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Obras do autor
Cheiro de goiaba
Notícia de um sequestro
O outono do patriarca
Relato de um náufrago
Obra jornalística
O escândalo do século
Obra infantojuvenil
A sesta da terça-feira
Teatro
G21a
Em agosto nos vemos [recurso eletrônico] / Gabriel García Márquez; tradução Eric
recurso digital
Formato: epub
CDU: 821.134.2(862)
Título original:
do Texas, Austin
Design de capa adaptado do layout de Nora Grosse para a edição original da Penguin Random
Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa somente para o Brasil adquiridos pela
Produzido no Brasil
ISBN 978-85-01-92149-9
sac@record.com.br
Sumário
Prefácio
O original
Sobre o autor
Prefácio
A perda de memória que nosso pai sofreu em seus últimos anos foi,
escrevendo com o rigor de costume foi, para ele, uma fonte de frustração
fazer, por nosso amigo Cristóbal Pera em sua nota para esta edição.
o tempo decidisse o que fazer com ele. E lendo o livro uma vez mais,
quase dez anos depois de sua morte, descobrimos que o texto tinha
leitores celebrarem o livro, é possível que Gabo nos perdoe. É nisso que
confiamos.
salto baixo sem meias, carregava uma sombrinha, sua bolsa de mão e,
decadente.
ser assinada e as chaves do único quarto do segundo andar que dava para
cantos das mãos para se lembrar de como era quando jovem. Ignorou as
índios, compridos até os ombros, que prendeu num rabo de cavalo com a
quase tão bem quanto se sentia. Apenas quando pôs a aliança e o relógio
sem esperar ordens pela avenida de palmeiras até uma área sem hotéis
táxi virou numa trilha quase intransitável que subia por uma encosta de
em disparada.
da mãe. A partir daquele momento não tinha nada a fazer até as nove da
um homem que amava e que a amava, com quem se casou sem terminar
que, apesar de seus méritos, não quis ser outra coisa até o último
Sinfônica Nacional aos vinte e dois anos e havia sido aplaudido por
contrariando os pais.
três dias antes de morrer. Ana Magdalena quis viajar para o enterro, mas
ninguém achou prudente, pois ela mesma não acreditou que conseguiria
sobreviver ao pesar e à dor. Foi levada até a ilha pelo pai no primeiro
único lugar solitário onde não conseguia se sentir só. Foi então que Ana
Magdalena Bach decidiu deixá-la ali onde estava e levar todos os anos
Agosto era o mês dos calores e dos aguaceiros loucos, mas ela
entendeu aquilo como mais uma das penitências que deveria pagar sem
pelo enjoo. Daquela vez, por sorte, puderam dormir no primeiro hotel
Estado.
pontual da aldeia.
Voltou para o hotel, estendeu-se na cama sem outra roupa que não
com o abridor de cartas debaixo das pás do ventilador de teto que mal
e morta de fome.
O bar do hotel ficava aberto até as dez da noite, e ela havia descido
para comer alguma coisa antes de dormir. Notou que havia mais clientes
do que de costume àquela hora, e o garçom não parecia ser o mesmo de
dos outros anos, com pão torrado e café com leite. Enquanto esperava,
época em que esse hotel era o único. Uma menina mulata cantava
inauguração.
refeição sozinha, mas sentiu-se bem com a música, que era suave e
distinto que não tinha visto entrar. Usava linho branco, os cabelos
metálicos. Tinha na mesa uma garrafa de brandy, uma taça pela metade
Magdalena Bach pediu um gim com gelo e soda, o único álcool que
música com o gim. Achou que o homem da mesa da frente não a tinha
de bolso. Meio sem jeito, ele guardou o relógio, serviu-se de outra dose,
misericórdia. Então a encarou. Ela sorriu, e ele a saudou com uma leve
inclinação de cabeça.
Ele passou para a mesa dela e lhe serviu uma dose com muita
elegância.
— Saúde — disse.
mais.
— Negócios?
Ele respondeu:
E disse isso no tom típico que os homens usam quando querem que
E assim continuou rodeando o homem com seu tato fino, até enredá-
origem pelo sotaque e deu sorte na terceira vez: gringo hispânico. Tentou
que era engenheiro civil, e ela suspeitou de que fosse uma artimanha
mas ele nem tinha reparado nisso. Sem dúvida se deu conta de que ela
entendia de música e que ele não havia passado do Danúbio azul. Ela
contou que estava lendo Drácula, de Stoker. Ele o tinha lido no colégio e
por que Francis Ford Coppola tinha mudado isso em seu filme
Àquela altura, ela o conhecia como se tivesse vivido com ele desde
bom e covarde. Percebeu que ele estava intimidado pelos seus grandes
olhos amarelos e não os desgrudou dele. Então se sentiu forte para dar o
passo que não dera nem em sonho em toda a sua vida, e fez sem rodeios:
— Vamos subir?
Subiu para o quarto com o terror delicioso que não sentia desde sua
Lavou o sexo depressa, além das axilas e dos dedos dos pés macerados
pela borracha dos sapatos, pois, apesar dos suores da tarde, não tinha
pensado em tomar banho até o dia seguinte. Sem tempo para escovar os
quando sentiu que ele chegava. Ele se assustou, mas ela não lhe deu mais
a camisa e foi jogando tudo no chão por cima do ombro. Conforme fazia
homem tentou ajudá-la, mas ela não deu tempo. Quando ele estava
despido até a cintura, ela o sentou na cama e se ajoelhou para tirar seus
chão. Por fim, ajudou-o a tirar a cueca ao longo das pernas e percebeu
que ele não era tão bem-dotado quanto seu esposo, que era o único
sobre ele até a alma e devorou-o só para ela e sem pensar nele, até que
debaixo do ruído sufocante do ventilador, até que percebeu que ele não
respirava bem, aberto em cruz sob o peso do seu corpo, e se deitou de
barriga para cima ao seu lado. Ele permaneceu imóvel até que teve o
— O que é isso?
Ela falou dos hábitos das garças à noite. Depois de uma longa hora
das pernas e comprovou que ele inteiro era coberto por uma penugem
— Até que enfim — disse ela sem clemência — algo que não foi
uma honra.
novo, mas ele se revelou um amante sofisticado que a levou sem pressa
fez feliz.
rosada de uma seda tão pura que fez sua pele arrepiar. O homem,
acabou fazendo com que ele despertasse. Ele soltou um resmungo rouco
travessura, ela começou a tocar nele com a ponta dos dedos. Ele parou
um instante e tirou a camisola num puxão só. Mas quando voltou a ele
foram inúteis as suas artes, pois percebeu que ele fingia estar dormindo
para não satisfazê-la uma terceira vez. Por isso tornou a vestir a camisola
dor nas têmporas, nem a fria náusea, nem o desassossego por algo
desconhecido que sem dúvida esperava por ela na vida real. Pelo ruído
brutal de que havia fornicado e dormido pela primeira vez na vida com
um homem que não era o seu. Assustada, voltou-se para olhá-lo por
Acendeu as luzes e viu que a roupa dele não estava ali. Já a dela, que
tinha sido jogada no chão, agora estava dobrada e posta quase que com
amor na cadeira. Só então se deu conta de que não sabia nada dele, nem
mesmo o nome, e a única coisa que restava de sua noite louca era um
percebeu que ele havia deixado entre suas páginas de terror uma nota de
vinte dólares.
2
abomináveis. Ela sempre foi uma boa leitora. Faltou pouco para terminar
o curso de Artes e Letras, leu com rigor o que tinha de ler e continuou
livros da moda e sabia que não tinha tempo suficiente para se atualizar.
nem uma letra, nem pensar em outra coisa que não fosse sua noite
anterior.
que desde menina tinha como tão suas e onde na semana anterior
azuis. Filomena, a criada eterna, recordou a ela que tinha tirado tudo e
levado para o pátio, para que pegassem chuva, tal como ela mesma havia
própria, que sempre andou pela vida sem enxergá-la e só naquele ano,
Embora não estivesse ciente das razões de sua mudança, tinha algo a
ver com a nota de vinte dólares que levava na página cento e dezesseis
frustração de não saber quem era o homem que ela teria de matar por ter
mar se sentiu em paz consigo mesma por um ato sem amor que
qualificou para sua consciência como um assunto privado entre ela e seu
causava, algo que sentia arder como uma brasa viva, não tanto na sua
isso tinha acontecido alguma vez, a não ser nos poucos sábados em que
Ele olhou assombrado para ela. Essa pergunta, a mais comum até
nos matrimônios felizes, nunca tinha sido ouvida em sua casa. Então,
de assunto:
aterrorizou.
mentiu, por isso vinha sem ter tomado banho e com o suor de dois dias.
na viagem.
pouco mais velho que ela e com quem ficava de farra até o amanhecer. A
mãe não entendia aquilo, mas naquela tarde entendeu menos ainda que a
— Não vai me dizer que está com ciúmes da nossa própria filha.
Para ela teria sido um alívio dizer que sim, mas percebeu a tempo
que não era um bom dia para azedar uma conversa de amor. Ele
Ela teve uma só razão para titubear, e, para alguém tão escrupulosa
cachorro.
