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AULA REMOTA DE LÍNGUA PORTUGUESA – ABRIL 2021

DIFERENÇA ENTRE DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA E ARTIGO DE


OPINIÃO

Os textos mais comuns que são encontrados em toda área acadêmica são:
1. Dissertação Argumentativa
2. Artigo de Opinião
Antes de iniciarmos a análise da primeira parte da estrutura textual – Introdução, é preciso
entender o objetivo de cada construção textual, ou seja, para que cada texto é usado? Qual
veículo de comunicação é ele utilizado?
Dissertação argumentativa é uma produção textual puramente científica e teórica, portanto,
todos os assuntos retratados por essa construção de ideias devem ser fundamentados em fatos
históricos, pensamentos de teóricos e dados mediante pesquisas e gráficos. A principal
característica que diferencia a tipologia textual dissertação do artigo de opinião, é a pessoa
inscrita dentro do texto.
No Artigo de Opinião, a pessoa que é inscrita dentro do texto é a primeira, isto é, pode se
utilizar a primeira pessoa do singular/plural em todos os verbos que compõem o texto; já a
dissertação não, esta é escrita e descrita pelos verbos em terceira pessoa o que garante a
impessoalidade e a confidencialidade da criticidade e da ciência, isto é, o texto científico não
foi regido por “achismo” ou senso comum, mas por uma base ideológico que se apresenta ao
leitor por meio de provas.
Como o artigo de opinião é um tipo de texto comum em jornais e revistas [meio de
veiculação de maior reconhecimento pelas massas sociais], o texto é escrito e descrito pelas
primeiras pessoas tanto no singular quanto no plural. Entretanto, se for um texto exigido por
uma banca de avaliação universitária por meio de vestibular ou concurso público, o seu texto
em primeira pessoa deve ser escrito em primeira pessoa, mas fundamentado por gráficos,
pesquisas provando um posicionamento pessoal, nada de senso comum.

Para ilustrar essa diferença entre tais textos, aqui vai um exemplo:

Exemplo 01 – Enem 2016 – Dissertação argumentativa


Acadêmica: Marcela Sousa Araújo, 21 anos
Título do texto: No meio do caminho tinha uma pedra

No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o


Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende
a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se distanciam do
convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados diariamente por
opressores intolerantes.
O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição
Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a
legislação e acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e a dissseminação
de ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas. Assim, o que deveria
caracterizar os diversos “Brasis” dentro da mesma nação é motivo de preocupação.
Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com
crimes inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são
registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem
violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o
então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos
é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior.
Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a
intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima
do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas
concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia.
O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas
que visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir,
efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá incluir
matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá
veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, tirando
as pedras do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante.

Exemplo 02 – Artigo de Opinião


Autor: Desconhecido
Tema: Racismo

Ainda que grande parte da população brasileira seja descendente de negros, o problema
do racismo está longe de ser resolvido.
No período colonial, Portugal trazia os negros da África para trabalharem no país em
condição de escravos. Desde então, o racismo esteve incutido na mente de muitos brasileiros.
Embora a Lei Áurea tenha libertado os negros do trabalho escravo em 1888, a
população negra apresenta os maiores problemas ainda hoje no país. Por exemplo, as
condições de vida, o trabalho, a moradia, dentre outros.
Se observarmos as favelas do país ou mesmo as penitenciárias, o número de negros é sem
dúvida maior. A grande questão é: até quando o racismo persistirá no nosso país?; pois mesmo
séculos depois, ainda é possível nos deparamos com um racismo velado no Brasil.
A implementação de políticas públicas poderá resolver nosso problema, mas ainda temos
muitos caminhos a percorrer. Infelizmente, creio que não estarei vivo para contemplar essa
conquista.

– Dissertação argumentativa:
a) Colocação verbal – “torna-se”
b) Impessoalidade
c) Exposição clara dos argumentos, sem abordagem de anbiguidade

– Artigo de Opinião:
a) Colocação verbal: “observamos”, “deparamos”, “creio”, “temos”
b) Pronomes possessivos: “nosso”
c) Uso de ironia, sarcasmo e crítica acentuada
d) Títulos persuasivos e polêmicos.

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