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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA

Relatório de Estágio em Futebol


realizado na Equipa de Iniciados sub-15
da Associação Desportiva de Oeiras

Maturação e efeito da idade relativa no processo de treino

Relatório de Estágio elaborado com vista à obtenção do Grau de


Mestre em Treino Desportivo

Orientador: Prof. Dr. José Maria Dionísio Pratas

Júri:
Presidente:
Doutor Ângelo Miguel Pedregal de Brito, professor auxiliar convidado da
Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa

Vogais:
Doutor José Maria Dionísio Pratas, professor auxiliar convidado da Faculdade
de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa
Doutor Fernando Jorge Lourenço dos Santos, professor auxiliar convidado da
Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa

João Marques

2023
Relatório de estágio em futebol apresentado à
Faculdade de Motricidade Humana, como requisito
para obtenção do grau de Mestre em Treino
Desportivo, sob a orientação técnica e científica do
Professor Doutor José Maria Pratas.
Agradecimentos

A finalização desta etapa representa o culminar de muito esforço e dedicação à


área do Desporto que tanto me apraz. Não sendo o apogeu que pretendo, a constante
evolução recorrendo ao conhecimento científico que sempre se reinventa, e às
experiências do dia-a-dia serão sempre ferramentas constante no meu progresso
pessoal e profissional.
Todas as pessoas deixam algo em nós. Seja a pessoa que nos cumprimenta
com um simples, mas simpático bom dia como pessoas que fazem tudo para nos
sentirmos bem. A todas elas, e pela impossibilidade de agradecer individualmente a
cada uma, quero deixar aqui o meu agradecimento profundo a quem possa não ser
mencionado neste documento, mas que de qualquer forma me tenha ajudado.
O primeiro agradecimento não poderia ser para mais ninguém. A minha família
está de parabéns por todo o suporte que me forneceu, do ponto de vista financeiro,
logístico e afetuoso. Obrigado pai, mãe, avó e irmãos! Obrigado tios e primos por
estarem sempre disposto a receber-me nas suas casas, ajudar na logística Arganil- Cruz
Quebrada e demais ajuda sempre disponível.
De seguida agradecer ao treinador Luís Vilela e à Associação Desportiva de
Oeiras por terem aceite que um desconhecido entrasse pelos seus mundos e confiaram
no seu trabalho. Foram fundamentais na minha evolução profissional mas também
pessoal. Obrigado por toda a partilha de conhecimento e horas depois dos treinos onde
ficávamos a partilhar experiências.
Agradecer aos meus amigos que fiz nas faculdades e aos meus amigos de
infância, visto que o processo não começou no mestrado em treino desportivo, e eles
sempre me ajudaram tanto no apoio psicológico como no meu percurso académico. Um
muito obrigado principalmente ao André Matias, Daniel Nunes, Gabriel Figueiredo, Nuno
Borges, José Amaral, João Pereira, Ricardo Cardoso, Ricardo Marques e Leandro
Castanheira.
Finalmente, mas não menos importante, um agradecimento especial ao meu
orientador de estágio e professor José Maria Pratas, alguém que demonstrou ser um
ser humano incrível, sempre disposto a ajudar, a saber meter-se no lugar do outro, com
uma simplicidade ímpar e que incute a vontade de trabalhar sem impor pressão
desnecessária ao desenvolvimento do trabalho. Tornou a conclusão desta minha etapa
de vida muito mais facilitada, mas sempre aliada à exigência necessária para a sua
conclusão com qualidade.

iii
Resumo

O processo e conclusão do presente relatório de estágio foi redigido suportado no


estado da arte e reflete o quotidiano do treinador estagiário inserido na equipa técnica
de sub-15 da Associação Desportiva de Oeiras no decorrer da época de 2022/2023.
Primeiramente, o mesmo é composto por uma introdução onde se pode encontrar uma
caracterização do contexto de estágio, análise SWOT sobre o contexto de estágio e
algumas propostas para implementação no clube.
Seguidamente, apresenta-se um panorama geral da literatura sobre a temática
“Maturação”. São apresentados alguns conceitos associados à maturação, os diversos
métodos de avaliação do estado maturacional existentes e vantagens e desvantagens
sobre os métodos de divisão dos escalões de formação.
Subsequentemente, o relatório de estágio apresenta 3 áreas conforme consta das
normas de elaboração do documento.
A área 1, respeita a realização da prática profissional. São assim descritos
detalhadamente toda a gestão do processo de treino e competição associadas à
metodologia utilizada. Descreve todo o processo desde o plano mais macro, o
macrociclo, até ao plano mais micro, a unidade de treino. Apresenta-se também nesta
área, o modelo de jogo para o escalão de sub-15 da ADO.
A área 2, reflete o projeto de inovação desenvolvido no clube, com a criação do gabinete
SAJ para sucumbir algumas lacunas existentes no clube devido ao seu contexto.
A área 3 acomoda a realização de um evento para a comunidade. O evento “Conversas
de treinadores de futebol – 2ª edição” contou com diversos profissionais de futebol, com
enorme experiência e renome, divididos por 3 mesas redondas, com moderação de
jornalista profissionais no comandar das conversas.

Palavras-chave: Futebol, Associação Desportiva de Oeiras, Gabinete SAJ, Maturação,


Conversas de Treinadores de Futebol, Macrociclo, Microciclo, Modelo de jogo, Processo
de Treino, Metodologia.

iv
Abstract

The process and conclusion of this internship report was written based on the state of
the art and reflects the daily life of the intern coach inserted in the technical team of the
U-15 team of the Associação Desportiva de Oeiras during the 2022/2023 season.
Firstly, it is composed of an introduction where a characterization of the internship
context can be found, SWOT analysis on the internship context, and some proposals for
implementation in the club.
Subsequently, a general overview of the literature on the theme "Maturity" is presented.
Some concepts associated with maturity, the various existing methods of evaluating
maturational status, and advantages and disadvantages about the methods of dividing
training categories are presented.
Next, the internship report presents 3 areas as set out in the document's elaboration
standards.
Area 1 deals with the implementation of professional practice. Thus, the entire
management of the training and competition process associated with the methodology
used is described in detail. The entire process is described from the macro plan, the
macrocycle, to the micro plan, the training unit. The game model for the U-15 level of
ADO is also presented in this area.
Area 2 reflects the innovation project developed in the club, with the creation of the SAJ
office to address some existing gaps in the club due to its context.
Area 3 accommodates the realization of an event for the community. The event "
Conversas de treinadores de futebol – 2ª edição " featured several football professionals
with extensive experience and renown, divided into 3 round tables, with moderation by
professional journalists leading the conversations.

Keywords: Football, Associação Desportiva de Oeiras, SAJ Office, Maturity, Football


Coach Conversations, Macrocycle, Microcycle, Game Model, Training Process,
Methodology.

v
Índice de conteúdos

1. Introdução............................................................................................................ 12
1.1 Enquadramento geral ................................................................................... 12
1.2 Caracterização do Contexto de Estágio ........................................................ 12
1.2.1 Entidade de Acolhimento ....................................................................... 12
1.2.2 Recursos disponíveis............................................................................. 13
1.2.3 Equipa Técnica e Treinador Estagiário .................................................. 13
1.2.4 Caracterização do Contexto competitivo................................................ 14
1.2.5 Análise Estratégica – Análise SWOT ..................................................... 16
1.3 Objetivos de Formação e Estratégias a implementar .................................... 17
1.3.1 Objetivos de formação ........................................................................... 17
1.3.2 Estratégias a implementar ..................................................................... 18
2. Revisão da literatura ............................................................................................... 21
2.1 Introdução .................................................................................................... 21
2.2 Idade cronológica e biológica ....................................................................... 21
2.3 Efeito da idade relativa ................................................................................. 22
2.4 Idade Relativa vs. Maturação ....................................................................... 23
2.5 Efeito halo .................................................................................................... 24
2.6 Métodos de avaliação do estado maturacional ............................................. 24
2.6.1 Idade óssea ........................................................................................... 25
2.6.2 Idade sexual .......................................................................................... 29
2.6.3 Idade morfológica (somática) ................................................................. 30
2.7 Pico de velocidade em crescimento .............................................................. 34
2.8 Bio-Banding do conceito à prática ................................................................ 36
3. Área 1 - Organização e Gestão Do Processo de Treino ...................................... 41
3.1 Enquadramento teórico ................................................................................ 41
3.1.1 Modelo de jogo ...................................................................................... 41
3.1.2 Sistema tático ........................................................................................ 41
3.1.3 Princípios táticos ................................................................................... 42
3.2 O “nosso” modelo de jogo............................................................................. 42
3.2.1 Organização ofensiva ............................................................................ 42
3.2.2 Organização defensiva .......................................................................... 44
3.2.3 Transição ofensiva................................................................................. 46
3.2.4 Transição defensiva............................................................................... 46
3.2.5 Esquemas táticos .................................................................................. 47
3.3 Organização e Planeamento do Processo de Treino .................................... 52
3.3.1 Macrociclo ............................................................................................. 53
3.3.2 Microciclo .............................................................................................. 56
3.3.3 Unidade de treino - Caracterização do microciclo-tipo ........................... 58
3.4 Condução do processo de treino .................................................................. 62
4. Área 2 - Projeto Gabinete Scouting e Análise de Jogo............................................ 65
4.1 Introdução .................................................................................................... 65
4.2 Enquadramento teórico ................................................................................ 65
4.2.1 Formas de análise ................................................................................. 65
4.2.2 Tipos de análise .................................................................................... 66
4.3 Fatores chaves para a análise de jogo ......................................................... 67
4.4 Da teoria para a prática ................................................................................ 73
4.4.1 Criação e propósito do SAJ ................................................................... 73

vi
4.4.2 Organograma ........................................................................................ 73
4.4.3 Reuniões do gabinete SAJ .................................................................... 74
4.4.4 Divisão do SAJ por áreas de atuação .................................................... 75
4.4.5 Gravação dos jogos ............................................................................... 76
4.4.6 Análise de jogo ...................................................................................... 78
4.4.7 Scouting ................................................................................................ 78
4.4.8 Protocolo de Scouting............................................................................ 80
5. Área 3 - Conversas de Treinadores de Futebol ................................................... 84
5.1 Enquadramento inicial .................................................................................. 84
5.2 Planificação do evento .................................................................................. 84
5.3 Divulgação do evento ................................................................................... 87
5.4 Balanço do Evento........................................................................................ 88
5.4.1 Reflexão sobre as temáticas discutidas nas 3 mesas ............................ 88
5.4.2 Aspetos positivos e a melhorar na organização ..................................... 92
5.4.3 Questionário de avaliação ..................................................................... 93
5.5. Conclusão .................................................................................................. 107
6. Conclusões Finais e Perspetivas Futuras .......................................................... 109
7. Referências bibliográficas .................................................................................. 112

Índice de figuras

Figura 1 - Esquematização das séries de competição para a fase de manutenção ... 16

Figura 2 - Representação dos atletas por mês de nascimento ................................... 22

Figura 3 - Representação das diferentes etapas de desenvolvimento do osso e suas


estruturas.................................................................................................................... 26

Figura 4 - Exemplo de como calcular a predição do pico de velocidade em crescimento


para o sexo masculino ................................................................................................ 35

Figura 5 - Esquemas táticos: Modelo de jogo ADO ................................................... 48

Figura 6 - Esquemas táticos: Modelo de jogo ADO ................................................... 49

Figura 7 - Esquemas táticos: Modelo de jogo ADO .................................................... 50

Figura 8 - Esquemas táticos: Modelo de jogo ADO .................................................... 51

Figura 9 - Macrociclo da equipa sub-15 ADO – Ações técncico-táticas ofensivas ..... 54

Figura 10 - Macrociclo da equipa sub-15 ADO - Ações técncico-táticas ofensivas e


modelo de jogo ........................................................................................................... 55

Figura 11 - Exemplo da primeira unidade de treino da semana ................................. 58

Figura 12 - Exemplo da segunda unidade de treino da semana ................................ 59


vii
Figura 13 - Exemplo da terceira unidade de treino da semana ................................. 60

Figura 14 - Exemplo da última unidade de treino da semana ..................................... 61

Figura 15 - Esquema dos tipos de análise ................................................................ 67

Figura 16 - Esquema da fase de preparação no processo de análise de jogo ........... 68

Figura 17 - Esquema da fase de observação no processo de análise de jogo ........... 70

Figura 18 - Esquemas da fase de avaliação/diagnóstico no processo de análise de jogo


................................................................................................................................... 71

Figura 19 - Esquema da fase de intervenção no processo de análise de jogo ........... 72

Figura 20 - Organograma do gabinete SAJ ................................................................ 74

Figura 21 - Mapa de reuniões .................................................................................... 75

Figura 22 - Organização do gabinete SAJ.................................................................. 76

Figura 23 - Gravação dos jogos da ADO.................................................................... 77

Figura 24 - Análise de jogo equipa de Sub-15 ADO ................................................... 78

Figura 25 - Ficha-tipo de observação de jogadores................................................... 79

Figura 26 - Base de dados para recrutamento de jogadores ...................................... 80

Figura 27 - Organograma do evento “Conversas de treinadores de futebol- 2ª edição


................................................................................................................................... 85

Figura 28 - Cartaz do evento “Conversas de treinadores de futebol- 2ª edição”......... 88

Figura 29 - Avaliação da pergunta nº 10 dos dois métodos...................................... 107

Índice de tabelas

Tabela 1 – Análise SWOT relativa ao contexto de estágio ......................................... 17

Tabela 2 - Avaliação da idade óssea em comparativa com a idade cronológica......... 28

Tabela 3 - Coeficientes para a obtenção da estatura adulta predita no método Método


Khamis-Roche .......................................................................................................... 31

Tabela 4 - Coeficientes de regressão para predição da estatura adulta associados a


grupos de idade e variáveis para o método de Beunen-Malina ................................... 32

viii
Tabela 5 - Coeficientes de regressão para predição da estatura adulta associados a
idades e variáveis para o método ajustado de Beunen-Malina ................................... 33

Tabela 6 - Coeficientes de regressão para a predição da estatura adulta para o método


de Beunen-Malina-Freitas 1 e 2 com aplicação apenas no sexo feminino .................. 33

Tabela 7 - Médias (e desvio padrão) para comparação dos resultados obtidos pelos
diferentes métodos de predição da estatura adulta para o sexo feminino ................... 34

Tabela 9 - Coeficientes de regressão para a predição da estatura adulta através do PVC


................................................................................................................................... 36

Tabela 10 - Cores associadas aos tipos de microciclos inseridos no planeamento anual


................................................................................................................................... 56

Tabela 11- Microciclo-tipo da equipa sub-15 ADO - Época desportiva 2022/2023..... 57

Índice de gráficos

Gráfico 1 - Pergunta de seriação do método utilizado ................................................ 94

Gráfico 2 - Avaliação da pergunta nº 1 do método presencial .................................... 95

Gráfico 3 - Avaliação da pergunta nº 1 do método online........................................... 95

Gráfico 4 - Avaliação da pergunta nº 2 do método presencial .................................... 96

Gráfico 5 - Avaliação da pergunta nº 2 do método online........................................... 96

Gráfico 6 - Avaliação da pergunta nº 3 do método presencial .................................... 97

Gráfico 7 - Avaliação da pergunta nº 3 do método online........................................... 98

Gráfico 8 - Avaliação da pergunta nº 4 do método presencial .................................... 99

Gráfico 9 - Avaliação da pergunta nº 4 do método online......................................... 100

Gráfico 10 - Avaliação da pergunta nº 5 do método presencial ................................ 100

Gráfico 11 - Avaliação da pergunta nº 5 do método online ....................................... 101

Gráfico 12 - Avaliação da pergunta nº6 do método presencial ................................. 102

Gráfico 13 - Avaliação da pergunta nº6 do método online........................................ 102

Gráfico 14 - Avaliação da pergunta nº 7 do método presencial ................................ 103

Gráfico 15 - Avaliação da pergunta nº 7 do método online ....................................... 104

ix
Gráfico 16 - Avaliação da pergunta nº 8 do método presencial ................................ 104

Gráfico 17 - Avaliação da pergunta nº 8 do método online ....................................... 105

Gráfico 18 - Avaliação da pergunta nº 9 do método presencial ................................ 106

Gráfico 19 - Avaliação da pergunta nº 9 do método online ....................................... 106

x
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

11
1. Introdução

1.1 Enquadramento geral

No segundo ano do mestrado em treino desportivo da Faculdade de Motricidade


Humana existem dois caminhos diferentes sobre qual o aluno decide qual se adequa
melhor às suas perspetivas futuras e atuais. O primeiro caminho leva-nos pela via da
investigação enquanto que o segundo caminha transporta o aluno para o terreno com a
duração de uma época desportiva.
A opção recaiu para o ramo profissionalizante, com duração de uma época
desportiva, na Associação Desportiva de Oeiras, aproveitando para em simultâneo, adquirir
o grau II de treinador de futebol.
O estágio profissionalizante foi orientado pelo professor José Maria Pratas,
enquanto docente da Faculdade de Motricidade Humana e tutorado pelo coordenador da
formação da ADO, Luís Vilela.

