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Cobertura e

Representação
Mediáticas do Discurso e
das Ações Políticas do
Governo Angolano, em
Portugal e Angola (2017-
2020)
Gabriel Luciano Maria Benguela

Orientadora: Prof.ª Doutora Paula Maria Ferreira do Espírito Santo

Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor em


Ciências da Comunicação

Lisboa
2023
Cobertura e Representação Mediáticas do
Discurso e das Ações Políticas do Governo
Angolano, em Portugal e Angola (2017-2020)

Gabriel Luciano Maria Benguela

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Ferreira do Espírito Santo

Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor em Ciências da Comunicação

Júri:
Presidente:

- Doutora Sónia Margarida Pedro Sebastião, Professora Catedrática e membro do Conselho


Científico do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa;

Vogais:
- Doutor Heitor Alberto Coelho Barras Romana, Professor Catedrático do Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa;
- Doutora Felisbela Maria Carvalho Lopes, Professora Associada com Agregação do Instituto de
Ciências Sociais da Universidade do Minho;
- Doutora Paula Maria Ferreira do Espírito Santo, Professora Associada com Agregação do
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, na qualidade de
orientadora;
- Doutora Catarina do Amaral Dias Duff Burnay, Professora Associada da Faculdade de Ciências
Humanas da Universidade Católica Portuguesa;
- Doutor Samuel André Alves Mateus, Professor Auxiliar da Faculdade de Artes e Humanidades
da Universidade da Madeira;
- Doutor Paulo Jorge dos Santos Martins, Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências
Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.

Lisboa
2023
Agradecimentos
Como qualquer grande empreendimento, esta tese tem na sua base um trabalho
que assenta numa equipa, onde o autor principal é exposto a várias aprendizagens que
recbeu dos seus estimados Professores assim como do suporte da família, em especial do
Professor Doutor André Sango, meu sogro e amigo e sua mulher Maria da Conceição de
Almeida Sango.
À minha mulher Carla Marina de Almeida Benguela e aos meus filhos Ariclene,
Andrea, Gabriel e Stenio Benguela um “valeu”, à moda angolana.
Agradeço, em especial, à minha orientadora Professora Doutora Paula do Espirito
Santo pela dedicação, carinho e amizade que recebi e construímos ao longo da nossa
interação académico-cientifica. À Professora Doutora Sónia Sebastião, Coordenadora da
Unidade de Ciências da Comunicação do ISCSP, pela atenção permanente que só se pode
comparar à de um “plantão militar” o meu muito obrigado. Dentre os Professores é de
mencionar as contribuições dos Professores Doutores Jaime Fonseca e Paulo Martins, das
Professoras Doutoras Carla Cruz, Maria João, Célia Belim e Paula Cordeiro que foram
imprescindíveis para a compreensão da dimensão e complexidade de um doutoramento.
Aos meus colegas de grupo, à Priscila minha irmã, amiga e companheira de luta
o meu muito obrigado especial. À Ana Rita, à Cristine, ao Rodrigo e ao Raphael a minha
consideração eterna, pois foram sempre parte importante em todos os meus trabalhos
enquanto estudante de doutoramento, na área presente das Ciencias da Comunicação.
Os meus agradecimentos estendem-se à Academia de Ciências Socias e
Tecnologias (ACITE), nas pessoas do Professor Doutor Pedro Daniel (então Reitor),
Doutor Pedro Bengue (atual Reitor), ao Professor Doutor Lopes Ferreira Baptista, Vice-
Reitor para os Assuntos Acádemicos e ao Doutor André Caputo, Vice-Reitor para
investigação cientifica. Os meus agradecimentos, igualmente, às funcionarias da ACITE
Indira Cordeiro, Wta Ilda, Tatina Salvador, Eugenia da Silva, Adelaide Castro Lopes,
Albertina Lopes e Conceição Bengue Adão pelo apoio técnico permante e incansavel.
Agradeço ainda ao Professor Doutor Laurindo Viera e ao coletivo de Professores
da Faculdade de Serviço Social da Universidade de Luanda, em especial as Dras. Teresa
Silva, Teresa Costa e Isabel Afonso (em memoria) pelo apoio prestado.

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Aos colegas da Casa de Segurança do Presidente da República de Angola, em
particular a Dra. Judith Boa, Dr. Pedro Lussaty, Eng. Joarez Pedro e aos Srs. Francisco
Tchatila e Edmundo Tchitangofina, agradeço pelo apoio e compreensão durante as
ausências por motivo de estudo.
Aos meus cunhados Laurinda e Jorge Silva, Alexandre e Veronica de Almeida
muito obrigado.
Por fim, em termos institucionais, o meu agradecimento ao ISCSP, à sua
Presidência, aos seus Professores, aos Serviços Académicos e Biblioteca, assim como à
Universidade de Lisboa.

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Resumo
As promessas e as intenções discursivas fazem parte das mensagens presidenciais
produzidas em contextos pré e pós-eleitoral. A presente tese, sobre a cobertura e
representação mediáticas do discurso e das ações políticas do Governo angolano, em
Portugal e Angola (2017-2020), desenvolveu-se com o propósito de examinar, em que
medida, as promessas discursivas de João Lourenço e as ações políticas mediatizadas do
Governo angolano, representadas pelas imprensas portuguesa e angolana, foram tratadas,
do ponto de vista da representação mediática. Neste estudo, comparam-se as promessas
discursivas de João Lourenço, Presidente da República de Angola, e a representação das
ações políticas mediatizadas do Governo angolano. A partir dos discursos e das notícias
selecionadas, no período em estudo, foi possível analisar e discutir sobre os moldes em
que se processam a cobertura e a representação mediáticas quer dos discursos quer das
ações políticas, em contexto angolano. A sistematização efetuada releva o quadro de
intenções e promessas com as suas representações mediáticas.
Em termos metodológicos recorreu-se à análise de conteúdo para a sistematização
dos resultados obtidos da revisão dos discursos políticos, das peças noticiosas e das
entrevistas. Em relação aos discursos políticos foram estudados 37 textos do Presidente
da República de Angola pronunciados, no período de 3 de outubro de 2017 a 31 de janeiro
de 2020. Foram igualmente analisadas 170 peças noticiosas publicadas pelos media. Os
textos noticiosos foram publicados nos seguintes jornais angolanos: O País, Jornal de
Angola, Expansão e Folha 8 e jornais portugueses: Público, Expresso, Jornal Económico
e Correio da Manhã. Os resultados apurados foram aprofundados com entrevistas feitas
a líderes de partidos políticos com representação parlamentar, em Angola, e jornalistas
responsáveis de organizações socioprofissionais da classe, também angolanos e
sistematizadas com recurso à análise de conteúdo.
Os resultados apontam no sentido do distanciamento entre a informação
mediatizada, através das peças noticiosas da imprensa angolana e portuguesa, e a
efetivação das promessas discursivas do Presidente da República de Angola, João
Lourenço, à luz do estudo da cobertura e representação mediáticas desenvolvidas no
período em análise.

Palavras-chave: Cobertura Mediática, Discurso, Ação Política, Notícias, Promessas e


Intenções Políticas.

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Abstract
Promises and discursive intentions are part of presidential messages produced in
pre- and post-election contexts. This thesis, on the media coverage and representation of
the Angolan government's discourse and political actions in Portugal and Angola (2017-
2020), was developed with the purpose of examining, to what extent, the discursive
promises of João Lourenço and the mediated political actions of the Angolan
Government, represented by the portuguese and angolan press, were treated from the
point of view of media representation. This study compared the discursive promises of
João Lourenço, President of the Republic of Angola, and the representation of the
Angolan government's mediated political actions. From the discourses and the selected
news, in the period under study, it was possible to analyze and discuss the way in which
media coverage and representation are processed, both of the discourses and of political
actions, in an Angolan context. The systematization carried out brings the picture of
intentions and promises with their media representations.
In methodological terms, content analysis was used to systematize the results
obtained from the review of political discourses, news pieces and interviews. In relation
to the political discourses, 37 texts of the President of the Republic of Angola were
studied, from October 3, 2017 to January 31, 2020. A total of 170 news pieces published
by the media were also analyzed. The news texts were published in the following Angolan
newspapers: O País, Jornal de Angola, Expansão e Folha 8 and portuguese newspapers:
Público, Expresso, Jornal Económico e Correio da Manhã. The results were deepened
with interviews with leaders of political parties with parliamentary representation in
Angola, and responsible journalists for socio-professional organizations of the class, also
Angolan and systematized with the use of content analysis.
The results point to the distance between mediated information, through the news
pieces of the Angolan and portuguese press, and the effectiveness of the discursive
promises of the President of the Republic of Angola, João Lourenço, in the light of the
study of media coverage and representation developed during the period under analysis.

Keywords: Media Coverage, Speech, Political Action, News, Promises and Political
Intentions.

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Índice
Índice de Gráficos .........................................................................................................10
Índice de Quadros .........................................................................................................12
Siglas e Abreviaturas .....................................................................................................15
Introdução .....................................................................................................................17

Parte I. Quadro Teórico Introdutório. Teorias da Comunicação e Representação


Política Mediatizada ......................................................................................................29
1. Seleção, Construção e Efeitos dos Media .........................................................29
1.1. Gatekeeping e News-making .............................................................................29
1.2. Agenda-Setting ..................................................................................................34
1.3. Teoria dos Efeitos Limitados dos Media ..........................................................39
2. Ação Política, Espiral do Silêncio e Representação Social ..................................43
2.1. Teorias da Ação Política ...................................................................................43
2.2. Teoria da Espiral do Silêncio ............................................................................45
2.3. Teoria da Representação Social ........................................................................48
3. Cobertura, Representação Mediática e Contexto Político ....................................52
3.1. Cobertura e Representação de Ações Políticas Mediatizadas...........................52
3.2. Discurso Político: Representação Mediática das Tendências e Intenções
Políticas .......................................................................................................................57
3.3. Promessas Discursivas e Intenções Políticas ....................................................62
3.4. A Política e os Media ........................................................................................66

Parte II. Contextos do Regime Angolano, Imprensa e Ascensão do Presidente


João Lourenço ...............................................................................................................71
2. Angola nos Planos Geopolítico, Social e Económico ..........................................71
2.1. Contexto Geopolítico ........................................................................................71
2.2. O Processo Político-Social em Angola (2002-2020) ........................................74
2.3. Conjuntura Económica .....................................................................................79
2.4. O Regime Político e a Evolução Democrática ..................................................85
3. O Sistema Mediático em Angola: Evolução dos Media e do Jornalismo ............91
3.1. A Imprensa no Período Colonial ......................................................................91

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3.2. Os Media e as Tecnologias de Informação e Comunicação no Período Pós-
colonial........................................................................................................................93
3.3. Quadro Jurídico Constitucional da Comunicação Social em Angola ...............97
3.4. Imprensa Portuguesa: Características e Evolução em Período Democrático .100
3.5. O Papel dos Media na Representação das Ações Políticas Mediatizadas ......105
3.6. O Exercício do Jornalismo em Angola ...........................................................108
4. A Ascensão de João Manuel Gonçalves Lourenço à Presidência da República de
Angola: Tendências e Conceitos .................................................................................114
4.1. A Ascensão de João Lourenço ........................................................................114
4.2. Principais Medidas Económicas Mediatizadas de João Lourenço .................116
4.3. Ações Políticas Mediatizadas sobre o Combate a Corrupção .........................121
4.4. A Impunidade no Quadro das Intenções Mediatizadas ..................................125
4.5. A Função Pública e as Intensões Mediatizadas Contra o Nepotismo .............128
4.6. Intenções Mediatizadas Tendentes a Autarcização do País ............................130
4.7. A Política Mediatizada de Crescimento e Desenvolvimento ..........................133

Parte III. Estudo Empírico ..................................................................................136


1. Opções Metodológicas .......................................................................................136
1.1. Técnicas e Modelo de Análise ........................................................................137
1.1. Análise de Conteúdo dos Discursos (Aspetos Técnicos e Corpus da Análise)
140
1.2. Análise de Conteúdo dos Media (Clipping e Corpus das Notícias) ...............145
1.3. Recolha e Tratamento das Entrevistas ............................................................150
1.4. Procedimentos para Análise e Discussão dos Resultados ..............................152
2. Resultados da Análise de Conteúdo dos Discursos Políticos de João Lourenço
Presidente da República de Angola .............................................................................155
2.1. Discursos Políticos .............................................................................................155
2.2. Principais Tendências .....................................................................................167
2.3. Temas Centrais ...............................................................................................174
3. Resultados da Análise de Conteúdo dos Discursos Políticos de João Lourenço:
Análise e Discussão .....................................................................................................197
3.1. Análise e Discussão dos Resultados dos Discursos Políticos .........................197
3.2. Análise e Discussão das Principais Tendências ..............................................205
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3.3. Análise e Discussão dos Temas Centrais ........................................................210
3.4. Síntese de Resultados......................................................................................215
4. Resultados da Análise de Conteúdo das Ações Políticas Mediatizadas do
Governo Angolano na Imprensa Portuguesa e Angolana: Estudo Comparado ........221
4.1. Cobertura Noticiosa ........................................................................................221
4.2. Assuntos Centrais da
Imprensa……………...……...………………………...215
4.3. Os Discursos e Ações Políticas Mediatizadas: Entrevistas ............................256
5. As Ações Políticas Mediatizadas do Governo Angolano: Análise e Discussão das
Peças Noticiosas e Entrevistas ....................................................................................279
5.1. Análise e Discussão das Principais Tendências ...................................................279
5.2. Análise e Discussão dos Assuntos Centrais ....................................................286
5.3. Análise e Discussão do Conteúdo das Entrevistas ..........................................293
5.4. Síntese dos Resultados ....................................................................................302
Conclusão ....................................................................................................................310
Referências Bibliográficas ..........................................................................................319

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Índice de Gráficos

Gráfico nº 1 Datas da pronúncia dos discursos políticos pelo pr (2017-2020) .........156


Gráfico nº 2 Temas dominantes nos discursos políticos do pr (2017-2020) ............157
Gráfico nº 3 Contexto da pronúncia pelo pr dos discursos políticos ........................158
Gráfico nº 4 Local da pronúncia pelo pr dos discursos políticos ..............................159
Gráfico nº 5 Alvo dos discursos políticos do pr joão lourenço 2017-2020 ..............160
Gráfico nº 6 Proeminência nos discursos políticos do pr .........................................161
Gráfico nº 7 Citação dos partidos políticos nos discursos do pr (2017-2020) ..........162
Gráfico nº 8 Intenções de cooperação nos discursos políticos do pr (2017-2020) ...163
Gráfico nº 9 Áreas de intervenção nos discursos políticos .......................................163
Gráfico nº 10 Tom do pr nos discursos políticos ......................................................164
Gráfico nº 11 Data da pronuncia 2 – tema dominante ..............................................174
Gráfico nº 12 Contexto do discursos – tema dominante no discurso .......................176
Gráfico nº 13 Data da pronuncia do discurso – cooperação internacional ...............177
Gráfico nº 14 Tom do discurso – partidos políticos .................................................166
Gráfico nº 15 tom do discurso negativo – tema dominante no discurso ...................168
Gráfico nº 16 Tom do discurso positivo – tema dominante no discurso ..................181
Gráfico nº 17 Consolidação da democracia – área de intervenção ...........................182
Gráfico nº 18 Direitos humanos – área de intervenção.............................................183
Gráfico nº 19 Tom do discurso negativo – tema dominante no discurso .................184
Gráfico nº 20 Tom do discurso positivo – tema dominante no discurso ..................186
Gráfico nº 21 Tom do discurso neutro – tema dominante no discurso neutro ..........187
Gráfico nº 22 Cooperação internacional – corrupção ...............................................188
Gráfico nº 23 Cooperação internacional - impunidade .............................................189
Gráfico nº 24 Cooperação internacional - nepotismo ...............................................190
Gráfico nº 25 Cooperação internacional – fome e pobreza ......................................192
Gráfico nº 26 Datas agrupadas - corrupção ..............................................................193
Gráfico nº 27 Datas agrupadas - impunidade ...........................................................194
Grafico nº 28 Datas agrupadas - nepotismo ..............................................................195
Gráfico nº 29 Data da publicação das notícias sobre as acções políticas (2017-
2020)……………………………………………………………………………….205
Gráfico nº 30 Órgaos de imprensa que divulgaram os textos analizados .................222

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Gráfico nº 31 Assunto das notícias revisadas ...........................................................223
Gráfico nº 32 Géneros jornalísticos usados para tratar os textos ..............................224
Gráfico nº 33 Existencia nos textos de foto ou ilustração ........................................225
Gráfico nº 34 Referência as acções políticas mediatizadas nas notícias ..................225
Gráfico nº 35 Contexto geografico em que materailizaram-se as acções políticas
mediatizadas do governo ..........................................................................................226
Gráfico nº 36 Local do acontecimento......................................................................227
Gráfico nº 37 Vinculo das noticícias com os partidos políticos ...............................228
Gráfico nº 38 Vinculo das peças com a sociedade civil ...........................................228
Gráfico nº 39 Vinculo das peças com os cidadãos ...................................................229
Gráfico nº 40 Destaque das ações políticas nas peças dos jornais ............................230
Gráfico nº 41 Fatos nas peças noticiosas com sequencias isoladas ou conhecidas ..230
Gráfico nº 42 Fonte da informação divulgada ..........................................................231
Gráfico nº 43 Citação do pr como protagonista ........................................................232
Gráfico nº 44 Direção ou enfoque ............................................................................233
Gráfico nº 45 Data da publicação – local do historia................................................235
Gráfico nº 46 Data da publicação da noticía – direcção ou enfoque ........................236
Gráfico nº 47 Órgão de imprensa – géneros jornalisticos.........................................238
Gráfico nº 48 Órgão de imprensa – foto ou ilustração..............................................239
Gráfico nº 49 Órgão de imprensa – referência ao público ........................................240
Gráfico nº 50 Órgão de imprensa – partidos políticos ..............................................242
Gráfico nº 51 Ógão de imprensa – sociedade civil ...................................................243
Gráfico nº 52 Órgão de imprensa – citação do protagonista ....................................244
Gráfico nº 53 Órgão de imprensa – direcção ou enfoque .........................................245
Gráfico nº 54 Género da noticía – direcçao ou enfoque ...........................................246
Gráfico nº 55 Género da notícia – foto ou ilustração................................................248
Gráfico nº 56 Fonte da informação – genero da notícia ...........................................249
Gráfico nº 57 Fonte da informação – espaço geografico ..........................................250
Gráfico nº 58 Fonte da informção – direcção ou enfoque ........................................252
Gráfico nº 59 Fonte da informação – citação do protagonista ..................................253
Gráfico nº 60 Fonte da informação – referência ao público .....................................254
Gráfico nº 61 Assunto da noticía – referencia ao público ........................................255

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Índice de Quadros

Quadro nº 1 Matriz de codificação para a análise de conteúdo dos discursos


políticos........................……………………………………………………………….133
Quadro nº 2 Corpus dos discursos: ocasiões e datas da pronúncia (2017-2020)…..…134
Quadro nº 3 Matriz de codificação para a análise de conteúdo dos media……….…….139
Quadro nº 4 Principais temas do discurso político do PR………...…………….……..155
Quadro nº 5 Aspetos críticos identificadas nos discursos políticos do PR do período 2017-
2020..………….……………………………………………..……….…………….…158
Quadro nº 6 Aspetos democráticos dos discursos políticos do PR……………………159
Quadro nº 7 Preocupações financeiras nos discursos políticos do PR no período 2017-
2020.……………………………………….…………….………………...…...…….159
Quadro nº 8 Aspetos económicos considerados no discurso político do PR…………160
Quadro nº 9 Aspetos socioeconómicos da governação enunciados nos discursos políticos
do PR….……………………………………………….….………………………..…161
Quadro nº 10 Aspetos sociopolíticos sobre governação no discurso político do PR…161
Quadro nº 11 Aspetos sociodemográficos relevantes identificados nos discursos políticos
do PR……..………………………………………...………………………………...162
Quadro nº 12 Testes qui-quadrado data da pronúncia 2 – tema dominante…………..165
Quadro nº 13 Testes qui-quadrado12 contexto dos discursos – tema dominante no
discurso-------------------------------------------------------------------------------------------166
Quadro nº 14 Testes qui-quadrado gráfico nº 13 data da pronúncia do discurso …..….167
Quadro nº 15 Testes qui-quadrado tom do discurso – partidos políticos………….……168
Quadro nº 16 Testes qui-quadrado tom do discurso negativo – tema dominante no
discurso………………………………………………………………………….…...170
Quadro nº 17 Testes qui-quadrado tom do discurso positivo – tema dominante no
discurso………………………………………………………………………….…….171
Quadro nº 18 Testes qui-quadrado consolidação da democracia – área de
intervenção………….…………………………………………………………….......172
Quadro nº 19 Testes qui-quadrado direitos humanos – área de intervenção…….…....173
Quadro nº 20 Testes qui-quadrado tom do discurso negativo – tema dominante no
discurso..……………………………………………………………….…...……..…..175

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Quadro nº 21 Testes qui-quadrado tom do discurso positivo – tema dominante no
discurso…..………………………………………………………….…………...…..176
Quadro nº 22 Testes qui-quadrado tom do discurso neutro – tema dominante no discurso
neutro…………………………………………………………………………...……177
Quadro nº 23 Testes qui-quadrado cooperação internacional – corrupção………....….178
Quadro nº 24 Testes qui-quadrado cooperação internacional – impunidade…….…….179
Quadro nº 25 Testes qui-quadrado cooperação internacional – nepotismo………..…...180
Quadro nº 26 Testes qui-quadrado cooperação internacional – fome e pobreza…….…181
Quadro nº 27 Testes qui-quadrado datas agrupadas corrupção……………….…….….182
Quadro nº 28 Testes qui-quadrado datas agrupadas– impunidade…………….….….183
Quadro nº 29 Testes qui-quadrado datas agrupadas – nepotismo…….……………....221
Quadro nº 30 Testes qui-quadrado data da publicação da notícia e o órgão de
imprensa………………………………………………………………………….…...223
Quadro nº 31 Testes qui-quadrado data da publicação – local do fato……….………224
Quadro nº 32 Testes qui-quadrado data da publicação da notícia – direção ou enfoque
……………………………………………………………………………….……......225
Quadro nº 33 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – géneros jornalísticos……..….226
Quadro nº 34 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – foto ou ilustração…………....227
Quadro nº 35 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – referência ao público……..…228
Quadro nº 36 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – partidos políticos……….…...229
Quadro nº 37 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – sociedade civil…………….…230
Quadro nº 38 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – sociedade civil……………..231
Quadro nº 39 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – direção ou enfoque……….….233
Quadro nº 40 Testes qui-quadrado género da notícia – direção ou enfoque………..…..234
Quadro nº 41 Testes qui-quadrado género da notícia – foto ou ilustração……….…..…236
Quadro nº 42 Testes qui-quadrado fonte da informação – género da notícia…….…...237
Quadro nº 43 Testes qui-quadrado fonte da informação – espaço……………..…..….238
Quadro nº 44 Testes qui-quadrado fonte da informação – direção ou enfoque…….....240
Quadro nº 45 Organizações políticas e sindicais………………………...…………...241
Quadro nº 46 O que pensa sobre as promessas do Presidente da República em relação a
corrupção, a impunidade e ao nepotismo?......................................................................242
Quadro nº 47 Do que tem observado qual é a sua opinião sobre a promessa do Presidente
da República relacionada com a consolidação da democracia?......................................243

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Quadro nº 48 Qual é a sua posição em relação a possibilidade de existirem autarquias
locais em Angola?..........................................................................................................244
Quadro nº 49 O que pensa sobre a liberdade de expressão, manifestação e reunião?......245
Quadro nº 50 Qual é a sua opinião em relação aos direitos humanos em Angola?..........246
Quadro nº 51 O que pensa sobre o trabalho dos tribunais e da procuradoria-geral da
República na era João Lourenço?...................................................................................247
Quadro nº 52 Que opinião é que tem em relação aos órgãos de defesa, Segurança e
Veteranos da Pátria?.......................................................................................................248
Quadro nº 53 Como avalia a mobilidade de cidadãos na CPLP e a imigração ilegal,
enquanto preocupação do Presidente da República……………………………………249
Quadro nº 54 Que análise se pode fazer em relação ao crescimento económico do
país?...............................................................................................................................250
Quadro nº 55 Que avaliação faz as finanças públicas nos últimos dois anos?.................251
Quadro nº 56 Qual pensa ser o desfecho da política de repatriamento de capitais e
recuperação de ativos?...................................................................................................252
Quadro nº 57 Relativamente a Banca que avaliação faz ao crédito as empresas?...........253
Quadro nº 58 Como vê o empreendedorismo e o investimento nos últimos dois anos?.254
Quadro nº 59 Que tipo de avaliação faz a questão do emprego e do desemprego em
Angola?..........................................................................................................................255
Quadro nº 60 Da observação que faz a situação da fome e da pobreza, qual será a evolução
nos próximos seis meses? Tem alguma ideia de como se pode ultrapassar este mal?.....256
Quadro nº 61 O que pensa sobre as ações que têm sido implementadas nos setores da
agricultura, pescas e indústria?.......................................................................................257
Quadro nº 62 Como avalia os transportes públicos e as redes viárias e ferroviárias?......258
Quadro nº 63 Que comentários pode fazer em relação as questões de género?...............259
Quadro nº 64 O que pensa sobre a justiça distributiva e social em Angola?....................260
Quadro nº 65 Como avalia a liberdade de culto e religião?.............................................261
Quadro nº 66 Na sua opinião que alterações se verificaram nos últimos dois anos na
educação e saúde?..........................................................................................................262

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Siglas e Abreviaturas

AOD- Ajuda Oficial ao Desenvolvimento


AICEP- Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal
AIPEX- Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola
AN- Assembleia Nacional
ANGOP- Angola Agência Press
APCT- Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação
BAD - Banco Africano de Desenvolvimento
BAF- Banco Africano de Desenvolvimento
BM- Banco Mundial
CASA-CE- Convergência Ampla de Salvação de Angola- Coligação Eleitoral
CCIPA- Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola
CEIC- Centro de Estudos e Investigação Científica
CEFOJOR- Centro de Treinamento para Jornalistas
CPLP- Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
CRA- Constituição da República de Angola
CSS- Cooperação Sul-Sul
DW- Deutsche Welle
FAA- Forças Armadas Angolanas
FMI- Fundo Monetário Internacional
FNLA- Frente Nacional de Libertação de Angola
FSDEA- Fundo Soberano de Angola
GRECIMA- Gabinete de Revitalização da Comunicação e Marketing Institucional
IBEP - Inquérito sobre o Bem-Estar da População
INACOM- Instituto Angolano das Comunicações
INE- Instituto Nacional de Estatística de Angola
LCRPA- Lei Constitucional da República Popular de Angola
MPLA- Movimento Popular de Libertação de Angola
OGE – Orçamento Geral do Estado
ONG - Organizações Não Governamentais
ONU- Organização das Nações Unidas
PAC - Programa de Apoio ao Crédito

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PAPE - Plano de Ação para a Promoção da Empregabilidade
PDA- Programa de Desenvolvimento Agrícola
PDN- Programa de Desenvolvimento Nacional
PIB – Produto Interno Bruto
PIIM - Plano Integrado de Intervenção nos Municípios;
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPP - Poder de Paridade de Compra
PR- Presidente da República
PRODESI- Programa de Estabilização Económica
PROPRIV- Programa de Privatizações
PRS- Partido de Renovação Social
RNA- Rádio Nacional de Angola
SADC- Comunidade dos Países da Africa Austral
SPSS- Statistical Package for the Social Sciences
TIC- Tecnologia de Informação e Comunicação
TPA- Televisão Pública de Angola
UNITA- União Nacional Para a Independência Total de Angola
URSS- União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
VORGAN- Voz da Resistência do Galo Negro
VPR- Vice-Presidente da República
WEF- Fórum Económico Mundial

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Introdução

A análise da temática sobre a cobertura e representação mediáticas do discurso e


das ações políticas do Governo angolano desenvolve-se na área do saber das ciências da
comunicação. A elaboração desta pesquisa foi motivada pela difusão mediática das
principais ações políticas e judiciais levadas a cabo pelo Governo de Angola. Estas ações
consubstanciaram-se na detenção de altos dignatários e funcionários do Estado, na
constituição de processos judiciais, retenção de capitais com proveniência duvidosa,
repatriamento de capitais indevidamente transferidos para o estrangeiro e expulsão de
estrangeiros ilegais. A análise do conteúdo dos discursos políticos do Presidente da
República (PR) de Angola, João Lourenço, pronunciados de 3 de outubro 2017 a 01 de
janeiro de 2020, possibilitou a realização desta pesquisa que pretende ajudar a
compreender como as promessas discursivas do PR se traduziram em ações políticas
mediatizadas do Governo angolano.
O contexto em que são pronunciados os discursos políticos e a sua representação
mediática na imprensa, em Angola e Portugal, são igualmente considerados nesta
pesquisa. As ações acima enunciadas foram desenvolvidas num curto período de tempo
(2017-2020), e traduziram-se em operações judiciais, com vista ao combate ao crime
organizado, à corrupção, à impunidade e ao nepotismo. Os atos em referência derivaram
da mudança política do poder democrático resultante das eleições gerais de 2017 em
Angola. O novo poder abraçou as medidas acima descritas com o intuito de mudar a
opinião dos cidadãos em relação a certas práticas e credibilizar as instituições do Estado,
ao propor-se equilibrar os principais indicadores económicos (por exemplo acabar com
os monopólios e oligopólios), melhorar o ambiente de negócios e restaurar a economia
com foco na produção interna. Supõe-se que as más práticas tenham derivado das
políticas do anterior Governo encabeçado pelo ex-Presidente da República, José Eduardo
dos Santos.
Dos discursos políticos de João Lourenço identificou-se a intenção de levar a cabo
um conjunto de ações com as quais pretende reformular o setor público e privado e
melhorar a eficácia do Governo e do seu programa. Para tal, o governo angolano levou a
cabo uma série de reformas, tais como as que defende Salamon (2011, p. 1612), que
possibilitaram “reinventar, reduzir, privatizar, devolver, descentralizar, desregulamentar
certos setores da vida pública e privada do país”. Neste plano, Teixeira, Pereira e Belchior

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(2017, p. 361-362) defendem que devem existir pontos convergentes e divergentes que
considerem as promessas eleitorais, na medida em que, os indivíduos, para além de
apoiarem o regime democrático, mostram-se igualmente bem informados, atentos e
conhecedores da realidade política do seu país, usando essa informação e mobilização
para avaliar o modo como as principais instituições e os atores políticos atuam nas mais
diversas circunstâncias. Embora o pensamento de Belchior, Sanches e José (2016, p. 13),
anteceda o presente estudo, no caso de Angola, parece existir pouca perceção da
congruência entre as promessas discursivas e as ações políticas, que no nosso entender,
deve-se a dificuldade que os eleitores possuem em distinguir as estratégias das
plataformas partidárias. Outro fator que parece não possibilitar a averiguação da
congruência é a ausência de instituições democráticas fortes e de eleições locais. Assim
sendo, não se espera que a congruência expresse um senso de representatividade, visto
que, os direitos políticos plenos estão ausentes. Portanto, a congruência política para
Angola, pode ser vista apenas como um mecanismo suplementar para que o regime
alcance o apoio popular, mesmo que seja mínimo e setorial.
Foi nosso propósito, e manifestou-se pertinente, analisar a cobertura das ações
políticas mediatizadas do Governo angolano, igualmente a partir de Portugal, devido às
possíveis repercussões que estas vinham tendo nas atividades de cidadãos portugueses e
angolanos com interesse nos dois Estados.
Segundo o Jornal de Angola, no seu editorial do dia 18 de agosto de 2019, depois
de um passado recente com alguma incompreensão entre os atores políticos de Luanda e
de Lisboa, que serviu para evidenciar mais desvantagens que vantagens, Angola e
Portugal ganharam tempo e apostaram na renovação de compromissos ao mais alto nível.
No domínio militar, por exemplo, as trocas de experiência e os exercícios conjuntos
continuaram intensos e a grande aposta por parte de Angola tem sido no domínio da
formação de quadros. Existe, igualmente, a possibilidade de que as ações políticas do
Governo angolano despertem interesse na esfera política portuguesa. Foi por isso que a
análise à representação mediática dos discursos políticos de João Lourenço e das ações
políticas do Governo angolano, na imprensa portuguesa, despertou igualmente o nosso
interesse. Os dados da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA, 2018)
indicam também existir uma troca intensa de mercadorias entre os dois Estados, bem
como descrevem os tipos de negócios praticados a nível comercial entre os cidadãos dos
dois países. Nota-se que, apesar de algumas dificuldades verificadas a nível político,

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existe uma reciprocidade e igualdade nas relações comerciais entre os dois Estados.
Segundo o diretório das empresas associadas da CCIPA (2018), devido à conjuntura da
crise económica e financeira que Portugal viveu no período compreendido entre 2010 e
2014, várias empresas que perderam mercado em Portugal encontraram alternativas
comerciais em Angola. O mesmo aconteceu com muitos portugueses que tendo perdido
os seus empregos em Portugal, encontraram soluções em Angola.
Dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP,
2017) estimam que, pelo menos, cento e cinquenta mil portugueses trabalham em Angola
e cerca de oito mil empresas operam e exportam produtos para o mercado angolano. Para
a CCIPA, isto justifica o fato de as trocas comerciais entre os dois países nunca terem
deixado de ser fortes. Ainda, no que toca as trocas comerciais, dados estatísticos sobre o
investimento privado da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações
de Angola (AIPEX, 2019) indicam que as exportações de Angola para Portugal
aumentaram no período que vai de 2014 a 2017.
A AIPEX considera estes dados como sendo um elemento importante nas relações
comerciais entre os dois países. Outro elemento relevante que se pode destacar nas
relações económicas entre Portugal e Angola é a presença crescente de empresas e
investidores angolanos no mercado português. Segundo o Anuário de Estatística do
Comércio Externo do Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE, 2019), Portugal
foi o principal parceiro das importações para Angola, durante os anos de 2017 e
2018, com cerca de 16,50% do total das importações.
Para além da situação económica, no domínio das relações políticas, como
denotam Seabra e Gorjão (2011, pp. 5-6), registou-se, por um longo período, um ligeiro
afastamento de Portugal em relação a Angola, devido à política externa de Portugal que
raramente se desviava do seu paradigma central que consistia na sua integração à União
Europeia e nas relações transatlânticas com os Estados Unidos da América. Portugal tinha
feito um corte nos laços histórico-culturais com os países de língua portuguesa, uma
posição que veio a ser revista com o fim da guerra civil em Angola, em 2002 e o crescente
evoluir dos preços internacionais das matérias-primas. Registou-se, no entanto, a partir
deste marco uma nova focagem de Portugal e por outro lado, os países africanos de língua
oficial portuguesa estiveram na vanguarda do renovado interesse português pela África.
Entre estes destinos preferenciais, Angola destacou-se, desde o início, como primus
interpares.

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Em relação à revisão da literatura, no que se refere às análises dos discursos
políticos em Angola, gostaríamos de destacar a sua escassez, ou pelo menos, o nosso
desconhecimento quanto a um investimento académico significativo neste campo. Este
estudo tem por foco analisar como as promessas dos discursos políticos do PR de Angola,
João Lourenço, se concretizam nas ações políticas mediatizadas do Governo angolano.
As peças noticiosas analisadas em Angola e Portugal, no período entre 3 de
outubro de 2017 a 31 de janeiro de 2020, são constituídas pelos elementos publicados
pelos jornais identificados no corpus de análise da imprensa. Recorreu-se ao material da
imprensa para examinar o conteúdo dos discursos, constituindo estes, a nosso ver, uma
espécie de fotografia das ações políticas mediatizadas decorrentes das promessas
discursivas com repercussão social.
A análise foi efetuada até 31 de janeiro de 2020 por se terem registado, neste
período, medidas e ações que justificavam a compreensão das promessas e intenções
políticas traduzidas nos discursos de João Lourenço, que foram mediaticamente
publicitadas em Portugal e Angola. Esta pareceu-nos ter sido uma temática que ocupou
os escaparates da imprensa aliada às mudanças operadas na liderança política de Angola,
fruto das eleições gerais de 2017.
O nosso argumento centra-se no distanciamento entre a leitura e a observação da
realidade política e comunicacional angolana e a informação divulgada pelos media.
Nesta sequência, o presente estudo centra-se na análise das peças noticiosas e na
exposição das promessas políticas. Pretendeu-se estudar a relação entre as tendências
discursivas do Presidente da República e as ações políticas mediatizadas do Governo
Angolano. Esta enunciação parte do pressuposto que a mediatização das promessas
discursivas do PR de Angola, João Lourenço, não representa as suas intenções, tal como
são expressas nos seus discursos políticos, ou seja, as ações mediatizadas do Governo
angolano não indicam existir uma efetiva concretização dos propósitos enunciados pelo
líder da Nação angolana. A partir da construção noticiosa sobre a política governamental,
identificada por intermédio do foco temático e contextual, dos discursos políticos
selecionados de João Lourenço, e das peças noticiosas divulgadas, no período que vai de
3 de outubro de 2017 a 31 de janeiro de 2020, verifica-se um distanciamento entre as
ações e as promessas feitas.
No plano empírico deste estudo pretendeu-se analisar a cobertura e a
representação mediáticas do discurso e das ações políticas do Governo angolano, em

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Portugal e Angola com recurso a abordagem interpretativista. Segundo Brauner, Cigales
e Júnior (2014, p. 38), o Interpretativismo é uma perspetiva teórica que se contrapõe ao
positivismo, na medida em que, permite o desenvolvimento e a interpretação da vida
social e do mundo, numa perspetiva cultural e histórica. O Interpretativismo surgiu em
reação à tentativa de se desenvolver uma ciência natural dos fenómenos sociais. Para
Bryman (2012, p. 30), o Interpretativismo permite denotar uma alternativa à ortodoxia
positivista. Nessa conformidade, a sua aplicação ao estudo das relações entre as ações
políticas mediatizadas de um Governo e as promessas governativas, permite construir
uma abordagem que ajuda a aprofundar o significado das representações políticas, sociais
e comunicacionais dos discursos. Como defende (Bryman, 2012, p. 33), pretende-se que
a corrente interpretativista seja complementada pelo construtivismo social. Este
argumento epistemológico permitiu que os significados construídos a partir dos discursos
políticos e das ações mediatizadas do Governo angolano, fossem analisados
continuamente. Esta abordagem evidenciou a relação existente entre os dois atos e
momentos, intermediados pelos órgãos de difusão massiva (imprensa) em Angola e
Portugal, tornando possível compreender a conformidade entre as promessas políticas e
os atos mediatizados do Governo angolano.
Optamos igualmente pela abordagem construtivista social, porquanto se apoia no
Interpretativismo e vice-versa, estando as correntes em complementaridade. Como
defende Matthews (2000), o construtivismo social não é só uma teoria sobre
aprendizagem, ensino e filosofia, mas também, uma teoria da ciência que
epistemologicamente facilita o diálogo entre o fenómeno e a natureza da ciência. Para
Bryman (2012, p. 9), o construtivismo social fornece-nos uma compreensão explícita
sobre a conformidade ou não dos fenómenos comunicacionais. No que se refere ao estudo
das ações políticas mediatizadas do Governo angolano, o recurso a esta abordagem, torna
claro e suporta a inferência e a análise do fenómeno num plano socialmente ancorado,
com a possibilidade de deduções no plano sociopolítico e comunicacional. Na mesma
linha de pensamento, Berger e Luckmann (2005) consideram que a realidade é
socialmente construída, pois, a partir da sociologia do conhecimento é possível perceber
o estudo do processo construtivo da comunicação.
Relativamente ao desenho da pesquisa, traçou-se um estudo de tipo comparativo.
Espírito Santo (2015, p. 49) defende que a comparação é natural e intuitiva à análise
humana. Este aspeto constitui a primeira premissa inerente a qualquer área científica que

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use o método comparativo. O método comparativo baseia-se também no cânone
“milliano”, no método das semelhanças e das diferenças ou na observação de variações
concomitantes (Franco, 2000). Segundo Bryman (2012, p.72-73), neste tipo de desenho,
o estudo envolve a análise de dois casos contrastantes, usando métodos mais ou menos
idênticos. A pesquisa incorpora a lógica da comparação, na medida em que, implica que,
obtém-se uma melhor compreensão dos fenómenos sociais, quando estes são comparados
à dois ou mais casos ou situações contrastantes. O desenho comparativo pode ser
realizado em contextos de pesquisa quantitativa ou qualitativa. Isto implica que existam,
pelo menos, dois casos (que podem ser organizações, nações, comunidades, políticos,
polícias, etc.) em que os dados são recolhidos de cada uma das partes, normalmente, num
formato de desenho transversal. Neste estudo, o desenho comparativo permitiu
compreender de que forma, os discursos, as intenções e as promessas políticas do
Presidente da República de Angola, João Lourenço, se traduziram em ações políticas
mediatizadas do seu Governo.
Segundo Silva (2016, p. 221), o reaparecimento dos estudos comparados, no meio
académico e nas pesquisas em ciências da comunicação, com diferentes propósitos e
alinhamentos teórico-metodológicos, tem levado a interrogações desde a produção de
generalizações e singularidades, na perspetiva da melhoria dos sistemas comunicacionais
ao privilegiar os dados estruturais, como esforço para o encontro do raciocínio lógico. O
estudo comparado não é um simples método, mas sim uma ciência, cujo objeto consiste
em descobrir as semelhanças e diferenças dos sistemas comunicacionais.
Em conformidade com os argumentos anteriores, esta análise de tipo comparativa,
segue as linhas de investigação de Bryman (2012); Espírito Santo (2008); Bastos e Duquia
(2013). Seguindo a linha de pensamento de Bastos e Duquia (2013), concebeu-se este
estudo sobre a cobertura e a representação mediáticas do discurso e das ações políticas
do Governo angolano, em Portugal e Angola, numa linha comparada, afim de
compreender como foram tratadas as promessas discursivas de João Lourenço e a
frequência noticiosa sobre as ações políticas mediatizadas do seu Governo. Tal
comparação, possibilitou a confrontação dos estímulos com as consequências,
comparando a ligação existente entre ambos. Para Silva (2016, p. 213), compreender os
discursos e ações políticas de forma comparativa, ajuda a aclarar o processo de construção
de configurações que esclarecem a perspetiva do cruzamento entre as teorias do conflito
e as do consenso, as abordagens descritivas e as conceituais. Contudo, o que parece mais

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significativo nesse processo é a capacidade de o estudo comparado instituir-se numa
pluralidade de perspetivas, abordagens e metodologias ao mesmo tempo que indica os
limites para a compreensão dos fatos ou fenómenos comunicacionais, apresentando-os
como um só.
O propósito deste estudo foi analisar as promessas discursivas de João Lourenço,
PR de Angola, a sua representação mediática e compará-las com as ações políticas
mediatizadas do Governo Angolano. Tal comparação foi efetuada através das opções
noticiosas das imprensas angolana e portuguesa, com o fim de contribuir para a
sistematização e aprofundamento da discussão sobre os moldes em que se processam a
cobertura e a representação mediáticas do discurso e das ações políticas, em contexto
angolano. Este processo, levou-nos a optar por uma investigação dedutiva, sustentada
pela teoria existente que nos permitiu partir dela para alcançar novos resultados (Bryman,
2012, pp. 24-26).
A questão de partida que serviu de base para a condução deste estudo é a seguinte:
como é que os discursos políticos de João Lourenço, Presidente da República de Angola,
se traduzem em ações políticas mediatizadas do Governo angolano?
Pretendeu-se obter uma resposta à indagação anteriormente feita recorrendo ao
estudo da cobertura e representações mediáticas do discurso e das ações políticas do
Governo angolano em Angola e Portugal no período de 2017 a 2020. Como sugerem os
estudos de Cardina (2016); Fonseca e Ferreira (2016), por intermédio dos media podem-
se fazer representações seletivas das mensagens contidas nos discursos políticos, para
perceber o contexto e as dinâmicas de governação. Neste sentido, o conteúdo dos
discursos políticos mediatizados do PR de Angola, João Lourenço, constitui-se nessas
mensagens, servindo de base para o presente estudo. Na medida em que, os discursos
políticos, ao serem representados pelos media, tornam-se o veículo de comunicação pelo
qual ocorrem as compreensões e a partilha das mensagens. Os conteúdos dessas
mensagens, bem como o modo como elas são transmitidas, podem influenciar o
comportamento dos cidadãos envolvidos nesta comunicação, estimulando o nosso
interesse em verificar como foram tratadas as promessas discursivas de João Lourenço,
PR de Angola, e a representação das ações políticas mediatizadas do Governo angolano.
Como já fizemos referência, as ações executadas no período que vai de 2017 a 2020, que
se afigurou ser um processo de influência e partilha de intenções, foram verificadas por

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intermédio da representação mediática das opções noticiosas das imprensas angolana e
portuguesa.
Ao estudar as ações políticas do Governo angolano, a partir do tratamento que as
imprensas angolanas e portuguesas deram aos conteúdos noticiosos, pretendeu-se
averiguar em que medida as representações mediáticas dos discursos políticos difundem
as intenções discursivas do PR Angola. Esta comparação baseou-se nas representações a
partir das quais se produziu a informação seletiva para os media (McGregor, 2019).
Os discursos representam um dos elos que o poder político estabelece com a
opinião pública. Esta visão permite que se construa um entendimento a partir dos pontos
convergentes e divergentes dos conhecimentos sobre a relação existente entre as
promessas discursivas do PR João Lourenço e as ações políticas do Governo angolano no
seu todo, o que possibilitou obter a verificação do contexto da produção noticiosa. Com
a aplicação da técnica de entrevista, pretendeu-se enriquecer a análise e a discussão sobre
as ações políticas mediatizadas do Governo angolano. O estudo propôs-se a descrever a
compreensão sobre a conformidade do fenómeno em análise, que os líderes dos partidos
políticos com assento parlamentar e os responsáveis de organizações sindicais e
socioprofissionais de jornalistas possuem, sobre as promessas discursivas de João
Lourenço e as ações políticas do seu Governo, tendo em consideração a discussão teórica
acerca da intencionalidade dos mesmos.
São objetivos gerais desta pesquisa os seguintes:
- Examinar as promessas discursivas de João Lourenço, Presidente da República
de Angola, para verificar a sua conformidade com as ações políticas mediatizadas do seu
Governo, através das opções noticiosas das imprensas angolana e portuguesa, em
perspetiva comparada;
- Contribuir para a sistematização e aprofundamento da discussão sobre os moldes
em que se processam a cobertura e a representação mediáticas do discurso e ações
políticas, em contexto angolano, relevando e comparando o quadro de intenções e
promessas com as representações mediáticas das ações políticas do Governo angolano
daí resultantes.
Os objetivos específicos são, nesta sequência, os seguintes:
- Examinar as promessas, representações políticas, ideológicas e valorativas
contidas nos discursos políticos de João Lourenço para a partir delas identificar as
principais temáticas e abordagens;

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- Examinar as principais temáticas das ações políticas mediatizadas do Governo
angolano, a partir das imprensas portuguesa e angolana no período entre 03 de outubro
de 2017 e 31 de dezembro de 2020;
- Identificar, numa perspetiva comparada, como as promessas discursivas de João
Lourenço, Presidente da República de Angola, se traduzem em ações políticas
mediatizadas do Governo angolano, segundo as imprensas portuguesa e angolana.
Em função dos propósitos do estudo e da natureza da pesquisa, os objetivos acima
delineados e as opções metodológicas são respetivamente o fio condutor e a base de
validação da presente análise. O estudo das peças noticiosas permitiu compreender de que
maneira foi feita a cobertura e a representação mediáticas do discurso e das ações políticas
mediatizadas do Governo angolano em Portugal e Angola.
Da concretização dos objetivos expostos pode-se, igualmente, perceber até que ponto
as intenções discursivas do PR de Angola foram materializadas nas ações políticas
mediatizadas do seu Governo. Pretendeu-se com esta análise, perceber como é que foram
mediatizados os discursos e as ações políticas do Governo angolano, numa lógica de
comparação da correspondência entre as promessas e a sua materialização, tendo como
base a representação mediática.
Desenho de pesquisa desta investigação (ver figura 1).

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Figura nº 1 Desenho da pesquisa

Fonte: Elaboração própria


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O desenho de pesquisa acima evidencia a organização, o fluxo e a interdependência
dos elementos no estudo, enfatiza a delimitação do tema, a definição da problemática
resumida na sua pergunta de partida e a recolha da informação consubstanciada na revisão
da literatura. Este desenho tem suporte teórico nos estudos de Porto (2009); Alexandre
(2001); Wolf (1999); Bardin (1977); Espírito Santo (2008), e evidencia a relação que se
estrutura entre a literatura consultada, o discurso político de João Lourenço, PR de
Angola, e as ações políticas mediatizadas do seu Governo, a partir de conteúdos
produzidos pelos media. O desenho de pesquisa descreve o percurso da análise dos
discursos e das ações políticas de maneiras a ressaltar a sua pertinência comunicativa,
política, social e económica. O modelo permitiu, igualmente, identificar e organizar, de
forma cronológica, os argumentos conforme dispostos no corpus e na análise dos
discursos políticos, assim como, no estudo das ações políticas mediatizadas do Governo
angolano.
Em termos de resultados esperados, procurou-se obter a sistematização e comparação
das promessas discursivas de João Lourenço, PR de Angola, olhando para a forma como
foi feita a sua representação mediática, comparando as ações políticas mediatizadas do
Governo angolano, por intermédio das opções noticiosas das imprensas angolana e
portuguesa. Nessa conformidade, construiu-se um suporte analítico sobre a influência
dessas promessas na vida dos cidadãos, com base nas peças noticiosas sistematizadas, o
que permitiu que se aprofundasse a discussão sobre os moldes em que se processam a
cobertura e a representação mediáticas dos discursos e das ações políticas mediatizadas
do Governo angolano. Finalmente, numa perspetiva comparada, examinou-se em que
medida as promessas discursivas de João Lourenço e as ações políticas mediatizadas do
Governo angolano, representadas pelas imprensas portuguesa e angolana, foram tratadas,
do ponto de vista da representação mediática. O estudo baseou-se em entrevistas
semiestruturadas, que possibilitaram acrescentar questões sempre que foi adequado, no
decurso da entrevista e verificar os resultados obtidos.
A tese está dividida em três partes, a primeira parte possui dois capítulos, a
segunda parte três capítulos e a ultima parte esta composta por cinco capítulos. O capítulo
1 na primeira parte apresenta as teorias da comunicação, ação política e representação
social, discute a importância e os efeitos das teorias do Gatekeeping e Newsmaking,
Agenda-Setting e a Teoria dos Efeitos Limitados dos media; de igual modo, expõe as
Teorias da Representação Social, Espiral do Silêncio e da Ação Política. O capítulo 2 faz

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um enquadramento teórico sobre a cobertura, representação mediática e discute a
comunicação e o discurso político, como tendências e intenções pós-eleitorais. Na
segunda parte, o capítulo 1 faz uma apresentação de Angola no contexto geográfico,
descrevendo a sua organização política, social, económica e administrativa. O capítulo 2
foca-se no sistema mediático, observando a sua evolução no período colonial e pós-
colonial, abordando comparativamente o exercício do jornalismo em Portugal em período
democrático e retratando o estado atual do jornalismo em Angola, salientando os
múltiplos papéis que os media podem assumir nos contextos de governação. Por fim, o
capítulo 3 da segunda parte analisa os meandros da ascensão de João Manuel Gonçalves
Lourenço à Presidência da República de Angola e revê os conceitos teóricos e as
principais promessas e intenções discursivas.
Com base no trabalho teórico levado a cabo nos capítulos anteriores, o capítulo
1 da parte 3 estabelece o desenho de investigação e elege o método e as técnicas em
componentes que podem dar suporte à abordagem empírica da pesquisa. Neste
seguimento, o capítulo 1 detalha as opções metodológicas que permitiram lançar sobre o
objeto de estudo um olhar que teve em vista a resposta à questão de partida e os objetivos
da tese. O capítulo 2 expõe os resultados da análise de conteúdo dos discursos políticos
de João Lourenço, PR de Angola, apresenta as principais tendências, os aspetos críticos
e os temas centrais. No capítulo 3, apresentam-se as ações políticas mediatizadas do
Governo angolano, analisadas a partir da imprensa portuguesa e angolana numa
perspetiva comparada, bem como a sua cobertura noticiosa, as principais tendências e os
temas centrais, olhando para as promessas discursivas, assim como, para os resultados
das entrevistas. O capítulo 4, procura analisar e discutir os discursos políticos de João
Lourenço, com base nos resultados da análise de conteúdo. E finalmente o capítulo 5,
examina e confronta os resultados das ações políticas mediatizadas do Governo angolano
saídas da análise de conteúdo das peças noticiosas e das entrevistas com as teorias
construídas.

