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Na abertura do seu trabalho, Tamara Paola dos Santos argumenta os motivos que
a levaram a escrever sobre o tema. Entre suas memórias, também a ausência de
documentações e pesquisas que falassem sobre as Escolas de Samba durante a Ditadura
Cívico-Militar. A autora aborda o aprofundamento de antropólogos e sociólogos antes
de historiadores nos estudos sobre agremiações carnavalescas e debate sobre quais
temáticas se deburaçaram sobre eles.
Destacam-se nesse trecho a historiadora Zélia Lopes Silva, que teve como foco
os carnavais entre 1938 e 1945, sob Ditadura de Getúlio Vargas, e Monique Augras, que
pesquisou sobre as práticas nacionalistas entre 1948 e 1975, quando o tema teria caído
em desuso.
Como bem lembra Cruz, esse contexto político exatamente no momento em que
as Escolas de Samba estão se transformando de forma decisiva para seu gigantismo
presente nos anos 70 e 80. Junto a ele, o interesse mercantil e público. A figura dos
“patronos”, oriundos da banca do jogo do bicho, é determinante para o crescimento das
mesmas. As agremiações são usadas para “aceitação social” destes contraventores e/ou
mecenas (p. 39). A autora questiona essa ligação com a Ditadura:
Para além da relação que se estabeleceu entre as escolas (como
por exemplo, Beija-Flor, Portela, Mocidade Independente de
Padre Miguel e Imperatriz Leopoldinense) e seus “patronos”
bicheiros, é preciso analisar como e/ou por quê a aproximação
com a contravenção manteve o “apadrinhamento” às
agremiações carnavalescas durante os governos militares? Uma
(dentre inúmeras) possibilidades de resposta a esta questão está
apresenta na atuação dos bicheiros na política apoiando a
ditadura militar, e assim, oportunamente auxiliados pela
conveniência velada das autoridades (p. 41).
Neste capítulo a autora analisa quais escolas de samba e sambistas foram alvos
da polícia política e como ela agiu para manter as Escolas de Samba do Rio de Janeiro
sob vigilância e censura. Para isso, usou documentação produzida pela polícia política/
DOPS, memória dos sambistas e documentação das entidades carnavalescas.
Entretanto, a autora lembra que os alvos não eram as agremiações em si, mas
sim alguns dos seus componentes, na maioria os idealizadores do espetáculo. Entre eles,
presidentes, diretores, carnavalescos, compositores e outros. Preocupação especial com
Salgueiro e Vila Isabel:
Uma importante observação feita por Cruz é quanto aos constantes controles
administrativos nas Escolas de Samba. As agremiações deveriam informar aos militares
sobre mudanças no quadro da diretoria das escolas (inclusive eleições) e endereço das
sedes, esses dados eram continuamente atualizados (p. 71). Porém, há um vácuo de
informações nesta documentação que não é explicada no estudo.
Neste capítulo, o ponto central abordado por Cruz são as memórias sobre a
censura, vigilância e controle estatal sobre as escolas de samba do grupo especial do Rio
de Janeiro durante o regime militar.
Pamplona diz que a parte plástica também era alvo de prévia análise dos
censores (p. 100). Cruz lembra que já existia uma espécie de “censura” antes da
Ditadura. Mas nela, entretanto, aumentou a vigilãncia para outros quesitos:
Cruz debate a “ausência” de perigo das agremiações durante o período por conta
do seu teor menos “revolucionário”: