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2019
Umbanda Quem És?
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Capítulo 2 – O que é Umbanda
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tradicionais, todas com doutrinas codificadas e registros sagrados, que existem
há séculos ou até mesmo há milênios, como é o caso das religiões não cristãs,
veremos que estamos engatinhando nesse processo de afirmação da Umbanda
como doutrina religiosa.
Religiões cristãs
Símbolo Religião Existência Livros Sagrados
Catolicismo 1800 anos Bíblia sagrada
(século II)
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Os desafios para a afirmação da Doutrina de Umbanda
Apesar de existir cada vez mais praticantes, e o número de Tendas de
Umbanda estar em pleno crescimento, a Umbanda encontra sérias dificuldades
e desafios para sua afirmação como doutrina religiosa. Embora seja uma forma
aparentemente heterodoxa de se começar um estudo, entende-se que é
imprescindível ao estudante da Umbanda conhecer as dificuldades que a religião
vem enfrentando desde sua criação, pois essas apontam para os conteúdos
doutrinários mais significativos da doutrina, nesse sentido que esse curso se
inicia pela análise dos enfrentamentos e suas consequências diretas para a
Umbanda em seu estágio atual.
Umbanda está inserida em um contexto social, é uma religião de
reparação as minorias sempre descriminadas, e participa ativamente das
discussões das necessidades sociais e espirituais brasileiras, propondo um
método de abordagem da realidade que se direciona para o universalismo
expresso na meta de convergência de seus adeptos com vistas à cultura de paz.
As dificuldades Externas:
O Racismo no Brasil tem sido um grande problema desde a era colonial
e escravocrata imposta pelos colonizadores portugueses. O racismo simboliza
qualquer pensamento ou atitude que segrega as raças humanas considerando-
as hierarquicamente como superiores e inferiores. Talvez o mais grave de todos
os problemas enfrentados pela Umbanda seja o racismo de caráter não oficial
existente no pais. O preconceito racial velado que existe no Brasil se projeta
sobre a Umbanda. É impossível dissociar a intolerância do preconceito contra os
indígenas, ao negro escravizado, e a cultura desses povos como um todo,
Umbanda é uma religião de diversas matrizes, porém a matriz africana e
ameríndia são as predominantes.
Luiz Carneiro em seu livro - Religiões Afro-brasileiras: Uma construção
teológica - afirma que: “É nítido o processo histórico em que boa parte do que é
produzido pelo negro brasileiro é desumanizado, desvalorizado ou considerado
estranho, exótico, folclórico”. Podemos estender esse pensamento também aos
indígenas.
À época do descobrimento do Brasil, Portugal era uma das sociedades
mais intolerantes da Europa. Chegando ao que viria a ser o Brasil, os
portugueses se depararam com os povos indígenas. Durante séculos, grupos
"científicos" e religiosos debateram se os índios eram seres humanos ou
animais. A cultura e a religião indígenas foram sempre vistas como inferiores e
demoníacas, resultando numa "ação civilizadora" da Igreja Católica a fim de
aculturar os nativos ao cristianismo. Camuflada de boas intenções, o objetivo
final era a dominação. Os bandeirantes, hoje considerados heróis, promoveram
verdadeiras atrocidades contra as populações indígenas. Escravizados e
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despojados de suas terras, a maior parte da população nativa foi fisicamente
aniquilada. Com a chegada forçada dos negros africanos, a sociedade brasileira
dividiu-se em duas porções desiguais, semelhante a um sistema de castas,
formada por uma parte branca e livre e outra parte negra e escravizada. Mesmo
os negros livres não eram considerados cidadãos, para a igreja esses negros
não tinham alma.
O racismo no Brasil continuou a ser perpetuado pela minoria branca após
a independência de Portugal, e só crescia o sentimento de repulsa aos negros e
indígenas e, persiste de forma intensa até os dias atuais. De acordo com Darcy
Ribeiro, as atuais classes dominantes brasileiras "guardam, diante do negro, a
mesma atitude de desprezo vil" que seus antepassados escravocratas tinham.
Logo uma religião que se propõe a dar voz aos espíritos dos Pretos Velhos
e ao Caboclos ameríndios não poderia ser vista de bom grado pelas elites do
país. Por anos afins a religião Católica – De cultura Eurocêntrica foi considerada
a única religião oficial do Brasil, e a Umbanda sofreu com a perseguição oficial
ou não as religiões de matriz africana, com o fechamento de terreiros e tendas,
a prisão de líderes religiosos etc.
