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Tourism & Management Studies, 10(2) (2014)

Influência dos intermediários de distribuição de produtos turísticos no processo


de decisão do meio de hospedagem pelo consumidor
The influence of distribution intermediaries of tourist products in the decision-making process of
hosting services by the consumer

George Anderson de Oliveira Gosson


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Administraçã o, Praiamar Empreendimentos Turísticos Ltda,
Rua Francisco Gurgel, 33, Ponta Negra, Natal-RN, Brasil, CEP 59090-050, comercial@praiamarnatal.com.br

Maria Valéria Araújo Pereira de Araújo


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Administraçã o, BR 101, Sem nú mero - Lagoa Nova - Campus
Universitá rio. Natal (RN) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, valeriaraujoufpb@gmail.com

Patricia Whebber Souza de Oliveira


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Administraçã o, BR 101, Sem nú mero - Lagoa Nova - Campus
Universitá rio. Natal (RN) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, patriciawhebber@gmail.com

Afranio Galdino de Araújo


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Administraçã o, BR 101, Sem nú mero - Lagoa Nova - Campus
Universitá rio. Natal (RN) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Brasil, afranioga@gmail.com

Mauro Lemuel Alexandre


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Turismo, BR 101, Sem nú mero - Lagoa Nova - Campus
Universitá rio. Natal (RN) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, mauro_alx@yahoo.com.br

Resumo
Abstract
O presente artigo trata do complexo processo de decisã o do
This article discusses the complex process of consumer decision in
consumidor de serviços de hospedagem frente aos canais de
hosting services related to the tourism distribution channels. The
distribuiçã o do turismo. A pesquisa objetiva é descrever o nível de
research is aimed at describing the level of influence of the
influência dos intermediá rios de distribuiçã o de produtos turísticos
distribution intermediaries of tourism products on the choice of
exercida sobre a escolha do meio de hospedagem pelo consumidor.
means of accommodation by the consumer. The data was collected
A coleta ocorreu atravé s da aplicaçã o de trezentos questioná rios a
through application of questionnaires to three hundred Brazilian
turistas brasileiros, hospedados em dezenove hoté is de Natal, Rio
tourists, staying in nineteen hotels in Natal, Rio Grande do Norte,
Grande do Norte, Brasil. Os resultados caracterizaram o perfil dos
Brazil. The results characterized the profile of consumers of hosting
consumidores de serviços de hospedagem, além de identificar os
services and identified the distribution channels used by them. It
canais de distribuição por eles utilizados. Verificou-se ainda a
was also found the influence of intermediaries on consumers when
influência dos intermediá rios sobre os consumidores na escolha do
choosing means of accommodation, trying to identify causal
meio de hospedagem, buscando identificar relaçõ es causais entre esta
relationship between this influence and the consumer
influência e as características do consumidor. Constatou-se que as
characteristics. It was observed that the information about lodging
informaçõ es sobre os meios de hospedagem disponíveis na internet
facilities available on the Internet reduce the likelihood that this
reduzem a probabilidade de que esta influê ncia seja exercida,
influence is exercised; however, consumers consider this
entretanto os consumidores consideram estas informaçõ es
information supplementary, and not a substitute to the one
complementares e nã o substitutas àquelas fornecidas pelos
provided by intermediaries.
intermediários.

Palavras-chave: Serviços, turismo, canais de distribuiçã o, Keywords: Services, tourism, distribution channels, consumer.
consumidor.

1. Introdução
algumas á reas principais, dentre elas, as férias. Por outro
A decisã o de compra do consumidor na seleçã o dos destinos lado, estudos de Limberger, Anjos, Meira & Anjos (2014)
turísticos, considerando a evoluçã o tecnoló gica e o apontam as mudanças de ordem estrutural, relacionados à
dinamismo de mercado convive com uma série de forma como a mídia social mudou a forma como as
mudanças na sua forma comportamental e estrutural, organizaçõ es se relacionam com os turistas e a maneira em
nesses ú ltimos anos. De um lado, percebemos a influencia que os turistas fortalecem a comunicaçã o "boca-a-boca",
que alguns segmentos possuem nesse processo, e do outro, com informaçõ es ú teis para outros turistas, podendo ajudar
a forma com os relacionamentos e os processos de negó cios os gestores a compreenderem melhor a dinâ mica da
se desencadeiam e geram resultados. Dados de uma indú stria.
pesquisa realizada por McNeal & Yeh (2003) apud Tiago &
Nesse contexto de dinamismo, especificamente à distribuiçã o,
Tiago (2013) destacam que pessoas jovens possuem grande
torna-se, cada vez mais, um conjunto de decisõ es gerenciais
influencia nas famílias, nas suas decisõ es de compras em
críticas para a competitividade e lucratividade das
1
organizaçõ es e destinos turísticos (Buhalis, 2001; Laws
&

