAMENTO E EXECUÇÃO DO
INTERNAMENTO PARA ADOLESCENTES 82
APÊNDICE 13 ROTEIRO PARA A CHAMADA DE TELEMONITORAMENTO DOS CAPS 86

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LISTA DE SIGLAS

ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE APS


BOLETIM DE PRODUÇÃO AMBULATORIAL – CONSOLIDADO BPA-C
BOLETIM DE PRODUÇÃO AMBULATORIAL – INDIVIDUALIZADO BPA-I
CENTRAL DE RETAGUARDA EM SAÚDE MENTAL CRSM
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL CAPS
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTIL CAPSi
CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CRAS
CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CREAS
CENTRO PSIQUIÁTRICO METROPOLITANO CPM
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO EM SAÚDE DAS
FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL FAS
HOSPITAL DO IDOSO ZILDA ARNS HIZA
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA NASF
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO PNH
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO POP
PROJETO INSTITUCIONAL PI
PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR PTS
REGISTRO DAS AÇÕES AMBULATORIAIS DE SAÚDE RAAS
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL RAPS
RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA RT
SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE SMS
SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA SAMU
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM SAE
SUBSTÂNCIA PSICOATIVA SPA
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS
TÉCNICO DE REFERÊNCIA TR
UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO UPA
UNIDADE DE ESTABILIZAÇÃO PSIQUIÁTRICA UEP
UNIDADE MUNICIPAL DE SAÚDE UMS

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Prefeitura Municipal de Curitiba
Secretaria Municipal da Saúde
Departamento de Atenção à Saúde
Coordenação de Saúde Mental

APRESENTAÇÃO

O documento “Diretrizes Institucionais dos CAPS de Curitiba” reúne informações


relevantes para subsidiar a prática dos profissionais que atuam nos CAPS do município,
oportunizando a promoção de alinhamento e de efetivação de processos de trabalho
necessários a consolidação do modelo de atenção psicossocial em Curitiba. Este
material, cuja elaboração foi embasada nos documentos reguladores da Política
Nacional de Saúde Mental vigente, expressa o processo de consolidação dos CAPS
enquanto dispositivos estratégicos da Rede de Atenção Psicossocial, constituindo-se
diretrizes e objetivos para seu funcionamento, com vistas a qualificação do cuidado por
meio do acolhimento e do acompanhamento especializado das pessoas.
Nessa trajetória, importante ressaltar o compromisso com o processo de
reinserção e reabilitação psicossocial, impulsionado pela busca incessante da
integralidade do cuidado, se coadunando esforços intra e intersetoriais face à
complexidade da problemática do campo da saúde mental, que agrega pessoas
secularmente estigmatizadas e com demandas das mais variadas ordens.
Tal documento busca responder também, à necessidade de se instituir nos
serviços processos de trabalho claros, embasados em referenciais institucionais e
técnicos, que possam instrumentalizar os trabalhadores no desenvolvimento das suas
ações cotidianas.
Esperamos que as Diretrizes Institucionais contribuam para o desafio de
potencializar os CAPS em Curitiba objetivando o fortalecimento das práticas de atenção
e cuidado em saúde mental, construtoras de sentido e significado para os agentes
envolvidos, e que realmente possam impactar na consolidação de uma rede integrada,
caracterizada por uma missão única e objetivos comuns.

Flavia Vernizi Adachi


Coordenadora de Saúde Mental
Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba

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INTRODUÇÃO

A Portaria nº 3088/2011 (atualizada pela Portaria 3588/2017), do Ministério da


Saúde instituiu a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para pessoas com sofrimento
ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com a finalidade de criação,
ampliação e articulação dos pontos de atenção à saúde. Visando garantir a promoção
do acesso e a integralidade da assistência em saúde, são estabelecidos distintos
componentes da RAPS, configurando-se como portas de entrada da rede de atenção.
Deste modo, os diferentes pontos de atenção componentes da RAPS devem
estar organizados de modo a contemplar os mesmos objetivos gerais: promover
equidade reconhecendo os determinantes sociais da saúde; promover e ampliar o
acesso e qualidade dos serviços; garantir integralidade do cuidado; favorecer a inclusão
social; promover a articulação e integração dos pontos da rede; estruturar serviços em
rede de atenção à saúde regionalizada com ações intersetoriais.
Tendo em vista a busca incessante pela implantação de serviços que abarquem
as diferentes necessidades identificadas pelos usuários, elencam-se como pontos
estratégicos para a implementação desta rede: I) ampliação do acesso à rede integral à
saúde mental; II) Qualificação da rede de atenção integral à saúde mental; III) Ações
intersetoriais para reinserção social e reabilitação; IV) Ações de prevenção e redução
de danos (PORTARIA 3088, 2011).

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Diante deste cenário, constitui a RAPS de Curitiba:

REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CURITIBA

PONTO DE ATENÇÃO COMPONENTES

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE - UMS / NASF


- CONSULTÓRIO NA RUA

AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO - SERVIÇOS PRÓPRIOS E CREDENCIADOS

ATENÇÃO PSICOSSOCIAL - CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPS (INFANTIL E


TERRITORIAL II E III)
ESPECIALIZADA
- SAMU
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - UPA 24 HORAS
- UEP (UNIDADE DE ESTABILIZAÇÃO PSIQUIÁTRICA)

ATENÇÃO HOSPITALAR - HOSPITAL PSIQUIÁTRICO


- LEITOS DE SAÚDE MENTAL EM HOSPITAL GERAL

ESTRATÉGIAS DE - SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO


DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

1 O QUE SÃO CAPS?

Os CAPS constituem-se como lugar de referência e tratamento para pessoas


com grave sofrimento psíquico, cuja severidade e/ou persistência demandem um
cuidado intensivo, caracterizando-se como serviços comunitários, de base territorial que
objetivam atender diariamente os usuários de acordo com projetos terapêuticos
singulares de cuidado clínico, eficiente e personalizado, os quais devem promover
inserção social através de ações multiprofissionais e intersetoriais, desenvolvendo
estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas. O cuidado propiciado é
realizado por equipe multiprofissional com prática interdisciplinar que inclui médicos,
psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, técnicos de
enfermagem, entre outros profissionais.
Devem promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais
que envolvam educação, assistência social, saúde, trabalho, esporte, justiça, moradia,
cultura e lazer, de acordo com Projetos Terapêuticos Singulares – PTS e
compreendendo-se que tal inserção constitui-se como efeito de uma terapêutica
qualificada. Apresentam uma estrutura flexível para que não se tornem espaços
burocráticos, repetitivos, reproduzindo um tratamento focado na patologia, com a

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anulação da pessoa. Assim, os serviços devem pautar sua prática no acolhimento da
pessoa a partir de uma lógica psicossocial, onde o processo de reabilitação psicossocial
deve ser entendido como diretriz para a articulação dos diferentes atores do cuidado.
Os CAPS com horário de funcionamento das 07h às 19 horas de segunda a
sexta-feira são chamados de CAPS II, e aqueles com leito de hospitalidade noturna e
funcionamento 24 horas todos os dias da semana são os CAPS III. Ainda são
diferenciados para os atendimentos voltados tanto ao público adulto quanto
“infantojuvenil” (atendimento de crianças e adolescentes). Em Curitiba, os CAPS estão
estruturados a partir do modelo territorial e atendem as demandas de saúde mental
dentro do seu território de referência.
O CAPS territorial consiste no equipamento que realiza o tratamento de pessoas
com transtorno mental severo e persistente e/ou usuários de álcool e outras drogas a
partir de 18 anos, de determinado Distrito Sanitário, ou seja, é referência para o
tratamento da população adulta que apresente grave prejuízo funcional decorrente de
transtornos mentais e/ou uso de substâncias do território assistido. Seu objetivo é
oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o
acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho,
lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares, sociais e afetivos.
Esse modelo visa promover a melhoria do acesso, apropriação pelas equipes do
território adscrito com o estreitamento da relação com as equipes dos equipamentos
que compõe a rede de saúde, bem como dos recursos comunitários do território;
integração e articulação das equipes CAPS com as equipes de território de referência
(APS, NASF, Ambulatório, RT e UPA), propiciando que o cuidado ao usuário seja
realizado na lógica de Equipe Ampliada. A prática deve ser pautada no cuidado com
foco na integralidade do sujeito e obedecendo aos princípios do SUS – universalidade,
territorialidade, integralidade e equidade. Fundamentalmente, o CAPS deverá construir
o seu Projeto Institucional focado na promoção do processo de reabilitação
psicossocial/reinserção social, principal estratégia de cuidado dos CAPS.
Os CAPS i são serviços de saúde mental destinados a prestar tratamento, por
equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar à crianças e adolescentes
até 18 anos incompletos com sofrimento mental grave e persistente, incluindo o uso de
álcool e outras drogas. Tem por princípios gerais a tomada de responsabilidade pelo
tratamento/agenciamento de cuidados para crianças e adolescentes que por sua
condição psíquica estejam impossibilitados de manter laços sociais ou sob o risco de
não sustentá-los e, mantendo a posição ética de conduzir o trabalho a partir da
consideração de que crianças e adolescentes são sujeitos psíquicos, de
responsabilidade e de direitos. Reafirmam o compromisso em não reduzir seu trabalho

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à pedagogização do tratamento, à medicalização do sofrimento ou à institucionalização
do cuidado.

1.1 Organização dos CAPS de Curitiba


A delimitação dos territórios dos CAPS segue determinação de divisão territorial
assistencial da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba/Coordenação de Saúde
Mental.

1.1.1 Horário De Funcionamento

CAPS II 2ª a 6ª das 7h às 19h


CAPS III 24 horas todos os dias da semana

Prioritariamente os CAPS possuem organização interna para manutenção de


profissionais de referência que realizam o atendimento de recepção e para o
acolhimento de pessoas que buscam o serviço, seja por demanda espontânea ou
referenciada. A carga horária dos profissionais que atuam nos CAPS segue as
legislações profissionais e o contrato de trabalho vigente. Todos os CAPS permanecem
abertos durante o horário de almoço.

1.2 Estrutura do CAPS


O serviço deve deixar sinalizado seu fluxo de atendimento (horários das
atividades, composição da equipe técnica, dias e horários dos profissionais), assim
como o mapa do seu território de abrangência em local visível para a população.
Na sala dos profissionais ou da administração, deve haver quadro com
identificação dos usuários em tratamento e com a respectiva equipe de referência (mini
equipe). O serviço deve manter atualizadas informações a respeito do número de
usuários atendidos e indicadores de atendimento do CAPS, conforme estabelecido pela
Coordenação de Saúde Mental/Departamento de Atenção em Saúde da Secretaria
Municipal da Saúde.
Os CAPS possuem salas para atendimento individual, em grupo, sala de
armazenamento e fornecimento da medicação, além de espaços de convivência;
também, estrutura e equipamentos necessários para realização de faturamento e
produção de informações relevantes, infraestrutura material para realização de
atividades terapêuticas e contar com alimentação em diferentes turnos como parte do
projeto terapêutico singular dos usuários.

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2 A PRÁTICA DO CAPS

Considera-se que a prática da Saúde Mental nos CAPS é organizada a partir dos
fundamentos da Política Nacional da Saúde Mental, entendidos enquanto motivos
orientadores das atividades a serem desenvolvidas no cotidiano dos serviços: combate
à discriminação, estigma e preconceitos; garantia da cidadania e dos direitos da pessoa
portadora de transtorno mental; atenção humanizada e centrada nas necessidades das
pessoas; participação e controle social dos usuários, familiares e sociedade;
reorientação do modelo assistencial (ênfase em serviços de base territorial e
comunitária, garantindo liberdade e autonomia); desinstitucionalização, reabilitação
psicossocial e reinserção social (ADACHI, 2017)
A partir destes motivos orientadores, tal prática é composta por um conjunto de
atividades que visam contemplar os mesmos objetivos gerais: ser lugar de referência e
tratamento para pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, constituir-se
como serviço comunitário e de inserção territorial; promover integralidade da atenção e
humanização da assistência; realizar acompanhamento clínico e inserção social
(acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis, fortalecimento dos laços sociais
e comunitários); estimular autonomia dos usuários; funcionar de forma articulada e
integrada com demais equipamentos da RAPS. Assim, entende-se que os motivos
orientadores e objetivos gerais são responsáveis por dar sentido e significado à prática
desenvolvida pelas equipes nos serviços (ADACHI, 2017).

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PRÁTICA DE SAÚDE MENTAL NO CAPS

MOTIVOS CONJUNTO DE
ORIENTADORES OBJETIVOS
ATIVIDADES

Ser lugar de referência e


Combate a discriminação, ACOLHIMENTO tratamento para pessoas
estigma e preconceitos com transtornos mentais
severos e persistentes

Garantia da cidadania e
dos direitos da pptm ACOMPANHAMENTO
Constituir-se como serviço
ESPECIALIZADO comunitário, com inserção
territorial
Atenção humanizada e
centrada nas necessidades
das pessoas
REABILITAÇÃO
Promover integralidade da
PSICOSSOCIAL atenção e humanização da
assistência

Participação e controle social


dos usuários, familiares e ARTICULAÇÃO DE
sociedade REDES INTRA E Realizar acompanhamento
INTERSETORIAIS clínico e (re) inserção social
(acesso ao trabalho, lazer,
exercício dos direitos civis,
Reorientação do modelo fortalecimento laços sociais e
assistencial (ênfase em serviços comunitários )
de base territorial e
comunitária, garantindo
liberdade e autonomia

Estimular autonomia e
protagonismo dos usuários
Desinstitucionalização
reabilitação psicossocial e
reinserção social Funcionar de forma
articulada com demais
equipamentos da RAPS

Fonte: Adachi, 2017

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2.1 Espaços organizadores
2.1.1 Recepção
É o primeiro contato do usuário com o serviço de saúde, sendo o local e momento
propícios para iniciar a promoção da qualidade da assistência, captando as
necessidades trazidas pelos usuários e promovendo o primeiro vínculo através de um
atendimento humanizado, com resolutividade, postura de escuta e compromisso em dar
respostas às solicitações trazidas pelas pessoas que chegam ao serviço.
Importante apresentar uma estrutura física convidativa, organizada e confortável.
Deve ser realizada preferencialmente por um profissional administrativo, mas também
por profissional de nível médio e/ou superior, de acordo com as possibilidades do
serviço e escala organizada. Este profissional será responsável pela abertura do
prontuário, bem como o preenchimento da ficha de identificação do usuário.
A recepção é uma ferramenta organizadora dos fluxos do serviço, da circulação
e da estrutura, dá sentido para os processos que se ofertam aos usuários. Estes,
quando inseridos no serviço, deverão sempre que comparecerem ao CAPS, assinar lista
de frequência no momento da chegada.

2.1.2 Ambiência
Ambiência na Saúde refere-se ao tratamento dado ao espaço físico entendido
como espaço social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar
atenção acolhedora, resolutiva e humana.
Como diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), compõem-se por 03
eixos principais:
1) Espaço que vise confortabilidade;
2) Espaço como ferramenta facilitadora do processo de trabalho;
3) Espaço de encontros entre os sujeitos.
Desse modo, ambiência não é um procedimento assistencial, nem substitui as
ofertas terapêuticas indicadas para cada usuário de acordo com suas necessidades.
Trata-se, no entanto, de um modo de operar o cuidado com espaços e posturas
acolhedoras, humanizando o atendimento.
Os CAPS devem trabalhar com escala de profissionais na ambiência, que terão
por função potencializar o espaço terapêutico do CAPS. O profissional escalado para a
função deve manter postura dinâmica e proativa, atento a toda complexidade de
relações que se dão neste espaço, intervindo em situações que possam ser
disparadoras de crises em saúde mental.

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2.2 Conjunto de Atividades
2.2.1 Acolhimento
A Política Nacional de Humanização (PNH) define o acolhimento como um modo
de operar nos processos de trabalho em saúde de forma a atender a todos que procuram
os serviços de saúde, visando identificar necessidades, construir o vínculo terapêutico
inicial e/ou corresponsabilizar-se pelo acesso a outros serviços, caso necessário.

“Acolher ou se disponibilizar para o outro é valorizar


como o usuário se apresenta, é o serviço estar de
porta aberta para o usuário, com suas vivências e
seu sofrimento. Assim, gera uma atitude de
reconhecimento do outro como legítimo
interlocutor. É uma atitude transversal e não uma
etapa do processo de trabalho no serviço, mais que
receber ou realizar a triagem, nesse sentido, o
acolhimento não é apenas um procedimento;
portanto, não pode ser agendado para depois.” (MS
2015)

Sendo assim, acolhimento não é uma simples triagem. É o primeiro atendimento,


por demanda espontânea ou referenciada, incluindo as situações de crise no território.
Consiste em acolher, escutar a queixa, os medos e as expectativas do usuário,
identificar os riscos e a vulnerabilidade, perceber a avaliação do próprio usuário em
relação ao seu estado, prestando um atendimento resolutivo, orientando/
encaminhando, quando for o caso, para outros serviços de saúde, seja para
atendimento ou continuidade da assistência.

Organização do Acolhimento no CAPS


O acolhimento é realizado pela equipe multiprofissional escalada para o dia,
devendo ser conduzido por profissional de nível superior. Os CAPS devem organizar a
agenda de acolhimento equacionando a oferta de atendimento por:
Acolhimento eletivo/programado (atendimentos previamente agendados).
Prazo de agendamento máximo de 10 dias, avaliando-se a necessidade de priorização.
Acolhimento espontâneo (busca direta de usuário e/ou familiar). Deve ser
organizado de modo que sempre tenha algum profissional disponível para esta ação.
Acolhimento de urgência (casos agudizados ou que necessitam de
acolhimento imediato). Atendimento no mesmo dia.
Deste modo, os CAPS devem ter disponibilidade para acolher casos novos,
referenciados pelos diferentes pontos de atenção incluindo os encaminhados pelos
serviços de urgência, como também por procura direta, mesmo sob o efeito de
substâncias psicoativas, sem qualquer barreira de acesso. Os CAPS devem se

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organizar conservando equipe mínima para fazer o acolhimento de usuários no período
em que a equipe estiver em reunião, supervisão, em atividades externas e/ou em
realização de eventos.
Deve-se acolher e ofertar cuidados à população em situação de rua,
independentemente do local de cadastro e território ao qual esteja inserido.
Cabe também ao CAPS o atendimento domiciliar ou “in loco” na UPA, nos casos
em que não seja possível o deslocamento do usuário ao serviço. Nesses casos outros
equipamentos e recursos da rede devem ser articulados para apoio.

Casos prioritários
Egressos de internamento psiquiátrico, UEP, leito compartilhado de CAPS, crise
psicossocial (tentativa de suicídio; quadros de sofrimentos psíquicos graves), população
em situação de vulnerabilidade psíquica e social (gestantes; população em situação de
rua; situação de violência, crianças e adolescentes em acolhimento institucional) e
demandas judiciais (medidas sócio educativas, protetivas e outros) devem ser acolhidas
de segunda a sexta feira em caráter prioritário.

Sistematização Técnica do Acolhimento


Importante levar em consideração, além do diagnóstico clínico, um conjunto de
variáveis, tais como: a funcionalidade da pessoa, autonomia, suporte familiar/social, as
vulnerabilidades envolvidas, além da ausência de resposta terapêutica em outros
serviços de saúde ou intersetoriais, compondo assim um diagnóstico situacional
ampliado.
Avaliação inicial: alimentação, sono, atividades de lazer, doenças clínicas, uso
de substâncias psicoativas, ideação ou tentativa de suicídio, uso de medicação,
autonomia de cuidado, suporte familiar, histórico de violência e histórico de
institucionalização. Vide orientações contidas no roteiro de acolhimento (Apêndice 7).
No momento da realização do acolhimento, o profissional pode se deparar com
duas possibilidades:

1- O usuário é INSERIDO no serviço: Agenda-se o retorno com TR


(destaca-se a obrigatoriedade do usuário sair com essa data
agendada) que irá apresentar as dependências do CAPS, equipe
técnica, rotina, horário de funcionamento, atividades desenvolvidas,
bem como esclarecê-lo quanto aos seus direitos, através da leitura e
assinatura do Termo de Ciência dos Direitos da Pessoa Portadora de
Transtorno Mental (Apêndice 2). Cabe ao TR também agendar

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avaliação médica e do serviço social. Neste interim, o caso é discutido
junto a equipe de referência do usuário, a fim de definir qual outra
avaliação especializada será necessário providenciar. Tais
avaliações são decididas em função do levantamento das
necessidades do usuário, bem como fruto de discussão junto a equipe
de referência 1e servirão para direcionar a construção do Projeto
Terapêutico Singular (PTS) inicial que deverá ser feito em no máximo
15 dias.
Obs: Em caso de dúvida sobre a inserção do usuário em tratamento,
este deverá ser inserido para avaliação especializada e posterior
definição de conduta.
A partir da inserção do usuário para acompanhamento no CAPS, é
necessário iniciar imediatamente o processo de avaliação
especializada multiprofissional e a construção do PTS (que num
primeiro momento é preliminar até que se agreguem todas as
avaliações dos núcleos profissionais).
2- O usuário NÃO SERÁ INSERIDO no CAPS: Deve-se realizar as
orientações necessárias e devidas articulações com os equipamentos
da saúde ou de outros setores. Caso seja necessário contra-
referenciar para a APS, deve-se estabelecer contato telefônico,
evoluir o atendimento no Esaude, indicando o motivo da não inserção
e sugerindo a sequência do atendimento, seja para acompanhamento
da APS, NASF ou ambulatorial (psiquiatria e/ou psicologia). Caso seja
necessário referenciar para algum serviço de urgência e emergência
(UPA e UEP), deve-se estabelecer contato telefônico para
repassar/discutir o caso, fortalecendo o caráter de co-
responsabilização entre diferentes equipamentos no cuidado ao
usuário e manter o monitoramento para o retorno após estabilização.