— Mais uma razão — acrescentou ele. — A água está deliciosa.
com que havia regressado da ilha, pôs tudo no cesto de roupa suja e
entrou no boxe. Ele cedeu a ela seu lugar no chuveiro e a ensaboou como
isso juntos. Um ensaboava o outro com tanto amor que muitas vezes
seda comprado por ela com o propósito de não estropiar suas costas com
os amores fulminantes.
surpresas. Até que descobriram por acaso uma marca que trazia
impresso seu anúncio publicitário: Next Time Buy Lutecian. Foi assim
que inauguraram uma longa época em que cada amor feito levava o
Sêneca.
retomavam sempre que podiam, e toda vez era um amor alegre em que
fazia mais de vinte anos. Para além de sua excelente qualificação como
contava uma piada melhor que ele, nem conhecia como ele danças raras
xadrez até a noite em que foi desafiado por Paul Badura-Skoda depois de
ambos quase se casaram com a irmã errada. Foi sua última gracinha,
porque nenhum dos noivos nem ninguém das duas famílias o perdoou
um só.
inspirada de Brahms era seu concerto para violino, e não entendia como
deixado de escutar música gravada; preferia a música lida, a não ser para
convencer os pais de que ser monja nesses tempos não era a mesma
opunha à sua vocação por motivos diferentes dos do pai. Para ele era um
problema era que tinha adquirido o belo hábito de não dormir à noite. A
com seu trompetista mulato. Não recorreram à polícia porque nos meios
da boemia juvenil não havia amigo que não soubesse onde estavam. E
apaziguá-la com a notícia insólita de que havia levado uma rosa para o
no limbo. Ainda bem que Micaela concordou por vários meses em não
virar a noite, a não ser nos fins de semana. Comia em família com
frequência, falava por telefone durante três horas por dia e se trancava no
um mal menor.
— Puta!
O silêncio que ficou depois do grito permaneceu vitrificado por
no quarto, mais por vergonha de seu ímpeto do que por rancor da filha.
uma nova atitude dos homens com relação a ela. Sempre fora assediada,
trazia na testa um estigma que os homens viam e que não podia passar
despercebido para alguém que a amava tanto e a quem ela amava mais
pacto de amor. Mas ela havia reincidido na volta da ilha, e ele ficou
Toda essa ordem mudou desde que ela voltou da ilha. Demorou
madrugada para fumar e dava descarga para se livrar das guimbas que
se levantava para fumar, mas ao contrário: fumava porque não tinha paz
para dormir. Às vezes acendia a luz para ler por escassos minutos,
perguntar:
peito um bater de asas de borboletas que não daria trégua até que
voltasse para a ilha. Foi um mês longo, e alongado ainda mais pela
incerteza. Sempre tinha sido uma viagem tão simples como um domingo
com o amante fugaz dos vinte dólares que já havia repudiado em seu
decidiu por outro, novo e refrigerado. Como não conhecia hotéis além
ferro nas três viagens anteriores. Não foi possível encontrar um quarto à
sua altura no auge de agosto, mas deram a ela um bom desconto para as
Das três e meia da tarde, quando chegou, até as oito da noite, quando
então ela se conformou com os da sua florista das vezes anteriores. Foi
ganhar espaço.
estava tão forte quanto em outros anos. Alguns túmulos já tinham sido
sem falar de sua vocação religiosa, o que não teria sido uma boa
referência para a mãe. Por último, com o coração na mão, fez a
reservado só para ela, e só para aquele momento. Contou a ela que tinha
sido com um homem sem nome nem alma. Estava tão convencida de
que ela mandaria seu sinal de aprovação que o esperou naquele instante.
Olhou a paineira florescida, cujos repetidos ramos iam com o vento; viu
o céu, o mar, o avião de Miami com mais de uma hora de atraso no céu
incessante.
anterior, pois seu cabelo era bom e domado e tinha se adaptado à sua
tentadora sobre o que poderia fazer com seu cabelo e terminou por fazer
um penteado de grande dama que ela mesma fazia sem tanta retórica
para suas noites mais comuns. Uma manicure maternal cuidou das suas
de toucador, e ela se sentiu tão bem que prometeu voltar no ano seguinte
na mesma data para tentar uma mudança de estilo. Gastón explicou a ela
que a conta ia para a fatura do hotel, menos os dez por cento da gorjeta.
Quanto seria?
sinal que esperava de sua mãe para cauterizar as feridas da sua aventura.
encantada, ao cabeleireiro.
som e luz disparou, e uma voz autoritária disse em três idiomas que ela
estava num quarto para não fumantes. Precisou pedir ajuda para
dela na banheira.
Quando desceu para jantar, eram oito. Pensou em pedir alguma coisa
pelo telefone para comer, para não precisar se vestir, mas o preço do
serviço de quarto fez com que decidisse comer como pobre na cafeteria.
O vestido de seda preta, tubular e longo demais para a moda, caía bem
estridente, decidiu voltar para o quarto e ler O dia das trífides, de John
casal haver terminado a exibição e a pista de dança ter sido invadida pela
clientela comum. Uma voz doce e varonil, muito perto de suas costas,
tirou-a da letargia:
— Vamos dançar?
Estava tão perto que ela percebeu o tênue cheiro do medo dele sob a
comprovar que seu corpo estava mesmo onde ela o sentia. Então olhou
de novo por cima do ombro, não mais para conhecer o dono da voz, mas
para se apropriar dele com os olhos mais belos que ele viu na vida.