1.2 Caracterização do Contexto de Estágio

1.2.1 Entidade de Acolhimento

O estágio curricular do mestrado em treino desportivo realiza-se na entidade de


acolhimento Associação Desportiva de Oeiras (ADO), fundado a 21 de abril de 1906
resultante de dois clubes, o Oeiras Futebol Clube e o Sporting Clube de Oeiras.
A ADO pauta-se por ser um clube eclético e consta do seu palmarés vários
campeonatos nacionais e regionais nas diversas modalidades como: andebol,
basquetebol, esgrima, hóquei em patins, judo, patinagem artística e ténis de mesa para
além do futebol.
A modalidade de futebol utiliza as instalações do Estádio Municipal Mário Wilson,
nome que advém da homenagem prestada a 24 de julho de 2017 ao jogador e treinador
Mário Wilson. Esta homenagem surge do reconhecimento pelo mérito do serviço público
prestado com imenso brio. O intitulado “capitão” sempre teve fortes ligações a Oeiras onde
viveu grande parte.
“Pelo Desporto, Por Oeiras”, é o lema que surge agregado a esta instituição e a
missão da ADO rege-se por “promover e propiciar a prática do desporto, cultura e recreio
aos seus associados para júbilo e prestígio da ADO, e o regozijo e satisfação daí
decorrentes para todos os oeirenses”.

12
A visão desta instituição é muito mais alargada e visionária do que os meros
resultados desportivos, pretendendo “fomentar o desporto na Juventude, não apenas na
sua vertente competitiva, mas, prioritariamente, na formativa e educativa, para além da
prossecução da estratégia ocupacional bem salutar, visando a prevenção de
comportamentos desviantes tão comuns nestas idades.”
Em particular, no futebol a ADO é um clube de destaque na região contando com
presença de todos os escalões de formação nos campeonatos nacionais. Os juniores
disputam a II Divisão Nacional (sub-19), os Juvenis encontram-se na I Divisão Nacional
(sub 17) e a equipa B de juvenis compete na divisão abaixo. Nos iniciados (sub 15) o Oeiras
tem a equipa principal na II Divisão Nacional, e a equipa B na I Divisão Distrital.

1.2.2 Recursos disponíveis

Para além do Estádio Municipal Mário Wilson, que serve de casa à modalidade de
futebol, o pavilhão da Associação Desportiva de Oeiras destina-se às restantes
modalidades.
No estádio municipal o clube pode usufruir de um campo com medidas formais de
105x68m, um ginásio, arrecadação para material de treino, sala de reuniões, lavandaria,
gabinete de fisioterapia e seis balneários divididos para jogadores, árbitros, equipa visitante
e treinadores. O estádio que foi inaugurado em 2002 tem capacidade para 5097 mil
espectadores.

1.2.3 Equipa Técnica e Treinador Estagiário

O treinador estagiário faz parte da equipa técnica dos sub-15 que compete na 2ª
divisão nacional Sub-15 organizada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
A equipa técnica é composta por 3 elementos para além do treinador estagiário. O
treinador principal, Luís Vilela, responsável por planear, periodizar, e apresentar soluções
para o planeamento das sessões de treino e da gestão da competição. Seguem-se o
treinador-adjunto André que coadjuva nas mesmas funções e gestão do treino em conjunto
com o treinador-adjunto Davide.
Para a gestão do treino de guarda-redes, o clube tem treinadores de uma escola
de guarda-redes que prescrevem, avaliam, ajustam e dirige todo o trabalho específico
dirigido aos guarda-redes.

13
O planeamento é realizado em conjunto com os treinadores acima mencionadas
designando dias específicos para trabalhar diferentes conteúdos para o treino consoante
o microciclo de competição respeitando os princípios de treino e níveis de prontidão dos
atletas.

1.2.4 Caracterização do Contexto competitivo

A pré-epoca iniciou-se a 23 de agosto tendo 4 semanas de um mesociclo pré-


competitivo com vista a preparação do início da competição a 18 de setembro. O microciclo
de treino caracteriza-se tipicamente por quatro treinos por semana mais um jogo por fim
de semana. O primeiro treino da semana é segunda-feira às 20h. Terça-feira foi escolhido
como o dia de folga, treinando posteriormente na quarta e sexta às 19h e quinta-feira às
20h por questões de organização interna do clube. Sábado, dia antes do jogo, é concedida
folga aos jogadores. Neste microciclo típico o jogo disputa-se no domingo às 11h da
manhã.
As escolhas dos dias de treino advêm dos princípios fisiológicos, onde se prefere
treinar no dia seguinte ao jogo para uma melhor recuperação dos atletas com carga maior
e permite dar cargas maiores nos jogadores que não jogaram ou jogaram pouco tempo.
No dia após o jogo é comum reunir mais cedo, antes da hora do treino para
apresentação de vídeo-análise para que os jogadores visualizem o que é positivo e o que
é negativo, sobre o jogo, colmatando o feedback dos treinadores.
Para a realização do treino o clube dispõe de coletes de cor amarela, laranja e azul,
marcas, cones, escadas de coordenação, barreiras, estacas e bases, bolas e um carrinho
para transportar todo o material da sala de arrumações para o campo e vice-versa.
Na época 2022/2023 foram introduzidas novas alterações na estruturação dos
campeonatos de futebol devido à necessidade de uma segunda divisão de uma competição
nacional. Surge assim o campeonato nacional sub-15 II Divisão.
As equipas classificadas para este campeonato foram os 16 clubes que desceram
na época transata do Campeonato Nacional de Sub-15 da época 2021-2022, 18 clubes
que foram promovidos dos campeonatos distritais e seis equipas B que foram integradas
por convite consoante os rankings, tendo em conta dois critérios: a certificação de
entidades formadoras e a classificação desportiva final no campeonato nacional de sub-15
nas últimas três épocas.

14
Este novo formato comtempla duas fases. Na primeira fase os 40 clubes são
divididos em cinco séries com oito clubes cada e são agrupados consoante a localização
geográfica.
As equipas disputam dois jogos entre si, uma vez como visitante e outra vez como
visitado conforme o sorteio e sendo o resultado dos jogos traduzidos em classificação por
pontos.
No final da primeira fase, as equipas que terminam em primeiro lugar mais o
segundo melhor de todas as séries apuram-se para a segunda fase - apuramento de
campeã. Este critério será cumprido até no máximo três equipas B classificadas de todas
as series. Posteriormente procede-se aos critérios de desempate expressos no
regulamento.
Os restantes clubes (34) apuram-se para a segunda fase – Manutenção e Descida.
O formato da segunda fase é idêntico. Tanto no apuramento de campeão como a
manutenção e descida, os clubes jogam entre si duas vezes, como visitado e visitante
consoante o sorteio e com classificação por pontos. O apuramento de campeão conta com
apenas uma serie onde se juntam um representante da Região Autónoma da Madeira e
outro representante da Região Autónoma dos Açores e o primeiro classificado é
considerado campeão nacional da II Divisão Nacional de sub-15.
Já a fase de manutenção e descida, a distribuição por novas cinco series
encontrava-se previamente definido pelo seguinte esquema. Os segundos classificados
foram distribuídos consoante o critério da localização geográfica. Apenas se mantêm na 2ª
divisão nacional os primeiros classificados e o segundo melhor classificado de todas as
séries e os restantes descem aos campeonatos distritais.

15
Figura 1

Esquematização das séries de competição para a fase de manutenção

1.2.5 Análise Estratégica – Análise SWOT

A análise prévia ao cenário sobre o qual se pretende agir torna-se essencial. Assim
podem ser evitados alguns constrangimentos e saber melhor como aproveitar melhor as
oportunidades. A análise SWOT, neste caso, é direcionada para uma autorreflexão do
estágio curricular por parte do treinador estagiário identificando pontes fortes, pontos
fracos, oportunidades e ameaças para uma melhor clarividência nas suas ações no clube.

16
Tabela 1

Análise SWOT relativa ao contexto de estágio

Pontos fortes: Pontos fracos:

• Treinador principal com vasta • Pouca experiência anterior em


experiência de 1ª Divisão; futebol 11 como treinador

• Oportunidade de participar • Desconhecimento das


ativamente no treino dinâmicas internas do clube

• Abertura para partilha de opiniões • Contexto de part-time


e discussão saudável

• Modelo centrado no processo e


menos no resultado

Oportunidades: Ameaças:

• Aval do treinador para trazer • Errar pela falta de experiência


projetos inovadores
• Papel de liderança exercida
• Possibilidade de trabalhar com sobre o grupo de trabalho
em horas extras, fora do contexto
definido

• Possibilidade de presenciar um
treinador com know-how

1.3 Objetivos de Formação e Estratégias a implementar

1.3.1 Objetivos de formação

Os objetivos neste estágio curricular são o aprofundamento dos conhecimentos em


diversas áreas e ganhar experiências no terreno com situações imprevistas que surgem no
dia-a-dia do treino e competição.
Na vertente da análise de jogo, a observação do jogo gravado e realização da
análise para posteriormente mostrar aos jogadores serve para o seu propósito e permite-
me aprender mais sobre o jogo tendo de refletir e passar uma mensagem clara aos
jogadores. Em concordância com a equipa técnica, achamos mais importante a análise da

17
nossa própria equipa, melhorando o nosso jogar, fazendo perceber aos jogadores os erros
mais comuns e que mais prejudicam o seu desempenho. No escalão de sub-15 a
preocupação com a equipa adversária é mínima por vemos este escalão como uma etapa
de desenvolvimento do jogador, não dando primazia aos resultados embora tendo sempre
espírito competitivo e ganhador.
Na vertente da componente técnica, a participação, discussão e elaboração dos
planos de treino são funções exercidas antes e após os treinos. Durante o período de
treino, o treinador-estagiário tem liberdade para sugerir alterações aos exercícios e muitas
das vezes comanda uma secção do exercício. Tem ainda a função de realizar o
aquecimento que prepara os jogadores para a parte fundamental do treino e no seu final,
realizar o retorno à calma. A montagem dos exercícios também é algo pertencente às
funções do treinador estagiário.
A atualização de documentos de controlo de treino e jogo são outras das funções
do estagiário. Esta atualização é essencial para preparar os microciclos e ciclos
competitivos. O controlo de treino rege-se pelo controlo dos conteúdos abordados e os
seus tempos em cada sessão de treino originando gráficos para mais fácil interpretação.
Já o controlo de jogo passa pelo registo das posições ocupadas por cada jogador,
o seu tempo de jogo e algumas estatísticas macro no desempenho do jogo (golos e
assistências, titular, suplente utilizado, suplente não-utilizado, não convocado.). O registo
dos golos marcados e sofridos é ainda feita através de uma grelha Excel onde se classifica
as situações de golo (Ex: organização ofensiva,) para que também este gere um gráfico,
ficando com a panorâmica dos golos marcados e sofridos da equipa, ajudando a perceber
padrões e onde a equipa é mais forte ou tem mais debilidades.

1.3.2 Estratégias a implementar

O principal objetivo com este estágio curricular é aprofundar os conhecimentos nas


diversas áreas em que o aluno está envolvido. Para que a aprendizagem seja mais
produtiva para desenvolvimento pessoal e profissional, o aluno pretende:
• Questionar sempre que surjam dúvidas
• Questionar o porquê da realização de uma certa forma e nas suas possíveis
alternativas
• Dar o seu ponto de vista e opinião para ter aprovação ou contraste da maneira
de pensar

18
• Criação de sessões de vídeo-análise para complementar o que é aprendido no
campo
• Incluir exercícios de pliometria e coordenação no aquecimento ao invés de
apenas mobilização articular
• Pesquisar previamente ou posteriormente situações que possam suscitar
discórdia, recorrendo à literatura (ex: alongamentos pós treino)
• Propor trabalho de força com lugar no ginásio, por ser uma área de interessante
do aluno e que é essencial no escalão de sub-15.

19
CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA

20
2. Revisão da literatura

2.1 Introdução

Na formação de jovens atletas as relações envolvendo crescimento, maturação e


programas de identificação/seleção de jovens talentos são fundamentais.
A definição de talento não é algo fácil de explicar, mas talvez quando falamos de
talento falamos dos atletas com melhor desempenho, com melhor capacidade para
executar determinadas tarefas específicas, com certa predisposição genética e com um
rendimento elevado numa determinada modalidade desportiva.
Durante a infância e adolescência, no futebol as características individuais podem
ser potenciais fatores para a identificação, seleção e desenvolvimento de jovens atletas, e
por este motivo o fator maturação e os métodos para identificar os estágios de maturação
são aspetos determinantes neste processo.

2.2 Idade cronológica e biológica

A idade cronológica é diferente da idade biológica. A idade cronológica calcula-se


com a data de nascimento e a data da atualidade enquanto que para saber a idade
biológica são precisos métodos mais complexos (Lloyd et al., 2014). Isto significa que dois
indivíduos com idade cronológica de 12 anos e 1 mês podem ter idades biológicas
diferentes.
Malina Robert et al., (2004) classifica o fenómeno de maturação como o processo
de aquisição gradual do estado adulto ou maturidade. Ou seja, a maturação é atingida
quando o jovem adquire as funções completas de um adulto. Até chegar a essa fase, ao
cume da montanha, o mesmo autor classifica o desenvolvimento como o “processo,
intimamente relacionado com o crescimento e a maturação, mas integrado num contexto
biológico e comportamental definido, ou seja, um processo que decorre da interação de um
organismo, com a sua carga genética própria, e o envolvimento.”
Até que os jovens chegam ao fim do seu desenvolvimento, o timing e tempo de
cada indivíduo é variável e pode ainda ser definido em diferentes estágios (status) (Parr et
al., 2020).
O timing determina a idade ao que ocorre um evento específico da maturação como
por exemplo a menarca. Por sua vez, o tempo descreve a velocidade a que ocorre o
processo de desenvolvimento e crescimento.

21
Os status refere-se a etapas de maturação, onde o desenvolvimento corresponde
a um estágio. Exemplo disso são os estágios de Tunner para a avaliação da maturação
sexual.

2.3 Efeito da idade relativa

O efeito da idade relativa relaciona-se com o mês de nascimento do atleta dentro


de o ano civil. Utilizando o exemplo extremo, um praticante que nasce em janeiro terá mais
vantagem do que um praticante que nasce em dezembro. Traduz-se em praticamente um
ano de diferença em que idades mais novas podem não apresentar um readiness tão
desenvolvido.
Um estudo longitudinal realizado com a seleção belga com duas gerações retrata
o impacto do relative age effect na seleção de talento (F. Helsen et al., 2000). Na época
1998-1999 a categorização por idades passa a ser de acordo com o ano civil ao invés do
ano letivo. Os jogadores do mesmo ano civil passam a jogar no mesmo escalão em vez de
a separação ser feita tendo em conta a idade ao mês de agosto.

Figura 2

Representação dos atletas por mês de nascimento

22
Como representado na figura 2, a geração de 1996-1997 é representada numa
grande maioria por atletas nascidos nos últimos dois trimestres do ano. Quando a geração
de 1998-1999 é redigida pelo ano civil o cenário inverte. Os atletas com maior
representação passam a ser os nascidos no primeiro trimestre do ano.
Este fator revela-se crucial na seleção de talento e oportunidades dadas aos jovens
levando ao abandono desportivo os jovens não-selecionados que acabam por desistir mas
que futuramente podiam ter melhor performance do que os previamente selecionados. Este
fator é ainda mais alavancado pelo efeito halo.

2.4 Idade Relativa vs. Maturação

É importante frisar então que a idade relativa não está diretamente correlacionada
com a maturação (Towlson et al., 2021). Como apresentam os estudos de Parr et al., (2020)
e Johnson et al., (2017) os jogadores relativamente mais velhos não são sempre os
beneficiários de uma maturação mais avançada. Isto significa então que um jogador
nascido em dezembro pode estar maturacionalmente mais desenvolvido do que um
jogador nascido em janeiro. O mês de nascimento mais perto do ano de corte não significa
uma maturação mais precoce (Towlson et al., 2021).
Nos testes físicos realizados no estudo de Parre et. al., (2020) a idade relativa
demonstrou uma correlação fraca (R= 0,19 a 0,23) com os resultados do desempenho
físico. Por sua vez, a maturação biológica revelou uma correlação forte (R=0,71 a 0,75) e
significativos (p<0.01). Apenas o salto vertical máximo foi significativo para a idade relativa
(p<0.05 e R2 = 0.23).
Na literatura publicada por Johnson, et al., (2017) e Hill, et al., (2019) sugerem que
a maturação e o enviesamento da idade relativa existem mas operam independentemente
um do outro. Incutem que a idade relativa surja como melhor indicador em idades mais
jovens como a infância e a maturação biológica é um preditor mais forte no período da
adolescência.
Assim, a idade relativa, sendo mais facilmente avaliável, bastando perguntar a data
de nascimento não é suficientemente informativa e apenas dá um padrão. A avaliação
maturacional pelos métodos acima apresentados torna-se essencial para a tomada de
decisões dos treinadores, para minimizar as vantagens físicas fruto dos diferentes ritmos
de desenvolvimento e posteriormente para uma categorização justa e desafiadora,
especialmente no período da adolescência.

23
2.5 Efeito halo

O efeito halo caracteriza-se pelo julgamento das capacidades da pessoa avaliada


através da primeira impressão (Nisbett & Wilson, 1977).
Um atleta que apresenta resultados imediatos como melhor performance ou
desempenho numa tarefa especifica em comparação a outro jogador, o mesmo será visto
como mais competente pelo seu treinador. Quando este errar será mais facilmente
desculpado e serão atribuídas diversas razões possíveis à ação falhada como nervosismo,
tarefa realizada com sucesso no passado, entre outras. Este desculpabilizar alavanca mais
oportunidades de mostrar o seu valor. Ao atleta conotado com menor competência pelo
treinador serão atribuídas razões como simplesmente falta de competência ou
incapacidade de aprendizagem. Isto pode advir simplesmente num atrasado do readness
em relação à idade e prejudicar a avaliação do treinador nas capacidades do atleta no
longo prazo.
Por este motivo, o efeito halo é algo que os treinadores devem estar conscientes
para tomar decisões melhores e mais suportadas evitando contaminar o potencial de um
jogador por algo visto de forma momentânea ou de curto-prazo, ao qual o atleta ainda não
é capaz de responder devido ao seu atrasado no readness em relação aos colegas do
grupo onde se encontra inserido e que será ultrapassado no seu ritmo de desenvolvimento
e crescimento.