Quem acolhe toma sob sua corresponsabilidade a articulação do cuidado, seja


por meio dos procedimentos próprios ao serviço procurado, seja em outros serviços do
campo da saúde ou intersetoriais.

1
Entende-se por equipe de referência o conjunto composto por representantes de diferentes
categorias profissionais a fim de dar visibilidade às especificidades de cada núcleo de saber, e
que tem sob sua responsabilidade o gerenciamento do cuidado de determinado número de
usuários.

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Em caso de encaminhamento para outro ponto de atenção, isto significa um ato
responsável daquele que encaminha, articulando o caso com o outro serviço na forma
de transferência do cuidado, considerando as necessidades do sujeito e os recursos
disponíveis no território.

Fluxograma de Acolhimento:

ACOLHIMENTO NO CAPS

SIM NÃO
INSERÇÃO INSERÇÃO

ARTICULAÇÃO - TRANSF. CUIDADO

TR

EQUIPE DE REFERÊNCIA - DISCUSSÃO DO CASO


(Definição/Avaliações)

AVALIAÇÃO SOCIAL

AV. NÚCLEO
(necessidade)
AVALIAÇÃO MÉDICA

PTS INICIAL

Casos de não inserção: Transferência de cuidado


Todo caso que, após acolhimento do CAPS, for reencaminhado ao ponto de
atenção original deve ser discutido entre profissional responsável pelo
reencaminhamento e o representante da equipe que se corresponsabilizará por ele. A
transferência do cuidado deverá ter um resumo do acolhimento inicial com justificativa
para a não inserção no serviço e indicativo do recurso terapêutico mais adequado.
Esta transferência de cuidado ocorre via sistema Esaude, descrita no “Manual de
Registro em Esaude nos CAPS de Curitiba”, disponibilizados no Diretório dos CAPS.

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Os casos que puderem receber seu cuidado através da APS, deverão acontecer
com o apoio/orientação/matriciamento decorrente da articulação entre as equipes dos
CAPS e as equipes dos NASF de seus territórios.
O CAPS, no acolhimento inicial, deve considerar as avaliações realizadas por
equipes de outros serviços da rede de saúde para definir o plano de tratamento. Por
isso, discussões de casos entre os pontos de atenção da rede de saúde devem
acontecer constantemente.

2.2.2 Avaliação Especializada


A avaliação especializada consiste na próxima etapa após o acolhimento, em
que deverá aprofundar as questões trazidas pelo usuário através da anamnese
ampliada. É a oportunidade de obter dados do quadro clínico do usuário, através de
informações verbais e outras (exame físico, exame do estado mental, avaliação
ocupacional, avaliação social e avaliação psicológica) inerentes e exclusivas a cada
núcleo profissional. A avaliação especializada é fundamental para o processo de
construção do PTS de cada sujeito.
De acordo com a Política Nacional de Humanização, é necessário otimizar o
atendimento ao usuário articulando a agenda multiprofissional em ações diagnósticas e
terapêuticas que impliquem diferentes saberes e tecnologias de reabilitação.
Nesse sentido, enquanto o acolhimento é uma prática do campo da saúde
mental, em que várias disciplinas se apoiam para cumprir a tarefa, a avaliação é uma
ação de cada núcleo profissional de acordo com seu saber e acúmulo de
conhecimentos, saberes e tecnologias, de extrema relevância para construção do PTS
e que contempla a integralidade do cuidado.

2.2.3 Projeto Terapêutico Singular – PTS

A equipe do CAPS deve produzir, em conjunto com o usuário e seus familiares,


o PTS que o acompanhe no contexto cotidiano, promovendo e ampliando suas
possibilidades de vida e mediando suas relações sociais no intuito de proporcionar
melhora na autonomia, funcionalidade e independência. No PTS deve constar suas
necessidades, metas, estratégias e marcos avaliativos no processo de tratamento. O
objetivo maior será sempre a reabilitação psicossocial.
O PTS pode ser entendido como um conjunto de propostas e condutas
terapêuticas articuladas em discussão coletiva interdisciplinar. Configura-se como um
dispositivo potencial para o planejamento das ações em saúde, especialmente nos

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serviços onde o trabalho está sistematizado através das equipes de referência (BRASIL,
2007).
O PTS inicial, provisório, deve ser construído em no máximo 15 dias após o
acolhimento e o definitivo após avaliação especializada multidisciplinar, em até 45 dias.
A sua reavaliação deverá ser realizada em no máximo 90 dias.
A equipe de referência baseia-se na ideia de que vários profissionais aproximem-
se de certo número de pacientes e passem a assisti-los de modo singular, elaborando
e acompanhando junto de cada um deles o PTS (BRASIL, 2007). Seu trabalho consiste
em garantir ao usuário e demais profissionais da equipe uma visibilidade ligada à
ampliação da clínica, com vistas a promoção da integralidade às demandas identificadas
no PTS. Apresenta-se como um instrumento potente na promoção de vínculo e
responsável por garantir o processo de adesão do usuário ao PTS instituído, através da
organização e gestão do PTS.
As equipes de referência podem organizar seu processo de trabalho a partir do
Técnico de Referência (TR), que tem por responsabilidade o monitoramento do percurso
do usuário de acordo com seu PTS, constituindo um elo de aproximação entre este e
os demais profissionais da equipe de referência. No entanto, o TR não deve se sobrepor
à lógica da atuação interdisciplinar nos PTS dos sujeitos, onde é essencial a delimitação
das competências profissionais considerando o núcleo de formação, objetivando
garantir o processo de efetivo compartilhamento dos saberes.
Sobre o PTS é importante a equipe de referência observar que:
1. Todos os usuários atendidos nos CAPS de Curitiba deverão ter um PTS
devidamente elaborado e consensado entre o usuário, a equipe de profissionais de
referência e quanto possível a família.
2. O PTS deverá estar registrado no prontuário do usuário, contendo as
seguintes especificações:
a) Demandas: Diagnóstico situacional, identificando-se as necessidades
(aspectos biopsicossociais) passíveis de intervenção. Deve-se considerar os fatores de
risco e proteção do sujeito, bem como suas potencialidades;
b) Metas: Objetivos a serem atingidos com o tratamento, de acordo com a
realidade apresentada pelo contexto do usuário;
c) Estratégias: Operacionalização das ações terapêuticas, incluindo registro da
agenda semanal do usuário no serviço, considerando a articulação com a rede de saúde
e rede intersetorial. Identificar responsáveis pelas tarefas;
d) Reavaliação: Revisão das demandas, metas, expectativas e
redirecionamento de ações, conforme necessidade do usuário. Registro dos progressos
alcançados ou dificuldades encontradas no decorrer do tratamento. Deve ser realizada

18
pela equipe de referência com a presença do usuário sempre que necessário com
periodicidade máxima de 90 dias.
3. O PTS deverá apresentar coerência com os registros da evolução do paciente.

Segue abaixo, diagrama do processo de acolhimento e inserção no CAPS:


AÇÕES OPERAÇÕES OBJETIVOS
1- Primeiro 1.1 – Entrevista;  Garantir o acesso;
atendimento 1.2 - Atendimento  Compreender a situação
domiciliar/UPA. de forma abrangente;
 Legitimar a demanda do
usuário;
2- 2.1- Realizar discussão  Entender a expectativa do
Responsabilização do caso; usuário em relação ao
da equipe 2.2 - Construção do serviço;
percurso terapêutico  Identificar prioridades;
integrado.  Avaliar potencial risco com
grau de sofrimento;
 Criar vínculo para o
cuidado.
3.1- Mapear instituições;  Ofertar conjunto de ações
3.2 - Realizar desenvolvidas dentro e
3- Articulação com o interlocuções com fora do serviço;
território parceiros institucionais;  Promover acesso a outros
3.3 - Busca ativa; serviços;
3.4 - Encaminhamento  Garantir cuidado integral
para outros serviços;  Direcionar para o
3.5 – Transferência de atendimento p local
cuidado. adequado às
ACOLHIMENTO
necessidades.
4.1-Realizar anamnese  Reforçar vínculo;
ampliada: Avaliação  Compartilhar cuidado com
orgânica, psicológica e equipe;
social;  Avaliar potencial de
4.2 - Identificar riscos e contratualidade;
vulnerabilidade do  Realizar cartografia da
usuário; vida do usuário e seu
4.3 - Identificar desejos e contexto;
interesses;  Criar mapa
4.4 - Realizar contato com multidimensional da vida
a família; do usuário;
4- Elaboração do 4.5 - Discutir caso com  Definir processos, linhas
PTS equipe interdisciplinar; de ação e prioridades;
4.6 - Negociar e  Articular recursos de
estabelecer propostas de intervenção;
intervenção com o
 Promover ações que
usuário;
visem aumento de
4.7 - Definir tarefas e
autonomia;
competências;
 Delinear estratégias que
4.8 - Discutir
serão realizadas por cada
periodicamente evolução
parte;
e monitorar
acompanhamento.  Garantir continuidade,
avaliação e reavaliação do
processo terapêutico
 Monitorar PTS.

Fonte: Adachi, 2017

19
2.2.4 Atendimento Especializado
Para organizar o acompanhamento especializado ofertado pelo CAPS torna-se
importante diferenciar os conceitos de Núcleo e Campo.
Núcleo é constituído por características relativas à identidade de cada sujeito,
agregando a experiência pessoal, saberes específicos de cada profissão, habilidades e
vocação (CAMPOS, 2000).
O campo, por sua vez, compreende os saberes e responsabilidades comuns ou
confluentes a várias profissões ou especialidades, consideradas saberes básicos como:
processo saúde doença, relação profissional/paciente, regras gerais de
prevenção/promoção, organização do processo de trabalho.
No cotidiano dos CAPS o exercício da interdisciplinaridade configura-se como
exigência, promovendo um modelo inspirado na racionalidade interdisciplinar e dialógica
responsável pela interface entre as ofertas tecnológicas dos profissionais (cuidado,
saberes, instrumentos) e a necessidade dos usuários, agregando tratamento de caráter
clínico e de reabilitação psicossocial.
Portanto é essencial a delimitação das competências profissionais considerando
o núcleo de formação, garantindo o processo de efetivo compartilhamento dos saberes.

2.2.4.1 Ofertas terapêuticas


As ofertas terapêuticas consistem num rol de atividades, individuais (consultas
em geral, psicoterapia, atendimento de serviço social, intervenções de terapia
ocupacional, medicação assistida e outras) e/ou grupais (oficinas terapêuticas,
psicoterapia em grupo, grupos operativos, práticas corporais, expressivas e
comunicativas, entre outras), de cunho técnico, destinadas a atender as necessidades
e demandas dos usuários de acordo com seu PTS, compondo uma agenda de
atividades no serviço que pode ser complementada com outras ações desenvolvidas no
território.
As ofertas terapêuticas constituem-se como meios para promoção da
reabilitação psicossocial, e precisam ter objetivos técnicos claros para cada uma delas,
respeitando a especificidade dos núcleos de saber, configurando a riqueza e a potência
da interdisciplinaridade do trabalho no CAPS.
A partir da crise advinda da pandemia do coronavírus, os CAPS passaram a
incorporar o recurso do teleatendimento, que consiste na realização de atendimentos
individuais de forma remota. Para tais atendimentos devem-se utilizar as tecnologias
disponíveis em cada serviço (como telefone, vídeo-consulta). Para nortear os
atendimentos remotos segue documento ROTEIRO PARA A CHAMADA DE
TELEMONIORAMENTO DOS CAPS no Apêndice 13.

20
Cabe destacar a importância da família no acompanhamento dos usuários,
devendo o CAPS organizar atendimentos e atividades direcionadas aos familiares,
como parte integrante do PTS.
Também é de responsabilidade do CAPS, atender e apoiar a clientela oriunda
das Residências Terapêuticas (RT) ou Unidades de Acolhimento do seu território,
elaborando PTS em conjunto com equipe de apoio deste equipamento.
Além do rol de atividades de cunho técnico, outras atividades diárias do CAPS
podem ser oportunidades de acompanhamento ou abordagem terapêutica, como por
exemplo, os horários de refeição (café, almoço, lanche, jantar). São situações em que
a equipe deve organizar escalas para acompanhamento, considerando que são
momentos de interação social e relacional em que os usuários podem necessitar apoio
e intervenção da equipe técnica.
Abaixo, segue diagrama dos atendimentos especializados realizados no CAPS:
AÇÕES OPERAÇÕES OBJETIVOS
1.1 - Consultas em  Responder às
geral necessidades dos
1.2 - Atendimento sujeitos;
Psicoterápico  Realizar ações de
1.Atendimento 1.3 - Orientação promoção, prevenção e
Individual 1.4 - Atendimento assistência;
domiciliar  Elaborar PTS;
1.5 - Oferta de  Compreender contextos e
medicação assistida relações pessoais;
1.6 -Teleatendimento2  Promover capacidades,
1.7 - Fornecimento de tornando possível a
refeições diárias articulação com os
recursos existentes na US
e fora dela;
 Acompanhar/monitorar
caso que impossibilite
outra modalidade de
atendimento.
2. Atendimento em 2.1 - Psicoterapia  Explorar potencialidades
grupo 2.2 - Grupo Operativo das situações com
2.3 - Atividades de variadas finalidades;
suporte local  Promover sociabilidade;
ATENDIMENTO
2.4 - Oficinas  Intermediar relações;
ESPECIALIZADO
Terapêuticas  Manejar dificuldades
relacionais;
 Promover experiência de
construção compartilhada,
vivência de
pertencimento, troca de
afetos, autoestima,
autonomia e exercício da
cidadania.
 Construção da autonomia,
3.1 - Caminhada promoção e prevenção em
3.2 - Oficina de saúde;
3. Práticas corporais, relaxamento  Ampliação do repertório
expressivas e 3.3 - Oficinas de comunicativo e expressivo
comunicativas expressão – teatro, dos usuários;
teatro de bonecos

2
Operação não estava presente na ideia original. Integrada ao texto com concordância da autora.

21
 Construção e utilização de
processos promotores de
novos lugares sociais e
inserção no campo da
cultura.
4.1 - Atendimento  Garantir a
individualizado a corresponsabilização no
familiares contexto do cuidado;
4.2 - Grupo de  Propiciar
familiares compartilhamento de
4. Atendimento 4.3 - Visitas familiares experiências e
Familiar 4.4 - Atividades de informações;
lazer  Sensibilizar para o
envolvimento no
acompanhamento das
mais variadas situações
de vida.

5.1 - Manejo das  Compreender e mediar


situações de crise no possíveis conflitos;
domicílio ou outros  Prover afastamento das
espaços do território situações conflituosas;
5.2 - Acolhimento  Manejar situações de crise
noturno motivados por sofrimento
5. Atenção às 5.3 - Acolhimento decorrente de transtorno
situações de crise diurno mental e uso de álcool e
outras drogas;
 Promover resgate e
redimensionamento das
relações interpessoais,
convívio familiar e/ou
comunitário.
6. Acompanhamento 6.1 - Cogestão do  Promover a reabilitação
de pessoas inseridas plano de cuidados psicossocial.
em SRT, Unidades aos moradores
Residenciais de 6.2 - Apoio às
caráter transitório equipes das unidades
(comunidades residenciais
terapêuticas),
Unidade de
acolhimento para
adultos e Unidade de
acolhimento
infantojuvenil
Fonte: Adachi, 2017

2.3 Atenção à Crise Psicossocial e Evento Agudo


2.3.1 Atenção à Crise Psicossocial
Os CAPS devem manejar situações de crise, entendidas como momentos do
processo de acompanhamento dos usuários, nos quais conflitos relacionais com
familiares, contextos, ambiência e vivências, geram intenso sofrimento e
desorganização.
Esta ação exige disponibilidade de escuta atenta para compreender e mediar os
possíveis conflitos e pode ser realizada no ambiente do próprio serviço, no domicílio ou
em outros espaços do território que façam sentido ao usuário e sua família e favoreçam
a construção e a preservação de vínculos. Destaca-se a importância de quando

22
ocorrerem crises no território, haja integração das equipes da APS e CAPS para manejo
da situação, objetivando oportunizar uma troca enriquecedora para ambas as equipes,
qual seja: o CAPS se apropria do território que é a expertise da APS, e a APS se apropria
da manejo de crise em saúde mental que é a expertise do CAPS.

2.3.2 Evento Agudo


Podem ocorrer eventos agudos no atendimento de pacientes nos CAPS, e para
essas situações é importante que a equipe do serviço tenha uma diretriz interna de
procedimentos a serem adotados. Destaca-se a existência do documento: “Protocolo de
Manejo em Evento Agudo – CAPS de Curitiba” disponível no Diretório dos CAPS.
Os eventos agudos podem ter origem a partir de comorbidades clínicas
descompensadas, principalmente em idosos, gestantes descompensadas do ponto de
vista clínico ou em fim de gestação. Nestes casos deve-se priorizar avaliação na UPA
para definição da conduta.
Nos casos de descompensação do quadro psiquiátrico que gerem evento agudo,
após todos os recursos possíveis do serviço terem sido utilizados, incluindo a avaliação
quanto a possibilidade de leito em CAPS III, e não apresentarem resposta esperada,
deve-se utilizar outros pontos de atenção, obedecendo a necessidade avaliada pela
equipe e discutida junto à CRSM: serviço de emergência (UPA), leito psiquiátrico no
HIZA ou na UEP ou internação em hospital psiquiátrico3, ou ainda leito clínico junto à
Central de Regulação de Leitos Hospitalares.
Obs – Caso a situação ocorra após às 18 horas, o contato deve ser direto entre
as equipes do CAPS – UPA – UEP – SAMU.

2.3.3 Recursos de Rede para atender a crise/evento agudo em saúde mental


2.3.3.1 – Unidade de Pronto Atendimento
Equipamentos destinados a atender situações de urgência/emergência
(psiquiátricas ou não), que dentre suas atribuições destacam-se:

3
Segundo a lei 10.216, de 06 de abril de 2001: Parágrafo único. São considerados os seguintes
tipos de internação psiquiátrica:

I – internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;


II – internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de
terceiro; e
III – internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. Em relação às situações
envolvendo uso de Álcool e Drogas, os casos graves de abstinência e intoxicação devem ser
encaminhados para as emergências clinicas dos hospitais gerais ou UPAs.

23
* Avaliação e atendimento clínico, de acordo com a classificação de risco,
investigando diagnóstico diferencial orgânico/psiquiátrico para o paciente em situação
de urgência/emergência;
* Atendimento inicial na crise suicida;
* Exame clínico completo, visando identificar sinais e sintomas de alterações
clínicas agudas e/ou crônicas para indicação de tratamento clínico;
* Leitos de observação e de internação de curta permanência, que poderão ser
usados para manejo de crises.
No encaminhamento dessas situações clínicas, faz-se necessário contato prévio
com a UPA de referência (médico plantonista, coordenador médico, coordenador de
enfermagem ou coordenador da UPA) para repasse do caso e articulação da
transferência. Após a definição do encaminhamento para a UPA, acionar o SAMU para
transferência do usuário, e encaminhá-lo com a Guia de Transferência de Cuidado.
Após estabilização do evento agudo a UPA reencaminha o usuário para continuidade
do cuidado longitudinal em CAPS.
Nas situações de urgência/emergência de crianças e adolescentes atendidos
nos CAPSi, é importante a presença de um responsável pelo usuário no momento da
transferência à UPA. Na ausência de responsável legal, deve-se verificar com a
UPA/SAMU as condições possíveis para recebimento sem o responsável, informando
as providências realizadas para sua presença posterior e nesses casos considerar a
possibilidade do acompanhamento por um profissional de enfermagem do CAPSi no
transporte à UPA, com o repasse de informações sobre a necessidade do atendimento
de urgência/emergência, e retorno ao CAPS após efetivada a transferência.