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Buhalis, 2001). Sua importâ ncia para as organizaçõ es


pelo consumidor? Para isso, faz-se necessá rio: caracterizar
turísticas decorre de características peculiares de seus
os consumidores de produtos turísticos; identificar os
produtos como intangibilidade, perecibilidade, e
canais de distribuiçã o, por eles utilizados; medir os níveis
principalmente, o fato de nã o compreender o transporte do
de influência exercidos pelos intermediá rios no processo de
produto até o consumidor. Estas características fazem com
escolha de hotel pelos consumidores; verificar se a
que a matéria-prima deste processo se resuma em
disponibilidade de informaçõ es na internet contribui para a
informaçã o, que é o objeto transacionado e distribuído
reduçã o do nível de influência do intermediá rio; identificar
através dos atores que compõ em os canais de distribuiçã o,
fatores que condicionam esta influência e identificar
figurando com grande importâ ncia e como a força vital do
funçõ es que discriminem a escolha por determinado canal
turismo (O’Connor, 2001).
de distribuiçã o.
Neste contexto, os intermediá rios turísticos têm como
2. Canais de distribuição do turismo
principal funçã o disponibilizar os serviços fornecidos pelos
provedores primá rios aos consumidores finais, através da O termo canal de distribuiçã o é associado à idéia de uma
venda individual de cada um desses produtos ou através de rota ou caminho pelo qual os produtos manufaturados sã o
pacotes que incluem alguns destes serviços. conduzidos desde o produtor até o consumidor final, ou
ainda associado a uma visã o com ênfase na transferência de
Complementam este cenário as intensas mudanças
propriedade dos bens à medida que eles passam de uma
estruturais que estã o ocorrendo nos canais de distribuiçã o
organizaçã o à outra. Em setores de serviços, como o
do turismo, especialmente, os fenô menos da
turismo, a transferência de propriedade do bem distribuído
desintermediaçã o e da verticalização, decorrentes da
nã o ocorre, já que os fluxos existentes nestes canais de
evolução do comércio eletrô nico e do aumento da
distribuiçã o sã o transaçõ es financeiras e principalmente
disponibilidade de informaçõ es sobre os produtos turísticos
transferência de informaçã o, no lugar de movimentos de
na internet. Uma vez que é a informaçã o o objeto
produtos vendidos (Laws, 2001). Soma-se a isso ser um dos
transacionado e distribuído entre os atores que compõ em
grandes desafios encontrados pelos gestores das
os canais de distribuiçã o do turismo, pode-se deduzir que a
organizaçõ es do turismo, dispor seus produtos de forma
evoluçã o da tecnologia da informaçã o os impactará
acessível ao cliente final.
diretamente. Desta forma, é possível inferir que o poder dos
intermediários turísticos tende a diminuir. Coughlan, Anderson, Stern & El-Ansary (2002), destacam
que um canal de marketing é um aglomerado de
E o consumidor, como fica no meio desse contexto? Daí
organizaçõ es interdependentes envolvidas no processo de
emerge o ponto chave deste artigo: a influência destes
oferecer as condiçõ es de disponibilidade de um produto ou
atores no processo de decisã o do consumidor. Esse pú blico-
serviço para uso ou consumo. Sã o muitas entidades
alvo desenvolverá vá rios processos decisó rios antes e
envolvidas na atividade de movimentaçã o de produtos e
durante sua experiência turística. Decidirá sobre
serviços do canal, entendendo assim que cada um destes
destinaçã o, sobre meios de transporte e hospedagem, sobre
membros depende um dos outros.
passeios, sobre período e duraçã o da viagem, entre outras
tantas decisõ es. Este artigo aborda um destes processos de Lohmann (2006) que faz um levantamento da literatura em
decisã o: a escolha do meio de hospedagem. turismo sobre canais de distribuiçã o, demarcando o período
de 1993 a 2005. Pode-se ver que a ênfase tem sido dada na
Diante do que foi abordado, o presente artigo procura
pesquisa sobre como as novas formas de tecnologia, como a
concentrar-se em um dos aspectos essenciais nesta
internet, têm impactado nos distribuidores mais
temá tica, respondendo e compreendendo o seguinte
tradicionais ou focado em determinados distribuidores e
problema de pesquisa: Qual a influência exercida pelos
fornecedores, notadamente hotéis, conforme grá fico 1.
intermediá rios de canais de distribuiçã o de produtos
turísticos no processo de decisã o do meio de hospedagem

Gráfico 1 - Tópicos sobre canais de distribuição na literatura sobre turismo

3
Fonte - Elaborado a partir de Lohmann, 2006.

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O autor destaca que apesar de sua relevâ ncia estratégica e


