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Njinga, Rainha de Angola

Njinga, Rainha de Angola é um filme biográfico angolano realizado por Sérgio Graciano e
escrito por Joana Jorge. O filme conta a história da guerreira africana Ana de Sousa. Foi lançado
nos cinemas angolanos a 8 de Novembro de 2013.[1] No Brasil foi exibido a 12 de
Março de 2014[2] e em Portugal a 10 de Julho de 2014.[3]
na Nzinga Mbande ou Rainha Ginga foi uma rainha ("Ngola") dos reinos do Ndongo e de
Matamba, no Sudoeste de África, no século XVII. O seu título real na língua quimbundo -
"Ngola" -, foi o nome utilizado pelos portugueses para denominar aquela região (Angola).

Para uns, ela foi uma guerreira valente e inteligente. Já para outros, foi uma mulher cruel capaz
de acabar com a vida de seu irmão para tomar o poder.
Qualquer que seja a opinião, o consenso é de que a rainha Njinga de Angola permanece até hoje
como símbolo do anticolonialismo e da resistência aos portugueses em Angola.
Seu nome batiza de ruas a escolas pelo país. Já seu rosto estampa a moeda de 20 kwanzas.
Também inspirou filmes, livros e fez parte de uma série de publicações de ilustrações da Unesco
sobre mulheres africanas históricas.
Njinga Mbandi era líder do povo mbundu e rainha de Ndongo e Matamba, no sudoeste da África.
Seu verdadeiro título em kimbundu, a língua local, era 'Ngola'. E esse termo era precisamente o
que os portugueses utilizavam para designar a região tal como a conhecemos hoje: Angola.
Essa nova denominação passou a ser usada a partir de 1575, quando os soldados de Portugal
invadiram o Ndongo em busca de ouro e prata.
Quando não encontraram as minas que procuravam, decidiram mudar sua estratégia e
começaram a capturar escravos para garantir mão de obra no Brasil, sua então nova colônia.
Nascida oito anos após a invasão, Njinga integrou a resistência contra os portugueses junto com
seu pai, o rei Ngola Mbandi Kiluanji, desde que era muito jovem.
Quando Ngola morreu, em 1617, um de seus outros filhos, Ngola Mbandi, assumiu o poder. No
entanto, ele não tinha o carisma de seu pai ou a inteligência de sua irmã Njinga.
Temendo um levante popular em favor de Njinga, Ngola Mbandi ordenou a execução do filho
único de sua irmã.
Mas quando ele se viu incapaz de lidar com os europeus, que estavam ganhando terreno e
causando mais baixas entre a população local, Mbandi acabou aceitando a sugestão de seus
conselheiros mais próximos.
O rei cedeu e delegou o poder à irmã, grande estrategista e capaz de falar português graças à
educação recebida pelos missionários, para negociar com Portugal e assinar um acordo de paz.
Quando Njinga chegou a Luanda para iniciar as conversações, encontrou uma cidade povoada
por pessoas negras, brancas e mestiças que nunca tinha visto antes. Mas essa não foi a imagem
que mais a surpreendeu.
Escravos enfileirados eram vendidos e enfiados em grandes navios. Em apenas alguns anos,
Luanda tornou-se um dos maiores pontos de venda e distribuição de escravos em toda a África.
Quando foi ao palácio do governador português João Correia de Sousa para iniciar as tratativas
de paz, Njinga estrelou uma cena carregada de simbolismo que mais tarde foi amplamente
destacada pelos registros históricos.
Ela notou que, enquanto os portugueses estavam sentados em poltronas confortáveis, não havia
para ela nada
mais do que um tapete no chão.
Sem falar uma palavra sequer e com apenas um olhar, uma de suas criadas se ajoelhou e
reclinou-se à frente do governador. Njinga sentou-se em suas costas, ficando na mesma altura do
que a autoridade portuguesa.
Era sua maneira clara e direta de expressar que ela não se considerava inferior.
Depois de árduas negociações, os dois lados concordaram com a retirada das tropas portuguesas
do Ndongo e com o reconhecimento de sua soberania. Em troca, o território seria aberto aos
portugueses para criar rotas comerciais.
Numa tentativa de melhorar as relações com Portugal, Njinga até aceitou a conversão ao
cristianismo e foi batizada Ana De Souza. Ela tinha então 40 anos de idade.
Mas as relações cordiais não duraram muito e os confrontos recomeçaram.
Em 1624, seu irmão se recolheu a uma pequena ilha onde morreu em circunstâncias estranhas.
Não se sabe se ele cometeu suicídio ou se foi envenanado por Njinga como vingança pelo
assassinato de seu filho.
A única certeza é que, apesar da oposição de Portugal e de parte de seu próprio povo, Njinga fez
algo impensável na época: tornou-se a nova rainha do Ndongo.
"Njinga Mbande serve como exemplo para contrariar o discurso de submissão das mulheres
africanas ao longo do tempo", disse João Pedro Lourença, diretor da Biblioteca Nacional de
Angola, à BBC.