2.3.3.2 Leito de Hospitalidade nos CAPS III


Os CAPS III dispõe de leitos de hospitalidade noturna como estratégia para
manejo das situações de crise. Os leitos dos CAPS III constituem-se como retaguarda
para os CAPS II, assim sua utilização não é de uso exclusivo do próprio serviço. Cada
leito vago de CAPS III, sejam os destinados para o público adulto e para o público infanto
juvenil, serão alvo de Regulação junto a CRSM a fim de otimizar e qualificar o recurso
de leito nos serviços CAPS III do município de Curitiba.
São critérios para uso do leito:
- usuário autônomo e voluntário à indicação de leito;
- descompensação do quadro psiquiátrico;
- desintoxicação e prevenção de síndrome ou piora de síndrome de abstinência
do álcool;
- prevenção de risco de agudização/recaída;

24
- promoção de abstinência do uso de spas;
- ideação suicida sem planejamento;
- risco ou automutilação sem gravidade clínica;
- observação de alteração comportamental com descarte de condição clínica;
- ajuste medicamentoso;
- suporte breve para crise psicossocial.
A utilização do leito faz parte do PTS do usuário inserido no serviço, sendo a sua
indicação dependente do momento psicossocial de cada usuário. Considerando que
trata-se de um momento transitório, é necessário que se tenha clareza acerca do motivo
da indicação, bem como do objetivo da permanência no leito, articulando as ações
necessárias para o processo de alta deste, pela equipe assistente, seja ela de CAPS III
ou CAPS II (para os casos de leito compartilhado).
O usuário inserido em leito deverá ser alvo de programa de cuidado - ofertas
terapêuticas – durante a permanência diuturna, devidamente planejado pela equipe
assistente, ou em conjunto com equipe de origem para os casos de leito compartilhado.
Importante que as ofertas terapêuticas sirvam como estratégia para atingir os objetivos
traçados em PTS.
O PTS dos usuários inseridos em leito deve conter entre outros, a data de
previsão de alta desta modalidade de cuidado, que pode se alterar a depender da
avaliação diária da equipe técnica assistente. Destaca-se a importância dos usuários
com alta de leito serem re-acolhidos no mesmo dia no CAPS de origem, para garantir a
continuidade efetiva do cuidado, mediante novo PTS.
Em relação ao cuidado noturno (ofertado por equipe de enfermagem) as
atribuições e funções desta equipe encontram-se descritas no Apêndice 11 –
Sistematização Noturna.
No caso de crianças e adolescentes inseridos em leito, importante observar que
a presença de um responsável legal como acompanhante é um direito e não um dever.
Desse modo deve-se avaliar os prós e os contras da permanência do acompanhante
para a evolução do quadro.
Tendo em vista a complexidade da assistência ao usuário inserido em leito, cada
CAPS III possui um profissional com atribuição de realizar/monitorar a gestão do recurso
leito. Esta função – de suma importância – inclui monitorar a ocupação do leito, tempo
de permanência, articulações necessárias para otimização do recurso, estimular
alinhamento entre equipes (para leitos compartilhados) e para outros pontos de atenção
(UPA, UEP e CRSM).

25
Fluxo de solicitação de leitos CAPS III
A necessidade de utilização de leitos no CAPS III ocorre através de avaliação da
equipe multiprofissional do CAPS, seguindo fluxo estabelecido no documento “Critérios
e Regulação do Uso dos Leitos de CAPS” (Apêndice 8).

2.3.3.3 Leito de Estabilização Psiquiátrica – UEP


Equipamento que tem como missão a estabilização de usuários com quadros
psiquiátricos agudos decorrentes ou não do uso de substâncias psicoativas - SPAs,
objetivando estabelecer hipótese diagnóstica, reconhecer patologias e alterações
orgânicas, prover auxilio e suporte até a hospitalização, prestar retaguarda e apoio em
períodos de serviços indisponíveis e referenciar para equipamentos da Rede de Atenção
Psicossocial – RAPS, mais adequado após a estabilização do quadro e controle dos
riscos. Visa instituir tratamento longitudinal, evitando recidivas e maiores prejuízos a
saúde psíquica, física e social do paciente.
Este serviço destina-se à adolescentes a partir de 12 anos de idade e adultos de
ambos os sexos, sendo um dispositivo da rede de saúde mental destinado ao
atendimento da população psiquiátrica em situação de agudização do quadro de base.
Inclui usuários com histórico de transtorno mental crônico com episódios de
recaída/recidiva e usuários sem histórico psiquiátrico pregresso decorrentes ou não do
uso de substâncias psicoativas. As ofertas de vagas são reguladas pela CRSM.
O atendimento de adolescentes deve seguir os mesmos critérios de leitos de
CAPSi quanto à presença ou não de responsável acompanhante, lembrando que não é
obrigatória sua presença.

2.3.3.4 Leito Integral em Hospital Psiquiátrico


Equipamentos que prestam atendimento a crise, de usuários de alto risco após
esgotados os outros recursos terapêuticos da rede. As ofertas de vagas são reguladas
pela CRSM. Quando disponibilizada vaga hospitalar, o usuário deverá ser encaminhado
com Solicitação de Internamento assinada por médico e acompanhado por quem irá se
responsabilizar pelo internamento, atendendo ao horário estipulado para chegada no
Hospital.
Para a transferência do usuário para o Hospital Psiquiátrico acionar o
SAMU/ambulância, garantindo a presença do familiar ou responsável, e em sua
ausência, um profissional de saúde (ou da assistência social) deverá acompanhar o
usuário até a efetivação do internamento.

26
2.3.3.5 Leito psiquiátrico em Hospital Geral
Serviço da RAPS que tem por objetivo promover a estabilização dos usuários
com transtorno mental que apresentam quadros clínicos comórbidos após esgotados os
outros recursos terapêuticos da rede. A regulação é via central de regulação de leitos
clínicos (CLM), com posterior contato com o núcleo interno de regulação (NIR) do HIZA.
Segue tabela com critérios diferenciais para os leitos dos respectivos
equipamentos.

27
LEITOS CAPS LEITOS UPA LEITOS UEP LEITOS HOSPITALARES

Estabilização de urgência / emergência Quadros de alto risco, após esgotados demais


Quadro psiquiátrico que necessite investigação e/ou psiquiátrica. recursos terapêuticos da rede.
Descompensação do quadro psiquiátrico.
estabilização clínica.

Recaídas com intoxicação aguda;


Uso nocivo de substâncias psicoativas;
Prevenção de risco de agudização / recaída; Delirium Tremens após exames laboratoriais.
Delirium Tremens / Síndrome de Abstinência: Tentativas prévias de tratamento sem efetividade;
Desintoxicação e prevenção de síndrome de
Hemograma, CPK, uréia, creatinina, lipase, TGO,
abstinência do álcool; Risco a si e a terceiros.
TGP, RNI, bilirrubinas e ECG.
Promoção de abstinência do uso SPA.

Tentativa de suicídio recente;


Ideação suicida ativa com planejamento
Ideação suicida com planejamento; elaborado, associado ou não a outros
transtornos;
Intoxicação exógena grave com risco clínico /
tentativas de suicídio; * Autoagressão, autoflagelação;
Ideação suicida sem planejamento; Pacientes com comportamento grave de auto e
Psicose com risco de suicídio; heteroagressão;
Ferimentos cortantes para sutura.
Risco ou autolesão / autoflagelação sem gravidade Intoxicação exógena, independente do tempo de Sintomas psicoticos acentuados, sem remissão
clínica. * Escore IRIS de risco de suicídio será utilizado como intoxicação (caso a caso). após uso de medicação;
apoio pelos médicos clínicos das UPA’s.
Perda do juízo critico da realidade;

Tentativas prévias de tratamento sem efetividade.


Necessidade de contenção espacial, química ou Necessidade de contenção espacial, química ou
Desnutrição ou desidratação grave; mecânica; mecânica;

Clinicamente instável ou que precisem investigação Grave agitação psicomotora não controlada com Grave agitação psicomotora não controlada com
Observação de alteração comportamental com clínica;
descarte de condição clínica; medidas iniciais; medidas iniciais;

Perda de consciência e/ou crise convulsiva nas Comportamento antissocial disruptivo sem Comportamento antissocial disruptivo sem
Ajuste medicamentoso e/ou monitoramento sem
últimas 24 horas sem histórico de epilepsia; respostaa abordagem e tratamento inicial; respostaa abordagem e tratamento inicial;
suporte familiar.
TCE para investigação (TC de crânio);
Suporte breve para organização social. Idosos (caso a caso) após exames
laboratoriais; Pacientes clinicamente estáveis.
Idosos para exames mínimos: Na, K, uréia,
creatinina, hemograma, ECG, parcial de urina. Adolescentes sob cuidados do Cense que
estejam em UPA.

28
2.3.4 Interface com a Central de Retaguarda em Saúde Mental CRSM
A CRSM caracteriza-se como central telefônica composta por equipe
multiprofissional (psiquiatra, psicólogas e enfermeiras), responsável pela regulação de
leitos psiquiátricos para internamento em Hospital Psiquiátrico Integral, em leitos na
Unidade de Estabilização Psiquiátrica e leito de hospitalidade em CAPS.
Tem como função buscar por vaga em hospital psiquiátrico, UEP e CAPS III,
priorizar os casos de maior gravidade de acordo com estratificação de risco e oferecer
apoio técnico para o melhor direcionamento do cuidado que o usuário necessita.
Objetiva promover a discussão e direcionamento dos casos oriundos dos diferentes
pontos de atenção avaliando recursos, favorecendo as especificidades de cada situação
e pontencializando a comunicação entre os serviços, buscando responsabilizar cada
ponto de atenção no que tange as necessidades dos usuários a curto, médio e longo
prazo.

2.3.5 Fluxo de solicitação de leitos UEP e hospitalares


A solicitação por vaga em Hospital Integral, UEP e leitos psiquiátricos do HIZA,
se dá após serem legitimados os critérios que identificam a necessidade para
internamento, devendo o médico assistente inserir esta solicitação no sistema de
prontuário eletrônico e-saúde (módulo internamento). Após, realizar contato telefônico
com a CRSM para efetivar a solicitação no sistema.
O contato telefônico pode ser feito por profissionais da equipe técnica, desde
que munidos dos dados pessoais do usuário (nome completo, data de nascimento,
nome da mãe, Unidade de Saúde de referência), da evolução médica em prontuário
com indicação de internamento, fornecimento do CRM do médico prescritor, CID,
história clínica e sinais vitais. Informar também as estratégias de cuidado que serão
realizadas enquanto a vaga não é liberada, tendo em vista que usuários com indicação
de internamento encontram-se, via de regra, em situação de risco, agudizados, em
vulnerabilidade e necessitando cuidado especializado integral.
Quando não há vaga de imediato, é necessário que a equipe se organize para
diariamente atualizar o quadro clínico e/ou psiquiátrico junto a CRSM, reafirmando a
indicação de internamento. Essa atualização é importante para definição dos casos
prioritários nos encaminhamentos às vagas hospitalares disponibilizadas. Importante
destacar que para solicitar a vaga, foram descritos sintomas clínicos e psiquiátricos que
justificam o internamento, e que na evolução da vaga, devem se ater somente às
alterações daquele quadro descrito, ou seja, a evolução atual (houve agravamento de
sintomas ou aparição de outros comportamentos de risco que não foram evoluídos no
pedido da vaga entre outros).

29
Importante lembrar que todos os casos em que o internamento (em hospital
psiquiátrico, em hospital geral ou em UPA) for efetivado, o CAPS deve monitorar o
usuário no ponto de atenção, acompanhando sua evolução e construindo seu plano de
continuidade de tratamento pós alta, articulando com familiares e outras equipes
intersetoriais, se necessário. Vide apêndice 12 sobre o fluxo de
solicitação/acompanhamento/execução de internamento para adolescentes.

2.4 Reabilitação Psicossocial


As estratégias de reabilitação psicossocial são entendidas como um conjunto de
práticas que visam promover o protagonismo para o exercício dos direitos de cidadania
de usuários e familiares da RAPS por meio da criação e desenvolvimento de iniciativas
articuladas com os recursos do território nos campos do trabalho/economia solidária, da
habitação, da educação, da cultura, da saúde, produzindo novas possibilidades de
projetos para a vida.
A reabilitação psicossocial é constituída de ações de emancipação junto aos
usuários e familiares no sentido da garantia de seus direitos e da promoção de
contratualidade no território. Para tal, é imprescindível que o CAPS, promova a
integralidade do cuidado, através da articulação com as demais políticas públicas,
objetivando trabalhar de forma compartilhada no enfrentamento das questões que se
apresentem.
É importante ressaltar que as estratégias de reabilitação psicossocial e de
protagonismo não se restringem a um ponto de atenção ou ações isoladas, mas
envolvem a criação de novos campos de negociação e formas de sociabilidade.
Considerando o processo histórico de estigma e preconceito relacionado aos
usuários destes serviços, há necessidade de ir além do simples encaminhamento da
pessoa para outros serviços. O apoio do CAPS deve se dar fundamentalmente na
direção de remoção de barreiras que impedem a integração do sujeito na comunidade
e consequentemente o pleno exercício dos direitos e cidadania. Consiste em mediar
relações para criação de novos campos de negociação e diálogo que propiciem a
participação dos usuários em igualdade de oportunidades, ampliando assim as redes
sociais e autonomia.
As ações de reabilitação psicossocial, desse modo, se caracterizam como a
principal estratégia do tratamento no CAPS, desenvolvendo-se a partir do momento da
inserção do usuário através, inicialmente, do acompanhamento especializado dentro do
serviço, evoluindo para construção das ações em território em conjunto com o usuário
e familiares.

30
Segue o diagrama do componente REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL:

AÇÕES OPERAÇÕES OBJETIVOS


1.1 – Oficinas para
familiares  Garantir o exercício de
capacitando-os para o direitos de cidadania;
entendimento da  Produzir novas possibilidades
doença, aspectos para projetos de vida;
diagnósticos e  Propiciar a participação dos
terapêuticos, usuários em igualdade de
prognóstico; oportunidades;
1. Fortalecimento de
1.2 – Oficinas de auto  Ampliar redes sociais e
usuários e familiares
REABILITAÇÃO cuidado apoiado; autonomia;
PSICOSSOCIAL 1.3 – Oficinas de  Mediar relações para criação
Empreendedorismo e de novos campos de
Geração de Renda. negociação e diálogo;

2. Promoção de 2.1- Articulação com


contratualidade no os recursos de cada
território território;
2.2 – Construção de
agendas intersetoriais
de políticas
integradas.

Fonte Adachi, 2017

2.5 Articulação de Redes intra e intersetorial


Em função da complexidade dos casos atendidos, os CAPS devem desenvolver
ações de articulação de rede como estratégias de ampliação da clínica da Atenção
Psicossocial, objetivando a inclusão social e pleno exercício da cidadania dos usuários
dos serviços de saúde mental. Estas ações podem envolver diferentes atores da RAPS,
como APS, NASF, UPA, hospitais, ambulatórios, Residências Terapêuticas, Centro de
Convivência, bem como os parceiros intersetoriais – FAS (CRAS, CREAS), Conselho
Tutelar, Judiciário, Unidades de Acolhimento, Secretaria da Educação, Esporte, Lazer,
Cultura, Secretaria de Defesa Social – Diretoria de Política Sobre Drogas e outros,
conforme as demandas apresentadas.
A Atenção Primária - APS é o ponto inicial de acesso do usuário no sistema de
saúde e habitualmente para onde se referencia a continuidade e/ou integração do
cuidado. Desse modo, a articulação entre as equipes APS / NASF e CAPS é
fundamental, devendo haver agendas e estratégias contínuas para garantir a integração
e compartilhamento das informações. É o trabalho integrado dessas equipes
intrasetorialmente, que possibilita organizar a integralidade do cuidado em saúde mental
no território.
Para tal, cabe ao CAPS articular espaços e participar de agendas para
construção de estratégias em rede, como colegiados, grupos condutores, reuniões de

31
gestão de caso, atendimento compartilhado, planejamento/execução sistemática de
matriciamento para APS/UPA e outros conforme a necessidade e demanda.
O CAPS enquanto gestor e articulador dos casos, deve estar atento às situações
em que os usuários encontram-se institucionalizados ou em vulnerabilidade / risco,
buscando relação próxima com os equipamentos intra ou intersetoriais envolvidos no
cuidado, respeitando as competências de cada ponto de atenção, bem como construção
conjunta do PTS nesses casos. Agendas de pactuação e discussão são fundamentais
nessa tarefa, para monitoramento e melhor condução das situações. Para os CAPS
infanto-juvenis a articulação e apoio junto às Unidades de Acolhimento, Conselho
Tutelar e Escolas são fundamentais e devem fazer parte da rotina dos serviços.
Para a efetivação de um trabalho em rede é inerente o trabalho intersetorial, que
implica no estabelecimento de vínculos de corresponsabilidade e cogestão pela
melhoria da qualidade de vida da população. Deste modo, o CAPS apresenta a missão
de envolver e articular com os diferentes setores das políticas públicas a garantia dos
direitos sociais que possibilitem a promoção de mecanismos que contribuam para o
processo de reabilitação e reinserção social de seus usuários.

2.5.1 Matriciamento
É uma ferramenta estratégica para a promoção da articulação em rede intra e
intersetorial. Significa ofertar apoio presencial sistemático às equipes da Atenção
Primária, Urgência e Emergência ou de outros pontos de atenção, propiciando suporte
técnico-pedagógico à condução do cuidado em saúde mental do seu território de
abrangência. Desta forma, tem por objetivo aumentar a resolutividade das equipes nas
ações referentes à saúde mental, constituindo-se como ferramenta de transformação
não só do processo de saúde-doença, mas de toda realidade da equipe e respectiva
comunidade. Mais do que um supervisor de caso, o matriciador pode participar
ativamente do projeto terapêutico coletivo, seja na sua construção como também na
condução. Os CAPS devem organizar as ações de matriciamento a partir do
planejamento territorial, isto é, através da pactuação com o Distrito Sanitário de
referência e composição das ações de matriciamento já realizadas pelos NASF do
território. O matriciamento será realizado pelos profissionais de nível superior da equipe
de referência do território (BRASIL, 2007).

32
Abaixo, diagrama das ações relacionadas à ARTICULAÇÃO INTRA E
INTERSETORIAIS:
AÇÕES OPERAÇÕES OBJETIVOS
1. Fortalecimento do 1.1 –Assembléias de serviços;  Promover a apropriação e
protagonismo de 1.2 – Participação em defesa de direitos;
usuários e seus Conselhos de Saúde;  Incentivar a criação de
familiares 1.3 – Participação em formas associativas de
Conferências e Congressos; organização.
1.4 – Atividades de promoção,
divulgação e debate das
Políticas Públicas e da defesa
de direitos no território.
2. Matriciamento de 2.1 – Apoio presencial  Contribuir no processo de
equipes da Atenção sistemático; co-gestão e
Básica, equipes dos 2.2 – Discussões de caso e corresponsabilidade no
pontos de atenção e processos de trabalho; agenciamento do PTS.
urgência e emergências 2.3 – Atendimento
e dos serviços compartilhado.
hospitalares de
referência
3. Ações de redução de 3.1 – Informação, educação e  Reduzir agravos à saúde
danos aconselhamento quanto aos associados ao uso de
ARTICULAÇÃO DE riscos e danos do uso de álcool e outras drogas;
REDES INTRA E produtos, substância ou droga  Promover redução do
INTERSETORIAIS que causem dependência; estigma e reinserção
3.2 – Orientação sobre social;
prevenção, promoção em  Ampliar cuidado e acesso
saúde; aos diversos pontos de
3.3-Divulgação dos serviços atenção.
públicos e de interesse público
nas áreas de assistência
social e saúde;
3.4 – Divulgação dos
princípios e garantias
assegurados na CF e
declarações universais dos
direitos;
4.5 – Sensibilização da
comunidade local, elaboração
de material educativo
4. Acompanhamento de 4.1 – Co-gestão do plano de  Promover articulação
serviço residencial cuidados aos moradores; entre as redes e os
terapêutico (SRT) 4.2 – apoio às equipes das pontos de atenção
unidades residenciais. produzindo autonomia e
reinserção social.

5. Apoio a serviço 5.1 – Apoio presencial


residencial de caráter sistemático;
transitório 5.2 – Suporte técnico
institucional aos trabalhadores;
5.3 – Monitoramento do PTS;  Favorecer a integralidade
5.4 – Articulação entre os das ações
pontos de atenção com foco no
cuidado;
5.5 – Desenvolvimento de
ações intersetoriais.
6. Estratégias de 6.1 – Colegiado com equipes  Acompanhar casos mais
monitoramento e de NASF e referências das complexos
compartilhamento de UMS.  Integrar ações
casos
7. Integração com outros 7.1 – Participação nos grupos  Elaborar estratégicas
recursos da rede condutores; intersetoriais, garantindo
intersetorial a integração dos pontos
7.2- Criação de agendas para da RAPS nas ações de
construção de PTS integrado. promoção da saúde
mental no território;
 Promover acesso a outros
equipamentos, serviços e
políticas.