2.6 Métodos de avaliação do estado maturacional

Existem diversas formas de avaliar o estado de maturação dos jovens atletas. Os


métodos mais dispendiosos são os mais precisos e que requerem uma mão de obra mais
qualificada embora nenhuma destas predições possa ser feita sem um profissional
classificado para o efeito para que os dados sejam viáveis.
Os cinco métodos possíveis da predição são a utilização da idade gestacional, da
idade dentaria, da idade óssea, da idade sexual e da idade morfológica (somática) (Baxter-
Jones et al., 2005), sendo os três últimos mencionados os mais utilizados por serem os
mais precisos e utilizados para a predição do estado maturacional.

24
2.6.1 Idade óssea

Para este método é necessário recorrer à radiologia. O jovem faz um exame de


raio-x aos ossos do punho e mão esquerda. Os ossos da mão consideram-se
representativa do estado de desenvolvimento do esqueleto como um todo.
O processo é invariante para todos os indivíduos, do sexo masculino e feminino.
Isto traduz que nenhum indivíduo pode estar numa fase seguinte sem ter passado pela
anterior. O que é variante nos indivíduos é o timing da maturação na mesma escala de
tempo.
Na radiografia pode-se perceber o estado de desenvolvimento dos seus ossos onde
se vislumbra os centros de ossificação, a forma dos ossos ou o “capping”. Inicialmente
apresentam um modelo cartilagíneo onde claramente se vê um grande espaçamento entre
as cartilagens. No final da sua maturação não apresenta grande espaçamento entre os
ossos e tecido ósseo não-cartilagíneo.
Os jovens são classificados por estatuto maturacional como atrasado,
normomaturo, avançado ou maturo.
Este método é considerado o Gold standard para a determinação do da idade
biológica (Lloyd et al., 2014). Existem três protocolos para a sua determinação e todos os
métodos utilizam os ossos (ossos longos como o rádio ou ossos curtos como o trapézio)
para classificação do estado maturacional.

1. Método Greulich e Pyle (Atlas)


Este método utiliza um atlas da idade óssea padrão em que o avaliador pode fazer
a comparação e fazer uma estimativa da idade óssea dos 29 ossos. A comparação é feita
com a radiografia e o livro proposto por Pyle, Waterhouse e Greulich, procurando qual das
figuras mais se assemelha à radiografia. A categorização tem em considerarão a idade
cronológica e sexo do indivíduo (Pinto et al., 2017). A idade óssea irá corresponder a uma
média devido a forma como é realizado o método. Não é o procedimento mais científico e
preciso de realizar.

2. Método Tanner-Whitehouse
Este método apresenta três versões. É um método europeu que permite economia
de tempo no processo de determinação da idade biológica e é menos dispendioso.
A primeira (TW1) utiliza 20 ossos para a sua avaliação onde 13 ossos são longos
e 7 são ossos curtos. Cada osso é analisado ao pormenor e consoante o seu

25
desenvolvimento, recorrendo a uma tabela pré-estabelecida, é atribuído uma pontuação.
A idade cronológica é considerada para o processo porque a maturação do sexo feminino
e masculino é diferente, isto é, o grau esperado para o desenvolvimento de um osso é
diferente entre géneros. Por exemplo, o osso trapézio no critério “ossificação e forma do
trapézio” no sexo masculino acontece entre o 1º ano de vida e os 14 anos enquanto que
no sexo feminino acontece entre o 1º ano e meio de vida e os 11 anos. É realizada a soma
dos pontos dos ossos longos (máximo de 500 pontos) e ossos curtos (máximo de 500
pontos) e é atribuída uma classificação na escala de 0 (imaturo) aos 1000 (maturo).
Na segunda versão (TW2) muda a pontuação atribuída. Principalmente por este
método dividir a idade óssea dos ossos longos e curtos. São determinadas idades ósseas
para ossos carpais, rádio, ulna e ossos curtos em função do género
A terceira versão (TW3) é a mais utilizada apresentando maior confiabilidade dos
dados onde apresenta a idade óssea do rádio, ulna e ossos curtos por escala RUS (13
ossos) e a idade dos ossos do carpo (7 ossos). (Silva et al., 2010).

Figura 3

Representação das diferentes etapas de desenvolvimento do osso e suas estruturas

3. Método de Fels
É um método norte-americano que é mais dispendioso, mas mais informativo.
Utiliza os ossos do protocolo de TW (rádio, ulna, sete carpos, metacarpos e falanges do
primeiro, terceiro e quinto dedo) e acrescenta ainda o adutor sesamoide e o pisiforme

26
(Tanner et. al., 2001). Para além deste acréscimo, todos os ossos são avaliados consoante
os seus centros de ossificação, o seu formato e as medidas dos ossos longos. São ainda
considerados fatores como a idade cronológica e o género para classificação dos ossos. A
classificação será derivada dos dados introduzidos em softwares para o seu cálculo
(Martinho et al., 2021).
No estado da arte está determinado o espaço temporal em comparação com a
idade biológica determinando assim os estados de maturação.
Delayed – Idade óssea 1 ano mais nova que a idade cronológica
On time- Idade óssea corresponde à idade cronológica
Advanced - Idade óssea 1 ano mais velha que a idade cronológica
(Roche et al. 1988).
Mature – é classificado como maturado quando o jovem atinge o apogeu do seu
desenvolvimento, terminando assim a sua fase de crescimento. (Malina, 1988).

Existe consenso para que seja adotada a medida de 1 ano para a classificação
embora também se sugeriu 0,5 anos. A classificação ficou assim definida para ter o dobro
da magnitude do erro. O erro é associado à predição.
No estudo realizado por médicos do Real Madrid e especialistas (Malina et al.,
2010), onde se avaliou uma população onde não havia suspeita de falsificação do
passaporte, classificaram os atletas através da idade óssea. Os resultados apresentados
na tabela 2 evidencia as seguintes conclusões:

27
Tabela 2

Avaliação da idade óssea em comparativa com a idade cronológica

Nota. São considerados quatro estados de maturação nesta tabela. Late


corresponde a atraso, on time a normomaturo, early a precoce e mature ao total
desenvolvimento. São avaliadas as idades ósseas em anos (SA, y) para comparar com a
idade cronológica em anos (CA, y).

Aos 15 anos, 8% dos sujeitos avaliados (8 em cada 100), já atingiram o seu apogeu
ósseo, a maturidade. Aos 16 anos, 23% dos sujeitos avaliados (quase 1 em cada 4 atletas),
já completaram o seu desenvolvimento total ósseo e aos 17 anos, 39% dos sujeitos
avaliados (4 em cada 10 atletas), já atingiu o estado de maturidade
Estas observações sugerem então que um jogador de 15 anos que compete com
jogadores no seu escalão de 14-15 anos, possa ter uma diferenças de idade biológica de
largos anos. Em casos extremos, comparando dois jogadores de 15 anos em opostos de
desenvolvimento (atrasado e maturo) a diferença pode ser de uma idade biológica de 13
anos de um jogador atrasado maturacionalmente e um jogador com idade biológica de 18
anos quando ainda tem 15 anos de idade cronológica.
Este facto evidencia um gap, quase como se fosse um aproveitamento do sistema
de estruturação dos escalões aproveitado por clubes e treinadores de forma ter vantagem
para alcançar objetivos a curto prazo hipotecando muitas das vezes o futuro dos jovens
jogadores e dos próprios clubes.

28
2.6.2 Idade sexual

Ao contrário do que acontece pelo método da idade óssea, onde os exames são
indicativos do estado maturacional dos 0-20/22 anos feminino e masculino no método de
Fels, no caso da predição da idade biológica pelo método de Tunner, apenas é aplicado
no início da segunda década de vida dos jovens.
Reynolds and Wines (1948, 1951) criaram critérios para a caracterização dos
estágios de desenvolvimento. Mais tarde em 1962 sintetizou-os e popularizou-os de tal
forma que são designados os estágios de Tunner.

• Avaliação da pilosidade (tanto para sexo masculino como feminino)


➢ 1º estágio (pré-pubertária): Ausência de pelo púbico
➢ 2º estágio (puberdade inicial): Aparecimento dos primeiros pelos púbicos
➢ 3º estágio (meio da puberdade): Maior densidade dos pelos púbicos
➢ 4º estágio – Triangularização dos pelos púbicos
➢ 5º estágio – Expansão dos pelos púbicos para o sulco inguinal

• Desenvolvimento das gónadas (sexo masculino)


➢ 1º estágio (Pré-pubertária) - Volume testicular inferior a 1,5 ml; pênis de 3 cm
ou menos
➢ 2º estágio (Puberdade inicial) - Volume testicular entre 1,6 e 6 ml; mudanças na
pele do escroto, avermelha e aumenta; comprimento do pênis inalterado
➢ 3º estágio (meio da puberdade) - Volume testicular entre 6 e 12 ml; escroto
aumenta ainda mais; pénis começa a alongar-se cerca de 6 cm
➢ 4º estágio (Puberdade tardia) - Volume testicular entre 12 e 20 ml; escroto
aumenta ainda mais e escurece; pênis aumenta em comprimento até 10 cm
➢ 5º estágio (pós-púbere) - Volume testicular maior que 20 ml; escroto adulto e
pênis de 15 cm de comprimento

29
• Desenvolvimento das glândulas mamárias (sexo feminino)
➢ 1º estágio (pré-púbere): sem tecido glandular: aréola segue os contornos da
pele do tórax
➢ 2º estágio (início da puberdade): forma-se broto mamário, com pequena área
do tecido glandular circundante; aréola começa a alargar
➢ 3º estágio (meio da puberdade): a mama começa a ficar mais elevada e se
estende além das bordas da aréola, que continua a se alargar mas ainda sem
separação dos contornos
➢ 4º estágio (puberdade tardia): aumento e elevação da mama; aréola e papila
formam um monte secundário que se projeta do contorno da mama circundante
➢ 5º estágio (pós-púbere): a mama atinge o tamanho adulto final; aréola retorna
ao contorno da mama circundante, com uma papila central saliente

Este tipo de avaliações é muito, e cada vez mais, suscetível a problemas devido à
invasão de privacidade dos jovens. Embora não seja um método não invasivo por exemplo
ao nível da exposição à radiação (raio-x) é invasivo do ponto de vista pessoal. O estudo de
Martin et al., (2001), comprovou-o, a par de muitos outros estudos, que a autoavaliação
parece ser uma forma com resultados satisfatórios para a avaliação do desenvolvimento
sexual sem que seja invadida a privacidade dos jovens.

2.6.3 Idade morfológica (somática)

Existem, no estado da arte diferente fórmulas comprovadas por autores para


predizer a estatura do indivíduo através do método Khamis-Roche (Khamis e Roche, 1994)
e método Beunen-Malina (Beunen et al., 1997) e que fase se encontra do seu crescimento
previsto (maturity offset) (Sherar et al., 2005).

Método Khamis-Roche
Este método advém de um estudo longitudinal em americanos brancos dos 2 aos
20 anos (Khamis e Roche, 1994). O objetivo é a predição da estatura adulta sem recorrer
aos métodos invasivos.
Por este estudo ter sido realizado por norte-americanos o sistema de unidades
utilizado foi os inches e lb. Para cada género foram construídas diferentes tabelas com os
respetivos coeficientes para multiplicar pelos dados recolhidos. A estatura, o peso e a
media da estatura dos pais são utilizadas nesta equação agregando uma constante (b0).

30
Como demonstra a tabela (para o sexo masculino), a idade cronológica deve ser
selecionada para escolher e compor a equação. A conversão dos inches para cm da
estatura (b1) e estatura média dos pais (b3) e lb para kg da massa corporal (b2) deve ser
realizada e quanto maior o número de casas decimais utilizadas menor será o erro.

Tabela 3

Coeficientes para a obtenção da estatura adulta predita no método Método Khamis-Roche

Fórmula:
= b0 + b1 estatura + b2 peso + b3 estatura média pais

Após realizado este cálculo, onde se obtém a estatura adulta predita, é possível
verificar em que fase do caminho (dado em percentagem) o jovem se encontra do seu
crescimento. Para a obtenção desse resultado, basta dividir a estatura atual pela estatura
predita e posteriormente multiplicar por 100.

Fórmula:
% da estatura adulta predita= (estatura / estatura adulta predita) * 100=

31
Método Beunen-Malina
Surgiu de um estudo longitudinal (Beunen et al., 1997) e pretende predizer a
estatura matura predita. Funciona em crianças entre os 13-16 anos sem problemas de
crescimento somático. Este método necessita da avaliação de medidas como a estatura (
β 1 ) e a altura sentado ( β 2 ) em cm, as pregas subescapular ( β 3 ) e tricipital ( β 4 )
em mm e idade cronológica ( β 5 ) em anos. Após serem recolhidas estas medidas, verifica-
se a idade cronológica para selecionar a linha dos coeficientes da tabela, utilizando-os e
multiplicando pelos dados recolhidos do atleta numa fórmula.

Fórmula:
β0 + β1 Estatura + β2 Altura sentado + β3 prega subs + β4 prega tric + β5 Idade

Tabela 4

Coeficientes de regressão para predição da estatura adulta associados a grupos de idade


e variáveis para o método de Beunen-Malina

A tabela apresenta ainda um erro padrão de estimativa. Isto traduz o intervalo de


diferença da estatura matura do sujeito no futuro respetivamente ao resultado obtido. Um
sujeito que obtenha um resultado de 170.1 cm de estatura matura, associado a um erro
padrão de estimativa de 3.0 tem um intervalo de 167.1 cm a 173.1 cm.
Anos mais tarde, em 2009 foi realizado um ajuste ao método com recategorizarão
das idades cronológicas como demonstra a tabela (Beunen et al., 2009).

32
Tabela 5

Coeficientes de regressão para predição da estatura adulta associados a idades e variáveis


para o método ajustado de Beunen-Malina

Em 2011, o autor Duarte L. Freitas em conjunto com outros autores desenvolveu


mais um sistema de equações ao que ficou designado como o método de Beunen-Malina-
Freitas 1 e Beunen-Malina-Freitas 2, no caso deste estudo, apenas aplicado ao género
feminino. Tanto pelo método Beunen-Malina-Freitas 1 e Beunen-Malina-Freitas 2 os
resultados obtidos foram iguais, retirando o erro padrão (Beunen, et al., 2011).

Tabela 6

Coeficientes de regressão para a predição da estatura adulta para o método de Beunen-


Malina-Freitas 1 e 2 com aplicação apenas no sexo feminino

33
Tabela 7

Médias (e desvio padrão) para comparação dos resultados obtidos pelos diferentes
métodos de predição da estatura adulta para o sexo feminino

2.7 Pico de velocidade em crescimento

O estudo de Sherar et al., (2005) e colaboradores sugere uma metodologia para se


estimar o maturity offset. Este indicador representa o número de anos que o atleta se
encontra do pico de velocidade de crescimento (PVC). São recolhidos dados como a idade
cronológica, estatura, peso, comprimento dos membros e altura sentado que são inseridos
na fórmula proposta na figura. Os dados provenientes da avaliação são multiplicados pelos
seus coeficientes. O comprimento dos membros inferiores obtém-se através da subtração
da altura sentado à estatura. Existem tabelas para o género masculino e feminino que
devem ser selecionadas consoante o caso.

34
Figura 4

Exemplo de como calcular a predição do pico de velocidade em crescimento para o sexo


masculino

Nota. PHV = pico de velocidade em altura. Maturity offset = onde se situa o indivíduo
em relação à sua curva de PHV.

Após realizados os cálculos, o resultado traduz a distância que encontra do PVC,


seja ela positiva ou negativa.
O resultado for positivo significa que o jovem situa-se à direita da curva do “u”
invertido, tendo passado já o PVC. Um resultado negativo indica que o jovem ainda não
atingiu o PVC e estima quanto tempo ainda falta para o atingir.
Este método permite também obter a predição da estatura adulta. Recorrendo à
base de dados de três estudos longitudinais como: the Saskatchewan Growth and
Development Study (SGDS) (1964 to 1973; 1998 and 1999),19 the Saskatchewan Pediatric
Bone Mineral Accrual Study (PBMAS) (1991 to 1998; 2002 to 2004), 20 and the Leuven
Longitudinal Twin Study (LLTS) (1985 to 1999), a autora construiu um modelo para predizer
a estatura adulta.
A tabela que se segue mostra os coeficientes, que diferem do género feminino para
o género masculino, que devem ser selecionados consoante a classificação dada pela
fórmula anterior. Selecionado o coeficiente, este soma à estatura atual obtendo assim a
estatura adulta predita.

35
Tabela 8

Coeficientes de regressão para a predição da estatura adulta através do PVC

2.8 Bio-Banding do conceito à prática

O bio-banding caracteriza-se por ignorar a idade cronológica e considerar a idade


maturacional. A avaliação da idade maturacional pode ser feita por diversas formas, já
descritas neste documento, e serve para posteriormente classificar e dividir os jovens em

36
grupos mais equitativos, sejam estes de treino ou competição. Esta classificação engloba
jovens dos 11 aos 15 anos de idade cronológica, pois é na faixa etária onde existem
maiores discrepância no seu crescimento e desenvolvimento (Malina et al., 2019).
O estudo levado por Cumming et al., (2017) propôs perceber as opiniões dos
próprios participantes, pela experiência empírica, para além do que está comprovado na
literatura. Participaram 66 jogadores de futebol de 4 clubes de futebol profissional da
Primier League com idades compreendidas entre os 11 e os 14 anos de idade cronológica.
A avaliação biológica foi executada sobre os pilares do método de Khamis-Roche
(Khamis & Roche, 1994) e foram divididos em escalões consoante o seu crescimento
biológico.
Organizaram-se três jogos para as quatro equipas disputadas em conformidade
com os procedimentos padrão de arbitragem e regras e regulamentos. A única alteração
deveu-se ao tempo de jogo que foi cronometrado para 25 minutos para cada parte.
Entre o segundo e terceiro jogo, foi instruído aos jogadores para relatarem a sua
experiência nos jogos realizados de forma verbal e escrita tendo como comparação
experiências em jogos cuja seleção de jogadores se baseia na idade cronológica.
As recolhas das informações foram classificadas em 4 categorias: desenvolvimento
físico, desenvolvimento técnico e tático, desenvolvimento psicossocial e experiência no
geral.
Em relação à primeira dimensão (desenvolvimento físico), os jogadores de
maturação tardia e precoce experienciaram um jogo mais equitativo. Relataram também
que essa equidade os levou a adotar outro tipo de jogo mais orientado para a técnica e
tática. Os jogadores de maturação precoce acharam o jogo na sua vertente física mais
desafiadora e que teriam de recorrer a outros recursos para ganhar vantagem, preparando-
os melhor para o futuro quando todos se encontrarem no mesmo pé de igualdade.
Na vertente técnico-tática, relacionado com a dimensão anterior, o jogo onde a
vantagem física é minimizada, os jogadores utilizam mais os recursos técnico-táticos para
a resolução dos constrangimentos do jogo. Os maturacionalmente precoces retrataram que
seria um melhor contexto para puder evoluir e os seus treinadores direcionarem o seu foco
para a evolução técnico-táticas ao invés do aproveitamento da vantagem física para ganhar
a curto-prazo. Por outro lado, os jogadores de desenvolvimento tardio, descreveram que
adaptaram o seu jogo e que jogar contra os jogadores mais precoces no seu
desenvolvimento é um desafio maior e melhor para com as suas habilidades motoras e
cognitivas.

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Na componente psicossocial, os mais atrasados maturacionalmente descreveram
que sentiam mais confiança, autoeficácia e assumindo papeis de liderança na dinâmica de
grupo. Por sua vez os jogadores mais maturados narram o orgulho e ganho de mais
experiência por jogarem com jogadores que acompanham os seus índices físicos e
técnicos.
Quando pedido para avaliar a experiência no seu todo, todos os grupos de
participantes no estudo relataram como sendo uma perspetiva positiva, mostrando vontade
de continuidade do bio-banding e que seria uma medida bem-vinda a implementar.
Esta experiência, prova, para além do conhecimento científico teórico mostrar as
grandes diferenças de maturação intra-individual, o mesmo se verifica no terreno. Os
próprios jogadores, que são os principais agentes do jogo, percecionam as diferenças de
um jogo dividido por idade cronológica ou por bio-banding. Frases como “You learn a lot
more playing like this than you would normally playing with your age group.” representam
a sua perceção dos diferentes tipos de categorização com preferência para o bio-banding.
Apesar de todas as vantagens do bio-banding, existem questões que contrapõem
a adoção deste método. Em primeiro lugar o custo financeiro que isso acarreta para os
clubes ou associações, impõe desde logo um grande entrave à sua disseminação. Este
método deve ser realizado várias vezes no ano e por pessoas classificadas para o efeito o
que dificulta ainda mais o processo e o torna mais dispendioso.
No estudo realizado por Reeves et al., (2018), com a duração de sete semanas,
investigou-se a compreensão e perceções de jogadores, pais e staff dos clubes ao bio-
banding. Após a análise das entrevistas realizadas, relata-se algumas desvantagens
percecionadas com a utilização do bio-banding embora tenham diminuído com o decorrer
do estudo.
A primeira notada, e por falta de compreensão total do conceito de bio-banding,
são as expectativas. Pela permanência num escalão em que não seria suposto permanecer
ou até mesmo descer o escalão é algo que afeta psicologicamente e emocionalmente tanto
jogadores como pais. Apesar de retratarem estas experiências, os mesmos dizem acreditar
que se o staff adotou esta medida é porque é certamente o melhor para os jogadores.
A parte social dos jogadores foi também afetada por potenciais isolamentos dos
seus grupos sociais habituais. O afastamento do seu grupo de amigos foi apontado como
um fator negativo e está bem estabelecido que a participação no desporto em escalões
mais baixos tem uma grande componente social.
Outra questão surge com o nível de intensidade e dificuldade do treino
anteriormente. Os jogadores mais fracos fisicamente já não sentiam a necessidade de

38
aumentar a sua intensidade para tentar igualar e competir contra os mais fortes, resultando
em um menor estímulo. Principalmente os pais mencionaram que “…the boys who have
moved down have developed certain aspects of their game and have been allowed to play
the game at a speed that is comfortable to them as opposed to playing at 100mph constantly
to keep up with the big boys,”. Os técnicos (staff) nas suas entrevistas também
corroboraram este facto embora continuassem a ver o bio-banding como mais benéfico.
Com todos os pontos a favor e contra explanados, a decisão mais consensual no
estado da arte vai de encontro com uma solução híbrida para que se possa ter as
vantagens dos dois sistemas de competição.

39
CAPÍTULO 3

ÁREA 1

40
3. Área 1 - Organização e Gestão Do Processo de Treino

3.1 Enquadramento teórico

3.1.1 Modelo de jogo

O modelo de jogo são os pilares fundamentais para o nosso jogar. Existem


clubes, que pela sua organização e dimensão utilizam um padrão comum de modelo de
jogo, com algumas variantes, desde os escalões mais jovens aos escalões mais
avançados. No caso da ADO, não existe esse modelo transversal aos diversos
escalões, algo que a equipa técnica entende como positivo. Deste modo, a equipa
técnica tem liberdade total para escolher a sua forma de jogar definindo os princípios
por quais se rege.
Para a construção do modelo de jogo, as experiências prévias estão intimamente
presentes, mas é necessário ajustar ao contexto presente. Assim, o modelo de jogo não
teve só em consideração os ideais de um modelo de jogo no seu abstrato, mas contou
com a avaliação e perceção das capacidades dos jogadores à disposição naquele
determinado contexto. A conjunção desses dois fatores levou à construção da nossa
ideia de jogo pra este desafio.

3.1.2 Sistema tático

Segundo Quina (2001), a definição de sistema táticos converge com a colocação


dos jogadores no terreno de jogo. O conceito ainda mais aprofundado por Teodorescu
(1984) afirma que são o ponto de partida para os seus deslocamentos e coordenação
de ações individuais e coletivas.
O sistema tático mais utilizado e assumido como principal é o GRx3x4x3 embora
tenham sido adotados diferentes sistemas táticos consoante o contexto do jogo e as
características dos jogadores. A utilização do GRx4x3x3 visou a criação de mais
oportunidades pela necessidade de vitórias nas últimas jornadas da 1ª fase do
campeonato nacional. Em unanimidade de opinião de equipa técnica, o GRx3x4x3 pode
criar mais dificuldades ao adversário, mas para isso são precisas dinâmicas específicas
das quais as caraterísticas dos jogadores do plantel disponíveis não aportavam ao
modelo de jogo. Dando como exemplo, os alas não ganhavam profundidade nos
corredores laterais fazendo com que muitas vezes em organização ofensiva apenas
participavam os dois médios e os três jogadores da frente (extremos e ponta de lança).

41
Forçados por esse mesmo problema, na 2ª fase do campeonato nacional a
opção do sistema alternativo passou pelo 4x2x2. As características dos nossos
avançados proporcionavam um ataque ao espaço das equipas com blocos muito altos
e por outro lado, aproveitando as características defensivas dos laterais.

3.1.3 Princípios táticos

Os princípios táticos têm um grau de generalização das movimentações e


sinergias nas relações dos elementos em campo, com os mecanismos motores, com a
consciência e o conhecimento tático (Castelo, 1994).
De uma escala macro para uma escala micro pode-se elencar os princípios
gerais, seguidos dos princípios operacionais e fundamentais respetivamente.
Os princípios gerais designam-se por ”gerais” por serem comuns às diferentes
fases de jogo e aos outros princípios (operacionais e fundamentais). Assim, a equipa
deve: i) Não permitir a inferioridade numérica; ii) Evitar a igualdade numérica e iii).
Procurar a superioridade numérica (Queiroz, 1983; Castelo 1994).
Segundo Bayer (1994), os princípios operacionais dividem-se para situações
defensivas e ofensivas. Na defesa: i) anular as situações de finalização; ii) recuperar a
bola; iii) impedir a progressão do adversário; iv) proteger a baliza e v) reduzir o espaço
de jogo adversário. No ataque: i) conservar a bola; ii) construir ações ofensivas; iii)
progredir pelo campo de jogo adversário; iv) criar situações de finalização e v) finalizar
à baliza adversária.
Por fim, e no nível mais micro, os princípios específicos de jogo visam um
conjunto de ações dos jogadores realizados individualmente ou coletivamente com o
objetivo de organizar a própria equipa ou criar desequilíbrios na organização do
adversário.
Na defesa os princípios específicos de jogo são: i) contenção; ii) cobertura
defensiva; iii) equilíbrio e iv) concentração. No ataque os princípios específicos de jogo
são: i) penetração; ii) mobilidade; iii) cobertura ofensiva e iv) espaço (Costa et al., 2009).

3.2 O “nosso” modelo de jogo

3.2.1 Organização ofensiva

A fase de ataque caracteriza-se pela propriedade da posse de bola. Essa opção


permite que se possam criar situações de finalização e chegar ao objetivo do jogo, o
golo (Garganta, et al., 2013).

42
Princípios gerais
Como princípios gerais para o modelo de jogo, o mesmo assenta nos seguintes
pilares:
• Controlar o jogo – Quando a nossa equipa tem a bola a chance de o
adversário fazer golo é nula. Apesar disso, uma posse de bola
inconsequente, não criando perigo ao adversário não serve ao objetivo do
jogo de futebol, fazer golo;
• Tendência e tempos – Existência de padrões de comportamentos nas
dinâmicas da equipa para maior harmonia no coletivo sabendo que estão
condicionados ao que o jogo proporciona. Devem percecionar e executar no
timing certo;
• Jogar predominantemente no meio campo ofensivo – Quanto mais próximo
estivermos da baliza, mais perto estaremos do objetivo do jogo;
• Criar oportunidades de golo de formas variadas – Utilização de várias formas
para chegar à finalização de modo a aumentar a imprevisibilidade para o
adversário;
• Rigor total defensivo – Mesmo em organização ofensiva, os jogadores
devem perceber como equilibrar a equipa para quando se perde a bola,
estarem perto e bem colocados para voltar a recuperar novamente;
• Jogar sempre que possível no chão – Bola a saltar é um indicador de
pressão para muitas equipas pela demora e dificuldade que causa ao
jogador em dominar a bola. Por esse motivo é preferível, mas não obrigatório
ou nem sempre a melhor opção.

Princípio principal
O princípio com mais primazia no nosso modelo de jogo é a posse e circulação
de bola (o objetivo não é a circulação em si, mas sim uma forma de desgastar \
desorganizar a equipa adversária, para se criarem situações de golo e ao mesmo tempo
ter o controlo do jogo.

Subprincípios
• Largura da equipa- “Campo Grande”. Se a largura é dada apenas por um
jogador, essa opção é feita pelo lateral (3-4-3);
• Constantes alterações de posicionamento apoio\rutura;
• Escolha da execução dos comportamentos consoante o ambiente;
• A bola deve passar pelo triangulo do meio-campo, em movimentos frente-
trás;

43
• A grande preocupação de um jogador em posse de bola deve ser, procurar
o melhor espaço (livre) para receber a bola sem pressão, e daí ter de estar
constantemente a ler o jogo (entrelinhas, largura ou profundidade);
• Caso receba a bola de costas para a baliza adversária, está pressionado ou
não sabe o que se passa nas suas costas, deve jogar no apoio frontal
(coberturas ofensivas) livre mais próximo (exceção quando fez a leitura do
jogo, e está só, aí deve rodar (Trabalhar rotação constante do pescoço, para
se ler o jogo);
• Reação sempre imediata na colocação dos apoios para o jogo, e na leitura
do jogo para posicionamento correto. Ex: lateral do lado contrário à bola,
quando a bola começa a “rodar” para a sua zona;
• Passa e desmarca. Jogadores devem mostrar-se constantemente, dupla
desmarcação é essencial em zonas de finalização.

Cruzamentos

• Não interessa ir à linha e cruzar se já estão 4 ou 5 adversários dentro da


grande área à espera do que sabem que vai acontecer;
• Os cruzamentos devem ser preferencialmente rasteiros, tensos e ao 1º
poste. Da linha de fundo devem procurar sempre jogadores de 2ª linha
ofensiva;
• Cruzamentos na entrada da pequena área (1º poste) deve ser feito para a
entrada da área (atrasado) ou picado no segundo poste.

3.2.2 Organização defensiva

Ao contrário da organização ofensiva, a fase de defesa distingue-se pela posse


de bola por parte da equipa adversária. O objetivo desta fase é recuperar a bola
mantendo o equilíbrio coletivo de forma a evitar que o adversário crie situações de
finalização (Garganta, et al., 2013).

Organização Defensiva (Blocos \ zona de pressão)


Grandes Princípios
• Defesa à zona pressionante. Definir zona central e proximidade da nossa
baliza como zonas mais importantes;
• Atenção sempre ao controlo da profundidade e colocação dos apoios;

44
• Fechar espaços como equipa de forma a condicionar a equipa adversária o
mais próximo possível da sua baliza, e levá-la a jogar para trás ou para o
lado;
• O nosso bloco será tão alto quanto a nossa capacidade e incapacidade do
adversário;
• Campo curto e estreito, com basculações em função da posição da bola
(bloco dinâmico);
• O espaço é a nossa referência de marcação.

Subprincípios
• Atitude agressiva sobre o portador da bola (lucidez e inteligência na forma
como se é agressivo);
• Eliminar espaço entre e inter linhas;
• Constantes relações de cobertura entre os jogadores;
• Existência de 2 coberturas ao jogador que faz pressão sobre o portador da
bola no corredor central;
• Existência de 1 cobertura interior ao jogador que faz pressão sobre o
portador da bola nos corredores laterais;
• Condicionar a equipa adversária a jogar para um dos corredores laterais e
depois pressionar com 3 jogadores (triângulo defensivo).

Indicadores de aumento de pressão


• Jogador que recebe a bola de costas para a nossa baliza;
• Jogador que se vira de costas para a nossa baliza;
• Jogador que recebe um passe pelo ar (curto ou longo);
• Jogador que faz uma má receção (coloca o olhar sobre a bola; bola a
saltitar);
• Sempre que a bola entra num dos corredores laterais.

Indicadores de subida do bloco


A equipa sobe no caso de: O adversário joga para trás, o adversário joga para o
lado, um jogador da equipa adversária recebe de costas. Este comportamento fica
condicionado pela avaliação dos jogadores perante a existência de bola coberta ou
descoberta. Se existe bola descoberta a equipa (linha defensiva) prepara os apoios para
retirar profundidade.

45
3.2.3 Transição ofensiva

O momento da transição ofensiva, ou seja, defesa-ataque prossupõe que a


equipa estaria em organização defensiva, recupera a bola e prepara-se para atacar.
Mais especificamente, são os comportamentos que os jogadores e a equipa devem
assumir nos instantes imediatos à recuperação da posse de bola. (Garganta, et al.,
2013).

Grandes princípios
Os princípios de quando a equipa recupera a posse de bola são:
• Não perder novamente e rapidamente a posse de bola;
• Equipa deve perceber de forma clara quando a bola é realmente
conquistada. “Bola no ar não é de ninguém!”;
• Fazer o campo tão grande quanto possível (amplitude e profundidade), esta
transição deve ser feita orientada para o jogo, nunca virando as costas ao
jogo.

Subprincípios
Duas opções:
1ª opção – Jogar em profundidade para contra-ataque ou ataque rápido (não é
necessariamente um passe longo ou pelo ar) e deve ser sempre em segurança.
2ª opção – Tirar a bola da zona de pressão (preferencialmente jogando para o
lado e para a frente) e entramos em organização ofensiva.

3.2.4 Transição defensiva

A transição defensiva é o antagonismo da transição ofensiva. Assim a mesma é


caracterizada pelo momento de transição ataque-defesa, originando um conjunto de
comportamentos individuais e coletivos a adotar nos instantes após a perda da posse
de bola (Garganta, et al., 2013).

Grande Princípio
Temos como grande princípio a redução do tempo e do espaço de execução ao
portador da bola e espaço circundante.
Os três subprincípios são:
A 1ª preocupação. Pressão imediata sobre o portador da bola pelo jogador mais
próximo (com ajuda) criando uma micro zona de pressão em comunhão com

46
agressividade (positiva) máxima neste princípio, de forma a impedirmos contra-ataques
da equipa adversária. “Pressionar até 3 passes do adversário!”;
• Reduzir o espaço de jogo à equipa adversária (fazer “campo pequeno”;
encurtar o espaço subindo, ou seja, estarmos organizados defensivamente,
relativamente ao posicionamento da bola).

Bola no corredor central


• Levar o adversário a jogar para uma das alas, ou a errar (preocupação deve
ser condicionar o adversário e não lhe roubar a bola).

Bola no corredor lateral


• Intensificar a pressão e procurar conquistar a bola, cortando as linhas de
passe da frente, lado e atrás através da pressão dos 3 jogadores mais
próximos (triângulo defensivo).