— Você é muito gentil — disse com encanto. — Já não há homens
com todas as forças de seu corpo. Dançaram três valsas à moda antiga.
Ela supôs desde os primeiros passos, pelo cinismo da sua maestria, que
Ela sabia que era verdade, mas também sabia que ele teria dito
valsa, ele tentou apertá-la junto ao corpo, mas ela o manteve em seu
pela cintura com a ponta dos dedos, como uma flor. Ela correspondeu de
desde sempre.
de almofadinha. Tudo nele era tão falso quanto suas maneiras, mas os
sem aviso nem pedido de licença. Não era necessário: ela já antecipara
desenfreados, e ela sabia que ele só tinha uma coisa a dizer. Foi rápido.
apenas por uma noite em sua turnê triunfal pelo Caribe. Apareceu
porque mal se virava no bolero. Ela o conduziu com tato, e ele pegou o
passo. Ela o manteve a distância, desta vez não por decoro, mas para não
dar a ele o gosto de sentir em suas veias o sangue febril pelo champanhe.
Mas ele a forçou, primeiro com suavidade, depois com toda a força seu
braço na cintura. Ela então sentiu na coxa o que ele queria que sentisse
passeio pela praia. Ela dissimulou seu desgosto com uma frivolidade
compassiva:
— O que houve?
Ele propôs outros programas inocentes, talvez sem saber que quando
uma mulher vai embora não há ser humano nem divino que a detenha.
Finalmente se rendeu.
— Posso acompanhá-la?
porta não foi a lei, foi ele. Parecia uma figura de museu de cera na
Ele, por sua vez, sabia tudo. Modulou as luzes, pôs a música
modo muito cortês que ninguém poderia permanecer numa suíte depois
— O senhor me desculpe.
Desligou com a cara tomada pelo rubor. Ele, como se tivesse ouvido
— São mórmons.
lua na praia dali a uma hora e quinze minutos. Era uma novidade para
ela. Tinha uma paixão infantil por eclipses, mas a noite inteira havia se
ver o eclipse no suntuoso furgão dele, numa pequena baía escondida por
com uma lua solitária e triste. Ele estacionou ao abrigo das palmeiras,
então ela descobriu que o furgão não tinha nada mais do que os dois
ela sabia que era a única coisa digna que podia esperar dele desde que
mágico com que a despiu peça por peça, com a ponta dos dedos e quase
aos seus instintos primários para não se sentir menor, nem permitir-se
ele era, nem quis, até uns três anos depois daquela noite brutal, quando
turistas alemães dançou sem parar até a ilha. Ela buscou refúgio no
sabia que seu alvoroço era sincero. Correspondeu com a mesma alegria e
enterros.
evidente que ela se horrorizou com a ideia de que ele a visse com o
mesmo espanto com que ela o via. Permaneciam nele seus ímpetos de
ele mais nome e dinheiro que toda uma vida de código civil.
Seu único fracasso foi com Ana Magdalena Bach, que fechou o
caminho para ele desde a primeira tentativa aos quinze anos. Quando
ambos já estavam casados, e com filhos, ele reiniciou a ofensiva crua e
sério, mas ele endureceu sua tática até que encheu a casa dela de flores e
entanto, ela se manteve firme para não estropiar a bela amizade de uma
vida inteira.
Despediu-se dele no cais, pois mal tinha tempo de fazer o que devia para
regressar na barca das quatro. Ela respirou fundo. Tinha sonhado a cada
era absurdo esperar um ano inteiro para apostar o resto da vida ao acaso
alcance por uma casualidade afortunada, mas que ela a tinha escolhido,
arruinada pelo sabor ruim da nota de vinte dólares, mas o homem valia a
sobrenatural que deixou em seu ventre uma trilha de fogo seguida por
de se vestir para a noite num hotel tão pretensioso só podia levar ao risco
de que o amante casual não lhe deixasse uma nota de vinte, e sim uma
de cem. Então nessa terceira vez decidiu ser ela mesma, vestir-se como
ela mesma e reservar a liberdade de escolha para si, e não para o acaso.
entranhas encontrá-lo e levá-lo para a cama, desta vez sem susto nem
sua localização entre as árvores não podia ser melhor. O agitar de asas
turistas e achou que era o mais apropriado para a noite. Sentia-se dona
Tomou banho, viu-se no espelho tão bela e livre quanto a rainha asteca
que inspirou o huipil, a não ser pelos sapatos de verniz. Pensou que o
apropriado para seu traje de noite seriam os pés descalços, mas não se
atrás dela cobriu seus olhos com as mãos. Animada, ela tocou essas
— Eu me rendo — disse.
dois estavam sozinhos na ilha. Não sabia em que hotel estava, mas o
marido dela lhe informou pelo telefone, encantado que os dois fossem
jantar juntos.
Ela sentiu que o mundo afundava debaixo de seus pés, mas manteve
a serenidade.