sã o todos fatores importantes para o usuá rio final a que se
do seu potencial para servir como uma estrutura analítica e
destina o produto (Coughlan et al., 2002).
conceitual, a pesquisa em canais de distribuiçã o no turismo
é um fenô meno relativamente recente e a literatura No turismo, de acordo com Cooper, Fletcher, Gilbert,
encontra-se, de certa forma, desfragmentada. Wanhill & Shepherd (2001), o papel dos intermediá rios é
fazer a ligaçã o entre compradores, interessados em adquirir
Nos anos posteriores a 2005, pode-se identificar a pesquisa
e vendedores, interessados em oferecer serviços, seja para
de Morais (2006) que aborda a distribuiçã o eletrô nica dos
criar mercados nos quais eles nã o existiam, seja para tornar
hotéis do Rio de Janeiro. Nos anos recentes, a distribuiçã o
mais eficientes os mercados que já existem e, assim,
se tornou um tó pico mais relevante por um certo nú mero
expandi-los.
de razõ es, incluindo: a crescente tendência de integraçã o
vertical, através da qual as operadoras turísticas têm A estrutura dos canais de distribuiçã o do turismo é bastante
comprado agências de viagens para reforçar sua posiçã o no flexível, uma vez que as funçõ es que cada um dos
mercado; o crescente papel da internet como um meio de intermediá rios desempenha nã o sã o tã o claras como podem
distribuiçã o de produtos turísticos; a crescente sofisticaçã o parecer. Primeiro porque os consumidores podem acessar
dos sistemas computadorizados de reservas e o os produtos turísticos através de vá rios canais disponíveis,
crescimento dos Global Distribution Systems (GDS) e a como o canal direto e outros que fazem uso de um ou mais
crescente tendência do marketing direto e da reduçã o do intermediá rios. Segundo porque, o consumidor pode
uso dos intermediá rios. contratar um serviço individualmente, ou “empacotado”.
Terceiro devido ao fato de que, na distribuiçã o do turismo,
Dentre as dinâ micas inter-organizacionais dos canais de
alguns intermediá rios podem atuar tanto no papel de
distribuiçã o, é importante observar aquela de que esta
varejistas, como no papel de atacadistas.
pesquisa trata, do poder e da influência entre os
intermediá rios e os consumidores. Segundo Coughlan et al. As agências de viagens sã o os intermediá rios mais
(2002) o poder significa a capacidade que um membro de tradicionais da atividade turística, atuando nos canais de
canal (A) tem de conseguir que outro membro de canal (B) distribuiçã o principalmente como varejistas e atendendo
exerça alguma açã o que de outro modo ele nã o faria. diretamente os consumidores (Organizaçã o Mundial do
Simplificando, poder é o potencial para influenciar. Tanto os Turismo, 2003).
consumidores, quanto os intermediá rios, sã o membros do
Diversas mudanças estruturais em curso nos canais de
canal, sendo sujeitos ao potencial de influência que os
distribuiçã o do turismo afetam o desempenho e a
intermediá rios já possuem.
lucratividade das agências de viagens. Provavelmente, as
Nessa perspectiva, Rosenbloom (1995 apud Ujma, 2001) mais críticas consistam nas integraçõ es verticais e
define poder como as condiçõ es de um membro de um canal horizontais, que reestrutura a distribuiçã o de poder e
específico controlar ou influenciar o comportamento de aumenta a ocorrência de conflitos dentro dos canais de
outro membro de canal. distribuiçã o do turismo. (Buhalis, 2001).

Swarbrooke & Horner (2002) destacam esta influência dos As operadoras de turismo atuam como intermediá rios dos
intermediá rios dos canais de distribuiçã o do turismo. Para canais de distribuiçã o, operando na elaboraçã o de seus
os autores, muitas vezes é o varejista que exerce a pró prios produtos. O conteú do destes pode ser muito
influência mais forte sobre o consumidor em suas decisõ es diversificado, incluindo itinerá rios turísticos, combinados
de compra, tendo o agente de viagens que atua no varejo transporte-alojamento, estadas, viagens com tudo incluído,
um papel fundamental em favor dos interesses da especializaçã o em destinos, especializaçã o em produtos
operadora de pacotes de férias. (turismo de neve, golfe), especializaçã o em segmentos de
demanda (viagens de nú pcias, terceira idade), e cruzeiros. O
Buhalis (2001) ressalta que a posiçã o do setor de
pacote é percebido pelos consumidores como um produto
distribuiçã o do segmento é muito mais forte do que aquela
que possui melhor valor que o que eles poderiam conseguir
que possuem outros intermediá rios comerciais. Agências de
por si pró prios (Kotler, Bowen & Makens, 2006;
viagens e operadoras de turismo, assim como empresas
Organizaçã o Mundial do Turismo, 2001).
responsá veis por fretamentos, sistemas de reservas e
outros especialistas de distribuiçã o de viagens têm muito Ujma (2001) destaca que ocorre uma crescente
mais poder de influenciar e de dirigir a demanda que seus concentraçã o de poder nas mã os de poucas grandes
equivalentes de outras indú strias. operadoras turísticas e estas têm adquirido suas pró prias
redes de agências varejistas, assegurando seu sistema de
3. Intermediários de distribuição do turismo
distribuiçã o e a venda de seus pró prios pacotes, através de
Os intermediá rios de canais de distribuiçã o desempenham uma operaçã o verticalizada. O processo de verticalizaçã o
papéis fundamentais na atividade turística. Facilitam a busca e também é conhecido como VIMS – Vertically Integrated
classificam produtos e serviços demandados pelos Marketing Channels, que pode incluir, além da rede de
consumidores, ajudando-os a consumir uma determinada varejistas, o extremo oposto do canal de distribuiçã o, ou
combinaçã o de serviços de produto e canal. Assim, os seja, hotéis e companhias aéreas de charter (Laws, 2001).
intermediários criam utilidades para o consumidor final,
As operadoras de turismo atuam como brokers, unindo
como posse, lugar e tempo, por ter um produto em seus
á reas densas das redes de relacionamentos dos canais de
sortimentos, em um determinado lugar e em uma
distribuiçã o do turismo. Laws (2001) expõ e que a maioria
determinada época que

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das operadoras turísticas sã o, de fato, canais de marketing


produtos turísticos, como hotéis e companhias aéreas de
verticalmente integrados onde uma organizaçã o (a
charter, e no outro extremo, as agências de viagens ou
operadora turística) exerce total domínio entre os outros
varejistas do turismo, ver figura 1.
membros, incluindo, em um extremo, os fornecedores de

Figura 1 - Estrutura do serviço de distribuição turística tradicional

Canal direto

Agências de viagens

CONSUMIDORES-
DEMANDA
CRS
FORNECEDORES
OFER

GDS

Operadoras de turismo

Centrais de reservas

Fonte - Adaptado de Organizaçã o Mundial do Turismo, 2001.