Muito ligado ao Racismo está o Preconceito Social e a segregação dos
mais excluídos da sociedade. Um relatório divulgado pela ONU em 2014, com
base em dados coletados no fim de 2013, apontou que os negros do país são os
que mais são assassinados, os que têm menor escolaridade, menores salários,
menor acesso ao sistema de saúde e os que morrem mais cedo. Os pobres e
os negros em geral são vistos como culpados de sua própria desgraça, explicada
por suas características raciais e não devido à escravidão e à opressão sofrida
em todos os tempos no país.
O fato de ser uma religião democrática que acolhe todos os que a ela se
dirigem, faz com que ao preconceito racial se incorpore o preconceito social,
produzindo a ideia de que Umbanda é coisa de ignorantes, ou, para simplificar:
“coisa de negros e de pobres”. Sim, Umbanda é também coisa de negros e
pobres, pois não descrimina qualquer que seja a cor, credo ou classe social, mas
é um grande equívoco achar que essa cultura é inferior e coisa de ignorantes.
Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 70% da
população pobre é negra e 63,7% dos brasileiros entendem que a raça determina
a qualidade de vida dos cidadãos. Os negros são hoje no Brasil o grupo étnico-
racial mais pobre e com menor nível de escolaridade, as taxas de analfabetismo
são duas vezes superior ao registrado entre o restante dos habitantes. Segundo
a ONU, o racismo é um problema estrutural do Brasil. Também são os que mais
morrem assassinados e são as maiores vítimas da violência policial. Nesse
sentido uma religião voltada aos excluídos da sociedade, que prega a igualdade
e a justiça social não é bem vista pela classe dominante.
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A televisão brasileira, maior meio de informação no país, também
discrimina os negros e indígenas, que são sub representados na sua
programação, sobretudo nas telenovelas. A representação dos não brancos na
teledramaturgia estigmatizou os mesmos como não capacitados para uma
produção intelectual e produção de conhecimento, onde o que vem do negro ou
do indígena tem um valor inferior a cultura eurocêntrica. No meio espírita
kardecista alguns pensadores influentes, e formadores de opinião ainda insistem
que Umbanda é baixo espiritismo, além de ser uma manifestação primitiva de
espíritos atrasados e ignorantes; ajudando a aumentar o preconceito contra os
umbandistas. Fator externo a Umbanda que contribuiu para a dificuldade de
codificação de uma Doutrina de Umbanda.
Mas as dificuldades não terminam por aí, com o crescimento da
diversidade religiosa no Brasil é verificado um crescimento da Intolerância
Religiosa, visto que foi criado pelo estado o dia 21 de janeiro como o dia de
combate a intolerância religiosa. Os seguidores de religiões afro-brasileiras são
as maiores vítimas de discriminação e tachados como praticantes de seitas
demoníacas, tendo seus terreiros invadidos e depredados por fanáticos
religiosos motivados pela intolerância religiosa. As religiões tradicionais,
notadamente as de fundamentação bíblica (católica, evangélicas, principalmente
as neopentecostais) fazem seguidamente veementes acusações contra a prática
da Umbanda, disseminando inverdades e perpetuando preconceitos que, como
tais, têm origem e sustentação na desinformação e na ignorância. Tais
acusações se fundamentam nas proibições bíblicas de evocação dos mortos,
consultas a videntes e necromantes; todas presentes principalmente no Velho
Testamento e na Lei Mosaica.
Hebreus 9: 27 e 28 “E, como aos homens está ordenado morrerem uma
só vez, vindo depois o juízo, assim também Cristo”. Atacando a Reencarnação.
E Levítico 19:31 “Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para
os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou
o Senhor vosso Deus”. Atacando o Intercâmbio entre os planos e a comunicação
com os mortos. É certo, contudo que Jesus, ao longo de sua trajetória, jamais
fez qualquer proibição desse tipo e até, pelo contrário, referendou muitas das
práticas presentes na Umbanda e no Espiritismo.
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Na legislação brasileira, há vários dispositivos que condenam a
discriminação religiosa. A lei federal 7716, alterada pela lei 9459 em seu artigo
208 do código penal é muito clara quanto ao assunto: "Escarnecer de alguém
publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar
cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de
culto religioso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa." E complementa
em seu Parágrafo único - "Se há emprego de violência, a pena é aumentada de
um terço, sem prejuízo da correspondente à violência."