Fonte: Adachi, 2017

33
3 PROCESSOS DE GESTÃO DO TRABALHO EM CAPS
A garantia do direito à saúde de todos os usuários atendidos pelos CAPS é
efetivada a partir do compromisso ético dos gestores e equipes com a realização de
práticas cotidianas voltadas à qualificação da atenção.

3.1 Papel da gestão no serviço


A gestão apresenta importante papel de articulação das ações que resultem na
melhoria da qualidade de atenção, a partir da estruturação/qualificação e
acompanhamento/monitoramento dos processos de trabalho, desempenhando
atividades subsidiadas a partir dos eixos:
 Resolubilidade e integralidade da atenção à saúde;
 Redução das iniquidades no acesso;
 Ampliação da qualidade e efetividade das ações;
 Sustentabilidade e legitimação do SUS

A Equipe da Coordenação de Saúde Mental da SMS tem a responsabilidade de


subsidiar e instrumentalizar os coordenadores dos CAPS e equipes quanto à Política de
Saúde Mental adotada pela Secretaria Municipal da Saúde, auxiliando no planejamento,
acompanhamento e avaliação das ações e indicadores dos serviços de acordo com o
modelo instituído e normativas legais.
Deverá ainda estimular equipes e coordenação local para a integração do CAPS
com o Distrito Sanitário em que está inserido e responder sobre questões não
estabelecidas em Diretrizes Institucionais que possam surgir no dia a dia dos serviços.

3.2 Coordenador do CAPS


É responsável por coordenar, supervisionar, participar do acompanhamento da
equipe interdisciplinar do CAPS no atendimento aos usuários, bem como do
planejamento, desenvolvimento e manutenção dos processos de trabalho de acordo
com o modelo instituído pela Secretaria Municipal da Saúde / Coordenação de Saúde
Mental.
Cabe a ele todas as questões inerentes a administração do RH vinculado aos
serviços, seguindo prerrogativas legais da Instituição. Demais funções e atividades
estão descritas em POP específico, disponível no Diretório dos CAPS.
OBS: Cabe à gestão do serviço promover junto à equipe, reunião mensal para
análise dos indicadores do serviço em relação ao território de abrangência.

34
3.3 Projeto Institucional – PI
O PI apresenta-se como instrumento fundamental para o fortalecimento da
identidade do CAPS, com a prerrogativa de sustentar uma prática que contribua para a
efetivação do modelo de atenção psicossocial de dado território. Assim, cada CAPS
deve construir seu PI, elaborado a partir das Diretrizes Institucionais dos CAPS,
considerando as especificidades do público atendido e particularidades do território
adscrito.
O PI é um instrumento formativo e ordenador dos processos de trabalho nos
serviços, sendo um documento norteador para a equipe acerca de todo o trabalho
institucional. O PI deve abarcar os itens contemplados no modelo que encontra-se no
(Apêndice 10).
O PI deverá ser compartilhado com o Distrito Sanitário de referência.

3.4 Espaços de Discussão/qualificação técnica


3.4.1 Reunião De Equipe
As reuniões de equipe são concebidas como instância formal de coordenação
do trabalho, através da congregação de todos os profissionais. Formam a base de
organização dos serviços, bem como planejamento do tratamento de seus usuários, e
para tal possibilidade devem contemplar espaços para discussões de casos e decisões
conjuntas, subsidiadas pelas diretrizes instituídas. É o espaço estratégico para a
operacionalização do PI, através do alinhamento dos processos de trabalho.
Devem ser organizadas como espaços de reflexão, discussão,
compartilhamento e divisão de tarefas e responsabilidades, promovendo
horizontalização do conhecimento, para que todos na equipe sintam-se responsáveis
pela construção do processo de trabalho.
As discussões conjuntas trazem aos profissionais envolvidos maior clareza
sobre os papéis que desempenham na equipe (núcleo e campo), assim como
contribuem para a condução da clínica dos usuários sob seus cuidados. O campo de
trabalho em CAPS, composto por diferentes profissionais em uma equipe, tem por
objetivo a prática interdisciplinar para o restabelecimento da saúde daqueles que
demandam tratamento, não devendo, entretanto, anular o núcleo de cada categoria
profissional, imprescindível para a promoção da integralidade do cuidado. Recomenda-
se que as reuniões de equipe sejam realizadas semanalmente.
Visando o desenvolvimento do potencial humano dos CAPS, seja via Educação
continuada ou Educação Permanente em Saúde, a coordenação local do serviço, com
suporte da Coordenação de Saúde Mental da SMS, pode organizar o fluxo de atividades
assistenciais para promover paradas técnicas com objetivo de qualificar os processos

35
de trabalho. As paradas técnicas devem ser comunicadas para Coordenação Geral dos
CAPS e Coordenação de Saúde Mental da SMS previamente. Importante destacar que
a assistência aos usuários de saúde mental não pode ser prejudicada na organização
destas ações.

3.4.2 Reunião da Equipe de Referência (mini equipe)


Para que se cumpra o objetivo maior do trabalho da equipe de referência que
consiste em garantir ao usuário e demais profissionais da equipe uma visibilidade ligada
à ampliação da clínica, com vistas a promoção da integralidade e às demandas
identificadas no PTS, recomenda-se que esta equipe seja composta por representantes
de diferentes núcleos profissionais e que seus integrantes se reúnam semanalmente
(ou sempre que se fizer necessário) para discutir a elaboração de PTS preliminar dos
usuários novos acolhidos.
Além disso, cabe a equipe de referência nesta discussão definir qual (ou quais)
avaliação especializada do núcleo profissional será agendada prioritariamente, a fim de
subsidiar o PTS definitivo. Cabe destacar que será nesta reunião também (mas não
exclusivamente) a definição do agendamento da consulta médica.
Outra pauta importante é o acompanhamento/evolução dos usuários sob a
responsabilidade da equipe de referência no mínimo semanalmente ou sempre que se
fizer necessário.
Importante destacar que a promoção da integralidade do cuidado exige a
realização de articulações intra e intersetoriais. Para que este objetivo seja atingido é
fundamental a organização de agendas mensais com as equipes da Atenção Primária,
dos NASF, bem como de outras secretarias ou instituições (considerando a demanda e
especificidade de cada território), a fim de se discutir os casos de forma compartilhada.
As reuniões da equipe, seja de referência ou gerais devem ser registradas em
ata, com assinatura dos presentes. Nos casos de usuários que tenham sido discutidos,
deve-se realizar registro administrativo no prontuário eletrônico Esaude do referido
usuário.

3.4.3 Passagem de Plantão


Trata-se de horários diários entre integrantes da equipe de turnos diferentes.
Objetiva-se repassar informações relevantes quanto a ocorrências envolvendo usuários
já inseridos no serviço para continuidade do cuidado ou outras providências, bem como
quanto a organização do serviço frente a demandas que precisam ser atendidas naquele
dia – acolhimentos, articulações, busca por leito compartilhado, dentre outras.

36
Recomenda-se que este compartilhamento de informações dure no máximo 20
minutos e destaca-se a importância do registro no livro de passagem de plantão.
Importante ressaltar que no decorrer da passagem de plantão, os usuários que estão
em leito/caps dia e ou aguardando atendimento não podem ser desassistidos e cabe a
equipe local manter escala para esses atendimentos durante a passagem de plantão
sob supervisão da coordenação local.
Nos CAPS III, a passagem de plantão ocorre em três horários distintos: 7:00,
13:00 e 19:00. Nos CAPS II, ocorre apenas às 13:00.

3.4.4 Câmaras Técnicas dos Núcleos Profissionais


As Câmaras Técnicas configuram-se como espaço estratégico de qualificação
processual da prática dos CAPS, objetivando o fortalecimento e resgate da identidade
dos núcleos profissionais atuantes nos serviços. Busca oportunizar discussão e reflexão
acerca das diferentes especificidades e potência dos diferentes núcleos na construção
do Projeto Terapêutico que impacte na melhoria da qualidade assistencial. Para tal,
compartilham tecnologias desenvolvidas em cada serviço, promovendo trocas,
considerando as realidades locais.
As câmaras técnicas dos núcleos apresentam um caráter formativo, contínuo e
permanente, para acompanhar a dinamicidade do trabalho e integrar equipes e
profissionais dos CAPS, buscando o alinhamento e fomentando o potencial dos núcleos
profissionais como parte integrante do tratamento.
As Câmaras dos diferentes núcleos devem estar interligadas, de modo a efetivar
a lógica do modelo interdisciplinar de tratamento nos CAPS.
Para tanto, o primeiro foco de atenção das câmaras está nas avaliações
especializadas de cada núcleo como parte integrante do Projeto de Tratamento dos
usuários, e marco do início do tratamento na atenção especializada em saúde mental.
O segundo momento está focado nas ofertas terapêuticas (estratégia para atingir
objetivos do tratamento em CAPS), tanto no “pensar” ofertas, quanto na
operacionalização destas nas realidades dos CAPS. O terceiro momento está
relacionado a promoção da reabilitação psicossocial, ou seja como os núcleos
profissionais contribuem para que se efetive este objetivo primário do trabalho
especializado em CAPS.

4 INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE CUIDADO


Os instrumentos de gestão de cuidado não se restringem a procedimentos
meramente burocráticos, eles remetem à forma qualitativa com que o cuidado foi
prestado aos usuários do serviço, embasando o processo decisório de planejamento da

37
gestão de saúde mental. Os CAPS são equipamentos estratégicos na composição da
Rede de Atenção Psicossocial e para que suas ações impactem em políticas públicas,
os registros dos profissionais que atuam na ponta é peça importante e fundamental.
O registro em prontuário, assim como dos procedimentos (RAAS, BPAC e BPAI)
precisa fornecer confiabilidade e fidedignidade, ao mesmo tempo, que faça sentido aos
profissionais que os registram.

4.1 Prontuário
Conforme artigo 1º da Resolução CFM nº 1638/2002 o prontuário é definido
como documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens
registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do
usuário e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que
possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade
da assistência prestada ao indivíduo.
É o instrumento responsável por dar visibilidade à trajetória dos usuários nos
CAPS, no qual se inscrevem todas as ações dispensadas, possibilitando uma análise
do plano de cuidado instituído. No desenvolvimento de um cuidado em CAPS e na
construção do PTS, os prontuários compartilhados e com registros atualizados,
qualificados e compreensíveis a todos são facilitadores do processo de comunicação.
Todos os CAPS de Curitiba contam com sistema de prontuário eletrônico
Esaude. Os prontuários físicos anteriores ao Esaude de usuário do CAPS – ativo ou
não, deve ser armazenado em local próprio, de fácil acesso, sendo responsabilidade do
serviço a sua guarda para garantir a continuidade do tratamento do paciente e
documentar a atuação de cada profissional.
Considerando que o prontuário é documento valioso para o usuário, equipe
multiprofissional que o assiste e para os serviços CAPS, além de se constituir
instrumento de defesa legal, torna-se obrigatória a criação de Comissão de Revisão
de Prontuários nos serviços, a fim de assegurar a realização dos registros técnicos.
As análises e avaliação da Comissão se basearão na “Normatização dos Registros em
Prontuário de CAPS” (Apêndice 1).
Importante ressaltar que o prontuário é documento do usuário, sendo direito
deste, requisitar uma cópia a qualquer tempo, conforme descrito no documento
Fornecimento de cópia de prontuário (Apêndice 5).

4.2 RAAS, BPA-C e BPA-I


Os CAPS habilitados pelo Ministério da Saúde legitimam sua prática
assistencial ao apresentarem o registro das ações desenvolvidas no seu

38
cotidiano e são dividas em 03 modalidades: do RAAS (Registro das Ações
Ambulatoriais de Saúde), além de BPA-C (Boletim de Produção Ambulatorial -
Consolidado) e BPA-I (Boletim de Produção Ambulatorial – Individualizado),
conforme prazos estabelecidos pelo Centro de Controle, Avaliação e Auditoria
(CCAA). O RAAS sistematiza um conjunto de procedimentos sensíveis às
diretrizes de funcionamento do serviço, contemplando ações cotidianas que
objetivam induzir práticas voltadas à consolidação dos princípios e diretrizes da
Política Nacional da Saúde Mental, entre estes, a garantia do direito ao cuidado
de base comunitária e territorial. A descrição das ações e códigos de
procedimentos encontram-se descritos no Apêndice 06.

Abaixo, diagrama das ações relacionadas à Organização do Processo de


Trabalho:
AÇÕES OPERAÇÕES OBJETIVOS
1.1 – Orientar e realizar
ações em conjunto com  Zelar pelo cuidado e
a equipe assistência dos usuários
1.2 – Acompanhar a  Buscar alinhamento das
1. Gerenciamento e atividade do CAPS ações do CAPS;
assistência e do cuidado 1.3 – Participar dos  Articular o projeto do CAPS
(Coordenador) colegiados (Distritos com a rede territorial.
Sanitários e
Coordenadores de
CAPS)
1.4 – Discutir fluxos,
processos de trabalho e
ações intersetoriais
ORGANIZAÇÃO DO 2.1 Elaborar PTI do  Caracterizar a estrutura e
PROCESSO DE serviço (conforme funcionamento do serviço;
TRABALHO especificações da SMS)  Discutir sobre casos dos
2.2 Participar da pacientes e propor
passagem de plantão direcionamentos;
2.3 Participar da reunião  Promover trocas de ideias
de mini-equipe entre os profissionais;
2. Espaços de pactuação 2.4 Participar da reunião  Sensibilizar para o trabalho
da equipe de equipe geral no campo da Saúde Mental;
2.5 Realizar registros  Ajudar na formação
em prontuário profissional;
2.6 Realizar registros  Alinhar diferentes
RAAS e BPA-C concepções e lógicas de
2.7 – Participar da trabalho;
Comissão de Revisão  Favorecer apoio entre
de Prontuários colegas;
 Estruturar melhor o
atendimento.
3.1 – Repassar
3. Rotinas informações para órgão  Sustentar a organização do
Administrativas gestor serviço;
3.2 – Alimentar planilhas  Organizar e sistematizar
(indicadores, CNES) informações.
3.3 – Atualizar cadastros
de usuários no sistema
3.4 – Organizar
prontuários
3.5 – Controlar provisão
dos insumos
3.6 – Providenciar
solicitação de
manutenção

39
3.7 – Realizar digitação
da RAAS
3.8 – Digitar relatórios
3.9 – Realizar atividade
de recepção do CAPS
3.10 – Apoiar nas
questões de RH

Fonte: Adachi, 2017

40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O documento Diretrizes Institucionais dos Centros de Atenção Psicossocial
nasce a partir da necessidade de se resgatar e fortalecer a identidade dos CAPS de
Curitiba, serviços da saúde mental especializados de referência para seus territórios.
Constitui-se como instrumento norteador da prática, promovendo às equipes segurança
e respaldo nas suas ações cotidianas.
Mais importante do que um protocolo que corre o risco de “engessar” o fazer da
clínica ampliada dos CAPS, as Diretrizes legitimam o cuidado em liberdade e a potência
dos CAPS como equipamento estratégico da RAPS. O documento mantém especial
cuidado com a assistência ao usuário de saúde mental, e os inerentes processos de
articulação da Rede de Atenção Psicossocial.
Entende-se que este documento precisa ser revisitado periodicamente, pois
acompanha o cenário histórico e o dinamismo da RAPS, sendo substrato da prática,
fruto de discussões e avanços no cuidado em saúde mental.
No momento atual tal documento passou por duas atualizações e uma revisão,
e espera-se que muitas outras ocorram, pois seu objetivo é alcançar a excelência no
cuidado teórico/prático que reflita na concretização dos pressupostos do modelo de
atenção psicossocial.

41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ADACHI, F.V. (2017) – Avaliação da Prática desenvolvida num Centro de Atenção


Psicossocial – CAPS III do Município de Curitiba. Dissertação de Mestrado, Curitiba:
Universidade Tuiuti do Paraná.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 130 de 26 de janeiro de 2012. Redefine
o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas 24 h (CAPS AD III) e os
respectivos incentivos financeiros. Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n˚ 854 de 22 de agosto de 2012. Altera e inclui
na tabela de procedimentos, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais do
Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Guia estratégico para o cuidado de pessoas com
necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas: Guia AD / Ministério
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da
Política Nacional de Humanização. Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto
Terapêutico Singular. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da


Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS: documento base para gestores e
trabalhadores do SUS. 4ª ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007.

CAMPOS, G.W.S. - Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e


práticas (2000) http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n2/7093.pdf.

LEI 10.216, de 06 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Diário Oficial da União, seção 01, Brasília, DF.

Portaria 336. (2002, 20 de fevereiro). Estabelece que os Centros de Atenção


Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I,
CAPS II e CAPS III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e
abrangência populacional, conforme disposto nesta Portaria. Diário Oficial da União,
seção 1.

PORTARIA, G. M.; Nº, G. M. 3088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de


Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do
Sistema Único de saúde (SUS). Diário Oficial da União, v. 23, 2011.
PORTARIA, G. M.; Nº, G. M. 3588, de 21 de dezembro de 2017. Altera as portarias de
consolidação nº 3 e nº 6, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre a Rede de
Atenção Psicossocial e dá outras providências. Diário Oficial da União, 2017.

42
APÊNDICE 1
NORMATIZAÇÃO DOS REGISTROS EM PRONTUÁRIOS DE CAPS

PTS - O trabalho no CAPS deve ser norteado pela construção de Projetos Terapêuticos
Singulares (PTS) e os registros dos atendimentos partem do PTS para se analisar
evolução.
EVOLUÇÃO - No prontuário deverão ser registradas informações qualificadas, sobre a
condição clínica do paciente, diagnóstico, medicações prescritas, respostas às
terapêuticas instituídas, progressos, dificuldades e outras informações relevantes ao
tratamento. Os registros deverão ocorrer de acordo com os procedimentos previstos no
sistema de prontuário eletrônico, tais como: Registro administrativo, solicitação de
exames, atendimentos individuais ou em grupo, busca ativa, visitas domiciliares,
conforme o manual do Esaude.
FREQUÊNCIA - Pelo menos uma vez por semana deverá haver registro de algum
profissional da equipe.
USO DO LEITO - Os registros devem ser diários por equipe multiprofissional,
contemplando todos os períodos do tratamento (manhã, tarde e noite).
REGISTROS RETROATIVOS - registrar o dia vigente fazendo menção à data em que
ocorreu a ação.
ALTAS/TRANSFERÊNCIAS DE CUIDADO

CLÍNICA – (conclusão do tratamento ou alta melhorada): Melhora do quadro clínico,


remissão da crise com estabilização dos sintomas psiquiátricos, processo de reinserção
social e autonomia alcançados de acordo com o pactuado no PTS de cada usuário. É
necessário o encaminhamento para outros serviços via sistema de prontuário eletrônico
Esaude, descrevendo quadro clínico atual, progressos alcançados com o tratamento,
metas atingidas e orientações quanto a continuidade do cuidado para a Unidade de
Saúde de origem.
ADMINISTRATIVA - (a pedido e abandono de tratamento): Solicitada pelo usuário e/ou
familiar, mesmo após as orientações sobre a necessidade de continuidade do
tratamento. Deve-se solicitar a assinatura do paciente e familiar/responsável e proceder
encaminhamento para monitoramento pela Unidade de Saúde de origem. Já na alta por
abandono de tratamento, é formalizada alta após registro de realização de 3
procedimentos de busca ativa, sem retorno do usuário ao tratamento. Informar Unidade
de Saúde para monitoramento, respeitando particularidades do caso.

43
ENCAMINHAMENTO PARA AD1 – Transferência de cuidados para a US mediante
articulações, para usuários inseridos após acolhimento e que não apresentam critérios
de permanência no CAPS quando realizadas avaliações especializadas. Outra situação
refere-se a usuários que mudaram de endereço e não pertencem mais à área de
abrangência territorial do CAPS.
INTERNAÇÃO EM URGÊNCIA – Usuários encaminhados para UPA e UEP.
INTERNAÇÃO HOSPITALAR – Transferência para Hospital clínico ou psiquiátrico.
ÓBITO - registrar origem da informação e, quando possível, cópia da Declaração do
Óbito.
PERMANÊNCIA – Transferência para leito em CAPS III. No retorno do usuário para o
CAPS de origem é alta clínica, pois concluiu o tratamento no leito.

