Qu4tro
Psico
mun as
do
estações em nós
O estudo da Psicologia abarca possibilidades diversas
para oferecer psicoeducação (educação da mente) às
pessoas interessadas por essa Ciência. A Arteterapia,
uma técnica da Psicologia, contempla subdivisões que
facilitam o contato do ser humano com seu mundo
interior. Portanto, vamos embarcar em uma pequena
“leitura terapêutica” e tentar entender se “a arte imita a
vida” ou “a vida imita a arte”, em uma breve viagem por
entre as paisagens que as quatro estações do ano
oferecem para nossa reflexão.
Metáforas são fontes de ensinamentos riquíssimos.
Quando nossa Consciência observa através das “janelas
da alma” um quadro ou uma paisagem, somos
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transportados(as) a um novo sentimento ou uma nova
consciência. Se alguma emoção irrompe das
profundezas de nosso inconsciente, o fenômeno de
contemplar as mudanças da natureza – a Artista por
excelência – nos oferece condições para expandir
nosso Universo Interior e a compreensão sobre nós
mesmos(as). Uma das mais ricas metáforas que a vida
tem a oferecer diz respeito à quaternidade. Através
dela, somos levados(as) a contemplar a existência e os
sentidos que lhe conferimos na vida diária.
Quando buscamos o número quatro ao redor do
mundo, encontramos diversos símbolos: as quatro
estações, os quatro pontos cardeais, os quatro ventos, o
quadrado perfeito, o cruzeiro, as quatro letras que
performam o Sagrado Nome de D’us para os hebreus,
os quatro lados de um Templo Sagrado, os quatro
evangelistas cristãos, os quatro estados da alquimia
(nigredo, albedo, citrinitas e rubedo), etc. Seja em qual
forma essa expressão matemática se manifeste, ela tem
a capacidade de produzir fortíssimas e impactantes
cargas simbólicas. Contemplemos, portanto, o que a
Natureza tem de melhor a oferecer em sua
quaternidade: as quatro estações.
Não é de hoje que as quatro estações oferecem
inspiração para que o Multiverso Humano (interior e
exterior) ganhe mais riqueza, cores e mesmo sons.
Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) estava sob Divina
Inspiração quando compôs Le Quattro Stagioni
(“As Quatro Estações”): quatro concertos elaborados
especialmente para o som do violino, de forma
magistral. De forma semelhante, é possível que nossa
alma também se inspire através dos ensinamentos
cíclicos e das mudanças ao longo dos anos.
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As Quatro Estações
do Ano
uma representação
de Santa Hildegarda
de Bingen
O ser humano é um “universo em miniatura” que,
frequentemente, imita a Natureza e suas
transformações. Como as quatro estações, a vida
também pode ser contemplada sobre quatro partes.
Conforme disse o fundador da Psicologia Analítica,
Carl Gustav Jung, o número quatro ou a quaternidade
é um grande símbolo do Eu Profundo, a ser expresso
no mundo natural, na cultura, na religião e na
vida humana.
A Primavera é a estação em que a vida explode em
alegria, beleza e cor. Uma grande energia psíquica
brota no interior dos seres e leva-os a buscar a
imortalidade através da reprodução. De igual modo, o
amor se encontra ricamente presente no mundo
animal, que se expressa através de complexíssimos
rituais artísticos performados com o intuito de realizar a
set. de 2023 • Edição N⁰ 385
união entre os pares de amantes. As flores se abrem
para a luz e o clima deve estar em condições ideais.
De forma semelhante, o surgimento de um feto deve
encontrar certas condições ideais de “clima
intrauterino”. O nascimento da criança, por outro lado,
deve estar sob as condições ideais do amor.
O aleitamento materno possui uma importância
fundamental nesse processo, e diversas pesquisas
científicas atestam seu benefício para o vínculo mãe-
bebê, isto é, para além dos benefícios fisiológicos. À
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medida que cresce, a “Rosa” da Consciência da criança
se abre para explorar um mundo completamente novo.
Essa existência emergente em forma humana busca
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do
compreender o ambiente ao redor, por vezes de forma
extremamente performativa e mágica – como a criança
que tenta pegar a lua com as mãos, em seu ganho de
conhecimento sobre a distância e a medida das coisas.
É uma fase de rara curiosidade e desejo pela vida,
caso esteja em condições saudáveis de
desenvolvimento ambiental.
O verão da vida é a adolescência. Muito calor e
hormônios “à flor da pele”. O sol da Consciência faz-se
sentir mais forte e vivaz, pois o sujeito procura por uma
identidade que seja a maior manifestação de sua
Essência e de seu Mundo Interior. Apesar disso, existe
alguma indecisão sobre os caminhos da vida.
A árvore do conhecimento cresceu e podem surgir
muitos frutos, mas não necessariamente estarão
prontos para que sejam colhidos. Como esses frutos, as
possibilidades nessa etapa da vida são diversificadas.
Somente a paciência e o respeito com os próprios
processos podem oferecer um vislumbre de qual fruto
da vida irá germinar, ou de qual possibilidade de
existência será escolhida para se expressar.
“A Natureza não dá saltos”, e é preciso tempo para
que um amadurecimento mais profundo aconteça.
Até lá, as diversas tentativas de ser e existir no mundo
são extremamente saudáveis, e não necessariamente
aquele “jeito adolescente” será levado para toda a vida.
É um processo apenas, e processos precisam de tempo.
Na adultidade, a vida chega em seu outono.
As frutas caem maduras e as possibilidades de existir no
mundo se manifestam. Todas as potencialidades,
que foram cultivadas na estação anterior, produzem
amadurecimento. O próprio conhecimento adquirido
com a experiência da vida se consolida de forma mais
enraizada na mente, tal como as árvores começam a
retirar a energia das folhas, para a reserva que a
estação próxima exige. Os frutos das obras de um
adulto começam a ser plantados nessa época,
de diversos modos: através de filhas e filhos, por meio
de obras diversas (livros, pinturas, músicas), graças ao
trabalho quotidiano que impacta na realidade social etc.
O inverno da vida segue como o período da
senescência. O símbolo do senex ao redor do mundo
sempre trouxe a ideia de uma pessoa sábia. A sabedoria
pode ser produzida através do intelecto com a leitura de
livros e o aprendizado de aulas, mas é algo muito mais
profundo. Enquanto o conhecimento surge do ensino, a
sabedoria é produzida pelo sabor, por excelência. Em
outras palavras, ela apenas se consolida no contato com
a realidade do mundo ao redor, e produz uma expansão
da Consciência que não pode ser encontrada na mera
intelectualidade.
É comum que mudanças de ideias ou pensamentos
sejam menos comuns neste período da vida. Se o verão
simbólico inicia o enraizamento dos valores, no inverno
da vida ele se encontra consolidado. É importante,
entretanto, que esses valores tenham “fluidez interna”,
de modo que a pessoa não se torne tão rígida de
caráter a ponto de não entender que, mesmo o
inverno, é apenas um processo. Como qualquer
fenômeno natural, ele também passa. O decaimento
das funções orgânicas não deve ser visto com
morbidez. Como as árvores que acumulam e reserva a
energia em seu interior, o Eu Profundo de um ser
humano faz com que sua energia psíquica se dirija mais
para o Centro da Psiquê (Alma).
Por esse motivo, a realização de atividades que
auxiliem na manutenção corporal da senescência é de
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extrema importância, de modo a manter o equilíbrio
ótimo das funções orgânicas que cedem sua energia
ao Centro. Também é necessário que os frutos da
sabedoria sejam compartilhados com as gerações mais
novas, para que a evolução siga seu curso natural de
(re)educação social constante. A humanidade caminha
para a complexidade através de suas individualidades,
cada vez mais Conscientes do papel humano
no Cosmos.
A individualidade de uma pessoa senil é fonte de
inspiração para as pessoas mais jovens. Se, apesar da
interiorização natural da energia corporal, o indivíduo
se mantenha ativo nesta fase, provocará o que seriam
os impactos mais duradouros e importantes no mundo.
Inspirar, educar e trazer luz à Consciência de alguém
mais jovem é um dos maiores presentes à humanidade,
pois todas as pessoas estão conectadas, seja através do
Inconsciente Coletivo, que foi descoberto pelo
psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, seja através das
experiências e dos sentimentos que compartilhamos
como Humanidade.
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As Esferas
Cósmicas e
o Ser Humano
15
segundo Santa
Hildegarda de Bingen
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Ademais, o decaimento das funções orgânicas da
senilidade ainda serve a uma função metafísica. Diversas
pessoas atentam sobre a importância da espiritualidade
na vida e, na senescência, ela se faz mais premente. O
corpo deve ceder energia ao Centro da Alma para que
ela atinja um amadurecimento maior e um foco em sua
Vida Interior, da qual a exterior é apenas uma
manifestação fenomênica. Portanto, não se enganem! O
inverno da vida pode parecer “frio”, mas é o momento
em que a Vida Interior ferve! Além de oferecer o que há
de mais rico em termos de vivência, esse inverno
prepara o Ser Total para transcender o entendimento
dos limites de sua existência.
Evidências acachapantes tendem a mostrar que a
Consciência sobrevive à morte do corpo, e muitas
pessoas realizam estudos na temática das assim
O próprio Centro da Psiquê entende que o fruto
mais valioso não se encontra no mundo da forma, mas
será produzido em seu próprio coração – em termos
de Sentimentos profundos, de valores nobres e de
Amor. Chega o momento em que o fruto da matéria
finalmente cai, para que o Verdadeiro Fruto do Espírito
tome propulsão e siga ciclos de vivências ainda maiores
e mais profundos que aqueles das quatro estações. Em
ambos os Mundos, uma Nova Consciência germinará,
seja por heranças ou obras, em um, seja através da
Identidade Interior – antes protegida por uma casca,
agora desgarrada -, em outro. O ser íntegro está,
finalmente, performado.
E o ciclo da vida continua dentro do Oceano da
Eternidade.
RAFAEL BALDASSARIS

