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GUIA PARETO

Atenção Primária
à Saúde
TRADICIONAL
Olá, aluno Aristo!
Neste guia, cuidadosamente elaborado, você terá acesso a um conteúdo de
extrema qualidade seguindo a nossa metodologia, baseada no Princípio de
Pareto. Isso significa que você estudará especialmente o que mais cai em
provas.

Mapa da Mina

Nesta página, você vê a distribuição geográfica da cobrança deste tema nas provas pelo
Brasil, bem como as dez instituições em que ele mais apareceu nos últimos cinco anos.

⚫⚫⚫

Alta
Moderada
Baixa

As 10 provas em que este tema é mais cobrado


INEP-
Instituição HUOL CERMAM FMP
Revalida
UNICAMP UFMT SCMSP USP-SP UFES FESF-SUS

Questões 41 33 31 31 25 25 25 24 23 23
Legenda da Aristo

Nossa lista de ícones foi cuidadosamente criada para oferecer uma experiência visual
intuitiva e informativa. Veja.

Para além do Pareto Questão CCQ


Para as questões “fora da curva” Questão de prova oficial, selecionada
(difíceis, decorebas), este tópico traz com base no conteúdo Pareto de
assuntos que podem te fazer acertá-las! cada grande área.

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mais importantes.

As informações mais importantes são sublinhadas, conforme abaixo:

Exemplo

TOP 5

O nosso TOP 5 CCQ reúne os conteúdos-chave mais relevantes nos últimos cinco anos.

1 Acesso de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação da


atenção são os atributos essenciais da APS

2 Orientação comunitária, orientação familiar e competência cultural são


atributos derivados da AP

3
O Método Clínico Centrado na Pessoa possui quatro componentes, sendo o
primeiro deles a “exploração da saúde, da doença e da experiência do indivíduo
com a doença”

4
O território coberto pela unidade de saúde possui características únicas
(social, cultural, econômica, política, etc.), e o entendimento dessas
características se faz importante para o sucesso das ações em saúde

5
Capitação ponderada, incentivo para ações estratégicas e pagamento por
desempenho são componentes do Previne Brasil, modelo de financiamento da
atenção básica
Atenção Primária à Saúde - Sumário

1. A Atenção Primária no Brasil 7

1.1 Os atributos da APS 7

Questão 01  7

1.1.1 Atributos essenciais  8

1.1.1.1 Primeiro contato 8

1.1.1.2 Integralidade  8

1.1.1.3 Longitudinalidade 9

1.1.1.4 Coordenação do cuidado 9

1.1.2 Atributos derivados 10

1.1.2.1 Enfoque familiar 10

1.1.2.2 Orientação comunitária 10

1.1.2.3 Competência cultural 10

1.2 Características do trabalho na Atenção Básica 10

1.2.1 Territorialização 10

Questão 02  10

Questão 03  10

1.2.2 Adscrição da clientela  11

1.2.3 Acolhimento 12

1.2.4 Atendimento multidisciplinar 12

1.2.5 Elevada complexidade e baixa densidade  12


Atenção Primária à Saúde - Sumário

1.2.6 Reorientação do cuidado 13

2. Financiamento da Atenção Básica do Brasil  14

Questão 04  14

2.1 Capitação ponderada 15

2.2 Pagamento por desempenho 15

2.3 Incentivo para ações estratégicas 16

2.4 Incentivo financeiro com base em critério populacional 16

3. Estratégia de Saúde da Família (ESF) 16

3.1 Composição das equipes de Saúde da Família (eSF) 16

3.2 Carga horária da equipe de Saúde da Família (eSF) 18

3.3 População adscrita  18

4. Humanização da assistência à saúde 19

4.1 Política Nacional de Humanização (PNH) 19

4.1.1 Acolhimento com classificação de risco (ACCR) 20

4.1.2 Projeto Terapêutico Singular (PTS) 20

4.1.3 Apoio matricial  21

4.2 Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP) 23


Atenção Primária à Saúde - Sumário

Questão 05  23

4.3 Ferramentas de abordagem familiar 24

4.3.1 Genograma  24

4.3.2 Ecomapa  27

4.3.3 APGAR familiar  28

4.3.4 PRACTICE 28

4.3.5 FIRO 28

4.3.6 Conferência familiar  28

4.3.7 SOAP 28
Atenção Primária à Saúde

– “Dr.(a), hoje é dia de demanda espontânea!”


– “Dr.(a), posso agendar a visita domiciliar?”
– “Renova essa receita, por favor?”
– “Dr.(a), eu aproveitei e trouxe as crianças!”

Se você já teve contato com a Atenção Primária à Saúde (APS) no dia a dia, com certeza
essas frases lhe são familiares. Esse nível de atenção tem extrema importância no processo
de assistência à saúde, pois é a porta de entrada preferencial (lembre-se que não é a única,
como já comentamos no nosso material sobre o SUS) dos usuários ao sistema, sendo
o nível em que a maioria dos problemas das demandas é resolvida. Neste guia Pareto, vamos
apresentar, de forma objetiva, os principais aspectos desse assunto para que você acerte
a maioria dessas questões na sua prova.

1. A Atenção Primária no Brasil


Atualmente, no Brasil, a Atenção Primária é regulamentada e operacionalizada pela Política
Nacional da Atenção Básica (PNAB), de 2017, redigida nos princípios do SUS. Sinônimo de
“Atenção Básica”, ela se baseia num modelo centrado na pessoa, na família e na comunidade,
reorganizando o antigo modelo hospitalocêntrico, que era centrado na doença.
Além disso, nela, o conceito de saúde é ampliado, considerado resultante de diversas
condições, como habitação, educação, renda, trabalho, acesso a serviços de saúde, etc. Isso
acarreta contato íntimo com a comunidade, sempre de forma proativa, respeitando suas
individualidades e promovendo também a participação dela no cuidado.

1.1 Os atributos da APS

Questão 01

Responder na plataforma

O nível primário de atenção, no Brasil, é baseado em atributos (cuidado: eles são diferentes
dos princípios e diretrizes do SUS) que auxiliam no cumprimento de suas quatro funções: ser
a base do sistema, ser resolutivo em relação às demandas, coordenar o cuidado e ordenar
as redes de atenção. Esses atributos despencam em provas e são divididos em essenciais
e derivados.

7
Atenção Primária à Saúde

Para facilitar para você, estudante Aristo, criamos o seguinte mnemônico: PICLES, com o “ES”
fazendo referência ao enfoque social, que soma três atributos: enfoque familiar, competência
cultural e orientação comunitária. Vamos entender melhor cada um desses elementos?

Atributos da Atenção Básica

P= Primeiro contato
Essenciais

I= Integralidade

C= Coordenação do cuidado

L= Longitudinalidade

ES = Enfoque social
Derivados

Enfoque familiar

Competência cultural

Orientação comunitária

Atributos da Atenção Básica


Fonte: Aristo.

1.1.1 Atributos essenciais

1.1.1.1 Primeiro contato


A APS é a porta de entrada preferencial ao sistema de saúde. Portanto, deve ser o mais
acessível possível à população. Assim, deve estar perto dos usuários e ter um horário de
funcionamento que atenda às suas necessidades.

1.1.1.2 Integralidade
Atributo que também aparece como princípio ético do SUS, a integralidade diz respeito ao
atendimento do usuário de forma completa, em todas as suas facetas (biológica, psicológica,
social, espiritual, cultural e ambiental), abordando as demandas resolutivamente. Dessa forma,
para resolver cerca de 85% das demandas em saúde como ela resolve, a Atenção Primária
deve viabilizar ações de promoção de saúde, prevenção de doenças, cura, reabilitação e até
mesmo de cuidados paliativos.