3.2.5 Esquemas táticos

Grandes Princípios
• Zona (pontual e estrategicamente Mista \ Bloqueios);
• Sempre ativos - preparados para saltar;
• Importante GR definir como se sente melhor (englobá-lo na estratégia
responsabiliza-o, por ex. se quer jogador no 2º poste nos cantos;
• Defender preferencialmente com zona subida (ex. livres laterais);
• Posicionamento dos jogadores e dos apoios nos cantos/livres abertos ou
fechados.

47
Esquemas táticos: Cantos ofensivos

Figura 5

Esquemas táticos: Modelo de jogo ADO

Nota. Cantos ofensivos

Procuramos atacar os espaços entre os defesas na linha da pequena área


partindo todos perto da linha da grande área. Esse posicionamento pode ser ajustado
consoante o canto seja aberto (mais perto da linha da grande área) ou fechado (mais
perto do círculo de grande penalidade). Quatro jogadores entram nos espaços e um
quinto jogador contraria esses movimentos entrando nas costas aparecendo ao
segundo poste. Temos um jogador à entrada da área para segundas bolas e um
segundo jogador que dá a opção de jogar curto. Os laterais ficam perto do meio-campo
para equilíbrio.

48
Esquemas táticos: Livres laterais ofensivos

Figura 6

Esquemas táticos: Modelo de jogo ADO

Nota. Livres laterais ofensivos

Nos livres laterais ofensivos, atacamos o espaço entre o guarda-redes e a linha


defensiva partindo de trás e não em cima da linha defensiva, para assim aproveitar a
cinética e indefinição da linha defensiva em marcar homem a homem ou zona (espaço
entre defesas). Iludidos pelos movimentos de rutura, colocamos um jogador junto da
linha defensiva e assim que a bola parte, este recua, podendo receber a bola, arrastar
o adversário ou criar duvida na marcação individual ou retirar profundidade. Junto da
bola colocamos dois jogadores para ter opção de jogar curto, para reação à perda de
bola e para indefinição para o adversário se o livre será aberto ou fechado. Dois
jogadores, por norma os laterais asseguram o equilíbrio.

49
Esquemas táticos: Cantos defensivos

Figura 7

Esquemas táticos: Modelo de jogo ADO

Nota. Cantos defensivos

Os posicionamentos, como se pode observar na figura 7, consiste na formação


de uma linha com quatro jogadores em cima da linha da pequena área. Esse
posicionamento pode variar (mais fora ou mais dentro) consoante o marcador do canto
(canto aberto ou fechado). Dois jogadores ficam na proteção ao 1º poste, sendo que um
sai se houver canto curto. Três jogadores posicionam-se mais fora da linha de quatro
homens para realizar bloqueios a quem tentar atacar os espaços entre defesas. Por fim,
um jogador é colocado na entrada da área para a segunda bola ou para bloquear o
segundo elemento do canto curto.

50
Esquemas táticos: Livres laterais defensivos

Figura 8

Esquemas táticos: Modelo de jogo ADO

Nota. Livres laterais defensivos

Os livres laterais defensivos ao longo da época foram sendo ajustados


consoantes as nossas debilidades. Inicialmente o ajuste da linha era realizada pela
barreira de jogadores mas posteriormente utilizámos uma linha defensiva mais baixo
pelas características do guarda-redes. Achamos importante ter um GR que saía com
segurança para agarrar ou socar a bola no espaço livre entre o GR e a linha defensiva
e é algo que identificamos como grande problema nos dois guarda-redes do plantel. A
retirada da profundidade não é realizada quando o adversário dá o primeiro toque na
bola (armadilha de fora-de-jogo) mas de forma previa. Isto permite quebrar a inercia e
já estar em movimento para reação à bola. A linha é retirada na diagonal pela quantidade
de vezes que a bola em libres laterais é batida ao segundo poste e pelas características
do arco descrito pela bola. Um jogador fica na entrada da área para bolas que sobrem
e um jogador da barreira sempre pronto para livre curto ou eventuais segundas bolas.

51
3.3 Organização e Planeamento do Processo de Treino

Para uma otimização de resultados quantitativos como qualitativos é necessário


um planeamento que periodize e monitorize as cargas e conteúdos de treino.
Beyer (1987) afirma que o planeamento deve ter em conta a estruturação,
execução, controlo e avaliação do treino. O planeamento visa o objetivo para atingir os
melhores resultados possíveis (Matveyev (1977).
Bompa (2002) sugere que a melhor maneira de conseguir uma boa periodização
é fragmentar a preparação ao longo da época desportiva acoplados os objetivos aos
períodos de tempo definidos.
A organização e planeamento da época desportiva passa por vários níveis de
estratificação. Vai da forma mais global como o macrociclo, onde as questões são vista
de forma mais geral passando para mesociclos, microciclos e unidades de treino, a vista
mais especifica e meticulosa do processo de treino.
Navarro (1996), defende uma hierarquia onde a perspetiva mais macro é a
preparação plurianual passando por preparação anual (época desportiva), macrociclo,
mesociclo, microciclo e a unidade mais simples do treino, a unidade de treino.
No caso da ADO, o macrociclo corresponde ao planeamento de uma época
desportiva. Nele está compreendido as datas de competição, dias de treino, pausas,
ferias ou folgas e deslocações. Incluem-se nele plano os períodos preparatórios,
períodos de competição e períodos de transição.
O mesociclo visa o foco, de um período compreendido de 4 a 6 semanas. Os
objetivos e metas a alcançar são alocados a esse mesociclo para que haja uma
progressão da equipa seja a níveis, técnicos, táticos e/ou físicos comparativamente ao
mesociclo passado. A duração do mesociclo pode variar consoante o calendário
competitivo.
O microciclo corresponde ao planeamento semanal culminando no jogo
desportivo coletivo formal. Este insere-se dentro dos mesociclos, ou seja, em um
mesociclo de 4 semanas, haverá 4 microciclos.
As unidades de treino são o planeamento diário do trabalho que se pretende
realizar em um dia específico. O número de treinos dados ao longo de uma época, ao
longo de um mesociclo e ao longo de um microciclo corresponde a um número de
unidade de treino.

52
3.3.1 Macrociclo

No caso da ADO, no escalão de Iniciados A, este contempla um macrociclo que


divide as fases da época. No mesmo constam os conteúdos que serão abordados ao
longo da época desportiva, bem como a sua periodização. O macrociclo é o
planeamento mais volátil pois a previsão a longo prazo é maior e por esse motivo as
alterações aos planos traçados inicialmente também são mais frequentes.
O período preparatório, enquadram-se de 16 de agosto de 2022 até à primeira
jornada do Campeonato Nacional 2ª Divisão – 1 ª fase,
O período competitivo visa o período compreendido de 18 de setembro até 4 de
junho e o período transitório visa a preparação da próxima época desportiva e a data é
ajustada consoante o desenvolvimento e prestações da equipa no Campeonato.

53
Figura 9

Macrociclo da equipa sub-15 ADO – Ações técncico-táticas ofensivas

54
Figura 10

Macrociclo da equipa sub-15 ADO - Ações técncico-táticas ofensivas e modelo de jogo

55
Tabela 9

Cores associadas aos tipos de microciclos inseridos no planeamento anual

Legenda
Introdução
Desenvolvimento
Consolidação
Aperfeiçoamento

3.3.2 Microciclo

O microciclo da ADO caracteriza-se por unidades de treino na 2ª feira,4ª feira,5ª


feira e 6ª feira. A opção de treinar no dia após o jogo segue a ideia dos princípios
fisiológicos. Providenciar a melhor recuperação possível aos jogadores e igualar as
cargas dos jogadores que não jogaram ou tiveram menos tempo de jogo. Em opinião de
equipa técnica a questão mental não se impõe tanto como em contexto sénior por várias
razões. A primeira surge com o facto de todos os jogadores viverem perto do clube, não
havendo a questão logística dos jogadores fazerem grandes deslocações para estar
com os seus familiares. A segunda razão que levou a esta escolha é o estado de espírito
do grupo e que também estão associadas as suas idades. A represálias mentais de um
jogo mal conseguido não são tão profundas, chegando mesmo no próprio dia a ter
sensações de humor, relaxamento, diversão após uma derrota.

56
Tabela 10

Microciclo-tipo da equipa sub-15 ADO - Época desportiva 2022/2023

Dia 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª Sáb. Dom.

Foco da
Recuperação Força Resistência Velocidade
sessão

Contração Recuperação Tensão Duração Velocidade

Densidade 1/1 1/4 4/1 1/6

Espaço Moderado Reduzido Elevado Variado


FOLGA

FOLGA

JOGO
Duração
dos
Média Curta Longa Muito curta
exercícios

Intensidade Baixa Elevada Elevada Moderada

Via Aeróbio Anaeróbio Anaeróbio


Aeróbio
energética regenerativo lático aláctico

Complexida
Baixa Elevada Elevada Moderada
de

57
3.3.3 Unidade de treino - Caracterização do microciclo-tipo

A primeira unidade de treino (2ª feira) do microciclo visa a recuperação ativa para
os jogadores que tiveram maiores cargas de jogo e os jogadores com menos carga
igualar ou tentar igualar a carga do jogo que não participaram parcialmente ou na sua
totalidade.

Figura 11

Exemplo da primeira unidade de treino da semana

58
Na 4ª feira, as unidades de treino caracterizam-se por terem o maior volume e
intensidade. Para além do trabalho de força (trem inferior) que é incluído no
aquecimento, são utilizados jogos reduzidos com reação à perda da bola em espaços
reduzidos de modo a aumentar a tensão. São priorizadas as transições ofensivas e
defensivas.

Figura 12

Exemplo da segunda unidade de treino da semana

59
Na 5ª feira, são as unidades de treino com maior foco nos princípios de jogo,
jogando em espaços maiores e como muito tempo de situações de jogo em escala
macro privilegiando os comportamentos de organização ofensiva e defensiva.

Figura 13

Exemplo da terceira unidade de treino da semana

60
Na 6ª feira, a última unidade de treino dentro do microciclo e último treino antes
do jogo, o foco principal passa por não sobrecarregar os atletas. Seguindo os princípios
fisiológicos os exercícios são pensados para a maior utilização anaeróbia alática sendo
assim um treino direcionado para a velocidade. Exercícios de perseguição são os mais
utilizados, com e sem bola. Apesar disso, o aspeto físico não significa uma primazia
sobre os princípios táticos e subprincípios.

Figura 14

Exemplo da última unidade de treino da semana

61
3.4 Condução do processo de treino

Funções e intervenção da equipa técnica


A equipa técnica inicialmente era constituída por 3 elementos para além do
treinador estagiário. O treinador principal, Luís Vilela e os treinadores adjuntos Davi
Kubijan e André Rodrigues. Por motivos pessoais o último mencionado não terminou a
época desportiva saindo entre a pausa da 1ª fase para a 2ª fase do Campeonato
Nacional - 2ª divisão.
As propostas dos exercícios partiam do treinador principal, com experiência na
primeira liga de futebol em clubes como SC. Braga, Paços de Ferreira, GD. Chaves, e
estruturados para o modelo de jogo e metodologia de treino que se pretende adotar. Em
reunião prévia com os treinadores adjuntos e o treinador estagiário eram expostas
sugestões e alterações possíveis ao plano originalmente traçado até haver consenso ou
decisão.
O treinador estagiário, pelo seu gosto pela área física, ficou responsável pelos
aquecimentos, trabalhos de força e alongamentos na sua plenitude. O aquecimento era
realizado fora das 4 linhas do campo formal devido a utilização do campo por escalões
inferiores. Este, era composto por escadas de coordenação, barreiras, pinos e estacas.
Enquanto decorria o final do aquecimento, o treinador principal em conjunto com
o treinador adjunto, montavam os exercícios de treino que se procedem a seguir ao
aquecimento mais analítico.
A orientação dos exercícios, da parte fundamental de treino era guiado pelo
treinador principal, Luís Vilela, e dependendo do exercício podiam ser liderados pelo
treinador estagiário. Um exemplo disso era a divisão da equipa para trabalhos
específicos. Um grupo de jogadores (extremos, ponta-de-lança, médios ofensivos) ficam
com o treinador principal a corrigir e trabalhar a dinâmica ofensiva e do outro lado do
campo fica outro grupo de jogadores (defesas centrais, defesas laterais e médios
defensivos) a trabalhar a dinâmica defensiva com o treinador estagiário.
Quando o exercício era global a toda a equipa, o treinador adjunto e treinador
estagiário tinham as funções de preparar as transições para os exercícios seguintes,
dar feedback especialmente corretivos, reforçar comportamento setoriais (ex: linha
defensiva) assim como reposição de bolas
O trabalho específico de guarda-redes era realizado por um dos treinadores de
guarda-redes do clube, dependendo da disponibilidade de cada um.
No final, os alongamentos e/ou trabalho de força, como mencionado
anteriormente era liderado pelo treinador estagiário enquanto o treinador principal e
trinador adjunto arrumavam o material e faziam a sua contabilização.

62
Para além desta dinâmica da semana de treinos, no dia do jogo o aquecimento
era liderado pelo treinador-adjunto André Rodrigues coadjuvado pelo treinador
estagiário e treinador adjunto. Após a sua saída, o treinador estagiário passou a liderar
o aquecimento e a gerir o tempo para o regresso aos balneários. O treinador principal
liderava os exercícios mais táticos de preparação para o jogo sempre com muito
feedback e correções. O aquecimento específico de guarda-redes era liderado por um
dos treinadores de guarda-redes da ADO.
O aquecimento tipo consistia na mobilização articular analítica, seguidamente de
passes frontais rasteiros e longos. Seguia-se um período de alongamentos dinâmicos
até passarem para um jogo de posse de bola de 4x4+2 jokers. Para terminar e abordar
as questões mais táticas do jogo, era realizado um exercício de 3x7, com a linha de três
defesas contra os médios e avançados, e os laterais a atacar também. Por fim, eram
abordados os lances de bola paradas, quer defensivos quer ofensivos (livres e cantos)
e terminava o aquecimento com finalização com sprint para o balneário.
A palestra inicial, durante o intervalo e após o jogo, era preparada previamente
com os pontos essenciais a transmitir aos jogadores e assumida sempre pelo treinador
principal.
Após o término do jogo, em consonância com toda a equipa técnica era atribuída
uma avaliação de 1-5 para cada jogador, tanto os titulares como os suplentes que
entraram no jogo.
No que respeita à filmagem do jogo, nem sempre foi possível devido a
inexistência de material do clube. Assim, quando possível filmar, deveu-se à boa
vontade de um dos pais dos atletas que fornecia o material necessário. A filmagem
assegurada algumas vezes pelo treinador estagiário e outras vezes foi realizada pelo
próprio dono dos equipamentos. Posteriormente, após a análise do jogo, o treinador
principal realçava e anotava quais os momentos que seriam para mostrar à equipa. A
edição e montagem ficava a cargo do treinador estagiário para ser mostrada durante a
semana, em dia a combinar, no balneário da equipa com ajuda de um projetor. Na
exposição à equipa, o treinador assumia a preleção e o treinador estagiário o suporte e
manuseamento do suporte digital.

63
CAPÍTULO 4

ÁREA 2

64
4. Área 2 - Projeto Gabinete Scouting e Análise de Jogo

4.1 Introdução

O papel do treinador de futebol e equipa técnica é essencial para o sucesso na


obtenção de bons resultados e no alcance dos objetivos traçados por toda a organização
de um clube. Apesar disso, quem coloca em prática as ideias do treinador, são os
jogadores. Utilizando uma analogia, os jogadores tornam-se os atores principais
guiados pelos realizadores e seu staff (equipa técnica). Por muito que o guião seja
espetacular e minucioso, sem a qualidade dos artistas, o que está no papel, não passará
para o palco com a qualidade necessária para satisfazer o público e atingir os objetivos
traçados.
Deste modo, a qualidade dos jogadores afeta diretamente os resultados do clube
e a sua posição nos campeonatos que disputa, nos diversos escalões, gerando maior
ou menor visibilidade do clube no contexto regional e nacional. A formação serve
também para, como o nome indica, formar jogadores para estarem prontos a chegar ao
contexto sénior e poder ajudar o clube.
Foi nesta base de pensamento que surgiu a ideia da criação de um gabinete de
scouting e análise de jogo. Uma área que se subdivide em duas sub-áreas, mas que se
complementam. Pela necessidade de ter os melhores jogadores, para alavancar o clube
nos seus objetivos e pela necessidade de melhorar os jogadores pertencentes ao clube
através da análise de jogo surgiu o SAJ (gabinete de scouting e análise de jogo).

4.2 Enquadramento teórico

4.2.1 Formas de análise

Segundo Vázquez (2012) existem 4 tipos de análise. São abordadas análises


como a análise visual, notacional, baseada em vídeo e baseada em tecnologia
informática.
A análise visual consiste na observação, onde o observador regista na sua
memória o que foi observado. Esta é a forma mais antiga e básica de análise de jogo
existente. As suas limitações prendem-se com a subjetividade do sujeito e a fiabilidade
da análise. Por questões óbvias, a falta de registo é um problema deste método, levando
a equívoco, esquecimento ou confusão entre o que foi observado e o que é
posteriormente transmitido.
Devido a esse facto, surge assim a análise notacional. Esta forma permitiu que
a transmissão de informação fosse menos dependente da memoria do observador.