CANTOS DIVERSOS • Informativo da Academia Itajubense de Letras • AIL

chamadas “Experiências de Quase Morte”, “Projeções da
Consciência”, “Contatos com Espíritos”, etc. São Escritor amigo da AIL
temáticas que se encontram presentes em todas as Pisicólogo clínico
doutrinas religiosas mundiais, ou mesmo fora delas.

ANTONIO JOSÉ DOS SANTOS TROTTA

Cadeira n⁰ 25
A
VI S
Patrono: José Luiz Monteiro Chaves

INTEIRO
meu ser D
NTES

ESCO
N
A

Falo, Senhor; escuta-me:

CERT
Meus lábios querem encontrar os Teus ouvidos para proclamar as
Tuas maravilhas, pedir pelo Teu perdão e adorar-Te, em justiça e
gratidão. ... E, por vias desconcertantes,
Minha face contempla a Tua face, Senhor, e nela encontra paz e levaram toda a boiada
compreensão. a laço e relho aviltantes,
De olhos bem abertos, quero vigiar e orar, não os fechando para durante a noite enluarada.
as necessidades alheias. Olha por todos, Senhor! Não sei por que sigo adiante
Pelos meus ouvidos, quero escutar o Teu chamado e realizar os
set. de 2023 • Edição N⁰ 385

nem onde dá essa estrada

Teus feitos: “Fala que o Teu servo escuta!” mas vou cantando o berrante
Meus braços se erguem como os de uma criança que busca colo e preparando a alvorada.
segurança. E subo a serra confiante
Minhas mãos se unem em prece e, humildemente, pedem para atrás da minha morada
que o Senhor derrame na minha vida as Tuas graças e bênçãos. trago no peito um diamante
Minhas pernas me levam ao Teu encontro e ao do próximo, lavrado na vaquejada.
na longa estrada que é a vida. Peço que o sol se levante
Meus joelhos diante do Senhor se dobram, e só a Ti presta culto de nos ombros da madrugada.
fidelidade e adoração, “Meu Senhor e meu Deus!” para mostrar-me radiantes
Meus pés querem pisar em Tuas pegadas e seguir o Teu caminho. os olhos da minha amada.
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Anda comigo como um pai zeloso!

TARCÍSIO PAES
Meu coração busca a Tua verdade. Mesmo contrito, ele ouve a Tua Cadeira n⁰ 20
voz e ama Tuas Palavras. Meu coração é Teu, Senhor! Patrono: João Ramos de Lima