ORIENTAÇÕES

1. Proteção da confidencialidade dos pacientes e dos registros da equipe.


2. Os pacientes e/ou responsáveis legais, devem ter acesso ao prontuário, caso
solicitem.
3. O CAPS deverá manter serviço de arquivamento de prontuários físicos,
anteriores ao Esaude, por um tempo mínimo de 30 anos, com:
a. Local exclusivo para arquivamento de prontuários;
b. Sistema lógico de arquivamento que permita a localização de qualquer
prontuário solicitado.

44
APÊNDICE 2

PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA


SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

CAPS

TERMO DE CIÊNCIA DOS DIREITOS DA PESSOA


PORTADORA DE TRANSTORNO MENTAL

Eu, , estou ciente dos


direitos a mim facultados no art. 2º Parágrafo da Lei nº 10.216 de 06 de abril de 2001.
Dispõe sobre a Proteção e os Direitos das Pessoas Portadoras de Transtornos Mentais.
Art.2º - Nos atendimentos em Saúde Mental, de qualquer natureza, as pessoas
e seus familiares ou responsáveis serão totalmente cientificados dos direitos
enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único: São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:


I. Ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas
necessidades;
II. Ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar
sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no
trabalho e na comunidade;
III. Ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV. Ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V. Ter direito a presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a
necessidade de sua hospitalização involuntária;
VI. Ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII. Receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento;
VIII. Ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX. Ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

Curitiba, de de .

Assinatura

Assinatura de familiar ou responsável Assinatura de profissional de Saúde

45
APÊNDICE 3
CAPS - Centro de Atenção Psicossocial
SAE - Sistematização da Assistência de Enfermagem
DATA: Nº 006.007.9.0004

IDENTIFICAÇÃO:

NOME: DN: / / IDADE: SEXO: ( )FEM. ( )MASC.

LEITO: DI: / /

HIPÓTESE DIAGNÓSTICA MÉDICA: PROFISSIONAL DE REFERÊNCIA:

HISTÓRICO DE ENFERMAGEM - ANAMNESE:

COMORBIDADES: ( ) HAS ( ) DM ( ) IRC ( ) CARDIOPATA ( ) OBESIDADE ( ) DESNUTRIÇÃO ( ) CA

( ) DÉFICIT PSICOMOTOR ( ) TABAGISMO ( ) ETILISMO ( ) DROGAS ILÍCITAS ( ) ALERGIA:

( ) OUTROS: MEDICAÇÕES CONTÍNUAS:

EXAME FÍSICO: SINAIS VITAIS:

CONSCIÊNCIA ( ) Glasgow HORÁRIO TºC FC FR PA DEXTRO Sp O2 RUBRICA

PUPILAS ( ) Isocóricas ( ) Anisocóricas ( ) Mióticas ( ) Fotorreagentes

MOBILIDADE ( ) Deambula ( ) Acamado ( ) Restrito ( )


PELE ( ) Hipocorada ( ) Normocorada ( ) Ictérica ( )

Lesões de pele:

COURO CABELUDO ( ) Normal ( ) Pediculose ( ) Seborréia ( ) Outro


REGIÃO OCULAR ( ) Normal ( ) Ictericia ( ) Secreção ( ) Outro
OUVIDOS ( ) Normal ( )Secreção ( ) Lesão ( ) Outro

NARIZ ( ) Normal ( ) Epistaxe ( ) Batimento de Asa ( ) Outro ESCALA DE DOR ANALÓGICA

BOCA( ) Normal ( ) Língua saburrosa ( ) Lesões ( ) Ressecada ( ) Outro Manhã Tarde Noite
MUCOSAS ( ) Corada ( ) Descorada ( ) Hidratada ( ) Desidratada

HIDRATAÇÃO ( ) Hidratado ( ) Desidratado ( ) 0: SEM DOR

DENTES ( ) Presentes ( ) Ausentes ( ) Prótese sup. ( ) Prótese inf. ( ) 1 A 3: DOR FRACA

MMSS ( ) Sensibilidade e força motora preservadas ( ) Pulsos palpáveis ( ) 4 A 6: DOR MODERADA

( ) Edema ( ) Amputação ( ) FAV ( ) Atrofia ( ) 6 A 9: DOR FORTE


MMII ( ) Sensibilidade e força motora preservadas ( ) Pulsos palpáveis ( )10: PIOR DOR

( ) Edema ( ) Amputação ( ) Úlceras venosas ( ) Varizes ( ) Erisipela ( ) Cianose RUBRICA

Avaliação Neurológica: ELIMINAÇÕES

Avaliação cardiológica: DIURESE:

Avaliação respiratória:

46
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM

( ) Deglutição prejudicada ( ) Risco de infecção

( ) Diarreia ( ) Risco de aspiração

( ) Padrão de sono ( ) Risco de choque

Avaliação gastrointestinal: EVACUAÇÃO:

( ) Deambulação prejudicada ( ) Risco de auto mutilação


( ) Padrão respiratório ineficaz ( ) Risco para constipação

( ) Confusão aguda ( ) Risco para suicídio

( ) Comunicação verbal prejudicada ( ) Risco de violência direcionada a outros e a si mesmo

( ) Ansiedade ( ) Risco para queda


( ) Sexualidade ( ) Outro

Prescrição de Enfermagem HORÁRIO

MANHÃ RUBRICA TARDE RUBRICA NOITE RUBRICA

47
APÊNDICE 4

PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA DOS CAPS PARA LEITO


PRESCRIÇÃO MÉDICA LEITO
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS II e III)

No prontuário Nome completo do paciente Data de nascimento Médico (carimbo e assinatura)

Medicação Data / / Data / / Data / / Data / / Data / / Data / / Data / /


Via M T N M T N M T N M T N M T N M T N M T N

Visto da enfermagem após a administração

48
APÊNDICE 5
FORNECIMENTO DE CÓPIA DE PRONTUÁRIO

Considerando que a motivação para a solicitação de cópia de prontuário é


múltipla, podendo ser para a continuidade de tratamento em outra unidade ou outro
ponto de atenção, para fins de possível ação judicial ou para requerer algum benefício
previdenciário (INSS ou congênere ou seguro particular);
Considerando a Portaria 86/2016 da SMS que orienta o fornecimento da cópia
do prontuário, desde que solicitado pelo paciente e dá outras orientações;
Considerando as recomendações contidas no Parecer do NAJ/SMS nº110/2010,
estas são as situações, em que cumpridos os requisitos, poderá ser fornecido a cópia
do prontuário de atendimento no SUS. Vejamos:
1. PRÓPRIO USUÁRIO PLENAMENTE CAPAZ – Diz daquele que tem 18 anos
completos. O usuário também pode ser representado (neste caso, uma procuração é
indispensável e deve conter poderes especiais para a retirada do prontuário com firma
reconhecida, art. 654, § 2º, do CCB);
2. USUÁRIO RELATIVAMENTE INCAPAZ OU ABSOLUTAMENTE INCAPAZ – O
usuário é absolutamente incapaz quando tem menos de 16 anos de idade; e
relativamente incapaz quando tem mais de 16 anos e menos de 18 anos de idade. A
solicitação, nestes casos, deverá ser feita por seu pai e por sua mãe, ou por quem
detenha sua guarda. A comprovação de que o solicitante tem legitimidade para receber
o prontuário deverá ser feita documentalmente e as cópias dos documentos necessários
juntadas ao pedido.
Nestes casos também se encaixam os INTERDITOS/CURATELADOS assim
declarados pela Justiça, por se encaixarem em alguma das hipóteses legais (art. 1767,
do CCB). Neste caso, compete ao curador assistir a pessoa nos atos da vida civil e o
pedido deve vir instruído com a certidão de interdição, além dos documentos habituais
(CPF e RG).
3. USUÁRIO FALECIDO – Tem poder para solicitar o prontuário os sucessores (filhos
maiores, cônjuges, ou companheiros, por exemplo) ou representante de sucessor
(mãe/pai, sobrevivente de filho menor de idade do usuário falecido). Neste caso deve o
solicitante juntar cópia da Certidão de Óbito e documento que comprove o estado de
cônjuge/companheiro ou filho do usuário falecido, além do RG e CPF (do falecido e do
requerente). Caso seja representado por procuração, deve a mesma trazer a firma
reconhecida (art. 654, § 2º do CCB).
Para tanto, deve-se seguir o fluxo de solicitação de cópia do prontuário, a saber:

49
1. Acolher o usuário que fará a solicitação do prontuário, o qual deverá apresentar
documentação – RG, CPF, procuração registrada em cartório ou certidões;
2. Verificar a documentação;
3. Preencher o Formulário de Solicitação de Prontuário (APÊNDICE 1) e registrar
a solicitação no prontuário;
4. Providenciar a cópia do prontuário;
5. Realizar a entrega da cópia do prontuário, efetuando o preenchimento do
formulário de entrega da cópia do prontuário (APÊNDICE 1);
6. Arquivar o Formulário de Solicitação de Prontuário e demais anexos, no
próprio equipamento de saúde.

SITUAÇÕES JUDICIAIS E GESTÃO DOCUMENTAL


No caso do recebimento de demandas judiciais (Poder Judiciário e Ministério
Público), o CAPS deve avaliar o pedido, verificando se corresponde a sua área de
abrangência, e proceder à avaliação, com posterior relatório respondendo às
solicitações constantes nos Ofícios, cumprindo rigorosamente os prazos estabelecidos.
Todos os documentos devem ser tramitados via Distritos Sanitários de
referência. Nenhum funcionário deve receber documentos com demandas judiciais
entregues pessoalmente nos serviços. Orientar a entrega no Gabinete da Secretaria
Municipal da Saúde de Curitiba. (Rua Francisco Torres, 830, 9º andar, CEP: 80.060-
130)
Os CAPS não realizam perícia, somente fornecem atestados/declarações de
tratamento a usuários em acompanhamento no serviço, estes devendo ser solicitados
pelo próprio ou representante legal, com prazo mínimo de 15 dias, de acordo com os
fluxos estabelecidos.
Cada usuário deve ter seu Prontuário (anterior ao Esaúde) e documentação
atualizada e arquivada individualmente, em local próprio, garantindo o sigilo e a guarda
de acordo com legislação vigente.

50
Prefeitura Municipal de Curitiba
Secretaria Municipal da Saúde
Distrito Sanitário
CAPS

FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE CÓPIA DE PRONTUÁRIO

Eu, solicito cópia do prontuário do (a)


Sr. (a) , referente ao período de
/ / a / / , para fins de .

Curitiba, de de

Assinatura do Solicitante

Prefeitura Municipal de Curitiba


Secretaria Municipal da Saúde
Distrito Sanitário
CAPS

FORMULÁRIO DE ENTREGA DE CÓPIA DE PRONTUÁRIO

Em / / foi entregue cópia do prontuário do Sr. (a)


, em concordância com o Parecer
110/ 2010 – NAJ, contendo páginas, ao Sr. (a) ,
pelo servidor , matrícula .

__
Assinatura do Servidor Assinatura do usuário ou representante legal

51
APÊNDICE 6
PROCEDIMENTOS PARA O FATURAMENTO:
Os principais procedimentos realizados no CAPS são:
PROCEDIMENTO PARA CAPS (i, II e III) – Habilitados Instrumento
de Registro
03.01.08.002-0 ACOLHIMENTO NOTURNO DE PACIENTE EM CAPS RAAS
03.01.08.003-8 ACOLHIMENTO EM TERCEIRO TURNO DE PACIENTE EM RAAS
CAPS
03.01.08.004-6 ACOMPANHAMENTO DE PACIENTE EM SERVIÇO RAAS
RESIDENCIAL TERAPÊUTICO
03.01.08.019-4 ACOLHIMENTO DIURNO DE PACIENTE EM CAPS RAAS
03.01.08.020-8 ATENDIMENTO INDIVIDUAL DE PACIENTE EM CAPS RAAS
03.01.08.021-6 ATENDIMENTO EM GRUPO DE PACIENTE EM CAPS RAAS
03.01.08.022-4 ATENDIMENTO FAMILIAR EM CAPS RAAS
03.01.08.023-2 ACOLHIMENTO INICIAL POR CAPS BPA – I
03.01.08.024-0 ATENDIMENTO DOMICILIAR PARA PACIENTES DE CAPS RAAS
03.01.08.025-9 AÇÕES DE ARTICULAÇÃO DE REDES INTRA E INTER BPA – C
SETORIAIS
03.01.08.026-7 FORTALECIMENTO DO PROTAGONISMO DE USUÁRIOS BPA – C
DE CAPS E SEUS FAMILIARES
03.01.08.027-5 PRÁTICAS CORPORAIS EM CAPS RAAS
03.01.08.028-3 PRÁTICAS EXPRESSIVAS E COMUNICATIVAS EM CAPS RAAS
03.01.08.029-1 ATENÇÃO ÀS SITUAÇÕES DE CRISE RAAS
03.01.08.030-5 MATRICIAMENTO DE EQUIPES DA ATENÇÃO BÁSICA BPA – C
03.01.08.031-3 AÇÕES DE REDUÇÃO DE DANOS BPA – C
03.01.08.032-1 ACOMPANHAMENTO DE SERVIÇO RESIDENCIAL BPA – C
TERAPÊUTICO POR CAPS
03.01.08.033-0 APOIO À SERVIÇO RESIDENCIAL DE CARÁTER BPA – C
TRANSITÓRIO POR CAPS
03.01.08.034-8 AÇÕES DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL RAAS
03.01.08.035-6 PROMOÇÃO DE CONTRATUALIDADE RAAS
ACOMPANHAMENTO DE PESSOAS ADULTAS COM
03.01.08.037-2 SOFRIMENTO OU TRANSTORNOS MENTAIS RAAS
DECORRENTES DO USO DE CRACK, ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS – UNIDADE DE ACOLHIMENTO ADULTO (UAA)
ACOMPANHAMENTO DA POPULAÇÃO INFANTO JUVENIL
03.01.08.038-0 COM SOFRIMENTO OU TRANSTORNOS MENTAIS RAAS
DECORRENTES DO USO DE CRACK, ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS – UNIDADE DE ACOLHIMENTO INFANTOJUVENIL
(UAI)
MATRICIAMENTO DE EQUIPES DE PONTOS DE ATENÇÃO
DA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA E DOS SERVIÇOS BPA – C
03.01.08.039-9 HOSPITALARES DE REFERÊNCIA PARA ATENÇÃO A
PESSOAS COM SOFRIMENTO OU TRANSTORNO MENTAL
E COM NECESSIDADES DE SAÚDE DECORRENTES DO
USO DE ÁLCOOL, CRACK E OUTRAS DROGAS
Fonte: RAAS PORTARIAS 854, 855, 856, 857 E NOTA TECNICA 42

52
Prefeitura Municipal de Curitiba
Secretaria Municipal da Saúde
Departamento de Atenção à Saúde
Coordenação de Saúde Mental

ORIENTAÇÕES PROCEDIMENTOS BPA-I / BPA-C / RAAS

SETEMBRO/2019
BPA-I
Procedimento 03.01.08.023-2 – Acolhimento Inicial por CAPS.
META PO: 60 procedimentos/mês (CAPS adulto), 30 procedimentos/mês (CAPS infanto-
juvenil).
Primeiro atendimento ofertado pelo CAPS para usuários, por demanda espontânea ou
referenciada, incluindo as situações de crise no território.
Deve ser lançado o procedimento quando o usuário chega ao CAPS para tratamento, seja
pela primeira vez ou não. Não há conflito entre o lançamento desse procedimento para
pacientes que já possuam RAAS. Portanto pode ser registrado acolhimento inicial quando um
usuário que já teve alta (seja por abandono ou outros motivos) retornar ao CAPS para
retomada do tratamento, tantas vezes quantas forem necessárias.
CAPS III devem fazer registro em BPA-I e RAAS (hospitalidade noturna) para pacientes de
leito compartilhado. Anteriormente a orientação era de que o registro no BPA-I deveria ser
realizado apenas pacientes novos (1ª vez no CAPS).

BPA-C
PROCEDIMENTOS BPA-C DEVEM TER REGISTRO COM ASSINATURAS EM LIVRO ATA.
Procedimento 03.01.08.025-9 – Ações de Articulação de Redes Intra e Intersetoriais
META PO: 02 ações/mês
Estratégias que promovam a articulação com outros pontos de atenção da rede de saúde,
educação, justiça, assistência social, direitos humanos e outros, assim como os recursos
comunitários presentes no território.
Quando a ação visar a criação e articulação da rede, por exemplo, reuniões com escolas ou
abrigos para discutir critérios e procedimentos para encaminhamentos e procedimentos para
realização de trabalho conjunto (questões mais gerais que não visem um paciente em
particular).
Exemplos de Ações de Articulação de Redes possíveis nos CAPS:
1. Colegiados (NASF / APS, Rede de Proteção, UAIs etc.)
2. Contatos com equipamentos da rede, presencial com a finalidade de discussão de fluxos
(não cabe contatos para agendamento de usuário no CAPS).

53
Quando a ação realizada visar um paciente em especial, por exemplo, realização de parceria
com o conselho tutelar para discutir o caso de um dos usuários e pensar em articulações
conjuntas com a família, o procedimento deve ser lançado no RAAS do paciente. Ou seja, as
ações devem incluir os usuários e famílias em questão, mais diretamente: 03.01.08.034-8 -
Ações de reabilitação psicossocial.

Procedimento 03.01.08.026-7 – Fortalecimento do Protagonismo de usuários de CAPS


e seus familiares
Atividades que fomentem a participação de usuários e familiares nos processos de gestão
dos serviços e da rede, como Assembléias de serviços, participação em Conselhos,
Conferências e Congressos, a apropriação e a defesa de direitos e a criação de formas
associativas de organização.
Obs.: Mesmo que vários profissionais tenham participado da ação, somente um deverá
lançar o procedimento.
Exemplos possíveis nos CAPS:
1. Assembléias de usuários do serviço
2. Participação do CAPS com usuários na Comissão de Saúde Mental do Conselho Municipal
3. Participação do CAPS com usuários em conselhos e/ou conferência locais / distritais /
municipais

Procedimento 03.01.08.030-5 – Matriciamento de equipes da Atenção Básica


Apoio presencial sistemático às equipes de atenção básica que oferte suporte técnico à
condução do cuidado em saúde mental através de discussões de casos e do processo de
trabalho, atendimento compartilhado, ações intersetoriais no território, e contribua no
processo de cogestão e corresponsabilização no agenciamento do projeto terapêutico
singular.
Quando o CAPS oferta à APS seu “conhecimento / expertise” nas questões de saúde mental
ou de usuários de saúde mental, de forma presencial.
Cada CAPS deverá realizar pelo menos 01 (uma) ação de matriciamento por mês.

Procedimento 03.01.08.031-3 – Ações de Redução de Danos


Conjunto de práticas e ações do campo da saúde e dos direitos humanos realizadas de
maneira articulada inter e intrasetorialmente, que buscam minimizar danos de natureza
biopsicossocial decorrentes do uso de substâncias psicoativas, ampliam cuidado e acesso
aos diversos pontos de atenção, incluídos aqueles que não têm relação com o sistema de
saúde. Voltadas sobretudo à busca ativa e ao cuidado de pessoas com dificuldade para

54
acessar serviços, em situação de alta vulnerabilidade ou risco, mesmo que não se
proponham a reduzir ou deixar o uso de substâncias psicoativas.
Obs.: não confundir com modo de operar / trabalhar no CAPS, sob a perspectiva de
Redução de Danos.
Exemplos possíveis:
1. Articulação com Consultório na Rua para ações em território (atividades em praças e
espaços públicos).
2. Ação de busca ativa em um local de concentração de usuários, ofertados cuidados clínicos
ou iniciado vínculo com ou sem Consultório na Rua ou US.

Procedimento 03.01.08.039-9 – Matriciamento de equipes dos pontos de atenção da


urgência e emergência e dos serviços hospitalares
Apoio presencial sistemático às equipes dos pontos de atenção da urgência e emergência,
incluindo upa, samu, salas de estabilização e os serviços hospitalares de referência para
atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades de saúde
decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas que oferte suporte técnico à condução do
cuidado em saúde mental através de discussões de casos e do processo de trabalho,
atendimento compartilhado, ações intersetoriais no território, e contribua no processo de
cogestão e corresponsabilização no agenciamento do projeto terapêutico singular. O
matriciamento tem a finalidade de dar suporte técnico à condução do caso.
Exemplos possíveis:
Reunião com UPA para estabelecimento de fluxo de encaminhamento e monitoramento dos
casos em UPA ou quando o CAPS for até a UPA ou Hospital por questões referentes a
paciente sob cuidado desses serviços.

*Quando paciente for internado em Hospital Psiquiátrico será dada alta no prontuário por
transferência de cuidados e na RAAS. As ações como visita ao paciente no hospital,
atendimento familiar ocorrido no período em que paciente estiver internado e outros – deverão
ser registradas administrativamente no prontuário, mas NÃO se fatura (BPA–C ou RAAS).

