Você está na página 1de 161

Beije-me da forma como quer ser

amado
Beije-me da forma como quer ser amado
Mara's L
Published: 2022
O acordo entre Taehyung e sua namorada, Tzuyu, era um ménage como presente de aniversário a pedido
dela. Infelizmente, Taehyung não imaginava que ao pedir a seu colega de apartamento - Jeongguk - para ser
a terceira pessoa do ménage o levasse a ansiar pelos beijos do outro. Jeon Jeongguk era perfeito em tudo e
Taehyung, até então, preocupado em perder sua namorada para o outro homem, se esqueceu de proteger a
si mesmo contra a sedução de Jeongguk. O que ele vai fazer agora com toda essa necessidade dos beijos de
Jeon jeongguk? " - Você está me olhando como se gostasse de mim. - Definitivamente eu não sei se amava
ou odiava o que estava sentindo, era um misto doloroso entre vergonha e encanto; um frio descendo através
de minha pele. - Eu gosto de você. - Admito. - Você está bêbado. - Você também. - Se continuar a me olhar
assim em pouco tempo estará apaixonado por mim. - Murmura antes de me arrancar um selinho. - Você diz
isso como se não quisesse. Seria bom já que você está caidinho por mim. - Rebato dando-lhe mais um selar.
- Se eu disser que tem razão, vai acreditar? - Não sei, me beija. - Jeongguk franze a testa. Seguro os dois
lados de seu rosto, o aproximando de mim mais uma vez. - Me mostre, me beije da forma como quer ser
amado. " Obs: A arte visual da capa não é autoral.
Capítulo 1

Eu estava atônico. Eu não sou um cara antiquado. É o século XXI, eu captava a modernidade. Meus pais
também seguiam o ritmo das novas formas de ensino, mas tem coisas que eu não conseguia compreender.
Mesmo que eu tenha vinte e três anos. Mesmo que eu tenha nascido na Era tecnológica. Ainda assim, isso
era demais para mim.
- Vai ser bom para gente amor... você parece que vai surtar. - Tzuyu me olha atenciosa, aqueles olhos
verdes que me encantaram desde o primeiro dia em que a vi no estágio. Seus cabelos hoje pendiam em um
rabo de cavalo, os cachos para todos os lados. Ela era a coisa mais linda que eu já vi. Mas agora, bem nesse
momento, olhando para o rosto que eu tanto amo, me deu uma leve vontade de correr. Quando eu disse que
a amava e faria tudo por ela não passara pela minha cabeça esse tipo de coisa.
- Você não acha que está pedindo um pouco demais ? Não quer outra coisa de presente ? Eu posso arrumar
um jeito e te dar um carro! Muito mais útil. - Revirando os olhos, leva a mão tatuada a testa. Gesto único de
quando ela estava ansiosa.
- Foi muito difícil para mim ter coragem e te pedir isso porque eu tinha receio de que você me ignorasse ou
me tratasse mal. - Ela faz um leve biquinho.
Fofa. E muito mentirosa porque ela sabe que eu nunca faria isso.
- Amor, eu nunca te ignoraria! É só que... é ... estranho. - Murmuro.
Não sei se queria ver minha namorada ficando com outro cara na minha frente. A ideia de vê-la se deleitar
sexualmente com outro homem me deixava ansioso e impotente.
- Eu não te satisfaço ? - Essa conversa estava indo para lugares que eu não esperava. Ela estava fazendo
vinte e dois anos, quando me mandou mensagem de manhã, achei que era para irmos comprar seu
presente. Tzuyu preferia que eu fosse com ela ao invés de tentar surpreende-la. Ela odiava supressas e eu
odiava faze-las. No entanto, quando ela me contou que queria um ménage a trois eu nunca me senti tão
subestimado.
Eu entendia. Mas eu não entendia. Entendeu ?
- Não é isso Taehyung e você sabe! É que... eu queria experimentar. E isso é algo que tenho em mente a
tanto tempo e estamos juntos a mais de três anos. Pensei que você não acharia nada demais. - Tzuyu usa
sua voz manhosa. Eu sempre perdia para aquele tom.
- Mas não é a mesma coisa que me pedir para ir com você a um spar sabe ? É eu ter que assistir outro cara te
tocando! Eu não quero ver isso. - E se pensar mais a fundo, teria de ver outro cara pelado. Quanto mais
analisava o cenário, menos gostava do que via.
- Você pode ao menos pensar sobre isso ? Eu realmente fico excitada pensando que teria você e um outro
cara me dando prazer. - Queria dizer que isso era muito egoísta da parte dela. Mas me mantenho quieto. -
Pode pensar sobre isso ?
- k. - Digo sob um suspiro cansado.
- Não faz 'k' para mim. Isso é rude. - Dessa vez eu reviro meus olhos. - Saia da caixinha patriarcal Taehyung.
E vai ser só uma vez, e quem sabe você goste! Pensa com carinho por mim! Ein ?
Segurando minha mão ela distribui beijos rápidos em meus dedos. Um sorriso ridiculamente fofo
estampado. Se fosse qualquer outro pedido, eu já teria cedido. Não sou um cara difícil, quando amava
alguém eu ia com tudo por essa pessoa. Mas Tzuyu me pedia algo realmente complicado de aceitar.
- É muito difícil sair da caixinha patriarcal. E não é sobre isso. - Aponto, checando se eu estava indo por um
raciocínio coerente. Achava que sim.
°°°
A primeira vez que nos vimos foi há três anos atrás, eu tinha dezoito anos. Tzuyu surgiu em meio ao meu
estágio, ela era de outro setor, mas tínhamos amigos em comum na empresa. Eu nunca fui do tipo que me
achava, mas sei que não era um homem feio. Minha altura batia com a média dos caras da minha idade,
minha mãe dizia que meu cabelo ondulado era o meu diferencial. Tzuyu diz que ama meus olhos e minhas
sobrancelhas. Me achava bem diagramado. Nada demais, existiam homens muito mais bonitos que eu, mas
meu charme existia e era visível. Com toda certeza achava que minha personalidade somava a aparência,
assim eu podia apresentar a sociedade um pacote completo.
No entanto, eu não era tão confiante assim. Tzuyu era perfeita. Não apenas aos meus olhos enquanto
namorado dela, mas para todos que podiam enxergar. O corpo esbelto, apesar dela odiar seus seios
pequenos eu os achava lindos, formava todo o belo que ela é. Os cachos soltos que enchiam em volta de seu
rosto, e sempre tampava a pequena face. Os olhos verdes que contrastava com a pele amarronzada; graças a
sua mãe de origem japonesa e seu pai holandês nasceu a pessoa mais linda e importante na minha vida.
E eu não fazia ideia de como ficamos juntos por tanto tempo. Mas dei meu melhor para esse
relacionamento. Tzuyu sempre teve a mente mais aberta e ela era abertamente bissexual. Antes dela não
entendia muito sobre essas coisas, mas ela me explicou com todo seu carinho conforme o tempo foi
passando, aprendi muito com ela.
Mas acho que não aprendi tanto assim.
Era egoísta não querer ver minha namorada fodendo com outro cara na minha frente ? Eu penso que não.
E, isso me fazia sentir como seu eu não fosse o suficiente. Ela disse que não era sobre isso. Mas não
conseguia desviar desse sentimento. E se esse cara fosse muito melhor que eu ? E se ela o preferisse a mim ?
A questão da baixo autoestima nunca foi minha realidade em tudo, mas agora tá sendo.
Passo a mão pelo cabelo exasperado. Após deixar Tzuyu em seu apartamento voltei para casa. Eu morava
com mais três pessoas, dividíamos uma casa.
O dono era o falecido avô de Wooyoung e ele alugava os quartos para mim, Nayeon e Jeongguk. Nayeon era
a única mulher da casa, não era um problema, todos nós a respeitávamos, ela que não nos respeitava. E era
extremamente bagunceira. E tinha Jeongguk, ele chegou a seis meses atrás. O cara parecia um príncipe e
digo isso porque ele se portava como um, falava como um e o tratavam como um.
Nayeon nunca me tratava bem, mas com Jeongguk ela praticamente lambe o chão onde ele pisa. Bem que
era óbvio que ela queria pega-lo, mas pelo jeito suas investidas não eram retribuídas. Wooyoung amava o
cara, mesmo eu sendo seu amigo a mais de quatro anos.
E se Tzuyu transasse com um cara tipo Jeon jeongguk? Eu seria embalado e jogado no lixo em pouco
tempo.
Ok, estava me pondo muito para baixo, precisava parar com isso.
- Ei, tudo bem Taehyung ? Parece meio chateado. - Como se ele pudesse ler minha mente, Jeongguk aparece
com duas latas de cerveja, me estendendo uma senta-se na poltrona ao lado do sofá.
- Eu estou bem. Apenas pensativo. - Ele acena, abrindo sua cerveja com calma. Jeongguk tinha algumas
tatuagens no braço esquerdo.
Não era difícil ver a beleza dele, qualquer pessoa, seja hétero ou não, podia ver. Seus cabelos caiam sobre
seus olhos, tão pretos quanto seus olhos. Possivelmente tinha ascendência asiática, seus olhos eram
repuxados, enfim, até seu nariz era bonito. E ele tinha um piercing no lábio inferior. Tzuyu disse que ele era
muito gato. Até Wooyoung disse que ele era gato.
Seu corpo nem era tão forte, mas ele era um tanto quanto mais musculoso que eu. E talvez uns poucos
centímetros mais alto, no entanto, eram quase imperceptíveis.
Seus olhos recaem sobre mim.
- Se continuar me olhando assim vou pensar que você está afim de mim. - Murmura antes de tomar um
gole.
- Sonha. Eu sou muito bom para você. - Jeongguk sorri.
Aquele sorriso.
Eu nunca havia notado sorrisos de outras pessoas sem ser o de Tzuyu. Ela tinha um dos melhores sorrisos,
mas acho que é porque eu era apaixonado por ela, então me rendia fácil. Mas Jeongguk tinha um sorriso
muito bonito. Seus dentes perfeitamente alinhados, nunca mostravam a gengiva. Todo seu rosto se
iluminava com o simples ato, certeza que ele poderia ter qualquer garota apenas sorrindo. Se quisesse
poderia ganhar rios de dinheiro sendo garoto propaganda. Passei minha adolescência toda com aparelho e
mesmo assim nunca chegaria a perfeição do dele.
- Algo o está incomodando ? Quer compartilhar ? - Outra coisa sobre Jeongguk: ele era muito legal. Não
tinha como odiá-lo. Até Nayeon sendo odiadora natural de tudo e todos não consegue. Esse cara parecia ser
o protagonista de um conto de fadas da Disney.
- Meio que sim. - Não me sentia seguro em contar sobre isso, mas Jeongguk parecia ser tranquilo e sempre
se mostrou ser muito receptivo. Se eu falasse isso com Wooyoung, sendo o grande idiota que ele era, iria me
zoar e por merdas na minha cabeça. - É que... você já fez menage a trois ?
Jeongguk nega.
- Não. Por que ? - Apoio minha lata parcialmente cheia na mesa de centro e me viro para ele.
- Essa conversa pode ficar aqui ? Só entre eu e você ? - Me imitando, Jeongguk deixa sua lata na mesa e se
vira em minha direção, pondo seus cotovelos nos joelhos.
- Claro.
- Tzuyu quer fazer um menage a trois como presente de aniversário. E eu... não sei se quero. Na real, não
quero. Mas acho que ela vai ficar chateada se eu disser não. Porque ela quer muito isso. Eu não sei o que
fazer.
- Diga a ela que você não quer. Não pode se forçar a fazer algo no qual não se sinta confortável. - Jeongguk
me olhava atento, os olhos escuros pareciam carregar todo o conhecimento do mundo.
- Você não conhece a Tzuyu. Ela vai falar disso o tempo todo. - Me jogo no sofá exausto de tanto pensar
sobre isso. - Quando ela quer algo, ela se esforça muito para conseguir. E é apenas questão de tempo. Nem
sei porquê estou me martirizando. Vou ceder mesmo não querendo.
Olho para Jeongguk e sua testa franzia.
- Eu sei que sou ridículo. - Murmuro.
- Você não é ridículo, talvez influenciável e fácil. Mas não ridículo. - Reviro meus olhos para esconder a
vergonha. - Como pretende fazer isso estando desconfortável ?
- Eu não sei. Talvez eu não olhe, ahhhh - Imagino as mãos de outro homem no corpo dela e me arrepio de
nervoso. - Por que ela não podia pedir um menage com outra mulher, seria mais fácil.
- Talvez não. - Jeongguk murmura. - Mas entre um casal que se propõe a experiências novas sempre há
regras, você pode ditar algumas para não fazer do momento tão estranho.
Me sento ereto com a luz que Jeongguk me deu.
- Você tem razão! Tipo, sem tocar nela. - Digo sorrindo.
- Não acho que seja tão restrito assim. Mas sexo pode não ter penetração. - Inclino minha cabeça, pensando
sobre isso. - E também, vocês podem escolher o outro participante juntos.
Volto a estremecer com a ideia de escolher um outro homem para se deitar com Tzuyu. Me jogo no sofá
mais uma vez, desanimado.
- Mesmo com as regras, ainda assim terá outro homem. Ela acha que é fácil, mas fala sério a ideia disso me
deixa estressado. - Jeongguk encolhe os ombros e volta a beber sua cerveja.
Ele havia desistido. Eu também desisti. Poderia deixar rolar até o dia e se eu surtasse Tzuyu terminaria
comigo. O pior cenário seria esse. O menos pior seria eu não surtar na frente de Tzuyu enquanto ela
experimentava as mãos de outro homem. E o cenário bom o suficiente seria eu conseguir finalizar mesmo
não estando duro, mas mesmo assim Tzuyu iria ficar puta comigo. Sabia que mesmo que o foco fosse ela, se
eu não me excitasse ela poderia me expulsar do quarto! Ok, esse não era o melhor cenário.
- Você faria isso ? - Pergunto curioso a Jeongguk. Ele me olha sério. Por vezes, eu me sentia incomodado ao
encara-lo de volta. Seus olhos eram como se fossem um buraco negro.
- Sim. Não vejo problemas, afinal é fácil ficar excitado. Homens não assistem pornô juntos ? Seria quase a
mesma dinâmica. - Dessa vez eu franzo minha testa.
- Você assistia pornô com seus amigos ?
- Sim. Pornô lésbicos. - Sorrio. Essa era a primeira vez que conversávamos sobre algo pessoal. Ele quase não
ficava em casa e por muitas vezes nos desencontrávamos. - Não vai me dizer que você nunca ?
- Ok, eu já fiz isso. Mas eu nunca fiz banheirão! - Jeongguk gargalha. Até seus risos soavam melódicos.
- Às vezes Taehyung a gente descobre desejos muito excêntricos. Talvez Tzuyu tenha razão e você precise
olhar isso por outro ângulo. - Sua face volta a ficar séria.
- Outro ângulo seria uma mulher. - Murmuro.
- Se você conseguir fazer esse, na próxima pode ser sua vez de escolher. Troca justa.
- Seria melhor fazer com alguém desconhecido ou conhecido? - Me questiono, passando minhas mãos pelo
meu cabelo. Provavelmente já estaria cheio e descabelado. Eu tentava manter uma rotina, mas meus cachos
eram largos, muito maiores que os de Tzuyu, eram complicados de definirem e eu pouco me importava em
tentar. Pelo menos eram brilhosos.
- Desconhecido, prós, nunca mais precisam se ver. Contras, pode ser estranho esse confronto, já que vai
depender dessa pessoa e se a vibe vai bater. Se for conhecido, contras, você terá que olhar na cara dessa
pessoa se tudo der errado, prós, se for alguém de boas, vai ser apenas mais uma experiência de vida. -
Jeongguk falava com tanta firmeza que eu comprei seu discurso.
Ele tinha razão. Quer dizer, o maior problema aqui era eu ter que ver minha garota nas mãos de outro
homem, se esse sujeito for estranho a mim e se por acaso eu não gostar nada dele, tudo se tornaria um
desastre antes mesmo de começar. Mas se fosse alguém que eu conheço talvez se tornaria uma experiência
menos pior. Seria bom ser uma pessoa que me passe confiança, que eu não veja muito, e que me prometa
não tocar no assunto nunca mais.
Olho para Jeongguk ao meu lado. Ele seria uma escolha razoável. Eu sei que Tzuyu não faz seu tipo, ele
disse isso numa das poucas vezes em que todos estavam em casa. Nayeon o encheu de perguntas e ele
confirmou que não se sentia atraído por garotas do tipo de Tzuyu. Para aumentar o sorriso de Nayeon, pois
ela era o total oposto.
Arregalo meus olhos para ele. Seria perfeito! Ele não sentia atração por Tzuyu! No máximo, ele poderia se
sentir excitado na hora, afinal quem não ficaria com uma mulher nua e molhada para você. Mas Jeongguk
era o cara mais tranquilo que eu já conheci na vida, além de ser bom com segredos. Até hoje não sei o que
aconteceu no quarto dele entre ele e Nayeon. Foi num dia em que ela chegou chorando muito, os dois
encharcados de água. Eles foram diretos para quarto dele sem dizer nada. Wooyoung tentou arrancar a
informação dele varias vezes, mas o cara era firme em suas convicções.
Jeongguk poderia tocar minha namorada. O cara era quase digno disso. E a melhor parte: ele nem a quer.
- Você aceitaria fazer um ménage comigo e Tzuyu ? - Jeongguk arregala os olhos, visivelmente surpreso.
Minha mãe sempre me disse que eu era oito ou oitenta e que nunca pensava muito sobre o que ia dizer aos
outros. Velhos hábitos nunca mudam.
- Tá falando sério ? - Afirmo e me aproximo mais dele, indo para a borda do sofá.
- Quer dizer, seria estranho, mas pelo menos você não contaria isso para ninguém e é um cara legal.
- Você tem certeza do que está falando Taehyung ? Eu tocaria sua namorada. - Ele fala lentamente, quase
como se eu fosse uma criança.
- Sim. E você apenas a tocaria. Nada de penetração. Eu acho que me sentira menos pior se fosse você. - Eu
deveria pensar melhor sobre isso, mas se eu parar para analisar mais eu desistiria. E Tzuyu provavelmente
escolheria um cara de índole perigosa, porque Tzuyu tinha algo por bad boys. Outro motivo pelo qual não
sei porque ela me escolheu.
- Taehyung, eu não sei. Você parecia incerto agora pouco. De onde veio tanta convicção ?- Jeongguk passa
sua mão pelo cabelo que seguem perfeitamente os movimentos de seus dedos e retornam a posição
original.
- Jeongguk eu amo minha garota. E tipo, sendo justo comigo mesmo, isso vai acontecer, quer eu queria ou
não. E também porque você disse que não sente atração por ela, isso me deixou mais confiante. - Jeongguk
sorri, balançando a cabeça.
- Você é tão pirado. - Levanto meus ombros. Seus olhos me analisando. - Eu não menti quando disse que
não me sinto atraído por ela, isso não seria um problema ?
- Você mesmo disse que ficamos excitado com tudo, não seria um problema. - Murmuro.
- Você me veria nu. - Lembro-me dessa questão. Inconscientemente meus olhos descem para o seu corpo.
Eu já o vi sem camisa varias vezes, havia tatuagens por de baixo do pano. Ele até tinha um tanquinho.
- Eu nu é você nu. Somos um espelho. - Sorrio, ignorando o pensamento de que ele poderia ser enorme.
- Você sabe o que está me pedindo ? Realmente ? Tem certeza ? -Jeongguk não soava constringido. Só isso
já aumenta minha segurança. Ele nem mesmo negou que não sente atração por Tzuyu. Talvez eu fosse
muito pirado, mas a próxima frase que eu digo saí carregada de convicção.
- Eu tenho certeza. Vamos fazer isso cara.
Capítulo 2

- Eu não acredito! Sério amor ? Achei que você desistiria. - Os olhos verdes arregalados não escondem em
nada sua felicidade.
Me afundo mais na cama. Ela realmente queria aquilo.
- Eu já estava até mesmo desistindo. Não achei que iria aceitar, mas tentei e deu certo.
- Por que eu sou super careta ? - Murmuro.
- Sim. Mas também porque você é do tipo ciumento. O que o fez mudar de ideia ? - Os cabelos de Tzuyu
estavam nos dias cheios, cacho para tudo que é lado. Ela geralmente não saia assim, mas eu amava como o
seu cabelo formava uma áurea em volta de sua cabeça e a dava um ar mais selvagem. Eu gostava.
- Porque eu te amo e... por que não tentar ? Você mesma sempre diz que até tentarmos não podemos saber
nossos limites. - Um amplo sorriso se forma na face dela. Se jogando em cima de mim começa a beijar meu
pescoço, deixando leves mordidas em minha pele e me provocando uma risada. - E se eu dissesse não você
terminaria comigo.
- Eu não faria isso seu bobo. Talvez eu ficaria um pouco decepcionada, só isso. - Reviro meus olhos. Não
terminaria comigo no momento.
- Seja como for, vai haver regras!
- Já esperava por isso. Quais ? - Ela se ajeita, sentando em cima mim, põe cada perna de um lado. Do jeito
sexy de sempre, joga seu cabelo pro lado, assim poderia me enxergar sem ter os fios atrapalhando.
- Sem penetração. - Tzuyu não responde na hora.
- Ok. De resto está liberado ? - Aceno. - Amor você vai gostar...
- E já achei o cara. - E mais uma vez ela arregala seus olhos para mim. Parecia uma piada de mal gosto ter
aquela conversa. Mais um pouco e acho que vou poder assistir a cena de fora do meu corpo.
- Você escolheu nosso parceiro ? Sério ? Ai meu Deus Taehyung. - Tzuyu começa a rir caindo em cima de
mim. Sua risada me distrai.. Inspiro o cheiro de maracujá dos fios em meu rosto. - Quer dizer, eu até baixei
um app, mas não me inscrevi porque estava esperando sua resposta. Nunca me passou pela cabeça que você
escolheria alguém por si próprio! Quem é ?
Encaro seus olhos curiosos.
- Jeon jeongguk. - A boca de Tzuyu se abre em choque. Acho que eu nunca lhe proporcionei tantas
surpresas quanto hoje.
- Jeon jeongguk... o cara que mora com você ? Aquele Jeongguk ? - Seu tom soava como se ela não
acreditasse em minhas palavras. Sua expressão também descrente.
- Esse mesmo e ele disse sim. - Tzuyu estava atônica. Quer saber, eu também ficaria. Nunca imaginaria que
Jeongguk aceitaria algo como isso e além do mais, nunca me imaginei o perguntando isso. Mas olha aonde
estamos.
- Você perguntou na cara dele se ele queria transar conosco ? - Franzo a testa, incerto de sua fala. A ideia era
nós dois transarmos com ela e não um conjunto igualitário. Não mesmo.
- Sim. E ele quer. - Tzuyu se manteve quieta, ela me olhava como se não me conhecesse. - O que ? Não
gostou da escolha ?
Que esse não seja o caso, porque se for eu desisto.
- Não! Claro que não. Ele é um puta gostoso. - Ignoro os ciúmes internos. - Mas é que... você é demais
Taehyung. Eu te amo. - Tzuyu segura meu rosto e encosta seus lábios nos meus. De início foi suave, mas ela
mudou o ritmo drasticamente, sua língua invade minha boca me provocando. Suas mãos passeiam até a
minha nuca e puxam o meu cabelo, forçando meu rosto para trás.
Tzuyu era uma beijadora sensacional. E eu ficava facilmente excitado quando ela era agressiva comigo. Esse
talvez fosse o meu fetiche. Amava quando suas mãos e boca eram mandonas, me dominando o máximo que
podiam.
- Fazer isso não é fácil para mim Tzuyu. - Sussurro em seus lábios.
- Eu sei amor, por isso te agradeço por tentar por mim. E até mesmo achou alguém para isso. Por que ele ? -
Toco seus fios tentando afasta-los de sua face.
- Ele é legal e como você disse, gato. - E não se sente atraído por você.
Fiquei pensando em qual seria o tipo de mulher que interessa a Jeongguk. Talvez mais altas, mais corpudas,
com seios cheios ? Não entrava em minha mente como ele não poderia se atrair por Tzuyu. Ela era perfeita.
Será que ele estava mentindo ? Não poderia ser. Ele disse para Nayeon que ele ficaria com ela, o que levou a
um alvoroço de gritos e berros entre Nayeon e Wooyoung. Eles apostaram, Wooyoung jurava que Jeongguk
nunca iria admitir tal coisa, já Nayeon disse que ela era o tipo internacional, todo mundo gostava.
Será que ele disse aquilo apenas porque eu estava na sala e não queria me ofender ? Ele não parecia ser esse
tipo de cara.
- Eu te amo. Obrigada. - Tzuyu volta a me beijar, me tirando dos meus pensamentos. Acho bom Jeon
jeongguk apreciar aquele monumento de mulher porque eu estou me rasgando por dentro por ter que
compartilha-la com ele.
°°°

- Bom dia. - Digo me sentando na frente de Jeongguk. Ele sorri suavemente para mim, ainda comendo seu
pão. - Então, você está livre nesse domingo ?
Tzuyu disse que eu deveria ser o responsável pelos detalhes já que fui o único a dar o primeiro passo e
arrumei o encontro. Também acho que ela quer me deixar nas rédeas para diminuir minha ansiedade,
entretanto, não ajudou. Porque agora eu tenho que conversar sobre me encontrar com meu parceiro de
apartamento para fodermos minha namorada.
Balanço minha cabeça tentando dissipar meus pensamentos. Eu já tinha decidido encarar isso como algo
natural. Pessoas transam. Ménage existia. Séria normal. Normal. Ouvi dizer que quanto mais repetimos
maior convicção sentiríamos.
- Sim. Só vou precisar acertar meu fim de contrato antes.
- Você foi demitido ? - Sabia que ele trabalha como designer. Nunca vi nada seu, mas Wooyoung o elogiava
bastante.
- Meio que sim. Meu contrato chegou ao fim e meu chefe não quer me contratar. Ele me acha bom demais
para a empresa dele, de qualquer modo eu já tenho outro, então tudo certo. - Até mesmo a cara da manhã
dele era bonita.
Eu acordava parecendo um orangotango, e eles eram mais fofos que eu. Era cabelo para tudo que é lado,
além do fato de meu humor de manhã não ser um dos melhores. Mas Jeongguk parecia estar pronto para
um comercial de margarina.
O maldito.
- Que merda, então você tinha dois empregos ?
- Sim, preciso do dinheiro. Wooyoung não é o único procurando por renda extra. - Ele levanta os ombros,
seu sorriso fácil como se o que acabasse de dizer fossem as menores das amenidades.
Eu não sabia muito sobre Jeongguk e nunca me importei em saber. Devo manter assim, pois no domingo eu
vou ter ele tocando minha namorada. Quanto menos intimidade com ele ter, melhor.
- Que horas ? E aonde será ?
- Às nove tá bom para você ? - Ele acena. - Vai ser no apartamento dela, te mando o endereço.
Eu queria um hotel, mas Tzuyu disse que como ele era alguém próximo não havia necessidade de ser num
lugar apático como um hotel. Eu não entendi sua lógica, mas me mantive quieto. Depois disso, eu juro que
nunca mais quero ter essa experiência de novo.
- Você está bem com isso ? Mesmo ? Toda vez que me olha parece que quer me matar ou me foder, eu
realmente nunca sei. - Sorrio. Ele era um cara engraçado.
- Eu estou tranquilo. E eu já te disse que sou muito para você, pare de sonhar. - Jeongguk abre aquele
sorriso molhador de calcinhas para mim. Filho da puta bonito.
- Pare de me olhar assim e eu não sonho tão alto. - Reviro meus olhos para sua flertada ridícula.
- É assim que você faz ? Dá certo ? - Jeongguk estava para me responder quando Wooyoung entra na
cozinha, barulhento como sempre.
- Bom dia seus escrotos da porra. Adivinhem quem vai dar uma festa ? - Wooyoung era o tipo de cara que
chamava atenção por ser espalhafatoso. Os cabelos verdes, a pele escura, o rosto simétrico e as roupas
sempre estilizadas formavam o todo de quem ele representava. Eu amava o cara. Era um dos meus
melhores amigos e eu fui um dos primeiros a vir morar aqui. Atrás dos sorrisos alegres e olhos
despreocupados havia muito peso e trabalho.
- Que festa ? - Pergunto vendo a nojeira que ele fazia de café da amanha. Misturava os pães franceses com
katchup, alguns pedaços de frango da janta passada e mais ketchup. Um copo de café ao lado.
- Dia do Jeon. - Wooyoung aponta o catchup para Jeongguk, que o encara de volta com suas sobrancelhas
franzidas. - O tema será Jeon jeongguke quem acertar o numero mágico terá uma chance de ganhar um
selinho. Óbvio que cada ingresso valera um preço e para tentar a sorte da adivinhação também. O que
acham ?
- Você está tentando ganhar dinheiro em cima de Jeongguk ? - Wooyoung sorri, a obviedade de seus olhos
me fez rir. Aquele cara era louco.
- Sem meu consentimento ? - Jeongguk continua.
- Cara, por favor. Preciso de mais grana e falta pouco. Se você fizer isso por mim eu te dou três meses isento
de aluguel.
- Ok. - Franzo a testa para facilidade com que Jeongguk disse sim e principalmente pelo grito de Wooyoung
a meu lado. - Eu tenho que ir, a gente se vê. - Observo-o sair da cozinha depois de dar um abraço em
Wooyoung, que beijou sua testa.
Jeongguk me lança um sorriso antes de sair.
- Que cara legal, eu amo ele. - Wooyoung volta a se sentar e começa a comer aquele embaralho de comida.
- Esse dinheiro é para seu irmão ? - Observo a expressão até então divertida se tornar um cenho franzido.
Wooyoung vinha de um núcleo família complicado. Sua mãe vivia para jogar e seu irmão mais novo adora
uma confusão. E ele sempre estava lá para limpar a barra deles. Afinal, eles eram tudo o que ele tinha. Após
a morte de seu avó, que deixou tudo o que tinha, que era basicamente a casa onde morávamos, apenas para
ele, Wooyoung em algum momento teve de ser forte para expulsar sua mãe e seu irmão da casa, eles não
ajudavam em nada e as contas apenas aumentavam. Por isso ele rendia o lugar.
Mesmo longe de sua família, Wooyoung ainda se desdobrava para ajuda-los. Trabalhava demais, se
esforçava demais para, na maioria das vezes, livrar a barra de seu irmão mais novo. Era visível que eles
exploravam sua boa vontade, mas ele não podia virar-se contra eles.
- Sim, o babaca foi parar mais uma vez na cadeia. Dessa vez, por ser pego roubando o carro do chefe. Sorte
dele que continuam a dar opção de fiança. Via chegar o dia em que ele terá que apodrecer lá. - A amargura
em seu tom me deixou triste.
Wooyoung era muito bom para esse mundo, eu nunca entendi como ele conseguia sorrir tanto apesar das
facadas nas costas de sua família, e ainda assim, ajudar incansavelmente seguindo como a boa pessoa que
ele é. Sua áurea era contagiante. Ele merecia muito mais.
- Quem eu quero enganar, se esse for o caso eu vou arrumar um bom advogado para ele. - Enfiando o
último pedaço de sua gororoba na boca, apoia suas mãos na cabeça. - Cara, eu estou exausto. Quando Jesus
disse sobre os dias de gloria, ele deu uma data ?
- Acho que não. Mas posso perguntar a minha mãe, eu não sou religioso, ela deve saber. - Wooyoung ri e eu
o acompanho. Apoio minha mão em seu ombro. - Sei lá cara, acho que deve existir um Ser bom por ai que
vai te retribuir.
- Se esse Ser funcionar na lógica cristã eu vou pro inferno e vivo o inferno na terra.
E quem diria eu ? Que vou levar um outro cara para foder com minha garota ? Se for assim, eu já estou
condenado a tempos.
- Eu também.
Capítulo 3

A taça de vinho se tornou minha fiel escudeira, enquanto Tzuyu ajeitava o cabelo eu me servia de mais uma
taça. O fim de semana chegou rápido demais e eu nunca pedi tanto para que o relógio do universo travasse
ou precisasse de um conserto de última hora como hoje. Como o usual, quase não vi Jeongguk depois
daquela manhã, Wooyoung disse que ele estava correndo para finalizar seus projetos na antiga empresa.
Isso era bom, porque toda vez que olhava para ele minha mente alertava sobre o fato de que eu realmente
fiz o pedido. Há uma semana atrás. Eu fiz isso.
Não era uma boa hora para hiperventilar, mas era exatamente o que estava acontecendo e eu não conseguia
frear. Passei os últimos dias ignorando a sensação aflitiva em mim, acho que escondi muito bem já que
Tzuyu nem ao menos reparou. Ou talvez ela esteja tão animada para isso que pouco lhe importou.
Ela vestia um roupão violeta, sabia o que ela trajava por debaixo - um de seus conjuntos favoritos - um dos
sexys. Como eu aceitei isso ? Volto a encher minha taça quando a noto vazia mais uma vez.
- Taehyung eu quero você consciente. Para com isso. - Tzuyu me encara repreensiva. Retribuo seu olhar,
mas finalizo de encher minha taça. Esse era o terceiro copo. Vinho me deixava bêbado mais rápido.
Geralmente eu perdia a vergonha na sétima taça, mas ainda estava em ritmo lento. Fazer certas coisas
bêbado era uma forma vergonhosa de admitir que não se tem coragem. Mas a verdade é que: eu não sou
corajoso.
Se há três anos atrás me dissessem que Tzuyu em algum momento no futuro gostaria de chamar uma
terceira pessoa para "esquentar" as coisas, eu poderia ter me preparado melhor.
Tzuyu parecia querer falar mais, porém, a campainha toca. Ela abre um sorriso e corre para porta. Porra por
que ela estava tão animada! Não poderia ao menos esconder, um pouco ?
De onde eu estava o vi entrar. Jeongguk vestia-se inteiramente de preto, das calças jeans soltas à blusa; os
cabelos úmidos. Ele sorri gentil para Tzuyu antes de seus olhos me localizarem.
- Desculpem a demora tive que passar em casa.
- Não tem problema, vem. - Tzuyu o puxa pela mão para o centro da sala. - Eu fico feliz que você aceitou o
convite.
Jeongguk devolve seja qual for o tipo de sorriso de Tzuyu estampava, não conseguia ver pois ela estava de
costas para mim.
- Taehyung me pediu com jeitinho. - Eu bufo, finalizo o líquido vermelho.
Eu estava zero preparado para o que vi a seguir, Tzuyu segurou o rosto de Jeongguk e o puxou para ela. Me
sentia estático. Era suposto eu ficar excitado vendo isso ? As mãos de Jeongguk vão para a cintura
dela. Droga! Eu queria desviar, mas não conseguia. Era um misto de sentimentos, parecia que eu estava
sendo traído ao passo em que não era uma traição.
Merda patriarcado!
Quando eles se afastaram Jeongguk deu um sorriso nada grandioso para Tzuyu, mas quando ela se vira
para mim havia esplendor em toda a sua expressão. Foda-se isso. Pego a garrafa de vinho e começo a beber
sem pausas. A meta era passar por essa prova e eu não acho que posso fazer isso parcialmente bêbado.
Totalmente bêbado já parecia ser uma boa ideia.
Sinto a garrafa sendo tirada de minha boca abruptamente. Jeongguk estava a minha frente segurando a
minha saída dessa merda toda. Seus olhos fodidamentes escuros sugavam o último senso de ridículo
sobrando em mim.
- Se você não está confortável com isso vamos parar por aqui. - Ele estava muito perto. Podia ver o brilho
de seu piercing no lábio inferior.
Limpo o líquido que escorria ao canto de minha boca.
Não poderia agir assim, esse era o pior cenário, eu estava prestes a surtar. Não tem nada haver com
sentimentos, Tzuyu me amava e vice-versa. Era apenas sobre prazeres sexuais. Eu poderia fazer isso por ela.
Não era nada demais, certo ? Jeongguk era maneiro. Direciono meu olhar até Tzuyu atrás de nós, ela me
encarava preocupada e um tanto frustrada. Fecho meus olhos por alguns segundos pondo os pingos nos 'is'.
Eu não era tão careta assim, ia dar tudo certo. E será apenas uma vez. Eu posso fazer isso.
Olho-o e aceno, torcendo para que meu discurso motivacional interno dê certo.
- Eu só estava me dando um tempo para ficar mais relaxado. Vamos fazer isso. - Jeongguk ainda me olhava.
Ele não parecia tão certo.
- Ótimo. - Tzuyu se intromete entre nós dois. De frente para mim e suas costas para Jeongguk. Ela sorria
tanto. Eu me odeio. - Vem cá.
Tzuyu me puxa para um beijo. Me sentia completamente tenso e atento. Tento focar nos lábios macios dela,
torço para que o álcool faça efeito em algum momento logo. Meu Deus, me dê essa injeção de inconsciência,
por favor!
- Vamos para o quarto. - Ela nos puxa com ela.
Então a realidade me apanha pelos cabelos que mal consegui pentear hoje. Que porra de ideia foi essa ?
Puta que pariu! Eu iria estar pelado com Jeongguk na cama da minha namorada! Tento disfarçar que estava
tendo breakdown. Quando eu pedi que a bebida fizesse efeito não era desse tipo!
Observo tudo meio desorientado. O que eu deveria fazer? Meu Deus eu nem pesquisei sobre isso! Que tipo
de pessoa vai para uma ménage a trois sem saber como que funciona. Quer dizer, as pessoas pesquisavam,
certo ?
Tzuyu foi a primeira a se despir, revelando seu conjunto roxo. Sim, ainda estava linda, mesmo enquanto
aguardava Jeongguk retirar a blusa. Mas não poderia negar que os dois eram fodidamente lindos. Que
inferno. Ele se deixa levar pelo o que Tzuyu fazia, as mãos dela acariciam a pele do peitoral forte dele.
Apesar de todo meu surto interno, não sou cego, Jeongguk tinha um corpo bonito. Algumas tatuagens no
ombro esquerdo e um na costela, ele também tinha um piercing no mamilo esquerdo. Ele dava de dez a zero
em mim.
Quando me volto para seu rosto, ele encarava o que Tzuyu fazia sem delatar qualquer indicação se estava
gostando ou não. Tzuyu distribuía beijos em seu peito, foda- se isso. O pior era que eu nem ao menos
poderia culpa-la, o cara era muito gato. Quando meus olhos voltam para a face de Jeongguk encontro os
seus fixos em mim. Talvez a bebida tenha começado a fazer efeito, porque eu mantive meus olhos nos dele.
E então, ele soltou um suspiro.
Era isso, ele estava ficando excitado. Desvio o olhar e me sinto deslocado. Eu não queria me aproximar.
Eu era tão patético, por Deus.
Tzuyu termina de se distrair com o monumento Jeon jeongguke me puxa para mais próximo deles. Ligo o
modo automático na expectativa de que seria mais rápido assim. Ela aparentava estar pronta, conhecia seu
corpo. Quando suas mãos circulam o meu pescoço e toma minha boca na sua lentamente, esse era o fator
básico, Tzuyu com toda certeza estava molhada. Foco no corpo dela em minhas mãos, tocando-a pela
primeira vez desde que Jeongguk entrou por aquela porta.
Tzuyu solta um gemido, mantenho meus olhos fechados já sabendo o que estava acontecendo. Podia sentir
Jeongguk se movimentando do outro lado, insuportavelmente próximo de mim. Perco o ritmo dos lábios de
Tzuyu quando sinto as mãos de Jeongguk tocarem as minhas sobre a pele dela. Penso em me afastar, como
se fosse capaz de ler minha mente Tzuyu suga meu lábio inferior, mordendo levemente antes de puxar meu
cabelo, me beijando como se o mundo fosse acabar amanhã.
Eu ainda estava atento as mãos de Jeongguk nas minhas, ele aperta no mesmo momento em que Tzuyu
solta um gemido em meus lábios. Quando ela se afasta, põe seu rosto em meu pescoço, brincando com a
minha pele entre seus suspiros. Droga. Desse jeito, eu conseguia vê-lo perfeitamente e ter a noção do quão
próximos estávamos. E era muito próximo.
Jeongguk provocava a pele do pescoço dela, o encaro, não sabia porquê, mas meus olhos estavam fixos no
que ele fazia. Tzuyu parecia gostar bastante e podia senti-la se mover contra ele. Jeongguk levanta sua
cabeça, seus olhos capturam os meus. Sua expressão nula, nem um sorriso se quer.
Havia uma maldita tensão no ar, e minha vontade primeira era embala-la e jogar pela janela.
- Amor, chupa meus seios. - Tzuyu sussurra contra meu ouvido antes de se virar e sussurrar o que eu já
imaginava ser o pedido para ele se concentrar em outra parte do corpo dela.
Obedecemos como seus meros serventes. Tzuyu era uma mulher completamente desavergonhada. Eu
gostava sobre isso nela, talvez um pouco menos hoje, mas não podia deixar de ser hipócrita. Não agora. Não
quando vejo Jeongguk retirar a calcinha dela, seus longos dedos acariciando a pele amarronzada. Ele põe
seu rosto entre as perna abertas de Tzuyu e eu engulo em seco.
- Taehyung. - Tzuyu geme meu nome e eu olho para ela. - Anda.
Me dou alguns segundos olhando de relance a língua de Jeongguk contra a intimidade de Tzuyu.
Se desliga. Se desliga. Se desliga.
Me ocupo em distrair meus pensamentos com os gemidos de Tzuyu, suas mãos em minha cabeça puxando
meus fios. Chupo seus seios com vontade, sentia que meu corpo começava a esquentar, por um momento
esqueci que era outro cara fazendo um oral na minha namorada e forçando-a a gemer. Meu corpo se
desvinculou de meu cérebro ou o convenceu de que os gemidos sexys de Tzuyu eram o suficiente para meu
pau começar a ficar duro. O corpo de Tzuyu se remexia embaixo de mim, suas mãos desesperadas assim
como os os sons que saiam de sua boca. Toco sua barriga, sentindo o familiar movimento, ela estava
próxima do climax.
Reparo como seus olhos brilhavam para mim, um sorriso de puro tesão sexual em sua face.
- Isso foi muito bom, vocês são demais. - Ela se senta e me dá um beijo, logo avança e beija Jeongguk. - Ok,
eu preciso ajudar vocês.
Acho que me perdi por poucos segundos pois não conseguia entender o que ela dizia.
- Taehyung me fode e Kookie seu pau na minha boca. Venham. - Eu desejava poder ignorar o tom sedento
dela, principalmente ao se referir ao pau de outro homem. Mas eu fiquei menos constrangido com ela
dando os pedidos, porque se me deixasse por conta própria com toda certeza eu sairia correndo.
Pego a maldita camisinha. Não me demoro a tirar minha roupa, do que adiantava ficar tímido, não era
como se Jeongguk nunca havia visto nada do que eu tinha. O meu erro foi não ter restrito meu olhar a
camisinha entre meus dedos e encarar Jeongguk se despindo. Ele nasceu para humilhar os outros homens e
eu tinha certeza disso agora. Todo seu corpo parecia ser bem diagramado, Deus o fez sorrindo num dia de
sol, possivelmente com uma boa limonada gelada e vários anjos simpáticos e talentosos a seu redor.
Só isso explicava.
- Porra Jeongguk, vem logo. - Tzuyu morde o lábio ansiosa. E de novo não poderia julga-la.
Me atento ao que eu tinha que fazer. Foder minha namorada era a parte fácil. Esquecer que Jeon jeongguk
enfiaria o pau espesso dele dentro de sua boca, nem tanto. A boca que eu beijo. Olho meu pau ereto e tenho
de admitir que não foi tão difícil, minha atração por Tzuyu era maior que meu desespero por compartilha-
la, bom saber disso. Após por a camisinha toco seu clitóris levemente, um gemido escapa dela.
Observo Jeongguk ainda de pé, seus olhos passavam de mim para onde meu membro se aproximava de
Tzuyu. Franzo a testa para ele. Que porra ele está parado ali ? Tzuyu apoia sua mão na coxa dele e isso tira
sua atenção do que eu estava fazendo. Odiava admitir, mas os olhos dele no meio da tensão sexual me
deixou nervoso, não sabia definir se era bom ou não, decido empurrar isso para a parte detrás de minha
mente. Porque ele não focava nela caralho. Eu quero terminar isso e não vai dar se ele ficar me encarando.
Ligo o foda-se para Jeon jeongguke penetro Tzuyu. A sensação conhecida me distraindo. Toco suas coxas
me apoiando nela. Os gemidos dela se tornam abafados, já sabia o que aquilo significava. Faço um acordo
comigo mesmo em não olhar para cima. Foco no movimento de meu membro contra sua vagina e o quão
prazeroso era.
A questão é que quando estamos excitados no meio da ação sexual nosso corpo se distrai de qualquer
comando mental. Essa era a minha resposta para quando Jeongguk, o maldito Jeongguk, surgiu na minha
linha de visão, prendo minha respiração ao observa-lo apoiar suas mão na cama, cada uma ao lado do corpo
que dividamos, e seu rosto ir de encontro a buceta de Tzuyu.
Infelizmente quebro meu próprio contrato e levanto meus olhos para ver a posição do infeliz. Tzuyu parecia
ocupada com o pau dele em sua boca, as mãos dela segurando a bunda dele. Eu queria desver aquilo.
Certeza que aquela imagem me perseguiria pro resto da vida. Tzuyu gemia incontrolavelmente mesmo com
toda a sua boca ocupada. Não havia reparado que eu havia parado de me mexer, checo se meu pau
continuava ereto. E sim, continua.
Vamos terminar isso.
Volto a me mover contra ela. Eu queria desviar o olhar, mas me pego encarando a cabeça de Jeongguk entre
nós. Tzuyu sempre seria a minha foda preferida, mesmo com outro cara entre nós. Solto um gemido
involuntário quando sinto a língua dele contra meu pau. Porra. Foi engano, certo ? Fecho meus olhos e
admito que foi engano. Acelero meus movimentos contra Tzuyu, não havia porque ser gentil agora. Meu
corpo reagia ao prazer e eu queria mais.
Delírios depois eu sinto a língua dele em mim de novo, eu deveria me afastar, esse não era o combinado.
Mas eu me peguei gemendo com seu avanço. Abro meus olhos para ver Jeongguk movendo sua cabeça para
para frente, o que o permitia me chupar melhor. Porra o que ele estava fazendo ? Os gemidos de Tzuyu
soavam mais altos, ela estava vindo. Me perco dentro dela, mas era muito difícil ignorar a língua dele que de
alguma maldita forma provocava meu pau. Numa reação natural, toco sua cabeça.
Esqueço-me do acordo. A sensação era boa demais para declinar. Tzuyu grita, ela havia chegado. Retiro
meu pau dela e coloco na boca de Jeongguk. Era fodido o que estava acontecendo. Eu estava fodendo a boca
de Jeon jeongguk. E merda era tão bom. Aperto seus fios, me movendo contra sua boca. Ele aceitava todo o
meu membro, sua língua estimulava cada nervo sensível. Jogo a cabeça para trás diante da sensação
avassaladora, e quando se torna insuportável, me libero dentro da boca de Jeon jeongguk.
Quando sinto sua boca se afastar, escuto seu gemido. E sinto meu corpo arrepiar prazerosamente.
Capítulo 4

Passo os canais da tv sem muita noção do que estava vendo. Era apenas uma distração, já que minha mente
não estava prestando atenção nos programas que se seguiam a cada vez que mudava de canal. Três dias
atrás eu e Tzuyu fizemos nosso primeiro ménage como casal. O momento continuava vivo, em cores e por
vezes, em som na minha cabeça. Lembro-me bem de nossos corpos deitados na cama um do lado do outro,
Tzuyu parecia satisfeita. Eu me sentia desconsertado. O corpo feminino de Tzuyu jazia entre nós e eu
agradecia por aquilo. O fato de agora eu saber como é estar na boca de um outro homem não assentou
muito bem em mim.
Jeongguk logo disse que ia embora mesmo sob os questionamentos de Tzuyu. Ele apenas acenou e disse que
tinha que terminar algumas logos. Falava tão naturalmente, como se não acabasse de chupar meu pau.
Tzuyu não escondeu seu descontentamento, ela havia preparado um lanche pós sexo. Acho que para ela
iriamos sentar e conversar como bons amigos de foda. Mesmo que isso acontecesse, não sei se o nível de
interação humana ajudaria a diminuir a estranha sensação interna.
- Amor foi demais. Obrigada. - Tzuyu me abraçou, retribui seus beijos mesmo que sentia pouca vontade
para tal.
Não sabia se ela notou o que rolou, parecia que não. E se caso o fez, preferiu não comentar. Mas
conhecendo-a, se por acaso soubesse do que rolou, iria começar a me encher de teorias acerca de minha
sexualidade. O importante era que ela estava feliz. Dormiu em poucos minutos depois do banho. A
lembrança do gozo dele contra o peito dela, meu pau na boca dele, o gemido de Jeongguk...
- O que você está fazendo otário? - Nayeon me dá um tapa na nuca me arrancando de meus pensamentos.
- Ei, eu estava vendo televisão.
- Não estava não. E agora vai começar de Férias com Ex. - Nayeon como sempre estava vestida com seu
blusão que tampava o mini shorts que usava por debaixo. Os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo
simples.
- Desde quando você vê esse lixo mental ? - Murmuro aborrecido comigo mesmo e referenciando suas
próprias palavras.
- Desde que meu ex vai aparecer no episódio de hoje. - Nayeon me olha, seus olhos analisando meu rosto. -
Você hoje está mais esquisito que o usual.
Ela nunca tinha algo legal a dizer.
- O babaca vai aparecer na tv, a sorte dele é ser gostoso, porque se for depender da personalidade ou sua
inteligência, coitado.
- Cadê Wooyoung ? - Já eram quase dez horas, ele geralmente chegava mais cedo.
- Turno extra, ele está desesperado por esse dinheiro, você sabe! - Nayeon se espreguiça e me empurra para
o canto do sofá com seus pés. - Chega pra lá, eu quero espaço.
- Então vá para a poltrona ou compre um sofá maior. - Reclamo, mas ainda assim faço como ela pede e me
afasto indo pro outro lado do sofá. Garota espaçosa e desrespeitosa.
- O que você está fazendo aqui mesmo ? - A encaro incrédulo.
- Eu moro aqui Nayeon não sei se notou. - O sarcasmo jorra de mim. Eu não gostava de ficar por muito
tempo no mesmo espaço que Nayeon. Ela era demasiado ignorante e possivelmente achava que o mundo
girava a seu redor.
- Idiota, eu sei disso. Mas você sempre fica no quarto ou no apartamento de sua namorada, por que não
sobe ? - Ela podia ser infantil, mas eu conseguia ser mais. E é por esse motivo que me recuso a sair dali,
abro minhas pernas no sofá, o que a faz reclamar mais sobre o espaço. Eu até queria subir, mas agora eu
preferia a irritar.
Nayeon para de me xingar quando escutamos o barulho da porta da frente, logo Jeongguk aparece. Mochila
nas costas e uma pasta em seus braços, que eu sabia conter sua mesa digitalizadora. Ele sorri para nós, seu
cabelo caia sobre sua testa, desse jeito, ele parecia mais novo.
- Jeongguk! Que bom que você chegou, quer vir assistir meu ex no de frias com ex ? - Nayeon mudou sua
voz drasticamente. Trocando o tom bruto e rude para um sonoramente agradável. Que falsa.
- O britânico ? - Jeongguk parecia interdito.
- Esse mesmo. Vamos assistir ele pagar mico na tv aberta.
- Claro, dá tempo de tomar um banho ?
- Sim. - Jeongguk sobe sem pressa e observo Nayeon acompanha-lo com os olhos. Ela não fazia questão de
disfarçar que o queria, e eu me pergunto o que ela diria se soubesse que eu e Tzuyu meio que pegamos ele.
Se considerar tê-lo chupando meu pau como ficada. Talvez entre na categoria.
Nayeon soltou os cabelos e levantou um pouco sua blusa, revelando suas coxas. Reviro meus olhos por esse
apelo.
- O cara mora aqui a quase um ano, se ele não te fodeu diante de tantas tentativas suas não será agora. -
Digo isso com toda convicção. Acho que ela já tentou de tudo, e já mostrou todo seu corpo. Não sei quanto
mais apelo ela deve ter sobrando.
- Fique quieto. Você não entende sobre o fluxo do flerte. E aposto que Tzuyu só esta com você por pena. -
Nayeon era tão infantil. - Você é feio.
Eu disse.
- E você é uma boba por achar que mostrar seu corpo vai fazer Jeongguk querer algo mais com você. - E eu
sempre caia nas infantilidades dela, porque eu era tão infantil quanto. Ela me manda língua e eu mando de
volta, e ficamos por um tempo nessa troca de insultos gratuitos.
- Vocês estão disputando para ver quem faz a careta mais feia ? - Nayeon me olha com ódio antes de soltar
um sorriso doce para Jeongguk.
Forço um vômito.
- Senta aqui. - Ela bate no espaço entre nós. Queria dize-la para sentar ali e ele na ponta, mas ai soaria
suspeito. Quando Jeongguk se põe entre nós sinto o leve cheiro de lavanda. - Vai começar daqui a pouco.
Você quer pipoca ?
- Ia ser bom, vou lá fazer. - Ele tenta se levanta, mas Nayeon segura o braço dele.
- Não se preocupe, eu vou. - Deixando-o com um terrível doce sorriso, caminha sensualizando até a cozinha.
Eu rio de sua pouca vergonha. Querendo ou não, a garota era corajosa.
- Se você ficasse com ela logo não precisaria passar por isso toda vez. - Jeongguk não se moveu, podia senti-
lo perto de mim. Sua perna poucos centímetros distante da minha. Um leve movimento e estaríamos nos
tocado.
- Ela é boa demais para uma foda de uma noite. - Franzo a testa. Me viro para ele, sem entender sua frase.
- O que ? Cara, ela só quer isso. - Tento explicar o óbvio. Jeongguk às vezes era tão estranho. Ele vira seu
rosto em minha direção, sua expressão suave.
- Nayeon não é isso tudo que passa, eu não a vejo dessa forma. Se fosse para ter algo com ela, nós já
teríamos tido. Me chame de careta se quiser.
- Você é careta. - Replico. Jeongguk acena com um sorriso.
Continuo o olhando. Não era tão desconfortante agora. Seus olhos se mantem nos meus, mas me distraio
com seu cabelo úmido, que era macio ao toque. Mesmo perdido nas sensações, ainda me lembro da textura
dos seus fios. E então, cometo o erro de olhar sua boca. O piercing continuava ali. Bem no meio do lábio
inferior. Tzuyu me disse, mesmo eu implorando mentalmente para que ela não o fizesse, que o beijo dele
era muito bom, o piercing sendo a cereja em cima do bolo.
- Já te disse para não me olhar assim Taehyung. - Volto meus olhos para os seus e me questiono se sua voz
se tornou mais baixa ou eu que estava prestando atenção demais. - Não me de ideias se não pode sustenta-
las.
Sorrio.
- E eu já te disse. - Sussurro. - Sou muito para você.
Jeongguk me lança aquele maldito sorriso.
Capítulo 5

Tzuyu me olhava incerta. Reviro meus olhos querendo desesperadamente voltar para casa e finalizar alguns
relatórios do serviço. Mas ela tinha que me levar para achar um "look" que combinasse já que íamos na
palhaçada da festa de Wooyoung. Quando digo palhaçada é porque eu não precisava ir e pretendia passar o
final de semana com minha mãe. Mas Tzuyu estava animada, até mesmo comprou um número para
concorrer. Sim, ela fez isso.
'Imagina beijar Jeon jeongguk" ela disse. E eu fiz questão de lembra-la que ela já o beijou. Qual era a dela,
afinal ? Ela teve a boca do cara na sua vagina, pelo amor de Deus!
- Você fica muito bonito de rosa. Sério, eu te pediria para fodermos bem aqui se esses provadores não
fossem tão frágeis. - Ponto alto: Tzuyu se tornou sexualmente mais faminta depois daquilo.
Depois de Jeongguk, ela me fez esquecer toda aquela noite estranha que eu resolvi deixar no passado.
Jeongguk e eu voltamos a nossa rotina, quando nos víamos era uma troca tranquila e um simples adeus.
Nada tenso. Por mais que no fundo da minha mente ainda lembre que ele chupou meu pau. No entanto, ele
parecia não estar preocupado com isso. Se ele não estava, eu também não estaria.
- Você comprou um número ? - Enfio as batas na minha boca para não ter que responder. - Comprou ?
- Não Tzuyu, porque eu não quero beijar Jeongguk. - Me pergunto se Wooyoung disse para ele que quem
acertasse ganharia um beijo real dele. Conhecendo-o como é, sabia que Wooyoung mentira para o público e
a pessoa que acertasse o número ganharia no máximo um abraço, caso Jeongguk se recusasse a beijar a
pessoa. A cara de Wooyoung omitir fatos para seu próprio avanço era usual.
- Seria para mim. - Bebo de meu suco encarando minha namorada. Ela não parecia ter se tocado do que
vinha falando esses últimos dias. Eu não sei quais são os procedimentos depois de um ménage, mas penso
que com toda certeza não era ficar citando o outro cara e dizendo que queria beija-lo de novo!
- Você por acaso quer namorar Jeon jeongguk? - Tzuyu sorri para mim e levanta os ombros.
- Sim. Tem como sermos um trio ? Acho que seriamos o trio de casal mais sexy. - Não havíamos debatido
muito depois daquela noite. Possivelmente porque eu não queria. Mas agir como se não houvesse grilos nos
meus ouvidos enquanto Tzuyu mostrasse o quanto ela curtiu aquilo, estava começando a ser um incomodo.
- O que você quer dizer, fale logo.
- Eu realmente gostei Taehyung! Foi tipo muito bom e olha que ele nem me penetrou e você sabe o quanto
eu gosto de penetração. Ter vocês dois ali, os dois focando em mim foi tão sexy. - Bebo mais um gole do
suco, minha garganta repentinamente seca. Dou graças a Deus que não havia ninguém nas mesas próximo a
nós. - Você não tem ideia do quanto foi prazeroso para mim. E você curtiu também, não foi ?
- Não. - Tzuyu revira os olhos.
- Se você diz. - Encaro-a. Seus cabelos presos num coque bem feito não deixando nenhum fio solto. - Você
faria mais uma vez ?
Suspiro e baixo minha cabeça. Não Tzuyu, eu não faria.
- Você realmente quer isso, não quer? - Ela abre um amplo sorriso. - Não acha que está diminuindo minha
autoestima ? Eu não sou suficiente ?
- Obvio que é. Para os meus sentimentos. Meu lado sexual está passando por uma fase de redescobertas
Taehyung. E eu te amo o suficiente para compartilhar isso com você, e você me ama o suficiente para
entender sem me julgar depravada. É só muito bom..
- E se eu pedisse para termos uma mulher da próxima vez ? - Tzuyu se inclina para frente.
- Poderíamos ter mais uma mulher e o Jeongguk. - Seus olhos brilhavam com a ideia.
- Isso já é uma suruba. - Murmuro.
- Eu gosto de surubas, ainda mais se você estiver nela comigo. - Limpo minha garganta para disfarçar o meu
embaraço. Tzuyu ainda me fazia sentir tímido às vezes. O poder dessa mulher sobre mim.
- Você não ficaria com ciúmes ? De me ver com outra mulher ? - Sua expressão risonha me tirou do eixo.
- Amor, seria a coisa mais sexy ver você fodendo outra mulher. Portanto que eu também esteja na cena e
goze junto.
Ok, talvez minha namorada fosse depravada e eu não sabia o que fazer com aquilo. Ela não quer ser
depravada apenas comigo.
- Não se esforce muito Taehyung. Se não está confortável eu super entendo e agradeço pela última vez.
Acima de qualquer prazer sexual eu respeito seus sentimentos. - Tzuyu estende sua mão e segura meu
queixo o balançando agressivamente antes de se inclinar e depositar um beijo seguida de uma mordida no
meu lábio inferior.
°°°
- Trezentas pessoas, eu não esperava tudo isso. Mano, eu só postei algumas de suas fotos e bam. -
Wooyoung joga na direção de Jeongguk um rolo de dinheiro, tão pesado que chegou a ressoar pela cozinha.
- Espera, trezentas pessoas aqui dentro ? - O olho assustado. Apesar da casa ser espaçosa, não daria para
trezentas pessoas bêbadas e sedentas por Jeon jeongguk.
- Relaxa, arrumei um lugar para isso. Sem condições, cara você é real bem famoso. - Jeongguk olhava para o
dinheiro e estende de volta para Wooyoung.
- Pode ficar. - Sem mais, ele volta a comer seu cereal. Wooyoung não se moveu para pegar o rolo de volta.
- Ei Jeongguk, eu estou usando de sua imagem para isso, fica, nem chega a ser a metade; isso porque o lugar
que meu amigo descolou para mim é limitado para essa quantia especifica. - Wooyoung se vira para mim
abismado. - Acredita que têm varias pessoas jogando dinheiro fora apenas para ter uma chance de beijar
esse cara ? Ele é tipo um cantor de kpop.
Jeongguk sorri para sua tigela. Eu não estava surpreso, Wooyoung era bem conhecido entre suas festas,
logo, Jeongguk se tornou igualmente conhecido por ir com ele em algumas e ajudar na ornamentação do
cenário. Contatos levando a contatos, Jeongguk ganhou suas fãs. Como não, bonito, inteligente e
carismático. Ele era quase a bolada certa.
- Inclusive, sua namorada comprou dois. - Me afundo no banco, me forço a disfarçar o meu
embaraçamento. - Tzuyu quer pegar Jeongguk ? Ela tem uma queda por ele ?
- Ela só quer ajudar. - Wooyoung franze a testa. Tzuyu pouco se importava com as festas de Wooyoung, ela
geralmente nem ia. - Você mesmo disse, todo mundo tem uma queda por ele. Ela não seria exceção.
Olho de relance para Jeongguk e ele tinha um sorrisinho ridículo estampado na sua cara bonita.
- Verdade. Mas ainda assim, vocês estão juntos? - Wooyoung pega o dinheiro que Jeongguk rejeitou e enfia
forçosamente dentro da camisa dele.
- Estamos cara, pare de fazer intriga. - Murmuro para Wooyoung que abre um sorriso vitorioso para
Jeongguk, mesmo sob o olhar de aviso do outro.
- Eu não causo intriga, eu aponto aonde tem. E cara, eu nunca erro. - Queria que Wooyoung calasse a boca.
- JUNG WOOYOUNG! Wooyoung! - Os gritos de Nayeon ressoam até a cozinha.
- Caralho! - Ele grita de volta.
- Vem aqui consertar essa merda de chuveiro seu imbecil! - Como sempre, um amor de pessoa.
Wooyoung revira os olhos, mas mesmo sob o visível contragosto se retira do cômodo.
- É sempre com você! Por que não compra um novo para deixar de ser um pé no meu saco porra! - E essa
era geralmente nossa troca de energia nas manhãs de quarta feira. As quartas todos estávamos em casa na
parte da manhã, o que era um milagre e se tornou recorrente depois que Wooyoung deixou seu ex emprego
e Jeongguk o dele.
- Então, você tem uma queda por mim ? - Jeongguk sorria abertamente agora, sua cara sacana.
- Não se ache demais. Generalizei, ok ? - Ele levanta os ombros fazendo um biquinho. - Tzuyu meio que....
gostou... - Me envergonho assim que as palavras saem de mim. Apoio minha testa na mesa. - Ela queria
fazer aquilo de novo, acho que ela está passando por uma fase de depravação sexual.
Escuto a melodia da risada de Jeongguk.
- Depravação sexual ? Que tipo de diagnostico é esse ? - Levanto minha cabeça apoiando meu queixo na
mão. Jeongguk tinha seus cotovelos apoiados na mesa, seu corpo inclinado para frente.
- Foi meio o que ela disse. Quer dizer, ela me disse para não achar que ela fosse depravada, mas ela até
mesmo cogitou a ideia de sermos um quarteto. Se Nayeon não me odiasse podíamos todos formar um
quarteto fodastico.
Jeongguk gargalha, seus olhos diminuindo com o movimento. Seus dentes perfeitos a mostra, Nayeon
morreria se estivesse no meu lugar tenho certeza. Até Tzuyu. Por que você tem que ser tão bonito cara ?
Conquistou até minha namorada, qual foi!
- E você quer ? - Depois de alguns segundos em silencio, me pego tenso. Nós não conversamos sobre o que
aconteceu e eu preferiria não apontar sobre isso nunca mais. No entanto, aqui estávamos ressuscitando o
morto.
- Não sei. - Outra parte do combinado era não falar sobre isso, mas eu meio que iniciei, então não poderia
culpá-lo sem antes me dar os créditos.
E eu estava dizendo a verdade. Apesar de ter sido estranho e me deixado desorientado, eu não odiei por
completo. No final das contas, eu gozei.
- Você me deixa inseguro. - Admito. Jeongguk não diz nada.
Também não esperava uma resposta. A exposição de meus sentimentos foi puramente egoísta. Eu admiti e
agora me arrependo ao olha-lo e ver puro regozijo em sua face.
Babaca.
- Então, quer dizer que eu te deixo inseguro... - Jeongguk sorri.
A esse ponto eu já tinha algo contra o sorriso desse cara. Por que a vida era tão injusta assim ? Sério Deus ?
Capítulo 6

A festa estava ótima. Todo mundo estava bêbado. Em algum momento rolou o sorteio do beijo, mas não sei
bem como se desenvolveu, pois estava ocupado assistindo minha namorada perder nos jogos e ficar
gradualmente embriagada. Tzuyu era extremamente fraca para bebidas, a mulher não aguentava nada.
Eu não me sentia bem, muito menos confortável. Trocaria esse casulo de fumaça e álcool pela tarde de
fofocas sobre os vizinhos com a minha mãe. Se não fosse pelo pedido de Tzuyu, eu teria ido visitar minha
velha. Nessa hora, estaríamos assistindo algum filme muito ruim e eu dormiria naquele meu quarto
pequeno, mas que fomentou minha adolescência.
Olho Tzuyu derramando mais um shot. Mesmo a levando para jantar antes da festa, com o método de
ingestão que ela estava usando, o efeito da bebida chegaria mais rápido ainda. Wooyoung provavelmente já
estava desaparecido entre os corpos dançantes. Ele fazia o que tinha de fazer, quando via que sua
responsabilidade não era mais necessária se esbanjava na diversão. As vezes eu tinha inveja dele, de sua
alma livre e espontânea, como ele conseguia criar laços válidos e sinceros com pessoas desconhecidas em
menos de cinco minutos. Esse era um talento que eu não tinha, apesar de ter uma personalidade cativante.
- Porra, isso é sexy. - Um rapaz ao meu lado grita em meu ouvido.
Não adiantaria reclamar dele, então sigo seus olhos. O pior da imagem a poucos centímetros de mim era
que eu não estava surpreso.
Tzuyu beijava mais duas meninas num estranho e desajustado beijo triplo. Parecia estar bom porque elas
começaram a se agarrar. Os caras bêbados ao redor visivelmente excitados e isso me enojou.
Tzuyu não ficava, usualmente, bêbada comigo. E o motivo primeiro era porque ela ficava sem noção de seus
atos e sempre terminava beijando alguma menina. Eram sempre meninas. Eu deveria me incomodar com
isso ? Talvez. Eu me incomodo ? Não tanto. Talvez passar esses anos com ela me fez flexibilizar meus
pensamentos acerca de relacionamentos. Seja como for, não me sentia confortável a vendo beijar aquelas
garotas agora.
Minha mãe chamaria aquilo de: cultura da traição sob a fachada de modernização.
Não me considerava um namorado ciumento, mas também não me forço a borrar meus próprios limites. E
essa festa já deu para mim.
Sabia que havia um terraço, Wooyoung me havia me levado lá para cima quando cheguei. Disse que eu
poderia ficar ali quando enjoasse da festa. Ele realmente me conhecia e sabia bem que hoje não era um dos
meus melhores dias.
Não demorei para chegar no terraço. O vento gelado da noite me recebe simpático. Me aproximo da beirada
junto a pilastra, um muro alto separava a segurança do abismo. Encontro Jeongguk sentado em um dos
bancos de madeira encostados no canto. Fumando quietamente.
- Não sabia que você fuma. - Apoio meus cotovelos no peitoral da varanda.
- De vez em quando. - Assume. Encaro seus longos dedos com os anéis de prata. Hoje ele também usava
uma pulseira de couro preta. Todo esse estilo despojado ornava com ele.
- Quis fugir de sua própria festa ? - Jeongguk solta um estalo. - A vencedora beijava mal ?
- Não foi uma mulher, foi um cara. E não, ele não beijava mal. - No início quando nos encontrávamos pela
casa e éramos forçados a interagir para não criarmos uma má impressão um do outro, esse tom quase
isento de emoções dele me incomodava. Principalmente porque eu não conseguia lê-lo. Era um código de
difícil decodificação. Mas com o passar do tempo eu percebi que Jeongguk era assim. Na maior parte do
tempo, ele não expressava nada.
O que somava a minha teoria dele ser um experimento social, tipo um robô. Porque não fazia sentido existir
alguém tão bonito, talentoso e inteligente assim.
- Hum. - Me volto para a grande cidade à vista. As luzes piscavam como pequenas luzes de natal. E mais
uma vez lembro da minha mãe, ela amava o natal. Era o dia em que ela poderia mimar todos os seus filhos e
netos, demonstrar todo o seu amor; mesmo que ela faça isso continuamente no dia a dia.
- E você ? Qual o motivo de estar fugindo da festa ?
- Não quero mais ver minha namorada beijando outras meninas. - Eu me enquadrava na categoria de
pessoas que dizia coisas vergonhosas na maior tranquilidade do mundo, mesmo que sentia-se o tamanho do
embaraço.
E essa é uma habilidade necessária.
Jeongguk apaga a guimba de cigarro, se levantando expele a fumaça espessa. Ele se põe ao meu lado de
frente para mim, se apoiado no peitoral de cimento . De perto assim, ele era intimidador.
- O que está rolando ? - Estranhamente a última pessoa com a qual eu gostaria de falar sobre isso era
Jeongguk, afinal, ele fazia parte do motivo pelo qual eu me sentia tal como estava. No entanto, não me via
compartilhando isso com Wooyoung, ele agora estava lidando com muita coisa e eu não queria ser mais um
peso. Além de que ele me zoaria mais do que ajudaria. E sem condições de criar uma ala de confissão com
Tzuyu, ela tiraria disso um grande motivo para irmos fazer um retiro espiritual para entrarmos em sintonia
um com o outro.
Pensando bem, isso poderia ser um bom caminho a se seguir.
De qualquer forma, Jeongguk me olhava como se nunca pudesse me julgar. Com certeza, isso fazia parte da
personalidade gentil e afetuosa dele. Era mais fácil se abrir com quem te olhava daquela forma. Como se
não importasse o que você dissesse, ainda teria um lugar para você no mundo.
- Eu te disse que me sinto inseguro com você, mas eu me sinto inseguro com tudo. Nos últimos meses Tzuyu
vem agido bem mais exploratória do que já é. Eu a amo e quero que ela seja feliz em nosso relacionamento.
É só que... eu não quero ficar dizendo não ou a proibindo de fazer o que tem vontade. - Suspiro já me
sentindo um grande idiota. - Eu não sou suficiente para ela e parece que ela reforça isso, mesmo que eu
ache que não seja por mal. Só que, olha ela cara... Tzuyu é perfeita. Qualquer um morreria para tê-la e eu
sou só eu.
- Eu tenho medo de perde-la, ela foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Mas depois daquilo
entre a gente, ela não para de falar sobre e afirmou que queria de novo. Eu não sei lidar, sabe ? Eu tento ser
o que ela precisa, mas parece não ser o suficiente.
Eu evitada pensar nisso. Eu era ótimo em evitar pensar nos desastres que estavam por vir. Aproveito a
onda, o sol e a canoa disponíveis, quando a tempestade chegasse eu seria levado sem dó. Porque não é de
meu feitio fazer planos ou analisar as situações. Preferia sofrer na hora e dane-se.
- Se isso ajuda, eu te acho mais atraente que a Tzuyu. - Jeongguk fala em seu tom baixo e tão sério que
quase acredito. Mas quando o olho havia esse sorrisinho galanteador.
- Não precisa mentir para subir no meu pódio de melhor companheiro de apartamento. - Ele balança a
cabeça em negação, seu sorriso aumentado gradualmente.
Tínhamos todo ano uma premiação, haviam diversas categorias e votávamos entre nós, cada um ganhava
um prêmio de acordo com suas vitorias. Eu nunca ganhava mais do que duas categorias, Wooyoung
geralmente levava tudo. Nayeon era a única com apenas um prêmio. Mas ela era um porre como
companheira de casa, logo, merecia. Essa seria a primeira premiação de Jeongguk conosco e Wooyoung
estava com grandes chances de perder seu pódio para ele.
- É sério, homens de cabelos cacheados, olhos castanhos claros que usam roupas mais largas do que o corpo
deles dão de mil em garotas como Tzuyu. Essas a gente encontra em cada esquina. - Por mais que não
quisesse, não consigo evitar sorrir.
- Não generalize minha namorada assim. - Ele levanta os ombros.
- Cada palavra dita saíram honestamente do meu coração, acredite. - Os olhos já pequenos de Jeongguk se
tornavam cada vez menores. E esse gesto o dava um ar, um tanto quanto, perigoso.
- Fala sério. - Me sinto frustrado. Talvez Nayeon tenha razão e eu não entenda a questão do flerte de
Jeongguk.
- Taehyung eu te disse antes, se você não se sente confortável com as escolhas de Tzuyu não adianta se
forçar a faze-las. Uma hora ou outra isso vai espirrar contra você e na sua relação com ela. Seja sincero e
diga o que precisa dizer. Porque um cara como você não deveria estar se sentindo assim, você é muito gato
para isso. - Eu deveria me lembrar de suas palavras antes do 'gato', no entanto, eu acho que me deu um leve
curto circuito.
Jeon jeonggukme chamou de gato.
- Você por acaso está bêbado ? - Me viro para ele também, assim ficamos frente a frente.
- Claro que não. Você está ? - Nego com a cabeça.
- Você nunca me elogiou assim antes, tem certeza de que está sóbrio ? - Me aproximo puxando sua franja
para trás e o forçando a arregalar seus olhos. Não encontro nenhuma marca vermelha em volta dos globos
escuros.
- Nosso flerte sempre se manteve no nível básico um, agora estamos no dois. - Jeongguk retira minha mão
de sua testa, a abaixando. Sua mão firme segurando na minha. - E no nível básico dois partimos para os
elogios.
- O que acontece quando se chaga no nível básico três ? - Jeongguk da de ombros. Solta um suspiro calmo
enquanto seus dedos acariciam as costas de minha mão.
Como é possível ele continuar bonito mesmo sob as luzes amareladas da sacada ? Parecia que todo o
universo era o assistente pessoal dele. Nada parecia errado, fora de ordem, desconcertado. Dos cabelos
brilhosos e disciplinados até a boca cheia.
A boca.
Cometo o pecado de olhar para os seus lábios. O piercing ainda estava ali. Eu sempre me perguntei se não
doía quando beijava. Assim como me questionava se não doía o piercing de seu mamilo. O que o levou a por
um piercing logo no lábio inferior ? A proporção de seus lábios eram perfeitamente distribuídas, os dois
cheios e incrivelmente alinhados. Como seria beijar alguém com piercing ?
Eu tinha de admitir que estava viciado na palavra piercing.
Estava viciado no piercing na boca de Jeongguk. Que estava incontestável próxima da minha. E então, meu
próximo passo foi agir impulsivamente para sanar uma duvida. Era apenas curiosidade, não teria problema,
certo ?
Certo.
Por isso, beijo Jeon jeongguk.
Capítulo 7

Foi um encostar de lábios. Sentia o tecido, como esperado, macio dos dele. Jeongguk não me afasta, mas
por longos segundos não se move, parecia chocado. Nos afastamos por meros e insignificantes centímetros,
nos quais mantive meus olhos fechados, aguardando. Algumas batidas de corações depois, sinto sua mão
em minha nuca me puxando para ele. Sua boca agora reagindo a minha. O ritmo era dolorosamente lento,
nossas línguas se encontram e interagem sem pressa. Eu não poderia negar que estava intrigado com o beijo
a ponto de soltar um suspiro que também poderia ser entendido como um gemido baixo quando ele se
dedica a sugar o meu lábio inferior.
O que serviu para que Jeongguk dominasse de vez a minha boca. Essa era a primeira vez que beijava outra
pessoa em três anos além de Tzuyu. Tzuyu! Ainda com esse nome em mente, que sabia bem a quem
pertencia, não conseguia e nem queria me afastar. Seguro na cintura de Jeongguk aproximando nossos
corpos, o sentindo por inteiro. Seu piercing foi a última coisa que lembrei enquanto experimentava dele.
Tzuyu tinha razão, o beijo dele era fodidamente gostoso.
Estava tudo bem eu beija-lo, afinal, Tzuyu beijou duas garotas ao mesmo tempo. Não faria diferença eu
beijar um cara. Não se enquadraria como traição, assim como o dela. E por Deus que não fosse, porque a
última coisa que poderia pensar agora era se a forma como minha mão deslizou pelo peitoral dele era
errado ou não.
No separamos por pura necessidade biológica de respirar, o que parecia superestimado quando se tinha a
boca de Jeongguk na sua. Ele enfia seus dedos no emaranhado do meu cabelo e se aproxima beijando meu
pescoço. Eu só queria experimentar seu beijo, não avançar para algo mais. Só que eu estava incapaz de agir
conforme achei que deveria. Dou-lhe espaço e o sinto mordiscar minha pele.
Jeongguk era quente. Todo meu corpo parecia arder em fogo. Será que eu estava com febre ?
Quando ele se afasta, seu rosto diante do meu, pude ver os lábios já volumosos inchados e um tanto
avermelhados. Era natural me sentir excitado olhando para a boca pós beijo. Era de um prazer inexplicável
saber que eu fui o responsável pelo inchaço de seus lábios e pelo olhar de lubricidade. E era assim que
Jeongguk me olhava agora.
O som do meu celular fura a bolha sexual ao meu redor me trazendo de volta a realidade. Me atenho a
retirar minhas mãos dele e pegar o meu celular. Impeço-me de pedi-lo para não fazer o mesmo, mas sinto a
perda quando ele também afasta suas mãos de mim; volto a sentir o vento gelado que provavelmente ficou
suspenso enquanto nos beijávamos.
Havia três mensagens de voz de Tzuyu.
- Taehyunga, cadê você ? Eu acho que eu quero desmaiar ou vomitar. Você me prometeu estar aqui, cadê
você amor ? Não me abonadona aqui Taehyung! - Sua voz saiu completamente embaralhada, as sílabas
escorregando nas outras, se não tivesse acostumado com sua pronunciação errada quando estava bêbada
provavelmente não seria capaz de entender tudo.
- Eu tô naaquela área de jogos. Um quadro feio vermelho comunista continua a me encarar. Acho que ele
não gosta de mim. Taehyung o quadro não gosta de mim amor! Eu não fiz nada para ele! Nada! - Sorrio da
besteira embriagada que ela dizia.
- Eu tenho que ir. - Olho para Jeongguk, seus olhos acompanhando meus movimentos. - Tzuyu precisa de
ajuda.
Não sei porque estava me justificando. Não precisava, mas sentia como se devesse.
- É, eu escutei. Vai lá. - De novo aquele tom vazio e sem expressividade.
- A gente se vê em casa. - Sorrio para ele, não dou tempo para ver se ele corresponderia. Tzuyu estava
bêbada em algum canto perto de um quadro vermelho comunista que ela julgava não gostar dela, precisa
leva-la para casa.
Coloco em segundo plano o beijo com Jeongguk. Isso não importava. Foi apenas uma ação provocada pela
curiosidade que foi sanada de forma contingente.
Conclusão final: Jeon jeonggukera um puta beijador.
°°°
-Não me olhe assim. - Tzuyu diz segurando a caneca frente a sua boca. Quando a encontrei conversava com
o quadro vermelho, diga-se de passagem, horrível. Desorientada pela bebida tive que arrasta-la até o carro,
a viagem foi preenchida por um longo monólogo dela acerca da poluição dos mares e rios.
Agora, tomada banho e com um copo de café nas mãos, parecia mais sã. Nada como a garota bêbada que
beijou desconhecidas numa festa qualquer.
- Você sabe que eu odeio lavar o cabelo a noite. - Resmunga, se aproximando de mim deita sua cabeça em
meu ombro.
- Não gosto quando você bebe assim. - Torcia para que ela esteja sóbria o suficiente para entender o que eu
estava dizendo.
- Eu sei. Desculpa. Reconheço que passei do ponto. - Queria dizer mais, assim como Jeongguk me
recomendou. No entanto, eu ainda era um grande covarde.
- Tudo bem. Vá descansar. - Retiro a caneca de suas mãos, a depositando na mesa de cabeceira.
- Vem, dorme comigo. - A ajudo a se ajeitar na cama.
- Só vou tomar um banho antes. - Tzuyu acena, os olhos verdes se fechando lentamente. Ela segura a minha
mão a puxando para próximo de seu rosto.
- Eu te amo Taehyung. Você é com certeza o melhor que tenho. - Diz e então deposita um beijo suave no
dorso de minha mão. Aos poucos a assisto entrar para a dimensão do sono, o aperto de sua mão na minha
diminuindo.
Quando começamos a namorar eu era um garoto bobo, jovem e apaixonado. Não acreditava que uma
mulher como Tzuyu poderia se apaixonar por mim também. Hoje, três anos depois, ainda me encontro no
mesmo estágio. Eu sempre quis ter aqueles relacionamentos dos filmes, sei que parece batido, mas era
como era. Queria algo como eu sempre via no relacionamento de meus pais, eles eram felizes um com o
outro, eles se amavam e criaram a mim e minha irmã com todo carinho e compreensão do mundo.
Até que um dia eles não se amavam mais. Meu pai saiu de casa, minha mãe o superou. E foi quase como se
minha infância e metade da adolescência tivesse sido um surto pessoal meu. Ainda acreditava que aquele
amor entre eles foi real. E eu queria viver o looping daquele sentimento que eu via nos olhos dos dois.
Queria isso com Tzuyu. Criar uma família, ser bom para ela. Ser suficiente.
Minha mãe sempre dizia que o dia de amanhã não é nosso até que Deus aperte nossa mão. E eu orava para
que esse ser supremo que passei toda a minha infância escutando nas tardes de domingo segure a nossa
mão para que esse relacionamento dê certo. Mas havia certo incomodo em meu peito e eu não sabia o que
fazer com isso.
- Eu também te amo Tzuyu.
Capítulo 8

- O que está rolando ? - Cheguei do serviço pronto para comer qualquer coisa que havia restado na geladeira
já que a única pessoa que cozinhava era Jeongguk, mas ele só fazia quando tinha tempo. E quando
tínhamos comida, entre Wooyoung e Nayeon, especialmente ela, não havia a palavra compartilhamento no
vocabulário. Por isso minha tamanha surpresa quando encontro todos na cozinha e a bancada repleta de
lanches. Três caixas de pizzas de diferentes sabores, alguns hambúrgueres com acompanhamento e uma
torta inteira de nozes.
- Isso aqui é meu agradecimento a Jeongguk por me deixar usar sua imagem e fama entre as vadias de
calcinhas molhadas para ganhar dinheiro. E porquê não alimentar todos vocês? Faz um tempo que não
comemos algo juntos. - Sorrio para Wooyoung, ele aparentava animado como sempre. Não perco tempo e
me junto a eles, Nayeon já retirava seu pedaço de pizza.
- Viva as calcinhas molhadas das vadias! - Digo levantando meu copo de suco. Nayeon revira os olhos, mas
ergue o seu também.
- Irônico que quem ganhou foi uma cueca molhada. - Ela diz entre suas mastigadas.
- Eu juro que nunca vi tanta mulher surtar em uníssono. Foi um delírio. Nenhuma delas e um único cara.
Você matou metade de seu fandom. - Wooyoung ri de sua própria fala. Ele era tão bobão.
- E criou um novo. Agora várias delas estão prontas para fanficar você com alguém do gênero masculino. -
Nayeon replica.
Jeongguk se mantem em silencio, imaginava que havia um sorriso em seu rosto. Mas não me atrevo a olha-
lo.
- Então Taehyung, como se sente com sua namorada te traindo ? - Nayeon me olhava com deleite pela sua
provocação.
- Calma ai, Tzuyu te traiu ? Aquela escrota! - Wooyoung arregala seus olhos castanhos para mim.
- Ei, não fale assim dela. Ela não me traiu. - Afirmo.
- E ? - Wooyoung franze a testa, provavelmente sacando que algo não estava certo. - Ela continua com a
mania ridícula de beijar garotas nas festas ?
- Mania ? Ela tem mania de beijar outras mulheres nas festas que vai ? - Nayeon sorria, pelo modo como me
olhava tinha certeza que estava amando o rumo dessa conversa. - Mania agora é um novo adjetivo para
traição ? Ou vocês abriram o relacionamento ?
Não respondo porque eu não sabia a verdade das respostas. E estava cansado demais para me importar. O
que fosse que eles achassem, nada pioraria o que eu já tinha em mente sobre o meu relacionamento.
- Vocês são muito fofoqueiros, deixe a vida do cara. Isso não é problema de vocês. - A voz de Jeongguk
ressoa pela primeira vez desde que cheguei. Dessa vez, havia algo em seu tom. Eu apenas não conseguia
decifrar.
- Por que você sempre defende ele ? Todo mundo aqui é fofoqueiro! Sabia que ele quis saber o que estava no
meu exame da ginecologista meses atrás ? - Reviro meus olhos, recordando de tal acidente.
- Não foi por mal. E foi uma aposta com Wooyoung, ele achou que você tinha sífilis.- Wooyoung gargalha.
- Cara, eu perdi feio.
Nayeon nos encara incrédula.
- Vocês são nojentos. Quando teremos uma outra mulher na casa para assim eu não me sentir acuada ? - O
tom de falsa modéstia dela me arranca uma risada.
- Você acuada ? Pode até ser que da porta para fora exista o patriarcado mas da porta para dentro você nos
oprime mulher! - Digo apontando minha pizza para ela.
- Feminismo nessa casa foi legalizado desde que Nayeon chegou. O caos. - Wooyoung complementa, e nem
mesmo Nayeon pôde deixar de rir.
Encaro Jeongguk de maneira desatenta ou fingi ser de tal forma. Ele sorria também, se ocupando em pôr
katchup em seu hambúrguer. Me perco na conversa paralela de Nayeon e Wooyoung, pois naquele
momento, alias, um péssimo momento, me lembrava do beijo de Jeongguk.
Passei a semana evitando o pensamento que vinha quando eu menos esperava. A sensação que agora eu só
tinha no campo da memória era aterrador, porque eu queria mais. E eu não tenho o costume de recusar
minhas próprias vontades. O problema era que eu não tinha vontade de tocar em ninguém além de Tzuyu,
até o dia no terraço com Jeongguk.
Será que ele tinha algo em seus lábios que enfeitiçava as pessoas ?
- Quer pegar Jeongguk, Taehyung ? - A voz de Wooyoung me tira do poço dos meus pensamentos. Suas
expressões eram leves e risonhas, o que acalmou meu coração.
- Até parece que Jeongguk pegaria ele. Eu te disse você é feio. - As vezes eu sonhava em embrulha-la em um
pano e joga-la para o outro lado mundo. Alguém lá deve querer atura-la.
- Não fale assim do meu menino, ele é fofo. - Wooyoung faz uma voz infantil se dirigindo a mim. Odiava
quando ele fazia isso.
Jeongguk se vira para mim, seus olhos analisando-me. Me sinto inquieto por isso enfio um grande pedaço
de pizza na boca. Ele sorri, deixando uma leve mordida no lábios inferior, perto do piercing. Aquele maldito
piercing.
- Eu acho que pegaria ele. Pena que ele não me quer. Se quisesse, eu estaria disposto. - Nayeon começa a
tossir, Wooyoung solta uns sons aleatórios e longe de qualquer entendimento humano.
Jeongguk me lança um último sorrisinho dos infernos e volta a se dirigir a seu lanche. Me deixando
abismado com a cara de pau. Torcia para meu rosto não transparecer o nervoso que sentia por dentro.
- Se Tzuyu souber disso ela vai arrancar o seu pau. - Wooyoung me trás de volta a realidade. Sorrio para
acompanha-lo, afinal era tudo uma grande brincadeira. Tirando a parte de que senti cada palavra como se
não fosse. Até algumas semanas atrás, no nosso jogo de flerte, eu pensava que ele estava jogando assim
como eu fazia. Mas agora, depois do terraço, eu não conseguia afirmar se ele apenas caminhava no ritmo da
brincadeira ou estava tirando com a minha cara. Talvez os dois concomitantemente ?
°°°
Desde que comecei a acompanhar os aniversários de Tzuyu, eles se resumiam em duas partes, primeiro: um
jantar com os pais dela e segundo: um jantar com os amigos dela. E eu estou incluído no segundo, o combo:
namorado/amigo. E graças a Deus os pais dela preferiam privacidade então eu só precisava comparecer na
ocasião dois.
Os amigos de Tzuyu variavam em estilos e personalidades mas todos eles passavam pelo crivo de não se
importarem em estarem vivos para ver o dia seguinte. Não quando metade deles estavam bebendo vodca
como se fosse água. Tzuyu se contentou com alguns copos de martines e cerveja, eu a acompanhei, afinal
era seu aniversário.
O clube em que estávamos nem em sonho eu poderia entrar se não fosse por ela. Só uma bebida aqui valeria
metade de meu salário. E além do mais, eu não gostava de clubes. Me sentia claustrofóbico, as luzes, a
fumaça, os corpos ausentes de consciência, seja o que for, sempre havia algo que pinicava a minha pele e me
impedia de curtir plenamente.
- Obrigada! Você me deu o melhor presente de todos. - Tzuyu grita próximo ao meu ouvido. Estávamos na
pista de dança, a batida eletrônica esmagando meus pensamentos.
- Agradeça ao Jeongguk. - Grito de volta.
Esse seria uns dos poucos presentes que nunca pensei em dá-la.
- Não estou falando do ménage. Ok do ménage também mas agora é sobre você. - Aceno distraído com a
forma como sua melhor amiga Nataly, devorava a cara de um homem. Não acho que a língua devia se
comportar daquela forma em um beijo.
- Sabe qual foi o meu pedido quando eu assoprei as velas ? - Sorrio lembrando das velas. Nataly trouxe um
bolo com velas no formato de pênis. Foi engraçado ao mesmo tempo que me deu gatilhos quando vi Tzuyu
assoprar, consecutivamente chupar um deles.
- Você não pode contar se não, não se realiza.
- Isso é superstição. - O som da pista estava tão alto que mesmo sabendo que Tzuyu estava desdenhando eu
não conseguia escutar as nuances interpretativas. - Eu pedi para que você e eu fiquemos juntos para
sempre.
- Agora que você me contou não vai se realizar! - Tzuyu dá um passo para trás, me surpreendo quando ela
me bate.
- Eu não creio nessas bobagens. Enfim, até esqueci do que eu estava falando Taehyung. - Ela volta a se jogar
contra mim. Abraço seu corpo suado torcendo para que possamos ir embora, eu estava cansado demais
para esse local que sugava minha já pouca energia.
- Estava brincando Kat. Feliz aniversário amor.
Está liberado querer ir embora da comemoração de aniversário de sua namorada ? Porque independe dos
meus sentimentos, mas é difícil ignorar a ausência de diversão em mim. A farsa sorridente e os drinks não
criaram nem mesmo uma falsa sensação de leveza que combinasse com o ambiente.
Quais as chances de Tzuyu preferir um piquenique no próximo ano ?
Capítulo 9

Saía da cozinha com um copo de café quando Jeongguk chega.


Ele me deseja boa noite com um sorriso fraco e sem muita atenção segue escadas a cima. Nayeon fazia yoga
na sala, quando pergunto a ela se reparou algo diferente nele sua resposta é apenas me mandar vazar. Eu
tinha motivos para apontar que ele poderia não estar bem hoje, afinal, geralmente sempre que chagava a
primeira coisa que fazia era nos iluminar com seu sorriso acolhedor, seja qual fosse o tempo.
Não era usual aquele tratamento seco. Me disponho a subir para o meu quarto. Tinha que finalizar algumas
planilhas para as apresentações da semana. Porém, no meio das minhas contas de gastos, Jeongguk volta a
minha mente. Pisco para dissipar a face dele e tento focar novamente.
Teorizei que eu estava em looping sobre a noite do terraço porque eu nunca na vida beijei um cara. Pronto.
O fato de gostar do beijo me fascinou e possivelmente aguçou minha curiosidade. Não era um idiota
completo, confesso que me senti excitado. Era tudo muito natural.
É isso.
Batuco meus dedos contra a mesa encarando o numero 79 piscando na tela. E se ele precisasse de alguma
coisa ? E se estivesse doente ? Bem que eu não seria a melhor pessoa para ajudar nesse caso, mas eu poderia
chamar Nayeon se essa fosse a razão. Me adiantando com esse pressuposto em mente vou até a porta de
Jeongguk. Por um momento me esqueço como vim parar aqui tão rápido. E já bato meus dedos contra sua
porta num barulho brando.
- Oi. - Digo assim que ele abre a porta. Jeongguk não se demora em ficar me olhando, deixando a porta
aberta se dirige para cama, o observo se jogar nela cobrindo seus olhos com o braço direito.
Entendendo esse gesto como um pedido para entrar, fecho a porta trás de mim.
- O seu quarto é bem organizado. - Ele tinha até mesmo uma instante com livros enfileirados
perfeitamente.
- Produzo melhor na ordenação. - Sua voz ressoa polida no quarto mais polido ainda. Combinava com ele.
Me aproximo e me sento a seu lado.
- Você está bem ? Precisa de alguma coisa? - Encaro a tatuagem à mostra em seu braço. Parecia uns escritos
em coreano ? Chinês ? Eu não sabia diferenciar os caracteres.
- Só estou cansado. - Descobrindo seu rosto me permite vê-lo por completo.
O cabelo pendia para trás, deixando sua face visível para mim. Ele tinha umas belas sobrancelhas. Quase
reviro meus olhos, não havia uma singela parcela que eu pudesse apontar e dizer que não ornava com a
beleza dele.
Só para ter certeza me viro para seus pés no final da cama. Os dedos completamente normais, unhas bem
cortadas. Nada desregular. Então era mentira quando diziam que uma pessoa muito bonita de rosto tinha
pé feio, ou então, Jeongguk subverteu essa ordem.
- O que foi ? - O jeito que sua voz deu uma leve tremida com o sorriso que iniciou em sua face atingiu em
cheio meu peito.
- Nada. Só passei para ver se você estava bem. Só... - Deveria me levantar agora, mas me pego na armadilha
de continuar o encarando.
- Preocupado comigo ? - Levanto meus ombros. Tento forjar uma normalidade em meu ato. Eu nunca pisei
no quarto dele antes. E estava aqui por um motivo bobo, tal qual a minha resistência em ir. - Você me deixa
confuso.
- O que ? - Jeongguk toca a minha mão. Suspiro como a porra de uma virgem. - Você descende de qual
lugar ?
Mudo de assunto para desacelerar a queimação em meu estômago.
- China. Meu pai é chinês. Nasci aqui mas com todo o fenótipo dele. - Aceno.
Seus dedos acariciam o dorso de minha mão.
- Legal. - Ele sorri, sua cabeça se inclina para o lado e nessa posição ele conseguiu se tornar fofo.
Engulo em seco enquanto trocamos o que para mim parecia ser o mais longo contado visual já estabelecido.
Esse seria o momento perfeito para me afastar e voltar a fazer meus deveres. Esse seria um ótimo momento
para provar para mim mesmo que eu podia resistir aos meus desejos. Eu já não mais era um adolescente
que estava pronto para arriscar tudo com o pensamento de que só se vive uma vez.
Não. Eu sou um adulto. Formado. Empregado. Ainda jovem, ainda incerto da vida, mas com toda certeza
com mais discernimento de minhas ações e as possíveis consequências delas.
Então, por que mesmo sob tantos argumentos válidos do lado racional de minha mente eu me sinto
aproximando da boca de Jeongguk ? Como poderia negar aqueles lábios que estavam tão pertos dos meus ?
Sinto sua respiração contra a minha boca, sua mão subindo para minha nuca, toco desavergonhadamente
seu peitoral sentindo cada musculo sob meus dedos. Devo estar perdido na luxuria pois tinha certeza que li
uma permissão nos olhos dele.
Sua boca cobre a minha rigorosamente, nada parecido com o nosso beijo na sacada. Sua língua exige a
minha enquanto suas mãos me puxam para ele, e eu cedo porque a última coisa que poderia pensar era em
me afastar. Em poucos segundos do nosso contato eu já me encontrava gemendo. Era mais forte que eu.
Havia algo com a agressividade em seu toque que me deixava excitado.
Não sei, não me pergunte como ele estava em cima de mim. Eu só conseguia captar que sentia toda a
extensão de seu peito contra o meu. Agarro suas costas conhecendo cada músculo que ele deve ter levado
anos para manter. Seu corpo no meu pesava e eu estava fodidamente amando essa sensação. Desço mais
minhas mãos enquanto ele se ocupava em devorar meu pescoço. Procuro o ar no quarto enquanto
decodificava o corpo dele que em quase nada era diferente do meu, mas mesmo assim meus dedos o
pincelava como se tudo ali fosse novidade.
Mordo meu lábio inferior me impedindo de gemer mais alto. Posso não estar atento a vergonha nesse
momento, pois meu corpo estava distraído com outras sensações, mas eu sei que teria um acesso de
vergonha mais tarde quando lembrasse. E não teria como eu não lembrar.
Aperto a sua bunda, e como se ele atendesse a um pedido que nem eu mesmo sabia que queria, Jeongguk
começa a se mover contra mim.
Porra.
- Me beija. - Murmuro, sentindo falta de seus lábios nos meus.
Ele me atende e volta a me beijar. Dessa vez um pouco mais lento e torturante. Seus quadris se movem
dolorosamente contra o meu, o pressiono mais contra mim achando impossível esse ser o limite de nosso
contato. Jeongguk afasta sua boca da minha. Reparo quando ele apoia seus braços ao lado de minha cabeça,
seu rosto com uma expressão sexy, seus lábios inchados; algo inflama em meu peito. Enrosco meus braços
ao redor de seu torso encarando os olhos escuros.
Conseguia sentir seu membro duro contra o meu, nunca me arrependi tanto de usar cueca na vida. Eu me
sentia preso. Queria mais.
- Acho melhor você voltar para o seu quarto. - Basicamente era como se alguém acabasse de quebrar
propositalmente um vidro numa sala de meditação. O som estridente me tirando do envolvimento que nos
cercava. Jeongguk se levanta. Era visível o volume em suas calça.
Ele limpa a garganta numa tosse desconfortável.
Me levanto também, mesmo com toda a rejeição de meu corpo em faze-lo.
- Ok. Eu vou indo. - Ele acena. Passando suas mãos pelo cabelo, seus olhos receosos em mim. - Boa noite.
- Boa noite Taehyung. - Ponho na conta da minha excitação o arrepio que me acanhou quando ele disse meu
nome naquela voz rouca.
Assim que fecho a porta do meu quarto me inclino sobre ela, encostando minha testa na madeira gelada. Eu
não acredito que vou dormir de pau duro por causa de Jeon jeongguk.
Capítulo 10

- Nayeon eu preciso tomar meu banho, anda logo com isso! - Grito na porta do banheiro.
05:58 da manhã e Nayeon estava usando o banheiro que eu dividia com Jeongguk e Wooyoung. A princesa
tinha o próprio banheiro e agora estava me atrasando em quase meia hora por estar usando o meu. Já havia
ultrapassado meu limite de paciência, era seis da manhã pelo amor de Deus!
- Eu estou tomando banho, acalme-se. - Sua voz desdenhosa me irritou mais ainda. Continuo batendo na
porta impacientemente.
- Ei, o que está acontecendo, que barulhada é essa ? Vocês estão loucos ? São seis da manhã porra! -
Wooyoung sai do quarto gritando. Se fosse em qualquer outro momento eu riria de seu pijama das meninas
super poderosas, mas não hoje.
- Por qual motivo Nayeon está tomando banho aqui?
- Não sei. Por que você não usa o outro banheiro ? - Passo a mão pelo meu cabelo que devia estar um
emaranhado horrível de cachos embolados.
- Porque todas as minhas coisas estão ai dentro. Eu já deixo aqui para não me esquecer. - Eu era
completamente perdido na manhã, quando já deixava as coisas no mesmo lugar, facilitava a minha rotina
semanal.
- Nayeon por que está tomando banho no nosso banheiro ? - Wooyoung pergunta gritando mais uma vez.
Me pergunto como Jeongguk não acordou ainda.
- Porque você seu imbecil não consertou o meu chuveiro. Você acha mesmo que vou tomar banho de água
gelada às seis da manhã ? Sonha Wooyoung. - Reviro meus olhos batendo minha testa contra a parede.
- Isso é culpa sua! Você nos forçou a te dar um banheiro o mínimo que poderia fazer era comprar o chuveiro
que você queimou porque só você usa! Qual o seu problema? - Eu deveria arrumar um apartamento só para
mim. Faço uma anotação mental de procurar algum mais tarde.
- Você é o inquilino, sua função é manter todos nessa casa providos das necessidades mínimas, afinal
pagamos aluguel Wooyoung. Agora me deixe terminar meu banho. - A voz de Nayeon estava servindo para
complementar meu ranço para com ela.
- Você está ai dentro mais de meia hora Nayeon! - Volto a justificar, mais para tentar dissipar a minha raiva.
- Você é um desserviço para o meio ambiente!
- E você é um desserviço para a humanidade seu imbecil. - Era oficial, eu poderia levar um documento no
cartório para comprovar o quanto eu odiava Nayeon.
- Vocês são absurdamente barulhentos pela manhã. Sério, quando assinei o contrato estava lá que todos os
moradores eram discretos e respeitavam os horários básicos. - Abro meus olhos para a voz reconhecível e
agradável em contraste com o arranho que era o tom de Nayeon. Jeongguk se aproxima de nós todo sexy.
Ok, ele não estava sexy, ele era sexy.
O rosto amarrotado por acabar de acordar. O pijama que era basicamente uma camisa preta e calça
moletom cinza que o davam um ar casual. Seus pés descalços contra o chão frio. Cabelos perfeitos na
manhã...
Arregalo meus olhos lembrando de como o meu próprio cabelo estaria agora. Me controlo, não havia
necessidade para fingir que ele nunca me viu assim anteriormente. Inúmeras vezes eu o peguei rindo de
mim e para mim, porque ele nunca escondia seus sorrisos, quando eu aparecia na cozinha atormentado
pelo sono ou nos encontrávamos de manhã nos corredores, e eu sempre retinha uma desordem capilar
imensa.
Mas agora a consciência disso me incomodava. Poderíamos voltar para a época em que não era problema
para minha autoestima ele me ver com essa aparência ?
- Acho que todos já quebraram muitas clausuras do contratos Pat. - Wooyoung se senta no chão. - Nayeon
está prendendo o banheiro e Taehyung tem que se arrumar se não vai chegar atrasado no serviço.
- Nayeon está ai dentro a mais de meia hora! - Digo na defensiva para ninguém em especifico. Num acesso
de ódio volto a bater na porta incessantemente. - Caralho Nayeon eu juro que se você não sair dai agora eu
vou destruir aquele seu vestido feio vermelho de natal.
- Como você sabe dos vestidos dela ? - Wooyoung me questiona espantado. O ignoro sem paciência para
explicar que Tzuyu passou horas falando mal daquele vestido.
Sem demoras Nayeon abre a porta. A toalha em volta do seu corpo e um sorriso vitorioso no rosto enjoado.
- Pronto. Todo esse escândalo foi culpa sua Taehyung. Se soubesse esperar nada disso teria acontecido. - Ela
pisca para mim e caminha para seu quarto. Não sem antes deixar um beijo na bochecha de Jeongguk.
- Vai comprar seu chuveiro Nayeon! - Wooyoung grita para ela enquanto se levantava. - Agora eu vou voltar
a dormir cavalheiros. Obrigada pela distração matinal, foi de péssimo gosto.
Me mantenho parado como um completo idiota. Eu realmente não suportava Nayeon. Em altos níveis.
- Ei, relaxa. Vai tomar seu banho, vou fazer o café. - Jeongguk acaricia minha nuca se aproximando
sutilmente de mim. Fecho os olhos por alguns segundos desfrutando da caricia. Aproveito e apoio minha
cabeça em seu ombro. - Você precisa ir para não se atrasar.
- Você é tão confortável. - Murmuro colando-me no corpo quente. Seu peito estremece com uma risada,
atingindo pontos alternados contra o meu próprio peito que acompanha cada movimento.
- Como pode ser tão manhoso de manhã ? - Queria poder ficar em seus braços com sua massagem em
minha nuca e voltar a dormir. Acho que o sentimento de estar sobrevoando marte indicava que eu estava
dormindo, certo ? - Bora Taehyung, vai tomar banho.
Acordo de meu breve e delicioso sonho numa das melhores camas disponíveis no universo. Jeongguk me
empurra para o banheiro, com uma piscadela e um sorriso fecha a porta atrás de si.
°°°
A presença de Tzuyu numa quinta- feira a noite me pegou de surpresa. Seu sorriso fofo e as sacolas de
comida tailandesa em seus braços me causaram ao mesmo tempo uma sensação aflitiva quanto enérgica.
- Faz um tempo que não comemos juntos assim. Eu ando ocupada com a facul e você com o serviço. Sinto
falta de nós. - Tzuyu justifica quando a pergunto o porquê da surpresa.
Eu até poderia parecer o mais bobão da relação, e talvez eu fosse, mas em termos de demonstrar por meios
materiais Tzuyu me vencia. E foi um grande ponto para nossa relação ela não me cobrar o mesmo pois eu
sou bem tapado para essas coisas. Eu a amo e faço tudo por ela, em outras instancias. Além do que odiava
tentar presentear alguém, tenho um medo da pessoa rejeitar meus esforços. E mesmo entendendo que
possa acontecer e seja algo natural, não posso evitar imaginar a minha profunda assolação diante da
recusa.
- Hum, você está livre no domingo ? Esqueci que meu pai faz aniversário e ele quer todos lá. - Tzuyu
esquecer o aniversário de seu pai não era novidade. Eles não tinham uma relação muito boa, mas tentavam
manter a linha pai e filha que se davam bem nas datas comemorativas. Era quase um acordo tácito entre
eles.
- Claro. - Enfio mais macarrão na minha boca recuando a minha agenda, planejava ir ver minha mãe. E
mais uma vez, adiada.
- O que foi ? Você parece estranho. Está acontecendo alguma coisa ? - Sorrio, espero que meu melhor
sorriso de "estou bem, imagina!" seja convencível. - Oh, Jeongguk.
Óbvio que ele apareceria agora. Esse roteiro não teria graça se a presença de Jeongguk não fosse
requisitada. Me ocupo em enfiar mais carboidrato na boca, a enchendo o suficiente para quase sair para
fora.
- Oi Tzuyu, tudo bem ? - O vejo sorrir gentil como sempre, mas ele não se aproxima de Tzuyu. Geralmente
ele a beijava na bochecha, como fazia com Nayeon. Não hoje.
- Estou sim. Chegou agora ? - Queria pedir para ela parar de puxar assunto. Mas parece que minha energia
estava em baixo nível comunicativo. - Tem mais uma caixa, você quer ? Trouxe três porque Taehyung come
muito, mas ele não se importa de dividir se quiser.
Eu me importo Tzuyu, é comida!
Péssimo momento para levantar meu olhar para Jeongguk, ele me encarava com aquele jeito sério que eu
não conseguia decodificar.
- Come devagar Taehyung, cuidado para não se engasgar. - Dito isso, começo a tossir me engasgando.
- Ai Taehyung, que nojo! - Tzuyu reclama mas havia um sorriso em seu rosto.
- Seja como for, valeu Tzuyu, já comi. Bom jantar para vocês. - Jeongguk sai da cozinha com sua garrafa de
suco sem olhar para trás.
- Ele está estranho hoje. O que será que aconteceu ? - Ela me ajuda a limpar onde sujei.
- Sei lá, tem dias que ele está assim. - Murmuro.
Depois do nosso momento em seu quarto nada mais aconteceu. Ele era bem amável comigo, mas ele era
assim com todos os moradores dessa casa. Não era como se eu fosse exceção. No entanto, eu gostava
quando ele fazia coisas simples por mim e não pelos outros, como de manhã me dar minha caneca já cheia
de café. Mas também, Nayeon não bebia café puro e Wooyoung misturava com seus leites veganos. Mesmo
assim, ainda gostava da ideia e consideraria algo especial.
- Quando você vai mudar essa cama ? Sério Taehyung é muito desconfortável. - Tzuyu se revira no colchão
fazendo com que seu short curto de baby doll mostre sua bunda. - O que você está olhando ?
Sorrio e levanto meus ombros.
- Minha namorada. Como ela fingi reclamar da cama apenas para me atrair com suas pernas. - Tzuyu
gargalha.
- Não, eu não faria isso. Não tenho culpa do meu charme natural ser erótico para você. - Ela tenta fugir, mas
a agarro pela cintura a puxando de volta para cama. Faço cosquinhas em sua barriga. Ela era tão sensível.
Sua risada aumenta exponencialmente, não duvido que os outros poderiam escutar. - Para Taehyung,
para!
Me jogo a seu lado na cama. Sua risada ainda ressoando.
- Que droga. - Tzuyu não suportava quando fazia cosquinhas nela. Mas ela ficava tão fofa com as bochechas
rosadas e seus cachos uma áurea bagunçada em volta de si. - Ei, o que aconteceu aqui ?
- Hum ? - Distraído com a atenção de seus lábios em meu pescoço me perco no seu questionamento, até
que ela vira meu rosto brutalmente para o lado.
- Taehyung isso é um chupão ? Ou foi um? - Os olhos verdes me questionam abismados com tal
possibilidade.
Merda!
Fomento minha melhor máscara social e disfarço a verdade.
Mentir nunca era uma boa solução, minha mãe vivia a repetir isso. E mentir para garota que você ama
menos ainda.
- Na verdade... - Limpo minha garganta enquanto Tzuyu se senta, seu corpo visivelmente rígido.
- Você me traiu Taehyung ? - Sua voz séria acompanha a expressão perturbada.
Tzuyu não era sobre medos e preocupações em nossa relação. Tinha por mim que ela confiava sua vida a
minha pessoa. E esse olhar era o tipo raro em nossas trocas.
- Não, claro que não! - Seguro suas mãos e me aproximo dela. - Mas eu tenho que te confessar algo. No dia
da festa do Wooyoung quando você estava ficando com aquelas meninas eu meio que fiquei com Jeongguk.
- O que ? - Ainda supondo que ela me escutou, repito. Gradualmente sua face se modifica de preocupada
para incredível e então se assenta na surpresa. - Porra Taehyung mentira? Como ?Ai meu Deus você é bi ? O
que?
Esqueci que essa seria sua reação. E vamos de explicar o que eu não me importo em saber.
- A gente só se beijou. - Murmuro.
- E ele te deu um chupão querido. Eu sei reconhecer quando vejo um, mesmo que esteja sumindo. - Havia
algo nos olhos de Tzuyu, mas me recuso a entender.
- Enfim, você não está chateada, está ?
- Óbvio que sim. Vocês não me chamaram! Eu sonho num beijo triplo com vocês dois! - Me acomodo na
cabeceira e Tzuyu não perde tempo em sentar em cima de mim. - Então, você gostou ?
- Um pouco. - Levanto meus ombros enquanto brinco com a borda da blusa de renda dela.
- Ele beija bem, né ? Será que agora que vocês ficaram não está afim de um outro ménage ? Agora seria mais
intenso porque vocês dois poderiam se pegar. E eu meio que previ isso. - Arregalo meus olhos para ela. -
Não me olha assim, vocês têm muita química. Quer dizer, se eu não tivesse certeza de que você me ama eu
odiaria saber desse beijo.
- Que bom que você sabe. - A puxo para mim a beijando, mas antes de poder aprofundar ela se afasta.
- Você não me respondeu.
- Não acho que ele queira. - Murmuro.
- Eu acho que ele super aceita se você perguntar de novo. Vamos explorar esse seu lado que se sente atraído
por homens amor. Essa é uma boa oportunidade. - Fecho meus olhos lembrando da noite em que eu fui no
quarto dele e pude comprovar minha atração por homens. Eu não precisava de outro ménage para isso.
- Por que você não pode ser que nem as namoradas comuns e sei lá, ser ciumenta ?
- Porque se eu fosse elas você não estaria comigo. - Queria dize-la que não tenho certeza se esse era o
motivo pelo qual estou com ela, mas seus lábios me tiram da linha de raciocínio. Rapidamente meu corpo
ascende com seus movimentos acima de mim e seus toques macios em meus braços.
Transar com Tzuyu era a terceira maravilha do mundo. A primeira era dormir e a segunda comer, por mais
amor que tivesse por ela as necessidades básicas ainda venceriam.
Em pouco tempo ela me faz esquecer de nossa conversa anterior, de suas perguntas e meu desconforto. Seu
corpo sempre era meu escape favorito, amava até mesmo a sensação de suas unhas longas perfurando a
minha pele enquanto eu a penetrava.
Capítulo 11

Assim que entramos na cozinha todos os olhos, exceto um, se voltaram para nós.
- Bom dia pombinhos. Que bela surpresa, temos esse colírio. - Wooyoung abre os braços numa
representação muito boa de Marlon Brando em O poderoso Chefão.
- Só para constar Taehyung ele está se referindo a Tzuyu não a você. - A voz de Nayeon ressoa como um
irritante mosquito.
- Bom dia. - Digo me sentando ao lado de Nayeon, já que Tzuyu resolveu sentar ao lado de Jeongguk.
- Bom dia gente, espero que vocês não se importem em dividir o café comigo. Posso ? - Tzuyu se dava bem
com todos aqui.
- Claro que pode linda. Na verdade, eu preferiria ter você como companheira aqui. Não pensa em trocar de
lugar com Taehyung não ? - Me ocupo preparando meu pão, valia mais do que replicar a fala de Nayeon.
- Sério, no início eu pensei que toda essa implicação entre vocês resultaria num adultério. Mas a parte do
ódio nunca passa! - Wooyoung diz rindo e Tzuyu o acompanha.
- Abdico de sexo se o único homem restante for Taehyung. - Ela diz.
- E eu extermino a humanidade se fossemos os únicos pares heterossexuais disponíveis para procriar no
mundo. - O assunto segue leve, todos diziam algo menos Jeongguk. Ele comia em silencio, de vez em
quando olhava para o nada ou para Nayeon e só.
- Sério, me pergunto como você ... - Nayeon aponta seu garfo para mim com visível desprezo. - ... pode
satisfazer um mulherão como ela. Não bate.
- Ei, não diminui meu menino assim. Taehyung só tem cara de babaca. - Franzo a testa para Wooyoung
tentando decidir se foi um elogio. Ele pisca para mim, um sorriso idiota brincava em seus lábios. - Essa
noite foi boa pelo jeito, vocês poderiam ter sido gatilhos para alguns de nós.
- Ai meu Deus. Foi mal. - Tzuyu põe a mão na boca envergonhada.
Sexo era algo que evitávamos fazer no meu quarto pelo motivo obvio das paredes serem delatoras.
- Tenho que ir, bom dia a todos. - Jeongguk se levanta repentinamente.
- Bom dia cara. - Wooyoung estende seu punho para Jeongguk que o retribui.
-Ele está meio sério hoje também, né ? - Tzuyu se vira para mim. Levanto os ombros.
Quanto menos pensasse sobre como ele estava melhor para mim.
°°°
- Quando você vai vir me visitar Lourenço ? Vive desmarcando! Você acha que sou disponível assim garoto ?
- Minha mãe grita no meu ouvido, não porque esse era seu tom usual, mas porquê ela estava usando o
aspirador de pó. E não, ela não vai desliga-lo apenas para falar comigo se tem como utiliza-lo junto a
potência de suas cordas vocais.
- Eu sei mãe, desculpe! Mas Tzuyu se lembrou do aniversário do pai dela, você sabe...
- Não Taehyung, eu não sei. No aniversário da sua irmã essa Tzuyu não veio. Por que não pode faltar uma
festa desse homem que você nem gosta ?
Ponto número um: minha mãe não suportava Tzuyu desde o primeiro dia em que a levei lá em casa. A velha
passou quase cinco dias emburrada, quieta para si mesma, até que decidiu me contar numa tarde de lanche
que Tzuyu não era a pessoa certa para mim. Não que eu dei bola para o que ela disse, afinal, minha mãe
implicava com todo mundo. Não esperava menos ao levar Tzuyu para conhece-la.
Ponto numero dois: Eu não gostava de nenhum dos pais de Tzuyu. Eles eram uma família de classe alta,
muito dinheiro, mas a energia deles era baixa. Como diria minha mãe "gente rica com alma pobre", eles
deixavam óbvio por meio de seus olhares que não aprovavam a mim. Sendo eu o sujeito de família mediana,
mãe costureira e pai contador de pequena empresa, e atualmente eu trabalho como um dos monitores de
setor na minha área administrativa, ou seja, nada do que eles queriam para ela.
E mesmo Tzuyu escondendo de mim eu sei que eles viviam a apresentar homens mais ricos que eu. Só não
vou dizer mais bonitos porque tenho que me dar um pouco de valor. Tzuyu fazia questão de me levar nas
festas de família como um movimento "revolucionário" de afirmar a seus pais que ela namorava sim um
pobretão. No início era desconfortável mas com o passar do tempo eu preferi curtir a festa e comer as
comidas deliciosas.
- Mãe, releva vai! E Tzuyu não gosta de ir sozinha...
- Problema é dela! - Acabo rindo, deixando cair uma fatia de queijo. - Taehyung meu filho, se você me
escutasse... mas cada um tem seu momento na vida, então, venha me ver semana que vem, como quiser.
Mas me mande mensagem posso estar ocupada.
- Pode deixar. Eu te amo chata.
- Tchau, tchau.. - Ela desliga na minha cara me deixando sorridente como sempre que eu falava com ela.
Finalizo meu sanduiche e me viro pronto para voltar ao meu quarto, me surpreendo ao ver Jeongguk. - Que
susto.
- Falando com Tzuyu ? - Jeongguk enchia a tigela com o leite vegano que ele e Wooyoung compartilhavam.
- Não, por que ? - Digo com a boca cheia me sentando na mesa.
- Você estava sorrindo dessa maneira... - Complementa, agora pondo os cereais de milho no recipiente.
Então ele era o tipo de sujeito que colocava leite antes dos cereais, isso não significa ser um traço de
personalidade ?
- Que maneira ? - O plano era subir e assistir um filme, mas acho que meus planos mudaram assim que o vi.
- De maneira fofa. - Me diz como se eu fosse o maior banana do mundo.
- Eu sou um homem de vinte e três anos, não sou fofo. - Jeongguk, para minha surpresa, se senta na minha
frente. Ele prende o sorriso, sugando o lábio inferior junto ao piercing. Porra.
- Ok, diabo da tasmânia. - Me perco no sorriso aberto que a tempos ele não direcionava perto de mim ou
para mim, e hoje eu devo estar no lucro pois foram os dois ao mesmo tempo.
- Um, você acha o diabo da tasmânia fofo ? Dois, eu não acho que pareço com ele.
- Um, acho um personagem adorável e dois, ele me lembra você. - Não era hora para me sentir acuado e
muito menos me render a essa alastrarão de algo quente no meu peito.
- Nem lembrava mais desse personagem. - Decido mudar o rumo do tópico puxando uma corda do mesmo
tema. Não debateria sobre não ser o Taz e nem me sentia ofendido. Afinal, ele o achava adorável!
- Nem eu, mas ontem passei a tarde com minha sobrinha e ela ama Looney Tunes.
- Você tem sobrinha ? - Digo surpreso.
- Eu tenho família ? - Ele responde num eco zombeteiro. Reviro os olhos. - Tenho. Duas irmãs, único
homem.
- Deve ter sido difícil, três mulheres de tpm. Eu passei por duas e quase morri. - Jeongguk acena, seu sorriso
sempre presente.
Ok, eu definitivamente preferia ele sorrindo perto de mim. Seu rosto bonito sério não me dava bons
sentimentos. E ele tinha o tipo de rosto que merecia se manter alegre. Reparo que sua tigela já estava vazia,
os longos dedos em volta do pote de vidro branco, reparo que hoje apenas três anéis enfeitavam as
delimitações dos dedos; e zero surpresas, Jeongguk como sempre estava lindo. De relance em minha analise
pessoal sobre seu rosto e cabelo pude ver um brilho na orelha direita.
- Nunca tinha reparado que você usa brinco. - Assumo me impulsionando para frente tentando ver melhor o
objeto brilhoso.
- Oh, coloquei essa semana, estava com medo do furo fechar. - Ele inclina um pouco o rosto para o lado me
permitindo ver a peça. Era uma pequena argola contra a pele lisa. Numa ação que só posso pôr na conta da
natural curiosidade humana, estico minha mão e toco sua orelha. Passando meus dedos pela extensão até a
área do brinco. Satisfeito, me afasto.
- Ficou legal. - Jeongguk acena não respondendo o meu sorriso dessa vez. Ele abaixa a cabeça por alguns
segundos, quieto, e então como se lembrando de algo, se levanta. - Você vai fazer algo essa noite ?
Era como se meu peito rejeitasse a imagem dele saindo sem mais, ainda estranho comigo, sendo que eu não
fiz nada. Se considerar que tocar na orelha dos outros não seja algo estranho ou desrespeitoso. E sentia
como se ele fugisse de mim toda vez que estávamos no mesmo cômodo.
- Acho que não, por quê ? - Não fazia ideia! Mas não podia dizer isso já que fui eu a perguntar.
- Quer assistir um filme comigo mais tarde ? - Aquela parecia ser uma péssima ideia e soou ainda pior
depois que pronunciei cada palavra. Mas o cenário de sentar ao lado dele, vermos uma produção qualquer,
talvez de comedia, assim poderia escutar suas risadas; seu corpo passando todo aquele calor que minha
mente tem vício em repetir...
- Ok. - Com isso, ele me deixa sozinho.
Eu e minha paranoia.
Capítulo 12

Na tentativa de parar a inquietação no meu estômago me propus a arrumar meu quarto, limpei o máximo
que eu pude; não ajudando, reorganizei todas as planilhas que já fiz para o trabalho em ordem alfabética e
por datas, com cores específicas e criando novas pastas; não o suficiente, dobrei as roupas espalhadas no
armário, eu realmente fiz isso, fiquei surpreso ao ver que havia tanto espaço no meu quarto e melhor - achei
minha blusa com a cara do Finn de Stranger Things!
Mas nenhuma de minhas tentativas freou o estranho borbulhamento. Deitado na cama repasso o meu dia.
Essa era a minha folga favorita, quando eu poderia estar em um dia de semana em casa e geralmente fazer
nada, e por mais que eu queira permanecer na cama olhando o meu teto, essa sensação irritante que me da
vontade de enfiar minhas mãos dentro de mim e retira-la não me deixava em paz.
Por isso me levanto e lavo o meu cabelo. Decido seguir o tutorial no youtube que minha amiga do serviço
havia me passado para cabelos cacheados. Em meio aos cremes me pego pensando sobre o motivo de estar
nervoso. Não poderia ser por causa do Jeongguk, poderia ?
Eu morava com ele, nós já vimos filmes juntos antes. Não era novidade. Não era tão tapado assim, eu
reconheço que quero fazer isso , mas não sei de onde vem essa vontade. Muito menos quando comecei a
nutrir a mesma. Talvez fosse do dia do ménage ? Ou melhor, da sacada! Seja qual for, algo em Jeongguk me
atraia.
Rio para o meu reflexo no espelho. Metade do cabelo úmido preso numa pregadeira esquecida por Tzuyu, e
o outro lado com cachos perfeitamente desenhados. O tutorial tinha razão afinal. Finalizo o processo de
modo mais descontraído.
Jeongguk me beijou de volta, isso significa que ele de alguma forma também se atrai por mim em algum
nível. Jeongguk me acha bonito ?
Olho para mim mesmo, nos meus melhores dias eu era um oito e meio, nos dias para baixo eu chegava nos
cinco, nos piores eu era um zero ponto um. Hoje em especifico me daria um oito. Ou seja, no meu melhor.
Se eu pensasse nos meus dias de paquera, que nunca foram muito bons, as meninas que chegavam em mim
geralmente me chamavam de fofo. Eu era o cara agradável e fofo da turma. Sempre foi assim. E essa era a
minha maior arma no flerte, por isso eu sou péssimo nisso.
Franzo minha testa para os olhos castanhos claros, para minhas sobrancelhas que de acordo com minha
mãe "Deus delineou para que eu nunca tenha que faze-la na vida", as bochechas que poderiam ser mais
cheias; e acima de tudo eu tinha orgulho da minha boca. Obrigado pai por compartilhar seus genes comigo
e me favorecer com esses belos e cheios lábios.
Desço meu olhar para o meu pescoço, a marca que ali estava sumiu. Tzuyu não gostava de marcar, não era
algo que ela curtia apesar de ser bem violenta no sexo. Jeongguk fez isso. A ideia da boca dele em meu
pescoço reativou as lembranças que eu tento com todas as minhas energias manter em baixa. Se eu estava
no meu melhor hoje, num promissor oito, será que ele se sentiria atraído e faria de novo ?
Balanço minha cabeça, afastando esse pensamento. A gente só veria o filme, como bons colegas que somos.
É isso.
°°°
- Qual filme você escolheu ? - Jeongguk volta para sala com uma bacia de pipoca. E quando eu digo bacia é
realmente uma bacia. Éramos quatro, sendo que eu e Wooyoung poderíamos disputar para ver quem come
mais, e de vez em nunca quando assistíamos algo juntos a bacia se fazia necessária.
- Esse do Dwayne Johnson, Rápida Vingança. Já viu ? - Por mais que preferiria um de comédia, achei
melhor me manter na ação. Filmes assim me prendiam mais rápido. E se Jeongguk ficasse rindo ao meu
lado eu não conseguiria prestar atenção no filme.
- Não. - Ele se senta a meu lado. Ao se virar para me dar a bacia seus olhos param em meu cabelo. - Fez algo
com seu cabelo ?
- Fiz algo chamado fitagem. - Jeongguk sorri levando seus dedos para os meus fios.
- Ficou muito bom. - Ele diz afastando sua mão. - Mas eu gosto do jeito bagunçado de sempre.
- Tzuyu também. - Respondo por hábito. Tinha enviado uma foto para ela assim que terminei meu trabalho
pessoal e orgulhoso de mim mesmo, Tzuyu no mesmo instante mandou um áudio de quase quatro minutos
me elogiando para no final dizer que fitagem é superestimada e que pessoas cacheadas como nós não
devíamos viver presos a definições. E acrescentou que meu cabelo sem definição a deixava molhada.
- Claro que ela gosta. - Murmura enquanto se acomodava no sofá.
Assim que coloco o filme tento focar na abertura, meus olhos atento a tela, mas meus sentidos estavam
ligados a perna de Jeongguk que encostava na minha.
- Quais as chances de você um dia chegar no tamanho do The Rock ? - Questiono a Jeongguk depois de ver
o personagem apontar a arma com aquele braços extremamente grandes.
- Eu não acho que quero chegar a esse tamanho.
- Certeza ? Acho que você ficaria bem. Um armário, grande armário. - Jeongguk sorri. O acompanho me
dando crédito por faze-lo feliz.
- Tenho certeza Taehyung. - Deveria dize-lo que pronunciar meu nome naquele tom jocoso era proibido.
Mas me distraio quando sinto seus dedos encontrarem a minha nuca numa caricia dolorosamente gostosa,
fecho meus olhos perdido nas sensações e quando seus dedos sobem para o meu coro cabeludo eu tenho a
impressão que atingi o nirvana.
Eu era um amante por massagens no couro cabeludo. Minha mãe fazia em mim antes de dormir quando eu
era mais novo, e das poucas vezes em que eu estava depressivo ela me forçava a por minha cabeça em seu
colo e começava a massagear, eu nunca voltava a ser o mesmo. Tzuyu apesar de ser afetuosa, seu sistema
não era sobre toques no dia a dia, longe de caricias simples como essas. Ela preferia mostrar seu afeto de
modo sexual e por meio material, por isso desde que começamos a namorar receber tal tratamento era
raro.
- Taehyung o filme, abre os olhos. - Minha pele traidora se arrepia quando o ar quente e os lábios de
Jeongguk encontram a minha testa.
- Eu estou escutando. - Murmuro me aproximando mais dele. Não lembro quando minha cabeça foi parar
no seu ombro e nossos corpos ficaram tão colados, mas o contato não me incomodava.
- Eu vou parar, isso é uma armadilha. - Com a menção de seu braço se retirar em volta de mim, o seguro,
abro meus olhos já me virando para ele.
- Não faz isso. Eu sou tipo um puto por cafune, ok ? Um completo vendido. O que você quer ? Eu te dou,
mas não para! - Queria soar agressivo, no entanto, minha voz saiu baixa e preguiçosa.
- Ok puto de cafune, que tal... - Diz entre sorrisos. Anseio pela sua resposta para assim voltarmos a nossa
posição anterior e privilegiada para mim. Porém, Jeongguk continuava sorrindo zombeteiro. Inclinando sua
cabeça para o lado, seus olhos descem para os meus lábios. Conseguia escutar os tiroteios de fundo, mas
todo o meu senso de percepção estava ocupado na forma como ele me olhava. Se aproximando lentamente
de mim, me preparo para o que for que acontecesse.
Seus dedos voltam a acariciar suavemente minha nuca. Acho que virei uma poça. Será que minha pressão
baixou ? Jeongguk tinha esses efeitos em outras pessoas ?
Minha tensão esvazia quando seu rosto desvia do meu, indo de encontro ao meu ouvido.
- Vinte minutos de cafuné por um pedaço grande de torna de limão. - Sussurra contra a minha orelha.
Aperto sua coxa sem ao menos lembrar em que momento pus a minha mão ali. Jeongguk se afasta, rindo.
- Sério ? Torta de limão ?
- O que ? Torta de limão é muito boa e é a minha preferida. - Ele levanta os ombros.
- Torta de limão... - Murmuro. - Minha mãe ama fazer torta de limão, na verdade ela ama tortas no geral.
Vou pedir para ela fazer uma para você, em troca, duas horas de cafuné.
- Duas horas é muita coisa. - Jeongguk nega com um balanço de cabeça.
- Por uma torta inteira de limão ? Não acho. - Indignação escorre de minha fala.
- Calma Taehyung é só uma brincadeira. Não achei que você estivesse levando a sério. - Jeongguk começa a
rir e eu me restrinjo em observa-lo. Porque eu estava realmente achando que fosse real. A ideia de receber
cafune de Jeongguk me soava encantadora e agora ele havia criado essa necessidade em mim.
- Não se brinca com esse tipo de coisa com uma pessoa viciada em cafune. Nunca. - Novamente os olhos cor
de jabuticaba descem para os meus lábios. - E se você continuar a me olhar assim, vou achar que está afim
de mim.
Não esperava tal reação, Jeongguk sorri, mas de um jeito desanimado.
- Pare com isso Taehyung.
- Com o que ?
- Não vai me dizer que você só é um rostinho bonito ? - Levanto meus ombros e inconscientemente passo
minha mão pelo meu cabelo. Provavelmente bagunçando a ordenação dos cachos. - Você tem namorada
cara.
- Eu sei. - Infelizmente eu não conseguia alcançar o que ele queria dizer. Eu era apenas um rosto bonito
mesmo ? Espera, ele acabou de confirmar que me achava bonito ?
- Que bom. - Seu tom sarcástico me apreende.
- Olha, Tzuyu sabe que ficamos. Ela está de boas com isso. - Esperava receber um olhar de compreensão,
mas tudo o que ele me devolve é um olhar sarcástico em dobro. Não posso pedir nada, mesmo que eu queira
que ele deixasse isso para lá. - Ela até mesmo falou sobre outro ménage com você.
- Interessante. - Seu tom soava tudo menos que achava tal ideia de fato interessante.
O filme ainda passava a nossa frente tal como pano de fundo, pelo menos Jeongguk estava virado na
direção da tv, pois todo o meu corpo se direcionava para ele.
- Você faria de novo ? Com a gente ? - Não seria sua resposta que definiria minha decisão. Eu já disse que
não quero ou pelo menos em mente eu afirmei isso, mas me encontro ansioso pela resposta.
- Não. - Aceno, surpreso com a sensação de alivio que sua resposta me proporcionou. Não penso muito
sobre isso, mas fico despreocupado em relação a esse cenário. A ideia de Jeongguk e Tzuyu não me deixava
confortável.
Jeongguk joga sua cabeça contra o sofá. Então, seus olhos recaem em mim novamente. - Eu só aceitei da
primeira vez porque queria comprovar algo.
- Comprovar o que ? - Jeongguk me encara incrédulo para logo substituir tal expressão por um sorriso
repentino.
Perdi alguma coisa ? Contei alguma piada ?
- Você é realmente só um rostinho bonito. - Murmura.
Num movimento rápido demais para eu me dar conta, Jeongguk põe seu braço em volta de meu ombro e
me puxa contra ele. Assim que seus dedos encontram o caminho de minha nuca meu corpo esquece de
protestar. Me deixo ser embalado pelas suas carícias, pelo levantar de seu peito; depois de um tempo voltei
a prestar atenção no filme que acabamos voltando. Eu comia a bacia de pipoca praticamente sozinho.
Não podia negar, havia um sentimento que não era novo, mas que também não era corriqueiro. Tal
sensação se prendeu em minha pele aquecendo-a por completo. Me sentia confortável num nível que não
me lembrava sentir anteriormente.
Era diferente.
Capítulo 13

Eu virei oficialmente algo que nunca pensei que seria: carente de cafune.
Qualquer oportunidade de ter os dedos de Jeongguk no meu cabelo era o céu me recebendo. Não foi
proposital, mas não pude ser capaz de impedir meu próprio condicionamento a tal coisa. Mas posso afirmar
que não foi minha culpa. Depois de nossa noite do filme, no café da manhã do dia seguinte Jeongguk
aninhou sua mão em minha nuca, após isso, de vez em sempre quando nos encontrávamos ele fazia o
mesmo gesto. Infelizmente, era rápido demais, não me dando tempo suficiente para a apreciação do toque.
Me sentia como um viciado. Recebendo suas doses diárias sem controle e meios para tê-las por mais tempo.
Me envergonho disso ? Sim. Vou parar de pensar assim ? Provavelmente não.
°°°
- Fala sério, ele convidou o Richard. - Tzuyu balbucia atrás de sua taça de vinho. Olhamos para a mesma
direção, o ex namorado ricaço dela.
Richard era o total oposto de mim. Era três cabeças mais alto que eu, loiro, olhos azuis, pele clara tal como
europeu desprovido de melanina. Posso dizer que ele não era nada demais. Tzuyu merecia mais do que um
rostinho típico e superestimado daqueles.
- Que tipo de reação é essa, minha dama ? O seu antigo companheiro tem uma pertinente arcada dentaria. -
Forço um jeito caricato dos convidados aristocráticos dos pais dela. Tzuyu abre um amplo sorrindo
gostando da imitação. Logo, me acompanha no nosso pequeno teatro pessoal.
- Ora rapaz, você tem toda razão. Mas posso lhe perguntar sobre a pertinência da arcada dentaria do outro ?
Qual seria a relevância ? - Gargalho quando ela começa a piscar o olhos esquerdo viciosamente, assim como
sua tia por parte de pai.
- Pensar no futuro é necessário minha senhorita. O jovem com quem se casar deve apresentar pontos
positivos para caso um dia seja necessária características físicas fortes para enfrentar turbulentas épocas.
Um bem para seus descendentes.
- Certíssimo meu caro. Ah, eu amo seus relances de pertinência. São sempre pontuais. Por isso, penso que
devo voltar a me relacionar com o belo jovem de boa arcada dentaria ?
- Por obséquio mi lady, não vá tão longe. - Dou um peteleco em sua testa. Tzuyu se joga em mim, pondo um
de seus braços ao redor de minha cintura, seus seios bem expostos pelo vestido verde-limão perigosamente
próximo a mim.
- Sério que você está olhando para os meus peitos no meio da festa de aniversário do meu pai ? - Subo meus
olhos para os seus.
Tzuyu estava excepcionalmente linda hoje. Seu rosto brilhava com a maquilagem bem feita, os lábios
pintados de um vermelho escuro - minha cor favorita nela - e de alguma forma ela fez tudo ornar com o
vestido verde-limão, a cor era horrível, mas a peça caiu perfeitamente em seu corpo; marcando seu quadril
e a deixando com um decote escandaloso. Sem contar que quando ela deixava o seu cabelo em coque o
pescoço amostra somava a seu look, e eu me sentia atraído por ela tudo de novo.
- Amor, você está patética. - Murmuro. Tzuyu sorri, seu braço sobe para meu pescoço, se deixando ali, uma
leve caricia se inicia em minha nuca, suas unhas longas arranhando a minha pele. Não queria ter aquele
tipo de pensando, mas foi um processo mais rápido do que minha consciência pode espantar; os toques de
Jeongguk em minha nuca eram completamente diferente dos de Tzuyu, de um jeito que os dois me traziam
diferentes sensações.
- E você é um grande otário. - Ela me da um rápido selinho. - Odiei essa calça social em você. Péssimo.
Ela poderia dizer qualquer barbaridade contra mim com aquela voz. Eu assumia meu modo excitado rápido
demais.
- Acho que eu sou um pouco masoquista. - Assumo a puxando para mim.
- Olha ai algo que ainda não tentamos. - Arregalo meus olhos. Queria negar essa ideia mas somos
interrompidos pela presença de seu pai.
- Desculpe-me, mas filha preciso que você venha comigo conhecer meus amigos do clube. Será rápido
prometo. - O senhor Tunnus me envia um sorriso seco, correspondo com o mesmo.
- Já volto. - Tzuyu me da mais um beijo antes de ir atrás de seu pai.
Sem minha namorada para me fazer companhia decido comer mais. Uma coisa boa dos Tunnus: eles não
minimizavam no bufe. Eram tantas especiarias que eu me forçava a experimentar cada uma. Geralmente
passava mal quando chegava em casa, mas valia apena. Me sento numa mesa vazia e aproveito. A noite seria
longa, enquanto passava comendo não precisaria me preocupar com a hora. Além disso, sempre poderia
achar um idoso para conversar, eles amavam falar sobre suas vidas no primeiro 'oi'.
°°°
- Tem certeza de que não quer ir para meu apartamento ? - Essa era a terceira vez que ela me pergunta no
caminho para casa. Seu pai insistiu para que dormíssemos lá, mas era de acordo nosso nunca aceitar. E eu
até iria para o apartamento dela, mas eu queria entregar algo para Jeongguk.
- Sim. Estou meio cansado e amanhã eu pretendo passar o dia revisando alguns contratos, posso ser
promovido se tudo der certo. Imagina, meu chefe disse que eu possa um dia ultrapassa-lo na empresa, e ele
está muito certo sobre isso. - Não era uma mentira, eu realmente pretendia me ocupar no domingo com
meus afazeres. Estava me dedicando tal quanto o fiz no inicio de meu contrato para conseguir subir de
cargo. Eu ainda era muito novo para isso, mas não custava tentar, porque eu sei que tenho a capacidade
para atingir meu objetivo.
- Não acredito que você vai me deixar assim sozinha em casa. Taehyung eu estou uma rainha hoje, como
pode negar passar à noite comigo ? - Nesse momento a mulher do uber aumenta discretamente o som.
- Não estou negando nada Kat, eu só preciso descansar e sabemos que se eu for para o seu lugar a última
coisa que vou fazer é isso. - Ela revira os olhos.
Me acostumei a lidar com seu lado mimado. Ou talvez eu cedesse tanto que não precisasse lidar com ele.
- Tudo bem. Mas saiba que vou ter que me fazer valer do dildo hoje. Não acredito que tenho um namorado e
vou ter que me satisfazer sozinha. - Sorrio para seu rostinho emburrado.
- Vai lá garota. Conhecer seu corpo é importante. Arrasa com esse clitóris. - Faço minha admirável imitação
de sua amiga Nataly que amava falar arrastando as palavras e gesticular a mão com as unhas enormes no ar.
Sem contar ser uma feminista 100 % cachorrona. Ela mesma disse isso!
- Você é ridículo. Eu te odeio. - Seguro seu rosto pequeno e beijo seu nariz.
- Não, você me ama.
- Sua sorte é essa.
Sim, minha sorte era essa.
°°°
- Seu vadio me liga amanhã! - Tzuyu grita na janela do carro quando a motorista deu partida. Torço para
que ela coloque a cabeça para dentro antes de se machucar.
Chegando em casa o único som audível era o zunido que eu sabia vir do quarto de Wooyoung. Ele
geralmente trabalhava em casa com musicas no alto falante. Nada perturbável, mas percebível.
Depois de tomar meu banho e me vestir em roupas largas e confortáveis, pego a sacola e me encaminho em
direção ao quarto de Jeongguk. Bato suavemente, e logo ouço sua voz permitindo a entrada.
Como sempre tudo estava organizado. Meus olhos o encontram sentado, debruçado sobre sua mesa
digitalizadora.
- E ai ? - Ele levanta seu rosto em minha direção. Droga. Jeongguk estava de óculos, eu nem sabia que ele
precisava deles. Mas conseguiu ficar mais impressionante, suavizando seu rosto e suas expressões. Não
havia como esse cara ficar feio. Uma impossibilidade no mundo. E aqueles óculos o deixava sexy.
- Oi. - Ele gira sua cadeira, que parecia ser extremamente confortável, em minha direção. Olho
rapidamente para sua coxas grossas amostra nos shorts preto antes de me voltar a seus olhos.
- Eu só passei para te dar isso. - Estico minha mão com a sacola. A surpresa estampada na face dele
enquanto aceitava a minha oferta.
Sem dizer nada, retira o pacote e quando o abre solta uma linda gargalhada.
- Que bom que gostou. Eu fui numa festa hoje e quando vi a torta lembrei de você. Eu provei e está muito
boa. - Jeongguk me lança um olhar amável. Sem saber lidar com a sensação agradável em meu peito me
sento na sua cama e ele me acompanha movimentando sua cadeira.
- Como conseguiu o pote ? - Ele parecia curioso.
Assim que a torta de limão magicamente surgiu na mesa do bufe, intacta - porque os únicos que se
prestavam a comer eram eu e as crianças - a imagem de Jeongguk sorrindo para mim com um pedaço de
sua torta favorita virou alucinação. Eu tenho certeza disso. Só isso explicava minha inclinação para pedir a
um dos servente para que me desse um pedaço, assim que comprovei ser decente, implorei para uma das
ajudantes, afinal ela sorria para mim de um jeito bem óbvio - sim, eu usei do meu poder de ser fofo com ela
- e deu certo, ela me arrumou um pote digno de pôr um grande pedaço daquela torta. Inclusive, continuou
intacta, queria leva-la inteira, mas acho que não seria um comportamento adequado.
- Eu sou um cara com diversas habilidades. - Resumo com um levantar sutil de ombros.
- Obrigada. - Por que ele me olhava daquele jeito? Era só uma torta, não uma viagem para Cancun.
- Disponha. - Me aconchego em sua cama notando que era muito mais macia que a minha. - Estou te
atrapalhando ?
- Não, estava apenas finalizando uma logo. Mas posso dar um pause para comer a torta. Na real, eu ia
descer para comer algo, você nunca foi tão pontual. - Jeongguk começa a comer. Reparo quando um pouco
do glace escorrega para os lados de seus lábios e como a língua rosada se estica para não deixa-los ir.
Pisco algumas vezes afastando meus olhos de sua boca.
Conversamos amenidades enquanto ele terminava de comer. Ele comeu tudo. Escondo meu sorriso de
felicidade. É só uma torta Taehyung. Você não fez nada demais. Não achou a cura da aids, não erradicou
a fome no mundo, pare de se sentir assim.
- Acho que eu tenho que retribuir.
- O que ? - Jeongguk me surpreende ao deitar do meu lado. - O que você está fazendo ?
- Assumindo nosso acordo, um pedaço de torta por cafuné. - Eu até poderia protestar, mas ele disse a
palavra mágica. Além do mais, seu rosto bonito parecia especialmente encantador hoje.
Talvez fosse os óculos.
Jeongguk se vira para mim, assim, ficamos frente a frente, sua mão percorre por dentro dos fios do cabelo
na minha testa numa caricia suave. Então, completa o ato a levando para trás aprofundando seus dedos
entre o emaranhado. Fecho meus olhos, pois era minha reação natural, sentia os nós que eu nem mesmo
sabia que estavam em mim se desfazendo.
- Eu não trouxe a torta por isso. Eu juro. - Sussurro, não tinha como falar alto, meu corpo entrou no modo
transe energético.
- Eu sei. Mas eu quero retribuir. - Ele tinha uma voz muito legal. E com isso, eu quero dizer que era
melodiosa e deleitante. O tipo de voz que você poderia por como guia para ter bons sonhos antes de dormir.
- Você é realmente um puto por cafuné, como pode se sentir tão confortável na cama de outra pessoa?
Como pode abaixar a guarda assim ? - Abro meus olhos ou o máximo que conseguia. Era como ver uma
pintura diante de mim. Eu já disse que o cabelo dele é brilhoso a tal ponto que eu quero saber quais são seus
produtos para cabelo ?
- Depois me conta qual a marca de seu shampoo e condicionador ? - Jeongguk sorri.
- Não vou contar meu segredo de graça. - Empurro de leve seu peito.
- Babaca. - Deveria retirar minha mão, mas cedo à minha vontade de toca-lo. Aperto sua blusa contra meus
dedos, me impedindo de ultrapassar algum limite.
- Seria mais fácil se você não fosse tão adorável. - Ele se aproxima, fazendo com que nossos rostos
estivessem colados. Sua testa a poucos centímetros da minha.
- Esse é o momento em que eu sou apenas um rosto bonito. - Admito que não entendi na esperança de que
ele me falasse.
Mas tudo o que recebo é um sorriso. Então, resolvo voltar a fechar meus olhos e ser recebido pelo céu que
os dedos de Jeongguk me proporcionavam.
Capítulo 14

- Meu Deus escolhe logo! - Sussurro mais para mim do que para Nayeon.
- Calma otário, em primeiro lugar eu nem queria você aqui! - Como sempre, os ouvidos e a língua dela
estavam afiados.
Na verdade nem eu queria ter vindo. Mas quando eu desci e vi Jeongguk arrumado e sorridente me
convidando para ir comprar chuveiro com eles, a afirmação saiu tão rápido que eu mesmo me surpreendi.
Deveria começar a rever como funciona esse impulso gravitacional que me empurrava em direção a ele,
porque ficar rodando lojas atrás de chuveiro por duas horas era demais para mim.
- O que ela vai fazer ? - Pergunto a Jeongguk quando vejo Nayeon conversando animosamente com o
atendente.
- Ela está flertando com ele. - Jeongguk parecia ocupado escolhendo pias para banheiro.
- Fala sério, espero que consiga desconto naquele chuveiro caro que ela viu. - Estava começando a ficar
emburrado, motivo maior: fome. - Quando sairmos daqui podemos ir comer alguma coisa ? Eu tenho a leve
impressão de que minha pressão caiu.
Eu era um cara dramático. Era algo inerente a minha personalidade. E aumentava de grau a medida em que
a fome subia.
- Vamos, também estou com fome. O que quer comer ? - Jeongguk se vira para mim, seus olhos atenciosos.
Eu nunca havia reparado antes o quanto ele se preocupava com os outros. Descobri que se eu o pedisse para
ir comprar algo para mim porque eu necessito, ele iria sem reclamar ou fazer drama, o que eu certamente
faria. Era impossível não achar encantador quando me checava por motivos alheios a mim mesmo, me
ajudava no café da manha quando eu sou completamente capaz de fazer tudo sozinho. Meio que agora eu
deixo ele me servir porque acho ... fofo. Esse adjetivo não era muito constante no meu vocabulário, no
máximo, expandia para Tzuyu e meus sobrinhos, mas agora parece que Jeongguk o ganhou de supetão.
- Que tal comida chinesa ? Você não me disse que era metade chinês ? - Ele acena, um sorriso tímido nos
lábios. - Você já foi na china ?
- Já. Foi uma experiência interessante.
- Sabe falar chinês ? - E então, ele me responde com um conjunto de sons que eu não fazia ideia do que
significava. - O que ?
- Eu confirmei em mandarim. - Ele me olhava como seu eu fosse a coisa mais idiota do mundo, talvez eu
fosse.
- Mandarim, desculpe.
- Relaxa, as pessoas sabem pouco sobre a Ásia porque não é de caráter do governo promover ensinamentos
interculturais.
- Não tire a culpa dos cidadãos, literalmente há vários restaurantes chineses aqui e poucos sabem
diferenciar os nomes, as línguas e as localidades de cada prato. O governo é uma merda, mas é composto
antes de tudo por cidadãos. - Jeongguk inclina a cabeça, seu sorriso mais largo agora.
- Meu Deus, eu despertei seu lado crítico social ? - Reviro os olhos. - Seja como for, podemos comer comida
chinesa, não tem problema.
Outro ponto positivo para constar na lista de prós infindável de Jeon jeongguk: seu perfil. O desenho de
sua lateral facial foram esculpidos pelos anjos. Se eu fosse bom com pincéis, tentaria recria-lo para ficar na
eternidade.
- Por que seu nome é o oposto de asiático ?
- Por que minha mãe é o oposto de asiático e meu pai não se prende muito a cultura de seu pais, ele saiu de
lá muito cedo para se importar. - Quanto mais eu conhecia sobre ele, menos eu queria saber. Sendo que
não conseguia fazer o retorno, pois a minha curiosidade sobre ele crescia proporcionalmente a minha
atenção aos detalhes de seu rosto, de suas mãos ...
- Adivinha quem conseguiu o chuveiro master por metade do preço e ainda desenrolou uma festa para
irmos mais tarde ? - Nayeon pula entre nós com um sorriso de quem roubou ouro.
- Metade do preço ? - Nayeon me olha vitoriosa. E não podia negar, ela era boa!
- O poder do flerte! - Jeongguk puxa meu nariz me tirando de meu estupefato.
- Sério, como você aprendeu isso ? Me ensina!
- Querido nem que eu te desse todos os bizus de como seduzir alguém você conseguiria! Olhe para você! -
Nayeon desce seus olhos em pura desaprovação pelo meu corpo até chegar no meu tênis all star gastos. -
Não dá Taehyung.
E assim ela me entrega a grande sacola com o chuveiro e caminha em direção a saída.
- Não liga, eu acho que você flerta muito bem. Deu certo comigo. - Jeongguk sussurra no meu ouvido, antes
de pegar a sacola da minha mão e ir atrás de Nayeon.
Toco meu pescoço sentindo um calafrio repentino. Ok, eu precisava comer, urgentemente!
°°°
A pergunta é: como eu sempre acabo em festas aleatórias ? Depois do nosso almoço-jantar, pois já passava
das quatro da tarde, Nayeon nos levou até a suposta festa que ela recebeu o convite algumas horas atrás.
Apesar de estar com Nayeon quase a tarde toda, me diverti. Ela era péssima todo tempo, mas havia
momentos em que era permitido rirmos das mesmas coisas. Talvez fosse a leveza da presença de Jeongguk,
seja como for, eu não odiei passar o dia com ela.
Assim que chegamos no local da festa, que era um casarão com uma ampla varanda, Nayeon nos puxa para
o bar, melhor Open Bar. O lugar estava repleto de cores, a indicação nada sutil de ter um tema LGBTQIA+.
Balões, glíter e fantasias das mais nerds a mais sexys, alguns deles se contraiam numa só.
- Vamos ficar aqui por um tempo ? - Ela pergunta já passando glíter no rosto e eu nem vi como ela arrumou
aquilo.
- Por mim tudo bem e você Taehyung ? - Jeongguk tenta se virar para mim mas Nayeon já segurava o seu
rosto passando o pó rosa em sua bochecha.
- Já que estamos aqui. - E eu não queria ir embora. A festa não estava tão cheia, mas também o lugar era tão
grande que havia espaço suficiente para todos.
- Ótimo, vem cá feio. - Nayeon se ocupa em passar o liquido brilhoso em mim agora. Uma olhada para
Jeongguk e eu sorri para sua aparência.
Minutos depois estávamos coloridos e com alguns detalhes a mais. Nayeon arranjou antenas de anjo e deu
uma para Jeongguk, eu fiquei com asas de fada. Jeongguk se distraia brincando com as minhas asas.
- Você está adorável assim. - Ele sorria abertamente com aquelas bochechas rosas de glíter. Jeongguk
parecia tão alheio a toda cor da festa. Seu jeans preto contaminado com o brilho que saia de todo lugar e de
todo mundo, a blusa preta não estava muito diferente. Mas ainda assim, era como se o tirasse de um outro
contexto e o enfiasse neste novo.
- Eu sou uma fada dos desejos, o que posso realizar para você ? - Adivinha só ? Eu tinha uma varinha! Não
era bem uma varinha, mas um cabo rosa com fios pendurados.
- Posso pedir mais tarde ? - Bato com minha varinha na testa dele.
- Pode.
Não me pergunte em que momento eu me esqueci totalmente de tudo, mas aconteceu. O que eu fazia já não
mais estava no campo dos pensamentos e sim no físico, junto a dos sentimentos. Eu tinha mais perguntas
para fazer a Nayeon sobre aquela festa e quem a convidou do nada, mas as perdi quando me distrai com as
bebidas grátis e as musicas dançantes. A festa não parecia ter um anfitrião, no entanto, todos exalavam uma
energia alta o suficiente para me contagiar.
Não lembro da última vez em que eu saí com Nayeon e dancei com ela despreocupadamente. Acho que isso
nunca aconteceu! A acompanhando nos passos e presenciando seu sorriso para mim, me esqueci do seu
lado rabugento e irritante, talvez eu esteja vendo essa nova faceta de sua personalidade pela primeira vez
desde que começamos a morar juntos.
Sem falar em Jeongguk, ele não dançava tão bem quanto eu e a Nayeon, mas sabia se virar. Ele gargalhava
lindamente tentando seguir os passinhos aleatórios de Nayeon. Mesmo não sabendo dançar, seus
movimentos soavam leves e descompromissados. Suas antenas acompanhavam seu ritmo e eu me peguei
rindo disso várias vezes.
Faltava Wooyoung aqui conosco, desse modo, poderia ficar esplêndido.
Nayeon sumiu, não que eu fiquei preocupado, ela sabia se virar melhor que eu sozinho nesse lugar e tinha
certeza disso. À noite caiu e continuamos a curtir o momento, um grupo de pessoas se juntou a nós, não
tenho certeza dos desconhecidos, mas todos eles estavam sorridentes, fantasiados, coloridos e bonitos. Não
tinha como desconfiar de alguém que dançava na mesma energia que você.
- Posso fazer meu pedido agora ? - Quase derrubo o copo na minha mão quando Jeongguk se aproxima de
mim. Bebo mais um gole e aceno. Toda a tinta de seu rosto já se desmanchou, e tinha certeza que a minha
também. Sua pele resplandecia o brilho das luzes artificias, todos sua expressão carregava algo exultante.
Ele cola nossos corpos em questão de segundos, espero por suas palavras, mas elas nunca vieram.
Começamos a dançar fora do ritmo, no entanto, meu cérebro registrou a batida e isso era o importante.
Jeongguk envolve minha cintura, automaticamente toco sua nuca com a minha mão livre. Sorrio contra seu
rosto, animado e me sentindo especialmente feliz. Talvez fosse um bom dia, minha mãe sempre diz que
bons dias nem sempre têm explicações.
O corpo de Jeongguk parecia conversar com o meu e nos conectados sem precisar de palavras. O
sentimento abrasador sobrepõe a serenidade do momento, começo a ter plena consciência das mãos dele
em mim, seus dedos apertando a minha pele sobre o tecido de minha blusa. Assim como seu rosto contra a
lateral do meu, sua respiração alta e descompensada.
Eu gosto disso. Dessa sensação de tê-lo comigo, me segurando em seus braços.
Meus dedos comprovam a macies de seu cabelo e de sua pele. Aproximo-me de seu ombro e o inspiro. Eu
devia estar bêbado, mas não me sentia embriagado, logo não sei o que significa minha total inclinação em
gostar do cheiro puro de Jeongguk com suor.
Na nossa dança particular desvendo o que podia com uma mão, toco sua face com restos do glíter; passos
meus dedos em sua testa, descendo para as sobrancelhas escuras. Cada toque veemente e seguro de que eu
gostaria de me lembrar de seus detalhes amanhã, depois de amanhã e quem sabe no dia seguinte a esse.
Os lábios de Jeongguk se curvam num sorriso que correspondo mesmo sem saber do que se trata. Me
perdia nele a cada segundo e com tanta facilidade, me questiono se isso já aconteceu antes e minha mente
falha em tentar me relembrar. Esse fascínio em querer mais de alguém era usual, certo ?
- Você sempre me olha assim Taehyung, não me faça ler errado e pedir por algo que você não pode me dar,
por favor. - Jeongguk encosta sua testa na minha. Fecho meus olhos o puxando contra meu ombro.
- Qual é o seu pedido ? - Ele se endireita, de modo que seus olhos pudessem estar na altura dos meus.
Se fosse possível se afogar nos olhos de alguém, era isso que acontecia comigo. E nem ao menos havia a
preocupação de tentar subir a superfície. Não quando o que tem abaixo dele era gracioso e único.
Ele demorou muito para responder, então eu o beijo.
Capítulo 15

- Eu dei meu primeiro beijo com onze anos, acho que não foi muito legal, me lembro da língua dela
entrando no meu nariz. - Jeongguk franze a testa relembrando de seu passado e eu quase me engasgo com o
sanduiche rindo. - Eu fiquei meio sem jeito pensando que algo estava errado, mas eu deixei ela terminar.
°°°
- Eu chorei na minha primeira transa da vida. Um singela lágrima no canto do meu olho. - Jeongguk se joga
no chão, que não estava muito longe já que estávamos sentados nele. Sua gargalhada me intuindo a rir
também. - Eu sou um homem sensível, ok ? E foi bem legal minha primeira vez.
°°°
-Foi horrível, eu vomitei na mochila dela. Quando se é adolescente em seus primeiros momentos não sei
como alguém sai ileso. Tipo, eu vomitei na mochila dela cara. Coitada, ela se rebaixou muito para estar
comigo naquele dia. -Jeongguk murmura moendo a batata frita entre seus dentes.
- Você era o cara popular, não era ? - Piscar o olho esquerdo para mim foi sua resposta.
°°°
- Teve esse dia em que eu quebrei meu braço descendo a escada, na verdade eu tentava pegar o gato para
tirar uma foto, achei por uns momentos que poderia voar e me machuquei, mas tudo o que me lembro além
da dor foi de minha mãe gritando meu pai para descer e ele não achava a chave do carro, e da minha irmã
desesperada porque eu quebrei meu braço no dia do aniversário dela. Eu meio que ofusquei seu dia. -
Lembro-me das ameaças seguidas de minha irmã mais velha nos dias depois do acidente. Foi engraçado até
o dia em que ela me forçou a trabalhar forçado para ela.
- Você tem cara de quem fazia merda mesmo. - Levanto os ombros sem muito o que dizer, afinal era
verdade.
-O que eu posso fazer ? Oh, teve esse dia na festa de noivado da minha irmã, eu sem querer, juro, derrubei o
bolo dela. Meus pais ficaram com tanta vergonha e ela quase me matou diante da família do noivo. -
Jeongguk arregala seus escuros olhos para mim.
- A sua irmã te odeio, não odeia ? - O cinismo em seu tom me fez rir.
- Óbvio que sim. Ela nem queria me convidar para o casamento dela. Minha mãe teve que implorar! E ela
amarrou minha mão na cadeira. Foi humilhante. - Mas lembro-me de receber as comidas na mesa e apenas
depois de cortar o bolo que elas me liberaram.
- Sua irmã deve ter um trauma de você.
°°°
- Você nunca fez nada errado além de quebrar o coração das meninas ? - Jeongguk revira os olhos, soltando
um suspiro resignado.
- Eu fui expulso de casa, conta ? - Arregalo meus olhos para aquela nova informação.
- Como ? Por que ? - Jeongguk finaliza de engolir antes de começar a falar num tom sereno.
- Meu pai descobriu que eu estava namorando um garoto da escola vizinha. - Aguardo pela continuação,
mas tudo o que recebo é o som da sucção de seu canudo.
- Acabou ? O que aconteceu antes, durante e depois Jeongguk ? Você não sabe contar uma historia ? - Ele
sorri com o canudo entre seus dentes, ignoro a parte do meu cérebro registrando aquela cena para
rebobinar mais tarde.
- Eu não sei bem como ele descobriu mas quando soube no mesmo dia me expulsou de casa. Eu fiquei um
tempo na casa da irmã da minha mãe, ela me acolheu e por sorte eu já estava no último ano. Consegui um
emprego, o que me ajudou a me sustentar no início da faculdade. E é isso.
- Sua mãe não fez nada ? - Um sorriso longe de satisfeito perpassa a face de Jeongguk.
- Não.
- Vocês se falam, você e seus pais ?
- Sim, a fase do choque já passou, o que restou foi a decepção. Meu pai não superou, mas a gente se vê de
vez em nunca para ele garantir que eu ainda estou vivo. - O observo brincar com o canudo. - O maior medo
do meu pai é ele morrer e eu não ter filhos porque na cabeça dele gays não tem filhos ?
- Você é gay ? - Jeongguk me olha confuso. - Quer dizer, não que isso importe é só... você sabe. Tem um
termo para pessoas que pegam geral.
- Pegam geral ? Que termo é esse ? - Jeongguk murmura franzindo suas sobrancelhas. Ele era um grande
azedor de leite.
- Jeon jeongguk. Esse é o termo para quem pega geral. - Digo entre risadas. - Tipo, eu sou
JeongguksexualJeon.
- Eu gostei como isso soou da sua boca. - Sua voz abaixa e se torna repentinamente grave, atingindo a parte
debaixo da minha barriga.
Estávamos distante um do outro, ele encostado contra a cama e eu contra a parede a sua frente. Os lanches
haviam acabado. Tudo o que restou foram nós dois e nossos estômagos satisfeitos.
Depois da festa de dias atrás nada aconteceu, além de nosso maior intercambio de informações um sobre o
outro. Conversar com ele era divertido, ainda mais quando eu conseguia o fazer rir. Eu gostava do som de
sua risada.
- Boa noite Taehyung. - Franzo a testa para a estranha mudança de clima. Jeongguk começa a guardar os
restos dos pacotes dos lanches nas sacolas, seus movimentos tão ágeis que quando finalmente levantei ele já
havia catado tudo. - Já que você vai sair leve isso para o lixo, por favor.
Seguro a sacola e aceno. Possivelmente não escondendo meu choque pela expulsão bruta. Apesar dele me
enviar um sorriso que me pareceu um tanto forçado, podia ver a hesitação nos seus olhos.
- Ok. - Não era nada demais. Não tinha porquê eu ficar chateado com isso, ele quer dormir. Eu também
deveria estar na cama, afinal, trabalho amanhã. No entanto, o jeito como ele cortou nossa conversa me
deixou receoso. E eu odiava tal sentimento.
Eu deveria ir, mas meus pés continuavam cravados no chão e meus olhos presos em Jeongguk. Ele solta um
alto suspiro, encarando o teto por longos segundos. Talvez ele esteja perdendo a paciência e aguardando a
minha saída ?
- Boa noite. - Digo, finalmente me movendo. Não por vontade própria, seja isso dito.
Nesse ponto eu deveria considerar os movimentos de Jeongguk tal qual um felino ou então eu não me movo
da forma como meu cérebro faz parecer. Seja como for, os dedos dele encontram minha nuca me puxando
em sua direção. Jeongguk enfia seu rosto em meu pescoço e se mantem ali, inspirando e expirando.
Sentindo o arrepio mover sobre a minha pele, seguro na lateral de sua camisa, pressionando o tecido.
O corpo de Jeongguk soava quente e convidativo. Era uma sensação tão reconfortante estar perto dessa
forma com ele.
- Boa noite Taehyung. - Quando se afasta, leva consigo todo o calor que trocava comigo.
Eu queria ficar para podermos conversar por mais tempo, queria completar esse processo químico de troca
de calor para podermos atingir um equilíbrio térmico. Sentia que minha demanda por ele aumentou em
algum momento dentro dessas semanas e só agora que estava reparando.
Deitado na minha cama momentos depois, me pego relembrando da festa, de nossos corpos dançando
juntos, de sua mão provocando-me. Seus lábios memorizando os meus mais uma vez, sua língua
redescobrindo meu gosto. E eu queria mais. Não parecia ser o suficiente. Abro os olhos para o barulho de
aviso de meu celular.
Tzuyu.
Era a primeira vez que eu sentia essa pontada no peito, achei que pudesse ser sintoma de alguma doença,
pois a vinha sentindo de modo mais brando, porém, igualmente assustador. Mas eu sabia bem o que
era. Culpa. Não podia negar que sentia atração por Jeongguk e seria hipocrisia de minha parte fingir que
não quero mais dele, que não gosto da sensação de ter seus braços ao meu redor, de seus olhos descobrindo
cada camada de mim.
Toco meu rosto num sorriso sem graça. Eu nem ao menos me lembrei de Tzuyu nesses dias. Eu era uma
merda de namorado porque mesmo entendendo o que estava acontecendo, Jeongguk não saia da minha
cabeça. Tudo o que quero é voltar para o seu quarto. Tzuyu. Ela não merece ter um namorado tão traidor e
baixo escalão como eu. Fala sério, nem Jeongguk merece.
- Droga. - Gemo contra meu travesseiro, deixando a culpa e o tesão me dominarem. Que vencesse o
melhor.
Capítulo 16

Bato desesperadamente na porta de Jeon jeonggukàs 13:47 da tarde de um domingo.