As dificuldades Internas:
Além dos enfrentamentos diários que já se falou, a Umbanda convive
também com inúmeras dificuldades de ordem interna:
A grande maioria das religiões traz codificada sua Doutrina, em livros
sagrados que norteiam sua filosofia, e fundamentos. Quanto ao “modus
operandi”, a Umbanda é muito diversa em sua prática, mas temos princípios e
fundamentos que são comuns a todos, é isso que nos une e nos transforma em
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religião. Umbanda não teve em seus primórdios um trabalho de codificação
formal que lhe conferisse uma unidade doutrinária e, consequentemente uma
unidade de culto.
Para Norberto Peixoto, “A umbanda não terá uma codificação; ao
contrário, é como uma grande escola em que seu regimento pedagógico deve
ser elaborado pelos próprios alunos, o que pode parecer uma desorganização
aos olhos apressados dos aprendizes que aguardam o mestre para fazer a lição,
não sabendo que a instrução é exatamente esta: aprender por si, a se tolerarem
nos erros e se unirem nos acertos. Portanto, o movimento de umbanda tende
naturalmente, com o tempo, a uma acomodação ritualística e,
consequentemente, a uma salutar uniformização que a torna ética e caritativa”.
Porem essa Ausência de Codificação e de unidade doutrinária
proporcionam o surgimento de ritos, cultos e crenças diversificados e, muitas
vezes, até antagônicos em alguns de seus princípios, todos utilizando
indiscriminadamente a designação de Umbanda.
Isso demonstra uma fragilidade, principalmente quando existe intensões
escusas de alguns dirigentes, como nos alerta a Fraternidade do Grande
Coração Aumbandhã. “Hoje, dentro da Umbanda, encontramos diversas
interpretações e costumes. Os cultos seguem algumas influências comuns, mas
são fortemente influenciados pelos seus componentes, pelos dirigentes locais
que, sem uma base única e clara, permitem distorções, múltiplas facetas e ritos
diversos. A Umbanda sofre o risco de se tornar conhecida pela religião, pelo culto
no qual, qualquer dirigente que se diz conhecedor e com influências espirituais
abre a sua “Umbanda”, à sua moda e satisfação”. Existe um grande número de
pessoas sem noções teóricas e de doutrina.
A falta de codificação de uma doutrina se dá também por outro fator. Na
Umbanda tradicionalmente os conhecimentos foram repassados pela tradição
oral, de forma empírica dentro dos terreiros. O Conhecimento Empírico –
aquele que é passado de geração a geração, é desprovido de qualquer
constatação que dispõe do aval do universo científico propriamente dito. São as
academias que em última análise têm legitimado o conhecimento que
adquirimos. Trata-se de uma concepção cultural. Em muitos casos, uma
concepção dominante, que desconsidera outras possibilidades de existência e
transmissão de saberes.
É uma herança direta da cultura africana no Brasil, que se transforma em
força comunicativa quando verbalizada nos processos de ensinamentos. É o
“aprender com os mais velhos” a nossa história. Por uma questão cultural, na
tradição do povo negro, o conhecimento tem na oralidade a sua fonte
fundamental, ao passo que a escrita, ainda que detenha certa importância, é
menos utilizada, e assim foi, desde os pioneiros da umbanda. Na tradição oral,
na história que passa de pai para filhos e filhas, de mãe para filhos e filhas, de
modo cotidiano, vai se dando a educação e o crescimento na fé. Para o Dr. José
Geraldo da Rocha “Os nobres de nosso povo não são apenas os mestres e
doutores certificados pelas instituições acadêmicas. Os nobres são também os
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detentores de saberes ancestrais, os responsáveis pela preservação, cuidado,
zelo e transmissão dos saberes e do modo de compreender o mundo, a natureza
e os seres vivos de um modo relacional”.
Os traços da oralidade africana na cultura brasileira se expressam em
forma de rodas de transmissão do conhecimento. As “Giras” são lugares
privilegiados de ensinamentos. A gira é a forma de cada um ver o outro, sentir o
outro, comungar com o outro. É na gira que a gente conhece o nosso
companheiro. Ela proporciona a troca de energia, valor fundamental, e fortalece
os laços de comunicação entre todos. É o lugar de cultivar e cultuar a nossa
mística. Mas é preciso cuidar dos registros para que todo esse ensinamento não
se perca na história.
Um dos maiores problemas que a falta de uma doutrina codificada e a
transmissão do conhecimento de forma empírica, é que isso levou é uma
possível Mitificação dos fundamentos religiosos. Quando as casas impedem
seus frequentadores de estudar a Doutrina com o pretexto de que existem
mistérios na Umbanda que apenas alguns eleitos teriam acesso, essas ficam
bastante suscetíveis a crendices, superstições, mitificações dos rituais,
preferindo acreditar em magia à acreditar em conhecimento. Algumas casas que
não possuem o hábito do estudo, acreditam que os médiuns sejam espíritos
privilegiados, portadores de dons milagrosos e de maravilhosos poderes.
A mitificação dos médiuns com superpoderes magísticos, aqueles
vaidosos, que sempre gostam de frisar sua mediunidade incrível, sua vidência
extraordinária, os feitos inacreditáveis de suas entidades, mancha a seriedade
da Umbanda. Portanto, médium que não estuda é, e sempre será, presa fácil
para a rede da obsessão. Muitas das vezes suscetíveis a rituais e práticas que
não condizem com princípios da Lei Divina e da moral Cristã. (Rituais de magia
e vingança, oferendas regadas a sangue e álcool, comunicações frívolas e
adivinhações). Não é nosso objetivo, e nem seria lícito do ponto de vista da
caridade, criticar as convicções de quem quer que seja, mas é necessário que
se diga que muitas das crenças que se abrigam sob esse nome, “Umbanda”, não
são. Exemplo disso citamos o panfleto abaixo, muito comum sua distribuição em
grandes cidades, oferecendo seus serviços mediúnicos dizendo ser: “Portadora
de Grande força e conhecimento dos mistérios da Umbanda”.
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O que é Umbanda?
Como estamos falando de uma doutrina, a resposta a essa pergunta deve
principiar por enumerar e elucidar os fundamentos dessa doutrina que
estudaremos durante todo o curso. Umbanda é uma religião espiritualista com
teologia própria.
Assim como no Espiritismo Kardecista, o epicentro da prática de
Umbanda se localiza em trabalhos mediúnicos, onde espíritos desencarnados
se manifestam através da faculdade mediúnica dos médiuns, dando
comunicações e consultas. Suas seções são gratuitas, sua prática é voltada para
evolução moral dos seres, de uma forma holística (corpo, mente e espírito), pela
assistência e caridade (fraterna, espiritual, material), sem proselitismo. Em sua
liturgia e trabalho vale-se do uso dos quatro elementos básicos: terra, água, ar e
fogo. Além do elemento quintessênciado que compõe o espírito, o éter.
O espírito Ramatis nos ensina no livro – A missão da Umbanda – que é
importante relembrar que: “A umbanda é um movimento espiritualista
visivelmente diferente do espiritismo, mas com muita sincronia em vários
aspectos, tendo em vista que ambos são regidos pelas leis universais que
regulam o intercâmbio entre os planos da vida”.
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diferentes vertentes que têm a mesma essência por base - a manifestação dos
espíritos para a caridade.
Sob a mesma denominação de Umbanda, encontramos uma imensa
variedade de formatos e escolas filosóficas. Podemos observar que o surgimento
dessas diferentes vertentes é consequência do grau com que as características
de outras práticas religiosas e/ou místicas foram absorvidas pela Umbanda em
sua expansão pelo Brasil, reforçando o sincretismo que a originou e que ainda
hoje é sua principal marca.
Existem cinco matrizes que influenciam essas escolas filosóficas:
1 – Africanismo: Os chamados cultos de Nação (Candomblés Banto e
Keto), principalmente o culto aos Orixás trazido pelos negros, em sua
complexidade cultural.
2 - Indigenismo: A religiosidade ameríndia (Candomblé de Caboclo,
Jurema, Catimbó), a pajelança, o emprego da sabedoria indígena ancestral, em
seus aspectos culturais, espirituais, medicinal e ecológicos.
3 - Kardecismo: O espiritismo decodificado por Allan Kardec (Mesas
brancas), o estudo das obras básicas, manifestação de espíritos do meio
espírita.
4 - Catolicismo: (Sincretismo dos Orixás com os Santos da Igreja), uso
de imagens, orações e símbolos católicos, e mesmo alguns dogmas católicos.
5 - Orientalismo: O Esoterismo espiritualista, compreensão e aplicação
de conceitos como prana, chakra, carma etc. (Cabala, astrologia, numerologia,
cristais, cromoterapia).
Cultos de
Nação e
Rituais
Kardecismo Ameríndios
Catolicismo
Esoterismo
espiritualista
Umbanda
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Como afirma Ademir Barbosa Junior em - O livro essencial de Umbanda -
“Embora chamada popularmente de religião de matriz africana, na realidade a
Umbanda é um sistema religioso formado de diversas matrizes, com diversos
elementos cada. Por seu caráter ecumênico, de flexibilidade doutrinária e
ritualística, a Umbanda é capaz de reunir os elementos mais diversos. Esse
movimento agregador é incessante: como a umbanda permanece de portas
abertas aos encarnados e desencarnados”.