65
Apesar de ser uma forma com mais fiabilidade que a anterior, não deixa de ser uma
fiabilidade discutível. Isto porque se trata de análise realizada em tempo real sem a
possibilidade de revisão ou perda de concentração a detalhes durante a anotação de
fatores determinantes.
A análise baseada em vídeo vem solucionar estes problemas. Existe a
necessidade de gravação do jogo para posteriormente o observador conseguir rever os
lances que pretender, anotar e analisar baseando as suas observações no suporte de
imagens ou vídeo. As limitações deste método são a necessidade de equipamento, o
maior tempo necessário para realização da tarefa e condições locais para a gravação
do jogo.
Por fim, e a forma de análise mais completa e fiável, a análise baseada em
tecnologia informática. Este tipo de análise permite recolher informação de natureza
qualitativa e também quantitativa. Existem diversos softwares que disponibilizam este
tipo de dados onde é necessária alguma familiaridade com os softwares. Exemplos são
o SportsCode, Instat, Wyscout, recursos estes que devido aos seus elevados custos,
não são sempre viáveis para clubes de menores dimensões.

4.2.2 Tipos de análise

Recorrendo à meta análise de Sarmento et al., (2014) verificamos que no estado


da arte existem diversos artigos que abordam a análise de jogo e cada artigo tem uma
panóplia de temáticas para abordar. Como mostra a figura 15 análise de jogo pode ser
descritiva, comparativa ou preditiva.
A análise descritiva, como o nome indica, descreve e caracteriza algo tangível.
Neste caso pode descrever o número de passes de um jogador, % de eficácia de passe,
distância percorrida, velocidade máxima, entre outros. Mas nem tudo se resume a
análise numérica. A análise descritiva também serve para caracterizar padrões de jogo
e caracterizar a forma de jogar. Num esquema tático, a análise descritiva pode dar a
conhecer se a marcação é zonal, individual ou mista por exemplo.
A análise comparativa avalia diversos fatores como a posição dos jogadores,
níveis competitivos, resultados dos jogos, ramadão, influência da fadiga, disposição
tática, diferentes ligas e equipas. Avaliam também as variáveis contextuais como o local
do jogo, a qualidade do adversário, as estatísticas do jogo e a 1ªparte com a 2ª parte de
um jogo de futebol.
A análise preditiva é utilizada para fazer uma predição. Muito recorrente
atualmente e um exemplo disso são os expected goals. Outro exemplo da análise
preditiva são as realizadas pelas casas de apostas para fazer as odds.

66
Figura 15

Esquema dos tipos de análise

4.3 Fatores chaves para a análise de jogo

Noutro estudo de Sarmento et. al., (2014) foram entrevistados oito treinadores
com vasta experiência no futebol profissional, como, Rui Vitoria, Pedro Caixinha,
Leonardo Jardim, José Peseiro entre outros. O objetivo deste estudo passou por
analisar quais eram os fatores chaves de análise e as dinâmicas das equipas técnicas
na sua utilização.
O estudo propõe um modelo com quatro tarefas, sendo elas a preparação, a
observação, a avaliação e diagnóstico e a intervenção.
Na fase de preparação, o conhecimento do jogo é algo que tem de ser
previamente adquirido. Isto porque sem conhecimento do jogo, torna a tarefa de análise

67
difícil, podendo mesmo empregar-se o provérbio “quem não sabe o que procura, não o
reconhece quando encontra.”
Após esse conhecimento do jogo, que não tem um estado maturo, mas está em
constante mudança e evolução, é necessário definir e implementar estratégias de
observação de modo a que toda a equipa técnica trabalhe em sintonia. Escolher que
tipo de tecnologias e softwares usar, definir items obrigatórios a observar e o número de
observações são temas que os treinadores definiram como prioritários nesta fase. Toda
a escolha destas categorias, varia de treinador para treinador, consoante o seu contexto
atual, experiências passadas, conhecimento do jogo, perspetiva sobre o jogo e todas as
condicionantes associadas.

Figura 16

Esquema da fase de preparação no processo de análise de jogo

A segunda fase relaciona-se com o início da observação. Aqui, encontram-se


descritos o que os treinadores observam no jogo e quais consideram ser fatores chaves.
As dinâmicas gerais das equipas, as características individuais dos jogadores,
os esquemas táticos, os aspetos contextuais, aleatórios e imprevisíveis do jogo e as
duas fases e os dois momentos de jogo (organização ofensiva, organização defensiva,
transição ofensiva e transição defensiva). Para além destas anteriormente
mencionadas, a observação de situações regulares como substituições ou mudanças
táticas, as reações e ações do treinador adversário consoante o contexto e outras
situações contextuais como o ambiente do estádio, tamanho da relva são apontados
como outros fatores que as equipas técnicas têm o cuidado de analisar.

68
Estes são fatores chaves analisados antes do jogo acontecer. No decorrer do
jogo o processo de análise não tem cessação. A análise de forma mais primitiva é em
direto e realizado durante o jogo e pode ser ajustada consoante o que acontece no
mesmo. Assim os treinadores realçam que se focam no plano de jogo trabalhado
estrategicamente ao longo da semana e principalmente na resposta da sua equipa ao
que foi planeado.
Ficou ainda registado que existem fatores que influenciam a qualidade de
observação. O aspeto emocional do jogo afeta a racionalização da equipa técnica na
tomada de decisões assim como as expetativas que se criaram para o mesmo. Outras
razões anotadas foram a posição no banco (questão de perspetiva), erros do árbitro e
outros, que não foram especificados no artigo.
Os treinadores reconhecem que a observação e análise tem evoluído ao longo
dos anos, levando a que as observações sejam mais eficientes, valorizaram aspetos
que eram menosprezados no passado e afina os fatores chaves já analisados
anteriormente.
Os mesmos apontam que esta evolução na observação e analise advém dos
anos de repetição do processo (experiência) acoplado ao melhor conhecimento do jogo.
A produção de mais conhecimento através da comunidade científica, mas
também de colegas de trabalho, com conhecimento experienciado no campo são outro
fator determinante para este crescimento. Todo este conhecimento é passado às
gerações seguintes através das suas graduações nas instituições de ensino e outros
meios de aprendizagem.

69
Figura 17

Esquema da fase de observação no processo de análise de jogo

70
Na fase de diagnóstico, que sucede a fase anterior, relaciona-se com a avaliação
ou diagnóstico da equipa adversária. Procura-se detetar os pontos fortes e pontos fracos
da equipa para que a equipa se possa precaver contra os pontos fortes e explorar as
fraquezas. Essa análise irá dar conhecimento necessário sobre o adversário e que será
comparada e em consideração com o conhecimento global da própria equipa. A junção
destas duas análises, conhecimento do adversário e da própria equipa irá levar à lógica
da evolução que se caracteriza pela forma como as equipas técnicas decidem abordar
as diferenças, semelhanças, o que o adversário pode explorar na própria equipa e vice-
versa. É nesta fase que entra o dilema adaptação ao contexto ou manutenção do próprio
modelo de jogo independentemente das condições contextuais.

Figura 18

Esquemas da fase de avaliação/diagnóstico no processo de análise de jogo

Após a fase de diagnóstico e assim que está identificado o necessário, a fase


seguinte, a intervenção, relaciona-se como passar a parte teórica para a prática. Todo
o conhecimento obtido tem de ser posto em prática e passado aos jogadores. O
processo pode ser realizado durante o microciclo através de adaptações de exercícios
de treino ou em reuniões, individuais ou em grupo, com a utilização de imagens ou
vídeos como simplesmente preleções por parte da equipa técnica. Mas esta passagem
de conhecimento do adversário pode ser operada não apenas no período que antecede
o jogo, mas também durante o jogo, onde os acontecimentos se desenrolam. Os
treinadores entrevistados descreveram situações durante o jogo que são aproveitadas
para realizar ajustes. As alterações podem ser feitas realizando apenas gestos, com
feedback, utilização de jogadores alvo para passar a informação (ex: capitão de equipa)

71
e as paragens de tempo existentes ou criadas no jogo. O intervalo surge também como
um período ótimo para a alteração de estratégia para o jogo. Na perspetiva dos
treinadores os fatores determinantes para uma abordagem ao adversário bem-sucedida
surge com a seleção de informação realmente pertinente, o feedback ser acompanhado
de ilustração, a transmissão de informação ser em momentos diferentes, o tipo de
feedback, a duração das reuniões e a linguagem corporal de quem passa a mensagem.

Figura 19

Esquema da fase de intervenção no processo de análise de jogo

72
4.4 Da teoria para a prática

4.4.1 Criação e propósito do SAJ

Pelas condições que o clube dispõe, não existia a possibilidade de constar dos
quadros pessoas especializadas em scouting que pudessem fazer a cobertura de jogos
e identificar jogadores para cada escalão da ADO nem a possibilidade de contar com a
expertise de um analista de jogo, performance, ou de dados. Para suprimir essas duas
lacunas foi pensado e criado o gabinete SAJ. Através da gravação do jogo, as tarefas
de análise e identificação de talento pode ser realizada pelas equipas técnicas em tempo
indeferido, permitindo uma logística mais fácil de modo a conciliar com a vida
profissional extra-clube.

4.4.2 Organograma

Gabinete SAJ composto em duas grandes áreas:


• Scouting - Área de Iniciação
• Scouting - Área de Especialização

No scouting para o escalão de Juniores o responsável foi o treinador Bruno


Teixeira, tendo como colaboradores a sua equipa técnica.
No escalão dos Juvenis o responsável pelo scouting foi o treinador Rafael
Martinho, acompanhado pelos restantes membros das equipas técnicas de Juvenis A e
B.
No escalão de Iniciados, o responsável foi o treinador estagiário, coadjuvado
pelo coordenador técnico da área de Especialização e coordenador do Departamento
de Recrutamento da Área de Especialização, acompanhado pelos restantes elementos
das equipas técnicas de Iniciados A e B.
No escalão de Infantis, foi o treinador João Nogueira o responsável, sendo
acompanhado pelos restantes elementos das equipas técnicas de Infantis A e B.
No escalão de Benjamins, o responsável pelo recrutamento foi o treinador João
Ferreira, acompanhado pelos restantes elementos de Benjamins A e B.

Cada observador ficou responsável por entregar/submeter a ficha de avaliação,


através do responsável de Recrutamento do escalão, para uma primeira análise das
conclusões/orientações do atleta observado, por seguinte, depois será

73
entregue/submetido perante o coordenador da respetiva área de scouting para uma
avaliação/orientação ponderada, com o devido aval para dar seguimento ao processo.
Se o processo tiver o aval do coordenador técnico, este terá seguimento após a
comunicação com o coordenador administrativo que irá ao encontro, de forma formal,
com o devido clube (durante a época desportiva), ou com o encarregado de educação
(no final da época desportiva).
Durante a época desportiva, é imperativo a comunicação ser realizada com o
clube ao qual o atleta está ligado, reforçando as diretrizes das boas práticas e
integridade da F.P.F.

Figura 20

Organograma do gabinete SAJ

4.4.3 Reuniões do gabinete SAJ

Após a identificação do problema, foi necessário juntar todos os elementos do


clube para alinhavar e meter em prática os protocolos estabelecidos para o gabinete
SAJ.

74
Figura 21

Mapa de reuniões

4.4.4 Divisão do SAJ por áreas de atuação

Como demonstra a figura 22, os procedimentos do gabinete SAJ são distintos


para o futebol de inicialização e do futebol de especialização. No futebol de iniciação
não se realiza a gravação de jogos por motivos logísticos, mas também por a estrutura
não considerar necessária fazer análise de jogo numa fase tão precoce. Assim, apenas
o scouting é feito por via de observação direta e preenchimento da ficha de observação.
Esta etapa é das mais importantes, de modo a alimentar os escalões de formação
seguintes. Na especialização, a gravação dos jogos é a base para alavancar o trabalho
deste gabinete. Através da gravação do jogo é possível trabalhar sobre a análise de
jogo da própria equipa e também da equipa adversária. Aproveitando esse recurso, fica
possível também registar e identificar possíveis jogadores que elevem a qualidade de
jogadores pertencentes aos quadros da A.D.O.

75
Figura 22

Organização do gabinete SAJ

GABINETE SAJ

INICIALIZAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO

FICHA DE GRAVAÇÃO DE
OBERSAVAÇÃO JOGO

ANÁLISE DE
JOGO

SCOUTING

4.4.5 Gravação dos jogos

Devido aos poucos recursos tanto humanos como materiais, por vezes a A.D.O.
contou com a boa vontade da sua comunidade envolvente.
A gravação dos jogos foi a base fundamental para que o gabinete SAJ pudesse
funcionar da forma mais eficiente possível e sustentando as avaliações dos treinadores
com o suporte digital.
Assim a gravação dos jogos foi pensada para solucionar não um, mais sim dois
problemas identificados no clube. O SAJ divide-se por isso em duas vertentes.
A primeira vertente relaciona-se com uma perspetiva interna do clube, a análise
de jogo da própria equipa

76
A segunda vertente relaciona-se com a perspetiva externa do clube, a
identificação e recrutamento de talento (scouting).
Mesmo quando a gravação não era possível, a identificação de potenciais
jogadores poderia ser preenchida para constar da base de dados do clube.

Sub-vertente
Pela gravação do jogo da própria equipa, em confrontos seguintes (2ª volta do
campeonato, eliminatórias das taças, etc.) pode ser utilizado esse jogo para realizar a
análise ao adversário. Torna-se importante esse conhecimento, pois como demostrado
no enquadramento teórico o mesmo pode ser incluído em exercícios de treino, tornando
o treino mais próximo da realidade de jogo.
A análise ao adversário, no escalão de sub-15, optou-se por não se mostrar
imagens e vídeos aos jogadores pois considerou-se uma fase ainda precoce e dar
primazia aos comportamentos da equipa e a nossa forma de jogar. Não obstante, a
equipa técnica, sempre que possível, realizava a análise ao adversário e poderia adotar
nuances consoante características do adversário, sendo elas individuais ou coletivas.
Quando foi possível, obteve-se jogos do adversário contra outras equipas que
não a A.D.O. de forma a ter uma maior fiabilidade na análise do adversário. A obtenção
dos mesmos foi da inteira responsabilidade das equipas técnicas interessadas.

Figura 23

Gravação dos jogos da ADO

77
4.4.6 Análise de jogo

Para a análise de jogo, da própria equipa, o gabinete SAJ adquiriu um projetor,


para que fosse possível mostrar a toda a equipa e não em pequeno grupo de jogadores
como era realizado anteriormente. Este método permitiu poupar tempo como também a
passagem da informação de forma mais concisa e consistente para toda a equipa.
Posteriormente a escolha do local da apresentação recaiu no espaço do
balneário ao invés do auditório. Por experiências passadas em clube anteriores, por
parte dos treinadores, foi relatado que o excesso de conforto do auditório retira a
atenção e foco necessário da equipa no vídeo-análise.

Figura 24

Análise de jogo equipa de Sub-15 ADO

4.4.7 Scouting

Durante a análise de jogo, quer seja da própria equipa ou da equipa adversária,


é pedida atenção dos elementos da equipa técnica em identificar possíveis jogadores,
que sejam considerados possíveis à realidade da A.D.O e que possam acrescentar
qualidade aos planteis do clube. Essa identificação deve ficar registada no formulário
para o efeito, e posteriormente constar da base de dados do clube. A identificação pode
ser também feita in loco, com deslocação ao local, em situações de lazer, ou no próprio
jogo de competição.

78
Ficha de observação de jogadores
Na ficha consta espaço para preencher com os dados como o nome completo,
data de nascimento, escalão, clube que representa, a sua posição e os dados do
encarregado de educação (nome e contacto). Em uma segunda fase é pedida uma
avaliação do jogador numa escala de 1 a 5 onde 1 corresponde a “fraco” e 5 a
“excelente”. Os fatores são divididos em fase de iniciação (futebol 7) e especialização
(futebol 11). Na fase de iniciação incluem-se os fatores velocidade, atitude competitiva,
técnica e inteligência tática. Na fase de especialização, para além dos fatores já
mencionados, estão mais três fatores de avaliação, como a disciplina, a capacidade e
velocidade de execução. No final do documento, consta um espaço para uma análise
descritiva do jogador. Fica possível descrever algo que não conste dos fatores
avaliativos ou outra observação necessária.

Figura 25

Ficha-tipo de observação de jogadores

79
Para ser um processo mais organizado, os coordenadores tinham a tarefa de
recolher as fichas de identificação de jogadores e transpor para uma base de dados do
clube, para permitir que ao invés de folhas soltas e de diversos escalões, a informação
constasse num único documento e acessível a qualquer pessoa, em qualquer ponto
geográfico, através da cloud disponível.

Figura 26

Base de dados para recrutamento de jogadores

Após a recolha da informação, procedia-se à seleção dos jogadores para


integrarem os plantéis da A.D.O. na época seguinte. A escolha era realizada com a
participação dos coordenadores e equipas técnicas e sempre que possível, suportada
em vídeos do SAJ.

4.4.8 Protocolo de Scouting

A política de recrutamento da Associação Desportiva de Oeiras foi realizada


consoante os recursos físicos e financeiros que dispõe.
O processo de recrutamento foi realizado da seguinte maneira:
• Cada equipa técnica de cada escalão foi responsável ao longo do ano por
observar atletas da sua faixa etária e juntar essa recolha de dados na plataforma
online do clube, desenvolvida na cloud “Google Drive”.

80
• Os atletas foram inseridos, de acordo com os parâmetros definidos e aprovados
pelos coordenadores de Scouting.
• No período de março a abril, deve ser iniciado o processo de recrutamento dos
atletas selecionados após análise do plantel e revisão das suas
carências/necessidades pelas equipas técnicas dos diversos escalões.
• A abordagem ao atleta ou ao Encarregado de Educação correspondente deve
ser feita pelo coordenador geral a pedido de cada treinador principal, com a
devido aval dos coordenadores técnicos.

