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Revisão

1 Se f (x ) = Q(x )
P(x ) onde P e Q são polinômios e se P(xo ) 6= 0,
então f é analı́tica em xo e o raio de convergência da sua
série de Taylor em torno de xo é a distância de xo à raiz de
P(x ) mais próxima de xo . Ou seja,

r = min{|z1 − xo |, . . . , |zk − xo |}
onde z1 , . . . , zk são as raı́zes (podendo estas serem complexas) de
P(x ). Ou seja, dentro do disco |z − xo | < r no plano complexo
não pode ter raiz de P.
Por exemplo, se

x3 + 1
f (x ) = ,
(x 2 − 2x + 2)(x − 3)

então P(x ) = (x 2 − 2x + 2)(x − 3). Como P(0) = −12 6= 0, então


é analı́tica em xo = 0. Note que P(x ) = 0 se, e somente se,

x 2 − 2x + 2 = 0 ou x − 3 = 0 ⇐⇒ z1 = 1 + i, z2 = 1 − i, z3 = 3.

Logo o raio de converência da série de Taylor de f em torno de


xo = 0 é dada por
√ √ √
r = min{|1 + i − 0|, |1 − i − 0|, | − 3 − 0|} = min{ 2, 2, 3} = 2

(na figura seguinte mostramos estas raı́zes no plano complexo.)


Figura: As raı́zes de P(x ) no plano complexo.

Exercı́cio
Qual o raio de convergência da série de Taylor de f acima em
torno de xo = 2?
Teorema
Se xo for um ponto ordinário de

y 00 + p(x )y 0 + q(x )y = g(x ) (1)

então a solução desta equação é da forma



X
y (x ) = an (x − xo )n = ao y1 (x ) + a1 y2 (x ) + Y (x ),
n=0

onde os coeficientes ao e a1 são arbitrários, y1 e y2 são soluções em


séries analı́ticas da equação homogênea associada a (1) e Y (x ) é
uma solução particular em série e analı́tica da equação (1). Além
disso, os raios de convergências de y1 , y2 e Y (x ) são pelo menos
tão grandes quanto pelo menos o menor dos raios de convergências
de p, q e g.
E muitas situações a equação diferencial será da forma

P(x )y 00 + Q(x )y 0 + R(x )y = W (x ),

onde P, Q, R e W são polinômios. Ao colocarmos na forma (1)


temos
Q(x ) 0 R(x ) W (x )
y 00 + y + y= .
P(x ) P(x ) P(x )

Logo, se P(xo ) 6= 0, então xo será um ponto ordinário da equação


diferencial acima e o raio de convergência da sua solução em série
em torno de xo será pelo menos

min{|z1 − xo |, . . . , |zk − xo |},

onde z1 , . . . , zk são as raı́zes de P(x ). Por quê?


Exercı́cio
Encontre uma cota inferior para o raio de convergência da solução
em série da equação diferencial dada em torno de xo .
1 y 00 + (1 + x 2 )y 0 + (cosx ) y = 0, xo = −1.
2 (x 2 − 2x − 3)y 00 + x 2 y 0 + xy = 0, xo = 6, xo = 0.
3 (x 2 − 1)(x 2 + 2x + 4)y 00 + xy 0 + y = 0, xo = 1/2, xo = −4.

Resolução de (3). Note que esta equação é da forma

P(x )y 00 + Q(x )y 0 + R(x )y = 0

onde P, Q, R são polinômios. Portanto, se P(xo ) 6= 0, então xo é


um ponto ordinário da equação. Além disso, o raio de convergência
da solução em série em torno de xo será pelo menos

min{|z1 − xo |, . . . , |zk − xo |},

onde z1 , . . . , zk são as raı́zes de P.


Note que

P(x ) = 0 ⇐⇒ x 2 − 1 = 0 ou x 2 + 2x + 4 = 0,

ou seja, se
√ √
x1 = 1, x2 = −1, x3 = −1 + i 3 ou x4 = −1 − i 3.

Se xo = 1/2, então
√ √
min{| − 1 − 1/2|, |1 − 1/2|, | − 1 − i 3 − 1/2|, | − 1 + i 3 − 1/2|}

é igual a
√ √
min{3/2, 1/2, 21/2, 21/2} = 1/2.

