CAPACITÂNCIA - CAMPOS MAGNÉTICOS PRODUZIDOS POR CORRENTES - INDUÇÃO E INDUTÂNCIA - FRANCISCO HOLANDA DE MELO - 09-12-2023 - FUNDAMENTOS DOS CIRCUITOS ELÉTRICOS
Professor: Jurany Freitas Melro Travassos Aluno: Francisco Cauã Holanda de Melo 09/12/2023 – Recife, Pernambuco Capacitância A capacitância é uma grandeza elétrica que mede a capacidade de um objeto armazenar carga elétrica. Ela é medida em “farads” (F) e é dada pela razão entre a magnitude da carga armazenada e a variação do potencial elétrico. Em outras palavras, a capacitância de um objeto é a medida de quanto esse objeto pode armazenar carga elétrica para uma dada diferença de potencial. Um exemplo comum de objeto que possui capacitância é o capacitor, que é um dispositivo composto por duas placas condutoras separadas por um material isolante. Quando uma diferença de potencial é aplicada entre as placas, cargas elétricas são armazenadas nas placas, gerando um campo elétrico entre elas. A capacitância do capacitor depende da área das placas, da distância entre elas e das propriedades do material isolante. A capacitância é uma grandeza importante em circuitos elétricos, pois ela determina a quantidade de carga elétrica que pode ser armazenada em um capacitor para uma dada diferença de potencial. Figura 1: Vários tipos de capacitores A fórmula utilizada para calcular a capacitância de um capacitor é: 𝑄 C = 𝑈 ,onde: “C” é a capacitância (F), “Q” é a carga elétrica (C) e “U” é a tensão elétrica (V). Existem diversos tipos de capacitores: • Capacitores de placas paralelas: Esses capacitores são compostos por duas placas condutoras separadas por um meio dielétrico. A capacitância de um 𝜀 𝐴 capacitor de placas paralelas pode ser calculada usando a fórmula: 𝐶 = 0 ⁄𝑑 , onde: 𝜀0 é a permissividade elétrica do vácuo (aproximadamente 8.85 x 10−12 𝐶 2 /𝑁𝑚2, A é a área das placas (m²) e d é a distância entre as placas (m).
Figura 2: Capacitor de placa paralela
• Capacitor Cilíndrico (equação ao lado): Um capacitor cilíndrico é um
dispositivo que armazena cargas elétricas e é composto por duas placas cilíndricas, um dielétrico entre elas e um núcleo condutor no centro. A capacitância de um capacitor cilíndrico pode ser ampliada ao aumentar a quantidade de material utilizada na construção do dispositivo. • Capacitor Esférico (equação ao lado): Sua expressão em forma matemática mostra claramente o formato: é um capacitor composto por dois condutores esféricos concêntricos. O valor da diferença entre eles é inversamente proporcional ao valor da capacitância. • Capacitores de placas – paralelo: Quando capacitores são colocados em paralelo (C1 e C2 na figura 3), a capacitância equivalente é a soma das capacitâncias individuais. Nesse tipo de associação, o potencial elétrico é igual para todos os capacitores. Portanto, a fórmula para calcular a capacitância equivalente de capacitores em paralelo é a soma das capacitâncias individuais: 𝐶𝑒𝑞 = ∑𝑛𝑗=1 𝐶𝑗 • Capacitores de placas - série: Esses capacitores são compostos por vários capacitores de placas paralelas conectados em série (a Ceq de C1 e C2 estão em série com C3). A capacitância equivalente de um capacitor de placas série é dada pela soma dos inversos das Figura 3: Capacitores 1 1 em um circuito misto. capacitâncias individuais: 𝐶𝑒𝑞 = ∑𝑛𝑗=1 𝐶𝑗 .
