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ARQUITETURA HOSTIL E EXCLUSÃO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL

No “Jornal Mundial dos Pobres”, o Papa Francisco condenou a teorização e a construção de


uma arquitetura hostil para minimizar presença da camada mais pobre da população,
considerada, muitas vezes, indesejada nas ruas das cidades. Nesse sentido, tal prática de criar
elementos urbanos para evitar o uso público de determinados espaços e para segregar
indivíduos, especialmente, em situações de rua, é cada vez mais comum na realidade
contemporânea brasileira, de modo a intensificar a marginalização do grupo alvo. Logo, a falta
de debates eficazes e a má influência midiática servem de agravantes para a problemática.

O filósofo grego Sócrates trouxe, em sua filosofia, a importância do diálogo, de maneira a


evidenciar a troca de ideias. No entanto, a falta de conhecimentos, diante dos impactos
negativos, decorrentes da arquitetura hostil no Brasil, é consequência do silenciamento de
uma boa parte da população, visto que existe uma “lacuna” a respeito de temas considerados
tabus pela sociedade. Assim, a crítica carência de diálogo pode, alarmantemente, perpetuar a
exclusão social de grupos vulneráveis, de forma a acentuar os impactos negativos na saúde
mental, no senso de pertencimento e na qualidade de vida das pessoas afetadas.

Paralelo a isso, sociólogo francês Pierre Bourdieu afirmava que aquilo que foi criado para ser
instrumento de democracia não deveria ser convertido em mecanismo de opressão. Todavia, a
mídia, que deve servir de ferramenta democrática, inúmeras vezes, não trata com devida
importância e seriedade assuntos relevantes para o cenário social, como os desafios para lidar
com a arquitetura hostil no país, de feitio a distorcer ou a silenciar informações acerca do
conteúdo. Em suma, é grave a má divulgação de conhecimentos, pois é capaz de estimular a
normalização dessas práticas segregacionistas e, de levar a uma preocupante aceitação passiva
de tais processos por muitos cidadãos, tornando mais difícil buscar soluções inclusivas e
humanas para o design urbano.

Convém, portanto, à Mídia incentivar debates quanto à importância de combater a expansão


da arquitetura hostil, por meio das redes sociais de grande alcance, a exemplo de postagens
interativas e de rodas de conversa on-line, a fim de fortalecer o esclarecimento e a
participação cidadã contra a marginalização e a discriminação dos grupos menos favorecidos
utilizando projetos arquitetônicos desfavoráveis para sua vivência sana. Diante disso, é
fundamental que a comunidade reconheça a importância de enfrentar os desafios que a afeta,
de jeito a utilizar o discurso do Papa Francisco como base para promover um corpo social mais
inclusivo e justo, que valorize e que respeite a dignidade de todos os cidadãos.

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