Portanto, o raio de convergência da solução em séries em torno de


xo = 1/2 é pelo menos 1/2, veja a figura seguinte. E se xo = −4?
Figura: As raı́zes de P(x ) e xo = 1/2 no plano complexo.
Produto de séries

∞ ∞
! !
X X
n n
an (x − xo ) bn (x − xo )
n=0 n=0
= (ao + a1 (x − xo ) + a2 (x − xo )2 + . . .)
× (bo + b1 (x − xo ) + b2 (x − xo )2 + . . .)
= ao bo + (ao b1 + a1 bo )(x − xo ) + (ao b2 + a1 b1 + a2 bo )(x − xo )2
+...
∞ n
!
X X
= am bn−m (x − xo )n .
n=0 m=0
Exercı́cio
Encontre os primeiros quadro termos não nulos de cada uma das
funções y1 e y2 em torno de xo = 0.
1 y 00 + (sin x )y = 0.
2 e −x y 00 + ln(x + 1) y 0 − xy = 0.

Resolução (1). Queremos resolver

y 00 = −(sin x ) y .

X
y= an x n = ao +a1 x +a2 x 2 +a3 x 3 +a4 x 4 +a5 x 5 +a6 x 6 +a7 x 7 +. . .
n=0
00
y = 2a2 +6a3 x +12a4 x 2 +20a5 x 3 +30a6 x 4 +42a7 x 5 +56a8 x 6 +. . .
(sin x ) y
!
x3 x5 x7
= x− + − + ...
6 120 5040
 
× ao + a1 x + a 2 x 2 + a3 x 3 + a4 x 4 + a 5 x 5 + a6 x 6 + a7 x 7 + . . .
= ao x + a1 x 2 + (a2 − ao /6)x 3 + (a3 − a1 /6)x 4
(a4 − a2 /6 + ao /120)x 5 + (a5 − a3 /6 + a1 /120)x 6
+(a6 − a4 /6 + a2 /120 − ao /5040)x 7 + . . .

Portanto, devemos ter

2a2 + 6a3 x + 12a4 x 2 + 20a5 x 3 + 30a6 x 4 + 42a7 x 5 + 56a8 x 6 + . . .


= −ao x − a1 x 2 − (a2 − ao /6)x 3 − (a3 − a1 /6)x 4
−(a4 − a2 /6 + ao /120)x 5 − (a5 − a3 /6 + a1 /120)x 6
−(a6 − a4 /6 + a2 /120 − ao /5040)x 7 + . . .
Portanto,

2a2 = 0
6a3 = −ao
12a4 = −a1
20a5 = −a2 + ao /6
30a6 = −a3 + a1 /6
42a7 = −a5 + a3 /6 − a1 /120
56a8 = −a5 + a3 /6 − a1 /120
..
.

Logo, expressando em termos de a0 e a1 , temos

a2 = 0, a3 = −ao /6, a4 = −a1 /12, a5 = −ao /120, a6 = (a0 −a1 )/180, . . .


Logo,
 
y = a0 1 − x 3 /6 + x 5 /120 − x 6 /180 + . . .
 
+a1 x − x 3 /6 − x 4 /12 + x 6 /180 + . . .

Favor conferir as contas!!


Para resolver o exercı́cio seguinte, lembre que

(−1)n n
e −x =
X
x , x ∈R
n=0
n!


X (−1)n n+1
ln(1 + x ) = x , |x | < 1.
n=0
n+1
Outra alternativa para solução deste exercı́cio. Se

X
y= an x n
n=0

então
y (n) (0)
an = .
n!
A partir da equação

y 00 = −(sin x ) y =⇒ y 00 (0) = 0,

podemos obter as derivadas y (n) (0).

y 000 = − cos x y − sin x y 0


0000
y = − sin x y − 2 cos x y 0 − sin x y 00
y (5) = cos x y + 3 sin x y 0 − 3 cos x y 00 − sin x y 000
y (6) = − sin x y + 4 cos x y 0 + 6 sin x y 00 − 4 cos x y 000 − sin x y 0000 .
..
.
Portanto,
a0
y 000 (0) = −y (0) = −a0 =⇒ a3 = −
6
0000 0 a1
y (0) = −2y (0) = −2a1 =⇒ a4 = −
12
(5) a0
y (0) = −y (0) = a0 =⇒ a5 =
120
(6) 0 000 2a0
y (0) = 4y − 4y (0) = 4a1 −
3
a1 a0
=⇒ a6 = −
180 1080
..
.
Aula 18 - Revisão do método de série de potências
Revisão

Favor conferir as contas!!!

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