Por seu poder ecumênico, de flexibilidade doutrinária e ritualística, a
Umbanda é capaz de reunir os elementos mais diversos. Existe na verdade um
movimento agregador incessante onde ela permanece de portas abertas e cada
vez mais falanges espirituais juntam-se à sua organização.
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também fazem uso de práticas consideradas de cunho esotérico-ocultista
(chacras, cristais, numerologia, mantras, meditação, etc).
Vamos a classificação:
1 - Umbanda Branca e Demanda
Outros nomes: É também conhecida como: Alabanda; Linha Branca de Umbanda e Demanda;
Umbanda Tradicional; Umbanda de Mesa Branca; Umbanda de Cáritas; e Umbanda do
Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Origem: É a vertente fundamentada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, por Pai Antônio e
Orixá Malê, através do seu médium, Zélio Fernandino de Morais (10/04/1891 – 03/10/1975),
surgida em São Gonçalo, RJ, em 16/11/1908, com a fundação da Tenda Espírita Nossa
Senhora da Piedade.
Ritualística: A roupa branca é a única vestimenta usada pelos médiuns durante as giras e
encontra-se o uso de guias, imagens, fumo, defumadores, velas, bebidas e pontos riscados
nos trabalhos, porém os atabaques não são utilizados nas cerimônias.
Livros doutrinários: Esta vertente usa os seguintes livros como principais fontes doutrinárias:
“O livro dos espíritos”; “O livro dos médiuns”; “O evangelho segundo o Espiritismo”; e “O
Espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda”.
2 - Umbanda Kardecista
Outros nomes: É também conhecida como: Umbanda de Mesa Branca; Umbanda Branca; e
Umbanda de Cáritas.
Ritualística: A roupa branca é a única vestimenta usada pelos médiuns durante as giras e não
são encontrados o uso de guias, imagens, fumo, defumadores, velas, bebidas e atabaques.
Livros doutrinários: Esta vertente usa os seguintes livros como principais fontes doutrinárias:
“O livro dos espíritos”; “O livro dos médiuns”; “O evangelho segundo o Espiritismo”; “O céu e
o inferno”; e “A gênese”.
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3 - Umbanda Mirim
Outros nomes: É também conhecida como: Aumbandã; Escola da Vida; Umbanda Branca;
Umbanda de Mesa Branca; e Umbanda de Cáritas.
Origem: É a vertente fundamentada pelo Caboclo Mirim através do seu médium Benjamin
Gonçalves Figueiredo (26/12/1902 – 03/12/1986), surgida no Rio de Janeiro, RJ, em
13/03/1924, com a fundação da Tenda Espírita Mirim.
Ritualística: A roupa branca com pontos riscados bordados é a única vestimenta usada pelos
médiuns durante as giras e encontra-se o uso de fumo, defumadores e a imagem de Jesus
Cristo nos trabalhos, porém as guias, velas, bebidas, atabaques e demais imagens não são
usados nas cerimônias, havendo o uso de termos de origem tupi para designar o grau dos
médiuns nelas.
Livros doutrinários: Esta vertente usa os seguintes livros como principais fontes doutrinárias:
“Okê, Caboclo”; “O livro dos espíritos”; “O livro dos médiuns”; e “O evangelho segundo o
Espiritismo”.
4 - Umbanda Popular
Outros nomes: É também conhecida como: Umbanda Cruzada; e Umbanda Mística.
Origem: É uma das mais antigas vertentes, fruto da umbandização de antigas casas de
Macumbas, porém não existe registro da data e do local inicial em que começou a ser
praticada. É a vertente mais aberta a novidades, podendo ser comparada, guardada as
devidas proporções, com o que alguns estudiosos da religião identificam como uma
característica própria da religiosidade das grandes cidades do mundo ocidental na atualidade,
onde os indivíduos escolhem, como se estivessem em um supermercado, e adotam as
práticas místicas e religiosas que mais lhe convêm, podendo, inclusive, associar aquelas de
duas ou mais religiões.
Ritualística: Embora a roupa branca seja a vestimenta principal dos médiuns, essa vertente
aceita o uso de roupas de outras cores pelas entidades, bem como o uso de complementos
(tais como capas e cocares) e de instrumentais próprios (espada, machado, arco, lança, etc.).
Nela encontra-se o uso de guias, imagens, fumo, defumadores, velas, bebidas, cristais,
incensos, pontos riscados e atabaques nos trabalhos.
Livros doutrinários: Esta vertente não possui um livro específico como fonte doutrinária.
5- Umbanda Omolocô
Outros nomes: É também conhecida como Umbanda Traçada.