8
Atenção Primária à Saúde

1.1.1.3 Longitudinalidade
Consiste no acompanhamento do paciente ao longo do tempo, com a criação de um vínculo
horizontal. Ao criar um vínculo com o paciente, o profissional da saúde consegue entender
melhor quais são os seus problemas e propor soluções mais efetivas.

1.1.1.4 Coordenação do cuidado


Atributo complementar à integralidade, diz respeito ao fluxo de informações sobre a situação de
saúde do paciente. Ou seja, mesmo quando o paciente é referenciado aos níveis secundário
ou terciário, deve haver a reciprocidade da troca de informações (contrarreferência) para
a Atenção Básica, responsável pela organização e integração dos cuidados. Essa orientação
de cuidados é fundamental, tendo em vista a quantidade de usuários que possuem
condições que demandam encaminhamento a especialistas, sendo realizada por meio das
Redes de Atenção à Saúde (RAS), sobre a qual já conversamos no guia sobre o SUS.

Referência e contrarreferência
Fonte: Aristo.

9
Atenção Primária à Saúde

1.1.2 Atributos derivados

Questão 02

Responder na plataforma

1.1.2.1 Enfoque familiar


O cuidado na Atenção Básica se preocupa com o contexto familiar do indivíduo, entendendo
como as dinâmicas de relação vão influenciar na situação de saúde deles. Para isso, além
de contar com as diversas visões, visto que a equipe de saúde pode atender toda a família,
pode-se recorrer às ferramentas de abordagem das quais vamos tratar no item 4.3 deste guia.

1.1.2.2 Orientação comunitária


Aumentando um pouco o escopo de conhecimento, esse atributo diz respeito ao contexto
social no qual o indivíduo está inserido. Conhecer as características epidemiológicas e
sociodemográficas de uma região possibilita um cuidado mais individualizado, uma vez que
“a saúde é diferente em cada lugar do mundo”.

1.1.2.3 Competência cultural


Para além de conhecer as famílias e as comunidades, é fundamental entender as características
culturais dos usuários, respeitando as individualidades e particularidades de crença e
instrução. Um ponto fundamental desse atributo é a capacidade de o profissional de saúde
entender e se fazer entender, quando em contato com a população.

1.2 Características do trabalho na Atenção Básica


Além dos atributos, existem algumas outras características importantes que fazem parte
da Atenção Básica. Abaixo, você entrará em contato com definições que, com frequência,
aparecem em provas e fazem parte do processo de trabalho na Atenção Primária. Veja só:

1.2.1 Territorialização

Questão 03

Responder na plataforma

10
Atenção Primária à Saúde

O atendimento em saúde realizado na Atenção Primária se dá após o planejamento,


a programação descentralizada e o desenvolvimento de ações em um território específico.
A territorialização, atribuição comum a todos os profissionais da equipe de saúde, nada
mais é do que a definição da área de abrangência pela qual os serviços de saúde vão ser
responsáveis, gerando as unidades territoriais definidas abaixo.

Unidades territoriais

É o espaço em que convive


uma família, no qual se pode
aprofundar o conhecimento
para colocar em prática as
ações de saúde.

É a subdivisão da área adscrita


O distrito sanitário é a numa UBS, onde se concentram
unidade operacional de
famílias de características
uma região de saúde,
socioculturais semelhantes e pela
delimitada geograficamente Moradia
de acordo com o perfil qual o agente comunitário de
sociodemográfico e saúde é responsável.
Microárea
epidemiológico. Recomenda-se que o número
Área máximo seja de 750 habitantes.
Distrito

Área de atuação de uma Unidade


Básica de Saúde, formada
por microáreas que, somadas,
devem totalizar,no máximo,
3.000 a 4.500 pessoas.

Unidades territoriais
Fonte: Aristo.

1.2.2 Adscrição da clientela


Uma vez definido o território, é de responsabilidade da equipe, especificamente do agente
comunitário de saúde (ACS), criar o vínculo para monitorar as condições de saúde da
população inserida nele. Isso permite que o usuário identifique a unidade de saúde como
referência e auxílio na longitudinalidade do cuidado.

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Atenção Primária à Saúde

1.2.3 Acolhimento
O contato deve ser proativo e pode ser feito por meio da busca ativa dos pacientes, sem
precisar aguardar demandas espontâneas. Também fazem parte do acolhimento a escuta
qualificada, a classificação de risco, a avaliação de necessidade de saúde (coleta
de informações) e a análise de vulnerabilidade.

1.2.4 Atendimento multidisciplinar


As equipes de saúde são compostas por vários profissionais (médico, enfermeiro, técnico de
enfermagem e agente comunitário de saúde, por vezes, dentista, e técnico em saúde bucal),
que devem se manter em constante contato para contemplar um atendimento integral dos
usuários. Um conceito importante aqui é o de matriciamento (ou apoio matricial), sobre o
qual falaremos adiante.

1.2.5 Elevada complexidade e baixa densidade


Após a implantação do conceito de Atenção Primária, em 1978, com a Conferência de Alma-Ata,
alguns conceitos se alteraram. Dentre eles, a hierarquização piramidal anteriormente proposta
foi substituída pelas Redes de Atenção à Saúde.

Alta
complexidade

Média
complexidade

Atenção
básica

Níveis de complexidade da assistência à saúde - modelo obsoleto


Fonte: Aristo.

12
Atenção Primária à Saúde

Redes de Atenção à Saúde (RAS) - modelo atual


Fonte: adaptado de Rede Humaniza SUS. Disponível no link.

Atualmente, entende-se que, na Atenção Básica, os profissionais devem possuir amplos


conhecimentos e habilidades para atender situações variadas (complexidade), mesmo que
não utilizem ou disponham de recursos tecnológicos de ponta (densidade). Assim, define-se
esse nível de atenção como de alta complexidade e baixa densidade.

1.2.6 Reorientação do cuidado


O somatório de todas as características anteriores conduz a uma reorientação das propostas
de saúde, trazendo um modelo de cuidado centrado na pessoa, que substitui o antigo
modelo hospitalocêntrico. O foco, portanto, deixa de ser a doença e passa a ser o indivíduo
biopsicossocioespiritual.

13
Atenção Primária à Saúde

Para além do Pareto

Em outubro de 2023, através da Portaria n.º 1.604, foi instituída a Política Nacional de
Atenção Especializada em Saúde (PNAES) no âmbito do SUS. Com ela, reafirmou-se
o conceito de atenção especializada como o “conjunto de conhecimentos, práticas
assistenciais, ações, técnicas e serviços envolvidos na produção do cuidado em saúde
marcados, caracteristicamente, por uma maior densidade tecnológica.”
Além disso, tivemos uma delimitação dos serviços que podem ser caracterizados
como Atenção Especializada, compreendendo, dentre outras, as seguintes ações
e serviços:
• Rede de urgência e emergência
• Serviços de reabilitação
• Serviços de atenção domiciliar
• Rede hospitalar
• Serviços de atenção materno-infantil
• Serviços de transplante do Sistema Nacional de Transplantes (SNT)
• Serviços de atenção psicossocial
• Serviços de sangue e hemoderivados
• Atenção ambulatorial especializada, incluindo os serviços de apoio diagnóstico
e terapêuticos

Outro ponto que merece destaque é a reafirmação da Atenção Primária como porta
de entrada preferencial no sistema de saúde, devendo os serviços especializados
desempenharem um papel de apoio e fortalecimento à Atenção Primária em um sistema
de cuidados integrais.
No geral, é possível inferir que o PNAES apresenta orientações e dimensões específicas,
além de elementos fundamentais que devem ser levados em consideração ao
desenvolver ou revisar políticas e programas relacionados à Atenção Especializada.
Esses aspectos devem orientar a estrutura e o funcionamento dos serviços
dedicados a essa área.