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Parte I. Quadro Teórico Introdutório. Teorias da Comunicação e Representação
Política Mediatizada
1. Seleção, Construção e Efeitos dos Media
No contexto da cobertura e representação mediática dos discursos e das ações
políticas mediatizadas, exploram-se nesta secção as teorias da produção, representação e
compreensão dos efeitos das notícias, nomeadamente o Gatekeeping e Newsmaking, o
Agenda-Setting, a Teoria dos Efeitos Limitados dos Media, a da Representação Social, a
da Espiral do Silêncio e a da Ação Política
Estas teorias procuram dar respaldo ao fenómeno da comunicação de massa e
estão envoltas e imersas no contexto social, histórico e económico vigentes na sua época
e possuem uma profunda relação com os atos sociopolíticos. Desta forma, cada modelo
teórico-metodológico procura compreender e explicar os efeitos decorrentes da exposição
aos veículos de comunicação de massa à luz da realidade social. Por conseguinte, a
sociedade evolui através de um processo dinâmico e complexo e em função disso, as
premissas de cada modelo vão ganhando contornos delimitados por paradigmas
psicológicos, sociológicos e antropológicos.

1.1. Gatekeeping e Newsmaking


Segundo Motta e Batista (2014, p. 3099), o termo gatekeeping, surgiu em 1943
quando Lewin se referia ao processo de seleção dos alimentos que eram dispostos à mesa
durante a refeição. Este processo sugeria que se optasse por determinados alimentos em
detrimento de outros e foi este processo de filtragem que ficou conhecido depois de
décadas por processo de gatekeeping. Apenas sete anos mais tarde é que, White (1950)
adaptou o termo à comunicação, com a denominação do processo de seleção e filtragem
de notícias para um determinado jornal. A partir deste período, a expressão gatekeeping
foi difundida ao redor do mundo tornando-se numa importante teoria jornalística baseada
fundamentalmente no processo de seleção de notícias de maior valor para a sua
publicação, deixando de fora aquelas que não se destacam ou não se enquadram na
temática ou até mesmo nas ideologias do veículo de comunicação em questão. Nesta
conformidade, o gatekeeping foi introduzido no contexto da comunicação em 1950, por
White (1950), e assim é usado até hoje como processo de seleção das notícias que serão
veiculadas nos meios de comunicação de massas.

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A teoria do gatekeeping de Galtung e Ruge (1965, p.64-65) aborda a cadeia de
tratamento dos acontecimentos, ou seja, a imagem da notícia. O Gatekeeping interessa-se
em como fazer um evento tornar-se notícia e aborda uma cadeia de tratamento da
informação, que vai desde o jornalista até ao editor de notícias do jornal recetor. O
modelo de Galtung e Ruge (1965) complementa o de White (1950), pois, introduz
critérios que levam à seleção das notícias, já que o gatekeeper seleciona as notícias de
acordo com determinados critérios, avalia o grau de noticiabilidade de um evento, o
valores-notícia. Estes critérios introduzem racionalidade no processo de newsmaking,
diminuindo o papel e a influência da subjetividade do gatekeeper. Ainda assim, Galtung
e Ruge (1965) consideram que a corrente de tratamento da notícia pode ser encurtada, se
o jornal tiver um correspondente que pode ser reduzido a editor-correspondente do evento
de comunicação, o que envolve apenas duas etapas. Fazendo uma análise a esta teoria,
Sebastião (2016, p. 314) considera que o gatekeeping evidencia a forma como os
jornalistas tendem a criar notícias, muitas vezes motivados por fatores políticos, sociais,
económicos e editoriais. gatekeeping na sua forma clássica é um sistema de produção,
distribuição e consumo das notícias que resultou da época do apogeu dos meios de
comunicação de massas.
As práticas de gatekeeping, segundo Bruns (2011, p. 121), eram uma necessidade
do jornalismo; os jornais e os noticiários das rádios e das televisões não ofereciam mais
do que uma seleção redigida dos seus conteúdos e tinham muitas dificuldades em definir
a pauta noticiosa do dia; em função disso, as avaliações das matérias mais importantes
para o conhecimento das audiências (isto é, quais eram as matérias que poderiam ser
comprimidas para caber no espaço total disponível para o conteúdo noticioso na
publicação ou na transmissão pela rádio ou pela Televisão) tinham que ser feitas com
muito trabalho e cautela. Nesta perspetiva, Cook (1996, p. 469) sugere que o nosso
conhecimento sobre os padrões de elaboração do conteúdo das notícias, apesar de ser
consistente entre as organizações, não foi sempre o mesmo ao longo do tempo; apenas
recentemente se verificou uma maior consciência da forma como os jornalistas devem
criar e organizar o conteúdo das notícias. Para Cook, ainda que os estudos anteriores
tenham concluído que as notícias são “indexadas” à opinião da elite, elas também exibem
uma discrição individual dos jornalistas; por isso, as normas de produção das notícias não
estão intimamente ligadas ao conteúdo e, as rotinas não podem explicar as imagens
apresentadas nas notícias. Nessa conformidade, o trabalho do jornalista pode ser melhor

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compreendido, não como quem segue única e exclusivamente o “rasto do poder”, mas
como quem procura maneiras de criar uma direção contínua e convincente do seu produto.
Bruns (2011, p. 123), considera que o gatekeeping é uma prática que resultou
fundamentalmente de um ambiente de escassez de canais de notícias, e da falta de espaço
para a divulgação de notícias dentro desses canais, nesta conformidade, pode-se
considerar que qualquer crescimento no espaço global para dar lugar a mais divulgação
de notícias tem que, necessariamente desafiar o papel da prática do gatekeeping.
Segundo Fotios (2016, p. 1), a maneira como a notícia era produzida e consumida,
a partir da segunda metade da década de 1990, foi alterada com o aparecimento das redes
e das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC`s), dando lugar a variadas
alterações, principalmente, a nível da informação produzida. As novidades introduzidas
com o advento da internet alteraram, definitivamente, a rotina tradicional e o processo de
produção da notícia, desde a sua recolha, tratamento e divulgação, formando um conjunto
de sistemas e subsistemas complexos no que diz respeito a gestão dos conteúdos.
O percurso da informação, segundo Canavilhas (2010, p. 391), passa a ter dois
níveis de gatekeeping. No primeiro nível, os jornalistas selecionam os acontecimentos
que reúnem condições para se transformarem em notícia. No decorrer deste processo
subordinado à aplicação de critérios profissionais e organizativos, são combinados os
diferentes valores-notícia relacionados com as características do próprio acontecimento.
Com o processo produtivo de cada meio de comunicação e com as características do
público ao qual se destina a informação, assim como com a concorrência do meio em
questão, o jornalista recorre à diversas técnicas para reduzir a sua informação ao espaço
que o editor lhe atribui. Ao reconhecer segundo Fotios (2016, p. 4), que o público tem um
canal próprio e, consequentemente, detém uma via de acesso às informações, pode-se
supor que a audiência é influenciada por critérios individuais e pessoais de relevância e
de valor-notícia para decidir como produzir um conteúdo ou enviar uma mensagem ou
uma notícia.
As práticas do gatekeeping, para Bruns (2011, p. 121), consubstanciam-se em três
etapas distintas do processo jornalístico:
1- Etapa da entrada da matéria, a produção da notícia e a resposta dos públicos. Na
etapa da entrada, os próprios jornalistas pré-selecionam as matérias noticiosas que crêem
merecer a investigação e a cobertura, isto é, aquelas matérias que os jornalistas presumem

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que terão uma possibilidade razoável de serem selecionadas para a publicação quando os
artigos forem escritos ou as reportagens forem produzidas;
2- Na etapa da produção, os editores selecionam, do total de matérias geradas pelos
jornalistas e pelos repórteres, apenas aquelas que considerarem ter maior importância para
as suas audiências e que cabem no espaço disponível;
3- Na etapa da resposta, por fim uma pequena seleção das respostas da audiência é
escolhida para inclusão no jornal do dia seguinte ou para transmissão em direto, caso seja
fornecido um espaço para as respostas da audiência.
Paralelamente à revolução tecnológica que surgiu com o advento da Internet
nasceu o conceito do gatewatching, que é um conceito utilizado no processo de edição do
conteúdo jornalístico. O termo foi empregue, em 2005, pelo pesquisador australiano
Bruns (2011), para descrever um novo modelo de seleção noticiosa, onde as audiências
desempenham um papel ativo na escolha e construção das notícias por meio da atividade
de seleção e avaliação das informações fornecidas.
Nesta linha de ideias, Canavilhas (2010, p. 391), esclarece que o gatewacher
emerge como um elemento central num ecossistema mediático onde a fragmentação
motivada pela multiplicação de fontes e o excesso de informação obrigam os media a
disputarem a atenção dos leitores. Nesta economia de atenção, o gatewatcher funciona
como um analista de mercados financeiros que aconselha os seus seguidores e ou os seus
amigos a investirem a sua atenção neste ou naquele tema em função do seu interesse.
Mota e Batista (2013) despertam-nos para o cuidado que é preciso ter ao adotar
uma notícia como sendo verdade absoluta. Por isso, advertem que o processo de filtro do
gatekeeper muitas vezes é influenciado por razões políticas, sociais, econômicas, etc. que
decorrem do meio circundante aonde a notícia é divulgada. Porém, as autoras são de
opinião que, não obstante o fato de, por exemplo, a internet ter ampliado os canais de
comunicação, o gatekeeper não perdeu a sua importância; porquanto tanto as redes que
se encontram no meio impresso, como as que se encontram online, publicarão notícias de
interesse da empresa.
A tarefa relacionada com a escolha do que deve ser divulgado pelos media, é
segundo Fotios (2016, p. 1), uma rotina profissional que vem sofrendo grande influência
por parte da produção participativa do público. Direta ou indiretamente, o público exerce
uma influência sobre a seleção da notícia no sistema de produção do jornalismo, afetando
deste modo a recolha, a produção e divulgação dos conteúdos. Ainda assim, excluir do

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processo de tratamento jornalístico o gatekeeping, para Mota e Batista (2013), significa
que toda e qualquer notícia deve ter espaço para publicação, o que não pode ocorrer e
dificilmente ocorrerá algum dia, especialmente nos media tradicionais. Sem um filtro do
gatekeeper as notícias correm o risco de não serem verídicas ou afetarem outros grupos
de interesse e, com isso, abalar a integridade e/ou as boas relações no exercício do
jornalismo profissional.
Finalmente, observa Fotios (2016, p. 4), que a teoria do gatekeeping aplicada ao
jornalismo contemporâneo permite considerar a audiência como um terceiro canal no
processo de seleção das informações até sua divulgação. Este novo canal pode levar o
conteúdo diretamente à outras audiências, através de redes de afinidade e pode influenciar
o processo de seleção e construção da notícia. O procedimento de seleção de notícias é,
por isso, resultante da interação entre as fontes, o jornalista e os públicos.
De acordo com a teoria do newsmaking de Wolf (1994), a notícia dever ser vista
como uma construção, contrariamente, aquilo que apregoa a teoria do espelho, que
considera a notícia como um reflexo fiel da realidade. Para este autor a teoria do
newsmaking indica a inexistência de uma linguagem neutra. As perspetivas do paradigma
da Construção Social da Realidade abandonam as pesquisas que investigam os efeitos de
curto prazo, típicos das pesquisas administrativas, para analisar os efeitos de longo prazo
que são geralmente cumulativos e cognitivos. Na opinião de Sebastião (2016, p. 314), os
efeitos comunicativos em termos políticos nas atitudes e nos comportamentos dos
indivíduos permanecem incertos, uma vez que os media não atuam de forma
descontextualizada e a influência entre eles e a sociedade é mútua. Por isso, o processo
comunicativo torna-se fundamental para a manutenção da ordem política e consciência
social que suportam os valores estabelecidos pela sociedade e os respetivos movimentos
para a mudança.
Baseando-se na teoria do newsmaking, Traquina (1999), argumenta que os
jornalistas trabalham sob a tirania do fator tempo. Diante da imprevisibilidade dos
acontecimentos noticiáveis, que podem surgir em qualquer parte e a qualquer momento,
os jornais organizam-se de forma a impor ordem no tempo e no espaço e esforçam-se em
ordenar e distribuir o tempo da rede noticiosa da seguinte forma: a) por área geográfica;
b) por especialização institucional; c) e por especialização temática. Nesta conformidade,
Correia (2005, p. 48) considera que no plano dos media há um espaço para refletir sobre
múltiplas realidades, porquanto, o jornalismo elege como objetivo principal a capacidade

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de se relacionar com a perceção do público recetor da informação em relação ao que é
visto como sendo mais relevante. O ato de transmissão da notícia pela imprensa consiste,
fundamentalmente, em escolher temas da realidade atual que sejam atraentes para a
comunidade.

1.2. Agenda-Setting
Os pesquisadores, segundo DeFleur e Ball-Rokeach (1993, p. 277), que estudam
o processo e os efeitos da comunicação de massas criaram diversas formulações baseadas
no princípio de que o significado e interpretações da realidade são construídos
socialmente. Os media atualmente, expandem ao invés de reduzirem, o que chega aos
nossos olhos e ouvidos dos consumidores. Todavia, o que se recebe, segundo tais autoras,
são apenas representações da realidade e não a realidade como tal, e esse facto certamente
tende a causar algum impacto nos públicos.
Nessa ordem de pensamento, a formulação original da hipótese da definição da
agenda-setting foi feita por Cohen (1963). Mais tarde McCombs & Shaw (1972) deram
prossecução ao trabalho inicial considerando-a como uma ideia ainda especulativa ou
heurística, e não como uma teoria no seu sentido convencional, o priming. O priming foi
considerado, naquela altura, como uma extensão natural do estabelecimento da agenda.
É plausível que o agenda-setting, com atual formulação, possa ter sido desenvolvida
apenas a partir de 1970, formulou-se esta afirmação, porque os estudos anteriores como
pode ser atestado em McCombs (1996), dão-lhe fundamento. McCombs (1996) atesta que
desde 1920 que Lippman havia preconizado o papel da imprensa na orientação da atenção
dos leitores para os temas de maior interesse coletivo. Para a perceção do agenda-setting,
segundo DeFleur e Ball-Rokeach (1993, p. 284), a hipótese fundamental foi formulada
em forma suscetível de pesquisa. O agenda-setting se tornou, nessa época, a formulação
central de um estudo que foi feito numa escala reduzida acerca dos noticiários que eram
emitidos sobre a campanha presidencial de 1968, mais também sobre a forma como as
pessoas percebiam a importância das promessas que eram feitas pelos candidatos. Num
estudo de análise de conteúdo foi desenvolvida uma pesquisa sobre a forma como os
media apresentavam o noticiário político, que ocupava um espaço de tempo extenso nas
grelhas de programação, e foi feito um levantamento para avaliar as convicções dos
respondentes acerca da importância de tais conteúdos políticos nos debates que eram
cobertos pelos media.
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O agenda-setting, na formulação de Silvestre (2011, p. 124), representa a
influência dos media ligada a capacidade de transmitir os assuntos mais importantes.
McCombs (1996), depois do estudo de várias campanhas presidenciais, concluiu que “a
audiência não se inteira unicamente dos efeitos por meio da sua exposição aos media,
como também conhece a importância dos temas tratados nas notícias segundo a ênfase
dada pelos meios de informação”. Foi constatado, no estudo de DeFleur e Ball-Rokeach
(1993, p. 284), ter havido um alto grau de correspondência entre a dose de atenção
prestada a determinadas questões pela imprensa e o nível de impotência a elas atribuído
por pessoas da comunidade que estiveram expostas aos media. Isso não significa que a
imprensa tivesse sido bem-sucedida levando as suas audiências a adotar qualquer ponto
de vista, mas sim, foi bem-sucedida em fazer as pessoas olharem para alguns problemas
como mais relevantes em relação aos outros. E dessa maneira, a agenda da imprensa
transformou-se na agenda do público.
Em relação ao efeito distorcido que produz sobre as pessoas, uma preocupação
permanente das chamadas Teorias dos Efeitos a Prazo, é também examinada na perspetiva
do agenda-seting de McCombs e Shaw (1972). Segundo McCombs e Shaw (1999, p.
177), os meios de comunicação de massa chamam a atenção para as questões políticas,
sociais e económicas de uma certa comunidade. Os media constroem imagens públicas
de figuras políticas e estão constantemente a apresentar objetos que sugerem o que os
indivíduos deveriam pensar, saber ou ter como sentimento. O agenda-seting de McCombs
e Shaw (1972), considera que, mesmo que os media tenham pouca influência na direção
ou intensidade das atitudes dos indivíduos, eles definem a pauta de cada campanha
política, influenciando a saliência de atitudes frente às questões políticas.
Entretanto, Ferreira (2017, p. 83) considera que o conceito do agenda-setting é
uma “conceção contestada”, e define o agenda-setting como sendo uma competição
permanente entre os proponentes da agenda pela atenção dos media, do público e das
elites políticas. Na ótica de Sebastião (2016, p. 316), para os teóricos do agenda-setting,
o agendamento representa a introdução de temas que os media consideram serem
importantes para debater. Assim sendo, os órgãos de comunicação social não impõem
uma forma de pensar às pessoas, mas estabelecem as questões da atualidade sobre as quais
convém ter uma opinião. Uscinski (2009, p. 796) defende que a literatura sobre a
definição da agenda tem indicado a capacidade dos media em definir a agenda das
questões para o público. Para este autor os pesquisadores produziram algumas evidências

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sugerindo que o público, ocasionalmente, define a pauta editorial dos media. a hipótese
do agenda-setting não é apenas para Monteiro, Lourenço e Marques (2012, p. 180), o
agendamento ou o estudo dos efeitos a longo prazo é um corpo teórico estruturado.
Contudo, para estas autoras, o Agenda-Setting na comunicação de massas não intervém
diretamente no comportamento dos cidadãos, mas influencia o modo como o destinatário
das mensagens mediáticas organiza o seu conhecimento sobre o mundo.
Para DeFleur e Ball-Rokeach (1993, p. 277), a função da imprensa de
estabelecimento da agenda, que foi criada por Donald L. Shaw e Maxwell McCombs, é
utilizada como um mecanismo para compreender como o público classifica a importância
dos temas políticos cobertos pelos media. Uma tentativa suplementar para entender as
implicações da realidade veiculada está agregada à hipótese da função de estabelecimento
da agenda própria da imprensa. A ideia básica é de que existe uma relação estreita entre
a maneira como os media apresentam os problemas, com foco na campanha política e na
ordem de importância atribuída a esses problemas que são expostos pelo noticiário.
Segundo Wolf (1999), McCombs e Shaw avançaram que os media exercem uma
influência significativa no que os eleitores consideravam ser os principais assuntos da
campanha, reconsiderando o papel dos mesmos junto das audiências e a própria conceção
de efeitos. O efeito mais importante dos media é visto como sendo a sua capacidade de
estruturar e organizar o nosso mundo, os conhecimentos da audiência e de saber mudá-
los, uma função da comunicação de massas que estabelece o agenda setting. Esta teoria
de interpretação, como descrevem DeFleur e Ball-Rokeach (1993, p. 284), focaliza
especialmente as notícias políticas em contraste com o espectro amplo do conteúdo dos
media em geral. Além disso, ela focaliza um tipo de significado interno ou um conjunto
de crenças resultantes da descrição dos media, a ordem hierárquica da importância
atribuída a um conjunto de questões políticas que são discutidas na imprensa. Contudo,
esta teoria é coerente com o paradigma de significado mais amplo, e é uma construção
social relatando a realidade mediática, a criação do significado objetivo e a sua influência
no comportamento.
Uscinski (2009, p. 797) considera existirem vários modelos proeminentes que
procuraram explicar o conteúdo das notícias. Essas explicações raramente são testadas de
forma sistemática. A Teoria do Espelho atribui a cobertura das notícias, por exemplo, um
reflexo dos eventos reais e argumenta que as notícias refletem a realidade social, onde os
jornalistas agem de forma neutra; nesta conformidade, McCombs e Valenzuela (2007, p.

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46) consideram que as repetições de mensagens sobre as questões públicas nas notícias,
juntamente com a difusão dos meios de comunicação de massa nas nossas vidas,
constituem uma importante fonte de influência do jornalismo sobre o público. A natureza
acidental desse aprendizado, por sua vez, ajuda na transferência de questões da agenda
dos media para a agenda pública. O ponto de referência para o aparecimento de efeitos
de definição da agenda vai de um a dois meses, contudo, podem existir variações entre os
indivíduos e os problemas. Por conseguinte, Campus (2010, pp. 219-220) considera que
nas democracias contemporâneas, a ascensão de líderes políticos não pode ser esclarecida
sem fazer referência ao seu estilo de comunicação e as suas estratégias com os media. Um
dos aspetos-chave da mediatização da política é que os atores políticos se tornaram
“capazes de adaptar o seu comportamento às exigências dos media” (Campus, 2010, p.
220). A definição da agenda não anula o pressuposto básico da democracia de que o povo
tem soberania para determinar o curso da sua Nação, do seu Estado e das suas
comunidades locais. Contudo, os atores políticos, na visão de McCombs e Valenzuela
(2007, p. 46), podem moldar um evento a fim de adequarem-se às necessidades dos media
no que diz respeito ao momento, a localização e o enquadramento da mensagem e dos
mentores políticos à luz dos seus interesses. O processo de adaptação da política às regras
dos media também envolve a visão da comunicação política, dos atores e do conteúdo do
discurso político (Campus, 2010, pp. 219-220).
Gonçalves, Pereira e Silva (2017, p.207) consideram que, desde a génese do
agenda-seting, centenas de estudos procuraram replicar ou desenvolver as suas ideias
iniciais. Estes estudos debruçam-se sobre os efeitos básicos do agenda-setting associados
ao priming e aos efeitos psicológicos das fontes da agenda mediática e sobre as
consequências dos seus efeitos. Scheufele (2000, pp. 297-298) entende que o priming é o
impacto que a definição da agenda pode ter na maneira como os indivíduos avaliam os
funcionários públicos, influenciando as áreas temáticas ou as questões que os indivíduos
usam para formular essas avaliações. Ainda Scheufele (2000, pp. 299), clarifica que o
enquadramento do priming pode ser considerado uma extensão da definição da agenda,
por tratar da seleção de um número restrito de atributos temáticos relacionados com a
inclusão na agenda dos media de um determinado assunto a ser discutido. Por outras
palavras, o agenda-setting refere-se à definição da agenda relacionada com a relevância
das questões predefinidas, como a definição do quadro noticioso ou a definição da agenda
de segundo nível.

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Segundando a ideia anterior, Silvestre (2011, p. 124), afirma que a formulação
mais clara do agenda-setting diz, de uma forma muito simplificada, que as pessoas
tendem a incluir ou excluir dos seus conhecimentos o que os media incluem ou excluem
do seu conteúdo; em consequência da ação dos jornais, da televisão e de outros meios de
comunicação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligência
elementos específicos dos cenários públicos.
Atendo-se às considerações de Jiang (2014, p. 170), é possível perceber que o
efeito da definição da agenda dos media sobre o público é uma consequência mais
verificada na pesquisa da comunicação entre os media e a opinião pública; visto que,
explica a correlação entre os media e o público, e a partir daí percebe-se a atitude dos
recetores como sendo uma aceitação passiva das mensagens. Para a teoria da definição
da agenda dos meios de comunicação de massa, os media influenciam a direção e/ou a
intensidade da atitude dos destinatários, por isso têm um impacto significativo na
definição de uma agenda para as campanhas políticas e na conscientização do público
sobre a importância das promessas e ações políticas. Scheufele (2000, p. 302) defende
que a definição da agenda e a sua preparação precisam de ser conceituadas em dois níveis
distintos, ou seja, a nível macroscópico, que é o estabelecimento da agenda que deve ser
examinado com base nos media, e a nível microscópico com base no priming que é o
resultado psicológico individual do estabelecimento da agenda. A definição da agenda
deve ser examinada com base no público ou na relevância ou acessibilidade da memória
de uma determinada pessoa.
A propósito dos efeitos cognitivos dos media, Silvestre (2011), propõe uma
tipologia em que, pelos efeitos resultantes da capacidade simbólica para estruturar a
opinião pública, se incluem as consequências dos media em termos de orientação da
atenção pública, da agenda de temas e da sua hierarquização, ou seja, a denominada
agenda-setting.
Segundo o apontado por Saperas (1993), agenda-setting tem em conta três grandes
objetivos:
a) A agenda dos media, em termos de composição e de formação;
b) O reconhecimento das agendas, estudando sobretudo a agenda dos media e agenda
pública; e
c) O denominado time-frame, no sentido da consideração dos efeitos cumulativos e
do processo de estabelecimento da agenda temática.

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Para Van Aelst e Outros (2014, p. 4), tanto na comunicação quanto na ciência
política, o estabelecimento de agendas tornou-se um dos paradigmas dominantes. Nas
ciências da comunicação, a concretização da agenda é, em grande parte, baseada sobre os
efeitos dos media nos cidadãos; pode ser também a cobertura das questões pelas quais os
media vão influenciar as prioridades do público e, indiretamente, as suas preferências de
voto. Na ciência política, a agenda política lida principalmente com a atenção limitada
dos atores políticos para uma ampla gama de questões políticas. Nessa relação, os media
são vistos como um dos possíveis fatores que influenciam a agenda dos formuladores de
políticas públicas, embora não sejam os elementos mais importantes. Como declaram
Gonçalves, Pereira e Silva (2017, p.207), apesar da diversidade de abordagens, as
investigações desenvolvidas no âmbito do agenda-setting recorrem com frequência à
análise de conteúdo com o objetivo de avaliar a agenda pública do Estado. Neste contexto,
como defende Scheufele (2000, p. 299), a nossa opção por esta teoria deve-se ao facto de
ela estar sustentada na agenda pública que é desenhada por influência dos media,
permitindo que se faça o enquadramento do conteúdo político, económico e social do
Estado num único modelo. Esta teoria serve de suporte à fundamentação do presente
estudo, porque sustenta os moldes em que se processam os estudos de comunicação
política.
Finalmente é importante ressaltar que o estudo da organização da agenda tornou-
se uma tradição nas pesquisas científicas de ciências da comunicação. Nestas pesquisas
seguem-se as tradições do papel da imprensa em processos eleitorais e explora-se o
“poder da imprensa” em moldar o pensamento público a respeito do processo político e
dos problemas sociais para os quais estão voltados.

1.3.Teoria dos Efeitos Limitados dos Media


A Teoria dos efeitos limitados dos media foi inicialmente concebida na década de
40 por Paul Lazarsfeld na sua obra intitulada An introduction to the Study of Radio and
Its Role in the Communication of Ideas. Mais tarde, na tentativa de melhorar a teoria,
Lazarsfeld e Katz (1955), publicaram o estudo denominado Personal Influence. The Part
Played by People in the Flow of Mass Communication, onde destacaram o poder dos
líderes de opinião no processo indireto de influência na construção do pensamento
dominante. Ainda nesse estudo, Lazarfeld e Katz (1955), salientaram o papel do líder de
opinião como agente principal junto da comunidade social à qual pertenciam. A “Two

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step flow theory” ou a Teoria dos efeitos limitados, chama a atenção para o papel dos
mediadores de informação, que contrariam os efeitos diretos dos mass media, sendo por
isso, considerada uma visão sociológica do fenómeno infocomunicacional.
A abordagem sobre a Teoria dos Efeitos Limitados dos Media, segundo Ferreira
(2014, p. 256), defende que os conceitos dos efeitos limitados surgem com o
estabelecimento da indústria noticiosa como o Penny Press. Uma formulação que é
realçada a partir dos estudos que se interessariam pela popularidade dos veículos de
comunicação que despontaram, como a rádio, o cinema e, principalmente, a televisão.
Segundo Amorim (2013, p.211), novos estudos realizados na década de 30 conduziram a
conclusões significativas sobre a influência que os atributos pessoais e sociais exerciam
sobre a perceção da mensagem, o que resultou em explicações do fenómeno por meio da
influência seletiva. Essa abordagem defendia que, nem todas as pessoas recebiam a
mensagem uniformemente, pois, variados fatores podiam definir essa influência, que se
consubstanciavam nas diferenças individuais, sociais ou nos relacionamentos sociais das
pessoas atingidas pelo conteúdo da mensagem.
Para Wolf (2005, p.37), a Teoria dos Efeitos Limitados desloca o acento de um
nexo causal direto entre propaganda de massa e manipulação da audiência para um
processo mediato de influência, em que as dinâmicas sociais cruzam-se com os processos
de comunicação. É preciso notar que os fatores culturais parecem levar ao declínio do
conformismo social que anteriormente definia os indivíduos como recetores de
mensagens dos media que funcionavam como pistas para a sua orientação política e
social. Sangirardi (2013) considera que na era das audiências personalizadas, o fluxo de
informação que passa pelos múltiplos canais, é modelado de forma interativa e precisa de
levar o público em consideração para despertar o seu interesse. No entanto, para Amorim
(2013, p.212), o foco da análise concentrou-se no entendimento de como se dava a relação
entre o conteúdo dos media e as respostas dadas pelas pessoas no instante. A compreensão
de como o indivíduo assiste, interpreta, recorda e age conforme as mensagens que recebe
constitui o alvo da Teoria dos Efeitos Limitados dos Media.
Ferreira (2014, p. 256) defende que segundo as formulações desta abordagem
inicial, a audiência subjugada aos media era imaginada como átomos de indivíduos
aglomerados numa massa uniforme e, quando exposta aos bens culturais, reagia de igual
forma a eles, como numa relação causal entre exposição e ação. O estudo de Sebastião e
Lourenço (2016, p. 125) considera que a perspetiva normativa dos estudos de

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comunicação e ciência política advoga, desde as suas origens, a importância da
informação credível sobre os assuntos e a atividade política, na medida em que, permitem
ao cidadão tomar decisões sustentadas e racionais.
Para Sangirardi (2013), a passagem da comunicação dos meios massivos para os
processos interativos das redes de comunicação valoriza o sistema de recomendações para
produtos e serviços e até para candidatos à cargos eletivos. Nesta conformidade, as
estratégias interativas de mobilização podem influenciar mais do que as mensagens pré-
arranjadas sobre um frame generalista. Por outro lado, relacionando o efeito das notícias
a partir desta teoria percebe-se, segundo Monteiro, Lourenço e Marques (2012), que os
efeitos das notícias estão voltados para os fatores de mediação entre o Governo, os media
e os cidadãos. No entanto, Sangirardi (2013) considera que o processo de formação da
opinião pública é mais aparente no período eleitoral, momento em que se experimenta
um maior contato com a informação política, por meio das relações interpessoais ou da
exposição aos media. A partir de conversas com outras pessoas e do consumo de notícias
e comentários, basicamente dos media, constroem-se os discursos e selecionam-se os fios
com que se tecem as interpretações sobre o mundo da política.
Contrariamente a opinião de Sangirardi (2013), Wolf (1999, p.51), alega que a
Teoria dos Efeitos Limitados dos Media deixa de salientar a relação causal direta entre a
propaganda de massas e a manipulação da audiência e insiste num processo indireto de
influência em que as dinâmicas sociais se intersetam com os processos comunicativos.
Sangirardi (2013), por sua vez, diz que o impacto desta relação na investigação e no
processamento de informação política, a partir da exposição aos estímulos dos media, é
evidente, já que, parte substancial do aprendizado político das audiências contemporâneas
é indireta, ou seja, é subproduto de atividades frequentemente não políticas. Na opinião
de Ferreira (2014, p. 256), as reações comportamentais da audiência de massa são também
reflexos diretos da sua exposição aos media. Segundo tal fundamento, os meios de
comunicação possuem intenções claras de mobilizar as atitudes, os comportamentos e a
audiência, passiva e desprotegida.
Sangirardi (2013) entende que a exposição não proposital dos discursos, é
identificada com a passividade na receção, num contexto de opções limitadas de consumo
de informação, ao passo que a eficiência em encontrar o que se procura é potencializada
pelos media, que promovem a motivação como variável chave para o envolvimento
político no ambiente dos cidadãos. Contudo, Monteiro, Lourenço e Marques (2012, p.

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192) consideram que não é fácil generalizar os modos como as mensagens comunicadas
pelos media afetam as pessoas, as tentativas têm levado à conclusão de que não existem
efeitos diretos. As autoras chegam a está conclusão, porque as mensagens reforçam,
principalmente, as atitudes e o comportamento dos cidadãos.
Da exposição foi possível perceber que os estudos sobre os efeitos limitados dos
media tornam-se importantes, na medida em que, os meios de comunicação de massa
ainda jogam um papel fundamental na disseminação das informações no mundo
contemporâneo. Desta forma, mesmo que a comunicação interpessoal tenha o seu papel,
continua a ser difícil fazer com que um grande número de pessoas se aperceba de um
acontecimento somente por intermédio das conversas com os seus familiares, amigos ou
colegas de trabalho.
Assume-se que a Teoria dos Efeitos Limitados dos Media permite utilizar a
imprensa para moldar significados compartilhados pelas pessoas, e constitui uma
estratégia bastante eficaz para conseguir e manter o controlo social, político ou económico
dos cidadãos. Ainda que o objeto de estudo desta teoria não seja propriamente os media,
ou seja, o seu interesse específico não seja a influência gerada na formação da opinião
dos cidadãos, ela ajuda a compreender o efeito dos discursos mediatizados de João
Lourenço nas relações com os cidadãos eleitores.

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2. Ação Política, Espiral do Silêncio e Representação Social
2.1.Teorias da Ação Política
Os princípios que marcam a Teoria Organizacional surgiram na década de 1950,
quando Warren Breed um dos seus percussores apresentou-os no seu estudo intitulado
Controlo Social da Redação, uma análise funcional. Neste estudo, Breed inseriu o
jornalista no seu contexto imediato ao considerar a organização para a qual trabalha. A
concepção de Breed (1993), defende que a produção da informação jornalística deve ser
determinada pela configuração das instituições para as quais os profissionais trabalham.
A Teoria Organizacional invoca a importância da instituição, pelo poder que detém em
submeter o jornalista às suas orientações. Nessa vertente, o jornalista faz o esforço de se
adaptar às regras e às normas editoriais da instituição. Traquina (2005, p. 153) afirma que,
na abordagem da Teoria Organizacional, a ênfase é feita no processo de socialização
organizacional em que é sublinhada a importância duma cultura organizacional e não uma
cultura profissional. Essa teoria torna explícita, parte das várias dimensões da atividade
jornalística ao distinguir a cultura da instituição, da cultura da profissão e da cultura do
próprio jornalista.
Nos anos 60, em diversos países, ondas de protesto invadiram o espaço das
universidades e colocaram os seus membros perante dúvidas emergentes e a necessidade
de novas perguntas. Neste contexto, Traquina (2007, pp. 87-88), esclarece que a nova
fase de investigação foi marcada pelo crescente interesse pela ideologia, estimulada pela
influência de certos autores marxistas como o italiano António Gramsci, bem como pela
redescoberta da natureza problemática da linguagem, de que é exemplo a escola semiótica
francesa e a culturalista britânica. Por conseguinte, Brotto (2012), defende que a Teoria
Organizacional mostra as possíveis tensões entre as ideais jornalísticas e a linha editorial
que são atenuadas dentro da própria organização por meio dos ideais, mormente as
normas éticas, fazer notícia e as normas técnicas.
As ações políticas mediatizadas, como defende Cane (2015) passam a ser atos
tendentes a produzir uma nova atitude e a mudar os contextos sociais, dando nascimento
a uma nova postura. Esta postura tem sido alvo de estudos no domínio da gestão política,
pois, permite a adesão dos gestores políticos e dos cidadãos a uma nova atitude
governativa e com regras. Para Brotto (2012), as edições e escolhas do conteúdo noticioso
passaram a ser considerados instrumentos importantes para a consolidação da política
editorial e para o próprio editor. As opções noticiosas são uma forma de colorir a política

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que não pode ser revelada, ao defender que esta pode ser definida como a orientação
consistente evidenciada por um jornal, não só no seu editorial como também nas suas
crónicas e manchetes, relativas a questões e acontecimentos previamente selecionados.
Traquina (2007, pp. 89-90) considera que a Teoria da Ação Política utiliza os
media noticiosos de forma instrumentalista, isto é, com certos interesses políticos. Esta
teoria defende a posição de que as notícias são distorções sistemáticas ao serviço dos
interesses políticos de certos agentes sociais específicos, que as utilizam na projeção da
sua visão do mundo e da sociedade, influenciando, desta maneira, a postura e a perceção
de quem consome estas notícias. Cane (2015); Connelly (2005) defendem que é possível
extrair dos discursos políticos ações concretas que podem converter-se em feitos
tangíveis, que permitam a prossecução do interesse público, a partir de um programa de
governo.
Para Traquina (2007, p. 88), a riqueza da explosão dos estudos sobre o jornalismo,
a partir da década de 1970, não se mede só pela quantidade de trabalhos publicados, mas
também pelas novas preocupações e perspetivas. A nova fase dos estudos noticiosos
alargou o âmbito das suas preocupações do nível do indivíduo para o nível da
organização, relativamente a comunidade profissional. Segundo Cobb e Elder (1971,
p.893), as pesquisas sistemáticas, nas últimas duas décadas, têm revelado que nas Teorias
da Ação Política consistentemente verificam-se altos padrões e requisitos historicamente
percebidos para a governação democrática, que não está a ser atendida, nem abordada
pelos media. Traquina (2007, p. 88) esclarece que na nova fase de relação entre o
jornalismo e a sociedade conquistou-se uma nova dimensão central, com as implicações
políticas e sociais da atividade jornalística, na medida em que, o papel social das notícias
e a capacidade do “Quarto Poder” de corresponder as enormes espectativas em si
depositadas pela própria teoria democrática são cada vez mais visíveis.
Para Cane (2015), a ação política é central para a afirmação de um novo começo,
já que, principia novas atitudes, rompe expetativas e convicções e faz uma rotura com o
que é comumente aceite. Na mesma senda, Connelly (2005) considera a ação política
como sendo o nascimento de uma nova atitude. Nesta conformidade, Salamon (2011, pp.
1611-1612) defende que as ações políticas são todas as reformulações do setor público
ou privado, que visam a melhoria da eficácia da governação e dos seus programas, para
possibilitar que se levem a cabo reformas que permitam reinventar, reduzir, privatizar,
devolver, descentralizar e desregulamentar setores da vida pública e privada de um país.

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Cobb e Elder (1971, p.893) são de opinião que qualquer confiança remanescente pode ser
abalada, se não for destruída pelo desenvolvimento de pesquisas sobre a opinião pública
e a participação popular nos sistemas políticos, que há muito serviam como modelo de
democracia estável. A Teoria da Ação Política exige que o eleitorado possua uma
estrutura de personalidade adequada, que se interesse e participe dos negócios públicos,
para que seja informado, íntegro, que perceba corretamente as realidades políticas, que se
engaje na discussão, que julgue racionalmente e que considere os interesses da
comunidade.

2.2.Teoria da Espiral do Silêncio


A Teoria da Espiral do Silêncio despertou interesse nas ciências sociais quando
foi apresentada pela primeira vez, em 1972, por Noelle-Neuman, tendo desde então,
surgido várias ideias e interpretações erradas e noções falsas acerca da mesma. Para
Midões (2008, p.2) o núcleo duro desta teoria consiste no argumento de que, as pessoas
que têm uma opinião, um ponto de vista minoritário, tendem a cair no silêncio ou no
conformismo; por conseguinte, torna-se necessário aprofundar este argumento, de formas
que não continue a ser visto nesta perspetiva simplificada, na medida em que, é necessário
entender como a opinião pública interfere no comportamento das pessoas. Para tal,
Noelle-Neumann (1974), apresenta a Teoria da Espiral do Silêncio cuja abordagem incide
sobre a relação entre os media e a opinião pública, como uma nova estratégia de
comunicação que permite divulgar as ações políticas dos Governos. Para esta teoria, as
pessoas procuram integrar-se socialmente tornando-se populares, permanecendo atentas
às opiniões, aos comportamentos maioritários e procurando expressar-se dentro dos
parâmetros da maioria, causando um efeito em massa.
A Teoria da Espiral do Silêncio tem impacto no sentimento e nas ações das massas
e por isso, Rosas (2010, p. 157) considera-a uma teoria sociopsicológica dinâmica, que
explica a formação, a continuidade e a alteração da opinião pública, bem como as funções
e os efeitos dos media, tornando-se assim, indiretamente, numa teoria dos efeitos
mediáticos. Noelle-Neumann (1974, p. 43), afirma que a Teoria da Espiral do Silêncio
ilustra que as convenções sociais, os costumes e as normas estão incluídos nas questões
políticas, entre as “situações” e “propostas significativas”, com as quais um grande
número de pessoas expressa acordo ou desacordo na sua vida pública. Para esta
pesquisadora, se a opinião pública surgir de uma interação de indivíduos com os seus

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ambientes sociais, então o indivíduo não se isola, e é mais ativo no seu próprio
julgamento, porquanto, esta parece ser uma condição de vida em sociedade, se fosse de
outra forma, a integração plena não poderia ser alcançada. Para Sousa (2006, p. 523),
dentre os efeitos a longo prazo destaca-se o seu efeito socializador. Para este autor, esta
teoria indica que, através do seu papel socializador, os media competem com a família, a
escola, as relações informais, os partidos políticos e o Governo, o que quer dizer que os
media promovem a aprendizagem de normas, valores e expetativas de comportamento,
em função do contexto das situações e do papel desempenhado pelas pessoas em
sociedade. Sousa (2006, p. 523), vai mais adiante ao esclarecer que para esta teoria, os
media, ao participarem na configuração do conhecimento sobre a política, modelam uma
determinada escala de valores e atuam como agentes de socialização política. Na mesma
linha de pensamento, Noelle-Neumann (1974, p. 43) considera que o medo de se isolar
(não apenas medo da separação, mas também dúvida sobre a própria capacidade de
julgamento) é parte integrante de todos os processos de opinião pública. Este é o ponto
em que o indivíduo fica vulnerável e, é aí que os grupos sociais podem puni-lo por não
seguir os limites. Portanto, nessa aceção os conceitos de opinião pública, sanção e punição
estão intimamente ligados entre si, pois, como considera Córdoba (2014, p.62), a
diferenciação entre visibilidade mediática e visibilidade pública visa distinguir, não só as
orientações hegemónicas que se podem apontar na construção do público e dos problemas
públicos, mas também as orientações produtivas dos atores sociais que nunca acabam por
se adaptarem e/ou submeterem-se, completamente às formas mediáticas da sua
constituição.
Segundo Midões (2008, p.5), a Teoria da Espiral do Silêncio constitui uma “luz”
na condução de toda a investigação que venha a ocorrer a acerca da Natureza Social do
Homem. No entanto, existem conceitos como “pressão para o conformismo” e “medo do
isolamento”, que são fulcrais para a perceção desta área do saber. Entre outras coisas, os
homens têm uma natureza social que lhes causa medo de isolamento, o que influencia
substancialmente o seu comportamento. Noelle-Neumann (1974, p. 45) chama a atenção
pelo facto de que, o dar voz à opinião contrária ou agir de acordo com o interesse público
acarreta o perigo de isolamento. Em outras palavras, a opinião pública pode ser descrita
como a opinião dominante que obriga a obediência de atitude e comportamento, na
medida em que, ameaça o indivíduo dissidente com o isolamento e o político com a perda
de apoio popular. Numa das suas entrevistas, ao investigar a propensão de um individuo

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quanto ao comportamento público, Noelle-Neumann (1993), notou que as pessoas tiram
as suas conclusões sobre a força ou a fraqueza de opiniões, não apenas em conversas
familiares, mas também em conversas com pessoas solitárias (com poucos conhecidos) e
conseguem perceber os sinais da influência pública. Noelle-Neumann (1974) considera
que quando ocorre uma mudança no clima político a favor ou contra uma determinada
parte, pessoa ou ideia, os cidadãos, bem como todos os grupos populacionais apercebem-
se da mudança, simultaneamente, em quase todos os lugares, quando os sinais são
totalmente abertos e públicos.
Midões (2008, p.5) considera que a Teoria da Espiral do Silêncio não se baseia
num pensamento teórico, por se tratar de mecanismos de ideias que se cruzam e se
completam, e ao qual pode sempre ser acrescido mais um elemento fatual. A Teoria da
Espiral do Silêncio é um mecanismo de ideias que está, muitas vezes, interligado com as
campanhas eleitorais, que já foram alvo de estudo da própria NoelleNeumann. Desta
forma Noelle-Neumann (1993) afirma que o comportamento dos cidadãos na família
(círculo primário) pode ser igual ou diferente nos lugares públicos. Contudo, para a Teoria
da Espiral do Silêncio, isto não constitui uma preocupação fundamental, ainda que sirva
para averiguar o comportamento natural das pessoas em situações públicas, que se dão
em lugares como na rua, numa empresa ou quando age-se como meros espetadores de um
ato público. A Teoria da Espiral do Silêncio também considera os comportamentos
particulares e as atitudes no seio dos outros membros da família, porquanto nestas
circunstâncias, as pessoas expressam as suas verdadeiras emoções. Noelle-Neumann
(1974, p. 45) esclarece que no fatalismo da multidão não existe compulsão legal nem
moral; existe apenas uma perda de resistência ao poder, um menor senso de
responsabilidade pessoal e do dever de lutar pela própria opinião.
Com base nos argumentos de Noelle-Neumann, optou-se pela abordagem desta teoria,
pelo fato de procurar esclarecer o comportamento dos indivíduos em relação a uma ação
mediática individual, coletiva ou pública, o que facilita a perceção da reação pública dos
cidadãos as intenções e as ações políticas do Governo angolano, pois segundo a mesma,
as pessoas tiram as suas conclusões sobre a força ou a fraqueza de opiniões e desta forma,
conseguem perceber os sinais da influência pública.

