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POR QUE NÃO FALAMOS LÍNGUAS ESTRANHAS?

PARTE II
No versículo 4 de Atos 2, recebemos a informação de que todos os presentes
foram “cheios do Espírito Santo”. Isso não significa que eles começaram a se tremer
como se estivessem recebendo uma descarga elétrica. Até porque, em nenhuma outra
situação em que a Bíblia afirma que alguém foi “cheio do Espírito Santo” somos
informados acerca de tremedeiras, respirações mais fortes ou coisas do gênero. Na
verdade, o que Pedro faz, em Atos 4.8-13, ao ser cheio do “Espírito Santo”, é falar com
ousadia e autoridade sobre o Evangelho de Jesus Cristo.
Ser cheio do “Espírito Santo” é render-se ao domínio do Espírito de Deus.
Contudo, isso não tem nada a ver com transe ou êxtase, mas diz respeito à obediência
natural à vontade do Senhor. De modo que, ainda que possamos ser mortos ou
espancados, preferimos obedecer a Deus (Atos 5.29). Apesar disso, é necessário frisar
que, o enchimento do Espírito também visa à capacitação para o exercício de um
ministério específico, como foi o caso de João Batista (Lucas 1.15-17), que foi “cheio
do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe” para poder proclamar a Palavra de Deus às
multidões. Por outro lado, há ocasiões nas Escrituras nas quais um indivíduo é cheio do
Espírito Santo para a realização de uma tarefa imediata. Zacarias, pai de João Batista,
por exemplo, foi preenchido pelo Espírito antes de profetizar, ainda que seu ofício fosse
de sacerdote, e não de profeta (Lucas 1.67-79). Isto é, Zacarias foi capacitado só para
aquele momento.
Mas será que ser “cheio do Espírito Santo” é o mesmo que falar línguas? Antes
de responder a essa pergunta, é preciso saber que tipo de línguas foram faladas pelos
discípulos. Será que foram “estranhas”? É claro que não! O texto diz que eles
“começaram a falar em outras línguas”, não em línguas estranhas. Nos versículos
seguintes fica bem claro que as línguas faladas no dia de pentecostes eram humanas,
idiomáticas, tais como o grego e o hebraico. Tanto, que o texto afirma claramente que
“cada um os ouvia falar na sua própria língua” (Atos 2.6).
Eles não estavam falando “línguas dos anjos”, haja vista que tais línguas não
existem. Afinal de contas, a língua (o idioma) só é conhecida quando as cordas vocais
do indivíduo vibram e essa vibração é transmitida às moléculas do ar, chegando aos
ouvidos de outra pessoa. Diante disso, eu pergunto: anjo tem cordas vocais? A Bíblia
diz que eles são “ESPÍRITOS ministradores” (Hebreus 1.13,14). Ora, como o próprio
Jesus disse, “um espírito não tem carne nem ossos” (Lucas 24.39). Logo, não tem
também cordas vocais. Como os anjos se comunicam entre si, então? Não sei. Só sei
que não é da mesma forma que nós, pois são espíritos. Por isso, concluímos facilmente
que, em 1Coríntios 13.1 Paulo fala de impossibilidades. Porquanto, assim como
ninguém pode falar todas as línguas dos homens, conforme ele declara no texto citado,
não há quem possa falar as línguas dos anjos. Ele está dizendo que, mesmo que alguém
conseguisse fazer o impossível, se tal atitude não fosse motivada pelo amor, não valeria
de nada.

Continua no próximo boletim


Pr. Cremilson Meirelles

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