Procedimento 03.01.08.032-1 - Acompanhamento de serviço residencial terapêutico por


CAPS
Suporte às equipes dos serviços residenciais terapêuticos, com a corresponsabilização nos
projetos terapêuticos dos usuários, que promova a articulação entre as redes e os pontos de
atenção com o foco no cuidado e desenvolvimento de ações intersetoriais, e vise à produção
de autonomia e reinserção social.

55
Procedimento 03.01.08.033-0 – Apoio a serviço residencial de caráter transitório por
CAPS (UAT Port.121/ MS)
Apoio presencial sistemático aos serviços residenciais de caráter transitório, que busque a
manutenção do vínculo, a responsabilidade compartilhada, o suporte técnico-institucional aos
trabalhadores daqueles serviços, o monitoramento dos projetos terapêuticos, a promoção de
articulação entre os pontos de atenção com foco no cuidado e ações intersetoriais e que
favoreça a integralidade das ações.
Esta ação deve ser registrada nos casos em que há UA e/ou CT habilitados no município, por
quantidade realizada.
Obs.: Curitiba não tem UA habilitada pelo Ministério da Saúde, portanto não lançará esse
procedimento. Ações realizadas com UAI (FAS) e Comunidades Terapêuticas (SENAPRED),
devem ser registradas como Articulação de Rede (quando ação geral) ou Reabilitação
Psicossocial (quando específicas de usuário).

RAAS
PROCEDIMENTOS REALIZADOS COM USUÁRIO, DEVEM ESTAR REGISTRADOS EM
SEU PRONTUÁRIO

Procedimento 03.01.08.020-8 – Atendimento individual de paciente em CAPS


META PO: 100 registros de usuários atendidos de forma individual/mês
Atendimento direcionado à pessoa, que comporte diferentes modalidades, responda as
necessidades de cada um incluindo os cuidados de clínica geral que visam à elaboração do
projeto terapêutico singular ou dele derivam, promovam as capacidades dos sujeitos, de modo
a tornar possível que eles se articulem com os recursos existentes na unidade e fora dela.
Possibilidades:
- Médico: avaliação, consultas, orientações individuais
- Psicólogo: avaliação, atendimentos individuais de núcleo e como TR
- Assistente Social: avaliação (av. social e/ou para IT), atendimentos individuais de
núcleo ede TR
- TO: avaliação, atendimentos individuais de núcleo e como TR
- Enfermeiro(a): avaliação (inicial ou para encaminhamentos como leito/UPA/Hospital),
aferição de dados vitais, medicação assistida, orientações sobre medicação, saúde e
higiene,atendimento de TR.
- Técnico de Enfermagem: aferição de dados vitais, medicação assistida, orientações ou
escuta sobre medicação, saúde e higiene.
- Fono e outros: avaliação, atendimentos individuais de núcleo e de TR.
Observação sobre administração de medicamentos:

56
O ato de administrar medicamentos injetáveis em usuários no CAPS deve ser lançado como
“Procedimento 03.01.08.020-8 – Atendimento individual de paciente em CAPS”, pelo
profissional que realizou e somente deverá ser realizado quando fizer parte do PTS. Como
tal, esse ato deve efetivamente constituir-se como um momento de escuta e
acompanhamento do usuário, para além da ação operacional de aplicação do fármaco. O
mesmo se aplica à dispensação de medicação assistida. Nos casos de administração de
medicação que se incluem nas rotinas do acolhimento diurno, de terceiro turno ou noturno no
CAPS, não é necessário informar um procedimento específico, dado que este procedimento
contempla o conjunto das ações de hospitalidade ofertadas nestas situações.

Procedimento 03.01.08.021-6 – Atendimento em Grupo de paciente em CAPS


META PO: 320 registros de usuários atendidos em grupo/mês (CAPS adulto), 240 registros
de usuários atendidos em grupo/mês (CAPS infanto-juvenil)
Ações desenvolvidas coletivamente que explorem as potencialidades das situações grupais
com variadas finalidades, como recurso para promover sociabilidade, intermediar relações,
manejar dificuldades relacionais, possibilitando experiência de construção compartilhada,
vivência de pertencimento, troca de afetos, autoestima, autonomia e exercício de cidadania.
Exemplos de atendimentos em grupo realizados nos CAPS: psicoterapia em grupo, grupo de
acolhida, prevenção a recaída, grupos de TR, ouvidores de vozes, cidadania e mundo do
trabalho, geração de renda, culinária, GAM, jardinagem, horta...

Procedimento 03.01.08.027-5 – Práticas Corporais em CAPS


META PO: 64 registros de usuários atendidos em oficinas/mês (CAPS adulto), 48 registros
de usuários atendidos em oficinas/mês (CAPS infanto-juvenil
Estratégias ou atividades que favoreçam a percepção corporal, a autoimagem, a coordenação
psicomotora e os aspectos somáticos e posturais da pessoa, compreendidos como
fundamentais ao processo de construção de autonomia, promoção e prevenção em saúde.
Exemplos: grupo de dança, caminhada, saúde e beleza, jogos, esportes, yoga, relaxamento,
meditação.

Procedimento 03.01.08.028-3 – Práticas expressivas e comunicativas em CAPS


META PO: 64 registros de usuários atendidos em oficinas/mês (CAPS adulto), 48 registros
de usuários atendidos em oficinas/mês (CAPS infanto-juvenil)
Estratégias ou atividades que possibilitem ampliação do repertório comunicativo e expressivo
dos usuários, favorecendo a construção e utilização de processos promotores de novos
lugares sociais e inserção no campo da cultura.

57
Exemplos: teatro, oficina de cinema, oficina de música, coral, jornal, rádio, artesanato, pintura,
rodas de conversa

Procedimento 03.01.08.002-0 – Acolhimento Noturno de paciente em CAPS


Ação de hospitalidade noturna realizada nos CAPS como recurso do projeto terapêutico
singular, que recorre ao afastamento do usuário das situações conflituosas, visando ao
manejo de situações de crise motivadas por sofrimentos decorrentes de transtornos mentais,
incluídos aqueles por uso de drogas, e que envolvem conflitos relacionais caracterizados por
rupturas familiares, comunitárias, limites de comunicação e/ou impossibilidades de
convivência, objetivando a retomada, resgate, redimensionamento das relações
interpessoais, o convívio familiar e/ou comunitário. Não deve exceder o máximo de 14 dias.
Ao registrar o procedimento de acolhimento noturno já estão contemplados procedimentos e
ações rotineiros de enfermagem, por exemplo, administração de medicamentos, aferição de
pressão etc. que não devem ser registradas como atendimento individual. Entretanto, se o
usuário que está no leito participa das atividades diurnas no CAPS, essas devem ser
registradas de acordo com suas especificidades (atendimento individual, grupos, práticas
corporais etc).
No caso de leito compartilhado, quando ele pernoita no CAPS de referência lança-se
acolhimento noturno e se for passar o dia no CAPS de origem, este deverá lançar
acolhimento diurno.

Procedimento 03.01.08.019-4 – Acolhimento diurno de paciente em CAPS


Ação de hospitalidade diurna realizada nos CAPS como recurso do projeto terapêutico
singular, que recorre ao afastamento do usuário das situações conflituosas, visando ao
manejo de situações de crise motivadas por sofrimentos decorrentes de transtornos mentais,
incluídos aqueles por uso de drogas, e que envolvem conflitos relacionais caracterizados por
rupturas familiares, comunitárias, limites de comunicação e/ou impossibilidades de
convivência, objetivando a retomada, resgate, redimensionamento das relações
interpessoais, o convívio familiar e/ou comunitário.
Quando for o caso, registrar concomitantemente as ações que foram realizadas com ele
durante o dia.

Procedimento 03.01.08.003-8 – Acolhimento em terceiro turno de paciente em CAPS


Consiste no conjunto de atendimentos desenvolvidos, no período compreendido
entre 18 e 21 horas.

58
*Este procedimento não será lançado, visto que estamos aguardando maiores
orientações do Ministério da Saúde. As atividades realizadas no período das 18 e 21
horas devem ser lançadas de acordo com a atividade realizada (acolhimento inicial,
atendimentos, grupos etc). Nos casos em que o usuário ficar até mais tarde no CAPS
aguardando, por exemplo, transferência para UPA ou leito de outro CAPS, deve-se
lançar como “Atenção às Situações de Crise”.

 Não registrar quando o paciente estiver no pernoite


 Ao se colocar esse procedimento

Procedimento 03.01.08.022-4 – Atendimento familiar em CAPS


META PO: 50 registros de atendimento familiar/mês
Ações voltadas para o acolhimento individual ou coletivo dos familiares e suas demandas,
sejam elas decorrentes ou não da relação direta com os usuários, que garanta a
corresponsabilização no contexto do cuidado, propicie o compartilhamento de experiências e
informações com vistas a sensibilizar, mobilizar e envolvê-los no acompanhamento das mais
variadas situações de vida.
Quando apenas o familiar vier ao CAPS, deve-se abrir Prontuário/RAAS no nome do paciente
e registrar devidamente a ausência do paciente. O familiar deve assinar o prontuário,
atestando a informação.

Procedimento 03.01.08.024-0 – Atendimento domiciliar para pacientes de CAPS


Atenção prestada no local de morada da pessoa e/ou familiares, para compreensão de seu
contexto e suas relações, acompanhamento do caso e/ou em situações que impossibilitem
outra modalidade de atendimento, que vise à elaboração do projeto terapêutico singular ou
dele derive, que garanta a continuidade do cuidado. Envolve ações de promoção, prevenção
e assistência.
Exemplo:
1. Visita domiciliar para usuário que não consegue ir ao CAPS, para início de vínculo,
avaliação, orientações etc.
2. Visita domiciliar para busca ativa

Procedimento 03.01.08.029-1 – Atenção às Situações de Crise


Ações desenvolvidas para manejo das situações de crise, entendidas como momentos do
processo de acompanhamento dos usuários, nos quais conflitos relacionais com
familiares, contextos, ambiência e vivências, geram intenso sofrimento e desorganização.
Esta ação exige disponibilidade de escuta atenta para compreender e mediar os possíveis

59
conflitos, podendo ser realizada no ambiente do próprio serviço, no domicílio ou em outros
espaços do território que façam sentido ao usuário e sua família, favorecendo a construção e
a preservação de vínculos.
Exemplos possíveis:
1. Abordagem ao usuário (no serviço ou outro local) para proceder internamento involuntário
/ compulsório.
2. Ações contensivas no evento agudo (verbais, mecânicas, químicas)
3. Escuta do usuário num momento de crise
4. Primeiro acolhimento de usuário que demandem outros atendimentos e estratégias de
intervenção imediatas (consulta médica, inserção em leito)
5. Permanência do usuário no serviço além do horário de funcionamento normal, quando
estiver aguardando transferência para UPA, Leito de CAPS, Hospital.

Procedimento 03.01.08.034-8 – Ações de Reabilitação Psicossocial


Ações de fortalecimento de usuários e familiares, mediante a criação e desenvolvimento de
iniciativas preferencialmente intersetoriais e em articulação com os recursos do território nos
campos do trabalho/economia solidária, habitação, educação, cultura, direitos humanos, que
garantam o exercício de direitos de cidadania, visando a produção de novas possibilidades
para projetos de vida.
Exemplos possíveis:
1. Atividades externas ou internas como passeios, cinema, teatro, festas etc.
2. Reuniões com parceiros intersetoriais para tratar de um usuário específico ou de vários
usuários (lançar o procedimento para cada um deles)
Obs.: cabe ressaltar que o CAPS visa a reabilitação psicossocial do sujeito, que se dará como
modo de operar das equipes (várias conquistas de reabilitação ocorrerão durante o
tratamento). Entretanto o registro desse procedimento é específico para ações de
fortalecimento a partir de iniciativas desenvolvidas especificamente com essa finalidade,
conforme a descrição do procedimento.

Procedimento 03.01.08.035-6 – Promoção de Contratualidade no território


Acompanhamento de usuários em contextos reais de vida - cenários de vida cotidiana
- casa, trabalho; iniciativas de geração de renda/empreendimentos solidários; contextos
familiares, sociais e comunitários-territoriais, mediando relações para a criação de novos
campos de negociação e diálogo que garantam e propiciem a participação de usuários em
igualdade de oportunidades, a ampliação de redes sociais e a autonomia.

60
É sempre uma ação externa ao CAPS, e pode ter características de Acompanhante
Terapêutico. O profissional vai junto com o usuário com a finalidade de promover um
aprendizado.
Exemplos possíveis:
1. Acompanhamento de um ou mais profissionais com usuário em uma ação específica que
necessite apoio (INSS, escola, UAI, CREAS, CRAS, Unilehu etc)
2. Visita domiciliar com a finalidade de apoio à rotina familiar e social comunitária
3. Acompanhamento do usuário em projetos de geração de renda no território

61
APÊNDICE 7
ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO DO ACOLHIMENTO

 Demanda: Qual o motivo que buscou o CAPS?


 Histórico da demanda: Desde quando iniciaram os seus problemas,
dificuldades, sofrimento?
 Histórico de Tratamento: Já fez algum tratamento em saúde mental?
Por que? Quando? Onde? Por quanto tempo?
 Histórico de desenvolvimento do usuário: Você já viveu algum evento
traumático?
 Configuração psicossocial atual: Reside com quem no domicílio? De
onde vem o seu sustento? Como é a sua rotina? Quais os lugares que frequenta? Possui
religião? Qual? Quais são seus hábitos de vida, alimentação, sono? Frequentou a
escola? Até que série?
 Histórico de doenças clínicas: Possui ou sabe se tem alguma doença
clínica? Quais?
 Uso de substâncias químicas: Faz uso de alguma? Quais? Quantidade
e frequência.
 Ideação Suicida: Já pensou ou pensa em morrer? De que forma?
 Medicação em uso: Faz uso de alguma medicação? Qual?
 Expectativa quanto ao tratamento: O que você espera do tratamento
no CAPS?
 Conduta: (Vide fluxograma de acolhimento pág.16)

62
APÊNDICE 8
CRITÉRIOS E REGULAÇÃO DO USO DOS LEITOS DE CAPS
(FEVEREIRO/2021)

OBJETIVO: Otimizar e qualificar o recurso de leito nos serviços CAPS III do Município
de Curitiba. Cada leito vago de CAPS III, bem como as previsões de alta, sejam os
destinados para o público adulto quanto para o público infanto juvenil, serão alvo desta
regulação.

CRITÉRIOS PARA LEITO CAPS:


- usuário autônomo e voluntário à indicação de leito;
- descompensação do quadro psiquiátrico;
- desintoxicação e prevenção de síndrome ou piora de síndrome de abstinência
do álcool;
- prevenção de risco de agudização/recaída;
- promoção de abstinência do uso de spas;
- ideação suicida sem planejamento;
- risco ou automutilação sem gravidade clínica;
- observação de alteração comportamental com descarte de condição clínica;
- ajuste medicamentoso;
- suporte breve para crise psicossocial.

FLUXO DA REGULAÇÃO:
Os CAPS III encaminham, por e-mail, diariamente para a CRSM
clpsms@sms.curitiba.pr.gov.br, o panorama dos leitos disponíveis e ocupados no
serviço, bem como as previsões de altas, às 8:00 horas de segunda a sexta-feira.
Os CAPS III, a qualquer tempo, devem informar as altas ocorridas (as quais não
estejam no panorama das previsões de alta) sejam por evasão (seguir protocolo
específico disponível em diretório) e/ou abandono, a pedido, por transferência, etc.
O objetivo da regulação de leitos é liberar as vagas disponíveis em leito para
aqueles que mais necessitam, portanto, a informação das vagas disponíveis é pré
condição para a regulação acontecer.
Os CAPS que possuem usuário(s) que necessita(m) de leito(s) farão a
solicitação via fone 3350 9405, para a CRSM, entre 9:00 horas e 17:00 horas, de
segunda a sexta-feira. Esse contato deverá ser feito pelo coordenador local ou

63
profissional de nível superior do serviço solicitante. A descrição do caso deve conter o
máximo de informações possíveis, incluindo o objetivo que se pretende atingir com o
recurso do leito em CAPS (vide, na sequência, perguntas norteadoras).
Todas as solicitações de leito em CAPS serão reguladas, no entanto, a liberação
da vaga disponível será baseada em critérios de estratificação de risco e
vulnerabilidade, bem como critérios complementares do eixo psicossocial singular do
usuário. Reforça-se assim que, todas as informações relatadas serão consideradas,
mas a liberação da vaga obedecerá ao critério de maior gravidade e necessidade.
Destaca-se que a CRSM não trabalha com reserva prévia de leito.
A vaga em leito será liberada preferencialmente até às 14:00 horas para facilitar
a viabilização do transporte nos casos compartilhados. Nesta situação, ambos os CAPS
serão informados. Mantém-se a responsabilidade entre os eles da troca de informações
do caso, bem como a organização da logística do encaminhamento, incluindo o “kit
leito”.
A vaga deve ser ocupada na data da liberação e a responsabilidade no
monitoramento do trânsito do usuário até a confirmação da chegada no leito é do CAPS
solicitante. Na ocorrência de alguma situação que inviabilize a ocupação da vaga, entrar
em contato com a CRSM para tomada de providências necessárias.
A ambulância ou carro do transporte e equipe não devem ser retidos nos CAPS
III. Na eventualidade do usuário encaminhado não ser aceito pelo CAPS III elencado
para acolhimento:
1) o CAPS III deverá o quanto antes comunicar-se com a CRSM para
providências e avisar o CAPS de origem;
2) Encaminhar justificativa da recusa, via e-mail para a CRSM no mesmo dia
(clpsms@sms.curitiba.pr.gov.br).

PERGUNTAS NORTEADORAS DA REGULAÇÃO:

a) Dados do profissional solicitante do leito;


b) Dados cadastrais do usuário;
c) Motivo(s) do pedido de leito contendo o maior número de dados possíveis
a respeito da sintomatologia psiquiátrica atual do usuário, além da sua
condição clínica e indicação da hipótese diagnóstica, conforme CID;
d) Objetivo que se pretende com o uso do recurso do leito;
e) Estratégias já utilizadas na condução do caso (antes de ser pensado o
recurso leito);
f) Histórico de tratamento atual ou não em CAPS;

64
g) Histórico de ideação e/ou tentativa de suicídio;
h) Se usuário dependente químico: quais substâncias faz uso, em qual
quantidade, com qual frequência e desde quando;
i) Posologia e tempo de uso de medicamentos psicotrópicos e também de
clínicos, se houver;
j) Histórico de internamento psiquiátrico prévio hospitalar ou de
hospitalidade noturna em leito de CAPS, se houver;
k) Se usuário encontra-se em situação de rua ou não;
l) Informações a respeito do cenário contextual que envolve o usuário (suas
condições sócio familiares e vinculação do usuário com o CAPS);
m) Quem é o TR do caso e qual é o período de trabalho do mesmo.
n) Informações referentes a realidade do serviço no momento (RH
desfalcado, especialmente horas médicas).

SOLICITAR AO CAPS DE ORIGEM:

a) Prescrição, incluindo s/n para dor, agitação, ansiedade/fissura, náusea e


vômito, insônia e outras medicações clínicas conforme histórico clínico basal
do usuário;
b) SAE;
c) PTS.
Este kit leito deverá ser providenciado no momento da solicitação da vaga,
principalmente a avaliação médica e prescrição medicamentosa, incluindo o
s/n para situações clínicas e psiquiátricas.
OBS: nos casos de visita da equipe do CAPS de origem do usuário que
encontra-se em leito compartilhado, a articulação deverá ser conjunta entre
os CAPS para definição de data, horário e nome do profissional que irá
comparecer à visita.

65
APÊNDICE 9
COMPARTILHAMENTO DE LEITO
1) O paciente admitido em leito precisa ter um planejamento (PTS)
organizado pela Equipe do CAPS de referência, compartilhado com o CAPS de
retaguarda;
2) No momento de compartilhamento de leito deverá ser utilizada a
prescrição médica padrão dos CAPS (Apêndice 4);
3) É necessário que o CAPS de origem encaminhe ficha da SAE preenchida
(Apêndice 3), além do PTS de leito;
4) O usuário acolhido no leito do CAPS de retaguarda será submetido ao
processo assistencial deste serviço;
5) É necessário que o CAPS de origem efetue contato diário com equipe do
CAPS de retaguarda para acompanhamento e discussão do caso.

66
AVALIAÇÃO NO CAPS DE ORIGEM

USUÁRIO COM CRITÉRIO PARA LEITO

SOLICITAÇÃO JUNTO À CRSM

LEITO DISPONÍVEL

SIM NÃO

REPASSE AO CAPS III: DEFINIR ALTERNATIVAS:

Critérios que justificam o uso do leito; Internamento Domiciliar;


Objetivo do uso do leito; UPA;
PTS de leito compartilhado; UEP
Kit Leito e Combinados de uso do leito;
Definição de TR: Origem e Leito.