Origem: É fruto da umbandização de antigas casas de Omolocô, porém não existe registro da
data e do local inicial em que começou a ser praticada. Começou a ser fundamentada pelo
médium Tancredo da Silva Pinto (10/08/1904 – 01/09/1979) em 1950, no Rio de Janeiro, RJ.
Ritualística: Embora a roupa branca seja a vestimenta principal dos médiuns, essa vertente
aceita o uso de roupas de outras cores pelas entidades, bem como o uso de complementos
(tais como capas e cocares) e de instrumentais próprios (espada, machado, arco, lança, etc.).
Nela encontra-se o uso de guias, imagens, fumo, defumadores, velas, bebidas, cristais,
incensos, pontos riscados e atabaques nos trabalhos. Nesta vertente também são utilizadas
algumas cerimônias de iniciação e avanço de grau semelhantes à forma como são realizadas
no Omolocô, incluindo o sacrifício de animais.
Livros doutrinários: Esta vertente usa os seguintes livros como principais fontes doutrinárias:
“A origem de Umbanda”; “As mirongas da Umbanda”; “Cabala Umbandista”; “Camba de
Umbanda”; “Doutrina e ritual de Umbanda”; “Fundamentos da Umbanda”; “Impressionantes
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cerimônias da Umbanda”; “Tecnologia ocultista de Umbanda no Brasil”; e “Umbanda: guia e
ritual para organização de terreiros”.
Origem: É fruto da umbandização de antigas casas de Almas e Angola, porém não existe
registro da data e do local inicial em que começou a ser praticada.
Ritualística: Embora a roupa branca seja a vestimenta principal dos médiuns, essa vertente
aceita o uso de roupas de outras cores pelas entidades, bem como o uso de complementos
(tais como capas e cocares) e de instrumentais próprios (espada, machado, arco, lança, etc.).
Nela encontra-se o uso de guias, imagens, fumo, defumadores, velas, bebidas, cristais,
incensos, pontos riscados e atabaques nos trabalhos. Nesta vertente também são utilizadas
algumas cerimônias de iniciação e avanço de grau semelhantes à forma como são realizadas
no Almas e Angola, incluindo o sacrifício de animais.
Livros doutrinários: Esta vertente não possui um livro específico como fonte doutrinária.
7 - Umbandomblé
Outros nomes: É também conhecida como Umbanda Traçada.
Ritualística: Embora a roupa branca seja a vestimenta principal dos médiuns, essa vertente
aceita o uso de roupas de outras cores pelas entidades, bem como o uso de complementos
(tais como capas e cocares) e de instrumentais próprios (espada, machado, arco, lança, etc.).
Nela encontra-se o uso de guias, imagens dos Orixás na representação africana, fumo,
defumadores, velas, bebidas e atabaques nos trabalhos. Nesta vertente também são utilizadas
algumas cerimônias de iniciação e avanço de grau semelhantes à forma como são realizadas
nos Candomblés, incluindo o sacrifício de animais, podendo ser encontrado, também,
curimbas cantadas em línguas africanas (banto ou iorubá).
Livros doutrinários: Esta vertente não possui um livro específico como fonte doutrinária.
Ritualística: A roupa branca é a vestimenta usada pelos médiuns durante as giras e encontra-
se o uso de uma cruz, um quadro com o rosto de Jesus Cristo, velas, porém os atabaques, as
guias, as bebidas e fumo não são utilizados nas cerimônias.
Livros doutrinários: Esta vertente usa os seguintes livros como principais fontes doutrinárias:
“Evangelho de Umbanda”; “Manual do instrutor eclético universal”; “Yokaanam fala à
posteridade”; e “Princípios fundamentais da doutrina eclética”.
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9- Aumbhandã (Umbanda praticada na casa de Pai João)
Outros nomes: É também conhecida como: Umbanda Esotérica; Aumbhandan; Conjunto de
Leis Divinas; Senhora da Luz Velada; e Umbanda de Pai Guiné.
Origem: É a vertente fundamentada por Pai Guiné de Angola através do seu médium Woodrow
Wilson da Matta e Silva, também conhecido como mestre Yapacani (28/06/1917 –
17/04/1988), surgida no Rio de Janeiro, RJ, em 1956, com a publicação do livro “Umbanda de
todos nós”. Sua doutrina é fortemente influenciada pela Teosofia, pela Astrologia, pela Cabala
e por outras escolas ocultistas mundiais e baseada no instrumento esotérico conhecido como
Arqueômetro, criado por Saint Yves D’Alveydre e com o qual se acredita ser possível conhecer
uma linguagem oculta universal que relaciona os símbolos astrológicos, as combinações
numerológicas, as relações da cabala e o uso das cores.