A energia armazenada em um campo elétrico pode ser expressa como a energia
armazenada no campo elétrico e está diretamente relacionada à distribuição de cargas elétricas estáticas e ao trabalho necessário para movê-las. Nos capacitores, a energia armazenada está relacionada à separação de cargas e à capacitância, e pode ser calculada a partir da carga e da diferença de potencial entre as placas. A fórmula para 1 calcular a energia armazenada em um capacitor é 𝑈 = 2 𝐶𝑉 2 , onde U é a energia armazenada, C é a capacitância e V é a diferença de potencial entre as placas. Quando capacitores são colocados em paralelo, a capacitância equivalente é a soma das capacitâncias individuais, o que aumenta a energia armazenada no sistema. Portanto, a energia armazenada em um campo elétrico está diretamente relacionada às propriedades do meio e à configuração do sistema de cargas. Ademais, a densidade de energia é uma medida que representa a quantidade de energia armazenada em um determinado volume de um meio ou sistema. A Lei de Gauss na presença de dielétricos desempenha um papel fundamental na análise do campo elétrico em meios com dielétricos. Destarte, o fluxo elétrico através de uma superfície fechada é proporcional à carga elétrica no interior da superfície. Ao introduzir dielétricos, a carga induzida nos dielétricos afeta o fluxo elétrico, modificando a relação entre o fluxo elétrico e a carga elétrica. Isso é refletido na permissividade dielétrica, que é a constante que relaciona a capacitância de um capacitor com dielétrico à capacitância do mesmo capacitor no vácuo. Figura 4: Capacitor de placas paralelas (a) sem e (b) com um dielétrico entre as placas. A carga q das placas é tomada como a mesma nos dois casos. Campos Magnéticos O campo magnético é uma grandeza física vetorial que cercam materiais em correntes elétricas e é detectado pela força que exercem sobre materiais magnéticos ou cargas elétricas. O campo magnético é produzido por correntes elétricas, ímãs naturais ou ímãs artificiais, e tem a unidade SI do tesla (T). O campo magnético é definido pela medida da força que o campo exerce sobre o movimento de partículas com carga elétrica: ⃗⃗⃗⃗ 𝐹𝑚 = 𝑞𝑣 × 𝐵 ⃗ , onde q é a carga elétrica da partícula Figura 1: O eletroímã (coulomb, C), v é a velocidade da partícula (metro por da foto é usado para segundo, m s^-1) e B é o campo magnético (tesla, T). transportar sucata uma fundição. Os campos magnéticos têm propriedades como: • Linhas de campo magnético: São linhas fechadas, nunca se cruzam, e são tangentes ao campo magnético e com o mesmo sentido (sentido N para S). • Uniformidade: Um campo magnético pode ser uniforme se as suas linhas de campo forem paralelas, ou seja, se tem direção e sentido constantes. O campo magnético é uma região do espaço em que as cargas em movimento sofrem a ação de uma força magnética, sendo responsável pela atração e repulsão dos polos magnéticos. As linhas de campo magnético são representadas pela tangente do vetor campo magnético naquela região do espaço. Elas são sempre fechadas, uma vez que não existe monopolo magnético. As linhas de campo magnético têm propriedades como: • São linhas fechadas, nunca se cruzam e são tangentes ao campo magnético e com o mesmo sentido (sentido N para S). • A densidade das linhas de campo aumenta com a intensidade do campo magnético. Em um ímã, as linhas de campo magnético saem do polo norte e entram no polo sul, formando um padrão característico. O campo magnético é resultado da movimentação de cargas elétricas, como no caso de um fio que conduz corrente elétrica ou até mesmo na oscilação de partículas como os elétrons. As linhas de campo magnético são fundamentais para visualizar e compreender a distribuição e a intensidade do campo magnéticos em diferentes regiões do espaço.