ATRIBUIÇÃO DOS CAPS


DURANTE PERMANÊNCIA
DE USUÁRIO EM LEITO

CAPS ORIGEM CAPS RETAGUARDA

 Definir e iniciar estratégias do  Reavaliações diárias (multi);


PTS durante e após o leito;  Reavaliação médica e
 Contato diário para discussão farmacoterápica;
do caso e acompanhamento da  Fornecer
evolução; atestados/laudos/declarações
 Promover as articulações de sobre o uso do leito;
rede necessários ao cuidado do  Articular a rede em conjunto
usuário; com o CAPS de origem;
 Reacolhimento no mesmo dia  Planejar alta do leito;
da alta do leito.  Informar alta com 48 horas de
antecedência;
 Informar altas não planejadas.

67
ACOMPANHAMENTO DOS USUÁRIOS DE LEITO

1) Reavaliações periódicas: É necessária a reavaliação diária da condição


do usuário de leito pela equipe de referência, sendo responsável por comunicar ao
médico em caso de alteração do quadro/exacerbação dos sintomas/mudança da clínica.
2) O tempo de uso do leito deve ter como meta o alcance dos objetivos definidos
no PTS quando da sua admissão considerando que possam ser alcançáveis em até 15
dias, preferencialmente.
3) Importante o envolvimento do suporte familiar/social, bem como da articulação
da rede intra e intersetorial para a condução do caso.
4) Importante que a equipe esteja atenta quanto a adoção de medidas de
segurança ao paciente que estiver em uso dos leitos, tais como: evitar que tenha acesso
a medicações sem supervisão; portar drogas, álcool, objetos perfuro-cortantes ou outros
que possam ser utilizados para se auto agredir ou agredir a terceiros, ressaltando- se a
necessidade de haver monitoramento/supervisão constante aos pacientes que
estiverem em uso dos leitos. No caso de crianças e adolescentes, a adoção destas
medidas de segurança se estendem aos familiares/acompanhantes.
5) O manejo do uso do leito envolve a equipe multiprofissional, sendo que todos
os profissionais corresponsabilizam-se pelos cuidados.

COMBINADOS DE LEITO DOS CAPS DE CURITIBA


CAPS

Os Centros de Atenção Psicossocial III – CAPS III são serviços de saúde 24


horas que oferecem tratamento diário e continuado a pessoas com problemas
relacionados ao uso abusivo e/ou dependência de álcool, crack e outras drogas e ou
com transtorno mental grave e persistente que interferem nas diversas dimensões da
vida (família, trabalho, educação, saúde etc.). Por se tratar de um serviço de saúde é
proibido o uso de bebidas alcoólicas e de qualquer outra substância psicoativa ilegal
em suas dependências, não sendo também tolerável a prática de vendas, trocas e
comercializações de qualquer natureza.
Seguem combinados que devem ser respeitados e cumpridos pelo usuário inserido no
leito:
1 Os fumantes devem fazer uso da área destinada para tal fim, não sendo
autorizado o consumo de cigarro nas demais áreas;
2 Nas dependências do CAPS Infantil não é permitido o consumo de cigarro;

68
3 Não é permitido o uso de cigarro durante as atividades realizadas no serviço
(atendimentos individuais, grupos e oficinas terapêuticas);
4 Não é permitido relacionamento íntimo nas dependências do serviço;
5 Não é permitido troca de leito/cama sem a autorização prévia da equipe;
6 Um dos profissionais que compõe a equipe será seu Técnico de Referência, este
apoiará diretamente a construção do seu Projeto Terapêutico Singular (PTS), ou seja, a
definição do conjunto de condutas terapêuticas que serão destinadas a você para que
seja possível alcançar os objetivos que o trouxeram até o tratamento;
7 Durante o período de permanência no leito é necessário que ocorra a
participação nos grupos, oficinas e atendimentos de acordo com o PTS;
8 O horário limite das atividades é 23hs;
9 Não é permitido se ausentar do CAPS sem autorização, as solicitações serão
avaliadas pela equipe. Serão autorizados saídas somente em casos de primeira
necessidade, preferencialmente acompanhados por familiares;
10 Não é permitido se ausentar do CAPS Infantil, somente com acompanhamento
de familiar ou responsável;
11 Crianças e adolescentes serão inseridos no leito acompanhados do responsável
legal, casos específicos serão avaliados pela equipe;
12 Durante a permanência no leito é fundamental o respeito e a boa convivência
com colegas e equipe do CAPS sendo essencial para o bem estar de todos;
13 São áreas da equipe técnica: cozinha, lavanderia, posto de enfermagem,
administração e sala de equipe. Sua utilização é permitida desde que autorizados pela
equipe e com acompanhamento de profissional;
14 Recomenda-se realização de rotinas diárias: higiene bucal, banho (até as 8 h00
ou após as 17h00), organização do banheiro e do quarto, troca de roupas pessoais,
auxílio na manutenção da limpeza dos espaços coletivos, descarte correto do lixo;
15 O serviço possui rotina de horário de administração de medicamentos e
monitoramento dos Sinais Vitais, o usuário deve respeitar estes horários estabelecidos
e aceitar a medicação conforme prescrição;
16 O usuário inserido no leito passará por avaliação médica e de enfermagem,
condutas estabelecidas por ambos profissionais devem ser seguidas;
17 Os usuários inseridos no acolhimento noturno se alimentarão das refeições
proporcionadas e com valor nutritivo balanceado fornecidas pelo serviço. Por questões
de higiene o único local permitido para a alimentação é o refeitório. Os pacientes que
tem indicação de dieta deverão aceitar a dieta estabelecida;

69
18 Os usuários podem optar por trazer copos e talheres próprios (exceto faca), tanto
os utensílios próprios quanto os fornecidos pelo serviço devem ser lavados pelo próprio
usuário após o uso;
19 É PROIBIDO armazenamento e CONSUMO de alimentos dentro dos quartos;
20 O usuário deve seguir e respeitar os horários de refeição padronizados pelo
CAPS que está em tratamento;
21 As quantidades de refeições seguem a seguinte distribuição: 1 unidade de
alimento salgado no café da manhã, 1 unidade de marmita no almoço, 2 unidades de
alimento doce no café da tarde e 1 unidade de marmita no jantar. Não é possível solicitar
aumento das quantidades de refeições fornecidas pois as mesmas são indicadas por
nutricionista;
22 Armazenamento de alimento perecível não é de reponsabilidade do CAPS.
Quando família levar deve ser consumido no momento, em casos de sobra deve ser
levado pelo familiar;
23 Os pertences trazidos pelos usuários e familiares para utilização durante o período
de permanência no acolhimento noturno serão revisados na presença da equipe,
conjuntamente e com o consentimento do usuário e/ou de seu familiar, no momento do
acolhimento noturno ou quando necessário;
24 Recomendamos não trazer objetos de valores e NÃO NOS
RESPONSABILIZAMOS pela perda/esquecimento e furto;
25 É PROIBIDO APARELHO CELULAR;
26 Pertences esquecidos/abandonados no CAPS serão encaminhados para
doação após 10 dias com exceção de documentos. A equipe não se responsabiliza por
pertences deixados no CAPS;
27 Os usuários poderão se comunicar via telefone fixo do CAPS com seus familiares
conforme horário estabelecido pelo serviço sendo , tempo de ligação de até
05minutos;
28 Os usuários poderão receber visitas de seus familiares conforme horários
estabelecidos pelo serviço sendo , respeitando o tempo máximo de
permanência de duas horas da visita;
29 Não é permitido receber visitas no ambiente dos quartos/leitos;
30 Necessidades de comunicação fora dos horários e modos previamente
estipulados devem ser combinadas com a equipe e com os profissionais de referência;
31 As ligações recebidas em horário diverso ao combinado serão registradas pela
equipe e o recado será transmitido ao usuário;
32 O usuário deve procurar seu técnico de referência e/ou equipe técnica sempre
que houverem dúvidas quanto aos combinados coletivos;

70
33 Qualquer situação de conflito deverá ser informada ao seu técnico de referência
e/ou equipe técnica que tomará as providências necessárias;
34 Após receber alta do leito o usuário será orientado quanto à continuidade do
tratamento e deverá retirar as prescrições (receitas, orientações, encaminhamentos e
medicamentos não padronizadas trazidas pelo usuário), conforme a necessidade de
cada usuário. O CAPS NÃO FARÁ DISPENSAÇÃO DA MEDICAÇÃO NO MOMENTO
DA ALTA;
35 Após a alta do acolhimento noturno e retirada dos pertences fica restrito o acesso
à área destinada aos usuários do acolhimento noturno;
36 O não cumprimento destes combinados acarretará em reavaliação das
estratégias de cuidado pela equipe podendo haver alta do leito.

Nome completo do usuário:

Assinatura do usuário:

Assinatura e carimbo do profissional que leu os combinados de leito com usuário:

Curitiba, / / .

ALTA DO LEITO
1) Estabilização do quadro agudo;
2) Autonomia que possibilite a manutenção do tratamento em domicílio-CAPS;
3) Transferência do cuidado – adequado à necessidade do quadro;
4) Impossibilidade de permanência devido à presença de risco (comportamento
antissocial disruptivo sem resposta ao manejo pela equipe, quebra de
combinados).

QUEM REALIZA A ALTA


Equipe multiprofissional (incluindo o médico);

71
Em casos de leitos compartilhados, caberá a equipe multiprofissional (incluindo
o médico) do CAPS de retaguarda em discussão com o CAPS de referência.

REGISTROS NO E-SAÚDE

CAPS DE ORIGEM: na “bolacha” Prontuário, TR registrar o encaminhamento para leito


de hospitalidade no CAPS III, com breve resumo da necessidade identificada/avaliada,
objetivo a ser atingido com uso do leito e outras informações que se fizerem
necessárias. Na sequência, inserir em registro administrativo toda a informação
relevante coletada na discussão com a equipe do CAPS III no período em que o usuário
estiver no leito. Quando for encaminhado ao CAPS III, no Esaude, dar alta
permanência.
Após a alta do leito de hospitalidade noturna, será realizado novo Acolhimento
no CAPS de origem (no mesmo dia), informando que está retomando tratamento após
uso do leito de hospitalidade no CAPS de retaguarda.
CAPS DE RETAGUARDA: na “bolacha” Prontuário, realizar o Acolhimento do paciente
encaminhado do CAPS de origem. Após, na forma de “atendimento sem agendamento”,
informar que paciente realiza tratamento no CAPS de origem e que fará uso do leito de
hospitalidade noturna, bem como o resumo do objetivo a ser atingido com esta
estratégia. Após, no quadro “condutas”, inserir na opção Internamento/observação UPA,
este paciente no leito de acolhimento noturno. A partir daí, todos os registros quanto a
evolução do caso serão feitos na “bolacha” Internamento/Observação.
Quando avaliada a possibilidade de alta do leito, informar por telefone o CAPS
de origem com 2(dois) dias de antecedência, registrando no e-saúde, na “bolacha”
Prontuário, em registro administrativo esta informação, bem como, nome do profissional
que a recebeu.
Quando da alta do paciente do leito, registrá-la na “bolacha”
Internamento/Observação como alta por conclusão para continuidade de tratamento no
CAPS de Origem. Na “bolacha” Prontuário, realizar breve resumo de como o paciente
respondeu ao uso do leito, bem como cumprimento do objetivo estabelecido no PTS do
leito. E nesta “bolacha”, dar alta clínica, a continuidade do tratamento será no CAPS
de Origem a partir de novo acolhimento.
OBSERVAÇÃO: Quando o paciente inserido no leito for paciente do próprio CAPS III,
só se dará ALTA CLINICA na “bolacha” Internamento/Observação. Importante deixar
relatado na “bolacha” Prontuário, a indicação do uso do leito de hospitalidade noturna,
objetivo, tempo em que fez o uso, data da alta clínica e novo PTS estabelecido.

72
APÊNDICE 10
PROJETO INSTITUCIONAL
ROTEIRO

1. Identificação do Serviço (nome, endereço, telefone, horário de funcionamento)


2. Histórico do Serviço
3. Objetivo/Missão do CAPS (para que serve?)
4. População alvo
5. Referência Territorial do Serviço (Distrito, Unidades de Saúde, IVAB, população)
6. Recursos Humanos (equipe que compõe)
7. Funcionamento do serviço (descrição do fluxo desde o acolhimento até a
transferência/alta)
8. Articulação de Redes Intra e Intersetoriais
9. Reuniões de equipe e mini-equipe

73
APÊNDICE 11
SISTEMATIZAÇÃO DAS ROTINAS DE CUIDADO DAS EQUIPES NOTURNAS DOS
CAPS

Alex Mendes de Lima


Édina Siméia C. S. de Oliveira
Juliane Custódio Olegário Pereira
Katharina F Gonçalves Kuchak
Lucimeri Kochinski
Pryscilla Fernandes Lima

Atualizada abril/ 2022: Juliana Czarnobay

1. OBJETIVO

Sistematizar as rotinas de cuidado do período noturno.


O documento “Sistematização das rotinas de cuidado das equipes noturnas dos
CAPS” surge a partir de discussões da Coordenação de Saúde Mental juntamente com
os coordenadores de CAPS e enfermeiros responsáveis técnicos dos CAPS atuantes
na Câmara Técnica de Enfermagem, e tem como objetivo acompanhar de forma mais
qualificada e eficiente tanto o trabalho da equipe atuante bem como o cuidado prestado
aos usuários.

2. ABRANGÊNCIA
Aplica-se às equipes noturnas de enfermagem atuantes nos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS) de Curitiba.

3. DEFINIÇÃO/DESCRIÇÃO
Durante o período noturno a equipe de Enfermagem realiza o cuidado aos
usuários inseridos em leito de hospitalidade noturna em momento de crise, necessitando
de uma atenção qualificada e especializada.
Conforme descrito no capítulo 2: A prática do CAPS das Diretrizes
institucionais dos CAPS de Curitiba (pág. 24) os leitos de hospitalidade noturna são
uma estratégia durante o tratamento do usuário para manejo das situações de crise
sendo que os leitos dos CAPS III se constituem como retaguarda para os CAPS II. A
utilização do leito faz parte do PTS do usuário inserido no serviço, sendo a sua indicação
74
dependente do momento psicossocial de cada usuário. A utilização de leitos no CAPS
ocorre através de avaliação da equipe multiprofissional, regulados pela CRSM,
seguindo critérios estabelecidos no documento Critérios e Regulação do uso dos leitos
de CAPS disponíveis nos documentos Diretrizes Institucionais dos Centros de
Atenção Psicossocial – CAPS de Curitibano apêndice 8 (pág. 63).

Composição da Equipe e Escala de trabalho


A partir de 2013 passou a compor a Rede de Saúde Mental de Curitiba os CAPS
III, ou seja, CAPS de funcionamento 24hs compostos por equipes noturnas sendo esses
profissionais da Enfermagem.
O formato de organização das equipes noturnas no momento são 20 enfermeiros
e 35 técnicos de enfermagem distribuídos da seguinte forma:
- 1 enfermeiro em cada noite;
- 4 técnicos de enfermagem em cada noite para os leitos adulto;
- 4 técnicos em cada noite para leitos infantil;
- 1 enfermeiro folguista (conforme escala).
A escala de trabalho é 5x1, os profissionais trabalham 05 plantões de forma
12x36 e folgam um plantão, a escala das enfermeiras folguistas é 12x36 pura, ou seja
trabalham cinco plantões, folgam um porém pode haver alterações de plantão e folga
não desrespeitando questões legais como por exemplo quantidade de sequência de
plantões.
O profissional responsável pelo plantão noturno é o enfermeiro, responsável pelo
cuidado prestado aos usuários bem como a supervisão e realização do cuidado
prestado pelos técnicos de enfermagem.

Passagem de plantão
- É um procedimento obrigatório e de curta duração, sendo o tempo máximo de 20
minutos (tanto quando recebe ou passa o plantão). Nesse momento apenas
informações mais importantes e com brevidade devem ser transmitidas, questões
mais detalhadas devem estar descritas no livro de passagem de plantão e no
prontuário do usuário. A passagem de plantão não é momento de reunião de equipe
tão pouco de discussão de caso, mas sim como o próprio nome diz “passagem” de
um período para o outro.
- A passagem de plantão deve ocorrer a partir das 18h50min e a partir das 06h50min
obrigatoriamente na sala de equipe, com a presença de pelo menos dois (2)
profissionais da equipe noturna que esteja recebendo ou passando o plantão.

- A equipe de enfermagem deverá transmitir à equipe do próximo turno de trabalho, de


modo objetivo, claro e conciso, as informações sobre os acontecimentos que
75
envolvam a assistência direta e indireta ao usuário que aconteceram durante o
período trabalhado.
- É obrigatório o registro no livro de passagem de plantão de todos os usuários que
estão em leito, esse registro pode ser feito por qualquer profissional da equipe de
enfermagem de plantão. Importante considerar no registro, data do plantão, horário
do plantão, equipe de plantão, nome completo dos usuários e destacam-se:

1- Avaliação do estado de saúde mental e clínico geral do usuário, bem como sua
evolução;
2- Intercorrências, condutas adotadas e cuidados específicos;
3- Exames, procedimentos, consultas agendadas e pendentes, jejum e condutas
efetuadas;
4- Utilizar nomenclatura adequada, com linguagem clara, direta e objetiva;
- Ser pontual, conforme o horário de entrada no trabalho.
- Manter a conduta ética durante a passagem de plantão.
- Manter organização e a concentração para receber as informações fornecidas pelo
colega.
- Ser cauteloso ao expor situações particulares do usuário que exigem sigilo
profissional.

Jantar dos usuários


- O jantar deve ser servido nos CAPS entre 19h30min e 20h00min.
- O jantar deve ser supervisionado por, pelo menos, dois (2) profissionais do plantão, em situações de
equipe mínima (3 profissionais) é permitido 01 profissional acompanhar o jantar.
- NÃO é permitido que os usuários jantem sozinhos.

- A equipe tem por responsabilidade observar e orientar os usuários que estão em


condições de realizar a higienização dos talheres e mesa, bem como orientar e
auxiliar no descarte dos alimentos e embalagens nos lixos corretos.
- Sempre que indicado a equipe deve auxiliar/ofertar a alimentação dos usuários com
déficit/dificuldade para alimentar-se sozinhos.
- Usuários que tem dificuldade de deambular devem ser auxiliados até o refeitório ou
até mesmo ofertar a refeição no leito.

Jantar dos profissionais


- Fica estabelecido o horário de jantar dos profissionais a partir das 20h30min, em
sistema de rodízio (um profissional de cada vez), respeitando atividades pertinentes
ao período e que não prejudiquem a assistência aos usuários. NÃO é permitido os
profissionais jantarem TODOS juntos.
76
1. PROCESSO DE ENFERMAGEM

1.1 Escala de atividades noturnas


Os enfermeiros fixos de cada noite do período noturno devem mensalmente elaborar a
escala de atividades de sua equipe contemplando os seguintes tópicos:
- Acompanhamento jantar;
- Separação, administração da medicação, checagem e verificação dos SSVV;
- Organização rouparia;
- Ambiência (das 19:00 às 24:00);
- Monitoramento (24:00 às 07:00): com nome do profissional de horário em horário
podendo ser de 2 em 2hs ou de 3 em 3hs. Reforçando a necessidade de dois
profissionais conforme descrito no tópico deste documento: “descanso da
enfermagem”
Incluir na escala outras atividades que o enfermeiro considerar pertinente.

1.2 Preparo, separação e administração da Medicação


- O preparo e separação da medicação devem ser realizados por um (1) técnico de
Enfermagem, supervisionada pelo enfermeiro, entre as 20h00min e 20h30min.
- Não é permitido deixar os usuários sozinhos para preparo da medicação.
- Ausência de checagem da medicação administrada acarretará em medidas
administrativas.

- Administração de medicação sem prescrição médica acarretará em medidas


administrativas, exceto em situações de urgência e emergência previstas em lei
(COREN, 2015).
- O Enfermeiro pode transcrever para o formulário de prescrição médica padrão dos
usuários em acolhimento integral, medicamentos prescritos em receituário avulso
(UBS, CR, UPA), desde que estejam em validade e anexados na prescrição e
contenham data, nome, assinatura e CRM do prescritor (COREN, 2014).
- Administração de dosagens da medicação “se necessária” acima do prescrito e em
tempo menor que o estabelecido na prescrição, acarretará em medidas
administrativas.
- A administração da MEDICAÇÃO SE NECESSÁRIA deve ser avaliada e autorizada
pelo enfermeiro responsável do plantão, tendo como obrigatoriedade justificar e
registrar no prontuário do usuário e livro de passagem de plantão, DESCREVENDO
AS SITUAÇÕES E NECESSIDADES CLÍNICAS QUE LEVARAM À NECESSIDADE
DA UTILIZAÇÃO DESSE RECURSO.
- O horário de administração das medicações corresponderá aquele definido na
prescrição médica e seguirá o seguinte padrão de aprazamento de horários:
77
Prescrição Horário padrão
24/24 h A critério médico
12/12 h 06h 18h 08h 20h
8/8 h 08h 14h 22h 09h 15h 23h
6/6 h 06h 12h 18h 00h
4/4h 06h 10h 14h 18h 22h 02h

- O aprazamento das medicações deve ser realizado, preferencialmente, pelo


Enfermeiro e deve seguir rigorosamente os horários. O adiantamento ou adiamento
da administração da medicação será autorizado, apenas, pelo Enfermeiro ou Médico
e registrado em prontuário a justificativa para tal conduta.