Merecidamente, Angola está na moda. Seja nos campos da economia e do desenvolvimento,


puxados pela produção de petróleo, seja no cultural, com a difusão cada vez maior de suas
manifestações populares, em especial o Kuduro. Hoje, ao ligarmos a TV, já podemos ver jovens
angolanos numa dança frenética ao som de uma música herdeira de ritmos como Sungura,
Kizomba, Semba, Ragga, Afro House e até mesmo do Rap.

Nos últimos anos, Angola tornou-se um dos maiores mercados consumidores dos produtos
televisivos do Brasil – além de comprar novelas, os espectadores angolanos assistem ao vivo, por
satélite, à programação da Globo e da Record. Hoje, esse país também já começa a ser conhecido
por seus produtos culturais, como a novela “Windeck”, indicada ao EMMY Internacional, uma
produção da Semba Comunicação.

Foi essa mesma produtora, da qual faz parte o músico Coréon Dú, filho do presidente da
República, que lançou, durante as comemorações do aniversário da independência daquele país,
a superprodução “Njinga, Rainha de Angola”. Trata-se da saga da herdeira do rei mani Ngola
Kiluanje Kia Samba, que vivia em Mbanza Kabassa, matriarca dos reinos de Matamba e
Ndongo. Uma aula de história que, quando for exibida no Brasil, trará às nossas escolas maior
conteúdo para o cumprimento da Lei 10.639/03, pois fala das origens de um dos povos que a
diáspora africana espalhou pelo mundo e que representa o maior número de africanos trazidos
para cá, entre os séculos XVI e XIX.

A edição de número 44 do Cultura – Jornal Angolano de Artes e Letras, do jornalista José Luiz
Mendonça, nos informa que o filme apresenta uma bela recriação de época e traz um enredo
recheado de conflitos, da resistência africana aos colonizadores, ora portugueses, ora holandeses,
à disputa pelo trono do império entre os irmãos Njinga Mbandi – também conhecida por Nzinga
ou simplesmente Rainha Jinga –, Ngola Mbandi e Ngola Ary, o filho bastardo de Kiluanje.

Conheça a atriz do filme

Esse filme valoriza as línguas locais, em especial o Kimbundo, e seus apelos dramáticos
apresentam uma Njinga estrategista e obstinada, disposta a sacrificar seu amor em favor da luta
para libertar seu povo. Outro foco fundamental é a força da mulher africana, destacada pela
lealdade à rainha, das irmãs Kifunje e Kambo.

Para viver a protagonista, foi escolhida a modelo e atriz Lesliana Pereira, de 26 anos, a miss
Angola 2008, que também é apresentadora do programa Revista África, da Globo internacional.
Quando miss, veio ao Brasil conceder uma entrevista a Jô Soares e fez um teste que lhe rendeu
sua estreia em cinema, como a personagem Fadona, do filme brasileiro “Xuxa em O Mistério de
Feiurinha”, de 2010.

A pré-estreia de “Njinga, Rainha de Angola”, no Centro de Convenções de Belas, no Futungo


II, foi um acontecimento hollywoodiano que parou Luanda e contou com a presença do
presidente da República, José Eduardo dos Santos, e da primeira-dama, Ana Paula dos Santos.
Ao final da exibição, as três mil pessoas, entre políticos, artistas, escritores, jornalistas,
historiadores e amantes da sétima arte, aclamaram o filme, aplaudindo em pé por longos
minutos. O filme deve se transformar numa minissérie para TV e inaugurar uma série de
cinebiografias de heróis e heroínas angolanas. Na primeira semana de exibição, em Angola, sua
bilheteria superou à de “Avatar”.

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