2. Financiamento da Atenção Básica do Brasil

Questão 04

Responder na plataforma

14
Atenção Primária à Saúde

Houve uma mudança recente no modelo de financiamento da Atenção Primária à Saúde


no âmbito do Sistema Único de Saúde, instituída pela Portaria n.º 2.979, de 2019. Até o
lançamento dessa portaria, o financiamento era composto pelo Piso da Atenção Básica
(PAB): fixo – baseado na população e nas necessidades do município – e variável – que
dependia da adesão a estratégias e programas.
O novo modelo de financiamento, denominado “Previne Brasil”, é um modelo de financiamento
misto, baseado essencialmente em incentivar resultados e adesão às estratégias
governamentais. Os recursos são transferidos, como você já viu na aula sobre o SUS, fundo
a fundo, de forma regular e automática, para o Bloco de Custeio, sendo vinculados aos
seguintes quatro componentes:

2.1 Capitação ponderada


É um modelo de custeio calculado com base no número de pessoas cadastradas nas
unidades de saúde. Além disso, considera fatores de ajuste, como a vulnerabilidade
socioeconômica, o perfil de idade e a classificação rural-urbana do município. A transferência
desse valor é mensal.

2.2 Pagamento por desempenho


O valor do investimento por desempenho depende do cumprimento de metas e do
desempenho em alguns indicadores. A transferência desse valor é mensal e os indicadores
de 2022 são os seguintes:

Indicadores do Previne Brasil

Proporção de crianças de 1 (um) ano


Proporção de gestantes com pelo
vacinadas na APS contra difteria, tétano,
menos 6 (seis) consultas pré-natal
coqueluche, hepatite B, infecções
realizadas, sendo a primeira
causadas por Haemophilus influenzae
até a 12ª semana de gestação.
tipo b e poliomielite inativada.

Proporção de gestantes com Proporção de pessoas com hipertensão


realização de exames para sífilis e com consulta e pressão arterial aferida
HIV. no semestre.

Proporção de gestantes com Proporção de pessoas com diabetes,


atendimento odontológico com consulta e hemoglobina glicada
realizado solicitada no semestre.

Proporção de mulheres com coleta


de citopatológico na APS.

Indicadores do Previne Brasil


Fonte: adaptado do Ministério da Saúde, 2022.

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Atenção Primária à Saúde

2.3 Incentivo para ações estratégicas


Pagamento por programa implantado, como Programa Saúde na Hora, equipe de Saúde
Bucal (eSB), equipe de Consultório na Rua (eCR) e Programa Saúde na Escola (PSE). A
transferência desse valor depende das normas que regulamentam cada programa.

2.4 Incentivo financeiro com base em critério populacional


Esse aporte considera a estimativa populacional mais recente, divulgada pelo IBGE. O valor
do incentivo é definido pelo Ministério da Saúde anualmente.

3. Estratégia de Saúde da Família (ESF)


Criada em 1994 como Programa de Saúde da Família (PSF), a Estratégia de Saúde da Família
(ESF) é o modelo prioritário e preferencial de Atenção Básica no Brasil. A Política Nacional
de Atenção Básica (PNAB), de 2017, rege o funcionamento dessa estratégia, trazendo as
composições e carga horária mínimas das unidades e equipes de saúde. Para você, arister,
não ser obrigado a ler toda essa legislação para acertar as questões da prova, vamos
destrinchar os pontos fundamentais que as bancas gostam de abordar.

3.1 Composição das equipes de Saúde da Família (eSF)


Dentro de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) que adota a Estratégia de Saúde da Família
(ESF), as equipes de Saúde da Família (eSF, com “e” minúsculo) são multidisciplinares,
formadas por, no mínimo, um médico (preferencialmente especialista em Medicina de Família
e Comunidade), um enfermeiro e um técnico de enfermagem. O número mínimo de agentes
comunitários de saúde (ACS) é um, conforme definido pela Portaria de Consolidação
n.º 1, de 2021, que consolida as regras de validação das eSF — sendo opcional na equipe de
Saúde da Família Ribeirinha (eSFR) e na UBS que já tenha alguma equipe com ACS cadastrado.

Equipe de Saúde da Família (eSF)


Composição mínima:

01 médico 01 enfermeiro 01 técnico 01 agente comunitário


de enfermagem (PNAB/2017 reduziu de 04 para 01)

Composição mínima de uma equipe de Saúde da Família (eSF)


Fonte: Aristo.

16
Atenção Primária à Saúde

E podem existir outros componentes na equipe? Claro! Cirurgiões-dentistas, técnicos em


saúde bucal e agentes de combate às endemias também podem fazer parte. Essa definição
acontece em caso de necessidade da própria população assistida.

Para além do Pareto

Como todo trabalho em equipe, é importante definirmos funções comuns e específicas


de cada membro para atingirmos melhores resultados. Seguindo este raciocínio,
a Política Nacional da Atenção Básica também delimita quais são as atividades às
quais todos os membros da equipe devem se responsabilizar e manejar dentro da
UBS, bem como quais tarefas são específicas a cada profissional.
Neste caso, não vamos colocar a lista de funções aqui e te orientar a decorar
(fugiria do padrão de qualidade Aristo, não é mesmo?), mas é importante que você
saiba as principais funções e as que têm maior probabilidade de aparecer na
sua prova!

São algumas das atribuições comuns a todos os profissionais:


• Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação
da equipe.
• Garantir a atenção à saúde integral por meio da realização de ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos.
• Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória,
bem como outros agravos e situações de importância local.

Dentre as atribuições específicas, algumas das que mais aparecem são:


É atribuído ao médico:
• Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
espaços comunitários.
• Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando
fluxos locais, mantendo sua responsabilidade pelo acompanhamento do plano
terapêutico deles.
• Indicar, de forma compartilhada com outros pontos de atenção, a necessidade
de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização pelo
acompanhamento do usuário.

É atribuído ao agente comunitário de saúde:


• Trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a microárea.
• Cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros atualizados.

17
Atenção Primária à Saúde

3.2 Carga horária da equipe de Saúde da Família (eSF)


Todo profissional componente de uma eSF deve atuar, em turno integral, por, no mínimo, 40
horas semanais, e, no máximo, 60 horas semanais, podendo estar vinculado a apenas uma
equipe. Em 2019, o programa “Saúde na Hora” permitiu que a carga horária do profissional
que participasse dele fosse flexibilizada para, no mínimo, 20 horas.

O Programa “Saúde na Hora”, criado pelo Ministério da Saúde, visa ofertar ações
de saúde em horários mais flexíveis (noturno e no almoço) para a população,
aumentando a carga horária da UBS para 60 horas semanais. Além disso, busca
reduzir a demanda e, consequentemente, os custos, em outros níveis de atenção.

Carga horária mínima da eSF


Fonte: adaptado da Portaria n.º 2.436/2017 – Incorporada na Portaria de Consolidação nº 2/2017.

3.3 População adscrita


Este tópico é um pouco controverso e precisamos unir algumas informações para chegar
a uma conclusão, já que o Ministério da Saúde não nos deu essa informação diretamente.
Segundo a PNAB/2017, cada equipe é responsável pelo atendimento de 2.000 a 3.500
pessoas. Contudo, o documento que institui o “Previne Brasil”, que você conhecerá adiante,
traz uma população adscrita máxima de 4.000 pessoas – que era a quantidade recomendada
na PNAB anterior à citada, de 2012.
Nos artigos mais recentes do site do Ministério da Saúde, define-se, na íntegra, o seguinte:
“cada equipe de Saúde da Família (eSF) deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas,
sendo a média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de equidade para essa
definição”. O número de usuários cobertos por agente comunitário de saúde (ACS), por outro
lado, manteve-se igual dentre esses documentos: 750 pessoas por ACS.