O’Connor (2001) destaca ainda a terceira categoria de


Carroll & Siguaw (2007) complementam, destacando a
intermediá rios que inclui as novas organizaçõ es que
atuaçã o destes Intermediá rios de distribuiçã o de viagens
surgiram com a evoluçã o do comércio eletrô nico de viagens
baseados na internet e a revoluçã o que estã o imprimindo na
na internet, como as principais redes de agências de viagens
distribuiçã o de serviços de hospedagem. Nesse aspecto, vale
on-line. Diversas terminologias sã o utilizadas para referi-
salientar a publicaçã o de O’Connor (2001), que trata
las, como: mega sites de viagens (O’Connor, 2001), novos
especificamente da distribuiçã o da informaçã o eletrô nica
intermediá rios online (Morais, 2006), Third Part
em turismo e hotelaria, a qual se fez intenso uso na
Intermediaries - TPI (Morais, 2006) ou ainda, Online Travel
construçã o das pró ximas seçõ es. Assim, a estrutura de
Agencies - OTA.
distribuiçã o eletrô nica de produtos hoteleiros encontra-se
ilustrada na Figura 2.

Figura 2 - Estrutura de distribuição eletrônica de produtos hoteleiros

Fonte - Adaptado de O’Connor e Frew, 2007.

Os Central Reservation Systems, CRS, podem ser eletrô nicos do


considerados como os precursores dos canais de distribuição
6
turismo. Os sistemas informatizados de reservas, como
também sã o conhecidos, foram desenvolvidos
pelas

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companhias aéreas na década de 60, no intuito de controlar


intermediá rios que nã o sã o visíveis ao consumidor, ou seja,
o inventário de produtos e tarifas, ou seja, da disponibilidade
existem, mas estã o por trá s dos intermediá rios tradicionais.
de assentos nos diversos vô os existentes, além dos preços
Podem até distribuir diretamente para o consumidor
aplicáveis a cada caso (Organização Mundial do Turismo, 2003;
através de seus websites, porém para estes figurarã o como
Morais, 2006). Inicialmente os CRS eram sistemas internos
uma Online Travel Agency (OTA).
das companhias aéreas (Organização Mundial do Turismo,
2003). Durante os anos 70, as companhias aéreas O’Connor (2001) destaca que há uma pressã o cada vez
entenderam que poderiam utilizar o sistema para maior sobre os grupos pequenos e independentes de
disponibilizar seus preços aos intermediários, especialmente encontrar uma maneira de estarem disponíveis
aos agentes de viagens, com um aumento na eficá cia de eletronicamente, apesar dos custos envolvidos.” Desta
custos. (O’Connor, 2001; Organizaçã o Mundial do Turismo, forma, uma das estratégias para essa disponibilidade é a
2003). associaçã o em um consó rcio de marketing a uma empresa
representante (O’Connor, 2001).
A evoluçã o dos CRS levou, em meados da década de 80, ao
desenvolvimento dos Global Distribution Systems, GDS, de 4. Processo de decisão do consumidor no turismo
forma que o inventá rio de diversas companhias aéreas
A decisã o do consumidor de comprar um produto turístico
encontrava-se disponível num mesmo sistema (integraçã o
é um resultado de um processo complexo, resultado de
horizontal). Isto também foi possível devido à expansã o
diversos fatores relacionados ao pró prio consumidor e à s
gradual da cobertura geográ fica e a integraçã o vertical com
influências externas que atuam sobre eles (Swarbrooke &
a oferta, no mesmo sistema, de diá rias de hotéis, locaçõ es de
Horner, 2002). A complexidade deste processo decisó rio
carros, entre outros produtos. (Buhalis, 2007).
decorre das características conforme ilustradas na Figura 3.
Por fim, é necessá rio destacar que os CRS e GDS sã o

Figura 3 - O processo de decisão do consumidor-turista

Fonte - Adaptado de Kotler & Armstrong, 1999; Kotler et al., 2006.

O processo de decisã o do consumidor-turista compreende produtos. O processo de decisã o do consumidor se encerra


cinco estágios (Kotler & Armstrong, 1999; Kotler et al., com seu comportamento
2006). O primeiro compreende o reconhecimento de um
problema ou necessidade pelo consumidor. A segunda etapa
consiste na busca de informaçõ es sobre o produto ou
serviço demandado; o consumidor poderá obter as
informaçõ es de fontes pessoais ou de fontes pú blicas. Outra
etapa é a avaliaçã o de alternativas: os consumidores nã o
usam um processo simples e ú nico de avaliaçã o em todas as
situaçõ es de compra, mas sim vá rios processos. Esta etapa
compreende a forma como o consumidor elabora as
informaçõ es até chegar a escolher uma marca. Esta forma
varia de consumidor para consumidor e também de acordo
com o tipo de produto avaliado. A seguinte consiste na
decisã o de compra do processo é a pró pria decisã o de
compra. Ela deve ocorrer apó s o consumidor ter classificado
as alternativas, de acordo com a importâ ncia dada a cada
um dos atributos avaliados e a imagem de marca dos

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pó s-compra e está relacionado com a relaçã o entre suas
expectativas e o desempenho percebido do produto, ou
seja, sua satisfaçã o ou insatisfaçã o.

5. Metodologia

Esta pesquisa tem cará ter explorató rio-descritivo. Sua


amostra é probabilística infinita e estratificada, com
confiabilidade de 95% e 7,5% de erro amostral,
composta de 300 indivíduos.

Desenvolve-se por intermédio de questioná rio com


perguntas fechadas, constituído de quatro partes. A
primeira teve a finalidade de caracterizar o consumidor
de produtos turísticos e sua viagem. A segunda foi
composta de questõ es que buscaram identificar os canais
de distribuiçã o turística utilizados pelos consumidores. A
terceira tratou dos níveis de influência exercidos pelos
intermediá rios no processo de escolha de hotel pelos
consumidores. A ú ltima seçã o contempla as variá veis
relacionadas à disponibilidade de informaçõ es sobre o
meio de hospedagem na internet.