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2.3.Teoria da Representação Social
O conceito de representação social atravessa as ciências humanas e não é
património de uma área em particular. A representação social tem profundas raízes na
sociologia e uma presença marcante na antropologia e na história das mentalidades.
Moscovici (1961, p.1-3) utilizou, pela primeira vez, a expressão “representação social”
na sua tese de doutoramento, publicada em 1961 e intitulada La psychanalyse, son image
et son public. A tese foi reformulada no estilo e, sem muitas indicações técnicas, foi objeto
de uma 2.ª edição em 1976, com o mesmo título. É nesta obra que se encontra a génese
quer do conceito, quer da teoria, ambos formulados para responder ao objetivo aplicado
de Moscovici que consistia em indicar as representações sociais na psicanálise, em
França, na passagem dos anos 50 para a década de 60. Trata-se de uma teoria que
pressupõe um meta-sistema de regulações sociais que intervêm no sistema de
funcionamento cognitivo e regula normativamente as representações sociais. A Teoria
das Representações Sociais de Serge Moscovici para Marková (2017, p. 359) serve de
modelo científico-social que mostra a originalidade e criatividade do seu pensamento.
De acordo com Carvalho e Arruda (2008, p. 446), o diálogo da representação
social com a comunicação está presente de forma sistemática na obra de Moscovici, e
embora as suas influências sejam mais explícitas em relação à sociologia, Carvalho e
Arruda servem-se da mesma para incorporar a dimensão comunicativa nas representações
sociais. A Teoria das Representações Sociais tem o seu foco nos recursos intelectuais que
estavam disponíveis para Moscovici durante o tempo em que a desenvolveu; esses
recursos moldaram e distinguiram firmemente a Teoria da Representação Social de outras
abordagens psicossociais. Segundo Arruda (2002, p. 127), esta teoria foi desenvolvida a
partir dos anos 60 com o aumento do interesse pelos fenómenos no domínio do simbólico,
as quais recorrem às noções de consciência e de imaginário, onde as noções de
representação e memória social também se encontram incluídas. Esta teoria foi alvo de
maior desenvolvimento a partir dos anos 80. Embora oriunda da sociologia de Durkheim,
é na psicologia social que a representação social ganha uma maior evidência (Arruda,
2002, pp.128-129). Formulada e desenvolvida por Serge Moscovici em 1961 na obra
intitulada La Psychanalyse, son image, son public, que contém a matriz da teoria, causou
uma certa empatia nos meios intelectuais pela novidade da proposta. Entretanto, foi um
rápido momento de impacto que não produziu desdobramentos visíveis e foi aprofundada
por Denise Jodelet. Esta base teórica passou a servir de instrumento para outros campos

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de conhecimento como a saúde, a educação, a didática, o meio ambiente e os media. É
preciso observar que, segundo Feezell (2017, p. 2), há uma fragmentação da audiência,
ao longo das linhas de interesse político, que dá lugar a preocupações sobre a distribuição
de informações políticas na sociedade.
Segundo Araújo (2008, p. 100), as representações sociais podem ser definidas
como “imagens construídas sobre o real”, elas são elaboradas na relação dos indivíduos
no seu grupo social, na ação, no espaço coletivo comum a todos, tornando-se diferente da
ação individual. O espaço público é o lugar onde o grupo social pode desenvolver e
sustentar saberes sobre si próprio, saberes consensuais, isto é, representações sociais. Para
Arruda (2022, p. 128), a partir dos anos 60 com o aumento do interesse pelos fenómenos
no domínio do simbólico, viu-se florescer a preocupação com explicações para eles,
recorrendo às noções de consciência e de imaginário. As noções de representação e
memória social também fazem parte dessas tentativas de explicação e mereceram maior
atenção a partir dos anos 80 em que se destacou o trabalho de Araújo.
De acordo com Araújo (2008, p. 100), as representações sociais, têm um caráter
dinâmico e relacional à trajetória do grupo que a elaborou. Elas são fruto de um processo
sempre atuante, desencadeado pelas ações coletivas dos indivíduos e têm um reflexo nas
relações estabelecidas dentro e fora do grupo, no encontro com outros indivíduos ou
outros grupos sociais. Como resultado temos a ação dos indivíduos que é caracterizada
pelas representações sociais elaboradas pelo grupo. Para Marková (2017, p. 359), a Teoria
das Representações Sociais é construída sobre um conjunto de pressupostos, a menos que
se compreenda a natureza dos recursos intelectuais que fundamentam essas
pressuposições, torna-se difícil responder a perguntas sobre semelhanças e diferenças
entre esta teoria com as outras, como por exemplo, “cognição social” ou “análise do
discurso” e assim por diante. Pelo fato de a Teoria das Representações Sociais tratar de
questões interdisciplinares de alta complexidade, justifica-se o reconhecimento das suas
pressuposições de representações sociais na aplicação das práticas profissionais como na
educação, comunicação, política e saúde. Araújo (2008, p.100) afirma que os grupos
sociais possuem regras, ideias e elaboram informações próprias ao longo da sua história
e sob o reflexo das diferentes relações que estabelecem nesse processo, em que a sua
identidade se constrói, dando-lhe especificidade; entretanto, quando os elementos da
identidade coletiva são questionados ou subestimados, um novo processo tem início com
o surgimento das representações sociais, que são uma resposta do grupo às intervenções

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externas que põem em perigo a sua identidade coletiva, ou seja, o modo como o grupo se
vê e quer ser visto pelos outros.
Segundo Arruda (2009, p. 749), Moscovici ao mostrar a relação da Sociologia
com a modernidade e a razão, advogou a impossibilidade de separar as coisas que,
dificilmente, enquanto fatos sociais eram analisados sem recorrer a noções psicológicas.
As teorias sociais recorrem a essas relações o tempo todo, mesmo sem reconhecer isso.
Partindo do mesmo pressuposto da relação intrínseca entre individual e social, Moscovici
ressalta a dimensão psicológica dos fatos sociais e das teorias que tratam de explicá-los.
Para Carvalho e Arruda (2008, p. 446), as reflexões feitas constituem os esforços no
sentido de promover um diálogo entre a teoria das representações sociais e a
comunicação. Estudos em representações sociais podem ser enriquecidos com a dimensão
comunicativa, não apenas porque a representação refere-se a um tempo-espaço, mas
porque a própria comunicação está na base da transformação social, objeto por excelência
dos trabalhos realizados pela corrente inaugurada por Moscovici e que tem recebido
significativos acréscimos, abarcando novas temáticas das ciências humanas ao longo dos
anos.
Para a análise da interação entre as promessas discursivas do PR de Angola e os
media, mormente, a cobertura e a representação mediática dos discursos e das ações
políticas do Governo angolano foi necessário elaborar um quadro teórico multidisciplinar,
na medida em que, no campo da sua interseção entre estes dois elementos, estão
envolvidos conhecimentos de índole política e questões respeitantes às dinâmicas e aos
efeitos dos media. Assim, optou-se por uma abordagem sustentada pelo gatekeeping e
newsmaking para facilitar o seu enquadramento e compreensão a partir dos jornais
analisados.
Esta simbiose facilitou o tratamento das principais temáticas sobre as ações políticas
mediatizadas do Governo angolano a partir das imprensas portuguesa e angolana. Da
mesma forma, o Agenda-Setting facilitou a compreensão da agenda presidencial, bem
como, a sistematização das principais promessas, representações políticas, ideológicas e
valorativas contidas nos discursos políticos de João Lourenço, culminando com a
identificação das principais temáticas e abordagens dos textos.
A Teoria da Ação Política, por sua vez, forneceu inputs que permitiram reunir
conhecimentos sobre os efeitos limitados da divulgação das notícias pelos media, cujo
complemento é igualmente defendido pela Teoria dos Efeitos Limitados dos media. Esta

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abordagem serviu de base para a validação e compreensão da cobertura e da representação
mediáticas do discurso e das ações políticas mediatizadas do Governo angolano. E por
fim, mas não menos importante, as Teorias da Espiral do silêncio, da socialização pelos
media e da representação social que permitiram compreender o comportamento dos
cidadãos perante compromissos políticos, especialmente em contexto angolano, em que
a abertura política configura-se pouco regular, na medida em que, os cidadãos quase que
não são partícipes das iniciativas governativas.

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3. Cobertura, Representação Mediática e Contexto Político
3.1.Cobertura e Representação de Ações Políticas Mediatizadas
O termo representação, segundo Soares (2007, p. 2), vem do vocábulo latino
repraesentationis, que traduz o significado de “imagem ou reprodução de alguma coisa”.
Trata-se de um termo medieval, introduzido na filosofia escolástica para indicar uma
imagem, ideia ou ambas coisas, sugerindo uma “semelhança” com o objeto ou com a
coisa representada. Para Filho (2005, p. 18), a ideia anterior possuía originariamente um
significado restrito. Com o tempo, esta ideia passou a ser usada em latim, como sinônimo
de “substituição”, ou seja, “fazer a vez de”. Na conceção moderna, o termo designa
também o uso dos variados sistemas significantes disponíveis (textos, imagens, sons) para
“falar por” ou “falar sobre” categorias ou grupos sociais, no campo da batalha simbólica
da vida política e social de um Estado. Nascimenlo-Schulze e Camargo (2000, p. 288)
definem as representações mediáticas como sendo uma forma de exposição simbólica de
acontecimentos, que visam diagnosticar fatos brutos da realidade com o objetivo de
dominar o desconhecido ou o não familiar, e podem ser vistas também como o ato de
construir fatos sociais através da interação. Para eles, a ação e a fala são parte integral da
representação.
Deacon e Stanyer (2014, pp. 1032), postulam que a mediatização emergiu como
um novo conceito influente nos estudos dos media e da comunicação. O conceito já
demonstrou uma notável portabilidade, com discussões sobre a mediatização nas
seguintes áreas: política, guerra, religião, medicina, ciência, música, construção de
identidade, saúde, infância, teatro, turismo, memória, mudança climática, formulação de
políticas, desempenho, consumo, demência, morte, relações íntimas, geografia humana e
educação. Neste sentido, entende-se que os meios de comunicação de massa têm um papel
central na construção da realidade, algo que se relaciona com as perceções cognitivas dos
sujeitos e permitem a construção de parâmetros que instigam o pensamento sobre como
as publicações mediáticas se refletem no pensamento social.
O uso original da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici
descreveu processos que permitiram o não empoderamento e o aumento do poder criado
pela crescente difusão e autonomia das instituições dos media, valores e tecnologias
(Deacon e Stanyer, 2014, p.1033). Nessa perspectiva, Hepp, Hjarvard e Lundby (2015, p.
315), como resultado do processo anterior, apresentam definições mais elaboradas e
refinadas para construir vários campos empíricos que nos permitem reconsiderar a

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interação particular entre os media, a comunicação, a cultura e a sociedade em diferentes
setores da vida política e social. No entanto, ainda estamos nos estágios iniciais desse
esforço teórico e os trabalhos empíricos enraizados no conceito de mediatização ainda
são relativamente escassos.
De acordo com Belchior e Freire (2015, p. 193), apesar do debate sobre o que a
representação deve significar e como ela deve ser posta em prática, é ampla e
normativamente assumido que os media devem servir os interesses daqueles que
representam. Nesta secção, o estudo do ponto de vista da representação mediática, é feito
com o propósito de verificar como foram tratadas as notícias sobre as promessas
discursivas de João Lourenço, Presidente da República de Angola e a representação das
ações políticas mediatizadas do Governo angolano. Para Soares (2009, p.18), com a
disseminação dos meios audiovisuais, na segunda metade do século XX, a questão das
representações deixaria paulatinamente o domínio ligado a ideias e doutrinas e começaria
a envolver cada vez mais as representações visuais e encenações mediáticas. Estas
representações e encenações estavam implícitas em imagens visuais e estruturas
narrativas mediáticas ao qual se adicionaram o movimento, os sons, as cores e a difusão
eletrônica.
O processo de representação sucede, tal como defende Soares (2007, p. 1), pelo fato
de que a vida em sociedade pode ser vista em duas situações distintas, sendo a primeira a
real, a concreta, a do cotidiano; a segunda, a imaginária, que se abre a partir da cultura de
massas. A segunda situação distinta transporta as pessoas para além do horizonte
cotidiano, através dos media, produzindo experiências substitutas de fatos não
vivenciados diretamente e construindo representações tanto sobre a sua experiência direta
como sobre os temas distantes do dia-a-dia dos membros da audiência. Para Simoneau e
Oliveira (2014, p.281), a importância dos meios de comunicação para a constituição de
representações sociais divide-se em três aspetos:
1) a comunicação é o vetor de transmissão da linguagem, e ao mesmo tempo, a
portadora de representações;
2) a comunicação repercute sobre processos estruturais e formais do pensamento
social, na medida em que, engaja processos de interação social, assim como de influência,
consenso/dissenso e polêmica e;
3) contribui na fabricação de representações que apoiadas na dinâmica social, são
pertinentes para a vida de grupos sociais. As representações constituem os três grandes

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gêneros da cultura mediática: informação (jornalismo), entretenimento (em especial, a
ficção) e persuasão (publicidade comercial, propaganda política).
Relativamente à cobertura mediática, com a difusão dos meios de comunicação de
massas, a crescente mobilização cognitiva dos cidadãos e a profissionalização dos
jornalistas, deu lugar a interdependência entre meios de comunicação e os políticos. Nas
campanhas políticas, os partidos e os seus candidatos pretendem alcançar exposição
mediática enquanto os profissionais da informação procuram a construção noticiosa com
interesse para o seu público. Ghilardi-Lucena (2012, p 89), defende que os media atuam
na construção do imaginário coletivo ao produzir imagens simbólicas e intermediar a
relação entre os leitores e a realidade. Os indivíduos, por meio da leitura dos textos
mediáticos a que estão expostos o tempo todo, vão tecendo os fios da construção da sua
identidade, incorporando sentidos e representações presentes no seu cotidiano. Antunes e
Lisi (2015, p.7) consideram que, em relação ao argumento anterior, existe uma
convergência de interesses entre os atores políticos e os meios de comunicação, visto que,
se por um lado, os protagonistas procuram adaptar as suas atividades para conseguirem
mais notoriedade, por outro os jornalistas estruturam a informação de um modo apelativo.
Antunes e Lisi (2015, p.7), consideram que os media através dos aspetos internos e
individuais, institucionais e políticos, incidem na emergência e determinação das
representações, assim como no pensamento e na construção social da realidade. Neste
contexto, a análise à cobertura e representação mediáticas do discurso e das ações
políticas mediatizadas do Governo angolano, em Portugal e Angola, serve-se do estudo
de Figueiredo e Bonini (2017, pp. 764-765), que dada a pluralidade discursiva das
sociedades contemporâneas, defendem que uma mesma prática social pode ser
representada de diversas formas. Os autores consideram ainda que todas as representações
do mundo e do que nele ocorre, sejam elas mais ou menos abstratas, devem ser
interpretadas como representações (ou recontextualizações) de práticas sociais.
Ainda na senda da cobertura mediática, é notório o argumento de Antunes e Lisi
(2015, p. 7), que demandam que o processo de mediatização da mensagem política atribui
aos meios de comunicação um papel crucial nas campanhas eleitorais. Para eles, é através
da imprensa que a maioria dos eleitores adquire informações sobre os candidatos e os
partidos, e é na arena mediática que se definem os principais conteúdos das campanhas.
A informação inicial elaborada e transmitida pelos atores políticos passa por um processo
de edição rígida, funcionando como um controlo de qualidade à mensagem política.

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Ao nível conceptual, Espírito Santo (2006, p. 88) entende que as representações
discursivas são todos os elementos do discurso que contenham expressões significativas
do ponto de vista da ação política, visando provocar a adesão dos cidadãos ao ideário
político-ideológico e, concretamente, ao projeto personificado pelo PR. Filho (2005, p.
19) considera que o foco nas representações mediáticas permite-nos avaliar, entre outros
tópicos relevantes, de que maneira os gêneros e artefactos políticos funcionam tanto para
forjar a aceitação do status quo e a dominação social, como para habilitar e encorajar os
estratos subordinados a resistir à opressão e a contestar ideologias e estruturas de poder
conservadoras. Para Soares (2007, p. 4), as representações estão no centro de qualquer
ação especificamente humana, uma vez que o próprio pensamento é uma atividade
representacional. Mesmo as ciências baseadas na observação do mundo empírico
compõem-se de conceitos, modelos, diagramas, esquemas, teorias, sistemas, hipóteses,
leis, explicações, interpretações, ou seja, de representações simbólicas construídas a partir
do mundo. Muitas dessas representações, além do seu conteúdo conceitual, apresentam
implicitamente ou suscitam uma analogia que nos parece peculiar ao conceito relacionado
ao mundo empírico.
Segundo Soares (2009, p.19), a força da comunicação contemporânea tem sido
atribuída às capacidades de expressão dos meios de comunicação que, por meio das
imagens e da palavra, conferem realismo, drama e intensidade afetiva às representações
mediáticas. Os meios de comunicação modernos são a concretização tecnológica máxima
da “representação” no sentido de uma reapresentação, a partir da semelhança figurativa
da imagem e da simulação. Cunha e Pinto (2017, p.134) afirmam que um dos objetivos
dos média consiste em fornecer relatos de acontecimentos que eles mesmos consideram
significativos e interessantes. Tendo em conta a influência que os media têm nas
audiências é possível inferir que, quando os seus conteúdos incluem notícias de
acontecimentos positivos, eles têm a capacidade de influenciar positivamente a opinião
pública, na medida em que, a imprensa participa no processo de construção e de
solidificação da imagem social. Apesar de os processos serem diferentes, para Antunes e
Lisi (2015, p. 7), quer os media, quer os políticos procuram o mesmo, isto é, alcançar o
maior número de pessoas. É assim que os discursos produzem efeitos de sentido que
influenciam muitos aspetos da vida diária dos cidadãos.
Cunha e Pinto (2017, p.134) analisam a representação mediática como um
produto simbólico da informação consumível, maleável e seletiva dos media, na relação

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que estabelece com a opinião pública, necessária para os fundamentos da democracia. A
representação mediática é socialmente construída a partir do público e é forjada por
métodos e dados políticos a partir dos quais ela é derivada e entendida por aqueles que
são encarregados de avaliá-la e utilizá-la. No entanto, como defendem Wanta, Golan e
Lee (2004), na teoria da Agenda Setting, a representação mediática das ações políticas é
uma função dos media centrada na reprodução dos atos sociais. Esta teoria defende que a
imprensa pode não ser bem-sucedida em nos dizer o que pensar, mas tem mais vantagens
quando nos diz o que e como pensar. Sob certas circunstâncias a imprensa diz às pessoas
o que pensar fornecendo uma agenda de atributos e uma lista de características sobre
importantes assuntos publicados e os indivíduos vinculam mentalmente esses atributos
aliados aos dos formadores de opinião, influenciando, desta maneira, o posicionamento
social do cidadão.
Em conformidade com o exposto no parágrafo anterior, Filho (2005, p. 19)
considera que na área específica dos estudos mediáticos, testemunhamos um crescente
interesse pelo complexo processo de produção, circulação, consumo e contestação de
representações de ações políticas mediatizadas. Assim sendo, Arias-Herrera (2018, p.
414) defende que a representação mediática da ação política mediatizada significa dar
voz às ideias da governação, o que já não parece, no contexto global, ser uma iniciativa
isolada, mas sim um movimento institucional que abarca várias esferas sociais e culturais,
a começar, pelos media. Para Ferreira e outros (2018, p. 398), os media inserem-se nesse
contexto como um dos principais mecanismos intercessores das relações de disputa na
política e têm significativa influência nas representações sociais construídas sobre as
práticas desse campo e a sua legitimação. Ferreira e outros (2018) consideram ainda que
as práticas políticas mediatizadas têm maior legitimidade do que aquelas que não passam
por essa via.
Para Fairclough (2003), os discursos políticos mediatizados são a representação
das práticas sociais, por serem a reprodução do mundo material e de outras práticas
humanas passíveis de serem reveladas e influenciarem a opinião pública. Nesse diapasão,
Robinson (2001) considera que apesar de muita teoria dos media continuar a subestimar
ou a negar a possibilidade de os media moldarem ou influenciarem a formulação de
políticas governamentais, comportamentos e atitudes, os meios de comunicação de massa
servem principalmente, para mobilizar apoio às preferências políticas, económicas e
sociais das elites dominantes, ou seja, ainda mantêm alguma influência independente nos

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debates políticos, económicos e sociais da elite sobre as ações políticas. No entanto, o
jornalismo é a única atividade que tem um compromisso profissional, ético e político,
com fidelidade ou precisão das informações. Dessa forma, o conceito de enquadramento
(framing) vem sendo empregue para analisar como as informações pontualmente corretas
e verificáveis podem ser selecionadas, valorizadas, destacadas, omitidas, atenuadas ou
relacionadas a outras, em reportagens complexas, de modo a produzirem representações
diferentes de uma mesma situação, dentro do limiar de verossimilhança (Soares, 2007).
É notório, tal como defendem Aalberg, Vreese e Strömbäck (2017, p.33), que a
literatura sobre o enquadramento da política pelos media como um jogo estratégico
normalmente compartilha uma orientação comum visando publicitar os feitos políticos
dos governos. Tais autores argumentam ainda, que a cobertura descritiva e orientada de
eventos foi substituída por uma abordagem orientada para os jogos políticos. A ascensão
estratégica da estrutura do jogo hábil pode estar ligada a mudanças no sistema político e
no mercado da informação. É assim que Porto (2009, p. 211) considera que os media
constituem, nas democracias modernas, um dos principais produtores de representações
sociais, aos quais, para além do seu conteúdo ser considerado falso ou verdadeiro, têm a
função pragmática de orientar as condutas dos atores sociais. Nesta conformidade, faz
sentido argumentar a favor da relevância da representação mediática das ações políticas
mediatizadas do Governo de Angola, enquanto subsídio para o controlo da sua efetivação,
não por serem as representações sinônimo de verdade, mas por se constituírem em
veículos privilegiados de crenças, valores e anseios dos distintos setores da sociedade.

3.2. Discurso Político: Representação Mediática das Tendências e Intenções


Políticas
Este estudo tem como foco a representação mediática dos discursos políticos do PR
de Angola, na medida em que, se parte das promessas discursivas para examinar a
representação das ações políticas mediatizadas do Governo angolano em Portugal e
Angola no período 2017-2020. Segundo Schuck, Vliegenthart e Vreese (2016, p. 177), a
discussão académica e pública sobre o papel dos media na representação de discursos em
períodos pós campanha eleitoral é acalorada e contínua. Muita atenção tem sido dada ao
papel da propaganda política tanto na mobilização quanto na desmobilização do
eleitorado. Alguns estudos sugerem que os media desempenham um papel mobilizador
geral, enquanto outros relatam um padrão misto que os distingue; porém, as evidências

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têm sido confusas; alguns estudos sugerem que os media desempenham um papel
mobilizador geral, enquanto outros relatam um padrão misto que os distingue. Salgado
(2012, p. 229) considera que alguma literatura mais recente tem sugerido que os media
estão a tomar uma parte ativa na representação pública da política, modelando a agenda
do discurso político e influenciando com as suas próprias preferências as controvérsias e
os debates políticos.
Para esta análise, assinalam-se os estudos de Norris (2004); Mazzoleni (2010);
Mutsvairo e Karam (2018), que conceituam a comunicação política como sendo um
processo interativo relativo à transmissão de informações entre os políticos, os meios de
comunicação e o público. O estudo de Mazzoleni (2010) considera que, dentre um
conjunto de definições possíveis sobre comunicação política, caracteriza-se como sendo
o intercâmbio e a confrontação dos conteúdos de interesse público-político que produz o
sistema político, o dos meios de comunicação e o cidadão. Mutsvairo e Karam (2018, p.
3) afirmam que a comunicação política não está apenas centrada na relação entre os
políticos, os media e os cidadãos, mas em todas as formas de comunicação realizadas por
políticos e outros atores afins, sendo o discurso político uma dessas formas. Despertou
igualmente a atenção deste estudo, a perspetiva de Salgado (2012, p. 229), segundo a
qual, os estudiosos têm-se manifestado em relação ao papel dos media no processo
político e consideram que este papel tem sofrido alterações nas últimas décadas, pois, é
possível identificar posições em que os media são vistos como um veículo mais ou menos
passivo de mensagens, cuja ação pode ter implicações em diversos momentos, tais como
na governação diária ou nas campanhas eleitorais.
Reyes-Rodríguez (2008); Cardina (2016) denotam que o discurso político apresenta
caraterísticas específicas em relação a outras formas de comunicação, pois, necessitam
que se façam escolhas lexicais tais como: vocabulário, sintaxe explícita, características
morfológicas, construções sintáticas complexas, variáveis pragmáticas, formulários de
endereço, metáforas, modalidade e marcadores avaliativos, valores ideológicos entre
outras estratégias. Segundo Cardina (2016, p. 31), a comunicação política, no geral,
permite contribuir para a reflexão sobre o papel do discurso e da autoridade política, uma
vez que o discurso político, segundo Reyes-Rodríguez (2008, p.226) é conceitualizado
como sendo uma comunicação relativamente autónoma produzida oralmente por um
político a frente de uma audiência com o propósito de persuadir, transmitir informação
ou entreter, numa perspetiva de registo. Alves (2016, p. 218) considera o discurso uma

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instância textual que visa não somente a sua capacidade referencial, mas as escolhas
efetuadas pelo autor do discurso, localizando nessas escolhas as forças que operam na
representação do mundo e da sociedade.
À luz da conceptualização de discurso político, defende-se que os discursos políticos
do PR são todas as comunicações autónomas, que vêm sendo apresentadas através dos
media, cujo objetivo consiste na materialização das suas ideias. Depreende-se que, com
os discursos políticos, o PR de Angola, em foco, João Lourenço, pretende alcançar um
estágio de melhoria política, social e económica, e assim promover a liberdade dos
cidadãos e o normal funcionamento e desenvolvimento das instituições do Estado.
García-Orosa (2018, p.114) considera que o discurso político não é apenas um lugar de
construção da mensagem, mas também um espaço em que o emissor e o recetor são
inicialmente produzidos, ou seja, o público é entendido como um dos atores projetados
pelos media por meio dos seus textos ou peças noticiosas. Nesta relação, o público não é
um conjunto de pessoas externas ao meio, pois está implícito no conteúdo proposto pelos
media. Os estudos do discurso, para Resende (2018, p. 618), são capazes de sustentar a
explanação dos problemas sociais particulares com base no uso da linguagem, visto que,
esta mantém um tipo especial de relação com outros elementos sociais. Sendo a
linguagem parte de toda estrutura, na forma de simbiose de toda prática social, na forma
de ordem do discurso e de todo evento social, na forma de texto.
Num plano linguístico, que não será central no estudo presente, citam-se as
contribuições de Charaudeau (2002); Saussure (2000), que têm um particular significado
para a compreensão e interpretação dos discursos. Por um lado, Saussure (2000) observa
o discurso como sendo um processo de interpretação e avaliação que aborda brevemente
a sua influência como categoria pragmática para a persuasão. Por outro lado, Charaudeau
(2002) considera existir no discurso político restrições comunicativas e o uso destas
restrições nas estratégias discursivas obriga que se faça o estudo do discurso político com
base em duas importantes áreas: a comunicacional e a representacional; essas áreas são
inerentes a várias disciplinas. Nas áreas comunicacional e representacional, os atos de
fala são dotados de força ilocucionária, perlocutória, social e etnográfica, condições
externas de produção da linguagem e da ação psicológica em que todo o ato de fala é
eivado, numa perspetiva de influência.
De acordo com Cull (2009, p. 3), os discursos políticos são construídos com base
nos conhecimentos consubstanciados na ideia tradicional do saber, aos quais são

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associados a crença verdadeira que requer esclarecimento e qualificação. Para Bailey,
Sigelman e Wilcox (2003, p.56), a aprovação de uma ação política é um recurso no qual
um Presidente pode “investir” e construir apoio para as suas políticas. Segundo
Strömbäck (2008, p. 229), ao discutir a mediação e a mediatização da política, muitos
observadores tendem a ser críticos. Uns consideram que na situação atual, quando a
política é mediada e mediatizada, é implícita ou explicitamente comparada a algum tipo
de idade de ouro, cujo momento exato está visivelmente ausente na maioria dos relatos.
Quando a política era mais fiel aos seus ideais, quando as pessoas eram mais cívicas ou
quando os media facilitaram, ao invés de minar, a forma como a comunicação política e
a democracia se complementavam.
O principal papel democrático dos media, segundo Curran (2003, p. 217), é
caracterizado pela teoria liberal tradicional, que é de atuar como um travão para o Estado,
isto explica a razão pela qual os órgãos de comunicação de massa monitoraram toda a
gama de atividades do Estado e expõem inclusive com imagens sem medo dos abusos da
autoridade oficial. Este papel é considerado, na teoria liberal tradicional, como substituto
de todas as outras funções dos media. Considera-se haver nos estilos modernos de
comunicação, estratégias cada vez mais sofisticadas para gerir as plataformas políticas e
as imagens partidárias. A medida que a comunicação política estratégica se vai tornando
mais profissionalizada, muitos jornalistas têm como trabalho a descoberta e a
interpretação das estratégias por detrás das palavras e ações dos atores políticos. Esta
linha de ação é um mecanismo de defesa contra a continua “manipulação” dos partidos,
candidatos ou Governos, uma vez que a maioria dos jornalistas deseja proteger a sua
autonomia e evitar ser acusado de tomar politicamente partido dessa linha de ação. Ao
focar nos aspetos estratégicos do jogo político, repórteres políticos mantêm uma posição
aparente de independência e objetividade (Aalberg, Vreese, & Strömbäck, 2017, pp.33-
34).
Para Lopes e Espírito Santo (2016), os media assumem-se como guias de
referência à opinião pública que é estruturada em grande parte por influência daquilo que
os jornalistas escrevem para publicitar as ações políticas estimulando a sua aceitação e
aprovação pela opinião pública. Mendoza e Cabrera (2017, p. 174) olham para os media
como um dos meios que facilita a maior penetração política dos Governos devido ao
imediatismo, somado às fortes raízes locais. Na mesma linha de pensamento, Lopes e
Espírito Santo (2016) consideram que a imagem pública construída através dos media e

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da imprensa, em especial, constitui um reflexo de prioridades políticas, de foco, de
atenção, de dinâmicas e de poder de interesses programáticos dos Governos. Para
Mendoza e Cabrera (2017, p.174), o fato de os media não necessitarem de um nível de
escolaridade avançado para o seu consumo, constitui-se num elemento primordial de
publicitação das ações políticas do Governo. Nesta conformidade, Cunha e Pinto (2017,
p. 134) consideram que os meios de comunicação assumem um papel importante na
divulgação de novas conceções, por contribuírem para a formação de mentalidades e
comportamentos sociais.
Quanto à relação media e política somos a referir os trabalhos de Kaya e Çakmur
(2010); Kuo (2007), que examinam as ligações entre os media e a política e concluem
que esta união está marcada por um alto grau de paralelismo e complementaridade. Nesta
relação, os Governos atuam como reguladores e financiadores que exercem um grande
controlo sobre os media e isto favorece a representação fiel e pontual das ações políticas.
Ainda na vertente da mediatização dos discursos políticos, Orgeret (2008) examinou a
cobertura noticiosa da televisão sul-africana SABC aos discursos de tomada de posse dos
Presidentes Mandela (1994) e Mbeki (1999 e 2004) e concluiu que SABC emitiu os
discursos enfatizando as fortes tonalidades para construção da nação sul-africana, ao
trazer mudanças que contribuíram para o estabelecimento da democracia e para a
construção da nação. Prosseguindo na ligação entre os media e a política, Okoro (2013)
examinou o papel estratégico dos media na busca pela sustentabilidade e concluiu que as
contribuições dos media influenciam a visão dos cidadãos sobre uma determinada ação
política.
Por sua vez, Okoro (2013) sugeriu com base nas tendências atuais que os esforços
de desenvolvimento político de África indicam que para alcançar e sustentar a
transformação democrática em todo o continente, o papel dos meios de comunicação de
massa deve ser crítico, quer na produção quer na difusão de notícias sobre as ações
políticas. Valorizando esta relação Kondowe (2014) afirma estar-se a testemunhar um
crescente interesse pelos discursos políticos presidenciais em África, discursos que são
muitas vezes ideologicamente carregados, e que só com uma análise profunda é que se
pode ter uma visão sobre as intenções e bases políticas ocultas que eles carregam.
Os efeitos produzidos pela cobertura da imprensa sobre as ações políticas do
Governo angolano são a proposição da estratégia de comunicação do Governo tendentes
a provocar um impacto nas expectativas e na vida dos cidadãos. Kim e Krishna (2018, p.

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18), consideram importante que a estratégia de comunicação seja relevante para a teoria
e para a prática da interação governamental. Explorando a contribuição dos estudos de
Cardina (2016); Fonseca e Ferreira (2016, p. 890) nota-se que os media permitem que se
façam representações seletivas do discurso político no geral e ajudam a perceber o
contexto e as dinâmicas de governação. Fonseca e Ferreira (2016) afirmam que os
contextos de crise constituem momentos fundamentais em que as representações
mediáticas sociais das comunidades políticas são particularmente relevantes, pois, em
certa medida, as crises sociais são também “construídas enquanto crises” pelas elites
políticas que as identificam, definem e constituem.

3.3. Promessas Discursivas e Intenções Políticas


As Promessas discursivas são enunciações criadas e disseminadas com base no
modelo da indústria política ou cultural de massas, que almeja a grande audiência e
fornece-lhe os sentidos com os quais os indivíduos tecem os seus modos de ser e estar no
mundo, a fim de habitar o ritmo da vida social contemporânea. Para Calazans (2021,
p.74), as promessas discursivas são o produto político e cultural dos media. Para este
autor, a promessa discursiva é toda a enunciação disposta nas fontes laterais dos produtos
da política, da cultura e dos media. O autor incluiu nesta categoria discursos, vinhetas,
logomarca, sinopses, story lines, sites, blogs, revistas e livros produzidos por um político,
editor, produtor, anúncios publicitários, entrevistas, etc. engendrados no sentido de
divulgar, informar, encantar, influenciar ou preparar o público, seja ele cidadão,
espectador, telespectador, leitor ou usuário, para o que lhe será apresentado. Para Mari
(1998, p. 230), a partir do esquema de representação dos atos de linguagem, pode-se supor
que a promessa discursiva é um jogo enunciativo que envolve a participação de sujeitos.
Na dimensão das suas condições enunciativas, a promessa requer uma compatibilidade
semântica entre o conteúdo proposicional, pensado como fato por um sujeito-
comunicante com o objetivo de mostrar ao recetor que pode ser realizável para o seu
benefício.
Artés e Bustos (2008, p. 309) apresentam um estudo sobre cumprimento de
compromissos eleitorais, no qual utilizam a análise de conteúdo como técnica para
sistematizar o nível de cumprimento das promessas eleitorais. Este estudo ajuda-nos a
compreender como medir a ligação entre as promessas eleitorais e o comportamento do
governo, calculando a quantidade de promessas cumpridas, durante o tempo de vigência

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do mandato do partido. O mesmo estudo estima igualmente a posição das políticas de um
Governo durante um mandato político, umas das tarefas mais complicadas. Os autores
concretizaram a sua pesquisa utilizando a análise de conteúdo do discurso do Presidente
do parlamento espanhol proferidos depois das eleições seguintes para aferir a
conformidade.
Santos (2006, p. 36) considera que durante os pronunciamentos políticos
emergem dos discursos, para além da organização político-administrativa que se pretende
fazer ao Estado, as perspetivas sobre os novos colaboradores por nomear e sobre os
opositores à liderança. A disputa eleitoral apresenta uma dupla situação, a de bastidores
e a pública ou mediática. As promessas discursivas adaptam-se a cada um destes
posicionamentos. O líder faz uso dos media (imprensa, rádio, televisão e internet), aceita
ser entrevistado ou procura os media para veicular os seus pontos de vista. Normalmente
o líder procura os media de referência ou de serviço público, mas também está atento às
informações veiculadas e procura fornecer subsídios, dando informações sobre as suas
propostas, projetos, alianças e ações concretas.
Mari (1998, p. 227) defende que a atividade política costuma ser avaliada em razão
de um conjunto de procedimentos que são utilizados numa atividade discursiva. Usa-se a
linguagem na atividade política para a apreciação das promessas que costumam compor
o elenco das intenções e a estratégia de identificação ideológico-partidária. Para Calazans
(2021, p.74), as promessas discursivas oferecem artifícios vantajosos no sentido de
agradar ao público, seduzindo-o com as suas projeções e mensagens, com as quais os
indivíduos são convidados a se identificar. Hakansson e Naurin (2014, p. 1) consideram
que os partidos "competem por cargos públicos", enquanto que os eleitores acorrem por
políticas públicas que satisfaçam os seus anseios. As promessas sobre ações futuras
formam o ponto de partida na cadeia da representação política na qual as preferências dos
eleitores são eventualmente transformadas em políticas públicas. Calazans (2021, p.75)
entende que as promessas discursivas são produções portadoras de outros discursos que
podem ser interpelados e vistos como fonte de investigação capaz de contextualizar,
interpretar e analisar adequadamente os produtos políticos, económicos, sociais e
culturais.
As promessas discursivas são normalmente retiradas dos programas eleitorais ou
de manifestos dos partidos políticos. As variantes discursivas podem ser encontradas no
trabalho do pós-segunda guerra mundial sobre a democracia liberal, também conhecido

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como "o modelo de partido responsável". Apesar da natureza mutante do comportamento
eleitoral e da organização do partido, a teoria do mandato é de relevância duradoura para
as discussões sobre as promessas eleitorais nas democracias (Lucy & Thomson,2007, p.
311).
Para Hakansson e Naurin (2014, p. 1), o esforço dos partidos e dos seus líderes
nas promessas discursivas é visto como intemporal, na medida em que vem sendo
realizado nas democracias representativas, independentemente, das circunstâncias
sociais. Alguns estudiosos sugerem que os partidos políticos e os seus líderes hoje estão
menos preocupados com a política como arena de competição pelo poder, mas sim com
as promessas políticas que, segundo os mesmos, deveriam ter menos importância nas
campanhas. Nesta conformidade, Calazans (2021, p.75) argumenta que as promessas
políticas são sínteses enunciativas dos produtos culturais que, de forma clara e concisa,
devido à brevidade do espaço e tempo destinados a essas mensagens, são exibidas ao
público convidando-o a consumir opiniões, sentimentos, modos de ser, representações e
modelos ideológicos dominantes. Costa (2018, p.72) particulariza a questão da identidade
social pela necessidade de ser reconhecida pelos outros. Para si, trata-se daquilo que
confere ao sujeito o direito à palavra, o que sustenta a sua legitimidade, que depende da
atuação do sujeito nos domínios do saber (fundado nas opiniões, nos saberes
compartilhados e no seu manuseio, com vistas à sedução e persuasão do interlocutor) e
do poder.
Hakansson e Naurin (2014, p. 2) pensam ser razoável supor que candidatos
presidenciais utilizem as promessas políticas como dispositivos estratégicos para atingir
objetivos nas diferentes arenas: a arena interna, a arena parlamentar, a arena do eleitor
e a arena dos media. A arena interna do partido suporta a sua candidatura, onde as
promessas se mantêm parte do partido unido e especificam a ideologia geral; na arena
parlamentar as promessas servem como base para as políticas futuras, bem como, para a
negociação na construção de coligações; a arena do eleitor aonde se mantem um contacto
direto com o cidadãos e a arena dos media que engloba o processo geral de representação
do discurso.
Para Lucy e Thomson (2007, p. 313), existem quatro maneiras de avaliar as
promessas na competição partidária, pelo número de promessas feitas, pela substância
das promessas, pela sua distribuição em áreas e temas políticos e pelas relações entre elas.
A evidência implica que as promessas eleitorais desempenhem um papel de importância

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substancial na competição partidária. A maioria dos programas eleitorais contém números
substanciais de compromissos políticos específicos.
Seguindo os fundamentos da Teoria da Ação Racional de Vaske e Donnelly (1999,
p. 527), é possível notar que a maioria dos comportamentos humanos socialmente
relevantes encontram-se sob o controlo evolutivo de um determinado indivíduo e como
resultado desse controlo o objetivo mais direto dos cidadãos é a intenção de se envolver
no comportamento que melhor lhe satisfaz, quando não se identificam com as intenções
do político e com as atitudes do seu interesse. A intenção comportamental do líder político
é vista como a intenção de resolver os problemas que afligem os cidadãos propondo a
correção de atitudes e comportamentos pouco dignos. O poder e a interdependência entre
cidadãos e Estados são importantes, mas o impacto dessa interdependência deve ser
mediado por meio das doutrinas que os líderes usam para justificar a ação política e
estabelecer autoridade (Legro, 2007, p. 515).
Segundo Kassarjian (1963), no campo do comportamento e intenções políticas, os
cidadãos tendem a perceber o seu candidato de forma favorável e as declarações e
posições do candidato assumidas em questões como favoráveis ao seu próprio ponto de
vista, enquanto que a oposição é percebida de forma desfavorável. Para Jolley e Douglas
(2014, p. 37), as intenções políticas convertem-se em ações que estimulam os cidadãos
ao voto, e a conversar com as outras pessoas sobre os assuntos do país para persuadi-las
a agir em benefício de um determinado líder, doando dinheiro para os candidatos ou
grupos políticos e usando a propaganda de campanha.
Bratton, Bhavnani e Chen (2012) consideram que no contexto africano, as
intenções políticas indicam que os cidadãos participam da vida política de forma étnica e
económica, porquanto os eleitores pertencem a um grupo étnico que pretendem ver como
Governo ou o apoiam para levá-lo ao poder. Ainda que Jolley e Douglas (2014, p. 37)
considerem que tal comportamento relacionado com o voto étnico vai diminuindo em
quase todo o mundo, na última década, as pessoas votam menos, participam em menos
reuniões políticas e deixaram de usar propaganda de campanha política. Para Freitas e
Esquerda (2019, p.521), quanto mais as representações mediáticas dos discursos políticos
forem abrangentes, isto é, fora de um domínio específico, mais os cidadãos cooperaram
e ajustam-se aos resultados previstos nos programas eleitorais. Pois, os eleitores procuram
entender a intenção do discurso em questão, refletindo sobre o que ouvem, resolvendo e
esclarecendo determinadas ambiguidades

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Os cidadãos indicam um abrandamento no interesse pela política ou pelos
processos eleitorais, a pouca participação política devido a restrições de tempo ou até
mesmo pelo fato de as pessoas considerarem que o seu voto não faz nenhuma diferença
(Jolley & Douglas, 2014, p. 37). Para Bratton, Bhavnani e Chen (2012), por exemplo em
Africa, os eleitores ou cidadãos olham para as intenções políticas como políticas públicas,
especialmente preparadas pelo Governo para lidar com os problemas do desemprego,
inflação e distribuição de renda. Para estes autores, esta é uma forma de resolução dos
seus intentos pessoais, por isso, votam nos partidos governantes porque esperam que os
seus titulares vençam as eleições para continuarem a manter o seu bem-estar.
É necessário perceber que a intenção sobressai na “situação de comunicação” que
segundo Charaudeau (2010, p.79), é a “finalidade” do ato do discurso, a “identidade” dos
parceiros e do lugar que eles ocupam na troca, às “circunstâncias materiais” nas quais a
troca se processa (por intermedio dos media). Destes componentes, detivemo-nos na
finalidade do ato discurso, que deve ser considerado do ponto de vista da instância de
produção que tem em perspetiva um sujeito destinatário, os cidadãos, mas evidentemente
ela deve ser reconhecida como intenção pela instância de receção; é necessário que o
emissor e o recetor possam recorrer a ela. A finalidade corresponde, assim, a uma atitude
enunciativa de base que encontraríamos num grande corpus de mensagens comunicativas
reagrupadas em nome da sua orientação pragmática, mas além da sua ancoragem
situacional (Charaudeau, 2010, pp. 81-82).

3.4. A Política e os Media


Pode-se considerar que, quase sempre, a comunicação entre os públicos e os políticos
só é possível graças a intermediação dos órgãos de comunicação de massa. Para Belim
(2017, p. 212), a comunicação política, nas suas aceções de processo de troca de
informação e conteúdos entre políticos e eleitores; de influência, de efeito, de marca que
fica e de construção de imagem, tem conhecido novas práticas ou exigido performances
mais competentes. A política é baseada na comunicação, ou seja, na capacidade de
influenciar a mente das pessoas, é o principal canal de comunicação entre o sistema
político, os cidadãos e os media.
Para Castells (2007, p. 240), em grande medida, os meios de comunicação constituem
um sistema articulado, dentro do qual, a imprensa escrita produz informações originais,
a TV difunde para uma audiência de massa e o rádio personaliza a interação. Nas

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sociedades ocidentais, a política é principalmente uma política dos media. O
funcionamento do sistema político é encenado para os media de forma a obter o apoio,
ou pelo menos, a menor hostilidade dos cidadãos que se tornam consumidores no mercado
político. Para Blumler e Esser (2018, p. 3), a perspetiva mais popular, atualmente, discute
essa relação no quadro da mediatização da política. Strömbäck e Esser (2014, p. 6)
definem a mediatização da política como sendo um processo por meio do qual a
importância dos media e dos seus efeitos psicossociais sobre os atores políticos e seus
comportamentos tem aumentado. Ao aplicar a comunicação de campanha, coloca-se a
questão sobre, em que medida, o discurso eleitoral pode ser moldado pelos atores políticos
e até que ponto pode ser enquadrado pelos media.
A fundamentação da comunicação política, nesta pesquisa, segue a linha dos estudos
de Espírito Santo (2008); Mutsvairo e Karam (2018) que examinam os discursos e outras
comunicações presidenciais sistematizadas com base na análise de conteúdo em contexto
de campanha e pós-campanha eleitoral e durante as eleições presidenciais. Nos seus
estudos, Espírito Santo examina as principais tendências de comunicação, do ponto de
vista sociopolítico contidas nos discursos de tomada de posse dos Presidentes da
República portuguesa e francesa. Na sua obra intitulada “Comunicação e política nos
discursos presidenciais de tomada de posse: 1976-2006”, a autora oferece uma abordagem
pormenorizada acerca da mensagem política dos candidatos a PR Portugueses e da
mensagem dos candidatos às eleições presidenciais francesas de 2007.
Os investigadores Mutsvairo e Karam (2018, p. 3) analisam a comunicação política
no contexto africano e entendem-na, como sendo, um processo interativo relativo à
transmissão de informações entre os políticos, os meios de comunicação e o público, cuja
base assenta no discurso político. No entender de Reyes-Rodríguez (2008), discurso
político é a comunicação relativamente autónoma produzida oralmente por um político à
frente de uma audiência com o propósito de persuadir, transmitir informação ou entreter
os cidadãos.
Com foco na relação entre os media e a política, as bases do estudo de Kaya e
Çakmur (2010) ajudam a compreender e fundamentar a ligação entre a política e os meios
de comunicação de massa. O estudo considera que esta relação está enraizada nos
meandros do poder político. Nesta perspetiva, Correia (2005, p. 45) considera que a
problemática dos media, em especial do campo do jornalismo, continua a ser central para
as condições da existência da democracia deliberativa, pois implica a existência de uma

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esfera pública, entendida como uma rede de comunicação, informação e troca de pontos
de vistas, cuja influência reflete no sistema político. Fonseca e Ferreira (2016) defendem
que se façam representações seletivas do discurso político para perceber o contexto e as
dinâmicas na relação entre os media e a política. Para Salgado (2005, p. 86), tanto as
imagens como os discursos podem ser fabricados por ocasião de acontecimentos ou
circunstâncias que não têm necessariamente um caráter excecional e adquirem, graças aos
meios audiovisuais, uma força e uma visibilidade que não tinham. As manifestações da
política tornam-se diárias o que sujeita os políticos, por um lado, e os jornalistas, por
outro, a uma constante reinvenção e criação de aparências de novidade nas suas relações.
Os estudos de Repnikova (2017); Sparks (2008) fazem uma análise estrutural
sobre o discurso político os media em contextos de transição política. A pesquisa de
Repnikova (2017) aborda a intenção das mensagens nos discursos feitos em países em
fase de transição e conclui que a liberalização política parcial representa uma “faca de
dois gumes” para regimes autoritários, pois pode aumentar o risco de descarrilamento na
democratização de um país ou pode facilitar a adaptabilidade do regime. Sparks (2008)
discute a transformação do sistema dos media em três países que se afastaram do modelo
clássico "comunista" a Polónia, a Rússia e a China e oferece um contexto sociolinguístico
de perceção da transição política feita nestes países que servem de modelo para Angola.
No caso do sistema político português, as reflexões de Cardina (2016); Espírito
Santo (2016); Lopes e Espírito Santo (2016) expõem informações envolventes que
compõem os discursos políticos. Cardina (2016) faz uma reflexão sobre a natureza da
memória social e sobre os seus usos políticos e enfatiza o fato de os estudos sobre análise
do discurso político ganharem nas últimas décadas um lugar crescente nos centros de
produção intelectual. O trabalho de Espírito Santo (2011) analisa o modo de comunicar
na política, com base na transversalidade do discurso político. A pesquisadora reflete
sobre os objetivos, valores, símbolos e padrões de comunicação subjacentes no discurso
político do PR.
Lopes e Espírito Santo (2016) retratam o modo como a mensagem é construída
através dos media e marcam os traços fundamentais que resultam da relação de construção
e do reflexo que a imprensa permeabiliza entre os seus públicos e os atores políticos ao
analisarem a forma como a imprensa portuguesa mediatizou os primeiros 110 dias do
XXI Governo Constitucional de Portugal. Neste estudo, Lopes e Espírito Santo concluem
que apesar do esforço do Governo em proclamar um novo ciclo político afastado do

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tópico da austeridade, que dominou o discurso político dos anos precedentes, os
jornalistas privilegiaram a tematização financeira nos seus textos, fazendo jus a teoria da
Agenda Setting, ao impor aos leitores o que pensar, apesar do ânimo do Governo
português em direcionar o debate para outras temáticas. Segundo Baym (2008, p. 1), nos
primeiros anos do século XXI foi notório um crescente surgimento de programas que
combinavam de forma mais completa o conteúdo e a forma de vários géneros de relações
públicas e entretenimento. Isso criou um espectro complexo de programação híbrida com
uma gama, potencialmente, ampla de implicações para as informações públicas, a
comunicação política e discurso democrático.
Ainda na linha da abordagem da imprensa, Soroka (2003) considera que algumas
pesquisas sugerem que a abordagem mediática sobre a opinião pública e as ações políticas
leva os cidadãos a tomarem posições antagónicas às suas. Estudos recentes indicam que
a opinião pública é construída a partir de abordagens mediáticas e tem, geralmente, um
impacto mensurável na política de um Estado. Na generalidade, como observam Cárdenas
e Pérez (2017, p. 1069), os meios de comunicação de massa têm potencial para
materializarem-se e colocarem em contato várias cognições sociais, instalando e
modificando os temas, que adquirem mais importância ou valor social. Os media
desempenham um papel crucial na reprodução da hegemonia e controlo sobre as mentes,
interações e comportamentos do público. Nesta conformidade, Soroka (2003) entende
que o comportamento público é frequentemente estável, estruturado e racional, pois
responde por uma quantidade considerável de variações transversais nas atitudes dos
cidadãos e esclarecem como, e por que é que essas atitudes podem mudar ao longo do
tempo.
Sebastião, Valença e Vieira Dias (2016, p. 33) consideram que os media
produzem, processam e distribuem informação que dão visibilidade aos assuntos que
podem interessar aos públicos. Dada a complexidade das sociedades e da informação e
considerando a quantidade de dados disponíveis, os indivíduos entregam a função de
seleção do que é importante a outras entidades, nomeadamente, aos media, o que aumenta
a sua influência social. Esta influência fundamenta-se pelos estudos da persuasão e é
sustentada por aspetos psicológicos que defendem que a mensagem enviada pelos media
não é assimilada imediatamente pelo indivíduo, pois depende de várias perspetivas
individuais. É assim que Nelson e Garst (2005, p. 489) afirmam que fazem parte das

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estratégias de governação e liderança persuadir regularmente os cidadãos com o poder da
linguagem baseada em valores e por intermédio dos media.
Os fundamentos de comunicação democrática examinados por Norris (2004)
oferecem uma outra perspetiva da comunicação política, porquanto olha, essencialmente,
para o crescimento das democracias eleitorais emergentes e considera que nestas
democracias emergentes, muitas das inúmeras oportunidades para o desenvolvimento
humano foram fruto da expansão dos direitos políticos e das liberdades civis em todo o
mundo. Segundo Norris (2004), países tão diversos como a República Checa, o México,
África do Sul ou Angola sofreram a mesma transformação radical nos seus sistemas
políticos por meio do estabelecimento de uma competição partidária mais eficaz, com
eleições livres e justas e uma imprensa mais independente e pluralista e isto alterou
completamente o contexto comunicacional. A relação de interação entre os media e os
atores políticos pode ser examinada de várias perspetivas.
Como foi referido anteriormente, nota-se que existe uma escassez de pesquisas
que abordem discursos políticos e ações políticas no continente africano. Dentro das
contribuições existentes destaca-se o estudo de Macqueen (1985), cuja exposição nos faz
perceber que, depois da Revolução de Abril de 1974, as tensões em Portugal tornaram-se
incontroláveis, abrindo caminho para a descolonização de Angola. Apesar de ao longo do
tempo a tendência ter sido de aceleração da aproximação houve dificuldades particulares
enfrentadas pelas ex-colónias consideradas maiores, tais como, Angola e Moçambique.
Brown e Ainley (2005) defendem que a interação relacionada com as transações
transnacionais das informações com caracter político, económico e social interessa a
imprensa nos dois países. Segundo Ferreira (2017), os media são uma força de pressão
organizada, numa sociedade transnacional que pode ser vista como uma “arena contestada
e competitiva constituída por sujeitos não-governamentais, autónomos e organizados a
nível transnacional” cujo objetivo é influenciar a vida política através do
desenvolvimento de práticas discursivas e não discursivas, de modos que, as ações
políticas do Governo angolano mediaticamente difundidas acabam por se fazer sentir
também em Portugal.