Ritualística: A roupa branca é a vestimenta usada pelos médiuns durante as giras e encontra-
se o uso de guias feitas de elementos naturais, um quadro com o rosto de Jesus Cristo, fumo,
defumadores, velas, bebidas, cristais e tábuas com ponto riscado nos trabalhos, porém os
atabaques não são utilizados nas cerimônias.
Livros doutrinários: Esta vertente usa os seguintes livros como principais fontes doutrinárias:
“Doutrina secreta da Umbanda”; “Lições de Umbanda e Quimbanda na palavra de um Preto-
Velho”; “Mistérios e práticas da lei de Umbanda”; “Segredos da magia de Umbanda e
Quimbanda”; “Umbanda de todos nós”; “Umbanda do Brasil”; “Umbanda: sua eterna
doutrina”; “Umbanda e o poder da mediunidade”; e “Macumbas e Candomblés na Umbanda”.
10 - Umbanda Guaracyana
Outros nomes: Não possui.
Origem: É a vertente fundamentada pelo Caboclo Guaracy através do seu médium Sebastião
Gomes de Souza (1950), mais conhecido como Carlos Buby, surgida em São Paulo, SP, em
02/08/1973, com a fundação da Templo Guaracy do Brasil.
Ritualística: Roupas coloridas (na cor do Orixá) são a vestimenta usada pelos médiuns durante
as giras e encontra-se o uso de guias, fumo, defumadores, velas e atabaques nos trabalhos,
porém não são utilizadas imagens e bebidas nas cerimônias.
Livros doutrinários: Esta vertente não possui um livro específico como fonte doutrinária.
Origem: É a vertente fundamentada por Ney Nery do Reis (Itabuna, (26/09/1929), mais
conhecido como Omolubá, e por Israel Cysneiros, surgida no Rio de Janeiro, RJ, em novembro
de 1978, com a publicação do livro “Fundamentos de Umbanda – Revelação Religiosa”
Ritualística: Embora a roupa branca seja a vestimenta principal dos médiuns, essa vertente
aceita o uso de roupas de outras cores pelas entidades, bem como o uso de complementos
(tais como capas e cocares) e de instrumentais próprios (espada, machado, arco, lança, etc.).
Nela encontra-se o uso de guias, imagens de entidades, fumo, defumadores, velas, bebidas,
pontos riscados e atabaques nos trabalhos.
Livros doutrinários: Esta vertente possui os seguintes livros e periódicos como fonte
doutrinária: “ABC da Umbanda: única religião nascida no Brasil”; “Almas e Orixás na
Umbanda”; “Cadernos de Umbanda”; “Fundamentos de Umbanda: revelação religiosa”;
“Magia de Umbanda: instruções religiosas”; “Manual prático de jogos de búzios”; “Maria
Molambo: na sombra e na luz”; “Orixás, mitos e a religião na vida contemporânea”; “Pérolas
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espirituais”; “Revista Seleções de Umbanda”; “Tranca Ruas das Almas: do real ao
sobrenatural”; “Umbanda, poder e magia: chave da doutrina”; e “Yemanjá, a rainha do mar”.
12 - Aumpram
Outros nomes: É também conhecida como: Aumbandhã; e Umbanda Esotérica.
Origem: É a vertente fundamentada por Pai Tomé (também chamado Babajiananda) através
do seu médium, Roger Feraudy (1923 – 22/03/2006), surgida no Rio de Janeiro, RJ, em 1986,
com a publicação do livro “Umbanda, essa desconhecida”. Esta vertente é uma derivação da
Aumbhandã, das quais foi se distanciando ao adotar os trabalhos de apometria e ao
desenvolver a sua doutrina da origem da Umbanda: considera que esta religião surgiu a
700.000 anos em dois continentes míticos perdidos, Lemúria e Atlântida, que teriam afundado
no oceano em um cataclismo planetário. Nestes continentes, os terráqueos teriam vivido junto
com seres extraterrestres, os quais teriam ensinado aqueles sobre o Aumpram, a verdadeira
lei divina.
Ritualística: A roupa branca é a vestimenta usada pelos médiuns durante as giras e encontra-
se o uso da imagem de Jesus Cristo, fumo, defumadores, velas, cristais e incensos nos
trabalhos, porém as guias e os atabaques não são utilizados nas cerimônias.