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A coleta de dados foi realizada durante fevereiro e março de


A partir do dado de que apenas 2,0% dos indivíduos
2009, a partir da aplicaçã o dos questioná rios com turistas
terem afirmado que adquiriram a hospedagem através
brasileiros, hospedados em dezenove hotéis de Natal com
do canal agência-operadora-hotel, levanta-se a
mais de cem unidades habitacionais, localizados na Via
possibilidade de que uma parcela significativa dos
Costeira, na Praia de Ponta Negra e na Praia dos Artistas.
consumidores nã o compreenda as diferenças entre
Os dados foram tratados e analisados, utilizando-se técnicas agências de viagens e operadoras turísticas. Isto é
de estatística multivariada através do software SPSS, possível, especialmente quando os papéis dos
contemplando informaçõ es estatísticas descritivas, aná lise intermediá rios se encontram em fase de mudanças, entre
de correlaçõ es, regressã o linear, aná lise fatorial e aná lise ela o crescimento de redes de distribuiçã o direta de
discriminante. algumas operadoras, como destacam Laws (2001), Ujma
(2001) além de Vicentin & Hoppen (2006).
6. Resultados
Por outro lado, isto pode indicar uma confirmaçã o do
Os resultados obtidos demonstram um perfil predominante
processo desintermediaçã o dos canais de distribuiçã o do
de consumidor de serviços de hospedagem qualificado,
turismo, prevista na teoria por diversos autores como
jovem, com renda elevada, que viaja com a família (68,0%)
Kotler et al. (2006), O’Connor & Frew (2007), além de
por motivaçã o principal de passeio (76,1%). Identificaram-
Regalado & Viardot (2007). É dizer que os atores dos canais
se predominâ ncias de uso de transporte aéreo (80,9%) e de
estã o tentando ofertar seus produtos diretamente ao
turistas que visitaram Natal pela primeira vez (56,9%).
consumidor, reduzindo os custos com intermediá rios de
A identificaçã o dos canais de distribuiçã o utilizados pelos canal.
consumidores de produtos turísticos foi desenvolvida
Outro dado que vale a pena destacar é que o canal agência
através de três variá veis. A primeira identificou a forma
de viagens online-hotel mostra-se pouco expressivo quando
com que os consumidores utilizaram os canais de
comparado com os canais tradicionais, confirmando os
distribuiçã o para adquirir dois dos principais componentes
resultados obtidos na pesquisa de Vicentin & Hopen (2007),
do produto turístico: serviços de hospedagem e transporte.
que concluiu que as vendas pela internet nã o eram
Os resultados estã o dispostos na Tabela 1.
significativas e que os clientes pesquisavam informaçõ es e
Tabela 1 - Itens contratados através do uso dos canais preços pela internet para depois adquirir o produto numa
de distribuição do turismo agência tradicional.

Os resultados da identificaçã o do fator decisivo para a


Serviços de hospedagem e
escolha do canal utilizado para a compra do meio de
transporte (com o mesmo canal de 58,1 %
distribuição)
hospedagem estã o dispostos na Tabela 3.

Serviços de hospedagem e Tabela 3 - Fatores decisivos para a escolha do canal de


transporte (com o mesmo canal de 27,2 %
distribuição utilizado para a aquisição dos serviços de
distribuição)
hospedagem

Serviços de hospedagem 14,8 % Outros 35,7 %

Total 100,0 %
Comodidade 28,3 %
Fonte - Dados da pesquisa, 2009.
Segurança 19,9 %
A segunda variá vel desenvolvida com a finalidade de
identificar os canais utilizados foi o questionamento direto Preço 15,4 %
sobre que canal foi utilizado. Os resultados obtidos se
encontram na Tabela 2. Prazo 0,7 %

Tabela 2 - Canal de distribuição utilizado para a


Total 100,0%
compra da hospedagem
Fonte - Dados da pesquisa, 2009.
Operadora turística – hotel 32,6 %
A terceira parte do questioná rio teve como objetivo
Agência de viagens – hotel 27,2 % medir o nível de influência exercido pelos profissionais
de agências de viagens e operadoras turísticas no
Direto com o hotel 18,5 % processo de escolha do meio de hospedagem pelos
Empresa em que trabalha 12,4 % consumidores. Assim, questionou-se o consumidor sobre
a influência do intermediá rio no seu processo decisó rio.
Agência de viagens online – hotel 4,4 %
Para isso, solicitou-se a cada indivíduo que assinalasse o
Outros 3,0 % nível de concordâ ncia com a afirmaçã o: o profissional da
Agência de viagens – operadora agência de viagens ou operadora turística influenciou a
2,0 % escolha do hotel, conforme grá fico 2.
turística – hotel

Total 100,0%
Fonte - Dados da pesquisa, 2009.

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G. Gosson, M. V. Araújo, P. de Oliveira, A. de Araújo, M. Alexandre / Tourism & Management Studies, 10(2) (2014), 123-132

Gráfico 2 - Influência do intermediário na escolha do nã o seja parecida com a de que o Profissional influenciou,
hotel

Fonte - Dados da pesquisa, 2009.

Observa-se que 50,9% dos sujeitos da pesquisa assinalaram


as alternativas 4 ou 5, em concordâ ncia com a afirmativa de
que o profissional influenciou a decisã o. Por outro lado,
30,2%, assinalaram a opçã o 1, discordando totalmente da
afirmativa. Os resultados nã o sã o suficientes para confirmar
concordâ ncia com as diversas referências à influência
exercida pelos intermediá rios no processo de decisã o dos
consumidores-turistas, entre eles as de Beni (2000), as de
Buhalis (2001), as da Organizaçã o Mundial do Turismo
(2001), e as de Swarbrooke & Horner (2002).