— Na barca, você estava impecável — disse a ele com uma graça
calculada. — Dá para notar que a idade fez de você uma pessoa mais
ajuizada.
isso.
Ela não quis champanhe. Disse que estava com dor de cabeça pelo
almoço na barca e que sentia subir à garganta uma náusea gelada. Ele
pediu um uísque duplo com gelo. Ela se conformou com uma aspirina,
ainda. Ele se desafogou de uma paixão que havia crescido dentro dele
começou a ganhar tempo para que ele bebesse. Sabia que não era bom
precipício e deixou que ele despencasse sozinho. Ele sabia que ela
sentido em sua voz: ele chorava oceanos. Então se levantou da mesa sem
raiva.
resposta foi idêntica: não. Perder a noite era perder um ano, mas eram
ânimo com que regressava da ilha. O homem dos vinte dólares, cuja
desviava das divergências para não tropeçar nelas, como a sujeira que é
se dela numa noitada íntima, que teve como convidado o músico de jazz
Micaela chegou com uma hora de atraso e sem ter dormido, com o
huipil da mãe, seus eternos tênis, a maleta com seus artigos de toucador
dedicou a ela uma fala festiva com uma derradeira oportunidade para
fazer perguntas sobre suas noites na ilha. Pela primeira vez quis saber
quem ela tinha visto. Poderia ter contado a ele o incidente completo com
mas se deteve a tempo, para não dar a ele outro motivo para continuar
atribuiu isso à idade, mas a alguma suspeita que o marido pudesse ter de
situação, e então foi ela que começou a pensar que o marido sofria um
especial com suas alunas de música, mas ela não deu ouvidos a rumores
ele negou tudo. Disse, brincando, que era virgem, mas falou com tanta
convicção que ela se casou com a ilusão de que era verdade. Nada a
colégio que ela não via fazia anos perguntou num banheiro público
amigas.
muito fortes. Apesar de faltar menos de dois meses para o parto, não
que era uma impossibilidade biológica que restasse nele energia para
Mas, como o rumor persistia, ela pôs a batata quente nas mãos dele com
detalhadas demais de onde estava, o que tinha feito e com quem, sem
que ninguém tivesse perguntado. Certa noite, depois de uma
de Così fan tutte. Ela acabou de ler O ministério do medo, que tinha
correção:
Ele sabia que seu nome na boca da esposa era sinal de tempestade, e
— O que foi?
fui para a cama com alguém, há anos me advertiu que não queria saber.
ele fosse para a cama com outra, com a condição de que não fosse
sempre com a mesma, ou que fosse só uma vez. Mas na hora da verdade
voltou atrás.
— Essas coisas a gente diz por aí — falou ela —, mas não para
— Se eu disser que não, tenho certeza de que você não vai acreditar
— falou ele —, e, se disser que sim, você não vai suportar. O que
fazemos?
Ela sabia que um homem não daria tamanha volta para dizer que
saber de tudo. Para ele, porém, o pior tinha passado, e contou tudo com
um desinteresse calculado.
Tinha sido uns doze anos antes, no hotel de Nova York onde ele
— Você pagou?
Ele respondeu que não, porque não era uma prostituta. Ela se
manteve firme:
acredite que um homem não sabe quanto custa uma puta de hotel?
— Pois olha só, não sei — disse —, e muito menos se for chinesa.
tivesse achado que era uma puta e não quisesse acordá-la antes de ir
embora?
— Vinte dólares?
— Não sei — respondeu. — Pode ser que sim, pelo custo de vida
Ele não conseguiu segurar o riso, e ela se juntou a ele. Mas parou de
dormindo.
merda.
Ele precisou engolir a raiva. Teria dado tudo para aniquilá-la com
uma réplica mortal, mas a vida lhe ensinara que, quando uma mulher dá
sua palavra final, todas as outras sobram. E por isso não tornaram a
renovado, limpo e mais caro, mas sem nenhum dos empregados de seus
primeiros tempos.
reserva confirmada.
Ela não conseguiu ler sem os óculos, mas entendeu sua indignação.
havia um quarto disponível num hotel duas estrelas, mas limpo e bem
pegou sua maleta com a mão esquerda e com a outra tomou o braço de
tanto abusiva.
Foram num automóvel novo dirigido por ele à beirinha da lagoa. Ele
Ela percebeu que ele era um visitante assíduo da ilha e contou que
havia anos que ela também visitava o local, para pôr um ramo de
Explicou a ele que os gladíolos não eram muito comuns, mas que
alguém os havia levado para a ilha e eles tinham conquistado uma fama
e achou que ela ia precisar de algo mais para o cemitério. Mas ela o
Para chegar ao hotel tiveram que dar a volta na lagoa até onde
juntos?
disse ao recepcionista.