Objetivos:
• Melhorar o nível competitivo das equipas de competição
• Por norma, o processo de recrutamento foi realizado em todos os escalões,
sendo o principal foco das observações a performance nas equipas de Futebol
11 e a angariação de atletas na área de iniciação.
• Os locais-alvo das observações foram preferencialmente no concelho de Oeiras
e adjacentes, no entanto, para o Futebol 11 o recrutamento poderá abranger
uma área geográfica mais ampla.
• Procurar o recrutamento de jogadores para acrescentar qualidade individual e
coletiva nas respetivas equipas e que apresentem o perfil do “Jogador ADO”.
Em caso de observação de jogadores de nível semelhante aos que tem origem
no futebol de formação ADO, estes últimos terão primazia no seu recrutamento.

Protocolo e política de recrutamento definido para cada escalão


A política de recrutamento da Associação Desportiva de Oeiras foi realizada
consoante os recursos físicos e financeiros que dispõe.
O processo de recrutamento foi realizado da seguinte maneira:
• Cada equipa técnica de cada escalão foi responsável ao longo do ano por
observar atletas da sua faixa etária e juntar essa recolha de dados na plataforma
online do clube, desenvolvida na cloud “Google Drive”.
• Os atletas foram inseridos, de acordo com os parâmetros definidos e aprovados
pelos coordenadores de Scouting.
• No período de março a abril, é iniciado o processo de recrutamento dos atletas
selecionados após análise do plantel e revisão das suas carências/necessidades
pelas equipas técnicas dos diversos escalões.
• A abordagem ao atleta ou ao Encarregado de Educação correspondente deve
ser feita pelo coordenador geral a pedido de cada treinador principal, com a
devido aval dos coordenadores técnicos.

81
Objetivos:
• Melhorar o nível competitivo das equipas de competição
• Por norma, o processo de recrutamento foi realizado em todos os escalões,
sendo o principal foco das observações a performance nas equipas de Futebol
11 e a angariação de atletas na área de iniciação.
• Os locais-alvo das observações foram preferencialmente no concelho de Oeiras
e adjacentes, no entanto, para o Futebol 11 o recrutamento poderá abranger
uma área geográfica mais ampla.
• Procuramos o recrutamento de jogadores que possam acrescentar qualidade
individual e coletiva nas respetivas equipas e que apresentem o perfil do
“Jogador ADO”.
Em caso de observação de jogadores de nível semelhante aos que tem origem
no futebol de formação ADO, estes últimos terão primazia no seu recrutamento.

Procedimentos de comunicação com pais, clubes e demais agentes desportivos


Após a decisão dos atletas escolhidos, estes procedimentos são fundamentais pois
fica claro, que o clube de maneira alguma quer infringir as regras existentes para a
contratação/abordagem de jogadores durante o período competitivo
Assim, está definido que:
• No que remete para os procedimentos de comunicação com os clubes, pais e
demais agentes no que se refere ao recrutamento, é importante salientar que
este apenas acontece após o aval do coordenador técnico da respetiva área.
• Para um atleta treinar connosco, no decorrer da época desportiva, o clube ao
qual pertence deve autorizar a participação dele no(s) treino(s) de observação
da respetiva equipa após pedido formal (via email).
• Caso a resposta do clube seja afirmativa, entraremos em contacto com os
Encarregados de Educação.
O contacto com os Clubes, Pais e demais agentes desportivos deve ser sempre
realizado pelo Coordenador Administrativo.

82
CAPÍTULO 5

ÁREA 3

83
5. Área 3 - Conversas de Treinadores de Futebol

5.1 Enquadramento inicial

A área 3 comporta a criação de um evento que seja realizado individual ou de


forma coletiva (vários alunos) para a comunidade seja ela académica, civil ou outra.
Deste modo a partilha e aquisição conhecimentos teóricos para aplicação na prática
serviu como mote à criação do evento” conversas de treinadores de futebol – 2ª edição”.
O mesmo decorreu no Salão Nobre na Faculdade de Motricidade Humana com entrada
gratuita. Foi possível ainda assistir de forma remota pelo link disponibilizado pela
organização através do canal do Youtube criado para o efeito.
A organização do evento foi da responsabilidade dos alunos Diego Araújo, Diogo
Gonçalves, Diogo Lopes, João Marques, Pedro Lopes, Pedro Matias, Pedro Silva e
Ruben Elias coadjuvados pelo professor orientador José Maria Pratas, essencial neste
projeto por todos os seus conhecimentos e experiência.

5.2 Planificação do evento

A preparação do evento foi começada ainda no ano de 2022 nas reuniões de


estágio da faculdade com o professor orientador. O que se pretendia seria começar a
fazer um esboço do que se poderia fazer e dos temas que nos interessava trazer ao
público em geral. Começamos por definir locais possíveis, algumas logísticas a ter em
conta outros eventos similares de modo a retirar ideias. A ideia inicial seria realizar o
evento em dezembro mas deparamo-nos com algumas dificuldades logísticas,
principalmente da parte dos convidados com a coincidência da grande competição da
FIFA, o Mundial de Seleções.
Posteriormente acordou-se a data de 23 de março a realizar no salão Nobre da
Faculdade de Motricidade Humana.
Após acordo da data, a reunião decorreu com vista a estruturar e organizar o
papel de cada organizador de forma individual, mas com soma para o coletivo. Assim
foi criado um cronograma com as respetivas funções e atribuição de tarefas para cada
elemento organizador que pode ser consultado na figura 27.

84
Figura 27

Organograma do evento “Conversas de treinadores de futebol- 2ª edição

Antes de fechar a reunião, de forma coletiva, ao género de “brainstorming”, foram


elencadas perguntas pertinentes e adequadas a cada tema para serem entregues
previamente ao moderador para que este se pudesse preparar.
Na semana anterior ao evento os alunos e o professor orientador juntaram-se
nas instalações da FMH para testar o equipamento e limiar alguns detalhes.
No dia do evento, houve novamente testes e acerto de detalhes bem como a
execução de ações prévias ao evento como preparação da sala, preparação do coffee-
break e demais questões logísticas.

O início da ação ficou marcada para as 14h de Portugal Continental com sessão
de abertura do professor Francisco Alves. Posteriormente, os convidados foram
distribuídos por três mesas agrupando assim três temas ao evento.

85
O primeiro tema “Desafios do treinador de futebol de formação” contaram com
os convidados:
• João Tralhão – Treinador com vasta experiência em contexto de formação,
trabalhando em todas as categorias no Sport Lisboa e Benfica e também no
contexto sénior com experiências como treinador adjunto em clubes como
SLB e AS Mónaco.
• Ângelo Brito – Professor da Faculdade de Motricidade Humana que alia a
sua experiência com o seu conhecimento académico. Experienciou o
contexto competitivo da era José Mourinho no FC Porto como adjunto.
Também realizou trabalho de analista de performance no Leixões S.C.
• Luís Martins – Realizou funções de treinador na formação do Sporting em
diversos escalões e também no futebol sénior como adjunto. Passou por
outros clubes como Portimonense, Sp. Braga, Tottenham, Zenit e também
exerceu funções como coordenador e diretor técnico em clubes com
reputação nacional.
• Luís Dias – Mais de 20 anos de ligação ao Sporting Clube de Portugal,
passou nos diversos escalões desde “escolas” até juniores sendo adjunto
de Abel Ferreira. Para além de treinador exerceu funções como coordenador
no mesmo clube.
Esta mesa contou com o apoio como moderador de José Nunes, jornalista da
RTP e comentador na Antena 1.

O segundo tema “Do exercício ao modelo de jogo – relação simbiótica” constam os


seguintes convidados:
• Pedro Moreira- Atual treinador do Torreense na 2ª Liga Portuguesa, contou
com largos anos ao lado de Paulo Fonseca como treinador adjunto e trabalho
na formação do Sporting Clube de Portugal assim como coordenador na AF
do Algarve.
• Daniel Carrilho – Passou pelos sub-16 do Sporting Clube de Portugal.
Atualmente é investigador na FMH juntamente com o seu trabalho de analista
e treinador adjunto no Real Sport Clube nos sub-19.
• Tiago Fernandes – Passou pela formação do Sporting Clube de Portugal e no
contexto sénior teve experiências como adjunto no Vit. Setúbal e como
treinador principal em equipas como Sporting (forma interina), D. Chaves,
Estoril e Leixões.
• Daúto Faquirá – Na atualidade é comentador desportiva no canal CNN
Portugal. No seu currículo como treinador consta com passagens por clubes

86
como o Torreense, Olhanense, SC Covilhã, Estoril Praia, Estrela da Amadora,
Vitória de Setúbal e Primeiro de Agosto.

Esta mesa contou com o apoio como moderador de António Botelho, relatador de
jogos de futebol da TSF.

O terceiro e último tema “Operacionalização de um processo de treino” é refletido


nas experiências e conhecimentos de:
• Vasco Faísca – As suas experiências na formação foram em clubes como o
Sporting Clube de Portugal e Farense. No contexto profissional e sénior conta
no seu currículo clubes como o Vicenza, Belenenses e Académica.
• Fernando Santos – Investigador e professor da FMH que suporta a prática no
estado da arte. Conta com experiências no futebol entre elas sendo observador
técnico no Sporting Clube de Portugal
• Mariano Barreto – No seu currículo possui diversos contextos, desde clubes
nacionais, (tais como: Naval 1º de Maio, Sporting CP, SC Braga, Marítimo)
como clubes internacionais (tais como: Al Nassr e Borussia Dortmund), e
mesmo como seleções nacionais (tais como: Etiópia e Gana).
• Leonel Pontes – Treinador desde as categorias bases do Sporting Clube de
Portugal até à equipa A masculino. Trabalhou ainda na Seleção Nacional como
adjunto de Paulo Bento para além de outras experiências como treinador
principal em clubes como Panatolikos, Marítimo, Sp. Covilhã entre outros.
Esta mesa contou com o apoio da moderadora Irene Palma, jornalista do canal “A
Bola TV” e jornal “ A Bola”.

5.3 Divulgação do evento

Para alavancar este evento e levá-lo ao maior número de pessoas possível, foi
criado um cartaz (figura 28) dando as informações do local, hora, temas, oradores,
moderadores e link para assistir via remota. Os alunos envolvidos na organização
ficaram encarregues da sua divulgação, seja pela partilha do evento nas suas redes
sociais, que hoje tem um poder muito alargado e grande alcance de pessoas, como
também ficaram encarregues de avisar clubes de forma a potenciar o número de
treinadores na plateia (público-alvo).

87
Figura 28

Cartaz do evento “Conversas de treinadores de futebol- 2ª edição”

5.4 Balanço do Evento

5.4.1 Reflexão sobre as temáticas discutidas nas 3 mesas

Mesa 1
A primeira mesa redonda que contou com convidados muito ligados ao futebol
de formação, que experienciaram os escalões mais inferiores até aos juniores em clubes
nacionais de grande reputação e sempre com o suporte académico do professor Ângelo
Brito. À boleia do tema “desafios do treinador de futebol de formação” foram colocadas
questões pelo moderador às quais os preletores refletiram a sua opinião.
Primeiramente João Tralhão foi interpelado pelas características que o treinador
de formação deve possuir. O treinador deve ser altruísta segundo o preletor. Isto porque
o que é mais importante é a evolução do jogador ao invés da sede do sucesso precoce
nas carreiras dos treinadores. O exercício de treino não deve agradar o treinador mas
sim deve servir o prepósito de desenvolvimento dos jogadores. Exercícios padronizados
são de mais fácil controlo por parte do treinador mas nem sempre se reflete ser o mais
benéfico.
Seguidamente Luís Martins, questionado sobre a dicotomia entre liberdade e
rigor tático e técnico, a reflexão passou sobre a importância do erro para o jogador de
futebol aprender e para a permissão do treinador a esses comportamentos e que não

88
os tente inibir. Para isso, entroncando na resposta do preletor anterior, o treinador deve
ser altruísta e não olhar apenas para o seu sucesso mas sim para o desenvolvimento
dos jogadores a longo prazo.
A próxima questão, dirigida a Luís Dias surgiu no tema muito debatido sobre a
especialização precoce ou a diversificação de estímulos através de outros desportos.
Antes da resposta a essa questão aproveitou para complementar as perguntas iniciais
onde indicou a humildade, a capacidade de observação e paciência, pois os resultados
imediatos, a curto prazo, podem ser inimigos do processo.
Retornando à pergunta inicial, o convidado utilizou a sua experiência para
explicar o seu ponto de vista. Referiu que já assistiu a jogadores que tiveram uma
especialização precoce e chegaram à alta competição e outros que não chegaram a
esse nível, e outros jogadores que tinham uma diversificação de estímulos onde alguns
foram jogadores profissionais e outros não atingiram esse patamar. Na opinião de Luís
Dias, a proibição por parte dos clubes em praticar outras modalidades para se dedicar
exclusivamente ao futebol, principalmente em idades precoces (12-13 anos) não faz
sentido, pois nem existe a certeza que serão jogadores no futuro.
O professor Ângelo Brito, interrogado sobre as carreiras dos jovens treinadores,
refere as suas preocupações com as ambições precoces de atingir o topo do futebol. O
principal objetivo de ser querer adquirir o maior e melhor conhecimento possível e
demostrar trabalho em que contexto for antes de exigir de imediato o contexto de elite.
Em uma segunda ronda de perguntas, João Tralhão volta a referir os valores
que o treinador de futebol deve incutir nos jovens pois estão num período critico para os
aprender. Nem todos os jogadores vão ser jogadores profissionais, mas todos os
jogadores vão ser cidadãos. Luís Martins acrescentou ainda que essa passagem de
valores não deve ser de exclusividade do treinador, mas também de toda a estrutura de
um clube através do projeto desportivo dos clubes.
Virando o tema, para as questões técnicas dos jogadores, foi debatido que os
jogadores portugueses não possuem só a parte técnica mas também outras valências
necessárias ao jogo, como o conhecimento do jogo. Todas as valências são de extrema
importância, e o jogador entende que depende muito de si própria para ter sucesso e
que a margem de erro é reduzida.
Por fim, a manipulação de variáveis foi abordada como ferramenta fundamental
para incutir criatividade aos jogadores. Essa manipulação não sendo bem feita e não
identificados os erros para posteriores correções fará com que o trabalho seja feito
constantemente sobre o errado. A perceção-ação deve ser estimulada no treino para
estimular essa mesma criatividade e inteligência no jogo de futebol.

Mesa 2

89
Na segunda mesa redonda, o tema relaciona-se com o tema ” Do exercício ao
modelo de jogo – relação simbiótica”. O painel desta mesa conta com imensa
experiência no futebol de alta competição suportado também pelo investigador da FMH
com uma perspetiva ecológica.
Primeiramente unido à primeira pergunta, na perspetiva de Tiago Fernandes, o
modelo de jogo deve existir para que haja um fio condutor e esse modelo deve ser
alicerçado não apenas no comportamento tático, mas em tudo o que o envolve, como
por exemplo a liderança. A condução do exercício terá impacto no modelo de jogo que
se pretende implementar. Não obstante da existência de um modelo de jogo, a
necessidade de adaptação ao contexto, quer seja ele da própria equipa ou provocado
pelo adversário deve ser tido em conta para ajustar algumas nuances para que se
adapte aos jogadores e ao que o contexto pede.
Na mesma linha de pensamento, o moderador cita Jorge Jesus para dizer
“primeiro vem o modelo de jogo, e só depois vem o sistema tático.” Com mote nesta
frase, Pedro Moreira relatou que pela sua experiência, as ideias de jogo são
inegociáveis. Contrastando um pouco com o preletor anterior, os jogadores são
trabalhados, com recurso ao exercício de treino para jogar da forma que o treinador
acredita ser a mais vantajosa. Para além disto, concorda que as questões de liderança
e logística como lidar com certos problemas, certas situações, certos jogadores, é
fundamental para o sucesso do treinador mesmo que o modelo de jogo seja ideal.
Seguidamente foi abordado o microciclo. Daúto Faquirá, proferiu que o contexto
que o treinador encontra condiciona a forma de pensar. A constante reflexão do
treinador é essencial e a experiência irá trazer maior sabedoria para o futuro. Referiu
como os treinadores anteriores que os aspetos extra exercício, como a comunicação,
forma de estar, gestão de conflitos entre outros, fazem toda a diferença no sucesso do
treinador no clube.
Em relação ao trabalho do microciclo, o treinador prefere trabalhar a organização
defensiva nos primeiros dias do microciclo, com maior volume ao longo do microciclo e
de forma recorrente ao longo da época pois sente que a menor execução desses
exercícios impacta negativamente os comportamentos e rotinas já adquiridos. Mais
tarde, Pedro Moreira deu o seu exemplo, especificando que os primeiros dias do
microciclo procura trabalhar concentrado no processo da sua equipa após análise do
que falhou no jogo. Ou seja, o treino é sempre consequência do que se passou no jogo.
O investigador Daniel Carrilho, trouxe a parte mais científica para o treino. Os
constrangimentos são fundamentais para levar o jogador a entender o que se pretende
através da recolha de informação do ambiente tendo em conta a sua perceção e
consequente ação. Ou seja, o processo, na perspetiva ecológica não é visto como um

90
acumular de informação do modelo de jogo mas sim um processo de afinação para o
mesmo.
A representatividade deve estar sempre presente, em todos os aspetos como a
relação jogador-treinador, relações jogador-jogadores, dinâmicas do jogo e não apenas
na representatividade da estrutura do exercício.
A seguir a este tema, e estando interligado, foi debatido como a teoria pode ser
passada para a prática. O treinador de futebol deve perceber todos esses conceitos
teóricos mas deve arranjar uma forma mais simples para passar a mensagens aos
jogadores, pois são eles que devem entendê-la, para poder aplicar no terreno. Existiu
alguma discórdia neste ponto, houve treinadores refletiram que o futebol não deve ser
tão complexo, com tantos conceitos teóricos e que a simplificação é o caminho.
À boleia do moderador, com a pergunta “quanto tempo demora a implementação
do modelo de jogo” foi discutido que essa aquisição de novos conteúdos é variável. O
contexto (facilidade dos jogadores em aprender, ideias do treinador, formas de liderar,
capacidade comunicacional) vai influenciar o tempo necessária para uma boa aquisição
do conteúdo passado pela equipa técnica. A janela de transferências é um fator que
impacta o mesmo, visto que o treinador pode contar com um novo jogador que se
encaixa melhor no seu modelo de jogo ou vice-versa, perdendo um dos pilares do seu
plantel.
Por fim, a questão da adaptabilidade do próprio treinador foi o último tema
abordado. Pedro Moreira refletiu sobre um exemplo que teve na sua experiência como
treinador-adjunto do Shakhtar, Donetsk onde o trabalho físico de forma analítica é muito
popular e contraria as ideias da equipa técnica de Paulo Fonseca. Levou a equipa a
praticar a suas ideias mas não o tendo feito de forma radical mas sim de forma gradual.
A adaptabilidade também se relaciona com a evolução do futebol onde o
treinador deve acompanhar as novas metodologias, as novas formas de estar dos
jogadores, as novas tecnologias trazem novos desafios e, desse modo, o treinador de
futebol para aumentar as suas chances de sucesso, deve saber adaptar-se a todas
essas mudanças. O conhecimento é a melhor ferramenta para enfrentar o desconhecido
e o que se encontra em constante mudança.