De forma complementar a esta variá vel, questionou-se


sobre a importâ ncia dada à consulta a um profissional de
agência de viagens ou operadora turística, o que pode
permitir alguma inferência relativa à influência dos
mesmos. Estes resultados estã o dispostos no Grá fico 3.

Gráfico 3 - Importância de consultar um profissional de


agência de viagens ou operadora turística.

Fonte - Dados da pesquisa, 2009.

É estranho que a distribuiçã o de freqü ências desta variá vel

11
uma vez que, quando um indivíduo considera uma
fonte de informaçõ es importante, ele estará mais apto a
ser influenciado por ela. Daí levanta-se a possibilidade da
conotaçã o negativa da palavra influência. É prová vel
que os consumidores-turistas nã o se sintam confortá veis
em admitir que podem ter sido influenciados em suas
decisõ es. Ou ainda, nã o tenham sequer a consciência de
que o foram.

De toda forma, observa-se que, dos indivíduos que


utilizaram canais com intermediá rios, 88% indicaram
concordarem com a importâ ncia de consultar uma
agência ou operadora. Esta concordâ ncia indica que o
consumidor turista considera o intermediá rio turístico
como uma importante fonte de informaçõ es. Estes
resultados estã o de acordo com as afirmaçõ es de Kotler
et al. (2006) e de Beni (2000), quando destacam os
agentes de viagens e operadoras turísticas como
importantes fontes de informaçõ es para o consumidor.

Em seguida, analisou-se a regressã o com variá vel


dependente Profissional, influenciou e todas as variá veis
métricas como independentes. Os resultados obtidos
foram dois modelos de baixo poder explicativo com
coeficientes de determinaçã o R2 e coeficientes de
determinaçã o ajustado R2 ajustado baixos. É dizer que nã o
se encontrou relaçõ es de causalidade entre as variá veis.

Em funçã o disso, levanta-se a possibilidade de


imprecisã o das perguntas formuladas no instrumento,
conduzindo os indivíduos ao nã o entendimento ao que a
pergunta quis dizer de fato, ou ainda vieses nas
respostas. Os baixos coeficientes de determinaçã o
também podem significar a existência de outras
variá veis, nã o abordadas nesta pesquisa, que explicam
parcela da variabilidade da influência exercida pelos
intermediá rios de canais de distribuiçã o de produtos
turísticos.

Encontrou-se baixos índices de correlaçõ es entre as


características do consumidor, os canais de distribuiçã o
utilizados e os níveis de influência exercidos pelos
intermediá rios na escolha de hotel.

A quarta parte do questioná rio dispô s de variá veis para


verificar se a disponibilidade de informaçõ es na internet
contribui para a reduçã o do nível de influência do
intermediá rio. Dentre elas, destaca a freqü ência de uso
da internet com 84,3% acessam diariamente e apenas
4,0% afirmaram não acessar esta fonte de informaçõ es
sobre o hotel.

Verificou-se a concordâ ncia com a afirmaçã o: a internet é


uma fonte de informaçõ es para a escolha de um hotel. Os
resultados obtidos encontram-se na Tabela 4.

Tabela 4 - A internet é uma fonte de informações


para a escolha de um hotel

Internet_fonte
_info_hotel 1 2 3 4 5 Total

Freqüência 10 13 28 74 175 300

Percentual 3,3% 4,3% 9,3% 24,7% 58,3% 100%

Mé dia = 4,30 / Desvio Padrã o = 1,030 / (1) Discordo totalmente (5)


Concordo totalmente

Fonte - Dados da pesquisa, 2009.

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G. Gosson, M. V. Araújo, P. Oliveira, A. de Araújo, M. Alexandre / Tourism & Management Studies, 10(2) (2014), 123-132

Questionou-se se o indivíduo visitou o website do hotel em


Estes resultados podem inferir uma relativa perda do poder
que se encontrava hospedado. Os resultados estã o dispostos
de influência dos intermediá rios quando se dispõ em de
na Tabela 5. O dado de que 60,5% dos indivíduos visitaram
fontes alternativas de informaçõ es, como os websites de
o website do hotel chama a atençã o, uma vez que apenas
hotéis e de avaliaçõ es de hotéis.
18,5% utilizaram o canal direto com o hotel. Assim, pode-se
afirmar que, mesmo utilizando canais com intermediá rios Por fim, restou saber se os consumidores consideram que as
turísticos, parcela significativa dos consumidores buscou informaçõ es disponíveis nos websites dos hotéis ou de
informaçõ es complementares no website do hotel. dicas e avaliaçõ es de hotéis substituem as informaçõ es
fornecidas pelos profissionais das agências de viagens ou
Tabela 5 - Visitou o website do hotel em que está
operadoras turísticas. Os resultados estã o demonstrados no
hospedado?
Grá fico 4. É dizer que os intermediá rios turísticos têm
Freqüência Percentual
importâ ncia para os consumidores de produtos turísticos e
Sim 181 60,5% que estes utilizam fontes complementares de informaçõ es
Nã o 118 39,5%
que possam subsidiar a escolha do hotel.