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Parte II. Contextos do Regime Angolano, Imprensa e Ascensão do Presidente João
Lourenço
2. Angola nos Planos Geopolítico, Social e Económico
2.1.Contexto Geopolítico
Geograficamente, a República de Angola (doravante Angola) está localizada na
Costa Oeste da África Subsaariana, a Norte da República da Namíbia e a Sul da República
do Congo e da República Democrática do Congo (Barros, 2014). O Portal do Governo de
Angola apresenta, geograficamente, o país como tendo cinco tipos de zonas naturais:
florestas húmidas e densas (como a do Mayombe), savanas normalmente associadas às
matas (como é o caso das Lundas) e secas com árvores ou arbustos. Em Angola existem
ainda zonas de estepe, ao longo de uma faixa que tem o início no sul do Sumbe, província
do Kwanza Sul e, por fim, o deserto que ocupa uma estreita faixa costeira no extremo sul
do país.
Neto (2016, pp. 306-307) descreve o território como sendo um espaço que possui
uma natureza inóspita onde vários animais aparecem com muita frequência, muitos dos
quais se encontram em vias de extinção. Para além da riqueza a nível natural, em termos
de fauna e flora, existem elementos importantes que estimulam o desenvolvimento
económico tais como: áreas protegidas, como parques nacionais e reservas públicas de
caça. O Portal do Governo de Angola descreve inúmeras espécies de animais e plantas
espalhadas por várias regiões. Na fauna marítima e fluvial existe, igualmente, uma
enorme variedade de peixes e mariscos. Os fatores enunciados foram propícios para o
desenvolvimento do Turismo, que segundo Fernandes (2016, p.143), em 2011 atingiu um
número de 481.168 turistas provenientes da Europa, África e Ásia, que viajaram para o
país por motivos de lazer, negócios e serviços. O elevado numero de turistas deveu-se em
grande parte às facilidades impostas pelo Decreto Presidencial 56/18, de 20 de fevereiro,
sobre o regime de isenção nos procedimentos de simplificação dos atos administrativos
para a concessão de visto de Turismo, que entrou em vigor a 30 de março de 2018, esse
mesmo Decreto previa a isenção de vistos de turismo à cerca de 61 países do mundo,
incluindo Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil e Timor-Leste.
Angola é considerada um país líder em termos de produção de recursos naturais.
O Portal do Governo de Angola (2020) estima que o subsolo angolano alberga 35 dos 45
minerais estratégicos no comércio mundial entre os quais o petróleo, o gás natural, os
diamantes, o fosfato, substâncias betuminosas, ferro, cobre, magnésio, ouro, rochas
ornamentais e outros. Em contraste com estas potencialidades mineiras, o país tem uma
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população que vive maioritariamente em situação de pobreza, devido ao reflexo das
fragilidades de um Estado possuidor de recursos naturais, mas com práticas preocupantes
de corrupção. De acordo com o Corruption Perceptions Index 2019, Angola ocupa o 146º
lugar, num total de 180 países. Debate-se igualmente, segundo Santos (2015), com o fato
de possuir vastas zonas do território isoladas e de difícil acesso. As fronteiras terrestres
são permeáveis e ineficientemente controladas, devido à dificuldade em patrulhar essas
regiões. A imigração ilegal é neste momento um foco de preocupação, pois afeta a ordem
socioeconómica e gera um terreno fértil para atividades de natureza criminal.
Albino, Tavares e Pacheco (2016, p.5) consideram que, politicamente, Angola é
um Estado unitário com um regime presidencialista multipartidário, dividido
administrativamente em 18 províncias e 165 municípios. A Constituição da República de
Angola (CRA, 2010), no seu artigo 1º., apresenta Angola como sendo uma “República
soberana e independente, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade do povo,
que tem como objetivo fundamental a construção de uma sociedade livre, justa,
democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social”. Sob o ponto de vista jurídico
Angola é um Estado Democrático de Direito que tem como fundamentos a soberania
popular, o primado da Constituição e da Lei, a separação de poderes e interdependência
de funções, a unidade nacional, o pluralismo de expressão e de organização política e a
democracia representativa e participativa (artigo 2.ºCRA). Administrativamente, Angola
é um Estado unitário que respeita na sua organização os princípios da autonomia dos
órgãos do poder local e da desconcentração e descentralização administrativas, nos
termos da Constituição e da Lei (artigo 8, CRA). São órgãos de soberania, em Angola, o
PR, a Assembleia Nacional e os Tribunais.
Quanto à organização dos poderes, o PR é o Chefe de Estado, o titular do Poder
Executivo e o Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA). Ele exerce
o poder executivo auxiliado por um Vice-Presidente, Ministros de Estado e Ministros
(artigo 108, CRA). Tal como referem Belchior, Sanches e Matias (2016, p. 4), o sistema
representativo, em Angola, começou com a primeira vaga de formação de partidos
políticos no final do período colonial entre as décadas de 1950 e 1960. Atualmente o
sistema é formado por três movimentos principais que se constituíram como formações
anticoloniais, que combinam no seu seio diferentes constituintes etno-regionais.
Angola tornou-se, oficialmente, uma República multipartidária depois da
aprovação da Lei Constitucional de 1992 (Cunha & Araújo, 2018, p. 95). Nesse mesmo

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ano realizaram-se as primeiras eleições, com o objetivo de escolher o Presidente e uma
Assembleia Legislativa. Em 2010 a Constituição foi alterada mantendo as regras para as
eleições parlamentares, mas dando ao partido mais votado o poder de indicar o PR, sendo
este o cabeça de lista do partido político mais votado (Cunha & Araújo, 2018, p. 95). A
nova Constituição de 2010 define a Assembleia Nacional como sendo o Parlamento da
República de Angola, e é um órgão unicamaral, representativo de todos os angolanos, que
exprime a vontade soberana do povo e exerce o poder legislativo do Estado (nº 1 e 2 do
artigo 141º. CRA). Quanto à organização judiciária, a CRA no nº 1 e 2 do artigo 174º
assume que os tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a
Justiça em nome do povo. No exercício da função jurisdicional, compete aos tribunais
dirimir conflitos de interesse público, ou privado, assegurar a defesa dos direitos e
interesses legalmente protegidos, bem como os princípios do acusatório e do contraditório
e reprimir as violações da legalidade democrática.
Para Ntoni-Nzinga (2005, p. 11), na primeira fase da sua organização política, que
compreende o período entre 1977 e 1991, Angola primou por construir uma democracia
parlamentar, apesar de não haver um entendimento compartilhado entre os partidos
políticos da altura. Ruigrok (2010, p. 638) considera que a trajetória política de Angola
registou um problema que são as reformas que sempre se pretenderam fazer ao Estado, e
que se tornaram num contrapeso ao sistema administrativo. No entanto, foi durante a
segunda fase, que começou em 1991, que a democracia foi definida por um grupo de
partidos políticos como sendo o sistema político a seguir (Ntoni-Nzinga, 2005, p. 11). O
primeiro Acordo de Paz assinado em Bicesse levou à criação de mecanismos funcionais
e à adoção de estratégias que permitiram que o país passasse de um Estado de partido
único para um Estado multipartidário. Ruigrok (2010, p. 639) considera que foi em 1991,
durante o processo de paz de Bicesse, que se deu a transição para a democracia. Nessa
altura, a Constituição foi revista, ainda que parcialmente, e foi finalmente aprovada na
Assembleia Nacional multipartidária formada depois das eleições de setembro de 1992.
Belchior, Sanches e Matias (2016, pp. 4-5) consideram que o Governo angolano
sempre demonstrou que os seus propósitos políticos eram conseguir algum nível de
eficácia decisória na execução das ações políticas, que tiveram à frente o objetivo de
responder às demandas e aos desafios do país. Tais autores consideram que sempre foi
um meio para perdurar no poder. Nesta circunstância, Ruigrok (2010, p. 639) considera
que a descentralização do poder local, nunca foi uma preocupação do Governo angolano,

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por ser um processo que permite a redução do Estado em pequenos entes, que funcionam
com mais eficácia administrativa e permitem a partilha do poder. Para Belchior, Sanches
e Matias (2016, pp. 4-5), este processo permite igualmente a partilha do poder pelas
unidades locais e sub-regionais, o que contrasta com a situação que Angola vive
atualmente, pois o poder parece estar concentrado nas mãos de uma minoria privilegiada
em Luanda. É facto também que com a descentralização passa-se a prestar mais atenção
à comunicação entre o Governo, a sociedade civil e os cidadãos, principalmente, para a
conceção e planeamento de políticas públicas (Pain, 2007, p. 261). Ruigrok (2010, p. 638)
afirma que para os funcionários locais do Estado, a autarcização e consequentemente a
descentralização do país funcionará como um instrumento para legitimar o sistema
político-administrativo e o processo de reforma que se pretende levar a cabo. Assim,
Sousa (2002) entende que a descentralização é necessária para Angola e deve ser feita
com consultas sobre as questões de âmbito nacional, relativas aos processos
administrativos locais, a nível da conceção dos conteúdos e dos temas de abrangência
nacional, deslocalizando os entes locais de Luanda. Até ao momento, o Governo angolano
tem caminhado na direção oposta, usando as fontes não materiais de apoio político, as
ideologias e as crenças políticas forjadas nos cidadãos durante as guerras, como recursos
para evitar a descentralização do país (Belchior, Sanches & Matias, 2016, pp. 4-5). Com
o fim da guerra, segundo Nascimento (2002) abriram-se enormes e concretas
possibilidades não só para o processo de reconstrução e desenvolvimento de Angola, mas
também para o reforço do processo de democratização e modernização social, cultural e
política do país.

2.2.O Processo Político-Social em Angola (2002-2020)


Nesta secção destaca-se a caminhada político-social da República de Angola no
período que vai de 2002 a 2020. A evolução político-social de Angola é associada ao seu
desenvolvimento económico, o que se pode depreender por exemplo dos contributos de
escolas e autores diferentes, tais como, Jauhari (2018); Espírito Santo (2010); Stevenson
(2018). Com base na análise da situação de Angola, numa perspetiva económica, Jauhari
(2018) considera que as políticas adotadas e as medidas tomadas para alcançar o
crescimento económico, bem como, a respetiva sustentabilidade fez com que o país se
destacasse quanto ao seu crescimento político e social. Stevenson (2018) analisou a crise
económica no Zimbabwe e concluiu que esta crise infligiu um golpe final ao Governo do

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Presidente José Eduardo dos Santos, pois o seu nepotismo e a sua afeição pelo património
vieram a comprometer a sobrevivência do Estado em face ao colapso económico do país,
com consequências também para Portugal.
Espírito Santo (2010), no seu estudo sobre as eleições parlamentares realizadas
em Angola, no ano de 2008, examinou o sistema político angolano e fez uma retrospetiva
sobre a chegada ao poder em 1979 do Presidente José Eduardo dos Santos e numa das
suas considerações afirma que o ex-Presidente José Eduardo Dos Santos se tornara num
dos líderes com maior tempo em serviço no mundo (excluindo monarcas). Durante a
governação de José Eduardo dos Santos para Seabra e Gorjão (2011), os nacionais
portugueses ou descendentes de portugueses aumentaram a sua presença em Angola
passando de 21.000 cidadãos em 2003 para 91.900 residentes em 2010. Os atrasos no
processamento de vistos obstruíam os fluxos migratórios e, mais importante ainda, a
busca do comércio bilateral e dos negócios transnacionais. A visita do ex-Presidente José
Eduardo dos Santos a Portugal em março de 2009 foi interpretada como um sinal do
interesse recíproco de Angola, já que o ex-presidente procurou, principalmente, promover
mais fluxos económicos e comerciais equitativos e equilibrados devido aos interesses dos
seus familiares e das pessoas próximas com quem governava.
Para Barros (2014, p. 6) e Manuel (2002), depois da independência em 1975,
Angola teve uma grande derrapagem na sua organização, com a instituição do regime
marxista-leninista procurando ab initio uniformizar e homogeneizar a componente
política, económica, social e cultural a partir de uma marca de radicalização ideológica.
Angola ascendeu à independência num contexto extremamente difícil, apesar dos
dirigentes, segundo Carneiro (2002), terem cultivado nos cidadãos o sonho de uma
independência efetiva, a implantação do regime político não assegurou uma efetiva
solidariedade social.
Com o fim da guerra, em 2002, o país tinha condições para fazer a sua
reconstrução social (Rodrigues, 2013, pp. 116-117). Depois de mais de 25 anos de lutas
fratricidas, os angolanos estavam efetivamente dentro do mesmo território, íntegro e uno,
debaixo dos mesmos símbolos e sob a mesma autoridade estatal. O enfoque voltou-se
para as possibilidades de a paz gerar prosperidade e evolução de um contexto de
emergência para um contexto de desenvolvimento. No entanto, segundo Pereira (2002),
era um país, parcialmente, destruído e com um cenário sem fim de desgraças e miséria.
Uma Angola como descreve Chocolate (2016, p. 70), em que muitos pereceram e

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aproximadamente quatro milhões de pessoas estavam deslocadas. As enormes
potencialidades económicas que o país possui, não estavam a ser bem utilizadas (Ferreira,
2002). O que justificava, para Barros (2014, p.6), a existência de um alto índice de
pobreza entre as populações das zonas rurais, periféricas e urbanas.
Ferreira (2002) considera que o fim da discórdia permitiu que se colocassem
novos reptos a Angola, desafios a nível da transparência e da boa governação, da
participação efetiva dos diferentes partidos e da sociedade civil. Era chegada a altura de
se delinear uma estratégia de desenvolvimento social, criando programas de luta contra a
pobreza e a exclusão. A somar a todos esses problemas sociais, para Gaio (2018, p. 18),
Angola ainda se debatia com a situação da reconstrução nacional. Relativamente às
crianças e jovens era necessário recuperar o tempo perdido com os anos de guerra
(Ferreira, 2002). Aos problemas sociais circunscreviam-se também as denúncias de
corrupção, nepotismo e impunidade, que segundo Barros (2014, p. 7), persistem até aos
nossos dias e se tornaram nos temas de bandeira da governação do Presidente João
Lourenço. Outra grande preocupação era a incapacidade de desenvolver os setores
agrícola e industrial.
Segundo Gaio (2018, p. 19), Angola consegue, através da parceria com o Brasil e
a China, financiar a agenda de reconstrução, sem a necessidade de se submeter aos
requisitos governativos neoliberais atribuídos pela Ajuda Oficial ao Desenvolvimento
(AOD). Para Rodrigues (2013, p. 117), este financiamento tinha como prioridade o
crescimento e a diversificação social e económica do país, combatendo a fome e a miséria
e diminuindo a pobreza extrema. Nesta ação, como descreve Gaio (2018, p. 19), o setor
privado, especialmente as corporações transnacionais, desempenharam um papel
importante. As empresas estrangeiras estabeleceram parceria com sócios locais, uma
condição obrigatória para que o investidor estrangeiro obtivesse aprovação do Governo
para o seu projeto. Rodrigues (2013, p. 117) considera que apesar deste esforço, as
consequências sociais da guerra eram ainda muito presentes. As décadas de conflito
militar provocaram não apenas perdas substanciais ao nível do capital físico e humano,
mas também determinaram efeitos que concorreram para a redução do bem-estar dos
angolanos. Por isso Ntoni-Nzinga (2003, p. 12) considera que a paz não foi simplesmente
o silenciar das armas, mas um passo importante para o processo de evolução social do
país.

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Segundo Chocolate (2016, p. 70), a pobreza, as perturbações políticas,
instabilidades económicas, ruturas sociais e culturais, contribuíram para um aumento
crescente da exclusão da população do sistema de educação formal, de que se destacam
as crianças e os jovens adolescentes, com consequências pesadas para as suas vidas. No
entanto, com a paz, Ntoni-Nzinga (2003, p. 12) considera que todas as partes envolvidas
no conflito fizeram um compromisso para a reconstrução das relações sociais e para a
formação de uma nova visão para a nação, que se resumia na personificação das
aspirações e dos sonhos de todos. Uma visão, que na ótica de Rodrigues (2013) era
abrangente, e incluía o direcionamento dos recursos nacionais para sustentar o
desenvolvimento social, na perspetiva de acabar, tal como faz menção Chocolate (2016,
p.70), com o crescimento rápido e desordenado das cidades e com o nascimento de
grandes musseques na periferia dos centros urbanos. Na ótica de Sousa (2002), nos
Estados modernos pós-burocráticos ou de burocracia avançada, os problemas da pobreza
e da exclusão social são encarados como problemas de toda a sociedade, pois a pobreza
é um fenómeno multifacetado e multissectorial com uma forte dimensão política a que
nenhum governo de per si poderá responder adequadamente.
Segundo Affolter e Cabula (2010, p. 272), as Organizações Não-Governamentais
(ONG) refletiam as estruturas locais de organização nativa, funcionavam como saídas
para interesses e aspirações da comunidade local e, em muitos casos, substituíam os
“Órgãos Locais do Estado”. A título de exemplo, recorre-se às considerações de Cole e
Chipaca (2014, p. 64), segundo as quais as perturbações da guerra criaram uma geração
de crianças descontentes, com baixo nível de escolaridade e a viver em bairros urbanos
infestados pelo crime, onde a violência parecia ter-se tornado regra. Em concordância,
Ntoni-Nzinga (2003, p. 12), narra que nos bairros urbanos e suburbanos, as crianças
desenvolviam relacionamentos delinquentes e ganhavam experiências de violência
graves. A maioria das crianças atribuía a sua condição aos problemas económicos e
sociais criados pela guerra.
Na visão de Cole e Chipaca (2014, pp. 64-65), outra consequência significativa
da guerra foi a migração de um grande número de jovens rurais para áreas urbanas, em
busca de emprego. Isto criou uma considerável pressão sobre as infraestruturas sociais,
especialmente, as escolas e habitações e levou à proliferação de musseques urbanos.
Muitas das famílias migrantes depararam-se com situações de extrema pobreza. Para
Oliveira (2012. pp. 126-127) notava-se uma intensa mobilidade, característica dos

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operários e empregados com alguma escolaridade e rendimento fixo, na sua maioria
integrados na função pública. Estes constituíam uma categoria que tinha mais
possibilidade de sair da pobreza, dado o investimento que realizavam na mobilidade
ascendente, oferecendo aos filhos uma escolarização. Ainda assim, muitos jovens
angolanos tiveram que adiar a educação e assumir maiores responsabilidades dentro das
suas famílias. Lopes (2002) considera que as poucas aplicações na educação e saúde
mostravam que o investimento no capital humano era exíguo em Angola. Grande parte
das crianças em idade escolar estava fora do sistema de ensino e havia uma grande taxa
de analfabetismo, porque o Estado não construía suficientes escolas para absorver as
crianças em idade escolar. Entretanto, para Sousa (2002) há atualmente um bom
indicador, por causa da apropriação nacional desse debate, ao ter-se criado um programa
nacional de combate à fome e à pobreza assumido pelas elites políticas, pelo setor
privado, pelos atores da sociedade civil e parceiros da ajuda internacional para o
desenvolvimento. Outro indicador de uma maior apropriação social do debate é o grau de
envolvimento e participação dos diferentes atores sociais.
O setor habitacional é uma das áreas sociais mais importantes que, segundo
Oliveira (2012, P. 126-127), era muito incipiente em Angola devido aos preços elevados
das habitações que se iam construindo. O envolvimento do Governo em políticas
habitacionais remonta desde os primeiros anos de construção do Estado socialista
(Croese, 2016, p. 92-93). De acordo com Oliveira (2012, pp. 126-127), durante o domínio
colonial, o crescimento formal das moradias era resultado de investimentos privados e,
portanto, atendia principalmente às necessidades da minoria dos colonos brancos que
vivia nos centros das cidades. O Governo angolano, sob o regime socialista construíra
cerca de 3.000 apartamentos de cinco andares com ajuda dos cubanos. Com a transição
para uma economia de mercado no início dos anos 90, era necessário privatizar o estoque
habitacional nacional, de maneira a que, aqueles que ocupavam as moradias deixadas
pelos colonizadores portugueses as comprassem a preços baixos. No período que
antecedeu as primeiras eleições pós-guerra de 2008, o papel do Governo, no
desenvolvimento habitacional, ganhou um impulso real quando o Presidente José
Eduardo dos Santos anunciou a construção de um milhão de casas em todo o país até 2012
(Croese, 2016 p. 93-94). Um plano que foi formalmente adotado em 2009 e denominado
Programa Nacional de Urbanismo e Habitação. Com este Programa, segundo Oliveira
(2012), os projetos habitacionais foram ampliados com a introdução de novas cidades.

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Em Luanda por exemplo, o programa resultou na construção de mais de 50.000 habitações
na cidade do Kilamba. Croese (2016 p. 93-94) afirma que foram, igualmente, construídos
outros assentamentos na área metropolitana de Luanda tais como o Sequele, o
Condomínio Vida Pacífica no Zango, o Musseque Capari e o Km 44. Fora da capital,
foram construídas centralidades nas províncias de Cabinda, Lunda Norte, Bié, Huambo,
Moxico, Namibe, Huila, Kwanza Sul, Uíge entre outras. Com estas medidas, como
observam Sidaway e Simon (1993, p. 9-11), foi realizada uma reorganização territorial e
espacial das cidades angolanas. Alguns dos desenvolvimentos nesse sentido que têm
contribuído para a resolução das necessidades sociais de habitação dos cidadãos, ainda
que desiguais, indicam a necessidade de insistir em mais políticas de organização
territorial.
Segundo Pereira (2002), nota-se a existência de uma confiança entre os angolanos,
que poderá levar a um clima de abertura e transparência nas relações sociais e na
consolidação das liberdades civis, liberdade de expressão e autorrealização, fundamentais
para a construção de um Estado Democrático e de Direito.

2.3. Conjuntura Económica


Nesta secção, caracteriza-se a evolução e a conjuntura económica de Angola,
essencialmente, até à entrada do século XXI. Apesar de se fazer recurso ao período pós-
independência, a análise está mais voltada para o período posterior ao alcance da paz,
2002. Assim sendo, Carneiro (2002), postula que a ascensão de Angola à independência
nacional coincidiu, grosso modo, com o início da implementação no país do “ciclo do
petróleo”. Em termos económicos, como faz referência Ferreira (2005), o petróleo e os
diamantes têm sido decisivos para a manutenção do país, apesar de possuir outros
recursos naturais essenciais transacionáveis mundialmente como matéria-prima.
Para Lopes (2002), ainda que Angola seja conhecida como tendo grandes
potencialidades económicas, não só porque detém um riquíssimo solo e subsolo, mas por
ser uma das maiores potências petrolífera e diamantífera a nível mundial, grande parte da
população das cidades e vilas sobrevive da chamada economia informal. Como faz
referência Carneiro (2002), a colónia de Angola começou a sua produção de petróleo a
partir de 1969, mas só em 1973 é que se deu o efetivo nascimento do “ciclo do petróleo”.
Barros (2014, p.2) considera que só durante o período que vai de 2002 a 2012 se notou
um crescimento económico e uma sustentabilidade fiscal dependentes das receitas do

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petróleo. O mau aproveitamento dos recursos provenientes do petróleo restringiu a
diversificação económica e evitou a criação de empregos necessários ao
desenvolvimento.
Com uma população a rondar os 32.097.671 milhões de habitantes em 2021, o
Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE, 2014), estima que a população cresça a
uma taxa superior a 3% ao ano nas próximas décadas. Segundo aquele órgão, Angola é a
segunda maior economia da África Subsaariana. Uma economia em que cerca de 40.6 %
da população vive abaixo da linha da pobreza monetária e o desemprego atingiu no
primeiro trimestre de 2021 um valor acima dos 30.5 %. O Governo tem tomado medidas
para melhorar as condições de vida e a maior parte do investimento público é direcionado
à expansão do acesso à água, eletricidade e transportes. Embora as políticas estruturais
sejam positivas, Angola necessita de acelerar a diversificação económica e reduzir a
dependência do petróleo, que corresponde a cerca de 46% do PIB, 80% das receitas do
Governo e 95% das exportações de Angola. Isto por sua vez, sobrecarrega os lucros da
produção petrolífera, acrescido ao fato de que os principais imputs para a indústria do
petróleo são importados.
O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019 do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2019) mostra que Angola progrediu no
desenvolvimento humano melhorando sobretudo em termos de educação primária e
educação em geral. Contudo aponta uma nova geração de desigualdades que está a
emergir e pode ameaçar os progressos obtidos e futuros, em particular do
desenvolvimento humano dos grupos mais vulneráveis da sociedade. O Relatório
descreve que o Índice de Desenvolvimento Humano de Angola é de 0,574, o que coloca
o país na categoria de desenvolvimento humano médio posicionando-o no 149º lugar de
um total de 189 países e territórios. Desde 1990, a esperança de vida em Angola aumentou
15,5 anos, ao atingir 60,8 anos, em média no ano de 2019. O rendimento nacional bruto
(RNB) per capita foi estimado em USD 5555 em paridade de poder de compra (PNUD
2019). Segundo o Inquérito sobre o Bem-Estar da População (IBEP 2008/09), as
principais atividades produtivas são a agricultura e a pesca (sectores primários de
atividades). A par destas atividades seculares, Jauhari (2018) afirma que, no início do
século XXI, muitos países de África abriram caminho para o crescimento económico. O
Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou nesta situação o Ruanda, Moçambique,
a Nigéria, o Chade, a Etiópia e Angola.

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Segundo Barros, Gil-Alana e Faria (2015, p. 2785), Angola começou, no fim de
1994, um novo relacionamento com o FMI, que enfatizou a necessidade de aumentar a
transparência orçamentária, diminuir as intervenções e o controlo cambial, interromper
os subsídios aos combustíveis, água e eletricidade para controlar a inflação. Como
postulam Pearce, Péclard e Oliveira (2018, p. 1), só depois da vitória do Governo do
Presidente José Eduardo dos Santos em 2002, contra os rebeldes da UNITA, é que Angola
aumentou a sua produção de petróleo, passando de cerca de um milhão de barris por dia
para cerca de dois milhões entre 2002 e 2008. Para Affolter e Cabula (2010, p. 272), as
medidas do FMI permitiram que, a partir de 2002, se registasse um forte aumento das
receitas do petróleo e dos diamantes.
As reservas de petróleo em Angola segundo Burgos e Ear (2012, p. 355) estão
estimadas entre 12 e 14 bilhões de barris e com uma média de produção diária de
aproximadamente 2 milhões de barris, levou a um incremento na produção de gás natural,
que começou igualmente a ser exportado. O setor da mineração que se constituía em cerca
de 12% do PIB de Angola, sendo o oitavo maior produtor mundial de diamantes em bruto
e com um potencial significativo para a extração de cobre, minério de ferro, ouro, fosfatos
e urânio, também se transformou num grande catalisador económico. Barros (2014, p. 2)
entende que apesar de Angola ser um grande exportador de petróleo, importa quase tudo
o que precisa para consumir e essa dependência externa restringe a política monetária e
toda a economia. Nessa perspetiva, as principais recomendações têm sido feitas segundo
Burgos e Ear (2012, p 356), no sentido de diversificar as fontes de obtenção de receitas,
apostando, por exemplo, na agricultura, cujo potencial corresponde a 10% do PIB, sendo
que as principais culturas são o café, a cana-de-açúcar e o milho.
Para Corkin (2011, pp. 169), com a chegada do novo século, começou uma nova
fase de interação bilateral, com foco em relações pragmáticas e cada vez mais
económicas, particularmente no que diz respeito aos planos de Angola para a reconstrução
pós-guerra. Nessa perspetiva, Burgos e Ear (2012, 356) consideram que devido ao
crescimento contínuo das necessidades de energia americanas e europeias, juntamente
com a notável ascensão do Brasil, Rússia, China, Índia e outras economias emergentes,
os principais atores económicos começaram a moldar os mercados internacionais de
energia, principalmente voltados para a produção de gás e de petróleo.
Segundo Corkin (2011, p. 170), Angola alcançou a sua independência em 1975,
mas só estabeleceu laços diplomáticos oficiais com a China em 1983. O contacto bilateral

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oficial de Angola com a China não possui uma história tão longa como a de outros Estados
africanos. A China só tem sido um ator ativo em Angola desde 2004, fato que se deveu
aos desafios chineses contemporâneos, tais como: o rápido crescimento económico; a
recessão global; o aumento da capacidade de compra de produtos nacionais e o aumento
da qualidade dos seus produtos, que levaram à procura de alternativas noutras economias.
Devido à sua necessidade de reconstrução pós-guerra, segundo Tang (2010, p. 352),
Angola assinou o seu primeiro acordo-quadro de USD 2 mil milhões com a China em
2004 e o segundo acordo de outros USD 2 mil milhões em 2007. Nesses acordos, a China
ofereceu empréstimos com juros baixos para a construção de infraestruturas, como
aeroportos, linhas ferroviárias, escolas, hospitais, telecomunicações e sistemas de
abastecimento de água.
Corkin (2011, p. 173) considera que a cooperação sino-angolana ganhou um
significado especial em 2004, quando foram firmados acordos entre o Governo angolano
e o Banco de Crédito Chinês Eximbank, que concedeu a Angola uma linha de crédito no
valor de 2 mil milhões de dólares com vista à reconstrução de infraestruturas, incluindo
caminho-de-ferro, edifícios administrativos e rede elétrica. Em troca, a China recebe 10
mil barris de petróleo por dia. Nesta conformidade, Tang (2010, p. 352) afirma que o
rápido crescimento de Angola atraiu, igualmente, empresas privadas chinesas, que
atuavam principalmente na subcontratação de obras e na importação de bens de consumo.
Como resultado desse processo, a população chinesa em Angola cresceu de 2500 pessoas
em 2004 para mais de 40.000 em 2007.
Em relação ao sistema económico, Ferreira e Oliveira (2018, p. 9) consideram que
os setores das finanças e bancário cresceram muito em menos de uma década, situando-
se como um dos maiores em África, impulsionados pelo aumento do preço do petróleo.
No período pós-guerra civil, como advoga Gaio (2017, p. 20), o capital transnacional
tornou-se cada vez mais relevante na agenda da reconstrução nacional e isto acentuou a
autonomia governativa do Presidente dos Santos e assim Angola conseguiu, enfim,
financiar a agenda da reconstrução sem a necessidade de submeter-se aos requisitos
governativos neoliberais atribuídos à Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (AOD). Para
Neto (2016, pp. 1-2), atraídos pela economia em expansão de Angola, pessoas de todos
os cantos do mundo estavam dispostas a tentar a sorte no país. Nem a dureza do controlo
político, nem os constantes pontos de controlo da polícia nas fronteiras impediam as
tentativas ilegais de entrada em Angola (Gonçalves e Smith. 2017, p. 204). De acordo

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com o Relatório do Fórum Económico Mundial (WEF, 2013), Angola tinha um PIB de
cerca de USD 122 bilhões até final de 2013. A economia do país representava 0,15% do
PIB mundial em termos de poder de paridade de compra (PPP) e cresceu substancialmente
desde 1994 até 2008, tendo diminuído ligeiramente, mas continuando a crescer até 2013.
Desde 2012, que se tem registado como descrevem Gonçalves e Smith (2017, pp.
207-208), um ajuste da economia angolana, com a redução significativa nas receitas de
exportação de petróleo devido à queda acentuada dos preços praticados. Angola possui
hoje várias empresas notáveis que se internacionalizaram com sucesso, tais como a
Endiama, uma empresa nacional de exploração de diamantes com presença em Israel,
Bélgica e Hong Kong; a Cuca, cervejeira líder, com presença em Portugal, Cabo Verde,
Moçambique e Guiné-Bissau; a Angonabeiro, uma das principais produtoras e
exportadoras de café; o Banco BAI, com presença estabelecida em Portugal e outros
países africanos; e a Gesteflora, uma empresa madeireira com presença igualmente no
exterior há alguns anos, mas que se ressentem dos efeitos negativos da crise financeira
nas suas contabilidades.
Segundo o relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD, 2019),
atualmente, a economia angolana depende fortemente do petróleo, representando quase
80% da receita do Governo, 90% das exportações e 47% do PIB do país: isso torna a
economia vulnerável a choques externos, principalmente, no que diz respeito ao preço do
petróleo. O país continua sem gerar novas oportunidades de emprego, não consegue
reduzir a pobreza e os esforços para a diversificação da economia têm sido nulos. Carneiro
(2002) afirma que o contexto geopolítico em que Angola se insere desde há décadas
constituiu um sério constrangimento à afirmação de uma vida e de um desenvolvimento
reais. Para Ferreira e Oliveira (2018), esta situação foi também fruto da “guerra fria” que
constituiu um fator conducente a uma verdadeira destruição do país e dificultou a sua
inserção no sistema global de aproveitamento de recursos minerais e, em particular, do
petróleo. Mas também foi ignorada uma série de fatores que tornariam o país propício ao
investimento privado tais como: a proteção da propriedade e direitos dos investidores; a
boa governação; a regulação e harmonização do investimento público; a transparência; o
combate à corrupção; a tributação; o acesso a investimentos viáveis; a melhoria dos
padrões contábeis; e a mínima intervenção governamental na vida privada (BAD, 2019).
O relatório do FMI de 2019 sobre a África Subsaariana previu o crescimento da
economia angolana para 2020 em baixa. Não obstante tudo isso, ainda assim, têm-se

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notado alguns êxitos na resposta aos desequilíbrios orçamentais com que o país se
deparou no período 2017-2019, com as reformas que o Presidente João Lourenço tem
vindo a empreender. Para o mesmo, ano o relatório do CEIC (2019), da Universidade
Católica de Angola, considerou haver riscos à retoma do crescimento económico,
acrescidos do aumento da pobreza e à continuação do modelo de redistribuição do
rendimento. O relatório considerou que o crescimento económico não gerou rendimento
suficiente para distribuir e melhorar as condições de vida da população.
Segundo o FMI, o país encontrava-se num ponto de inflexão, num ambiente com
crescimento negativo. Tendo o crescimento em 2018 se situado nos -1,7%, em 2019 foi
de 0,4%, seguido de uma ligeira subida para 2,9% em 2020. O CEIC revelou que o FMI
colocou ao serviço da dívida pública angolana para 2019, USD 15,7 mil milhões (16 por
cento do PIB). Ainda de acordo com o FMI, a dívida de Angola em 2018 situou-se em
88,1% do Produto Interno Bruto (PIB), que subiu para 90,5% em 2019 e deveria descer
para 82,8% em 2020.
Segundo o Economic Outlook (2020), do African Development Bank’s Group,
verifica-se que as metas para o desenvolvimento económico e social, introduzidas no final
de 2017, estão a começar a estabilizar a inflação em Angola, que caiu de 29,8% em 2017
para 17,5% em 2019. Os défices fiscais estão a ser financiados pela dívida externa e pelo
apoio orçamental de organizações multilaterais, tais como o FMI, o Banco Mundial (BM)
e o Banco Africano de Desenvolvimento. As recomendações do FMI cingem-se à
introdução de programas para a proteção social, reformas para melhorar a
competitividade da economia nos mercados internacionais, assim como o reforço do
quadro das despesas a médio prazo e a aplicação de controlos internos para evitar uma
má repartição das despesas e facilitar a gestão dos atrasos no desenvolvimento.
O ambiente de negócios melhorou o crescimento e a competitividade do setor
privado. Angola ocupava a posição 177 do ranking mundial do Doing Business do Banco
Mundial (BM) de 2020, lugar para o qual caiu no ano de 2019 quando se encontrava na
173ª posição de uma lista de 190 países. Para a regulação de todo o processo de reforma,
o Governo criou a Autoridade Reguladora da Concorrência em 2019, que supervisiona a
concorrência privada. Na mesma perspetiva, o relatório do CEIC (2019) recomenda a
diversificação da economia, o incremento das exportações e o reforço dos programas do
Governo como: o Programa de Desenvolvimento Nacional (PDN); o Programa de

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Estabilização Económica (PRODESI); o Programa de Desenvolvimento Agrícola (PDA)
e outros.
Exposta a conjuntura económica de Angola, a secção que se segues descreve o
regime político e a evolução do país em contexto democrático.

2.4. O Regime Político e a Evolução Democrática


Esta secção examina a constituição do regime político e a democracia em Angola,
olha-se para as estratégias de manutenção do poder pelo regime político e para
implantação e evolução do sistema político-democrático. Segundo Gouveia (2017, p.
226), o sistema político angolano começou com a proclamação da independência a 11 de
novembro de 1975, altura em que passou a vigorar a primeira Constituição da República,
com a designação de “Lei Constitucional da República Popular de Angola” (LCRPA),
aprovada em 1975. Este documento considerava Angola como sendo um Estado
soberano, independente e democrático, que tinha como objetivo a libertação total do Povo
Angolano, dos vestígios do colonialismo e da dominação e agressão do imperialismo. Era
um Estado de orientação socialista. Schubert (2013, p. 2) descreve o período posterior à
independência como um momento em que os dois movimentos de libertação o
formalmente marxista, Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e o “então
grupo rebelde”, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) travaram
uma tremenda e quase ininterrupta luta pelo controlo do país que acabou por atrasar o
processo da democratização.
Para Santos (2001, p. 113), com a queda da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) e dos países do Leste europeu, diminuiu o poder e o valor geopolítico
e militar de Angola. Vulnerável às pressões e dominações do centro, Angola estava, de
uma forma ou de outra, submetida à lógica da economia de mercado. Os Estados
Europeus manifestavam um certo interesse em continuar a preservar as suas relações com
Angola e exigiam uma maior abertura democrática. Em relação a esta matéria, Bernardes
(2015, p. 519) considera que no geral a democratização dos países de língua oficial
portuguesa não se iniciou com a revolução democrática portuguesa. As dinâmicas
internacionais e as motivações políticas internas tiveram um grande impacto na formação
dos regimes de partido único e no encerramento dos respetivos sistemas políticos. Com a
queda do muro de Berlim, as transições democráticas nestes países deram-se com a elite
política a ter um papel negocial nos novos termos democráticos.

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Em Angola, o processo democrático começou com a Segunda República (1991-
2010), com a aprovação de uma nova Lei Constitucional em 1991, Lei nº. 12/91, que
assegurava que Angola era um Estado Democrático de Direito e consagrou a democracia
multipartidária, as garantias dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o
sistema económico de mercado, definiu que o poder emanava do povo, assim como previa
a escolha dos representantes por intermédio de eleições por sufrágio universal. Este
pressuposto aparece reforçado na Lei Nº 23/92 de 16 de setembro, onde o art.º 2º define
a República de Angola como sendo um Estado Democrático de Direito que tem como
fundamentos a unidade nacional, a dignidade da pessoa humana, o pluralismo de
expressão e de organização política e o respeito e garantia dos direitos e liberdades
fundamentais do homem, quer como indivíduo, quer como membro de grupos sociais
organizados. Uma ideia que foi literalmente transferida para a Constituição de 2010.
Com base na Lei Nº 23/92, de 16 de setembro, tiveram lugar em 1992 as primeiras
eleições gerais em Angola, nas quais pela primeira vez na história de Angola o povo
exerceu o direito de voto, elegendo o PR e a Assembleia Nacional. Por outro lado,
segundo Schubert (2013, p. 2), o sistema político marxista, que o país herdou controlava
ativamente todos os órgãos do país. Os funcionários do Estado eram administrativa e
burocraticamente vigiados, ou seja, toda a ação política era censurada, o que resultou no
desenvolvimento de uma “cultura do medo”, que impedia as expressões públicas de
discórdia. Fora da capital do país, os atos de violência política eram frequentes. Os
membros da oposição eram frequentemente perseguidos ou presos. A título de exemplo,
Morais (2012, pp. 60-61) descreve o desfecho de um conjunto de manifestações lideradas
por jovens, organizados em protesto a pedir a renúncia do então PR, que resultou em
detenções, agressões, ameaças e condenações criminais alegadamente por conduta
desordeira. Apesar de em resposta o MPLA realizar contramanifestações para indicar o
seu apoio público ao ex-Presidente, ficou registado como um dos episódios que indicava
o défice de democracia em Angola.
Em 2008, foi eleita uma nova Assembleia Nacional, em Angola, cuja principal
tarefa foi a aprovação de uma nova Constituição, uma ação que ficou concluída em 2010,
com a promulgação pelo PR, a 4 de fevereiro. A Constituição de 2010 definiu no seu
artigo 27º os partidos políticos, como sendo entes que concorrem em torno de um projeto
de sociedade e de um programa político, para a organização e para a expressão da vontade
dos cidadãos, participando na vida política e na expressão do sufrágio universal, por

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meios democráticos e pacíficos, com respeito pelos princípios da independência nacional,
da unidade nacional e da democracia política.
Como já se fez referência, na secção de caraterização geopolítica, a CRA, no seu
artigo 2º, descreve a República de Angola como sendo um Estado Democrático de Direito
que tem como fundamentos a democracia representativa e participativa, aqui percebe-se,
como fazem referência Diogo e Triches (2015, pp.16-17), que a democracia
representativa como o tipo característico de democracia moderna em que o povo angolano
elege os seus representantes de forma direta e esles defendem os interesses do povo, ou
seja, o titular do poder, o povo, outorga esse poder para que aquele que é eleito responda
em seu nome. Para Barros e Santos (2017, pp. 364-365), a democracia representativa nos
seus três elementos essenciais, baseia-se na responsabilidade informacional
(accountability informativa), nas formas de accounts (narrativas) políticas que se
enquadram na categoria de prestação de contas à sociedade, seja por meio de notícias,
declarações, documentos, relatórios, pronunciamentos e discursos e no elemento de
conexão com os públicos eleitorais, os grupos de interesse e quaisquer cidadãos
interessados na agenda política e nos modos de prospeção da opinião pública (inquiry),
numa tentativa de sondar os climas de opinião política.
À luz da Constituição da República de Angola (CRA), o sistema de governo
angolano é presidencialista. Diogo e Triches (2015, pp.16-17) consideram que o
presidencialismo possui particularidades como a eleição do presidente, que é feita via de
regra mediante o voto do povo, um mecanismo que permite a participação direta do
cidadão. Segundo o artigo 108.º da CRA, o PR em Angola exerce o poder executivo,
auxiliado por um Vice-Presidente, Ministros de Estado e Ministros. Por sua vez, os
Ministros de Estado e os Ministros são auxiliados por Secretários de Estado e ou Vice-
Ministros, se houver. Nesta perspetiva, Dallari (2009) considera que no presidencialismo,
o Presidente deve ser eleito periodicamente, limitando-se ao tempo de mandato, ao
número de mandatos e de reeleição. A CRA no seu artigo 113.º regula a forma de eleição
do PR e considera que deve ser feita por sufrágio universal para um período de cinco
anos, podendo exercer no máximo dois mandatos. A nível local, a CRA no seu artigo
201.º, estabelece que a Administração do Estado é exercida por órgãos desconcentrados
da Administração Central e visa assegurar, a realização das atribuições e dos interesses
específicos da administração do Estado na respetiva circunscrição administrativa, sem
prejuízo da autonomia do poder local. O Governador Provincial é o representante da

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Administração Central na respetiva Província a quem se incumbe, em geral, conduzir a
governação da Província e assegurar o normal funcionamento da Administração Local do
Estado.
Para Rai (2014, pp. 21-23), o Parlamento é um organismo dinâmico que busca
sempre reivindicar a representatividade não apenas através da forma institucional, mas
também através dos processos a que é chamado a decidir de forma negociada. A
Constituição da República de Angola (CRA, 2010) considera a Assembleia Nacional
como sendo o Parlamento da República de Angola. A Assembleia Nacional de Angola é
um órgão unicamaral, representativo de todos os angolanos que exprime a vontade
soberana do povo e exerce o poder legislativo do Estado. Rai (2014, pp. 21-23) considera
que o Parlamento é um espaço político e físico que cria regras específicas para as
instituições do Estado, socializa e democratiza os seus membros, levando-os a participar
dos exames ao desempenho das instituições políticas e públicas. Os parlamentares criam
e mantêm os poderosos símbolos da democracia e do poder. A mediação entre o
Parlamento e os públicos, como defendem Cardoso, Cunha e Nascimento (2016, p. 455)
tem sido feita através da utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC´s), porquanto o parlamento está integrado no sistema político e de Governo
angolano que inclui os Deputados da Assembleia Nacional (AN), enquanto representantes
dos cidadãos, desempenhando um papel de mediação entre os públicos e o Governo.
Deste modo, do ponto de vista político-constitucional, a instituição parlamentar angolana
desempenha uma função representativa de vínculo privilegiado com todos os cidadãos,
uma vez que os Deputados representam toda a nação e não os círculos a partir dos quais
são eleitos.
Politicamente, como considera Salih (2007, p. 678-679), apesar de todos os
cidadãos serem constitucionalmente elegíveis para cargos públicos, o ex-Presidente José
Eduardo dos Santos assumiu o país quatros anos após a independência e permaneceu
difícil, senão impossível, de retira-lo do Poder. Para Roque (2009, p. 137),
independentemente das vantagens do partido no poder, a oposição ainda não consegue
convencer os eleitores de que pode ser uma alternativa credível ao MPLA. As divisões
internas, as alegações de aceitação de subornos do Governo e a falta de recursos tornam
o desafio de concorrer contra o MPLA praticamente insuperável. A falta de coesão, a
incapacidade em criar uma liderança capaz, proporciona ao MPLA uma vitória
antecipada. Outro fator que sempre esteve a favor do MPLA, segundo Ferreira (2009, p.

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30), nos últimos anos e que ajudou a elevar o número de membros particularmente nas
terras altas centrais e sul do país, inclusive nos antigos bastiões da UNITA, foi a persuasão
com incentivos financeiros e outros bens materiais. Para McMillan (2005, p. 155-156), o
pensamento recente sobre subdesenvolvimento nos leva a pensar na capacidade de
funcionamento das instituições. Por isso considera que as instituições ainda persistem
fracas com poucos fatores de controlo, impedimento e contrapeso político que sustentam
a democracia e sem as leis e os mecanismos reguladores, o que dá uma sensação de pouca
esperança de progresso político. Num país com instituições fracas, os direitos civis são
reduzidos e o padrão de vida é baixo. O mecanismo que Roque (2009, p. 138) considera
ter dado alguns passos é a sociedade civil, apesar de continuar a ser uma força pública
fraca. Houve, no entanto, uma abertura significativa no espaço público que permitiu o
surgimento de novos grupos na sociedade civil.
Os nossos argumentos anteriores, submetem-se as afirmações de Levitsky e
Ziblatt (2018, p. 32), que consideram que a abdicação de responsabilidades políticas da
parte dos líderes marca o primeiro passo para uma nação seguir o autoritarismo. Apesar
de nem todas as democracias terem caído nesta armadilha, algumas delas enfrentaram a
ameaça de demagogos, mas conseguiram mante-las fora do poder. A sobrevivência da
democracia para Levitsky e Ziblatt (2018, p. 32), está enraizada na sensatez coletiva dos
eleitores. Porquanto, acredita-se que o destino de um Governo está nas mãos dos seus
cidadãos. Se o povo abraça valores democráticos, a democracia mantem-se salva.
O caso angolano demanda atenção pelo défice democrático que vive, uma situação
que é comum em países periféricos, assim como em alguns países industrializados, onde
as elites nacionais corrompem e abalam a legitimidade de todo o sistema político.
Segundo o The Economist Intelligence Unit, o Índice de Democracia 2020 no mundo,
coloca Angola no grupo dos países com regimes autoritários na posição 117 de um total
de 167 países. No The Ibrahim Index of African Governance (2020), Angola registou em
2019 um declínio pela primeira vez desde 2010, a pontuação média geral diminuiu 0,2
pontos em 2019 para 48,8 em relação aos 49 pontos de 2018, o que representa a primeira
queda anual numa década. O relatório indica que Angola ficou classificada no 43.º lugar
mostrando sinais de progresso crescente. O país somou 40 pontos em 2019, mais 5,4 do
que em 2010, e é o terceiro país africano que mais melhorou nos últimos cinco anos. Na
mesma perspetiva, o relatório da Freedom House (2020) considera Angola um país que é
governado pelo mesmo partido desde a sua independência e as autoridades continuam a

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reprimir sistematicamente a dissidência política. A Corrupção, as violações e os abusos
as liberdades dos cidadãos são frequentes, normalmente cometidas pelas forças de
segurança que continuam com o mesmo comportamento. A Freedom House considera
ainda que desde a eleição do Presidente João Lourenço em 2017, o Governo amenizou
algumas restrições à imprensa e à sociedade civil, mas os desafios persistem.
A despeito do anteriormente exposto, as normas, as regras, as instituições que
governam os fluxos financeiros e o meio ambiente são geridas em torno dos interesses
dessas elites, um sério perigo para o regime democrático (Sogge, 2009, p. 9). Segundo
Santos (2001, p. 113), o défice democrático deveu-se ao fato de nenhuma potência
colonial e neocolonial se ter preocupado com a sorte da democracia em África até aos
anos 80. Pelo contrário, elas mostravam-se ansiosas por preservar os laços com os
ditadores de qualquer índole. Apesar da definição do país como sendo um Estado
multipartidário, uma nota do Chr. Michelsen Institute e do Centro de Estudos e
Investigação Científica (CEIC-CMI, 2011) indica existir um défice na atividade dos
outros partidos políticos no exercício democrático. A limitação ao exercício político era
normalmente defendida fazendo referência à incapacidade de organizarem-se eleições
devido à longa guerra civil. A dominação do partido no poder e os resultados das eleições
eram vistos como consequência da guerra. Contrariamente ao que defende Roque (2009,
p. 139), depois das eleições de 2017, constatou-se que Angola se tornou um país diferente
e o partido no poder cedeu algum terreno à oposição. O MPLA diminuiu os seus esforços
para reprimir os media independente e a sociedade civil; autorizou, por exemplo, a
extensão do sinal da Rádio Ecclésia para além de Luanda, trabalha para um aligeiramento
das leis políticas e já aceita críticas ao Presidente e ao seu Executivo.
Feita a caracterização de Angola nos planos geopolítico, económico e social,
dando prosseguimento a análise, segue-se a caracterização do sistema mediático em
Angola.