Livros doutrinários: Esta vertente usa os seguintes livros como principais fontes doutrinárias:
“Umbanda, essa desconhecida”; “Erg, o décimo planeta”; “Baratzil: a terra das estrelas”; e “A
terra das araras vermelhas: uma história na Atlântida”.
13 - Ombhandhum
Outros nomes: É também conhecida como: Umbanda Iniciática; Umbanda de Síntese; e Proto-
Síntese Cósmica.
Origem: É a vertente fundamentada pelo médium Francisco Rivas Neto (1950), mais
conhecido como Arhapiagha, surgida em São Paulo, SP, em 1989, com a publicação do livro
“Umbanda: a proto-síntese cósmica”. Esta vertente começou como uma derivação da
Umbanda Esotérica, porém aos poucos foi se distanciando cada vez mais dela, conforme ia
desenvolvendo sua doutrina conhecida como movimento de convergência, que busca um
ponto de convergência entre as várias vertentes umbandistas. Nela existe uma grande
influência oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sânscrito, e
há a crença de que a Umbanda é originária de dois continentes míticos perdidos, Lemúria e
Atlântida, que teriam afundado no oceano em um cataclismo planetário.
Ritualística: A roupa branca é a vestimenta usada pelos médiuns durante as giras de Umbanda
e a roupa preta, associada ao vermelho e branco, nas de Exu, sendo admitidos o uso de
complementos por sobre a roupa dos médiuns, tais como cocares de caboclos. Nela encontra-
se o uso de guias, fumo, defumadores, velas, bebidas, cristais, atabaques e tábuas com ponto
riscado nos trabalhos.
Livros doutrinários: Esta vertente usa o seguinte livro como principal fonte doutrinária:
“Umbanda: a proto-síntese cósmica”.
14 – Umbanda Sagrada
Outros nomes: Não possui.
Origem: É a vertente fundamentada por Pai Benedito de Aruanda e pelo Ogum Sete Espadas
da Lei e da Vida, através do seu médium Rubens Saraceni (1951 - 2017), surgida em São
Paulo, SP, em 1996, com a criação do Curso de Teologia de Umbanda. Sua doutrina procura
ser totalmente independente das doutrinas africanistas, espíritas, católicas e esotéricas, pois
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considera que a Umbanda possui fundamentos próprios e independentes dessas tradições,
embora reconheça a influências das mesmas na religião.
Ritualística: A roupa branca é a vestimenta usada pelos médiuns durante as giras e encontra-
se o uso de guias, fumo, defumadores, velas, bebidas, atabaques, imagens e pontos riscados
nos trabalhos.
Livros doutrinários: Esta vertente usa toda a bibliografia publicada por Rubens Saraceni, tendo
os seguintes livros como principais fontes doutrinárias: “A evolução dos espíritos”; “A tradição
comenta a evolução”; “As sete linhas de evolução”; “As sete linhas de Umbanda: a religião dos
mistérios”; “Código de Umbanda”; “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada”; “Formulário de
consagrações umbandistas: livro de fundamentos”; “Hash-Meir: o guardião dos sete portais de
luz”; “Lendas da criação: a saga dos Orixás”; “O ancestral místico”; “O código da escrita mágica
simbólica”; “O guardião da pedra de fogo: as esferas positivas e negativas”; “O guardião das
sete portas”; “O guardião dos caminhos: a história do senhor Guardião Tranca-Ruas”; “Orixá
Exu-Mirim”; “Orixá Exu: fundamentação do mistério Exu na Umbanda”; “Orixá Pombagira”;
“Orixás: teogonia de Umbanda”; “Os arquétipos da Umbanda: as hierarquias espirituais dos
Orixás”; “Os guardiões dos sete portais: Hash-Meir e o Guardião das Sete Portas”; “Rituais
umbandistas: oferendas, firmezas e assentamentos”; e “Umbanda Sagrada: religião, ciência,
magia e mistérios”.
Origem: Doutrina revelada a clarividente Neiva Chaves Zelaya – Tia Neiva – em 1959 no
Planalto Central, na cidade satélite de Planaltina no Distrito Federal.
Ritualística: Indumentária e simbologia própria aceita o uso de roupas de outras cores pelas
entidades, bem como o uso de complementos (tais como capas e cocares). velas, cristais,
incensos, Nesta vertente também são utilizadas algumas cerimônias de iniciação e avanço de
grau, os médiuns são distribuídos em psicofónicos chamados de Apará e os outros
Doutrinadores. As entidades compõem a Corrente Indiana do Espaço.
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asas. Com os dizeres retirados de seu hino - Umbanda luz divina, força que nos
dá vida e a grandeza nos conduz.
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Glossário:
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