18
Atenção Primária à Saúde

Esse desencontro de informações fez com que as bancas evitassem cobrar o assunto
recentemente. Porém, caso apareça, vale ser flexível para entender o que a banca quer, já
que não vale ficar brigando com ela, certo?

4. Humanização da assistência à saúde

4.1 Política Nacional de Humanização (PNH)


A Política Nacional de Humanização (PNH) surgiu em 2003 para efetivar os princípios do
SUS nas práticas de atenção e gestão. Para isso, visa-se oportunizar uma maior autonomia
aos usuários, trabalhadores e gestores, ampliando o seu papel no processo de produção de
saúde, entendendo-a como uma construção compartilhada.
A PNH perpassa todas as ações de saúde e tem como princípios a transversalidade,
a indissociabilidade entre atenção e gestão, e o conjunto formado por protagonismo,
corresponsabilidade, autonomia dos sujeitos e coletivos. Para a sua efetivação, ela conta
com alguns dispositivos, sendo os principais listados no box a seguir:

Para além do Pareto

Como você já sabe, a PNH, também conhecida como HumanizaSUS, apresenta


seus próprios princípios, que conversam com os princípios do SUS e da APS.
Teoricamente, apenas sabendo quais são estes princípios você já consegue
garantir algumas questões para a sua prova. Entretanto, às vezes é interessante
aprofundarmos o Pareto para facilitar a compreensão do tema e até mesmo ajudar
na hora de “decorar” o assunto. Vamos falar um pouco mais desses princípios?
• Transversalidade: a rede HumanizaSUS deve se fazer presente e estar inserida
em todas as políticas e programas do SUS, ampliando o contato e a comunicação
entre as pessoas e grupos, reduzindo o isolamento e eliminando relações
hierarquizadas. Segundo a PNH, “transversalizar é reconhecer que as diferentes
especialidades e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele
que é assistido”.
• Indissociabilidade entre atenção e gestão: preconiza-se que os trabalhadores
e usuários devem buscar conhecer o funcionamento da gestão dos serviços e da
rede de saúde, além de participar ativamente nas decisões, organizações e nas
ações de saúde coletiva, tendo em vista que as decisões da gestão interferem
diretamente na atenção à saúde.

19
Atenção Primária à Saúde

• Protagonismo, corresponsabilidade, autonomia dos sujeitos e coletivos:


todo indivíduo é reconhecido de forma legítima , valorizando seus direitos e
incentivando a produção de saúde. Como aponta a PNAB, os usuários não são só
pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem
com o reconhecimento do papel de cada um.

4.1.1 Acolhimento com classificação de risco (ACCR)


Esse tipo de acolhimento acontece com base em critérios clínicos, como uma forma de
organizar a “fila de espera” de forma resolutiva e humanizada, colocando em prática um
princípio ético do SUS: a equidade. O objetivo é que, aqueles usuários que precisam mais,
sejam atendidos com prioridade, e não por ordem de chegada.

Acolhimento com classificação de risco (ACCR)


Fonte: Aristo.

4.1.2 Projeto Terapêutico Singular (PTS)


O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é o conjunto de propostas articuladas, geralmente
dedicado a situações mais complexas. Ele resulta da discussão, se necessário,
com apoio matricial e busca a singularidade das ações, seja para indivíduos, seja para
grupos. Para isso, o PTS conta com quatro elementos, como você pode observar abaixo:

20
Atenção Primária à Saúde

Definição de hipóteses, diagnóstico,


condicionantes e envolvidos
Avaliação/reavaliação
da situação
Definição e
pactuação da
situação de um
sujeito, família
ou comunidade
Definição de objetivos
e metas
Divisão de tarefas
e referências

Elementos do Projeto Terapêutico Singular (PTS)


Fonte: adaptado do Ministério da Saúde.

4.1.3 Apoio matricial


Para garantir o atendimento integral do usuário na Atenção Básica, pode-se recorrer a uma
estratégia que citamos anteriormente: o matriciamento, ou apoio matricial. Esse processo
remete ao suporte à equipe multidisciplinar da eSF (por meio, por exemplo, da discussão de
casos), realizado por profissionais especialistas de diversas áreas, com o intuito de ampliar
a visão sobre a saúde de um sujeito, qualificando as condutas tomadas em relação a ela e
contemplando o atributo da integralidade.
Nesse sentido, o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) é
a principal estratégia de apoio matricial à eSF, oferecendo atendimento multiprofissional
complementar (cuidado: o NASF-AB não é porta de entrada do SUS), com assistente
social, nutricionista, psicólogo, ginecologista, psiquiatra, fonoaudiólogo, entre outros.
Esses profissionais atuam de forma integrada, oferecendo discussões de casos clínicos e
atendimento compartilhado – seja na UBS, seja em visitas domiciliares –, possibilitando a
construção conjunta de projetos terapêuticos.

21
Atenção Primária à Saúde

Existem três diferentes tipos de NASF-AB. Como ele pode estar vinculado a uma ou mais
equipes, classificamos esses núcleos da seguinte forma:
• NASF-AB 1: 5 a 9 eSF vinculadas
• NASF-AB 2: 3 a 4 eSF vinculadas
• NASF-AB 3: 1 a 2 eSF vinculadas

Para além do Pareto

Importante: a Nota Técnica n.º 3/2020 (a mesma que instituiu o modelo de


financiamento “Previne Brasil”) revogou os serviços dos NASF-AB. Na prática,
a composição de equipes multiprofissionais deixa de estar vinculada a essa
tipologia, e o gestor municipal passa a ter autonomia para compor suas equipes
multiprofissionais, definindo os profissionais, a carga horária e os arranjos de
equipe. Isso é entendido na literatura como a extinção do NASF-AB.
Além disso, fica definido que, “a partir de janeiro de 2020, o Ministério da Saúde
não realizará mais o credenciamento de NASF-AB, e as solicitações enviadas até
o momento serão arquivadas” – ou seja, os existentes seguem em atividade, mas
não serão criados novos, o que alguns autores defendem que seja o “início do fim”
desses núcleos.
Entretanto, em maio de 2023, foi publicada a Portaria GM/MS n.º 635, definindo
as diretrizes para custeio e implantação das equipes multiprofissionais, as eMulti.
De forma geral, podemos afirmar que elas vieram para substituir o NASF-AB,
resgatando e aperfeiçoando o serviço.
As eMulti serão classificadas em 3 modalidades, conforme a carga horária, vinculação
e composição profissional, como podemos observar abaixo:
• Equipe multiprofissional ampliada (300 horas semanais e 10 a 12 equipes vinculadas)
• Equipe multiprofissional complementar (200 horas semanais e 5 a 9
equipes vinculadas)
• Equipe multiprofissional estratégica (100 horas semanais e 1 a 4 equipes vinculadas)

Outro ponto é que o custeio destas equipes será feito pelo Ministério da Saúde de
forma mensal, podendo o valor variar entre R$ 12 mil e R$ 36 mil, variando também
de acordo com indicadores de desempenho de cada localidade.
Dentre os profissionais que podem compor essas equipes multidisciplinares, estão:
• Arte-educador
• Assistente social
• Farmacêutico clínico
• Fisioterapeuta

22
Atenção Primária à Saúde

• Fonoaudiólogo
• Médico acupunturista
• Médico cardiologista
• Médico dermatologista
• Médico endocrinologista
• Médico geriatra
• Médico ginecologista/obstetra
• Médico hansenologista
• Médico homeopata
• Médico infectologista
• Médico pediatra
• Médico psiquiatra
• Médico veterinário
• Nutricionista
• Profissional de Ed. Física na Saúde
• Psicólogo
• Sanitarista
• Terapeuta ocupacional