Total 299 100,0% Gráfico 4 - As informações disponíveis nos websites do


hotel ou de dicas e avaliações de hotéis substituem as
Fonte - Dados da pesquisa, 2009. informações dadas pelo profissional da ag ou ot?
Este resultado permite concluir que o consumidor busca
informaçõ es sobre os hotéis em diversas fontes, entre elas
no seu pró prio website e através dos profissionais de
agências de viagens e operadoras, confirmando o que Beni
(2000) prevê, quando afirma que ao decidir viajar, o
consumidor-turista se encontrará receptivo a toda
comunicaçã o, informando-se sobre os produtos turísticos
em todas as fontes de assistência. Também estã o de acordo
com as colocaçõ es de O’Connor & Frew (2007) que
destacam a busca maior por informaçõ es realizada pelos
consumidores, numa tentativa de reduzir a lacuna entre
suas expectativas e o produto turístico adquirido. Resta
saber se estas fontes de informaçõ es sã o complementares
ou podem ser alternativas.

Em seguida, verificou-se se esta visita influenciou o processo de


escolha do hotel. Os resultados obtidos indicam concordâ ncia
com esta afirmativa e estão apresentados na Tabela 6.
Tabela 6: A visita ao website do hotel influenciou a
sua escolha?

Fonte - Dados da pesquisa, 2009.

Observando os resultados obtidos pela pesquisa para cada


uma das variá veis apresentadas nesta seçã o, é lícito afirmar
que, na medida em que o consumidor dispor de maior
Mé dia = 4,01; Desvio Padrã o = 1,300 / Discordo totalmente (5)
Concordo totalmente quantidade de fontes de informaçõ es, ele dependerá menos
Fonte - Dados da pesquisa, 2009. de cada uma destas fontes, individualmente. Isto foi
confirmado através da verificaçã o do uso da internet como
Tornou-se necessá rio identificar se a consulta internet,
fonte de informaçõ es sobre os meios de hospedagem a
como fonte de informaçõ es diferente do intermediá rio
partir dos resultados obtidos com as variá veis
turístico, poderia conduzir a escolha de um hotel alternativo
Internet_fonte_info_hotel, Visitou_site_hotel e
ao indicado pelo profissional da agência de viagens ou
Visita_site_influenciou. Ora, se diminuir a dependência
operadora turística. É verificar se as informaçõ es
significa reduzir o poder dos agentes (indivíduos ou das
disponíveis nos websites foram suficientes para conduzir a
organizaçõ es) controladores de cada uma destas fontes
uma decisã o diferente da aconselhada pelo intermediá rio.
sobre o consumidor, entã o se pode afirmar que os
Assim obtiveram-se os seguintes resultados (tabela 7):
intermediá rios turísticos terã o menor poder sobre seus
Tabela 7 - A consulta aos websites do hotel ou de dicas e clientes (Ujma, 2001). Se poder é o potencial para
avaliações de hotéis alterou a escolha do hotel por influenciar (Coughlan et al., 2002) entã o, quanto menor o
outro diferente que o indicado pelo profissional da av
ou ot? poder dos intermediá rios, menor será seu potencial para
influenciar o consumidor.
Freqüência Percentual
Sim 42 30% Por outro lado, os resultados da variá vel
Info_substituem_agencia, indicam que websites de internet
Nã o 98 70%
e intermediá rios turísticos sã o fontes de informaçõ es
Total 140 100,0%
complementares. É possível que o consumidor nã o as
Fonte - Dados da pesquisa, 2009.
13
G. Gosson, M. V. Araújo, P. de Oliveira, A. de Araújo, M. Alexandre / Tourism & Management Studies, 10(2) (2014), 123-132