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3. O Sistema Mediático em Angola: Evolução dos Media e do Jornalismo
3.1. A Imprensa no Período Colonial
A imprensa em Angola, no período colonial, segundo Hohlfeldt e Carvalho (2012,
p. 85), surgiu no século XIX como consequência de uma decisão do Governo colonial
que, até então, sempre interditara tal iniciativa. A imprensa em Angola, foi iniciada a
partir de um boletim oficial que logo abriu caminho para publicações autodenominadas
independentes. Hohlfeldt (2009, p. 140) refere que em Angola, a primeira máquina de
imprensa chegou pelas mãos de Joaquim António de Carvalho Menezes, um angolano
que em 1842 foi enviado para Luanda de navio. Em 1845, o Governador Geral, Pedro
Alexandrino da Cunha, importou outra prensa e a partir de 13 de setembro começou-se a
publicar a primeira edição do Boletim Oficial.
De acordo com Jacob (2010, p, 98), o primeiro periódico publicado em Angola
foi o Boletim do Governo Geral da Província de Angola, a 13 de setembro de 1845, um
ano após a chegada da prensa ao país. Na mesma perspetiva, Hohlfeldt e Carvalho (2012,
p. 92), consideram que, com a primeira edição do Boletim do Governo-Geral da Província
de Angola, dava-se cumprimento ao disposto no Decreto de 7 de setembro de 1836, que
ordenava publicar, em todas as províncias, boletins oficiais, sob a inspeção de cada
Governo local. Jacob (2010, p, 98) afirma que décadas depois da publicação dos poemas
“Espontaneidades”, verificou-se a explosão da imprensa livre angolana que estava
“recheada de inúmeros vaticínios, que apontavam serenamente para uma mudança radical
que, à distância de uma centena de anos, viria, enfim, a concretizar-se”. Um dos aspetos
desse novo tipo de jornalismo é a inserção de frases, mensagens e expressões em kikongo,
umbundo e principalmente em quimbundu, línguas da grande família linguística bantu.
Para Hohlfeldt e Carvalho (2012, p. 93), com o aparecimento da primeira edição do
periódico de Luanda, A Civilização da África Portuguesa, em 1866, iniciou-se
efetivamente o segundo período do Jornalismo angolano. Por mais que se tenha
continuado a publicar, durante mais alguns anos, anúncios, comunicados particulares e
artigos no jornal oficial, este periódico deixou de estar sozinho no território angolano.
Jacob (2010, p, 100) realça o grande nome de Alfredo Troni na inauguração de
uma prática jornalística de fato contestatória, um português com bacharelato em Direito
pela Universidade de Coimbra, que exerceu a sua carreira em África e faleceu em Luanda
no ano de 1904. Troni foi o responsável pela criação do Jornal de Loanda, em 1878 e de
mais dois periódicos: Mukuarimi (1888) e Conselhos do Leste (1891). No entanto, a

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imprensa angolana dessa época era centralizada quase que exclusivamente em dois
centros urbanos, Luanda e Benguela. Os jornais sempre dedicaram espaço às
colaborações literárias e, por isso mesmo, a figura do intelectual ganha um relevo
inquestionável, sendo o jornalista e o literato, muitas vezes, a mesma pessoa (Macedo &
Chaves, 2007).
Para Jacob (2010, p, 98), O Jornal de Loanda é considerado o marco da transição
de um jornalismo colonial para um jornalismo cada vez mais apegado ao povo e ao país,
servindo como instrumento de denúncia. Depois deste periódico, a imprensa livre passou
para a acusação frontal dos colonizadores com o surgimento de veículos de imprensa
controlados pelos “filhos do país”. Desse grupo, destacam-se três jornais: O Echo de
Angola (1881), O Futuro de Angola (1882) e O Pharol do Povo (1883). O primeiro
marcou o início da intervenção dos africanos no jornalismo local com órgão de imprensa
exclusivamente nativo e dirigido por angolanos. Para Hohlfeldt e Carvalho (2012, p. 93),
a evolução jornalística de Angola dependeu, dentre outros fatores, do incremento da
colonização europeia, do desenvolvimento do comércio interno e do comércio de
exportação. Na medida em que, o território foi progredindo com o intercâmbio entre a
Europa e África e com o aumento das exportações de produtos agrícolas e minerais, a
medida que foram igualmente se estabelecendo as tipografias e os periódicos em Angola,
a urbanização foi dando lugar ao desenvolvimento do Jornalismo atual.
Hohlfeldt (2009, p. 141) considera que o semanário a civilização da África
portuguesa de 6 de dezembro de 1866, publicado em Luanda, abriu um novo período. O
jornal era editado por Urbano de Castro e Alfredo Mântua, contando já com uma
tipografia própria. Tratava-se de um semanário dedicado ao tratamento dos interesses
administrativos, econômicos, mercantis, agrícolas e industriais da África portuguesa.
Hohlfeldt (2015, pp. 8-10) considera que o jornal mais antigo, do século XX não é de
Luanda, mas de Novo Redondo, atual Kwanza Sul. Tratava-se do Echos do N`Gunza, um
“órgão com interesses locais e gerais de Angola e da nova mentalidade luso-africana”. A
publicação deste periódico começou a 25 de dezembro de 1904, com apenas 6 páginas. O
jornal não trazia qualquer indicação dos seus responsáveis. Assim, foram surgindo outras
publicações a 26 de junho de 1913, surgiu um jornal relativamente moderno, O
Progresso, com sede em Luanda, um “semanário colonial”, editado por Augusto Archer
da Silva Wilson, propriedade da empresa O Progresso. Seguiu-se o semanário a Pátria
Portuguesa, que começou a circular no dia 28 de fevereiro de 1919. Este semanário

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nasceu sob a mordaça da censura, no sentido de que reclamasse do Governo a nulidade
da Portaria 291 com a qual o Governo Geral de Angola, sobre o argumento de que
algumas publicações vinham influenciando-se com uma” linguagem despojada e
provocadora”. Na verdade, o Pátria Portuguesa surgiu em substituição ao Jornal de
Angola, quanto proibido de cortar o artigo que fosse censurado, o qual deveria aparecer
devidamente rasurado, com a indicação de “censura”. Impresso na mesma Tipografia que
o anterior semanário Minerva, em Loanda, o imparcial foi outro jornal que se definiu
como “semanário republicano independente”, o que na prática significava fazer oposição
à administração provincial.
O jornalismo angolano impresso, com especial ênfase para o jornalismo colonial,
sempre esteve de mãos dadas com a história da evolução da literatura. Para se estudar as
literaturas produzidas nas colônias, tem de se ter em consideração a evolução do
jornalismo. O jornalismo angolano era feito por escritores profissionais da literatura que
se congregavam num só. Foi, igualmente, possível acompanhar um movimento de
nacionalização da imprensa, muito mais evidente no século XIX, quando nas décadas de
1880 e 1890, começaram a surgir jornalistas mestiços ou mesmo negros a assinarem
textos ou a editarem jornais. No século XX, à medida que a imprensa se industrializava e
se transformava em empresas, tornava-se acentuado o domínio da imprensa pela raça
branca ou europeia, ao ser fortemente retomado, pese embora muitos destes europeus se
identificassem com o território colonial e com as suas causas.

3.2.Os Media e as Tecnologias de Informação e Comunicação no Período Pós-


colonial
Os media, e as tecnologias de informação e comunicação em Angola, ganharam
um grande impulso com o advento da independente nacional em novembro de 1975.
Segundo Martins (2016), apesar disso, Angola ainda encontrava-se em fase de
amadurecimento das suas estruturas tecnológicas e de comunicação. O sistema político
que Angola adotou em 1975, para Lázaro (2012, p. 39) fez com que a ética e a prática
jornalística fossem substituídas pela lógica ideológica decorrente do modelo de partido
Estado de inspiração marxista-leninista. Figueiras e Ribeiro (2013, p. 10) consideram que
a revolução tecnológica em Angola começou quando o Governo aprovou uma nova lei
para o setor das telecomunicações em 2000, que encerrou o monopólio estatal nesta área.
No entanto, Lázaro (2012, p. 39) defende que a história da evolução recente das

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telecomunicações em Angola está fortemente ligada à UNITEL, que começou a sua
atividade como uma sociedade anónima.
Segundo dados do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM, 2019), o
preço médio de um gigabyte de telecomunicações em Angola está fixado em 7,95 dólares
(cerca de 2 547 kwanzas). Angola detém 13 milhões de utilizadores de telefonia móvel
(para uma população de cerca de 30 milhões de habitantes em 2019) e tem ainda mais de
170 mil utilizadores da rede fixa de telefonia. Quase seis milhões de clientes utilizam os
serviços de Internet e 1.928.000 são subscritores de canais de televisão por assinatura.
Com as condições técnicas e tecnológicas descritas no paragrafo anterior, tal como
defendem Cunha e Araújo (2018, p. 93), podia-se avançar para a conceção de um setor
público de comunicação de massa, que veio mais tarde a ser dominado pelo partido no
poder que, através do Jornal de Angola, da Televisão Pública de Angola (TPA), (que
dispõe de dois canais nacionais e um internacional, e se encontra sob a dependência direta
do ministério de tutela) e da Rádio Nacional de Angola (RNA) e suas afiliadas, passaram
a constituir-se na voz oficial da Presidência da República. Para Martins (2016), a presença
da RNA em todo o território nacional passou a ser assegurada por diversos canais
regionais, postos fixos e rádios municipais, dispondo de um serviço internacional em
português, inglês, francês e lingala. Às estações privadas, não era permitido o uso de
retransmissores fora da sua região de origem. A imprensa angolana estava, quase
totalmente, concentrada em Luanda. À exceção do Jornal Privado Chela Press, que se
afirma como Jornal do Centro Sul e do Jornal Planalto, editado no Huambo, fora da
capital, a maioria dos cidadãos praticamente só tem acesso aos media públicos.
Com a evolução democrática, registaram-se as primeiras publicações
independentes nomeadamente dos jornais o Correio da Semana (1992), Imparcial FAX,
Comércio e Atualidade (1994), Folha 8 (1995), Agora, Angolense (1997) e o
Independente (1999), órgãos que travaram uma luta constante para manterem as suas
tiragens e diversificar as informações e o surgimento de novas emissoras de rádio. Martins
(2016) regista o aparecimento da Rádio Despertar conotada à UNITA, Rádio Morena
Comercial, de Benguela, a Rádio 2000, do Lubango, a Rádio Mais, das poucas rádios
privadas instaladas no interior do país; em Luanda apareceram a Rádio Kairós, Rádio
UNIA, N`gola Rádio, Rádio Essencial, Luanda Antena Comercial, Rádio Romântica e a
Rádio Tocoista ligada à Igreja de Simão Toco. O setor privado foi, no entanto, controlado
pela alta nomenclatura angolana (generais e próximos do ex-presidente), como por

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exemplo, a TV Zimbo e a Semba Produções, operadoras de Televisão por satélite, a ZAP,
a Multichoice, a TV Cabo e grupos como a RTP, a Impressa Africana, a portuguesa TVI
e outros grupos brasileiros como a Globo e a Record, com interesses e produtos
direcionados ao mercado dos media angolanos. Também enfatizamos a presença da Igreja
Católica na emissão radiofónica, com base na Rádio Ecclésia.
Ao analisar o processo que Ribeiro e Resende (2017, p.140) designam como “fase
de adaptação dos jornais ao ambiente digital e aos desafios por este colocado”, parece-
nos que estes reptos não trouxeram grandes alterações para Angola. O ambiente digital
não conduziu os media a novos hábitos, quer em relação ao consumo, quer nos modelos
de negócio, mantendo praticamente intatas a cultura das redações, ficando aquém das
práticas de convergência. Porquanto, parece não existir nos media angolanos uma
integração de ferramentas, espaços, métodos de trabalho e linguagens, de modo a produzir
conteúdos que sejam distribuídos através de múltiplas plataformas. A afirmação anterior
é vista por Joffe (2014, p. 3), como sendo uma posição do Governo angolano, que se
ajustou a um novo relacionamento com os media e tornou as suas relações com jornalistas
protegidas a ponto de trabalharem para promover ativamente as suas ações (Mutsvairo &
Karam, 2018, p. 5).
Lázaro (2012, p. 39), considera que as clivagens internas entre as forças políticas
angolanas minaram profundamente a comunicação social, a guerra que fraturou
decisivamente o tecido social expunha o engajamento político dos órgãos públicos
(televisão, rádio, jornal e agência de notícias) por um lado, e por outro, como modo de
“sobrevivência informativa”, a rebelião armada, protagonizada pela UNITA, também
criou a sua própria Rádio VORGAN (Voz da Resistência do Galo Negro), posteriormente
Rádio Despertar, já no contexto urbano. Caracterizando o cenário angolano, Martins
(2016, p.266), descreve o país como sendo um espaço onde se vivia um ambiente restrito
de funcionamento dos media, que envolvia a intimidação e prisão de jornalistas,
decorrentes da cobertura de assuntos sensíveis, tais como os protestos contra o Governo
do anterior Presidente, José Eduardo dos Santos, ou a corrupção entre funcionários do
Governo. Neste contexto Lázaro (2012, p. 39), considera aquele um período como um
momento em que a liberdade de imprensa e a segurança profissional dos jornalistas foi
muitas vezes posta em causa, com casos de prisões que envolveram processos judiciais
por causa das matérias veiculadas. Também foram levantados casos de intimidações e
processos judiciários movidos por individualidades governamentais, acusando-os de

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difamação, calúnia e atentado à privacidade. Para Cunha e Araújo (2018, p. 106), esta
situação era resultado do sistema político autoritário que imperou no país durante anos,
por isso, não se podia ter uma imprensa suficientemente independente que pudesse
investigar e divulgar os fenómenos com intensidade.
Lázaro (2012, p. 39) considera que Angola possui uma diversidade de jornais
independentes no mercado, no entanto, existem dificuldades relacionadas com a liberdade
de imprensa, por isso, continua marcada por vários constrangimentos. Estes
constrangimentos circunscrevem-se a conformidade da lei de imprensa à nova
Constituição aprovada em 2010, a denúncias de violação dos direitos dos cidadãos, a
perseguições e pressão política, cujo alvo são os jornalistas. O relatório da Freedom
House de 2017, que analisou a Liberdade de Imprensa em Angola, atribui Press Freedom
Status: Not Free na posição 73 dos 100 estados analisados, considerando igualmente a
conjuntura do ambiente político, económico e legal. O país recebeu pontuações, mas
nenhum relatório narrativo em relação à situação da imprensa. A organização Repórteres
Sem Fronteiras considera na sua classificação mundial de 2022, que Angola ocupa a
posição 99 de 180 países, com a pontuação 57.17, uma evolução de sete posições a contar
da data do início do estudo em 2017. Esta pontuação deve-se ao facto de os media
tradicionais ainda continuarem sob controlo do Governo, visto que os quatro canais de
televisão, as dezassete rádios e os títulos da imprensa escrita permanecem em grande parte
sob controlo ou sob a influência do Governo e do partido no poder. Apenas a Rádio
Eclésia e um conjunto muito restrito de sítios particulares na internet conseguem produzir
informações críticas e independentes. Os custos exorbitantes das licenças de rádio e de
televisão constituem um obstáculo ao pluralismo.
Conforme faz menção Faria (2013, p. 294), o público em Angola estava
estruturado pela memória do passado e pelas necessidades materiais de sobrevivência, e
isto foi usado pelo regime para ajudar a perpetuar e expandir a sua rede de influência;
como resultado desta ação a vida pública passou a girar em torno de dicotomias
predominantes. Na opinião de Lázaro (2012, p. 40), a guerra civil, que vigorou durante
toda a década de 90, dominou parte das abordagens dos jornais angolanos. O diário
público, Jornal de Angola, privilegiava a salvaguarda das instituições do Estado, ao passo
que os jornais independentes, como o Folha8 (1995) e o Angolense (1997) procuravam
denunciar as violações durante o conflito. Já a segunda metade dos anos 1990 foi
determinante para a afirmação da liberdade de imprensa, pois o vigor dos jornalistas que

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provinham de uma cultura autoritária tornou-se notável quando passaram a exercer um
tipo de jornalismo de pressão política e social.
Moreira, Amorim e Baltazar (2019, p. 140) descrevem o cenário de censura e
perseguição de que eram alvo os jornalistas. Moreira, Amorim e Baltazar descrevem o
caso de Rafael Marques, que foi preso por causa de uma investigação denominada
“Diamantes de Sangue”, um trabalho em que o jornalista expõe os esquemas de corrupção
do poder político, das forças policiais e de empresas e entidades estrangeiras com quem
o Governo negociava. O jornalismo de investigação não era bem-vindo, tal como
confirma um seminário intitulado "Jornalismo Investigativo na era da Reconstrução
Nacional em Angola", realizado em Luanda em 2010, organizado pelo Ministério da
Comunicação Social de Angola que concluiu na altura que não havia jornalismo
investigativo em Angola (ANGOP, 2010). Para Faria (2013, p. 295), o uso político dos
media permitiu ao regime separar e isolar vozes opostas. Hohlfeldt e Carvalho (2012, p.
98) ressaltam que com a ajuda do Brasil e da China, Angola implantou a televisão digital
e desenvolveu as mais modernas tecnologias para os seus processos comunicacionais, no
entanto, continuou a enfrentar problemas políticos que se refletiram, justamente, num dos
aspetos mais sensíveis da realidade nacional que é, claramente, o exercício do Jornalismo.
Para Hohlfeldt e Carvalho (2012, p.98), Angola continuava a sofrer com a falta de
liberdade e censura, mesmo quando os jornalistas tentavam desempenhar um papel
decisivo na configuração da realidade por parte do público pela seleção noticiosa que
fizeram e pela forma como contaram as histórias (Barros, 2019, p. 192).

3.3.Quadro Jurídico Constitucional da Comunicação Social em Angola


Em relação ao quadro jurídico-constitucional que regula o exercício da
Comunicação social em Angola, é possível perceber-se que a Constituição da República
de Angola, consagra na secção dos Direitos e Liberdades Individuais e Coletivas, as
principais linhas orientadoras e protetoras do exercício de informar e ser informado. Nesta
conformidade, a CRA (2010) estabelece no art.º 40.º nº 1 que, os cidadãos têm todos o
direito de exprimir, divulgar e compartilhar livremente os seus pensamentos, as suas
ideias e opiniões, pela palavra, imagem ou qualquer outro meio, bem como o direito e a
liberdade de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem
discriminações.

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A ideia constitucional da salvaguarda do direito à informação e à comunicação é
reforçada no n.º 2 do mesmo artigo, que esclarece que o exercício dos direitos e
liberdades, constantes do número anterior, não podem ser impedidos nem limitados por
qualquer tipo ou forma de censura, tendo por isso, a liberdade de expressão e a liberdade
de informação como limites os direitos de todos ao bom nome, à honra e à reputação, à
imagem e à reserva da intimidade da vida privada e familiar, à proteção da infância e da
juventude, ao segredo de Estado, de justiça, profissional e demais garantias, nos termos
regulados pela lei.
Em 1991, com a assinatura dos acordos de paz, a então Assembleia do Povo,
antecessora da atual Assembleia Nacional autorizou o Presidente da República a conferir
poder jurídico à uma série de instrumentos. Dentre estes instrumentos constavam várias
leis, tais como: a Lei sobre o Conselho Nacional de Comunicação Social (Lei n.º 7/92 de
16 de Abril), a Lei do Direito de Antena e do Direito de Resposta e Réplica Política dos
Partidos Políticos (Lei n.º 8/92 de 16 de Abril) e a Lei reguladora do Exercício da
Atividade de Radiodifusão (Lei n.º 9/92 de 16 de Abril); infelizmente este exercício não
estabeleceu no país um ambiente aceitável em termos de exercício da atividade
jornalística. Com esta revisão atingiu-se o ponto mais alto das inovações, até então
registadas na legislação angolana, com a introdução, igualmente na Lei Constitucional de
1992 com a consagração da liberdade de imprensa, que veio garantir a existência de uma
imprensa livre de qualquer censura (artigo 35.º da LC), a introdução, igualmente, da
liberdade de expressão, que estabeleceu também a liberdade de informação, de reunião,
de manifestação, de associação e de todas as formas de expressão (no artigo 32.º da LC).
Com o fim da guerra civil em Angola, em 2002, ficou marcada a abordagem da
imprensa, sendo impostas maiores exigências no que respeita à liberdade de expressão e
ao direito à informação. Segundo Martins (2016), em 2006, foi aprovada uma Lei de
Imprensa que inscreve um conjunto de salvaguardas características de regimes
democráticos, incluindo a recusa expressa de censura prévia. Todavia, o diploma, que
abriu aos privados o exercício de atividades de radio e televisão, contemplando
dispositivos destinados a limitar a concentração empresarial, ainda aguardava pela sua
regulamentação.
As sequelas das longas guerras, segundo Martins (2016), repercutiram-se no
quadro legal, no grau de abertura e na intromissão política do Governo na esfera
mediática. Segundo Lázaro (2012, p. 39), a partir do ano 2000 passou-se a dar maior

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atenção às transformações políticas e socioeconómicas, no que respeita à Legislação em
geral e aos Direitos Humanos em particular. Ainda assim, para Martins (2019), a
construção do edifício legislativo seguiu de perto o modelo português e percorreu um
longo caminho. A nova Constituição, aprovada em 2010 consagrou princípios
democráticos, com impacto na Comunicação Social e nas Telecomunicações. Para
Moreira, Amorim e Baltazar (2019, p. 140), atualmente, Angola possui um Centro de
Formação de Jornalistas (CEFOJOR), um Sindicato de Jornalistas, uma Lei de Imprensa
e um Estatuto do Jornalista, assim como um Código e Ética do Jornalísta que só foi
aprovado em 2004.
Os direitos, anteriormente evocados, são decorrentes da anterior Lei
Constitucional de 1992, que segundo Lázaro (2012, p. 39) consagrou amplas liberdades
aos cidadãos, designadamente a liberdade de criação de partidos políticos, a liberdade de
manifestação, a liberdade de expressão e de imprensa, incluindo a criação de novos
títulos.
Em função da realidade anteriormente descrita, foi aprovado em 2017, um novo
pacote legislativo da Comunicação Social angolana. O novo pacote introduziu a Lei n.º
1/17, nova Lei de Imprensa, que estabelece os princípios gerais orientadores da
comunicação social e veio regular as formas de exercício da liberdade de imprensa. A Lei
n.º 2/17, Lei Orgânica da Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana, que
estabeleceu as atribuições, as competências, a composição, a organização e o
funcionamento da Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana, uma
organização que tem a natureza de entidade administrativa independente, que exerce
atividades de regulação e de supervisão da comunicação social.
Com a aprovação do novo pacote legislativo, foi igualmente revista a Lei sobre o
Exercício da Atividade de Televisão, que veio regular o acesso e o exercício da atividade
de televisão, a gestão e exploração de redes de transporte e difusão do sinal televisivo e
da prestação de serviços de comunicação social audiovisual. A Lei n.º 4/17, Lei sobre o
Exercício da Atividade de Radiodifusão, que considera que a radiodifusão continua a ser
um dos principais veículos de comunicação existente, e por fazer parte da vida quotidiana
de centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, levando informação e
entretenimento, foi finalmente aprovada a Lei n.º 5/17, Lei sobre o Estatuto do Jornalista,
que veio clarificar e definir, quem é que, pode exercer a atividade jornalística na
República de Angola. Esta lei estabelece que jornalista é qualquer cidadão que desenvolve

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a profissão como ocupação permanente e remunerada, que exerce funções de pesquisa,
recolha, seleção e tratamento de fatos, notícias ou opiniões, através de textos, imagens ou
som, destinados à divulgação informativa pela Imprensa, agência noticiosa, pela rádio,
pela televisão ou por outra forma de difusão eletrónica.
O novo pacote legislativo introduziu a liberdade de imprensa que viria a traduzir-
se no direito de informar, de se informar e ser informado através do livre exercício da
atividade de imprensa, sem impedimentos nem discriminações. A liberdade de imprensa
passou a não estar sujeita a qualquer censura prévia, nomeadamente, de natureza política,
ideológica ou artística.
O quadro legal da Comunicação Social em Angola procura estabelecer um
compromisso com uma sociedade plural e democrática, porquanto, os princípios da
liberdade de imprensa e do tratamento imparcial estão consagrados.

3.4.Imprensa Portuguesa: Características e Evolução em Período Democrático


Relativamente à imprensa em Portugal, Gomes (2019, p. 101) considera que só
depois da queda do Estado Novo e do período de transição para a democracia subsequente
é que se transformou numa espécie de laboratório político para os círculos dirigentes,
jornalísticos e intelectuais. Para Figueiras (2005, p. 2), historicamente falando, ao
contrário dos outros países, onde a implantação do regime democrático foi acompanhada
pela abertura do mercado dos media às empresas privadas, em Portugal a revolução dos
cravos de 1974 encerrou um regime de ditadura, que permaneceu no poder por mais de
quarenta anos e levou a uma maior concentração da propriedade dos media no Estado.
Durante os seis anos de transição em Portugal (1976-1982), segundo Castaño (2019, pp.
134-135), para além dos tradicionais órgãos de soberania existentes nos regimes
democráticos pluralistas, manteve-se em funções um órgão de soberania não eleito,
composto exclusivamente por militares.
Segundo Serrano (2014, p. 163), entre as tendências inovadoras dos jornais
portugueses nas décadas de 80 e 90, estavam a redescoberta das páginas e secções
culturais, que foram menosprezadas no período 1974-75; a valorização das edições
dominicais; o interesse pelas informações referentes às novas tecnologias e já em 1986-
87, o surto do jornalismo económico. Para Santana-Pereira (2016, p. 783), todo o sistema
dos media, enquanto rede de meios de comunicação (canais de televisão, jornais e
revistas, estações de rádio e sítios na Internet), interage e compete numa determinada área
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geográfica dentro do mesmo período histórico, atendendo à mesma população, usando a
mesma linguagem e os mesmos códigos culturais.
Para Figueiras (2005, p. 2), após a reprivatização dos media depois de 1975,
criaram-se grupos financeiros incluindo os que possuíam jornais impressos durante os
anos da ditadura. Esta situação, segundo Miranda e Gama (2019, pp. 156-157), colocou
os jornalistas portugueses em situação de debilidade e erosão nas condições de trabalho
acentuando os despedimentos, baixando os índices salariais e introduzindo práticas
contínuas de estágios profissionais e extracurriculares não remunerados. No entanto,
Serrano E. (2014, p. 165) defende que todos os sistemas políticos adotam princípios de
regulação do papel dos media. A maneira como essa regulação é efetuada está
intimamente ligada à influência da cultura política de cada país. A forma mais básica
constitui o grau de liberdade de expressão e a maneira como ele é assumido em termos
de valor político. A regulação dos órgãos de comunicação social, em Portugal, foi
consagrada constitucionalmente, desde 1976, altura em que o Estado mantinha grande
presença no setor e em que a televisão vivia ainda sob regime de monopólio estatal.
Durante a década de 80, registou-se uma reviravolta, tal como descreve Santana-
Pereira (2013, p. 784), com o surgimento de vários jornais de orientação política que
coexistiam com os media estatais, ainda que num mercado fechado e com um número de
proprietários muito reduzido. Segundo o mesmo autor, nesse período verificou-se a
privatização de alguns jornais e estações de rádio, seguida nos anos 90 da criação de dois
canais de televisão privados. Para Ribeiro e Resende (2017, pp. 140-141), a partir da
década de 90, ocorreram diversas transformações nos media, ou seja, o jornalismo passou
a adaptar-se a um ambiente cada vez mais digital, marcado pela implementação da
convergência, através da utilização das novas tecnologias. Este processo convergente na
comunicação social portuguesa foi concretizado através de dois movimentos
interdependentes: as mudanças ocorridas no interior das redações e o cenário da web 2.0
que passou a envolver mais os cidadãos.
Silva (2019, p. 097-098) postula que, o papel do Estado em relação à imprensa
nas sociedades democráticas, passou a revestir-se de várias formas: desde a regulação da
atividade balizando o campo de atuação através de princípios e valores (diretamente ou
através de entidades administrativamente independentes) à assunção das funções sociais
dos media cuja concretização não pode reger-se apenas pelas leis do mercado. Em relação
aos jornalistas, Canavilhas e Rodrigues (2013, p. 206) consideram que se registou uma

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maior abertura por parte destes ao diálogo, principalmente com os usuários, ainda que os
jornalistas continuassem a olhar para si mesmos como sendo os únicos atores que definem
o processo de criação de notícias. Para Ribeiro e Resende (2017, p. 142), depois do ano
2000, as direções editorais de vários meios de comunicação passaram a apostar em ações
de formação e esclarecimento dos seus profissionais, de modos a prepará-los para o
ambiente de convergência, exigindo algum amadurecimento para ser adequadamente
integrado e conseguir chegar ao todo da organização. No caso português, Bastos e outros
(2013, pp. 6-7) referem que alguns meios portugueses organizaram formações em novas
tecnologias para os seus profissionais. As empresas passaram a exigir um novo perfil de
profissionais com competências imersivas baseadas em aptidões e diferentes formas de
organização dos conteúdos.
Santana-Pereira (2013, p.784) considera que o panorama português da imprensa
é, frequentemente, descrito como tendo um mercado fraco, com um pequeno número de
títulos que não são lidos pelo público em geral, mas sim por um pequeno segmento da
população, ou seja, uma elite. Recordamos ainda que, segundo Santana-Pereira (2013, p.
784), em 2009, Portugal era o país da União Europeia com a menor circulação de jornais
diários por milhão de habitantes. Um dos fatores que influencia este panorama tem sido,
segundo Lopes (2015, p. 568), a literacia mediática, ou seja, a capacidade de aceder aos
media, de compreender e de avaliar de modo crítico os diferentes aspetos por si
publicados e os seus conteúdos de criar comunicações em diversos contextos, uma
condição essencial para o exercício de uma cidadania ativa e plena. Ainda assim,
Canavilhas e Rodrigues (2013, p. 206) consideram que os media portugueses têm
incentivado a participação dos cidadãos na vida do país, por meio de diferentes práticas,
e tem fortalecido a natureza colaborativa com comentários, notícias, participação em
fóruns, partilha de conteúdo nas redes sociais, enquanto formas de participação cidadã.
Para Quintanilha (2018, p. 140), a leitura de jornais pagos, assim como as receitas
daí provenientes, encontra-se, há décadas em declínio na maioria dos países ocidentais e
ainda não foi encontrado nenhum modelo de negócio viável para as notícias na era dos
media digitais. Silva (2019, p. 099) considera que os jornais em Portugal estão em
declínio acentuado, a nível de circulação e de receitas, devido ao estilo de vida e à
tecnologia; a curto ou médio prazo isto poderá levar ao desaparecimento dos títulos de
informação e esclarece que os jornais desempenham funções únicas no campo mediático,
devido ao impacto na definição de tendências em democracias. Quintanilha (2018, p. 142-

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143) considera nessa perspetiva, que devido aos novos produtos no formato digital e às
novas técnicas, a tendência tem sido, assumir uma forte influência no setor da imprensa
escrita e na sua vertente mais tradicional, o formato em papel, apontando de forma
genérica para cenários em que as vendas de jornais no formato físico em Portugal têm
vindo a diminuir ao longo dos anos. Ao avaliar a dupla função exercida pelos media
tradicionais tais como a imprensa, Rebelo (2014, p. 107) concluiu ser um lugar de
produção ideológica, assumindo-se como dispositivo de naturalização do discurso
político do poder, mas também um lugar de confrontação, dando voz a projetos
alternativos. A primeira função está relacionada com aspetos sobre a cobertura mediática,
nacional e internacional. A segunda esta relacionada com a cobertura de manifestações
de contestação.
Relativamente a televisão, Miguel, Biroli e Salgado (2016, p. 57) consideram que
se impôs, após o começo das suas emissões regulares em 1957 em pleno regime
salazarista, como o mais importante meio de comunicação social em Portugal.
Atualmente, apesar do peso crescente dos novos meios de comunicação e da internet na
sociedade portuguesa, a televisão ainda é a principal fonte de informação para a maioria
da população. Quanto a Radio, Pozobon e Rutilli (2016, p. 445) afirmam que na década
de 1980 a rádio viveu um momento de abertura política, incluindo nos processos de
redemocratização. A efervescência política chamou a atenção do público e a informação
política ganhou um destaque na programação das rádios, consolidando-se nos grandes
centros urbanos; em Portugal a rádio e a política tiveram desde o início, uma relação
estreita, com benefícios para ambos os intervenientes.
Segundo os Repórteres sem Fronteiras (2022), Portugal é considerado como um
dos países mais livres para o exercício da profissão jornalística. Como indica a análise
daquela Organização Internacional, Portugal ocupa a 7.ª posição no ranking mundial de
liberdade de imprensa, com uma pontuação de 87.07. Em contrapartida, Morais e Dias
(2019, p. 141) consideram que Portugal que ocupa uma posição privilegiada, por ser um
dos países com maior liberdade de imprensa no mundo, destacou-se no território europeu
pelo número de condenações ao desrespeito a liberdade de expressão, totalizando mais de
20 condenações em 2019. Tal como considera Peixoto (2011, pp. 1-2), a política está em
toda a parte e em todos os gestos, por isso, o quadro dos meios de comunicação social em
Portugal tem uma função complexa e contraditória porque os textos mediáticos
contribuem tanto para o controlo e a reprodução social, como também operam como

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mercadorias culturais, entretêm as pessoas, mantêm as pessoas política e socialmente
informadas e refletem as mudanças nos valores e nas identidades. Nesta conformidade,
Miranda, Fidalgo e Martins (2021, p. 289), destacam os princípios éticos que devem
orientar a atividade jornalística, não significando que devam ser interpretados à luz das
condições concretas, espacial e temporalmente circunscritas, em que se desenvolve, mais
com base nas normas básicas que devem ser de domínio do profissional de comunicação.
Miranda, Fidalgo e Martins (2021, p. 289) defendem que os desafios éticos e
deontológicos que se colocam aos jornalistas, exigem a necessidade de uma nova ética
para um novo ecossistema mediático e uma nova deontologia para um jornalismo que
enfrenta novos desafios. Para Martins (2016, p. 42), a norma deontológica, de natureza
autorregulatória, deve ser então, em primeira instância, um compromisso dos jornalistas
perante o público, uma condição de credibilidade e de manutenção da confiança dos
consumidores de informação.
Os media em Portugal segundo Morais e Dias (2019, p. 141) têm sido
considerados como a maior fonte de informação da população, tendo um papel de grande
relevância na promoção das informações ao público e desta forma, na manutenção do
exercício democrático. Barros (2019, p. 192) considera que perante uma tendência
interpretativa crescente do jornalismo político em Portugal em detrimento de um estilo
descritivo, os media têm privilegiado a tática face à substância, em que o jornalista
assume protagonismo no jogo político, contribuindo quer para o seu desenvolvimento,
quer para a construção da perceção pública do mesmo.
Segundo Miranda e Gama (2019, p.155), o jornalismo português do seculo XXI
encontra-se diante de uma complexa encruzilhada que atinge diferentes dimensões da
atividade. Perante um reenquadramento do mercado, motivado pelas dinâmicas
concorrenciais da emergência de novos produtos digitais e por um progressivo quadro de
rentabilização das estruturas da informação, o jornalismo tende, por um lado, a ser vítima
dessas mesmas estratégias e, por outro, a reorientar-se no sentido de lógicas mais
coincidentes com pressupostos administrativos e comerciais.
Da análise sobre os media angolanos e portugueses, verificou-se existir vontade e
compromisso profissional por parte dos órgãos de comunicação social, com o propósito
de cobrir, tratar e veicular as intenções discursivas e as ações políticas relacionadas com
o PR e o Governo angolano.

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3.5. O Papel dos Media na Representação das Ações Políticas Mediatizadas
Quanto à representação das ações políticas mediatizadas, Cardoso, Cunha e
Nascimento (2003, p. 113) consideram que as condições de exercício do poder político
transformaram-se num contexto global marcado pela emergente era da informação.
Perante estas transformações, as sociedades democráticas encontram-se numa fase de
reavaliação das suas práticas políticas, que em muitos casos apresentam sinais de crise de
legitimidade da democracia e da participação dos atores individuais e coletivos, no
processo de governação por intermédio dos media. A partir da sua função informativa, os
órgãos de comunicação massiva têm divulgado informações sobre uma série de ações
políticas do Governo angolano, cujo conteúdo mostra a execução prática do teor das
mensagens dos discursos políticos de João Lourenço, PR de Angola. Segundo Alexandre
(2001, p. 113), o sentido primário da comunicação consiste em tornar comum, partilhar,
repartir, trocar opiniões, associar ou conferenciar sobre alguma coisa e é, nesta
conformidade, que os media angolanos e portugueses, enquanto facilitadores, têm sido
determinantes para troca de experiências nesse domínio, pois permitem que as notícias
sobre as intenções discursivas se tornem património comum aos cidadãos afetos,
modificando a sua disposição mental e os seus procedimentos. Para Correia (2016, p. 11),
os cidadãos são o modelo unitário de esfera pública que foi sendo progressivamente
abandonado para, no seu lugar, se erguer a atenção a uma rede heterogénea de públicos
que podem inclusive repensar, renegociar e reconsiderar por intermédio dos media as
questões abrangentes e controversas, geralmente excluídas da agenda. Existe, no entanto,
segundo Patterson (1997, p. 446) outra questão a respeito da imprensa, que não se refere
ao seu legado, mas à sua capacidade. Não é que a imprensa deva ser livre para exercer o
seu “poder”, mas ela pode exercer um certo tipo de poder com competência. Essa foi a
questão que Lippmann abordou ao concluir que as opiniões públicas devem ser
organizadas pela imprensa para que sejam sólidas.
Segundo Siqueira e Faria (2007, p. 172), a política angolana posterior a 2007 e as
suas ações nos cidadãos foi fruto da natureza governativa do MPLA, enquanto construtor
da cultura humana nacional que usou dos meios de comunicação social por si controlados
para moldar os cidadãos a sua medida. Nesta conformidade as ações políticas resultantes
dos discursos de João Lourenço constituiram-se numa ordem de natureza social e cultural
que pretendiam guiar as aspirações dos cidadãos adiadas durante o tempo. Correia e
Neves (2010, p. 382) consideram que as representações sociais das ações políticas do

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Governo são fenómenos comunicacionais de base cognitiva, considerados produto da
atividade de apropriação do processo de elaboração psicológica e social da realidade
angolana, que regulam a relação com os outros intervenientes e orientam o
comportamento social dos cidadãos. Estes fundamentos encontram, igualmente, respaldo
na teoria das representações sociais de Serge Moscovici; uma teoria que nasceu em 1961
com a publicação de Psychanalyse: son image et son public e que distinguiu-se por
sugerir a existência de um pensamento social resultante das experiências, das crenças e
das trocas de informações presentes na vida cotidiana. Este estudo visava desenvolver
uma teoria menos focada no individuo em si, tal como a psicologia social norte-americana
e, também, um posicionamento mais sociológico para a psicologia social, mediadora entre
o homem e o meio social (Moscovici, 1989, pp. 10-11). Para Porto (2009, p. 215), na
argumentação sobre a utilidade da teoria das representações sociais, ela é vista também
como subsídio para elaboração pelo Governo de políticas públicas derivadas da reação
dos públicos as sugestões da publicação dos media que dão cobertura às ações políticas
do Executivo. Porto (2009, p. 215) considera ainda ser suficiente citar frases que se
repetidas à exaustão nas notícias dos jornais, revistas e em conversas, ganham estatuto de
verdade, transformando-se em afirmações não contestáveis, cujo grau de evidência
dispensa indicação, produzindo um efeito inverso, tornando a opinião dos media numa
ação concreta e ditando assim a agenda pública.
Alexandre (2001, p. 113) analisou q,ue, diariamente, os media angolanos e
portugueses emitem uma serie de notícias envolvidas de informações que, por intermédio
de imagens e escrita, de uma forma ou de outra, tentam criar, mudar ou cristalizar atitudes
ou opiniões nos indivíduos, pois, os efeitos dos meios de comunicação de massa nas
relações sociais obrigam o consumo de inúmeras e variadas informações. O processo
anterior permite que a relação entre os media e a política construa uma ação social
concreta, sendo o resultado desta, simultaneamente, a representação da realidade política,
social, económica e cultural que os discursos políticos de João Lourenço parecem
apregoar (Siqueira e Faria, 2007, p. 172). Para Barbara e Gomes (2010), partindo do
princípio de que os media têm a função social de informar a população sobre os fatos e
os acontecimentos decorrentes da vida social, política e cultural, as ações políticas do
Governo angolano são, necessariamente, um elemento passível de representação
mediática. Para Alexandre (2001, p. 118) é através dos meios de comunicação, sob a
perspetiva da representação social, que o Governo angolano influencia ou esclarece os

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seus propósitos, pois, os media impulsionam e catalisam as ações económica, social,
política e ideológica no processo de governação.
Da ação política interpretam-se gestos, intenções, comunicação verbal e não-
verbal e resultados que precisam de ser relativizados quanto ao seu contexto (Siqueira &
Faria, 2007, p. 174)). Os media, por meio dos seus atores, têm o poder de gerir e controlar
o que é noticiado, isto é, os fatos que se tornam motivo de abordagem social, e, até mesmo
a agenda política, as decisões, as negociações e as medidas políticas, ao mesmo tempo
que se responsabilizam pelas escolhas que fazem (Charaudeau, 2006, p.284). Ao fazerem
essa escolha, os media influenciam os cidadãos de formas a tomar uma posição de
antipatia, simpatia ou compaixão, ajudando os diferentes públicos a construírem um certo
posicionamento social.
Os meios de comunicação social, em Angola e em Portugal, ao divulgarem
informações sobre as ações políticas do Governo angolano, para Castro & outros (2016,
p. 128), tornaram-se fundamentais na determinação das suas representações. Considera-
se igualmente que as peças noticiosas veiculadas pelos media modelaram as práticas
relativas a governação, criando protótipos de controlo e acompanhamento que foram
absorvidos pela sociedade, impondo um padrão de posicionamento social. Pontes,
Naujorks e Sherer (2001, p. 1) consideram os media como um dos alicerces culturais e
ideológicos que servem como importante componente de articulação complexa no
conjunto da comunicação educacional. Mais também, porque o conceito de jornalismo
hoje alterou, na medida em que, apresenta-se mais interpretativo e complexo. Salgado e
Strömbäck (2011) consideram o jornalismo importante porque se tornou mais
interpretativo, o que significa que trouxe mudanças tanto na própria atividade, quanto na
relação entre os jornalistas, as fontes e os eventos que cobrem. O jornalismo também é
complexo por abordar uma série de questões epistemológicas e ontológicas que exigem
diferentes estilos, normas e valores jornalísticos em diferentes países. O jornalismo pode
seguir uma abordagem objetiva, imparcial, literária ou partidária consoante os contextos,
épocas, regimes e direções editoriais.
Os media, em Angola e Portugal, ao fazerem parte do sistema de representações
sociais das abordagens referentes as ações políticas permeadas por subjetividades,
contribuíram para a formação dos cidadãos esclarecendo certos estereótipos. Finalmente,
Porto (2009, p. 216) considera que a representação social das ações políticas do Governo

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angolano, resume-se na partilha do objetivo prático em contribuir para a construção de
uma realidade comum ao conjunto social dos angolanos e dos seus parceiros.

3.6.O Exercício do Jornalismo em Angola


Esta secção examina a problemática do jornalismo enquanto profissão e arte
voltada para a recolha, tratamento e divulgação da informação, bem como os contornos
da sua prática em Angola. Garcia (2009, p.70) considera que o jornalismo como profissão
é constituído por agregados de relações sociais tecidas num âmbito de atividades que
reclamam dar resposta a necessidades que se tornaram sentidas pela vida coletiva. Numa
perspetiva histórica, o jornalismo é uma atividade que funda a sua legitimidade social,
sobretudo, a partir da sua inserção no contexto industrial, na necessidade de a coletividade
possuir uma mediação de carácter informativo e comunicacional norteada pelos valores
inscritos nos direitos civis e políticos. Becker e Carlos (2015, p.139) consideram que a
história do jornalismo angolano está diretamente relacionada ao desenvolvimento
econômico e social do País. Mas o jornalismo só passa a incorporar e a promover a
angolanidade de maneira expressiva a partir do processo da independência nacional, que
teve lugar a 11 de novembro de 1975. Segundo Garcia (2009, p.69), já a partir dos finais
de 1970, a investigação sociológica começou a preencher a lacuna da catalogação do
jornalismo como profissão e passou a focar a importância dos jornalistas nas sociedades
contemporâneas, devido ao papel que desempenhavam em termos de elaboração e
transmissão de informações e formas de conhecimento consideradas relevantes para o
exercício das escolhas próprias da vida cívica.
Lazaro (2012, p. 39) defende que em Angola, depois da independência, a ética e
a prática jornalísticas foram substituídas pela lógica ideológica decorrente do modelo de
partido-Estado de inspiração marxista-leninista. Posteriormente, as clivagens internas
entre as forças políticas minaram a comunicação social, onde era visível o engajamento
político dos órgãos públicos (televisão, rádio, jornal e agência de notícia) por um lado e,
por outro, como modo de “sobrevivência informativa”, a rebelião armada, protagonizada
pela UNITA, criou a sua própria comunicação social, baseada na VOGARN (Voz de
resistência do Galo Negro). Segundo Hohlfeldt e Carvalho (2012, p. 32), naquela altura,
havia apenas uma minoria de pessoas que lia os jornais e os jornalistas enfrentavam
problemas com a censura, perseguições e prisões, por parte do Governo, ainda que a
situação tenha melhorado, formalmente, a partir da nova constituição do país, que

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permitiu a abertura de novas publicações, depois de ter nacionalizado todos os meios de
comunicação, após a vitória da revolução.
Outra dimensão na história do jornalismo angolano, segundo Lazaro (2012, p. 40),
surgiu com a lei Constitucional de 1992, que consagrou amplas liberdades aos cidadãos
angolanos, designadamente a liberdade de criação de partidos políticos, a liberdade de
manifestação, a liberdade de expressão e de imprensa, incluindo a criação de novos
títulos. Segundo Hohlfeldt e Carvalho (2012, p. 33), com a ajuda do Brasil, Angola
implantou a televisão digital e tem desenvolvido as mais modernas tecnologias para os
seus processos comunicacionais. Em Angola, mais do que em Portugal, tal como
descrevem Cádima, Martins e Silvão (2016, p. 102), o pluralismo da comunicação social
é uma parte intrínseca da liberdade de imprensa. Estudos académicos e relatórios,
apontam para o fato de não estar assegurada a melhor análise sobre categorias de conteúdo
específicas, tais como: outras vozes da cidadania, ou de cidadãos independentes
reconhecidos publicamente, outras vozes no sistema político, as minorias, grupos étnicos,
etc.
No contexto contemporâneo, Becker e Carlos (2015, p. 135) consideram que a
compreensão dos impactos e das complexas reconfigurações das mediações jornalísticas
atribuíram outros sentidos aos fenómenos culturais inscritos nos textos mediáticos
angolanos. Para Lazaro (2012, p. 40), tais impactos fizeram com que a segunda metade
dos anos 1990 fosse determinante para a afirmação da liberdade de imprensa em Angola,
pois, o vigor dos jornalistas que provinham de uma cultura autoritária tornou-se notável
quando passaram a exercer um tipo de jornalismo de pressão política e social. Para Becker
e Carlos (2015, p. 135), como o jornalismo global contemporâneo é caracterizado não
apenas pela crescente homogeneização das estruturas e dos padrões de produção, mas
também pela diferenciação evidente da representação da cultura jornalística nas diversas
sociedades, revela-se, com tal conquista, a importância no desenvolvimento das
representações mediáticas das ações políticas que não estavam restritas a fronteiras
nacionais ou culturais. Nesta conformidade, Lazaro (2012, p. 40), considera que um dos
primeiros casos de impacto político imediato no âmbito do jornalismo independente
praticado em Angola aconteceu entre 1999 e 2000, com a publicação de um artigo crítico
à política presidencial, intitulado: “O Báton da ditadura”.
As reações do poder político às publicações não se fizeram esperar, resultando na
detenção do articulista, acrescendo-se-lhe a instauração de um processo judicial. No

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entanto, o fim da guerra civil, em 2002, para Lazaro (2012, p. 41), marcou a mudança da
abordagem da imprensa angolana e impôs, de igual modo, maiores exigências no que
respeita à liberdade de expressão e o direito à informação, ainda que a liberdade de
imprensa, concomitantemente à segurança profissional dos jornalistas, fosse posta em
causa com os casos de prisões que envolveram processos judiciais fruto das matérias
veiculadas em Angola; uma particularidade que Hohlfeldt (2009) considera parte da
história do Jornalismo dos países africanos de expressão portuguesa. Uma história que
ainda está por ser escrita, pelo menos em Angola. Os mecanismos pedagógicos e
metodológicos institucionais estabelecidos que estimulam a pesquisa e o debate de ideias
são escassos relativamente a Angola, até porque a primeira Lei de Imprensa só foi
publicada em 1991 e a Entidade Reguladora da Comunicação Social institucionalizada
em 2020, ainda está subordinada à lógica político-partidária.
Segundo Virgínio, Bezerra e Nicolau (2011), o jornalismo em Angola tem passado
por transformações com mudanças em parte, decorrentes da chegada da internet e das
redes sociais. Nesse contexto, destaca-se o surgimento do jornalismo colaborativo, com
a participação do público que, de mero recetor da informação, passou a produtor de
notícias, enviando conteúdos para as redações. Aos jornalistas, como consideram Becker
e Carlos (2015, p. 136), ficou reservado o papel dos intérpretes do acontecer social, que
interpretam os acontecimentos com base em limitações pessoais, referentes à sua
ideologia e ao seu conhecimento, e que também são profissionais, ligados ao meio de
comunicação para o qual trabalham, sob determinados interesses financeiros e políticos.
Dá-se este fenómeno, porque determinadas fontes oficiais sentem-se impedidas de fazer
certas afirmações. Quando as fontes fazem as afirmações, elas utilizam organizações
interpostas não oficiais, com mais liberdade de ação. Isto faz com que o campo
jornalístico se torne num palco de múltiplas vozes que procuram aceder aos media, mas
que não o fazem por temerem as interpretações do poder a tais declarações (Santos, 2003,
p. 41).
Virgínio, Bezerra e Nicolau (2011) entendem que, com o surgimento da internet
e das redes sociais em Angola, ocorreram mudanças que trouxeram novas funções e
possibilidades aos jornalistas, com a introdução de novas ferramentas para a recolha da
informação, e a participação do público consumidor no processo de produção,
caracterizado como jornalismo colaborativo. Essa reconfiguração do jornalismo online
deu origem ao web jornalismo. Canavilhas (2010) afirma que com base na convergência

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entre textos, som e imagem em movimento, o Web jornalismo pode explorar todas as
possibilidades que a internet oferece, proporcionando um produto completamente
diferente. Com estas transformações, Becker e Carlos (2015, p. 136) afirmam que muitas
informações jornalísticas são enunciadas como verdades dos fatos. São criadas a partir de
determinadas perspetivas que atribuem valores e sentidos aos acontecimentos, às
identidades e ao diferente.
Trindade (2016) considera que o jornalismo em Angola utiliza uma pesquisa
aturada, introduzindo o diálogo dos intervenientes nas estórias, dedicando cuidado nos
detalhes e não limitam os temas, dedicando atenção a todos, mesmo que podem causar
incómodo. O jornalismo dedica ainda cuidado à forma, importando, em muitas
circunstâncias, técnicas e estratégias literárias como fidelidade ao discurso original dos
intervenientes. Nesta senda, Becker e Carlos (2015, p. 136) consideram que os media
reforçam determinados valores e padrões discursivos nos seus enunciados, o que contribui
para a construção de conhecimentos sobre fenômenos culturais singulares e para a
visibilidade de revindicações e aspirações de cidadãos de diferentes partes do país.
Virgínio, Bezerra e Nicolau (2011) fazem, novamente, menção ao surgimento das
redes sociais em Angola, para clarificar a ideia do jornalismo ter ganho outros recursos e
novos métodos para os processos de recolha, tratamento e produção da notícia. Deste
modo, as características já consolidadas no telejornalismo, radiojornalismo e no
jornalismo impresso passassem a sofrer roturas e potencializações no web jornalismo.
Para Becker e Carlos (2015, p. 136), esses processos de comunicação estão inscritos tanto
nas práticas mediáticas tradicionais quanto nas novas formas de apropriação de
tecnologias digitais por parte de distintas comunidades que tendem a quebrar
determinados contratos de leitura com os meios de comunicação de massa, reafirmando
sentidos de cidadania. Segundo Marques, Cervi e Massuchin (2018, p. 239), a atividade
jornalística desenvolveu-se, como uma opção das elites econômicas e sociais às
informações transmitidas pelos meios estatais ou partidários. As iniciativas buscavam
conferir maior independência em relação aos agentes e instituições do Estado. Por isso,
para Becker e Carlos (2015, p. 137), os discursos jornalísticos angolanos têm incorporado
representações da vida socioeconómica e cultural também sustentadas em hábitos e
costumes da população e em códigos e convenções sociais locais. Desde o final do século
XIX, a imprensa tem construído um país livre e independente para a idealização nas

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páginas dos jornais de um espaço de contestação política, de resistência cultural e de
formação de uma consciência coletiva angolana.
Marques, Cervi e Massuchin (2018, p. 239) consideram que de forma acelerada,
em Angola notaram-se duas transformações que provocaram profundas mudanças no
padrão do exercício do Jornalismo. A primeira delas refere-se à acelerada evolução
tecnológica no campo da impressão e, em especial, das imagens fotográficas. Os
periódicos ficaram mais próximos de um formato comercial, menos “pesados” em termos
de gramática visual. Além disso, houve uma “proletarização” da sociedade. Para Becker
e Carlos (2015, p.140), entretanto, o universo mediático angolano tem sido marcado pela
degradação de padrões ético-deontológicos e técnico-profissionais, em função da
inoperância dos tribunais e dos órgãos de regulação das práticas jornalísticas e também
da ausência de mecanismos de proteção dos direitos humanos, da dignidade e privacidade
dos cidadãos. No entanto, segundo Virgínio, Bezerra e Nicolau (2011) é notório que o
jornalismo angolano no ciberespaço passou por reconfigurações. Este processo de
mudanças começou com o surgimento dos primeiros portais de notícias em meados da
década de 90, em seguida o surgimento dos blogs, e mais recentemente, das redes sociais
e microblogs, como o Facebook e Twitter.
A evolução, anteriormente registada, facilitou o surgimento do modelo comercial
de Jornalismo. O novo modelo pretendia representar as visões do mundo da maior parte
da população. Por serem financiados pelo público (via compra de exemplares) ou pelo
mercado (via espaço publicitário), os jornais definiram-se como sendo imparciais e
independentes ideologicamente. Do ponto de vista formal, criaram-se modelos
preferenciais de técnica jornalística para tornar a informação mais compreensível para um
maior número de pessoas. Foram incorporados elementos como imagens, desenhos,
histórias em quadrinhos e outros (Marques, Cervi & Massuchin, 2018, p. 240). Para
Becker e Carlos (2015, p.140), os debates promovidos pelos media nem sempre
ultrapassavam os muros dos corredores do poder ou do círculo político-mediático que
estão na base da sua existência, por causa do reduzido número de páginas de cada um dos
jornais, das suas baixas tiragens e da precaridade do alcance dos sinais de televisão e rádio
em toda a extensão do território nacional. Além disso, a maioria dos angolanos não tem
acesso à escolaridade nem à informação e às tecnologias digitais.
Outra transformação notória ao longo deste tempo foi o acesso ao jornalismo de
um número muito significativo de profissionais jovens. O processo de recomposição

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social foi alimentado por uma disposição em que o jornalismo se perfilou como uma
profissão na qual se entrava com alguma prematuridade, mas que tem também como
contrapartida provável a retirada antecipada da atividade (Garcia, 2009, p.74). No
entanto, segundo Lopes (2015), é preciso dizer que a renovação do jornalismo será sempre
uma competência exclusiva dos jornalistas. São eles que devem reformatar um campo
que lhes pertence. São eles que se devem reinventar a si próprios. São eles que devem
reinventar um futuro para o jornalismo. Para que a sociedade seja mais equilibrada, mais
dinâmica, mais cumpridora. Todavia, não se pode ocultar o facto de a profissão estar
completamente ameaçada.
Feita a descrição dos principais aspetos relacionados com os media, as tecnologias
de informação e o exercício do jornalismo em Angola e Portugal, segue-se a
caracterização da atividade do PR de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, desde a
sua ascensão ao poder até as principais discussões teóricas sobre as suas promessas e
intensões em concordância com os discursos políticos proferidos entre outubro de 2017 e
janeiro de 2020.