4.2 Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP)

Questão 05

Responder na plataforma

Outra ferramenta importante no sentido da humanização do atendimento é o Método Clínico


Centrado na Pessoa (MCCP), que surgiu como uma sistematização para oferecer cuidado
integral à pessoa, com vistas a entender não só a sua doença, mas também a experiência e
vivência em seus processos de vida, saúde e doença.
Anteriormente, o MCCP era composto por seis elementos; no entanto, a versão mais atual
conta com os seguintes quatro elementos dialogando entre si:

23
Atenção Primária à Saúde

Componentes do Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP)

Nesse componente, a
compreensão do processo
de adoecimento é ampliada, Busca-se, no MCCP, entender
considerando a percepção o indivíduo como um ser
1. Explorando a saúde, 2. Entendendo
subjetiva do paciente que o biopsicossocioespiritual.
a doença e a experiência a pessoa como
enfrenta. Com isso, visa-se Esse componente, portanto,
da doença um todo
substituir o antigo “modelo alinha-se à integralidade,
biomédico”, que se limita às um princípio do SUS.
explicações fisiológicas
das doenças.
4. Intensificando a relação entre
Elaborando um plano conjuntamente, o a pessoa e o médico
médico traz o paciente para o papel de
protagonista no processo de construção 3. Elaborando um Com todos os componentes citados
da saúde. Assim, há o alinhamento, plano conjunto de acima, temos o fortalecimento
também, com o princípio bioético de manejo dos problemas da relação médico-paciente.
autonomia, sobre o qual você entenderá Esse estreitamento promove o
mais na aula de “Ética médica”. engajamento do paciente,
otimizando a saúde global dele.
Componentes do Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP)
Fonte: Aristo.

4.3 Ferramentas de abordagem familiar


As ferramentas de abordagem familiar são essenciais para um atendimento integral do paciente.
Elas são importantes para compreender melhor o processo de adoecimento nas famílias,
conhecer a situação dos seus membros e suas relações, seja no ambiente intrafamiliar, seja
com as demais famílias com quem convivem e estabelecem suas redes de apoio. Dentre as
várias ferramentas das quais dispomos, as que mais aparecem na prova são as duas primeiras
que você verá a seguir (genograma e ecomapa), mas vale conhecer as outras.

4.3.1 Genograma
O genograma é baseado no modelo do heredograma, que mostra graficamente a dinâmica
familiar e visa analisar a estrutura e as relações familiares. Ele reúne informações sobre
a doença da pessoa identificada, as doenças e transtornos familiares, os antecedentes
genéticos, as causas de morte de pessoas da família, além dos aspectos psicossociais
apresentados, juntamente com as informações colhidas na anamnese, que enriquecem
a análise a ser feita pelo profissional. A representação gráfica dos indivíduos e relações
é mostrada abaixo:

24
Atenção Primária à Saúde

Homem Mulher Sexo indefinido Pessoa índice


gravidez

Abuso de álcool ou drogas Morte = X Morando junto

Casamento Divórcio Separação conjugal

Nascimento de Aborto Aborto


uma criança morta espontâneo induzido

Gêmeos Gêmeos Gestação


fraternos idênticos

Filho: ordem de nascimento Filho adotivo


com o mais velho à esquerda

RELACIONAMENTOS:

Distante Distante Rompimento

Muito estreito Fundido e conflitual Aliança

Coalizão

Harmônico Vulnerável
Triangulação

Legenda do genograma
Fonte: adaptado de Famílias em situação de vulnerabilidade ou risco psicossocial. Representação dos símbolos mais utilizados no genograma.
Disponível no link.

25
Atenção Primária à Saúde

Para além da legenda, é relevante destacar que, por vezes, é cobrado que o genograma deve
conter pelo menos TRÊS gerações para representar aqueles que vivem juntos em um mesmo
ambiente ou que têm forte vínculo familiar. Idealmente, essa ferramenta deve conter datas,
nomes, idades, profissões e outros detalhes relevantes.

Câncer Sarampo
Recém-nascido

35 38

José Regina
(maquinista) (do lar)

Renan
Pré-escola

Genograma
Fonte: adaptado de O genograma como instrumento de pesquisa do impacto de eventos estressores na transição família-escola. Scielo, 2006.
Disponível no link.

Quer ver como o genograma conta a história da família? Na imagem acima, do artigo já
referenciado, temos o caso de Renan, 6 anos, filho único. Seu pai, José, tem 35 anos e é
maquinista. Sua mãe, Regina, de 38 anos, é do lar — foi criada pela mãe, já que perdeu o pai
muito nova, é a oitava de 12 filhos e mantém relação muito próxima com uma irmã mais velha
e com sua mãe, que acabou de mudar para mais perto. O relacionamento da família parece
ser bom.

26
Atenção Primária à Saúde

4.3.2 Ecomapa
O ecomapa pode servir de complemento ao genograma — inclusive, usa a mesma simbologia.
Ele é a ilustração das relações dos contatos dos membros de uma família ou de um indivíduo
com os outros sistemas sociais, ou seja, das relações entre a família ou indivíduo e a comunidade.
Essa ferramenta ajuda a avaliar a rede de apoio de um determinado indivíduo ou família, que
devem ser representados na parte central do desenho, em um determinado momento
da vida.

UBS
Jogos de
Sítio baralho

Vizinhos João, Restaurante


que vive popular

LEGENDA

Vínculo forte
Vínculo moderado

Filho Vínculo superficial


Relação conflituosa
Ex-esposa Apoio

Exemplo de ecomapa representativo de vínculos


Fonte: adaptado de “O genograma e o ecomapa como instrumentos para compreender a rede familiar de uma pessoa com transtorno mental: um estudo
de caso”. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde. 2015. Disponível no link.

Em resumo, o genograma nos proporciona compreensão da dinâmica interna da família,


enquanto o ecomapa revela as interações da família com o ambiente social a sua volta. Essas
duas ferramentas são, sem sombra de dúvidas, as mais importantes para as nossas provas!
Existem algumas outras ferramentas utilizadas na Atenção Básica, menos prevalentes em
concursos médicos. Vamos apenas nos familiarizar com elas:

27
Atenção Primária à Saúde

4.3.3 APGAR familiar


Acrônimo, em inglês, para os tópicos abordados (Adaptation - Adaptação; Partnership -
Companheirismo; Growth - Desenvolvimento; Affection - Afeto; Resolve - Capacidade de
resolução de problemas), o APGAR... consiste num questionário aplicado aos membros da
família, visando verificar o nível de satisfação de seus membros. Após responderem ao
questionário, as famílias são classificadas em funcionais, moderadamente disfuncionais
ou gravemente disfuncionais.

4.3.4 PRACTICE
É uma ferramenta parecida com a supracitada, mas focada em um problema específico, tendo
como propósito a elaboração de intervenções. O acrônimo diz respeito a tópicos que serão
explorados para a superação do problema: Presenting problem (problema apresentado);
Roles and structure (papéis e estrutura); Affect (afeto); Communication (comunicação); Time
of life cycle (fase do ciclo de vida); Illness in family (doenças na família); Coping with stress
(enfrentamento do estresse) e Ecology (meio ambiente e rede de apoio).

4.3.5 FIRO
Sigla para Fundamental Interpersonal Relations Orientation (orientações fundamentais nas
relações interpessoais), que visa a compreensão do funcionamento da família a partir de
suas relações de poder, comunicação e afeto. Consiste basicamente na compreensão das
necessidades de cada membro da família. Nessa ferramenta, são avaliados três parâmetros:
inclusão, intimidade e controle.

