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Relações

Extra-estéticas
no livro: Torto
Arado
Universidade Federal do Rio Grande Do Norte
Componente curricular: Teoria da Narrativa
Professor: fábio
Componentes : Micarla Marques, Lucas,
Leticia, Rute, Felipe, Djalma e bianca.
Aspecto religioso
"O jarê se desenvolveu no interior do estado da
Bahia, mais precisamente da região da Chapada
Diamantina". (Alves; Rabelo;,2009, p.2).
"o jarê representa uma vertente menos ortodoxa do
candomblé, resultante de um complexo processo
de fusão onde à influência dos cultos Bantu-Yoruba
sobrepuseram-se elementos do catolicismo rural,
da umbanda e do espiritismo kardecista." (Alves;
Rabelo;,2009, p.1-2).
*Religião sincrética;
Aspecto religioso
Cerimônia: As festividades contam com a presença de
adultos, jovens e crianças. A duração das cerimônias é
variável, contudo, é incomum durar menos de cinco horas ou
mais de dez horas seguidas no mesmo dia. Nas celebrações
as pessoas sensíveis ao recebimento de entidades podem
chegar a receber (incorporar) diversas entidades, com isso,
numa celebração com bastantes participantes é possível
que ocorre até cerca de uma centena de incorporações
diferentes
Capítulo 11: A festa de Santa bárbara (dezembro);
Capitulo 10: Salustiana a nova parteira;
Aspecto religioso

• revista e trabalho
• o primeiro tratamento de jarê: crispiana.

• O pai espiritual, o curado de jarê.


Geografia

Mapa de localização da Chapada Diamantina na Bahia. Mapa mostra o Brasil com o estado da Bahia destacado
em amarelo e no detalhe a ampliação da região da Chapada Diamantina e do Parque Nacional.
Fonte:http://loucosporpraia.com.br/onde-fica-a-chapada-diamantina/
Aspectos Sociais
Abolição da escravidão - 1888;
Lei de terras;
Elite agrária;
Garimpo;
Sistema de exploração: regime de
agregados e de servidão.
Ausência do Estado
A narrativa mostra a realidade subjacente da escravidão em um Brasil pós-escravidão;
Lei:
Redução a condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguem a condição análoga à de escravo:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
(DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 - Publicação Original);
A fazenda Água Negra reproduz a estrutura autárquica das fazendas coloniais que
centralizavam o exercício de poder. Exercício esse que continua a existir no Brasil do século
XXI, em muitos latifúndios que, secretamente, impõem aos trabalhadores um sistema de
escravidão (CARREIRA, 2021).
Relação com a terra
O romance enfatiza a sabedoria do homem da terra, cultivada em sua relação
com a natureza (CARREIRA,2021. p. 191)
Meu pai não tinha letra, nem matemática, mas conhecia as fases da lua. Sabia que
na lua cheia se planta quase tudo; que mandioca, banana e frutas gostam de plantio
na lua nova; que na lua minguante não se planta nada, só se faz capina e coivara [...]
Meu pai, quando encontrava um problema na roça, se deitava sobre a terra com o
ouvido voltado para seu interior, para decidir o que usar, o que fazer, onde avançar,
onde recuar. Como um médico à procura do coração (p. 85).
Consciência de pertencimemto à terra;
Organização sindical (luta pelo direito à terra);
Ancestralidade e a terra;
Ausência do estado - carência da
saúde pública
• O acidente com a faca e a distância
de hospitais da comunidade de Água
Negra.