Assim que ele abre, aparentando nem um pouco preocupado, eu coloco a tela do meu celular na cara dele.
- O que ? - Passo meus olhos pelas suas vestimentas antes de disseminar o roteiro que preparei no pequeno
e insignificante caminho entre nosso quartos.
Ele vestia uma calça jeans rasgada e uma camisa que eu tinha certeza ser de Wooyoung, Jeongguk nunca
vestia rosa. Mas ficava bem nele. O que não ficava ? Reviro meus olhos para os meus próprios
pensamentos.
- Isso aqui é o Taz, o diabo da tasmânia! - Jeongguk inclina a cabeça, completamente confuso. - Eu não
pareço com ele! Olha para isso!
Ponho o celular perto do meu rosto para exemplificar minha reclamação.
Acordei horas atrás e me mantive inútil, afinal, era domingo. Além do mais, a culpa por estar meio que -
traindo minha namorada - começava a soar alto demais para me deixar sair ileso. Então, eu decidi assistir
Looney Tunes e ao me deparar com o Taz lembrei-me que Jeongguk me disse sobre o achar parecido
comigo. Minha indignação não é sobre a aparência do personagem.
- Ele é desajeitado, encrenqueiro, uma bagunça para todo lado, perturbado, não sabe se comunicar, vive
fazendo merda e ninguém o da créditos. Como pode me comparar assim ? Isso foi desrespeitoso cara!
Finalizo meu desabafo cheio de descontentamento com um suspiro. Jeongguk tenta prender sua risada,
mas não aguenta por muito tempo. Murcho diante de seus olhos se diminuindo e o movimento de seu corpo
enquanto ria. De mim.
- Nossa, você é muito babaca. Sem noção. - Murmuro, dobrando os braços contra meu peito. Quanto mais
eu olhava para ele rindo e nas falhas tentativas seguidas de tentar se comunicar, diminuía meu estresse
interno, me ascendendo uma vontade de sorrir também.
- Taehyung você veio até aqui, desse jeito, para me dizer que não parece o Taz ? - Jeongguk ainda ria, mas
seu olhar confuso me checa dos pés a cabeça.
Droga.
Provavelmente eu parecia o Taz agora. Saí da cama sem checar meu cabelo, o que não seria difícil de
adivinhar como estaria agora. Vestia meu companheiro blusão velho e um short que praticamente sumia
debaixo da blusa mais antiga que minha mãe. Sorrio sem graça. A que ponto cheguei, ficar sem graça com
Jeon jeongguk!
- No entanto, meu argumento continua válido. - Tento me portar o mais sério possível, mesmo estando a
beira de um ataque de risos.
- Claro, claro. Está correto senhor. - Em vão tentei evitar Jeongguk nesses poucos dias, morar com ele não
era vantagem. O via o tempo todo, quando foi que isso aconteceu ? O cara passava horas fora de casa,
repentinamente, porque eu preciso me distanciar, ele só fica em casa! Tentei não deixar óbvio o que
planejava, quando não o via a culpa se tornava menos pior. Mas não sumia, já que ele se mantinha em meus
pensamentos.
- Decidiu parar de fugir de mim ? - Nada passava por ele ?
- Eu acho que finalmente me tornei mais do que um rostinho bonito. - Sussurro. Ele acena.
- Sim, isso é bom. Sua mãe deve estar orgulhosa. - Bufo para sua resposta sarcástica. - Enfim, relaxa
Taehyung, tem gente que curte o Taz.
- Cale a boca.
- Vem calar. - Tento, com todas as minhas forças, ignorar seu sorriso sexy para cima de mim.
- Isso foi extremamente infantil.
- Dava certo quando eu tinha treze anos. - Ele assume, levantando seus ombros.
E deu certo hoje.
Jeongguk me puxa com facilidade para dentro de seu quarto, e quem eu quero enganar, ansiava por aquilo
como o ar que respiro. Jeongguk fecha a porta empurrando meu corpo contra ela. Deus me ajude, ouço meu
celular cair no chão, mas a última coisa que consigo me preocupar era com o maldito celular.
Agarro seu rosto devorando sua boca. Era como se nenhum esforço fosse suficiente. Sua língua narra a
minha com perfeição me absorvendo por inteiro. Suas mãos adentram em minha blusa, e assim que sua
pele entra em contato com a minha eu perco qualquer raciocínio restante, se é que havia um.
Jeongguk cava meu quadril, costelas, peitoral com seus dedos brutos. Qualquer que seja o dom que Deus
deu a esse cara para me fazer sentir como uma poça de lava quente, eu aceito. Afasto minha boca da sua
procurando ar, meus pulmões implorando por uma trégua. Meu corpo trabalha em conjunto com o dele,
seu pau ereto no jeans sendo pressionado contra mim aumentava minha urgência dele.
Eu era uma bagunça de sensações e vontades. Eu queria ele mas não sabia exatamente como. E pouco me
importava com isso, o jeito grosseiro como Jeongguk me tocava, se esfregava em mim, seus lábios e língua
provocando diabolicamente a pele de meu pescoço; eu só queria que ele desse um jeito no que eu sou agora.
Seus lábios voltam pros meus, não tão severos quanto anteriormente, mas nem de longe amigável.
Jeongguk beijando de maneira leve era gostoso, mas Jeongguk beijando como se sua vida dependesse disso
ou como se estivesse com raiva, seja qual fosse, qualquer um dos dois era fodidamente quente.
Não conseguiria segurar meu gemidos mesmo se estivesse consciente das minhas ações nesse momento;
muito menos quando Jeongguk se afasta lentamente com a porra do meu lábio inferior entre seus dentes. A
dor do repuxo correspondeu no meu pau. Desesperado por contato físico mais direto, levo a minha mão até
seu pênis. Jeongguk ri. Seus perfeitos dentes resplandecendo em minha direção.
Colocando sua mão sobre a minha, ele volta beijar meus lábios. Mas rápido demais ele se afasta, descendo
sua boca para meu queixo, e meu senso de direção só começa a trabalhar quando ele se ajoelha diante mim.
O observo espalmar as suas grandes mãos contra meu peito e descendo pelas minhas laterais, isso foi sexy
para caralho; acho que ele tocou todo lugar disponível pela camisa, porque eu o sentia em toda minha parte
superior.
Sorrio o assistindo descer meu short e cueca.
- Merda. - Engulo em seco ansioso para o que ele ia fazer. Jeongguk levanta a cabeça, seus olhos brilhavam
em expectativa e anseio. Ok, mais uma para recordação, ter Jeon jeonggukajoelhado na minha frente
prestes a chupar meu pau era uma imagem e tanta.
- Morde sua blusa Taehyung. - Faço como ele manda, seu tom imperativo mexia com o meu tesão e me
sentia pronto para isso.
Eu era fraco a ponto do primeiro toque de sua mão em meu membro sentir que poderia cair. Meus olhos se
voltam automaticamente para baixo quando sinto sua língua macia e quente contra a cabeça do meu
membro. Jeongguk lambe sem pressa, provando de mim. Mordo o tecido da camisa, assistindo ao pornô
mais sexy e real que já tive na vida. Jeongguk me coloca aos poucos dentro de sua boca e aquilo estava me
matando tão lentamente quanto seus movimentos.
Suspiro, o prazer se tornando demais para despistar. Toco sua cabeça desesperado para que ele parasse com
essa tortura. Espero que tenha sido a força de meus pensamentos, pois Jeongguk acelera seu ritmo,
chupando meu membro sem deixar nada para imaginação.
Sua mão substitui sua boca, eu me sentia tão perto... a construção da excitação que Jeongguk estava me
causando era demais para aguentar. Ao sentir sua língua nas minhas bolas, meus joelhos vão ficando cada
vez mais fracos. Seguro seu ombro em busca de apoio e algo para apertar no desespero de foder sua boca.
Mais uma vez ele me entende por sinergia, pois sua boca volta para o meu membro chupando com fortes
movimentos de sucção. O barulho de sua saliva no meu pau apenas servia de palha para meu fogo, que
crescia e me devorava de dentro para fora.
Jeongguk continua a me sugar com mais força, eu acho que tento dizer alguma coisa a mais, porém chego
ao ápice e me libero em sua boca. A sensação do gozo transpassando meu corpo num alivio delicioso.
Queria me jogar no chão, já que não conseguia sentir muito bem as minhas pernas, mas Jeongguk me
apanha. Uma de suas mãos em volta de mim e a outra segurando minha nuca. Sinto seus beijos em meus
lábios, serenes na bochecha e provocativos na minha orelha, mordiscando meu lóbulo. Gemo com o arrepio
gostoso que acompanhou a ação.
- Quando eu ter você, vai ser sem ninguém entre nós. Eu quero você inteiramente para mim Taehyung. Você
me entende ? - Porra. O fervor no meu estômago era real e me forçou a responder.
- Sim.
Jeongguk me beija, o meu gosto na sua boca me provocou um sentimento de dominação que não queria
entender agora. Beijos de Jeongguk no pós boquete de Jeongguk superava qualquer expectativa. Quando
nos afastamos seus olhos escuros, se possível, estavam completamente breu. Possivelmente, haviam
planetas cheios de vida no buraco negro de seus globos. Eu queria conhecer cada um deles.
Uma batida na porta nos força a voltar a realidade.
- Hum, Taehyung ... Tzuyu tá aqui. - A voz de Wooyoung fura a minha bolha repleta de tesão e algo mais.
Antes de empurrar Jeongguk para longe de mim, vi a centelha de mágoa, mas não podia lidar com isso
agora. - Eu disse para ela que você estava tomando banho, então seria bom você tomar um. Acho que vai
precisar.
A última parte soou mais baixa e irônica, mas fomos capazes de escutar.
Droga.
Capítulo 17

Tzuyu me olhava com aqueles verdes inquisitórios de seus olhos. Suspiro, tentando me livrar da pressão
interna que comprimia meu peito. O olhar incisivo de Wooyoung momentos antes foi o suficiente. E agora
me sinto envergonhado ao encara-la de volta. Gostaria de cavar um buraco no chão e enfiar a minha cabeça
dentro até que tudo se resolvesse sozinho, ou que as coisas ficassem insolucionáveis, mas pudesse criar uma
rota de fuga para isso.
- Ok, você não vai me dizer por que sumiu por quase duas semanas sem ao menos me mandar uma
mensagem ? - Pressiono minhas mãos unidas, tomando o famigerado "vergonha na cara". Nem havia
notado que passaram tantos dias. - Você sabe que eu respeito o seu espaço e sou a mais ferrenha apoiadora
sobre liberdade e autonomia nos relacionamentos bla bla bla, mas pela minha experiência quando um cara
some da vida de uma garota é porque ele quer terminar com ela. Mas nós somos namorados, isso seria
canalhice de sua parte. - O tom jocoso era um soco no meu estomago. - Então, o que está acontecendo ?
Taehyung, olha para mim!
Tzuyu vira meu rosto em sua direção forçosamente. Ela estava linda como sempre, seus olhos se mostram
preocupados.
- Você está começando a me deixar nervosa.
Tomo ar, enchendo os meus pulmões o suficiente para sair o que eu tinha de dizer antes que a culpa me
roesse de dentro para fora.
- Eu te trai. - Conseguia sentir meu embaraço me dominar, mas Tzuyu continuava a me olhar inexpressiva.
- Com quem ? - Sua pergunta saiu em meio a uma risada e eu queria entende-la, no entanto, meus olhos já
não a enxergavam direito.
- Jeon jeongguk. - Fico no aguardo do momento em que ela vai explodir em cima de mim, eu poderia
receber o que mereço dela, mas nada acontece.
- Nós já não falamos daquele beijo ? Por que está voltando nisso ?
- A gente se beijou outros dias Tzuyu! Inclusive antes de você chegar aqui ele estava chupando meu pau!
Argh! - Escondo meu rosto nas minhas mãos como o completo covarde que eu sou. Choro por ser além de
traidor, sou o tipo de pessoa que não sabe lidar direito com as consequências de seus atos.
- Oh, eu não esperava por essa. - A ouço murmurar.
Silencio recobre o meu quarto, não me atrevo a olha-la, deixaria me bater e xingar se ela quisesse. Eu
merecia no final das contas. Eu preferia que ela me odiasse, jogasse em mim sua raiva por ter depositado fé
em mim e eu a trair de maneira crua. Mas as próximas palavras que saíram de Tzuyu não foram nada
conforme eu pensei que seriam.
- Tudo bem amor. - Seu tom condescendente me surpreende. A olho desacreditado, Tzuyu me envia um
sorriso terno. - Eu estou chocada, um pouco entretida e chateada, mas não posso ser escrota. Eu
literalmente beijei milhares de garotas na sua frente em diferentes festas, e com toda certeza aos olhos de
algumas pessoas seria consideração traição também.
Tzuyu levanta seus ombros, como se estivéssemos debatendo acerca de teorias criticas.
- Tzuyu, eu te trai. Eu não acho que você esteja entendo. - Cheguei a imaginar como seria nossa conversa
noites atrás, mas nenhum dos cenários criados terminava com ela me desculpando e admitindo ter me
traído também.
- Taehyung, eu não sou perfeita, ok ? Eu me sentia uma merda toda vez que bebia e saia beijando as
pessoas. Você tolerou isso, por que não posso tolerar você sentindo atração por Jeongguk ? Eu também
sinto atração por ele! - Um sorriso fácil surge nos lábios cobertos de gloss. - Eu disse que nosso namoro é
aberto para conversarmos sobre nossos medos e intimidades amor, esse momento é uma fragilidade e uma
descoberta. Você é bissexual!
- E dai ? - Suas palavras ainda estavam assentando em minha mente lenta e ressentida. Meu peito se
acostumou com o peso da culpa, e diante do que Tzuyu dizia eu não sabia se alívio era o que estava sentindo
agora.
- Ok, você está se sentindo mal por que sente atração por Jeongguk, certo ? - Aceno. - Taehyung, você não
ficou com ninguém a não ser eu nos últimos três anos. Essa é a primeira vez que você sente atração real a
ponto de querer contato físico com outra pessoa e, além disso, é um cara! Quando eu me entendi bissexual,
amor eu só queria descobrir tudo o que as meninas poderiam me fazer sentir. É normal, eu entendo.
Tzuyu era realmente incrível. Como ela transformou a minha confissão de traição em algo natural e
puramente afeito ao perdão ? A parte sobre eu nunca ter me relacionado com ninguém além dela era
comprovado, no meu mundo, Tzuyu era o suficiente. E o modo como ela guiava essa conversa me lembrou
que ela me conhecia muito bem.
- Mas... você não está chateada comigo ? - Ela toca seus cabelo, o sorriso de antes desaparecendo
lentamente.
- Um pouco Taehyung, eu preferiria que você tivesse sido sincero desde do começo, desde que entendeu que
se sentia atraído por ele. - Seus olhos curiosos me examinam quando pergunta: - Vocês transaram ?
- Não! Não! A gente só se beijou e esse último de hoje. - Murmuro a última parte voltando a vergonha
inicial.
- Ok, então estamos empatados. Eu chupei o pau dele, então... - Tzuyu começa a rir, mas eu não conseguia
acompanha-la. - Eu deveria saber que daria nisso, você não faz o tipo de namorado que faria um ménage,
quando você aceitou e já havia escolhido alguém eu deveria saber.
- Não foi por isso que escolhi ele. - Escuto o tom aborrecido na minha voz, porém, não sabia o motivo em
específico.
- Então qual foi o motivo ?
- Ele disse que não sentia atração por você. - Tzuyu arregala os olhos junto a sua boca.
- Filho da puta. - Tzuyu balança sua cabeça, os cabelos caindo diante de sua face e sendo retirados no
mesmo momento pelas mãos ágeis. - Seja como for, eu reconsidero sua traição e assim podemos voltar a
nossa programação normal, esse desvio foi necessário para entendermos que nossas ações tem sido um
pouco desatentas. Você me perdoa?
- De que ? - Eu estou confuso, ela retirou o peso dos meus ombros, mas ainda havia algo invisível pesando
em mim.
- Das vezes em que eu te trai com as bocas que beijei nas festas, me perdoa ? - Tzuyu se aproxima, suas
mãos agarram meu braço e seu rosto demasiado próximo do meu.
- Sim.
Era algo que me incomodava antigamente, mas eu aprendi a não me importar com isso, afinal não
significava nada. Só que nesse momento, essa história parece tão distante que eu não poderia me importar
menos.
- Ótimo, estamos bem. - Tzuyu me da um rápido selinho. - Mas Taehyung, você não pode deixar outras
pessoas que não seja eu te fazer um boquete, ok? Isso é um pouco demais amor.
A olho tentando decifrar meus sentimentos.
Nossas discussões sempre foram leves e fácies de resolver, principalmente porque eu geralmente cedia
muito. Não era necessário saber quem estava certo ou não, sempre deixava Tzuyu liderar o rumo da
situação até o momento em que tudo voltasse a ficar bem. Havia o medo de perde-la se eu fosse um
namorado grudento e ciumento, então aprendi a lidar com sua personalidade e mudei um pouco da minha.
Eu me tornei passivo em relação as escolhas dentro de nosso namoro e tinha plena consciência disso.
Mas pela primeira vez em anos eu me sentia incomodado com a forma que ela acabou de lidar com tudo.
°°°
Quando eu ter você, vai ser sem ninguém entre nós. Eu quero você inteiramente para mim Taehyung.
Você me entende ?
Tzuyu descansava sua cabeça em meu peito, ela falava alguma coisa sobre a festa de alguma amiga em
algum lugar caro e paradisíaco, mas minha mente rodeava Jeongguk e sua frase de fácil interpretação. O
que eu faria agora com essa parte que me sufocava por não poder ter Jeongguk ? Onde posso depositar tal
necessidade do contato da pele dele na minha ? E se eu continuar assim, será que a culpa vai me consumir
mais uma vez ?
Admitir não aliviou muito porque a minha mente não me dava descanso. Namoros entre duas pessoas não
permitiam uma terceira como convidado. Seria estranho passar por Jeongguk no corredor ou vê-lo na
cozinha e não ter seus dedos massageando meu coro cabeludo, ou quando ele me abraçava calorosamente
de manhã, sua disposição para preparar meu café mesmo nos dias em que ele só comia cereal; se ele parasse
de me tratar como faz atualmente... eu não gosto dessa ideia. Também não gosto do cenário em que seus
lábios podem se distrair com outras pessoas que não eu.
Não mesmo.
- Tzuyu acho que deveríamos terminar. - Me surpreendo por ter dito em voz alta. Arreglo meus olhos tanto
quanto os de Tzuyu que me encarava séria.
- O que ? - Ela se afasta de mim, me olhava como se eu fosse um total estranho.
- Eu... você disse que está tudo bem, mas eu não sinto que está. Eu estou... confuso Tzuyu. E não acho justo
com você, eu fiz besteira, tudo ok se você não se importa, mas eu me importo. - Admito, era estranho dizer
realmente o que queria a ela sabendo que poderia machuca-la, e isso sempre foi a última das minhas
intenções.
- Taehyung, estar confuso é normal, você até então se via como um cara heterossexual, mas como você pode
deixar de me amar em menos de três semanas só porque um pau te chamou atenção ? - Sua voz foi
gradualmente se tornando arrogante e irônica, os níveis que significava que Tzuyu estava estressada.
- Não é só sobre isso K...
- É sobre isso Taehyung, admite! Jeongguk é a porra de um cara entre vários, eu disse que se entender bi te
fascina, ainda mais se você tem alguém por quem sente atração e ok, não estou te julgando aqui. Mas você
literalmente disse que me amava e do nada para aonde esse amor foi ? Atração é uma coisa Taehyung,
sentimentos são outros.
Pela primeira vez eu vi insegurança nos olhos de Tzuyu. Ela não era o tipo de mulher que se sentia assim ou
pelo menos ela nunca mostrou esse lado para mim. E eu me esforcei para que ela não sentisse isso em
relação a nós, no entanto, aqui estava eu, indo contra tudo o que estabeleci anos atrás.
- Você me ama ? - Sua voz saiu tão frágil que eu queria dizer sim apenas para sarar sua dor. Mas eu a amo,
então por que eu não respondia ? - Taehyung, você me ama ?
Minha mãe dizia que o amor era fácil demais para os humanos entenderem, ela dizia que estragávamos
tudo com nossa mania de complicar coisas que em sua essência seriam práticas. Acho que esse era um dos
momentos em que eu, enquanto humano, torno algo abstrato em uma bolha de complicação.
- Amo. - E era verdade. Mas não saiu do jeito certo.
- Você gosta dele ? - Passo minhas mãos pelo meu cabelo exasperado e estressado. - Pode ser sincero
comigo.
- Eu não sei Tzuyu, ok ? Eu não sei, talvez sim. - Mais uma vez o silencio. Tomo coragem e a olho.
Tzuyu mantinha seus olhos em mim, a insegurança de mais cedo foi substituída por uma disposição
desconhecida por mim.
- Olha Taehyung, que tal darmos um tempo ? - Tzuyu enfia seus dedos nos cachos, os jogando para trás. Seu
gesto nervoso a mostra. - Você está passando por uma fase que eu não posso ajudar em tudo, sabe, minha
mãe se separou do meu pai por um tempo antes deles voltarem e se casarem. Talvez a gente precise disso,
de um espaço. Você precisa conhecer esse seu novo lado, experimentar quem sabe e então nós vemos como
ficamos, ok ?
Por que tudo parecia complicar mais ?
- Tzuyu...
- Você não vai terminar comigo Taehyung. - O tom imperativo me paralisa. - Se você me disser agora que
não me ama, que quer jogar anos de namoro fora por causa de alguém e um tesão que vai passar, você vai
ser o maior filho da puta da historia da humanidade dos realinhamentos e de toda galáxia internâutica.
Eu rio de sua fala final que não fez conexão com a primeira parte. Tzuyu revira os olhos para mim.
- É sério! Olha aqui. - Tzuyu senta-se próxima a mim segurando minhas mãos nas suas. - A gente nunca
passou pela crise dos relacionamentos, sempre fomos um casal tranquilo, essa é a nossa crise. E eu li sobre
isso, esse é o nosso inferno astral, mas podemos resolver com o tempo. Você via lá e explora sua sexualidade
e quando se sentir confortável venha falar comigo. Você quer que eu saia de sua vida ?
- Não Tzuyu, claro que não. Você é tudo para mim. - Seguro seu rosto em minhas mãos, limpo as singelas
lágrimas em suas bochechas. Odiava a ver chorar.
Ela tinha razão, eu não podia jogar tudo fora porque Jeon jeonggukmexia comigo também. Mas antes dele,
ela estava aqui comigo. E eu a amava, certo ?
Tzuyu me abraça e chora em meu ombro enquanto a conforto por um dano que eu mesmo causei. Me
questiono o que estava acontecendo dentro de mim, eram tantos sentimentos controversos que acho que
poderia vomitar.
Capítulo 18
Wooyoung misturava sua comida com calma e certa precisão, seus olhos não me encaravam de volta, em
nenhum momento desde que decidimos jantar juntos. Mas havia uma áurea cômica em sua volta e eu sei
que ele ria por dentro. Filho da puta.
- Você e Tzuyu terminaram ? - Pergunta num tom de voz despreocupado.
- Demos um tempo. - Murmuro mexendo no arroz sem sal que Nayeon tentou fazer. Estava literalmente
sem sal, gosto algum. - Valeu por hoje.
- Quer dizer, valeu por evitar que minha garota suba e me escute gemendo no quarto ao lado ? De nada. -
Wooyoung abre um sorriso zombeteiro. E é claro que ele faria isso.
- Wooyoung.. - Ele pousa seu grafo calmamente, apoiando seus cotovelos na mesa, seus olhos repousam
repentinamente sérios em mim.
- Taehyung, não ligo para quem você fode, se você trai ou deixa de trair sua namorada, cara isso não é
problema meu. Eu evito tirar conclusões precipitadas dos outros, mas mano eu só vou te pedir uma coisa,
seja lá o que rola entre você e Jeon, não faça merda e estrague o clima dessa casa. Eu nunca impedi
ninguém de se relacionar porque somos todos adultos. Isso dito, eu tô de boas e sou seu amigo irmão, Tzuyu
é maneira, mas você é mais.
Aceno, mostrando que estava o escutando e atento. Bato meus dedos sobre a bancada, Wooyoung ria de vez
em quando me olhando.
- Quer dizer, eu sabia que Jeon era afim de você, mas você sempre foi muito tapado para essas coisas. Foi
surpreendente saber disso. Uau! - A vergonha e embaraço me seguiu durante todo o dia, por isso que me
mantive preso no quarto até Wooyoung bater na minha porta me convidando para jantar.
- Aconteceu... - Murmuro tocando meus cachos para distração.
- Claro que acontece. Nayeon vai te odiar se souber disso. - Sorrio do comentário mais que factual.
- Eu acho que já estou na listinha de ranço dela.
- Ela iria sutar tanto, esse arroz dos inferno chega a se tornar gostoso com a imagem dela gritando com
você. Isso seria hilário! - Wooyoung começa a debochar do crush de Olívia em Jeongguk e eu por um
momento esqueço minha vergonha pessoal e auto crítica. - Tipo, ela investe nele há meses e você foi lá como
ninguém quer nada e conseguiu o homem. Taehyung sua ignorância é uma benção.
- Ei, eu não sou tão alheio assim. - Wooyoung bufa. - Como sabia que Jeongguk era afim de mim ?
Foi mais forte que eu. Não queria ter dito nada, mas minha curiosidade foi maior que minha vergonha.
Desde que Jeongguk chegou, na minha visão, ele me tratava como qualquer outro morador aqui. Wooyoung
tinha razão, eu realmente era lento para notar certas coisas, mas eu notaria se alguém como Jeon
jeonggukestivesse afim de mim, não ?
- Não é como se ele tentasse esconder nem nada. - Franzo a testa, sem conseguir captar nenhum momento
passado que isso se torne como prova. - Tzuyu ficou chateada ? Não escutei nenhum grito, nada.
- Um pouco, mas ela assumiu que me traia quando beijava aquelas garotas, então, estamos quites. - Digo
brincando com minha comida. Perdão mãe pelo desperdício, mas esse arroz está insuportável.
- Quites ? Os relacionamentos hoje em dia dão de mil nos de algumas décadas atrás, olha essa modernidade
de pensamento. Viva a crítica ao romance idealizado! - Wooyoung grita, provavelmente incomodando
alguém, mas não era o meu caso, já que me encontro entretido nos meus próprios pensamentos.
- Jeongguk saiu de casa meia hora depois que vocês entraram para o quarto. - Diante de meu silencio, ele
continua. - Relaxa Taehyung, ninguém passa nessa vida sem trair ou ser traído.
- Eu não acho. - Murmuro.
- Pode não achar, mas você não foi a exceção à regra.
°°°
- Vai finalmente sair dessa casa ? - O sorriso amplo de Nayeon quase me deixou chocado. Mas todas as
minhas forças estavam centradas em evitar que eu despedace sob o olhar de Jeongguk.
- Vai pra onde Taehyung ? - Wooyoung se senta na mesa com sua tigela de leite vegetal.
- Vou passar esse fim de semana com a minha mãe. - Assumo.
Depois do dia de ontem eu me sentia extremamente mal e confuso em relação a mim mesmo, não sabia o
que fazer para realinhar meus próprios pensamentos. Analisando a fundo, não acho que seja culpa de
ninguém além de minha. Trair Tzuyu me fez analisar que eu não gosto do que vejo quando me deparo com
os meus atos.
- Ok, se cuide cara. Qualquer coisa só ligar. Manda um beijo para minha tia. - Sorrio para Wooyoung, por
mais que continuava a me forçar a não olhar para Jeongguk acontece de qualquer forma. Meu corpo era um
traidor fodido, já sabemos disso.
Ele estava me olhando em seu modo inexpressivo que por consequência eu não entendia e não gostava.
A questão era o que fazer com meu descontentamento. Ainda queria as mãos de Jeongguk em mim, ainda
acho que amo Tzuyu. Se ela tiver razão e for somente sobre atração, como eu passo por isso ? Eu não sei
dividir e muito menos entendo como se cria um limiar entre tais coisas.
Por esse motivo ver minha mãe era essencial, ela poderia ter respostas para as minhas dúvidas e mesmo se
não as tiver teria a presença do meu ser humano preferido nessa terra.
Capítulo 19

Fui atualizado da vida de todo mundo no bairro e da minha família dentro de sete horas. Almoços, risadas e
entre um monólogo sobre como a vizinha da rua de trás se gabou do filho ser um anjo na terra para no fim
ele ser preso por venda ilegal de pílulas medicinais, perguntas curiosas - afinal eu era filho de minha mãe, o
espírito fofoqueiro é hereditário - , eu ganhava carinho e amor.
Me sentia bem em casa. Chego a sentir falta daqui, mas nunca durava muito, minha mãe era estressante.
Bom estar com ela de vez em quando e ter meu lugar para voltar. A questão era que eu fugia do que tinha na
minha casa, logo, esse tempo aqui era mais que necessário e seguro.
- Aqui, fiz essa torta de manhã, come um pedaço. - Minha mãe põe um pedaço generoso de torta de limão
na mesinha de centro e eu quase gargalho com a porra da ironia. - Que cara é essa ? Não vai me contar por
que apareceu na minha casa de repente ?
- A gente não combinou que eu viria ? - Continua encarando a torta. Jeongguk iria gostar da torta de minha
mãe, era a melhor do mundo.
- Não Taehyung. Eu disse para você me ligar, sabia que eu tenho um vestido de casamento para finalizar ?
Então me conta logo o que você fez. - Arregalo meus olhos para ela. - Eu sou sua mãe, e você não é difícil de
ler garoto, conta para mamãe, o que foi ?
Ela se senta ao meu lado, seu reconforto sendo o suficiente para me fazer querer ser sincero.
- Eu trai Tzuyu. - Murmuro. Os olhos castanhos claros, que herdei orgulhosamente e minha irmã sofre com
essa parda genética até hoje, me encaram sem ressentimentos ou repreensões. - Eu me sinto muito mal
mãe, ela disse que não importa, mas eu... eu traí. Como eu traio alguém que amo ?
- Se sente culpado ? - Aceno. - Se arrepende?
Travo em meu lugar. Encaro o pedaço da torta me sentindo uma merda.
- Quem foi ? - Provavelmente meu silencio já teria sido a resposta que ela procurava.
- Pratick Jeon, o meu parceiro de casa.
- O menino bonitão com dentes perfeitos ? - A voz de minha mãe sobe muito, me assustando. Ela parecia
surpresa, queria rir de sua face espantada. - Garoto você tem bom gosto.
- Mãe! - Grito. Ela gargalha.
Deveria ter me lembrado que minha mãe é do clube anti Tzuyu, mas pelo amor de Deus como essa mulher
não pode me dar um apoio emocional ? A encaro incrédulo.
- Taehyung, preste atenção. Você traiu Tzuyu, ela te traiu varias vezes antes. E quer saber meu filho ? Tem
coisas que acontecem pro bem, talvez essa relação de vocês já deu o que tinha que dar e você merece
melhor. - Franzo a testa.
- Isso é papo de mãe querendo livrar a culpa do filho ? Nunca pensei que você fosse desse tipo. - Ela bufa e
me da um tapa na nuca.
- Cala a boca moleque. Eu não posso me intrometer em suas escolhas, se você traiu e se sente culpado lide
com isso. Eu não vou e nem posso tirar essa culpa de você. Estou dizendo a verdade e só. - Seus olhos
assentam numa sobriedade direcionada a mim. - Taehyung, você é muito jovem e bobo, na sua cabecinha
existe essa coisa de amor para sempre. Eu me lembro que você me disse que queria casar com ela com
apenas um mês de namoro. Meu amor eu vi que isso não daria certo desde que tive minha primeira
conversa com aquela garota.
- Posso estar errada, afinal sou humana e falho igual. Mas eu te criei e eu sei seus princípios. Se você a traiu
e não se arrepende, só te resta culpa por causa do compromisso entre vocês, vale a pena repensar um pouco
se esse sentimento que tem por ela é amoroso mesmo ou somente sexual, chegando a um forte laço de
amizade talvez. Vocês estão a quatro anos juntos, vocês eram jovens e continuam jovens, aparecer pessoas
diferentes e vontades diferentes é natural. Eu nunca gostei dessa garota, mas eu prezo pela sua felicidade
acima de tudo e respeito suas escolhas, faça como achar melhor, mas preze sua felicidade.
- Se esse Jeongguk te encanta e você quer ter algo com ele, tenha. Mas faça a coisa certa primeiro. Não fique
com alguém por culpa ou consideração de tempo, isso não é bom e acaba te sugando por dentro.
Um sorriso triste assombra a face bonita de minha mais velha.
- Foi isso que aconteceu com você e o meu pai ?
- Sim. E eu fui a parte que achou que tudo era real, quando já não era. Acredite em mim é melhor encerrar e
lidar com isso do que se forçar algo que vai te ferrar a longo prazo.
Minha mãe me puxa para ela, deito minha cabeça em seu colo. Sorrio quando seus dedos tocam meu coro
cabeludo, meu corpo sendo transportado de volta a minha infância.
- Esse Jeon jeongguk, me conta como isso aconteceu.
Ainda distraído com a massagem murmuro as palavras sem muito pensar no que dizia.
- Foi Tzuyu que iniciou tudo de certa forma, depois eu o beijei e depois disso eu quis o beijar de novo e de
novo. Ainda quero beijar ele. Esse é o resumo. E ele me acha adorável, tipo o Taz do Looney Tunes.
- Aquele bicho louco ? - Sorriso com o tom esganiçado.
- Acredita ? Ele disse que eu lembro o Taz mãe. A audácia. - Sorriso lembrando da risada idiota bonita dele.
- Pensando bem, realmente faz sentido. - Abro meus olhos me virando para olha-la. - Ele tem um ponto
Taehyung, se você pudesse se ver diria a mesma coisa. Garoto você é uma confusão.
- Culpa sua, você me criou.
- Culpa do seu pai, ele que te deixava ser estranho o tempo todo. Olha no que deu.
- Mãe pare de me ofender, sou seu filho preferido.
- Quem disse ? Tina é minha filha preferida, ela me deu netos! - Tento morder a perna dela mas ganho um
tapa na cabeça.
Definitivamente ter vindo para casa foi a melhor escolha. Meu peito estava leve, ainda confuso, mas
completamente serene em relação a antes.
Capítulo 20

Faz quatro horas que cheguei. A casa estava silenciosa. Já era noite ao chegar do serviço. Eu estava nervoso
em encontrar Jeongguk, mas por sorte ele não estava no andar de baixo. Me sentia ansioso no quarto.
Assistir Ataque aos Titãs quando se estou conflituoso comigo mesmo era sempre uma ótima ideia.
Tzuyu me mandava mensagem e continuamos conversando como sempre. Não me lembro como era ser só
amigo de Tzuyu, mas sempre senti que no nosso namoro havia uma cumplicidade base das amizades. Acho
que por esse motivo sempre me senti tão bem com ela. Não parecia que ela estava forçando proximidade,
mas entendi que ela estava me checando.
Me assusto com a batida na porta. Automaticamente meu coração começa a acelerar. Wooyoung daria uma
batida barulhenta e entraria após um chamado, Nayeon nem se prestaria a me chamar se não fosse urgente,
do tipo, muito urgente. O que restou uma única pessoa.
- Entra. - Até me levantaria, mas não acho que posso. Medo do meu coração despencar para porra do meu
cu.
Jeon jeonggukno meu quarto era algo inimaginável, porém, agora cruelmente possível. Ele vestia suas
roupas simples de dormir, que ainda assim o fazia parecer um modelo de roupas aprovadas para dormir no
conforto.
Ele era muito lindo.
- E ai ? - Ele se senta na cama, totalmente virado em minha direção. Meu olfato saboreia o cheiro de banho
recém tomado que ele exalava. - Wooyoung me contou sobre você e Tzuyu, como você está ?
Wooyoung era uma boca grande.
- Bem, acho. É estranho, nunca achei que chegaríamos a isso, mas estou tranquilo. - Sorrio sem graça. Toco
minha nuca desconsertado, sem saber de onde veio tanta vergonha.
Os olhos de Jeongguk me estudavam desavergonhadamente, seja o que for que ele estava pensando, não
delatava nada.
- Eu estava assistindo Ataque aos titãs, quer assistir ? - Essa foi a melhor estratégia que consegui
improvisar. Não sabia o que falar e o silêncio me deixava desconfortável.
- Ok. - Ele levanta os ombros com um sorrisinho. Fofo.
°°°
Péssima ideia.
A minha cama era ridiculamente pequena para dois homens de proporções consideráveis. Toda a lateral de
Jeongguk contra a minha, ele estava mais reclinado enquanto eu me encontro sentado, por isso, sua cabeça
estava a poucos centímetros do meu ombro. O anime rolava e eu dividia a atenção entre os acontecimentos
da tela e a sensação de tê-lo ao meu lado. Apesar de estarmos exprimidos, eu gosto. A essa altura negar isso
seria um descaso.
- Eu não sou muito fã de Ataque aos Titãs. - Jeongguk murmura repentinamente.
- E você diz isso uma hora depois ? - Ele faz um biquinho de culpa. - Por que não disse antes ? Poderíamos
ter assistido outra coisa.
- Porque você estava com essa cara de cachorro que caiu da mudança, parecia precisar de um acalento. -
Reviro meus olhos e solto um rosnado indignado.
- Você é um grande otário. - Jeongguk começa a rir. Tiro meu computador de meu colo e o ponho na mesa
de cabeceira. - Grande, grande otário.
- Eu sou grande em tantas proporções Taehyung, você sabe. - Sorrio para o seu comentário ambíguo e
maldoso; Jeongguk mexia com o travesseiro em seu colo, seus olhos escuros presos em mim.
Eu poderia até estar babando por ele, mas era fácil entender como ele pegava as garotas e os garotos. Se ele
quisesse, nem precisaria abrir a boca, só olhando dessa forma já conseguiria muitas para ele. Será que
treinou tal tática ?
- Qual seu tipo ? De mulher , quero dizer. - Jeongguk franze a testa.
- Você é meio aleatório.
- Eu sei. Mas eu quero saber, fale. Qual tipo te atrai.
- Não acho que eu tenha um tipo, mas eu gosto de mulheres altas, pensando nas quais já tive relações, as
mulheres altas me encantam.
- Esse não é bem uma traço específico. - Murmuro.
- Nah, mas eu prefiro homens de qualquer forma. - Um amplo sorriso me envolve e Jeongguk devolve.
Minha mãe tem razão, dentes perfeitos.
- Legal para você, curta. Alguns homens são maneiros. - Desvio o olhar, as paredes pareciam novas e
incrivelmente interessantes agora. Eu me sentia como um colegial com seu crush. A que ponto cheguei na
vida.
Escuto a risada de Jeongguk, levo meus olhos de volta a ele.
- Eu não vou pular em você Taehyung, posso ir se estiver se sentindo desconfortável.
- Ei. Não, relaxa ai. - Jeongguk me encara surpreso pelo meu tom imperativo, seus olhos descem para a
minha mão em seu peito, que o forçava, sem precisar, a ficar ali.
- Ok, se minha presença é tão requerida. - O deboche escorrendo de sua expressão. - Eu não quero forçar
nada, você acabou de terminar uma relação, se quiser tempo eu posso me afastar.
Não Jeongguk, eu não preciso de tempo. Na verdade, era o completo oposto disso. Analiso o cenário por
alguns segundos e chego a conclusão de que eu deveria fazer o que queria, porque se não, como iria dormir
em paz hoje ?
Me inclino para perto dele, que não recua nem por um momento.
- Você está me olhando daquele jeito de novo. - Ele sussurra.
- E diz exatamente o que quero fazer.
Seus lábios eram a melhor coisa que Deus fez. Possivelmente estava no mesmo nível da comida. Jeongguk
não demora em me enroscar para si, sua mão pesada na minha nuca e a outra na minha cintura, já por
dentro da blusa. Usar roupas largas era um caminho sem volta e que facilitava em momentos como esse.
Ele era um beijador excelente, era surreal. Me sento em cima dele, sentindo cada parte de seu peito com as
minhas mãos. Sugo seu lábio inferior sentindo o metal contra minha língua. Possivelmente eu já estava
excitado, mas quando Jeongguk geme foi quase um orgasmo sensorial, todos os meus sentidos
beneficiados, prazerosos. Olfato com seu cheiro, tato com o calor de sua pele, paladar apreciando o gosto de
sua língua na minha, meus ouvidos tendo o momento de sua vida com o som mais apetitoso de seus
gemidos, visão agora estava em falha mas era fácil invocar a beleza dele.
Me afasto de sua boca e sorrio quando ao levanta Jeongguk me acompanha, procurando pelos meus lábios.
Meu corpo se arrepia sob o seu olhar de desejo.
- Eu beijo bem ? - Ironizo, permitindo que meus dedos apreciem seus cabelos enquanto suas mãos
pressionam minha pele; o jeito rude de seus toques me deixava louco de excitação.
- Acho que sim, não tenho certeza, me deixe analisar melhor. - Eu definitivamente era fã de certa
brutalidade na cena sexual. Os beijos severos de Jeongguk eram os meus preferidos a esse ponto. Ele
parecia maltratar minha boca e eu queria que ele fizesse isso. Suspiro ao sentir seu membro duro embaixo
de mim. Essa posição era um tanto desconfortável, não sei como as meninas faziam isso. Mas eu estava
distraído demais com Jeongguk para me importar.
- Ok, você entra na lista de uma das melhores pegações que já tive. - Digo.
Jeongguk para de morder a pele de meu pescoço para rir, apoiando sua cabeça em meu ombro.
- Fico lisonjeado. - Os cabelos dele eram como seda de tão macios. Como essa vida era injusta e desigual.
- Mas preciso sair daqui, minha perna está dormente. - Confesso me jogando para o lado. Jeongguk sorri e
atenciosamente começa a massagear minha perna formigante.
Pego meu celular para checar as horas e me assusto ao ver o vermelho ao redor dos meus lábios no reflexo
da tela.
- Que porra Jeongguk! - O chuto de modo leve, mas ele faz um drama e cai no chão. - Isso vai marcar.
Arregalo meus olhos quando através da câmera vejo o quão vermelho estava.
- Vou trabalhar amanhã e vão achar que fui picado por uma abelha maldita e assombrada.
- Eu não tenho tanta culpa, você que me beijou. - Jeongguk estava sentado no chão, me olhando com ironia.
- Mas está sexy. Me deixa te beijar de novo.
Esse homem era muito rápido, o plano era ir para o banheiro mas ele me cobre com o seu corpo,
infelizmente, maior que o meu. Não faço esforço algum para sair de seus braços, mas eu era um homem que
vivia pelo drama.
- Não quero sua boca na minha nunca mais. A minha boca é linda e perfeita, você veio aqui e fez essa
bagunça. Não é para ser assim cara. - Jeongguk sorria, uma singela mordida no lábio inferior e eu estou
apto a ir em conflito com minha própria fala.
- Você não pareceu se incomodar enquanto minha língua estava na sua garganta. - Sorrio do quão ridículo
ele era. Seu rosto afunda no meu pescoço, seus dentes voltando a mordiscar minha pele.
Eu perdi. Nunca fui muito competitivo, então não seria problema deixa-lo continuar. E depois dos dias
confusos e completamente conflituosos comigo mesmo, eu me sentia bem e fodidamente atento.
Claro, atento a Jeon jeongguke o que ele fazia com o meu pau.
Capítulo 21

Dias da semana eram puro suco de cansaço na maioria das vezes. Tudo o que queria era dormir mais e
fingir que não tenho um compromisso ético com a sociedade. Sempre foi difícil para mim acordar cedo, eu
apenas me acostumei a tal ação. Ao abrir à porta Jeongguk sorri para mim, ele estava no corredor em seu
caminho para o banheiro.
E ele era um homem da manhã, sua face brilhante e sorridente uma hora dessas não fazia sentido se não
fosse esse o motivo. Pessoas matinais eram irritantes.
- Bom dia.
- Dia. - Grunho de volta.
Jeongguk não se demora em mim e caminha em direção ao banheiro. Geralmente eu era o primeiro, mas
hoje me permiti levantar minutos mais tarde. Me apoio contra a porta, escutando quando o chuveiro é
ligado. Fecho meus olhos pronto para dormir, eu tinha uma certa disposição para dormir em qualquer
lugar, eu só precisava fechar os olhos e estar com sono.
Mas ao fazer isso, imagens de Jeongguk tomando banho preenchem minha mente; abro meus olhos
encarando o corredor vazio. Pelo amor de Deus nem eram sete da manhã ainda! No entanto, o planeta
estava correndo risco devido a diversos ataques dos setores industriais. Economizar água é uma forma de
fazer a nossa parte e ajudar a natureza e a humanidade!
Ignoro meu senso crítico sobre o conhecimento de que o maior gasto da água são por causa da agricultura e
seus desdobramentos de consumo; namorar Tzuyu veio com muitos bônus e um deles é ela estudar
biomedicina e ser extremamente atenta ao meio ambiente.
O planeta merece mais!
Me disponho a girar a maçaneta que, por descuido dele, estava aberta. Adentro com calma, o vidro escuro
do box me impedia de vê-lo, por isso, me dispo de minhas roupas e faço o que precisava parar salvar o
mundo. Jeongguk estava de costas para mim, automaticamente meus olhos descem pelos músculos de suas
costas flexionadas por causa dos movimentos de suas mãos no cabelo e rosto; a cintura bem arqueada, a
pele chamativa ao meu toque e sua bunda tão musculosa quanto o resto de seu corpo. Ele era
definitivamente muito malhado.
- Que susto!- Encaro sem expressão o seu rosto molhado.
- Posso tomar banho com você ? - Pergunto já fechando a porta do box.
- Acho que sim ? - Aceno me aproximando dele e ficando diante de seu corpo atrativo a uma hora dessas. -
Vem se lavar.
Ele me puxa para debaixo d'água, suspiro com o toque dos pingos mornos. Eu poderia me distrair assim,
mas ainda havia o corpo de Jeongguk próximo a mim.
- Eu acho que tomar banho juntos ajuda em 0,0001% a salvar o planeta. - Sussurro focando meus olhos
nele, que sorria enquanto enxiam seus dedos de sabonete líquido.
- Claro que sim, afinal somos pessoas que prezam pela natureza, precisamos dela viva e bem para estarmos
vivos e bem. Essa sua ação é muito genuína. - O observo levar suas mãos para a minha nuca, descendo para
os ombros, esfregando o sabonete por um tempo para depois descer pelos braços.
- Obrigada por entender, você é um ótimo cara. - Jeongguk acena, um sorriso devasso na face. Acompanho
seu olhar, que estava no meu pau meio ereto. Jeongguk continuava olhando para baixo. - Está de manhã,
não se ache tanto, você é homem, ficamos excitados ao acordar. Acontece.
- Verdade, acontece. - Suas mãos descem para meu peitoral numa massagem lenta, acordando meu corpo
para fora de seu estado sonolento. - Quer que eu limpe em baixo também ?
- Seria estranho ? - Murmuro sentindo suas mãos em minhas costas descendo e subindo, sempre no limiar
do meu quadril. Eu realmente apreciava seus toques, eram tão convencíveis.
- Acho que não. - Murmura de volta. Toco seu ombro por puro reflexo quando ele desce suas mãos para
minha bunda. Os olhos dele voltam para os meus, sua face tão inexpressiva quanto a minha. Ainda assim,
suas mãos trabalham esfregando a minha preciosa parte de trás, até se moverem para frente segurando meu
pau que eu sabia que já estar totalmente ereto, nem precisava olhar, o sentia pulsar na mão grande dele.
- Quanto tempo pretende ficar ai ? - Digo segundos depois, quando ele já havia tocado toda a minha área
genital.
- Você tem um problema aqui. - Sua voz soou tão inocente que me fez rir e quebrar com minha seriedade.
- Deixa quieto, quero lavar você. - Me apresso a pegar o sabonete em mãos, não me demoro a toca-lo, já que
ansiava por isso.
- Você é inacreditável. - Esfrego seu peitoral sentindo seus músculos contra meus dedos, circulo seu
piercing por um tempo, Jeongguk solta um suspiro e isso é tudo que ganho antes de voltar a tocar toda a
extensão de seu corpo; ele tinha gominhos na barriga, não tão fortes e bizarros mas o suficiente para senti-
los. Divago por alguns segundos assistindo minha mão contra sua pele mais clara, me perco na visão que
era minhas mãos masculinas tocando seu corpo masculino, havia algo de sensual nisso tamanha
sensualidade tal toque me trazia. Faço como ele fez comigo, desço até sua bunda, não o olho, apoio meu
rosto em seu pescoço, sentindo o cheiro bom do sabonete fluindo de seus poros, beijo singelamente a área
disponível.
A bunda dele era dura e firme, sem nenhum defeito aparente. Esse cara era um horror a sociedade que dizia
que a perfeição não existia, o que falar de Jeon então ?
- Cuidado Taehyung, não acho que temos tempo para isso. - Sinto o carinho leve de seus dedos na minha
nuca, posteriormente se apoiando ali.
- Só estou te lavando. - Volto minhas mãos para frente de seu corpo e seguro seu pau. Ele era grande e
estava ereto, tanto quanto eu. Isso me deixou animado, afinal Jeon jeonggukestava duro por minha causa.
Me preenche uma sensação quente e afável. Continuo e toco suas bolas inchadas, descendo propositalmente
meus dedos...
- Taehyung. - Seu tom de aviso me faz empurra-lo para debaixo do chuveiro na intenção de retirar a espuma
de nosso corpo.
Passamos os próximos segundos lavando um ao outro de fato, Jeongguk não deixava de me tocar e vice
versa; podia vê-lo engolindo em seco, e eu não estava diferente, sentia meu peito pesado ao respirar.
- Sabe, é pecado fazer coisas sexuais de manhã. - Murmuro enroscando meu braço em volta de sua cintura.
- O que ? - Jeongguk parecia confuso mas não perdeu o ritmo de suas mãos contra minhas costas e bunda,
apertando de vez em quando. Quanto mais ele fazia isso, maior minha vontade de assumir outro caminho
entre nós.
- É desrespeito à Deus fazer coisas sexuais de manhã, só pode à noite. - Jeongguk ri me puxando para um
selinho.
- Então você já assinou seu nome na lista para o inferno ? - Mordo meu lábio para prender o sorriso e o
gemido quando Jeongguk começa a esfregar seu pau contra o meu.
- Se você estiver lá. - Jogo minha cabeça contra seu ombro, entre suspiros consigo responder, mas meu
corpo estava distraído com as ondas de prazer que a movimentação de Jeongguk me dava.
Impaciente com sua lentidão, seguro nossos membros juntos e início um movimento mais forte contra ele.
- Porra Taehyung. - O jogo de encontro a parede. - O inferno é com certeza garantido para você... e para
mim.
Gemo, incapaz de controlar as pontadas orgásticas que rompiam meu corpo. Esfrego sem cuidado,
deixando o tesão falar mais alto. Levo minha boca a seu pescoço, beijo sua pele macia enquanto seus dedos
maltratavam minha cintura.
Nossos corpos começam a trabalhar em uníssono e eu só queria me liberar junto a ele. Seus gemidos
próximo ao meu ouvido eram afrodisíacos e a cada segundo me levava mais próximo ao clímax; com minha
mão livre toco seu mamilo com piercing, o que faz com que Jeongguk se contorça contra mim. Ele era
fodidamente sexy na bolha sexual, tão esbelto o modo como seu corpo não negava que me queria assim
como eu o queria.
Um sentimento de posse desse momento impulsionou meus movimentos, forço minha mão a agir mais
rápido, sentindo nossos membros cada vez mais pulsantes; ter Jeon jeonggukno banheiro numa manhã em
dia de semana era algo exclusivo meu e eu posso garantir que isso me satisfaz em altos níveis.
Jeongguk morde meu ombro se liberando contra mim, sinto o alivio do orgasmo invadir meus sentidos,
sorrio com a sensação mais que bem vinda. Beijo os lábios dele, num leve e suave roçar; meu corpo
extasiado com a proximidade e satisfeito com tamanho prazer que ele me propiciou.
°°°°
- Como é isso de ser passivo ou ativo ? - Me sento na bancada aguardando Jeongguk me dar meu copo de
café.
Após nossa atividade sexual lúdica nos apressamos para tomar o café da manhã. Me sentia bem mais
energizado e atento.
- Como assim ? - Jeongguk me entrega minha caneca e deposita na minha frente um prato com pão
recheado por frios e meu requeijão preferido.
- Você sabe, como sabe quem é ativo e quem é passivo ? Por que um cara tem que dar, certo ? - Jeongguk
me olha numa expressão controversa, risonha de um lado e por outro desentendida.
- Por que está pensando nisso, quer transar comigo ?
- Quero. - Assim que afirmo Jeongguk começa a tossir, o café que tomava tremendo em suas mãos. Franzo
a testa para ele. - Estamos nos pegando para um fim , não ? Essa não é a trajetória natural das coisas ?
- Só fui pego de surpresa. - Murmura se sentando. O observo, ele parecia um pouco tímido, mas não tinha
certeza, já que ele nunca demostrou tal atitude antes.
- Você não quer transar comigo ? - Forjo estar aborrecido com tal ideia.
- Taehyung... - Ele solta um sorriso irônico. - ...você me perguntar isso nessa altura do campeonato... pelo
amor de Deus.
- Sim, mas lembre-se que eu sou um bom partido, posso não ser tão malhado quanto você, mas meu corpo é
ótimo. E tenho uma linda bunda. - Jeongguk gargalha, cobrindo seu rosto com as mãos.
- Pelo amor de Deus Taehyung são seis da manhã!
- Você gozou as cinco da manhã qual o problema ? Já quebramos com a normatividade do tempo, não vejo
grande caso. - Digo enquanto mastigo meu pão. Jeongguk me permite ver seu rosto, havia uma sombra
vermelha nas bochechas.
- Você é uma coisa a se pensar. - Ele diz se levantando.
- Isso foi um elogio ? - O acompanho com o olhar. Jeongguk lava sua caneca para pia, se voltando para mim
após lavá-la e caminha até estar ao meu lado, sentando-se na cadeira disponível apoia sua mão em minha
nuca.
- Termina de comer. - Era estranho que aquele tom autoritário, quase nunca pronunciável, causava efeitos
estranhos em mim. Tal qual aqueles apitos de adestrador onde os animais eram levados a fazer o que seus
donos pediam, me sentia da mesma forma.
Engulo o restante do meu pão, bebo o café para ajudar a descer, já que estava difícil com o olhar mandão e
sério de Jeongguk ao meu lado.
Assim que finalizo, me viro obedientemente para ele; seus olhos rodeiam meu rosto numa lenta analise, seu
cabelo penteado estava jogado para trás lhe dava ar de mafioso, afinal ele só usava preto, casava com seu
estilo.
- Eu tenho que ir, vem cá. - Ele me puxa pela nuca até nossas bocas se encontrarem. Apoio-me em sua coxa,
correspondendo com vontade seu beijo.
Mesmo ciente de que qualquer um dos dois outros moradores dessa casa poderiam descer a qualquer
momento, não conseguia me importar. Não quando os lábios de Jeongguk devoravam os meus, me
lembrando dos minutos atrás quando nossos corpos entravam em sintonia. O cheiro de banho recém
tomado e o perfume do sabonete exalando de nós dois com intensidade.
- Tenha um bom dia Taehyung. - Jeongguk deixa mais um selinho antes de se levantar.
- Bom. - Murmuro apoiando meu rosto na bancada, sentindo uma excitação interna e externa através do
arrepio em minha pele.
Meu Deus eu iria para o inferno com Jeon jeongguk.
Capítulo 22

- Ela vomitou tanto, foi muito constrangedor. Queria que você estivesse lá, iria ser mil vezes mais divertido
se você fosse comigo. - Tzuyu faz seu famoso beicinho; sorrio achando encantador.
- Essas crianças ricas não temem nada, é sério, bizarro. - Conversávamos razoavelmente, nada como antes,
mas não o suficiente para parecer que nossa relação parecia a mesma. Não vou mentir, eu não senti tanta
falta conforme achei que sentiria, no entanto, estando com ela agora, me causa uma sensação de que eu
estava fazendo algo errado.
- Você tem razão, não tememos. Se batermos o carro, podemos ganhar outro. - Seus olhos se tornam
brincalhões. - Se perdemos nosso namorado, arrumamos outro. Mas isso não vale apenas para crianças
ricas, né ?
- Isso é um indireta direta? Está com raiva de mim ? - Conhecia Tzuyu bem o suficiente para ver que ela não
se encontrava nos melhores de seus dias.
- Na verdade, sim. - Um semblante triste, ao mesmo tempo, impaciente repousa em sua expressão. - É
estranho para mim Taehyung, você era uma grande parte da minha vida e não ter você está me deixando
irritada. E puta! Porque parece que você nem ao menos sente a minha falta.
- Eu sinto. - Tomo um gole de meu suco logo após, não era mentira, mas também não sentia como inteira
verdade. Como posso dizer a ela que quando não estava no serviço, estar em casa era praticamente me
distrair com Jeongguk.
- K. - Murmura.
- Não faz 'k' para mim, isso é rude Kateryne! - Alerto com um espanto forçado, o que a leva revirar os olhos.
- Você também é muito injusto, sabia disso ? - Franzo a testa sem entender seu ponto. - Fala sério
Taehyung, você pode transar com ele e eu nem ao menos tive a oportunidade. O que isso diz de você ?
Levanto meus ombros. A ideia de Tzuyu dormir com Jeongguk não era algo que eu goste de imaginar,
apesar de ter a imagem dos dois seja algo seriamente atrativa. Não me espanto quando noto que meu nível
de possessividade estava pendendo para o lado de Jeon e não do dela. O que isso dizia de mim ?
- Hipocrisia é inerente a condição humana. Eu só vivo. - Assumo, encarando bem o rosto da garota que eu
achei que amava com todo o meu coração até um mês atrás. Como posso mudar tão rápido ? Será que eu
estava me enganando diante de uma atração forte o suficiente para me confundir ?
- Desculpa, estou jogando em cima de você minhas frustações. Eu disse que esse tempo seria para você se
entender e tudo mais. - Tzuyu grunhe, apoiando o queixo em sua mão. - Não quer ir na minha psicóloga ?
Ela pode te ajudar a passar por isso mais rápido. - Sorrio enquanto dreno todo o líquido de meu copo.
- Me desculpe Tzuyu, eu não sou como você, eu não sei dividir as coisas, o que posso fazer ?
- Taehyung, eu não acredito que você finja seus sentimentos, você é péssimo nisso, como pode querer
terminar comigo assim, tão rápido ? Eu me enganei no trajeto de nosso namoro e você não me amava tanto
quanto eu imaginei e retribui ? - Tzuyu toca sua testa, consegui ver o momento em que seus olhos se
encheram de água. - Eu pensei que eu iria conseguir deixar você viver e sei lá, foder Jeon jeongguk, mas eu
não quero. Que tal iniciarmos uma relação aberta ?
- Não acho que eu sirva para isso. - Ela bate na mesa.
- Claro que serve, foi fácil ter o pau de Jeon jeonggukna sua boca enquanto me chamava de sua namorada ?
- Aquele foi um golpe certeiro. Faço uma anotação mental de que eu nunca tive o pau de Jeon jeonggukna
minha boca.
- Você também está sendo hipócrita.
- Claro que estou, a hipocrisia é inerente a condição humana. Eu só vivo. - Um sorrisinho sarcástico nos
seus lábios foi o suficiente para perceber que estávamos tendo nossa oficial briga pós termino, se é que
terminamos. - Eu não quero te perder, ok ?
- Eu também não quero te perder. - Me levanto indo me sentar a seu lado. Tzuyu apoia sua cabeça em meu
peito, seguro suas mãos nas minhas. - Mas eu tenho que ser sincero com você Tzuyu, eu te amo, mas eu não
acho que seja tão forte quanto antes, porque não cabe na minha cabeça eu conseguir sentir atração a ponto
de deixar outra pessoa me tocar e ainda ter você, eu não sei. E, talvez, devêssemos ser apenas amigos por
um tempo.
- Taehyung atração acontece, eu te disse, você é capaz de amar mais de uma pessoa e sentir atração por
várias. Porque não criamos um arranjo, eu posso te dividir por um tempo com Jeongguk, só um tempo, até
você perceber que isso não vai longe.
Ela se vira para mim, odiava ver seus olhos verdes brilhosos vermelhos e tristes. A tristeza não combinava
com Tzuyu.
- Que tal você vir morar comigo ?
- Você me disse que odiaria dividir seu espaço. - Retomo sua fala de anos atrás.
- Eu posso abdicar e aprender a viver com outra pessoa, além disso, como você vai superar essa coisa com
Jeongguk se vocês moram na mesma casa ? Fala sério Taehyung, pensando bem, fora daquela casa você e
ele nem se falavam, nem ao menos eram amigos há pelo menos meses atrás.
Penso a respeito. Uma coisa ela tinha razão, eu e Jeongguk não nos falávamos com tanta frequência até
meses atrás, mas não quer dizer que eu já não o notava, atração independe de amizades. Porém, sair de casa
seria uma alternativa válida para me afastar dele, o problema, enquanto lia cada sentimentos expostos nos
olhos de Tzuyu, era que eu não queria me afastar de Jeongguk.
- Você disse que me daria tempo...
- Estou me contradizendo. - Afirma levando sua mão ao meu rosto. - Amor, sempre foi eu e você,
independente das merdas que eu fazia, você ainda me ama Taehyung, faz isso por mim. Sai de lá, você me
disse que queria morar comigo, certo ?
Aceno. Pois eu disse, um ano atrás.
- Vem cá. - Sinto seus lábios encostarem nos meus, eu conhecia seu gosto, seus gestos, sua respiração, seus
toques; tudo nela tinha sua marca em mim. Me permito beija-la, parecia décadas ao invés de algumas
semanas sem ela. Por mais que eu esteja entendendo meus sentimentos, não posso negar que ter Tzuyu em
meus braços ainda me excitava. No entanto, eu não sinto muita coisa além disso. - Passa a noite comigo ?
Sem pressão ?
Meu corpo sabia lidar com ela perfeitamente. Seus beijos avançam sem vergonha de estarmos em público,
quando enfio meus dedos em seu emaranhado de cabelo, desisto de tentar pensar sobre o que sentia.
Capítulo 23

É claro que ao chegar em casa no dia seguinte estaria todo mundo reunido, se divertindo e jantando juntos.
Queria passar direto para o andar de cima, mas isso ia contra toda a educação que minha mãe me deu, e
devo dizer, não foi fácil seguir. Então, contra minha vontade, entro na cozinha desejando boa noite. A
primeira pessoa que olhei foi Wooyoung e ele me encara dos pés a cabeça.
- Ai meu Deus Taehyung, quem fez esse chupão em você ? - Me assusto com a presença de Nayeon ao meu
lado, ela carregava em suas mãos uma panela cheia de alguma coisa que não me importo, mas seus olhos
estavam presos no meu pescoço e um sorrisinho diabólico surge em seus lábios. - Então, o boato de que
você e Tzuyu terminaram era mentira ou você entrou para sua fase vadio ?
- O cara passou à noite fora, claro que foi a fase vadio! - Wooyoung parecia animado com a possibilidade.
- Parem de se meter na minha vida. - Nayeon revira os olhos. Me sentia nervoso e eu sabia exatamente o por
quê, uma rápida olhada para Jeongguk não me derrubou, mas fez meu estômago despencar.
- Então, voltou com a Tzuyu ? - Encaro Nayeon e seu questionamento incisivo, não era como se ela se
interessasse pela minha vida.
- Vocês apostaram ? - Nenhum neles teve a cara de pau de negar.
- Claro que sim, eu votei para que você estivesse curtindo sua vida de solteiro e a madrinha aqui disse que
você voltaria para Tzuyu. Então, quem ganhou ? Seja sincero, vale dinheiro. - Wooyoung resume sem se
importar em fechar a boca cheia de comida.
Jeongguk me olhava em seu modo sério, cujo eu não conseguia ler. Estaria com raiva de mim ? Chateado ?
Não tínhamos nada confirmado, no entanto, não diminuiria nosso envolvimento. Mas o que eu poderia
dizer a eles, que eu passei a noite na casa dela sim, que nos envolvemos, só que nada mais além de beijos e
um chupão aconteceu ? Eu não tenho o porquê explicar isso aqui para todos.
- A gente saiu. - Afirmo, para me distrai vou caçar água na geladeira.
- Eu disse, ele é gado dela, só terminam se ela dar um fim, isso são fatos. Passa meus cinquenta reais! -
Arregalo os olhos para o tamanho do absurdo que era viver com esses dois.
- Taehyung, você me deve cinquenta. - Apesar de Wooyoung estar sorrindo havia uma certa seriedade em
seus olhos, espero que não seja sobre mim.
- Te reembolso no pagamento do mês. - Murmuro saindo desse ambiente misto.
A sensação de culpa voltou e agora ela estava se direcionando a Jeongguk e a Tzuyu em parcelas iguais. Não
fui capaz de ter nada mais com ela, por motivos básicos do tipo, minha mente me bombardeando sobre
minhas ações estarem sendo escrotas. Pensei que Tzuyu surtaria, mas ela agiu tranquila e me pediu apenas
para dormir lá.
Por mais que esteja carregado com tal sentimento foi bom eu ter ido com ela. Estar no apartamento
revivendo os antigos momentos de quando éramos um casal sem problemas, todo esse processo me fez
entender que eu não podia levar isso a frente. Seja o que for que ela entendesse com isso, se eu deixei de
ama-la em pouco tempo ou meus sentimentos estarem em puro conflito, seja o que fosse, não conseguia
levar-nos adiante. Não sem antes me resolver primeiro.
E o passo número um é ser honesto comigo mesmo, amo Tzuyu mas meu corpo pedia por Jeongguk. Eu
poderia me deixar levar, ter algo com ela, eu sei que conseguiria, afinal eu ainda sentia algo remanescente,
no entanto, seria injusto conosco e a magoaria ainda mais.
Ela chorou, me bateu, chorou de novo e dormimos abraçados. Nessa manhã, conversamos por longas horas,
Tzuyu parecia desestabilizada, eu nunca a havia visto daquele jeito, acho que quebrei o coração dela, pelo
menos foi isso o que ela disse. Chegamos a conclusão de que seus pais ficariam muito felizes e ela apontou
que minha mãe também, não neguei.
Apesar de dividido, o certo foi feito. Ou eu acho que foi. Se por acaso não era assim que devia se proceder,
eu deixo nas mãos do universo porque odeio ter de lidar com isso. Mas mesmo ainda certo de minhas ações
e futuras consequências meu coração doía. Eu perdi Tzuyu e para piorar a magoei durante nossa trajetória,
era como se eu acabasse de quebrar um laço muito importante na minha vida. Não parecia tão real antes e
agora, estranhamente, a confiança de que o que tínhamos acabou me quebrava por dentro.
°°°°
Volto a descer horas depois, quase onze da noite, precisava comer alguma coisa antes de desmaiar. Ao
chegar na cozinha encontro Jeongguk fazendo sanduiches. Ele me olha por curtos segundos e logo volta a se
concentrar no que fazia.
- E ai ? - Em silencio, arranjo os itens necessários para fazer um sanduiche também, aproveitando que
grande parte dos ingredientes já estavam em cima da mesa.
- Boa noite.
- Está fazendo vários sanduiches para que ? - Dividia meu olhar no que eu fazia e para o seu rosto.
- Vou levar para a escola do meu sobrinho amanhã. - Aceno, mesmo que ele não visse.
- E por que você vai levar para a escola de seu sobrinho ? - Jeongguk solta um suspiro.
- Porque amanhã é dia da profissão e eu vou lá fazer o discurso em seu nome.
- Por que você ao invés da mãe ou do pai dele ? - Pela primeira vez eu estava vendo Jeongguk sem paciência.
Observo o exato momento em que sua língua enche sua bochecha esquerda, expirando de modo grosseiro.
- Porque minha irmã estará ocupada e o pai dele é um filho da puta que acha que pagar a pensão
mensalmente é o único dever paterno. - Fechando a tampa das vasilhas com os sanduiches dentro,
Jeongguk apoia-se na bancada, fazendo com que as veias de seu braço ficassem notáveis, me enviando um
olhar irritado. - Quer saber mais alguma coisa Taehyung ?
Provavelmente esse era um péssimo momento, mas Jeon jeonggukexasperado somava as suas facetas que o
deixava sexy para caralho.
- Está chateado comigo ? - Estalando a língua, ele me ignora. O assisto levar as vasilhas para a geladeira e
guardar todos os ingredientes em silêncio. Imagino que ele não deva querer falar comigo, mas assim que
finaliza de limpar tudo o que sujou, ele se vira para mim. Parte de sua raiva já havia ido e eu tinha que lhe
dar credito por deixar ir tal sentimento tão rápido.
- Não acho que tenha esse direito, mas para ser sincero sim. - Paro minha mastigação, esperando a próxima
frase. - Eu não tenho o direito e também não quero me intrometer entre vocês dois, não mais.
Pisco algumas vezes para voltar a focar em seus olhos, um rápido desvio ocorreu por conta da sucção que
ele fez em seu lábio inferior.
- É isso. Boa noite. - Queria ir atrás dele, mas não sabia o que dizer agora.
Termino meu lanche pensando nos olhos escuros chateados de Jeongguk. Ele foi, querendo ou não, a
pessoa que se intrometeu na minha relação com a Tzuyu. Mas eu não estava reclamando ou o odiando por
isso. Talvez Tzuyu estivesse. E dizer isso agora é tarde demais de qualquer forma.
Colo minha cabeça na mesa.
Parabéns para mim, magoei duas pessoas em menos de vinte e quatro horas.
- Sabia que vocês iriam ter um momento assim quando você entrou por aquela porta com essa marca no
pescoço. Difícil Taehyung. - Levanto minha cabeça para ver Wooyoung enchendo um copo de suco.
- Eu sou um merda, não sou ? - Wooyoung nega com um aceno se movendo para se sentar na minha frente,
sua face completamente séria.
- Não, está apenas confuso. Cara, se lembra da Monica ? - Murmuro um sim. - Então, vocês ficavam antes
da Tzuyu aparecer, assim que você percebeu que estava apaixonado por ela, entrou em desespero porque
não queria magoar Monica. Você é assim, a sua confusão vem do fato de que você tem dificuldade em dar
fim nas coisas, você se importa muito para querer magoar alguém que goste.
Provavelmente minha cara inexpressiva o forçou a continuar.
- Tzuyu é mimada do caralho, eu não ficaria surpreso se ela ainda estiver bolando um meio de ter você de
volta. Eu lido com garotas mimadas todo dia, elas não aceitam perder algo que ainda tem apego. E você é
algo que Tzuyu não quer perder, uma coisa que ela poderia afirmar é que você estaria ali para ela todo o
momento. O fato de você estar afim de Jeon e querer dar um fim nisso deve ter atacado o ego dessa garota.
- Do jeito que você fala parece que eu sou um objeto de apreço dela.
- E não é ? Ela pode até te amar e tudo mais, só que essa marca aí ela fez de proposito. Você é tão babaca e
lento que não percebe as coisas ao seu redor. Tzuyu está morrendo de ciúmes do fato de você estar olhando
para outra pessoa. Você era tido como garantido, tanto que ela fazia as merdas dela e você sempre passava a
mão. Talvez ser bobão seja seu charme, sei lá.
Rio. Enfio minhas mãos no cabelo, Wooyoung me encara de volta com um sorriso gentil.
- Pensei que você gostasse da Tzuyu.
- Eu gosto, mas isso não significa que eu não tenha críticas e não observo o comportamento dela.
- Eu sou tão idiota assim ? - Wooyoung bufa e se inclinando me da um carinho, tal qual faria em um
cachorro.
- Sim meu amigo você é. Agora, a vida é sua, esteja com Tzuyu ou sem ela, mas preste atenção em como as
pessoas podem manipular você quando está se sentindo vulnerável. E vai atrás do que de fato quer. Se
Tzuyu é passado ou não, isso é contigo. Mas eu gosto do Jeon, ele é um cara legal, merece mais do que ser
seu estepe.
- Eu não...
- Você está o usando como estepe Taehyung, essa é a verdade. Se não gosta dele e está voltando para Tzuyu,
não brinque com ele assim. O cara é grandão e parece de boas, mas ele tem um coração ali.
- Ok. - Murmuro me sentindo inútil em rebater.
- Vou dormir, amanhã tenho de lidar com Tzuyus.
- Não fale assim dela. - Sorrio enquanto Wooyoung deposita um beijo em minha cabeça.
- Noite louco.
- Boa.
Capítulo 24

O dia estava bonito. O sol brilhava animado, disposto a iluminar todos nós. As nuvens lhe deram o palco do
céu e tudo resplandecia azul. E era um dos raros dias em que o vento se mantinha gelado e fresco contra
minha pele. Tudo parecia perfeito, se não fosse a cara emburrada de Nayeon e a face fechada de Jeongguk.
- Quanto mais falta para irmos embora ? E por que eu estou aqui mesmo ? - O óculos gigante na face de
Nayeon a deixavam tal como um besouro, quis rir, mas o clima entre nós não estava muito bom.
- Acho que é porque você mora conosco ?
- Jura idiota ? Mas essa função é sua e do Wooyoung. - Nayeon estava extremamente chateada. Hoje era o
dia oficial das compras em que geralmente haviam promoções, eu e Wooyoung íamos com boa vontade
preencher nossos armários e geladeira, mas hoje ele está com sua agenda lotada, o que significa: restou para
mim.
Jeongguk se ofereceu para ir no lugar de Wooyoung, do seu jeito sério e com zero sorrisos matinais para
mim. Nayeon entra na historia porque ela era a única depois de Wooyoung que tinha carro e era mais
prático termos um veículo.
- Pare de ser egoísta, moramos na mesma casa, você come porque nós nos disponibilizamos a estar aqui
todo mês para comprar suas proteínas inúteis. - Rebato adotando o humor.
- Olha quem fala, o cara que se enche de cereais açucarados e bacon, você vai morrer antes dos trinta.
- Blah blah blah. - Não era a resposta mais madura, porém, era como senti que deveria responde-la. - E
você vai ser mais uma dessas garotas com botox e enchimento, e de tanto bronzeamento artificial sua pele
vai cair.
- Imbecil. Pelo menos eu consigo manter meus namorados entretidos enquanto você aceita ser chifrudo
porque sabe que não vai conseguir ninguém melhor que Tzuyu.
- Agora você foi baixa. - Não doeu, mas ela me socou em cheio.
- Você que começou. - Sues olhos tapados pelos óculos me impediam de ler suas reais intenções, mas
percebi a nuance de suavização em sua voz.
- Não, tenho certeza que não fui eu.
- Calem a boca, por favor. Parece que eu tenho que lidar com duas crianças. - Jeongguk finalmente se
pronuncia, já virando o carrinho para um corredor. - Acho melhor nos separarmos.
Sem mais, eu e Nayeon nos espaçamos. O clima hoje estava realmente muito ruim. E nem era sobre
Nayeon, mas Jeongguk nem ao menos olhava em minha direção. Hoje cedo quando cheguei na cozinha era
como se eu fosse invisível. Sem café na mão. Sem bom dia animado. Sem toques suaves na nuca.
Nada.
E eu tentei lhe dar espaço, por ele e por mim, pensando que talvez Tzuyu estivesse certa e pôr alguma
distancia entre nós me faria pensar melhor. Não adiantou. Quis pensar pela perspectiva de Wooyoung, será
que eu o tratei como estepe ? Se sim, seria mais coerente de minha parte me segurar para não objetiva-lo.
Mas não estava dando certo também.
Agarro as caixas de sucos e caminho entre os corredores para acha-lo. Faz certo tempo que não flerto e
muito menos tento usar meu charme para cima de alguém, mas agora será minha reestreia. Como ele
poderá resistir a esses cachos feitos pelas mãos de Deus ? Ou esses lábios ? Fala sério, meus olhos são
incríveis, isso sem contar a parte corporal! Eu tinha meu apelo e iria usa-lo pela primeira vez sem vergonha
alguma.
Ou vou tentar ao menos.
Assim que o vejo perto dos frios, vou até ele. Coloco os sucos no carrinho calmamente os organizando, tiro
meu tempo para pensar no que falar. Eu deveria ter analisado melhor meu plano porque meu charme
dependia totalmente de minha personalidade, um sem o outro era puro desuso.
- Quando você pretende parar de ficar chateado comigo ? - Jeongguk nem ao menos me deu bola. Silencio
como resposta.
- Isso é rude, muito rude cara. Quer que eu me desculpe ? Ok, me desculpe. Mas eu havia terminado com
Tzuyu e sim ficamos mas foi só isso e terminamos oficialmente. Você talvez foi o motivo que fomentou
nosso término, mas isso não importa agora. E esse tratamento é lixo, não acho que mereço isso.
- Acabou ? - Sorrio, disfarçando meu desejo de socar a cara bonita dele para depois beija-lo.
- Acho que sim. Nunca fui bom em discussões, ainda mais se não sei sobre o que tenho que defender. E você
está começando a me estressar. - Jeongguk bufa, seus olhos finalmente me dando atenção. - Me forçando a
conversar sobre isso no mercado perto de uma cheia geladeira de bichos mortos. Que fase.
Olho para um peito de frango.
- Quando eu era mais novo eu chorava quando via esses pedaços de carne por causa de um documentário
que assisti na escola, minha irmã me zoava e aumentava o nível de crueldade sobre os processos dos
animais, quase virei vegano, só não rolou porque eu sou um bom filho da puta que cresceu e ama um frango
assado.
- Você é tão, mas tão aleatório. - Sorrio para Jeongguk, disfarçando sobre meu plano estar dando certo. A
desconversa não foi proposital, mas que seja, consegui trazer sua atenção para mim.
- Jeongguk está sendo muito difícil para mim. - Ele franze a testa, visivelmente não me entendendo. - Às
vezes eu fico imaginando como seria chupar seu pau. Na verdade, fiquei pensando mais sobre isso depois
que Tzuyu comentou.
- Taehyung. - Os olhos dele se arregalam.
Usar minha própria personalidade tinha seus riscos.
- O que ? Eu era hétero até meses atrás, isso é sua culpa. Agora eu sou um homem recém descoberto bi sem
ter quem pegar. - Jeongguk gargalha e meu peito suaviza. Ele era tão lindo sorrindo, por mais que esteja
rindo de mim.
- Você não tem vergonha de jogar a cartada da bissexualidade em cima de mim? - Levanto meus ombros.
- Não. Porque eu estou certo e na minha razão. Com qual direito você me fez sentir atração por você ?
Hum ? - Se apoiando no carrinho, Jeongguk gargalha. O sol lá fora morreria de inveja se o visse.
- Do que você está rindo ? - A chata da Nayeon chega jogando sem cuidado os sacos de pães no carrinho.
- Do Taehyung. - Assume, passando as mãos pelo cabelo, que como sempre estava magnifico.
- Falta pouca coisa na lista, vão procurar e eu fico aqui esperando. Estou de tpm, aproveitem e me traguem
chocolate meio amargo. - Eu diria algo sobre seu comportamento mandão, mas minha mente muda o rumo
das ações quando Jeongguk me chama para ir com ele.
Caminhamos em silencio até virarmos para outro corredor, assim que paramos ele segura meu rosto me
aproximando de si.
- Eu espero que você não esteja falando mentiras Taehyung, porque agora tudo o que consigo pensar é em
ter sua boca no meu pau. - Sinto seus dedos acariciarem meus lábios, os pressionando levemente. Parecia
anos sem ter seu toque em mim. Acho que nunca me senti tão necessitado por alguém na vida.
- É uma mega, super, verídica verdade. - Ele acena, seus dedos ainda em meu rosto. Procurando curtir seu
corpo perto do meu toco seu quadril.
- Me desculpe.
- O que ? - Tento focar em suas palavras, por pouco as perdi, meus olhos aproveitavam a leveza que seu
rosto se tornou e seu calor tão próximo de mim.
- Sobre isso com a Tzuyu. - Tzuyu, Tzuyu... por que ela continuava a aparecer nessa conversa.
- Minha mãe costuma dizer que o tempo faz passar o amor ou algo assim. Acontece. - Jeongguk cola sua
testa na minha, consigo inspirar seu cheiro mesmo dentro do mausoléu que era o mercado.
- Você quer dizer, o amor faz passar o tempo e o tempo faz passar o amor. - Era oficial, eu não quero Jeon
jeonggukbravo comigo nunca mais. Como passei esses curtos dias sem seu toque ? Seus sorrisos para
mim ?
- Tanto faz. Posso te beijar ? - Eu estava mais que preparado, no entanto, abaixando minhas esperanças
Jeongguk se afasta passo após passo, até ter entre nós um distancia considerável.
- Não.
- Por que ? - Estar em publico para mim era o mínimo, não me importava; se houvesse algo a impedir eu
poderia usar meus anos no judô para alguma coisa.
- Temos que terminar as compras, Nayeon está nos esperando de tpm e além do mais... - Jeongguk levanta
os ombros num gesto despreocupado, um sorriso perigoso em seus lábios. - Quando eu te beijar não acho
que vou querer parar por ai, sabe ?
- Isso são promessas ?
- Isso são fatos do futuro Taehyung.
Capítulo 25

Isso são fatos do futuro Taehyung.