4.3.6 Conferência familiar


Ferramenta mais simples que as demais, já que consiste basicamente em uma reunião entre
um ou mais profissionais da saúde e os membros da família. Seu objetivo principal é abordar
e resolver problemas específicos.

4.3.7 SOAP
O SOAP é um acrônimo utilizado na Atenção Primária que visa promover o registro clínico do
paciente orientado por problemas, de forma a contribuir para a longitudinalidade do cuidado
e deixar de forma mais visual e prática a história daquele indivíduo. Sendo assim, o SOAP
procura auxiliar não apenas no cuidado, mas também no diagnóstico clínico.

28
Atenção Primária à Saúde

O método SOAP
Fonte: Aristo.

4.4 Atenção domiciliar (AD)


Visando promoção de acesso à saúde para indivíduos restritos ao lar, provisória ou
definitivamente, e que por isso não podem ativamente acessar o sistema, pode-se recorrer
à atenção domiciliar para garantir a continuidade do cuidado. Em 2016, a Portaria n.º 825
regulamentou o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), definido como complementar aos
cuidados realizados na Atenção Básica, em serviços de urgência e na atenção hospitalar.
Os objetivos desse serviço são a redução da demanda por atendimento hospitalar e do
período de permanência de usuários internados; a humanização da atenção à saúde, com
a ampliação da autonomia dos usuários; a desinstitucionalização e a otimização das Redes
de Atenção à Saúde (RAS).
Para isso, definem-se três modalidades de atenção domiciliar:
• AD1: para pacientes bem controlados, mas com dificuldades de locomoção até a UBS, que
necessitam de cuidados de menor intensidade, frequência de visitas e uso de recursos de
saúde.
• AD2: destinada a pacientes que possuam problemas de saúde e dificuldade de locomoção
até a UBS, mas necessitem de maior frequência de cuidado, recursos de saúde e
acompanhamento contínuo.

29
Atenção Primária à Saúde

• AD3: para pacientes de maior complexidade, que dificilmente terão alta dos cuidados
domiciliares e que fazem uso de equipamentos específicos, como ventilação mecânica ou
nutrição parenteral.

Geralmente, o grupo AD1 fica aos cuidados da eSF. Pela maior complexidade, os grupos AD2
e AD3 ficam a cargo das equipes multiprofissionais específicas para a atenção domiciliar, do
programa “Melhor em Casa”, que também faz parte da Atenção Básica.

30
Referências bibliográficas

1. Ministério da Saúde, Política Nacional de Atenção Básica, 2012.


2. Ministério da Saúde, Portaria n.º 825, de 2016.
3. Ministério da Saúde, Portaria n.º 2.436, de 2017. Política Nacional de Atenção Básica.
4. Ministério da Saúde, Política Nacional de Atenção Básica, 2017, com atualizações.
5. Ministério da Saúde, Portaria n.º 2.979, de 2019. Previne Brasil.
6. Governo Federal, Programa “Saúde na Hora”, de 2019.
7. Governo Federal, Portaria n.º 32, de 2021. Política Nacional de Atenção Básica.
8. Governo Federal, Portaria de Consolidação n.º1/2021.
9. Governo Federal, Programa Saúde na Hora, 2020.
10. Ministério da Saúde, Caderno de Atenção Domiciliar, 2020.
11. CRISTINA, Iara et al. Atributos essenciais da Atenção Primária e a Estratégia Saúde da família. Revista
Brasileira de Enfermagem. 2013.
12. Ministério da Saúde, Portaria GM/MS Nº 1.604, 18 de outubro de 2023.
Atenção Primária à Saúde

Questão 01

(SURCE - CE - 2023) Uma agente de saúde procura você trazendo a demanda de uma família.
Ela relata que Dona Benzarina, de 102 anos, recebeu alta do hospital municipal “para morrer
em casa, pois não tinham mais o que fazer por ela”. A equipe da UBS de referência não recebeu
comunicação do Serviço Social do referido hospital. A família está muito angustiada, pois a
paciente “está agonizando”, e, por isso, solicita uma visita domiciliar. Assinale a alternativa
que traz os termos na ordem que preenche corretamente as lacunas do texto abaixo.
“A visita domiciliar é um exemplo prático do Princípio Ordinário do SUS da ________. Ao
desospitalizar a paciente sem informar à equipe da APS, não houve observância ao Atributo
Nuclear da Atenção Primária da __________. Ao prestar assistência a Dona Benzarina em um
contexto de terminalidade, a equipe da ESF está praticando o Atributo Nuclear da Atenção
Primária da ________. Diante da finitude, cuidar de Dona Benzarina significa ter sensibilidade
a aspectos bioéticos, técnicos, religiosos e culturais: assim, coloca-se em prática o Atributo
Nuclear da Atenção Primária da _________.”

a) Equidade -> coordenação -> longitudinalidade -> integralidade.

b) Integralidade -> coordenação -> longitudinalidade -> integralidade.

c) Universalidade -> coordenação -> longitudinalidade -> integralidade.

d) Territorialização -> integralidade -> coordenação -> longitudinalidade.

CCQ: A visita domiciliar é uma forma de tratar os desiguais de forma desigual


(equidade), objetivando fornecer acesso a todos os usuários, mesmo àqueles que não
conseguem ir até uma unidade de saúde

Temos aqui uma questão que cobra simultaneamente dois assuntos que despencam nas provas
de Saúde Coletiva: atributos da Atenção Primária e princípios do SUS. Vamos aproveitar o
gancho para fazer uma revisão rápida do tema?
Os atributos da Atenção Primária são divididos em essenciais e derivados:
Essenciais - atenção no primeiro contato/acesso (como a APS é a porta de entrada dos
serviços de saúde, deve ser de fácil acesso e disponível):
• Longitudinalidade: realizar o acompanhamento da saúde do indivíduo em todas as fases da
vida, com suas necessidades distintas, criando vínculo com a equipe.
• Integralidade: também é um princípio que rege o SUS, que é atuar na promoção, proteção,
prevenção, tratamento e reabilitação do indivíduo.
• Coordenação do cuidado: é a articulação entre o paciente e os diversos serviços e ações
de saúde, de forma que estejam em sintonia para alcançar um objetivo em comum.

32
Atenção Primária à Saúde

Derivados - orientação familiar (leva em consideração o dinamismo da família):


• Orientação comunitária: reconhecer os recursos e informações aos quais aquela população
tem acesso.
• Competência cultural: reconhecer e respeitar que cada indivíduo tem sua cultura, e saber
como se comunicar com ela.

Já os princípios do SUS são divididos entre éticos/doutrinários e organizacionais/operativos,


a saber:
• Éticos/doutrinários: universalidade (acesso a todos); integralidade (indivíduo como um
todo = prevenção, cura e reabilitação) e equidade (tratamento desigual para desiguais).
• Organizacionais/operativos: descentralização (divisão dos poderes); regionalização (maior
autoridade dos municípios, pois eles sabem mais da necessidade de sua população);
hierarquização (divisão em níveis de complexidade); participação social (realização de
conselhos e conferências); resolubilidade (devemos resolver de alguma forma o problema
do paciente); complementaridade (caso necessário, pode-se contratar o setor privado para
auxílio, como em casos, por exemplo, de vigilância de portos/aeroportos).