• a morte de Donana, que está ligado


a falta de tratamento médico,
psiquiátrico.
Inclusão social
A relação de Bibiana e Belonísia
Com esforço se comunicavam com
gestos, fazendo com que a irmã que
tinha dificuldade na fala pode-se
interagir socialmente e fosse incluída.
Torto Arado
(capítulos 1- 8)
Os saberes do homem da terra:

"Semanas depois chegaram as primeiras nuvens de chuva, e da terra subia um frescor


que os trabalhadores chamavam de ventura. Diziam que poderíamos cavar um
pouquinho o barro seco para sentir que a umidade iria chegar, para sentir a terra mais
fria. Era o sinal de que o tempo de estiagem estava findando." (p. 68)
Machismo

"Zeca Chapéu Grande se envergonhava de ter que deixar as calças que


honravam a sua posição de liderança na fazenda, como pai espiritual, e vestir
saias, emprestando seu corpo a uma mulher." (p. 45)

"Dona Tonha trouxe as vestes guardadas e engomadas do ano anterior para o jarê, e
meu pai, quanto mais velho ficava, mais envergonhado parecia por ter que se vestir com
saia e adê." (p. 77)
Patriarcalismo

"Sem nenhuma corte ou relação afetiva prévia, ela se vê diante de uma tapera suja e
desorganizada, onde Tobias espera que aja como esposa." (CARREIRA, 2021, p.192)

Ele olhava os cantos, a cama arrumada, o rasgo no colchão de palha de milho


costurado — com linha e agulha que trouxe em minha trouxa —, a mesa limpa, as
moscas que voavam mais distantes, a comida que fumegava no fogão. Não
agradeceu, era um homem, por que deveria agradecer, foi o que se passou em
minha cabeça, [...] (p. 98)
Direito à educação

A conquista do direito à educação, a partir da construção da escola na


comunidade, influenciada por Zeca Chapéu Grande --> Ausência do Estado.

Bibiana vê na educação uma possibilidade de alcançar as melhorias


necessárias para seu povo e deseja se tornar professora (PEREIRA; FARIA,
2021);

Belonísia enxerga na educação formal uma perda de tempo, pois não se


enxerga inserida nas atividades escolares guiadas por dona Lourdes
(PEREIRA; FARIA, 2021);
Belonísia afirma: “não sabia por que estávamos ali, nem de onde vieram
nossos pais, nem o que fazíamos, se em suas frases e textos só havia histórias
de soldado, professor, médico e juiz” (VIEIRA JUNIOR, 2019, p. 99) --> Educação
Bancária

"[...] a professora [Bibiana] que ensinava sobre a história do povo negro, que
ensinava matemática, ciências e fazia as crianças se orgulharem de serem
quilombolas." (p. 182) --> Educação autônoma e libertadora
Escreva seu tema ou ideia

Torto Arado Violência


(capítulos 9 - 16) Doméstica
Conforme Tobias ia bebendo com mais
Belonísia frequência e em maior quantidade, os
ataques a Belonísia iam piorando, não
ficaram mais contidos somente ao que
"A agressividade de Tobias ela fazia, mas também a ela própria.

cresceu nos meses que se "[...] os insultos que me dirigia:


lembrar que eu era muda, que
seguiram". passado tanto tempo não havia
gerado filho como minha irmã, que
Afazeres doméstico não cozinhava bem, que perdia
Corpo muito tempo arando o quintal, que
Amizades não queria me ver na companhia de
Maria Cabocla."
"[...] Esperavam que me
comportasse como uma
Normalização e aceitação da
violência doméstica viúva inconsolável. Cuidavam
para que meu luto estivesse
Durante o velório de Tobias, mesmo as
evidente, em respeito ao
pessoas sabendo que ele não era uma homem que vivia comigo.
boa pessoa com Belonísia, cobravam-na
que ficasse de luto pelo falecimento de Tive que me conter algumas
seu marido, que ignorasse a felicidade
vezes para não deixar
que estava sentindo por não ter que
escutar mais as suas críticas. escapar um sorriso
traiçoeiro [...]".
Maria Maria Cabocla foi a amiga mais
próximas que Belonísia teve
depois que foi viver com
Cabocla Tobias, ambas confidenciavam
as situações de violência
doméstica que passavam com
os seus maridos e se davam
"[...] Maria Cabocla adentrou a apoio, nessa e em outras
situações.
casa, acuada, com um corte na Maria e seus filhos apanhavam
de Aparecido quando ele bebia
boca. Não precisava falar para e muitas vezes iam procurar
que eu soubesse. Aparecido ajuda na casa de Belonísia, que
os amparava e acalmava.
estava a cada dia pior "
Dependência pelo agressor
Sem apoio
"Semanas depois, soube que
Aparecido havia retornado.
Algumas semanas depois de expulsar [...]Maria se afastou de mim. [...] Se
Aparecido de casa com a ajuda de me encontrava, cumprimentava,
Belonísia, Aparecido voltou para casa e
elas deixaram de falar sobre a violência
mas já não se detinha a falar da
sofrida por Maria Cabocla. vida[...]".
Aspectos
Culturais Rio de
Sangue
(capítulos 1-7)
Os trabalhos análogos a escravidão
A vinda das pessoas para as minas de
diamante para trabalhar
O diamante como "ilusão"
Rio de Sangue (Capítulos 8-14)
Desfecho dos conflitos;
"[...]Assim como apanhei cada um com minhas mãos, eu pari esta terra.
Deixa ver se a senhora entendeu: esta terra mora em mim”, bateu com força
em seu peito, “brotou em mim e enraizou.” “Aqui”, bateu novamente no
peito, “é a morada da terra. Mora aqui em meu peito porque dela se fez
minha vida, com meu povo todinho. No meu peito mora Água Negra, não
no documento da fazenda da senhora e de seu marido. Vocês podem até me
arrancar dela como uma erva ruim, mas nunca irão arrancar a terra de
mim.” (p.172);
"Genivaldo foi o primeiro a falar mais alto, para que todos ouvissem, que ele
não iria para a cidade “alisar passeio”. “Nasci nesta roça e só sei trabalhar
com a mão na terra. Daqui não saio.” (p.192)
Rio de Sangue (Capítulos 8-14)

"Meses depois, a notícia dos assassinatos trouxe funcionários de órgãos


públicos, que ouviram moradores num processo de reintegração de posse.
Aquela chegada foi celebrada com alívio. Tudo permanecia incerto, não
havia prazos para a solução do problema, mas aquela movimentação
indicava que a existência de Água Negra já era um fato. Não eram mais
invisíveis, nem mesmo poderiam ser ignorados." (p.193)
Adicione
um título

A negligência da polícia em relação a


morte de Severo
Tráfico de Drogas
MST
Violência policial contra os negros
Referências
VIEIRA JUNIOR, Itamar. Torto arado. 1a Reimpr. São Paulo: Todavia, 2019.
ALVES, Paulo CB; RABELO, Míriam C. O jarê-religião e terapia no candomblé de caboclo.
V ENECULT-Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, v. 27, 2009.
CARREIRA, Shirley de Souza Gomes. Inscrições do real em Torto arado, de Itamar Vieira
Junior. Revista e-scrita: Revista do Curso de Letras da UNIABEU, v. 12, n. 1, p. 184-198,
2021.
DE OLIVEIRA, Anderson Luiz Rodrigues. Torto arado e suas geografias. Revista Entre-
Lugar, v. 12, n. 23, p. 495-498, 2021.
Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal
Referências
DE OLIVEIRA, A. L. História da saúde no Brasil: dos primórdios ao surgimento do SUS.
Revista Encontros Teológicos, [S. l.], v. 27, n. 1, 2016.
LIANDRO, Bismarck. A EVOLUÇÃO DA SAÚDE MENTAL NO BRASIL:
REINSERÇÃO SOCIAL. Revista Científica Semana Acadêmica. Fortaleza, ano MMXVIII,
Nº. 000126, 16/07/2018.
PEREIRA, Jaqueline de Andrade; SARAIVA, Joseana Maria. Trajetória Histórico Social da
População Deficiente: da Exclusão à Inclusão Social. SER Social, Brasília, v. 19, n. 40, p.
168-185, jan.-jun./2017.
PEREIRA, Mariana Fernandes; FARIA, Gustavo. Escola em Torto Arado: um retrato literário
da importância do aprender libertador de Paulo Freire. Rev. Ed. Popular, Uberlândia, Edição
Especial, p. 247-258, set. 2021.

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