1.3 Sinais Vitais


- A aferição dos Sinais Vitais (SSVV) – Frequência cardíaca, Frequência respiratória,
Saturação de oxigênio, Temperatura, Dor e Glicemia Capilar (Escala Visual Analógica
e Escala numérica de Dor – recomendação da Sociedade Brasileira para Estudo da
Dor) – será realizada conforme a prescrição de Enfermagem de todos os usuários em
leito e registrados, corretamente, no formulário da Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE).
- Fica estabelecida a padronização dos horários de verificação dos SSVV conforme
tabela abaixo:

Prescrição Horário padrão

4 x ao dia 09h 15h 21h 06h

4/4 h 10h 14h 18h 22h 02h 06h

2/2 h 08h 10h 12h 14h 16h 18h 20h 22h 00h 02h 04h 06h

- Fica estabelecida a aferição dos SSVV, no mínimo, quatro (4) vezes ao dia.
- Usuários em acolhimento noturno que apresentarem intercorrência clínica (sinais de
gravidade e alerta), dor e outras queixas que impliquem em piora das condições de
saúde, os SSVV deverão ser aferidos e registrados de 2/2 horas e mantidos em leito
de observação até a estabilização do quadro.

1.4 Registros e avaliação da enfermagem

- É obrigatório que haja no prontuário de cada usuário a anotação (Manhã, Tarde e


Noite) e evolução de Enfermagem, uma evolução nas 24h, conforme padronização

78
de cada CAPS (COFEN, 2009).
- Os registros deverão conter no mínimo os seguintes itens:
1- Avaliação do Estado de Saúde Mental;
2- Avaliação do Estado de Saúde Clínica;
3- Queixas e condutas adotadas.

- Diferença entre anotação e evolução de enfermagem:


Anotação de Enfermagem Evolução de Enfermagem

Dados brutos Dados analisados


Elaborado por toda a equipe Privativo do Enfermeiro
Referente a um momento Referente ao período de 24 horas
Dados pontuais Dados processados e contextualizados
Registra uma observação Registra a reflexão e análise de dados

1.5 Sistematização da assistência de enfermagem – SAE

Durante a administração da medicação e aferição dos Sinais Vitais, o Enfermeiro


deverá realizar a coleta de dados (anamnese e o exame físico do paciente) e
consequentemente o registro e elaboração da SAE. A SAE dos usuários em
acolhimento noturno deve ser realizada diariamente pelo enfermeiro do plantão
noturno no sistema E-Saúde após meia noite (para que seja validada por 24hs).
Manual de utilização da SAE está disponibilizada em todos os CAPS.

1.6 Uso de leito de observação


Os usuários com critérios de leito de CAPS deverão ser mantidos em leito de observação,
monitorados e reavaliados constantemente pela enfermagem nas seguintes situações:

- Alteração dos dados vitais;


- Agitação psicomotora que não responde à medicação se necessária e que não
necessariamente é caso de encaminhamento e sim manejo em leito;
- Quando percebido pela equipe alteração de comportamento como: prostração e
hipoatividade;
- Alteração comportamental após administração de medicação se necessária;
- Quando equipe julgar necessário por outra situação apresentada.

Obs: No CAPS Infantil como não possui leito de observação deve ser definido pela
equipe o leito de algum quarto para ser utilizado nessa situação.

Descanso da Enfermagem
79
- Legalmente é previsto uma hora de descanso da Enfermagem em plantão noturno.
- NÃO é permitido que os profissionais durmam a noite toda.
- NÃO é permitido que todos os profissionais de plantão realizem o descanso ao
mesmo tempo.
- NÃO é permitido apenas 1 profissional permanecer acordado;

O horário de descanso deve ser organizado da seguinte forma:


- Plantão com 5 profissionais: 2 descansam e 3 permanecem acordados para realização
do monitoramento e atendimento de intercorrências;
- Plantão com 4 profissionais: 2 descansa e outros 2 permanecem acordados para
realização de monitoramento e atendimento de intercorrências;
- Plantão com 3 profissionais: 1 descansa e outros 2 permanecem acordados para
realização de monitoramento e atendimento de intercorrências;
- O horário de descanso deve ser organizado entre as 00h00min e 06h00min,
respeitando as questões descritas acima e, em nenhuma hipótese, devem estar no
monitoramento menos que 2 profissionais;
- Fica sob responsabilidade do Enfermeiro a avaliação da necessidade do plantão e a
organização da escala de descanso, respeitando rigorosamente os itens supracitados.

Identificação dos Leitos


- Deve ser realizado a revisão e ajuste das identificações dos leitos em todas as noites;
- A identificação do leito deve conter no mínimo 2 (dois) identificadores, conforme
Protocolo Meta 1 – Identificação do usuário nos Centros de Atenção Psicossocial
nº006.003.6.0002 (disponível no diretório geral dos CAPS).

Arrumação e Organização da rouparia

- Deve ser realizada a revisão, ajuste e organização da rouparia no plantão noturno,


conforme os dias de entrega/coleta da empresa terceirizada em cada CAPS.

Situações de urgência e emergência


- Fica estabelecido que em caso de usuários menores de 18 anos que não possuam
responsável legal, identificada necessidade o técnico de enfermagem deverá
acompanhar o usuário até o serviço de emergência para atendimento.
- Em situações de emergência que o usuário apresentar agressividade ou até mesmo
uma emergência clínica o SAMU deve ser acionado e verificando-se a necessidade
também deve ser solicitado apoio à Guarda Municipal.

80
Monitoramento
- A equipe deve estar atenta ao porte de Substância Psicoativa - SPA e objetos que
ofereçam risco ao próprio usuário e terceiros, cabendo à equipe manejar tecnicamente
a situação.
- Em casos de evasão de pacientes muito agitados ou agressivos que não é possível à
realização de uma abordagem não é orientado que corra atrás do mesmo na rua para
evitar acidentes e a família do usuário deve ser comunicada imediatamente.
- Realizar o monitoramento e acompanhamento de todos os usuários especialmente em
casos de risco de suicídio, hipersexualidade, auto e heteroagressividade, risco de
evasão, fissura entre outros com as seguintes medidas:
1) Deixar portas dos quartos entre abertas;
2) Intensificar circulação constante da equipe observando e monitorando os
usuários em todos os espaços do CAPS;
3) Em casos de intercorrências decorrentes de suposta negligência os profissionais
estão sujeitos a medidas administrativas: sindicância e processo administrativo
bem como denúncias ao conselho profissional.

Equipe de enfermagem e multiprofissional


- O uso de crachá durante o plantão é obrigatório.

- Não é permitido sair do plantão para resolver assuntos pessoais e em caso de extrema
necessidade é necessário comunicar o coordenador do serviço.
- É obrigatório no plantão a presença de minimamente um enfermeiro e um técnico de
enfermagem, o técnico de enfermagem não pode ser supervisionado por outra categoria profissional,
porém é possível compor o plantão com equipe multiprofissional.
- Em casos de eventos adversos o enfermeiro responsável pelo plantão seja ele fixo ou folguista
deverá fornecer ao coordenador local relatório circunstanciado da situação ocorrida.

81
REFERÊNCIAS

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE ALAGOAS. Parecer n. 005/2015 de


10 de junho de 2015 Importância e necessidade da passagem de plantão;

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Código de ética dos profissionais de


Enfermagem. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-
no5642017_59145.html.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução n. 487, de 25 de agosto de
2015, disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-
4872015_33939.html.
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO, Orientação
fundamentada
n. 110/2014, Transcrição de recita médica, disponível em: http://portal.coren-
sp.gov.br/wpcontent/uploads/2015/06/Orienta%C3%A7%C3%A3o%20Fundamentada
%20-%20110.pdf.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, Resolução n. 358, de 15 de outubro de
2009, disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html.
COFEN, disponível em http://www.cofen.gov.br/wp-
content/uploads/2016/08/Guia-deRecomenda%C3%A7%C3%B5es-CTLN-
Vers%C3%A3o-Web.pdf.

82
APÊNDICE 12
FLUXO PARA SOLICITAÇÃO/ACOMPANHAMENTO E EXECUÇÃO DO
INTERNAMENTO DE ADOLESCENTES

FLUXO PARA SOLICITAÇÃO DE INTERNAMENTO DE ADOLESCENTES

AVALIAÇÃO MÉDICA - INDICAÇÃO DE


INTERNAMENTO HOSPITALAR
SERVIÇOS DE SAÚDE SOLICITANTES:
UMS, CAPS, UPA, HOSPITAL GERAL,
CONSULTÓRIO NA RUA

SE INTERNAMENTO COMPULSÓRIO
DEFINIR MODALIDADE: (DETERMINAÇÃO EXPEDIDA POR
VOLUNTÁRIO, INVOLUNTÁRIO JUIZ DA INFÂNCIA), REALIZAR
OU COMPULSÓRIO AVALIAÇÃO MÉDICA E ENCAMINHAR
CÓPIA DA DETERMINAÇÃO À CRSM*

CRSM REALIZA INSERÇÃO DO PEDIDO NO


CPM (CENTRO PSIQUIÁTRICO
INSERIR PEDIDO INTERNAMENTO NA CRSM METROPOLITANO) QUE REGULA VAGAS
DE ADOLESCENTES NO ESTADO

SOLIC. EXAMES LABORATORIAIS (HIV,


HEPATITES, SÍFILIS, HEMOGRAMA E ANEXAR RESULTADO AO
PARCIAL DE URINA). FEMININO ENCAMINHAMENTO MÉDICO
SOLICITAR TESTE DE GRAVIDEZ

DEFINIR JUNTO À EQUIPE O GESTOR DO CASO


PROFISSIONAL DE SAÚDE REALIZA ATUALIZAÇÃO CRSM REPASSA A
QUE SERÁ GESTOR DO CASO. DIÁRIA SOBRE ESTADO DO ATUALIZAÇÃO AO CPM
COMUNICAR NOME E USUÁRIO JUNTO À CRSM
FUNÇÃO PARA A CRSM

AUSÊNCIA OU NEGLIGÊNCIA DO
DEFINIR RESPONSÁVEL LEGAL PARA RESPONSÁVEL, GESTOR DO
ACOMPANHAR INTERNAMENTO. CASO REALIZA N.O. E CONTATO
COM CONSELHO TUTELAR

*E-mail CRSM: clpsms@sms.curitiba.pr.gov.br

83
FLUXO PARA ACOMPANHAMENTO DURANTE O PERÍODO DE
INTERNAMENTO DE ADOLESCENTES

INTERNAMENTO EFETIVADO JUNTO AO HOSPITAL

CRSM COMUNICA SERVIÇO


SOLICITANTE E CAPSi DE REFERÊNCIA
DO ADOLESCENTE, DE ACORDO COM
TERRITÓRIO DE ORIGEM

CAPSi DESIGNA GESTOR DO CASO QUE SERÁ


RESPONSÁVEL POR:
1.) CONTATO COM EQUIPE DO HOSPITAL
2.) MONITORAMENTO DO INTERNAMENTO E
PREVISÃO DE ALTA
3.) VISITA DO TÉCNICO CAPSi NO HOSPITAL, SE
POSSÍVEL (SAN JULIAN)
4.) IDENTIFICAÇÃO DO FAMILIAR / RESPONSÁVEL,
SE AUSENTE OU NEGLIGÊNCIA REALIZA N.O. E
ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL PARA BUSCA E
DIRECIONAMENTOS PERTINENTES
5.) INFORMAÇÃO À CRSM DA PREVISÃO DE ALTA
PARA ARTICULAÇÃO DE TRANSPORTE, CASO
NECESSÁRIO
6.) AGENDAMENTO DO ACOLHIMENTO NO CAPSi

84
FLUXO PARA EXECUÇÃO DO INTERNAMENTO DE ADOLESCENTES

VAGA DE INTERNAMENTO LIBERADA PELO CPM

CRSM COMUNICA SERVIÇO


SOLICITANTE (GESTOR DO CASO)

CRSM SOLICITA TRANSPORTE PARA


INTERNAMENTO, QUANDO MUNICÍPIO CRSM REPASSA A
DISTANTE, CONFORME FLUXO CRSM NEGOCIA DATA
INFORMAÇÃO AO
ESTABELECIDO COM DUE (DPTO. E HORÁRIO COM
SERVIÇO DE SAÚDE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA). HOSPITAL, QUANDO
QUANTO AO HORÁRIO
QUANDO VAGA NO HOSPITAL SAN FOR O CASO
DA AMBULÂNCIA
JULIAN (PIRAQUARA) O SERVIÇO
SOLICITANTE SOLICITA O TRANSPORTE

SERVIÇO COMUNICA FAMÍLIA OU O RESPONSÁVEL LEGAL.


PROVIDENCIA O ENCAMINHAMENTO MÉDICO,
RESULTADO DOS EXAMES E DOCUMENTO JUDICIAL (SE
HOUVER)

SE INTERNAMENTO INVOLUNTÁRIO OU
COMPULSÓRIO O SERVIÇO SOLICITANTE
ACOMPANHA A ABORDAGEM AO USUÁRIO
JUNTO AO SAMU E GUARDA MUNICIPAL

AUSÊNCIA DO FAMILIAR OU RESPONSÁVEL NO SERVIÇO DE SAÚDE SOLICITANTE REALIZA


MOMENTO DA TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE AO N.O. E ENVIA RELATÓRIO POR EMAIL* AO
HOSPITAL: EQUIPE DE SAÚDE (DUE) EFETIVA O SUPERVISOR REGIONAL FAS (TERRITÓRIO
INTERNAMENTO, ASSINA ADMISSÃO DO PACIENTE ADOLESCENTE), COM CÓPIA: DPSE/FAS,
E INFORMA AO HOSPITAL O TELEFONE DO CREAS COORD. SAÚDE MENTAL/SMS E
DO TERRITÓRIO DE ORIGEM DO ADOLESCENTE CONSELHO TUTELAR, PARA LOCALIZAÇÃO
PARA SOLICITAR LOCALIZAÇÃO DA FAMÍLIA E RESPONSABILIZAÇÃO DA FAMÍLIA

ASSIM QUE PACIENTE ESTIVER NA CRSM ACOMPANHARÁ, VIA SISTEMA,


AMBULÂNCIA O GESTOR DO CASO DEVERÁ ATÉ A CHEGADA NO HOSPITAL.
INFORMAR A CRSM PARA A COLOCAÇÃO DO ASSIM QUE EFETIVADO O
PACIENTE EM TRÂNSITO VIA SISTEMA INTERNAMENTO AVISARÁ O GESTOR
DO CASO

85
CREAS Endereço Telefones E-mail

CREAS Rua João Maranho, 58 creasbairronovo@fas.


3289-4677 / 3564-6920
BAIRRO NOVO Sítio Cercado – CEP: 81925-267 curitiba.pr.gov.br

CREAS BOA Rua Lodovico Geronazzo, 1314 3257-9047 / 3257-1701 creasboavista@fas.


VISTA Boa Vista – CEP: 82560-040 3257-3904 curitiba.pr.gov.br

CREAS Rua Frederico Maurer, 3782 creasboqueirao@fas.


3278-0047 / 3376-0281
BOQUEIRÃO Hauer – CEP: 81670-020 curitiba.pr.gov.br

CREAS Rua Jorge Luis Della Coletta, 65 creascajuru@fas.


3267-1961 / 3267-8982
CAJURU Capão da Imbuia – CEP: 82810-590 curitiba.pr.gov.br

Rua Pe. Gaston, 555 3347-1329 / 3327-5837 creascic@fas.curitiba.


CREAS CIC 3327-5723 pr.br
Cidade Industrial – CEP: 81170-140

CREAS Rua Marechal Deodoro, 2898 3262-6812 / 3362-1239 creasmatriz@fas.


MATRIZ Centro – CEP: 80060-130 3262-9590 curitiba.pr.gov.br

CREAS Rua Dr. Manoel Linhares de Lacerda, 432 creaspinheirinho@fas.


3347-3541 / 3225-8776
PINHEIRINHO Capão Raso – CEP: 81110-10 curitiba.pr.gov.br

CREAS Rua Isaac Guelmann, 4043 creasportao@fas.


3248-1371
PORTÃO Portão – CEP: 81050-030 curitiba.pr.gov.br

CREAS creassantafelicidade@
Rua Via Vêneto, 2274 3372-1811 / 3374-5932
SANTA fas.curitiba.pr.gov.br
Santa Felicidade – CEP: 82400-020
FELICIDADE
CREAS Rua José Krenchiklova, 555 creastatuquara@fas.
3227-5427 / 3265-8943 curitiba.pr.gov.br
TATUQUARA Tatuquara – CEP: 81480-290

*COORDENAÇÃO DE SAÚDE MENTAL: *DIRETORIA DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL – DPSE/FAS

Email: saudmental@sms.curitiba.pr.gov.br Email: dpse@fas.curitiba.pr.gov.br

Fone: (41) 33509488 Fone: (41) 3250-7905

E-MAIL CONSELHOS TUTELARES DE CURITIBA


"Conselho Tutelar Bairro Novo" ctbn@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar Boa Vista" ctbv@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar Boqueirão" ctbq@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar Cajuru" ctcj@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar CIC" ctcic@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar Matriz" ctmz@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar Pinheirinho" ctpn@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar Portão" ctpr@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar Santa Felicidade" ctsf@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Conselho Tutelar Tatuquara" cttq@pmc.curitiba.pr.gov.br
"Equipe Técnica Multidisciplinar do Conselho Tutelar"
etmct@pmc.curitiba.pr.gov.br

86
APÊNDICE 13

ROTEIRO PARA A CHAMADA DE TELEMONITORAMENTO DOS CAPS

1. Anotações obrigatórias

Data: / / Horário do início da ligação: Horário do fim da


ligação: Duração da ligação: Número de tentativas:

Motivo em caso de não conseguir o contato:

2. Apresentação ao telefone


A clareza, o conteúdo das falas e a forma como são compartilhadas podem
influenciar o comportamento do paciente. Se o paciente não estiver, procurar
saber qual o melhor horário para retornar a ligação. Se não puder falar no
momento, perguntar quando pode retornar a ligação. Se atender, passar para
o Seguimento.
3. Seguimento


Iniciar o diálogo com perguntas abertas, por ex. “Queremos saber como você
está”. Se o paciente não abordar questões psíquicas, pode-se prosseguir
com a questão: “Como está o seu emocional?”.
 Após escuta atenciosa da resposta e acolhimento, passar para perguntas
mais específicas.
4. Perguntas específicas (fechadas)

Saúde: “Como está sua saúde?”; “Tem alguma queixa física?”.


Alimentação: “Como está o seu apetite?”; “Quantas refeições ao dia você tem
feito?”.
 Sono: “Como estão seus horários de sono?”; “A qualidade do sono está
boa?”.
 Atividades de lazer: “O que você tem feito que deixa o dia mais leve?”.
 Medicações: “Está fazendo o uso da medicação?”; “Você toma os remédios
sozinho ou alguém ajuda a lembrar?”; “Teve alguma dificuldade para adquirir
seus medicamentos?”.
 Uso de substâncias psicoativas: “Tem feito uso de algum tipo de droga?”;
Para aqueles que são dependentes químicos questionar frequência, padrão
de recaída e exposição a riscos.
 Ideação ou tentativa de suicídio: “Você tem tido pensamentos relacionados
à morte?”.
 Suporte familiar: “Como tem sido a convivência em casa?”; “Quem o ajuda
quando precisa?”.
5. Orientações

Combinar como e quando será o novo contato de acordo com o PTS; solicitar
que o paciente ou o familiar anote como compromisso firmado.
 Quando forem detectados sinais de instabilidade ou dificuldades de adesão
à terapêutica, formas de contorná-las precisam ser discutidas.
6. Abertura para esclarecer dúvidas

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 “Você tem alguma dúvida?”. Quando a solicitação ou dúvida do paciente
ultrapassar o conhecimento da equipe de monitoramento, é válido buscar a
informação e dar o devido retorno ao paciente.
5. Encerramento da ligação e Registro

 É necessário que tudo seja registrado em prontuário, incluir: demandas


espontâneas, respostas às perguntas específicas, dúvidas esclarecidas e
orientações fornecidas.

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