Revisando esses conceitos, fica mais fácil achar as respostas que preencham de forma
correta as lacunas, né? Vamos discutir cada frase separadamente?
1. A visita domiciliar é um exemplo prático do princípio ordinário do SUS da ________.
O fornecimento desta acessibilidade ao atendimento de saúde a um paciente que está
inviabilizado de ir até a unidade básica de saúde, por meio do atendimento domiciliar,
procura fornecer o cuidado de modo diferente e, assim, permitir que a dificuldade do
usuário seja suprida e sua individualidade, atendida. Logo, o princípio do SUS aqui presente
é a equidade!
2. Ao desospitalizar a paciente sem informar a equipe da APS, não houve observância ao
Atributo Nuclear da Atenção Primária da __________. Devemos lembrar que é dever das
equipes de saúde conversarem entre si e organizarem os atendimentos do paciente em
todas as esferas de cuidado, de modo que este não fique sem amparo, o que não houve
neste caso. Logo, o que houve nesta ocasião foi a falta de coordenação do cuidado.
3. Ao prestar assistência a dona Benzarina em um contexto de terminalidade, a equipe da
ESF está praticando o Atributo Nuclear da Atenção Primária da ________. O atendimento
de dona Benzarina, voltado para uma humanização de sua condição de saúde em estágio
terminal, visa realizar o acompanhamento do indivíduo em todas as fases da vida, com suas
necessidades distintas. Logo, o atributo trazido é a longitudinalidade.
4. Diante da finitude, cuidar de dona Benzarina significa ter sensibilidade a aspectos
bioéticos, técnicos, religiosos e culturais: assim, coloca-se em prática o Atributo Nuclear
da Atenção Primária da _________. Quando buscamos entender o paciente em todas as
suas esferas, com suas crenças, medos, angústias, dores e sonhos, estamos fornecendo
um atendimento baseado na integralidade deste indivíduo.

33
Atenção Primária à Saúde

Portanto, como a ordem é equidade -> coordenação -> longitudinalidade -> integralidade,
o gabarito é a alternativa A.

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34
Atenção Primária à Saúde

Questão 02

(SES-GO - 2023) De acordo com a Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde (2020),
do Ministério da Saúde, algumas características da Atenção Primária à Saúde são denominadas
atributos derivados. Qual é um deles?

a) Acesso de primeiro contato.

b) Longitudinalidade.

c) Integralidade.

d) Orientação comunitária.

CCQ: A orientação comunitária é um atributo derivado da APS

Alerta de tema importante: atributos da Atenção Primária. Esse, sem dúvidas, é um dos
assuntos que devemos dominar para prestar qualquer prova de concurso médico nesse país!
Vamos revisar o assunto?
Quando falamos em Atenção Primária temos que ter um mente que é um nível de atenção
à saúde em que são desenvolvidas ações de prevenção de doenças, promoção de saúde,
diagnóstico, tratamento, cura e reabilitação! É um nível com alto grau de resolubilidade, que
trabalha com alta complexidade e baixa densidade tecnológica.
Além disso, temos que saber que APS é a porta de entrada do usuário no SUS, que as equipes
são multidisciplinares, e que ela tem o objetivo de fornecer um cuidado completo à população,
garantindo integralidade, longitudinalidade, qualidade de atendimento aos indivíduos, sempre
considerando o contexto familiar, social e cultural no qual estão envolvidos. Tudo isso é
construído com base nos princípios e atributos da APS. São eles:
• Acesso de primeiro contato: mostra que a APS é a porta de entrada do usuário no sistema.
• Longitudinalidade: garante o acompanhamento/vínculo desse indivíduo no sistema.
• Integralidade: descreve que o atendimento deve ser completo, amplo, considerando o
indivíduo em sua totalidade.
• Coordenação: define que a APS deve coordenar a atenção à saúde.

Esses são os atributos essenciais ou primários da APS, mas há outros, que são os derivados,
ou secundários. Veja bem:

35
Atenção Primária à Saúde

• Atenção centrada na família: deve-se centrar o cuidado na orientação familiar, buscando


encontrar na família quaisquer riscos à saúde do indivíduo, bem como qualquer potencial
auxílio que a família possa dar ao sistema de saúde.
• Orientação comunitária: reconhecer os recursos, problemas e dinâmicas da comunidade,
além de fomentar a participação popular no desenvolvimento da APS.
• Competência cultural: respeitar as individualidades.

Logo, a APS envolve um modelo centrado na pessoa, na família e na comunidade, antagônico


ao antigo modelo hospitalocêntrico, que era centrado apenas na doença e no indivíduo.

Agora podemos ir às alternativas.


Alternativas A, B e C – Incorretas: Aristoter, acesso de primeiro contato, integralidade e
longitudinalidade são atributos ESSENCIAIS, e não derivados.
Alternativa D – Correta: Perfeito! A orientação comunitária é um atributo derivado da APS e
significa reconhecer os recursos, problemas e dinâmicas da comunidade, além de fomentar
a participação popular no desenvolvimento da Atenção Primária.

Assim, o gabarito é a alternativa D.

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36
Atenção Primária à Saúde

Questão 03

(INEP-Revalida - DF - 2023) Em um território com população em situação de vulnerabilidade,


uma unidade básica de saúde possui duas equipes que atendem 9.000 pessoas cadastradas.
Estima-se que as demandas por atendimento médico se tornarão ainda maiores, já que a
população local está em rápida expansão, pois há ocupações em áreas próximas a um córrego
que corta a extremidade do território de abrangência.
Devido à sobrecarga dessas duas equipes e do potencial crescimento populacional, o gestor,
portanto, decide implantar uma nova equipe de saúde da família.
Nesse contexto, qual é a melhor estratégia para a nova equipe de saúde da família organizar
o processo de territorialização?
a) Dividir o território a partir da escala de risco familiar, a fim de distribuir as famílias
vulneráveis de forma igualitária entre os agentes comunitários, evitando, assim, a
sobrecarga de trabalho desses profissionais.
b) Dividir o território em microáreas, mesmo que de forma assimétrica geograficamente,
garantindo maior semelhança das necessidades dos grupos nele contidos, a fim de
facilitar o direcionamento das ações sociais sanitárias.
c) Utilizar mapas esquemáticos ou mapas-base impressos para a representação do território
de abrangência e para a divisão do território em microáreas, pois eles permitem melhor
análise dos dados em relação ao geoprocessamento.
d) Utilizar dados primários para a divisão do território em microáreas, como bancos
de dados do DataSUS e do IBGE, pois eles oferecem informações em níveis de
desagregação suficientes para ajudar a estabelecer o diagnóstico situacional local.

CCQ: A microárea, subdivisão da área, é realizada a partir da homogeneidade de


grupos socioeconômicos e culturais, de risco ou não, com intuito de melhoria das
condições de saúde

Questão boa do INEP-Revalida para revisarmos os conceitos de territorialização.


A territorialização é uma ferramenta utilizada pela Atenção Primária à Saúde (APS) que
auxilia na compreensão do processo saúde-doença da população, permitindo a realização
do diagnóstico e assinalando possíveis necessidades de intervenção para os problemas
encontrados naquele território.

37
Atenção Primária à Saúde

É utilizada para definir a área de atuação dos serviços de saúde com o objetivo de planejar as
ofertas de serviços aos perfis da população daquela localidade. Esse processo de organização
considera as características demográficas, socioeconômicas, geográficas, sanitárias,
epidemiológicas, atividades produtivas existentes, disponibilidade de serviços de saúde e
articulação entre as regiões administrativas e municípios de fronteiras.
Como proposta para o adequado diagnóstico situacional e intervenções em saúde, divide-se
o território em área e microárea.
• Território: região delimitada de responsabilidade de uma Gerência de Serviços da Atenção
Primária (GSAP), pode conter uma ou mais unidades básicas de saúde.
• Área de abrangência: área delimitada de responsabilidade de uma equipe de saúde
da família.
• Microárea: a área de uma equipe é dividida em microáreas (responsabilidade de um agente
comunitário de saúde, quando houver, ou da equipe, quando não há agente específico para
a microárea).

