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RESUMO
As áreas básicas, as disciplinas optativas, as disciplinas formadoras integrando-se às Professor Emérito da Faculdade de Medicina da
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ABSTRACT
Basic areas, the elective and forming subjects that are integrated to essential clinical
areas on a necessary trunk aim at the medical problem (the patient), resulting in a solid
and inseparable doctor-patient relation.
Key words: Education, Medical. Education, Medical, Undergraduate; Schools, Medical;
Curriculum; Human Resources Formation; Physician-Patient Relations.
introdução
Informação
Entre os pilares da formação do médico ela se lar). São disciplinas optativas, oferecidas a todos
destaca, sem fragmentos, pois o corpo é indivisível os alunos, em qualquer período ou ano, desde que
como a pessoa examinada. não haja requisito indispensável. O elenco será
Esses dados à luz da Fisiopatologia, da Anatomia variado e inumerável. Dependerá do objetivo do
Patológica, da Medicina-Legal, requintados por ações curso de graduação, da capacidade da escola, do
ontoéticas humanas e de saúde coletiva, fazem vín- número e qualidade de professores e da qualidade
culo perfeito entre o treinamento inicial na clínica e e preferência dos alunos. Carga horária e crédito
as cadeiras básicas. são pontos de importância secundária. Podem ter,
no entanto, a forma e a dinâmica que a matéria exi-
ge: curso, tópico, simpósio, exercício prático-oral,
Como caracterizar a reflexões sobre filosofia, erudição, religião, edu-
disciplina fisiopatológica cação... As optativas livres são disciplinas destina-
das a aumentar a flexibilização do curso. O aluno,
orientado, irá buscá-las fora da Faculdade ou da
Estimulando o raciocínio e a reflexão. Estes vêm Universidade, no sentido de enriquecer sua ânsia
do entendimento e da discussão conjunta (grupos de de melhor se formar.
discussão, painéis, sessões anatomoclínicas...) sobre Pode-se criar, também, mais fonte de aprendiza-
os aspectos morfoetiológicos, semânticos, patogêni- do. As raízes contrafortes ou a quinta parte da
cos, anatomopatológicos e clínicos. árvore. Se o aluno é bem aquinhoado, sedento de
Sobre o fundamental, reclamam-se várias áreas conhecimentos mais profundos e tem garra, poderá
que suprem, acrescentam ou enriquecem os conhe- desenvolver mais estudos nessas raízes. Elas se apli-
cimentos fundamentais. São as disciplinas optativas cam mais às áreas fundamentais. Podem ser optati-
e livres, representadas pelas raízes adventícias, ou a vas livres (Figura 2).
quarta parte da árvore. Ao lado do currículo mínimo (nuclear) poderá ha-
Raízes adventícias circundam o tronco e a copa ver duas possibilidades. Discussão com o orientador
para lhes dar sustentação. Nelas se incluem todas sobre a necessidade de cumprir rigorosamente o cur-
as disciplinas que vão completar o conhecimento rículo proposto ou acrescentar ou modificar discipli-
individual (cada um terá a sua preferência particu- nas que ele julgue necessário à formação do aluno.
Ações de
Áreas Básicas
Cir
urg
Saúde
ia
Clí
Ge
nic
aM
ral
éd
ica
Disciplinas Optativas Obste Paciente
trícia
Problemas Médicos
- Gine
colog
ia
ia
Patolog dica
m â n ti ca Mé
Se tologia
Disciplinas Formadoras Fisiopa ca Médico
Ontoéti gal
a Le
Medicin
l
tria
enta
dia
de M
Optativas Livres
Pe
Urgência
Saú
Figura 2 - Toda a ação durante o curso devera ter um só objetivo: fazer do problema médico (paciente) uma
relação estreita de toques e cuidado.
O Colegiado apreciará as propostas para adequar à mas desprovido de sentido humanitário. Neste, ele
exigência administrativa competente. caminha em busca mais de uma atitude de carinho,
Com isso ficam informados: o aluno de porte cuidado e toque físico do que da aplicação do mais
intelectual mediano, o de nível superior e o extra- requintado método propedêutico ou terapêutico.
ordinário ou superdotado. Teríamos, então, todos os Quando se trata de um ato médico, a técnica é
médicos aptos para o exercício clínico no sistema cumprida a rigor e o resultado é excelente. A Internet
de saúde para atender ao prevalente, ao comum e resolve esse problema. Ocorre que o sujeito da ação,
ao simples. Daqueles, teríamos moços mais bem- além de corpo, tem sensibilidade, afeição, mente e
-informados para seguirem na residência, na pós- alma. Essas características do ser humano não se sa-
-graduação senso estrito e nos voos mais altos do tisfazem com a máquina. Locupletam-se, isto sim, com
conhecimento médico. o toque físico do médico, sua palavra, seu cavalheiris-
E o paciente? Coloca-se nessa composição como mo, sua lhaneza, sua atenção, seu carinho, sua bonda-
o sujeito-alvo do esforço de todos. O que ele, real- de, seu desprendimento, sua disponibilidade e até, se
mente, nos pede? A resolução de seus problemas. me permitem, com sua caridade e postura sacerdotal.