Besteira!
Três dias depois e aqui estamos nós, no mesmo impasse de antes. Ele voltou a agir de modo mais natural, o
que significa que de vez em quando ele me dava uma xícara de café. Não quero força-lo a nada, sinto que ele
estava se refreando em relação a mim. E talvez estivesse certo em fazer isso, entendo o seu cuidado.
Respeitar seu espaço era o mínimo que eu posso fazer.
Gosto ? Nem um pouco.
Tento recapitular minha linha temporal e da última vez que senti tamanha necessidade de beijar alguém,
possivelmente foi Tzuyu. Isso se eu não contar a primeira garota que beijei na vida. Também decidi encarar
que eu estava desesperadamente atraído por ele, o que me levou a me contentar em apenas olha-lo, já que
eu parecia o diabo para ele nesse momento.
- Pronto, está tudo aqui ? - Olho a lista checando cada um dos ingredientes. Lanço um aceno com as mãos e
Jeongguk bate suas palmas com um sorriso satisfeito.
- O que vão fazer ? - Nayeon passa por nós em seu traje profissional. A olhando com uma calça social e blusa
branca lisa, cabelos presos num coque e maquiagem leve sempre era uma experiência estranha.
- Um bolo para o aniversário do Wooyoung, ele chega mais tarde hoje, pensamos que seria uma surpresa
legal já que ele gosta de sociais caseiras. - Jeongguk explica com sua voz angelical e encantada.
- Legal, eu trago as cervejas. Até mais lindo. - Nayeon beija Jeongguk bem ao lado de sua boca e ao se virar
para mim, estampa um sorrisinho vitorioso. - Até mais tarde idiota.
- Bom trabalho querida, te amo também. - Beijo o ar em sua direção. Com uma expressão desagradável ela
nos deixa a sós.
- Vamos começar ? - Ele me pergunta, seus olhos escuros pareciam animados.
- Ok. - Me ponho a seu lado sem esforço. - Por que você parece tão feliz ? É só um bolo.
O observo pôr a farinha integral - pois estamos todos veganando - na grande vasilha. Ele era ágil, seus
dedos certeiros em cada movimento.
- Eu gosto de aniversários. - Diz abrindo um amplo sorriso. - E é bom ter sua companhia também.
Não me movo.
- Geralmente as pessoas preferem que eu fique longe delas, principalmente na cozinha.
Um dia desses eu disse que os olhos sérios de Jeongguk eram difíceis de lidar, mas talvez seus olhos
sorridentes e afetivos sejam ainda mais danosos.
- Elas têm um ponto. Você é meio destrutivo, eu entendo. Mas gosto mesmo assim. - Quando ele desvia seus
olhos dos meus finalmente consigo respirar. Me sentia constrangido e usualmente isso não acontecia.
- O que fazer agora com isso ai ? - Seguro a caixa de leite, lendo as letrinhas para me distrair. - Leite sem
lactose, o país dos veganos.
Agradeço mentalmente por Jeongguk prosseguir sem me zoar, pois era óbvio meu desconcerto com suas
palavras. Tento o ajudar, mas depois de derrubar dois ovos, uma colher de manteiga vegetal e o copo de
açúcar, decidimos que eu seria mais prestativo dando apoio moral. Ponho tudo na conta de Jeongguk, se ele
não me distraísse com suas risadas e seus olhos eu seria completamente capaz de fazer esse bolo.
- Qual foi seu pior momento até hoje ? - Me distraio descascando as nozes enquanto Jeongguk fazia o
recheio.
- Quando meu pai me expulsou de casa, possivelmente meu pior.
- Quando você me contou não fez parecer tão ruim, quer dizer, além do fato de ser expulso. - Jeongguk
levanta seus ombros.
- É fácil falar depois de tanto tempo, mas nem sempre foi assim. Eu tinha meu pai como meu melhor amigo,
entender que sua ignorância era maior que seu amor não foi digerível por um longo tempo.
- Quando você teve que ficar com sua tia, suas irmãs não podiam te ajudar ?
- Uma delas já morava fora de casa e a terceira nunca ficava lá. E seria pior se elas se envolvessem, meu pai
não é muito paciente.
Jeongguk volta a ficar de frente para mim, depositando a panela em cima da bancada. Se sentando a minha
frente começa a me ajudar a retirar as cascas das nozes. Então, me surpreendo quando ele volta a falar.
- Trabalhei na academia do ex da minha tia, foi por volta dessa idade que comecei a malhar. E foi graças a
ele que eu comecei minha curta carreira nas lutas ilegais.
- Você o que ? Luta ? - Jeongguk não tinha estilo bom moço, o meu choque foi desnecessário.
- Minha tia é uma mulher incrível mas completamente louca. Ela não ligava muito quando eu chegava com
hematoma. Mas graças a sua despreocupação, pensando bem, talvez o seu ex também facilitasse as coisas
para mim, eu consegui dinheiro suficiente para me sustentar na faculdade por um tempo sem emprego. Ser
adolescente é ter o prós de se sentir invencível, chega a ser engraçado.
- Uau. Quem é Jeon jeongguk? Fez mais alguma coisa ilegal ? - Levantando seu rosto, ele abre um sorriso
sacana para mim.
- Essa tatuagem no braço foi uma aposta e a da costela também. O piercing no peito coloquei aos dezessete.
Com toda certeza ilegal.
- Você era o sonho bad boy das adolescentes. - Me apanho preso nos seus lábios quando ele começa a sugar
o piercing entre seus dentes. - Quando você e seu pai voltaram a ficar de bem um com o outro ?
- Esse dia nunca chegou. Ele me liga uma vez no ano para saber se estou vivo e é isso.
- Sua mãe ?
- Nos falamos bem mais frequentemente, nos vemos também, ela sempre gosta de tentar recompensar por
aquela época. Acho desnecessário, já foi, eu a amo e eu sei que ela não se importa com a minha sexualidade
tal como meu pai. Mas acho que ela tenta lidar com a culpa pessoal.
Olhando-o assim, eu nunca imaginaria que teria esse pano de fundo de vida. Ele tinha a cara dos meninos
ricos mimados que sempre tiveram tudo que almejaram com zero esforços. Era visível que aquele assunto
não era tão passado assim, seus olhos perderam parte do brilho quando começamos esse assunto. Queria
poder resolver esse problema para ele.
- Quer meu pai ? Ele é meio estranho mas é um cara legal, ele iria, no máximo, te dar duas horas de
palestra sobre como cuidar de sua vida sexual e evitar que furem a sua camisinha.
- Ele fez isso com você ?
- Fez, foi o dia mais constrangedor da minha vida. E fez isso na frente da minha imã, ela filmou sabia ?
Aposto que ela guarda aquele vídeo para me expor no dia do meu casamento. - A risada de Jeongguk me
alivia, retirando um pouco da tristeza que repousava em suas expressões.
- Obrigada por oferecer a paternidade de seu pai, mas eu fico com o meu mesmo. Ele pode ficar remoendo
dentro de si o fato de seu filho ter chances de não namorar com uma mulher.
- Então, se você arrumar uma esposa, ele voltaria a ficar de boas ?
- Provavelmente. Ele não entende o conceito de bissexualidade, para ele tudo significa gay e só isso já é o
fim do mundo. Mas eu não quero que ele me aceite porque eu arrumei ou me apaixonei por uma mulher,
por quem me apaixono não é uma escolha. Ele deveria me aceitar do jeito que sou e respeitar seja quem for
que eu tenha uma relação. Esse nosso empasse não vai mudar enquanto ele não entender isso, ele só se
machuca. Eu não posso ajuda-lo com isso, não vou mudar quem eu sou porque construir quem sou hoje foi
graças a ele também, não posso abrir mão disso.
- Isso foi bonito, construir quem sou hoje. Você é foda Jeongguk. Quanto mais eu te conheço com mais
medo fico. - Terminando minha tarefa, me espreguiço para afastar os nós em meus músculos.
- Por que ? - Jeongguk me olhava incerto.
- Eu tenho uma queda por pessoas determinadas. - Murmuro segurando seus olhos nos meus.
- Interessante. - Se levantando repentinamente quebra nosso contato visual. - O caldo já esfriou, agora
podemos jogar a outra camada.
Ele estava fugindo do assunto ? Me levanto também, me ponho a seu lado pela segunda vez hoje. Jeongguk
continua jogando a nuvem doce branca dentro do caldo amarronzado ignorando totalmente minha
existência.
- Você é habilidoso, como aprendeu a cozinhar ? - Enfio meu dedo dentro da pasta.
- Minha tia era péssima cozinheira e se recusava a pagar uma empregada, eu fiquei responsável pelas
refeições durante o tempo por lá. É verdade o que dizem sobre a prática levar à perfeição.
Balanço minha cabeça sem prestar muita atenção no que ele dizia. Deixo pouco espaço entre nós, mas o
suficiente para não ser acusado de tentar demais.
- Posso provar isso ? - Mostro meu dedo cheio de calda em frente a seu rosto. Jeongguk me olha atento.
- Claro. - Sem conseguir disfarçar meu sorriso, toco seus lábios com meu dedo repleto de do doce,
espalhando o caldo como um batom mal pintado.
Aguardo sua reação, dando-o tempo para me afastar se quisesse. Torço para que ele não fizesse isso,
rejeição nunca era agradável. Mas quando ele solta a panela e se vira para mim, eu entendo como um sim;
ajo rápido o suficiente para evitar que pense muito sobre.
Me aproximo, sem toca-lo, apenas o necessário para me afundar em seu cheiro e permitir que minha língua
prove do doce do caldo e do seus lábios; sua respiração se torna alterada em poucos segundos, mantenho
meus olhos abertos, concentrado nele enquanto recubro seus lábios com os meus.
- Isso é muito bom. Parabéns, você é um cozinheiro incrível. - Me afasto, dando-lhe um tapa em seu
ombro.
Volto para o outro lado do balcão, faço o que preciso para me manter na linha. Podia sentir meu corpo
esquentando e tudo o que eu mais queria era beija-lo, no entanto, eu ainda não tinha certeza sobre o que ele
pensaria sobre isso. Jeongguk estava atraído por mim, mas sua dúvida ainda estava ali e eu não irromperia
apenas para sanar minhas vontades.
O que não significa que não pudesse curtir com sua cara de vez em quando. O perigo de fazer isso era que eu
também saía atingido pelas minha ações. A forma como os olhos dele repousa perigosamente em mim não
fez bem para o meu oração. O estranho borbulhamento no meu peito voltaram e o feitiço se virou contra o
feiticeiro.
Capítulo 26

- Muito obrigada a cada um de vocês, vocês são incríveis. - Wooyoung limpava o rosto pela milésima vez. A
surpresa deu mais que certo, eu e Jeongguk finalizamos o bolo com excelência. Enchemos bolas coloridas e
ainda conseguimos cartolinas para escrever o nome de Anwooyoung com todas as suas sílabas. Nayeon
chegou meia hora antes do combinado trazendo consigo três caixas de engradado.
Viva a sexta!
- Não chora. - Nayeon murmura constrangida.
- Eu não vou chorar. - Wooyoung responde já chorando. - Mas eu amo vocês. Quando eu comecei isso aqui
nunca imaginei que teria algo equivalente a uma família. Oli e Taehyung estão comigo desde do início,
depois veio Pat, todos vocês conquistaram seus espaços no meu coração. Quero ver os filhos de cada um
futuramente.
- Como se a Nayeon não quer se mãe ? - Pergunto.
- Se o Jeongguk quiser ter filhos comigo eu abro exceção. - Jeongguk devolve um sorriso com direito a uma
piscadela para ela.
- Eu estou abrindo meu coração e vocês estão mudando de assunto por quê ? É meu aniversário, esse é o
meu momento seus filhos da puta. - Wooyoung bate contra a mesa chamando nossa atenção. - Enfim,
obrigada Oli pelas bebidas, Jeongguk pelo bolo e Taehyung pelo apoio moral e ser meu primeiro morador.
- Eu ajudei a fazer a bolo! - Argumento sob o olhar desacreditado de Wooyoung.
- Claro que ajudou, você é demais. - Reviro os olhos não conseguindo evitar rir com seu tom infantil.
- Eu te amo cara, feliz aniversário. - Digo ao meu amigo, seus olhos ainda vermelhos.
- Nós te amamos Wooyoung, quem mais vai me aturar por tanto tempo ? - Nayeon pula para se sentar
perto dele.
- Isso é verdade. - Sussurro.
- Acho que todos nós aqui precisávamos de um lugar para chamar de nosso e encontramos você. Essa casa é
muito mais do que uma passagem, obrigada por ser bom para gente. Eu cheguei aqui sem dinheiro para o
primeiro aluguel e você me deixou ficar, confiou em mim. Nunca vou esquecer o que você fez por mim. -
Engulo a cerveja tentando disfarçar meus olhos embaçados.
Nayeon era tudo o que eu odiava e mais um pouco, mas suas palavras mexeram comigo.
- Wooyoung é o nosso anjo da guarda, obrigada, eu não estava muito diferente de Nayeon. Você é uma das
melhoras pessoas que eu já tive o prazer de conhecer e ser amigo. - Jeongguk levanta sua cerveja.
- Eu casaria com todos vocês, sério. - Wooyoung abraça Nayeon, bagunçando o cabelo dela propositalmente
e a fazendo reclamar na sua usual voz irritante.
°°°°
Me pergunto de quem foi a ideia de fazer o jogo da garrafa, pois eu não me lembrava. Nayeon gargalhava
com o recém desafio cumprido por Wooyoung que era vestir um sutiã de lantejoulas dela. Jeongguk tinha
seu cabelo preso por presilhas rosas, estava até fofo. Eu me mantive intacto, pois convencionalmente a
gravidade me ama e a garrafa nunca parou contra mim.
- Oh, Nayeon! Desafio ou verdade mi amore? - Wooyoung a olhava com vingança. Os dois eram os mais
competitivos e amavam pregar peças um no outro, num mundo ideal eles seriam o casal perfeito.
- Eu escolho desafio meu gatinho, pode vir. - Os cabelos de Nayeon estavam uma completa bagunça, os fios
loiros voavam para todo lado e seus olhos de maníaca aliciavam o look.
Meu sorriso morre no momento em que as palavras de Wooyoung fizeram sentido.
- Desafio você beijar Taehyung por um minuto de língua.
- O que ? - Queria dizer não, mas estava abismado demais pela possibilidade. Encaro Nayeon que parecia
humilhada pelo desafio. Mantenho a calma tendo em mente que ela nunca faria tal coisa. Não mesmo. -
Isso é infantil Wooyoung!
Wooyoung levanta os ombros como resposta.
- Você me paga. - Ela murmura desafiadora antes de se levanta. O pânico me deu a sensação de que tudo se
desenrolava em câmera lenta, me arrasto para trás até sentir minhas costas bater contra o sofá; acho que
estava enjoado. Nayeon senta em cima de mim, logo sinto suas mãos puxando minha blusa e eu acho que
estou delirando.
A boca de Nayeon cobre a minha e eu não sabia o que fazer. Sinto o exato momento que sua língua separa
meus lábios já apartados pelo choque; seguro seus braços querendo afasta-la, meu desejo único era tirar
essa mulher de cima de mim, mas me lembro que se fizesse isso seria zoado pelo resto de minha vivência
nessa residência. Por puro orgulho devolvo o beijo insignificantemente atrativo.
A experiência de beijar Nayeon era dispensável, mas eu não podia deixar tal oportunidade passar. Seguro a
parte de trás de sua cabeça, a puxando mais contra meu colo. A ironia da vida, eu estava pegando Nayeon, a
única mulher que eu conscientemente rejeitava.
- Uau. Era só um beijo, vocês levaram para um outro nível. Taehyung isso é falta de pegar alguém ? -
Wooyoung diz.
Nayeon me encara por alguns segundos, os olhos claros pareciam surpresos antes de tapar com amargura.
- Sério, o que você vê nele ? Ele nem beija bem. - Nayeon diz para Jeongguk enquanto se retirava do meu
colo.
- Eu vi com meu olhinho que ele beijou bem, essa foi a atitude de um homem que sabe beijar. Meu filho não
pode ser desmerecido assim. - Wooyoung a olha indignado. Nayeon o ignora e vira toda a garrafa de cerveja,
sua face deixando transparecer sua aversão. Reviro meus olhos.
- Você se acha né, olha o meu pau, não senti nada. Você é básica.
- Puta que pariu! Você pegou pesado Taehyung! - Wooyoung grita gargalhando.
Não cedo ao olhar de desagrado dela.
- Quer dizer, me criticou tanto por estar atrás de Jeongguk para trair sua namorada com ele logo em
seguida ? Antes básica do que traidora.
- Isso está se tornando pessoal, gente acalmem os ânimos. - A voz de Wooyoung servia como pano de fundo
para nós dois, Nayeon nunca desviando seus olhos dos meus. Ela não cederia de forma alguma.
- Isso é inveja ? Ficou meses atrás do cara e eu não fiz nada e fiquei com ele antes de você? Não é minha
culpa se sua carinha de boneca e personalidade do diabo não te ajudam em nada, e te torna tão atrativa
quanto um saco de batatas. - O sarcasmo jorrava de mim sem dificuldades.
- Então todos nós estamos a par de que Jeongguk e Taehyung se pegaram ? Como você descobriu ? -
Interrompendo a próxima fala de Nayeon, Wooyoung chama sua atenção.
- Eu os vi na festa do Mae, não era como se eles estivessem escondendo. - Ela murmura.
- Então Taehyung oficialmente já pegou Jeongguk e Nayeon, o maior pegador entre nós. - Não sei como
qualificar o clima, Nayeon estava na terceira garrafa enchendo a cara como se quisesse apagar nosso
momento segundo atrás, Wooyoung gargalhava, possivelmente bêbado e ao olhar para Jeongguk, o
encontro sorrindo para sua própria garrafa.
- Se Jeongguk não gosta das vadias básicas, pelo jeito prefere os garotos feios e sem estilo. - Nayeon volta a
falar do nada, o que me arranca uma risada. - Se você vestisse sacos plásticos não faria diferença de suas
roupas usuais.
- Pior que você têm razão. - Nayeon me acompanha e começamos a rir a ponto de eu me esquecer qual foi a
piada.
- Vocês estão bêbados. - Ouço Jeongguk dizer.
- Esse bolo está tão bom, minha glicose está altíssima Jesus. - Wooyoung anuncia devorando mais um
pedaço de bolo; me deito no chão sentindo-me tonto.
- Você está bem ? - Sinto um toque em minha testa, ao abrir os olhos Jeongguk me encarava com os seus
buracos negros.
Quanto mais até eu poder conhecer o universo dos seus olhos ?
- Sim. Olha só, o garoto mais bonito da escola de anos atrás agora gosta do menino feio e de péssimo estilo
que pegou a garota mais popular da escola. - Borbulho em risadas de minha fala.
- Você está completamente bêbado. - Aproveito sua caricia na minha testa.
- A pergunta certa é o por quê você não está ? - Jeongguk sorri, aquele sorriso dos infernos. Aquele que fez
Nayeon e Tzuyu caírem por ele.
Murmuro quando ele se afasta.
- Eu era a menina mais popular da escola e a mais odiada também. Transei com o namorado da minha
melhor amiga, eu sou a vilã Taehyung. - Nayeon grita.
- Eu era o garoto estranho, mas que conseguia ser amigo de todo mundo, foi assim que desenvolvi meu
talento para lidar com filhos da puta. - Wooyoung diz.
- Eu não era popular, mas fazia parte da equipe dos monitores de linguística. - Todos nós olhamos para
Jeongguk descrentes de sua humildade.
- Cala a boca. - Digo a ele.
°°°°
- Você está melhor ? - Aceno, pois me sentia impossibilitado de falar. Minha garganta se recuperando de
tanto refluxo que teve de encarar minutos atrás. Minha sorte foi já estar no banheiro, tudo o que tive que
fazer foi abraçar o vazo. Xinguei Nayeon mentalmente enquanto esvaziava meu estomago, obviamente era
culpa dela que sugou minha energia quando me beijou. - Tome esse chá.
O azedo do líquido escuro que Jeongguk me deu foi completamente anestesiado pelo seu carinho na minha
cabeça, chegando no limiar de minha raiz. O olho admirando o quão sóbrio ele estava. Wooyoung
desmaiou, não sabia se pela bebida ou pelo cansaço, talvez os dois. Nayeon subiu depois de comer metade
do bolo, reclamando da "minha inveja" ; eu nem ao menos consegui provar do bolo já que meu estomago se
aborreceu comigo antes.
Jeongguk era o sobrevivente do álcool entre nós e eu me sentia satisfeito por ele estar aqui, no meu quarto,
sentado na minha cama, suas mãos em mim; toma essa Nayeon! Eu acho que ainda estou bêbado, pois
parece inumano a beleza de Jeongguk. Ele retirou as presilhas de seu cabelo, e apesar do leve vermelho ao
redor de seus olhos, ainda estavam certeiros e graciosos.
- Por quanto tempo pretende me deixar na geladeira ? Sinto meu coração afundar dentro de mim, sabia ? -
O olhar satírico foi um ponto contra.
- Esse sentimento é por causa do seu estômago vazio depois de jogar toda a sua alimentação do dia pela
descarga. Não confunda. - Ainda feliz por seus dedos continuarem em mim, decido jogar com a seriedade.
O máximo dela que consegui renuir em meu estado de exaustão.
- Você acha que eu menti para você, certo ?
- Acho. Mas eu não tenho direito de pedir nada. - Seguro seus olhos escuros nos meus. - É inadmissível
sentir ciúmes de alguém que nem ao menos é meu.
Meu corpo esquece que acabou de passar por uma lavagem intestinal, pois todo o meu tecido corporal se
arrepiou com a ideia de possessividade de Jeongguk sobre mim.
- Inadmissível, mas possível. Humanos são lixo. - Jeongguk sorri, os dentes perfeitos fazendo sua amostra e
agraciando meus olhos.
- Eu também não acho saudável você sair de uma relação de anos e entrar numa semi-pegação com seu
colega de apartamento. E eu também estou pensando em mim nisso Taehyung, eu não quero me apegar
para no final você me der um pé na bunda.
Eu gostaria de dize-lo que separar as coisas era importante, mas então eu seria um grande hipócrita. Eu
mesmo não sabia fazer tais delimitações e por esse motivo eu estava solteiro agora.
- Mas quando você ficou com Tzuyu foi só pegação...
- Eu nunca tinha feito uma ménage antes e o único motivo que me levou a dizer sim foi você. Foi uma
experiência interessante, mas se eu pudesse decidir prefiro uma relação mais íntima de modo bilateral. Me
chame de otário, vai lá, eu sei que você quer dizer isso.
Não sei como estaria minha expressão agora, no entanto, tento me sentar na cama para nivelar nossas
alturas.
- Você nunca fez ménage por opção, não por nunca ser chamado, certo ?
- Tudo o que pensou em me responder foi isso ? Pelo amor de Deus Taehyung... - Jeongguk bufa se
ajeitando para me dar espaço, dobro minhas pernas, fazendo com que nossos corpos entrem em contato.
- Desculpa. - Lanço meu sorrisinho angelical para amenizar. - Mas você tem razão, não quero pular de uma
relação para outra, até porque eu ainda amo Tzuyu. Não da mesma forma que antes, mas estávamos bem
até um tempo atrás e ela era meu mundo.
Jeongguk escuta, seu rosto não demostrando nenhuma possível interpretação.
- E... eu quero você, essa situação é um tanto estranha, mas eu fiz minha decisão.
- Nada garante que vocês não voltem daqui algum tempo, certo ?
- Sim. Isso pode acontecer, eu não sei. - Admito lembrando das palavras de Tzuyu sobre como poderíamos
estar passando apenas por uma fase. - Mas por que não podemos curtir enquanto isso ? Eu entendi, você
não quer se machucar, mas se mantivermos leve e sem amarras, porém só entre nós... isso faz sentido ?
O esquema mental era dize-lo que quero estar com ele e experimentar tudo o que meu corpo ansiava nele,
no entanto, sem termos outras pessoas envolvidas. A ideia de Jeongguk tocar outra pessoa não era digerível
e eu também não planejava sair beijando caras aleatórios por aí. Mas como sempre, a minha contradição
entre os atos de fala são sempre constrangedoras.
- Faz. Mas eu não quero ser sua experimentação Taehyung, essa é a verdade.
- Eu nã..
- Você sim. Eu imagino que a gente possa sim curtir um ao outro, daqui a alguns meses quando você se
cansar vai voltar para sua ex e viverão felizes para sempre. Até lá, eu não garanto sair intacto de nossa
proximidade. Não é apenas sobre me machucar, isso é algo que não posso controlar na vida, mas posso
evitar me ferrar quando as coisas estão óbvias.
- Eu não faria isso. - A ausência de certeza foi notada por ele que me olha curioso.
- Não faria ? - Um sorriso contido me recebe. Jeongguk me olha por um longo tempo, eu me mantenho
quieto sem saber o que responder.
- Você está tão afim de mim assim ou só se apega rápido ? - Me aproximo mais, me permito tocar sua coxa
brincando com o tecido de seu short.
- Não vou te dizer. - Murmura num tom maçante.
- Jeongguk eu não acho que vou conseguir morar com você e sermos apenas amigos. Você acha que dá ? -
Meus olhos se atem aos lábios rosados, o piercing em falta, mas nada menos atrativo.
Me estremeço quando sua mão segura meu rosto, os olhos terrivelmente escuros perpassam pela minha
face, me sentia sendo escaneado e reimpresso.
- Desde que você me disse que queria chupar meu pau eu não consigo ficar perto de você sem pensar sobre
isso. Você não torna nada fácil para mim Taehyung. - Esqueço-me de mim quando seus lábios tocam minha
bochecha em nada mais que um breve roçar.
- Eu posso fazer um contrato. - Murmuro segurando o tecido de sua blusa, tentado a tira-la.
- O que ? - Abro meus olhos, automatizando meus pensamentos enquanto Jeongguk beijava a área em baixo
de minha orelha.
- Um contrato, vamos estipular tempo de contato, caso eu rompa ou vice-versa podemos incluir um preço
ou algo do tipo para rescisão.
- Quais as chances de você ainda estar bêbado ? - Quase peço para ele voltar a fazer o que estava fazendo
quando se afasta, mas eu nunca estivesse falando tão sério.
- Muitas. Mas presta atenção, eu prometo aqui antes de redigir o contrato numa superfície válida, afinal
palavras o vento leva e a memória esquece. - Agarro seu rosto, encarando dentro de seus olhos. - Eu
prometo que vou ser a melhor pegação da sua vida e te respeitar, não vou voltar para ex nenhuma enquanto
houver a possibilidade de ter você. O que acha ? Podemos ir devagar. Diz sim.
- É assim que você dialoga com seus colegas de trabalho ? - Jeongguk tinha uma expressão leve e
zombeteira em seu rosto.
- Sim. E estou falando sério Jeongguk, você tem que se responsabilizar por me deixar assim. Ser
JeonggukSexualJeon não é fácil, quantas vezes tenho que te dizer isso ? - Jeongguk começa a rir, deixo com
que encoste sua cabeça em meu ombro. Sua risada sendo minha única resposta.
- Ok. Faça o contrato. - Sua voz não foi tão firme, mas não importava. Eu alcancei meu objetivo.
- Não se preocupe não vou partir seu coração. - Murmuro. Dou-lhe um selinho prolongado, mas antes de
avançar Jeongguk me afasta.
- Isso é demais cara, você acabou de vomitar e nem escovou os dentes. Não há atração no mundo que me
faça fazer isso agora. - Jeongguk tenta se levantar, mas seguro em seu braço o puxando de volta para cama.
O desequilibrando, o jogo contra o colchão e me sento em cima de seu corpo.
- Vem cá, agora que somos amantes temos que compartilhar saliva. - Jeongguk faz uma cara de nojo e tenta
me afastar.
- Você é repulsivo. - Sorrio com sua fala e lambo seus lábios. - Porra Taehyung.
Capítulo 27

Jeongguk me encara com suas lindas sobrancelhas franzidas. Me obrigo a focar em seu rosto, não no quão
confortável ele parecia estar em sua calça de moletom preta e o casaco igualmente escuro. O maldito óculos
tornava olha-lo uma tarefa difícil.
- Uau, você fez mesmo um contrato. - Seu tom cético.
- Claro que fiz.
- Você não acha um pouco demais ? Pensei que fosse brincadeira. - O papel em sua mão parecia leve, mas de
certa forma um objeto de complexo entendimento.
- Trabalho na área administrativa, tudo o que faço requer categorias, contratos, listas. E oficializar nunca é
demais. Preciso apenas que você leia, veja se está de acordo e assine. - Reconheço minha voz de escritório
fluindo de maneira viva e sagaz. Como Jeongguk não saia de minha mente, decide usar meu tempo extra no
serviço para digitar o contrato, foi prático e rápido. No entanto, está durando uma vida para ele assinar.
- Acho que isso é demais Taehyung, não precisamos disso. - Suspiro, me jogando na sua cama. - Você sabe
que os limites desse acordo não podem ser definidos por um contrato, além do mais, eu decide que quero
você chupando meu pau.
Impulsiono meu corpo sentando-me tão rápido que meus olhos vertiginaram por alguns segundos.
- Como você é indecente. - Ele levanta seus ombros. O contrato indo de encontro a sua mesa.
- Quando terá outra oportunidade de ter um homem como eu na sua vida ? - O sorriso confiante me deu
um soco no estômago.
- Nem sei como te responder, essa egocentricidade é algo com a qual não sei lidar.
- Negar também não pode. - Queria poder inverter sua lógica, mas quanto mais o olhava, mais persuasivo
seus encantos soavam.
- Ok. - Me levanto, enfio minhas mãos no bolso do meu casaco e abro o meu sorriso "ser gentil com o
próximo sem mostrar que não quer estar sorrindo". - Boa noite Jeongguk.
Não perco a confusão em seus olhos. Assim que deixo seu quarto corro escadas abaixo, pego minha xícara
de chá - sim, estávamos na metade do ano, extremamente frio, chá era a salvação - mas quando estou
prestes a subir Nayeon surge com sua estranha máscara verde na face.
- Porra que susto! Parece uma assombração. - Seus olhos reviram.
- Pelo menos agora você sabe o que eu tenho de lidar todo dia de manhã quando eu olho para essa sua
cara.
Ela era maldosa!
Decidido não responder suas grosserias. Assim que chego no meu quarto, me acomodo na cama com a
xícara entre minhas pernas dobradas. O que eu estou fazendo faz parte do plano. Em algum momento eu
disse que daria espaço para Jeongguk e toda a baboseira de respeitar limites, mas pensei melhor e nah, não
quero isso. Ele já teve tempo suficiente.
Além do mais, ele acabou de admitir que queria também, estamos de boa. Já joguei todo o meu estranho
charme em cima dele, agora era hora de aguardar. Não estou me fazendo de difícil, essa palavra nem existe
no meu dicionário, porém, talvez Jeongguk esteja. Esse não era o tipo de jogo que eu gosto numa troca
sincera, mas se ele curte isso, não vejo porque não abrir uma exceção.
Minha mãe vivia a dar conselhos para a minha irmã sobre ela se valorizar, não mostrar demais, ser direta e
certeira no que queria. Não eram para mim, mas eu os aceitei mesmo assim. E aqui estou eu os colocando
em prática.
Não sei quantas horas depois, uma batida me distrai da série que assistia.
- Entra. - Sorrio com o jeito tímido de Jeongguk ao entrar no meu quarto. O homem era um fingido.
- O que você está fazendo ? - A deslocada timidez some tão rápido quanto apareceu, um ar prepotente a
substituindo.
- Vendo série ? - Me lançando um olhar impaciente se encosta na porta fechada.
- Qual o seu jogo ? - Me mantenho quieto. - Você é aleatório Taehyung, não dá para saber qual a sua. Eu
devia dar em cima de você ?
- Não sei, deveria ? - Queria rir de sua impaciência notável, mas me mantenho sério.
- Poderia ser uma brincadeira sobre o contrato.
- Você acha que eu escreveria um contrato de brincadeira ? Você sabe o quanto leva para criar um contrato
válido e de acordo com as normas gramaticais ?
- Quem em sã consciência faz um contrato para ficar com outra pessoa ?
- Eu! Ainda mais quando a outra pessoa se faz de difícil. - Murmuro.
- Eu não me fiz de difícil.
- Por que então está dizendo isso no modo defensivo ?
- Eu não estou no modo defensivo. - Diz ele totalmente no modo defensivo.
- Você pode beijar qualquer pessoa e literalmente fazer um menáge, mas não ficar comigo? E o papinho de
que não quer se machucar ? Jeongguk eu sou homem e isso é dica passada.
- O que você... - Jeongguk passa suas mãos pelo cabelo sedoso. Sua expressão confusa. - Você é
insuportável.
- Notícias velhas, quero as novidades. - Eu estava implicando com ele, Jeongguk não era do tipo estressado,
no entanto, sua paciência tinha limites supérfluos. Tenho muita habilidade em trocas de farpas, Nayeon era
meu treino diário, ninguém me vencia nisso, a não ser a própria Nayeon.
Jeongguk era definitivamente uma pantera ou a encarnação humana de uma - se isso fosse possível -, em
poucos segundos nossas bocas estão unidas, sua língua entre meus lábios, territorializando cada parte da
minha boca. Não que eu esteja reclamando. Meu corpo reage naturalmente a seus toques que eu não tive
por longas duas longas semanas. Toco por onde meus dedos conseguiam passar, apalpando esse corpo
fodidamente pesado em cima do meu.
O ar me faltava, mas Jeongguk parecia uma boa causa para abdicar da respiração. Sua mão apertando a
minha mandíbula nos afasta, com tal liberação sugamos todo o ar disponível no ambiente. Fecho meus
olhos aproveitando o carinho de seu nariz contra o meu, seus lábios acariciam meu queixo e bochecha.
Foda-se as pessoas que diziam que gostar de homem era errado, pois se for... eu iria pra ao inferno e teria
que tomar chá com o diabo.
- Você me beija como se quisesse que eu te fodesse. - Meu corpo apreciou sua fala, pois o arrepio foi sentido
até os dedos do meu pé.
- Que bom que deixei claro. - Procuro seu lábio inferior, saboreando-o. - E você me beija como se quisesse
me foder.
- Estamos em sintonia. - Um sorriso bonito quebra toda a pose cem por cento sexual, a variando para uma
expressão divertida. - Só para sua informação, eu não daria uma desculpa ridícula como "não quero me
machucar" para fugir das pessoas.
- Eu sei, você só está muito caído por mim. É o efeito Taehyung, uma vez que me provam, é muito
complicado esquecer. - Me gabo como o grande idiota que sou.
Os olhos escuros, apesar de aparentarem felizes, carregavam outra cópula de sentimentos. Reconheço
alguns deles em mim: o desejo, o apresso, a necessidade, mas não conseguia entender de onde vinha o
temor.
- Talvez você tenha razão e eu caí no efeito Taehyung. - Estremeço quando suas mãos entram por debaixo
de meu casaco, o frio de seus dedos se aquecem com a troca de calor entre nossas peles. Sua boca retorna a
minha de maneira mais suave, curto os seus lábios nos meus completamente enfeitiçado. Talvez eu tenha
caído no efeito Jeongguk e não fazia a mínima ideia de como sair disso.
E, para ser sincero, nem sei se queria.
Capítulo 28

A parte boa do meu emprego era a previsibilidade dos meus afazeres, que por vezes eu ficava desmotivado.
Criar roteirização, agendas, contratos e planilhas viviam a estar na minha conta porque eu era muito bom
nisso. Se as pessoas soubessem que era mais fácil do que imaginavam eu não teria meu emprego. Mas ao
olhar para o lado e ver Jeongguk criando os seus desenhos, se é que posso chamar assim, pois pareciam
uma obra de arte de tão perfeito.

Sua tela era uma bagunça completa para mim, minha alma organizadora queria muito limpar todas aquelas
abas abertas em cima do que ele criava, mas parecia estar dando extremamente certo.

- Como você entrou para a área de design ? É algo que sempre quis ou foi por conveniência ? - Jeongguk não
se perde no que faz, sua voz soa calma, tão calma quanto seus movimentos.

- Eu sempre gostei de desenhar, minha mãe achou interessante estimular esse meu lado, cheguei a ir para
faculdade de artes, mas não curti muito. Eu gosto de desenhar, mas eu não sou muito afeito a produção
subjetiva, pelo menos desde que entrei na adolescência preferia copiar meus personagens de anime
preferidos ou recria-los sob uma nova ótica. O design veio anos depois de cursar artes, parecia ser um
campo que me daria melhor. Eu gosto, o cliente me pede, eu faço e é isso.

- Você faz muito bem. Você sabe animar ?

- Eu até posso, na verdade eu fiz alguns, mas ainda preciso melhorar, animar é muito mais difícil. São tantas
sequencias que chega a dar dor de cabeça.

- Realmente um homem de vários talentos. - Aprecio o sorriso dele enquanto focava em sua tela.

- Como você consegue ser tão organizado em seus afazeres, mas completamente perdido e confuso na
cotidiano ?

- Não sei. - Admito. De fato eu era uma completa confusão na vida, no entanto, sabia me virar
perfeitamente com cronogramas no serviço.

Jeongguk levanta seus olhos para mim, uma sombra de curiosidade. - Está confortável ? -
Sorrio envergonhado.

Havia deixado meu notebook de lado e agora estou deitado em sua cama, abraçando seus travesseiros
contra meu peito. O que eu posso fazer se a cama dele é extremamente confortável.

- Wooyoung é muito injusto, cada quarto deveria estar equiparado com o mesmo nível de conforto. Vou
reclamar.

- Se quiser dormir aqui não será um problema. - Cair por Jeon jeonggukera um poço sem fundo. O cara não
disse nada demais e eu já me sentia estranho por dentro. Ele com certeza era um bruxo, isso explicaria seus
olhos escuros e o estranho brilho que recai em mim toda vez que o vejo.

- Uma má ideia às vezes é melhor que nenhuma ideia. - Murmuro.

°°°°

- Essa cerveja é horrível. - Wooyoung diz após entornar metade do copo gigante em um único gole.

- Prova essa, tem um gosto bom. - Jeongguk entrega a ele seu copo igualmente gigante, Wooyoung o bebe
mais uma vez num único gole.

- Realmente, mas essas cervejas são tão aristocráticas. - Sua face indignada me fez rir.

- De quem foi a ideia de vir para a noite das bebidas artesanais mesmo ? - O olho indicando meu sarcasmo
propositalmente. Wooyoung bufa como resposta.

Até três dias atrás ele estava animado com a ideia de provar cervejas artesanais, tudo por causa de um
panfleto aleatório que foi parar no carro de Nayeon. Wooyoung convidou Jeongguk, que era o tipo de
pessoa que gostava de sair com seus amigos, e depois me convidou, acho que ele fez o movimento
estrategicamente, eu não viria se não fosse pela oportunidade de ficar bêbado com Jeongguk e nos
pegarmos loucamente depois.

O bar era como Wooyoung disse: aristocrático. O preço das bebidas exorbitantes, lanches mais caro que
meus tênis, sinceramente eu nem sabia o que estava fazendo aqui. Mas Wooyoung de alguma forma
conseguiu cinquenta por cento de desconto em quase tudo e esse é o tipo de amigo que todos deveriam ter
em suas vidas.

- Aquela loira não para de olhar para você Wooyoung. - Jeongguk assinala com um aceno de cabeça para a
mulher alguns metros de distância. Ela nem ao menos disfarçou quando viu que estávamos olhando de
volta, um sorriso - falsamente - tímido em sua face ao encarar Wooyoung.

- Acho que enjoei de mulheres loiras depois de morar com Nayeon. Elas parecem todas iguais. - Murmura
sorrindo de volta.

- É o padrão de beleza, todas as meninas estão ficando parecidas. - Comento, ainda sentindo o gosto da
cerveja cara e ruim.

- Ela é bonita. - Jeongguk diz. O olho curioso.

- Ela é bonita e deve ter 1,62 de altura. Pensei que gostasse de mulheres altas. - Ele sorri para mim, virando
seu corpo em minha direção.

- Eu disse que ela é bonita, não o meu tipo. - O sorrisinho zombeteiro me deu uma leve vontade de morder
seu rosto.

- Pera ai, você não é gay ? - Nos direcionamos a Wooyoung que olhava para Jeongguk como se ele acabasse
de contar uma novidade.

- Não.

- Prova.

- Você já está bêbado ? - Pergunto rindo de sua resposta idiota.

- Fala sério, você não é hétero! - Jeongguk rebate.

- Eu fui hétero até os dezessete anos de idade. - Wooyoung começa a rir e Jeongguk se junta a ele. Decido
beber minha cerveja para ver se conseguia alcançar o nível de alegria dos dois.

- Eu fui hétero até os doze. - Jeongguk diz.

- Eu fui hétero até os vinte e três. - Digo encarando minha bebida na metade. O recipiente era tão grande
que mesmo com a sensação de ter bebido dois litros ainda estava cheio.

- O que a bíblia diz sobre os não gays convertendo os héteros em não héteros ? - Encaro Wooyoung confuso
com sua pergunta.

- Acho que é pecado. - Jeongguk responde de modo sério.

- E o que acontece com os não gays e não héteros que pegam héteros ? - Ele continua e eu juro que meu
senso de interpretação já está fora de alcance.

- Acho que os anjos parcelam a porcentagem de quantas vezes você pegou o gênero oposto ao seu e quantas
vezes vocês pegou o mesmo gênero que o seu. Deve rolar uma subtração, se você ficar com maior
porcentagem por ter pego o gênero oposto do seu você tem chances de ir para o céu.
Jeongguk explicava com tanta calma, Wooyoung escutava atento, e por um momento achei que eu fosse
burro. Mas eles estavam começando a ficar bêbados.

- De onde tirou isso ? - pergunto.

- Às vezes eu fico pensando nisso. Mesmo não sendo religioso, parece uma explicação razoável, não acha ?

- Na perspectiva cristã ? Talvez. - Wooyoung bate palma chamando nossa atenção.

- Mas bíblia é contraditória. Por que Deus fez a próstata no cu se não queria que os caras dessem o cu ? Qual
o sentido ? - Wooyoung arregala seus olhos castanhos. - Há prazer no cu.

- Minha mãe diz que Deus faz tudo certo. - Afirmo.

- Então dar o cu é certo. Amém. - Jeongguk levanta seu copo e brindamos com ele.

- Deem seus cus. - Wooyoung grita.

- É isso aí cara! - Alguém responde de algum lugar. Por sorte eu estava achando muita graça para me sentir
envergonhado.

- Oi rapazes. - A moça loira de antes surge ao lado de nossa mesa junto de mais duas outras meninas. -
Vocês se incomodam se a gente se juntar a vocês ?

- Não vejo problemas, amo fazer amizades. - Wooyoung sorri simpático para elas.

Do nada nossa mesa se expandiu para um grupo. As garotas eram até legais, a loira estava conseguindo
prender Wooyoung em seus charmes, mas possivelmente ele só estava alterado e iria terminar ficando com
ela porque ele era assim, recusar uma pessoa não era de seu feitio.

Como ainda estou atento e mais sóbrio que os outros dois, percebi que a amiga ruiva de olhos
medonhamente verdes focavam em Jeongguk. Ela estava deixando bem óbvio com o decote enorme e
toques inconvenientes. Para somar a isso ela era veterinária e eles entraram num assunto que eu não fazia
ideia do que significava. Nem sabia que Jeongguk entendia de medicina veterinária!

- Sabe, eu até tentaria dar em cima de você. - Uma voz melodiosa surge ao meu lado e lembro da terceira
amiga do grupo. - Mas sou esperta o suficiente para saber que você está com ciúmes do bonitinho ali.

- Eu não estou com ciúmes do bonitinho ali. - Digo a ela.

- Huhum, o que foi ? Está no armário ? Não eram vocês que estavam gritando que dar o cu é bom ? - Não
me aguento e começo a rir. Só a lembrança era o suficiente.

- Espertinha, por que vieram até aqui então ?

- Elas não se tocam, garotas gostosas que se acham gostosas o suficiente ao ponto de conseguirem
converter a sexualidade dos outros. - Ela levanta os ombros. - Mas são minhas amigas.

Entendi o que ela falou, as amigas dela eram completamente dentro do padrão estético, corporal e
socialmente preferíveis, provavelmente a rejeição não fazia parte do repertório de vida delas. Garotas com
ego elevados e certificados pela sociedade podiam ser um saco de tanta reafirmação pessoal. No entanto,
preferia a que estava ao meu lado, sua pele era de um castanho escuro, os cabelos presos em tranças num
coque bem feito. Os lábios grandes e bem delineados pintados de vermelho a tornavam sexy.

- Você é linda.

- Eu sei. Pelo amor de Deus eu não tenho problema com o padrão social. - Ela levanta seu copo em minha
direção com um leve sorriso em seus lábios.
Ok, eu gostei dela.
- Casa comigo ? - Estico minha mão e ela a segura rindo.

- Não. - Levo minha mão dispensada ao coração, forçando uma inexistente tristeza.

- Joana é difícil, ela não aceitaria um pedido simples desse. - A ruiva, sem ser chamada, se intromete em
nossa conversa. Vejo o quão próxima ela estava de Jeongguk, ao passar meu olhar para ele recebo seus
globos escuros diligente em mim.

- Relaxa amor, ele tem alguém. - Joana me lança uma piscadela. - E acho que seu flerte com o homem dele
já deu.

Sorte a minha que o copo estava a caminho de minha boca, assim não tive a oportunidade de me engasgar
com choque do que ela acabou de dizer.

- Jeongguk é namorado dele ? - A ruiva arregala os olhos surpresa.

- Não sei se são namorados, mas o pau de Taehyung já esteve na boca de Jeongguk. - Agora eu me engasgo,
derramando a bebida na mesa. Sinto as mãos de Jeongguk nas minhas costas, enquanto com a outra
limpava minha bagunça.

- Por que você é assim ? - Digo tentando o repreender, mas Wooyoung gargalhava. Joana batia contra a
mesa, e uma olhada apara a miga ruiva era notável seu rosto da cor de seu cabelo.

- Você é gay também ? - A loira pergunta para Wooyoung.

- Não amor, ninguém aqui é gay. - O sorriso solícito dele era impressionante. O cara de pau.

- Você está bem ? - Jeongguk pergunta suavemente para mim.

- Sim. Acho que vou me limpar. - Murmuro de volta já me levantando.

- Vou com você.

Não digo nada quando ele me acompanha em direção ao banheiro.

- Lá vão eles chupar pau. - Escuto Wooyoung dizer antes de sair e sua gargalha zombando de nós por trás.

- Eu odeio o Anwooyoung, aquele pervertido do caralho. - O bar era bem equiparado com sete banheiros
individuais. Jeongguk não se incomodou em entrar comigo, mesmo sob o olhar inquisitório de um casal em
nosso caminho.

- Wooyoung bêbado é pior que o Wooyoung sóbrio. - Jeongguk mantem seus olhos em mim. - Você está
bonito hoje.

- Eu sou bonito todo dia, se toca. - Admiro minha face plena e inexpressiva no espelho, pois por dentro foi
despejado um sentimento abrasador.

Finalizo limpando minha blusa, mas ainda ficaria úmida por algumas horas. Quando em viro para
Jeongguk ele se coloca na minha frente, automaticamente minha respiração se torna mais densa quando
sinto suas mãos em meu quadril.

- Me prove que você é um não gay e não hétero. - Sorrio para sua bobeira dialógica.

Era difícil resistir aos seus olhos escuros, ainda mais quando me encaravam como se quisessem me
destruir. Eu gostava desse sentimento de agravante que ele me dava. Como se tudo fosse acabar a qualquer
momento se eu não me jogasse no escuro.

Seguro seu rosto, sentindo sua pele lisa sob os meus dedos. Jeongguk mantinha a melhor rotina de cuidados
com a pele que já vi, um metrossexual de fato. Prendo meus lábios nos seus, expiro ar que nem sabia que
mantinha quando sua língua começa a perturbar a minha. O senso de dominação era expelido por dentre
seus poros, logo eu estava entre a parede gelada e seu corpo quente, o misto do céu e inferno me detonando
aos poucos.

Não era como se não nos beijássemos, mas esse tipo de beijo eu não sabia como ativar de Jeongguk e vinha
em momentos completamente aleatórios. E compunham a coletânea de beijos magníficos que eu gostava de
receber.

Exploro seu torso com minhas mãos, descendo meus lábios para sua mandíbula. Seus suspiros espessos
aumentando minha libido. Jeongguk vinha me cozinhando a dias, parecíamos dois malditos adolescentes
virgens no primeiro relacionamento. Não que isso me incomodasse, mas eu queria mais dele do que um
número limitador de toques cotidianos.

Sugo o lóbulo de sua orelha, estremecendo quando suas mãos descem para a minha bunda, a apertando
bruscamente, e eu nunca na vida recebi tal toque mas não fico surpreso por estar excitado com isso.

Voltando minha boca para sua, distraio a ele e a mim mesmo enquanto minhas mãos abriam sua calça.
Internamente me elogio por fazer tudo isso e ainda manter minha língua lutando numa insignificante
posse. Jeongguk afasta seu rosto do meu, seus olhos provocantes. Apoio minha cabeça contra a parede,
repentinamente sem ar.

- Você é tão sexy. - Jeongguk segura minha mandíbula, sua mão conseguindo cobrir toda a extensão facial.
A voz arrastada fodeu com o meu membro que sentia cada sílaba.

- Mais que do que ruiva ? - Sorrio quando ele abaixa a cabeça olhando para o que eu fazia.

- Muito mais. Todo o universo de distância. - Olho para baixo também, acompanhando os movimentos de
minha mão. O pau de Jeongguk estava meio ereto; era estranho segurar um pau que não o meu, mas ao
mesmo tempo me proporcionava uma sensação prazerosa. - O que vai fazer com isso ?

- Brincar ? - Pergunto fazendo Jeongguk sorrir. Ele me dá mais um beijo. - Eu vou fazer o que eu tenho
planejado.

Sussurro contra seus lábios antes de me ajoelhar na sua frente desavergonhadamente.


- Você sabe fazer isso ?

- Não deve ser tão difícil. - Murmuro encarando seu membro.

Eu já recebi boquetes suficiente para saber como prosseguir. E eu tinha um igual, o que facilitaria as coisas.
Se eu conseguia chupar uma mulher e achar o maldito clitóris, eu com toda certeza conseguiria fazer disso
uma boa experiência para Jeongguk e para mim.

Decido agir institivamente, lambo a cabeça sentindo o gosto desconhecido. Faço o mesmo movimento mais
uma vez, no entanto, mais demoradamente.

- Você vai acabar comigo assim. - Não dou ouvidos a ele, esse era basicamente o meu momento.

- Esse não é o objetivo ? - Volto a lambe-lo, mas dessa vez coloco metade de sua extensão na minha boca. Os
suspiros de Jeongguk eram motivadores para que eu continuasse, me concentro em fazer o que eu achava
que seria prazeroso para ele. Minhas mãos se alteravam entre segura-lo, massageá-lo ou apoia-las contra
suas pernas.

Chupar um pau era um dos atos mais sexy que já fiz na vida. Podia sentir o meu próprio animado contra o
tecido de minha cueca. Eu peguei o ritmo muito rápido, quando os suspiros de Jeongguk se transformaram
em gemidos o meu fim estava próximo. Não sabia o que era de fato, o modo como o corpo dele reagia a
minha boca, minha língua rodeando a cabeça de seu pau e sentindo toda sua largura, a pressão dentro da
minha boca quando me arriscava a tê-lo por completo e o quanto eu gostei da sensação de engasgo; para
completar o pré -líquido brilhando na ponta da glande era uma cena saborosa de assistir.

- Taehyung, eu vou gozar. - Olho para cima e eu juro que quase me liberei; A face de satisfação de Jeongguk,
os lábios bonitos e inchados pelos meus beijos entreabertos, os olhos já pequenos semicerrados, a forma
como seu peito subia e descia num movimento tenso, tudo isso foi o suficiente para aumentar o meu tesão.
Seu corpo tenciona e eu sinto o momento em que ele libera em mim, sugo sem nenhum remorso ou
contrariedade. Me distancio ao sentir seu membro já mole. Ao levantar, ignoro a dor em minha mandíbula,
porque ainda estava duro demais para me importar. Jeongguk não se mexe, então decido secar o pênis dele,
então o coloco de volta na calça e a fecho, do jeito que encontrei.

- Eu acho que fui muito bem para a minha primeira vez. - Teço elogios a mim mesmo, apoiando meu corpo
contra a parede, observando-o. - Não acha ?

- Se você diz que é sua primeira vez. - Ele levanta os ombros. - Sim.

- Vem cá. - O puxo pela cintura colando nossas bocas.

- Eu gosto quando você me beija com o meu gosto em você. - Como era legalizado me sentir assim ? A
sensação agradável contagiando cada fibra de minha derme.

- Narcisista de merda.
Retribuo seu sorriso. Parecia impossível sentir a mistura de tesão com essa sensação encantadora.
O que Jeon jeonggukestava fazendo comigo ?
Capítulo 29

- Eu disse que eles foram chupar pau. - Wooyoung fingi sussurrar, mas sua voz foi audível para toda a
mesa.
- Considerando a demora, possivelmente você está certo. - Joana complementa. - Graças a vocês tivemos
uma palestra sobre o ser bissexual e outros seres não héteros por Wooyoung.
- Me desculpe dar em cima dele, não sabia que estavam juntos. - A ruiva envia, o que eu imagino, ser seu
olhar mais amável.
- Não se preocupe, ele é bonitinho mesmo. - Joana ri de minha resposta.
Até que a companhia delas se tornou um adendo interessante. Joana virou minha pessoa preferida dessa
mesa, descobri que ela fazia marketing digital e estagiava numa grande empresa. Além de linda, inteligente,
perspicaz a garota era engraçada. Se eu não fosse JeongguksexualJeon daríamos um casal muito legal.
Wooyoung realmente ficou com a loira e a ruiva arrumou um outro cara, e com isso o desconhecido nos
convidou para ir num lual que ocorria em uma praia não tão longe de onde estávamos. De novo, eu vou
parar nas festas aleatórias, era uma destinação universal.
- Vocês estão a muito tempo juntos ? - Eu e Joana decidimos ficar sentados perto de umas rochas enquanto
o resto dançava ou se desafiavam para ver quem consegue dançar passando por baixo da corda.
- Não. Na verdade, é uma história meio longa.
- Eu tenho tempo e estou curiosa sobre vocês dois, me conta. - Os olhos sedentos aumentam sutilmente, o
suficiente para não parecer uma maluca. Joana tinha cara de quem poderia fazer parte do meu ciclo de
amizades, por isso, decido conta-la tudo, desde Tzuyu até agora.
- Tadinha da sua ex, se eu fosse ela te odiaria. - Aceito a crítica, pois ela tinha um ponto. - Mas você foi
sincero, sabe, descordo sobre o que ela disse de seus sentimentos. Eu vive três anos numa relação sem
perceber que eu já não o amava mais. Isso acontece, e às vezes estamos tão acostumados com a outra
pessoa, que se não aparecer ninguém e for uma relação estável, não há motivo para terminar. A gente nunca
vê.
- Vocês transavam ? - Joana revira os olhos.
- Por que vocês homens acham que tudo é sobre sexo ? Mas sim, transávamos. Era normal, eu achava que o
amava, até o sexo se tornou algo prático com ele, eu gozava e ai ? Não sentia nada além do que estava
acostumada, era quase como estar dormente.
Penso em suas palavras. Sexo com Tzuyu era extremamente bom, eu não tinha porquê reclamar, no
entanto, fico imaginando como seria com Jeongguk. Se os seus beijos me deixam com uma estranha
sensação de perda, qual tamanho do estrago seria ter relações sexuais com ele ?
- Você está se imaginando transando com ele, né ? - Volto meus olhos para a garota bonita ao meu lado.
- Seja como for, eu gosto dele, ele é legal. - Murmuro.
- Sente falta de sua ex ?
- Você sente do seu ? - Joana nega com um aceno rápido.
- Achei que iria sofrer, duas semanas depois eu estava transando com meu colega do estágio e foi
absolutamente tudo! A parte difícil foi me desvencilhar do que nós éramos, mas depois eu segui muito bem.
Volto olhar Jeongguk mais a frente, sorrindo e ajudando a loira - meu Deus eu não sei o nome dela - a
passar pela corda sem cair. Ele era um cara muito bonito, a calça jeans largas sujas de areia, sua blusa azul
clara persuadindo seu tom de pele; ele era perfeito. Acho que já era uma indicação que eu sentia atração por
ele quando eu o reparava demais, como eu podia ser tão idiota. Eu nunca reparava nas pessoas e quando
isso acontecia era pelo motivo de um: estar a fim dela, dois: provocar algo nela ou três: gostar de alguma
peça que usavam e que, provavelmente, compraria igual.
Com Jeongguk foram os três, isso era um sinal bem óbvio.
O borbulhamento na minha barriga quando seus olhos se voltam em minha direção não parecia ser algo
usual, eu nem me lembrava do que era essa sensação. Seu sorriso machucava aos poucos meu coração
sensível e respiro aliviado quando ele desvia.
- Qual o nome da sua amiga loira ? - Joana bufa e se levanta, me deixando sozinho. - É sério, eu não sei!
Como se estivessem revezando lugares, Jeongguk caminha em minha direção. O observando flutuar até
mim, como se fosse um dos deuses do olímpo asiático - isso fazia sentido ? - o cara era uma experiência.
Com um sorriso gentil, se senta ao meu lado, bem mais próximo do que Joana estava.
- Não vai socializar ? - Me viro para ele, já que antes o motivo de olhar para o outro lado era ele.
- Chupar seu pau sugou minha energia. - Sua reação básica as minhas falas desavergonhadas era sorrir
envergonhado, porém, tentando disfarçar seu embaraço me respondendo logo em seguida.
- Para com isso. - Ele era ridiculamente fofo bêbado e envergonhado. Toco sua nuca, não resistindo a sua
aparência e o beijo. Nosso ritmo suave em acordo. Todo meu corpo agradecendo o contato, como se
estivesse esperando por isso de novo.
Nos afastamos o suficiente para poder reparar, mesmo sob as luzes artificias e baixas da praia, os detalhes
que formavam sua face.
- Taehyung, não me olhe assim, por favor. - Jeongguk fecha os olhos, colando sua testa na minha.
- O que foi agora ? Qual o jeito que te olho ? - Jeongguk abre seus olhos, cravo os meus nos deles esperando
me afogar na escuridão.
- Você está me olhando como se gostasse de mim. - Definitivamente eu não sei se amava ou odiava o que
estava sentindo; era um misto dolorosos entre vergonha e encanto, um frio descendo através de minha
pele.
- Eu gosto de você. - Admito.
- Você está bêbado.
- Você também.
- Se continuar a me olhar assim em pouco tempo estará apaixonado por mim. - Murmura antes de me
arrancar um selinho.
- Você diz isso como se não quisesse. Seria bom já que você está caidinho por mim. - Rebato dando-lhe mais
um selar.
- Se eu disser que tem razão, vai acreditar ?
- Não sei, me beija. - Jeongguk franze a testa. Seguro os dois lados de seu rosto, o aproximando de mim
mais uma vez. - Me beije da forma como ser amado.
Era impossível ver a pupila dele nessa luz rarefeita, mas algo em mim diz que o pequeno círculo expandiu
domando todo o seu globo já escuro. Jeongguk leva alguns segundos, pensei em pergunta-lhe se disse algo
errado, mas logo seus lábios estão nos meus.
Não era normal meu coração acelerar no meio de um beijo, mas estava acontecendo. E a sensação era que
em pouco eu explodiria com tamanha densidade que Jeongguk passava para mim através de sua boca.
E foi o beijo mais intenso que já trocamos.
Capítulo 30

- Aonde vai ? - Jeongguk para na minha porta entreaberta, se apoiando no batente. Eu queria apreciar a
vista, pois ele usava o jeans preto que caia super bem em suas coxas, mas eu tinha trabalho a fazer.
- Levando as blusas velhas que quase não uso para minha mãe doar para igreja do bairro. Ela me pede isso a
um mês , se eu não levar hoje é capaz dela vir até aqui. - Acordei com sua ameaça passiva- agressiva e foi o
suficiente para me mobilizar.
- Eu tenho umas roupas que não uso mais, quer levar ? - Estalo a língua sem muita vontade de responde-lo.
- Por que você não leva ? - Eu estava aborrecido porque minha mãe me acordou cedo demais, ela era uma
mulher sem remorsos. Meu corpo sentia que ainda estava cedo demais para juntar roupas e pegar ônibus e
mais o metro para ir até nossa casa.
- Ok! Me espera.
Aceno como resposta, distraído com as roupas ao mesmo tempo em que lutava contra meu sono.
- Vai finalmente se mudar ? - A voz de Nayeon era a última coisa que queria escutar de manhã. Quando me
viro para olha-la me assusto com sua face coberta por uma camada amarelada.
- Passou catarro no seu rosto ? - Por que não irrita-la ?
- Claro e joguei um pouco na sua escova de dente também. - Ela me mostra a língua e me restrinjo a revirar
os olhos.
- Para sua informação eu não vou me mudar, mas se está incomodada você pode fazer isso. Eu não vou me
importar. - Fecho minha mochila com um sorriso no rosto.
- A sua sorte é que hoje estou benevolente. - Solto uma risada. Nayeon era engraçada às vezes. - Seja como
for, Jeongguk vai com você ?
- Sim. Não sinta saudades demais, ele vai ficar bem.
- Você vai leva-lo para conhecer sua mãe ? Já estão nesse nível ? - Paro em meus movimentos de por a meia
e olho para Nayeon. - O que ? Você não pensou nisso ? Ele está indo para sua casa, certo ?
Ainda surpreso pelo fato de que Jeongguk vai até a minha casa, pego meu celular para mandar mensagem
para minha mãe. Ela odiava receber visitas, se não fossem seus filhos, sem notifica-la primeiro. Paro em
meio a minha digitação refletindo: não seria justo impedir que ele fosse agora que já dei o aval, certo ?
Minha mãe era uma mulher tranquila ou ela tentava ser. Ela já sabia de Jeongguk, mas seria uma boa levar
ele até minha casa ? E se não gostar dele pessoalmente como não gostou de Tzuyu ? E se ele a achasse
arrogante ? O que não seria muito difícil, já que ela tinha um jeito bem peculiar de tratar as pessoas que não
gostava. Não era uma arrogância explicita, entrava numa categoria mista entre um sorriso simpático e um
olhar violento e agressivo. Um tom suave com palavras ríspidas; era sempre uma alternância dolosa de se
experimentar, ainda mais se fosse em direção a alguém que eu gostasse.
- Se divirta pateta! - Nayeon me deixa a sós comigo mesmo, liberando meu quarto de sua energia.
- Droga Jeongguk! - Murmuro.
//////
Não esperava o grande sorriso que minha mãe recebeu Jeongguk, a mulher abriu tanto a boca que acho que
consegui ver todos os seus dentes. Ela me dispensou com um tapa no braço e puxou o visitante para dentro
de nossa casa em seu espírito solidário e simpático. Eu fiquei chocado para dizer o mínimo. Ela nunca me
recebeu nessa animosidade! E eu sou o filho dela!
- Se Taehyung tivesse me dito que você viria antes eu teria preparado algo mais, um almoço melhor. -
Encaro a minha mãe sendo extremamente receptiva. - Mas tenho torta de limão ? Você gosta ?
- É a minha preferida. - Rapidamente minha mãe rodeia a cozinha para pegar a torta preferida dele; a área
nem era pequena, mas ela se movia tão rápido que a geladeira do outro lado não foi um empecilho par que
logo o prato montado estivesse na frente de Jeongguk. - Obrigada, Taehyung me falou muito bem da sua
torta. Parece que vim num bom dia.
- Oh querido, prove antes dos elogios. - Finalmente ela me direciona um olhar, talvez lendo as minhas
expressões, fecha a cara para mim.
- E eu ? - Pergunto.
- Você nem é chegado a torta de limão. E se quiser pegue você, eu tenho que fazer tudo ?
Senhor, me perdoe por sentir raiva de minha progenitora. Amém.
- Você é muito mais bonito pessoalmente e muito melhor que aquela Tzuyu.
- Mãe! - Enfio minha cara na geladeira para esconder meu embaraço.
- É a verdade. Sabe, eu consigo sentir as intenções das pessoas, principalmente relacionadas aos meus
filhos, Tzuyu desde o primeiro dia, eu vi que não era a certa. - Lanço um olhar para Jeongguk, sua face
límpida enquanto comia a torta e escutava as loucuras de minha velha.
- Não liga para ela. - Murmuro me apoiando na pia; optei por comer o pudim que restava na geladeira.
- Mas você tem uma boa áurea, parece ser um bom rapaz. Eu já disse que é bonito ?
- Já. - Aviso. - Vem cá, você não tinha que levar as roupas para igreja ?
- Tudo tem seu tempo, fique calmo. Eu quero conhecer o seu amigo. Você o traz aqui de surpresa, e o
mínimo que eu posso fazer é recebe-lo bem. - Minha mãe se vira para mim, seus olhos perigosamente
advertidos. - Me conte querido, o que faz da vida ?
Reviro os olhos sob o olhar inquisidor de Jeongguk; me sento a seu lado e deixo com que converse e lide
com minha mais velha. Perdi a capacidade de sentir vergonha quando ela perguntou a ele sobre suas
manias no banheiro. Eu não sei o que isso significa, mas tenho certeza que é invasão de privacidade.
Jeongguk, no entanto, parecia curtir conversar com ela. Talvez ele fosse tão estranho quanto.
A campainha toca meia hora depois, permitindo que Jeongguk tenha uma pausa no inquérito.
- Agora eu sei a quem você puxou. - Ele diz sorrindo, quando estou prestes a responder uma voz que não
ouvia pessoalmente a alguns meses ressoa pelo cômodo.
- Ai meu Deus, quem é esse ser lindo ? - Minha irmã mais velha, Tina, aparece com seus longos cabelos
cacheados pretos e sobrancelhas rosas. Sim, ela descoloriu a sobrancelha e pintou de rosa, ela era a
sensação - sinta a ironia.
- Obrigada, mas eu não mudei tanto assim desde a última vez que nos vimos irmã. - Sorrio para ela
sarcasticamente.
- Por que essa criança tem um pastel ? - Minha mãe entra logo depois carregando o carrinho do meu
sobrinho, que ao virar vemos um pastel do tamanho da mão de Jeongguk sendo amassado pelas pequeninas
mãos do bebê.
- Ele não calava a boca. - Justifica Tina como se fosse o suficiente. - Prazer Tina.
- Prazer, Jeongguk. - Os dois apertam as mãos, Tina flertando na cara dura.
- Você é casada. - A lembro.
- Eu sei. - Tina parecia abismada, se vira para minha mãe e diz. - Ele é muito mais bonito que Taehyung,
que vergonha.
- Você é uma irresponsável! Como pode dar um negocio desses para o bebê Tina! Qual o seu problema
garota! - Minha mãe grita irritada enquanto limpava a criança.
- Eu cuido dele! É só um pastel mãe. - Tina grita de volta. - Você deixava que Taehyung mastigasse
massinha para distrai-lo.
Jeongguk me olha curioso, levanto meus ombros. Não tinha muito o que fazer, essas eram as mulheres da
minha vida.
////
Depois de minha mãe nos forçar a levar as roupas pessoalmente até a igreja, ela ofereceu nossa força de
trabalho para ajudar a coletar mais roupas em algumas casas. Além de termos que fazer parte de um grupo
para separar as masculinas das femininas; Jeongguk fez sucesso entre as irmãs da igreja, mas eu não fiquei
de fora, já que sou amado pelos outros fora de minha própria casa.
Mas mamãe era gentil e nos fez um belo jantar, pois já era noite quando finalizamos nossa "mãozinha" na
igreja. Tina deixou o bebê com a minha mãe e disse que buscaria mais tarde, de fato voltou mas trouxe
consigo seu segundo filho, o mais velho; quando achei que poderia descansar a criança gruda em mim e
depois em Jeongguk; e devo admitir, ele era muito com crianças, foi fofo registrar suas conversas com o
pequeno.
- Sua família é bem enérgica. - Jeongguk se joga na minha velha cama de infância. Ainda com a toalha em
volta da minha cabeça, me atrapalho nos movimentos olhando para ele.
Tão despojado na cama em que me masturbei tantas vezes na adolescência pensando em meninas, se eu
descobrisse minha bissexualidade antes, possivelmente teria me masturbado pensando em garotos. Talvez
em algum Jeongguk.
- Do que está rindo ? - Ele pergunta.
- Nada. - Me sento na beirada da cama ainda mantendo meus olhos nele. - Foi mal pela minha mãe ter feito
você fazer todo o serviço da igreja e trocar a fralda do bebê.
- Nah, foi divertido. - Os olhos quase não abriam mesmo com o esforço.
Uma suave batida desvia nossa atenção para porta.
- Meninos, trouxe mais cobertores e um colchão caso Taehyung queira dormir mais confortavelmente. -
Minha mãe joga as coisas na cama ao nosso lado.
- Por que eu dormiria no chão ? Ele é a visita.
- Eu te ensinei melhor que isso, cale a boca. Qualquer coisa não me chamem, se virem. Ao menos que minha
casa estiver pegando fogo, fora isso, não quero saber. Boa noite amores. - Com um sorrisinho de "não
façam merda" ela nos deixa.
- Boa noite! - Jeongguk diz suavemente. - Sua mãe é muito legal, o que você puxou do seu pai ?
- Eu não sei. - Sorrio pensando nele.
- Vocês se falam ?
- Sim, de vez em quando eu vou visitar ele também. Vamos almoçar fora, mas eu me acostumei a estar mais
distante dele. - Levanto meus ombros afastando a imagem de meu pai. - Vamos dormir.
- Seu cabelo ainda está molhado. Tem secador por aqui ? - Olho para a mão ele que segurava meu pulso me
impedindo de sair.
- Acho que minha mãe tem, vou buscar.
Sete minutos desesperados depois eu voltei com um secado rosa. Minha mãe estava apagada enquanto meu
sobrinho assistia vídeos de pegadinhas no youtube. Ser criança na era digital era um tormento.
Me sento entre as pernas de Jeongguk, que gentilmente inicia o processo de secagem do meu cabelo. Seus
dedos acariciam meu couro e automaticamente meu corpo relaxa. A sensação aconchegante daquela ação
me faz sorrir, era um ato tão carinhoso e íntimo secar o cabelo de alguém, ou pelo menos eu tinha essa
impressão.
- Pronto, vamos dormir. - Jeongguk beija minha nuca, causando um leve arrepio. - Quer que eu durma no
chão ?
- Não precisa, se aguentar dormir comigo.
- Isso é um desafio ?
Jeongguk pega mais um coberto e deita ao meu lado. A cama de casa era um pouco maior que a da nossa em
Wooyoung, mas ainda assim, todo a construção corporal de nós dois ocupava todo o espaço. Ficamos frente
a frente, para facilitar jogo meu braço e perna em volta dele, me aproximando de seu calor corporal. Me
afogo no carinho de volta em meu couro; um singelo beijo em minha testa e eu visitei o céu.
- Sua mãe ficou bem de boas com a ideia de nós dois juntos. - Ele diz.
- Ela não se importa com isso. - Murmuro.
- E ela é da igreja ?
- Não, mas ela finge que é. - Sinto o peito de Jeongguk estremecer contra mim.
- Agora eu entendo porque você e Nayeon agem como irmãos.
Resmungo irritado.
- Não chame aquela garota de minha familiar! Minha mãe não criaria um ser como aquele! E além do mais,
é tarde da noite não diga o nome dela, não quero ter pesadelos.
- Ok, rei do drama. - Jeongguk me aperta contra ele.
- Fica assim comigo para sempre. - Murmuro me deixando levar pelos seus toques, respiração lenta, o
levantar de seu peito e o cheiro do banho tomado que emanava dele. Tudo que era a seu respeito me deixava
fascinado e me embalava ao sono.
- Fico. - Sussurra.
Eu me sentia em casa. s
Capítulo 31
- O céu está caindo! - Afirmo sem tirar meus olhos do celular, o som do trovão e da torrencial contra as
janelas soavam um tanto quanto assustadores.
- O céu já caiu. - Murmura Jeongguk.
Ele estava jogado na cama parecendo uma múmia. Nayeon pegou resfriado e como ela era egoísta e
desnecessária em tudo que fazia, conseguiu passar para Wooyoung e Jeongguk. Por algum motivo maior eu
não peguei. Mas acho que eu tinha uma proteção extra contra qualquer energia que vinha daquela garota,
ou criei anticorpos depois que nos beijamos.
- Você está se sentindo bem ? Quer alguma coisa ? Acho que sobrou aquela sopa de vaso que Wooyoung
comprou.
Mesmo em situação de doente e um tanto pálido, Jeongguk sorrindo combateria vários desastres naturais.
- Você é tão gentil. O que faria sem a sua zero habilidade em cuidar de alguém ? - Sua ironia me
impulsionou a chegar mais perto de seu corpo-casulo. - Não chega tão perto Taehyung, você pode pegar.
- Nayeon já é um vírus, eu corro risco todo dia. - Afasto a coberta, evitando sua falha tentativa de me
bloquear. - Além do mais, vocês ficaram doentes porque tem compaixão por ela.
- Será que vocês dois são destinados um ao outro ? Porque não é possível...
- Pare de falar besteiras! Está tão mal assim ? A fase das alucinações chegou ? - Jeongguk tinha força o
suficiente para revirar os olhos para mim. Aproveito sua distração e pego seu batom labial, as rachaduras de
seus lábios vinham abrindo por conta do ressecamento do tempo. Faço meu papel de cuidador oficial dele,
mas uso de minha artimanha para poder tirar proveito, afinal, eu deveria ganhar alguma coisa.
Passo o batom com cheiro notável de cacau e incolor na aparência nos meus próprios lábios, sinto seus
olhos em mim.
- Me dá. - Jeongguk tenta pega-lo de minha mão assim que finalizo, mas o afasto rapidamente.
Ultimamente ele vinha se cansando rápido, o que facilitava as minhas ações. Sem demoras encosto minha
boca na sua, proativamente roçando nossos lábios para que conseguisse compartilhar uma adequada
camada de batom com ele e senti-lo. No entanto, cedo demais Jeongguk vira o rosto.
- Para com isso Taehyung. - Não perco o leve sorrisinho que prostrava no canto de sua boca.
- De nada. - Os olhos escuros mantinham algo que possivelmente ele falaria mas a campainha nos
interrompe. - São onze horas da noite...
Olho para Jeongguk que correspondeu meu estranho e instantâneo pânico. Desço as escadas mentalizando
que ninguém de minha família ou de qualquer um dos membros dessa casa estejam bem. Odiava receber
notícias ruins, eu não sabia lidar com elas. Sinto minhas mãos instáveis enquanto tento abrir a porta,
mesmo sem saber rezar, faço o máximo que consegui aprender na igreja para que do outro lado da porta
não seja minha irmã.
Mas ao abrir a divida que nos impedia de presenciar o tempo fechado lá fora, me surpreendo ao dobro ao
ver Tzuyu completamente encharcada, tremendo e carregando um cachorro pequeno que tremia tanto
quanto ela.
°°°°
Tzuyu ainda tremia ocasionalmente, mas estava melhor após um banho quente. Já o pequeno cachorro
Jeongguk, mesmo se arrastando, optou por secá-lo com o secador que pediu emprestado a Nayeon, e talvez
hoje fosse um dia de trégua, pois Nayeon me deu seu outro secador sem reclamar.
Fazia um longo período em que não nos víamos, considerando que esses meses foi o maior intervalo de
tempo desde nosso relacionamento que não estávamos em contato. Tzuyu parecia cansada, as manchas
escuras debaixo dos olhos verdes não diminuíram sua beleza, mas abafaram seu brilho. Ela parecia a
mesma, um pouco mais inchada talvez ? Seus cabelos também apresentavam uma tonalidade mais clara que
antes, imagino que secos e do jeito que ela ama penteá-los, a nova cor a valorizaria.
Seco seu cabelo em silencio. Ela me permite tocar nos cachos e fazer o que eu fiz diversas vezes antes, em
situação completamente oposta a essa. Mais rápido do que pensei que seria, todo o ramo de cachos foram
ganhando forma.
- Obrigada. - Sorrio, sua voz manhosa me levou direto as nossas noites de secar o cabelo.
- Você ainda está tremendo, se cobre. - Mesmo usando meu conjunto de moletom, seu corpo continuava a
dar espasmos. A cubro com as cobertas que antes eu e Jeongguk estávamos enrolados.
Antes que eu pudesse questionar o motivo de sua aparição Jeongguk bate na porta entreaberta, trazendo
consigo o pequeno cão, que parecia estar completamente recuperado, e uma caneca fumegante.
- Para você. - Ele a entrega o copo enquanto o cachorro pendia nos braços dele parecendo completamente
confortável.
- Obrigada Pat. - A observo por alguns instantes antes de me direcionar para Jeongguk. Seus olhos eram
como duas órbitas inexpressivas.
- O que eu faço com o carinha aqui ? Deixo com você ? - Ele foi o primeiro a mobilizar os questionamento,
sorrio com pena do cachorro bebê, ele estava cansado, seus olhinhos fechados e seu pequeno
corpo aconchegando-se contra o peito de Jeongguk. É, eu sei como é bom estar aí!
- Ele deve estar cansado foi uma noite estressante para gente. - Volto a minha atenção para Tzuyu, sua voz
soava firme e nem um pouco fragilizada conforme achei que sairia.
- O que houve ? - Torço internamente que não seja nada ruim.
- Eu saia de um clube, aquele caro que você não suportava no centro e tinha um cara jogando esse cachorro
no rio que tem ali perto. Eu fui atrás dele, a mina que estava comigo era uma grande idiota e nem me
ajudou. Eu o impedi de jogar esse cachorro, o que poderia matá-lo! Mas ele quis brigar comigo ainda,
aquele psicopata! Ai taquei meu spray de pimenta no rosto dele, infelizmente, ele conseguiu segurar minha
bolsa, mas eu estava sozinha naquela merda. Então corri o máximo que pude com ele e por sorte eu tinha
dinheiro na minha bolsinha interna.
- Você surtou ? Enfrentar um desconhecido naquele rio perto daquele clube estranho e no meio do nada ? -
Sinto que minha voz se alterou, mas não tinha controle sobre. Aquela mulher era louca!
- Taehyung ele ia matar o cachorro! Eu ia ficar assistindo ? A sorte dele é que eu estava pensando em salvar
esse bichinho, se não teria enfiado meu salto no olho dele.
Encaro incrédulo a mulher a minha frente. Mesmo sabendo que Tzuyu sempre foi de fazer o que quis e na
hora que quisesse, ainda sim fui pego de surpresa. Possivelmente nossos meses longe me distanciou do fato
de que ela não evitava em se arriscar.
- Enfim, perdi meu celular. Ainda ficou com meus dados. Eu vou acha-lo Taehyung e vou acabar com ele. -
Os olhos verdes transpassam o objetivo repentino para depois ser substituído por um sorriso. - Obrigada
por me receberem! A casa de vocês era a mais próxima e o uber sentiu pena de mim e reduziu minha corrida
para cá. Se eu fosse para minha casa ficaria uma fortuna e eu nem tenho a chave!
- Você está bem ? Ele não fez nada com você, certo ? - Jeongguk parecia querer checar, seus olhos
vasculham toda a face de Tzuyu.
- Claro que não! Se um homem tenta me ferrar, ele que se cuide porque eu vou ferra-lo mil vezes pior.
- Essa é a minha garota! - Levanto minha mão e Tzuyu corresponde. - O que pretende fazer com o
cachorro ?
- Não sei! Leva-lo para casa, talvez. Ele é tão filhotinho, quão desumano tem que ser para jogar um bebe
desses num rio ? Olha como ele é indefeso e pequeno. Ele vai ficar bem ?
- Acho que sim. Não temos ração então dei leite morno e uns biscoitos triturados para ele. - Jeongguk se
senta do outro lado da cama, também de frente para Tzuyu.
- Você deu os produtos veganos para o cachorro ? - Jeongguk me olha sem entender mas acena. - Você deu
coisa cara para um cachorro ?
E então ele revira os olhos e decide me ignorar.
- Seja como for, você está com fome, quer alguma coisa ? - Jeongguk era extremamente atencioso a ela.
- Sim. Na verdade eu fumei, logo vai começar ...sabe, você pode me arrumar qualquer coisa. E se tiver mel
coloca também.
- Mel ? - Jeongguk não gostava de comida agridoce, descobri quando Wooyoung trouxe uma pizza de
ameixa e quando tentei desafia-lo a comer ele quase vomitou a massa.
- Tzuyu ama agridoce e quando fuma seus sentidos aumentam sabe. - Respondo tocando na cabeça macia
do cachorro.
- Ok, eu vou ver o que posso fazer por você. Tome, segure ele. - Jeongguk coloca a cachorro em meu colo.
Assim que Jeongguk fecha a porta o silêncio ordena entre nós. Continuo a massagear as têmpora do
bichinho, que nem ao menos se moveu quando foi colocado em cima de mim. Pego um pouco da coberta de
Tzuyu e cubro seu pequeno corpo de cor amarronzada.
- Espero que não esteja sendo um incômodo. - Tzuyu decide romper com o trato da quietude.
- Claro que não. Você sabe que aquele clube é estranho, por que continua indo lá ? Poderia ter se
machucado sabia ? Poxa Tzuyu, tenha cuidado.
- Falando assim você me lembra do tempo em que se importava.
- Eu me importo. - Subo meus olhos para os seus. - Independentemente de como estamos agora, eu me
importo com você.
- Você parece bem. Está feliz ? - Aceno. Ter Tzuyu no meu quarto me trazia boas sensações. Eu gostei do
fato dela ter sentido que podia vir para minha casa. Temia que de alguma forma ela me odiasse demais para
querer voltar a falar comigo um dia. Mesmo diante da sua dúvida diante dos meus sentimentos para com
ela, ainda a considerava grande parte da minha vida. Tivemos muitos bons momentos juntos e eu gostaria
que esses prevalecessem em nossas lembranças.
- Na verdade, eu poderia ter ido para outro lugar, você sabe...
- Eu sei. - Sorrio para ela e mesmo revirando seus olhos não consegue apaziguar seus lábios que se levantam
me correspondendo.
- Queria chegar aqui e dar uma de coitada, mas eu não sou muito desse tipo. Na real queria ver como você
estava e torcia para que estivesse na merda. - Abro um sorriso maior ainda com sua resposta. - Eu te amo
mas ainda sou sua ex e quero que você se foda. Mas também quero que você seja feliz.
- Como é não poder me odiar ? - Tzuyu me da um soco e eu engulo a dor. Eu mereci. - Você parece bem
também.
- É, ainda estou de coração partido, mas já passei da fase de ficar chorando por você. - Tzuyu abaixa a
cabeça e foca na caneca entre suas pernas. - Eu bolei um plano no caminho para fazer Jeongguk ficar com
ciúmes, mas ele é tão simpático. Nem parece que roubou meu homem.
- Ele é uma vadia. - Murmuro e Tzuyu gargalha.
- Uma das grandes. Ele furou meu olho na minha própria casa. Aquela vaca! - Tzuyu complementa e nós
dois rimos tanto que o pequeno cachorro finalmente dá indicativo de que estava vivo.
Assim que nossas respirações voltam a equalizar e minha atenção direciona para o animal, que a cada
minuto parecia mais fofo, Tzuyu decide interromper meu processo de paz interna.
- Como é transar com ele ? - Engulo em seco, levantando meus ombros.
- Ainda não fizemos nada. - Tzuyu arregala seus lindos olhos. - O que ? Nem todo mundo é depravada igual
a você.
- Eu não sou depravada. Talvez eu seja, mas pelo amor de Deus você é idiota ? - Tzuyu aponta para a porta
parecendo indignada. - Aquele homem está de bandeja e vocês estão brincando de adolescentes na primeira
vez ?
- Essa será a minha primeira vez com um homem. - Bufo me sentindo pressionado. - E também eu quero é
ele que se esquiva.
- Você sabe fazer a chuca ? - A encaro completamente sem ideia do que ela estava falando. - Chuca
Taehyung! É um procedimento que se faz no cu. Tipo, limpar seu cu para na hora do sexo as coisas não
saírem cagadas. Literalmente falando.
- Como faz isso ? - Eu estava entrando num universo totalmente novo. E eu acho que atiçei a parte
informativa de Tzuyu, pois ela deposita a caneca na escrivaninha ao lado e endireita seu corpo. Assim que
ela termina de me explica como se faz todo o processo de modo muito explícito, me sentia acuado,
desesperado e despreparado.
- Mas claro, isso se você for o passivo. - Tzuyu tapa a boca e começa a rir. - Bem que você vai ser o passivo.
- Quem disse ?
- Taehyung, você tem uma vibe, sei lá.
- Eu sou seu ex mulher. O que é isso de cara de passivo ? - Quando ela tenta me bater mais uma vez, seguro
sua mão e puxo seu dedo mindinho.
- Para com isso! Aceita que você é o passivo. Passivão. - Ataco sua barriga e Tzuyu gargalha.
- Me chama de passivo de novo! Eu te desafio. - Mesmo sob os pedidos de socorro continuo o ataque contra
as cobertas. - Eu vou te largar lá fora na chuva.
- Tá, relaxa. Vocês possivelmente serão flex. - Diz após eu lhe dar trégua.
- O que é isso ?
- Ai você não sabe nada! Que nervoso Taehyung! - Ignoro seu ataque para cima de mim.
Eu só coloquei o ritmo de nosso relacionamento na conta do destino e na de Jeongguk. Não queria forçar
nada com ele. Não que transar com ele não seja algo que eu não pense, ainda mais quando estamos nos
pegamos. Mas cada coisa tem seu tempo. E a julgar pelas informações de Tzuyu eu estava muito longe de
saber sobre como funcionava as coisas.
- Flex, flexível. Do tipo, os dois podem ser passivos ou ativos. - Ela ia complementar mas escutamos a batida
na porta. - Entra!
Jeongguk entra carregando uma bandeja com um prato ridículo de bem feito. E nosso pote de mel ao lado.
- Meu Deus que lindo, Kookie você é perfeito. - Tzuyu aceita com um sorriso no rosto e eu me lembro de que
ela estava chapada.
- Espero que goste. - Ele toma todo o cuidado para encaixar a mesinha no colo de Tzuyu.
- Óbvio que ela vai gostar, se desse pedra ela comeria, olha como os olhos estão ficando. - Tzuyu me lança
seu dedo do meio, mas a comida roubava muito de sua atenção.
- Eu juro Jeongguk que eu queria te odiar e dizer que Taehyung arrumou um merdinha, mas você além de
ser um puta gostoso e lindo sabe tratar bem as pessoas. Não te suporto por ser páreo a mim. - Mostro meu
desgosto com a forma em que Tzuyu misturava a comida de modo que ficou nojento a imagem que antes
estava apreciável.
- Desculpa. Eu quero que você saiba que nunca foi minha intenção te magoar. - Jeongguk continuava em pé
ao lado da cama.
- Relaxa, se eu transar com ele hoje e você escutar esse será minha vingança e aí estaríamos quites. - Tzuyu
pisca na direção dele, apesar de haver um sorriso no rosto de Jeongguk não parecia verdadeiro.
- Eu vou descansar, também não quero passar nenhuma gripe para você. - Jeongguk finalmente me olha, no
entanto, logo descem para o cachorro. - É melhor eu leva-lo ou deixa-lo aqui ?
- Pode levar, eu vou apagar e se ele precisar de alguma coisa eu não vou escutar.
Jeongguk retira o bichano do meu colo e com um boa noite ele nos deixa a sós.
- Ele é do tipo ciumento né. - Tzuyu sussurra quando ele fechou as portas.
- Como sabe ?
- Eu estou chapada, não cega.
Capítulo 32

Fico mais alguns momentos com Tzuyu, ela conseguiu comer todo o parto de comida e desmaiar logo em
seguida. Após checar se ela estava confortável me deixo admira-la por alguns segundos. Era estranho, quase
que identificável como eu não conseguia mais achar os sentimentos que um dia eu sei que senti por ela. Por
hora, ela ainda era linda aos meus olhos só que de um jeito completamente novo.
Então era assim os fins dos sentimentos ? Sorrio pensando que nossas memórias ainda estavam vívidas em
mim, mas não conseguiam se conectar com nada do meu lado sentimental romântico.
- Eu te amo viu. - Toco sua bochecha e ela empurra minha mão.
- Vai lá ficar com seu namoradinho gostoso.
A deixo segundos depois de sua fala murmurada e rabugenta. Ela tinha razão, Jeongguk era gostoso. Ainda
não meu namorado, mas esse não era o foco.
Adentro no quarto dele tentando fazer o mínimo barulho possível. Sua cama estava ocupada pelo cachorro
minúsculo.
- Não acredito. Jeongguk, como vou dormir ? - Ele demora para acordar mas seus olhos tão escuro quanto o
nosso arredor finalmente se abrem. - Bota esse cachorro no chão!
- Não, ele passou por muita coisa hoje. - Reviro meus olhos. Não acredito que um cachorro estava tomando
meu lugar.
- E onde eu vou dormir ?
- No sofá ? - Mesmo conseguindo ouvir o tom risonho me deu uma leve aborrecida. - Ok, relaxa. Aqui, deita
do lado dele.
- Tá falando sério ? - Olho para a forma cuidadosa com que ele puxa o cachorro para seu lado, de modo que
se encolhia para dar espaço do outro lado para mim.
- Você vai ficar reclamando ? Isso ou o sofá ? Talvez seu quarto seja uma opção também. - Odiava a forma
como seu tom podia sair inexpressivo. Nunca irei conta-lo, mas tentei recriar sua maneira icônica de não
expressar nada, porém, não pareceu certo.
Deito-me no espaço que me foi designado. Encaro o cachorro em paz entre nós. Ponho meu dedo sob seu
focinho para checar sua respiração. Jeongguk nos cobre e com isso rouba minha atenção para ele.
- O que quis dizer com talvez meu quarto seja uma opção ? - Ele não me responde de prontidão, assim como
recolhe seu braço assim que consegue ajeitar a coberta sobre mim.
- Acho que eu não confio em você. - Me silencio com a surpresa repentina que sua resposta me causou. -
Também estou com ciúmes, então.. Pode me chamar de idiota, vai lá.
Tento me recompor porque eu não sabia lidar com o quanto essas palavras, que até então despretensiosas,
me machucou. Até certo tempo atrás eu iria desconversar ou adiantar um diálogo sem muito ressentimento.
Mas porque sua afirmação hoje me fez sentir como se eu tivesse feito algo errado ?
- Não precisa pensar muito sobre isso Taehyung, eu disse a verdade. Você não precisa ficar catando na sua
cabeça o que pode fazer ou dizer para me fazer sentir diferente. Talvez eu seja muito emocionado. Nayeon
me disse isso outro dia. - A risada em sua voz mal fez efeito em mim.
- Ok. - Foi tudo o que me passou para responder. Não sabia como proceder. O que eu deveria dizer ? Minha
mente não estava compreendendo a extensão do que ele acabou de dizer. - Melhor irmos dormir.
O observo fechar os olhos e reter suas mãos próximas ao cachorro entre nós. Esse cão chegou minutos atrás
e já roubou toda a atenção dele. Que era toda minha. Acho que eu não confio em você. Sua frase rodeia em
minha mente de maneira viciosa. Como ele pode dizer algo assim ? Suporto os sentimento que suas
palavras causaram dentro de mim e me sento exasperado.
- Por que você não cofia em mim ? O que eu fiz ?
-Taehyung ... que susto. - O encaro a espera de sua resposta, mas quando ele demorou muito decido
continuar.
- Eu fiz até um contrato! Você pode não ter assinado mas ele existe. Eu disse que iria falar se algo mudasse
em mim. Quer dizer, Tzuyu era o amor da minha vida e você desbancou nossa relação e agora me vem com
essa ? Se não confia deveríamos finalizar as coisas aqui ? Seja qual for o status dessa relação eu cofio em
você.
- Acabou ? - Aceno. - Ok.
Jeongguk se senta também, assim ficamos frente a frente, evitando ultrapassar o espaço do cachorro, que
incrivelmente continuava dormindo.
- Eu... não sou inseguro quando estou em relações, mas com você eu me sinto completamente avulso. Talvez
eu me expressei mal, não é que eu não confie em você, só que, os seus sentimentos eles me deixam na
incerteza.
- O que isso quer dizer ?
- Quer dizer que você é uma bagunça com seus próprios sentimentos. Você não sabe o que quer Taehyung.
Eu me sinto como sua diversão extra até que se toque e volte para Tzuyu. E o problema aqui talvez seja eu
por aceitar isso e ficar com você mesmo me sentindo assim. Tudo porque eu quero estar com você.
Me aquieto pensando no que ele disse. Eu sempre fui o cara a dar o passo para trás, mas pela primeira vez
era a outra pessoa que fazia isso. Jeongguk recuava o tempo todo apenas para me ter ?
- Desculpa, eu não queria ser um peso, eu sei o quanto é difícil sair de uma relação com alguém que ainda
amamos, e por eu saber disso, eu entendo que as vezes nossos sentimentos ficam confusos.
- Eu não estou confuso. - Afirmo.
- Mas também não está estável.
- O que você quer que eu faça ?
- Nada. - Ele recua mais uma vez. Então era assim estar do outro lado ? Será que Tzuyu sempre viu que eu
recuava e preferia dessa forma ?
Seguro a nuca de Jeongguk o puxando para mim, colo nossas testas e me permito acariciar o cabelo recém
cortado que pinicava minha mão.
- Jeongguk, eu passei os últimos anos com uma única pessoa, mas eu não sou muito bom nisso. Eu só fazia
o que ela queria e estava tudo bem. Se você não me falar o que você quer eu não vou saber o que fazer.
- Eu não quero que você faça algo só porque eu pedi Taehyung. Não é assim que funciona. - Suspiro quando
sinto sua mão segurar o meu pulso, acariciando a parte de dentro. - Eu só acho que me apeguei a você
rápido demais.