Vamos analisar as alternativas:


Alternativa A - Incorreta: Não leva em consideração a distribuição das famílias conforme
suas necessidades, o que poderia resultar em sobrecarga de trabalho para os profissionais
que atendem famílias mais vulneráveis.
Alternativa B - Correta: Essa estratégia considera a divisão do território em áreas menores,
mas que compartilham características semelhantes em termos das necessidades de saúde e
outras condições. Isso ajuda a direcionar as ações da equipe de saúde de forma mais eficaz,
atendendo às necessidades específicas de cada microárea e otimizando o uso dos recursos
disponíveis.
Alternativa C - Incorreta: Devemos fazer a divisão conforme as características e semelhanças,
no contexto da saúde da família e da territorialização. Usar mapas esquemáticos ou mapas
impressos pode ser útil para visualizar a distribuição geográfica da população, das estruturas
de saúde, das vias de acesso, das áreas de risco, entre outros fatores relevantes. No
entanto, essa estratégia pode ter limitações quando se trata de uma abordagem mais dinâmica
e atualizada.
Alternativa D - Incorreta: Essa alternativa se refere à obtenção de dados para embasar
a territorialização, enquanto a pergunta foca na estratégia para organizar o processo de
territorialização em si.

Portanto, nosso gabarito é a alternativa B!

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38
Atenção Primária à Saúde

Questão 04

(USP-RP - SP - 2023) Na reunião da Comissão Intergestores Regional (CIR) durante a discussão


sobre o Programa Previne Brasil, os Secretários da Saúde foram estimulados a implantar
em seus municípios programas de residência médica em Medicina de Família e Comunidade
e de residência Multiprofissional em Saúde, na Atenção Primária à Saúde (APS), confirmando
o compromisso da gestão pública com a formação de profissionais para atuação no Sistema
Único de Saúde (SUS).
Os gestores foram informados que aqueles que implantassem os programas de residência
receberiam financiamento federal para o custeio desta atividade. A implantação de programas
de residência, de acordo o Programa Previne Brasil, refere-se a que componente
do financiamento da APS?

a) Capitação ponderada.

b) Incentivo para ação estratégica.

c) Pagamento por desempenho.

d) Pagamento por produtividade.

CCQ: Dentre os programas contemplados pelo “incentivo para ação estratégica”


do Previne Brasil, está o incentivo aos municípios com residência médica e
multiprofissional

Essa questão traz um tópico muito abordado quando o tema é Atenção Primária à Saúde
(PAS). Estamos falando do Programa Previne Brasil, lançado em 2019, por meio da Portaria
n.º 2.979, que estabelece um novo modelo de financiamento de custeio da APS no âmbito
do SUS.
Ele é pautado essencialmente no incentivo aos resultados e à adesão a estratégias
governamentais. Isso se dá por meio de três componentes: capitação ponderada, pagamento
por desempenho e incentivo para ações estratégicas (Fonte: Portaria n.º 2.979, de 12 de
novembro de 2019. Programa Previne Brasil).

Vamos aproveitar as alternativas para entender cada um deles?


Alternativa A - Incorreta: Na capitação ponderada, o repasse é calculado com base no
número de pessoas cadastradas e sob responsabilidade das equipes de Saúde da Família ou
equipes de Atenção Primária credenciadas.

39
Atenção Primária à Saúde

Alternativa B - Correta: No incentivo por ações estratégicas, há um custeio para ações


estratégicas e programas, como Saúde na Hora, equipe de Consultório na Rua, equipe de
Atenção Básica Prisional, programas de apoio à informatização da APS, incentivo aos
municípios com residência médica e multiprofissional, entre outros.
Alternativa C - Incorreta: O pagamento por desempenho também pode ser chamado de
financiamento baseado em resultados, e consiste na transferência de dinheiro, condicionada
a resultados alcançados em face de ações ou metas mensuráveis e predeterminadas.
Alternativa D - Incorreta: Pagamento por produtividade não é um dos componentes do
Previne Brasil.

Dessa forma, o gabarito é a alternativa B.

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40
Atenção Primária à Saúde

Questão 05

(UERJ - 2023) Mulher de 55 anos, casada, mãe de três filhos, é a segunda filha de uma
prole de seis filhos. Pai e mãe já faleceram, ele de AVC e ela de câncer. A paciente apresenta
múltiplas queixas.
No último ano, chegou à UBS e após ações de detecção foi diagnosticado câncer de colo
uterino. Realizou exame histopatológico e foi encaminhada para unidade de referência, onde
foi submetida à cirurgia e quimioterapia. Porém, devido à apresentação de toxicidade ao
tratamento e presença de metástase cerebral, foi modificada a proposta terapêutica.
Considerando as dimensões da abordagem centrada na pessoa, em relação ao caso,
é correto afirmar que o(a):

a) Prestação de um cuidado efetivo requer um olhar amplo para além da doença, incluindo
a experiência da doença e a concordância da pessoa no plano terapêutico.

b) Natureza dos problemas deve nortear o estabelecimento das prioridades na consulta,


entretanto o momento adequado não interfere no manejo.

c) Médico deve desencorajar a participação da pessoa na decisão do plano terapêutico,


valorizando o contexto familiar.

d) Experiência sobre a doença está relacionada aos múltiplos fatores do adoecer, sendo
homogêneo na população.

CCQ: O Método Clínico Centrado na Pessoa possui quatro componentes, sendo o


primeiro deles a “exploração da saúde, da doença e da experiência do indivíduo com a
doença”

Questão super importante que aborda o Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP), uma
ferramenta excelente para entendermos os motivos que fazem com que o paciente busque
atendimento. Por meio desse método, o médico tentará entender não só a doença, mas o
doente, e, dessa forma, terá maiores chances de proporcionar uma conduta verdadeiramente
efetiva.
O MCCP se divide em quatro componentes:
1. Exploração da saúde, da doença e da experiência do indivíduo com a doença: aqui, além
de se entender a doença, busca-se identificar o adoecimento. Este é caracterizado por
sentimentos que o paciente traz a respeito da comorbidade: medo, tristeza, prejuízos
financeiros, dentre outros.

41
Atenção Primária à Saúde

2. Entendendo a pessoa como um todo: o doente está inserido em um meio. Então, neste
componente, busca-se entender o indivíduo, a família, bem como o contexto em que ele
está inserido.
3. Elaborando um plano conjunto de manejo de problemas: aqui, existe o compartilhamento
entre o médico e o paciente na elaboração de um plano/estratégia para tentar resolver o
motivo da busca do paciente por atendimento.
4. Intensificação da relação entre a pessoa e o médico: a cada encontro/consulta, a relação
entre ambos os lados deve ser aprimorada/melhorada para que vigore a confiança e
o entendimento.

Alternativa A – Correta: Essa afirmativa traz o primeiro componente do método: exploração


da saúde, da doença e da experiência do indivíduo com a doença, pois se refere a um olhar
para além da doença.
Alternativa B – Incorreta: A natureza dos problemas será um dos norteadores das prioridades
na consulta, mas, muito além da natureza dos problemas, a experiência do indivíduo com
esses problemas é que será o determinante em muitos acompanhamentos. Além disso,
o momento adequado interfere no manejo, porque a depender do momento do processo de
adoecimento em que o paciente se encontra, a conduta muda.
Alternativa C – Incorreta: O médico deve encorajar a participação do doente na decisão do
plano terapêutico. Isto é lembrado no terceiro componente do método: elaborando um plano
conjunto de manejo dos problemas.
Alternativa D – Incorreta: Sem dúvidas, a experiência com a doença está relacionada
a múltiplos fatores e é heterogênea na população. Os indivíduos têm experiências diferentes
no processo de adoecimento.

Portanto, o gabarito é a alternativa A.

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42

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