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1. UMBANDA
A umbanda é uma religião afro-brasileira que integra elementos do cristianismo,
espiritismo e de outras religiões africanas. A crença nos orixás é um princípio da
umbanda.
A umbanda é uma religião brasileira de matriz africana que mescla elementos
sincréticos e tem suas raízes nos centros de cabula (Salvador é conhecida como a maior
cidade africana fora da África. O atual bairro do Cabula foi um importante quilombo da
Cidade no período escravocrata.), que surgiram entre os séculos XVII e XIX. Formalmente
organizada por Zélio Fernandino de Morais, a umbanda combina rituais africanos,
catolicismo e espiritismo kardecista. Seus princípios fundamentam-se na crença em um
deus único, nos orixás e em entidades espirituais, além da prática de valores como
caridade e não discriminação.
Os rituais ocorrem em locais chamados Casa ou Tenda, onde se evocam os orixás,
ancestrais e entidades espirituais. Entre as entidades cultuadas, estão orixás como
Oxalá, guias e protetores, representando uma hierarquia espiritual. Símbolos, como
pontos riscados, são utilizados, e as cerimônias incluem giras com propósitos diversos,
defumação, passe, ebó e obrigação. O Hino da Umbanda, originalmente intitulado
"Refletiu a Luz Divina", foi oficialmente reconhecido em 1961.
3. O que é a umbanda?
A umbanda é uma religião afro-brasileira que junta elementos das tradições africanas,
indígenas e cristãs, sem ser rigidamente definida por nenhum deles, sendo marcada
por sua singularidade e diversidade. Sua formação e estruturação remontam ao início
do século XX, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, onde o sincretismo (ou mistura) entre
candomblé, catolicismo e espiritismo deu origem a uma prática religiosa única no
contexto brasileiro.
Essa religião, considerada "brasileira por excelência", é fruto de sincretismo cultural e
espiritual. O sincretismo não apenas permite, mas celebra a coexistência harmoniosa
de diferentes influências. O culto aos orixás, intrínseco às tradições africanas, une-se
aos elementos cristãos e às tradições espirituais indígenas.
O cerne da umbanda está na síntese entre os orixás, as divindades africanas que
representam forças da natureza, os santos católicos e os espíritos tradicionais de
origem indígena. Essa fusão não é apenas superficial, é uma integração profunda que
forma a base da espiritualidade umbandista. O sincretismo cultural e religioso não dilui
as características individuais desses elementos, mas, pelo contrário, cria uma teia
complexa de significados e simbolismos.
O resultado é uma religião que não apenas atende às necessidades espirituais de seus
praticantes, mas também incorpora valores fundamentais, como a caridade, respeito à
natureza e busca pela harmonia espiritual. A umbanda não é apenas um sistema de
crenças, é uma prática que promove a evolução moral, a compreensão da diversidade e
a união entre diferentes tradições.
Nesse contexto, os terreiros de umbanda — seus locais de culto — assumem um papel
vital. Mais do que simples espaços para rituais, eles são centros de convivência
comunitária, onde a integração entre os praticantes e a comunidade é incentivada.
Esses espaços refletem a abertura e a receptividade da umbanda, promovendo não
apenas a espiritualidade, mas também o envolvimento social e comunitário.
4. Origem da umbanda
A história da umbanda remonta ao sincretismo cultural e religioso ocorrido no Brasil
desde o século XVII. Nesse período, surgiram as primeiras comunidades religiosas afro-
brasileiras, documentadas nas práticas rituais africanas, especialmente nos calundus
dos escravizados (Os calundus eram cerimônias religiosas praticadas por africanos
entre os séculos XVII e XVIII, com acompanhamento de música de percussão, cantos e
danças e contando frequentemente com fenômenos de transe
espiritual/possessões). Esses rituais, realizados em rodas de batuques, representavam
uma expressão única de sincretismo entre as crenças africanas, a pajelança indígena e
o catolicismo.
No entanto, essas práticas eram ostensivamente perseguidas pelas autoridades civis
e colonizadores portugueses. O calundu, portanto, representava não apenas um
espaço de culto, mas também um ato de resistência cultural. Uma pintura de Zacharias
Wagener, datada do século XVII, ilustra a presença dessas práticas no Brasil.