considere como fontes de informaçõ es de mesma qualidade,


sobre os meios de hospedagem. Por outro lado, é possível
confirmando a tese de que existem fontes que informam e
que o consumidor considere a informaçã o advinda do
outras que legitimam a informaçã o sobre o produto (Kotler
intermediá rio mais confiá vel e legítima que a advinda da
et al., 2006). É possível inferir que o consumidor considera
internet.
a informaçã o dada pelo profissional da agência de viagens
ou operadora turística mais legítima e confiá vel do que A pesquisa também possibilitou identificar a dificuldade do
aquelas disponíveis na internet. Nesta mesma linha está a consumidor diferenciar cada um dos intermediá rios,
tese de que o fator humano e a confiança sã o fatores especialmente num momento em que as principais
determinantes em negó cios com turismo (Vicentin & operadoras turísticas brasileiras se encontram em intensa
Hoppen, 2007). fase de ampliaçã o de suas redes de distribuiçã o direta. Para
o consumidor, é difícil entender a diferença entre agência
7. Conclusão
de viagens e operadora turística, sendo isto é um fator
Diante do cená rio de intensas mudanças na distribuiçã o de limitador de estudos desta natureza que deve ser observado
produtos turísticos inseridas pela evoluçã o do comércio em estudos futuros.
eletrô nico e da internet, esta pesquisa apresentou e discutiu
Considera-se que o estudo apresenta limitaçõ es na medida
o complexo processo de decisã o do consumidor e as
em que ele compreende um estudo explorató rio. Há ainda
influências sobre eles exercidas pelos intermediá rios
pouca referência teó rica de estudos de canais de
turísticos. Os resultados obtidos permitiram um avanço na
distribuiçã o do turismo, principalmente a partir da
compreensã o e aná lise do comportamento do consumidor
perspectiva do consumidor. Há ainda que se considerar
frente os canais de distribuiçã o de produtos turísticos.
como um dos limitadores da pesquisa a dificuldade de
Caracterizou-se o perfil do consumidor de serviços de assegurar o interesse do consumidor em responder a
hospedagem, e de sua viagem. Identificou-se o canal de pesquisa, especialmente quando a maior parte deles se
distribuiçã o de serviços de hospedagem utilizado por cada encontra em viagem de férias.
um dos indivíduos, embora estes mesmos dados sugiram Referências bibliográficas
que uma parcela significativa dos consumidores nã o
compreenda as diferenças entre agências de viagens e Beni, M. C. (2000). Análise estrutural do turismo (3.ª Ed.). Sã o Paulo:
Editora SENAC.
operadoras turísticas. Por outro lado, eles podem confirmar
Buhalis, D. (2007). Strategic use of information technologies in the
a intensificaçã o dos processos de verticalizaçã o e tourism industry. Tourism Management, 19(5), 409-421.
desintermediaçã o dos canais de distribuiçã o do turismo. Buhalis, D. (2001). Tourism distribution channels: practices and
processes. In D. Buhalis & E. Laws (Ed.), Tourism distribution
A verificaçã o dos níveis de influência exercidos pelos
channels: practices, issues and transformations (pp. 07-32). London:
intermediá rios no processo de escolha de hotel pelos Thomson.
consumidores se deu a partir de questionamento direto e a Carroll, B. & Siguaw, J. (2007). The evolution of electronic
partir do uso de regressã o linear, que apresentou baixos distribution: effects on hotels and intermediaries. Cornell Hotel and
coeficientes de determinaçã o, o que pode significar a Restaurant Administration Quarterly, 44, 38-50.
existência de outras variá veis, nã o abordadas nesta Cooper, C., Fletcher, J., Gilbert, D., Wanhill, S. & Shepherd. (2001).
Turismo princípios e prática. Porto Alegre: Bookman.
pesquisa, que explicam grande parcela da variabilidade da
Coughlan, A.; Anderson, E; Stern, L. & El-Ansary, A. (2002). Canais
influência exercida pelos intermediá rios de canais de de Marketing e Distribuição. (6ª Ed.) Porto Alegre: Bookman.
distribuiçã o de produtos turísticos. Assim, os dados Kotler, P. & Armstrong, G. (1999). Princípios de marketing (7.ª Ed.).
permitem descrever estatisticamente a concordâ ncia dos Rio de Janeiro: LTC.
indivíduos com a afirmativa proposta no instrumento de Kotler, P., Bowen, J. T. & Makens, J. C. (2006). Marketing for
coleta de dados, o que nã o demonstrou tendência de hospitality and tourism (4.ª Ed.). New Jersey: Prentice Hall.
concordâ ncia nem de nã o-concordâ ncia. Por outro lado, os Laws, E. (2001). Distribution channel analysis for leisure travel. In D.
resultados demonstram que a maioria dos consumidores Buhalis & E. Laws (Ed.), Tourism distribution channels: practices, issues
and transformations (pp. 53-72). London: Thomson.
considera que as informaçõ es fornecidas pelos
Laws, E. & Buhalis, D. (2001). Introduction: tourism distribution
intermediá rios sã o de qualidade, o que pode favorecer uma channels: practices, issues and transformations. In D. Buhalis, & E.
maior suscetibilidade à influência dos intermediá rios. Laws (Ed.), Tourism distribution channels: practices, issues and
transformations (pp. 03-06). London: Thomson.
Encontrou-se baixos índices de correlaçõ es entre as
Limberger, P., Anjos, F., Meira, J. & Anjos, S. (2014). A satisfaçã o na
características do consumidor, os canais de distribuiçã o hotelaria pelo TripAdvisor: uma aná lise da correlaçã o entre os
utilizados e os níveis de influência exercidos pelos crité rios de avaliaçã o e satisfaçã o geral. Tourism & Management
intermediá rios na escolha de hotel. Studies, 10(1), 59-65.
Lohmann, G. (2006). Aná lise da literatura em turismo sobre canais
A maioria dos consumidores de serviços de hospedagem de distribuiçã o. Observatório de Inovação do Turismo, 1(2), 1-15.
acessa a internet regularmente, visitou o website do hotel Mcneal, J., & Yeh, C. (2003). Consumer behavior of Chinese children:
em que se hospedaram e, mesmo assim, nã o concorda que 1995-2002. Journal of Consumer Marketing, 20(6), 542-554.
as informaçõ es disponíveis na internet substituem a Morais, A. L. A. (2006). Canais de distribuição eletrônica nos hotéis do Rio
de Janeiro: levantamento e análise. (Dissertação de Mestrado, Pontifícia
consulta a um intermediá rio turístico. É dizer que utilizam
Universidade Cató lica do Rio de Janeiro, 2006). Rio de Janeiro.
canais complementares como fontes de informaçã o. Isto
O’Connor, P. (2001). Distribuição da informação eletrônica em
indica uma perda relativa de poder e de potencial de turismo e hotelaria. Porto Alegre: Bookman.
influência dos intermediá rios, uma vez que os O’Connor, P. & Frew, A. J. (2007). The future of hotel electronic
consumidores dispõ em de diversas fontes de informaçõ es distribution: expert and industry perspectives. Cornell Hotel and
Restaurant Administration Quarterly, 43(3), 33-45.
14
G. Gosson, M. V. Araújo, P. Oliveira, A. de Araújo, M. Alexandre / Tourism & Management Studies, 10(2) (2014), 123-132

Organizaçã o Mundial do Turismo (2001). Introdução ao turismo.


Sã o Paulo: Roca.
Organizaçã o Mundial do Turismo (2003). Turismo internacional:
uma perspectiva global (2.ª Ed.). Porto Alegre: Bookman.
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Ujma, D. (2001). Distribution channels for tourism: theory and issues. In
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Vicentin, I. C. & Hoppen, N. (2007). A internet no negó cio de
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Processo do artigo:
Enviado: 12 Junho 2013
Aceite: 17 Novembro 2013

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