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4. A Ascensão de João Manuel Gonçalves Lourenço à Presidência da
República de Angola: Tendências e Conceitos
4.1. A Ascensão de João Lourenço
A ascensão de João Lourenço à Presidência da República teve início com o
anúncio feito pelo Ex-Presidente José Eduardo dos Santos, de que não pretendia
candidatar-se a mais um mandato como PR, e, portanto, era necessário indicar alguém
para a sua substituição. Criou-se uma grande expectativa, no sentido de relançar as bases
para a prosperidade do país, pois aventava-se a possibilidade de se construir um novo
modelo de desenvolvimento que beneficiasse todos os cidadãos. Começou-se por discutir
os detalhes da situação política, contestando o potencial para a mudança do país que
vivera num regime autoritário desde 1979, poucos anos depois da sua independência e
que possuía uma sociedade civil pouco representativa e fraca, devido ao impasse no
exercício da cidadania que o anterior regime tinha implantado no país.
Pearce, Péclard e Oliveira (2018, p. 3) consideram que, juntamente com a crise
económica, a crise política em torno da sucessão de José Eduardo dos Santos foi a
dinâmica mais notável que afetou a pré-campanha e as campanhas das eleições angolanas
de 2017. José Eduardo Dos Santos, que estava no poder desde 1979, finalmente anunciou
numa reunião do Comité Central do MPLA em dezembro de 2016, que não concorreria
às eleições de agosto de 2017, portanto à sua própria sucessão, apesar de pretender
permanecer como Presidente do MPLA. Segundo Stevenson (2018, p. 12-14), com a
aprovação da nova Constituição em 2010, que concentrou todo o poder na Presidência da
República, havia permissão para que José Eduardo dos Santos cumprisse mais dois
mandatos, o que o colocaria no poder até 2022. O anúncio da renúncia do Presidente
Eduardo dos Santos foi recebido com um certo ceticismo por parte de alguns membros
do bureau político e do comité central em março de 2016. A perspetiva de sucessão
tornou-se evidente por várias razões, tais como:
A crise provocada pela queda nos preços do petróleo a partir de 2014, que
prejudicou gravemente a economia angolana, afetando a credibilidade do partido no poder
e a capacidade de José Eduardo dos Santos em continuar a alimentar a sua rede de
apoiantes.
A popularidade deteriorou-se significativamente devido ao nepotismo
generalizado, especialmente no que diz respeito à filha mais velha, Isabel dos Santos,
apelidada de mulher mais rica de África.

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Apesar de, em 2012, José Eduardo dos Santos ter escolhido outro sucessor, o então
Vice-Presidente Manuel Vicente, ex-presidente da Sonangol, com as eleições gerais
aprazadas para o mês de Agosto de 2017 e a saúde de Eduardo dos Santos a deteriorar-se
cada vez mais, o congresso do MPLA decidiu em Dezembro de 2016 tornar João
Lourenço um quadro conceituado do partido e um general na reserva, ex-vice-presidente
do MPLA, como candidato à presidência do país, pois João Lourenço tinha uma trajetória
e uma carreira convencionais. Ao chegar ao poder conscientemente, Benomar (2018)
considera que o ex-Ministro da Defesa (2014-2017) e antigo vice-presidente do
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), João Lourenço, encontrou um
país enfraquecido pela economia de facilidade, por uma crise ligada à queda nos preços
do petróleo desde 2014, por instituições prejudicadas pelo clientelismo, pela corrupção e
impunidades e, não menos preocupante, pela crise proteica com a vizinha República
Democrática do Congo que ameaçava a segurança regional.
Para Stevenson (2018, p. 12-14), a escolha de João Lourenço; como sucessor de
José Eduardo dos Santos, na reunião do Comité Central do MPLA de dezembro de 2016,
foi o culminar de uma prolongada discussão entre a Presidência da República e os
diferentes segmentos da sociedade. Segundo as considerações finais da reunião do Comité
Central do MPLA, a principal preocupação do círculo do presidente era a manutenção do
seu estatuto e da economia política. Os interesses próximos à presidência eram grandes
nos setores da banca, agricultura, construção, importação e exportação,
telecomunicações, mineração e petróleo, por isso requeriam proteção contra a
expropriação na era pós-Eduardo dos Santos. Mas é necessário considerar, como adverte
Benomar (2018), que Angola vinha de uma década de rápido crescimento (2006-2014), e
tinha entrado num período de recessão em 2016 depois da queda dos preços do petróleo,
o que levou ao congelamento do investimento público. Sendo João Lourenço um homem,
segundo Toniolo e Gonçalves (2020, p. 72-73), não raro, que falava diretamente à
imprensa, serve-se dos média como uma espécie de átrio de poder e prestava uma especial
atenção aos repórteres que o acompanhavam vinha atribuindo a culpa do Estado pelos
momentos poucos dignos que o país vivia as circunstâncias, sem encontrar um
responsável em concreto.
Segundo Pearce, Péclard e Oliveira (2018, p. 3), a nomeação de João Lourenço,
como cabeça de lista do MPLA, teve consequências ambivalentes para a oposição em
Angola. Por um lado, ocorreu no contexto de profunda crise económica e

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descontentamento social, além de um sentimento de cansaço com as promessas não
cumpridas pelo MPLA desde o fim da guerra. Por outro lado, a renúncia do Presidente
José Eduardo dos Santos, constituiu um grande desafio para os críticos do MPLA, uma
vez que grande parte da oposição política e cívica ao regime havia centrado o seu discurso
no Presidente e nos seus aliados diretos. Para Santos (2001, p. 121), com esta organização
pretendia-se que a democracia em Angola não parecesse apenas uma forma de
organização mais ordenada, mais consensual e mais estável, uma vez que a sua própria
natureza indicava que ela constitui um compromisso que se constrói continuamente entre
a desordem, o desacordo e o movimento. Para Santos ao aceitar este princípio certamente
conduzia-se o país para uma administração política mais aberta.

4.2.Principais Medidas Económicas Mediatizadas de João Lourenço


Nesta secção analisam-se as promessas e as ações políticas mediatizadas no
domínio económico, cujo propósito no contexto angolano é a melhoria do ambiente de
negócios, repatriamento de capitais e a recuperação de bens. Estas ações colocaram o país
à beira de um colapso económico, principalmente, devido à forte dependência do petróleo
(Stevenson, 2018, p. 41). Os preços caíram abaixo de 50 USD por barril, combinados
com a produção que se estabilizou em apenas cerca de 1,5 milhão de barris por dia. Isto
reduziu as receitas do Governo e mergulhou a economia num declínio acentuado. A
desvalorização cambial e a inflação alta (42% em 2016) forçaram inúmeras empresas a
fecharem as portas e levaram muitos investidores estrangeiros a saírem de Angola. A
Justiça, segundo Cunha e Araújo (2018), estava inteiramente subordinada ao poder do
Presidente; a corrupção dependia das pressões económicas e políticas, não apenas
nacionais, mas também internacionais, dentro do contexto do mercado globalizado. Para
Benomar (2018), só a partir de setembro de 2017 é que o novo Governo empreendeu uma
estratégia económica incorporando medidas para ajudar a diversificação da economia,
melhorando o ambiente de negócios e recuperando o setor dos petróleos e gás. O
Executivo incentivou a cooperação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e
revitalizou as parcerias económicas especialmente com a África do Sul e a França. Devido
a esse momento, Pearce, Péclard e Oliveira (2018, p. 4) consideram que as condições não
promoveram um capitalismo produtivo e isto resultou na fuga significativa de capital.
A partir de 2015, segundo Benomar (2018), que analisou as edições anuais sobre
a evolução da pobreza em Angola do Instituto Nacional de Estatística (INE), concluiu
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que o poder de compra dos angolanos ficou reduzido nos últimos anos de governação do
Presidente José Eduardo dos Santos. O Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE,
2019), nos seus diferentes Índices de Preços do Consumidor Nacional (IPCN), foi
publicando dados que indicavam o agudizar do custo de vida dos angolanos com taxas
acumuladas dos três primeiros anos de governação de João Lourenço com um índice de
inflação sempre galopante. O centrismo do MPLA e a corrupção generalizada
automaticamente obrigaram o novo Presidente a tomar as primeiras decisões de forma
dura, para manter a sua principal promessa de campanha: a luta contra a corrupção, o
nepotismo e a impunidade. Assim, foi aprovada uma lei para regulamentar o
repatriamento de fundos detidos ilegalmente no exterior do país por alguns angolanos.
Esta lei, que prevê processos judiciais, visava repatriar quase 30 mil milhões de euros de
acordo com o Banco Central e é acompanhada de medidas para estimular o investimento
interno. Para Pearce, Péclard e Oliveira (2018, p. 4), a assertividade de João Lourenço
surgiu mais cedo do que o esperado, não fez uma aparente nomeação de um novo
Governo, mas essencialmente a reabilitação de muitos ministros da era de Eduardo dos
Santos e de vários secretários de Estado que foram promovidos à ministos e altos
funcionários do partido voltaram aos seus ministérios. No novo sistema de governação,
registaram-se ausências do ex-vice-presidente Manuel Vicente, que pesavam sobre si
acusações de lavagem de dinheiro e corrupção em Portugal e do General Manuel Hélder
Vieira Dias “Kopelipa”, ex-Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança de José
Eduardo dos Santos. De acordo com Benomar (2018), a apreciação a seguir foi a
elaboração do “Plano Intercalar” composto por um conjunto de medidas que tinham como
objetivo melhorar a produtividade e atrair Investimento Privado Estrangeiro, verificou-se
então a desvalorização da moeda nacional, o Kwanza, e foi padronizada a grelha
tributária, tendo limitado a dívida pública, mantendo-se uma meta de inflação e reduzindo
as exigências de reservas bancárias para as empresas.
Gaio (2017, p. 18) esclarece que, com o apoio de juízes britânicos e suíços, José
Filomeno dos Santos, filho do ex-presidente, foi afastado da liderança do Fundo Soberano
de Angola (FSDEA) e estava sob investigação internacional por fraude e peculato.
Fundado em 2011, o FSDEA possuía um portfólio estimado em 5 mil milhões de dólares
e restituiu a sua tutela ao Ministério das Finanças. João Lourenço afastou, igualmente,
segundo Pearce, Péclard e Oliveira (2018, p. 4), o Governador do Banco Central da era
de José Eduardo dos Santos, assim como demitiu o conselheiro económico presidencial

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e substituiu-o por um político que passou a supervisionar os ministérios da Economia e
das Finanças a partir da Presidência. Para Benomar (2018), se o ritmo das demissões foi
surpreendente e esperado, a reabilitação política do General Fernando Garcia Miala foi
vista como um verdadeiro golpe de João Lourenço ao seu antecessor. Chefe dos Serviços
de Inteligência, Garcia Miala, tinha sido acusado de conspiração para assassinar o ex-
Presidente e numa cerimónia militar em 2006 foi condenado a quatro anos de prisão, por
insubordinação ao Chefe de Estado e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas
Angolanas. Pearce, Péclard e Oliveira (2018, p. 4) consideram que João Lourenço parecia
ter operado uma marginalização bem-sucedida aos apoiantes de José Eduardo dos Santos,
culminando na substituição de vários chefes do setor de segurança que haviam sido
reconduzidos por tempo indeterminado pelo ex-PR.
Com várias medidas e ações políticas, segundo Benomar (2018), o Governo de
João Lourenço consegue a renovação do setor dos petróleos, estimulando o seu
desenvolvimento com a isenção de impostos e a abertura de concursos públicos para o
fortalecimento da capacidade de refinação e a implementação de legislação específica
para o gás natural. Além disso, o novo presidente demitiu da empresa Sonangol, os
principais apoiantes do seu antecessor, incluindo os membros do Conselho de
Administração e, claro, Isabel dos Santos, sua Presidente, por fraudes às contas da
empresa.
Posteriormente, o Tribunal Provincial de Luanda determinou o arresto das contas
bancárias e dos bens da empresária Isabel dos Santos e do marido Sindika Dokolo, nas
empresas onde detinham posições acionistas. Uma acão que se estendeu a Portugal no
âmbito do pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades angolanas,
obrigando-a a vender ações, por exemplo, no “EuroBiC” e na EFACEC. Para Pearce,
Péclard e Oliveira (2018, p. 4), mais diretamente o Presidente no poder acelerou o
controlo das principais instituições do país, distanciando os atores da era do Presidente
José Eduardo dos Santos da maioria dos diferentes serviços tais como: Segurança, Banco
Central, media e também da indústria dos diamantes. Relativamente aos media, Pearce,
Péclard e Oliveira (2018, p. 5) indicaram que o Presidente João Lourenço fechou o
Gabinete de Revitalização da Comunicação e Marketing Institucional (GRECIMA), uma
instituição de propaganda que trabalhava junto da Presidência e que durante anos
financiou dezenas de milhões de dólares em contratos com empresas, como a Semba
Comunicação, propriedade de dois filhos do ex-Presidente. Quanto aos diamantes, o PR

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implementou uma campanha nacional com vista à normalização e regularização das áreas
de exploração de diamantes e a expulsão de estrangeiros ilegais que praticavam o garimpo
naquelas áreas, denominada “Operação Resgate”.
Aquelas medidas eram inéditas, por isso foram entusiasticamente acolhidas por
numerosos círculos. Outra situação concreta; segundo Benomar (2018), foi a operação
FIZZ, que envolveu o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente, acusado de subornar
juízes portugueses, e que se constituiu num imbróglio político-judicial entre Luanda e
Lisboa. Angola recusou sistematicamente a extradição de Manuel Vicente e em abril de
2018, o Ministério Público de Lisboa aceitou a transferência do processo para julgamento
em Luanda.
Apesar da décima edição do Global Corruption Barometer Africa 2019,
denominado Citizens views and experiences of corruption of Transparency International
(2019), não fazer menção a Angola, a gama de desafios referentes à corrupção que os
cidadãos africanos enfrentam, complexas e multifacetadas, encontram respaldo na
sociedade angolana e exigem mudanças fundamentais e sistémicas. Para Kibble (2006,
pp. 537-538), o país está ligado a vários atos de corrupção e considera que essas práticas
estão detalhadas em vários relatórios, incluindo os do Fundo Monetário Internacional
(FMI), Global Witness e Human Rights Watch e cita casos como os que Angola teve com
o Brasil, sobre transações financeiras ilegais que vincularam o Ministro das Finanças de
Angola e o Governador do Banco Central. Fugindo a esta postura, segundo Pearce,
Péclard e Oliveira (2018, p. 4), o Presidente João Lourenço apresentou-se como alguém
que queria demarcar-se das acusações anteriores de corrupção, nepotismo e impunidade
e diminuir o poder do seu antecessor, uma maneira consagrada de limpar o seu partido
muito fragilizado por conta destas atitudes. Desta maneira, o Presidente passou a ser visto
como um reformista pelo FMI e outros interlocutores externos. Com essas medidas,
segundo Benomar (2018), o país conseguiu sair da recessão em 2018, em parte graças aos
esforços iniciais e às melhorias nos preços do petróleo, mas os saldos permaneceram
frágeis. Num contexto de guerra comercial global, a situação de Angola, como a de outros
países emergentes, passou a ser considerada crítica.
À época de José Eduardo dos Santos, o Governo do MPLA, tal como o descreve
Santos (2018, p. 471), era gerido de forma autoritária, por isso não tinha uma oposição
política forte, nem uma alternativa plausível, nem o MPLA tinha uma doutrina partidária
clara. É nesta base que, Faria (2013, p.293), defende que a política angolana do pós-guerra

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e a vida pública exibiam ondas de opressão e resistência e cita a título de exemplo os
protestos contra o Governo e o seu partido que ocorriam num clima de medo e repressão.
Para além disso, Gaio (2017, p. 18), considera que o Governo do Presidente Eduardo dos
Santos preservou uma atípica autonomia governativa e ficou conhecido por essa postura
frente a instituições internacionais. Tendo por exemplo conduzido o processo de
privatização das empresas estatais, sem concursos públicos e sob negociação direta com
os compradores selecionados. O resultado desta ação, como descreve Ferreira (1999, p.3),
desempenhou um papel negativo na génese da construção da Economia de Mercado, pois
os beneficiários dessas privatizações foram os agentes e aliados que apresentavam algum
valor estratégico para o regime. Tudo se convertia numa intensa luta para superar um
regime político entrincheirado que imitava atividades de um sistema genuinamente
funcional, mas que permanecia oco e subordinado ao regime incumbente (Faria, 2013,
p.293).
Na arena internacional, segundo Benomar (2018), a relação com outros parceiros,
tem sido a meta, tendo João Lourenço indicado isto com a sua primeira visita de Estado
à África do Sul, bem como com as suas deslocações a França, Bélgica, União Europeia,
Portugal, Itália, Vaticano, Espanha e outros Estados do Bloco Europeu. Estes países estão
vinculados por uma parceria com ganhos recíprocos a Angola. Têm cooperação
diversificada no plano comercial, com investimentos em serviços financeiros e
petrolíferos, minas e telecomunicações. Segundo o portal do Governo de Angola, com a
França, por exemplo, Luanda assinou um acordo de Defesa, assim como um outro
contrato de parceria de mil milhões de euros para o setor dos petróleos, para que a Total
e a Sonangol desenvolvam um projeto de exploração de petróleo em águas profundas,
assim como um contrato de empréstimo de cem milhões de euros da Agência Francesa
de Desenvolvimento para o setor agrícola.
É necessário considerar que a materialização do contexto, anteriormente descrito,
causou um receio em relação ao sucessor do Presidente Eduardo dos Santos (Pearce,
Péclard e Oliveira, 2018, p.15). Descrevendo um certo pessimismo, Stevenson (2018, p.
41) considera que apesar dos discursos do Presidente João Lourenço, concentrarem a
atenção dos cidadãos para a necessidade de se acabar com a corrupção, o nepotismo e a
impunidade e resgatar os valores essenciais a um Estado, não existem evidencias que
possam controlar estes males ou combatê-los com base nas suas políticas de governação.
O Presidente não podia agir segundo os seus princípios, pois a ser assim estaria a desafiar

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o legado do seu antecessor. Nesta conformidade, Pearce, Péclard e Oliveira (2018, p. 5),
não são apologistas de que o Presidente João Lourenço seja um líder com ambições
transformadoras que venham realmente a indicar mudanças sistémicas quando
permitidas. Stevenson (2018, p. 12-14), pelo contrário, considera que apesar dos
apoiantes do ex-Presidente José Eduardo dos Santos mostrarem que João Lourenço é um
Presidente em confronto constante consigo mesmo, as suas intenções são firmes e
convictas.

4.3.Ações Políticas Mediatizadas sobre o Combate a Corrupção


Esta secção analisa as visões sobre a corrupção e as ações políticas, do Governo
angolano, no período em análise. Visões sobre ações cujo propósito é prevenir e reprimir
o fenómeno da corrupção em Angola. A corrupção é um dos fenômenos mais estudados
por vários autores, mas é ao mesmo tempo um fenómeno mais difícil de caracterizar. No
contexto angolano, o tema da corrupção tem assumido a posição de um dos principais
problemas públicos, tanto na dimensão do Estado, quanto na dimensão da sociedade.
Enquanto problema público, a bandeira de manifestações contra a corrupção praticada
por agentes públicos e privados em Angola, foi empunhada pelo Presidente João
Lourenço, colocando no mesmo patamar políticos, burocratas, empresários e agentes
internacionais (Figueiras & Araújo, 2014, p. 36). Segundo Viana e outros (2020, p. 286),
a corrupção é difícil de analisar primeiro pelo anonimato dos seus atores e em segundo
lugar pela dificuldade em definir e classificar as atividades como corruptas ou não. No
entanto, e apesar da cumplicidade inegável do setor privado nas ações corruptas, as
abordagens sobre este tema enfocam-na como sendo o resultado da interação entre o
Estado e os indivíduos que sacrificam o bem-estar coletivo em prol de um ganho pessoal.
João Lourenço, ao chegar ao poder, anunciou o combate à corrupção como uma das suas
principais ações de governação. Para Paixão (2015p. 65), habitualmente a corrupção é
vista como um iceberg, que mostra à tona da água uma pequena porção de gelo,
escondendo submersa nas águas profundas uma área bastante maior, cuja dimensão é
difícil de conhecer. É compreensível a ideia de que a corrupção permanece oculta, uma
vez que as transgressões cometidas ocorrem numa esfera privada, não esperando os seus
protagonistas que estas venham um dia a tornar-se do conhecimento público.
Segundo Oliveira (2004, p.1), a corrupção no mundo tem afetado as sociedades e as
economias deixando de ser um problema isolado. Em Angola, em particular, têm sido
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adotadas medidas e implementadas algumas práticas com o objetivo de combater a
corrupção, embora o ideal seja eliminá-la, é quase impossível acabar com um mal desta
natureza em tão pouco tempo. Um marco histórico recente que demonstrou a nível global
uma tentativa de combater à corrupção a escala planetária com a realização de uma
Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) com este propósito, nesta
conferência 120 países assinaram uma resolução que visava pôr fim a este mal. Ainda
assim, muitos têm sido os focos e as abordagens nas quais estão inseridas as questões
relacionadas com a corrupção. Foi nesta conformidade que ao chegar ao poder, João
Lourenço prometeu uma série de reformas com vista a modernização do aparelho do
Estado, e o combate a corrupção, pois, entendia tal como afirma Pereira (2003, p. 42),
que fazendo alterações as estruturas políticas, económicas, administrativas e sociais do
Estado angolano, e, portanto, podia combater este mal. Martins (2014, p. 425) considera
o combate à corrupção um grande desafio para a governação devido aos efeitos nocivos
que esta provoca ao desenvolvimento humano, por isso, defende que deve merecer uma
atenção de toda a sociedade, com maior realce para os detentores do poder político.
Nascimento e outros (2019, p 1012) consideram que os agentes económicos, na sua
tendência de maximização dos investimentos para propiciar maiores retornos
económicos, têm como uma das alternativas mais lucrativas decorrentes de atividades
ilegais o suborno e o favorecimento, que geram sérias distorções à economia, o que leva
à insegurança jurídica e mina a confiança nas instituições democráticas. Para Oliveira
(2004, p.2), um contributo prático para esta luta pode advir da boa organização do Sistema
Nacional de Contabilidade. Oliveira entende ser o primeiro filtro, uma vez que todos os
fatos administrativos contabilizáveis são registados pelas áreas de contabilidade que
tipificam, e assim, os contabilistas analisam aditivamente a legalidade, a legitimidade, a
veracidade e a idoneidade dos negócios públicos. Outros fatores que João Lourenço quer
ver alinhados a sua gestão para contrariar a conduta da corrupção, são as práticas
democráticas, que se têm manifestado entre outros aspetos, pela necessidade cada vez
mais ética e transparente de condução dos negócios públicos. Visando responder a essa
problemática, João Lourenço predispõe-se em criar uma série de instrumentos
reguladores e reforçar os já existentes, com vista a dar cobro às práticas de suborno e
corrupção (Pereira, 2003, p. 47). Apesar disso, Muller (2019, p.257) considera que a
forma como os agentes estatais em Angola interagem com o público que atendem pode

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ser revelador de condutas contrárias a determinados serviços sendo mesmo depositários
de determinadas atitudes eticamente reprováveis.
Os relatórios e as pesquisas que eram difundidos durante a era do Ex-Presidente da
República por instituições que velavam pela transparência das contas públicas tais como,
o Tribunal de Contas de Angola, o Centro de Estudos e Investigação Científica da
Universidade Católica de Angola (CEIC) e algumas organizações internacionais tais
como O Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial ou Corruption Perceptions
Index, que evidenciavam a corrupção como sendo um problema grave e estrutural da
sociedade e do sistema político angolano. A avalanche de escândalos e denúncias,
divulgadas pelos meios de comunicação social sobre a corrupção, geraram uma sensação
de descontrolo total (Pereira, 2003, p. 48). A situação de degradação social em Angola, a
que vimos fazendo referência, para Nascimento e outros (2019, p 1012), levou a
corrupção governamental, ou seja, ao uso do poder inerente ao cargo público para a
obtenção de ganhos pessoais. Essa conjuntura de permanente violação das normas
alcançou níveis elevados e a corrupção institucionalizou-se, passando a fazer parte do
tecido social. Para Rodrigues e Outros (2020, p. 302), assistia-se à existência de gastos
desnecessários, advindos dos atos de corrupção e da má gestão praticados por agentes
públicos na execução de políticas públicas. Rodrigues e Outros (2020, p. 302) adiantam
que a incidência da corrupção e da má gestão interferiam negativamente nos resultados
dos programas sociais de educação, saúde e assistência as populações, acarretando
deficiências na qualidade de vida.
Para Pereira (2003, p. 48), o combate à corrupção está associado ao fortalecimento da
democracia, tendo como referência o nível de confiança que os cidadãos depositam nas
instituições públicas e nos seus dirigentes. Nesse contexto, o esforço do Governo deve
ser, o de controlar o fenómeno da corrupção com medidas obrigatórias e indispensáveis
para o processo de recuperação da legitimidade das instituições públicas. Castelo Branco
(2010, p. 1) considera que a corrupção representa um obstáculo ao desenvolvimento
político, social e económico, por isso, deve ser vista como parte importante da
responsabilidade social na governação. A assunção da responsabilidade social implica o
reconhecimento por parte do Governo da importância da divulgação de informação sobre
as atividades relacionadas com o combate a este mal. Este é um problema que para
Kabunda (2017, p. 046), na generalidade, está relacionado com a constituição, por esta
ser meramente decorativa, pois, os direitos são mais formais que reais e são

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sistematicamente ignorados nos seus pontos essenciais, em particular os que se referem
às ações contra a corrupção e os direitos humanos.
Entendem Figueiras e Araújo (2014, p. 43) que a corrupção incide diretamente no
funcionamento das instituições, que passam a reproduzir formas de exclusão política. O
mau funcionamento das instituições implica em vieses na distribuição dos recursos
econômicos da sociedade, implicando, por sua vez, no reforço das desigualdades. Por
outras palavras, a corrupção afeta diretamente as realizações sociais, distribuindo de
forma desigual os recursos da sociedade. A corrupção, nesse sentido, se alimenta da
injustiça, incidindo nas suas duas dimensões, e provoca mais injustiça.
Para Muller (2019, p.257), a insuficiência nos atos dos funcionários e dos utentes em
Angola indiciavam e convencionam práticas não regulamentadas, que são consideradas
razoáveis entre os cidadãos e estão ao alcance do seu raio de ação pessoal, sendo por isso,
soluções ou encaminhamentos das suas necessidades e demandas. A problemática da
corrupção em Angola tem a ver com a consideração de questões de natureza ética,
principalmente, na tomada de decisão nos negócios públicos, nomeadamente no que se
refere à responsabilidade de levar a cabo as ações políticas abstendo-se de contrapartidas
em detrimento de quem não o faça. Trata-se, em grande medida, de saber qual é a
responsabilidade que tem cada gestor relativamente aos impactos sociais das suas
atitudes, só assim pode-se mitigar os efeitos negativos da corrupção, quer para o bem-
estar social, quer para a integridade dos que a promovem (Castelo Branco 2010, p. 3).
Muller (2019, p.257) examina a avaliação da eficácia de políticas e serviços estatais
em diferentes contextos passa pelo modo como os funcionários e o público que atendem
racionalizam a insuficiência dos expedientes burocráticos baseados na racionalidade
universal e abstendo-se de qualquer interesse para resolver problemas e demandas
particulares. Para Abramo (2005, p. 33), as perceções sobre a corrupção devem ser
tomadas com cautela, pois informam pouco sobre o fenómeno empírico da mesma. É
difícil confirmar uma relação entre a corrupção existente num país e a sua perceção pela
população, assim como o seu impacto sobre a economia. Nesta conformidade, Veiga,
Dutt-Ross e Martins (2019, p. 21) consideram haver efeito da corrupção no sentido
esperado, ou seja, o político anunciado como envolvido tende a ter a sua imagem
fragilizada, contudo, às vezes, aquém do imaginado. A prática da corrupção para Veiga,
Dutt-Ross e Martins (2019, p. 21) pode ser mais fácil de ser entendida como premiada ou
punida de acordo com a perceção da sua abrangência. Ela tende a ter mais efeito sobre o

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comportamento dos cidadãos quando aparece como um problema pontual, que envolve
um determinado grupo de políticos. Para Muller (2019, p.257), atualmente é difícil
afirmar diante da ausência de análises rigorosas sobre o tema, se existe mais ou menos
corrupção em Angola do que no passado, visto que a corrupção é algo muito difícil de se
medir e de provar.
A corrupção tem-se tornado a preocupação entre agências internacionais, think thanks
e formadores de opinião, chamando a atenção para os seus efeitos sobre o mercado, a
democracia e a sociedade. Neste processo, a corrupção tem se tornado um lugar comum
nas sociedades, surgindo no interior de um discurso político marcado pela enorme
desconfiança em relação às instituições, pela crítica às organizações do capitalismo
contemporâneo e pela extensão dos efeitos nocivos para o meio ambiente, para a
perpetuação da pobreza e para as desigualdades internacionais (Figueiras & Araújo, 2014,
p. 36). Segundo Paixão (2015, p.66), este fenómeno, que se enquadra no âmbito do
escândalo político, é hoje alvo de interesse multidisciplinar, dado o seu impacto na
sociedade, afetando a qualidade da democracia, dificultando por isso uma definição
consensual, atendendo aos enfoques que são, por um lado, estribados em preceitos
estritamente jurídicos e, por outro, em regras sociais e culturais mais abrangentes.
Mesquita, Moisés e Rico (2014, p. 198) defendem que a accountability, que envolve a
prestação de contas e o controlo do exercício do poder, incluindo a vigilância contra o
mau uso do dinheiro público, e considera como um dos requisitos básicos a noção que os
cidadãos devem ter sobre o problema da corrupção. Sendo assim, os media são um
elemento a que se deve considerar, pois os mesmos fornecem informações políticas aos
eleitores para que possam controlar os seus governantes através da accountability vertical.
Por outro lado, também é requisito dessa dimensão de controlo do poder público que os
envolvidos em irregularidades (no caso de corrupção) sejam punidos e afastados da vida
pública.

4.4.A Impunidade no Quadro das Intenções Mediatizadas


A promessa do PR sobre o combate à impunidade está associada ao fim da guerra civil
em 2002, altura a partir da qual em Angola assistiu-se à mediatização de momentos
turbulentos na política e na economia com reflexos sociais importantes. Marques (2017,
p. 21) considera que a publicação pela imprensa dos desacertos das políticas económicas,
da crise económica internacional, da corrupção, que passou a ser investigada com a
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chegada de João Lourenço teve repercussões internacionais importantes. As publicações
também denunciavam o agudizar dos conflitos políticos, em especial, os relacionados
com os problemas económicos e, sobretudo, com o desvendamento da institucionalização
da corrupção no Estado angolano e as reações ao seu combate. Estas ações produziram
um quadro muito sério de crise política, económica e, especialmente de fundo ético, a
crise da Impunidade. Ellis (2006, p. 112) considera que a impunidade é frequentemente
vista como uma pré-condição para a paz, em que se pede às vítimas que esqueçam o
passado e sigam em frente. Para Dutrénit-Bielous e Ramírez-Rivera (2019, p. 227), o que
se observava é que os corruptores escapavam sem sanção, pois a impunidade era apenas
mais uma afronta. Dutrénit-Bielous e Ramírez-Rivera esclarecem que se registavam
práticas de sequestros, torturas, execuções, desaparecimentos e detenções clandestinas.
Está situação constituía-se num legado de violações dos direitos humanos, uma herança
que era sustentada pela cultura de impunidade que protegeu os responsáveis por estes
crimes.
No domínio da impunidade em Angola, segundo Endo (2016 p. 11) vivia-se um
verdadeiro momento de medo agravados com a indiferença dos dirigentes, porquanto,
registava-se uma certa resistência em ceder aos atos de corrupção. Para Marques (2017,
p. 21), há seculos que a extração da riqueza humana e material em Angola fornecia lucros
extraordinários aos interesses externos; o petróleo por exemplo subsidiava o Estado e a
classe política. No entanto, a indústria do petróleo também tem sido um entrave, na
medida em que, emprega menos de onze mil pessoas de um universo de mais de trinta
milhões de habitantes (INE, 2019). Para Sogge (2006, p.1-2), a indústria diamantífera que
proporcionava mais emprego encontrava-se limitada devido às sucessivas crises. A
importância económica destas indústrias, para Angola, reside principalmente no engordar
de um pequeno número de contas bancarias. Roland e outros (2018, p. 395) defendem
que o que se vinha registando nos últimos anos era a influência das grandes corporações
nas mais diversas esferas (económica, política, cultural etc.) o que contribuiu
grandemente para a construção de um cenário em que, as multinacionais possuíam mais
poder e contribuíam para a aproximação entre o público e o privado, favorecendo os seus
interesses empresariais.
Segundo Ellis (2006, p. 112), as nações preferem não responsabilizar os autores de
atrocidades, ou seja, agem por conveniência política ou deliberadamente minando o
Estado de direito. Os Estados muitas vezes deixam os crimes sem punição, adotaram uma

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política de impunidade, que é a antítese da prestação de contas. Devido a esta situação,
está-se a viver em Angola uma crise eminentemente de fundo ético, especialmente
relacionada com as descobertas de desvios de fundos e bens públicos vinculados aos
filhos do Presidente cessante, José Eduardo dos Santos, ex-Ministros, Governadores
Províncias e outras entidades do partido governante.
Para Marques (2017, p. 21), a intolerância social crescente em relação à impunidade
que sempre beneficiou as elites angolanas, nunca esteve ao alcance das leis, exceto as que
tinham como vítimas funcionários insignificantes. Nesta conformidade, Silva (2020, p.
14), diz que perante as limitações, a incapacidade de transformação social, os jovens
mobilizaram-se para retomar aquilo que consideram ser o “controlo” sobre ações sociais,
exigindo o direito de igualdade, no tratamento contra os crimes e recusando-se a serem
vistos apenas como protagonistas da produção económica, social e cultural.
Do ponto de vista de Sogge (2006, p. 2), a governação em Angola nunca foi muito
eficaz nem legitima, e o fracasso sempre se deveu às elites domésticas, a sua ganância, as
práticas clientelistas e disputas tribais. Os poderes absolutos eram dominados por grandes
empresas privadas, especialmente, no ramo dos petróleos e das finanças, atores que
desencorajavam formas sérias de regulação pública, implantando o espírito da
impunidade. Marques (2017, p. 21) esclarece que os esquemas de desvio de dinheiro
público, de corrupção e de impunidade, divulgados e discutidos nos media deixavam
clarividente o fato de que a impunidade é atualmente, acima de tudo, socialmente
insustentável em Angola, especialmente porque está-se a tratar de um país com
desigualdades incomensuráveis.
Segundo Schubert (2013, p. 087), mais do que o controlo ativo por parte do Estado e
as regulações administrativas e burocráticas era a “cultura do medo” que impedia as
expressões públicas de discórdia e denúncia de atos de corrupção cometidos por altos
funcionários do Estado. Fora da capital do país, os atos de denúncia política não eram
permitidos. Membros da oposição eram muitas vezes perseguidos ou presos. Para Silva
(2020, p. 16), as principais denúncias de impunidades eram manifestadas essencialmente
pela arte musical, já que em Angola, uma boa parte dos jovens defensores dos direitos
humanos e da boa governação são cantores que apresentam nas suas letras um teor crítico,
pois, consideram esta arte uma forma de ação cívica desafiadora das desigualdades
sociais, focalizada na construção de um Estado justo através da governação.

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Para Schubert (2013, p. 092), muitos descreviam o Estado angolano como uma
monarquia onde o Presidente governava por decretos e através de uma rede poderosa,
para um grupo exclusivo de familiares, ministros e generais, com pouca ou nenhuma
responsabilidade perante o Parlamento, o poder judicial ou a população. Segundo
Arnpriester (2017, p. 1189), o Estado encobria certas condenações principalmente as
relacionadas com militares apesar de serem consideradas anómalas, pois os empreiteiros
militares operaram amplamente a mando de altos dignatários e quase sempre sem
supervisão e ninguém assumiu as suas consequências legais. Schubert (2013, p. 092)
considera que em Angola houve casos em que determinados ativistas da sociedade civil
previam um regresso a era do Estado de partido único, devido a certos vícios de
impunidade, onde a única oposição possível ao partido no poder vinha da sociedade civil
e das igrejas e era realizada fora do sistema parlamentar. Ainda em relação à impunidade,
para Menezes (2017, p. 694) colocou-se a questão dos atos difusos praticados pelo ex-
chefe de Estado José Eduardo dos Santos, cujo desafio para o novo Governo era sancionar
algumas ações por si executadas, e que veio a constituir-se numa janela de oportunidade
para limitar os seus abusos dentro do princípio da impunidade. No entanto, o sistema de
imunidade do ex-Chefe de Estado era absoluto e protegia-o.

4.5. A Função Pública e as Ações Mediatizadas Contra o Nepotismo


O combate ao nepotismo, uma das promessas do PR, é analisada como uma das
ações a que João Lourenço se propôs realizar. Segundo a DW (2018), João Lourenço, no
seu discurso de eleição à Presidente do MPLA, no VI Congresso Extraordinário,
considerou o nepotismo em Angola como um problema que se combatido poderia
promover oportunidades iguais de ingresso de jovens ao emprego na função pública.
Angola, segundo Valadares e outros (2012, p. 135), está marcada por uma
Administração Pública pautada por um conjunto de reformas com o intuito de tornar o
Estado mais democrático. A evolução público-administrativa de Angola foi construída
com fortes influências histórico-culturais. Partindo de Rodrigues (2012, p. 203), percebe-
se o nepotismo como um tema recorrente na cultura administrativa angolana e na própria
sociedade confundindo-se em alguma medida com o flagelo da corrupção. Segundo Ali
e António (2018, p. 8); Borges (2019, p. 31), o nepotismo promove a progressão dos
parentes e indivíduos próximos de dirigentes e pessoas influentes com base nos laços
familiares em vez do mérito técnico-profissional, o que dá origem à empregabilidade de
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membros destas famílias com menos capacidade em prejuízo de outros funcionários mais
capazes. O nepotismo em Angola, segundo Borges (2019, p. 31), está relacionado com a
influência nas relações familiares e vinha sendo o fator determinante nas nomeações para
cargos e funções na Administração Pública. O nepotismo no contexto angolano, tal como
defende Niess (2012, p. 75), é um fenómeno cuja estrutura assenta no parentesco
assegurado pela multiplicação das relações inter-humanas no seio dos grupos familiares,
partindo do átomo de parentesco que descreve a estrutura social restrita por um lado e,
por outro lado, do sistema que corresponde à organização social alargada.
Para Santos e Cardoso (2005, pp. 86-87), historicamente falando, as origens do
nepotismo, ou da utilização clientelista dos cargos e empregos públicos, confundem-se
com a própria origem do Estado, não apenas do Estado Moderno, mas da organização
estatal na sua forma mais primitiva e está umbilicalmente vinculado à corrupção.
Rodrigues (2012, p. 205) considera o nepotismo como sendo, a grosso modo, a concessão
de privilégios ou de cargos na administração pública sob o exclusivo influxo dos laços de
parentesco. Borges (2019, p.31) vai mais a fundo e diz que o nepotismo é favorecimento
decorrente das relações parentais por afinidade ou consanguinidade que conduz a um
determinado cargo ou função de confiança sem o crivo selecionador prévio de um
procedimento objetivo e pautado nas qualidades do nomeado. Ramos (2015, p. 68)
considera que em Angola o nepotismo não é legal, mas tem como que uma moralidade
própria, pelo menos aos olhos do público local, o que Ramos (2015, p. 68), quis enfatizar
é que as práticas de favorecimento aos parentes na sociedade angolana não representavam
uma transgressão de normas públicas impessoais, mas eram como que uma norma
própria, o cânone do normal, pois era um sistema moral construído em bases
diametralmente opostas.
Esta prática é vista por Gjinovci (2016, p. 423), como sendo o nepotismo político,
que considera ser a concessão de favores especiais aos colaboradores políticos de
organizações públicas. O nepotismo promove a politização de organizações públicas,
como por exemplo, a nomeação de pessoas políticas para os conselhos de administração
de organizações públicas. Carrillo (2018, p. 18) considera que a rede de favores e de
supostas lealdades se consolidou no contexto angolano e favorece a ajuda até por meio
de recomendações amigáveis, deslocando o foco do parentesco com alianças criando
coligações de identidade que recorrem ao nepotismo étnico, ou seja, ultrapassando os

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limites da solidariedade, do interesse das comunidades locais e passou à uma fase de
proteção por origem.
Borges (2019, p. 34) defende que o nepotismo é algo profundamente enraizado na
humanidade e nas sociedades de diferentes graus de evolução e complexidade. Segundo
Rodrigues (2012, p. 207), apesar do nepotismo ser um dos fenómenos sociais mais
primitivos, dentro de certos limites, ele tem uma génese psicológica alicerçada em
desejos, emoções e aspirações dos homens, e, por isso, é um fator antissocial de
antagonismo e discórdia. Borges (2019, p. 34) considera que o nepotismo em Angola é
praticado em tribos, clãs, sociedades religiosas e empresariais e, durante muitos anos tem
sido a forma de ingresso de muitos quadros no serviço público. Das locuções de João
Lourenço, depreende-se o nepotismo como sendo um sistema no qual a rapidez se tornou
o “critério” para ocupação dos cargos públicos. Nesta conformidade, Gjinovci (2016, p.
421) defende que o nepotismo é uma questão desfavorável ao emprego de novos jovens,
pois leva as pessoas a atingirem os postos públicos por intermédio dos laços familiares,
favorecendo a injustiça enquanto risco permanente para o sistema económico, mas
também para o sistema judicial do país.
De acordo com Gjinovci (2016, p. 133), o nepotismo, tal como a corrupção,
ameaçam as normas legais, a democracia, os direitos humanos e a liberdade, minam o
sistema de gestão estatal, social, a justiça e a equidade, distorcem a concorrência leal,
dificultam o desenvolvimento económico e a base moral da sociedade. Este fenómeno é
uma patologia, uma operação em que a decisão da classe política coloca os interesses
pessoais acima dos ideológicos e da comunidade em geral.

4.6.Intenções Mediatizadas Tendentes a Autarização do País


Esta secção reporta às intenções discursivas de João Lourenço, PR de Angola,
tendentes a descentralizar o país com a implementação de autarquias locais. A
autarcização é um processo que, segundo Fontoura e Fernandes (2015, p. 160), permite
que o Estado desempenhe as suas funções por meio de outras pessoas jurídicas. Nesta
qualidade, Silva (2008, p. 69) entende o poder local autárquico não como um recorte
territorial localizado e localizável, mas como um espaço com história e memória próprias,
com identidades e práticas políticas determinadas, ou seja, socialmente construído de
forma ímpar numa pluralidade de outros pequenos poderes. Para Pato e Pereira (2013, p.
11), as tendências contemporâneas permitem uma gestão mais transparente e eficaz das
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autarquias que muitas vezes são muito influenciadas pela fragilidade do investimento e
pelas lógicas subjacentes às orientações dos Estados, incluindo as exigências que colocam
à intervenção local nas ações financiadas.
Fontoura e Fernandes (2015, p. 159) consideram que, ao implementar as
autarquias locais, o PR poderá tornar a administração pública mais flexível em termos
organizacionais, com uma filosofia de gestão de qualidade atento à satisfação dos
cidadãos, a razão de ser dos serviços públicos. Para Fontoura e Fernandes a
descentralização permite ao Estado colocar maior tónica nas questões relativas à
cidadania, confiança pública, transparência e diálogo democrático. Entendem nessa
perspetiva Camarinha, Ribeiro e Graça (2015, p.7), que a tendência nas autarquias é que
as ações conducentes à resolução dos problemas da coletividade estejam ligadas às
estratégias dos Governos e da sociedade. As ações e medidas em causa vão desde a
segurança nas ruas, a mobilidade com baixo risco, o controlo da oferta alimentar, o
desenho urbano, bem como, o planeamento territorial. Com a descentralização segundo
Dias e Sarrico (2008, p. 99), as autarquias tendem a assumir um importante papel no seio
do setor público, detendo mais atribuições e responsabilidades acrescidas na gestão dos
recursos públicos, na sequência de um processo de redistribuição de funções pelo Estado,
a que se poderá associar a mediatizada reforma da gestão pública em geral defendida, por
exemplo, por João Lourenço.
Para Fontoura e Fernandes (2015, p. 160), na descentralização não há a criação de
outras pessoas, mas sim há a atribuição de determinadas competências e atividades
próprias da Administração Pública ou serviço público, para outras pessoas jurídicas, ou
seja, existe a transferência de toda atividade material atribuída ao Estado relacionada com
às necessidades coletivas para outros entes. Na administração autárquica, segundo Pato e
Pereira (2013, p 11), é possível distinguir modelos de ação simultâneos nos municípios,
mas não necessariamente articulados, o que sustenta a intervenção descentralizada mais
robusta, porque a autarquia está dotada de meios de planeamento e gestão para a
intervenção integrada e descentralizada e não se sustenta pela gestão apoiada na
supervisão à distância. Nas autarquias tal como defendem Pato e Pereira (2013, p 11),
deteta-se um aumento no interesse de formulação de políticas de intervenção municipal
por parte dos autarcas, que são concretizadas no desenvolvimento de ações ou de planos
estratégicos tendentes a melhorar a vida da coletividade, aonde a prioridade é a
intervenção na autarquia. Camarinha, Ribeiro e Graça (2015, p.7), consideram que a

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missão fundamental das autarquias é garantir e zelar pela qualidade de vida dos seus
munícipes em todas as suas vertentes, o que leva a uma intervenção mais atenta nos
setores da educação e saúde, através da atribuição de competências próprias ou da
delegação das mesmas. Para além das preocupações enunciadas, Arruda, Lima e Scalize
(2016) consideram que nas autarquias mais facilmente se vela pela qualidade da água
consumida pela população e pela recolha e tratamento do saneamento básico, com
cobrança justa pelos serviços prestados. Arruda, Lima e Scalize (2016) defendem que a
prestação dos serviços públicos de saneamento básico, operados por instituições locais,
ou seja, aqueles oferecidos por órgãos da administração indireta do Estado, autarquias ou
empresas multimunicipais assentam no equilíbrio entre as questões ambientais e a
qualidade de vida.
O atual cenário da Administração Pública angolana, segundo Dias e Sarrico (2008,
p.99), comporta a dicotomia administração central versus administração desconcentrada
local, caracterizando-se pelo fato dos seus órgãos e serviços exercerem competências
exclusivas em todo o espaço nacional, por isso, a atuação dos municípios se encontra
limitada a reprodução das ações políticas centrais na área territorial que representa. Veiga
e Veiga (2005, p. 866) consideram que é importante realçar que as autarquias apresentam
um comportamento contrário que se traduz na indicação de competência por parte dos
governantes, principalmente nas vésperas das eleições, através de um aumento das
despesas, particularmente em categorias altamente visíveis pelo eleitorado, como as
despesas de investimento em viadutos, arruamentos e obras complementares e viação
rural. No universo do poder autárquico segundo Silva (2008, p. 71) é possível observar
um complexo relacionamento entre o poder político e uma rede de poderes difusos que
se posicionam diferentemente perante o poder político e, de acordo com os atributos que
lhes são próprios, podem disputar com ele a capacidade de decisão.
Segundo Batanero e Silva (2013, p. 99), as dificuldades que poderão ser sentidas
pelas autarquias em Angola, face à necessidade de respostas diferenciadas, numa
perspetiva de igualdade de oportunidades, prendem-se com as características históricas
da sua gestão atual. Uma vez inseridas num país centralizado como Angola, os obstáculos
serão inúmeros, principalmente no que concerne à redistribuição dos recursos financeiros,
que poderão permitir que se construam equipamentos sociais, para além da gestão e a
afetação de recursos humanos, que tais alterações suscitarão. Tal como sugerem Veiga e
Veiga (2005, p. 866), com base na vivencia de outras realidades, o incremento nas

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despesas municipais tem tido efeitos no emprego local, em particular, nas atividades
relacionadas com a construção e as obras públicas.
Gouveia (2016, p. 55) considera que as autarquias abrem caminhos para que
grupos de cidadãos possam legalmente constituir candidaturas aos vários órgãos políticos
a nível local ainda que não pertencentes a qualquer partido. Homens e mulheres tornam-
se politicamente iguais, ainda que, outras realidades demonstrem que a participação
feminina nas candidaturas para atos eleitorais nem sempre ocorre, quando acontece é de
forma muito tímida. Para Veiga e Veiga (2005, p.867), nas autarquias, a ideologia dos
governantes e o seu desejo de serem reeleitos influenciam a evolução da economia, os
políticos estimulam a economia na véspera dos escrutínios de forma a aumentarem a sua
probabilidade de reeleição, apesar de muitas vezes depois de eleitos, eliminarem a
inflação que resulta deste comportamento através de uma recessão. Para Gouveia (2016,
p. 58), a implementação das autarquias locais gera uma evolução no número de eleitores
e votantes, o que permite uma alternância do poder partidário localmente, e poderá
produzir alterações permanentes no mapa político das autarquias.