enquanto eles riam da própria travessura, e por fim disse que podia
conseguir outro quarto, mas em um andar diferente e sem vista para a
O quarto era pequeno, com ares de cabine, mas com uma cama que
dava para três, algo que parecia ser um diferencial da ilha. Abriu a janela
continuava, mas ela confiava que haveria uma trégua para chegar ao
levara ao cemitério não conseguira subir até o topo pelo mau estado da
pista, e a única coisa que o chofer aceitou foi esperá-la numa esquina até
ela voltar. De repente ela tomou consciência de que no dia vinte e cinco
de novembro teria cinquenta anos, a idade que mais temia, não muito
menos do que tinha a mãe quando morreu. Viu-se do mesmo modo que
como certo que havia perdido outro ano, pois não achava possível
rendeu: sairia do jeito que fosse para ver o que aquela noite de lobos
banho a tinha feito se sentir mais miserável ainda, e uma rajada de ódio
encontrado por acaso no hotel onde estava reunido com seus clientes e
que achou natural mandá-los para que ela levasse ao túmulo da mãe. Ela
cemitério, mas não seria nada estranho que já estivessem ali antes. De
pensarmos.
dava para ouvir os uivos do vento na lagoa. Mas de repente gritou para si
inesquecível.
mocassins brancos. Ela confirmou sua primeira impressão de que ele era
melhor para sonhar do que para dançar. Entrou com grande desenvoltura
pouco perdida, pois parecia falar não tanto para dizer, e sim para ocultar.
Ficou surpresa que ele não fosse habilidoso com as bebidas e que
tivesse esperado que ela escolhesse seu gim de costume antes de pedir
garçom decidisse por eles. Porém, o mais surpreendente foi que com
encanto, nem mesmo quando soltou duas ou três piadas tão simples e
mal contadas que ela não conseguiu entender e teve que rir por cortesia.
ele confessou que não chamava sua atenção porque era surdo para
passo, mas ela o ajudou tão bem que ele pôde ter ficado com a impressão
xingou por sua fraqueza e mais ainda quando viu passar um homem que
ela teria escolhido de olhos fechados, enquanto seu anfitrião era tão
decente que não dava um passo em falso, a não ser na hora de dançar.
Ela se sentia bem e bem tratada, mas numa noite sem futuro.
debaixo de uma lua quimérica. Ela não o interrompeu. Eram onze e dez,
e até o bar do hotel deles já devia estar fechado. O que mais a indignava
era não ter nada a reprovar em seu anfitrião, pois sua única falha era não
música.
silêncio absoluto até a porta do quarto. Ela deixou cair a chave e ele a
pegou, abriu a porta com a ponta dos dedos, entrou sem convite nem
que ele lhe estendeu a mão em silêncio. Ela lhe deu a sua e se deitou a
seu lado, atordoada pela batida do seu coração. Então ele deu um beijo
enquanto tirava sua roupa peça por peça com uma maestria mágica nos
perdido a noção de si mesma. Não sabia onde estava nem com quem, até
bebê no berço. Acariciou com seu indicador tênue a pele curtida pela
desfrutou das carícias sem abrir os olhos, com tanto domínio como o
— Perpétua.
— É uma pobre santa que morreu pisoteada por uma vaca — disse
ele de imediato.
mais: era a confirmação rigorosa do que ela tinha pensado dele durante o
intrigado:
— Os bispos.
Ele soltou uma gargalhada radiante pela própria brincadeira, mas foi
penitência, contou a ela uma versão da sua vida atual. Havia trabalhado
Curaçao, e tinha que visitar a ilha várias vezes por ano. A princípio, seu
poder de persuasão foi tão forte que ela se sentiu vencida, mas
prevaleceu a certeza de que era tarde demais para ser feliz três vezes
voltar à ilha pelo menos duas vezes por ano, e uma delas poderia ser
verdade, mas teve a força para não parecer uma mulher tão fácil quanto
de Deus.
agradecer nem a perguntar o que ele deixaria por terror à resposta, mas,
assim que o ouviu sair, correu nua e ensaboada para examinar o livro na
dados para ser encontrado. Não rasgou, como sem dúvida teria feito com
qualquer outro, mas deixou onde estava até que pudesse levá-lo para um
lugar seguro.
6
chamasse sua atenção nos dados reais do homem da noite anterior, com
rastro que pudesse suscitar qualquer suspeita em sua casa, por isso
das gaivotas.
seus. A filha tinha assimilado a vida do convento sem modificar seu jeito
família. O filho quase não tinha tempo livre entre seus namoros
cama. Para ela, por sua vez, o paradoxo mais estranho era comprovar
os muito casuais que havia provado em suas noites escassas. Sua maior
mas pelo pavor de que ele tivesse um vislumbre do que ela fazia na ilha
suas viagens anuais, para que ele não tivesse a ideia de acompanhá-la,
ou para não suscitar quaisquer dúvidas masculinas, que são as menos
Eram anos simples em que não havia tempo nem ocasião para
traições ou suspeitas, e ela levava com rigor as contas de seus ciclos para
os amores que faziam de rotina. Não saíam da cidade sem que ela
vez, porém, sentiu uma pontada no coração quando ele chegou com
vigiava, examinava até a costura dos bolsos e pela primeira vez começou
que tinha rasgado o cartão de visita e não se sentiu capaz de ser feliz
sem ele, mesmo que fosse apenas na ilha. Era tão evidente seu
O terror agravou a sua insônia até o amanhecer, pois ela mesma não
acaso com algum de seus cúmplices na ilha, até a maldita noite em que
mesa teria sido capaz de entender sem muito esforço. Por sua vez, num
sozinhos numa vida diferente. Mas o que ela via de frente tinha um
pela primeira vez teve a impressão de que o conhecia. Mas apesar do seu
esforço não conseguiu recordar quem era nem onde o havia visto antes.