Figura 2: (a) Linhas de campo magnético nas proximidades de um ímã
em forma de barra. (b) Um "ímã de vaca", ímã em forma de barra introduzido no rúmen das vacas para evitar que pedaços de ferro ingeridos acidentalmente cheguem ao intestino do animal. A limalha de ferro revela as linhas de campo magnético. Os campos cruzados referem-se à situação em que um campo magnético e um campo elétrico agem perpendicularmente entre si. Esse fenômeno foi fundamental na descoberta do elétron por J.J. Thomson. Em 1897, Thomson realizou um experimento no qual feixes de elétrons eram desviados por um campo magnético e elétrico perpendicular, revelando a existência e a relação entre a carga e a massa do elétron. Esse experimento foi um marco na compreensão da estrutura atômica e abriu caminho para a teoria atômica de Thomson. Além disso, o efeito Hall, que ocorre quando um condutor é submetido a um campo magnético perpendicular, resulta na geração de uma diferença de potencial transversal. Esse efeito é amplamente utilizado para medir a densidade de corrente e a mobilidade Figura 3: O efeito Hall dos portadores de carga em materiais condutores. Uma partícula carregada em movimento circular em um campo magnético experimenta uma força magnética que atua como uma força centrípeta, direcionada para o centro da circunferência. Teremos, ao inserir na expressão da força magnética o ângulo, chamado de 𝜃, entre os vetores velocidade e campo magnético: 𝐹𝑚 = 𝑞𝑣𝐵 sin 𝜃. Quando uma partícula carregada se move em um campo magnético, ela descreve uma trajetória circular devido à força magnética. O raio da órbita é 𝑚𝑣 dado por 𝑟 = 𝑞𝐵 , onde m é a massa da partícula, v é a velocidade da partícula, q é a carga da partícula e B é a intensidade do campo magnético. A frequência do Figura 4: Elétrons circulando 𝑞𝐵 movimento circular é dada por 𝑓 = 2𝜋𝑚 e a velocidade em uma câmara que contém 𝑞𝐵 uma pequena quantidade de angular é dada por ω = . Esse tipo de movimento é 𝑚 gás (a trajetória do anel é o fundamental em diversas aplicações, como em anel claro). aceleradores de partículas, onde partículas carregadas são mantidas em órbitas circulares por meio de campos magnético. A força magnética em um fio percorrido por corrente elétrica e imerso em um campo magnético é dada pela fórmula da força magnética. Essa força é resultado da interação entre a corrente elétrica e o campo magnético em um fio retilíneo e percorrido por uma corrente elétrica; a força magnética pode ser calculada com 𝐹 = 𝑞𝑣𝑖𝐵 sin 𝜃. Além disso, o momento magnético dipolar é um medidor da quantidade de momento magnético de uma partícula carregada em movimento. Em um fio percorrido por uma corrente elétrica, a expressão do momento magnético dipolar é Figura 5: Um fio flexível dada por: 𝑀 ⃗⃗ = 𝑞𝑖𝑣 × 𝑟 . passa entre os polos de um ímã Indução e Indutância A Lei de Faraday, também conhecida como lei da indução eletromagnética, estabelece que a variação no fluxo de campo magnético através de materiais condutores induz o surgimento de uma corrente elétrica. Essa descoberta, feita pelo físico e químico britânico Michael Faraday em 1831, é uma das mais importantes da história, pois possibilita a geração de energia em usinas hidrelétricas, a produção de movimento em motores elétricos, a geração de calor por meio de fornos de indução, entre outras aplicações. A lei de Faraday estabelece que a variação do fluxo magnético através de uma superfície delimitada por um condutor induz uma força eletromotriz (f.e.m.) nesse condutor. Essa f.e.m. é diretamente proporcional à taxa de variação do fluxo magnético e é dada 𝑑𝜑 pela equação: 𝜀 = − 𝑑𝑡 , onde: ε é a f.e.m. induzida (em volts, V), dΦ/dt é a variação do fluxo magnético no tempo (em webers, Wb) e o sinal negativo na Figura 1: Um amperímetro revela equação representa a Lei de Lenz, que estabelece a existência de uma corrente na que a corrente induzida sempre terá sentido tal que espira quando o ímã está em se opõe à variação do fluxo magnético que a gerou. movimento em relação à espira.
De acordo com a lei de Lenz, o
sentido da corrente induzida é tal que o campo magnético por ela criado se opõe à variação do fluxo magnético que lhe deu origem, isto é. quando há uma variação no fluxo magnético que atravessa um circuito, a corrente induzida irá gerar um campo magnético que se opõe a essa variação. Isso significa que a corrente induzida sempre atua de forma a impedir a mudança no fluxo magnético que a gerou.