Mesa 3
A última mesa deste evento, mas não menos importante, guia-se pelo tema
“Operacionalização de um processo de treino”. Um painel de convidados com
experiências de relevo em contextos nacionais e internacionais suportados pelo
conhecimento científico e também prático do professor da FMH, Fernando Santos.
Vasco Faísca começou por referir que devido à sua falta de qualificações
académicas, suporta as suas ideias de jogo, exercícios de treino e todo o processo a

91
cargo de treinador na sua vida de jogador profissional anos antes de ingressar nesta
profissão. Assim, a experiência com os diversos treinadores de futebol com quem
contactou tornaram-se fundamentais, pois permitiu recolher certos aspetos de cada um,
gerando uma ideia para o jogo, à sua imagem.
Fernando Santos, questionado sobre se o jogador de futebol treina mais nos dias
atuais do que no passado, relata que hoje em dia existem mais ferramentas que
possibilita aos jogadores trabalhar mais e especialmente de forma mais eficiente. A
recuperação adequada permite também uma melhor disponibilidade para o jogo
competitivo, o que por consequência, aumenta a sua prestação em campo.
Mariano Barreto, reportou que o sucesso de treinador está muito dependente
não só do treinador, mas sim das equipas técnicas. O critério principal deveria ser a
competência e não na base de confiança. É preciso saber fundamentar as decisões aos
jogadores e mesmo dentro da própria equipa técnica para a evolução, aceitação e
eficiência no processo de treino, pois a principal função da equipa técnica é a otimização
do processo de treino.
Leonel Pontes, refere que é importante situar a questão “construir o modelo de
jogo dentro de uma equipa” no contexto. O contexto do clube, o timing de entrada do
treinador da equipa, o nível de qualidade dos jogadores, entre outros aspetos são
necessários de avaliação prévia para a operacionalização no treino e
consequentemente a implementação do “nosso” modelo de jogo.
Após a primeira ronda de perguntas, o tema da conversa foi desviando para as
novas alterações e possíveis futuras alterações no contexto competitivo devido à covid-
19 e formas de otimização do espetáculo desportivo. Abordou-se a alterações de 3 para
5 substituições, onde isto permite uma maior intensidade no jogo e no poder do treinador
em mexer no jogo. Pelos treinadores do painel é visto como algo como positivo, mesmo
devido a tendência cada vez maior da quantidade de jogos em menor período de tempo.
O evento terminou com a exploração de questões como as substituições
ilimitadas, os esquemas táticos de marcação com o pé, expulsão temporária e quais as
suas consequências para o jogo dessas medidas para o jogo e impacto no planeamento
de uma época desportiva e consequências no treino tanto para os treinadores como
para os jogadores.

5.4.2 Aspetos positivos e a melhorar na organização

O evento correu na sua maioria como planeado pela organização. Houve a


necessidade de substituir um preletor à última de hora, algo que foi prontamente
resolvido. Na perspetiva da organização o evento trouxe um acréscimo de conhecimento
a quem pôde assistir e dinamizou o nome da faculdade com evento deste tipo. A

92
avaliação final é muito positiva e fica a sensação que mais iniciativas como estas são
necessárias e também fazem crescer os alunos em aspetos que as disciplinas
académicas não aportam. Numa análise feita à posterior, ressaltam alguns aspetos que
gostaríamos de ter oportunidade de corrigir em eventos futuros.
Primeiro, a exposição dos preletores ser mais uma conversa em que todos
participassem ao invés de ser atribuído um tempo em que o orador fala continuamente
durante um largo período de tempo. Criar dinâmicas de comentários e troca de ideias
mais assertivas e curtas fomentando o envolvimento com o restante painel e mesmo
com o publico. Embora a organização ache que o mesmo deva ser proporcionado pelo
moderador convidado, poderia a organização no futuro optar por outro tipo de estratégia.
Seguidamente, o cumprimento de horários. É sempre muito difícil que tudo seja
no timing definido. Surgem sempre muitas variáveis como os presentes no auditório na
hora indicada para o começo, a pausa do coffee-break, transição de mesas e diversos
fatores. Apesar disso, é algo que pode ser melhorado no futuro pela experiência de
organização de eventos.
O som na sala não foi realmente dos melhores. Os microfones criavam algum
ruído que algumas vezes era desconfortável para quem assistia na sala. A transmissão
foi ainda amplamente mais afetada por esta questão, sendo o som muito estridente
apesar de todos os esforços da equipa da organização para corrigir esta situação algo
que não se tornou possível.
A criação de credenciais foi algo essencial para a identificação do staff da
organização e também foram criadas para os oradores. O que se verificou foi que os
oradores simplesmente arrumavam as credenciais e/ou os que as colocavam ao
pescoço, por inprint aos restantes convidados acabavam por não as usar, sendo assim
um recurso material inútil.
Por fim, a dinâmica de preenchimento de questionários poderia ser mais
eficiente. Talvez haver uma pausa específica para preenchimento dos questionários
poderia ser uma hipótese que aumentaria o número de feedback embora isso
acarretaria mais tempo de evento ou menor tempo de intervenção dos oradores, algo
que na perspetiva da organização não seria o mais sensato.

5.4.3 Questionário de avaliação

Tal como no treino, a avaliação da atividade que decorreu é essencial para retirar
conclusões e melhorar no futuro. Deste modo, foi criado um questionário de satisfação
para que o público que assistiu ao evento pudesse dar a sua perspetiva. Na sala foram

93
recortados e colados códigos QR Code com ligação direta ao questionário enquanto
que por sua vez, o link do mesmo foi disponibilizado e afixado na transmissão online.
Pela diferente perspetiva e sensação de assistir online ou presencialmente,
foram criados dois questionários distintos mas com conteúdo semelhante.
Assim, a primeira questão do questionário pedia a identificação da forma
assistida. Posteriormente à resposta, os avaliadores eram redirecionados para o
respetivo questionário.

Gráfico 1

Pergunta de seriação do método utilizado

Após esta seriação, a pergunta número 1 pedia para classificar o evento de 0 a


10.
No método presencial houve uma dispersão nas respostas obtidas, embora se
possa analisar que a maioria deu uma resposta positiva com 80% dos indivíduos a
assinalar com uma resposta de 7 ou superior. No método online o mesmo cenário
positivo assinalado com 8.

94
Gráfico 2

Avaliação da pergunta nº 1 do método presencial

Gráfico 3

Avaliação da pergunta nº 1 do método online

A segunda pergunta pedia para classificar, de 0 a 10, a qualidade do painel


convidado do evento.

95
Gráfico 4

Avaliação da pergunta nº 2 do método presencial

Gráfico 5

Avaliação da pergunta nº 2 do método online

No método presencial a três indivíduos da amostra selecionaram a nota máxima


contando com duas pessoas a dar nota 5 em 10. No método online a resposta foi de 9
em 10.

96
A partir da terceira pergunta as questões foram ajustadas ao método de
participação neste evento. A pergunta para quem assistiu presencialmente pedia a
avaliação, de 0 a 10, a qualidade de som, a facilidade de comunicações, os suportes
digitais e todos os apoios ao evento enquanto que para quem assistiu online a pergunta
foi “A transmissão e qualidade de som foi de encontro às suas expectativas?”.

Gráfico 6

Avaliação da pergunta nº 3 do método presencial

97
Gráfico 7

Avaliação da pergunta nº 3 do método online

A quarta pergunta pedia uma resposta binária, de sim ou não, sobre a qualidade
de perceção de perguntas feitas por quem assistia online.
No método presencial houve respostas de sim ou não embora não tenham sido
realizadas nenhuma pergunta via remota.

98
Gráfico 8

Avaliação da pergunta nº 4 do método presencial

Já no método online, a pergunta correspondente relacionava-se com a facilidade


de interação com os presentes no Salão Nobre, numa escala de 0-10. A resposta
registada foi de 9 em 10.

99
Gráfico 9

Avaliação da pergunta nº 4 do método online

Na quinta pergunta, interpelava de modo a saber se o local escolhido era o mais


adequado, com os apoios e meios necessários. A resposta foi de unanimidade da
amostra com resposta “sim”.

Gráfico 10

Avaliação da pergunta nº 5 do método presencial

100
Já no método online, a pergunta correspondente relacionava-se com a vista para
os convidados e suporte digital na tela de ecrã. A resposta registada foi “sim”.

Gráfico 11

Avaliação da pergunta nº 5 do método online

A partir desta parte do questionário as perguntas passam a ser comuns para os


dois métodos.
Na sexta pergunta, é pedido a avaliação em resposta binaria (sim ou não) se o
evento ajudou a adquirir novos conhecimentos e aprendizagens.

101
Gráfico 12

Avaliação da pergunta nº6 do método presencial

Gráfico 13

Avaliação da pergunta nº6 do método online

102
Na sétima pergunta, é pedido a avaliação em resposta binaria (sim ou não) se o
tempo para cada mesa foi ajustado.

Gráfico 14

Avaliação da pergunta nº 7 do método presencial

103
Gráfico 15

Avaliação da pergunta nº 7 do método online

Na oitava pergunta, é pedido a avaliação em resposta binaria (sim ou não) se os


temas desenvolvidos na sessão foram pertinentes. E se não, quais poderiam ser
abordados. A resposta dos dois métodos foi consensual na resposta “sim” e por isso
sem sugestões para outros temas a desenvolver.

Gráfico 16

Avaliação da pergunta nº 8 do método presencial

104
Gráfico 17

Avaliação da pergunta nº 8 do método online

Por fim e depois de os indivíduos terem refletido e respondido as questões


anteriores é pedida uma avaliação de 0 a 10, à organização do evento e seguidamente
de um espaço de escrita interpelando sobre o que pode ser melhorado em um evento
futuro.

105
Gráfico 18

Avaliação da pergunta nº 9 do método presencial

Gráfico 19

Avaliação da pergunta nº 9 do método online

Foram ainda registadas duas respostas como sugestões de melhoria. Os


comentários “Maior atenção ao cumprimento de horários/transição entre mesas” e
“apresentação de experiências profissionais de treinadores, em contexto desportivo”
ficam registados para melhoria no futuro.

106
Figura 29

Avaliação da pergunta nº 10 dos dois métodos

5.5. Conclusão
A criação deste evento teve vários objetivos. O primeiro objetivo, a difusão de
conhecimento para a comunidade seja ela estudantil ou externa à faculdade. Contar
com um painel de treinadores com muita experiência em contextos competitivos altos,
sustentados no conhecimento teórico foi a premissa base para a construção deste
evento.
Segundo, prendem-se com o know-how para organizar um evento, ou seja, o
planeamento. A necessidade de criar linhas orientadoras e delinear o processo surge
como um acréscimo à capacidade dos alunos em planear um projeto. O trabalho em
equipa foi fundamental para uma boa organização do evento e para isso as várias
reuniões entre alunos e partilha constante de avanços e recuos no projeto permitiu
adquirir experiência e conhecimento nesta área, algo que não é estimulado no percurso
académico de forma tão regular e que muitas das vezes surge como necessário nos
contextos profissionais.
Por último, mas não menos importantes, os últimos objetivos associam-se com
a execução, para além do planeamento. A dinâmica de preparar e imprimir credenciais,
criar questionário de satisfação, contactos e formas de divulgação, organização de
salas, coffee-break e lidar com as pessoas em prol do bom funcionamento do evento
surgem como uma mais-valia no currículo pessoal de cada aluno envolvido.
Em suma, o desafio de criar um evento de qualidade para a comunidade serve
o seu prepósito, mas também enriquece os alunos envolvidos na sua organização.

107
CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES

108
6. Conclusões Finais e Perspetivas Futuras

Após a cessação da temporada desportiva 2022/2023 e por consequência, o


culminar do processo de estágio, é possível fazer agora uma retrospetiva das escolhas
e experiências que este processo trouxe para o meu crescimento.
A época foi realizada na equipa da Associação Desportiva de Oeiras, no escalão
de sub-15. Foi o primeiro contato com uma equipa de futebol de 11 e o primeiro contexto
de participação em contextos nacionais, motivos pelos quais gerou imensas expetativas
positivas.
A equipa técnica foi fundamental neste processo uma vez que foi dada
autonomia de tarefas e participação direta nas tarefas de treino como o planeamento e
operacionalização do treino, sempre com um à vontade grande e motivação do staff.
Fazendo uma retrospetiva em relação aos objetivos pessoais, pode-se afirmar
que os mesmos foram cumpridos. A autonomia é algo fundamental para aprender, pois
a ensinar aprende-se mais rápido e com maior qualidade do que simplesmente a
assistir. Este processo de autonomia também criou problemas, que na teoria não
aparecem descritos. Foram estes os momentos em que enquanto treinador estagiário
senti que a evolução foi significativa, pois na dificuldade é que se encontra a evolução.
A partilha de opiniões e discussão para mudar exercícios, mudar dinâmicas de
treino, mudar a estrutura do treino e todas as componentes que puderam ser discutidas
no final do treino, foi algo muito importante tanto para o aperfeiçoamento do processo
de treino mas também para a evolução profissional de toda a equipa técnica.
As reuniões informais extra treino, também foram umas das partes mais
importantes para o enriquecimento pessoal e profissional. O percurso do treinador
principal em campeonatos profissionais, e inclusivamente de 1ª liga, foram
extremamente enriquecedores.
A gestão de vontades, egos, competitividade, agressividade e compromisso foi
realmente um bom desafio e percebeu a importância que a parte mental, para além do
técnico, tático e físico pode ter no desempenho individual e coletivo de uma equipa,
tanto pelo lado positivo como pelo lado negativo.
A condução de exercício foi outra componente que foi evoluindo com a
experiência de treino. O conteúdo teórico deve ter transfer para o treino e para a parte
prática e apenas a liderança dos exercícios pode trazer essa evolução. A gestão de
bolas, espaços do exercício e material também foi uma área que houve grande
progressão, assim como como na análise de jogo. Isto porque até aqui, o contato com
esta área foi única e exclusivamente de cariz académico. O transpor para o quotidiano
do clube tornou-se algo importante para o meu crescimento, melhorando o meu

109
conhecimento pelo jogo, eficiência na utilização de softwares e no processo de
apresentação da análise final.
Para além do processo de treino, e envolvimento nas dinâmicas do clube, a
criação do gabinete SAJ é motivo de orgulho, por trazer para o clube algo que é visto
como extrema importância, tanto para a evolução dos jogadores que se encontram no
clube como para a elevação da qualidade dos planteis e por consequência da
manutenção ou melhoramento dos quadros competitivos do clube.
Pertencente ao processo de estágio, mas realizado fora do clube, o evento da
relação com a comunidade, realizado na FMH com um grupo de aluno do mestrado em
treino desportivo, coadjuvados pelo professor orientador José Maria Pratas, foi uma
experiência gratificante e ficou um sentimento de repetição da experiência, pois é algo
muito positivo pra a comunidade e para quem organiza. Traz perspetivas de pessoas
com muita experiência no contexto desportivo, que já estiveram em grandes contextos
competitivos e fica a oportunidade de interação direta com esses intervenientes, o que
é algo crucial para uma aprendizagem mais eficiente.
Estes dois anos de estudo e ramo profissionalizante marcam um final de mais
uma etapa na minha vida. Foi uma experiência ótima, onde procurei mais e novo
conhecimento para contrastar ou completar ao conhecimento adquirido na Faculdade
de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra e a procura de
novos contextos desportivos, fora da zona de conforto para que houvesse uma
obrigação de transcendência.
Houve o convite para permanecer no clube mas por motivos pessoais mudarei
de local novamente, à procura de novas experiências e que as mesmas me possam
enriquecer da mesma forma ou melhor que esta descrita neste relatório.
Por fim, o principal foco será continuar a evoluir tanto recorrendo ao estado da
arte como acumular de experiências práticas distintas, melhorando como profissional
mas também como pessoa, num processo que é continuo ao longo da vida, procurando
sempre mais e melhor!

110
CAPÍTULO 7

BIBLIOGRAFIA

111
7. Referências bibliográficas

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