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É uma grande conquista Njinga fundada por Jada e seu esposo Will
Mbandi, soberana dos reinos do Smith, e a Nutopia, produtora sediada
Ndongo e Matamba no século XVII, em Londres. Categorizada como docu-
ter sua história representada enquanto -drama, a produção intercala a drama-
seriado de TV numa plataforma tização dos episódios históricos com
mundial como a Netflix. Com depoimentos de pesquisadore/as e auto-
produção executiva e narração de ridades. Um ponto positivo é a narra-
Jada Pinkett Smith, a série Rainhas tiva/interpretação apresentada por vozes
Africanas chega para contar histórias negras, na sua maioria historiadoras.
de mulheres poderosas no continente A Rainha Diambi Kabatusuila é quem
africano, ainda pouco conhecidas do abre os depoimentos, conferindo legiti-
grande público. Vem da necessidade midade a uma história que será contada
de uma mulher preta norte-americana a partir da perspectiva da mulher afri-
ensinar referências de poder feminino cana.1 Além dela, falam historiadoras
preto na história da humanidade. Sem 1 A forma como ela foi creditada, “Woman
dúvida, uma proposta que supre uma King of the Bakwa Luntu People”, aponta
para uma tendência construída pelo cinema
demanda por narrativas não brancas no norte-americano para mulheres governantes,
cinema mundial, um sonho sonhado que se choca com as epistemologias afri-
canas sobre gênero. Certamente o povo
por muitos, como eu. bakwa luntu tem um título próprio para
A produção foi uma parceria da esta autoridade feminina de forma que não
precisaria usar o substantivo masculino
Westbrook, agência norte-americana “king” para definir seu cargo.
6 Carta de Fernão de Sousa ao governo” apud É importante frisar que Njinga não
Beatrix Heintze, Fontes para a história de
Angola do século XVII, v. II: Cartas e docu- tinha inocência alguma em relação ao
mentos oficiais da colectánea documental
catolicismo, que já estava presente no
de Fernão de Sousa (1624-1635), Stuttgart:
Franz Steiner Verlag Wiesbaden, 1988,
p. 85, documento 36. 7 Cavazzi, Descrição histórica, v. II, p. 66.
alii (orgs), Nas rotas do império (Vitória: 15 Cavazzi, Descrição histórica. v. II, p. 69.
EDUFES; Lisboa: IICT, 2006), pp. 279-298. 16 Marina de Mello e Souza, Além do visível:
14 Mariana Bracks Fonseca, Nzinga Mbandi e poder, catolicismo e comércio no Congo e
as guerras de resistência em Angola, século em Angola (Séculos XVI e XVII), São Paulo:
XVII, Belo Horizonte: Mazza edições, 2015. Edusp, 2018.
doi: 10.9771/aa.v0i67.55012