Problemas sempre decorrentes de desordens físicas, São qualidades adquiridas em três fontes: no
mentais, espirituais e afetivas. berço paterno; no exemplo de superiores que são es-
Não adianta somente informar. Resolver-se-ia pe- pelhos humanos; e na convivência. O berço já está
quena parte da demanda dos pacientes. Às outras ne- estabelecido. Pode ser burilado. O exemplo se obtém
cessidades só se atende com a formação do médico. na enfermaria, no ambulatório, no laboratório e nas
O médico dotado de conhecimentos técnicos (currí- salas de aula e operatória.
culo), morais, éticos, bioéticos, filosóficos, religiosos A convivência exige três ramos indispensáveis:
e humanísticos (Figura 3). entre colegas, entre alunos-professores e entre alu-
nos-pacientes.
Integração Onde os dois primeiros poderiam participar, usu-
fruir e incorporar as qualidades para o exercício ple-
no da Medicina, ou seja, o técnico e o humanista?
Transformação
Disciplinas Disciplinas
das Áreas Optativas Num centro de convivência (Figura 4).
Básicas Livres
O curso de Medicina, então, teria a seguinte es-
Transformação Transformação
Informação Formação trutura:
■■ cadeiras básicas;
Transformação
Artes Cênicas Artes Plásticas Música Poesia Espiritualidade Partilha Atualidades, Realidade Social
Qualquer escola, por mais simples que seja, pode transferido para o aluno e professor para que, juntos
dedicar parte de seus recursos e de sua área para no ambulatório e na enfermaria, possam ouvir, exami-
um centro de convivência onde aluno e professor nar, observar e acompanhar o seu paciente. Sem horá-
tenham tempo para aprender, discutir ou sentir o as- rio. Sem correrias. Sem interrupções para cumprir es-
pecto mais nobre do médico, que é a atitude no re- calas de aulas que nada acrescentam ao exercício da
lacionamento humano. A técnica não propicia essa atitude, mas, repito, impõem ciência e conhecimento
oportunidade. A língua portuguesa, a literatura, a num só sentido. Do professor para o aluno. Nunca o
poesia, a arte plástica, a arte cênica, a música, a his- contrário. Muito menos para o paciente.
tória, a filosofia, a religião, a partilha, o esporte, outra Desse exercício nasce a convivência. A realizada
língua... dão aos convivas o desafio para crescerem a três, aluno-professor-paciente, ou a dois, aluno-pa-
no holicismo. Essa visão global nos levaria para o ciente, nos intervalos em que o professor não pode
transcendente, a imaginação, a criação e a heurística. ser definido e enquadrado. Não pode, no entanto, ser
Há que se reservar horário para esse investimento limitado ou contido quando se trata de formar uma
intelectual e espiritual. Ele será retirado da corrida consciência que maneja um ser humano. Exerce-se,
maluca em busca de créditos e de disciplinas que antes da técnica, a humanização das atitudes. Antes
assoberbam os alunos e os fazem mais tecnocratas. do eficaz uso da máquina, o esquadrinhamento da
As disciplinas, quanto mais desdobradas e mais pro- Ontoética. A ética do ser. O ser humano, vive, sen-
fundas, mais insaciáveis se tornam. O aluno é o alvo te, adoece, carece, solicita, espera o resultado no
porque tem campo fértil, está por conta, é crédulo, é atendimento, que não foge à regra da atitude sempre
receptivo e incorpora tudo com facilidade. superior ao ato. Este se exerce facilmente com con-
É preciso haver tempo de sobra, ocioso, sem dis- senso pleno, se aquela é bem-dirigida, bem-aplicada
ciplinas, sem créditos, sem avaliações, para que o e bem-aceita pelo ser humano. É a ética do ser.
aluno possa conviver, pensar, refletir, discutir e fazer A avaliação é feita pelo professor que observa o
lazer no ambiente da Faculdade desempenho e o progresso do aluno na formação
No centro de convivência não haveria ciência e na atitude. A avaliação é feita, sobretudo, pelo pa-
pura. Haveria ciência aplicada. O requinte seria o cul- ciente, que passa a reconhecer no aluno um aliado,
to à oportunidade para conversar, ouvir, sobretudo, e um amigo, um prosélito. A avaliação inicia-se com
raciocinar sobre os desafios do comportamento hu- um ponto positivo e sem retorno quando o pacien-
mano entre pacientes e médicos. te inicia o reconhecimento do aluno pelo seu nome.
Esse tempo precioso, retirado das salas de aula, Está estabelecido o pacto ou o contrato feito.
das demonstrações de experiências e de conheci- Daí em diante, a ciência poderá ser imposta sem li-
mentos, às vezes numa autoafirmação sem conta, será mites, até para obterem-se o diagnóstico e a terapêutica.