A partir do calundu, o rito africano evoluiu, dividindo-se em duas vertentes
importantes: a cabula e o candomblé bantu ou Angola. A cabula sincretizava as crenças
africanas com o catolicismo, a pajelança indígena e, mais tarde, o espiritismo
kardecista. Com o aumento do número de escravos e a chegada de diferentes povos
africanos, o calundu tornou-se mais elaborado, originando o candomblé, que manteve
o ritualismo bantu com uma fraca sincretização católica.
A prática da umbanda surgiu nesse contexto, entre os séculos XVII e XIX, nos centros de
cabula, conhecidos popularmente como "Macumba". Esses terreiros de cabula já
sincretizavam rituais africanos com o catolicismo e crenças indígenas.
6. Princípios da umbanda
A umbanda fundamenta-se na ideia de que a evolução espiritual está diretamente
ligada à prática do bem. A promoção da igualdade, o respeito à diversidade e a busca
pela paz interior são valores essenciais que permeiam as práticas religiosas dos
umbandistas.
Essa religião manifesta-se em diversas vertentes, cada qual com suas práticas
singulares, como:
Umbanda Nação,
Umbandomblé,
Umbanda Sagrada,
Umbanda Omolocô,
Umbanda Crística, entre outras.
O cerne comum dessas vertentes reside no culto a entidades ancestrais e espíritos
associados a divindades de uma gama variada de cultos, abrangendo desde tradições
africanas até hindus, árabes, católicas e mais.
Independentemente da vertente, algumas crenças são compartilhadas:
a existência de um deus único e onipresente, chamado Olódùmarè, Olorum, Oxalá (na
Umbanda) ou Zambi (na Umbanda Angola);
a crença nos orixás;
a presença de guias ou entidades espirituais; e
a aceitação da lei de causa e efeito, na qual os umbandistas acreditam em retribuição
divina para as ações praticadas.
A umbanda fundamenta-se na obediência a ensinamentos básicos de valores humanos,
como fraternidade, caridade, não discriminação e coletividade. Além desses preceitos,
a prática mediúnica desempenha um papel crucial, na qual médiuns atuam como
"aparelhos", facilitando a comunicação entre espíritos, orixás e seres humanos.
A antropóloga Patrícia Birman destaca a diversidade de crenças dentro da umbanda,
coexistindo com uma unidade doutrinária na diversidade. A prática da religião varia
entre os terreiros, mas há uma crença comum e princípios respeitados. Influências de
outros credos, como candomblé, catolicismo e espiritismo, são evidentes, refletindo a
capacidade dos umbandistas de combinar, modificar e absorver práticas religiosas
diversas.
Os umbandistas desenvolveram formas próprias de lidar com as características
distintas de sua religião, conciliando segmentação, dispersão e multiplicidade com
unidade, doutrina e hierarquia. Mesmo diante da diversidade, a umbanda mantém
uma doutrina unificada, reunindo todos os fiéis numa mesma crença. Essa habilidade
de adaptação e inclusão é um dos aspectos marcantes dessa expressiva manifestação
religiosa no Brasil.
Orixá/entidade Significado/características
Oxalá Orixá da paz, pureza, sabedoria e justiça.
Iemanjá Orixá das águas, representando a maternidade e a proteção.
Oxum Orixá da fertilidade, do amor e da riqueza.
Xangô Orixá da justiça, representando a força e o equilíbrio.
Ogum Orixá guerreiro, ligado à guerra e à superação de obstáculos.
Orixá das folhas, conhecido por suas habilidades com ervas
Ossaim
medicinais.
Orixá jovem, filho de Oxum e Oxóssi, associado à caça e à
Logunedé
pesca.
Oxóssi Orixá ligado à caça e à fartura.
Omulu/Obaluaiê Orixá da cura e da doença, associado à terra e à morte.
Nanã Orixá mais velho, associado à lama e à paciência.
Ibeji Entidades ligadas à infância, gêmeos, alegria e brincadeiras.
Caboclos Espíritos indígenas, ligados à cura e à proteção da natureza.
Pretos velhos Espíritos de ancestrais africanos, sábios e conselheiros.
Orixá/entidade Significado/características
Exus/Pombajiras Entidades guardiãs, associadas à energia e à comunicação.
Crianças Espíritos de crianças, representando pureza e alegria.