4.7.A Política Mediatizada de Crescimento e Desenvolvimento


O crescimento e desenvolvimento do Estado são outras promessas a que o
Presidente se propôs em apostar. Esta secção da pesquisa foca a sua atenção nos estímulos
prometidos para o desenvolvimento socioeconómico de Angola, traçados no período pós-
guerras 2002, e retomados nos discursos políticos de João Lourenço após a sua eleição
em 2017. Genericamente para Alencastro (2020, p. 126) é ponto assente na literatura de
ciência política que os Estados africanos divergem significativamente no tipo ideal de
Estado, que deve ser o caraterizado por territórios organizados e com homogeneidade
social. Segundo Grassi e Ovadia (2017, p. 124), durante muitos anos as abordagens para
a reconstrução e o desenvolvimento de Angola dependiam de tendências neoliberais e
militares de subcontratação e integração logística, devido significativamente à
desestabilização das superpotências do passado, o que minava fortemente as tendências
viradas para o desenvolvimento do país.
Alencastro (2020, p. 135) defende que qualquer análise da política económica de
desenvolvimento de Angola deve ter como ponto de partida a grande procura de matérias-
primas no mercado internacional, o que tornou o país num dos mais disputados pelas
potências emergentes. No entanto, segundo Fjeldstada, Orrea e Paulo (2020, p. 2), o país
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tinha um sistema fiscal não petrolífero obsoleto, ineficiente, excessivamente complexo
por vezes baseado em leis que datavam da época colonial. Para Fjeldstad, Orrea e Paulo
(2020, P. 2) a crise financeira internacional de 2008/2009 e a queda do preço do petróleo
expuseram a forte dependência de Angola das receitas petrolíferas. Em resposta, o
Governo iniciou uma reforma fiscal em 2011 com o objetivo de aumentar as receitas
fiscais não petrolíferas, reestruturando todo o sistema. Mendes e Tian (2010, p. 062)
consideram que o marco das políticas traçadas para o desenvolvimento de Angola começa
com o primeiro contrato de cooperação assinado logo em 2002, entre o Banco de
Construção da China, o Banco para a Exportação e Importação da China (Eximbank) e
Angola, estimado em 150 milhões de dólares, que permitiu a promoção do comércio e do
investimento da China em Angola. Alencastro (2020, p. 135) entende que o aumento do
preço do barril de petróleo de cerca de 22 dólares norte americanos em 2002, para 147
dólares norte americanos em 2008, gerou uma dinâmica de enriquecimento do Estado
angolano sem precedentes. O Governo do MPLA, aproveitando-se do momento,
informou à população que essa prosperidade criaria uma sociedade mais justa para todos.
É inevitável, segundo Mendes e Tian (2010, p 062), que ao examinar as ações de
crescimento económico e desenvolvimento de Angola, se reporte ao apoio prestado pela
China a Angola que, depois do fim da guerra civil de Angola, indicava a sua capacidade
financeira que era bastante mais avultada do que a dos Estados Unidos ou da União
Europeia e evidenciava interesse em explorar o mercado angolano e obter acesso a
recursos naturais e mão-de-obra barata. Para Fjeldstada, Orrea e Paulo (2020, p. 3), em
termos nominais, Angola registou um aumento formidável relacionados com os impostos
não petrolíferos, nos 15 anos subsequentes a 2002, a receita tributária nominal aumentou
30 vezes. No contexto geral, as tendências da economia durante o período entre 2002 e
2017, em que Angola experimentou um crescimento económico muito alto, o Produto
Interno Bruto (PIB) aumentou de 405 bilhões de kwanzas para 20,262 bilhões
equivalentes a um aumento nominal de 50 vezes. Apesar deste crescimento financeiro,
com a assinatura do Primeiro Acordo Quadro de Financiamento com a China em março
de 2003, Angola obteve acesso a uma linha de crédito de dois mil milhões de dólares,
linha de crédito a que o Governo angolano acedeu entre 2004 e 2007 (Mendes e Tian,
2010, p 062).
Relativamente ao crescimento observado, Ovadia (2013, p. 35) refere ter
constatado, no setor da construção, que Angola era um país em profunda mudança, onde

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a justaposição do antigo e do novo oprimia os visitantes da capital Luanda, onde
guindastes de construção dominavam o horizonte em constante mudança. Na opinião de
Ouriques e Avelar (2017, p. 407), para além de Luanda e da sua modernização, as ações
de desenvolvimento em Angola consistiram na reabilitação de estradas e caminhos-de-
ferro que atravessam o país e as suas fronteiras, bem como na construção de edifícios
públicos, hospitais e escolas e a renovação tanto das redes de telecomunicações das
principais cidades como de outros setores da economia. No domínio dos transportes e da
circulação de bens e serviço, Lopes (2010, p. 377) considera que o denominador comum
no país era uma oferta de transporte coletivo pouco diversificada, sem qualquer integração
modal e provedora de um importante número de ocupações pouco qualificadas. O país
tinha uma rede viária degradada, fortemente congestionada e bastante limitada nas áreas
mais periféricas. No domínio do Investimento Direto Estrangeiro, Muniz (2017, p. 56)
considera que o país registou fluxos consideráveis quer com vista a resolução de
problemas tecnológicos que separam Angola não apenas dos países desenvolvidos, mas
também de outros países em desenvolvimento com PIBs semelhantes, assim como nas
infraestruturas de eletricidade e fornecimento de água potável aos cidadãos.
Segundo Muniz (2017, p. 56) percebe-se que, sendo Angola um Estado
democrático que se funda em princípios estruturantes e multidimensionais, deve assentar
as suas ações de desenvolvimento nos princípios da sustentabilidade. Só dessa forma se
poderá evitar, segundo Ovadia (2013, p. 35), situações semelhantes as dos anteriores
regimes que Angola teve, dos quais se denotaram um envolvimento institucional em
estratégias de acumulação de capital pela elite, a fim de manter o status quo. Olhando
para as promessas discursivas de João Lourenço, Жанго (2018, pp. 88-89), considera que
o desenvolvimento efetivo da indústria e outros setores em Angola será impossível se não
ultrapassar os problemas da administração económica. O autor sugere a alteração de
algumas medidas e ações para que se atinja o desenvolvimento almejado, passando pela
melhoria da eficiência da estrutura institucional, mormente combatendo a morosidade na
emissão e concessão de licenças para o exercício da atividade empresarial e maior
concessão de crédito às empresas.

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Parte III. Estudo Empírico
1. Opções Metodológicas
Este estudo tem como objetivo geral analisar as promessas discursivas de João
Lourenço, PR de Angola, bem como, a sua representação mediática, a fim de compará-
las às ações políticas do Governo Angolano, através das opções noticiosas das imprensas
angolana e portuguesa. De igual modo, o estudo apresenta-se disponível à contribuir para
a sistematização e o aprofundamento da discussão sobre os moldes em que se processam
a cobertura e a representação mediáticas do discurso e das ações políticas mediatizadas,
em contexto angolano. A partir deste estudo, como defendem Mutsvairo e Karam (2018,
p. 3), foi possível compreender o processo interativo relativo à transmissão de
informações entre os políticos angolanos, os meios de comunicação massiva e o público,
tendo como base os discursos e as ações políticas. Em termos metodológicos, o estudo
recorre a bordagem mista para ajudar a refletir e a compreender os significados na
cobertura e representação mediáticas do discurso e das ações políticas do Governo
angolano, em Portugal e Angola (2017-2020). Segundo Guest (2012, p. 142), o método
misto criou uma linguagem comum, apesar de também reconhecer que há mais
disparidade entre a tipologia e a sua nomenclatura constituinte. Bryman (2012, p.629)
considera que o método misto permite a conjugação entre os métodos quantitativo e
qualitativo e fornece um entendimento mais integral de um determinado fenómeno. Na
mesma visão, Guest (2012, p. 146) defende que o método misto permite atingir um ponto
em que os momentos do estudo ou os seus dados são ligados de alguma forma. O estudo
presente permitiu identificar os aspetos essenciais nos discursos políticos de João
Lourenço e nas peças noticiosas sobre as ações políticas do seu Governo, que foram
recortadas com ajuda do clipping na versão online dos jornais identificados no corpus de
análise dos media. Para Santos e outros (2020, p. 1), o recurso ao método misto representa
uma abordagem em que a recolha de informações permite produzir inferências a partir da
combinação de abordagens quantitativas e qualitativas. A pesquisa mista (qualitativa e
quantitativa) é um método de complementaridade na investigação científica e têm como
objetivo fundamental, apurar dados e opiniões dos participantes ao estudo. A abordagem
mista caracteriza este estudo, e permitiu, analisar os acontecimentos ou fenómenos sociais
de forma mais abrangente. Baseados nesta abordagem, integrámos a vertente mista, a fim
de fornecer uma compreensão global dos assuntos apresentados e discutidos. O conteúdo
dos discursos políticos de João Lourenço e os diferentes textos jornalísticos sobre as ações

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políticas do seu Governo foram analisados de forma quantificável, um procedimento que
para Creswell (2007), permite a combinação e a recolha de diversos tipos de dados e
garante-se um entendimento aturado da problemática.

1.1.Técnicas e Modelo de Análise


A técnica principal deste estudo é análise de conteúdo, ancorada numa perspetiva
categorial. A abordagem teórica para a implementação do procedimento utilizado foi
baseada em Bardin (2016) e seguiu o estudo desenvolvido por Fairclough (2001, p.22);
Lopes e Espírito Santo (2016). O levantamento documental permitiu a identificação e
organização cronológica dos discursos, cuja abordagem teórica teve como base os estudos
de Moreira, Cordeiro e Carvalho (2017, p. 2). O clipping permitiu recortar e selecionar
os textos noticiosos dos websites dos jornais identificados no corpus da análise. A
estrutura foi construída com base na fundamentação teórica de Souza, Freitas e Queiroz
(2007) e nos estudos de Moreira (2007); Weiskopf (2003). Como instrumento de recolha
de dados, foram utilizadas as entrevistas semiestruturadas. As entrevistas realizadas
motivaram a confrontação da informação colhida na análise teórica e empírica sobre a
visão dos líderes das principais forças políticas representadas no parlamento angolano;
também permitiram uma análise mais pormenorizada sobre a visão dos representantes de
associações sindicais e socioprofissionais de jornalistas e, contou com o suporte teórico
dos estudos de Yin (1994) e Espírito Santo (2015).
Com base na aplicação do método misto, aplicou-se um plano sequencial, com a
integração de dados e informação da análise de conteúdo dos discursos e das peças
noticiosas da imprensa conferidos nas entrevistas. Os conteúdos dos discursos políticos
foram sistematizados e examinados com base na técnica de análise de conteúdo que
permitiu a inferência dos dados quantificáveis fundamentais para a identificação dos
temas. Os dados quantitativos e qualitativos integrados permitiram a conceção do guião
de entrevistas. Os resultados das entrevistas foram posteriormente sistematizados com a
análise de conteúdo. Tal como defende Figenschou e outros (2017), a utilização do
método misto permitiu combinar na pesquisa, entrevistas qualitativas e análise de
conteúdo quantitativa.
As técnicas neste estudo foram integradas, uma vez que as perguntas para as
entrevistas aos líderes de partidos políticos na oposição com assento parlamentar,
representantes de associações sindicais e socioprofissionais de jornalistas foram

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formuladas com base nos resultados produzidos pela análise de conteúdo dos discursos
políticos e dos media, em conjugação com os objetivos da investigação e a questão de
partida.
Ao confrontar as ações políticas do Governo angolano, representadas nas peças
noticiosas produzidas pelos media com fundamentação teórica, ressalta-se a cobertura e
a divulgação dos atos do Governo de João Lourenço e destacam-se, igualmente, o
tratamento que a imprensa dá às ações políticas mediatizadas. Este tratamento considera
a organização, divulgação e retorno da informação pública, da qual sobressai o juízo dos
cidadãos sobre a compreensão do momento discursivo e das ações políticas do Governo.
O modelo de análise na figura nº 2 abaixo apresenta a pergunta de partida: como
é que os discursos políticos de João Loureço, PR de Angola se traduzem em ações
políticas mediatizadas do Governo angolano? Para responder à pergunta de partida, foi
elaborado um quadro teórico de suporte a análise. Deste modo, a figura representa a forma
como foi construído o quadro teórico que apresenta as principais teorias que
contextualizam a construção, os efeitos e a representação mediática de discursos e ações
políticas.
De igual modo a figura exibe as etapas de construção dos argumentos sobre a
cobertura, a representação mediática, as promessas e as intenções discursivas no contexto
geral. Estão igualmente descritos na figura os fundamentos sobre o contexto geopolítico,
económico e social de Angola. De forma sintética o modelo de análise descreve os
fundamentos sobre à ascensão de João Lourenço ao poder, assim como as suas principais
medidas pós-eleitorais.
No modelo de análise fez-se a representação da ligação entre a parte teórica do
estudo e a empírica com os fundamentos das opções metodológicas (figura nº 2 adiante).
A segunda parte do modelo descreve o processo de análise, sistematização e discussão
dos discursos políticos de João Lourenço, PR de Angola, das peças noticiosas dos media
identificados no corpus da imprensa e das entrevistas feitas aos líderes de partidos
políticos com assento parlamentar e aos responsáveis de associações profissionais de
jornalistas angolanos. A sistematização foi feita com recurso a análise de conteúdo. Esta
visão sintetiza a analise e a ligação dos fundamentos teóricos científicos com as
promessas discursivas de João Lourenço, PR de Angola, obtidas através dos seus
discursos e as ações políticas mediatizadas do Governo angolano executadas no período
entre 3 de outubro de 2017 e 31 de janeiro de 2020; deste modo, afigurou-se um processo

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de influência e partilha de intenções, por via da representação mediática das opções
noticiosas das imprensas angolana e portuguesa.
Com base na cobertura e representação mediáticas do discurso e das ações
políticas do Governo angolano, em Portugal e Angola estruturou-se o modelo de análise
(figura nº 2, adiante) que sintetiza a conformidade dos dois momentos, visando
essencialmente confrontar o conteúdo dos discursos políticos às peças noticiosas
produzidas pelos media e que representam os atos do Governo de Angola no período que
vai de 3 de outubro de 2017 a 31 de janeiro de 2020. Organizou-se o modelo de análise
(figura nº 2) que sintetiza o suporte teórico, a construção e a análise dos discursos e a
relação que se edifica entre os resultados obtidos a partir das técnicas utilizadas.
Figura Nº 2. Modelo de análise

Fonte: Elaboração própria.


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1.1. Análise de Conteúdo dos Discursos (Aspetos Técnicos e Corpus da Análise)
Tal como referido na secção anterior, em termos metodológicos, o estudo dos
discursos políticos baseou-se na técnica de análise de conteúdo, com vista à investigação
e interpretação dos dados sistematizados, a partir dos discursos políticos do PR de Angola,
pronunciados entre 2017 e 2020. No âmbito desta técnica, optamos não só pelas suas
vertentes quantitativas e qualitativa, mas também pela vertente inferencial, opções estas
que decorreram dos objetivos da análise. Os objetivos da análise centraram-se na
importância do peso comparativo de uma grelha de categorias e indicadores ao longo do
tempo em análise, como também na importância de um conjunto de referentes simbólicos
que, sob o ponto de vista valorativo, traduziram-se em indicadores considerados basilares
em termos do discurso político. Com a aplicação da técnica de análise de conteúdo no
presente estudo foi possível obter as ocorrências discursivas ao longo dos textos
analisados, e a proporção que os mesmos representam no conjunto das abordagens.
Igualmente, foi possível fazer cruzamentos entre as variáveis analisadas para ajudar a
compreender a maneira como os assuntos foram distribuídos ao longo do tempo e dos
textos, tendo aplicado o teste do qui quadrado para verificar a relação entre as variáveis
cruzadas.
Segundo Espírito Santo (2008), historicamente, a técnica de análise de conteúdo
tem as suas raízes teóricas nos desenvolvimentos norte-americanos das décadas de 30 e
40 e teve múltiplos contributos impulsionadores e pioneiros, de entre os quais, se destacou
o de Bernard Berelson. A análise de conteúdo permitiu-nos fazer um exame ao conteúdo
de 37 discursos políticos de João Lourenço, PR de Angola, selecionados para o efeito
para posterior interpretação e verificação do conteúdo da imprensa sobre as ações
políticas do Governo angolano. Este é um corpus de análise bastante significativo, que na
opinião de Espírito Santo (2008), representa o ponto de vista comunicacional e político,
a nível das representações simbólicas da e para nação Angolana, por parte do PR. Morães
(1999) sustenta a opção fundamentada pela análise de conteúdo como fazendo parte de
uma procura teórica e prática de conhecimentos, com um significado especial no campo
das investigações sociais.
A classificação e a utilização da análise de conteúdo nas ciências sociais
abrangem, diversas aplicações e moldes de utilização. Bardin (1977) sustenta a análise de
conteúdo como sendo uma técnica cujos procedimentos têm como objetivo a inferência
acerca de uma estrutura profunda (processos de produção) a partir de efeitos de superfície

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discursiva (manifestações semântico-sintáticas). Para Fonseca (2018), na análise de
conteúdo a matéria a examinar pode constituir-se de qualquer material oriundo da
comunicação verbal ou não-verbal. Segundo Espírito Santo (2008), pela sua natureza
valorativa e representativa, a sistematização por via da análise de conteúdo dos discursos
políticos pode sair enriquecida pela conjugação das vertentes quantitativa e qualitativa da
análise de conteúdo.
Atendendo-se ao estudo de Fairclough (2003), a análise de conteúdo permitiu
categorizar o conteúdo dos discursos políticos e identificar a maneira como as suas
mensagens refletem os objetivos políticos económicos e sociais dos cidadãos e
constituem-se num fator catalisador da ação político-social. Para Correia (2009), com a
análise de conteúdo identificaram-se os elementos que responderam os objetivos do
estudo. Neste ângulo de abordagem, seguimos a perspetiva de Krippendorf (1969), que
permite identificar desigualdade crítica e social expressa, sinalizada, constituída e
legitimada no uso da linguagem usada nos discursos políticos. Para Fairclough (2001,
p.22), os discursos políticos não apenas refletem ou representam entidades e relações
sociais como também as constroem ou constituem, pois, por meio do discurso anunciam-
se decisões, opções estratégicas e projetam-se identidades que podem ser identificadas
por intermédio da análise de conteúdo.
Na presente aplicação da técnica de análise de conteúdo, pretendeu-se do ponto
de vista categorial e inferencial, fazer a desmontagem das tendências de comunicação
constantes do corpus selecionado. Como foi referido anteriormente, este estudo tem em
consideração uma matriz comunicacional, baseada na análise de conteúdo e, como tal,
não se enquadra na matriz teórica linguística que a análise textual e discursiva pode
fornecer. No que se refere ao processo de codificação, procedemos ao recorte das
unidades de análise, compostas pela palavra e pelo tema. Ainda no âmbito do processo
de codificação, a regra de enumeração utilizada é de ordem quantitativa. Ou seja, a
escolha das unidades de enumeração foi concretizada no levantamento e análise da
presença ou ausência de ocorrências com significado analítico, face aos objetivos
propostos. Para além da codificação, a outra operação técnica presente é a categorização.
Nesta opção, utilizou-se o sistema de classificação semântico (Bardin, 1977). A pretensão
deste procedimento consistiu na natureza diversificada e extensa do material em análise.
Em concreto, este procedimento consiste no desenvolvimento do quadro categorial à
medida que se desenvolve todo o processo de investigação e amadurecimento das

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potencialidades de análise do material selecionado. Deste modo, as operações de
codificação e categorização foram concebidas com base no quadro contextual, temático
e metodológico atinente ao estudo atual e de acordo com o objetivo de análise proposto.
A preocupação da presente pesquisa, como propõe Silva, Ribeiro e Oliveira
(2014), não é com a semântica ou com os diversos significados encrustados nos discursos
políticos. A principal preocupação do presente estudo é a realização por meio da análise
de conteúdo do levantamento das informações, propriedades e peculiaridades presentes
nos discursos de João Lourenço, por meio da análise de conteúdo, auxiliando a construção
da realidade política, social e económica de Angola. O tratamento dos textos políticos de
João Lourenço foi feito com o auxílio do Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS).
Com o objetivo de analisar o conteúdo dos discursos políticos do PR de Angola,
Codificaram-se na matriz as categorias representadas no quadro abaixo.

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Quadro nº 1 - Matriz de codificação para a análise de conteúdo dos discursos políticos

Fonte: Elaboração própria


Com base na estrutura metodológica de recolha de informação proposta por
Fairclough (2001, p.22), foi possível colher e estruturar os discursos políticos de João

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Lourenço a partir do Portal do Governo da República de Angola (30) e do sítio da Agência
de Notícias Angop-Angola Press (7) proferidos por ordem cronológica nas ocasiões e
datas indicadas no quadro nº 2 abaixo.
Quadro nº 2 – Corpus dos discursos: ocasiões e datas da pronúncia (2017-2020)

Fonte: Elaboração Própria

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Os discursos políticos de João Lourenço, PR de Angola, foram proferidos em
momentos significativos (estado da nação, tomada de posse, participação em eventos
nacionais e internacionais, apresentação de cumprimentos ao corpo diplomático e visitas
e participação em reuniões de organizações internacionais). Para tornar este estudo
representativo, selecionamos 37 discursos proferidos entre 3 de outubro de 2019 e 31 de
janeiro 2020, publicados nos websites do Governo de Angola e da Agência Angolana de
Notícias, Angop (Angola Press).

1.2. Análise de Conteúdo dos Media (Clipping e Corpus das Notícias)


Como referido anteriormente, para verificar em que medida os discursos políticos do
PR de Angola, se relacionam com as ações políticas mediatizadas do Governo angolano,
selecionámos, igualmente, a técnica análise de conteúdo, com a qual pretendemos
explorar a sua variante quantitativa, pela sua adequação e tradição na análise descritiva e
também inferencial do conteúdo da imprensa. Com esta técnica, pretende-se sistematizar
a informação mediática sobre as ações políticas do Governo angolano, na medida em que,
segundo Espírito Santo (2015), a análise de conteúdo é uma técnica que visa a
sistematização de informação, de acordo com a aplicação de processos de codificação,
categorização e inferência, permitindo um alcance analítico de natureza quantitativa e/ou
inferencial, consoante os objetivos e técnicas de análise. Com a análise de conteúdo, como
defende Espírito Santo (2015), pretende-se fazer inferências fiéis e válidas à cobertura
noticiosa da imprensa angolana e portuguesa, às ações políticas do Governo de Angola,
utilizando o método misto e a técnica clipping para recorte das notícias sobre as ações
políticas do Governo angolano de forma a explicar objetivamente a relação existente entre
as notícias e as promessas discursivas de João Lourenço, PR de Angola. O clipping, tal
como defendem Moreira, Cordeiro e Carvalho (2017, p. 2), permitiu como já fizemos
referência “recortar” informações veiculadas pelos media. Por intermédio desta técnica,
foi possível agrupar informações oriundas de diversos veículos de comunicação
impressos identificados no corpus da análise dos media.
Tal como observa Espírito Santo (2008), com base numa análise primária ao
conteúdo das notícias difundidas pela imprensa angolana e portuguesa, foi possível
categorizar as ideias-chaves das notícias ou rubricas em função dos objetivos formulados,
para obter diferentes categorias tais como: o meio em que foi publicada a notícia, o género
jornalístico, o público alvo, os assuntos sobre os partidos políticos, o espaço, a localidade,

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as questões relacionadas com a sociedade civil, os temas em destaque, o protagonismo,
as fontes da informação, os aspetos críticos e outras.
Com análise de conteúdo, também foram identificados os principais indicadores
a partir das ideias-chaves ou das dimensões das categorias, retiradas das unidades de
análise da imprensa. O período inicial esteve reservado à pré-análise do material da
imprensa. Depois deste exercício, foi possível extrair unidades que se constituíram em
elementos de conceptualização do corpus de tipologia variável dentro do leque de
possibilidades. Cada categoria foi discriminada com uma série de variáveis devidamente
enumeradas. Tal como nos propõe Bardin (2016), que considerou que tratar o material é
codificá-lo. E cada codificação corresponde a uma transformação, efetuada segundo
regras da informação bruta dos textos. No processo de codificação, procedeu-se tal como
aconselham Bardin (2016); Espírito Santo (2015), a recortes das unidades de análise,
inserindo a devida enumeração com vista à sistematização dos objetivos. Em seguida, foi
feito o tratamento dos dados recolhidos com a ajuda do clipping, com base na versão
quantitativa e qualitativa da análise categorial, com vista a promover maior
sustentabilidade dos objetivos propostos.
Na presente aplicação da técnica de análise de conteúdo, utilizámos a sua tipologia
categorial, baseada, sobretudo, na frequência dos resultados, incidindo, assim, na sua
vertente quantitativa. Pretendeu-se, do ponto de vista categorial e inferencial, analisar as
tendências de comunicação constantes do corpus selecionado. Como mencionado
anteriormente, este estudo teve em consideração uma matriz comunicacional, baseada na
análise de conteúdo e, como tal, não se enquadra na matriz teórica linguística que a análise
textual e discursiva pode fornecer. No que se refere ao processo de codificação,
procedemos ao recorte das unidades de análise, compostas pela palavra e pelo tema.
Ainda no âmbito do processo de codificação, a regra de enumeração utilizada é de ordem
quantitativa. Ou seja, a escolha das unidades de enumeração é concretizada no
levantamento e análise da presença ou ausência de ocorrências com significado analítico,
face aos objetivos propostos. Para além da codificação, a outra operação técnica presente
foi a categorização. Nesta vertente, optou-se por um sistema de classificação semântico
(Bardin, 1977). Optámos por este procedimento tendo em consideração a natureza,
diversificada e extensa do material analisado. Em concreto, este procedimento consiste
no desenvolvimento do quadro categorial à medida que se desenvolve todo o processo de
investigação e amadurecimento das potencialidades de análise do material selecionado.

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Deste modo, as operações de codificação e categorização foram concebidas com base no
quadro contextual, temático e metodológico atinente ao estudo presente e de acordo com
o objetivo de análise proposto.
No que se refere à inferência, com vista à obtenção de significados latentes e
profundos não acessíveis em análise de ordem quantitativa, o tratamento de dados foi
feito com base na utilização de recursos informáticos e numa vertente categorial e
quantitativa da análise de conteúdo mais propriamente com base no Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS), um software habitualmente usado para captar e analisar
dados para criar quadros e gráficos complexos; pretende-se, neste caso, analisar as
notícias da imprensa com base neste software.
A recolha das temáticas abordadas pela imprensa angolana e portuguesa acerca
das ações políticas do Governo angolano foi feita com ajuda do clipping, através do
software NewsStream, uma ferramenta com um sistema de inteligência artificial que
permite a automatização do clipping de notícias, com o qual foi possível compilar as
matérias publicadas, na medida em que, para Moreira (2007, p. 153), o clipping permite
retirar informações de registos escritos e simbólicos. Weiskopf (2003) considera que o
clipping desempenha um papel decisivo na compreensão dos conjuntos de dados, porque
nos permite cortar partes selecionadas com base na posição do conjunto de dados. O
clipping é uma forma rápida e económica de pesquisa nos websites de notícias, jornais,
revistas e agências de notícias. A abordagem anterior pode ser considerada como
complementar à especificação das funções de transferência que são baseadas apenas nos
valores dos dados e seus derivados. Portanto, sugerimos o uso de uma combinação de
funções de transferência de dados e recorte guiado para obter visualizações eficazes.
Para analisar a cobertura e representação mediática dos discursos e das ações
políticas do Governo angolano, foram selecionados os seguintes periódicos: em Angola
o diário Jornal de Angola, o semanário O País, o semanário Folha 8 e o Semanário
Expansão e em Portugal, o Semanário Expresso, o Correio da Manhã, o Público e o
Jornal Económico.
Dos vários meios de comunicação social a considerar, escolhemos a imprensa por
ser a que mais detalhadamente analisa e descreve os acontecimentos. Em Angola, a
recolha de dados foi feita a partir das notícias publicadas on-line pelo Jornal de Angola,
por ser um órgão de distribuição e publicação diária e com cobertura em todas as capitais
de províncias e cidades de Angola. O Jornal de Angola diferentemente dos demais

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periódicos, é um órgão público pertencente as Edições Novembro-EP, tutelado pelo
Ministério das Telecomunicações, Tecnologias da Informação e Comunicação Social.
Segundo as Edições Novembro-E.P. o Jornal de Angola tem uma tiragem física atual de
50 mil exemplares por edição, a qual se acresce a leitura on-line e por assinatura. O
semanário, O País, um jornal de distribuição e publicação semanal (tendo sido neste
intervalo diário) com cobertura em todas as capitais de províncias e cidades de Angola
também foi elemento de análise, um semanário generalista com foco nos temas que
marcam o mundo da política, sociedade e demais áreas em Angola e no Mundo. O
semanário Folha 8, um jornal crítico ao Governo, com distribuição na capital do país
(Luanda), com base no seu Estatuto Editorial, o Folha 8, “descreve-se como sendo um
jornal livre, independente, de informação geral e comprometido com a verdade”. Devido
ao fluxo de informação de carácter económico, entre Portugal e Angola, interessa
igualmente analisar o Semanário Expansão líder de audiência no segmento económico.
Segundo a Detentora da marca, a empresa Expansão, o semanário conta com uma tiragem
de 20.000 exemplares e está presente nas principais capitais de províncias e cidades de
Angola.
Analisámos a cobertura noticiosa das ações políticas do Governo de Angola na
imprensa portuguesa com base nas versões on-line de alguns jornais diários generalistas.
Segundo o estudo da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação
(APCT) de 2019, baseado nos dados do Bareme Imprensa (2018) do Grupo Marktest, a
imprensa é um seguimento dos media que representa o consumo médio de notícias em
Portugal, com um total de 72.1% de leitores.
Para a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT),
na sua análise simples (2019), os títulos selecionados em Portugal, têm as seguintes
tiragens: Expresso, um dos semanários mais vendidos em Portugal, com uma média de
mais de 99.000 exemplares por edição em circulação, o Correio da Manhã que tem uma
circulação média total de 130.920 exemplares por edição, o Público com uma circulação
média total de 35.360 exemplares por edição e o semanário Jornal Económico com uma
circulação total de 10.270 exemplares em média por edição. A partir destas publicações,
foram selecionadas notícias, reportagens, notas breves, editoriais e artigos, elaborados
com base nas ações políticas mediatizadas do Governo do Presidente João Lourenço.

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Com vista a facilitar a análise de conteúdo dos media foi elaborada uma matriz de
codificação das categorias jornalísticas, representada no quadro Nº3 abaixo, que permitiu
analisar os conteúdos estudados.
Quadro nº 3 - Matriz de codificação para a análise de conteúdo dos media

Fonte: Elaboração própria.


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1.3.Recolha e Tratamento das Entrevistas
Para este estudo, os entrevistados consentiram em fornecer a sua identidade
associada às entrevistas efetuadas, para fins académicos. Com as entrevistas
semiestruturadas, tal como defende Yin (1994, p.), pretendeu-se contrapor os resultados
das principais temáticas identificadas nos discursos políticos e nas peças noticiosas dos
media, confrontando os resultados das entrevistas semiestruturadas com a análise do
conteúdo dos discursos e das ações políticas mediatizadas do Governo angolano.
Das entrevistas obtiveram-se, essencialmente, as opiniões dos líderes das
principais forças políticas representadas no parlamento angolano e dos jornalistas de
organizações socioprofissionais. Considerou-se necessário entrevistar políticos e
dirigentes sindicais, porquanto, a entrevista semiestruturada segundo Yin (1994) permite
saber qual é a opinião que estes líderes têm em relação aos discursos políticos do PR de
Angola, João Lourenço, e sobre as ações políticas mediatizadas do seu Governo. Um dos
objetivos da aplicação das entrevistas, neste estudo, é o de aprofundar as tendências
identificadas nos resultados da análise de conteúdo dos discursos políticos e das ações
mediatizadas, na medida em que a entrevista permitiu extrair uma quantidade
considerável de dados e informações que forneceram conteúdos, ricos e válidos e que,
portanto, contribuíram para o fornecimento de conhecimentos que concorreram para a
melhoria da qualidade dos resultados da pesquisa.
A integração das técnicas de análise de conteúdo e entrevista permitiram ter uma
noção mais aprofundada de todas as reformas que têm estado a ser feitas no país. Como
defende Espírito Santo (2015, p. 33), pode-se aclarar o objeto de um estudo fazendo
perguntas aos entrevistados para obter respostas que clarifiquem a temática em análise,
indo ao encontro dos objetivos específicos da investigação. Assim, pretendeu-se,
igualmente, com a elaboração e utilização do guião das entrevistas, colher informação útil
para compreender a relação entre os discursos políticos de João Lourenço e as ações
políticas mediatizadas do seu Governo de uma forma mais específica, já que os pontos de
vista dos sujeitos entrevistados foram mais facilmente expressos por esta via.
Com a aplicação das entrevistas, procurou-se também aprofundar a discussão
acerca das promessas discursivas de João Lourenço e as ações políticas mediatizadas do
seu Governo. Assim, foram consideradas para tal, a discussão teórica acerca da
intencionalidade dos discursos e das manifestações de poder. Estas premissas
possibilitaram o registo e a descrição do que os entrevistados (líderes de partidos políticos

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na oposição com assento parlamentar, tais como: a UNITA, CASA-CE, o PRS e a FNLA;
assim como, representantes de organizações socioprofissionais de jornalistas que tratam
de assuntos políticos), fazem às promessas discursivas de João Lourenço e às ações
políticas mediatizadas do seu Governo. Ao recorrer às entrevistas semiestruturadas,
confrontaram os dados da revisão da literatura e da análise do conteúdo dos discursos
políticos e das notícias da imprensa. De acordo com Espírito Santo (2015, p. 32), a
aplicação da técnica de entrevista baseia-se na capacidade de estabelecimento de uma
relação de mútua confiança e na criação de um espaço geográfico isento de ameaças e
propicio a liberdade de expressão dos entrevistados de formas a obter respostas
fidedignas. Recorreu-se a entrevistas semiestruturadas para compreender as opiniões dos
entrevistados sobre as promessas discursivas transformadas em ações políticas, e daí,
compreender a sua repercussão na vida prática dos cidadãos.
As respostas dos entrevistados foram primeiramente gravadas, posteriormente
selecionadas e finalmente transcritas para permitir o estudo dos discursos e a exploração
do material das mesmas. Por ser uma técnica de recolha de dados intensiva pretendeu-se
privilegiar a qualidade da informação, para permitir que os indivíduos pudessem falar
livremente e oferecer a sua interpretação, tal como recomenda Bryman (2012), que
defende o pensamento segundo o qual a entrevista semiestruturada deve ser um processo
de interação cara-a-cara, para permitir a recolha instantânea de dados. Este tipo de
abordagem semiestruturada permitiu reunir informações com um elevado grau de
profundidade, sobre os processos de comunicação política em situação concreta.
A entrevista semiestruturada, como justifica Longhurst (2010, p. 105), permite que
se aplique um tom de conversação informal para obter respostas nas próprias palavras dos
participantes. Nessa conformidade, para Espírito Santo (2015, p. 32), a conceção do guião
da entrevista teve de ter em consideração o cuidado que se deve ter na formulação e
estruturação das perguntas. Na estruturação do guião de entrevista, as perguntas tiveram de
ser claras, curtas quanto possível, não tendenciosas, não ambíguas, incluindo com
múltiplos tópicos de análise.
No caso deste estudo, a análise de conteúdo aplicada aos discursos e as ações políticas
mediatizadas do Governo angolano produziram dados e informações que permitiram
compreender como é que as promessas, as intenções e mais tarde as ações políticas foram
mediatizadas. Já as entrevistas semiestruturadas permitiram colher dados adicionais e
esclarecer os elementos pouco claros, pedindo aos entrevistados um esclarecimento extra

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para complementar a informação; isto contribuiu sobremaneira para a obtenção de
informações consistentes que permitiram descrever e compreender a lógica na relação entre
os discursos e as ações políticas mediatizadas de João Lourenço e do seu Governo.

1.4.Procedimentos para Análise e Discussão dos Resultados


Nesta secção descrevem-se os procedimentos levados a cabo na fase da análise e
discussão dos resultados, em sintonia com a estratégia metodológica a que nos
propusemos dar corpo. Considerando que as técnicas de recolha de informação
produziram dados quantitativos e informação qualitativa que resultaram num volume
considerável de conhecimentos, foi necessário organizar e processar a informação de
forma lógica e clara. Sobre o acervo que se construiu adotou-se um processo inferencial,
na linha de análise de conteúdo baseada na teoria de Krippendorf (1980), com a finalidade
de buscar um significado que estivesse para além do imediatamente apreensível.
A presente secção centrou-se em duas vertentes essenciais que constituíram a
estrutura e o fio condutor desta, e que se concretizaram, por um lado, na revisão e
fundamentação teórica das temáticas relacionadas com as ações políticas mediatizadas do
Governo angolano. Por outro lado, foram expostos nesta secção os conceitos de
comunicação política, representação mediática, discursos políticos no âmbito sistémico
construtivista, com a sua componente e natureza dinâmica, operativa, multifuncional e
multiestrutural. Por outro lado, fez-se a ponte entre os conceitos operacionalizados e os
elementos empíricos recolhidos a partir da análise do conteúdo dos discursos políticos de
João Lourenço, PR de Angola, com base na teoria de Bardin (1977), para aferir quais
foram os seus principais temas de eleição e as suas promessas discursivas (discursos como
fonte das ações políticas do Governo).
Em segundo lugar, exploraram-se as principais notícias divulgadas pela impressa
angolana e portuguesa sobre as ações políticas mediatizadas do Governo (ambições
políticas do Governo e grau de execução das promessas discursivas) que foram
analisadas, igualmente, por intermédio da técnica análise de conteúdo, com base em
Bardin (1977).
Em terceiro lugar, fez-se a verificação das temáticas dos discursos com a
informação das peças noticiosas para avaliar em que medida as ações políticas
mediatizadas refletiram as promessas discursivas do PR de Angola, porquanto, como
defendem Reis e Sousa (2017, p. 137), o corpus para análise de uma temática deve ser
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constituído por edições de jornais, que podem no caso em concreto serem digitais; aqui
foram utilizados os textos dos jornais previamente identificados. Tais periódicos foram
também utilizados, devido a transversalidade da temática sobre as ações mediatizadas do
Governo angolano por estes publicadas, assim como, pelo tratamento prioritário que
desenvolveram sobre a cobertura política dos atos analisados. A seleção das peças
analisadas foi realizada dentro dos termos definidos nas matrizes de codificação para a
análise de conteúdo dos discursos políticos e do conteúdo das ações políticas difundidas
pelos media. Para complementar a recolha de dados, procedemos à categorização
temática das notícias, construindo categorias capazes de agrupar as similitudes da
cobertura jornalística nas publicações em análise. Este procedimento teve como intuito
facilitar a tarefa interpretativa, no sentido de melhor descodificarem-se as tendências dos
respetivos jornais.
Os resultados são apresentados em quadros e gráficos para facilitar a sua leitura.
No tratamento da maioria desta informação, privilegiou-se a ilustração que simplifica os
dados, nas quais foram apresentados apenas os dados mais significativos. Alguns quadros
de uma variável de resposta múltipla, não foram expostos nos anexos. Os quadros foram
transformados em gráficos e apresentados no corpo do texto. Esta opção deveu-se ao fato
de as respostas múltiplas apresentarem apenas variáveis agrupadas. Outros quadros
originais foram colocados em anexo. Como referido, a pesquisa contem igualmente
entrevistas semiestruturadas, concentrando-se na opinião dos entrevistados sobre a
conformidade das promessas discursivas com as ações políticas mediatizadas do
Governo. Os entrevistados incluídos, neste estudo, foram selecionados por serem
informadores qualificados no plano político, partidário e sindical. Acresce-se que os
mesmos foram informados dos propósitos deste estudo e anuíram a sua identificação neste
mesmo estudo. Aos entrevistados foi apresentada a transcrição das suas entrevistas, sendo
que estes aceitaram e assinaram um documento final com essa transcrição. Como tal, os
resultados obtidos através das entrevistas são apresentados à luz e na decorrência do
consentimento informado conforme solicitações em anexo. Acrescenta-se, o fato de os
quadros que adiante sistematizam os resultados das entrevistas não identificarem ou
associarem as respostas concretas dos respetivos entrevistados. Esta opção está na base
do objetivo pretendido de fundamentar as respostas e os resultados obtidos, previamente
neste estudo, através da aplicação da técnica de análise de conteúdo. Não se pretendia,

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fazer uma ligação direita das respostas aos respetivos emissores, pois pretendia-se obter
uma visão generalizada da opinião dos entrevistados.
Neste estudo, foi feita, igualmente, uma análise interpretativa aos resultados
recolhidos das entrevistas realizadas aos líderes de partidos políticos na oposição com
assento parlamentar, e responsáveis de associações de jornalistas, bem como, os dados
relativos aos diferentes pontos da pesquisa. Os resultados provenientes das entrevistas,
foram submetidos à análise de conteúdo. As principais categorias de análise foram
definidas a priori (Bardin, 1977), espelhando os modelos teóricos adotados, porém,
mantendo abertura para outras possibilidades interpretação e agrupação dos dados que os
relatos dos entrevistados ofereceram seguindo um processo de categorização por milhas.
As categorias foram operacionalizadas, considerando as noções acerca dos antecedentes
e dos consequentes vínculos as promessas discursivas e com as notícias divulgadas pelos
jornais identificados no corpus, centrando-se na sua associação com a vida política do
país. Em seguida, o conjunto dos resultados foi confrontado com a literatura discutida.
Os resultados obtidos descritos na secção da apresentação dos resultados apontam
para uma disparidade entre as intenções discursivas do PR e a ações políticas
mediatizadas do seu Governo, principalmente no que se refere à representação mediática
das ações já executadas. A partir da construção noticiosa sobre a política governamental,
identificada através dos focos temáticos e contextuais dos discursos políticos de João
Lourenço, devidamente selecionados, chegou-se a conclusão de que parecia existir um
determinado distanciamento entre a ação e a intenção discursiva; contudo esta conclusão
antecipada só foi confirmada depois da apresentação e discussão dos dados.
Na secção seguinte procede-se a apresentação dos resultados da análise de
conteúdo dos discursos políticos de João Lourenço.

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2. Resultados da Análise de Conteúdo dos Discursos Políticos de João Lourenço
Presidente da República de Angola
Nesta secção procedemos à análise e discussão dos resultados empíricos em
sintonia com a estratégia metodológica proposta para este estudo. A organização dos
resultados tem em consideração o conjunto dos dados recolhidos através da análise de
conteúdo dos discursos políticos de João Lourenço.
Para a definição das categorias contabilizadas houve um trabalho de interpretação
cuidadosa de cada discurso. Para que essa interpretação seguisse os pressupostos da técnica
de análise de conteúdo, codificaram-se as categorias dos discursos políticos de forma
cronológica. Para levar a cabo o processo de codificação, os dados foram organizados, de
forma simplificada, em quadros através de gráficos, onde apenas os dados mais
significativos estão presentes no corpo do texto. Em anexo poderão ser consultados mais
detalhes.
Incluímos ainda a análise do conteúdo noticioso emitido pela imprensa em Angola e
Portugal. Fazemos ainda a interpretação das entrevistas realizadas aos líderes das principais
forças políticas representadas no parlamento angolano, da Frente Nacional de Libertação de
Angola (FNLA), Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-
CE), Partido de Renovação Social (PRS) e responsáveis de organizações de jornalistas tais
como: o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) e Associação dos Jornalistas
Económicos (AJECO), que foram selecionados por serem informadores qualificados no
plano político, partidário e sindical.

2.1. Discursos Políticos


No presente estudo, as unidades de contagem representam os aspetos críticos, os
aspetos sobre a democracia, os aspetos relacionados com as finanças, aspetos sobre os
assuntos económicos em geral e da governação em particular, os aspetos sociopolíticos e os
sociodemográficos contidos nos discursos políticos do PR. Os aspetos acima identificados
deram lugar às categorias de análise e estas por sua vez, deram lugar as variáveis. O processo
de organização e analise de dados obedeceu à estrutura proposta por Bardin (1977, p.103),
que sugere a organização da codificação em três etapas nomeadamente (no caso da análise
quantitativa e categorial), o recorte que foi a escolha das unidades de registo; a enumeração,
consubstanciada na escolha das regras de contagem; a classificação e a agregação, ou seja,

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a escolha das categorias. A análise foi feita com base nos discursos feitos, pelo PR de
Angola, João Lourenço no período compreendido entre 3 de outubro de 2017 e 31 de janeiro
de 2020, com especial ênfase nos seus discursos que tiveram início com a mensagem lida
na sua cerimónia de investidura e culminado com a mensagem de ano novo dirigida ao corpo
diplomático acreditado em Angola.
A partir dos discursos políticos foram feitos o recorte, a escolha das unidades de
registo e a categorização dos principais temas. Neste estudo foram identificadas e
examinadas as representações das promessas políticas e as peças noticiosas com as
representações mediáticas destas promessas e intenções políticas foram repartidas em
categorias e subsequentemente em unidades de contagem. Seguindo o pensamento de
Bardin (1977, p.103) foi possível extrair menções que o PR fez, e que se converteram em
ações políticas tendentes a transformarem-se em feitos tangíveis, e que permitiram a
prossecução do interesse público no seu programa de Governo. Tais menções estão
representadas nos gráficos e quadros que se seguem.
No gráfico nº 1, abaixo, estão representadas a divisão feita aos anos em que foram
proferidos os discursos analisados (2017-2020), que se encontram subdivididos em dez
trimestres, com base nas datas de pronúncia, dos quais sobressai uma acentuação para os
discursos feitos nos dois primeiros anos de governação de João Lourenço.
Gráfico nº 1 Datas da pronúncia dos discursos políticos pelo PR (2017-2020)

3 de 1 de 1 de 1 de 1 de 1 de 1 de 1 de 1 de 1 a 31 Total
outubr janeiro abril a julho a outubr janeiro abril a julho a outubr de
o a 31 a 31 de 30 30 de o 31 a 31 de 30 de 30 de o de janeiro
dezem março junho setem de março junho setem 31 a de
bro de de de bro de dezem de de bro de dezem 2020
2017 2018 2018 2018 bro de 2019 2019 2019 bro de
2018 2019
Frequência 3 6 4 6 5 3 5 2 2 1 37
Percentagem 8 16 11 16 14 8 14 5 5 3 100

Frequência Percentagem

Fonte: elaboração própria


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Ao considerar as datas da pronúncia do discurso, pode-se verificar que, o período
com maior abrangência, numa visão crescente, é o que vai de 3 de outubro a 31 de
dezembro de 2017; o mesmo verifica-se com a época referente ao período compreendido
entre 1 de janeiro e 31 de março de 2019, com cerca de 8% cada um, do total de 37
discursos pronunciados. Seguem-se os períodos compreendidos entre 1 de outubro a 31
de dezembro de 2018 e 1 de abril a 30 de junho de 2019 com cerca de 14% cada do total
de mensagens e finalmente posicionam-se as datas que vão de 1 de janeiro a 31 de março
de 2018, bem como, o período de 1 de julho a 30 de setembro de 2018, com 16% cada do
total dos 37 discursos pronunciados no período em análise.
Relativamente ao tema dominante nos discursos, estes referem-se à vários
domínios da vida política, económica e social do país. As mensagens não têm um recetor
único mesmo quando são pronunciadas em contextos específicos ou de especialidade.
Dentre os diversos contextos os temas variam em função do fim que João Lourenço se
propõe a alcançar, tanto no contexto interno, como no contexto externo. O gráfico nº 2
abaixo descreve os temas dominantes nos discursos.
Gráfico nº 2 Temas dominantes nos discursos políticos do PR (2017-2020)

100

37
27 30
10 11 5 3 3 3 3 3 5 3 8
2 1 2 1 2 1 2 1 3 1 3

Frequência Percentagem
Recursos Minerais, Petroleo e Gás
Obras Públicas e Ordenamento do Território
Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação
Cultura, Turismo e Ambiente
Migrações
Organizações Empresariais e Profissionais
Diplomacia e Relações Internacionais
Cooperação e Solidariedade Internacional
Justiça
Festividades e Solenidades
Todos os Setores de Actividades
Total
Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social

Fonte: elaboração própria


Ao centrarmo-nos no gráfico nº 2 na totalidade dos setores da vida do país, de
acordo com os seus discursos, cerca de 8% dos problemas que afligem na generalidade a
governação do PR João Lourenço, em proporções diferentes, estão relacionados com as
Página 157 de 422
questões da diplomacia e das relações internacionais com 27% das ocorrências. Dos temas
mais abordados nos discursos, faz-se um acento tónico na diplomacia económica como
fonte de recursos para o investimento nos setores chave da economia. Quase na mesma
proporção, com cerca de 30% das principais abordagens colocam-se as questões
relacionadas com a cooperação e solidariedade internacional.
Ao analisar o teor dos discursos, verificou-se uma atitude mais voltada para o
âmbito internacional. Parte dos discursos do PR foram pronunciados em outras regiões
ou países do mundo, numa perspetiva de efetivação da política de diplomacia económica,
visando persuadir os investidores estrangeiros a instalarem-se em Angola. Esta atitude
do Chefe de Estado indica a importância que atribui ao setor económico e a visão que tem
de abertura do país ao exterior. João Lourenço considera a diplomacia um dos elementos
chave para projetar a imagem de Angola no exterior.
Gráfico nº 3 Contexto da pronúncia pelo PR dos discursos políticos

Frequência Percentagem
Nacional 13 35
Internacional 24 65
Total 37 100

Fonte: elaboração própria


Em termos mais específicos no conjunto das comunicações e da
representatividade da intensidade sociopolítica e até mesmo político-ideológica, 35% dos
37 discursos estão voltados para o contexto nacional e cerca de 65% têm uma acentuação
internacional.
O gráfico abaixo expõe os locais em que foram pronunciados os discursos
políticos analisados.