Mais de uma vez perdeu o fio da animada conversa das amigas, até que
lembra alguém.
— Até que não é de todo ruim — disse uma delas sem interesse, e
retomaram a conversa.
Mas Ana Magdalena continuou tão inquieta que não foi fácil pegar
primeira vez ela se perguntou por que não se atrevia a fazer na cidade a
mesma coisa que fazia na ilha, já que ali dispunha do ano inteiro com
dela haviam tido amores furtivos até onde o corpo permitiu e tinham ao
que só era possível de entender como uma argúcia póstuma de sua mãe.
arrastar com ela algumas amigas aleatórias para evitar qualquer equívoco
Era o mesmo da sua primeira noite na ilha, que havia deixado entre as
uma nota de vinte dólares para atirar na sua cara, mas cada vez tinha
menos clareza sobre qual deveria ser a sua atitude, pois, conforme se
rastro dele nos arquivos. Revisitou ansiosa outros lugares onde estiveram
juntos e encontrou tudo que é tipo de homens solitários e sem rumo que
teriam bastado para aliviar sua noite, mas nenhum pareceu suficiente
a chuva se adiantasse.
cumprir logo e sem dor a rotina do ano até o encontro com sua mãe. A
mesma florista de sempre, mais velha a cada ano, a confundiu com outra
sempre, mas com uma enorme falta de vontade e quase pelo dobro do
preço.
quem as teria posto ali, perguntou ao zelador sem a menor malícia, e ele
— O senhor de sempre.
Seu desconcerto foi maior quando o zelador explicou que não tinha a
Tantas e tão caras que lhe doía tirá-las do túmulo enquanto restasse nelas
flores e do tamanho das gorjetas, nem tinha comentado com ela em suas
negócio próprio que ninguém sabia dizer qual era e que talvez nem tenha
existido.
vislumbrou o mistério das três ou até quatro visitas que sua mãe fazia à
então a filha vislumbrou a razão das viagens que a mãe havia feito nos
seis anos anteriores à sua morte com a mesma paixão com que ela fazia
as suas. Considerava que aquela razão da mãe poderia ser sua mesma
revelação de que o milagre de sua vida era ter continuado a de sua mãe
morta.
rumo nem sentido por periferias pobres e se encontrou, sem saber como,
— Nem tão perto quanto você gostaria nem tão longe quanto você
crê.
terraço ao ar livre estava ocupado por uma clientela jovem que dançava
com vontade ao som de uma orquestra juvenil, e ela não pôde resistir à
mesa contígua: ele, jovem e atraente, e ela talvez mais velha, mas
Nos vazios da música faziam uma pausa intensa para não serem ouvidos
em linha reta até a porta sem olhar para ninguém, altiva e formosa, no
lugar.
Ela se surpreendeu:
— Que homem?!
O coração dela se torceu ao pensar que ele falava com ela como se a
Ele percebeu que ela se referia ao incidente com a mulher que tinha
E continuou até o arremate final: — Você, por sua vez, não tem razão
sozinhas.
noite de sorte.
preâmbulos, e ela se sentia tão triste e solitária que não o impediu. Ele
pediu para ela uma taça do seu gim favorito, e por um momento ela se
visita de seu último homem, e não se sentia capaz de ser feliz sem ele
naquela noite, mesmo que fosse apenas por uma hora. Então dançou
desanimada, mas o homem dançava muito bem e fez com que se sentisse
melhor.
não suportou a vulgaridade da piada e estendeu a mão para ele com uma
expressão severa. Ele notou seu erro e lhe devolveu a chave. Ela a
como esta.
para acompanhá-la. Talvez ele mesmo não soubesse, mas ela acreditou
mais lhe fazia falta. Havia dormido com a luz acesa enquanto discutia
era, até que quem batia deixou de bater. Então ela se acomodou na cama,
Não havia dormido mais de quatro horas quando foi acordada pela
recepção para que não perdesse a barca das oito. Ela saltou da cama
como não tinha conseguido saltar a tempo em suas noites ruins na ilha,
mas teve que esperar duas horas pelo zelador do cemitério para ser
o esposo e mentiu que havia perdido a barca, mas que iria sem falta à
tarde.