°°°°
- Está tudo bem ? - Wooyoung parecia melhor, sua pele hoje estava mais vívida. - Desde quando você acorda
cedo no final de semana ? No frio ainda!
Ignoro seu espanto e continuo meu processo de encarar minha tigela de cereal. Sem o cereal porque
obviamente ficar pensativo me dá fome.
- Jeongguk disse que não confia em mim ou nos meus sentimentos. - Wooyoung fica em silencio por um
longo tempo, o que me forçou a procurar sua figura esbelta na cozinha. Não esperava o sorriso irônico
estampado em seu rosto.
- Quer dizer, ele só pôs em palavras o que todo mundo nessa casa já sabia, menos você. Você é sempre o
último a se ligar nas coisas, impressionante. As coisas entre vocês até que está indo longe, eu jurava que
você voltaria para Tzuyu um mês depois de fingir que terminou com ela.
As palavras de Wooyoung ainda processavam na minha mente quando a voz de Tzuyu adentra na cozinha.
- Bom dia. Tive uma péssima noite porque aquela cama mais parece uma caixa de pregos!
Wooyoung arregala os olhos e me encara para logo se virar em direção a nossa convidada. Tzuyu vestia meu
moletom e parecia perfeito nela.
- Uau, olha quem temos aqui! Quanto tempo gata. - O sorriso que Wooyoung a ofereceu foi puramente
cortês. Ele os dava quando sua maquinaria chamado cérebro estava pensando muito. Sabia que ele me
julgava por dentro.
Qual o motivo de me apontar dedos se eu não fiz nada?
- Sim. Eu posso tomar café antes de ir ? - Wooyoung acena com a mão liberando para ela. - Obrigada.
- Então, o que rolou ? - Ele sonda.
Tzuyu se disponibiliza em dizer tudo, Wooyoung servia como um bom comentarista, ele somava a historia
como se estivesse lá. - Tem um cachorro aqui dentro ?
- Sim, acho que está com Jeongguk. - Tzuyu agora comia o que eu acho ser o pão vegano que Jeongguk
tentou fazer essa semana.
- Olha não quero coco pela sala Taehyung. - Wooyoung diz já se levantando para por sua louça na pia. - Vou
lá ver Nayeon, ela deu uma melhorada mas aquela mulher é muito dramática. Tzuyu foi um prazer te rever,
fique à vontade.
Wooyoung nos deixa após preparar um copo de leite quente para Nayeon.
- O que foi ? Essa cara é por minha causa ? - Tzuyu se pronuncia primeiro.
- Não.
- Ok, já sei o que rolou. Você e Jeongguk brigaram por causa de mim, certo ? - Ela não me espera responder
e já adiciona seu argumento. - Ele está com ciúmes. Quer dizer, ele merece sentir isso, mas não quero você
triste assim.
- Eu não estou triste e não é exatamente isso o que disse. Nós não brigamos. - Até porque eu decide fingir
que nada aconteceu depois. Ele só disse que não confia em mim. E Wooyoung meio que deu a entender que
todo mundo da casa acha a mesma coisa.
Quando ela não diz nada, continuo.
- Se ele achou que eu iria voltar para você , por que ficou comigo ? E nosso relacionamento nem requer
tanta confiança, nós não estamos namorando nem nada. Quer dizer, não que eu não queira... mas qual o
sentido de dizer algo assim, sabe ? Eu fiz um contrato!
- Taehyung meu amor as relações humanas que envolvem sentimentos não há contrato que ajeite. Tá
maluco ? Despirocou depois de terminar comigo ? - A olho indignado.
- Por que você diz que não cofia em alguém com quem você está tendo algo legal, simples. Sem amarras mas
só entre nós ? Qual a merda do sentido Tzuyu ?
- Você gosta dele ?
- Gosto. - Admito pela primeira vez encarando seus olhos. - E daí ?
- Se eu te beijasse agora, você mudaria de ideia ? Voltaria para mim e largaria o que seja que vocês dois
tem ? Seja sincero.
Penso no seu questionamento, mas eu não sabia responder. Apesar de ter entendido que gostava dela
apenas como amiga, e se eu estivesse confundindo as coisas ?
- Vamos testar então.
- O que... - Tzuyu cola seus lábios nos meus antes de me deixar responder.

Agradeço a cada leitura, votos e paciência. Só passei para notificar que estamos chegando na reta final,
pretendo postar as sequências finais logo. Mas prometo que ainda terá mais envolvimentos e momentos
de Taehyung e Jeongguk; Obrigada! 💕
Capítulo 33
- Ai meu Deus de onde veio esse cachorro feio ? - Nayeon adentra na sala com toda a sua energia conflituosa
de sempre. Pelo jeito todo mundo ficou melhor após a sopa de vaso do Wooyoung.
- Não fale assim dele, ele é fofinho. - Tzuyu se pronuncia. Ela estava jogando cartas com Wooyoung na
mesinha de centro.
- Ele é feio Tzuyu. E o que você está fazendo aqui ? Vocês não tinham terminado ? E pelo o que eu saiba
ninguém aqui é tão próximo de você. - Nayeon se senta ao lado de Jeongguk. Ainda me surpreendia o
quanto ela podia ser inadequada com suas perguntas.
- Terminamos, mas eu vim aqui para ver meu ex. Posso ? - Nayeon corresponde o sorriso de Tzuyu. A troca
de olhares entre elas possivelmente havia alguma mensagem, pois tenho certeza que vi Tzuyu acenar.
- E não vai parar de chover nunca ? Saudades do sol. - Nayeon murmura.
Jeongguk me ignora desde que desceu. Possivelmente estou exagerando. Ele não me ignorou, apenas me
tratou como se eu fosse seu colega de serviço, e isso implica que ele me trata tão bem quanto trataria um
desconhecido. Talvez eu esteja surtando porque sinto que há algo não tão bem estabelecido entre nós.
Após o beijo de Tzuyu, que por sinal não provocou nada em mim além de fazer-me sentir mal, ela me
comunicou que isso significaria apenas uma coisa: de fato meus sentimentos por ela chegaram ao fim. Mas
disso eu já sabia. Talvez ela estava checando por si própria.
Lanço um olhar para Jeongguk que se distraia com Nayeon e suas tentativas de tocar no cachorro, a cada
toque era um grito. O bichinho nem se movia diante do escândalo desnecessário dela. Seja o que fosse que
se passava na cabeça dele, não queria sua desconfiança em mim. Nem que ele não me desse atenção.
Reviro os meus olhos para o poço de carência que ele me tornou.
- Como você joga tão bem? Mulher pelo amor de Deus! - Wooyoung joga suas cartas na mesa encarando
aborrecido o jogo de Tzuyu.
- Meu pai me ensinou, ele meio que é profissional nisso. Enfim, tenho que ir. Taehyung pode pagar meu
uber ? - Tzuyu se levanta ajeitando o cabelo.
- Claro. Sua roupa já está seca.
- Ok, mas vou com a sua, tudo bem amorzinho ? - Tzuyu pisca para mim e eu queria pedir-lhe para parar
com aquilo. Sabia o que ela estava tentando fazer, ela deixou bem claro que queria fazer ciúmes em
Jeongguk. E, contando que eu não gosto quando ele me ignora, aquela atitude não ajudava em nada.
Tzuyu some escadas acima, enquanto isso Wooyoung organizava o que ele e Tzuyu bagunçaram, Nayeon
finalmente parou de estardalhaço e segurava as patinhas do cachorro. E um silêncio atípico recobre a sala;
todos ficamos num estranho entre-momento em que nem mesmo Nayeon e Wooyoung, os que mais
gostavam de falar, abriram a boca.
- Ok, o carro está a três minutos daqui, obrigada pela hospedagem. - Tzuyu foi a responsável por quebrar o
clima e, sinceramente, fiquei feliz pois me sentia completamente tenso. - Beijos queridos, Taehyung me
acompanha, por favor.
- E o cachorro? Você não tem que levar isso? - Nayeon levanta a pata do bicho com zero cuidado.
- Ah não, é um presente de aniversário de namoro para Taehyung e Pat. E eu moro em apartamento, sem
condições de ficar com um animal. - Wooyoung abre a boca como se fosse falar algo, mas desiste bufando
palavras identificáveis.
- Ei, valeu por ontem. Eu ainda te odeio, só para você saber. - Correspondo ao seu sorriso sarcástico.
- Obrigada pelo ódio, mereço totalmente.
- Sorte sua que eu não sou uma vadia vingativa. Depois olha o seu e-mail babaca. - Sorrio para a garota a
minha frente, espero que um dia pudéssemos voltar a ser amigos.
- O que tem no meu e-mail? Newsletter em formato de Vírus? - Tzuyu revira os olhos e o som de algumas
buzinas chegam até nós.
- Quase isso, me agradece depois com um vestido novo da coleção da Beyonce e também como madrinha do
seu casamento. - Antes de responder ela me dá um leve carinho no rosto e sai correndo na chuva. A observo
entrar no carro e, como costumes são difíceis de quebrar, assim que o carro dá partida ela coloca o corpo
para o lado de fora, recebendo mais chuva.
- Seu otário é para olhar o e-mail tipo agora merda. - Ela grita.
- Então você trouxe a sua ex para casa, sendo que o seu atual mora aqui? E, por cima de tudo isso, tem um
cachorro sabendo que Wooyoung não curte bichos em casa? O clima tenso nesse momento é culpa sua, só
para constar. - Nayeon finalmente cumpre com o seu papel de desestabilizadora de almas, mas eu resolvo a
ignorar e subo para o meu quarto.
Sim Nayeon, eu sei bem o que aconteceu! E ela nem estava tão errada na sua colocação.
°°°
- O que você está fazendo ?
Me assusto com a voz de Jeongguk, ao levantar minha cabeça, fecho o computador.
- Tudo certo?
Seus olhos averiguavam o meu rosto. Aceno com o melhor sorriso que podia lhe dar.
- Claro que sim, senta aqui. - Ele faz conforme o pedido. Nossos braços colados enquanto encarávamos a
parede a nossa frente.
- Wooyoung não quer o cachorro. - Jeongguk segura a minha mão, entrelaçando os nossos dedos.
- É eu sei, mas se deixarmos quieto, ele vai se acostumar. - Olho para o quão bonita era a cena de nossas
mãos juntas. Meu Deus eu estava virando um romântico.
- Quem vai cuidar dele? Ninguém fica em casa!
- Nós vamos! Foi um presente de namoro Jeongguk.
- Então, eu sou seu namorado? - Seu tom saiu incrivelmente inexpressivo.
- Quer dizer... é... não sei... eu não...
- Relaxa cara. - Jeongguk afrouxar o toque, permitindo espaço suficiente para acariciar com o seu dedo a
parte interna de minha palma.
- Ela me beijou mais cedo, eu não senti nada. Acho que estava checando por si própria. - Quando ele não
respondeu, finalmente o olho. Jeongguk tinha um sorrisinho idiota no rosto. - O que foi?
- Você é muito idiota Taehyung. - Agora o filho da mãe abre um amplo sorriso com seus dentes ridículos
para mim.
- Sua sorte é ser bonito.
- E a sua também.
Mantenho meus olhos nos dele, esperando que a conversa prosseguisse, mas Jeongguk apenas se deita na
minha cama e abre os braços para mim.
- Vem cá. - Meu ego me dizia para recusar, mas meu senso de proximidade e necessidade de Jeongguk era
muito maior. Me aconchego nele, o abraçando na falha tentativa de me fundir ao seu cheiro.
- Eu sei que você não confia em mim, mas me dê tempo. Por favor. - Murmuro contra a pele de seu pescoço.
- Eu estou tentando.
- Me dê tempo também, por favor. - Aceno.
Sentia que faltavam palavras entre nós. Talvez nosso vocabulário seja econômico um com o outro. O
conteúdo do e-mail que Tzuyu me enviou volta a minha mente e, apertando-me mais contra Jeongguk,
imagino se seria uma boa ideia. Jeongguk e eu precisamos nos conhecer mais, apesar de morarmos na
mesma casa, não temos um laço muito forte, não como eu construí com Wooyoung e de modo desajustado
com Nayeon. Talvez, se eu começasse a vê-lo como alguém que eu queira firmar uma relação futura as
coisas mudem. Porque eu quero que mudem, já chegamos a um ponto que não vejo como retornar. Eu
quero Jeongguk e não apenas sexualmente falando.
- Você já fez a chuca?
Jeongguk gargalha, seu peito se mexendo embaixo de mim.
- Ah... sim. Por que? Você quer aprender ?
- Eu meio que preciso? - Levanto meu rosto para olha-lo. Cruzes, esse homem era perfeito.
- Não sei Taehyung. Você poderia tentar. - Diz enquanto seus dedos tiram alguns cachos diante dos meus
olhos.
- Se eu for transar com você eu preciso, certo? - Distraído no rosto dele, minha percepção fica
comprometida a ponto de não me atentar quando sua mão enganchou-se na minha nuca e ele me puxou
para si.
- Se você quiser, eu quero. Eu quero muito. - Perdi a sequência de sua resposta. Não sei se ele queria que eu
fizesse a chuca ou estava falando de outra coisa. Possivelmente a consequência do que viria a fazer a chuca.
Com toda certeza.
- Claro que você quer. - Murmuro sem perder o pequeno sorriso que se formou nos seus lábios. Jeongguk
me beija finalizando a nossa conversa. Sua boca exigente me forçando a me entregar a ele.
Sem mais dúvidas. Aquele e-mail vai ser muito útil.
Capítulo 34

Eu não conseguia parar de me mover. Todo meu corpo parecia estar sob o comando de uma força maior.
Olho para o relógio e depois para a porta. Provavelmente vim fazendo o mesmo movimento a cada segundo,
assim explicaria o porquê o relógio não adiantava. Poderia estar quebrado? Quem tinha um relógio velho
desses no século XXI? Eu morava com três pessoas altamente ligadas à internet...
- Pelo amor de Deus Taehyung você está me deixando tonta e esse cachorro não para de latir com você se
mexendo assim. - Nayeon segura o pequeno cachorro e tenta acalma-lo. Desvio dos olhos julgadores dela.
Eu havia preparado tudo. Jeongguk estava avisado que iriamos sair e todos os compromissos foram
cancelados pelos próximos dois dias. Eu nunca fiz algo assim, eu não me considero bom em fazer surpresas.
Logicamente falando, havia 50% de chances dele odiar. E se isso acontecesse eu até poderia culpar Tzuyu,
afinal foi ideia dela, mas eu teria a outra metade da culpa e ficaria com a rescisão de me sentir péssimo.
Surpresas me deixavam ansioso. Minha mente borbulhou a semana toda sobre como Jeongguk reagiria.
Embora notasse que Jeongguk era carinhoso, não parecia ser romântico. E se ele achasse que eu exagerei?
Não adiantava comparar nossa relação com outras porque Jeongguk era um homem, e não adiantava agir
como se nós dois ser homens me fizesse saber o que ele gostaria em um encontro. Droga. Namorar homens
podia ser mais estressante do que namorar mulheres.
- Por que o vegano não para de latir? - Wooyoung surge em seu famoso pijama das meninas super
poderosas.
- Taehyung está igual uma mulher traída esperando o marido chegar para checar se o cheiro da amante
estará no colarinho. - Nayeon resume.
- Se ele te trair vai ser olho por olho e dente por dente. Voltamos ao tempo de Jesus. - Levando meu dedo do
meio para Wooyoung e ele me espelha.
- Odeio vocês. - Murmuro. - Você principalmente. - Dessa vez me dirijo à Nayeon.
- Seu ódio é como sérum para a minha pele. - Antes que eu pudesse responder a porta se abre revelando a
pessoa que eu mais queria ver.
- Oi, boa noite. - Jeongguk nos surpreende com seu lindo sorriso. - Estão esperando alguém? Por que estão
todos na sala?
- Taehyung quer checar o seu colarinho. - Wooyoung murmura a caminho da cozinha.
Jeongguk toca sua camisa e me encara desentendido.
- Vem, eu preciso conversar com você. - Puxo Jeongguk escadas acima.
°°°
- Você vai me contar o porquê do suspense? - Jeongguk sorria, parecia alegre enquanto o carro nos levava
para o nosso destino.
- Não é suspense, eu te falei, nós vamos sair. - Dou uma rápida olhada ao meu lado, Jeongguk optou por o
seu usual estilo: todo de preto. Ele nem se esforçou e parecia lindo. Eu tive que pensar por meia hora para
escolher o que vestir. Isso dizia muito sobre como eu estou hipervalorizando esse encontro. - Afinal, você
não poderia usar outra cor? Um azul? Um vermelho? Qual o seu problema com as cores? Você é daltônico?
- Respira Taehyung, é só um encontro. - Assim que sinto sua mão na minha perna, sobe o desconforto no
meu estômago.
Que droga, eram assim as famosas borboletas?
- Vocês são gays? - A voz do motorista me expulsa da bolha egocêntrica a qual me distraia. Jeongguk
pressiona um pouco sua mão na minha perna e eu fico tenso. Quais as chances de enfrentar meu primeiro
ataque homofóbico logo no primeiro encontro?
- Somos. - Digo sem pensar muito.
Poderíamos dizer que não, afinal, nós não éramos gays. Mas do que adiantaria, massagear uma sigla apenas
para alguém não se sentir desconfortável? Eu estava preparado para tudo, eu fiz judô!
- Algum problema? - O tom de Jeongguk foi extremamente neutro e ao mesmo tempo intimidador.
- Não, claro que não. Por favor, não me entendam mal! Meu filho se assumiu faz alguns dias. Eu não estou
sabendo lidar muito bem, ele só tem dezessete. - O alívio que senti foi tão significativo que meus ombros
desmancharam para baixo. Automaticamente seguro a mão de Jeongguk, que ainda estava sobre a minha
perna.
- Não tem idade para se identificar, o que importa é que ele se sentiu confortável para se abrir com você.
Nessa idade se quer apenas que os pais os aceitem, que possam prover um lugar seguro no qual eles possam
ser o que quiserem, sem se esconderem. Acredite, já será ruim o suficiente para ele aqui do lado de fora. Eu
imagino que não esteja sendo fácil para o senhor, mas pense em como não está sendo fácil para ele também.
O medo deve ser algo constante para ele, mas o pior, e o mais doloroso, seria se você o recusasse. Por favor
não faça isso, ele precisa do seu apoio.
Meu coração aperta com as palavras sinceras de Jeongguk. Não era difícil ver que eram palavras de um
garoto que não teve a mesma sorte. Lembro-me do que disse acerca do seu relacionamento com o pai. Sua
experiência lhe dá toda a certificação de fala.
- Você tem razão garoto. Meu filho é o meu mundo, eu só quero o melhor para ele. - A voz do motorista soou
desconfortavelmente triste.
- O melhor para ele é ter o seu apoio e respeito por quem ele é, dê tempo ao tempo, você vai entender. - O
motorista abre um sorriso simpático para nós ao olhar pelo retrovisor.
- Se ele crescer parecendo um rapaz adequado como você, eu terei feito algo bom nesse mundo. - Jeongguk
apenas acena.
E eu esqueci todo o meu drama pessoal anterior. Eu tinha um cara incrível ao meu lado. Iria fazer essa noite
valer a penas para nós dois. Um sentimento estrangeiro assenta-se no meu peito me dando uma imagem
clara, eu quero fazer Jeongguk feliz. Que ele sorria para mim e goste da minha companhia.
Era isso. Jeon jeonggukseria meu.
Capítulo 35

Primeiro: a garçonete não sabia ser discreta.


Segundo: parece que alguém amarrou os cantos dos lábios de Jeongguk, pois não parava de sorrir. E por
esse motivo, a presença flertadora da garçonete se transformou na de um mosquito inconveniente.
- Quem diria que você é romântico! Eu jurava que você iria me levar para alguma loja de vídeo game. O que
não seria ruim, só fiquei surpreso. - Engulo o meu orgulho e o fato de que a ideia não foi originalmente
minha. Ele não precisava saber.
Apenas tê-lo diante de mim, todo vestido com suas roupas pretas que caiam muito bem nele, contrastava
com todo o ridículo restaurante e os seus sorrisos exclusivamente direcionados para mim, isso parecia ser
bom o suficiente.
- Sem problemas, eu posso te levar lá se quiser, há um lugar perto daqui. Mas saiba que eu sou um homem
de muitas faces. - Jeongguk embala seu rosto com as mãos, apoiando os cotovelos na mesa.
- Você está me fazendo sentir muito bem. Meu coração está acelerado, sabia? - Não conseguia ignorar o
modo como aqueles olhos escuros estavam em encarando. Havia tanta doçura e algo quente por detrás, que
ao mesmo tempo que me embrulhou a comida no estomago, me deixou tenso.
Muito tenso.
Como ele pode fazer uma cara de santo e me olhar dessa forma?
- Foi bem legal as suas palavras para o motorista. Imagino que ele deva pensar sobre como reagiu e
melhorar a sua relação com o filho. - Como o pretendido para mudar de assunto e desviar meu nervosismo,
Jeongguk apenas levantou os ombros.
- Toda criança lgbtqia+ quer ser aceito. Eles só precisam de segurança, um lugar onde possam ser eles
mesmos. E se a nossa própria casa não nos abre esse espaço, doí, ele não merece passar por isso, nenhum
de nós merece. Espero que consiga ser gentil com o filho. - Jeongguk pisca para mim. - De qualquer forma,
não mude de assunto.
- Como você sabe? - Aponto minha taça de vinho em sua direção, o qual ele toca com a sua própria.
- Porque você não é sutil querido. - Era para ser irônico, mas eu senti o adjetivo agradável no meu peito.
A garçonete volta com a nossa sobremesa e, enquanto ela nos servia, desfrutávamos de uma longa troca de
olhares. Jeongguk focou seus globos escuros nos meus e eu estava energicamente abalado demais para
desviar. Podia culpar o vinho, mas eu sabia que estava com muito tesão. Já faziam meses que eu não
transava, dane-se o sexo oral, eu queria mais. Mais com Jeongguk. Não havia como negar quando meu
corpo se sentia desconfortável na minha roupa, e meu pau começou a sentir os efeitos do que eu lia por
detrás dos olhos dele.
- Dá licença. - O silêncio repentino continua em nossa mesa quando a garçonete se retira.
- Você está me olhando. - Digo por fim.
- Eu estou. - Não havia um resquício de graça no seu rosto. Ele apenas parecia...faminto.
- Pare de me olhar assim, você é muito explícito. - Finalmente um sorriso se libera na face dele.
- Eu sendo explícito? Você não está muito melhor do que eu! Você me preparou um belo jantar para que
possamos foder daqui a pouco, mais explícito que isso? - A vergonha esperada pelas suas palavras,
estranhamente, não veio. Porque não eram mentiras e eu assumo, grande parte do tempo, as minhas
intenções.
- Come sua sobremesa logo, por favor. Eu preciso perder minha virgindade. - Jeongguk não se controla e
começa a rir, e eu o acompanho.
- Eu amo o seu humor estranho. É tão revigorante.
Eu perdi muito feio para Jeongguk. Enquanto o observo se deliciar com a sobremesa, tento controlar a
ansiedade que voltou a me atacar. Meu Deus eu estava ansioso para fazer sexo. Da última vez que isso
aconteceu eu era adolescente. Finalmente eu iria transar com Jeon jeongguk!
°°°
Jeongguk parecia chocado com o hotel e eu mais ainda. As fotos não faziam jus ao lugar. Quando Tzuyu
disse que era um quartinho simples eu comprei a ideia equivocadamente ou ela não sabia a significação de
suas palavras. Provavelmente era o segundo caso, Tzuyu tinha um outro nível de conforto.
O quarto poderia cobrir toda a sala e a cozinha de nossa casa! Ainda tinha uma varanda! Eu odiei as cores,
muito vermelho, mas o branco fazia sua tarefa de suavizar o tom escuro. Me jogo na cama que
surpreendentemente era macia e parecia firme. Não que isso importe!
- Sério, você não precisava fazer isso tudo Taehyung, eu realmente não preciso disso tudo. - Jeongguk se
deita ao meu lado, nós dois encarando o teto claro; graças a Deus não era um espelho! Apoio-me no
antebraço e o encaro mais perto.
- Eu não fiz isso porque eu quero te foder, quer dizer, eu quero! Mas o motivo primeiro foi porque eu
preciso me desculpar, eu sei que não fui honesto, reconheço que sou uma confusão com os meus
sentimentos. Mas eu quero tentar isso com você, eu gosto de você. Apesar de você ser um pé no saco de tão
bonito, chamar atenção aonde vai e não gostar de ataque dos titãs, eu gosto da sua personalidade.
- Eu devo dizer obrigado? - Jeongguk franze a testa para mim.
- Deve. - Desvio meu olhar para sua boca. Tão próxima de mim. Eu não o beijo desde hoje de manhã. Faz
muito tempo. Bocas como a dele não devem ficar muito tempo sem serem beijadas. - Eu evitei comer alho
hoje.
- Esse é o seu jeito de me excitar? - A ironia escorrendo pelos poros de Jeongguk me fez revirar os olhos.
- Cala a boca.
- Vem calar, aproveita que está tão perto.
- Você é uma criança. - Sussurro.
- Acredite em mim amor, crianças não devem pensar o que eu estou pensando agora. - Maldito seja esse
homem!
- O que você está pensando?
- Pelo amor de Deus Taehyung!
Os próximos momentos foram tudo o que eu queria. Os lábios de Jeongguk procurando os meus, suas mãos
puxando dolorosamente os meus cabelos enquanto eu enfiava minha língua na sua boca. A dor de seu toque
no meu coro cabeludo correspondeu diretamente no meu membro inferior. Não consigo compreender a
ordem dos acontecimentos, mas eu já estava em cima de Jeongguk tocando seu peitoral desnudo. Sem ideia
de quando eu consegui o despir, me sentia completamente bêbado nele.
Me aventuro pelo seu peitoral acelerado, nunca foi tão bom tocar nos peitos de outro homem. Sugo o
piercing do seu mamilo, meu Deus como eu queria fazer aquilo! Os gemidos de Jeongguk me deixam
extremamente sensível. Ele me permite descer até o seu estomago, me ocupo de lamber sua pele enquanto
desabotoava sua calça. Certamente, nessa altura das situações, eu deveria considerar ter um caso de fixação
oral, porque ter o pau de Jeongguk preenchendo a minha boca parecia o céu.
- Merda Taehyung, pare de brincar! - Retiro o pau da minha boca para responder o seu abuso.
- Para de ser exigente! Estou ocupado! - Jeongguk não parecia o mesmo de minutos atrás, seus olhos
pareciam desfocados.
- Eu quero foder sua boca. - Suas palavras me chocaram de uma forma. E eu não sou puritano! - Fica de
joelhos entre minhas perna.
Possivelmente esse homem tinha um comando na voz, pois eu faço exatamente o que ele mandou, me
sentindo demasiado ansioso.
- Se te machucar, você me avisa. Bate na minha perna ou no meu braço, ok ? - Aceno, não reconhecendo o
olhar que ele me estava me dando. Em todas nossas interações sexuais anteriores o olhar compenetrado e
selvagem desapareciam antes mesmos de eu poder me inteirar sobre o que significaria, mas não hoje.
Com os olhos fixos em mim, enche a minha boca com o seu pau mais uma vez, apenas que agora sua mão
esquerda apoiava-se na parte de trás da minha cabeça, segurando o meu cabelo; Jeongguk encarava sedento
enquanto observava seu pênis adentrar na minha boca, a dor era ridícula diante do quão excitado eu estava
me sentindo com aquela cena. Jeongguk não mediu suas palavras, seus movimentos foram suaves de inicio
até que se tornaram ativos e robustos, batendo violentamente contra a minha boca. Tento chupa-lo ao
mesmo tempo que evito o refluxo de sentir seu membro na minha garganta, cada vez mais fundo.
- Respira pelo nariz Taehyung. Assim amor. - As palavras sussurradas amorosamente serviram de
afrodisíaco para os meus sentidos.
Solto um gemido me apoiando em suas pernas, permitindo que ele fodesse a minha boca. A imagem que eu
tinha era imensa de sexual e extremamente estimulante. O peitoral de Jeongguk descia e subia em ritmos
descompensados, seus gemidos pareciam cantigas mágicas saindo de seus lábios entre abertos e inchados
de nossos beijos anteriores. Solto um gemido involuntário quando ele puxa minha cabeça violentamente
para a sua virilha, eu sentia que poderia gozar sem ao menos tocar a mim mesmo.
- Posso gozar em você? - Eu não sei como acenei mas, de algum modo, ele entendeu. Jeongguk estava muito
perto e, antes que eu estivesse pronto, ele retira o seu membro da minha boca e jorra a sua porra no meu
rosto.
Olho para ele atordoado com os meus próprios sentidos. Jeongguk encarava o meu rosto, parecendo ao
mesmo tempo aliviado e excitado com o que via. Uma sombra de possessividade atravessou os globos
escuros, levando um choque de prazer no meu pau.
- Você é tão sujo. - Surpreendo-me pela minha voz sair adequada, considerando que minha boca foi,
literalmente, fodida segundos atrás.
- E você também. - Jeongguk espalha o seu gozo nos meus lábios e eu refém de minha excitação gemo
involuntariamente.
Capítulo 36

- Você quase quebrou a minha mandíbula! - Murmuro. Estávamos deitados na cama mais uma vez. A dor
no meu rosto incomodando demais, embora mesmo sem admitir em voz alta, eu faria de novo se ele
pedisse.
O que estava acontecendo comigo? Dor na hora do sexo nunca foi o meu tipo, mas ter Jeongguk quase
arrancando o meu cabelo enquanto fodia a minha boca e machucava minha mandíbula parece totalmente
aceitável agora.
- Eu disse para você me avisar! - Seus dedos acariciavam levemente o meu rosto e quase serviam de
analgésicos para mim.
- Se você fez assim com a minha boca imagina... - Paro meus pensamentos, me recusando a ir em diante. -
Certo?
Jeongguk sorri gentilmente, apesar de seus olhos não apresentarem qualquer traço de gentiliza. Seus lábios
encontram o nódulo da minha orelha, seu língua provocativa desviando o meu raciocínio.
- Você não imagina o quanto você está certo. Eu penso em ter você na minha cama desde o primeiro dia em
que te vi. - Ele nem estava falando eroticamente, mas foi o suficiente para fazer meu pau levantar. - Eu sou
paciente, você sabe, mas quando eu ter você, eu vou fazer pior do que fiz com a sua boca.
Sim, eu estava assustado, levemente impressionado e muito excitado. Era uma complexidade de
sentimentos que se batiam dentro de mim. Mas a excitação sobressaia qualquer um dos outros.
- Eu... não sei.. se estou pronto. De verdade. - Jeongguk acena, um selinho rádio pende nos meus lábios.
- Não precisa se preocupar, vamos levar no seu tempo. - Aceno me sentindo um grande idiota. Mas que seja
a verdade, eu não estava pronto!
- Quer dizer, como você pode caber em mim? Como outros caras conseguem? Eu não sou idiota, mulheres
fazem sexo anal, é só que... sou eu no caso. Parece ser tão doloroso e como que fica excitado quando tem um
pau tão grande querendo entrar em você!
- O que você andou assistindo? - Os olhos de Jeongguk procuram algo no meu rosto e eu queria
desaparecer. - Você assistiu pornô? Pornô gay?
- Obvio que assisti pornô gay Jeongguk! Como eu ia me preparar para hoje! - Assumir era sempre a melhor
opção, só que o constrangimento me fez desviar o olhar.
A risada de Jeongguk enche o quarto e eu me recuso a olha-lo. Seu corpo pende em cima do meu, conseguia
sentir a sinfonia das risadas contra o meu peito e garganta. - Pare de rir! Todo mundo assiste pornô!
- Você assistiu de um cara com pau grande? Me conta! O que viu!?- A animação dele em saber qual pornô vi
me tirou da zona de desconforto. Seja como for, esse cara era ridículo!
Algumas semanas atrás minha mente fértil e vazia estava pensando em como seria transar com Jeon.
Apesar de eu não ser um cara do pornô, se fazia necessário pesquisar. Ao menos eu achei que era. Não
precisei procurar muito, não queria parecer um estranho caçando pornô especifico, então fui com o que
parecia menos pior, seja o que isso signifique dentro desse cenário. Mas me perdi com o horror, o homem
tinha um pênis tão grande que me fez fechar os olhos quando ele penetrou no outro rapaz, que era magro
demais para aquilo. Três minutos depois eu estava desconfortável! E meio excitado. Deixei isso quieto e
decide não pensar nisso até que o momento chegasse.
Pornô não era uma boa ideia! Eu deveria saber melhor, na infância meu pai sempre dizia que pornô era
uma péssima ideia.
- Se você for procurar vídeos pornôs tente ao menos achar os caseiros, há muita merda nesse meio. E
esteriotipações! Quais as chances de se encontrar um cara com tal tamanho? - Jeongguk parecia divertido
com a história.
- Não sei se você se acha pequeno, mas você não é. - Abaixo o meu olhar para o membro que agora parecia
inofensivo.
- Seja como for, você é fofo amor. - Essa era a segunda vez que ele me chamava de amor hoje, não que eu
esteja contando!
Me viro para ele, nossos rostos alguns centímetros de distância.
- A gente pode tentar, eu trouxe o lubrificante, não garanto nada, mas... - A boca de Jeongguk me para no
meu discurso. Após um longo diálogo entre nossas línguas, ele se afasta.
- Eu sei que você não quer fazer isso hoje, e eu sei que você não gozou ainda. - Jeongguk distribui beijos no
meu pescoço, voltando para o meu rosto e enfim para os meus lábios. - Eu não tenho problemas em ter você
dentro de mim.
Quase perco o que ele quis dizer com seus lábios me acariciando daquele jeito.
- Sério? - Ele acena, suas sobrancelhas levantadas sugestivamente.
- Seria bom você me perguntar as coisas quando tiver duvidas, eu disse que não tem isso de passivo e ativo,
depende muito do casal. E eu sinto ... - Jeongguk passa suavemente seus dedos pelo meu peito, prendendo-
os contra o meu quadril. - ... que nós somos muito versáteis.
- Você quer que eu te foda ou faça amor com você ? - Jeongguk revira os olhos.
- Você é insuportável, sério. Eu vou embora! - Empurro-o de volta para cama quando tenta se levantar.
Subo em cima dele, o prendendo sob mim. - Vem cá. Eu quero você.
Sexo na minha cabeça sempre foi fácil e prático. Era questão de dois corpos se comunicarem, se
entenderem e serem generosos um com o outro. Passei vinte e três anos da minha vida conhecendo o corpo
feminino, ou tentando ao menos. A diferença para o corpo de Jeongguk era tão massiva e ao mesmo tempo
tão estimulante. Eu gosto da forma como as mãos grandes dele viajavam pelo meu corpo, dos meus dedos
contra o seu tanquinho, explorando a linha V próximo aos seus quadris; meu membro tenciona ao ouvir os
gemidos da voz máscula quando me ocupo de chupar seus mamilos, puxando o piercing contra meus
dentes, o fazendo sentir um pouco da dor que me causou mais cedo.
Eu nunca precisei colocar lubrificante nas minhas exes, nenhuma delas mostrou interesse em sexo anal, até
mesmo Tzuyu, mesmo ela topando tudo, não era algo que a excitava, então essa seria a minha primeira vez.
Jeongguk parecia confortável comigo e eu gostava disso, que ele quisesse me ter dentro dele, porque porra
eu queria estar dentro dele. Só a ideia já provocava um pré-gozo.
- Não precisa pensar muito, também não sou uma virgem, a preparação é fácil. Enfia ao menos dois dedos
lubrificados e faça o suficiente para me dar prazer, entendeu? - Sorrio para o olhar arrogante dele.
- Como você é mandão. - Murmuro. Não admitiria que seu jeito imperativo me deixava eufórico.
Babaca bonito.
Mas sigo cada passo instruído, eu realmente queria que fosse bom para ele, afinal, ele era o único experiente
aqui. Jeongguk solta um suspiro quando pressiono dois dedos em sua entrada, e então dentro dele. Se
tivessem me dito meses atrás que eu estaria com meus dedos dentro de Jeon jeongguke meu pau tremeria
pela ação, eu possivelmente acharia que a pessoa estava tendo um delírio.
- Taehyung, vem cá. - Avanço sobre ele e deixo que me beije. - Por que você está me tratando como a porra
de uma virgem?
- Pensei que seria melhor ir devagar...
- Você é lindo. Mas eu já passei da fase de ir devagar, faça as coisas como quer. Você está me torturando
aqui. - Jeongguk sussurra contra a minha boca.
Foda-se isso.
Ele tinha razão, minha cabeça estava em não errar para ele não me odiar depois. Sim, minha ansiedade
vindo na hora sexo! Pressiono mais um dedo lubricado dentro dele, sugo a pele de seu pescoço, tentando
controlar minha animação. Deixar marcas nunca foi o meu forte, mas me perco na pele quente e agradável
contra a minha língua. Tento ir mais fundo dentro dele e finalmente Jeongguk se inclina para o toque. Eu
achei a maldita próstata!
- Como você é ridículo. - Murmuro estimulando-o mais com os meus dedos.
- Obrigada? - Ele diz entre suspiros e com um sorriso fraco. - Eu deveria me preocupar com os seus elogios?
- Sério, você é um grande babaca. - Retiro meus dedos dele, não aguentando mais. Lubrifico o meu pênis o
mais rápido que consigo. - Você também está me deixando muito excitado agora.
- Você precisa mesmo melhorar as suas frases de efeito na cama. - Sorrio tentando não deixar que ele me
distraia.
Observo atentamente enquanto a cabeça do meu pênis penetra Jeongguk. A sensação e a visão me deixaram
completamente tonto. Assim que todo o membro estava dentro dele, sorrio com o quão bem me sentia.
Porra, ele era apertado! Assim que levanto o meu olhar, por pouco não explodo. Jeongguk tinha os seus
cabelos bagunçados caindo sobre sua testa, os olhos quase não abriam e pareciam desfocados, perdidos
numa névoa de prazer, quase como se ele estivesse alto; suas bochechas aparentavam um pouco coradas.
- Jeongguk? - Começo a me mover contra ele, não espero muito tempo. Meu corpo estava ansioso pelo
contato.
- Oi. - Sua voz soava fraca e dispersa, os suspiros se tornando mais altos.
A imagem na minha frente facilitava muito para a minha excitação.
- Você é muito gostoso Taehyung. Sobre sua pergunta mais cedo, me fode. - Sorrio para suas palavras
arrastadas, me controlando para não seguir como o pedido quando as mãos de Jeongguk avançam contra as
minhas pernas até se enroscarem em cada lado do meu quadril, machucando a minha pele.
- Você não gosta assim? - Murmuro totalmente consciente de que não estava apenas o torturando mas a
mim também. Meus movimentos estavam tão suaves e lentos que sentia meu corpo começar a tremer.
- Você vai jogar assim mesmo? - Um sorriso diabólico aparece nos lábios inchados de Jeongguk.
Eu deveria saber melhor, e não me surpreendo quando Jeongguk impulsiona o seu corpo tão agilmente que
troca nossas posições em um piscar de olhos.
- Seu filho da puta. - Deixo que ele se posicione em cima de mim. E Deus tenha misericórdia de mim, pois
eu estava obcecado por essa nossa nova posição.
- Eu deveria me questionar o porquê eu amo as suas baboseiras. - Eu pretendia responde-lo mas assim que
o sinto deslizando sob o meu pau, perco toda a capacidade de fala.
- Foda-se isso. - Murmuro quando Jeongguk começa a se foder com o meu pau. - Você é perfeito.
Jeongguk sorri, mas não responde. Puxo sua boca para minha, ansioso para toca-lo de toda maneira
possível. Prendo meus braços ao redor dele, sentindo sua pele quente contra a minha, seu corpo se
movimentava cruelmente forte contra mim; eu não sabia mais de quem eram os gemidos; meu corpo
convulsionando contra o dele deixou os meus sentidos espalhados e confusos.
Jeongguk se ocupa em machucar a pele do meu pescoço e peitoral, a dor parecia tão necessária. Toco o
corpo masculino em cima do meu sentindo todos os seus pontos; todo o meu corpo se arrepia quando
Jeongguk solta a minha pele com um gemido alto.
- Porra, Jeongguk... - Sussurro contra o seu ombro.
- Fala de novo. - Sua voz soava tão pesada e arrastada, enquanto aumentava a pressão contra mim.
- O que? - Quase perco os seus olhos vidrados em mim quando ele rebola sobre mim provocando uma onda
de prazer.
- Diz meu nome de novo. - Deveria ser ilegal a forma como ele me olhava, como se quisesse me possuir.
- Jeongguk, eu estou tão perto. - Antes dele poder responder mudo nossas posições mais uma vez. Tudo em
mim estava ligado ao corpo de dele agora, abro suas pernas sobre mim e o fodo, olho para baixo e a cena do
meu membro entrando nele era deliciosa demais; aumento minhas estocadas contra a bunda dele me
sentindo tão malditamente perto. - Jeongguk, Jeongguk...
Murmuro o nome dele enquanto impulsionava sem sentido contra ele.
Sabia que provavelmente estávamos uma bagunça de sons e suor; uma terrível necessidade de senti-lo em
tudo me domina, lambo seu peitoral, sentindo toda a extensão de sua pele contra a minha boca, mordo o
seu mamilo conforme aumentava o meu prazer.
- Merda Taehyung, me toca. - Faço como ele me pode, seu membro pulsa contra a minha mão e eu o
masturbo sentindo que não duraria muito mais.
Alguns gemidos depois eu gozo perdendo completamente o rumo, meu corpo convulsionando contra o de
Jeongguk. Suspiro contra a pele de seu peito, ele cheirava a sexo e a mim.
- Meu Deus... - Murmuro assustado. Olho para Jeongguk, que recebe meu olhar confuso.
- O que foi?
- Isso foi muito bom. - Jeongguk sorri antes de me puxar para ele e possuir minha boca.
- Taehyung?
- Hum? - Gemo contra os seus lábios, perdidos na macies dos dele.
- Preciso que você termine aqui embaixo.
Surpreso, encaro o membro ainda duro de Jeongguk entre nós.
- Você não gostou? Foi ruim para você? - Um certo desespero devora o meu interior me tirando do torpor
sexual.
Jeongguk despensa minhas preocupações com seus olhos calmos; sinto suas mãos avançarem contra as
minhas costas, acariciando minha pele.
- Foi muito bom, não surta. Eu só não sou tão sensível a ponto de gozar só com penetração, muitos homens
não são. Preciso de estimulo também. - Diz distribuindo beijos contra a minha bochecha e nariz.
- Ok.
Toco o seu membro sem cuidado; beijo sua boca com força, com vontade de passar tudo o que eu estava
sentindo naquele momento. Um sentimento estranho e grudento que queria que Jeongguk soubesse que ele
era meu, o seu corpo era meu. O pensamento me assusta, possessividade nunca foi tão incisivo assim para
mim, mas era como me sentia.
Confronto sua língua conforme vou estimulando o seu pênis. Sinto o seu peito se movendo contra o meu,
suas mãos apertando a minha bunda, seu corpo mexendo-se sem vergonha embaixo de mim, com isso
começo a sentir o meu membro enrijecer. Poucos minutos depois observo quando Jeongguk goza contra
nós, sujando nossos peitos. A imagem não poderia ser mais sexy.
- O que você está pensando? - Jeongguk me pergunta, seus olhos investigam os meus.
- Que você é meu. Tipo, todo meu. Só pode fazer sexo comigo. Só eu posso te tocar assim, entende? -
Jeongguk estreou muitas coisas para mim, uma delas era esse senso de dominação recente. O que o sexo fez
comigo?
- Agora sim você está fazendo certo, essas são as frases de efeitos que me excita. - Reviro os olhos, mas não
perco que seu membro deu uma leve enrijecida na minha mão.
- Eu estou falando sério. - Murmuro me sentindo levemente aborrecido por ele não levar a sério.
- As coisas na sua cabeça funciona de um jeito muito aleatório, só para você saber. - Como esse homem
sabia ser irritante! Crio espaço suficiente entre nós pra olha-lo melhor. Jeongguk tinha esse sorriso
arrogante usual na face.
- Você até então estava com ciúmes de mim com a Tzuyu, agora que eu confesso gostar de você e querer
você para mim é assim que retribuiu?
Tento me afastar dele porque eu me sentia genuinamente irritado. Mas Jeongguk me puxa de volta para
cama, segurando seu corpo no meu.
- Você me sujou, me deixe tomar um banho. - Tento, inutilmente, afasta-lo.
- Ei, para de agir que nem criança. - Jeongguk segura o meu queixo com certa brutalidade, me forçando a
olha-lo. - Já que estamos sendo sinceros, você é meu desde que decidiu terminar com a Tzuyu, eu estava
apenas dando tempo para você se entender. Não deixei óbvio o quanto estou apaixonado por você? Se não,
que fique sabendo agora. Você fala o que lhe vem a mente, mas eu não sou assim Taehyung.
Prendo um sorriso para não dar vazão a arrogância dele. Mas o sentimento interno era sufocador demais.
Suspiro pesadamente tentando lidar com o prazer que suas palavras causaram em mim.
- Vamos lá, você é meu. - Beija lentamente os meus lábios. - O seu corpo é meu. - Beija lentamente a minha
mandíbula. - O seu pau é meu. - Sussurra arrastando lentamente sua boca contra o nódulo de minha orelha.
- E eu sou completamente seu, aproveite.
- Você é um convencido do caralho. - Enrolo meu braços em volta de seu pescoço o puxando para mim.
Jeongguk cede, devorando a minha boca. Meu corpo se ascendendo mais uma vez. - Posso te foder de
novo?
- Vou pensar no seu caso. - Jeongguk tenta se desvencilhar de mim, mas aperto meu braços e pernas em
volta dele. - Me deixe ir seu ninfomaníaco.
- Vem cá Pat. - Murmuro contra o seu pescoço, aproveitando as risadas dele que deliciavam os meus
ouvidos.
Uma noite com esse homem e eu poderia imaginar a droga do nosso casamento.

Obs: Se você chegou até aqui, desculpe a NC meia boca, mas esses personagens são muito estranhos para
minha cabeça kkkkkkkkk. Perdão a demora! Semana que vem posto o final. Fiquem bem!
Capítulo 37

Três meses depois


Faço tudo o que posso para sair sorrateiramente de casa. A mochila nas minhas costas estavam firmes, meu
celular estava no modo vibracall e fiz toda a checagem de horários para sair sem que ninguém me
perturbasse.
Tudo isso porque eu pretendo fazer uma surpresa para Jeongguk. Sabemos que eu não gosto de surpresa,
mas tenho certeza de que essa valerá a pena, esperava que sim. Estamos a um tempo considerável juntos;
ainda é estranho pensar que Jeongguk era o meu namorado, eu quase não pronunciava tal palavra, ainda
soava esquisito.
Mas Jeongguk é o cara perfeito! O homem quase não tinha defeitos, talvez o seu maior defeito seja ser
extremamente paciente. Desde a nossa primeira vez ele não pediu para me foder uma vez sequer! Não que
isso me incomode ao extremo, no entanto, eu sei o que ele quer, mas ele não fala! E, eu tenho que ser
sincero comigo mesmo, não queria que ele falasse, apesar de esperar que sim.
Seja como for, estávamos ótimos. Eu adoro aquele cara, ele provoca aqueles sentimentos clichês e odiosos
toda vez que faz o mínimo para mim, como, por exemplo, arrumar a minha cama quando levantamos! Ele
literalmente arruma a minha cama! Também não se incomoda de lavar o que eu sujo quando estamos
juntos na cozinha, guarda as minhas roupas... Enfim, ele será o marido perfeito! Eu por outro lado não acho
que sou tão prestativo quanto ele. Ainda é diferente estar numa relação com um cara, ainda mais um cara
que é mais atencioso que todas as garotas com quem já me relacionei.
Por isso, andei pensando e decidi que estou pronto! Eu e Jeongguk vamos inverter. Foram dois meses de
muita pesquisa e assentamento mental. Eu gosto do jeito que estamos, mas eu não posso ser egoísta, e,
talvez, uma pequena parte de mim quer saber como é. Qual será a sensação de tê-lo dentro de mim.
Verifico se Vegano está bem antes de ir, fizemos uma casinha nos fundos para ele, mas Vegano gosta de
ficar no quarto de Nayeon. A mulher passou de maior odiadora do cachorro para sua maior fã. Como
sempre, não se deve esperar muito de Nayeon, ela era incerta em tudo.
Com tudo pronto, a porta estava a meros centímetros de distância.
Mas como nada dava certo para mim, mesmo quando eu planejava com todo o cuidado, é claro que
Jeongguk abre a porta no momento em que eu planejava fazer o mesmo. Os seus olhos passam de
assustados pela surpresa para um sorriso aberto.
Sinto meu coração desmanchar.
Como eu era um fracote perto dele.
- Ei, está saindo? - Ele adentra fechando a porta atrás de si e não desvia, apenas continua ali, apoiando o
seu lindo e gostoso corpo contra a madeira.
- Sim, pode me dar licença. - Jeongguk ficava estranhamente muito sexy quando chegava do serviço... - Não
está um pouco cedo para você estar voltando do trabalho?
- Eu me demiti! - Jeongguk me puxa para ele rápido demais para eu poder questioná-lo. Assim que seus
lábios tocam os meus deixo minhas perguntas para depois. A experiência dos beijos de Jeongguk nunca será
superada.
Esqueço-me do plano anterior por completo quando seu mão encaixa na parte de trás de minha cabeça e a
outra me puxa contra o seu corpo. Quando o sinto sugar o meu lábio inferior tive uma rápida sincope. Juro
que por um segundo esqueci o meu próprio nome.
- Você não me respondeu. - Ele murmura contra os meus lábios.
- E como assim você se demitiu? - A intenção de por minhas mãos em seu peito era para afastá-lo, mas meu
corpo reage contra a decisão de minha mente e decide desce-las até que penetrem sob o tecido de sua
camisa. Jeongguk sorri ao sentir meus dedos sobre sua pele.
- Me ofereceram um trabalho melhor e com um pagamento maior, então eu me demiti desse. - Ele sorri.
Jeongguk era bom em sorrir, mas algo não estava certo.
- O que foi? É realmente o emprego dos sonhos?
Jeongguk era estressantemente difícil de ler, porém, por esse curto período como namorados aprendi
algumas coisas. Ele não dirá sua preocupação na hora que senti-la, é mais provável ele pensar sobre o que
fosse que o incomodasse e, então, ele me contaria caso achasse uma resolução, se não, ele apenas guardaria
para si. E para descobrir que algo está errado tem que se ater ao mínimos detalhes. Não sei quando comecei
a notar, mas em algum momento isso estava começando a ficar mais fácil. Todos sabemos que eu sou o
transparente dessa relação!
- Nada demais. - Kookie apoia sua cabeça contra a porta, criando um espaço entre nossos corpos. - E você
não me disse aonde vai. Sabe que está calor lá fora, certo? Para que o capuz e toca Taehyung?
Reviro os olhos, lembrando o quão intrometido ele era.
-Eu ia tomar um sorvete.
Com o cenho franzido, Jeongguk demostra sua óbvia suspeita.
- Ok! Posso ir junto?
- Já passamos muito tempo juntos Jeongguk. Acho que preciso ir tomar sorvete sozinho de vez em quando.
- Tento manter minha face séria contra a risada boba que ele solta.
- Sério? Quer dizer, eu trabalho oito horas por dia e às vezes em final de semana, você fica cansado de
segunda a sexta e só dorme quando chega do serviço, que tipo de grude é esse?
- Estamos discordando que você é grudento então?
- Estamos discordando que passamos tanto tempo juntos quanto você alega. - Antes que eu possa rebate-lo,
em mais um de seus ligeiros movimentos, Jeongguk segura o meu rosto, escaneando-me com os seus olhos
ridiculamente escuros. - Você vai me contar a verdade?
Outra coisa que aprendi sobre Jeongguk: ele era aleatoriamente intenso. Bem que isso já era algo visível,
mas estar com ele fez tudo faz claro. Não fazia ideia de como ele conseguia, mas toda vez que seus olhos
pretos vidravam sérios em mim, eu perdia. Eu era um grande perdedor. E é por isso que iria admitir,
mesmo contra a minha vontade, e estragar a surpresa.
- Eu vou ao sex shop. - Dito isso, espero sua reação, porém, tudo o que recebo é um aceno quando ele decide
me soltar.
- Posso ir com você?
- Se eu disser não você vai tentar me convencer a deixa-lo ir?
Jeongguk levanta os ombros, parecendo inocente.
- Ir no sex shop é uma experiência interessante, acho que devemos ir juntos. Por que não me falou?
- Porque estou com vergonha Jeongguk! Como eu posso te falar que vou ao sex shop para comprar um
vibrador ou algo assim... ahh como eu te odeio. - Cubro o meu rosto com as mãos, me sentindo um idiota.
- Que fofo! - Sinto os braços de Jeongguk ao meu redor, mas continuo na minha bolha da vergonha. - Ei,
vamos lá, quanto mais tempo você ficar aqui, mais tempo vamos levar para achar um vibrador para você.
Deixo que ele afaste minhas mãos, mas ao olhar a sua face me fez querer voltar a me esconder, havia um
grande sorriso exposto. Idiota!
- Você deve estar gostando muito disso, né? - Murmuro.
- Não é todo dia que o meu namorado decide me surpreender com uma notícia dessas! Vamos! Já sabe qual
sex shop? Eu conheço alguns.
Jeongguk simplesmente parecia super animado, enquanto me oferece opções de outros sex shops, abre a
porta para sairmos. Franzo a testa em sua direção
- Como e por que você conhece todos esses sex shops?
- Eu fiquei um tempo com esse cara, ele trabalhava em um e aí na época não tinha o que minha parceira
queria, então ele indicou outros lugares.
Quanto mais ele falava, mais minha testa afincava. Não era novidade que Jeongguk tinha uma vida sexual
muito ativa! Eu evito pensar sobre suas experiências passadas porque não fazia sentido sentir ciúmes de
algo que faz parte do amadurecimento da vida, mas o motivo verdadeiro para evitar ir por essa linha de
raciocínio é porque me sentia acuado e inexperiente perto dele. Quer dizer, eu nunca perguntei mas e se
Jeongguk apenas me tolerava na cama?
Eu me odeio por me questionar essas coisas, no entanto, era mais forte que eu.
- Espere, você estava com ele ou com ela?
- Eu o conheci no sex shop quando estava com a garota.
- Então você traiu ela?
- Eu não trai ela porque não namorávamos Taehyung.
- Você é muito rodado Jeongguk. - Sua risada me faz revirar os olhos, mas acabo sorrindo também.
- Agora eu sou de uma cara só. Feliz? - Levanto meus ombros, não daria a ele tal satisfação.
- Você que deveria estar feliz por me ter. E eu nem sou um grande vadio como você.
Jeongguk joga seu braço sobre o meu ombro e caminhamos assim. Eu realmente gostava quando saíamos
juntos. Mesmo que fosse para fazer nada.
- Eu tenho uma tremenda sorte de ter você só para mim amor. Quer dizer, eu até mesmo te roubei da garota
mais linda da cidade, qual foi.
Não me contenho e lhe dou um rápido selinho. Ok, eu estava apaixonado por ele. Era só ele falar frases
simples como essa que eu me derretia instantaneamente.
Minha mãe sempre teve razão, o ser humano apaixonado fica burro.
Capítulo 38

Eu queria sumir dentro do casaco. Em momentos como esses eu me sentia um virgem. Jeongguk teve que
me arrastar para dentro do sex shop. Ao entrarmos suprimo minha súbita vontade de correr, mas o
interesse nos olhos de Jeongguk me forçou a fincar meus pés no chão esverdeado da loja.
Jeongguk desce sua mão de meu cotovelo até segurar a minha, firme, com a sua.
- Bem vindos ao sex shop Prazer para Todes, como posso ajudá-los? - Um rapaz três centímetros mais
baixo que eu, extremamente afeminado e com os olhos mais azuis que eu já vi na minha vida, abre um
sorriso estranhamente encantador.
Jeongguk me lança um rápido olhar antes de responder.
- Acho que estamos procurando um vibrador, é isso? - Quando ele se vira para mim mais uma vez eu travo.
O vendedor me olha com paciência, provavelmente já deve ter lidado com muitos clientes tímidos.
- Eu... queria... ah...algo... que ... - Suspiro me sentindo pressionado. Por isso queria vir sozinho! Pagar esse
mico na frente de Jeongguk era péssimo.
- Se não estiver se sentindo a vontade podemos ir embora. - E lá estava o cara que me fez pensar em estar
no sex shop; não que eu fosse um namorado horrível, mas eu poderia ser melhor. Suspiro e volta a encarar
os olhos azuis.
- Preciso de algo que me ajude a... acomodar melhor o.... você sabe.
O garoto abre um amplo sorriso e bate palmas.
- Ok, eu sei do que você precisa! Venham comigo!
Aperto a mão de Jeongguk querendo desaparecer enquanto acompanhamos o vendedor feliz através dos
corredores. Graças a Deus estava vazio. Eu não sou moralista e sabia que sex shop era algo útil para as
pessoas, mas eu ainda não estou 100% arco-íris e vibrados no cu!
- Eu já passei por isso, o que você deve precisar, de início, é um plug anal! Veja esse aqui. - Ele pega em suas
mãos um objeto pequeno com um formato triangular. - Esse plug é todo confeccionado em alumínio polido
à mão com formato que permite uma penetração mais simples e prazerosa, esse aqui é o mais procurado, e
não se envergonhe porque é um acessório bastante usado entre homens e mulheres que praticam sexo anal
ou até mesmo para quem irá começar a pratica.
Atento-me ao objeto em suas mãos até o momento que Jeongguk decide pegar um da prateleira. Eu estava
ficando levemente louco, pois ao observar os longos dedos de Jeongguk tocar aquele mini objeto, e de
função bem suspeita, senti uma leve onda de excitação.
- Esse modelo de plug ajuda em muito e facilita a dilatação anal, pois repare que sua espessura é diferente
em todo seu comprimento. E além de servir para preparar o ânus para o sexo anal, auxilia em orgasmos
múltiplos, estimula a próstata e em último caso, serve como enfeite.
Jeongguk ri da piada do atendente, me lembrando que eu devia focar nas palavras que o outro dizia e não
em como o plug ficava estranhamente sexy nas mãos de Jeongguk, a ponto da ideia dele usá-lo em mim não
sovava desastrosa.
- Dica: coloque ele na água frio ou quente, leva a sensações interessantes.
- Isso é legal. Vocês tem grampos para mamilos? - Arregalo meus olhos para Jeongguk.
- Claro que temos! - Jonas, o nome do atendente que finalmente li no crachá, olha admirado para Jeongguk.
- Você não é tão novo nisso quanto o seu garoto aí, certo?
- Um pouco.
- Vem comigo! - Jonas volta a saltitar, mas antes que Jeongguk o siga seguro o seu braço.
- Para que você quer grampos de mamilos? Está louco?
Kookie sorri, noto que ele ainda segurava o plug maldito anal.
- Já que estamos aqui, não custa nada ver os produtos Taehyung. Se solta, ninguém vai te prender. - Dito
isso, ele se afasta.
- Droga. - Murmuro comigo mesmo indo atrás dele.
Jonas parecia muito a vontade apresentando os novos "Grampos Para Mamilos que Emitem Eletro Choques
com Controle Remoto"; eu os observo sem saber como somar na conversa, porque era meio óbvio que eu
era o outsider!
- Sabe, vocês precisam levar um bom lubrificante, a marca muda muito a experiência. - Jeongguk acena,
ainda concentrado nos grampos automáticos.
Eu sou sonso dos pés a cabeça, visto que eu não negaria testar nada daquilo com Jeongguk.
- Que tal levarmos esses dois? Você quer? - Os olhos de Jeongguk estavam animados e esperançosos. Meu
Deus, aquele homem poderia só comprar a loja toda que eu não poderia dizer não.
Com um simples aceno consigo arrancar um grande e esplendido sorriso dele. Retribuo de modo muito
mais tímido.
- Vocês são tão fofos! - Jonas passa os seus olhos azuis entre mim e Jeongguk. - Sem querer ser
desrespeitoso, mas vocês se interessam por ménage ou algo assim?
Fecho minhas mãos dentro dos bolsos do casaco. O interesse claro nos olhos de Jonas. A ousadia desse
homem! Por alguns segundos me questiono se Jeongguk aceitaria ou pensaria no caso, ele meio que já
participou de um comigo e Tzuyu, e entre nós dois ele era o mais aberto a outras experiências sexuais. Além
disso tudo, Jonas não era feio, talvez um pouco pequeno demais, mas eu não sabia se isso atraia Jeongguk.
Ele era uma pessoa muito eclética!
- Obrigada por nos considerar, mas já passamos por isso, eu roubei ele de sua ex desse jeito. - Jeongguk
resume, acalmando o meu coração.
Jonas gargalha e toca, descaradamente, o ombro de Jeongguk.
- Acreditem em mim, eu não faria questão de roubar nenhum de vocês, está claro que estão na fase lua de
mel. E essa é a melhor fase! - Jonas me olha e, seja o que for que estava escrito na minha face, ele retira a
mão de Jeongguk. - Calma tigrão, eu não estou flertando com o seu homem. Bem que eu queria, mas eu
reconheço quando não tenho chances.
Com isso dito, Jonas pisca para mim.
°°°

- Eu fico muito excitado quando você sente ciúmes de mim. - Jeongguk pula na minha cama e me agarra,
atrapalhando a minha visão da tela do celular.
- Eu não estava com ciúmes. Ciúmes é superestimado. - Jeongguk sorri e dá uma leve mordida no meu
pescoço.
Parando de me incomodar, decide apoiar sua cabeça na mão, seus olhos focando na minha face.
- Sabe, você realmente me surpreendeu hoje. Mas o que compramos não precisa ser utilizado por hora,
apenas quando você estiver pronto para isso, ok?
- Ok Jeongguk, não precisa ser o príncipe encantado. - Desvio os meus olhos dos dele, por vezes era mais
fácil falar as coisas que eu realmente queria se apenas focasse em outro lugar. - Eu quis ir até lá porque eu
quero tentar estar com você de outros modos. Não foi do nada, passamos dois meses e tem sido muito bom,
mas eu também sei que você quer mais do que fizemos até aqui.
Decido encara-lo, o rosto bonito concentrado no que eu dizia.
- E eu quero fazer isso. Plug anal parece mais aceitável que o seu pau, acho que vale a pena começar assim.
- Você é tão fofo. - Reclamo quando o seu corpo pesado recai sobre o meu, com Jeongguk distribuindo
beijos em minha face. - Como pode ser o melhor homem da terra? Eu te amo.
Meu corpo paralisa ao ouvir suas palavras. Jeongguk interrompe os seus beijos e levanta a cabeça o
suficiente para que pudéssemos estabelecer um contato visual .
- É isso. Eu sei que parece meio cedo dizer isso, mas eu que te amo Taehyung.
Sinto minha respiração áspera e tensa. Jeongguk sustenta o meu olhar sem medo da rejeição.
- Não precisa dizer nada, eu sei que provavelmente você deve dizer o mesmo em um momento aleatório e
no qual eu nunca iria esperar.
Sua resposta me quebra num sorriso.
Levo as minhas mãos para o seu rosto, passo meus dedos pelos traços gentis que me acostumei a averiguar
a cada noite.
- Que tal testarmos o grampo de mamilos essa noite? Você fez muita questão deles. - Jeongguk volta a jogar
seu corpo contra o meu e eu expiro com falta de ar. Conseguia sentir seu membro semi duro contra mim.
Eu poderia não dizer agora, em voz alta, mas eu sabia o que estava sentindo e ficava feliz que ele soubesse
também. Me sinto extremamente feliz e orgulhoso por saber que Jeongguk me ama. Eu nem fiz nada e o
universo me presenteou com um homem desses. E eu amava cada detalhe de Jeongguk, mesmo aqueles que
eu ainda estava descobrindo. Mas as relações eram assim, vamos desvendando o outro a cada dia, e ceder
era uma palavra que sempre existia no meu vocabulário; mas Jeongguk me fez perceber que eu poderia
priorizar o meu tempo para as coisas.
E, foda-se, eu passei dois meses tendo esse homem me apresentando todas as suas faces quando estava
sexualmente estimulado, ele confiava em mim sem pensar duas vezes; eu estava pronto para confiar nele e
ser dele em todos os sentidos.
Droga, Jeongguk provavelmente vai me ter dizendo "eu te amo" assim que ele me levar ao primeiro
orgasmo com ele dentro de mim.
Idiota.
Capítulo 39

O dia estava estranhamente muito calmo. Até mesmo o Vegano não latia como o usual. Wooyoung saiu para
um de seus afazeres, Jeongguk teve que ir resolver suas questões com a antiga empresa. E eu não tinha
nada para fazer, um desocupado e sem vontade de sair para me distrair. Faço meu caminho para o cachorro
que havia crescido um pouco, toco o rosto peludo e ele apenas cede deitando-o na minha mão.
- Ei, garoto! Está tudo bem? Por que está tão para baixo hoje?
Como o esperado de um animal não humano, ele apenas me encara. Me sentindo meio atordoado vou até o
quarto de Nayeon, bato dez vezes antes dela finalmente responder. Nayeon estava sentada na sua cama, que
estava insurportavelmente cheia de travesseiros rosas, ela parecia ocupada enquanto pintava suas unhas do
pé.
- O que você quer? - Pergunta dispensando qualquer olhar na minha direção.
O quarto de Nayeon era um dos maiores, mesmo Wooyoung alegando que todos os quartos tinham o
mesmo tamanho. Era óbvio que o dela era maior. Sua cama nem era de solteiro como o resto de nós! E o
armário ocupava pelo menos toda a extensão da parede, e ainda sobrava espaço para sua bancada e
prateleira de maquiagens.
- Por que a casa está tão silenciosa? Vegano está para baixo também.
- Você quer assunto, Taehyung? Se sim, saia e vai arrumar outra pessoa. Eu não quero o seu cheiro de porco
abarrotando o meu quarto.
Suspiro.
Hoje eu não queria travar mais uma guerra com Nayeon, apesar de que ela merece por ser sempre tão
maldosa. Não me intimido com suas palavras, adentro no seu quarto mesmo sob as suas ofensas e me sento
no chão forrado com o tapete - adivinhe? - rosa pink felpudo.
- Você escutou o que eu disse? Sai daqui encosto. - Ela aponta seu esmalte verde na minha direção, sua face
mostrando repulsa.
- É sério. Essa casa está energicamente baixa.
- Deveria largar o seu emprego e ir ler cartas. Saia daqui. - Murmura num tom monótono, retornando a
focar na sua atividade.
Volto a reparar o quarto dela. Era todo feminino, pensando bem, essa deveria ser a primeira vez que entro
no quarto de Nayeon. Lembro-me de Jeongguk dizer que ela era uma garota que merecia mais que um foda,
talvez, lá no fundo, quase na última molécula existente em seu corpo, ela seja uma garota fofa. Mas até o
pensamento disso me faz rir.
- Hoje é sábado, porque está em casa? Geralmente você sai.
Nayeon para em seus movimentos e me olha suspeita.
- Estranho você saber meu itinerário. Está armando alguma coisa? - Levanto os meus ombros. - Jeongguk
não deixou o pau dele em casa para te distrair, né?
- Estou tentando ser descente com você, mas você também não ajuda.
- Eu nem mesmo sei o porquê você está no meu único espaço livre de você nessa casa.
- Você realmente me odeia? - Nayeon revira os olhos, me seguro para não rir. - Você tem uma queda por
mim, não tem? Só pode ser isso.
- A queda para o abismo soa mais aceitável. - Ela sorri maliciosamente para mim. Seus olhos claros
estranhamente ganham um brilho maldoso, o que significava que ela iria dizer algo extremamente baixo. -
Você está aqui para sanar suas dores por que Jeongguk vai te deixar?
Paro de brincar com a almofada que havia pegado de sua cama e a olho, esperando o ar de piada e
sarcasmo, mas tudo o que via ali era uma certeza.
Eu odiava Nayeon.
- Do que você está falando?
- Ele não te contou? - Nayeon aparentou genuinamente surpresa, o que durou pouco, já que substituiu por
um sorriso de escárnio. - Que triste, nem chegou a durar cinco meses. O seu relacionamento mais curto, a
sorte não dura, certo?
Nayeon faz biquinho, mas logo começa a gargalhar. Queria poder rebater, ser baixo como ela, no entanto,
não conseguia esboçar reação alguma. Tudo o que me passava pela cabeça era: como assim Jeongguk vai
embora?
°°°
- Oi amor, olha o que eu trouxe! - Jeongguk pula na minha cama com um lindo pote com o bolo da loja que
eu gostava. O termo apropriado seria - viciado -, descobri a existência da loja de bolos no centro e nunca
mais fui triste. Até hoje, porque olhando para o rosto bonito e alegre de Jeongguk me força a lembrar que eu
tinha algo a perguntar, o qual também receava a resposta.
- Nayeon demônio me disse que você vai embora, ela parecia certa do que disse. É verdade? - Não era assim
que queria iniciar nossa conversa, mas no fundo torcia para ser apenas uma brincadeira sem graça de
Nayeon, o que não seria a primeira. Porém, o modo como Jeongguk apenas exauriu todo o sustento de seus
ombros, permitindo que caíssem junto com o seu fôlego, já me deu a resposta. E senti a droga de uma
pontada desconfortável no meu peito.
- Eu ia te contar amanhã.
- Pelo visto adiantamos o seu plano. - Pego o bolo de suas mãos. - Obrigada.
Jeongguk senta-se de pernas cruzadas diante de mim. Ele estava da forma como eu amava olha-lo, com
seus usuais trajes de dormir, óculos de graus que o deixavam mais gato do que já era e os cabelos úmidos. O
combo perfeito. Mas não sentia a famosa animosidade de antes, porque temia cada palavra que sairia da
boca dele a partir de agora.
- Antes de nos envolvermos eu me inscrevi nesse projeto que oferecia um salário ridicularmente alto. Do
tipo, em um ano eu ganharia mais do que meus salários juntos nesse meu emprego atual.
- O que você se demitiu. - Digo com a boca cheio da massa que deveria ser saborosa, no entanto, apenas
parecia uma massa de cimento doce.
- Sim, o que eu me demiti. - Jeongguk suspira, passando as mãos pelo cabelo. - Eu nem imaginei que
passaria, mas eles me enviaram a classificação alguns dias atrás.
Ele parece consternado.
- Essa empresa é uma das maiores no campo de desing no país, eu nunca imaginei que realmente me
chamariam. É uma oportunidade para mim.
Concordo com ele. Mas entender isso não faria sumir o bolo de medo que aumentava dentro de mim.
- Onde?
- Daqui 5h e 8min de viagem. - Franzo a testa. - De avião.
- Você já calculou? - Pergunto impressionado e, ao mesmo tempo, preocupado com a distância. O que
significava que era em outro Estado!
Jeongguk retira o pote de minhas mãos, pouco notei que mal comi mais que um pedaço, ainda podia senti-
lo na minha garganta.
Ele segura as minhas mãos nas dele.
- Eu não vou desistir do meu emprego Taehyung. Não posso.
- Nunca te pediria isso.
- Eu sei. E é por isso que também quero dizer que não quero desistir de você.
- Nós estamos a três meses juntos. - Murmuro, me dando conta de que era um período muito curto de
relacionamento.
- Sim. Veja, eu li o meu contrato, será apenas um ano. -Jeongguk me olha esperançoso, seus olhos escuros
transbordando confiança. - E não é muito tempo de avião, posso sempre vir te ver quando estiver menos
ocupado. Eu também entendo que é recente a nossa relação, se você quiser desistir, eu não vou chorar nem
nada.
- Você vai chorar sim. - O ameaço. - Me perder seria um péssimo evento na sua vida e ficaria marcado para
sempre como o dia em que Taehyung te largou.
Jeongguk gargalha. Não conseguia o acompanhar, me sentia muito cínico para isso. Mas aprecio quando ele
me beija rapidamente.
- É sério, eu entenderia. - Jeongguk levanta os ombros; seu rosto tal qual de uma criança pedindo algo. -
Mas se você disser que me espera e aceita passar pela prova da distância, eu te prometo que eu serei o
homem da sua vida. Você nunca precisará fazer nada! Se quiser parar de trabalhar, eu cuido de você.
- Isso inclui vários boquetes?
Jeongguk acena, seus olhos quase fechando conforme prendia a risada.
- Várias outras transas também. Você realmente quer que outra pessoa tenha isso?
De modo sujo, como ele gostava de jogar, Jeongguk leva uma das minhas mãos até a sua barriga ridícula
marcada por gominhos. Os sinto rapidamente sob os meus dedos antes de o beliscar.
- Pare de agir como um prostituto. - Sorrio pela primeira vez desde que recebi a notícia, que ainda assentava
na minha mente.
- Quando você vai?
- Mês que vem.
- Ok.
Pelo menos eu teria tempo para ficar com ele. Ao olha-lo percebo que me apeguei demais.
- Para sua informação, eu não pensei em terminar. Provavelmente você vai se casar comigo. - Murmuro me
deitando na cama. Decidindo se estava mais bravo que triste.
Jeongguk se deita ao meu lado, nós dois encarando o teto.
- Que bom. Eu gosto disso. Você pode fazer um contrato dizendo que não vai terminar comigo por pelo
menos sete anos? Acho que me sentiria mais seguro.
Dou-lhe um tapa no peito forte o suficiente para faze-lo se virar reclamando, seu óculos caiu com a ação, o
acompanho retira-lo e deixa-lo na bancada ao seu lado.
- Um ano vai ser barra. Quem vai arrumar a minha cama? - Murmuro.
- Uau, é por isso que sentirá minha falta? - Jeongguk se apoia no cotovelo, seu rosto agora acima do meu.
- Sim. Quem vai fazer meu café? Me dar banho? Me levar para lanchar?
- Você é o Vegano por acaso? Se for assim Wooyoung pode fazer isso por mim. Até pôr sua ração se quiser.
Jeongguk começa a rir descontrolavelmente.
Eu odiava aquele homem, porque eu comecei a rir também. Assim que a graça foi dissipando-se me viro
para repara-lo melhor. Jeongguk concedeu a cada um dos meus sentidos uma parte sua. Os viciou nele de
modo que só a ideia de não tê-lo todos os dias me deixava meio assustado. Seus olhos recaem sobre mim
também, atentos e silenciosos.
Jeongguk se aproxima, me abraçando, fazendo com que nossas testas estivessem em contato, assim como
nossos corpos.
- Espere por mim, ok? Por favor.
Seu pedido enlaçou o meu coração tal qual um feitiço bem feito.
Capítulo 40

Ninguém nunca me disse que fazer um jantar seria malditamente difícil. Sabemos que eu não sou o
cozinheiro da casa, mas eu tento. Só que dessa vez eu estou tentando demais. Queria que tudo saísse
perfeito. Mas julgando pelo tofu esmagado e sem gosto, nada estava indo conforme o imaginado.
Jeongguk iria embora em exatas duas semanas e saber disso estava me deixando ansioso. Talvez não esteja
informando do modo direto, mas eu estou fodidamente ansioso. Nesse meio tempo eu tentei fazer mais de
cinquenta tortas de limão, aprendi a cozinhar tofu - isso não saiu muito bem -, comprei roupas, porque na
minha cabeça seria bom ele ter camisas legais para vestir; além do mais, desenvolvi uma estranha mania de
observá-lo, bem mais do que eu já fazia.
Era uma sensação de perda crescente, o abandono que será daqui a pouco quando eu não poderei vê-lo toda
vez que quisesse. Às vezes, quando estávamos dormindo naquela desconfortável cama, o pensamento de
que eu dormiria sozinho no colchão horrível me causava insônia. O mais inebriante era que nem
namoramos a tanto tempo assim, não para o nível de estresse que eu venho negando nessas últimas
semanas.
- Taehyung, você deveria temperar com duas colheres de limão, salsinha, uma colher de sopa de chá de
azeite, manjericão. Misturar tudo no mixer, aí então você passaria como uma pasta na tortilha, garoto!
Minha mãe parecia decepcionada ao ver a minha falha tentativa de fazer um prato vegano.
- Eu fiz isso, mulher! - Viro a câmera em minha direção, desistindo da tortilha.
- Você pode sempre pedir comida filho. Cozinhar não é o seu forte. - Concordo. - Taehyung, tira essa cara
de tristeza do seu rosto, não combina com você.
- Eu não estou triste. - Murmuro, me sentindo desoladamente triste.
Ouço o suspiro de minha mãe e essa já era uma indicação de que ela iria vir com mais um de seus sermões.
Talvez eu não devesse ter ligado para ela três dias depois que Jeongguk me contou que iria embora. Por um
momento, eu tive alguns minutos de lucidez e tudo o que não expressei na hora em que Jeongguk me
contou, veio a tona. E a única pessoa que eu pensei em me acalmar foi minha mãe. Adiantou, mas esse
momento de fragilidade disse mais do que qualquer palavra que eu tente dizer para ela agora.
- Eu entendo que você está triste e sem noção do futuro. Vocês são recentes, além disso, você saiu de uma
relação e pulou para outro muito rápido. Mas entenda, faça sua parte. Se sentir que deva esperar por ele,
espere.
- Em um ano pode acontecer muita coisa. - Murmuro encarando o tofu.
- Claro que pode. E você só pode esperar para ver, pare de se martirizar. Se quiser eu pago suas passagens
para ir vê-lo, porque ver você assim parte o meu coração.
Sorrio quando noto que ela parecia estar prestes a chorar.
- Para com isso, mãe! - Começo a rir, incrédulo que ela realmente estava chorando por mim.
- Viu o que você faz comigo? Eu sou sua mãe, eu sinto muito pelos meus filhos. - Diz, secando o rosto.
- Até aqueles que não são seus favoritos e não te darão netos?
- Preste atenção, você vai me dar netos, queira você ou não. Vá terminar esse prato aí, não esqueça de
temperar. Dá para comer ainda.
- Ok. Obrigada. - Ela me dispensa com um sorriso único de quem sabia o que iria acontecer nos próximos
sete anos da minha vida.
Coloco mais esforço em tentar refazer o mal feito, o resumo da minha vida.
°°°°
Horas depois estamos todos nós sentados na mesa, Nayeon com sua cara entediada de sempre, Wooyoung
admirado encarando os pratos que eu fiz, o que se resume em dois, o resto eu pedi, e Jeongguk que estava
de frente para mim, sorrindo.
- Não acredito que você fez comida! Me Deus, o que fizeram com você? - Wooyoung me dá alguns toques no
ombro, aparentando feliz.
- Não elogie ainda Wooyoung, não sabe se está bom. - Nayeon me encara com nojo. - Você está agindo como
se o seu marido estivesse indo para guerra. Quem te aguenta?
- Deixa o meu menino! Ele está sentido, o primeiro namorado dele irá embora. Por hora. - Wooyoung
acrescenta.
Eu gostaria de revidar Nayeon, mas me sentia sem ânimo nessa questão. Olho para Jeongguk e seu sorriso
tinha diminuído.
- Vamos comer, então. - Jeongguk diz e todos decidem que era o momento. Não me importava as opiniões
dos outros dois, fixo meus olhos em Kookie a espera da sua reação.
- Meu Deus Taehyung, você pagou alguém para fazer isso, né? - Wooyoung murmura entre garfadas.
- Não, mas minha mãe me guiou pelo celular. - Wooyoung levanta o polegar em minha direção. Lanço um
rápido olhar para Nayeon e ela mastigava com calma, obviamente não detestou, logo, não podia me julgar
como desejava. - Sorte sua que eu estava triste demais pelo fato do meu marido ir para guerra e não pensei
em envenenar sua comida.
Ok, talvez restasse em pouco de ânimo em criticá-la.
- Vai se foder, Taehyung. - Murmura.
Volto a ignora-la e encontro um Kookie já com seus olhos em mim.
- Está bom? - Pergunto.
- Mias ao menos. - Ele levanta os ombros, o que me força a chutá-lo debaixo da mesa. Soltando uma risada
bonita, ele levanta a mão. - Está muito bom, para que não sabia cozinhar, você se superou.
- Melhor que as cem tortas que ele tentou fazer na semana passada. - Nayeon adiciona.
- Taehyung me fez comprar dez leite condensados veganos, isso é caro! E não saiu uma torta decente. -
Wooyoung ainda não havia superado o fato de ter me ajudado com as compras. De fato, produtos veganos
que se assemelham aos de produção animal são caros, mas como eu iria fazer uma torta de limão vegana
sem auxilio dos produtos?
- Fala sério, Jeongguk nem é vegano. É vegetariano! - Nayeon aponta o seu garfo em minha direção. - Você
não será um homem de casa! Não faz o seu tipo.
- Ele pode tentar! Olha o rostinho de quem vai ficar esperando um ano pelo amor da sua vida. - Wooyoung
segura a minha bochecha e a aperta, quando lhe dou um soco no seu ombro, resolve se abster, ainda rindo.
- Coitado, ainda será chifrudo. Sua vez está chegando. O carma. - Nayeon parecia uma vilã dos clichês
adolescentes, se divertindo as custas da dor do próximo.
- Pare com isso, Oli. Por favor. - Pela primeira vez, desde que se juntou a nós, Jeongguk resolve responder
as acusações de Nayeon.
- Ela está brincando, Pat. - Wooyoung diz, agora entre goladas, seus olhos passam pelos meus, talvez tão
atento quanto eu estava.
- O que? Não posso falar a verdade para o seu namoradinho? É de conhecimento geral dessa casa que ele
traiu Tzuyu com você, se fizer o mesmo será carma.
E pela primeira vez Nayeon se volta contra Jeongguk. Não havia humor, apenas sarcasmo. A única pessoa
que sabia lidar com Nayeon nessa casa, talvez até mais que Wooyoung, era Jeongguk. E nunca, nem uma
vez sequer, os vi se olhando com qualquer sentimento que não fosse uma leve onda de brincadeira, e flerte
por parte dela.
- Pare de se meter na vida dos outros. Não é porque algo é sabido por nós que você tem o direito de dizer
isso a hora que quiser, sem considerar os sentimentos dos participantes! Porque, além do mais, isso não é
da sua conta.
Incrivelmente, o tom de Jeongguk se mantinha calmo, como se estivéssemos em uma conversa usual. Mas a
face de deboche de Nayeon deixava toda a cena tensa.
- Não importa. Eu não me importo. - Decido intervir, porque o clima estava se tornando, estranhamente,
pior.
- Deveria se importar, Taehyung. - Nayeon desvia os seus olhos de Jeongguk e me encara. - Jeongguk, o
bom moço, não gosta da ideia de te trair. Que fofo. Talvez ele devesse se preocupar em não ser traído, ao
invés do contrário. - Virando-se para Jeongguk adiciona. - Uma vez otário, sempre otário, certo Pat?
Sem considerar receber alguma resposta, Nayeon resolve nos deixar.
Assim que escutamos a sua porta fechar, o primeiro a falar foi Wooyoung.
- Ela se importava muito com vocês, um pouco mais com Pat, mas enfim. Não preciso explicar Nayeon.
Todo mundo sabe que ela é um tubarão. Não levem para o coração.
Jeongguk me olhava com uma sombra séria.
- Se importam se eu subir? Estou sentindo que vocês precisam desse momento. - Wooyoung se ajeita,
colocando mais comida em seu prato. - Aproveitem e deixem tudo limpo, boa noite.
- O que foi isso? - Murmuro assim que resta apenas nós dois no cômodo.
- Ela me estressou. - Confessa.
- Essa foi a primeira vez? - Começo a mordiscar as tortilhas para distrair.
- Não. As pessoas ficam irritadas umas com as outras, ainda mais se moram juntas.
- Eu te irrito muito? - A curiosidade sobre sua percepção de mim superou a de saber mais sobre Nayeon.
Jeongguk sorri.
- Estranhamente, não muito. - Aceno, sentindo-me satisfeito. - Mas você está quase me fazendo querer
desistir de ir.
- O que?
Sento-me ereto, nervoso com a resposta inesperada. Jeongguk se aproxima, depositando seus braços em
cima da mesa. Passando as suas mãos no cabelo, agora com os lados raspados e mais curto na parte de cima
- devo dizer que ele nunca fica feio, os brincos e piercing ajudou a potencializar o novo corte - Kookie me
lança um olhar terno.
- Você está surtando, amor. Nas últimas semanas, você conseguiu demostrar mais do que nos últimos três
meses.
- Isso não é bom? Agora sabe como me sinto. - Ajo tímido de repente. A noção de que ele percebeu, apesar
de ser algo difícil não ser notado, me conscientizou de que eu não sei lidar com o que estava passando entre
nós.
- Acho que sim. - Murmura, voltando a recostar suas costas na cadeira, agora dobrando os braços sobre o
peito. - Eu não esperava me apaixonar, sabe.
- Muito menos eu. - Imito a sua posição, desse modo estávamos centrados um no outro. - Eu tinha
namorada e estava feliz com ela, até você.
Jeongguk prende o seu sorriso junto ao lábio inferior. Se ele não estava me testando...
- E eu estava solteiro e feliz, até você me pedir para foder sua namorada.
- Eu nunca fiz tal pedido. Pare de inventar. - Me esforço em abafar minha vontade de sorrir para ele.
Um silêncio perpassa entre nós.
- Você estava falando sério sobre deixar de ir? Não era algo que você realmente queria?
Jeongguk abaixa sua cabeça, me impedindo de ver os seus olhos. Parecendo distraído, ele estende um de
seus braços e brinca com o saleiro.
- Como eu disse, não esperava me apaixonar, assim como também não ficaria aqui por muito tempo. A ideia
era conseguir esse emprego, me mudar e de lá conseguir algo melhor ou fazer com que estendessem o meu
contrato. Sei lá. De qualquer forma, eu iria embora daqui. Essa casa era para ser passageira porque eu
estava apertado e precisava juntar dinheiro. Você não estava nos meus planos.
Ao mesmo tempo que suas palavras me machucaram em algum nível, elas também me deixaram emotivo.
Jeongguk volta os seus olhos pros meus e foda-se o que eles diziam, não sabia o que estava vendo além dos
globos escuros brilhantes. Eu odiava a ideia de amar que seus olhos estejam focados em mim.
- E aí? Você pode ir ainda. Você me disse que não iria chorar se eu terminasse com você, eu digo o mesmo.
Foram só três meses, afinal. - Murmuro a última parte, deixando óbvio que o tempo não indicava nada. Eu
chorei pelo cara duas semanas atrás, eu era um idiota.
- Pare de agir como uma criança. Já basta Nayeon. - Jeongguk se levanta e começa a recolher os itens na
mesa.
- Não respondeu minha pergunta Jeongguk. - O forço parar, me ponho a sua frente, retirando a tigela de
arroz de suas mãos. - Fala o que se passa na sua cabeça, eu preciso saber. Olha, eu estou louco. - Admito,
segurando sua camisa preta contra os meus dedos, tento ser sincero. - Eu fico imaginando como será sem
você por um ano, mas você nem está tanto tempo comigo. Não deveria ser tão desesperador, certo?
Subo a minha mão até o seu rosto bonito, ainda era incrível o quão macia era a sua pele. E o cara raramente
tinha espinhas, como isso?
- Eu não me importo, faça o que quiser. Se quiser ficar, fique. Se quiser, vá. Eu vou te apoiar, seja qual for a
sua decisão. Eu só quero que você faça isso porque quer, não porque eu estou surtando. Isso passa. Eu sou
meio chato, então você vai me ver todo mês e minha mãe disse que paga as minhas passagens.
Jeongguk solta uma risada, logo sinto os seus braços me rodeando. Aproveito e toco o seu cabelo curto
demais para segurar entre os meus dedos quando ele apoia sua testa na minha.
- Você foi uma surpresa para mim. - Jeongguk se afasta o suficiente para que possamos estar com nossos
olhos nivelados. - Eu pensei que você fosse hetero, depois a gente ficou, e então achei que só poderíamos
nos divertir juntos e você fosse um infiel hétero curioso. E aí você, em um curto período de tempo, me fez
completamente apaixonado por você.
- Com todas as falhas? - Questiono enquanto sinto sob os meus dedos a pele de sua nuca, numa ânsia de
gravar todo e qualquer contato que tivermos.
- Com todas as falhas. - Afirma.
Era ridículo que eu ainda sentisse frio na barriga quando ele me olhava daquele modo.
- Você se apaixona rápido demais. - Murmuro contra a sua pele do pescoço. O sinto apertar os lados do meu
quadril.
- Quando eu for, não caia nas palavras de Nayeon. Sabe que ela meio que...
- Tem inveja de mim? É eu sei. - Deixo um rápido selar contra o seu pescoço.
- Seja como for. Olhe para mim. - Sussurra e faço como pede. Jeongguk move suas mãos e segura cada lado
do meu rosto, seus olhos escuros atentos a mim. - Um ano. Eu quero fazer isso dar certo, ok?
- Ok. Não vou dar para trás. Vá fazer dinheiro, já que me prometeu que eu não precisarei trabalhar mais.
- Trabalhar é bom Taehyung, sabe... - Sorrio, sentindo um misto de coisas.
Deixo que ele me beije, deixo que me faça sentir bem em sua presença.
É óbvio que eu estou com medo. Não existe aquele ditado assustador que diz: O amanhã a Deus pertence?
Se eu não faço ideia do dia de amanhã era justo eu me sentir amedrontado pelas incertezas. Jeongguk e eu
estamos juntos a pouco tempo, mas os sentimentos são fortes demais para serem ignorados. Não me
arrependo das minhas escolhas, parecem ser certas e definitivas. Não mudaria nenhuma delas. Eu sou um
homem de palavra.
Agora você me pergunta: e como que fica as coisas, Taehyung? Eu realmente não sei responder. As únicas
certezas que tenho são que: minha mãe definitivamente vai pagar minhas passagens - sim, estou
explorando uma idosa -, Nayeon continuará a ser uma otária egoísta - invejosa também -, e que eu não vou
terminar com Jeon jeongguk.
Ao menos que ele mate alguém ou me traia. Embora se ele matar alguém, eu possa relevar, dependendo do
caso, certo?
Seja como for, posso dizer-lhes uma coisa: o amor é uma grande merda que cai na sua vida e te deixa
fodido. Se não passou por essa, espero que passe, é bom para caralho.