Figura 2: Aplicação da lei de Lenz. (É por esse motivo que na lei de
Faraday, como foi dito, o sinal de negativo aparece).
A transferência de energia por indução é um método de transmissão de energia elétrica
sem contato físico entre o gerador e o receptor. Ela é baseada na indução eletromagnética, onde um campo magnético variável é utilizado para induzir uma corrente elétrica em um circuito receptor. Os campos elétricos induzidos são campos elétricos que surgem em um material condutor quando este é submetido a um campo magnético variável. Esse fenômeno é conhecido como Lei de Faraday e é a base para a geração de energia elétrica em geradores elétricos. Quando um campo magnético variável atravessa um circuito, ele induz uma corrente elétrica nesse circuito, que pode ser utilizada para gerar energia elétrica. A indutância é uma grandeza física que surge devido à interação entre correntes elétricas e campos magnéticos. Quando uma corrente elétrica passa por um condutor, ela gera um campo magnético ao seu redor. Se essa corrente variar, o campo magnético também variará. Esse campo magnético variável, por sua vez, gera uma força eletromotriz que se opõe à variação do fluxo magnético, de acordo com a Lei de Lenz. Essa oposição à variação do fluxo magnético é o que dá origem à indutância. Os indutores são amplamente usados em uma variedade de aplicações na eletrônica em geral. São geralmente compostos por fios enrolados em torno de um núcleo e sua principal função é armazenar energia em forma de campo magnético quando uma corrente elétrica passa por eles. Além disso, a autoindução, que é responsável por efeitos como o atraso na resposta de um circuito à variação da corrente e a capacidade de um indutor de armazenar energia na forma de campo magnético. Ela depende das características geométricas do circuito, como o número de espiras e a permeabilidade do material que preenche o núcleo do indutor. Isso ocorre quando a variação da corrente em um circuito cria uma força eletromotriz (f.e.m.) que se opõe a essa variação, conforme a Lei de Lenz. Quando um circuito contém um indutor, ele exibe propriedades únicas devido à presença da indutância. Em um circuito RL, a presença do indutor resulta em atrasos na resposta da Figura 3: corrente em relação à tensão aplicado; como abordado. Representação da autoindução A energia armazenada no campo magnético de um indutor é a energia armazenada no campo magnético criado quando uma corrente elétrica passa por ele. Essa energia armazenada é responsável pela variação da energia na indução; podendo ser calculada através da fórmula da energia 1 eletromagnética: 𝑈𝑚 = 2 𝐿𝑖 2, onde: 𝑈𝑚 é a energia magnética armazenada no campo magnético, L é a indutância do indutor e “i” é a corrente elétrica passando pelo indutor. É importante ressaltar que a energia armazenada no campo magnético é proporcional à indutância do indutor e ao quadrado da corrente elétrica passando pelo indutor. A densidade de energia magnética é uma medida da quantidade de energia armazenada por unidade de volume no campo magnético. Ela pode ser calculada através da fórmula: 1 𝜔𝑚 = 2 𝜇0 𝑛𝐼 2 , onde: 𝜔𝑚 é a densidade de energia magnética, 𝜇0 é a permeabilidade magnética do vácuo, “n” é o número de espiras do indutor e “I” é a corrente elétrica passando pelo indutor. Ela tem o mesmo comportamento que a energia armazenada no campo magnético, sendo máxima quando a corrente elétrica é máxima e o indutor tem uma indutância máxima, e mínima quando a corrente elétrica é mínima e o indutor tem uma indutância mínima. A indutância mútua é um efeito pelo qual o fluxo magnético gerado por uma corrente em uma bobina influencia a corrente induzida em outra bobina próxima. A indutância mútua é influenciada pela geometria e disposição das bobinas, bem como pelo meio que as separa. Esse efeito é a base para o funcionamento, e.g., dos transformadores e dos sensores de corrente.