com a mesma idade daquele dia, com o véu e a grinalda com que havia
tinha determinado em seu último suspiro. Não só a viu como tinha sido
pela mãe lá da morte, amada e chorada por ela, até que o corpo se desfez
que restavam dela mesma dispersas pela ilha. O mar era um remanso de
À
ouro debaixo do sol da tarde. Às seis, quando o marido a viu entrar em
surpresa.
espanto dele.
conto do livro, “Em agosto nos vemos”. García Márquez o tinha lido
“‘Em agosto nos vemos’ fará parte de um livro que incluirá outras três
escritas, e é provável que inclua uma quarta, porque, pelo que ele
Alguns anos depois a sorte fez com que meu destino se cruzasse com
editor de plantão para suas memórias. Seu editor habitual, meu querido
cuja leitura mudou seu universo narrativo, na verdade não havia sido
afirmasse isso nos créditos. Ainda que ele estivesse em Los Angeles
título, para evitar um conflito com outro autor. Embora um acaso tenha
regressaram à sua casa no México, onde foram recebidos por uma nova
editor Antonio Bolívar. Depois de limpar sua mesa das versões antigas e
notas do livro entregue, recebeu a notícia de que sua mãe tinha morrido
“Ela”, e outro intitulado “Em agosto nos vemos”. De agosto de 2002 até
de então e até o final de 2004, que ele acumulou até cinco versões
uma versão que tinha trazido de Los Angeles. Todas essas versões
Carmen Balcells, para trabalhar com García Márquez num livro que
reuniria seus textos para serem lidos em público e que seria publicado
dois anos mais tarde com o título Eu não vim fazer um discurso. As
frequentes visitas ao escritório dele, pelo menos uma vez por mês, se
traduziram numa longa conversa sobre os livros, autores e temas que ele
que se tratava de uma mulher madura e casada que visita a ilha onde está
México, a primeira coisa que fiz foi perguntar a Gabo pelo romance e
provar que tinha, sim, um final, pediu a Mónica a última versão, sempre
nas pastas alemãs Leuchtturm em que encadernava seus manuscritos, e
mas uns meses mais tarde me permitiu ler três capítulos em voz alta ao
tema original que não havia abordado antes em suas obras, e a esperança
havia lido.
da última versão, mas a revisão do texto foi por um bom tempo a melhor
maneira de ocupar seus dias no escritório fazendo o que ele mais gostava
desta edição.
naquela nossa primeira conversa: “Quero que você seja o mais crítico
possível, pois uma vez que eu puser o ponto final já não volto a revisar
um livro, mas torná-lo mais forte com o que já está na página, e foi essa
mesmo respeito e assombro que senti nas dezenas de vezes que li este
texto, leituras nas quais sentia a presença de Gabo sobre meu ombro,
decidiu abrir para mim a porta de sua casa, além do escritório, sempre
com seu sorriso que era um homem. Sua lembrança durante esses meses
Fevereiro de 2023
O original
Primeira página da pasta destacada como “Versão 5”. Em seus últimos anos, García Márquez foi
consolidando nesta versão anotações que havia feito em versões anteriores. Embora nesta
primeira página leia-se “Grande OK final”, a versão ainda contém fragmentos que foram
corrigidos na versão digital em Word, guardada por sua secretária, Mónica Alonso.
Página 3 da versão 5
Nesta página podem-se apreciar as marcas de correção feitas por García Márquez no texto em
leituras posteriores. A referência à protagonista “às vésperas da terceira idade” aparece marcada
com um ponto de interrogação e desaparece na versão final, já que Ana Magdalena Bach tem
quarenta e seis anos. Outras pequenas variações são provenientes da versão digital em Word.
Página 10 da versão 5
desaparece na edição final. No sexto capítulo, a protagonista encontra este mesmo homem na
cidade, mas leva um tempo para identificá-lo porque o conhecera sem bigode: “Só então se deu
conta de que talvez não tivesse conseguido reconhecê-lo por causa do bigode de mosqueteiro que
Nesta página, pode-se apreciar, como em muitas outras, correções feitas à mão pela secretária de
García Márquez, Mónica Alonso, quando acrescenta um adjetivo como “ardente”. Era comum
em algumas sessões que ela lesse o texto para ele e García Márquez lhe pedisse que fizesse
alguma mudança. Ao mesmo tempo, outras alterações iam passando à versão em Word, como a
romances uma única linha que não seja baseada na realidade.” Ele foi,
Imprensa S.A.
Em agosto nos vemos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gabriel_Garc%C3%ADa_M%C3%A1rquez
https://www.skoob.com.br/autor/37-gabriel-garcia-marquez#
https://www.goodreads.com/author/show/13450.Gabriel_Garc_a_M_rquez
https://www.skoob.com.br/em-agosto-nos-vemos-122397569ed122398866.html
https://www.goodreads.com/book/show/208814137-em-agosto-nos-vemos?ac=1&from_search=t
rue&qid=os2c4IGHvv&rank=1