Nota: Muito grata a quem leu até aqui, pela paciência - por um tempo quase desisti dessa história - e
pelos votos e comentários, cada um desses importaram bastante para o processo, assim como para saber
como a obra está sendo recebida. Obrigada mesmo.
Agora vamos as informações adicionais e preciso de direcionamentos! Eu tenho duas propostas: a
primeira seria finalizar essa história com um ou dois capítulos resumindo os passos que deu o
relacionamento de Jeongguk e Taehyung, podendo aí contar com uma pov do Jeongguk!
A segunda seria fazer uma mini segundo parte da história, com, mais ou menos, dez cap, contando
também sobre o relacionamento deles, entretanto, com mais espaço para os pormenores, inclusive como
Taehyung e Jeongguk estão lidando com a distância e a suas decisões para o futuro de sua relação.
Deixo que vocês escolham qual seria mais viável ou preferível, minha única condição é que esperem um
pouco caso a escolha for o segundo. Porque, se caso essa for a escolha, vou escrever tudo antes de postar,
para não ficar atrasando.
Adicionando aqui que não esqueci que, apesar de termos a primeira vez do Jeongguk com o Taehyung,
não tivemos a primeira vez do Taehyung com Jeongguk ... 👀
De qualquer forma, muito obrigada pela leitura! Fiquem bem!
Capítulo 41- Parte 2

Olho para a esquerda e encontro a irmã de Taehyung gritando com alguém no telefone, viro para a direita e
Taehyung lutava com a massa da torta, desvio minha atenção para o chão e ao meu lado o sobrinho de
Taehyung estava coberto de farinha enquanto que o saco da mesma pendia de suas pequenas mãos. O
cenário do caos.
-Ei, rapaz! Fizemos uma confusão, certo? - Abaixo-me diante do pequeno que sorri com seu rosto todo
branco. Não consigo prender a risada de vê-lo assim.
Desde que cheguei, há dois dias atrás, eu não sei o que é descansar. Nunca descasquei tantos legumes na
minha vida, assim como nunca passei tanta roupa, varri casa, lavei louça, troquei fraldas, fiz papa de
criança, subi e desci escadas, cortei grama, fui uber e afins. Tudo em excesso.
A família de Taehyung era tão tempestuosa quanto ele. O pouco de contato que eu tive com eles meses atrás
não me preparou para a realidade que era ser da família. Como a mãe dele, Beatrice, me designou: o novo
integrante da família. E, com isso, eu me tornei tão passível de trabalhar quanto todos nessa casa.
-Tina o seu filho está cheirando pó! - Taehyung grita, sendo que sua irmã estava no cômodo ao lado. - Ei,
pirralho, você não pode ir por esse caminho. Conhece nosso tio Antonio? Morreu cheirando farinha de
trigo.
Olho para Taehyung que parecia demasiado sério, considerando que ele estava falando com uma criança de
dois anos. A massa mole em sua mão, o avental sujo, de alguma forma ele conseguiu manchar o seu rosto
com farinha de trigo também.
Me distraio por alguns segundos pela fofura dele.
Assim que os seus olhos voltam-se para mim, volto a me encantar com o tom claro.
-Você percebe que ele está sujando a sua calça, certo?
Dou uma rápida olhada para baixo e o pequeno Mario marcava sua mão na minha calça preta. Usar preto
na casa de Taehyung não era uma boa ideia.
-Que seja. Vem cá. - Pego o garoto no colo, que parecia feliz com a minha decisão. - Que tal sujarmos um
pouco o tio Taehyung? Ele não parece meio limpo para você? Talvez assim tornemos ele viciado em pó
também?
Taehyung abre um lindo sorriso para mim. O mesmo que talvez ele não fizesse ideia do quanto mexia
comigo.
-Eu sou viciado em outra coisa, inclusive não posso dizer porque é inapropriado para crianças.
A intenção salta através de sua expressão.
-Porra, Mario!
Gargalho quando Mario bate no rosto de Taehyung sem nenhuma cerimônia. A criança se anima no meu
colo querendo ir para o seu tio.
- Não xingue perto do meu filho seu delinquente. E por que ele está assim? Vocês só tinham que ficar de
olho nele!
Tina o tira do meu colo sem se importar com o fato de marcar sua roupa com a farinha. Tina era a versão
feminina de Taehyung. Os dois eram muito confusos, desatentos e faziam piadas sem noção. Algo que eu
poderia apontar de diferente é que Tina não diz coisas aleatórias, enquanto o seu irmão carregava preciosas
falas que eu nunca entendia como ou de onde vinham.
-Veja, eu não tenho filhos, tenho que fazer massas! Esse homem está ocupado cortando o salame a meia
hora, respeite-nos! Sua cria, se vire. - Taehyung se abaixa até ficar frente a frente com Mario. - Desculpa ter
xingado, não repita isso, ok? Mas não bata no meu rosto de novo, ou quando você fizer cinco eu não vou te
dar a sua viagem para Disney.
Mario sorri e bate no rosto dele de novo.
-Seu...
-Lave a sua boca! - Tina reclama já tirando o seu filho da cozinha.
-Mario que é um delinquente! Tão novo, já está perdido. - Taehyung levanta os ombros, representando
muito bem a aparência de quem está desolado com o fato fantasioso.
Eu gostava de ouvir os pensamentos de Taehyung. Principalmente porque eu achava o seu humor estranho
um charme. Algo sobre ele sempre parecer estar fora da zona da convencionalidade me atraia em sua
personalidade. Era sempre como se ele não estivesse prestando atenção em nada e, por vezes, eu realmente
acho que ele não está. Acabei descobrindo que ele é hiperativo com grau leve. Ele disse que não contava a
ninguém, embora às vezes fosse visível. E desde que me disse isso, eu pude entende-lo um pouco mais e
amá-lo também.
-Jeongguk preciso que você arrume a sala... o meu chão! - Beatrice chega com mais sacolas, fecho os olhos
sabendo que aquilo significava mais trabalho a fazer.
-Foi Mario. Mande Tina limpar! - Taehyung murmura tacando a massa de volta na tábua.
-Preciso que você limpe a sala, Taehyung já pode deixar a massa descansar, aproveite e limpe esse chão!
Hoje a gente finaliza os pratos. - Beatrice começa a retirar enlatados das bolsas, Taehyung me olha
intrigado e acho que correspondo.
- Mãe... para que tanta coisa industrializada? - A mais velha se vira para nós, sua expressão energética,
como se ela não houvesse feito nada dentre esses dias.
-Vamos distribuir nos centros de acolhimento. O mínimo que podemos fazer por essas pessoas que estão na
rua. A igreja está organizando...
- Eu não vou sair de casa hoje! Mande Tina. - Beatrice lança um olhar feroz para o seu filho. Passei tempo o
suficiente nessa casa para saber que ela daria um sermão e forçaria nós dois a levar as latas para a igreja. Se
ela já tiver decidido sobre também sermos os responsáveis por entregar de mão em mão pelas ruas, iriamos
fazer. Não adiantava lutar contra Beatrice.
- Eu não te criei para ser ingrato. Estamos celebrando o nascimento de Jesus, o homem foi como um
graduado em serviços sociais.
-Jesus era servidor público? Graduou-se em que instituição mesmo? - Taehyung me pergunta, vejo a ironia
nos seus olhos, mordo o lábio para prender a risada.
-Na verdade, foi. Graduado através da faculdade em nome do pai, do filho e do espírito santo. - Concluo
arrancando uma risada de Taehyung.
-Vocês são tão idiotas. Jovens e homens, combinação mais burra que essa. Saem da minha cozinha. Vocês
estão me estressando.
Taehyung segura o meu pulso, me puxando para fora da cozinha.
-Tina venha limpar a sujeira do seu filho agora! - Beatrice grita. - Cadê a outra criança?
Entre a casa de Taehyung e a dos vizinhos havia uma distância considerável, mas eu tinha certeza de que
podiam ouvir os gritos que emanavam daqui.
===
Ao me jogar na cama de Taehyung consigo finalmente descansar. Meus olhos pesavam e mal conseguiam se
manter abertos.
-Você parece cansado. - Movo a minha cabeça na direção do som da voz dele, me esforço para abrir os
olhos. A visão de Taehyung vestindo suas roupas de dormir, que consistia em uma bermuda de algodão
larga e uma blusa cinza mais larga ainda. Ele ficava bem com seus pijamas, mas eu sou suspeito. O achava
lindo em qualquer roupa.
-Eu acho que estou trabalhando mais aqui do que no meu próprio serviço. Eu acho que já estou qualificado
para ser um homem da casa. - Luca sorri e levanta os ombros.
E, então, ele me olha daquele jeito.
Eu sei que ele não tem consciência do modo como me olhava, não era planejado. E era exatamente nesses
momentos que eu sentia que valia a pena. Que a nossa relação sempre valerá a pena. Quando os seus olhos
castanhos claros repousavam em mim, diferentemente do alvoroço que se hospedavam ali na maior parte
do tempo, era um olhar carinhoso, beirando ao tímido, porque sempre desviavam dos meus. Não conseguia
sustentar os meus por muito tempo.
Viver e experienciar essa relação amorosa com Taehyung me fez entender seus movimentos. Seja como os
fossem com Tzuyu, comigo era geralmente em dois lados. Quando ele queria me mostrar o que sentia,
Taehyung era promissor no contato físico, e quando queria ser mais atencioso, ele se tornava suave. Não
havia sexo e suave com Taehyung na mesma frase e eu me pergunto o porquê. Mas não me importava com
isso. Visto que quando esse olhar mais atento e preocupado eram destinados para mim, eu me sentia amado
por ele.
Deitando-se ao meu lado, apoia sua cabeça na mão, assim, facilitando para ver o seu rosto e vice-versa.
-Eu disse para você só vir amanhã. Minha mãe não se importa em usurpar das pessoas, ainda mais se são
namorados de seus filhos. O marido de Tina teve que ajudar a construir a casa da frente porque minha mãe
disse que ele podia ajudar. Ela não conhece os limites.
Amava como os seus cachos eram rebeldes por natureza, as indefinições posavam junto aos mais
comportados.
-Que bom que eu fiquei com a parte doméstica. Não sou bom construindo coisas. - Murmuro, sem forças
para falar mais alto.
-Você é meio frouxo, né? Já está cansado! Uma semana aqui e você morre. Que tipo de homem eu arrumei?
- A sua bochecha incha, o nariz franze, assim como sua testa.
Sinto a necessidade de tocar o rosto dele. Ficava tão fofo quando queria me provocar. Sua linguagem do
amor era algo refrescante para mim.
Taehyung inclina-se para o meu toque em sua mandíbula. Ele também era tão expressivo. Desde o nosso
primeiro beijo eu cheguei a duvidar se ele realmente era o tipo de pessoa que apenas demonstrava o que
estava sentindo. Conforme o tempo foi passando, isso se confirmou.
-Sou frouxo. Mas não me descarte, eu não tenho devolução. Se vire com o que tem.
-Desculpa. - Sussurra, esticando a sua mão para segurar a minha. - Quase não tivemos tempo para nada,
além de ajudar com as preparações para o natal. E, terça você vai embora e mal conseguimos transar.
Sorrio. Taehyung me tira do momento o qual achei que ele falaria algo romântico, quebrando a minha
expectativa. Ele fazia muito isso, e eu não conseguia me acostumar. Os seus olhos pareciam tão genuínos.
Ele falava de sexo como se recitasse uma poesia canônica. Isso era um dom. E no mundo de Taehyung não
era nada demais.
-Você apenas queria transar comigo? Estou me sentindo o seu brinquedo sexual. - Taehyung revira os seus
lindos olhos.
-Eu quero tudo de você, mas o tempo não permite, então transar será melhor.
Sua face séria confirmava que ele realmente não se importava em como suas palavras soavam.
-Até terça a gente dá um jeito. - Ele acena fofamente.
-Eu estou feliz que você está aqui. Eu realmente gosto da sua presença nessa casa. Minha irmã tem razão,
você é um ótimo colírio.
-Eu sou, certo? - Taehyung me olha com um desgosto forçado. - Mas sério, eu estou feliz também. Obrigada
por me convidar. Eu amo passar tempo com você, seja como for.
-Até limpando cocô de bebe?
- Até assim. Sua família é perfeita. Eu me sinto confortável com vocês. Se eu não estivesse aqui estaria
trabalhando e na noite de natal passaria em alguma festa ou comendo pizza com Evilin.
- A sua tia que não sabe cozinhar e abdicou dos natais?
- Ela mesma.
Eu não passava o natal com a minha própria família a anos. As datas festivas nunca foram superadas. Eu
sempre me lembrava deles. Minhas irmãs me mandavam presentes, nos víamos no final do ano para checar
como estávamos, mas não era a mesma coisa. Todas passavam o natal na casa dos meus pais como era o
esperado. Por mais que não gostasse de pensar sobre, ainda doía, mesmo que sob muitas camadas de
tempo, saber que não me consideravam parte da família. Pelo menos, não os meus pais.
Então, estar na casa de Taehyung, como o seu namorado, ser aceito pela sua mãe e irmã significava muito
para mim. Acho que o gesto de Taehyung abrir-se para um relacionamento com alguém do mesmo gênero,
me apresentar a sua família, como se não fosse de grande importância o fato de sermos dois homens juntos,
fez muito mais por mim do que eu imaginei. O fato de sua mãe me tratar como um de seus filhos e mandar
em mim como mandava neles me fazia sentir que havia afeto entre nossos laços.
Afetos que vieram de lugares que não o da minha família de sangue. E vindo de Taehyung, o homem que eu
amo e estou ridiculamente apaixonado, significava um novo mundo para mim.
-Espere até conhecer o resto da família. - Taehyung abaixa o seu rosto, carinhosamente esfregando o seu
nariz contra o meu. - Prepara-se para ouvir muitas coisas, porque são todos fofoqueiros e grande parte deles
quiseram vir pelo fato da notícia de eu estar com um cara ser a novidade do momento. Você vai ser tipo o
prato principal, mas quem vai te comer no final será eu.
-Boa noite, Taehyung. Você está passando do ponto. - Ele ri, contente com sua própria fala.
Viro-me de costas para ele e desatino a rir também. Eu amava o fato de nunca conseguir apenas ignorar as
suas piadas. Eram tão bobas quanto risíveis.
-Boa noite, frango. - Taehyung se embola atrás de mim, jogando sua perna sobre o meu quadril e o seu
braço em volta do meu peito. Podia sentir sua respiração contra a minha nuca.
Seguro a sua mão, a entrelaçando com a minha.
-Você é um idiota. - Murmuro.
-Você é mais. - Taehyung deposita um beijo na minha nuca, me fazendo dar um ultimo sorriso antes de cair
no sono.

OBS: Decidi trazer alguns capítulos antes para não deixar vocês a esmo! Como prometido a segunda
parte será composta pela visão do Jeongguk! Espero que gostem!
Capítulo 42 - Natal

Taehyung estava lindo está noite. Ele decidiu usar o presente de sua mãe, uma camiseta de mangas longas
vermelha, com uma calça jeans folgada que caia perfeitamente em seus quadris. Os cachos permaneciam
confusos e livres do jeito que eu amava.
Antes dos familiares dele chegarem, Beatrice nos fez reorganizar tudo de novo porque ela não havia gostado
de como a mesa estava montada, embora ela mesma a tenha montado. O que me arrancou boas risadas
visto que Tina começou a reclamar, o seu marido tentava fazer tudo o que a sogra dizia sem pestanejar, o
homem se esforçou muito; Taehyung ficou responsável por olhar Mario, mas a criança conseguiu quebrar
dois copos mesmo sob a vigília do tio, o que levou a Tina ter que ir segurar o filho e Taehyung ajudar a
organizar a mesa com a gente. Ele quase derrubou o frango e isso rendeu mais meia hora de reclamações.
Vinte minutos antes dos convidados chegarem estávamos cansados e suados.
Taehyung era o mesmo diante de sua família. Talvez um pouco mais irônico do que já era o usual. E ele
tinha razão, nós fomos o alvos de praticamente toda conversa que se formava ao nosso redor.
-Eu sabia que você era gay. Tzuyu era sua namorada falsa, não é? - A prima de Taehyung, Alessandra,
apenas em seus quinze anos parecia muito interessada na vida do seu primo mais velho.
-Não, Alessandra. Eu e Tzuyu de fato namoramos. Mas agora eu estou com Jeongguk. - A didática de
Taehyung parecia forçosa e eu tomo um gole do meu suco de uva para não rir.
Beatrice disse que a bebida só seria servida depois da comida. Eu não fazia ideia do porquê, mas tinha algo
haver com Jesus e meia noite.
-Não faz sentido! Ela era muito bonita, parecia uma modelo! E ele é muito bonito, parece os cantores que eu
gosto. - Alessandra me olha, reluzindo muito interesse. - Você conhece BTS? Sevanteen? Exo?
-Sim, mas não estou familiarizado com todos. Conheço algumas músicas do BTS. - Afirmo, o que a faz abrir
um amplo sorriso.
-Você é muito bonito mesmo, Jeongguk. - Sorrio em agradecimento. Um olhar para Taehyung e ele parecia
estar cansado daquela conversa. -Olha, se você esperar três anos eu vou ter idade suficiente para namorar
alguém mais velho. Acredite, eu sou melhor que Taehyung e mais bonita.
Quase me engasgo com o suco. Não esperava que ela falasse algo assim. Não havia um pingo de vergonha
em sua expressão.
-Pirralha, vai ficar com os outros primos, pare de perturbar meu namorado. Ele não é um cantor de kpop e é
bem mais velho que você. Vaza. - Alessandra revira os olhos.
-Minha mãe diz que amor não tem idade. - Ela responde de modo petulante.
-Sua mãe está usando o discurso de um homem de oitenta anos pedófilo.
-Está chamando minha mãe de pedófilo? -Alessandra parecia obstinada a não ceder.
Taehyung suspira alto.
-Você precisa estudar. Por isso não pode namorar alguém mais velho. Vaza! - Alessandra ia dizer mais
alguma coisa, mas Taehyung a corta. - Vaza!
Ela fecha a face para seu primo, porém, antes de ir embora me olha e pisca.
-Ela acabou de flertar com você? Meu Deus, ela só tem quinze anos! -Taehyung parecia indignado e eu
sorrio.
-Não seja rude com sua prima, ela é fofa. - Taehyung me olha, descartando a minha fala.
-Eu sou fofo, Jeongguk. Ela é chata. Se eu deixasse, ela iria te arrastar para conversa sobre dorama, kpop,
um tal de J-hope e blá, blá. Você não quer ficar preso com uma garota de quinze anos que não sabe
interpretação discursiva falando sobre seus interesses em meninos asiáticos. Acredite em mim, você não
quer.
-Já passou pela sua cabeça que eu posso estar interessado em falar sobre meninos asiáticos e doramas? -
Taehyung me olha dos pés a cabeça.
-É agora que deveríamos terminar?
Antes que eu pudesse responder somos interrompidos por um casal.
-Olá, tia Bianca, tio Jan. O senhor parece mais jovem, andou comendo verduras, né? - O homem gargalha,
puxando Taehyung para um abraço.
- Eu melhorei minha alimentação sim, rapaz. Cortei massa. Daqui alguns dias estarei como seu amigo aí,
forte e bonito.
-E eu? Eu sou forte e bonito também tio! - Taehyung finge indignação e faz seus tios rirem. - Entendi isso
como um não. Família verdadeira é um saco.
-Pare de drama Taehyung, você sempre será nosso príncipe. Lindo! - A moça desvia os seus olhos para
minha direção, o seu sorriso continuou intacto. - Eu soube sobre você! Prazer te conhecer.
-Prazer conhecer a senhora também.
- Esse aqui é o meu namorado tio. Somos amigos, mas o título é namorado. - Taehyung diz para o seu tio
Jan. O mais velho acena.
Não ignoro o sentimento de contentamento que ascendeu em meu peito com as palavras de Taehyung.
- Hoje em dia é assim, namoram homem e homem. Eu vi um casal de meninas essa semana no
supermercado. - Soma-se a conversa mais uma mulher, ela era mais uma das tias de Taehyung.
Não tinha certeza de quem era irmã de sua mãe ou apenas parentes outros, Taehyung e Tina chamavam
todo mundo de tio ou primo.
-Mas você não estava com aquela menina, a de olhos verdes toda tatuada? - O tio Juan questiona.
-Terminamos, não deu certo. - Taehyung resume.
-Não deu certo por que você é gay? - A recém chegada pergunta.
-Isso mesmo Dani, não deu certo porque eu sou gay e me apaixonei por Jeongguk.
Mantenho a minha expressão, todos pareciam apenas curiosos. Taehyung estava manejando a situação
como um professor ensinado uma matéria nova.
-Jeongguk você é muito bonito, qual o seu emprego? Modelo? - A tia Bianca dessa vez fala. Ela parecia
realmente contente em me ver.
-Obrigado! Mas eu sou designer. Trabalho criando publicações e logos para empresas.
-Uau. Um rapaz talentoso! Deve ganhar bem, não é meu filho? - Agora, o tio Jan que me pergunta.
-Relativamente bem, senhor. - Jan acena, como se ele entendesse bem o que eu quis dizer.
-Hoje em dia o amor não tem regras. Eu estava lendo sobre isso, viu Taehyung. Quando sua mãe disse que
você estava com um homem eu fiquei chocada. - Dani comenta como se estivéssemos falando do tempo.
-Eu também! - Bianca concorda.
-Mas eu fiquei pensando, bem que Taehyung sempre foi meio assim sabe.
- Assim como Dani? - Taehyung pergunta.
- Meio feminino em certas coisas. Quando ele chorou porque a vizinha não quis dar para ele a boneca dela. -
Conclui.
-Bobagem. Taehyung sempre foi um garoto bem masculino. Ele brigava e tudo. Se lembra que ele mesmo
arrancou o dente da frente? Ou quando ele cismou de ir caçar com o Vinicius?
Taehyung me olha, claramente querendo sair daquela conversa sobre ele ter ou não aptidão gestual e
preferencias homossexuais desde a infância.
-Amo vocês, mas eu não quero que meu namorado escute sobre essa fase da minha vida. O que importa
agora é que eu sou gay gente, passamos por isso? Tio e tias, comam a torta, eu que fiz. Vou ali bater um
papo com os adolescentes e falar sobre a importância deles tirarem o título.
- Vai lá, meu filho! Não queremos deixar vocês entediados! - Tia Jan sorri, acenando para gente.
Taehyung me puxa com ele para fora da casa, deixo que ele me leve para longe da residência.
- Para onde estamos indo? - Questiono assim que passamos pelo decimo carro rua a fora.
Sem me responder, Taehyung continua me puxando com ele. Quando finalmente para, estamos no final da
rua. As casas por ali estavam escuras e silenciosas. Os enfeites eram as únicas coisas que confirmavam que
de fato alguém morava ali.
- Os velhos são piores que adolescentes. Desculpa por isso. De qualquer forma, eu te avisei. Grande parte
são tranquilos, mas se eu ficasse ali a tia Dani iria começar a falar merda. Ela se diz progressista mas eu sei
melhor.
Observo o quanto ele parecia nervoso. Falava rápido demais, seus pés e mãos não parava quietos. Os cachos
já se revoltaram com o tanto de vezes que ele passou a mão neles dentre desses últimos segundos.
-Tudo bem, amor. Eu não estou chateado. Eles estavam sendo simpáticos da maneira deles. Esses
comentários são mínimos. Eles estão tentando entender quando foi que você virou gay. Ainda é estranho
para eles, e você será assunto por longos anos. E eu também porque sou lindo.
Taehyung solta uma reclamação dentre dentes que se tornou inteligível.
O puxo contra mim e ele cede sem resistência. Seguro sua nuca, enfiando os meus dedos entre os seus
cachos macios, massageando o seu couro cabeludo. O observo fechar os olhos e deixar sua cabeça pender
contra o meu ombro.
Aproximo o meu nariz de seu cabelo, sentindo o cheiro bom do seu novo condicionador.
-Você manejou muito bem. Eu gostei quando você me chamou de namorado. - Confesso para ele.
Na verdade, eu sempre gosto quando ele me chama de namorado, mas ficar anunciando isso seria demais
até para mim.
-Você é emocionado. - Taehyung murmura, levantando as suas mãos até as repousarem no meu quadril.
Sinto quando ele pressiona o seu corpo contra o meu. -Eu não estou louco, a minha prima Sandre te olhou
muito sedenta. E eu nem posso culpa-la, você está ridículo hoje. É natal Jeongguk, não pode chamar mais
atenção que Jesus.
Taehyung começa a distribuir beijos contra a minha garganta.
Enrosco os meus dedos nos fios longos e puxo a sua cabeça para trás, o forçando a olhar para mim. Perco
minha concentração ao ver os lábios carnudos entreabertos. Taehyung tinha uma linda boca. Tão atrativa.
Me dava ideias e mais ideias do que eu poderia fazer com ela.
-E você é ciumento.
-Não tanto quanto você. - Murmura.
-Quer pecar um pouco? - Pergunto, aproximando sua boca da minha.
-Jesus que me perdoe, eu adoro pecar com você. - Ele murmura contra os meus lábios.
-Hoje é o aniversário dele, deve estar ocupado. Vem cá.
Assim que nossos lábios se tocam eu esqueço onde estávamos. Era inebriante ter Taehyung nos meus
braços, sentir como ele se desmanchava contra mim. Sua boca seguia a minha sem receios; alçando a sua
língua com a minha enquanto puxo os fios do seu cabelo, o ato faz com que Taehyung soltasse um gemido
tentador.
Eu sei que ele gostava quando eu era rude, mesmo que não admitisse. Mas eu me controlava com isso
porque eu me conheço. Se eu fizesse com Taehyung metade das coisas que eu tenho vontade, talvez ele se
amedronte. Por isso, eu aproveito o que posso e o que ele pode me dar por enquanto. E aos poucos vou
testando o que ele consegue ou não aguentar.
-Merda. Merda. Merda. Ainda temos o jantar e eu preciso de você. - Taehyung murmura quando me afasto.
Não dou muita atenção, seus lábios estavam lindos e agora molhados graças a nossa troca de saliva. O
empurro contra o carro mais próximo e agradeço mentalmente por não soar a alarme.
Seguro o seu rosto com uma mão e com a outra me ocupo em desabotoar a sua calça.
-Eu preciso de você o tempo todo, então estou acostumado. - Enfio a minha mão dentro de sua calça, a
deixando por cima da cueca.
-Nem pense em fazer isso Jeongguk. Estamos na rua e eu não quero ter que trocar de roupa. -Mesmo sob os
seus comentários, Taehyung enrosca o seu braço ao redor do meu pescoço e me beija logo em seguida.
===
-Eu não vou perguntar o que vocês estavam fazendo. Mas se não quiserem que os curiosos de plantão lá
dentro façam o mesmo, arrumem-se.
Tina estava do lado de fora fumando enquanto mexia em seu celular, um olhar para gente e ela soltou esse
comentário.
Não fiz Taehyung gozar, o que o deixou irritado, mesmo que ele havia pedido por isso. Seu humor de pau
duro me deixou animado. Gostava de vê-lo frustrado sexualmente, sempre me rendia bons momentos
depois.
O jantar foi incrível e satisfatório. A família de Taehyung era toda barulhenta, havia música tocando mas
não conseguia escuta-la, visto que todos estavam falando ao mesmo tempo e extremamente alto. Acabei
participando de assuntos muito aleatórios com os homens da casa sobre a inflação e a manipulação dos
anúncios publicitários.
De fato, me sentia feliz com tudo. Todos, apesar do choque e de algumas perguntas desnecessárias, não se
importaram o suficiente para serem mal educados ou expressarem alto nível de homofobia. O marido de
Tina foi muito simpático e ele era o total oposto da esposa de tão calmo. Ele disse que gostou de me ter na
família, assim ele e Taehyung não ficariam sozinhos nos jantares. Embora eu não tenha entendido, já que
Tina e Beatrice eram apenas duas, mas pensando melhor, elas duas davam de cinco neles.
Gostava de onde a minha vida estava agora.
Um olhar para Taehyung, que estava em pé próximo da porta escutando um dos seus tios falar, e não vejo
como ele não estará no meu futuro. Mesmo passando os últimos meses distantes, nada mudou entre nós.
Taehyung encontra o meu olhar, sua face não apresenta expressão. E eu me lembro da primeira vez em que
nos vimos. O seu olhar recomposto e inexpressivo era demasiado interessante. Porque por mais expressivo
que ele seja quando está perto de mim, a distancia entre nós, física e espaçamente falando, me tirava da
zona de conforto. Não sabia o que se passava na cabeça de Taehyung. Não havia dica nenhuma. Ele sempre
aponta que eu sou o difícil de ler, mas se ele soubesse que na distância entre nós ele se colocava nesse lugar
de ilegível, será que me levaria a sério?
Taehyung longe de mim é um desafio.
Capítulo 43 - Mês 5
- Jeongguk, já são quase dez horas. Vamos embora? Eu posso te dar uma carona.
A voz feminina rouba a minha atenção por curtos segundos, a face sorridente e cansada de Luana me
lembra que eu deveria estar tão exausto quanto ela.
-Vou finalizar aqui. Obrigado.
Luana não disfarça a preocupação, mas sorri com um aceno.
-Então, vou deixar com você essa barra de chocolate. - Após retirar de sua bolsa uma pequena embalagem
azul, a coloca sobre a minha mesa. -Você deveria ir para casa, esse trabalho não vai fugir daí. Segunda feira
ele estará esperando por você. Percebe que não é saudável trabalhar até tarde todo dia, certo?
-Percebo. Mas eu estou bem. Boa noite, a gente se vê! - Com um último sorriso destinado a ela, volto a me
concentrar no que tinha que fazer.
Ela tinha razão. Eu havia criado um padrão. Chego às sete e trabalho até meia noite. De segunda a sexta.
Passando-se quase cinco meses dá para entender que eu virei o chamado 'viciado no trabalho' entre os meus
colegas. Porém, tudo o que eu conseguia pensar era que conforme vou pegando mais serviço, mais vou
aumentando o meu bônus e, consequentemente, as minhas chances de conseguir um bom emprego, ou tão
bom quanto esse, quando eu fosse dispensado do contrato. E, acima de tudo isso, vinha o fato de que
quanto melhor e mais rápido eu fizesse os meus trabalhos, eu poderia voltar para Taehyung. E, ao mesmo
tempo, não pensar nele enquanto estou aqui.
Eu vivia para os finais de semana. Ultimamente Taehyung preferia vir me visitar. Ele realmente gostava de
ficar na casa da Naki, ele e Wooyoung pareciam felizes em vir me visitar apenas para experimentar as
comidas estranhas dela. Eram nos finais de semana que eu finalmente podia relaxar, ver o meu namorado,
ficar com ele. Embora nos falássemos todo dia, não era a mesma coisa e por mais que Taehyung fingisse não
ter problemas, eu sei que isso estava começando a mina-lo aos poucos.
Então, focar no serviço me deixava mais tranquilo. E eu tinha um teto de trabalhos para alcançar, se eu
fizesse isso antes do prazo acabar, eles me liberariam mais cedo e com todos os meus benefícios.
Assim que o relógio marca meia noite eu decido ir embora. A empresa ficava aberta 24h por dia, visto que
habitava uma ala de telefonia no andar de cima.
Sentia meu pulso doer devido ao esforço de desenhar o dia todo, faço uma rápida anotação mental para
tomar um remédio quando chegar em casa. Era estranho pensar em casa, pois eu havia me acostumado com
a de Wooyoung, agora eu morava com Naki, eu a conheci anos atrás, fizemos faculdade juntos, mas ela
desistiu de desing e foi para culinária especializada japonesa. Apesar dos pratos que ela cria terem
aparências, por vezes, duvidosas, ela cozinhava fenomenalmente bem. E graças a ela que eu me alimento
saudavelmente e não desfaleci, além de ter um teto. Naki sempre faz uma marmita para mim, não sei como
ela ainda se lembra que eu esqueço de comer quando estava focado no serviço. Era um hábito da faculdade
que levei para vida profissional.
Seja como for, viver com Naki era confortável. Eu ficava fora de casa grande parte do tempo. Saíamos muito
pouco, mas sempre conseguíamos estabelecer uma rotina na qual eu consiga vê-la e nos atualizarmos.
No momento em que chego no prédio, começo a sentir o cansaço domar todo o meu corpo. A animosidade
que me sustentava se esvaindo de uma única vez. Taehyung provavelmente chegaria de madrugada,
recentemente ele havia decidido chegar no sábado. Então, eu deveria ter ao menos três horas de sono antes
dele chegar.
Ao prostrar-me na porta do apartamento consigo ouvir as risadas inconfundíveis de Wooyoung. A energia
que antes me deixou volta ligeiramente, pois em um piscar de olhos abro a porta.
-Meu garoto! Você parece cansado, tá morto Jeongguk? - O sorriso profano de Wooyoung foi a primeira
cena que eu vi, seus braços abertos e uma expressão acalorada. Automaticamente perpasso os meus olhos
ao redor da sala a procura de Taehyung.
-Eu sei que não sou tão importante, não precisa disfarçar. - Wooyoung aponta me fazendo focar nele mais
uma vez.
-Foi mal cara. Eu te amo! Você está lindo como sempre. - Digo, o dando um abraço.
-Pare de ser falso. Seu marido está no quarto. Pode ir, não precisa fazer sala porque meu anjo aqui já é o
suficiente.
Wooyoung dá uns tapas carinhosos no meu rosto antes de se jogar no sofá em frente a Naki, dou um
cumprimento rápido a ela e não me importo muito em estabelecer uma conversação.
-Continua Wooyoung, e ai o que aconteceu depois? - Questiona Naki.
Não era novidade que Wooyoung poderia fazer amizade com qualquer pessoa, com Naki não foi diferente.
Eles criaram um vínculo através de receitas e fofocas sobre pessoas que eu não conheço mas parece eles
sim.
Dirijo-me para o quarto na ala esquerda. O apartamento não era grande, só havia dois quartos, um
banheiro minúsculo e uma cozinha que se dividia com a sala. Mas era mais fácil poupar dinheiro morando
com alguém. Naki foi simpática em me deixar ficar, visto que ela não precisa de ajuda financeira. Mas faço a
minha parte, somo nas compras do mês e nas despesas da casa.
Ao adentrar no quarto escuro, ascendo a luz, Taehyung não se move. Reparo no seu corpo extremamente
confortável na minha cama. Ele estava usando os meus pijamas, a calça de moletom e blusa preta. Meu
coração reage de tanta saudades dele. Largo minha bolsa no chão sem cerimônias e me deito na sua frente.
Toco o seu cabelo, mesmo que o tenha visto semana passada, sempre parecia tempo demais.
-Oi, amor. -Sussurro contra a sua bochecha.
Taehyung se mexe minimamente.
-Chegou tarde. - Murmura sonolento.
-Não sabia que você vinha na sexta, se tivesse falado eu largaria mais cedo.
Taehyung se movimenta de tal maneira que eu pudesse ver o seu rosto, ele abre os seus olhos lentamente.
Sorrio, apreciando o quão fofo ele ficava quando acordava.
-Espero que não estivesse me traindo. Eu queria jantar com você, mas você demorou muito.
Reviro os meus olhos de suas baboseiras. Se ele soubesse o quanto eu preferiria voar todo dia apenas para
estar com ele...
-Da próxima vez, me avise. - Beijo a sua boca, mas não me estendo muito. -Me espere, ok? Eu só vou tomar
um banho.
Quando Taehyung estava aqui as coisas faziam sentido. Não era toda semana que podíamos nos ver, devido
ao trabalho dele e o meu. Assim como não era todo dia que conseguíamos nos falar. Era difícil manter uma
relação a distância. Eu aprendi a confiar em Taehyung, assim como ele também teve que aprender a confiar
em mim. Estamos mais longe um do outro, grande parte do tempo, do que próximos. E era desconfortável
essa situação.
Então, toda vez que eu o podia tê-lo para mim, eu o queria apenas para mim. Sua atenção, suas falas, seus
beijos, seu corpo. Tudo. O nosso tempo era tão limitado que eu não desgrudava dele até o momento de
deixa-lo embarcar. Eu sentia falta dos cabelos enrolados e bagunçados, das suas reclamações aleatórias de
manhã, da sua preguiça em ter que ir trabalhar, de poder ajuda-lo nas tarefas usuais como preparar o seu
café e receber um sorriso matinal doce. Ou faze-lo dormir enquanto acaricio o seu coro cabeludo; até
mesmo sinto falta de assistir aos mesmo episódios de Ataque aos Titãs com ele. Eu até comecei a gostar.
Bem pouco. Mas quando assistia com ele se tornava muito mais interessante.
Taehyung era o manhoso entre nós e eu amava mima-lo, seja como for.
Eu sentia falta de tudo sobre ele, o tempo todo.
===

Ao abrir os meus olhos me considero o homem mais feliz da terra. Encontro os castanhos claros de
Taehyung, que me observavam descaradamente.
-Bom dia. Está me admirando? -Procuro pelo o seu corpo, me aconchegando nele.
-Bom dia. - Atento-me quando ele não rebate com nenhuma ironia. Seus olhos estavam fixos em mim.
-O que foi?
Ele nega com um aceno devagar. Havia esses momentos, não sei se posso categorizar como raros, vem
acontecendo com uma frequência regular, quando Taehyung tirava o seu tempo me olhando e não
expressava nada do que estava pensando. Ele geralmente não mantinha as suas ideias para si mesmo, mas
em certos momentos como esses, quando os seus olhos pareciam hipnotizados no meu rosto, ele se calava.
Ao sentir sua mão tocando o meu rosto, volto a fechar os olhos. Seus dedos acariciam lentamente a pele da
maça da minha bochecha. O seguro mais firme, o puxando contra mim. Quando eu estava com ele as coisas
pareciam melhores, mesmo que tudo estivesse bem. Com Taehyung se tornava excepcional.
-Não é justo você não ter olheiras. Eu dormi mais que você, como pode parecer melhor que eu?
Sorrio. Seja o que for que ele precisava apenas guardar para si, se foi. Voltamos a programação normal.
-O amor deixa as pessoas mais bonitas. -Murmuro abrindo os meus olhos e me deparando com a sua face
séria.
-Você só tem vinte e quatro anos, pare de falar como um homem de sessenta que acabou de encontrar uma
namorada.
Taehyung leva a sua mão até o meu cabelo, enfiando os seus dedos em meio aos fios. Havia deixado crescer,
ele disse que eu me tornava quatro por cento mais bonito assim. Essa é a porcentagem máxima de
Taehyung para mim e eu levei a sério. Além do mais, eu gostei de como estava ficando o corte. Ainda estava
batendo nas minhas orelhas, não sei se deixarei passar muito mais, no entanto, enquanto isso, estou
gostando do resultado.
-Você foi muito específico. Conhece algum velho de sessenta anos que acabou de encontrar uma
namorada?
-Quais as chances de você me beijar mesmo com bafo? - Taehyung mudava de assunto tão rápido que eu
tinha que estar atento quando ele apenas desviava o foco por necessidade ou por desatenção.
-Zero. - Murmuro dando-lhe um selinho.
-Eu escovei os dentes. -Taehyung era um sacana. Ele sabia que não podia mentir para mim, seus olhos o
deletavam.
Distraído com o seu sorriso, desço a minha mão até o seu quadril.
-Você não escovou. É preguiçoso demais para isso.
Enfio a minha mão por dentro da sua blusa, sentindo a macies da sua pele.
-É natural duas pessoas que dormem juntas se beijar assim que acordam. Não viu nos filmes românticos? -
Taehyung pressiona mais o seu corpo contra o meu, mal conseguíamos nos enxergar de tão perto que
estávamos.
Colando a minha testa na sua, desço mais a minha mão.
-Os filmes são puro suco das idealizações. Eu não vou te beijar com esse cheiro de animal morto na sua
boca. -Taehyung gargalha, me refletindo, pende sua mão até acima do meu quadril. - Mas se quiser chupar
o meu pau eu deixo.
-Me sinto tentado a aceitar. -Sua voz enfraquece quando toco a sua bunda.
Ele não reagia negativamente aos meus toques, mas se eu avançasse, seu corpo se mostraria tenso.
Suspiro e subo a minha mão para a sua cintura.
-Então, está esperando o que? -Pergunto.
Taehyung se afasta, sentando-se na cama me lança um olhar arrogante.
-Você que deve chupar o meu pau. Eu passei cinco horas com Wooyoung roncando no meu ouvido apenas
para ver você. O mínimo que mereço é um boquete.
-Ok.
O jogo contra acama e subo em cima. O interesse realça em seus olhos e se antes eu já estava animado,
agora estou oficialmente duro.
-Boquete de manhã? -Pergunta com um sorriso.
-Bruschetta de café da manhã. -Murmuro.
Abaixo a sua calça, e o lembrete da peça ser minha me deixou satisfeito.
-Bruschetta é um prato real?
Abaixo sua cueca. O olho, capturando sua legítima dúvida.
-Sim. É um tipo de pão com tomate e salsa por cima.
Taehyung parecia pensativo.
-Você está aprendendo muito sobre culinária morando com Naki.
Levanto os ombros.
-É, acho que sim.
Taehyung prende os meus olhos e sustentamos um ao outro por longos segundos. O seu membro livre entre
nós.
-Eu não quero que você chupe o meu pau agora. É tentador, mas não é isso que eu quero.
Franzo a testa sem entender por onde estamos indo.
-Ok. - Faço todo o movimento contrario, o vestindo. Assim que finalizo volto a me deitar ao seu lado. -
Podemos ficar assim o dia todo?
-Naki disse que irá a praia hoje. Vamos com ela.
Reprimo a minha infantilidade e egoísmo ao máximo que consigo. Me apoio nos meus braços para poder
vê-lo melhor e tentar convence-lo.
-Tem certeza de que não quer passar o dia todo aqui comigo? Em troca eu faço quantos boquetes você
quiser.
O quanto eu amava aquele homem não era o usual para o que eu já passei nos meus relacionamentos
passados.
-Seu boquete é superestimável. Passo. - Taehyung me empurra e senta-se no meu colo.
Engulo em seco com a visão. Ele parecia bem demais com as minhas roupas, com os seus cabelos
bagunçados e em cima de mim. Toco as suas coxas, controlando as imagens que cismavam em criarem-se
em minha mente de ter Taehyung nu em cima de mim enquanto deslizava no meu pau.
-A sua mentira não será contabilizada.
Taehyung se aproxima, seus cotovelos apoiados em cada lado do meu rosto. Seguro o seu quadril,
pressionando a sua pele enquanto o puxo para baixo, de forma que ele sentasse em mim.
-Me beija. -Pede.
-Mesmo com bafo?
-A prova se servimos como casal. Temos que ter essa experiência. - Ele me dá um leve selinho.
Ao se afastar vejo determinação. Ele realmente iria me beijar agora. Por isso, o puxo para mim, beijando os
seus lábios. Assim que sinto sua língua tocar o meu lábio inferior, o empurro para o outro lado da cama e
me levanto.
-Vamos a praia! Eu não vou beijar essa sua boca de gambá morto. - Sorrio quando ele agarra o meu braço,
tentando me puxar para cama.
-Jeon jeongguknão seja um péssimo namorado. Eu viajei horas para vir te ver! - Avanço contra ele,
mordendo a sua orelha esquerda. Taehyung se tornava uma bagunça de sentidos quando eu fazia isso.
-Eu te amo. Vamos escovar os dentes e então eu faço o seu café. - Sussurro antes de me afastar.
Taehyung ainda estava deitado, suas bochechas coradas. Meu Deus, permita que eu possa tê-lo para
sempre. Não me incomodaria de acordar com ele todo dia corado na minha cama.
-Você é um péssimo namorado. -Ele murmura se levantando. Sorrio com o quanto o seu cabelo estava uma
bagunça.
-Ei, Taz! Não fique assim. -O abraço por trás sussurrando contra o seu ouvido. Recebo um dedo do meio. -
Eu te ofereci um boquete?
Ele se afasta rapidamente de mim.
-Grande coisa. Eu sou um homem romântico Jeongguk. Boquetes são impróprios. -Taehyung tem a cara de
pau de dizer enquanto abre a porta do quarto.
Como eu sentia falta das nossas dinâmicas. Eu não me cansava delas.
-Falando sobre boquetes de manhã? -Naki questiona zombeteira ao parar em frente a nossa porta com a sua
caneca amarela na mão.
-Estamos falando sobre bruschetta. O prato toscano que você me ensinou. -Digo jogando o meu braço ao
redor dos ombros de Taehyung e o direcionando ao banheiro.
Capítulo 44 - Mês 5

Não consigo tirar os meus olhos de Taehyung.


Sua pele olivada brilhava no sol da tarde. Noto que o seu corpo parecia mais anafado. Taehyung não era um
homem extremamente magro, mas com toda certeza também não tinha as definições que reparo agora. Era
uma mudança pequena, mas para mim que não canso de admirar cada detalhe e conhecer cada parte do seu
corpo, não passou despercebido.
Eu realmente preferia estar em casa, deitado com ele, tendo o seu corpo sob mim. Testando novos limites.
Não estava odiando estar na praia, mas se fosse por afinidades, eu não estaria aqui se não fosse por
Taehyung.
-Nayeon não vem mais com vocês? - Naki pergunta enquanto passava protetor solar nas costas de
Wooyoung.
-Ela está muito ocupada com o seu sugar daddy. - Wooyoung diz com um sorriso no rosto.
-Ela está com um cara mais velho que a banca? - Naki parecia surpresa.
-Claro que ela está. E se esse homem aparecer morto daqui alguns meses não digam que eu não avisei! - A
fala de Taehyung me fez rir e consequentemente Wooyoung revirar os olhos .
-Ela superou o seu homem, para de ser chato. Nayeon está numa nova fase. Agora ela é uma nova mulher. -
Wooyoung parecia orgulhoso.
Nayeon não era uma nova mulher, a diferença é que agora ela cortou o cabelo e passa mais tempo com o
novo namorado. Não divido com eles o quanto conversávamos. Nayeon foi uma amizade repentina, apesar
da personalidade forte e implicante, era uma mulher incrível. Chegou a um ponto em que se houvesse
alguma atração de sua parte por mim, desapareceu. E ela só fazia os comentários certos para aborrecer
Taehyung.
Também não divido que o novo namorado dela era um cara descente. E estava fazendo bem para ela. E isso
incluía pagar tudo o que ela queria.
- Pelo menos ela não me perturba mais. Vive de chá de pau. - Taehyung estava em pé, sob o sol. O brilho da
água ainda escorria pelo seu corpo. Provavelmente sua pele estará mais bronzeada daqui alguns minutos. E
eu já imagino como seria interessante nosso contraste. Queria lamber toda a sessão de sua barriga,
descendo pela marca dos shorts...
-Você vive de chá de pau e ninguém fala nada. -A resposta de Wooyoung arranca uma risada de Naki. Ela
parecia se divertir com Wooyoung por perto. -Eu defendo vocês dois, são quase os meus filhos.
-Jeongguk me defenda desse meliante. - Taehyung aponta para Wooyoung, penso que seus olhos possam
estar em mim, mas com os óculos que ele usava eu não tinha certeza.
-Wooyoung não fale assim dele. -Digo, mas Taehyung bufa insatisfeito, enquanto se joga na cadeira ao meu
lado.
-É assim que você me defende? - Murmura apenas para mim.
-O que você quer que eu diga? - Antes que Taehyung possa me responder duas meninas se aproximam.
-Naki! Se você olhasse o seu telefone seria mais fácil de te achar! Sorte que hoje a praia não está cheia. -Diz
uma menina loira, eu a conhecia de vista. Ela já esteve na casa de Naki, mas eu não fiquei tempo o
suficiente para estabelecer uma conversa apropriada.
-Trace! Vem cá! - Observo quando Naki abraça as meninas. - Deixem eu apresentar os meus amigos, gente
essas são Trace e Carina. Meninas, esse é Jeongguk, você o conheceu lá em casa Trace. Aquele é o Taehyung
e esse o Wooyoung. Esse dois vieram visitar o Pat, então não se apeguem muito neles, irão embora amanhã.
-Mas sempre voltamos. Podem se apegar se quiserem. -Wooyoung foi o primeiro a se manifestar. Deixo com
que todos se enturmem.
A minha bateria social estava em baixa hoje. Me sentia meio frustrado. Mas Taehyung parecia estar se
divertindo, então valia a pena. Eu e praia não éramos uma versão muito confortável. Embora eu curta
receber a vitamina D, minha pele sempre se tornava irritadiça depois. Tenho certeza que metade do
protetor espalhado em mim ainda não era suficiente.
Trace era muito comunicativa. Ela era jornalista, fazia sentido. Sua eloquência era admirável mesmo em
uma conversa informal. Carina era mais tímida, contudo participava das conversas quando convinha.
Wooyoung e Trace manipularam os tópicos. Era sempre interessante ver o embate de duas pessoas que
adoram falar e ser o centro das atenções.
-Então, Taehyung. O que você faz? - Trace senta-se na espreguiçadeira a qual Wooyoung estava.
-Sou assistente administrativo. Acho que pode dizer isso. Mexo com a parte chata e burocrática das
empresas, sabe? - Taehyung estava sentado na cadeira reclinável, os óculos ainda no rosto. Seu cabelo
começava a secar dando um baixo volume.
-Massa. Eu fiz administração por um período, mas larguei. Não era a minha.
-Eu não amo, mas também não odeio. Pelo menos eu não passo fome. - Trace solta um riso alto demais para
uma fala que não foi uma piada e muito menos foi engraçada.
Decido colocar os meus óculos para poder esconder o fato de estar revirando os olhos com a obviedade dela.
Trace era uma garota bonita. Definitivamente não deveria ter problemas para encantar os homens. E sua
iniciativa em Taehyung era descente. Em uma situação em que ele não fosse comprometido, ela
provavelmente se daria muito bem.
Atento-me razoavelmente à troca dos dois. Taehyung sabia ser simpático e isso não me incomodava. Eu sou
ciumento. Não nego. Mas sabia os limites desse sentimento. E, no momento, não era nada demais.
Até que ela fez se tornar.
-Você se importaria em passar protetor nas minhas costas? - Enquanto Trace se distrai pegando a sua bolsa,
Taehyung se volta para mim. Não conseguia entender o que se passava na mente dele, seus olhos poderiam
ser expressivos mas os óculos me impedia de compreender. -Eu sempre esqueço de passar, depois fico
completamente vermelha. É péssimo. Achei, aqui!
Ela estende o produto assumindo que ele diria sim, já que Taehyung se manteve quieto.
Ele enrola com o produto na mão, Trace parecia alheia da hesitação dele e se vira de costas.
- Pode caprichar, eu quero ir na água mas não posso expor minha pele.
Observo quando Taehyung toma a sua própria decisão e abre o conteúdo. Meus olhos acompanham as suas
mãos enchendo-se do produto e espalhando sem cuidado a pasta branca nas costas pequena dela.
Eu preferia que isso não estivesse acontecendo, mas não sou irracional. Não gosto de assistir as mãos dele
em outra pessoa. Ainda mais em uma que estava tentando criar campo de flerte. Felizmente, Taehyung não
se demora, de modo que ainda havia partes em branco.
-Não deixou vestígio? - Ela pergunta.
-Não. Toma. - Taehyung mente estendendo a garrafa e volta a se recostar na cadeira.
-Obrigada. - Trace sorri, no entanto, o brilho de antes diminui.
-Cara a água está perfeita. Vocês deveriam ir. - Wooyoung chega balançando os dreads.
Ele ficou muito bem com esse estilo de cabelo, ainda estavam curtos, mas o deram uma vantagem.
-Vamos? -Taehyung me pergunta.
-Vamos.
-Pela amor de Deus não se esqueçam que você estão em um lugar público! - Wooyoung alerta, fazendo
Taehyung o responder com o dedo do meio.
-Espere, eles estão juntos? - Ouço a voz de Trace enquanto nos afastávamos.
É, Trace. Estamos. E ele é meu.
===
A praia estava de fato meio vazia. Na área aonde estávamos quase não havia banhistas. Por isso, me permito
aproximar de Taehyung. Toco a sua cintura, me mantendo perto dele.
-Trace não te lembrou a Nayeon se fosse simpática? - Taehyung questiona jogando os seus braços nos meus
ombros.
-Não. Ela não tem nada a ver com a Oli. - Assumo admirando a beleza dos seus olhos castanhos claros na
luza do dia. Eles se tornavam mel em contraste com a claridade.
-Você ficou com ciúmes? -Um sorriso sacana recobre sua face.
-Você queria que eu ficasse? - Sinto os seus dedos contra a minha nuca, acariciando a minha pele.
-Eu estava apenas fazendo um favor.
-Eu devo fazer favores como esses para as pessoas também?
Taehyung franze a testa. Acho graça de sua tolerância. Ele era mais ciumentos que eu por coisas menores.
Com uma mão jogo o seu cabelo para trás, admirando todo o seu rosto. A primeira coisa que me chamou a
atenção em Taehyung foram os seus olhos e depois a sua boca. Eu queria o foder depois de trocar meia
palavra com ele. Seus cílios eram naturalmente escuros, em determinados jogos de luzes, podia parecer que
ele havia passado lápis de olhos. O que marcava bem a cor castanha clara da íris.
Desço a minha mão para a sua boca, tocando-lhe os lábios que eram perfeitamente desenhados. De uma
tonalidade rosada. Ele era lindo demais em seus detalhes. E a toda semana eu tinha que reviver cada um
deles.
Tomo a liberdade de beijar a sua mandíbula, sentindo o gosto salgado da água do mar.
- Não ouse passar protetor solar em alguma mulher. Ou homem. -Murmura.
-Você é tão hipócrita. Estamos em uma relação abusiva? - Respondo movendo a minha boca para o nódulo
de sua orelha.
-Estamos. - Taehyung suspira, sinto a pressão na minha nuca aumentar. - Mas eu não vou passar protetor
em mais ninguém além de você.
-Eu acho uma boa ideia. -Sussurro contra o seu ouvido.
Volto a me afastar, permito-me apenas curtir aquele momento. De fato a água estava satisfatória, somando
a isso, havia Taehyung próximo o suficiente para eu poder ser cativado pela sua beleza. E uma estranha paz.
Estranha porque eu vivia em meio ao estresse e o cansaço. A paz acompanhada da pessoa que se ama e de
nenhum pensamento sobre as responsabilidades era raro.
- Se um dia eu tiver um filho, espero que nasça com os seus olhos. - Deposito um beijo em sua têmpora. -
Com o seu nariz. - Dou um breve selar na área. - Com os seus cabelos. - Toco suavemente os fios molhados.
-Você quer um mini Taehyung?
-Sim. Seria bom ter um mini você. -Sorrio com a ideia.
Taehyung disse uma vez que eu era emocionado. Estava começando a achar que sim. Nos meus
relacionamentos passados, nenhum durou muito tempo, mas em nenhum deles eu me senti da forma como
o faço com Taehyung. Eu achei que seria apenas atração, considerei que não me importaria dele estar com
Tzuyu. Já tive minha parcela de contatos não monogâmicos. Mas em algum momento, e muito rápido, eu
me apaixonei por ele mesmo sob todas as circunstâncias a qual estávamos. Mesmo ele sendo de outra
pessoa.
O nosso primeiro beijo, na sacada do salão da festa de Wooyoung, eu queria mantê-lo para mim. Desde
aquele momento, quando ele me beijou tão excepcionalmente afetado, eu desejei que pudéssemos ter tudo.
Depois dali, eu simplesmente me viciei em Taehyung. Mal me lembro de tocar Tzuyu, naquele quarto a
única coisa que me chamava a atenção e me fazia continuar era Taehyung.
Ele flertava comigo sem perceber ou sabia e ignorava. Mas o conhecendo, provavelmente ele apenas não
entendia o que estava fazendo. Mesmo que na nossa história tenha a questão da traição, eu faria tudo de
novo. Não justificaria meus erros. Eu o quis, o desejei mesmo sabendo que ele estava namorando. E eu não
me importei com isso até que começou a me incomodar. Tudo mudou no momento em que eu não mais
queria apenas ter uma parte dele por um momento qualquer, e sim queria tudo de Taehyung. E apenas para
mim.
Não faz tanto tempo, ainda não completamos um ano. Mas a intensidade dos sentimentos estava alta
demais para ignora-la.
-Pergunte a minha mãe se realmente é bom ter um mini Taehyung. Talvez devêssemos ter um mini
Jeongguk? Se sim, eu o botaria para atuar, ser modelo, ver se ele sabe cantar.
Sorrindo, beijo o seu ombro. Respirando a pele molhada.
-Você quer usurpar do seu filho mini Jeongguk?
-Com toda certeza. Se ele me faz rico por ser bonito eu ficaria feliz. Vamos fazer isso!
Levanto a minha cabeça confuso.
-Vamos ter um filho com a sua cara. E se quiser podemos ter outro com a minha.
Taehyung não fazia ideia do que ele fazia comigo quando dizia coisas assim.
-Não fale de assuntos com os quais não vai se comprometer no futuro.
-Barriga de aluguel! São caríssimas, mas está super em alta. Vi isso no jornal. -Taehyung falava tão sério
que me forçava a sufocar essa ideia.
Ele agia como se nada e nem ninguém pudesse destruir o que temos e isso me deixava mais forte com
relação a nós dois. A questão é que eu nunca sabia se de fato era algo que ele estava aberto a experimentar
comigo ou se era uma de suas maneiras de expressar coisas aleatórias, sem fundo de verdade.
- Pare de falar disso. Me beije para esquecer o fato de que você tocou as costas daquela garota.
- Para recompensar tocarei as suas a noite toda, que tal? -Ele encosta sua testa na minha, me dando um
selinho demorado.
- A noite toda? Eu não acabei de dizer para você não falar de assuntos com os quais não vai se comprometer
no futuro?
- Eu trouxe o grampo de mamilos. Eu estou falando sério. -Sua voz desce, tão afetada quanto o meu
membro que endurece.
Toco toda a extensão da sua cintura o puxando para mim, beijo-o. Sua boca se abre rapidamente, me
provocando com a sua língua. Taehyung apoia suas duas mãos atrás da minha cabeça, apertando o meu
couro e se aproximando mais de mim. Deixo que ele guie o beijo. Faço conforme sua liderança. Ceder para
Taehyung estava me deixando gradualmente louco. Eu queria me doar por completo ao mesmo tempo em
que eu queria dominar todos os seus sentidos.
Eu não me canso de viver na entrelinha e muito menos de sentir o gosto da sua boca. A certeza da afeição de
Taehyung se confirmava nos seus toques. Ele se entregava tanto em nossos contatos que era extremamente
prazeroso ser dele. Estar com alguém que te deseja de tal forma é uma experiência potente e um tanto
viciosa.
Capítulo 45 - Mês 6

- É incrível o quanto eu odeio o inverno. Minha pele resseca. Queria ser um anfíbio.
Luana reclamava do frio absurdo que penetrava dentre os nossos casacos. As ruas continuavam cheias
mesmo sob o gélido do ar.
-Isso tudo porque Jeongguk resolveu deixar a empresa para sair com a gente. -Sorrio para o comentário de
Marcus.
Obviamente que eu não tinha tamanho poderes para mobilizar o clima, mas talvez fosse justo apontar o fato
de que eu finalmente aceitei sair com eles. A memória deles pode estar um pouco comprometida porque nos
meses inicias eu socializava, o máximo que conseguia. Porém, conforme o tempo foi passando, decidi focar
no trabalho.
A escolha foi um bar muito popular na região. O lugar estava relativamente cheio e dispensava o casaco,
visto que o calor humano aqui dentro estava demasiado alto. Marcus conseguiu uma mesa vaga para nós
mostrando sua habilidade em ambientes cheios.
Acabei de chegar! Odeio transito. Eu devo juntar dinheiro para conseguir um carro. Está ficando
insuportável andar de ônibus!
Sorrio para a mensagem de Taehyung. Todo dia ele reclamava dos transportes públicos.
Não foi o seu tio que te ofereceu um carro?
Aquela lata velha? Eu não vou dirigir um fusca zumbi por ai Jeongguk. Eu trabalho com sujeitos ricos
demais, não dá!
Não pensei que você fosse tão materialista. Olha como a distância mostra a verdadeira face das pessoas.
Vou, firmemente, te ignorar. Boa noite.
-Olha como ele sorri. Inveja. Queria eu estar apaixonada desse jeito.
Assim que levanto os meus olhos do celular encontro Luana me fitando.
- O que foi? - Questiono guardando o telefone. Não seria uma das pessoas que ignoram suas companhias.
Mesmo que o único modo de me comunicar com a pessoa que mais me interesse agora fosse através do
celular.
- Nada. É incrível que você mantem essa cara de apaixonado mesmo estando namorando a distância.
- Pedi cerveja, aquele bar está um inferno. Não reclamem, se quiserem outra coisa façam as honras porque
eu não vou voltar lá. - Marcus aparece com três garrafas de cervejas e um rosto repleto de suor. - Do que
estamos falando?
- De Jeongguk e seu relacionamento a distância. - Luana resume já dando um gole em sua bebida.
- Você é louco. Eu não entraria em relacionamento a distância. Não dá para mim. - Marcus completa.
- Por que? - Pergunto, embora já imagino a resposta.
Marcus era o famoso pegador. Não precisava conhece-lo muito para chegar a tal conclusão. Em seis meses
na empresa ele conseguiu explanar todas as mulheres com quem ele já teve relação sexual. E eu não
perguntei por nenhuma informação. Ele era apenas muito, exageradamente, receptivo.
- Meu corpo tem necessidades! Eu não posso namorar uma garota que mora à quatro horas de mim de
avião! Ao menos que fosse uma relação aberta. Um poliamor.
-Claro, Marcus, quem iria imaginar que você não seria adepto ao poliamor! - Luana revira os olhos e eu
sorrio com sua ironia. - Eu acho fofo. Quer dizer, eu até tenho que concordar com Marcus em alguns
pontos. Não a parte sexual, mas do contato de certa forma. Eu não sei se conseguiria ficar tranquila sem
meu namorado por tanto tempo. Tem que ter muita confiança. Ainda mais pensando que homem é um
bicho traidor por excelência.
- Ok, agora eu tenho que descordar. Isso é estereótipo! - Digo.
- Claro que não! É comprovado! Porque você não trai, não quer dizer que os outros não o fazem! Os Marcus
da vida são a regra!
- Eu devo me preocupar que isso não me incomodou? - Marcus encara Luana de modo brincalhão. - Todo
mundo trai! Até as mulheres, pare de ser cínica Luana!
- Mulheres podem e traem! Mas os homens fazem isso muito mais...
- Mulheres traem e ninguém descobre. A diferença é que os homens podem ser bem idiotas. - Marcus a
interrompe, parecendo animado pela discussão.
Sorrio assistindo o debate animado e sem referências além de achismos dos dois. De alguma forma eu
sempre era rodeado de pessoas barulhentas e que têm inclinações para discussões variadas. Talvez fosse o
fato de eu ser mais quieto. Seja como for. O assunto foi redirecionado para o emprego e eu agradeço
internamente. Luana e Marcus não compactuavam em muitas ideias e eu não sei como eles saiam juntos,
visto que sempre discordavam das coisas. A relação deles me lembrou um pouco a de Nayeon e de
Taehyung, com a diferença que os dois diante de mim conseguiam manter a linha da amizade sem
linchamentos pessoais.
- Eu acho que a Melissa ama o Jeongguk. - Marcus anuncia, o que leva a Luana a bufar com a ideia.
- Ela gosta do trabalho dele e tem preferência, isso é obvio. Quantos freela você já pegou desde que entrou?
Aposto que mais de cinquenta! Ela nem disfarça. Está na cara que Jeongguk será efetivado como membro
oficial assim que nosso contrato acabar. - Ela assume.
- Vocês não sabem disso. Ela nunca me disse nada e eu estou fazendo o mesmo que todo mundo. - Marcus
dispensa a minha fala com um aceno.
- Para de ser modesto, cara. De qualquer forma, eu estou puxando o saco do organizador da sessão sete. Ele
até me chamou para seu aniversário. Se Melissa não te ama, faça outros te amarem. - Marcus pisca para
Luana que acaba sorrindo, mesmo sob a camada de indiferença.
- Você sabe que ele é gay, certo? Ai meu Deus Marcus, você está flertando com ele? - Luana parecia em
choque pela realização.
Olho para Marcus esperando sua confirmação.
- Claro que não! Eu não sinto atração por homens! Somos amigos. Quer dizer, meio que somos. Gente eu
sou um bebê, o cara tem o que? Trinta e dois? Eu só tenho vinte e um! Isso seria super errado!
Eu e Luana caímos na gargalhada.
- Qual a graça? Perdi alguma coisa?
Às vezes eu esqueço que Marcus era tão novo. Embora sua face ainda apresentasse resquícios da pouca
idade, o seu jeito de onipresente e onisciente criava uma máscara de vivências que passava despercebida.
Mas a sua tendência de ser despojado e manter zero responsabilidade afetiva com o próximo dizia bastante
da sua idade atual.
- Ele é sexy. Eu pegaria ele, se ele quisesse e se não fosse gay. Por que aquela empresa tem tanto gay? Que
saco. - Luana reclama.
- Eu sou hétero e trabalho na empresa. - Reviro os olhos para o quão óbvio ele era.
- E você é um bebê! Não pego pessoas recém saídas das fraldas. - Luana estava visivelmente flertando com
ele e eu estava assistido as trocas sem nenhum interesse.
- Quantos anos você tem? Cinquenta? Se tiver, sabia que eu gosto de mulheres mais velhas? - Luana começa
a rir e eu sinceramente desisto de Marcus. Ele me olha com as bochechas vermelhas. Chegava a ser fofo a
sua reação.
- Parem com isso. Estão me deixando enjoado. - Murmuro.
- Está com inveja já que o seu namorado não está aqui para te dar assistência? - Marcus se acomoda na
mesa, agora os seus olhos atentos em mim.
- Pense o que quiser, criança. - Recebo um revirar de olhos com a minha resposta.
- Vou no banheiro. Querem mais? - Acenamos, confirmando sobre a cerveja.
Apesar de que eu poderia estar finalizando um projeto nesse exato momento, estou contente que me
permiti me distrair. A possibilidade dessa decisão também estava ancorada no fato de que Taehyung não
poderia vir amanhã, precisava acertar algumas questões de seu trabalho e ele me impediu de ir vê-lo para
não o distrair. Então, o meu final de semana está comprometido entre meus projetos e ir em uma galeria
com Naki.
- Você acha que Yuri está flertando comigo? - Marcus perguntas completamente do nada. Seus olhos
estavam focados na mesa, a testa franzida.
- Não sei. Eu nunca vi vocês interagirem. Na verdade, eu mal vejo o Yuri se não for nas reuniões. Como você
o vê?
Yuri Garnel, um dos assessores mais proeminentes da empresa. Todos sabiam quem ele era, já que o seu
nome estava em quase todos os relatórios, mas como ficava em outro andar e mal comparecia na área de
desing, pouco o víamos. Marcus era extremamente popular, ele carregava a áurea do adolescente que adora
chamar atenção. Contudo, grande parte do tempo ele estava na sua mesa, que era próxima da minha. De
onde ele tirava tempo para visitar os andares superiores era um questionamento válido.
- Eu o conheci quando tive que ir no andar dele implorar para Susy me liberar. Naquele dia em que meu
irmão parou na cadeia, se lembra? - Confirmo com um aceno. - Então, ele estava lá. E, sei lá, cara! Eu sou
muito comunicativo, falo com muita gente. Acho que disse algo para ele e ele foi simpático. Bem depois que
eu descobri que era o tal Yuri rico para caralho e associado da empresa.
- Por que você acha que ele esta flertando com você? Pensei que já fosse fera nisso.
- Ele é homem? - O encaro fingindo que não entendi seu questionamento.
- Homem e mulher flertam, as táticas mudam, mas fica evidente. Ao menos que ele seja muito melhor que
você nesse campo e não percebeu.
Marcus me olha como se o que eu disse fosse inconcebível.
-Impossível. - O ego desse rapaz era algo incrível. - Ou será possível?
Levanto os meus ombros. Marcus não era homofóbico ou coisa do tipo, ele era apenas um garoto leviano,
grande parte do tempo.
- O seu namorado é gay? - Ele me pergunta.
- Não. Taehyung é bissexual.
- E ele sabia que você estava flertando com ele?
- Na verdade, eu não flertava com ele. Não no começo. Ele nem sabia que gostava de homens até então.
- Calma, ele ficou com você sem saber se gostava de homens? Como isso é possível? - Marcus se inclina para
frente parecendo repentinamente preocupado.
- Acontece. Chama-se heteronormatividade compulsória. A pessoa acha que é hétero porque cresceu dentro
dessa sociedade heteronormativa. No caso dele foi isso, ou meio que isso, sabe? Eu achei que ele fosse
hétero de início, mas então aconteceu algumas coisas e ele percebeu que sentia atração por homens
também.
- Meu Deus! Então, eu posso ser gay? - Marcus parecia horrorizado com a ideia.
- Não vou levar isso para o pessoal. - Murmuro acompanhando sua mudança de expressão.
- Foi mal cara! Quer dizer, eu estou surpreso! Imagina achar gostar de algo por sua vida e do nada sentir
algo por um pênis...
Marcus toca os seus cabelos, que eram curtos e bagunçados o tempo todo.
-Ok, vamos lá. Relaxa. Um: não se preocupe com isso. Siga sua vida. Dois: não surta e se o Yuri te trata bem
e com respeito, não precisa ficar desesperado. Três: não se ache tanto, só porque o cara é gay não quer dizer
que ele vai sentir atração por você. Quatro: nem todo homem tem pênis.
-Nem todo homem tem pênis? Cara você está viajando!
Suspiro. Marcus tinha até um certo limite e eu também.
- Como esse bar continua cheio? Fiquei horas para pegar três merdas de cervejas e tive que trocar porque a
que me deram estavam quente! - Luana parecia esgotada, ela me lança um olhar questionador assim que
desvia de Marcus, que ainda parecia pensativo. - O que rolou?
-Marcus acha que pode ser bissexual e que vai transar com Yuri se tornando o baby sugar do nosso chefe.
Luana começa a rir, batendo suas mãos na mesa. Recebo de Marcus um olhar de aborrecimento superficial.
-Marcus você ser bissexual te torna cem vezes mais atrativo. E estou começando a reconsiderar. - Isso dito,
Marcus subitamente deixa toda a temática que ele mesmo trouxe para trás.
- Então, o que vamos fazer depois daqui? - Ele pergunta já com o seu corpo totalmente virado em direção a
Luana.
- Garoto... - Murmuro, rindo do porquê eu achei super adorável sua reação a ela. Eu sei que ele está com
libido alta. Mas Marcus sabia, estranhamente, usar estrategicamente a sua cara de criança a seu favor.
Acho que Marcus estava certo. Estou com inveja. Porque sinto muita falta da única pessoa com quem eu
quero flertar.
===
Assim que deito na cama, confiro a hora, era uma da manhã. Marcus perdeu sua chance com Luana, ela não
estava falando sério sobre ter algo com ele. O garoto ficou decepcionado e decidiu estender sua noite com
um grupo de pessoas aleatórias que ele conheceu no bar. Então, eu e Luana decidimos finalizar a noite. Não
tínhamos que nos preocupar com Marcus, possivelmente ele sabia se virar melhor sozinho do que a gente.
Pergunto-me se Taehyung estaria acordado. Ele dormia tarde, mas no momento em que fechava os olhos só
levantava com o despertador.
Está acordado?
Aguardo alguns segundos e logo recebo sua resposta.
Estou. Curtiu a noite?
Sorrio para a sua pergunta. Não era nada demais, mas eu me senti querido. Eu estava bêbado, levemente
alterado. Talvez trinta e sete por cento. Logo, isso me deixava mais suscetível a sentir as coisas ao dobro.
Meu sorriso aumenta quando eu vejo seu nome piscando na tela.
- A noite foi ótima. Quase converti outro hétero em bissexual. - Digo assim que atendo.
- Espero que essa tentativa de conversão tenha sido ausente de toque. -A voz de Taehyung parecia
rabugenta.
- O que foi? - Seu suspiro na linha já me informa que ele estava chateado com algo.
- Nada. Apenas estou cansado. Meu chefe de merda vai viajar e me deixou com suas tarefas. Eu deveria
ganhar mais porque estou fazendo exatamente o mesmo que ele. - O desprazer visível em sua tonalidade. -
Ele é tão medíocre! E por culpa dele não vou poder te ver.
-Eu sei. - Sussurro. Eu sentia muito por tudo. Parte de mim grita para dize-lo para deixar suas obrigações de
lado, já que nenhuma delas fugirá. Mas não podia ser irracional. Taehyung prezava pelo seu emprego. Ele se
esforçava muito, principalmente desde que conseguiu a vaga de júnior. E, com isso, vieram mais
responsabilidades. - Eu também queria estar com você. Mas eu ainda estarei aqui semana que vem. Vou te
ver. Faça suas coisas com calma, ok?
- Ok. - Murmura forçosamente. Sorrio pelo quanto ele podia agir como uma criança às vezes. - Então, você
está bêbado. Essa bebida era forte, você não se embriaga tão rápido.
- Como você me conhece bem. - Eu não estava totalmente bêbado, mas poderia facilmente me entreter com
qualquer coisa. - Acho que de fato o nível de álcool era alto. O bar é bem conhecido por aqui. Podemos ir
quando você vier, acho que deva gostar. Não, o Wooyoung que vai gostar. Lá tem até banda ao vivo.
- Wooyoung ama qualquer bar que tiver cerveja. Ele não é rigoroso no requisito ficar bêbado.
Fecho os meus olhos enquanto o ouço falar e de fundo podia discernir o momento em que ele deitou-se na
cama, o suspiro que emanou de seus lábios no que imagino quando apoiou sua cabeça nos travesseiros e a
inspiração que tomou. Tento adivinhar como ele estaria naquele momento.
- O que estava vestindo agora?
Taehyung fica em silencio por alguns segundos.
- Você está me perguntando isso por quê? Se for para se masturbar não vai adiantar, não é nada sexy.
Pensando bem, o que um cara vestiria se quisesse ser sexy? Não tem muitas opções!
Taehyung era tão vago em tudo. Eu amava sua habilidade de divagar em qualquer assunto, mas agora eu só
queria que ele respondesse a pergunta.
-Se você se esforçar em procurar, verá que tem muitas formas de um cara vestir algo sexy. - Murmuro,
levemente irritado.
- Você acabou de me dar um fora?
- Acho que sim.
Outro silencio se intensifica entre nós.
- Você está com tesão?
- Provavelmente.
Nós não nos víamos a quase duas semanas. Nunca tive que pensar pelo lado da minha frequência sexual,
mas quando começamos a nossa relação a distancia percebi que eu era realmente ativo, em âmbito da
regularidade sexual. Sexo era recorrente. Não havia parado para analisar esse fato até que fui forçado a
enfrentar a realidade de que eu não poderia transar com ninguém e eu não queria faze-lo se não fosse com
Taehyung. Mas ele estava à cinco horas de distancia de avião de mim!
Marcus tem razão. Estou com uma, agora, florescente inveja dele.
- Eu estou vestindo sua blusa preta e sua calça de moletom. - Taehyung sussurra timidamente e o meu
coração se aperta.
- Amor... - Murmuro jogando uma de minhas mãos sobre os meus olhos.
- Eu lavei, ok? Não estou usando direto. - Sorrio com o seu complemento. - Acho que a gente poderia tentar
fazer uma coisa.
- O que? Sexo por vídeo? - Taehyung bufa, dispensando minha sugestão.
- Eu não estou pronto para isso. Além do mais, vai saber quem mais poderia estar assistindo? Nada é nosso,
Jeongguk. Tudo é deles.
- Deles quem?
- Deles. - Sorrio porque não havia mais nada que eu poderia fazer. - Eu pensei em sexo por telefone. Mas eu
também não sei fazer isso, então... pode ser que saia estranho e longe de sexy.
Eu sabia que ele estava envergonhado. Já imagino como sua mão deve estar passando pelos seus cachos,
suas sobrancelhas franzidas e o quanto ele deve estar mordendo o lábio inferior esperando a minha
resposta.
- Jeongguk? - A dúvida em sua voz confirmou toda a minha teoria.
- Você quer tentar? - Sinto minha respiração tornar-se densa com a ideia.
- Quais as chances de você conseguir me excitar através de uma ligação? - Taehyung questiona. Era uma
pergunta completamente retórica. Sua mente possivelmente estava dando razões e mais razoes para o que
iriamos fazer.
- Taehyung, me escute. Está comigo?
-Sim. - Sua resposta de imediato me deixou animado.
- Eu quero que você se toque. Comece sentindo o seu corpo e narre para mim.
- Ok. - Podia sentir que ele estava incerto, tímido, mas um tanto quanto curioso. Taehyung ainda precisava
explorar tantas partes de si mesmo e eu ficaria feliz em ajuda-lo em cada nova descoberta.
- Estou tocando o meu pescoço, agora o meu peito... - Sua voz não passava de um sussurro aspirado. Deixo
que ele se distraia primeiro. - Minha barriga.
Eu estava completamente arrepiado. O que não era surpresa, ter Taehyung sussurrando no meu ouvido já
era o motor dando partida.
- Jeongguk, eu não sei fazer isso. Eu me sinto ridículo. - Ele assume, parecia resignado mesmo que sua voz
ainda apresentasse vestígios da excitação.
- Ok, deixe que eu guio, então. Pode ser?
- Tá. -Murmura.
Sorrio em como ele se fazia de difícil.
- Taehyung, eu quero fazer muitas coisas com você. - Admito. Esse não era o plano, mas eu estava
malditamente excitado, com saudades dele e um tanto bêbado. - Eu queria poder estar te beijando agora,
sentindo sua boca na minha. Chupar o seu mamilo, morde-lo mais forte a cada vez que você gemer. Marcar
a sua pele inteira, entende amor?
-Entendo. - Sua voz não saiu mais que um suspiro.
Era inacreditável o quão rápido eu já estava duro. Mantenho os meus olhos fechados e minha mão sobre os
mesmo. Meu corpo pedia por qualquer toque, no entanto, preferia deixar-me vagar entre a dor de não poder
me liberar e a vontade de continuar me torturando imaginando o corpo de Taehyung.
- Cada vez mais eu anseio chupar o seu pau, senti-lo na minha garganta. - Taehyung solta um gemido o que
corresponde diretamente no meu membro e atiça as minhas imaginações. - Sentir sua bolas contra as
minhas mãos, aperta-las, depois chupar cada uma delas. Está comigo?
- Sim. - Parecia estar sinuoso a sua pronúncia.
- Eu sei que você não está pronto ainda. Mas apenas me deixe compartilhar que quando você me permitir,
eu vou chupar o seu cu.
- Porra. - Taehyung solta alto demais, o que me força a abrir os olhos e encarar o teto escuro, desejando
imediatamente estar com ele nesse momento.
- Você terá a minha boca em você inteiro. Eu vou te marcar de todas as formas que eu puder. Vou enfiar os
meus dedos dentro de você, começar por um enquanto chupo o seu pau, depois dois. Provoca-lo até você
sentir o quão bom será e me pedir para ter três dedos dentro de você. Quando se tornar insuportável
aguentar, eu vou te ter chupando o meu pau, o umedecendo. Eu vou foder a sua boca Taehyung tão
fodidamente gostosa. E depois eu vou foder você.
Sabia que ele não estava se tocando. Sua respiração estava desesperada, sem ritmo.
- Eu sonho com o dia em que você vai me deixar te foder, amor. Eu vou enfiar o meu pau aos poucos e
quando nós dois estivermos pronto, eu não vou fazer amor com você ou seja o que porra isso signifique. Eu
vou te comer forte, Taehyung. Eu quero você gemendo o meu nome desesperadamente enquanto eu estou
dentro de você. Se você soubesse o quanto eu quero te por de quatro na minha frente. Merda.
Desço minha mão até o meu pênis, que estava dolorido e vazando.
- Se toque Taehyung, se masturbe imaginando o meu pau dentro de você. Você vai gostar disso amor.
- Droga. - Sorrio em meio aos meus próprios movimentos. Não iria demorar para gozar, eu estava tão perto.
- Jeongguk...
E assim que Taehyung sussurra o meu nome eu gozo. O prazer do alívio intensificando enquanto eu podia
ouvir Taehyung gemendo no meu ouvido.
- Goza amor, goza nas minhas roupas que ficam completamente sexy em você. Eu poderia te foder em
qualquer coisa, mas você com as minhas roupas fica excepcionalmente sexy.
- Merda, seu... - Sorrio sabendo que ele iria me xingar mas foi interrompido. Assim que percebo sua
respiração se assentar o pergunto.
- Conseguimos fazer sexo pelo telefone? - Murmuro, sentia-me exausto e não queria ter que levantar para
me limpar, mas satisfeito. - Nada disso supera o quanto eu preciso de você. Deveríamos fazer isso todo dia.
- Pare de ser louco. - Sua voz ainda estava arrastada. - Eu vou dormir, ok? Boa noite.
- Taehyung...
Olho para o telefone sem entender o que acabou de acontecer. Será que eu o forcei demais? Taehyung tinha
um certo bloqueio quando falávamos em sexo quando ele estaria na posição de passivo.
Merda.
Talvez eu tenha forçado uma barreira, não deveria ter dito o que eu realmente queria fazer com ele.
Taehyung não faria algo que não quisesse, mas nada impedia que ele se sentisse mal por não me dar o que
eu quero. E não é isso que almejo entre nós. Eu poderia esperar quanto tempo fosse e mesmo se nunca
chegasse, eu o amava o suficiente e o respeitava demais para passar por cima de qualquer uma de suas
vontades.
É por isso que eu não deveria beber muito. Haviam certas coisas que deveriam se manter guardadas para
não machucar ninguém ou faze-los se sentir pressionados a algo.
Decido mandar uma mensagem. Taehyung devia estar pirando agora e mesmo se eu ligasse, ele não
atenderia.
Por favor, não surta! Foi só excitação, amor. Não quero implicar nada, ok? Eu quero você da maneira em
que você poder ser para mim. Pense pelo lado bom: nós dois gozamos hoje. É sério Taehyung, fica de boa!
Eu te amo.
Jogo o meu telefone na escrivaninha e me responsabilizo por ser um idiota.

Capítulo 46 - Mês 6

O aeroporto se tornou usual na minha rotina. A vendedora da loja na qual contém os doces que Taehyung é
viciado já me chama pelo nome, tamanha ação costumeira se tornou viajar. Taehyung estava extremamente
enrolado com o serviço, essa semana eu mal tive tempo para descansar devido as reuniões constantes para a
um grande projeto. Ou seja, por isso quase não tivemos tempo para nos falarmos.
A escolha de ficar em casa e terminar os outros três projetos individuais seria adequada, no entanto, meu
pulso estava doendo insistentemente dentre os últimos dias. E não posso, de acordo com Naki, me entupir
de remédios para fazer passar a dor. Ela me forçou a ir no médico e o homem enfaixou o meu pulso. Isso foi
de tamanha covardia comigo, preciso da mobilidade para o meu trabalho. Garantido que eu ficaria apenas 3
dias com o imobilizador, eu decidi ceder. A dor estava me perturbando e, de qualquer forma, não
conseguiria fazer as coisas de modo harmonioso.
Visitar Taehyung seria um bom descanso, mesmo que seja apenas para olha-lo enquanto trabalha.
Também, não tivemos tempo para conversar sobre a última semana.
Acima de tudo isso, eu me sentia exausto. A dor no pulso e o fato de viajar está começando a se tornar algo
inconveniente, mesmo que não tentasse pensar assim, era o que estava firmando em minha mente. E nada
ajudava Taehyung se tornar inexpressivo e, com a distância, grande parte do tempo eu não faço ideia do que
acontece com ele. Ainda mais quando ele se fechava propositalmente como agora.
Sinto-me como se estivesse correndo, acelerando o máximo que posso e no processo estou perdendo os
detalhes. Trabalhar na J7T está sendo uma oportunidade essencial na minha carreira. Embora eu saiba que
sou bom no que faço, não acreditava que poderia ter uma chance de ser efetivado. Mesmo com os
comentários de Marcus e Luana sobre a afeição ao meu trabalho da coordenadora Melissa, não fortifiquei
esses ideias. Não deixar florescer esperança era o melhor a se fazer. Soma-se a isso o fato de que eu prometi
voltar para Taehyung. Então, mesmo que por dentro ser aceito na J7T fosse uma esperança, pelo menos eu
não teria de escolher entre o trabalho e o meu namoro.
A questão era que eu preciso desacelerar e não sei como.
Ao passo em que amo estar trabalhando em uma empresa cheia de oportunidades e com pessoas
extremamente talentosas, eu sinto falta de Taehyung.
Não ocorreu a dúvida se eu estaria levando tudo a sério demais. Não funcionava assim comigo. Se eu sinto
algo por alguém, eu me entrego ao sentimento. Nega-los nunca fazia bem. E eu me recuso a viver com mais
mágoas além das que eu já carrego.
Mas Naki tinha razão. Eu estou, lentamente, preparado para desabar.
---
Parecia que o universo estava se esforçando para me deixar estressado.
Eu só havia parado para comprar flores e o céu desabou. Tenho certeza de que estava sol quando entrei na
floricultura. Precisava proteger as hortênsias, pequenas flores azuis e muito fofas. Acho que combinam com
Taehyung. Ao, finalmente, conseguir um táxi, o trânsito, até então inexistente, surge por causa de um
acidente.
Meu pulso voltou a doer meia hora depois de estar esperando a ambulância chegar e os policiais
organizarem o trânsito. Me recusei a olhar o preço do taxímetro. Nesse momento conseguia escutar a voz
de Nayeon me chamar de burro por não ter pego um uber.
Horas, dias ou meses depois, eu realmente não sei, os carros voltam a se movimentar. O céu já estava escuro
quando acordei, a ideia de ter perdido todo o meu dia dentro de um táxi que iria arrancar metade do meu
dinheiro não poderia significar um bom dia. Não mesmo.
Leio as mensagens de Taehyung, suspiro aliviado por ele parecer ter voltado ao seu estado normal.
11:50 - Qual seria a melhor escolha?
Havia fotos de três pares de all star de cores diferentes.
13: 41 - Jeon jeongguk! O vegano comeu o meu tênis preferido depois de estar morando comigo a meses!
Qual o problema do seu cachorro?
15:03 - Ok, você está vivo, certo?
16: 12 - Quais as chances de estar chateado comigo?
18: 07 - Vou acreditar que você está ocupado e não me ignorando. Dói menos.
19:55 - Eu meio que gosto muito de você, tá? Caso tenha esquecido, sei lá.
19:59 - 👨🏼‍🤝👨🏻‍ ❤💚💙💥💌
20:02 - Sério? Cadê você? Pq n atende?
Sorrio para a última mensagem me sentindo extremamente saudoso. Não gosto da ideia de precisar de
alguém, mas às vezes parecia que eu apenas necessitava ter Taehyung ao meu lado.
- Chegamos! - O motorista me alerta quando eu estava prestes a responder as mensagens.
O preço da corrida foi tão absurdo quanto eu imaginei que seria. O taxista me olha com a clara mensagem
"não foi culpa minha". Aceitei a minha derrota do dia. Pelo menos quando cheguei na casa de Wooyoung já
não estava chovendo.
Aperto a campainha sentindo um misto de cansaço e ansiedade. Encaro as hortênsias em sua coloração azul
clara e escura. Sorrio imaginando que Taehyung iria me zoar por lhe dar flores. Eu era muito idiota. Nayeon
sempre teve razão. E o meu sorriso aumenta.
Assim que a porta abre encontro a pessoa que se manteve em meus pensamentos. Taehyung me encara
surpreso. Sorrio para ele. Reparo que seus cabelos estavam mais curtos e que as roupas que usava eram
minhas. Ele se afasta da entrada, deixando espaço para que eu entrasse. Me viro, o observando fechar a
porta e se voltar em minha direção.
- Oi. Tudo bem? - Pergunto após longos segundos de silêncio.
Quando ele não me responde e se mantem inexpressivo começo a achar que alguma coisa aconteceu, mas
antes que eu pudesse investigar, ele me surpreende e avança em minha direção e me abraça. Aperta-me
contra si mesmo. Consigo sentir sua respiração desregular no meu pescoço, os braços me rodeando e
consumindo a minha pele.
- Tudo bem, amor. - Sussurro o abraçando de volta, sentindo o cheiro de seus cabelos.
Permito-me senti-lo. Abraça-lo era reconfortante. Toco a parte de trás de sua cabeça, massageando o seu
couro. Após soltar um suspiro alto, Taehyung se afasta o suficiente para que pudéssemos nos encarar.
- O que aconteceu? Você está bem? - Ele segura o meu braço, no qual o pulso estava imobilizado. Seus olhos
castanhos claros mostrando demasiada preocupação.
- Nada demais. É só temporário.
- Pare de mentir, Jeongguk. Naki me disse que você estava sentindo dor. - Observo a sua expressão
cuidadosa enquanto os seus dedos tocavam sensivelmente o meu pulso.
- Naki é muito fofoqueira. Não é nada. Olhe, eu trouxe isso para você.
Exponho a sua frente o buquê simples, mas muito bem ornamentado. Taehyung encara as flores por alguns
segundos e um sorriso idiota surge em sua face.
- Você está me dando flores? - Ele segura o buque, o sorriso irônico transformando o seu rosto. Saindo da
preocupação para a zombaria.
- Sim. Eu as achei bonitas e que combinam com você. Além disso, presentear alguém que amamos com
essas flores significa que desejamos resistência, paz e nossos sinceros sentimentos. - Seus olhos docemente
focam nos meus. - E, acima disso, estão ligadas ao significado do amor infinito.
Toco o seu rosto, acariciando sua bochecha.
- Isso foi tão clichê. - Murmura suavemente.
- Eu sou um amontoado de clichê.
- Não, você não é.
Sorrio para como ele estava se mostrando sensível. Engulo em seco aguardando o que ele iria falar.
- Ninguém me deu flores antes. - Murmura. - Obrigada.
- Eu gosto de ser seu primeiro em algumas coisas. - Assumo.
Taehyung solta um suspiro.
- Claro que gosta, você é um bastardo egocêntrico. - Sua voz soou tão pequena que fez coisas ao meu
coração.
Reviro os meus olhos para a sua resposta. Era típico dele apenas receber um presente e não saber como
reagir. Mas cedo completamente quando ele volta a me abraçar.
- Eu senti saudades. Muitas. - Sussurra contra o meu ouvido.
- Eu também. Você não faz ideia. - Sinto-o o máximo que posso. Toco suas costas, seus ombros, sua cabeça,
até poder segurar o seu lindo rosto entre as minhas mãos.
- Me beija, vai. - Pede.
Eu queria desapontá-lo e me afastar, apenas para deixa-lo frustrado e poder rir da sua reação, que eu já
imaginava qual seria. Mas eu não vou tomar tal decisão, visto que eu também preciso beijá-lo.
Imediatamente.
- Jeon jeongguk!
O grito de Nayeon não foi tão rápido quanto ela, pois em questão de segundos Nayeon substitui o lugar de
Taehyung, me abraçando. Encontro o olhar de Taehyung que já havia mudado da tranquilidade anterior
para a revolta.

Capítulo 47 - Mês 6
Nayeon passa a mão nos fios curtos. O novo corte a conferiu um ar mais infantil, o que contrastava com a
voz potente. Seus olhos repousam em mim, conseguia ver que provavelmente tinha milhões de coisas a me
dizer, mas estava, inutilmente, tentando esconder.
-Você está uma merda. - Diz por fim.
- Obrigado.
Não vou discordar porque eu realmente me sentia uma merda. Ainda faltava quatro horas para poder
tomar o remédio. Meu pulso parecia querer despoja-se de meu corpo.
- Você está bem? - Pergunto, não somente para tirar o tópico sobre mim, mas também porque faz tempo
que não conversávamos.
- Sim. Estou empregada, namorando uma pessoa que vocês podem chamar de ética e convivendo menos
com Taehyung. Não poderia ser melhor.
- Então, quando vai apresentar o seu namorado para gente? Sabe que Wooyoung só fala disso?
Nayeon revira os olhos.
- Nunca! Eu não quero Taehyung e Wooyoung se metendo na minha vida. Eles são muito imaturos.
- Acho que os dois sabem de comportar. Fala sério, eles têm mais de vinte anos!
Ela me olha como se eu estivesse blasfemando.
- Será que namorar com Taehyung te tornou em um idiota? Talvez sim, olhe como você está nessa relação.
Penso em rebate-la, mas ela continua a dissertar.
- Olha, nós não estamos a tanto tempo juntos. Oficializamos recentemente. Mas é um fato que estamos em
momentos diferentes das nossas vidas. Ele já é pai, divorciado! Eu sou uma jovem mulher, linda, perfeita,
completamente independente, mas que não sou louca de recusar um homem rico que queira me mimar. As
cartas estão todas para mim! Não vou arriscar com Wooyoung e Taehyung, sendo que os dois são uns
grandes imbecis. A idade mental deles ainda está na adolescência!
Sorrio, porque em parte eu não posso negar.
- Os filhos dele gostam de você?
- Mais ou menos. A menina é um porre. Mas eu não me importo. Ela e a mãe são dois poços. Não é como se
eu me esforçasse também. Não sou boa com adolescentes! Por isso, não me dou bem com o seu namorado.
Que nunca saiu dessa fase.
Gargalho. Era impossível crer que Nayeon e Taehyung vivesse como inimigos durante todos esses anos em
que moravam juntos. No início eu achei que era apenas uma troca despretensiosa, mas com o tempo as
farpas foram se tornando completamente desnecessárias e eles apenas não conseguiam evitar jogar um para
cima do outro.
- Seja como for, vamos falar de você. - Diz, enfim.
Penso em alguma desculpa para subir, mas eu não podia ignora-la.
Taehyung se recusou a ficar com a gente. Ele optou por ignorar Nayeon e disse que me esperaria no quarto.
Por um momento considerei que eles estivessem brigados, até que a ficha do cotidiano deles voltou a minha
memória. Eles sempre andam brigados!
- Já sei o que você vai dizer, então, poupe as suas cordas vocais, por favor.
Nayeon reclina sobre a cadeira, dobrando os braços. Sua expressão cínica.
- Sério, se tivesse se apaixonado por mim, não estaria tão fatigado. Eu já estaria morando com você.
Sorrio, acenando. Aguardo por ela continuar na brincadeira, contudo, sua preocupação torna-se evidente.
- Não estou fatigado.
- Claro que está. E o seu namorado está tão ocupado enfiando a cara dele no próprio cu que não percebe
isso. Não sei se você se lembra, mas eu te disse meses atrás que namorar Taehyung não era uma boa ideia.
Eu lembrava. Foi exatamente três dias depois do nosso beijo na festa do Mae. E foi a única vez que ela tocou
no assunto sobre eu e Taehyung.
- Agora eu vou explicar o porquê!
Eu adorava Nayeon. De verdade. Podíamos trocar diálogos incríveis. Ela era uma mulher demasiadamente
interessante quando não está ofendendo as pessoas. O problema era que ela nunca guardava as coisas para
si. Mesmo que a outra parte não quisesse escutar. E, nesse momento, eu realmente não quero.
- Nayeon... - Começo, mas ela continua, me bloqueando.
- O quanto você me disse que queria ter a oportunidade de trabalhar nessa empresa? Se eu bem me lembro,
você estava ansioso para que pudesse entrar na seleção! E você está prestes a deixar tudo isso: um bom
salário, um lugar adequado e colegas descentes, por causa de uma pessoa?
- Os bens matérias não deveriam ser mais importantes que as pessoas que amamos.
Nayeon bufa, dispensando a minha fala.
- Claro que não! Mas quando os dois lados estão tentando também! Nesse caso, apenas você está se
esforçando! Por que você tem que deixar o seu emprego dos sonhos para voltar para cá e viver com ele?
- Não faz isso. - Murmuro. Eu não queria ficar chateado com ela.
- Não dizer a verdade?
- Essa é a minha escolha, eu já te disse que você não tem nada a ver com isso.
- Você está sendo um grande idiota!
Nayeon parecia frustrada. Eu a entendia, porém, se eu me apegasse as suas palavras sem racionaliza-las
antes, eu criaria um sentimento inequívoco sobre Taehyung e a nossa relação.
- Minha mãe, quando era mais nova, preferiu ficar no país à pedido do meu pai ao invés de aproveitar a
bolsa de estudos que ganhou para estudar fora. Hoje em dia ela é professora de história na rede pública,
mas o relacionamento deles terminou exatamente dois anos depois dela recusar a bolsa. Eu sei que ela diz
não se arrepender, mas fala sério! Entende?
- Ela fez as escolhas dela. E, se não fosse por isso, você não teria nascido.
- Claro. - Diz em um tom jocoso.
- Eu entendo o que você está dizendo, só que eu sou de maior. Na verdade, eu me viro sozinho desde a
adolescência. Você não precisa se preocupar.
Nayeon apoia seus braços na mesa, seus olhos fixos em mim.
- Jeongguk, eu não estou tentando te colocar contra Taehyung. Ele é o que ele é. Nem tem como criar uma
persona para aquele garoto, ele é louco e desatento. Mas com a Tzuyu, ele com certeza iria desistir de tudo
apenas para estar com ela. Por que ele não faz isso com você? Ou, ao menos, considera? Vocês chegaram a
ver essa possibilidade?
Engulo em seco. Droga. Embora eu tenha dormido na caminho para cá, eu ainda me sentia cansado. A dor
no meu pulso não ajudava, e agora Nayeon me fazendo rever certas decisões está me deixando
extremamente exausto.
- Ele te contou que agora está no cargo de gerente? Fala sério, tudo pode caminhar bem para ele e para
você?
Franzo a testa para nova informação. Nayeon reflete a minha expressão.
- O que? Ele não te contou? Isso foi tipo a duas semanas atrás!
Desvio meus olhos dos dela. Um sentimento desagradável repousa em meu estômago.
- Quer saber? Você tem razão! Você sabe o que faz melhor do que eu. Fala sério, eu mal consigo manter um
relacionamento, agora que estou tentando, então, não tenho muito o que julgar. - balbucia desviando o seu
olhar.
Queria rir do modo como ela estava tentando abafar todo o assunto que trouxe para a pauta de hoje.
- Agora você está triste. Eu não me importo com Taehyung sofrer, mas eu me importo com você sofrendo,
ainda mais por alguém como ele.
- Tudo bem. - Sorrio para Nayeon, que não corresponde. - A gente se fala, boa noite.
Antes de sair deposito um beijo em sua testa.
°°°
- Tudo bem? Nayeon sugou sua energia vital?
Antes de me deitar com Taehyung tentei tirar o meu tempo. Tomar banho e finalmente poder ter duas
pílulas para dor. Mas minha cabeça começou a doer quando o remédio fez efeito no braço.
- Não. Ela não é uma dementadora, Taehyung. - Murmuro, fechando os meus olhos.
- Claramente é.
Ele não diz mais nada, porém, também não se move para deitar. Gostaria de pergunta-lo sobre o motivo de
não ter me contado sobre sua promoção. Por que escondeu de mim, Taehyung? Contudo, além de não ter
forças para administrar uma conversa nesse momento, eu também queria que ele se manifestasse em
relação as suas omissões. Sem eu ter que ser o único a cobra-lo por isso.
Desejaria dizer que não me afetou saber disso, talvez criar uma desculpa por ele, mas já fazia duas semanas.
E uma semana atrás ele surtou sobre a possibilidade de ser passivo. Eu estava chateado, porém, a magoa da
omissão parecia ser o maior destaque dentro do meu peito.
- O que você anda fazendo? Por que está tão cansado? - Sua voz soa calma, toda a ironia de antes se fora.
Abro meus olhos para encontrar os seus já atentos em mim.
- Porque eu quero voltar logo para você. Então eu estou abusando do meu bom senso e da minha juventude.
Só que eu não sou o super homem, pelo jeito.
A verdade transparece junto as minhas palavras. Porque esse era o motivo pelo meu cansaço físico e
mental.
- Você conseguiria ser o Clark Kant, mas ele nunca poderia ser você. - Murmura, levando sua mão para o
meu rosto.
Suspiro com o toque suave e gentil.
Me conte a verdade, Taehyung.
Mas tudo o que ele faz é se aproximar e me beijar calmamente. Retribuo, mentalizando que aquela sensação
desgostosa evapore.
- Vamos dormir, você precisa descansar.
Assim que ele apaga a luz, sinto o seu corpo se embolando contra o meu. Deixo que os meus dedos sintam a
maciez de seus cachos.
Mesmo contra a minha vontade as palavras de Nayeon recriam-se na minha mente.
Mas com a Tzuyu ele iria desistir de tudo apenas para estar com ela. Por que ele não faz isso com você?
Ou, ao menos, considera? Vocês chegaram a ver essa possibilidade?
Capítulo 48 - Mês 6

- Como é bom ter todos vocês reunidos mais uma vez! - Wooyoung abre os braços, o seu grande sorrio
iluminando os nossos rostos desanimados. - Vou considerar que estão com o cu na cama. Essa recepção
matutina é lixo.
- Você nos acordou às nove da manhã, Wooyoung. Como quer que estejamos? - Nayeon reclama enquanto
passava o requeijão na sua torrada.
- Pelo menos um "Obrigada, Wooyoung pelo café da manhã! Essa mesa está linda e estamos felizes em
estarmos juntos"? - Os olhos castanhos dele repassa em cada um de nós e como um mandamento ecoamos
em murmúrios a fala pronta. - Nossa como eu odeio vocês.
- Obrigada, Wooyoung. De verdade! É sempre bom estar com vocês. - Digo por fim. Recebo um aceno de
mão e uma bufada.
- Pare de ser falso. Eu sei que não sou a Naki nem nada, come isso aí e me deixa.
Sorrio para sua cara emburrada. Sabia que não duraria muito.
- O que vamos fazer hoje? - Em questão de segundos se recupera, já se pronunciando.
- Boliche? Não foi isso que você tinha planejado? - Taehyung diz focando em seus cereais.
- Nah. Chato. Desisti. Recebi um convite para uma festa. Na verdade, é o aniversário de um dos meus
amigos, querem ir?
- Eu topo. Preciso encher a cara. - Nayeon murmura.
- O seu daddy não te deixa beber? - Wooyoung pergunta.
- Para com isso. É nojento.
- Mas ele é mais velho que você e te dá presentes? Isso é ser um daddy! - Wooyoung força a palavra para
soar mais nasalada e Nayeon faz uma expressão de nojo.
- As bolas dele são caídas? - Dessa vez, Taehyung adentra nos questionamentos.
- Não tanto quanto as suas. - Ela responde e Wooyoung gargalha.
Taehyung sorri também.
- Vai, conta um pouco sobre ele para gente! Mais velho que quarenta? Casado? Divorciado? Gosta de fazer
fio terra?
Enquanto Wooyoung solta as pergunta Taehyung se suja com o leite, não conseguindo esconder que achou
engraçado.
- Não tanto quanto vocês gostam de fazer fio terra. Odeio dividir a casa com homossexuais, seus
fofoqueiros. - Nayeon provoca com um sorriso debochado para Wooyoung.
Os dois eram muitos estranhos.
- Homofóbica! Homofobia na minha mesa de café da manhã! - Wooyoung personifica a voz de uma garota e
provoca risadas na mesa.
Eu sentia falta deles.
- Sério, não vai soltar nada sobre ele? Nenhuma informação? - Wooyoung tenta, mais uma vez, mas eu sabia
que Nayeon preferia beijar Taehyung de novo do que contar a eles sobre o seu namorado.
- Anwooyoung, esquece o meu homem. Por que não se preocupa em achar o seu? - Ela diz, por fim.
- Porque Jeongguk ainda está ocupado com Taehyung.
Nayeon sorri maliciosamente e pelo seu olhar direcionado a Taehyung, fico no aguardo das palavras que
sairiam de sua boca.
- Então você está com sorte. Talvez os dois não durem por muito mais tempo, não é Taehyung?
Suspiro. Eu já sabia. Ela não iria deixar aquilo passar sem provoca-lo.
- Do que você está falando? - Taehyung me olha logo em seguida, parecia confuso. - Pretende terminar
comigo?
Sorrio para ele, tocando a sua nuca, sentindo os fios curtos contra os meus dedos.
- Ele não respondeu. Meu Deus, ele não respondeu! - Queria mandar Wooyoung calar a boca, mas estava
concentrado em Taehyung, que parecia ligeiramente assustado. - Desde quando você acredita em Nayeon,
Taehyung? Ela é a sua maior hater! Não é assim que dizem os jovens?
- Você é jovem, Wooyoung. - Nayeon revira os olhos.
Os dois se entrosam em uma conversa sobre ser jovem ou não aos vinte e cinco anos. O que não fazia o
mínimo sentido. Olho para Taehyung enquanto ele termina de comer o seu cereal, que continha mais
açúcar do que o café que eu, Nayeon e Wooyoung tomávamos.
Nossa troca essa manhã foi meramente afetiva. Eu me sentia extremamente melhor. Milagrosamente meu
pulso parecia desinchar e eu agradeço mentalmente ao médico que previu a melhora com os medicamentos.
Ainda me sentia estranho e receoso sobre o fato de Taehyung não me contar sobre a sua promoção, mas
decidi por não me estressar sobre isso. Ele falaria quando achasse que deveria.
Contudo, estava começando a rever algumas de minhas decisões. Eu amava Taehyung e queria estar com
ele, isso não era um equivoco da paixão momentânea da vida. Mas devido os últimos meses terem
culminado para que meu pulso, o qual eu precisava para trabalhar, fosse sobrecarregado com os meus
esforços, decidi que levarei as coisas com mais calma. Mesmo que a saudade de tê-lo me corroesse por
dentro.
Para estar aqui por ele, eu teria que estar aqui por mim primeiro.
Taehyung me olha mais uma vez, podia ver a dúvida surgir nas íris castanhas.
- Então, festinha mais tarde? - Wooyoung grita, roubando a atenção para si.
Ele estava realmente animado hoje.
- Pena que minha fase solteira terminou. - Nayeon confessa saudosa.
- E mesmo se não tivesse comprometida, as chances de você encontrar alguém hétero nesta festa será
baixíssimas. - Wooyoung diz.
- Os bissexuais existem. - Taehyung murmura após passar boa parte do tempo em silêncio.
- Nayeon é homofóbica, bifóbica e, pelo jeito, jovemfóbica porque só quer paus ressecados. - Wooyoung se
levanta rindo da sua própria fala e Nayeon se dispôs a correr atrás dele.
Sorrio quando da sala Wooyoung solta um grito.
- Homofobia!
Gargalho. Viver com Naki era legal, mas nada se comparava a ter Wooyoung e Nayeon vivendo suas
personalidades nas manhãs de sábado.
Ao me virar, encontro Taehyung me encarando.
- O que foi? - Sorrio para ele. Estava tão fofo com seu novo corte de cabelo. Não era uma grande mudança,
mas deixou o seu rosto mais fino. Eu era completamente atraído por ele.
- Nada. - Sussurra.
Toco sua nuca e o puxo para mim. Beijo os seus lábios. E o recompenso por ontem.
- Bom dia.- Murmuro contra a sua boca, sentindo sua respiração arrastada contra o meu rosto.
- Me beija de novo. - Pede já fechando a pouco distância entre nós.
°°°
- Ei, sem beber hoje. - Wooyoung me avisa se jogando no sofá. Então aponta para o meu pulso imobilizado.
- Eu vi você tomando o remédio. Provavelmente vou estar muito ocupado para me preocupar com você na
festa, por isso, cara, não beba!
- Pode deixar, mãe. - Wooyoung manda um beijo no ar em minha direção.
- Vamos?
Nayeon planta-se no meio da sala com o seu vestido vermelho extremamente curto. Wooyoung assobia em
aprovação.
- O seu daddy não ficará preocupado? - Sorrio porque Wooyoung continuava em seu projeto pessoal de
atormenta-la sobre o relacionamento.
- Eu já te disse para parar com isso. É nojento! - Incrivelmente ela responde sem alardes, mas a sua face
jorrava irritação. - E, para sua informação, ele confia em mim e não tem o porquê se meter nas escolhas dos
meus trajes. E, Wooyoung, se você soltar mais um daddy da sua boca eu vou cometer um crime de ódio.
Os olhos de Wooyoung brilham com a fala dela.
- Homofobia. - Sussurra com uma sorriso crescente. Nayeon lhe envia um dedo do meio com um sorriso
antipático.
Amava como o amor era transmitido nessa casa.
Nayeon se vira para mim e me olha com preguiça.
- Cadê o seu saco de batatas?
- Você é má. - Wooyoung murmura, mas seus olhos estavam focados na tela do celular em sua mão.
- Se arrumando. - Digo, levantando meu ombros.
Nayeon parecia confusa com a minha resposta, e eu mesmo não poderia negar que também estava.
Taehyung nunca pensou muito sobre a roupa que usaria para sair, no máximo se esforçava para fazer a
chamada fitagem que aprendeu meses atrás, mas ele mesmo admitiu que era preguiçoso demais para tanto
trabalho.
Ele havia me pedido para deixar o quarto antes dele e esperá-lo aqui em baixo. Não sabia o que pretendia
esconder, mas estava interessado em saber qual seria a surpresa. Porque, obviamente, haveria uma.
- Sabe ... - Nayeon senta-se ao meu lado. Sua maquiagem estava impecável, pois realçou seus olhos. - Se
você e Taehyung não derem certo, você pode sempre ser o meu amante.
Embora ela tenha sussurrado, Wooyoung foi capaz de escutar e o silêncio de minha resposta fez com que
conseguíssemos escutar o riso debochado que ele tentou encobrir com uma tosse.
- Estamos voltando a isso mesmo? Agora? - Murmuro de volta para ela, que afirma com um aceno. -
Amante? Eu mereço mais que essa posição.
Ela iria dizer algo, mas se retrai, visivelmente mudando de ideia.
- Eu iria falar algo muito maldoso. Mas considerando a sua situação, vou apenas deixar no ar que eu e você
ainda pode acontecer.
Franzo a testa sem saber se ela estava brincando ou de fato flertando comigo.
- Meu Deus, mulher, você não desiste! Pensei que estivesse apaixonada pelo seu da..
Antes que Wooyoung pudesse pronunciar o resto da conhecida e o que se tornou uma infame palavra nessa
residência, Nayeon rapidamente vai até ele e esfrega o travesseiro em seu rosto.
- Homofobia! - Wooyoung morria de rir enquanto seu grito saía abafado.
Encaro a cena achando incrível o fato deles simplesmente não crescerem. Talvez fosse a água dessa casa,
não era possível que ninguém aqui tem um senso de adequação social. A relação irmãos que se odeiam e
vivem implicando uns com os outros nunca passaria entre eles, disso eu tenho certeza. Não importa quantas
maldades sejam ditas e rebatidas, continuavam a se falar como se nada tivesse acontecido. E eu duvido
muito que reconsiderem suas falas. Por certo tempo o envolvimento impiedoso me pareceu muito cruel,
contudo, após uma semana entendi que, para sobreviver nessa casa, teria que aceitar o código implícito de
que todos são amigos no mesmo passo que são inimigos.
E, estranhamente, acho que eles se amam em algum nível. O mais passível de mostrar esse sentimento era
Wooyoung. Taehyung e Nayeon eram como água e óleo e não podiam estar expostos no mesmo local por
longos períodos de tempo.
- Vamos?
Surpreendo-me quando Taehyung surge na minha frente. Paro em meus atos quando meus olhos descem
para a roupa que ele usava. Eu estava completamente chocado considerando o gosto pessoal de Taehyung.
- Uau, você está sexy! Meu garoto! - Wooyoung foi o primeiro a se pronunciar. Pela animação em sua voz ele
realmente aprovou.
Ainda estava preso nele.
Taehyung vestia uma blusa de banda, AC/DC, o choque em si não era o fato dele usar uma estampa com um
grupo que ele possivelmente não era muito fã, mas sim a peça ser justa em seu corpo, marcando a sua
cintura. A escolha da calça não ficava para trás. Acho que eu nunca o vi usando jeans que chegassem a
marcar as suas coxas.
Quando Nayeon implicava sobre ele vestir sacos de batata havia um fundo de verdade na colocação do
critério de que Taehyung tinha preferências por roupas largas.
Mas o olhando nessas calças jeans que apresentavam alguns rasgos que possibilitavam ver as suas pernas,
além de marca-las perfeitamente me deixou extremamente estupefato. Minha atenção prende na blusa estar
por dentro da calça, o que o conferiu uma aparência extremamente sexy. Sua cintura completamente
delineada pela camisa justa.
Volto meus olhos para o seu rosto e ele estava me encarando com uma expressão tímida, quase que
procurando aprovação.
- Você está parecendo um femboy. - Nayeon comenta de onde estava junto a Wooyoung.
- O que é um femboy? - Wooyoung pergunta.
- Aqueles meninos que são super femininos. - Ela retruca.
A troca de ideia entre eles não me atingiu em nada porque ainda estava muito concentrado em Taehyung.
Ele abre a boca para dizer algo, mas Nayeon se pronuncia primeiro.
- Ok, femboy. Vamos para festa. Fez todo essa suspense para nada. - Ao meu lado, Nayeon examina
Taehyung dos pés a cabeça. - Pelo menos mudou o guarda-roupa.
Diz antes de pegar a sua bolsa no sofá e se dirigir à porta.
- Isso foi um elogio? - Wooyoung pergunta a acompanhando.
Nayeon bufa em resposta.
- Isso foi totalmente um elogio. Femboy te atraiu Oli? O seu daddy sabe disso?
Os dois já estavam do lado de fora mas dava para ouvir Nayeon xingando Wooyoung.
- Vamos? - Pergunto, pegando a sua mão.
Ele acena. A exasperação ainda presente na sua expressão.
Deixo que ele dê um passo em direção a saída antes de puxa-lo contra mim. Com um mão apoiada em sua
nuca dou-lhe um rápido selar.
- Você está lindo. - Sussurro. Beijo-o mais uma vez antes de aproximar a minha boca em seu ouvido. - E
muito gostoso com essa roupa. Podemos foder com você nessa camisa?
Solto sua mão e movo-a para a sua bunda, dou-lhe um aperto no qual sou correspondido com um beijo.
- Vamos foder ouvindo ACDC? - Pergunta contra os meus lábios.
- Bem alto, assim você pode gemer à vontade. - Sussurro, dando uma rápida mordida no seu lábio inferior.
- Eu gosto da sua ideia. - Diz após soltar um suspiro quando lambo o lugar onde infringi.
- Vou ter que concordar com Nayeon, vocês gays estão se tornando insuportáveis. - Wooyoung grita da
porta.
- Homofobia! - Eu e Taehyung respondemos.
Aparentemente ele recuperou-se da fase tímida. Sorrio enquanto Taehyung me leva para o carro de
Nayeon. Admiro a sua bunda naquele jeans e tento, inutilmente, refrear os meus pensamentos. Taehyung
queria me torturar, talvez esse fosse o objetivo. Me deixar completamente louco por tudo. Por não dizer a
verdade e por querer me tentar trocando suas vestimentas por algo que irá me manter imaginando coisas
que eu não vou poder realizar com ele agora.
- Por que você me odeia? - Murmuro assim que adentramos no carro.
Taehyung me olha desentendido. Mas me recuso a complementar. Apenas seguro a sua mão na minha e me
deixo levar.

Capítulo 49 - Mês 6
Wooyoung e Nayeon desaparecerem minutos depois de chegarmos, o que já era de se esperar. Não podendo
beber, tive que me restringir a uma garrafa de suco de laranja. Era insuportável estar sóbrio no meio de
tanta gente bêbada. Taehyung me fazia companhia, sua garrafa de água ao seu lado.
Talvez a bebida fosse nossa fonte principal de energia, porque estávamos sentados na área externa
enquanto o som chegava abafado até nós. A verdade é que eu não estava animado, se ao menos eu pudesse
calar todos os meus pensamentos com o álcool a noite estaria mais divertida.
- Você pode beber, eu não me importo. - Digo para Taehyung.
Ele levanta os ombros, quando se vira em minha direção me presenteia com um lindo sorriso.
- Não vou deixar você sofrer sozinho.
- Claro que não. - Afirmo. - Você assinou para ser o namorado do ano.
Ele não responde e voltamos a nos calar. A cacofonia dos gritos e da batida da música eram os únicos sons
que embalava o nosso silêncio.
- Aonde arrumou essa roupa? - Questiono para ruir o desconforto e também por curiosidade. Tenho certeza
de que ele não tinha essas peças antes.
- Perguntei a Tina se ela poderia me ajudar a comprar roupas menos largas. O que eu me arrependi meia
hora depois. Ela é maluca, me levou em cada loja possível e eu passei o dia inteiro experimentando roupas.
Todas longe de confortáveis. Essa foi a menos pior. Comprei algumas outras, mas não sei. Essa pareceu
aceitável.
- Por que quer mudar suas roupas? Algum problema com elas? Achei que você gostasse do seu estilo.
Taehyung propositalmente estava evitando os meus olhos. O observo tirar o seu tempo enquanto enchia as
bochechas de ar para então esvazia-las lentamente.
- Eu gosto. Mas pensei que talvez fosse legal mudar um pouco. - Abaixando a cabeça, ele foca nos tênis
gastos. - Não sei, parecer mais atraente de alguma forma.
A última parte me surpreendeu. Duvido se escutei certo ou estava alucinando.
- Parecer mais atraente para você, no caso. - Completa.
- Por que? - Não fazia sentido. Taehyung, possivelmente, era o cara mais abstraído que eu conhecia.
- Porque você disse que se eu procurasse existiria outras formas de um cara parecer sexy. Eu procurei, ok?
Mas não achei muita coisa. Eu tive que pensar sobre roupas e que estilo talvez você achasse legal em mim. -
Finalmente os seus olhos repousam nos meus, e Taehyung parecia frustrado. - Eu vi coisas muito estranhas
enquanto procurava, mas a questão é que eu fiz isso exclusivamente por sua causa. Porque você sente
atração por homens e homens com estilo que não era o meu.
Franzo a testa encarando o meu namorado que parecia estar levemente exasperado.
- De onde você tirou isso? - Embora eu esteja lisonjeado, não sabia de que lugar ele tirou essa ideia.
- Quando fomos almoçar naquele restaurante que Naki nos levou. Eu vi como você olhou para aquele
garoto, o que vestia uma roupa muito parecida com essa. E depois disso você disse que existiam outras
formas de um cara parecer sexy e... eu tentei isso. - Finaliza, murmurando a parte final.
Cobro a minha memória sobre o dia em questão e me recordo. Era um rapaz, provavelmente, da nossa
idade. Eu não estava olhando-o da forma como Taehyung alega, o garoto tinha uma tatuagem perfeita no
braço. Um dragão incrível na pele. Eu mal consigo recriar as vestimentas dele.
- Obrigado. Você está lindo, amor. - Pensar na dimensão de seus atos me fez rir. Taehyung era fofo. - Mas
você não precisa se vestir de outra forma ou se adequar a algo que você acha que eu goste. Só mude se você
quiser e fizer sentido para você.
- Eu sei que você gostou, eu vi nos seus olhos. - Murmura.
- Claro que eu gostei! Quaisquer roupas que você use, que mostre o seu corpo, terão grandes chances de me
deixar duro. - Sorrio para ele. - Até mesmo as suas roupas de saco de batata mexem comigo.
- Cala a boca. - Taehyung acaba sorrindo também.
Aproximando-me dele, repouso uma mão sobre a sua perna - graças a calça jeans justa podia ver toda a
delimitação de suas coxas - e outra ao redor de sua cintura.
- Sério, você não precisa se esforçar muito. Tudo em você é apelativo para mim. Sorte sua, hein? - Beijo sua
bochecha, sentindo o cheiro bom de sua pele.
- Você diz isso agora. Quando estamos longe isso muda.
- Isso é sobre o sexo por telefone? - Questiono criando espaço entre nós para poder vê-lo adequadamente.
- Não. Por que seria sobre isso? - Mais uma vez ele volta a evitar me olhar.
- Porque você sumiu depois? E quando voltou ignorou por completo ter desligado na minha cara? E o fato
de você não conseguir falar sobre o que aconteceu comigo ainda agora?
- Isso não foi nada demais. - Seu tom saiu tão baixo que qualquer buzina de carro me impediria de escutá-
lo.
- Então por que me ignorou?
- Porque eu estava envergonhado! - Diz por fim.
Taehyung passa suas mãos pelo cabelo, deixando o topo completamente bagunçado. Conseguia sentir sua
frustração em mim.
- Eu sei que não sou um namorado 100%, ok? E você é. Você me deixou... - Taehyung recolhe suas palavras.
Vira-se para mim, pelo movimento de sua boca sabia que ele mordiscava a parte interna de seu lábio
inferior. Expirando, continua. Agora com os olhos presos nos meus.
- Eu acho que sou homofóbico.
- Que?
Começo a rir. Não tinha mais o que eu poderia fazer. A mente de Taehyung funcionava de jeitos que eu não
poderia acompanhar.
- É sério, Jeongguk. - Sua face recoberta de austeridade me força a romper com a graça que sentia.
- Você percebe que eu sou um homem, certo? E que somos namorados? E que não estamos em uma relação
escondida?
Taehyung revira os olhos.
- Eu não sou idiota, Jeongguk. - Bufa entre as palavras. - Preste atenção, eu não vejo problema em ser ativo.
Mas quando eu penso em ser passivo eu fico nervoso. Não com o sexo em si, porque eu faria qualquer coisa
com você, mas sim porque eu não me imagino dando, entende?
- E o que isso tem haver com ser homofóbico? - Taehyung me encara como se eu estivesse perguntando algo
óbvio. - Você sabia que existem homens que são definitivamente passivos? E outros que são definitivamente
ativos? E não gostam de versatilidade? Talvez você seja um desses...
- Mas para ter certeza eu tenho que comprovar. Só que eu entro em pânico em imaginar. Isso é uma
mentalidade homofóbica!
- Você andou conversando com... - Instigo já imaginando a sua fonte.
- Tzuyu. Ela é a única pessoa que entende disso... - Forço-me a não demostrar a minha ironia.
- Eu entendo disso melhor que ela. Possivelmente. - Murmuro.
- Mas como conversar com você se você quer exatamente isso! Que eu seja passivo! Eu escutei o quanto você
quer isso. E eu sou um péssimo namorado por não poder apenas deixar ir.
Pela inclinação de Taehyung sobre esse tema, percebo que isso significava algo importante para ele.
- E eu te disse antes, eu quero você da forma que você puder ser para mim.
- Até quando? - Taehyung me espera responder, mas eu não entendi se sua pergunta era retórica ou se
esperava que eu respondesse. - Até quando você vai me querer assim? Sem ao menos retribuir em alguma
coisa?
- Taehyung! - Seguro seu rosto entre as minhas mãos. - Estamos em um relacionamento. Não precisamos
correr com nada.
- Você está longe de mim, Jeongguk. Eu não posso te satisfazer...
- Para com isso. - Taehyung retira minhas mãos de si. - Não vamos discutir sobre posições sexuais,
Taehyung. Não mesmo.
- Não é apenas sobre posições. Sexo tem um papel importante nos relacionamentos. Você mesmo sabe
disso. Até quando o nosso sexo vai ser interessante até se tornar baunilha demais? Você é o cara mais ativo
sexualmente.
- Não acredito que estamos debatendo em cima de sexo! Eu nunca reclamei sobre isso com você e seria bom
você acreditar em mim quando eu digo que eu não me importo. Eu não entro em uma relação por sexo. Se
você fosse assexual daria no mesmo! Você só precisa parar de se prender a esse tópico. Se um dia você
estiver afim e confortável com a ideia, a gente tenta, se não, continuamos. - Taehyung parecia relutante
diante das minhas palavras. - Acho que temos mais coisas para nos preocupar na nossa relação do que se
você vai ser passivo ou não um dia desses.
- Do que você está falando? É sobre o que a Nayeon disse hoje cedo? Você não pretende terminar comigo,
né?
Dessa vez eu opto por evitar olha-lo. Disse a mim mesmo que esperaria que ele pudesse compartilhar a sua
promoção, mas ao vê-lo tão preocupado sobre como nosso sexo pode levar a um certo desfecho entre nós,
me levou a pensar que sexo, com toda certeza, não era a minha preocupação.
- Ela me contou que você foi promovido. Há duas semanas atrás.
- Por que ela continua contando as nossas coisas? Aposto que tem um plano para que terminamos. -
Taehyung divaga em seus próprios pensamentos, como o esperado.
Deixo que ele tire o seu tempo, enquanto isso, tomo um gole do suco que já se encontrava quente.
- Eu não contei porque eu não queria colocar pressão em você. Você sabe que eu sempre fiz o trabalho do
meu chefe, agora eu sou o chefe. É uma oportunidade. Estou ganhando mais e basicamente fazendo o
mesmo de antes. Calhou que meu ex chefe de merda não fazia nada mesmo. E eu sei que você disse que
voltaria, mas eu não queria que você achasse que eu não poderia abrir mão dessa vaga. Também porque eu
não sabia se iria gostar.
- E chegou a alguma conclusão? - O olho, a verdade agora estampada na sua face.
- Sim. É bem legal ser chefe. Eu acho que me dei bem nessa.
Sorrio para ele.
- Isso é bom. - Rebato.
Meu peito aperta, mas decido ignorar.
- Desculpe não ter te contado assim que aconteceu. Eu estava meio que pensando que se eu me demitisse e
morasse com você seria mais fácil. Foi quando eles me promoveram.
- Você estava pensando em ir morar comigo? Em outro estado?
- Sim. Chegar lá de surpresa e meio que te prender a mim para sempre. - Taehyung sorri.
Queria deixar-me navegar no seu sorriso, contudo, outra questão surge.
- Então, desistiu por que recebeu a promoção?
- Sim. Até porque você disse que voltaria. Então... - Taehyung levanta os ombros.
- E seu eu não voltar? - O silêncio de sua resposta me força a levantar os meus olhos do ponto fixo que me
sustentou nessa última pergunta. O sobressalto na expressão de Taehyung me deu a resposta. Ele nem
considerou essa possibilidade.
- Teríamos algumas opções. - Taehyung limpa a garganta, disfarçando a sua surpresa. - Poderíamos
namorar a distancia ou um de nós desistiria de seu emprego.
- Sim, seriam essas as nossas opções. Mas você está feliz em ser gerente e eu nunca te pediria para desistir. -
Informo. E essa era a verdade. Taehyung passou por diversos aborrecimentos com o seu antigo chefe, mas o
seu emprego era algo que ele prezava e se esforçava bastante para manter.
- Assim como eu também nunca iria desmotiva-lo de seguir os seus sonhos.
E eu acreditava em suas palavras.
O que nos levava a apenas uma opção.
- Quer dizer, namorar a distancia não é tão ruim? - Ele diz por fim.
- É muito ruim, Taehyung. Fale a verdade. - Solto uma risada para tentar tirar o peso que se acomodou no
meu peito desde semana passada. - É cansativo. Eu não te vejo o suficiente, não posso falar com você
direito, não sei o que acontece na sua vida, não sei se está chateado comigo ou apenas ocupado. É uma
merda. Eu sinto sua falta o tempo todo. E aumenta o meu tesão e não temos tempo para fodermos até eu
esquecer o meu nome. É tudo uma merda.
- Você tem razão. É uma merda. Odeio pegar o avião. Acho que estou desenvolvendo um ranço desse
transporte.
Sorrio. Não havia como discordar.
- Isso quer dizer que vamos terminar?
Sua voz saiu tão triste que me recuso a olha-lo.
- Eu não sei. Eu não sei, Taehyung. - Murmuro encarando as minhas próprias mãos.
Da mesma forma que aconteceu quando sentamos aqui assim que chegamos, o silêncio entre nós abre
espaço para si, permitindo que chegasse ao menos a música e os gritos. Pelo menos pessoas estavam se
divertindo lá dentro.
- Acho que essa foi a relação mais longa que eu já tive. Dá ultima vez durei três meses. - Digo por fim,
tentando inutilmente não deixar que o peso subisse para a minha garganta.
- E esse seria o mais curto para mim, eu namorei muito tempo.
- Eu ofereceria para abrirmos a relação, mas eu não sirvo para isso. Não quero ninguém além de mim te
tocando. - Admito.
Taehyung bufa.
- Primeiro que uma vez que você é meu, acabou para todo o mundo. E segundo que você pegaria muito mais
pessoas que eu. Seria patético.
Viro-me para olha-lo, Taehyung sorri para mim. Do mesmo jeito que fez quando nos vimos pela primeira
vez, com a diferença que agora os seus olhos carregam o meu reconhecimento. Os meus sentimentos por
ele. Devolvo o sorriso. O peso diminui por alguns momentos. E torço que não terminemos. Eu estava
disposto a desistir de uma vaga por ele antes, não poderia continuar com a minha posição? Não seria o
caminho mais fácil?
Sentia que Taehyung queria dizer mais alguma coisa, mas o toque do meu celular rompe a nossa troca
visual.
Ver o nome da minha irmã na tela me causou arrepios. Atendo sem racionalizar.
- Nosso pai sofreu um acidente. Você está na cidade, certo? Eu vi nos seus stories. Nossa mãe está
desesperada pedindo por você. Por favor, venha para o hospital agora, vou te mandar o endereço. Por favor,
venha. Por favor.
O choque da notícia me distrai do fato de que Lian estava falando em mandarim o tempo todo e ela só fazia
isso quando estava extremamente nervosa ou queria contar algo que nossa mãe não entendesse.

Obs: Demoro, mas atualizo. Grata a todos. Da próxima vez que atualizar será nossa despedida. Prometo
não demorar. Até.
Capítulo 50 - Mês 6

Mal lembro como chegamos no hospital. Minha cabeça rodava no mesmo tópico. Meu pai. Não nos víamos
pessoalmente há anos. Mal escutei sua voz dentre os últimos meses. Maior parte do tempo era como se eu
não tivesse família. Se não fosse pelas minhas irmãs mais velhas eu poderia bem esquecer de que um dia
convivi com os meus pais.
Mas estando no hospital, com minha mãe chorando no meu peito, captando a preocupação nos rostos das
minhas irmãs, a realidade bateu de modo diferente. Sentia uma estranho vácuo. Não era medo. Nem
remorso. Muito menos saudade. Eu apenas não conseguia sentir.
Meus braços em volta da minha mãe pareciam rígidos e mecânicos, como se eu estivesse me forçando a
fazer isso. Confortá-la.
- Ele não pode morrer, não pode. - Sussurra contra a minha camisa.
Queria poder dize-la que tudo ficaria bem, mas minha boca parecia autônoma e se recusava a abrir ou
projetar qualquer som.
Em algum momento o médico apareceu para noticiar o ocorrido. Tento fazer com que suas palavras
fizessem sentido. Ele disse algo sobre concussão, o que afirma ter sido sorte, depois complementa sobre
ambas as pernas estarem quebradas e um deslocamento de ombro. Mais uma vez ele aponta a sorte do
impacto não ter causado mais...
Desconecto após a explicação principal.
Um certo alívio predomina sobre a inércia de sentimentos. E isso me deixa mais tranquilo, eu era humano
afinal de contas. Sentir alguma coisa quando seu pai está no hospital era necessário, mas não tinha certeza
se o alívio foi pelo fato dele estar bem ou porque, com ele vivo, eu poderia sair daqui mais rápido.
Ao olhar para a minha mãe, reparo que o medo diminuiu, assim como o seu choro. As linhas de expressão
se tornaram mais marcadas diante da face triste.
Eu mal a reconhecia.
- Viu, mãe? Ele vai ficar bem. Não se preocupe. Agora o que temos que fazer é esperar. - Lian abraça a mais
velha, seus olhos recaem sobre mim. Ela era irmã que eu me tornei mais próximo após sair de casa. Mas
desde que me mudei nossas interações diminuíram.
- Cadê a Annchi? - Nossa mãe diz, após segurar a minha mão. Tendo o suporte de dois dos seus filhos
agora.
- No banheiro. Mandei mensagem avisando que está tudo bem e as notícias do médico. - Lian me olha mais
uma vez e acrescenta. - Ela vomitou muito. Está bem abalada.
Não respondo. Talvez eu fosse o único que não estava sentindo muita coisa.
- Você está mais magro. Está bem? - Olho para minha mãe, imaginando que esteja apenas desviando sua
atenção para não pensar no fato de seu marido estar em uma cama de hospital.
Aceno. Não acho que conseguiria falar.
- Eu pensei tanto em você. Ele não pode partir sem ver você antes. Sentimos sua falta. - E, com isso, ela
volta a chorar no peito.
Para me distrair rodeio os olhos pelo corredor à procura de Taehyung.
- Ele está na cafeteria com a Li. As suas irmãs mal sabem lidar com crises. - Lian responde a minha
pergunta não dita.
Não sei como Lian conseguia me ler, mas quando ela segura a nossa mãe, dizendo palavras reconfortantes e
a afastando de mim, queria agradece-la.
- Vamos descansar. O papai vai ficar bem, mas você precisa ficar bem também. Quando ele acordar e te ver
assim vai ficar chateado.
Lian consegue administrar as crises de choro da nossa mãe com destreza e eu me senti aliviado por isso.
- Pode ir. Mas volte para vê-la. Eu sei que é demais pedir isso de você, mas nem que seja apenas uma vez.
Volte semana que vem para vê-los. - Lian sussurra em nossa outra língua materna.
Não respondo. Ela tinha razão, era demais pedir qualquer coisa de mim relacionado aos nossos pais.
°°°
O carro se manteve inerte. Olho para Taehyung que mantinha suas mãos em seu colo, a chave não estava na
ignição.
- Vamos esperar um segundo. -Ele diz.
Incrível como as pessoas estavam conseguindo responder aos meus questionamentos sem ao menos eu
precisar dizer uma palavra. Talvez eu fosse muito expressivo.
Dito isso, apoio a minha cabeça entre as minhas mãos. Diferente de antes, agora me sentia saindo do estado
de dormência que me acolheu enquanto dividia o espaço do corredor com a minha família.
- Tudo bem. Está tudo bem. - Não sei em que momento comecei a chorar, ou quando os braços de Taehyung
me rodearam, ou quando a sua voz suavemente preenchia o carro.
Também não lembro da última vez em que chorei.
Talvez tenha sido no dia em que fui expulso. No quarto de hóspede da minha tia. Foi ali. E agora odeio que
eu esteja chorando pela mesma pessoa ou preso em uma situação em que envolvia os meus pais. A verdade
era que eu os odiava. E a ética familiar era a responsável por me trazer a sensação de culpa. Não deveríamos
odiarmos os pais, mas eu o fazia mesmo assim. E me corrói pensar que, de certa forma, ainda me
preocupava com eles.
- Vamos embora. - Murmuro, criando espaço entre nós.
Eu não era um homem extremamente sensível a ponto de chorar por detalhes sofridos. Com toda certeza eu
me importava com aqueles que amava, mas aprendi a lidar bem com os meus sentimentos e deixar claro
cada um deles quando necessário. Eu tenho consciência de que o único fator da minha vida o qual eu não
poderia passar por cima ou controlar era a mágoa que meus pais me presentearam anos atrás. Eles nunca se
importaram demais para dizer que poderíamos ser uma família de novo. Suas ligações esporádicas, todas da
minha mãe, não diziam nada. Eu ainda era o afastado e aquele que cometeu um grande erro, destruindo a
harmonia familiar.
Eles eram a causa dos sentimentos que eu não aprendi a lidar. Por mais que eu tentasse. Durante anos me
dediquei em seguir em frente. Por certo momento me preparei mentalmente para o dia em que um deles
morresse e eu poderia viver com a mágoa até que fosse o meu último dia nessa terra. Não esperava ficar
afetado pelo acidente do meu pai.
Por mais cruel que parecesse, eu queria ter encarado isso como se não fosse nada incomum.
°°°
Taehyung aceitou o acordo tácito do silêncio. Por dentro, agradeço por ele não me forçar a falar. Até porque
eu não acho que consiga ainda. Passava das três da manhã quando finalmente deitamos na cama, ainda
desconfortável, dele.
O quarto foi envolvido pela semiescuridão do lado de fora, prestes a amanhecer. Taehyung se deita ao meu
lado, nós dois encarando o teto ou o que dava para enxergar dele. Assim que Taehyung segura a minha mão,
firmemente contra a sua, suspiro aliviado, não percebendo o quanto eu precisava de seu toque.
- Ele vai ficar bem. E você também. Está tudo bem se não quiser falar, mas me deixe dizer que, seja o que
for que esteja sentindo, está tudo bem. Se permita ter os sentimentos mais atrozes e tristes possíveis. Isso
não te torna um humano pior ou melhor.
A fala de Taehyung me fez sorri por breves segundos, para logo depois mais lágrimas brotarem em meus
olhos. E eu achava que já haviam sido todas exauridas. Erroneamente, pelo jeito.
E surpreendendo a mim mesmo, eu quebro o meu próprio silêncio.
- Odiei ir lá. Não sei para que ela me chamou. Foi ela quem observou ele me expulsar de casa sem nada.
Deixou que ele me dissesse coisas absurdas. Ficou em silêncio por anos até a culpa morder a sua bunda. E
agora quando ele está em risco de morte precisa de mim? E quando eu precisei dela? Quando minha tia
ignorava que eu estava uma merda e prestes a me matar, será que ela não percebia que tudo o que eu
precisava era dela?
As memórias que eu guardava e evitava enfrenta-las voltam me deixando mais sensível e com muita mais
raiva.
- Ela nunca me pediu desculpas pessoalmente. Nos vimos duas vezes, talvez uma. Eles nem ao menos
consideraram me ter em qualquer data festiva. É assim que se desculpam? Se não fosse pelas minhas irmãs
eu poderia bem deleta-los da minha vida. Mas talvez isso fosse impossível. Eu os odeio por me fazerem
sentir assim. Eu sou a droga de um homem adulto, não precisei deles para chegar onde estou, mas ainda
assim eu me importo. Eu me importo mais com eles do que eles comigo. Quando deveria ser ao contrário,
certo?
A mão de Taehyung pressiona a minha. E me sinto confortável para continuar a me abrir.
- Seja como for, eu não quero que ele morra. Meu pai morrer não vai me deixar mais feliz, não vai resolver
nada e nem me fazer esquece-lo. Talvez piore. Que eles sejam felizes até o último suspiro dos dois. Mas eu
quero poder ser feliz em todas as merdas das datas importantes também. Quero poder não ter que lembrar
em cada natal, ano novo e ano novo chinês que eu não pertenço.
Acho que essa foi a primeira vez que verbalizei os meus reais pensamentos sobre meus pais. Não adiantou
em tudo, mas ao menos parei de chorar.
Taehyung se levanta subitamente. Após ascender a luz, reparo o quanto os seus olhos estavam vermelhos.
Assim que retorna ao meu lado, me vira gentilmente em sua direção. Queria poder dize-lo que não era nada
demais. Contudo, seria uma mentira. Eu não posso reconforta-lo agora, não tinha essa energia.
- Eu não imagino o quanto deve ter sido difícil para você antes e como isso ainda te perturba. - Ele leva sua
mão ao meu rosto, seus dedos acariciando a minha face, depois o meu cabelo. - Mas eu te agradeço.
Obrigado por chegar até mim. Obrigado por não desistir e ter feito o que fez para ser o Jeongguk que amo
hoje. Eu estou muito orgulhoso de você.
E quando eu achava que nada mais poderia me quebrar em mais lágrimas, Taehyung me prova que o corpo
humano poderia produzir infinitas delas.
- Sinto muito pelos seus pais. Sinto que eles sejam tão burros por deixar você ir. Eles que estão perdendo.
Você é a pessoa mais incrível que já passou pela minha vida. E eu sou um filho da puta sortudo por você
gostar de mim.
Taehyung deposita um longo selar nos meus lábios. Assim que se afasta, os seus olhos prendem os meus.
- Você pertence a mim. - Sussurra. Suas palavras causam um arrepio por todo o meu corpo. - Você tem a
mim e eu tenho a você. Sempre. Você pertence aqui, nessa casa. Comigo, com o Wooyoung e com a chata da
Nayeon. Agora você também tem a minha mãe e a Tina. Eu sei que nós não substituiremos os seus pais, mas
se eles não sabem apreciar o filho que tem, nós sabemos apreciar e valorizar você porque está em nossa
vida. Quando eu digo que você é perfeito, não estou falando da boca para fora.
Taehyung aproxima o seu rosto do meu, unindo as nossas testas.
- E será um grande prazer passar cada data festiva com você. Eu não sei muito sobre o ano novo chinês, mas
eu vou investir em saber como podemos fazer isso. Eu quero te fazer feliz em cada data festiva possível. -
Acrescenta em um sussurro.
Amo esse homem. Eu estava tão preso a Taehyung.
- Seu pai vai ficar bem. E você também. Eu te amo Jeon jeongguk.
O puxo para mim, beijando-o.
Taehyung me retém próximo a si. Nosso beijo foi uma bagunça e eu adorei cada segundo.
- Você disse que me ama. - Murmuro colocando a minha testa na sua, sentindo os seus fios rebeldes contra
os meus dedos.
- Só porque eu estou no modo livro auto ajuda.
- Cala a boca. - Sorrio, o puxando para mim para mais um beijo.
Os olhos de Taehyung me observam, analisando-me.
- Obrigada. - Digo, acariciando o seu nariz com o meu. - Você é perfeito.
- Eu estou aqui por você. Eu até te ajudaria a enterrar um corpo se precisar um dia. É tudo ou nada.
Diz de modo tão sério que eu realmente acredito que Taehyung poderia me ajudar com um crime.
- Bom saber disso. Gosto do seu lado psicótico amoroso. Faz coisas com o meu...
- Não diga isso. - Taehyung enfia seus dedos no meu cabelo, um amplo sorriso em seus lábios.
- ... coração. Mentalidade suja a sua. - Sussurro, rindo.
- Vem cá, chorão. Vamos descansar.
Como ele sempre faz, joga uma de suas pernas sobre mim e me rodeia com o seu braço. Sinto sua mão
adentrar na minha camisa e seus dedos acariciarem as minhas costas. Fecho os meus olhos sentindo o
cheiro de seus cachos.
Suas palavras flutuam em volta do meu coração. Embora, ainda sentia-me triste, Taehyung tornou tudo
suportável. Então é assim que é amar alguém e deixar que essa pessoa te console e facilite para você. Eu
queria dize-lo mais que obrigado, mas se eu fizesse isso, tenho certeza que me chamaria de clichê. Embora
não estejamos em pé de igualdade com a trajetória futura do nosso relacionamento, não havia dúvidas em
mim de que iriamos ficar juntos.
Taehyung me fazia sentir o mais próximo de casa que um dia já senti. Não posso e não quero abrir mão
disso.
Apertando-o mais contra mim, sussurro:
- Eu te amo.
- Claro que ama. - Se eu não estivesse de olhos fechados, já os teria revirado. - Eu te amo também. E amo o
seu pau.
- Boa noite, Taehyung.
Ele ri contra o meu pescoço. E eu dormi imensamente feliz e grato por tê-lo ao meu lado.
Capítulo 51 - Mês 7

Minha mãe parecia bem melhor desde a última semana. O rosto estava menos abatido e o sorriso
aparentava confortável em sua face. Debati internamente sobre vir ou não, no final, meu senso de dever foi
maior do que o meu ego. O apoio de Taehyung também foi fundamental para que eu conseguisse pisar aqui
de novo.
Aperto a sua mão e caminho junto a ele na direção da mulher que me deu a vida. Noto quando os seus olhos
descem para as nossas mãos unidas. Seja o que for que pensava, não deixou transparecer.
- Que bom que você veio. - Ela me puxa para si. - Obrigada.
- Tudo bem. Como você está?
Repentinamente me veio a lembrança de que por anos ela escutava frequentemente dos nossos vizinhos e
parentes que nenhum de nós a puxaram. O seu cabelo loiro, olhos azuis escuros e grandes demais para o
seu pequeno rosto foi absolutamente desprezado por todos os seus filhos.
- Melhor. Seu pai está se recuperando bem, ele está consciente.
- Isso é bom. - Digo desconfortavelmente. Não lembro mais como é me sentir cômodo com minha mãe. -
Esse aqui é o Taehyung, meu namorado.
Os olhos dela passam para Taehyung, um sorriso amigável a mostra.
- Olá. Prazer conhecer a senhora.
- Prazer conhece-lo também, Taehyung.
Esse é um momento que eu nunca achei que aconteceria, minha mente ainda estava situando o esse cenário
que achei ser utópico.
- Você deveria ir vê-lo, suas irmãs devem chegar mais tarde, Lian irá trazer as crianças.
Olho para Taehyung, ele sorri me dando encorajamento. Quando sinto sua mão em minha nuca,
massageando a área, tento criar coragem para entrar no quarto. Procuro resposta em Taehyung, mas seus
olhos castanhos não me diziam muita coisa.
- Tudo bem. - Ele sussurra.
Assim que a porta se fecha atrás de mim, entro em um certo transe. Meu pai parece mais velho, mais pálido
e menor. Nada do homem grande e imponente de que me lembro. Seus olhos, os quais eu puxei, focavam
em mim, mas diferente da sua mulher, ele não sorri.
- Jeongguk. - Diz após longos segundos encarando um ao outro.
- Oi. Como você está?
- Com dor. Minhas pernas doem, meu corpo velho e cansado já não sustenta muita coisa. - Aceno, porque
não sabia o que falar. Eu queria sair daqui o mais rápido possível. - Você cresceu.
Seguro uma risada sarcástica, eu não estava aqui para enfrenta-lo.
- Eu sei que você me odeia.
Não respondo. Não seria necessário confirmar algo que ele já sabe.
- Estar perto da morte não me fez ver que errei com você, mas eu sou um homem muito rancoroso. E você
sabe que sou apegado ao que acredito.
Dessa vez não consegui esconder o meu descontentamento. Contudo, refreio os meus pensamentos.
- Eu ainda não acho certo o que você escolheu para si mesmo. Mas eu entendo agora que não posso
desrespeitá-lo como eu fiz.
- Eu não escolhi, aconteceu. Você não escolheu se apaixonar pela minha mãe. Ou o fez?
- Não é a mesma coisa, Jeongguk. - Sua voz severa me leva de volta aos quatorze anos. Retrocedo ao corpo e
à mente inocente que, durante certos minutos, achava que os seus pais o aceitariam antes de soltarem as
palavras maliciosas.
- Seja como for, que bom que está vivo e bem. - Digo por fim. Não adiantaria estender aquele assunto.
- Jeongguk, não quero discutir com você. Você é o meu filho, quero que possamos ser uma família de novo.
Duvidava se aquilo poderia acontecer.
- E você vai me deixar levar o meu namorado para conhecer vocês da mesma forma que deixou os
namorados das minhas irmãs? Porque para ser uma família de novo você deve se lembrar que eu ainda
gosto de homens. E estou em um relacionamento sério com um. Também não pretendo fingir ser o que você
quer apenas para ser aceito. O que vai fazer em relação a isso, pai?
O silêncio que cobre o quarto já me dizia o suficiente. Ele não cederia diante de suas "crenças" por mim. E
eu não vou força-lo a fazê-lo. As palavras de Taehyung assentavam-se em meu coração dia após dia, criaram
suas marcas. Eu tinha uma família. A que eu escolhi ter e não tinha nada a ver com a minha de sangue. Eu
tinha Taehyung.
- Tudo bem, pai. Já passamos por isso. - Suspiro.
A tormenta em meu peito parecia menos ameaçadora. Por alguns segundos me permito decorar os traços
marcados do meu pai, penso que provavelmente não ficarei muito diferente dele quando envelhecer. Espero
que Taehyung continue me achando bonito quando a idade avançar.
Meu pai estava bem para os seus sessenta e dois anos. Toda a boa alimentação que ele vivia a nos ensinar
teve enfeito.
- Se cuida. Eu tenho que ir, meu namorado está lá fora. - Aguardo para ver se ele teria algo mais a dizer, mas
quando os seus olhos continuam a me encarar sem respostas, me viro decidido a perdoa-lo, porém, disposto
a deixá-lo para trás.
Eu o amava na mesma medida em que o odiava. E como Taehyung fez questão de frisar, tudo bem me sentir
assim.
- Eu devo voltar para casa daqui a duas semanas, quero fazer um jantar em família. Contamos com a sua
presença. - Ouço no momento em que toco na maçaneta. Quando abro a porta ele acrescenta. - Pode levar o
seu... namorado.
A última palavra saiu baixa e forçosa.
Não respondo e deixo-o para trás.
°°°
- Para onde você esta me levando?
Após sairmos do hospital, Taehyung me empurra para dentro de um Uber em direção a uma ponte. Pelo
menos era esse o endereço que ele deu ao motorista.
- É surpresa, não posso falar. - Diz. - Ei, a sua mãe é linda. Ela amou saber que eu sei costurar.
- Você sabe costurar?
- Sei, Jeongguk! Minha mãe é costureira! Como você não sabe disso? - Taehyung parecia indignado.
- Eu sei sobre sua mãe, eu não sabia sobre você. Desde quando costura?
- Desde os meus oito? Minha mãe me forçou a aprender já que Tina é uma preguiçosa. Não há papéis de
gêneros na minha casa. Gostou da militância da minha velha?
Sorrio para a sua fala boba. Seguro a sua mão, entrelaçando-a com a minha.
- Obrigado por ter vindo hoje. - Confesso.
Taehyung sorri de volta e levanta as nossas mãos, depositando um beijo nas costas da minha.
- Eu vou para onde você for.
Franzo a testa quando os seus olhos de tornam suspeitos, mas Taehyung desvia e começa a falar sobre outro
tópico.
- O que você pensa sobre bungee jump?
Arregalo os meus olhos e encaro o meu namorado.
- O que você está aprontando?
°°°
A surpresa de Taehyung era um salto de bungee jump.
Não que eu tenha medo de altura, mas estou despreparado para qualquer aventura. Contudo, aqui estava
eu. Com toda certeza, Taehyung queria que o meu dia fosse repleto de emoções. E eu o amava por isso,
embora a sua ideia de surpresa tenha elevado de nível.
O seu rosto estava infinitamente próximo do meu devido os equipamentos que nos prendiam juntos.
Taehyung não tirava os olhos de mim e eu não tirava os meus olhos do homem que nos prendia. Questiono
se tudo estava firme e se ele não esqueceu de checar nenhum dos fios. O olhar cansado do homem me
afirma que ele já fez aquilo mais vezes do que poderia contar.
- Talvez essa não tenha sido uma boa ideia. - Taehyung murmura, suas mãos apertando os meus braços.
Olho para o vão embaixo da ponte. Não havia nada além do mar logo a baixo.
- Acho que agora não é hora para duvidar do presente surpresa. - Murmuro de volta.
Meu coração estava acelerado, mas vendo Taehyung se tornar uma bola de nervosismo, forço um sorriso
tranquilizador. - Vai ser ótimo, grite o máximo que puder e se segure em mim.
- A gente pode morrer. Não quero morrer tipo Romeu e Julieta. Não é romântico! - A voz de Taehyung
aumenta e não sei se ele percebeu que gritou.
- Vocês não vão morrer. Preparados? - O mesmo moço que checava os nossos protetores, volta a ficar de pé
e nos lança um olhar irônico. - Relaxem, todo mundo que chega aqui acha que vai morrer. Nunca morrem.
No três, ok?
- Ok. - Dizemos juntos.
Sorrio para Taehyung que me olhava com os seus olhos arregalados.
Era um movimento tão Taehyung marcar algo como bungee jump e depois se arrepender.
Assim que escuto o número três abraço Taehyung e me jogo com ele em direção ao abismo.
°°°
- Nunca mais quero fazer isso. Foi horrível. Eu senti que enfartei um pouco.
Sorrio enquanto olho o meu namorado que agora estava pálido e desidratado por ter vomitado todo o seu
café da manhã. Taehyung aguentou o pulo, já eu me diverti depois de pularmos. Foi uma sensação estranha
e muito gratificante. Parecia que íamos de fato morrer, se jogar para o nada foi extremamente satisfatório.
Assim que pisei na terra firme sentia as minhas pernas bambas enquanto uma insana adrenalina percorria
o meu sangue. Não tive muito tempo para curtir a sensação porque Taehyung desmaiou logo depois.
Agora estávamos sentados em um bistrô perto da ponte, Taehyung estava jogado no sofá estético do local e
eu mordiscava o sanduiche que pedimos.
- Foi sua ideia. Eu gostei.
- Que bom. Achei que iria gostar também. Mas se você curtiu, valeu a pena. - Ele me olha docemente antes
de voltar a fazer careta e tentar beber o suco de laranja que pedimos.
- Por que logo bungee jump? Podíamos fazer uma trilha. - Pergunto entre mordidas. O local onde estávamos
era caro, absurdamente caro, mas o gosto do sanduiche quase fazia valer a pena.
Taehyung tenta se sentar confortavelmente, ainda mostrava-se enjoado, mas tenta se manter firme e
impassível.
- Porque eu imaginei que seria difícil para você ir ver os seus pais hoje. E também sei que você ficaria triste.
Então pensei que seria legal você esquecer os seus pensamentos fazendo alguma coisa diferente. Bungee
jump pareceu razoável. Não contava comigo mesmo. Ajudou?
Sorrio para ele.
- Ajudou muito. Ter você é a melhor ajuda que eu poderia ter.
- Para com isso. Eu não posso ficar enjoado e excitado ao mesmo tempo.
O olho desentendido.
- O que eu estou fazendo?
- Mordendo o seu lábio inferior. Pare com isso. - Taehyung me olha descontente e acrescenta em um
murmúrio. - Esse piercing ridículo.
Mordo de novo e pisco para ele. Taehyung joga sua cabeça para trás resmungando.
- Eu te odeio.
Sabia que Taehyung gostava da minha boca, mas era interessante saber dos efeitos que eu tinha sobre ele.
- Da próxima vez vamos fazer paraquedismo? - Pergunto.
- Você faz. Me deixa em paz. E se ousar me levar sem eu saber entrarei em greve de sexo.
- Você não iria aguentar ficar muito tempo sem o meu pau. Não foi você que disse que amava me chupar?
Taehyung arregala os seus lindos olhos e levanta a cabeça, checando em volta. Não havia muitas pessoas no
bistrô e muito menos ao nosso redor, onde as mesas estavam vazias.
- Eu nunca disse isso. - Sussurra.
- Tem certeza? - Pego o meu suco e sugo o canudo entre os meus lábios. Os olhos dele acompanham cada
movimento.
Taehyung não me responde, mas os seus olhos voltam a focarem nos meus.
- Pena você estar mal, iria te recompensar por ser um ótimo namorado.
- Até mais tarde eu vou estar melhor. - Diz inocentemente.
Não consigo manter minha tentativa de flerte, acabo rindo com a sua resposta.
- Você agora pouco disse que entraria em greve de sexo.
- Se você me levar para fazer paraquedismo. Fora isso, greve de sexo nunca irá acontecer entre nós.
- Nunca? Isso é uma promessa?
- Isso são fatos do futuro próximo e a longo prazo, Jeongguk.

Capítulo 52 - Mês 7

- Finalmente estamos conhecendo o famoso Taehyung, passamos meses apenas com fotos e poucas
informações. Tão bom saber que você é real.
Marcus foi o primeiro a se manifestar quando viu Taehyung e, desde então, não parou de falar.
A ideia de apresenta-lo aos meu colegas de trabalho foi da própria Luana, que me ouviu comentar que o
levaria para sair assim que ele chegasse na cidade. Embora eu adore os dois e sejam pessoas ótimas, eu não
os convidei, e como não queria ser deselegante, porque ambos estavam ansiosos para conhecer Taehyung,
decidi sanar a curiosidade deles.
- Tenho que concordar com Marcus. É bom, finalmente, ver vocês juntos pessoalmente. Era sempre
Taehyung abstrato e Jeongguk real. Uau. - Luana sorria amplamente, suas bochechas já rosadas devido as
bebidas.
- E, tipo, o seu homem é super cobiçado na empresa. Por exemplo, Juliana do terceiro andar! Ela flertava
com ele todos os dias. Era insano porque ele nem dava bola. Luana que sabe. - Marcus sorri
intencionalmente na direção de Luana que lhe dá um tapa no braço.
Toco a nuca de Taehyung, acariciando os fios mais curtos naquela área. Logo sinto sua mão na minha coxa.
- Então, você deu em cima do meu namorado, Luana? - A pergunta de Taehyung a fez ficar mais vermelha
do que já estava. Arregalando os olhos, nega com um aceno desesperado.
Marcus ria exageradamente enquanto assistia a cena.
- Taehyung, a gente acabou de se conhecer. Eu não vou mentir que no início, bem no início, quando eu não
sabia quem ele era, uma desinformada, eu levemente dei em cima dele, mas assim que eu descobri que
namorava, nunca mais. Pergunte a ele. Diga Jeongguk!
Luana parecia muito nervosa em sua justificativa. Sorrio para Taehyung que aparentava se divertir com a
situação.
- Isso é tão feio, Luana. - Marcus complementa, já recuperado de sua animação anterior.
- Taehyung, você acredita em mim, certo? Você não pode acreditar em alguém como Marcus. - Luana diz,
seus olhos focados em Taehyung.
- Devo acreditar nela? - Taehyung me pergunta, conseguia ver que ele estava cansado, mas se divertia com
eles.
- A regra número um é nunca confiar no Marcus. - Digo.
- Sua primeira impressão está duvidosa, Marcus. - Taehyung diz em seguida.
Marcus e Luana se deram muito bem com Taehyung. Mesmo ele não sendo da empresa, foi obrigado a
escutar as fofocas que Luana achou interessante repassar. Marcus disse, em certo momento da noite, que
Taehyung e ele poderiam ser irmãos, porque na cabeça dele os dois teriam traços de personalidades
parecidas. Conclusão essa que ele chegou após duas horas de interação.
- Deixa eu te perguntar algo. - Marcus se torna repentinamente sério. - Quando você descobriu que era
bissexual? Como foi para você?
Luana me olha surpresa e eu acho que correspondi. Marcus não havia tocado no assunto sexualidade depois
da última vez. Se ele ainda estava preso nesse tópico, possivelmente tem pensado nisso com mais
frequência. Longe de mim duvidar da sexualidade de alguém, mas fiquei levemente admirado.
- Eu namorava com uma mulher quando comecei a me atrair por Jeongguk. Não sei muito bem como
começou. Foi depois do men... - Taehyung para o seu discurso e se vira para mim.
Vejo nos seus olhos a dúvida sobre o quanto revelar da nossa história. Levanto os ombros, o deixando optar
pelo o que achar melhor.
- A gente meio que se envolveu e eu percebi que gostei. Acho que foi normal para mim, não me importei
muito. Um dos meus melhores amigos, o Wooyoung, sempre se afirmou como pansexual e a minha ex se
dizia bissexual. Então, de certa forma, eu estava em contato com pessoas que estavam fora da categoria
binária. E a minha ex gostava de falar sobre essas coisas comigo. Na verdade, ela foi muito importante para
que eu não estranhasse o fato de me envolver com um homem. Foram anos e anos de muitas conversas
sobre a sexualidade humana.
Marcus parecia extremamente concentrado nas palavras de Taehyung, as únicas vezes que o vi assim era
quando estava trabalhando, investido em seus projetos.
- Mas quando você se envolveu mesmo, não foi estranho? Você nunca antes tinha se relacionado com
alguém do seu gênero até então, certo?
Embora esse momento fosse sobre Marcus estar, provavelmente, em dúvida sobre a sua sexualidade, me
pego curioso em saber as respostas de Taehyung.
- Isso. Jeongguk foi o primeiro cara com quem fiquei. - Taehyung volta os seus olhos para mim e sorri. - E
meio que o único.
- Fofo. - A fala de Luana quebra a nossa troca e Taehyung retorna a Marcus.
- Foi estranho para falar a verdade. É diferente, muito diferente. Tipo muito mesmo. Mas a atração deixou
tudo normal depois. É só diferente.
- Você não sente falta de buc...
-Marcus! - Luana bate no braço de Marcus, interrompendo a sua pergunta. - Não se pergunta essas coisas!
Ele a olha confuso. - Por que não? - E, então, olha mais uma vez para Taehyung. - É ofensivo?
- Não. Mas é meio íntimo. Quer dizer, eu não sinto saudades ou o que for de uma mulher. Não é assim que
funciona.
Estava me sentindo ridicularmente orgulhoso de Taehyung.
- Como assim? Tipo, vocês são dois homens e sabe, sei lá.
- Não acredito. - Luana enfia o rosto nas mãos, envergonhada.
- Se você sente atração por uma mulher, o contato sexual independe, porque você estará afim. A mesma
coisa acontece com um homem. Se sentirmos atração por um cara, o nosso contato sexual será apenas o
fim. Já sentiu atração por um homem, Marcus?
Todos nós nos atentamos a resposta dele, que, fora de seu personagem, aparenta tímido.
- Talvez. Eu não tenho certeza. - Marcus responde retraído.
- Yuri? - Luana questiona, agora totalmente investida na resposta.
Marcus olha para ela, alcancei tanta incerteza em sua expressão que decido interromper antes que ele se
arrependa de dizer algo que não se sente a vontade.
- Marcus, seja como for, chega de encher o meu namorado com suas perguntas. Ao menos que queria paga-
lo para isso, aí podemos conversar .
Ele me olha aliviado. O seu sorriso solto retornando a sua face, afastando sua persona aturdida.
- Cara, deixe morrer. - Então, ele se vira para Luana, que ainda estava concentrada nele. - Eu não sei se sou
bissexual, mas ainda estou 100% atraído por você. Quando você me dará uma chance?
- Taehyung, sabia que Jeongguk é super amado pela nossa chefe? - Luana desvia o tópico ignorando-o
propositalmente.
Sendo assim, retornamos a conversas despretensiosas. No entanto, Marcus se tornou mais introspectivo
após as respostas de Taehyung.
°°°

- Os seus amigos são legais. - Taehyung diz após se deitar ao meu lado na cama. - Quem é Yuri?
- O chefe da nossa chefe.
- Marcus gosta dele?
- Na verdade, eu não sei.
- Qual seria o intuito dele me questionar tantas coisas se não estiver duvidando de sua heterossexualidade?
O cara precisar beijar esse tal de Yuri. Eu deveria ter aconselhado isso.
Olho para Taehyung que já estava completamente coberto, deixando apenas sua cabeça de fora.
- Foi assim que você se entendeu? Quando me beijou?
- Eu entendi depois de ficar excitado com você no mesmo quarto em que estava Tzuyu. Neguei por um curto
período de tempo, não aguentei muito. Você é muito lindo.
O seu sorriso me deixou igualmente alegre e excitado.
- Boa noite. - Taehyung murmura e vira-se de costas para mim.
Sorrio, porque eu não queria dormir agora e duvidava que ele estivesse de fato com sono.
Deito-me atrás dele. Aproximo o meu corpo do seu, puxando-o para mim com o meu braço em volta de seu
quadril.
- Jeongguk, vá dormir. Daqui a pouco temos afazeres. - Sua voz saiu dentre um suspiro.
Ponho a minha mão debaixo de sua camisa, aproveito a disponibilidade e acaricio a sua barriga, subindo
para o seu peitoral.
- Já te disse que todo o seu esforço na academia está valendo a pena? O seu corpo está perfeito. - Sussurro
contra o seu pescoço.
- Não, mas fico feliz que o meu corpo valha algo para você. - O sarcasmo me fez rir.
Amava sentir o cheiro do seu cabelo, duvidava que fosse pelo produto, já que hoje Taehyung utilizou o meu.
Já passou do tempo de admitir que eu era viciado em tudo nele.
Beijo o seu pescoço, mordiscando a pele macia e saborosa. Minha mão vaga por todo o seu peito. Taehyung
solta um gemido quando toco o seu mamilo. O som baixo comunicou diretamente ao meu membro
inferior.
- Não faz isso, por favor. - Pede em um sussurro, recobrindo a minha mão com a sua.
- Por que? - Pergunto, impossibilitado de não pressionar a minha ereção contra ele.
- Porque eu não vou poder dizer não, Jeongguk.
- Então não diga não, Taehyung. - Sussurro contra o seu ouvido antes de chupar o seu lóbulo.
- Eu te odeio.
Desço a minha mão, a pondo dentro de seu short. Perco toda e qualquer chance de parar ao encontrar o seu
membro já duro.
- Você pode me odiar, portanto que continue... - Taehyung geme ao sentir a minha mão percorrendo a sua
extensão; ele alcança o meu pulso, pondo a mesma pressão do meu aperto na cabeça de seu pênis.
O pouco de controle que eu tinha desvaira-se a cada gemido que saia da boca de Taehyung. Pressiono
contra a sua bunda e, me deixando completamente instável, Taehyung pressiona de volta.
- O que você ia dizer? - Pergunta em um tom rouco.
- Ah, eu não me lembro. - Murmuro contra o seu pescoço.
- Espere. - Taehyung retira o seu short e a sua cueca em um movimento ágil. - Anda, faça o mesmo.
Ajo conforme o dito. A coberta sobre nós estava nos deixando quentes e suados, mas Taehyung não fez
questão de tira-la e eu estava ocupado demais para me importar com isso. O contato de sua bunda contra o
meu membro me deixou alucinado. Continuo o masturbando, enquanto ele se movia contra mim.
Se eu achava que estava lucido antes, possivelmente não estava mais.
Toco o seu quadril, o segurando no lugar.
- Pare com isso.
- Por que?
- Taehyung. - Murmuro contra o seu ombro.
- Jeongguk, agora eu quero gozar, então anda com isso. - Taehyung leva a sua mão até o meu pênis, sua mão
perfeita em mim.
- Ok. - Murmuro.
Retiro a sua mão de mim. Ao levantar uma de suas pernas, aproximo o meu quadril do dele. Infelizmente,
eu não conseguia enxergar nada devido às luzes estarem apagadas e ao maldito cobertor em cima de nós.
Toco a sua bunda, acariciando-a. Os suspiros de Taehyung sendo o suficiente de sua permissão para eu
continuar.
Evito descer os meus dedos, por mais desorientado que eu estivesse no momento, não queria que Taehyung
se retraísse.
- Vamos manter assim ok, amor? Eu só preciso que você fique desse jeito. Pode ser?
- Pode. - A sua resposta arrepiou todos os fios do meu corpo e foi tudo o que eu precisava.
Quando meu pênis se acomoda entre as abas de sua bunda, solto um gemido involuntário. Taehyung
ofegava, mas não se afasta. Começo a me movimentar contra ele, a fricção de sua pele contra a minha me
deixando impossivelmente mais duro.
-Merda. - Taehyung murmura assim que seguro o seu membro e forço um ritmo lento. - Anda com isso,
Jeongguk.
- Fale baixo, Naki pode nos escutar. - Sussurro entre beijos nas suas costas.
Taehyung vira o seu rosto e me puxa para um beijo confuso, nossas línguas em um contato severo.
Taehyung parecia querer foder a minha boca e eu estava totalmente rendido.
Acelero os meus movimentos contra ele, o som das nossas peles suadas em contato me deixou imaginativo.
Tento não pensar como seria estar dentro dele, o que se tornou impossível enquanto Taehyung se movia
contra o meu pau, me permitindo sentir o calor de sua pele contra a minha. Perco a noção do nosso redor
assim que Taehyung estende a sua mão contra a minha bunda, forçando-me a aproximar mais o meu
membro dolorido entre as suas nádegas.
- Isso. Mais rápido. - Acho que ele disse isso alto, mas eu não estava no melhor dos controles, então apenas
acato. Minha mão aperta o seu pênis, do jeito que eu sei que ele gosta, sentindo a umidade de sua pele
molhada contra os meus dedos.
Sinto que estou prestes a perder o controle, lambo a sua pele, o gosto, o cheiro de Taehyung invadindo
todos os meus sentidos. Os seus gemidos se tornavam cada vez mais insinuantes, esfrego as suas bolas, as
apertando. Taehyung enfia o seu rosto contra o colchão ecoando incrível contra os meus ouvidos. Assim que
sinto a sua liberação contra a minha mão, também libero-me contra a sua bunda. Pressiono o seu quadril
perdido na auto estimulação do atrito do meu pau nele.
Assim que os ânimos acalmam, Taehyung se vira em minha direção e me puxa para um beijo
excessivamente carnal.
- Naki tem um sono leve, com certeza ela escutou tudo. - Taehyung murmura contra a minha boca,
mordicando o meu lábio inferior.
- Preciso arrumar um apartamento. - Mantenho os meus olhos fechados enquanto Taehyung maltratava a
minha boca.
- Precisamos.
Abro os meus olhos e encontro a escuridão do quarto, pouco conseguia ver dele.
- Precisamos? - Pergunto.
- Muito. - Taehyung me empurra para cama e sobe em cima de mim. Propositalmente esfregando o seu
membro contra o meu. - Precisamos muito, Jeongguk.
E volta a me beijar.

Capítulo 53 - Mês 8
- Jeongguk? Acorda, anda. Jeongguk?
Sonho com a voz de Taehyung me chamando.
- Jeongguk, pelo amor de Deus, saí desse coma.
Mãos começavam a me balançar e percebo lentamente que possivelmente não era um sonho. Quando abro
os meus olhos, encontro os de Taehyung.
Um Taehyung de boné preto e olhos alertas.
- Você? - Me sentia meio zonzo e fora de órbita.
A noite passada retorna a minha mente, aos poucos me lembro que Melissa me chamou para uma "reunião"
na qual me certificou de que eu seria efetivado assim que acabasse o contrato. Depois do trabalho voltei
para casa, liguei para Taehyung e quis contar para ele sobre a minha possibilidade de efetivação, porém, ele
disse que não poderia falar naquele momento. Mas se Taehyung estava ontem a noite na casa de
Wooyoung... e agora ele estava na minha frente...
- Que horas são? - Pergunto enquanto deixo as mãos de Taehyung me levantar.
- Cinco e doze. - Sussurra. - Levanta os braços.
Faço como pede e ele me despe.
- Cinco e doze da tarde?
- Da manhã, Jeongguk! - Arregalo os meus olhos e encaro.
- O que você está fazendo aqui às cinco da manhã? E para que está trocando a minha roupa?
Assim que se certifica que estou vestido, Taehyung se afasta e vai até o meu armário, segundos depois joga
em minha direção uma calça jeans e junto a ela um casaco.
- Se troca, vamos viajar. Te espero na cozinha, vou fazer o seu café.
- Taehyung? - Chamo.
- Oi? - Sentia meu cérebro já ganhando a agilidade esperada para acompanha-lo.
- Por que está sussurrando?
- Naki não gostou que eu a acordei às cinco da manhã. Não quero que ela me odeie mais. Se apresse.
Como eu não escutei a companhia?
°°°
- Você está me sequestrando? Pretende me matar? Pois saiba que não será fácil. - Murmuro me
aconchegando no banco do carro.
Sinto quando Taehyung coloca o seu braço ao redor dos meus ombros e me puxa para ele.
- É uma surpresa. - Sussurra.
- Quantas surpresas você está me fazendo em um curto período de tempo. Eu tenho que me esforçar para
retribuir todas. Pare de fazer surpresas, Taehyung.
Quando o olho, ele tinha um sorriso bobo na face.
Taehyung de boné não era usual, mas eu estou tentado a pedi-lo para usar mais vezes.
- Você não precisa fazer nada. Você só tem que gostar ao menos.
- Pensei que você não gostasse de fazer surpresas. Avançou no medo da decepção?
- Não sei. Mas eu sinto que com você nada é o suficiente. Eu poderia te dar a droga de um boneco feito a
mão e você ficaria feliz. É tão fácil com você. - Murmura.
Sorrio quando ele deposita um beijo no canto da minha boca.
- Você está tornando muito difícil falar mal de você para sua irmã.
Taehyung morde a minha orelha como punição.
°°°
Eu estava impressionado com o lugar onde Taehyung me trouxe. O largo espaço habitava diversas cabanas
idependentes e com distancias adequadas uma das outras. As casas pequenas e simples eram estonteantes.
A madeira escura brilhava contra o sol que se espreguiçava no céu. Todo o nosso entorno era composto por
um cenário verde, muitas árvores. Eu estava sensivelmente tocado.
- Pronto. Vamos? - Taehyung segura a minha mão e com a outra ele puxa a mala que trouxe consigo.
A parte de dentro apresentava a mesma coloração exposta na parte externa da cabana. Havia apenas três
cômodos, sendo o quarto-sala o maior deles, no qual contém uma cama king size, um sofá de dois lugares e
uma pequena lareira.
A cozinha e o banheiro eram modestos, mas ornavam com a casa. Após uma rápido olhada em volta
encontro Taehyung na cozinha, tirando alguns alimentos da mala. Apoio-me na pilastra que levava a um
curto corredor que dava para o quarto-sala.
- Gostou? - Pergunta largando os seus afazeres e caminhando em minha direção. - Como você gosta da
natureza e tudo mais, achei que seria legal comemorar o seu aniversário aqui. Só nós dois.
Taehyung fecha o espaço entre nós e deixa um selar no meu rosto.
- E também porque no meu aniversário não nos vimos e era exatamente isso que eu queria fazer. Ir viajar
com você, nem que fosse por dois dias. - Me derreto por dentro com as suas palavras. - Eu sinto falta de ter
você só para mim.
- Isso tudo é tão clichê.
Taehyung sorri. Um lindo e amplo sorriso.
- Então você gostou já que é o rei dos clichês.
- É por isso que somos perfeitos um para o outro. - O puxo para mim. - Obrigado.
Passo os meus dedos pelas maças de seu rosto.
- Vamos comemorar o meu e o seu aniversário, mais um ano de namoro. - Murmuro antes de cobrir a sua
boca com a minha.
- Não se arrependa dessa decisão. Eu sou meio que megalomonogâmico. - Diz contra os meus lábios,
enquanto apoia os seus braços nos meus ombros.
- Porra, eu amo um megalomonogâmico. Isso deixou o meu pau duro. Quer ajudar?
- Feliz aniversário. - Taehyung sussurra, seus lábios perigosamente contra o meu pescoço. Sinto quando
suas mãos descem através do meu peito, alcançando o botão da minha calça. Assim que ele a abre,
Taehyung se ajoelha e, se antes eu estava brincando sobre meu pau estar duro, agora definitivamente
estava.
- E feliz um ano de namoro. - Acrescenta antes de descer as minhas roupas.
°°°
- Eu poderia viver aqui. É tão silencioso. - Taehyung diz.
Estávamos na área externa, na varanda da cabana. O ar gelado refrescava a nossa pele e vinha
acompanhado de um cheiro, como eucalipto. O cenário que se limitando às árvores e ao céu permitia um
sentimento de que estávamos longe da cidade. O que era metade verdade, visto que demoramos três horas
para chegar aqui.
- Como descobriu esse lugar?
Taehyung comprou diversos condimentos semi prontos e frutas, de acordo com ele não daria para trazer
nada mais que isso. Então, comíamos uma tigela de acerolas. Não dava para reclamar, eu estava mais que
contente em comer biscoitos, enlatados e frutas com ele.
- Naki. Aquela mulher sabe muita coisa para pouca idade. Como você a conheceu mesmo?
- Na faculdade. Eu já não te disse isso?
Taehyung me olha, sua testa franzida, numa clara expressão de repreensão.
- O que foi?
- Vocês transaram. Essa parte você não me contou.
- Não... - Taehyung levanta as sobrancelhas e eu franzo as minhas. - Eu acho que não. Espere.
- Pelo amor de Deus, Jeongguk! Você não se lembra se transou com ela? Quando eu te chamo de puto eu
estava brincando, mas pelo jeito.
Enquanto Taehyung aparentava abismado, procuro na minha memoria sobre Naki, até que me lembro.
Devo admitir, eu transei com muitas pessoas, ainda mais na época da faculdade. Eu não era comprometido
e estava vivendo a minha jovem e inútil vida. Não havia problemas nisso, além do fato de sempre ter me
cuidado com todos aqueles com quem me relacionei sexualmente.
- Transamos. Acho que foi em uma festa. Faz tanto tempo e eu estava tão bêbado, mal me lembro. Mas
tenho quase certeza que foi a partir daí que nos tornamos amigos. Ou mais amigos do que já éramos.
- Você está na casa da sua ex foda por quase nove meses e eu só fui saber disso recentemente.
- Não foi de propósito! Eu mal me lembrava que tive algo com ela. Foi uma vez e eu nem sei como foi. E nós
não temos mais nada! Na verdade, nunca tivemos.
Sinto-me ligeiramente desonesto por canta-lo apenas agora, embora esse fato tenha me escapado a
memória.
- Por que você perguntou isso do nada?
- Ela me disse. Na verdade, ela estava me ajudando a achar esse lugar e eu perguntei. Curiosidade. Que bom
que eu fiz, já que você não lembra das pessoas com quem dormiu. - Taehyung se senta ereto subitamente,
seus olhos dramaticamente arregalados. - E se você transou com metade dos seus amigos e não se lembra?
Aquele cara, o do cabelo rosa, transou com ele? Se lembra?
- Não. Eu não transei com ele. Taehyung, Naki foi há muito tempo atrás. Eu tinha dezessete anos? Foi no
começo da faculdade, grandes chances de que além de estarmos bêbados, também estávamos chapados.
Você não fez besteiras no começo da sua?
Taehyung me olha como se a resposta fosse óbvia. Talvez fosse.
- Não, Jeongguk. Porque eu estava namorando! Ou no começo do que seria o meu namoro com Tzuyu. Eu
não sou um puto como você. O seu passado...
Sorrio da sua expressão indignada. Me aproximo dele, sentando-me ao seu lado.
- Ei, perdoe que fui um puto antes de te conhecer. Se eu soubesse que você entraria na minha vida não teria
transado com tantas pessoas.
- Ainda assim teria transado? - Taehyung sorri, não conseguindo prender sua risada.
- Claro. Eu não sou de ferro. - Taehyung gargalha, apoiando a sua testa no meu ombro. - Pelo menos eu não
teria transado com a Naki. Não fica com ciúmes, ela nem gosta de mim assim.
Assumo, toco a parte de trás de sua cabeça, em um leve carinho.
- Eu sei. A Naki está afim do Wooyoung. Ela me disse.
- Isso é interessante. - Taehyung acena em concordância. - Eles super seriam um casal maneiro.
- Eu também acho. - Taehyung volta a me olhar, a suspeita na sua expressão. - Tem certeza que não transou
com mais ninguém que eu conheça?
Penso severamente na sua pergunta.
- Ok, não tem aquele cara que me arrumou alguns projetos na antiga empresa?
- Ah, Jeongguk! Ele é super gato. Como pôde não me contar? Quantos mais?
Taehyung parecia frustrado e eu começo a rir. Era tão fofo que ele sentisse ciúmes.
- Não é engraçado. - Murmura.
- Amor, eu não me importo com quem já transei. E nem você deveria. Mas se quiser eu posso te contar
sobre as pessoas que conhecemos e se eu tive alguma coisa com elas. - Taehyung bufa, mas não dispensa a
ideia. Beijo os seus lábios em um selinho rápido.
- O que importa é que eu só tenho olhos para você. Meu coração é todo seu e bate mais forte a cada vez que
está próximo de mim. Porque eu sou completamente seu. Quer que eu seja mais clichê? Eu posso fazer isso
a noite toda.
- Não, para com isso. - Taehyung me empurra com o seu ombro e eu sorrio. Deito no chão me sentindo
extremamente feliz.
- Meu pai quer te conhecer.
Taehyung diz após alguns minutos de silêncio. Me sento, totalmente atento ao que ele falava.
- Eu meio que enrolei, já faz meses que eu disse para ele que estava com alguém. Não disse muito sobre
você. Mas você sabe, minha mãe e Tina são fofoqueiras, claro que ele ficou sabendo. Fomos almoçar semana
passada e ele finalmente tocou no assunto. Parecia chateado que eu não tenha contato que estava com um
cara.
- Ele se importou com isso?
- Não sei. Acho que não. Ele só disse que queria conhecer você. Se sentiu excluído da minha vida. -
Taehyung encolhe os ombros, o observo enquanto brincava com algumas folhas secas que voavam pelo
chão.
- Ele tem uma vida com sua nova família. A mulher dele está grávida, acredita? Eu vou ter mais um irmão. A
criança vai parecer o meu filho. Imagina a diferença de idade. Da criança para Tina, então? Ela vai parecer a
avó!
- O que te preocupa? - Taehyung estava visivelmente incomodado com isso. Ele mal falava do pai, e tinha
certeza que não era porque tinham uma relação complicada, mas sim porque Taehyung estava com ciúmes.
Ele sentia falta de seu pai.
- Que ele esqueça de mim. Meio que já esqueceu. Agora ele vai ter mais um filho e bebê é muito mais
engraçado e fofo do que uma adulto de vinte e quatro anos.
- Você sempre será o filho dele. O segundo, pelo menos. - Com isso, arranco um riso sarcástico dele. - E já
pensou que você o excluiu sim da sua vida? Quantos meses antes de você decidir almoçar com ele? Ou
tentar encontra-lo com maior frequência? Se lembra quando ele perguntou se você queria ir comer na casa
dele e você disse que estava ocupado, quando não estava?
Taehyung faz um biquinho lindo que eu queria beijar, mas me restrinjo.
- Eu sei. - Suspirando, Taehyung apoia-se contra mim.
O abraço contra o meu peito, rodeando-o com os meus braços enquanto apoiava sua cabeça no meu ombro.
- Dê uma chance para ele. E para a família dele também. E me apresente ao seu pai, quero conhece-lo. Você
só vai poder ver em que passo estão se voltar a permiti-lo estar na sua vida.
- Eu meio que odeio a atual dele. Acho que não superei ele ter largado a minha mãe. E tenho quase certeza
que ele a traiu.
Fico surpreso pela sua resposta, ele nunca havia comentado sobre isso antes.
- Ela não diz muito, mas Tina me confirmou indiretamente uma vez. Não foi com palavras, mas eu entendi
que esse foi o caso. Ele foi um imbecil e trocou a minha mãe por outra. E agora vai ter um bebê.
-A mulher com quem ele traiu é a mesma atual? - Enfio os meus dedos no seu cabelo, acariciando o seu
couro para relaxa-lo. Conseguia sentir sua chateação no ar e nos ombros tensos.
- Não. Acho que não. Não tenho certeza. Tina não quer falar sobre isso, mas ela não gosta da atual dele
também. E minha mãe finge tão bem. Ela nunca vai te dizer que está triste.
- Foi por isso que você se afastou dele?
Taehyung acena suavemente.
- Não foi por mal. Mas ele destruiu tudo o que eu acreditava. Eu achava que ele e minha mãe eram perfeitos.
E eu queria ter algo como eles um dia. Agora não mais, já que ele foi infiel e um grande idiota.
- Você sente que está pronto para perdoa-lo? Como pai ele foi bom para você, não foi? Mas como marido da
sua mãe não.
- Não consigo separar as duas coisas, Jeongguk. Mas talvez eu esteja pronto se você estiver comigo.
Taehyung levanta a cabeça e capturo os seus olhos bonitos.
- Quer conhecer o meu pai, sua mulher e o meu irmãozinho?
- Eu vou adorar conhece-los. E o seu irmão vai te chamar de tio no futuro.
Taehyung sorri.
- Talvez seja melhor. Chamar um cara de cinquenta anos de irmão quando se tem quinze seria estranho.
Aperto-o contra mim e ficamos assistindo o céu escurecer. Esse era o melhor aniversário da minha vida. Me
sentia tão tranquilo e amado. Tudo parecia tão certo e em seu devido lugar, mesmo que em nossa volta nada
esteja verdadeiramente arrumado.
Taehyung iria odiar escutar isso, mas eu sentia que, se no meu coração as coisas estavam bem, tudo o mais
também ficaria.

Capítulo 54 - Mês 8

Infelizmente o banheiro da cabana só tem espaço suficiente para uma pessoa tomar banho, o que me deixou
um tanto frustrado. Seria demasiadamente interessante fazer coisas com Taehyung nesse banheiro.
Assim que saio do pequeno, imprestável e impossível de ocupar espaço para dois homens, encontro
Taehyung sentado na beirada cama, encarava seriamente as suas mãos; ainda vestia o robe que os nos
deixaram como cortesia da casa.
- Ei, está tudo bem? - Ponho-me na sua frente, gentilmente seguro o seu queixo, o levantando para que
pudesse me olhar. - O que foi?
Taehyung parecia debater consigo mesmo e, o conhecendo, provavelmente faria ou diria algo que estava o
deixando desconfortável.
- Nada. - Seu levantar de ombros foi quase imperceptível. - Eu acho que vamos transar hoje a noite.
- E isso não é bom? - Agora eu estava confuso.
- Sim. - Ele limpa a garganta e expira expressivamente. - Mas preciso que você me ajude.
- Claro.
Eu estava completamente perdido no que ele estava sugerindo. Quando penso em investigar mais,
Taehyung se levanta. Seus olhos presos nos meus.
Fico sem reação quando ele abre o robe e o retira, revelando o seu corpo e o que estava vestindo.
- Saiba que estou morrendo de vergonha agora. Tipo, muita. - Sussurra.
Sinto que perdi a habilidade do raciocínio lógico ao notar o que Taehyung vestia. Ele já me chocou de
diversas formas durante o nosso um ano de namoro, mas hoje, possivelmente, foi o ápice. De forma alguma
imaginaria que Taehyung vestiria...
- Fale alguma coisa, por favor. - Diz entre dentes.
Queria poder, mas ainda estava paralisado. Taehyung vestia a camiseta do AC/DC, o que até então não me
deixou extremamente surpreso, embora tenha alimentado a minha fértil e infame imaginação. Porém, o que
me deixou aturdido e no que a minha mente, e o meu pau, estavam lidando com muita dificuldade era estar
de frente para um Taehyung vestindo uma cueca Jockstrap. Uma fodida Jockstrap! Isso me deixou atônito.
E o meu pau duro.
- Jeongguk? - Levanto o meu olhar com muita dificuldade para o conflito em seu rosto.
- Você pesquisou mesmo. - Não era a primeira coisa que eu queria dizer, mas a minha mente ainda estava
sistematizando o que estava acontecendo.
- Você...gostou? - Taehyung titubeando me deixou sensível ao quanto deveria estar sendo principiante essa
sensação para ele.
Sorrio. Lembro-me também que ele estava tendo certa dificuldade com a nossa relação sexual, por isso,
seguro o seu rosto nas minhas mãos e o beijo suavemente.
- Eu amei. - Levando uma de suas mãos até a minha virilha, o estimulo a sentir o volume entre as minhas
pernas. - Você me deixa tão excitado. Eu fodidamente te amo, Taehyung.
Sem conseguir evitar, arrasto a minha boca pela sua mandíbula, querendo sentir mais dele. Contudo, me
controlo para poder continuar com o meu pouco e rastejante raciocínio.
- Você não precisa fazer isso se estiver se sentindo desconfortável. - O olho para que eu possa verifica-lo.
- Eu sei. Eu quis fazer isso. - Afirma, e não havia dúvidas em seus olhos.
- O que isso significa?
Por mais que queria espera-lo dizer com todas as palavras, minhas malditas mãos não paravam, com isso
toco a sua cintura sobre a blusa. Sinto o tecido macio contra as minhas mãos, que coçavam para descer e
explorar mais.
- O que você já sabe. Vamos tentar. Eu quero tentar ser mais versátil. - Um sorriso tímido amostra.
- Tem certeza? - Mesmo que ele tenha me confirmado segundos atrás, eu precisava de mais. Não queria que
ele surtasse ou se arrependesse. Tudo tinha que ser perfeito para ele também.
- Absoluta. - Taehyung coloca os seus braços em volta do meu pescoço, suas mãos acariciando a minha
nuca. - Seja gentil e venha tirar a minha terceira virgindade.
- Terceira?
- Sim. Uma eu perdi na adolescência, a outra quando te fodi pela primeira vez e a última será agora que
você irá me foder. - As palavras de Taehyung já poderiam ser consideradas as minhas preliminares porque
eu sentia que poderia gozar a qualquer segundo.
Quando ele me beija, seguro a sua nuca e domino a sua boca. Eu amava esse homem e faria de tudo por ele.
Hoje o meu auto controle está por um fio, por isso, mostro como a nossa noite vai ser por meio da nossa
primeira troca. Não o deixo comandar o beijo como das outras vezes. Devoro os seus lábios, chupo a sua
língua, deixando que toda a minha necessidade por ele queime nesse momento.
Assim que me afasto, observo sedento os seus lábios vermelhos e começando a demonstrarem sinais de
inchaço.
- Merda, Jeongguk. - Taehyung sussurra quando o jogo contra a cama.
Cobrindo o seu corpo com o meu, beijo o seu rosto, enfiando os meus dedos dentro do seu cabelo, cheiro a
sua pele morna. E volto a beijar a sua boca. Taehyung não fazia ideia do quanto eu o desejava. Cada fibra do
meu corpo implorava por ele.
- Porra, o que você está fazendo comigo?
Ouço a sua pergunta, mas me sentia ocupado demais saboreando a pele de seu pescoço para responder.
Evito apoiar o meu corpo contra o dele, porque eu estava me controlando excessivamente para não gozar
antes de satisfaze-lo e poder estar dentro dele.
- Seja o que for, continue. - Murmura entre gemidos.
Toco o seu corpo com aquela maldita camisa. AC/DC se tornou a minha banda favorita a partir de hoje.
Mordo o seu mamilo por cima da peça, amando a sensação dos seus dedos puxando o meu cabelo; aceito a
dor que me estimula a continuar.
Taehyung tenta aproximar o seu quadril do meu, mas eu o prendo contra o colchão.
- Jeongguk, me toque. - Pede em um tom necessitado.
- Calma. - Peço de volta, pura hipocrisia da minha parte, visto que eu já não tinha muita sobrando.
- Seja o que for que você esteja debatendo, pare. Merda, Jeongguk! Eu não vou quebrar e se eu não gostar
de alguma coisa eu vou te deixar saber. ,Anda logo. Faça o que quiser comigo. Eu estou te implorando para
fazer o que você quiser comigo.
Seguro o seu queixo, o forçando a olhar para mim.
- Repete. - Mal reconheço o meu próprio tom de voz.
- Me fode para caralho. Faça o que você quiser. Eu quero tudo. - Taehyung me devolve um sorriso lascivo
incrível e se eu tinha alguma amarra antes, não existiam mais.
°°°
Não acho que eu tenha guardado tanta vontade e tesão em alguém quanto eu faço com Taehyung. Embora
eu esteja pronto para explodir, não queria correr com a nossa segunda primeira vez juntos. Tiro o meu
tempo o admirando, suas bochechas rosadas eram um indício de que ele estava envergonhado. Eu sei que,
mesmo estando excitado, Taehyung ainda assim se sentia tímido. Mas eu não poderia apenas ignorar que o
meu namorado estava vestindo uma Jockstrap. Mal ousei pensar em algo assim, mas aqui estava ele me
fazendo mais uma grande e linda surpresa.
- Quanto tempo mais você vai precisar? - Taehyung ainda estava deitado sobre a cama, a camisa
completamente amaçada, e parte dela levantada, mostrando a pele que eu estava sedento para tocar
novamente.
- Preciso do plug anal e do lubrificante. - Estava realmente difícil por tantas palavras juntas e verbaliza-las,
ainda mais quando meu pau dificultava qualquer articulação mental.
Observo Taehyung se mover na cama para pegar o que pedi e os meus olhos agindo como viciados o
seguem.
- Tenho algumas coisas para te dizer. Um: vá com calma. Dois: vá com muita calma.
Toco o seu rosto quando ele se aproxima de mim, entregando os produtos. Um carinho enorme se espalha
pelo o meu peito ao ver a sua expressão contida.
- Eu nunca faria nada para te machucar. Não intencionalmente, pelo menos. E mais uma vez eu vou te
dizer, se não estiver confortável, só me dizer.
- Eu sei. Só quis te lembrar para ir com calma, porque você parece um pouco ansioso. - Murmura, cercando
os seus braços em volta da minha cintura.
As nossas posições facilitavam para que ele olhasse para cima para falar comigo. Ajoelhado na cama,
comigo de pé na sua frente. Sendo assim, passo a minha mão no seu cabelo, reparando o ar apreciativo
quando toco o seu couro cabeludo.
- Acho que você tem razão. Estou um pouco ansioso. Esperei muito por esse momento. - Admito em um
sussurro. - Não se preocupe, eu vou com calma.
Agarrando boa porção de seu cabelo, puxo a sua cabeça para trás. Taehyung solta um suspiro surpreso.
Abrindo os olhos, encontro os castanhos claros atentos em mim.
- Mas você disse que queria tudo de mim. - Murmuro. Aproximo o meu rosto do seu, dando-lhe um rápido
selar nos lábios, contudo, não me afasto. - Disse que eu poderia fazer o que eu quisesse.
- Sim. - Sua resposta suave não ajudou em nada a minha situação.
- Eu te amo. - Sussurro antes de deita-lo novamente na cama.
Quando me coloco sobre ele, Taehyung respirava irregularmente. Beijo-o em todo o lugar possível, o
acalmando. Enquanto a minha boca distraia o seu nervosismo, desço as minhas mãos. Toco o seu abdômen
por debaixo da blusa, sentindo sem ressalvas a sua pele quente.
- Abra as suas pernas para mim, amor. - Peço em seu ouvido antes de morder o seu lóbulo.
Taehyung realiza sem segundos pensamentos.
Ao levar a minha mão ao seu pênis, Taehyung aperta os meus ombros. Não me estendo porque ele também
não estava longe, tal como eu. Desbravando o corpo que eu não me canso de conhecer e reconhecer, toco as
suas coxas, massageando-as, evitando que minhas mãos se aproximem de seu membro.
Dessa vez era diferente. Taehyung nunca se importou de me ter o tocando, mas hoje é a primeira vez que eu
estava fazendo isso sem me preocupar se ele ficaria acanhado se eu ultrapasse alguma barreira. Um
sentimento de alívio me atinge quando percebe que, se tudo desse certo, não existiriam mais limitações
entre nós. Eu vou poder tê-lo por completo, independente da impressão final que ele terá.
- Por que você está fazendo isso comigo? - Taehyung murmura.
Sorrio e beijo a parte interna de sua coxa esquerda.
- Porque eu te amo.
- Isso é uma resposta merda, Jeongguk. - Mordo a sua pele pela resposta indisciplinada. - Vai se foder.
- Eu vou te foder. Parece bem melhor. - Taehyung tenta fechar as suas pernas, mas o evito.
Afasto-me um pouco e olho a Jockstrap. As cores pretas e azuis predominantes no tecido. Toco as fitas,
evitando a sua pele.
- Sabe, você está esplendido nisso. - Confesso. - Me faz um favor?
Ele se restringe a acenar.
- Se vira. - Taehyung me encara receoso.
Por um momento, imagino que ele vá declinar o meu pedido. Mas, para a minha surpresa, Taehyung faz o
que disse.
Ajudo-o, pondo um travesseiro debaixo dele.
A visão que eu estava tendo agora era pura maldade contra o meu coração. Eu sei que Taehyung está
mortificado nesse momento, porém, mal sabe ele que estava sendo igualmente o céu e inferno para mim.
Deixo que minhas mãos e a minha boca sintam a sua bunda. Não me controlo e dou uma mordida em sua
nádega esquerda. O gemido que se faz escutar me motiva a continuar.
- Pelo amor de Deus. - O escuto murmurar assim que a minha língua pressiona contra o seu cu. Taehyung
suspira excessivamente e eu descubro que ele é extremamente sensível nesta área.
O plug anal que compramos meses atrás finalmente teria sua estreia. Temeroso de como Taehyung iria
lidar, dou-lhe extra atenção, subo beijando as suas costas, enquanto permito que meus dedos estejam
cobertos de lubrificante. Avanço mais, beijando a sua orelha, mandíbula, confortando-o enquanto invisto
no seu ânus.
- Tudo certo? - Pergunto assim que consigo introduzir um dedo.
- Acho que sim. Isso é estranho para caralho. - A risada na sua voz me causou alívio.
Apoio a minha testa em seu ombro, dois dedos dentro de Taehyung. Ele era incrivelmente apertado.
Suspiro, tentado ao máximo estimula-lo com os dedos.
- Vou pôr mais um, ok?
- Você deveria por logo todos, já que nenhum de seus dedos representam o tamanho real do seu pau. -
Sorrio, não era a hora adequada, mas Taehyung era impossível.
- Eu preciso que você fique relaxado. - Digo.
- Estou fazendo o que posso. - Ele rebate.
Com três dedos dentro de Taehyung, me distraio mordiscando e, possivelmente, criando uma marca na
parte de trás de seu pescoço.
- Jeongguk... - Não era um tom de lamentação, mas também não era exaltado.
- Eu sei, espere um pouco, amor. Por favor. - Taehyung relaxa sob as minhas palavras.
Eu nunca de fato tirei a virgindade de alguém. Essa seria a minha primeira vez. E, mesmo que Taehyung
tenha pedido para eu fazer o que eu quisesse, não teria como. Eu lembro que na minha primeira vez foi
confuso e dolorido. Não queria dar algo parecido a ele, mas estava com medo de não conseguir satisfaze-lo
da forma como desejo.
- Puta que pariu. Merda, merda, merda. - Taehyung oscila embaixo de mim e eu sorrio aliviado. - Que
porra?
- Feliz em dizer que essa é a sua próstata. - Solto um gemido quando Taehyung movimenta o seu quadril
contra os meus dedos, se auto estimulando. Isso era incrível.
- Muita obrigada pela aula de sexualidade na prática. - Sua voz saí abafada e instável devido a sua
respiração pouco equilibrada.
- Acredite, é o meu prazer. - Beijo a pele onde acabei de maltratar.
O plug anal entrou com facilidade e assim que preencho com o objeto Taehyung solta um gemido gostoso.
- Vem cá. - O viro, beijando a sua boca saudosamente. Suas mãos enroscam nas minhas costas, sentindo
cada fibra dos meus músculos.
- Tira a sua roupa. Quero te ver.
- Estímulos visuais? - Taehyung sorri e liberei um pré gozo o assistindo com tanta lubricidade no olhar.
Assim que me dispo, deito sobre ele. Suas mãos trilhando tudo e o quanto elas conseguiam.
- Como está se sentindo? - Pergunto antes de descer a minha boca e puxar o seu mamilo entre os meus
dentes.
- Estranho e excitado. Tem a droga de um plug na minha bunda, como eu deveria me sentir?
- Pronto para ser fodido pelo meu pau. - Respondo, soltando o mamilo inchado e arrastando a minha língua
pelo seu peito, sentindo o gosto de sua pele suada, descendo em direção a sua cueca. Ou melhor, a minha
cueca preferida!
Libero o seu membro da cueca e o simples toque fez com que Taehyung se desmanchasse em gemidos. Eu
gostava quando ele era barulhento, mexia diretamente com os meus sentidos.
- Porra você é tão perfeito. - Sussurra, suas mãos acariciando a minha cabeça quando o chupo, pondo toda a
sua extensão quente na minha boca.
Eu sempre gostei de dar prazer aos meus parceiros ou parceiras, é uma experiência saborosa de se ter
quando conseguimos mover e bagunças os sentidos de outras pessoas. Contudo, com Taehyung isso se
elevou a outro nível. Acho que seria capaz de gozar apenas olhando para ele. Meus reais sentimentos vieram
depois, mas a priori tudo em Taehyung me atraia. Desde os seus olhos castanhos claros, o seu sorriso, a sua
pele olivada e que ficava vermelha com facilidade, a curvatura da sua cintura, a sua bunda perfeita - o que
ele sempre faz questão de afirmar -; a lista poderia continuar porque eu sou completamente viciado nele.
Embora ele viva dizendo que eu sou um puto por ter tido razoáveis números de parceiros sexuais, nada se
comparava a ele. De forma alguma. Chupar o seu pau e escutar os gemidos que eu sou responsável por
provocar era tudo o que me excitava.
- Jeongguk! - Taehyung geme frustrado quando libero o seu membro da minha boca. Mesmo que eu
quisesse continuar e deixar com que ele goze na minha boca, não podia interromper o nosso processo. Eu
não demoraria muito tempo, minhas bolas estão insuportavelmente angustiadas e preparadas para se
libertarem.
Sem pedir dessa vez, o viro, de modo que sua frente estivesse contra a cama e a sua bunda para o ar.
Aprecio a visão por alguns segundos, o plug brilhante entre as abas de suas nádegas. Ao retira-lo Taehyung
solta um suspiro alto.
Não me demoro em lubrificar o meu membro, além de jogar mais do líquido em Taehyung.
- Merda, Jeongguk. - Taehyung vira a cabeça, seus olhos arregalados. Soltando mais um gemido, porém,
dessa vez, inquieto, enfia a sua cabeça contra a cama. - Você é muito grande. Você vai acabar comigo.
Aquele plug dos infernos não é nada perto disso aí.
Não consigo prender a risada que se nutre em minha garganta e explode sem permissão da minha boca.
- Do que você está rindo? - Taehyung me olha suspeito.
- Taehyung ... amor. - Murmuro pressionando o meu corpo contra o seu.
Taehyung suspira, mas não se afasta. Toco a sua cabeça, mexendo nos cachos bagunçados. Deposito um
beijo casto na bochechas corada.
- Você ainda quer isso? Essa será a ultima vez que eu vou te perguntar, porque independente de qual seja a
sua resposta, nós dois precisamos gozar. - Digo contra o seu ouvido.
- Vamos com isso. Eu quero continuar. Vai, me fode. - Taehyung apoia a sua cabeça na cama, seus olhos
fechados.
- Não assim, Taehyung. - Respondo. - Veja, eu preciso que você esteja relaxado. Só será bom para você se
você me deixar fazer isso. Se lembra quando eu disse pelo celular que eu queria te foder, estar dentro de
você, te fazer gozar com o meu pau.
A cada palavra dita esfrego o meu pênis contra a sua entrada, não forço. Taehyung ainda mantinha seus
músculos tensos contra mim.
- Lembro. - Sussurra em um gemido baixo.
- Me deixe te dar isso, amor. - Digo suavemente. Beijo a sua nuca, esfregando o meu nariz contra o seu
cabelo.
- Ok. - Assim que o sinto mais tranquilo sob mim, calmamente introduzo a cabeça do meu pênis na sua
entrada. Sem avançar muito, faço o possível para mantê-lo distraído e tranquilo.
Quando ele não diz nada, continuo. Estava sendo tortuoso a cada segundo. Reparo que estava prendendo a
respiração , talvez mais que ele. Quando metade de mim já estava dentro dele, sentindo o maldito calor,
Taehyung se manifesta.
- Jeongguk, está doendo. Tipo, não muito. Mas, porra. Como assim ainda não acabou?
- Quer que eu tire?
- Não. Continua. Você prometeu que seria bom.
A responsabilidade de tornar a sua primeira vez agradável estava me destruindo.
- Amor, me desculpe. Prometi e prometo que será bom.
- O que... Merda! - Taehyung geme contra o tecido da cama quando eu invisto tudo dentro dele. Não faltava
muito, mas se eu demorasse demais iria ser doloroso para nós dois. - Seu filha da puta. Que isso!
- Calma. - Sussurros palavras vazias e tranquilizantes perto de seu ouvido. Dou-lhe tempo para se
acostumar com a nova presença dentro de si.
Meu auto controle estava por uma linha finíssima. Aperto a colcha contra a minha mão, criando qualquer
pensamento que facilite aguentar o quão bom era sentir Taehyung. Eu já sabia que seria incrível, mas a
tortura estava acabando comigo.
- Está tudo certo? - Pergunto quando ele não diz nada por um tempo.
- Sim. - Sua resposta saiu tão pequena que me força a me manter parado.
- Você confia em mim?
- Para caralho.
- Ok, então.
Levantando uma de suas pernas, facilitando a minha movimentação contra ele. Mais lubrificante e
paciência, começo a me mover lentamente. Taehyung parecia estar mais acostumado. Eu sei que ainda
estava doendo, mas a dor iria diminuir em certo momento.
- Como essa é a sua primeira vez, quero te dizer que é incrível estar dentro de você. Muito melhor do que eu
poderia imaginar.
Taehyung geme, seu quadril procurando o meu. Seguro o seu quadril, apertando-o sem medo de marcar a
sua pele sensível.
- Eu te amo tanto, amo estar dentro de você. - Sussurro.
Acelero conforme os gemidos de Taehyung aumentam, nossos corpos começando a entrar em sintonia.
Taehyung solta um gemido desesperado, e diante de sua reação eu sei que atingi o seu doce núcleo. Diante
disso, perco a afinidade com as ressalvas. Dando um tapa em sua bunda, me movimento contra ele,
sentindo o quão maravilhoso era a construção da minha excitação por estar dentro dele.
Puxo o seu cabelo para trás, o que me permitia beijar o seu rosto. Taehyung choramingava lindamente
enquanto eu percorro a minha língua pela sua mandíbula. Seus sussurros agoniados e necessitados me
jogando mais para a borda.
- Jeongguk. - Taehyung solta um lamento choroso, algo que eu nunca escutei sair de sua boca. O
reconhecimento de que ele estava próximo me deixa cada vez mais instável.
- Se toca, Taehyung. Se toca para mim. - Atendendo o meu pedido, Taehyung leva a sua mão até o seu pau.
- Me bate de novo. - Mordo o meu lábio, freando a minha liberação. O seu pedido não ajudando. - Isso, isso.
- Me fode mais forte. - A voz exigente me provoca um arrepio extremo.
Faço conforme pede e ele geme perfeitamente diante de meus estímulos. Conseguia escutar a cama se
movendo, as nossas respirações afobadas, o som da minha pélvis de encontro com Taehyung; O cheiro de
sexo invadindo todos os meus sentidos e a cada segundo estava me levando o mais próximo de me liberar.
- Taehyung, goza. Goza agora. - Mando contra o seu ouvido, mordo o seu pescoço em desespero e Taehyung
expande um gemido rico e gostoso aos meus ouvidos. Sinto-o me apertar dentro dele e sem poder controlar
me libero. Não me retiro de Taehyung, me afundo mais dentro dele, jorrando contra ele e o preenchendo
com o meu sêmen e o pensamento disso me faz gozar ainda mais.
Os nossos pulmões carente de ar e a súbita cigarra cantando do lado de fora eram os únicos sons possíveis
no quarto. Todo o resto silenciado. Me retiro lentamente de dentro dele, admirando o meu líquido branco
vazando contra a sua pele olivada. Essa imagem quase me deu outra ereção.
- Taehyung?
O viro com cuidado, ele estava com os olhos fechados. A blusa suja pelo seu gozo. Ele parecia estar fodido.
Literalmente. E eu estava vibrado diante dessa visão, receoso de que vê-lo assim mexeu muito comigo, com
um lado homem das cavernas que queria tê-lo apenas para mim, somente eu poderia vê-lo daquela forma e
fazê-lo se sentir desse jeito.
- Você está bem?
Taehyung abre os olhos lentamente, ele não se movia se não pelos seus olhos claros.
- Eu não sei. - Ele tira um tempo para engolir a saliva e eu começo a me preocupar. - Isso foi... foi bom para
caralho. Eu acho que não estou sentindo as minhas pernas.
Sorrio, aliviado. Beijo o seu rosto, distribuindo atenção entre as suas bochechas, seu nariz e seu queixo,
para enfim chegar a sua boca bonita.
- Foi o melhor sexo da minha vida. - Murmura contra os meus lábios.
- Agora você está totalmente viciado no meu pau. - Taehyung sorri, mas parecia sem energia.
- Eu vou sentir muita dor amanhã, não vou? - Questiona.
- Vai. E vai andar estranho também.
Taehyung volta a fechar os olhos, o observo por algum tempo. Toco a sua bochecha que aos poucos
recuperava a coloração normal. Meu peito transbordava muito amor por ele e eu não trocaria o que temos
por nada. Nem por um emprego que vale bastante dinheiro. Nada poderia suprir o que Taehyung me dá de
graça.
Sob sua objeção, o limpo cuidadosamente, pois ele estava cansado e mal se movia, então eu tive que fazer
todo o trabalho. Quando retorno ao quarto com um sanduiche para ele, Taehyung me olha inconformado.
- Eu me recuso a levantar, Jeongguk. Você não está entendendo a minha situação.
- Acho que eu estou. - Bebo um gole do seu suco, mas Taehyung apenas me ignora. - Não é o fim do mundo,
Taehyung.
- Cala a boca. Você já está acostumado. E obviamente eu não sou como você. Meu Deus, você foi selvagem
na minha primeira vez! Imagina das próximas vezes?
Taehyung era muito expressivo, mas hoje, devido as nossas atividades extracurriculares, ele mal
apresentava alguma das suas mais usadas expressões. Sua face inexpressiva me deixou risonho.
- Quer dizer que haverá outras vezes? - Pergunto, meus olhos fixos nos dele.
Então, com um sorriso de lado, complementa em um sussurro antes de fechar os olhos novamente.
- Muitas outras vezes.

OBS: UFA! Esse capítulo tem exatas 4139 palavras!!! 😲😊 Finalmente veio aí.
Capítulo 55 - Mês 8

- No começo eu tinha uma teoria de que você era um robô. - Taehyung acordou com um apetite imponente.
Sua fala sai entre as mordidas de seu segundo sanduíche.
- Por que?
O café instantâneo que ele comprou era horrível, mas eu não entraria no debate sobre café instantâneo não
ser café de verdade com Taehyung de novo porque já perdemos horas discutindo sobre isso e ele tentou me
provar que café é café independente de onde vem. E era óbvio que essa ideia era errônea.
- Porque você é perfeito demais para ser verdade. Estamos um ano junto e ainda não vi defeitos. - Seus
olhos me desafiam e eu sorrio para ele.
- Você sabe que isso é impossível, certo? Eu sou humano! Além do mais, talvez o fato de estarmos vivendo
longe um do outro facilite você não ver os meus defeitos.
Taehyung acena veemente em negação.
- Eu morei com você por meses, Jeongguk!
- Sim, mas ainda assim. - Murmuro.
- Me diga um defeito seu.
- Eu gosto de organização.
- Isso não é um defeito. - Taehyung não disfarça o quanto ele renega a minha resposta.
- Para algumas pessoas é!
- Fala sério!
- Ok. Que tal... - Forço a pensar sobre alguma coisa para comprovar o meu ponto. - Eu não gosto quando
pegam comida do meu prato sem pedir. Eu realmente não gosto disso. Fico bem chateado, acho falta de
respeito.
- Ainda não é um defeito! Fala sério. Aceita que você é perfeito!
Franzo a minha testa em recusa.
- Eu fumo!
- Fumava!
- Ainda assim!
- Eu te odeio. - Taehyung sorri, suas bochechas cheias do pão que comia.
- Não, você me ama! - Pressiono um dedo contra a sua bochecha inchada e Taehyung me envia um dedo do
meio.
°°°
Daqui algumas horas iriamos embora. Queria postergar a nossa ida, me isolar com Taehyung foi a melhor
coisa que fiz em anos e eu, seriamente, aceitaria abdicar da vida urbana para viver recluso socialmente com
ele.
Admiro-me com Taehyung quando não reclamou sobre as dores que possivelmente estava sentindo. Assim
que ele saiu do banho pude ver as marcas vermelhas em seu pescoço, ombros, quadril e ao longo de seu
peito. Não me envergonhava de faze-las, também não me orgulhava de me sentir satisfeito por vê-las ali,
mas não podia negar que eram as lembranças físicas de que eu estive em Taehyung e aproveitei demais cria-
las nele. Seus olhos encontram os meus que averiguava descaradamente cada uma das alterações em sua
pele, mas ele apenas sorriu e vestiu a camisa. Fiquei surpreso pela sua reação, esperava que ele me xingasse
e falasse disso o dia todo.
Deitados na cama, fazendo completamente nada, me pôs a lembrar do meu trabalho. Taehyung estava
distraído jogando em seu celular, sua cabeça apoiada contra o meu peito enquanto a minha mente começa a
ocupar-se.
- Ei, Melissa me disse que eu vou ser efetivado no final do contrato. - Aguardo a informação se assentar,
Taehyung interrompe o seu jogo e senta-se, despojando-se de mim. Um amplo sorriso cobrindo a sua face.
- Eu sabia. Você é muito bom no que faz. Estou feliz por você.
Taehyung se inclina, deixando um beijo lento nos meus lábios.
Não esperava que ele reagisse assim, mesmo que eu soubesse que ele nunca desejaria o oposto para mim,
mas a surpresa de sua reação ainda realçou-se.
Penso em dize-lo o que vim pensando, mas Taehyung me interrompe.
- Não vamos falar sobre isso hoje. - Seus olhos estavam serenos em mim, o que me forçou a recuar. - Eu sei
que teremos que decidir sobre como seguiremos daqui em diante, mas eu tenho certeza de que vamos dar
um jeito. Eu não sei qual ou como, mas com certeza daremos um jeito.
O puxando para mim, beijo o topo de sua cabeça.
- Vamos dar um jeito. Ok, eu gosto disso. - Afirmo.
Taehyung levanta a sua cabeça, seus olhos fixos nos meus.
- Eu vacilei com você no começo do nosso relacionamento. Eu fui um idiota varias vezes e você foi
extremamente paciente comigo em todas elas. Às vezes eu fico pensando sobre isso.
Sua mão me rodeia, tentando o impossível que era nos aproximar mais do que já estávamos.
- Não sei o que você viu em mim, mas eu não quero te perder. - Taehyung me olha com tanta sinceridade
que sentia o meu coração errar algumas batidas. - Eu quero passar o resto da minha vida me apaixonando
por você. Eu só queria te dizer isso.
Taehyung sorri timidamente e volta a pegar o seu celular como se não acabasse de se declarar para mim e
me deixar arrebatado pelos sentidos das suas palavras.
Retirando o objeto de sua mão, o deito na cama, um dos meus braços embaixo de sua cabeça e o outro
tocando o seu rosto. Não conseguia esconder o grande sorriso afetado que ele me causou.
- Sabe o que eu vi em você? Um homem lindo, não somente fisicamente, mas também em suas qualidades!
No quanto você se esforça para agradar aqueles que ama e fazê-los felizes. Você é uma pessoa incrível,
dedicada aos seus objetivos. Que leva a vida fácil demais, vê a beleza em tudo e não julga as escolhas dos
outros. Você é tão prático que eu tenho certeza que são os outros seres humanos estão complicando tudo.
Taehyung sorri, mas seus olhos demostravam tanta vulnerabilidade que mexe comigo intrinsecamente.
- Obrigado por me aceitar na sua vida e me dar uma família. - Reclino, beijando o canto de seus lábios. -
Obrigado por me deixar cuidar de você e por cuidar de mim. E, quer saber, eu também quero passar os
meus dias me apaixonando por você. Todos os dias da minha vida.
Sinto as suas mãos moverem-se para as minhas costas, apertando o tecido do meu casaco.
- Eu te amo, Jeongguk.
Havia tanto amor no meu peito que eu poderia explodir aqui. Enfio o meu rosto em seu pescoço, sentindo o
ritmo de sua respiração contra o meu peito.
- Diz que me ama também, cara. - Taehyung murmura, uma de suas mãos avançando no meu cabelo.
- Eu te amo, achei que estivesse óbvio. Eu digo toda hora. Muito mais que você.
Taehyung bufa.
- Mas esse é um momento romântico, você tem que saber ler a sala.
Sorrio para ele, o quanto eu amava esse idiota.
- Eu te amo, Taehyung. Eu. - Beijo a sua testa. - Te. - Dou mais um selar no seu nariz. - Amo. - Finalizo em
seus lábios, que Taehyung abre me permitindo avançar.
- A gente vai dar certo. - Taehyung avisa assim que me afasto de sua boca.
- Nós vamos dar muito certo. - Afirmo com a certeza de cada uma das minhas palavras.
- Me beija, vai. - Pede.
- Como? - Taehyung morde o meu lábio inferior, seus dedos trabalhando nos meus fios de cabelo, os tirando
do meu rosto.
- Da forma que você disse que iria me amar todos os dias da sua vida.
Sumindo com o sorriso devasso que havia em seus lábios, beijo-o novamente tentando mostra-lo que eu era
completamente dele.
Não sei o que o destino tinha guardado para nós dois, mas eu esperava que me mantivesse no caminho de
Taehyung. Porque se depender de mim, ele era o meu gameover para o resto da vida.

°°°
Epílogo

Eu me sentia exclusivamente feliz hoje. Finalmente eu e Jeongguk conseguimos ajeitar a nossa casa. Deixa-
me relatar que não foi fácil chegar até aqui, por isso, me sinto orgulhoso de nós dois. Jeongguk e eu
mantivemos nossa relação à distância por pelo menos mais cinco meses depois do nosso aniversário de
namoro e foi horrível.
Não passou na minha cabeça, nem ao menos uma vez, a ideia de terminar com ele. Mesmo nas nossas
piores fases. Como eu poderia terminar com ele? O cara era uma dádiva que calhou de cair na minha vida.
Estou exagerando, mas é o que o amor faz com a gente. E gradualmente fui percebendo o quanto eu mudei
desde que o conheci. Jeongguk me mostrou muito mais do que o fato de eu ser bissexual, esse fator foi o
mínimo na minha auto análise. Ele me fez entender que eu não precisava me moldar a ninguém, que eu
poderia estabelecer limites naquilo que eu não concordo.
Em alguns momentos do nosso namoro ele chamou a minha atenção sobre as minhas tentativas de fazer
algo que ele gostava apenas para agrada-lo, Jeongguk odiava quando eu fazia isso. A minha tendência de me
sujeitar a situações desconfortáveis e me auto depreciar para que a outra pessoa pudesse ficar comigo foi
superada. Jeongguk conseguiu me ajudar a lidar com esse defeito que me acompanhou durante a minha
relação com a Kary, e hoje eu percebo o quanto isso foi prejudicial tanto para mim, quanto para ela. Embora
se não fosse isso, talvez eu e ele não estivéssemos juntos atualmente.
De qualquer forma, lição aprendida. Mas eu descobri que genuinamente gosto de surpreende-lo. Gostava de
assistir ao seu sorriso crescente e receber os seus beijos quando eu o fazia pequenas surpresas, como lhe dar
um livro que ele queria a muito tempo mas vivia a se esquecer de comprar. Não era nada demais,
entretanto, Jeongguk fazia soar como se eu havia lhe dado a lua. Droga, se ele me pedisse a maldita lua eu
faria o impossível para entrega-la nas suas mãos.
Eu amava o cara, era isso.
Continuando com as contribuições de Jeongguk em minha vida, ele me guiou no processo de perdão e
aceitação com o meu pai. Eu até que gosto do meu irmão, ele era uma criança, então não poderia fazer uma
análise completa ainda. O meu pai, nada surpreendente, amou Jeongguk. Eles se deram tão bem que me
senti orgulhoso por apresenta-los. O que me recorda que um dia eu d desejei ter o relacionamento que meus
pais tinham, mas superei essa cenário. O que eu tinha com Jeongguk era muito melhor do que qualquer
outro modelo entre casais.
- Ele está comendo terra? - Tina grita da varanda, me tirando dos meus próprios pensamentos. - Taehyung,
você não está vendo!
Tina sai correndo em direção a seu filho que já estava grande demais para saber que comer terra era
inadequado. Não querendo julgar uma criança de cinco anos, mas o que Tina vem ensinando a ele?
- Ei, sua mãe está nos chamando. - Jeongguk surge ao meu lado, seus olhos acompanham Tina que
arrastava o garoto sobre ameaças de "não assistir mais desenhos a noite" e "vou deixar os germes comerem
a sua bunda".
- É errado querer que elas vão embora logo? - Pergunto apoiando os meus braços em seus ombros.
Jeongguk não envelheceu um ano. Morar juntos favoreceu o nosso compartilhamento de produtos, ou, pelo
menos, ele compartilhar as suas coisas comigo, já que eu não me importava sobre marcas de produtos
faciais. Contudo, por ele ser extremamente cuidadoso consigo mesmo, eu aprendi a ser comigo também. E
devo admitir que a minha pele melhorou muito depois que aderi ao seus sistema de rotina facial.
- Não, porque penso o mesmo. - Me puxando contra si, Jeongguk beija abaixo do meu lóbulo direito. - Estou
louco para te ter.
Ignoro o arrepio que perpassa pelo meu corpo com as imagens que surgiram engatilhadas por sua fala.
- Pare com isso. Você sabe que não podemos. - Arrasto as minhas mãos por dentre os seus fios longos.
Outra novidade, Jeongguk havia deixado o seu cabelo crescer e estava tão sexy que eu se tornava difícil me
controlar perto dele.
Viciei em seus cabelos assim, e esse é o motivo exclusivo dele não cortar. Eu deveria libera-lo e deixa-lo ser
feliz com o corte que queria, mas manteria o meu egoísmo por apenas mais dois meses.
- Taehyung. - Jeongguk resmunga contra o meu pescoço.
A verdade era que eu me tornei a pessoa que ama sexo. Não que antes eu não gostasse, mas conforme o
tempo foi passando, eu me tornei mais...acessível a novidades. Depois que eu superei a ideia de ser passivo
as coisas caminharam mais facilmente para nós dois. No final, Jeongguk tinha razão, ser versátil era a
melhor coisa que existia. Contudo, devo admitir que, embora eu ame fode-lo, eu preferia, grande parte do
tempo, ser passivo. Jeongguk me deixava insanamente satisfeito na cama e isso demorou a se ajustar na
minha cabeça. Como alguém pode ter tanto poder sexual sobre outra pessoa? Era insano!
- Cara, eu estou dolorido. - Sussurro, mesmo que não houvesse ninguém próximo a nós.
- Não é possível, faz duas semanas! - Ele contradiz.
- Você está reclamando como se nossa vida sexual não fosse normal?
Jeongguk sorri. Sim, aquele mesmo abrir de lábios fascinantes que me prenderam desde que os vi pela
primeira vez.
- Porque sempre acabamos discutindo sobre sexo?
Sorrio, pois era uma verdade.
Inclino-me e o beijo rapidamente.
- Depois de voltarmos da exposição. - Digo por fim, a tensão nos olhos dele me deixaram animado para o
que viria mais tarde.
Outro fator descoberto era que eu gostava de sexo um pouco violento. Com Jeongguk. E unicamente com
ele. Não me imagino fazendo nada do que fazemos com qualquer outra pessoa, parecia extremamente
errado e fora de lugar só de imaginar.
- A comida está servida, andem logo! - Tina grita da porta e Jeongguk me arrasta para dentro da nossa casa,
que estava sendo usada para um almoço em família.
Tocando no assunto família, Jeongguk e sua própria de sangue voltaram a se falar. Pode-se dizer que
estavam melhorando, em progresso. O pai dele era assustador e das poucas vezes que eu fui na casa dele
parecia que o velho - que estava muito bem para a idade dele - queria me jogar pela janela. Mas eu tenho
um prós que é o fato dele ter rido de uma das minhas piadas irônicas. Então eu acho que a homofobia dele
desceu para 99,8%.
Eu encorajo Jeongguk a ir vê-lo, desde o acidente o velho está visivelmente tentando. E isso significa muito
para Jeongguk, mesmo que ele diga que não se importa mais. Todos de sua família me tratam bem e nos
respeitam, então devemos considerar enquanto um avanço. Mas o que me consola era que Jeongguk teve a
chance de perdoar os seus pais e de receber o amor deles de volta. Isso acalentava o meu coração, porque eu
quero que ele seja feliz o tempo todo.
- Vocês tem que comprar aquele secador que eu mostrei. É muito mais fácil e a roupa já sai passada. -
Minha mãe me olha, o aviso estampado. - Já que Taehyung não se importa de sair parecendo um mendigo
na rua. Jeongguk, dê um jeito de comprar aquele secador de roupas.
- Por que você não nos dá um? Vivemos em época de inflação, mulher. - Recebo aquele olhar diabólico que
só uma mãe sabe fazer.
- Vamos ver isso. Por enquanto eu passo as roupas e ele não saí como um mendigo, não comigo. - Jeongguk
complementa.
- Verdade, porque quando ele saí sozinho as roupas desse menino parecem que nunca viram um ferro, um
vapor, nada! Você já está velho para isso, Taehyung. - Tina acrescenta.
- Não fale assim do seu irmão, ele acabou de casar. - Jeongguk tosse e eu olho abismado para minha mãe.
- A gente não casou não! - Murmuro.
- Vocês estão juntos há cinco anos e agora estão morando juntos. Isso já é um casamento. - Ela responde
como se fosse óbvio.
Olho para Jeongguk que me evita. Não tocamos no assunto casamento, pelo menos não de modo sério. E
vendo como Jeongguk reagiu ao comentário da minha mãe, talvez devesse apenas deixar esse tópico de
lado.
Não que eu não queria casar com ele. Porém, não queria forçá-lo a nada. Já estamos morando juntos! E
conseguir uma casa em um bairro descente, com varanda dupla e dois quartos, mais garagem não foi fácil. E
era um investimento para vida. Minha mãe tinha razão, isso era quase que um acordo de casamento, só que
em propriedade.
- Vamos parar de falar disso. Vocês pretendem ir na exposição de Jeongguk mais tarde?
Decido mudar de assunto e ignorar a pontada de decepção no meu peito.
°°°
- Uau. - Suspiro ao ver Jeongguk entrar na cozinha já vestido.
Ele começou a diversificar o seu guarda roupa, adicionou a sua coleção de tons preto: o azul, o rosa e o
verde. E isso era a mudança radical para quem parecia daltônico.
- Você está péssimo. Vá se trocar. - Murmuro.
- Essa relação tóxica está acabando comigo. - Jeongguk se aproxima em suas famosas botas pretas, calças
jeans escura e uma blusa de linho com gola alta que não fazia bem para mim, o jeans por cima tão pouco.
- Está ansioso? - Pergunto enfiando os meus braços debaixo de sua jaqueta.
O tempo estava extremamente frio lá fora e Jeongguk ornava perfeitamente com o estilo que a época pedia.
- Sim. Muito. Será a primeira vez que faço algo assim. - Ele sorri nervosamente e eu tento acalma-lo.
Desde que Melissa, a santificada, - manterei essa mulher para sempre em meu coração e nas minha
ocasionais orações - realojou Jeongguk de empresa, arrumando uma vaga para ele em uma filial na nossa
cidade, ele vem se envolvendo com um grupo de artistas locais. Jeongguk começou a tentar outras formas
de representações de arte. Lembro-me quando me disse, no começo de tudo, que não era muito bom com
abstrações, mas estava fazendo um ótimo trabalho. Tanto que sua sobras vão ser expostas em sessão de
uma galeria refinada no centro.
- Vai ser incrível. Todos vão amar e se não amarem problema é deles. Você está expondo porque viram o
quão talentoso você é. - Seguro o seu rosto e aperto as suas bochechas, arrancando uma risada bonita.
- Tão fofo. - Ele me puxa para si, depositando um beijo na minha testa.
Admiro os seus lábios por uns segundos, pensando que seria bom tê-los no meu pau mais tarde.
Infelizmente, Jeongguk tirou o piercing, mas felizmente adicionou outro na língua. E complementando: o
piercing na língua é a melhor coisa da minha vida. Cada parte do meu corpo clama por ele! Eu fico
completamente abalado só de lembrar. Valeu a pena ficar quase duas semanas sem beija-lo quando furou
pela primeira vez.
- Vamos logo e pare de pensar o quanto você quer que eu te chupe.
Arregalo os meus olhos surpreso por ele ter dito exatamente o que eu estava pensando.
- Como você sabe?
Jeongguk olha para trás e aperta a minha mão na sua.
- Você já deveria saber que não é discreto quando está pensando em sexo.
O acompanho para a saída me sentindo feliz e confortável.
Eu o amava demais, fala sério.
°°°
- Nayeon pelo amor de Deus. O Vegano é nosso!
Nayeon bate a porta do carro e me olha descontente.
- Ele é meu. Você se mudou e deixou ele lá por meses, e agora quer de volta? Ele tem sentimentos! - Ela
responde em sua voz irritante.
Outra coisa que não mudou: Nayeon. Recuso-me a ter que explicar mais sobre ela. Será para sempre minha
arqui-inimiga.
- Porque estávamos ajeitando as coisas. Temos até uma casinha para ele. Além do mais, ele foi presente de
namoro, então é nosso!
Nayeon apenas se vira e vai em direção a entrada, me ignorando por total.
- Vamos roubar aquele cachorro. - Digo assim que me viro para Jeongguk ao meu lado.
- Taehyung, eu te amo, mas você não vai roubar o Vegano. Ele gosta de ficar com a gente. - Wooyoung dá
um tapa leve em meus ombros e o seu sorriso gentil não me convenceu.
Ele e Nayeon ainda moravam juntos. Wooyoung decidiu que não dividiria a casa com mais ninguém quando
saímos por definitivo. Nayeon ficou porque era conveniente para ela. E, estranhamente, ela e Wooyoung
faziam um bom par. Ele a aturava e ela era aturada por ele.
- Não acredito que vocês, os que mais renegaram o Vegano, estão me impedindo de leva-lo para onde ele
deveria ficar. Já que é nosso!
Wooyoung acaricia o lado do meu rosto, ainda sorrindo, como seu eu fosse uma criança birrenta e segue por
onde Nayeon havia ido.
- O que há com esses dois? - Olho para Jeongguk, mas ele parecia fora de orbita.
Poucas vezes o vi tão ansioso, ele era o mais calmo entre nós. Toco sua mão e quando a sinto gelada, me
preocupo.
- Ei, amor. Tudo bem, aí? Fica calmo, irá dar tudo certo! - Abaixo a minha voz para que somente ele pudesse
escutar. Ainda estávamos na saída, entravam diversas pessoas para a galeria e isso era algo bom, já que se
fizer sucesso renderia mais dinheiro.
- Eu sei. Eu só ... - Jeongguk limpa a sua garganta, seus olhos nervosos em mim. - Vamos.
Ele segura a minha mão com uma força desnecessária, mas não o repreendo. Ele estava tendo um momento
lidando com a sua ansiedade.
Não entendia o porquê dele estar assim. Era apenas uma exposição e estava mais que certificado que ele fez
um ótimo trabalho nas sua sobras. Infelizmente, Jeongguk não me deixou ver nada do que ele produziu,
então eu estou totalmente no escuro. Mas eu conhecia o seu potencial.
Conforme vamos avançando pelas sessões de outros artistas, que não me interessa ver por agora, algumas
pessoas olhavam curiosas para a nossa direção. Isso é um eufemismo, na verdade, muitas pessoas estavam
nos olhando. Encaro alguma delas, mas pareciam sem vergonha em continuar a encarar. Abaixo o meu
olhar para as minhas roupas, mas eu passei a minha roupa! A calça jeans e a blusa que usava pareciam
descente. Jeongguk disse que estava bom. Seria o cabelo? Eu não o arrumei hoje.
Aproximando-me de Jeongguk, juntando nossos ombros sussurro para ele.
- Por que as pessoas estão nos olhando? Você já está tão famoso assim?
Jeongguk sorri nervosamente para mim, mas não responde.
- O que... - Assim que entramos na última sessão paraliso quando vejo alguns dos quadros. - ... Jesus!
Fico sem reação. Repentinamente todos do salão desaparecem e eu só conseguia ver os quadros. Diversos
deles. Com a minha cara.
Respiro com certa dificuldade, completamente impactado.
O maior deles era uma versão colorida minha, muitos cachos e um sorriso jovial. Era um eu diferente,
muito mais bonito e estiloso. Se for assim que Jeongguk me via, eu era perfeito aos seus olhos.
Havia tanta cor que me prendeu por completo. Reparo nos outros, todos tinham um Taehyung diferente,
em diferentes poses, com muita cor. Eu amei o excesso das diferentes cores primárias. Mas o que roubou a
minha atenção e fascinou os meus sentidos foi um quadro de tamanho mediano no qual eu sorria para
alguém, havia uma rosa presa atrás da minha orelha e eu estava no espaço. Vegano voava atrás com um
capacete de astronauta. A descrição ao lado dizia: O universo de Taehyung.
Sorrio achando tão fofo.
Após reparar em cada um dos quadros, procuro o autor deles. Jeongguk já estava com os seus olhos em
mim, atentos e agora expositivamente ansioso. Caminho até ele e o puxo para um abraço. Assim que seus
braços me rodeiam deixo soltar um suspiro.
- Ficaram incríveis. - Afasto-me o suficiente para olhar em seus olhos. - Eu nunca, nunca mesmo, imaginei
receber algo assim. Eu achei sensacional. Você é sensacional.
Eu já deveria estar acostumado com esse sentimento que me invadia de vez em sempre. Algo quente e lindo
que começava no meu coração e recobria todo o meu peito, parecia uma fatalidade mas eu apenas podia
sorrir, porque não havia parte negativa disso. Como eu não poderia ama-lo quando ele me fazia sentir tão
ridiculamente especial tempo todo?
- Taehyung, eu... eu geralmente não tenho problemas para falar. - Jeongguk arrastava as palavras e eu
aguardo. Queria beija-lo loucamente, mas haviam muitas pessoas aqui. E se eu me permitisse beija-lo agora
do modo como quero, sairia com uma ereção e não é isso que pretendo nesse momento.
- Desculpe se não sair muito bom ou memorável. Queria fazer de outra forma, até gravei um texto, mas eu
estou nervoso. Então... - Franzo a testa sem entender do que ele estava falando.
Observo quando ele enfia sua mão no bolso da calça e assim que a abre para mim, havia um anel prateado e
bem ornamentando com algumas pedras na palma da sua mão. Levanto o meu olhar para o seu rosto.
Meu coração parecia tão desesperado para pegar o anel.
- Você disse cinco anos atrás que queria passar os resto da vida se apaixonando por mim todos os dias. E
você está cumprindo. Eu quero apenas oficializar. Eu quero me casar com você e continuar a me apaixonar
todos os dias por você até que seja inevitável o fim. - Jeongguk suspirava incerto, seus olhos cheios de água.
- Mas eu te encontro no inferno no final.
Sorrio com a sua fala final, contudo nada distrai o meu coração acelerado e a minha visão embaçada. Limpo
os meus olhos, afastando as lágrimas antes que ousassem cair. O olho por um tempo, sem reação. Ele era
perfeito demais para mim. O que eu fiz para recebe-lo assim, tão facilmente para mim, não sabia.
Jeongguk estava realmente me pedindo para casar com ele! Reparo o quão nervoso eu comecei a ficar
quando levanto a minha mão para tocar o seu rosto.
- Você vai me responder, certo? - Sussurra.
Aceno.
- Sim. Eu digo sim. - O puxo para mim e o beijo. Deixo transbordar todo o meu amor por ele.
Quando me afasto, mantenho nossas testas unidas. - Eu disse sim a muito tempo atrás. Eu iria casar com
você de qualquer jeito.
- A toxidade que eu amo. - Jeongguk me beija mais uma vez. Eu não poderia me importar menos para onde
estávamos. Nada podia sufocar os meus sentimentos. - Aqui.
Jeongguk pega a minha mão e delicadamente coloca-o em mim. A peço brilhando no meu dedo me
arrancou um enorme sorriso.
- Eu te amo. - Assumo o mais que assumido.
- Eu te amo, Taehyung. - Jeongguk me puxa para ele e rodeio os meus braços em volta de seu pescoço. -
Agora você será o meu marido.
Suas palavras sussurradas no meu ouvido me excitou não somente o meu coração já abalado.
Toco o seu rosto, absorvendo cada um de seus detalhes. Os olhos emocionados, a boca que era a minha
perdição, as suas bochechas coradas. Todo ele era meu. E agora seria no oficializado.
Sorrio pensando perplexo nesse clichê ambulante que passou pela minha vida e a mudou por completo.
- Vou ser seu marido. - Sussurro, testando o quão bom era proferir essas palavras.
- Te vejo no altar. - Jeongguk beija-me mais uma vez, mais suavemente agora.
- Te vejo no altar. - Respondo quando nos afastamos.
- Que lindo! Não acredito que serei madrinha de casamento! - Tzuyu batia palma, chamando a atenção de
outras pessoas.
- Quando você chegou aqui? - Pergunto a ela, reparando que Nayeon, Wooyoung minha mãe, minha irmã e
o seu marido, mais os pais e as irmãs de Jeongguk estavam ali.
- Meia hora atrás. Eu vim dar o parabéns a Jeongguk, mas peguei um pedido de casamento. Estou feliz que
juntei vocês. - Ela diz com um amplo sorriso. E lembro-me que convidamos ela e a sua namorada que estava
ao seu lado com um sorriso fofo no rosto.
- Por que você acha que seria a madrinha dele? Não faz sentido, eu sou a irmã! - Tina se intromete, Tzuyu a
olha confusa.
- Nossa, na época em que eu dizia que íamos nos casar você não quis tanto ser minha madrinha. - Rebate.
- Meus filhos, meus amores. Você são tão lindos. - Minha mão chorava quando nos abraça, olho para
Jeongguk e ele parecia envergonhado.
- Acho que deveríamos todos ir comemorar! Jeongguk e Taehyung pagam o jantar, que tal? - Wooyoung se
manifesta convocando as outras pessoas.
Olho para minha mãe, ela parecia inconsolável. Mais atrás os pais de Jeongguk não pareciam tão
emocionados quanto a minha mãe, mas também, graças a Deus, não pareciam enojados. Os pais dele se
aproximam da forma contida que muitas vezes eu reparei em Jeongguk.
- Parabéns. Espero que vocês sejam muito felizes. Muito. - A mãe de Jeongguk também nos abraça, mas
individualmente. Meu coração se aquece quando ela o mantem próximo a si por longos segundos.
- Espero que vocês se cuidem. A vida não será fácil, mas podem contar comigo se precisarem de alguma
coisa. - O pai dele estende a sua mão para mim e eu a aperto. Com Jeongguk, ele ainda estende uma das
mãos para o ombro do filho.
Esqueço-me da vergonha de todos terem presenciado algo que deveria ter sido apenas entre nós. Ver a
família de Jeongguk com ele e desejando boas novas para sua vida de casado foi como a cereja do topo do
bolo. Ou da torta.
- Parabéns. - Nayeon diz em seu tom sem graça, mas ela me surpreende quando me abraça. Não durou
muito, graças a Deus. - Se você bobear, eu ainda posso tirar ele de você.
- Você é ilusória. - Nayeon sorri para mim e me recuso acreditar que seria um tão verdadeiro quanto
parecia.
- Adoro casamentos! - Wooyoung diz na sua vez de vir até nós. - Sabem que eu organizarei a festa, certo?
Essa é a minha profissão.
- Claro, Wooyoung. - Digo, aceitando o seu abraço.
- E eu aceito de antemão em ser o padrinho dos dois! - Wooyoung toca os nossos rostos, um grande sorriso
estampado. Tal qual um pai orgulhoso. - Eu amo vocês, seus otários.
- Amamos você também. - Jeongguk responde. A felicidade brilhando em todo o seu rosto bonito.
- Pode ser um casamento temático? - Diz a sobrinha de Jeongguk, que parecia muito com ele.
- Não. - Digo a ela.
- Tio? - Balançando a mão de Jeongguk, a menina me olha dos pés a cabeça como se eu fosse o errado! No
meu pedido de casamento!
- Vamos deixar isso para depois, ok? - Jeongguk me olha, rindo.
- Vão ver as obras, daqui a pouco a gente reúne todo mundo para comer, pode ser assim? - Olho para Tina
como um pedido de ajuda.
- Isso! Já viram o quanto o meu irmão é lindo? - Tina vira-se para mim. - Cuidado com o bolo do seu
casamento.
- Você não faria isso. - Murmuro de volta em ameaça.
Beijos e abraços depois, eu e Jeongguk não conseguimos mais ficar sozinhos. Era sempre alguém que vinha
dar palpite. Não reclamarei, pois essa foi a primeira vez que a nossa família se unia de verdade, foi
interessante ver Tina conversando com as irmãs de Jeongguk. Sua sobrinha, uma chata, adorando brincar
com Mario.
Nossos pais realmente conversaram, minha mãe e a de Jeongguk parecia que estavam se entrosando bem.
Meu pai chegou atrasado, mas ele e o marido de Tina arrancaram um sorriso simpático do pai de Jeongguk.
E todo mundo que consegue fazer isso, para mim, deveria ganhar um prêmio, porque aquele homem era
difícil.
A paz retorna quando finalmente chegamos em casa, no silêncio, sem mais precisar responder acerca de
tópicos que não sabemos ainda como iremos fazer, tal qual: qual seria a data do casamento, qual seria o
lugar mais apropriado, quantas pessoas chamaríamos...
- Da próxima vez faça um pedido de casamento em um lugar vazio. - Murmuro me jogando no sofá.
- Você acha que eu vou te pedir em casamento de novo? - Jeongguk me acompanha após deixar o seu sapato
na entrada. Aproveito que ele sentou e deito a minha cabeça no seu colo, sua mão automaticamente
encontra o caminho para o meu couro.
- Acho. E deveria.
- Na verdade, você que deveria. Eu também preciso de um anel. - Ele amostra a sua mão e eu a pego,
depositando um beijo no dedo anelar.
- Vou pensar sobre isso. - Murmuro, mantenho a sua mão contra o meu peito. Levantando a minha cabeça,
olho para o meu futuro marido. Era realmente interessante repetir esse termo. - Foi o melhor pedido de
casamento que eu já tive.
- Você só teve esse pedido de casamento, Taehyung. - Jeongguk gargalha e aproveito para me sentar
novamente. Precisava deixá-lo saber algumas coisa mais uma vez.
- Eu amei tudo. Os quadros, podemos ficar com eles? Ficaram perfeitos! E você me dar isso aqui... - Toco o
meu novo anel, meu peito inflando de alegria mais uma vez. - Eu me sinto tão feliz, acho que hoje é um dos
dias mais felizes da minha vida.
- O meu também.
Eu estava pronto para envelhecer com ele. Para passar por cada merda que a vida quiser jogar para cima de
nós dois. Se sem casamento eu já achava impossível deixa-lo, agora tornou-se simplesmente uma lenda
imbatível.
Subo em cima dele, o rodeando com as minhas pernas e braços.
- Está preparado para o até que a morte nos separe? - Murmuro contra a sua bochecha.
- Estou pronto para tudo. Inclusive a parte do: pode beijar o marido.
Suas mãos adentram na minha blusa, dedilhando sobre a minha pele e imagino que eu era um quadro em
branco que Jeongguk sempre se preocupava em criar novas artes em mim. Fazendo de mim uma obra
completa e bonita.
- Me beija, vai. - Peço.
Ele sorri, esfregando o seu nariz contra o meu.
- De que forma? - Ele sussurra contra os meus lábios, seu hálito quente atiçando o meu pau.
- Da forma como você quer ser amado.
Jeongguk me deita no sofá e faz exatamente o que eu pedi.

FIM

OBS: Estou triste por ter que dizer adeus a Taehyung e Jeongguk. Eles dominaram o meu coração por
um longo tempo, sentirei saudades!! 😭E gostaria de dizer muito obrigada a cada um que chegou até
aqui!! Obrigada aqueles que acompanharam, votaram e comentaram. Obrigada por terem tirado tempo
e virem conhecer esses personagens e suas histórias. Perdoem os desvios gramaticais, com o tempo irei
revisando e ajustando, quem sabe um dia publicá-la 😅.
Então, é aqui que me despeço de vocês, mas sempre extremamente grata pela atenção e colaboração.
Se cuidem, vejo vocês! E até mais.
Ass> Mara. L 🌈
Novidades-> Deixo aqui a indicação da minha nova narrativa, Beije-me como se eu fosse seu. Assim como
vocês abriram o coração para Jeongguk e Taehyung, espero que gostem de Marcus e Yuri. Esses dois foram
citados, brevemente, nessa história. Peço que leem a sinopse, pois é sempre importante, e, se interessarem,
espero que seja um boa leitura!
Posso prometer que será uma montanha russa, mas valerá a pena!
Beijos!💖💖
Mara. L 🌈
🅰️➖➕🌖
Parts: 56Font size: 18
Wattpad.comWattpad Downloader™™

Você também pode gostar