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Gráfico nº 4 Local da pronúncia pelo PR dos discursos políticos
100

49
37
18
2 1 2 1 1 1 1 2 1 2 1 2 1 1 5 3 5 3 3 3 3 5 3 5 3 5 3 3

Frequência Porcentagem

Luanda Benguela
Cuando Cubango (Cuito Cuanavale) Africa do Sul
Etiópia Namíbia (Windhoek)
Cabo Verde China (Pequim)
EUA (Nova Iorque) Portugal (Lisboa)
Portugal (Porto) Cuba (Havana)
Rússia (Moscovo) França (Estrasburgo)
Total Namibe

Fonte: elaboração própria


É de relevar que um dos indicadores que se destacou na análise exposta no gráfico
acima tem a ver com o local onde foram pronunciados mais de 48% dos discursos. A
província de Luanda, posicionou-se como sendo o lugar em que o PR mais pronunciou
os seus discursos políticos, com cerca de 18% das intervenções, com pendor político-
ideológico e até temáticos em função das diferentes abordagens que se impunham. Na
vertente externa, há uma dispersão por vários países, com destaque para aqueles onde
João Lourenço se viu obrigado a falar mais de uma vez, com especial ênfase para África
do Sul, Estados Unidos da América, Portugal e Rússia, com cerca de 5% cada uma das
ocorrências totais.
A componente de análise que se centra nas representações dos principais alvos
dos discursos indicam que existe uma divisão equilibrada ainda que dispersa entre os
alvos nacionais e os internacionais. Nesta conformidade, é notória uma grande ênfase
para os representantes dos cidadãos e dos públicos cujos apelos são frequentemente
reiterados, a comunidade internacional e as organizações regionais e internacionais.
Os discursos têm como alvo preferencial os cidadãos e a comunidade
internacional, dos quais o PR pretende obter apoio para atacar e combater os aspetos
relacionados com a corrupção, o branqueamento de capitais e o nepotismo.

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Gráfico nº 5 Alvo dos discursos políticos do PR João Lourenço 2017-2020

100

37
27
14 19 16
5 7 1 1 2 1 6 10 1 3 3 3 5 3 3 8

Frequência Percentagem
Representantes de Cidadão e Públicos Comunidade Internacional
Oposição Política Prestadores de Serviços de Educação
Empreendedores e Empresários Estrangeiros Empresários Nacionais
Organizações Regionais e Internacionais Conjunto de Públicos Nacionais e Internacionais
Total Famílias
Governos Locais

Fonte: elaboração própria


Relativamente ao que sobressai dos principais temas dos discursos, considerando
as características político-intelectuais, de riqueza ou poder político nas mensagens de
João Lourenço ressalta-se no centro o país, com foco para os Governos locais, com cerca
de 8%, representantes de cidadãos e públicos, com cerca de 14% das ocorrências, assim
como, a comunidade internacional, com 18%, organizações regionais, com cerca de 16%
e o conjunto de públicos, com 27% do total das ocorrências.
Nas suas comunicações, o PR exorta o país a mobilizar-se contra os males que se
propõe em combater, os líderes de partidos políticos, os membros da sociedade civil, os
protagonistas económicos e os países e organizações internacionais também são
mencionadas. O PR primou à partida pelo envolvimento de todos os cidadãos num
processo que, não devia excluir a participação de ninguém, daí a proeminência das
figuras, instituições, Estados e organizações sublinhadas no gráfico abaixo.

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Gráfico nº 6 Proeminência nos discursos políticos do PR

Frequência Porcentagem
País 5 14
Líder de Um Partido Político 1 3
Membros da Sociedade 7 19
Países e Organizações Internacionais 18 49
Orgãos de Justiça 1 3
Total 37 100
Protagonista Económico 5 14

Fonte: elaboração própria


Do ponto de vista da proeminência na mensagem, nota-se um grande chamariz
para as questões que dependem direta ou indiretamente de outros países e organizações
internacionais com cerca de 49%, o apelo aos membros da sociedade em geral obteve
cerca de 19% do total dos assuntos que sobressaem. Apesar da análise indicar o apelo aos
países e aos protagonistas em terceira posição, na prática é, fundamentalmente, às
organizações internacionais que o PR mais se dirige. As demais evocações estão
relacionadas com o incentivo ao empreendedorismo nacional e estrangeiro, à
solidariedade e cooperação, assim como à criação de condições para o desenvolvimento
do país, sendo que nesta ordem de ideias os protagonistas económicos posicionam-se logo
a seguir, com cerca de 14 % do total das ocorrências.
Em relação à variável partidos políticos, nota-se uma certa indiferenciação, no
tratamento, por parte do PR, quando faz referência aos mesmos, enquadra-os todos num
único conjunto.
O gráfico que se segue ilustra a proeminência que os partidos políticos têm no
sistema democrático angolano, enquanto nação, e, apesar do tratamento indiferenciado, a
análise indica que, os cidadãos olham para os partidos políticos como alternativa ao poder
instituído.

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Gráfico nº 7 Citação dos partidos políticos nos discursos do PR (2017-2020)

Frequência Percentagem
UNITA 1 3
Todos 4 11
Total 37 100
Indiferenciado 32 87

Fonte: elaboração própria


A medida que se vão analisando os discursos no tempo, nota-se que a
indiferenciação teve lugar durante às competições políticas que, tinham cedido espaço à
consolidação do poder por parte do MPLA/PR obtido nas urnas em 2017. Passada que
estava a fase político-eleitoral, os argumentos passaram a estar relacionados com o
sistema de gestão da máquina administrativa, facto que se traduz na maior percentagem
obtida (86%) em relação a forma de tratamento dos partidos pelo PR. Quando o PR faz
menção aos partidos políticos, Ele fá-lo na generalidade somando no estudo 10% das
ocorrências e 2,5% de crítica a UNITA (maior partido na oposição).
No domínio da cooperação internacional, as principais preocupações políticas do
PR centram-se nos aspetos que promovem a cooperação entre os Estados. O Chefe de
Estado pretende, conjuntamente, com outros Estados ver solucionados os problemas
pendentes nas comunidades regionais de que Angola é parte. O PR considera que o
reforço dos laços históricos e de amizade entre os Estados promove a democratização
das regiões e quer assumir um papel diretor nos principais projetos internacionais no
continente africano. João Lourenço é a favor da resolução conjunta dos conflitos armados
que persistem no mundo, assim como, defende a melhoria das relações económicas entre
os Estados. Na arena internacional, as evidências teóricas e discursivas parecem apontar
para uma tendência de manutenção dos feitos alcançados por Angola por parte do PR.

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Gráfico nº 8 Intenções de cooperação nos discursos políticos do PR (2017-2020)

16

11

8 8
percentagem

3 3 3
1

CPLP SADC EUROPA UNIÃO AMÉRICA CHINA ASSUNTOS RESTO DO


ORIENTAL AFRICANA DO NORTE AFRICA INTERNOS MUNDO

Fonte: elaboração própria


Quando se observa o gráfico nº 8 acima, percebe-se a preocupação do PR com a
CPLP, com cerca de 16% das ocorrências, com a SADC, com cerca de 11%, com as
relações com a Europa Oriental, com 8% das ocorrências e na mesma proporção aparecem
as inquietações com a União Africana e América do Norte, ambas com 8% cada uma.
Relativamente aos assuntos internos, destaca-se o fato de mesmo quando se esta perante
situações de abrangência internacional ou com caracter de cooperação e relações
internacionais, a ênfase é feita no sentido de se investir nas fragilidades internas do país.
Estas e outras áreas descritas no gráfico abaixo são campos em que o PR se propõe a
intervir.
Gráfico nº 9 Áreas de intervenção nos discursos políticos

100

37 46
22
1 2 2 1 3 2 8 17 1 3 5 5 3 8 5 3

Frequência Percentagem

Agrícultura Serviços Públicos


Ensino Superior/Ciência e Tecnologia Telecomunicações
Educação, Cultura e Turismo Serviços de Justiça
Estabelecimento da Paz Todos as Áreas
Total Energia, Petróleo e Gás

Fonte: elaboração própria

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Relativamente às áreas de intervenção existe uma atenção geral, com cerca de
45% das ocorrências, voltadas para todas as áreas da governação. Ainda assim, destacam-
se as intenções de estabelecimento da paz em várias regiões do globo, assim como os
apelos constantes do Chefe de Estado, com cerca de 22% das ocorrências à melhoria dos
serviços públicos, seguidos da preocupação com a educação, cultura e turismo, com 8%
das referências.
Gráfico nº 10 tom do PR nos discursos políticos

Frequência Percentagem
Positivo 23 62
Neutro 10 27
Total 37 100
Negativo 4 11

Fonte: elaboração própria


A exaltação e tenacidade do discurso do PR denotam um tom positivo, conforme
a percentagem das ocorrências nos discursos com cerca de 62%. Quando assim não
acontece, o Chefe de Estado assume uma postura neutra, com cerca de 10%, nos seus
discursos.
Para além das áreas de intervenção, os 37 discursos políticos de João Lourenço
apresentam um conjunto de preocupações que estão representadas adiante.
Ao sistematizar as promessas, as representações políticas, ideológicas e
valorativas contidas nos discursos políticos de João Lourenço, identificaram-se as
principais temáticas e abordagens, que descrevem a perceção e as intenções do PR. Tais
preocupações aparecem representadas nos quadros abaixo.

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Quadro nº 4 Principais temas do discurso político do PR
Respostas Percentagem
N Percentagem de casos
Principais Corrupção 16 2,7% 43,2%
_Temasa Impunidade 16 2,7% 43,2%
Nepotismo 13 2,2% 35,1%
Fome e Pobreza 16 2,7% 43,2%
Consolidação da 25 4,3% 67,6%
Democracia
Autarquias e Poder local 10 1,7% 27,0%
Liberdades de Manifestação 8 1,4% 21,6%
e Reunião
Liberdade de Expressão 17 2,9% 45,9%
Sociedade Civil, 13 2,2% 35,1%
Organizações e
Personalidades
Direitos Humanos 24 4,1% 64,9%
Governação Inclusiva 25 4,3% 67,6%
Repatriamento de Capitais e 16 2,7% 43,2%
Recuperação de Ativos
Finanças Públicas 23 3,9% 62,2%
Assuntos da Banca 19 3,2% 51,4%
Tributação 8 1,4% 21,6%
Inflação 9 1,5% 24,3%
Crescimento Económico 28 4,8% 75,7%
Crédito à Grandes Empresas 13 2,2% 35,1%
Empreendedorismo e 13 2,2% 35,1%
Investimento nacional
Empreendedorismo e 17 2,9% 45,9%
investimento estrangeiro
Escoamento de Produtos 10 1,7% 27,0%
Agrícolas e Manufaturados

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Quadro nº 4 (Cont.) Principais temas do discurso político do PR

Exportações 15 2,6% 40,5%


Emprego e Desemprego 25 4,3% 67,6%
Transportes e Redes Viárias 8 1,4% 21,6%
e Ferroviárias
Agricultura 14 2,4% 37,8%
Indústria 16 2,7% 43,2%
Tribunais e Outros Órgãos 10 1,7% 27,0%
de Justiça
Procuradoria Geral da 8 1,4% 21,6%
República
Defesa, Segurança e 20 3,4% 54,1%
Veteranos da Pátria
Educação 18 3,1% 48,6%
Saúde 13 2,2% 35,1%
Mobilidade de Cidadãos 22 3,8% 59,5%
Imigração Ilegal 9 1,5% 24,3%
Questões de Género 10 1,7% 27,0%
Justiça Social 31 5,3% 83,8%
Religião 7 1,2% 18,9%
Conflitos e Paz 20 3,4% 54,1%
Total 585 100,0% 1581,1%

Fonte: elaboração própria


Das principais áreas de intervenção e preocupações do PR de Angola,
representadas no quadro nº 4 acima, resumem-se as que indicam fatores críticos da vida
do país relacionadas com a fraca ligação entre os setores do Estado, a governação sem a
participação dos governados, a débil democracia, o relacionamento preferencial com
alguns Estados do mundo, a ausência do poder local, as limitações no direito de expressão
e comunicação, as debilidades nos transportes públicos, na economia, nas contas públicas
e nos setores da defesa e segurança.

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Como se pode observar no quadro nº 1, de acordo com a análise efetuada ao
conteúdo dos discursos políticos, sobressaem a justiça social com 5,3%, os direitos
humanos, com 4,1%, a governação inclusiva com 4,3%, finanças públicas com 3,9%,
assuntos da banca com 3,2%, crescimento económico com 4,8%, emprego e desemprego
com 4,3%, defesa, segurança e veteranos da pátria com 3,4%, mobilidade de cidadãos
com 3,8% e conflitos e paz com 3,4% das ocorrências.
Também sobressaem do quadro em análise as inquietações ligadas ao crescimento
económico, com cerca de 4% das ocorrências, a consolidação da democracia com mais
de 4% do total das ocorrências, a educação, com cerca de 3% e a mobilidade de cidadãos
fundamentalmente na CPLP com cerca de 4%.
No que se refere ao contexto internacional é notória a preocupação do Chefe de
Estado em relação à cooperação que quer manter com outros parceiros tendo indicado
esta intensão na sua primeira visita de Estado à África do Sul, bem como, nas suas
deslocações a França, Bélgica, União Europeia, Portugal, Itália, Vaticano (Itália),
Espanha e outros Estados do Bloco Europeu.

2.2.Principais Tendências
Na secção presente, estão representados os resultados das principais tendências
observadas nos discursos políticos de João Lourenço. Os quadros abaixo expõem os
principais aspetos selecionados e considerados, como sendo elementos críticos, nos
discursos políticos do PR e que consequentemente se propõe a corrigir.
Quadro nº 5 Aspetos críticos identificadas nos discursos políticos do PR do
período 2017-2020
Respostas Percentagem
N Percentagem de
casos
Aspetos Corrupção 16 26,2% 80,0%
críticos Impunidade 16 26,2% 80,0%
Nepotismo 13 21,3% 65,0%
Fome e Pobreza 16 26,2% 80,0%
Total 61 100,0% 305,0%
Fonte: elaboração própria

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Baseados nos resultados da análise das variáveis, conforme o quadro nº5,
identificámos quatro classes de elementos com atributo semelhante de atitudes políticas,
sociais e comportamentais dos cidadãos, numa média de 15 citações nos 37 discursos
analisados. A corrupção, a impunidades e a fome e pobreza representam cada uma, com
cerca de 26% do total das ocorrências, enquanto que o nepotismo é referenciado, com
cerca de 23% da generalidade das ocorrências.
As ocorrências dos aspetos democráticos, extraídos através das análises do
discurso político, indicam semelhanças com a forma como o PR aborda os mesmos
assuntos. Os resultados obtidos através da análise temática dos discursos políticos
evidenciam uma tendência para a consolidação da democracia, que em última análise
abarca os demais assuntos da vida política do país e, é uma preocupação constante de
João Lourenço.
No quadro nº 6, abaixo, observa-se que a consolidação da democracia e a
governação inclusiva são abordadas na mesma proporção, com cerca de 20% em cada
uma das ocorrências, seguidas dos direitos humanos, com cerca de 20% das ocorrências,
a sociedade civil, organizações e personalidades políticas são anunciadas, com mais de
10% das ocorrências e a implantação de autarquias locais, com cerca de 8% também
destaca-se.

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Quadro nº 6 Expressões democráticas nos discursos políticos do PR

Respostas Percentagem
Percentagem
N de casos
Aspetos Consolidação da Democracia 5 20,5% 78,1%
democráticos Autarquias e Poder local 0 8,2% 31,3%
Liberdades de Manifestação e 8 6,6% 25,0
Reunião %
Liberdade de Expressão 7 13,9% 53,1%
Sociedade Civil, 3 10,7% 40,6%
Organizações e
Personalidades
Direitos Humanos 4 19,7% 75,0%
Governação Inclusiva 5 20,5% 78,1%
Total 22 100,0% 381,3%
Fonte: elaboração própria
No ponto sobre as expressões democráticas do discurso, são mais citadas, pelo
PR, as categorias autarquias e o poder local, no quadro nº 6, acima. Com o intuito de repor
a capacidade de compra dos cidadãos enfraquecida devido as sucessivas crises financeiras
que o país vinha enfrentando, o repatriamento do capital ilicitamente retirado do país para
equilibrar as finanças públicas e a balança de pagamentos, os aspetos financeiros também
se transformaram numa constante nos discursos político do PR.

Quadro nº 7 Preocupações financeiras nos discursos do PR no período 2017-2020


Respostas Percentagem
N Percentagem de casos
Aspetos Repatriamento de Capitais e 16 24,2% 48,5%
financeiros Recuperação de Ativos
Finanças Públicas 23 34,8% 69,7%
Assuntos da Banca 19 28,8% 57,6%
Tributação 8 12,1% 24,2%
Total 66 100,0% 200,0%
Fonte: elaboração própria

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João Lourenço indica preocupação e foco nas finanças públicas, conforme
representado no quadro nº 7, acima, com cerca de 35% do total das ocorrências. Inquietam
ainda o PR, os assuntos relacionados com a banca, com cerca de 28% das ocorrências
fundamentalmente no que concerne à concessão de créditos às empresas e às famílias e
ao repatriamento de capitais e recuperação de ativos ilicitamente transferidos para o
exterior do país. Seria previsível que ao abordar as ações de crescimento económico e
desenvolvimento de Angola, o PR apresentasse a preocupação com a inflação, o
empreendedorismo, as exportações e o escoamento de produtos manufaturados.

Quadro nº 8 Aspetos económicos no discurso político do PR


Respostas Percentagem
N Percentagem de casos
Aspetos Inflação 9 8,6% 32,1%
económicos Crescimento Económico 28 26,7% 100,0%
Crédito às Grandes Empresas 13 12,4% 46,4%
Empreendedorismo e 13 12,4% 46,4%
Investimento nacional
Empreendedorismo e 17 16,2% 60,7%
Investimento estrangeiro
Escoamento de Produtos 10 9,5% 35,7%
Agrícolas e Manufaturados
Exportações 15 14,3% 53,6%
Total 105 100,0% 375,0%
Fonte: elaboração própria
O PR, João Lourenço, augura um crescimento económico (26% das ocorrências).
No quadro acima, nº 8 expõem-se os apelos ao empreendedorismo e ao investimento
estrangeiro, representado, com cerca de 16% das ocorrências. Através dos seus discursos
verifica-se que o PR quer que se promovam mais as exportações fora do setor petrolífero
e diamantífero (cerca de 14% das ocorrências), que se conceda crédito às grandes
empresas e se estimule o empreendedorismo e o investimento nacional (com cerca de
12% das ocorrências cada).
Tal como se pode ver no quadro nº 8 acima, as categorias anteriores são,
igualmente, preocupações do PR. O exercício da atividade empresarial, com maior
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concessão de crédito às pequenas e médias empresas, criação de um programa de
diversificação dos investimentos, desenho de uma política voltada para o
desenvolvimento da ciência e o estímulo às inovações são igualmente preocupações
constantes dos aspetos críticos do discurso do PR.

Quadro nº 9 Aspetos socioeconómicos da governação nos discursos políticos do


PR
Respostas Percentagem
N Percentagem de casos
Aspetos Emprego e Desemprego 25 39,7% 83,3%
socioeconómicos Transportes, Redes Viárias 8 12,7% 26,7%
da governação e Ferroviárias
Agricultura 14 22,2% 46,7%
Indústria 16 25,4% 53,3%
Total 63 100,0% 210,0%
Fonte: elaboração própria
No quadro de ocorrências nº 9, acima representado nota-se que o emprego e o
desemprego são a maior preocupação nos discursos políticos de João Lourenço, com
cerca de 40% das ocorrências, a indústria, com cerca de 25% das ocorrências e a
agricultura com 22% são outros temas recorrentes nas abordagens do PR.

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Quadro nº 10 Aspetos sociopolíticos sobre a governação nos discursos políticos
do PR
Respostas Percentagem
N Percentagem de casos
Aspetos Tribunais e Outros Órgãos 10 14,5% 33,3%
Sociopolíticos de Justiça
da governação Procuradoria-Geral da 8 11,6% 26,7%
República
Defesa, Segurança e 20 29,0% 66,7%
Veteranos da Pátria
Educação 18 26,1% 60,0%
Saúde 13 18,8% 43,3%
Total 69 100,0% 230,0%
Fonte: elaboração própria
Os aspetos sociopolíticos na governação de João Lourenço, representados no
quadro nº 10, revelam simultaneamente elementos frequentemente colocados e
certamente pertinentes do ponto de vista da normalização do país. As contribuições
apuradas no quadro acima revelam a importância que o PR atribui a defesa nacional,
segurança e veteranos da pátria, com cerca de 29% do total das ocorrências, a aposta na
educação representa, cerca de 26% do total das ocorrências e a saúde é outro setor no qual
quer apostar, com 18% das ocorrências, assim como, nos tribunais e outros órgãos de
justiça.
Com base na análise dos resultados dos aspetos sociodemográficos nota-se que, o
PR de Angola, se preocupa com a paz, com os conflitos que ocorrem um pouco por todos
os continentes e com a justiça social. É também preocupação de João Lourenço a
mobilidade dos cidadãos, particularmente na Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP). A mobilidade interna e externa de cidadãos, a imigração ilegal, as
questões relacionadas ao género, a justiça social e a resolução de conflitos continuam na
agenda política do Chefe de Estado.

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Quadro nº 11 Aspetos sociais nos discursos políticos do PR
Respostas Percentagem
N Percentagem de casos
Aspetos Mobilidade de Cidadãos 22 22,2% 62,9%
sociais e Imigração Ilegal 9 9,1% 25,7%
demográficos Questões de Género 10 10,1% 28,6%
Justiça Social 31 31,3% 88,6%
Religião 7 7,1% 20,0%
Conflitos e Paz 20 20,2% 57,1%
Total 99 100,0% 282,9%
Fonte: elaboração própria
Com base nas variáveis sociais selecionadas na análise, expostas no quadro nº 11,
pode-se completar o entendimento sobre a preocupação de João Lourenço relativamente
aos aspetos sociais da sua governação em que, as questões relacionadas com a justiça
social representa, cerca de 31% das ocorrências, a mobilidade de cidadãos, tem cerca de
22% das ocorrências; e finalmente os assuntos relacionados com os conflitos e a paz, com
cerca de 20% das ocorrências encontrando-se na posição seguinte.

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2.3.Temas Centrais
Produzidas e sistematizadas as principais categorias dos discursos políticos de João
Lourenço, seguem-se os temas centrais em tabulação cruzada. Relativamente à relação entre
as variáveis analisadas fez-se um cruzamento entre as datas agrupadas e a variável tema
dominante. Esta relação permitiu perceber como os assuntos foram distribuídos ao longo do
tempo.
No sentido anterior, a tabulação cruzada demonstrou que no período corresponde a 1
de setembro de 2017 e 31 janeiro de 2018 registaram-se, nos discursos do PR, uma
predominância de temas referentes à cooperação e solidariedade internacional, representados
em 8% dos discursos, seguidos dos problemas relacionados com a diplomacia e relações
internacionais descritos em 9% dos discursos e finalmente as representações do ensino,
ciência, tecnologia e inovação, com 2% das ocorrências; para o primeiro período 1 de
setembro de 2017 a 1 de janeiro de 2018, o Chefe de Estado esteve, igualmente, preocupado
com os temas relacionados com a cooperação e solidariedade internacional.
Gráfico nº 11 Data da pronúncia 2 – tema dominante

27

9 8 10

2 2 3 2 1 3
0 0 1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 0

Setembro 2017 a 31 Dezembro 2018 1 Janeiro 2019 a 31 Janeiro 2020

Recursos Minerais, Petróleo e Gás


Obras Públicas e Ordenamento do Território
Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social
Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação
Cultura, Turismo e Ambiente
Migrações
Organizações Empresariais e Profissionais
Diplomacia e Relações Internacionais
Cooperação e Solidariedade Internacional
Justiça
Festividades e Solenidades
Todos os Setores de Actividades
Total
Fonte: Elaboração própria

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Tendo em conta o teste do qui quadrado, aceita-se a hipótese nula. Esta decisão foi tomada
devido ao valor da sig que é superior a ,05 sendo de ,064.

Quadro nº 12 Testes qui-quadrado data da pronúncia 2 – tema dominante


Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)
a
Qui-quadrado de Pearson 18,839 11 ,064
Razão de verossimilhança 21,016 11 ,033
Associação Linear por Linear 5,510 1 ,019
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
120 células (100,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,03.
Com o mesmo intuito de medir a relação entre as variáveis analisadas, fizemos um
cruzamento do contexto do discurso com os temas dominantes no mesmo, para perceber em cada
contexto quais eram os assuntos mais abordados. A tabulação cruzada permitiu compreender a
relação existente entre as duas variáveis, observando deste modo uma série de dados “ocultos”
que são úteis para entender os resultados da análise de forma mais clara. A tabulação indica que
o PR, nos seus discursos, aborda com frequência a diplomacia e relações internacionais, com
13% dos discursos no contexto nacional e 24% no contexto internacional, obras públicas e
ordenamento do território, com 11%.

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Gráfico nº 12 Contexto dos discursos – tema dominante nos discursos

24

13
11
8

1 1 1 2 0 2 1 2 0 1 0 2 1 0 0 0 1 0 0 1 1 1

Contexto do Discurso Nacional Contexto do Discurso Internacional


Recursos Minerais, Petróleo e Gás
Obras Públicas e Ordenamento do Território
Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social
Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação
Cultura, Turismo e Ambiente
Migrações
Organizações Empresariais e Profissionais
Diplomacia e Relações Internacionais
Cooperação e Solidariedade Internacional
Justiça
Festividades e Solenidades
Todos os Setores de Actividades
Fonte: elaboração própria
Do ponto de vista estatístico, observa-se que existe uma relação estatisticamente
significativa entre a variável, contexto dos discursos e tema dominante no discurso, por isso,
rejeita-se a hipótese nula. Esta decisão teve em consideração o valor alternativo da sig que é de
,020.

Quadro nº 13 Testes qui-quadrado12 contexto dos discursos – tema dominante no discurso


Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 22,666a 11 ,020
Razão de verossimilhança 28,600 11 ,003
Associação Linear por Linear 4,768 1 ,029
N de Casos Válidos 37

Fonte: elaboração própria


22 células (91,7%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,35.
A tabulação seguinte indica que durante os 10 trimestres subdivididos dentro do
período em análise, o PR fez referência à cooperação com os países da Comunidade de
Países de Língua Portuguesa, com cerca de 6% das ocorrências, nos discursos do PR, com
a União Europeia e o resto da Europa, com cerca de 5%, com a Comunidade de

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desenvolvimento da Africa Austral (SADC) 4%, com América do Norte 3% e com a
União Africana igualmente com 3%.
Gráfico nº 13 Data da pronúncia do discurso – cooperação internacional

66
5 55
4
3 3 3
2 2 2 2 2 2 22
1 1 1 1 1 1 111 1 1 1 1 11 1 1 1
000 000000 0 000000 0 000 0 0000 00000 0000 0 000000 000 0 00 00 000 000 0000 00000 0 0 00 000 00 00

3 de outubro a 31 dezembro de 2017 1 de janeiro a 31 de março de 2018


1 de abril a 30 junho de 2018 1 de julho a 30 de setembro de 2018
1 de outubro 31 de dezembro de 2018 1 de janeiro a 31 de março de 2019
1 de abril a 30 de junho de 2019 1 de julho a 30 de setembro de 2019
1 de outubro de 31 a dezembro de 2019 1 a 31 de janeiro de 2020

Fonte: produção própria

Página 177 de 422


Considera-se que existe uma relação estatisticamente aceitável entre a variável
contexto dos discursos e tema dominante no discurso, assim, rejeita-se a hipótese nula.
Esta decisão teve em consideração o valor alternativo da sig que é de ,012.
Quadro nº 14 Testes qui-quadrado12 data da pronúncia do discurso – cooperação
internacional
Significância Assintótica
Valor gl (Bilateral)
Qui-quadrado de 112,607a 81 ,012
Pearson
Razão de 85,309 81 ,350
verossimilhança
Associação Linear por ,352 1 ,553
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
100 células (100,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem
mínima esperada é ,03.
Fazendo uma leitura do cruzamento das variáveis, tom do discurso com os
partidos políticos, verifica-se que na tabulação cruzada entre estas duas variáveis o PR
apesar de o fazer sempre num tom positivo, adota uma abordagem indiferenciada com
21% do total dos discursos, em relação à posição que os partidos políticos tomam na
cena político-social. O mesmo também se verifica em situações em que, o PR toma
uma posição neutra, com 8% ou negativa, com cerca de 3%. Apesar da indiferença do
Chefe de Estado, não se pode ignorar o seu tom quando se dirige aos partidos políticos.

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Gráfico nº 14 Tom do discurso – partidos políticos

UNITA Todos Indiferenciado Total


Positivo 0 2 21 23
Neutro 0 2 8 10
Negativo 1 0 3 4

Fonte: elaboração própria


Verifica-se estatisticamente uma relação significativa entre as variáveis, tom
do discurso e partidos políticos, por isso, rejeita-se a hipótese nula. Esta decisão foi
tomada devido o seu valor da sig que é de ,045.
Quadro nº 15 Testes qui-quadrado tom do discurso – partidos políticos
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 9,730a 4 ,045
Razão de verossimilhança 6,214 4 ,184
Associação Linear por Linear 4,523 1 ,033
N de Casos Válidos 37
Forte: elaboração própria
7 células (77,8%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima
esperada é ,11.

Página 179 de 422


Ao cruzar as áreas em que João Lourenço pretende intervir centrou-se na análise
das variáveis, tema dominante no discurso e áreas de intervenção, para perceber que
nesta tabulação cruzada existe uma posição do Chefe de Estado, maioritariamente
voltada para a cooperação e solidariedade internacional, com um total de 11% das
ocorrências dominantes nos discursos políticos do PR.
A mesma variável é, imediatamente, secundada pela diplomacia e relações
internacionais, com 10% do total das ocorrências analisadas e, à isto somam-se todos os
outros setores, com 3% e a justiça, as migrações e os recursos minerais e petróleo com
2% cada uma, estas percentagens subsistem quando se analisam as questões gerais
(todas as áreas) ou quando se trata da necessidade de estabelecimento da paz em
algumas regiões do mundo.

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Gráfico nº 15 Tema dominante no discurso-área de intervenção

6 6

4
3 3 3 3
2 2 2 2 2 2
1 1 1 11 1 1 1 1 1 1
0 000 0 00 00 00 0 000 000 0000 000 000000000 00 0000000 0 0 000 00 000

Promoção de Elogio a Elogios a Elogio a Justiça Elogios a Países e Promoção da


Iniciativas Iniciativas de Membros de No Combate a Organizações Imagem do País
Socioeconómicas Membros da Algumas Áreas Corrupção e em Internacionais
Comunidade Profissionais Especial a PGR
(Policias,
Médicos e
Professores)

Recursos Minerais, Petróleo e Gás


Obras Públicas e Ordenamento do Território
Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social
Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação
Cultura, Turismo e Ambiente
Migrações
Organizações Empresariais e Profissionais
Diplomacia e Relações Internacionais
Cooperação e Solidariedade Internacional
Justiça
Festividades e Solenidades
Todos os Setores de Actividades
Total

Fonte: elaboração própria


Tendo em conta o teste do qui quadrado, rejeita-se a hipótese nula e aceita-se a
hipótese alternativa em que a sig. é de ,001.

Página 181 de 422


Quadro nº 16 Testes qui-quadrado tom do discurso positivo – tema dominante no
discurso
Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)

Qui-quadrado de 106,552a 66 ,001


Pearson

Razão de 63,473 66 ,565


verossimilhança

Associação Linear por ,019 1 ,889


Linear

N de Casos Válidos 37

Fonte: elaboração própria


84 células (100,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,05.
O processo de consolidação da democracia apresenta-se nos discursos como uma
das ações prioritárias na governação de João Lourenço. Para compreender em que áreas
o PR mais quer consolidar a democracia, cruzamos as duas variáveis.
A componente de análise que se centra nas variáveis, consolidação da democracia
cruzadas com as áreas de intervenção, demonstram que nesta tabulação, João Lourenço
faz um acento voltado para todas as áreas de intervenção governativa, com cerca de 25%
do total das ocorrências dominantes nos discursos políticos, seguido pelo conjunto das
questões, com 13% das ocorrências e o estabelecimento da paz, com 8% das ocorrências.
Gráfico nº 16 Consolidação da democracia – área de intervenção

25
13 12
8
2 1 1 1 1 2 1 2 1 4
0 0 0 0 0 0

SIM Não

Agricultura Serviços Públicos


Energia, Petróleo e Gás Telecomunicações
Ensino Superior/Ciência e Tecnologia Educação, Cultura e Turismo
Serviços de Justiça Estabelecimento da Paz
Todos as Áreas Total

Fonte: elaboração própria


15 células (83,3%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,32.

Página 182 de 422


Com o propósito de identificar em que áreas de intervenção João Lourenço fala
mais dos direitos humanos, cruzamos as duas variáveis nesta análise.
No tocante a componente que se centra nas variáveis, direitos humanos cruzada
com as áreas de intervenção, verifica-se que nesta tabulação, o PR pretende ver os direitos
humanos a serem observados em todas as áreas de atuação do Governo, com cerca de
13% das ocorrências, assim como, em relação ao estabelecimento da paz em todas as
regiões de que Angola é parte, com 7% do total das ocorrências.
Gráfico nº 17 Direitos humanos – área de intervenção

24

13 13

7
3 4
1 1 2 1 1 1 1 1 1
0 0 0 0 0

Sim Não

Agricultura Serviços Públicos


Energia, Petróleo e Gás Ensino Superior/Ciência e Tecnologia
Telecomunicações Educação, Cultura e Turismo
Serviços de Justiça Estabelecimento da Paz
Todos as Áreas Total

Fonte: Produção própria


Ao avaliar a variável, tom do discurso negativo e tema dominante no discurso, nota-
se que não existe estatisticamente uma relação entre as mesmas, na medida em que o teste
de qui quadrado não rejeita a hipótese nula. Esta decisão foi tomada por causa do valor da
sig. que é de ,053.
Quadro nº 18 Testes qui-quadrado direitos humanos – área de intervenção
Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 15,351a 8 ,053
Razão de verossimilhança 17,849 8 ,022
Associação Linear por Linear 8,888 1 ,003
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
15 células (83,3%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,35.

Página 183 de 422


O cruzamento das variáveis, tom do discurso negativo com o tema dominante no
discurso, consideram haver uma abordagem num tom do discurso negativo por parte do
PR quando faz referência às questões que têm a ver com a diplomacia e relações
internacionais, com 10 % das ocorrências totais, no entanto, ele adota esta postura quando
se refere a pessoas, organizações internacionais ou outros países, assim como a
cooperação e solidariedade internacional, com 11% do total das ocorrências dominantes.
Gráfico nº 18 Tom do discurso negativo – tema dominante no discurso
12
11 11

5 5
4 4
3
2 22
1 1 1 1 1 111 11 1 1 1
0 000 00000 0 0 00 0000000 0 000 00 00

Criticas Internas ao Criticas a Pessoas e Critica a Outros Países Sem Criticas


Partido ou aos Seus Organizações da
Membros Sociedade Civil

Recursos Minerais, Petróleo e Gás


Obras Públicas e Ordenamento do Território
Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social
Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação
Cultura, Turismo e Ambiente
Migrações
Organizações Empresariais e Profissionais
Diplomacia e Relações Internacionais
Cooperação e Solidariedade Internacional
Justiça
Festividades e Solenidades
Todos os Setores de Actividades
total

Fonte: elaboração própria

Página 184 de 422


Nota-se que entre a variável, tom do discurso negativo e tema dominante no
discurso, não existe uma relação estatisticamente aceitável, e portanto, rejeita-se a
hipótese nula. Esta conclusão é baseada no valor da sig. que é de ,065.
Quadro nº 19 Testes qui-quadrado tom do discurso negativo – tema dominante no
discurso
Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 46,096a 33 ,065
Razão de verossimilhança 41,671 33 ,143
Associação Linear por 3,050 1 ,081
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
48 células (100,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,08.
A relação entre as variáveis, tom do discurso positivo cruzada com o tema dominante
no discurso, contraria a abordagem do quadro, indicando um tom do discurso positivo do PR
quando aborda as questões que têm a ver com a diplomacia e relações internacionais, com 10
% das ocorrências, assim como, a cooperação e solidariedade internacional, com 11% do total
das ocorrências dominantes. Nos discursos políticos as duas variáveis frequentemente cruzam
com o autoelogio por parte do Presidente da República, elogios a países e organizações
internacionais e promoção da imagem do país, cenário que prevalece, igualmente, nos
assuntos gerais, com cerca de 3%. No gráfico a percentagem anterior está representada pela
variável todas as áreas e cruza com a variável promoção de iniciativas socioeconómicas e
autoelogio das ações políticas mediatizadas do Governo.

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Gráfico nº 19 Tom do discurso positivo – tema dominante no discurso

7
66

4
33 3 3 3
2 22 2 2 2 2
1 1 1 1 1 11 1 1 11 1 1
00000 0 00000 00 0000 000 000 000000 0 0000 00 0000 000 0 0000 00 00000 0 00000

Auto Elogio das Ações Políticas do Presidente


Promoção de Iniciativas Socioeconómicas
Elogio a Iniciativas de Membros da Comunidade
Elogios a Membros de Algumas Áreas Profissionais (Policias, Médicos e Professores)
Elogio a Justiça No Combate a Corrupção e em Especial a PGR
Elogios a Países e Organizações Internacionais

Fonte: elaboração própria


Olhando para análise da variável, tom do discurso negativo, cruzada com o tema
dominante no discurso, é notória uma relação entre ambas, por isso rejeita-se a hipótese
nula. A relação é indicada no seu valor da sig. que é de ,001.
Quadro nº 20 Testes qui-quadrado tom do discurso positivo – tema dominante no discurso

Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)


Qui-quadrado de Pearson 106,552a 66 ,001
Razão de verossimilhança 63,473 66 ,565
Associação Linear por ,019 1 ,889
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
84 células (100,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,05.
Ainda na vertente do tom dos discursos, as variáveis, tom do discurso neutro
cruzada com o tema dominante no discurso, indicam existir um tom do discurso neutro

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quando o PR aborda as questões que tem a ver com a diplomacia e relações
internacionais, boas práticas de convivência cívica social e política, assim como apela às
boas relações entre os Estados, com 5% das ocorrências cada uma. O encorajamento às
boas práticas também representa 5% das ocorrências. Os recursos minerais, petróleo e
gás, tal como, as migrações também se destacam nesta análise, assim como, a política e
o incentivo ao investimento e à produção nacional.
Gráfico nº 20 Tom do discurso neutro – tema dominante no discurso neutro
Recursos Minerais, Petróleo e Gás
Obras Públicas e Ordenamento do Território
Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social
Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação
Cultura, Turismo e Ambiente
Migrações
Organizações Empresariais e Profissionais
Diplomacia e Relações Internacionais 55 55

2
001100000001 000000000100 000100001000 00001 0 10
2 1000000 010 110000100000

informação Sobre Sensibilização Encorajamento e Encorajamento a Apelo às Boas Incentivo ao


boas Praticas Acerca do Combate Valorização do Boas Práticas de Relações entre Investimento e a
Cívicas (em Relação a Criminalidade Ensino e da Convivência Cívica Estados Produção Nacional
aos Cidadãos, Investigação Social e Políticas
Jovens, ao
Alcoolismo e
Gravidezes
Precoces )

Fonte: elaboração própria


Nota-se que existe estatisticamente uma relação entre a variável, contexto dos
discursos e tema dominante no discurso, por isso rejeita-se a hipótese nula. Esta conclusão
é dependente do valor da sig. que é de ,004.
Quadro nº 21 Testes qui-quadrado tom do discurso neutro – tema dominante no discurso
neutro
Significância Assintótica
Valor gl (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 87,431a 55 ,004
Razão de verossimilhança 56,327 55 ,425
Associação Linear por Linear ,053 1 ,817
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
72 células (100,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,03.
Consequentemente, o outro exercício que se segue é o cruzamento da variável,
Página 187 de 422
cooperação internacional com os principais temas que apoquentam o PR. As variáveis,
cooperação internacional cruzada com a corrupção, indicam existir uma maior
preocupação e apelo à luta contra corrupção, quando o Presidente faz referência aos
assuntos internos, com cerca de 8% das ocorrências do total da análise, seguido dos
discursos feitos na Europa Oriental, com 3% das ocorrências.
Gráfico nº 21 Cooperação internacional – corrupção

União União América SADC e SADC CPLP Europa China- Assuntos Resto do
Europeia Africana do Norte Países Oriental Africa Internos Mundo
Parceiro
s
Sim 1 2 1 0 0 0 3 0 8 1
Não 0 1 2 1 4 6 0 1 3 3

Fonte: elaboração própria


Tendo em conta o teste do qui quadrado, rejeita-se a hipótese nula. Chegou-se a
esta conclusão devido ao do valor da sig. que é inferior a ,05 sendo de ,020.

Página 188 de 422


Quadro nº 22 Testes qui-quadrado cooperação internacional – corrupção
Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de 19,622a 9 ,020
Pearson
Razão de 25,587 9 ,002
verossimilhança
Associação Linear por ,947 1 ,330
Linear
N de Casos 37
Válidos
Fonte: elaboração própria
19 células (95,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,41.
A mesma variável, cooperação internacional cruzada com a impunidade, indica
existir uma maior preocupação e apelo à luta contra a impunidade, quando o PR faz
referência, igualmente, aos assuntos internos, com 8% das ocorrências, seguida dos
pronunciamentos feitos na Europa Oriental, com 3% das ocorrências.
Gráfico nº 22 Cooperação internacional - impunidade

União União América SADC e SADC CPLP Europa China- Assunto Resto
Europei Africana do Países Oriental Africa s do
a Norte Parceiro Internos Mundo
s
Sim 1 2 1 0 0 0 3 0 8 1
Não 0 1 2 1 4 6 0 1 3 3

Fonte: elaboração própria

Página 189 de 422


Depreende-se que do ponto de vista estatístico, existe uma relação entre a variável,
cooperação internacional e impunidade, porquanto, rejeita-se a hipótese nula. Esta relação
tem argumento fundado no valor da sig. que é de ,020.

Quadro nº 23 testes qui-quadrado cooperação internacional - impunidade


Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)
a
Qui-quadrado de 19,622 9 ,020
Pearson
Razão de 25,587 9 ,002
verossimilhança
Associação Linear por ,947 1 ,330
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria

19 células (95,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,43.
Na mesma sequência a variável, cooperação internacional cruzada com a
impunidade, indica existir uma maior preocupação e apelo do PR à luta contra a
impunidade, quase na mesma proporção com as variáveis anteriores, só que, quando se
tratou dos assuntos internos registaram-se apenas 6% das ocorrências do total da análise,
seguida, igualmente, dos discursos feitos na Europa Oriental, com 3% das ocorrências.
Gráfico nº 23 cooperação internacional - nepotismo

União União América SADC e SADC CPLP Europa China- Assunto Resto do
Europeia Africana do Países Oriental Africa s Mundo
Norte Parceiro Internos
s
Sim 1 2 0 0 0 0 3 0 6 1
Não 0 1 3 1 4 6 0 1 5 3

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Fonte: elaboração própria

Olhando para a análise, a variável, tom do discurso negativo cruzada com o tema
dominante no discurso, têm-se estatisticamente uma relação, pelo que, se rejeita a
hipótese nula. A relação existente entre as variáveis funda-se no valor da sig. que é igual
a ,027.
Quadro nº 24 Testes qui-quadrado cooperação internacional - nepotismo

Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)


Qui-quadrado de 18,817a 9 ,027
Pearson
Razão de 24,497 9 ,004
verossimilhança
Associação Linear por ,685 1 ,408
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
19 células (95,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,35.
Com o mesmo propósito, cruzaram-se, igualmente, a variável cooperação
internacional com a fome e pobreza, e nota-se existir uma maior preocupação e apelo à
luta contra a fome, nos discursos do PR sobre os assuntos internos com 7% das
ocorrências do total da análise, na Europa Oriental com 3% das ocorrências e na América
do Norte com 2% das referências. Nesta conformidade, o Chefe de Estado, vem faz varias
vezes apelos a comunidade internacional, mesmo quando os discursos são proferidos no
contexto nacional, como um apelo para que o ajudem a resolver estes aspetos críticos.

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Gráfico nº 24 Cooperação internacional – fome e pobreza

União União Améric SADC e SADC CPLP Europa China- Assunto Resto
Europei African a do Países Oriental Africa s do
a a Norte Parceir Interno Mundo
os s
Sim 1 1 2 0 0 0 3 1 7 1
Não 0 2 1 1 4 6 0 0 4 3

Fonte: elaboração própria.

Quanto ao teste de qui quadrado, existe uma relação estatisticamente significativa


entre a variável, cooperação internacional e fome e a pobreza, na medida em que, rejeita-se a
hipótese nula. Esta decisão baseia-se no valor da sig que é de ,034.
Quadro nº 25 Testes qui-quadrado cooperação internacional – fome e pobreza
Valor gl Significância Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 18,140a 9 ,034
Razão de verossimilhança 24,058 9 ,004
Associação Linear por ,947 1 ,330
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
19 células (95,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,43.
Na senda da melhor compreensão do momento em que o PR mais fala dos assuntos
que tem como bandeira da sua governação, fez-se o cruzamento das variáveis datas
agrupadas, corrupção, impunidade e nepotismo dividindo os três anos em dois grandes
grupos. Verificou-se que, no período compreendido entre 1 de setembro de 2017 e 31 de
dezembro de 2018, existem 9% de ocorrências positivas e no período de 1 de janeiro de 2019
e 31 de janeiro de 2020, notou-se um ligeiro decréscimo de 7% do total das ocorrências. O
PR apresenta a corrupção em Angola como um grande desafio para a sua governação devido
aos efeitos nocivos que provoca ao desenvolvimento humano, por isso, solicitou uma
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atenção especial de toda a sociedade, com maior realce para os detentores do poder político.
Gráfico nº 25 Datas agrupadas - corrupção

1 Setembro 2017 a 31 Dezembro 1 Janeiro 2019 a 31 Janeiro 2020


2018
Sim 9 7
Não 18 3

Fonte: elaboração própria


A análise do cruzamento das variáveis, datas agrupadas e corrupção, indica
estatisticamente a existência de uma certa relação entre elas, rejeita-se a hipótese nula. A
relação é indicada no valor da sig. é de ,046.
Quadro nº 26 Testes qui-quadrado datas agrupadas - corrupção
Significância
Assintótica Sig exacta (2 Sig exacta
Valor gl (Bilateral) lados) (1 lado)
Qui-quadrado de 3,997a 1 ,046
Pearson
Correção de 2,643 1 ,104
continuidadeb
Razão de 4,026 1 ,045
verossimilhança
Teste Exato de Fisher ,067 ,052
Associação Linear por 3,889 1 ,049
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
12 células (93,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,49.
A tabulação cruzada indica que no mesmo período compreendido entre 1 de
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setembro de 2017 e 31 de dezembro de 2018, o PR faz menção, com cerca de 9% das
referências à problemática da impunidade, enquanto que, de 1 de janeiro de 2019 a 31 de
janeiro de 2020, faz apenas menção, com cerca de 7% do total das referências.
Gráfico nº 26 Datas agrupadas - impunidade

1 de Setembro 2017 a 31 Dezembro 1 de Janeiro 2019 a 31 Janeiro 2020


2018
Sim 9 7
Não 18 3

Fonte: elaboração própria

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A análise das variáveis, datas agrupadas e impunidade, indica estatisticamente
uma relação entre elas, rejeita-se a hipótese. Esta relação é indicada com o valor da sig.
que é de ,046.
Quadro nº 27 Testes qui-quadrado data agrupadas - impunidade
Significância
Assintótica Sig exata (2 Sig exata (1
Valor gl (Bilateral) lados) lado)
Qui-quadrado de Pearson 3,997a 1 ,046
Correção de continuidadeb 2,643 1 ,104
Razão de verossimilhança 4,026 1 ,045
Teste Exato de Fisher ,067 ,052
Associação Linear por 3,889 1 ,049
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
12 células (93,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,53.
Ao considerar a tabulação cruzada das variáveis, datas agrupadas e impunidade, nota-se
o seguinte: em relação ao período que vai de 1 de setembro de 2017 a 31 de dezembro de 2018,
o PR faz menção, com cerca de 7% das referências à problemática do nepotismo, já no período
de 1 de janeiro de 2019 a 31 de janeiro de 2020, o Chefe de Estado descreve-o nos seus
discursos, com cerca de 6% do total de referências.
Gráfico nº 27 Datas agrupadas - nepotismo

Setembro 2017 a 31 Dezembro ! Janeiro 2019 a 31 Janeiro 2020


2018
Sim 7 6
Não 20 4

Fonte: elaboração própria

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Tendo em conta a alocação do teste do qui quadrado, rejeita-se a hipótese nula
na relação entre as variáveis datas agrupadas e nepotismo. Esta decisão é retirada do seu
valor da sig. que é inferior a 0,05 sendo de ,054.
Quadro nº 28 Testes qui-quadrado datas agrupadas - nepotismo
Significância
Assintótica Sig exata (2 Sig exata (1
Valor gl (Bilateral) lados) lado)
Qui-quadrado de 3,718a 1 ,054
Pearson
Correção de 2,373 1 ,123
continuidadeb
Razão de 3,609 1 ,057
verossimilhança
Teste Exato de Fisher ,118 ,063
Associação Linear por 3,617 1 ,057
Linear
N de Casos Válidos 37
Fonte: elaboração própria
12 células (93,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,52.
Em relação a tabulação cruzada das variáveis, datas agrupadas e nepotismo, nota-
se o seguinte: em relação ao período que vai de 1 de setembro de 2017 a 31 de dezembro
de 2018, o PR faz menção, a este flagelo com cerca de 7% das referências, no período de
1 de janeiro de 2019 a 31 de janeiro de 2020, apenas notam-se 6 referências a esta
problemática.

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3. Resultados da Análise de Conteúdo dos Discursos Políticos de João Lourenço:
Análise e Discussão
Neste capítulo, discutem-se os principais resultados obtidos, procurando
interpretá-los e relacioná-los com a teoria e a revisão da literatura que sustentam esta
investigação. Este estudo recorreu a análise de conteúdo de discursos políticos e propôs-
se em compreender como é que as principais promessas e intenções políticas mediatizadas
do Presidente da República de Angola, João Lourenço, foram mediatizadas. Mais do que
identificar as promessas e intenções políticas, pretendeu-se acrescentar saber ao
conhecimento sobre os processos comunicacionais, com especial enfoque à comunicação
feita por políticos.
Assim, esta tese propôs-se a responder à seguinte pergunta de partida: como é que
os discursos políticos de João Lourenço, Presidente da República de Angola, se traduzem
em ações políticas mediatizadas do Governo angolano?
Para isso, prosseguiu-se o seguinte objetivo: Examinar as promessas,
representações políticas, ideológicas e valorativas contidas nos discursos políticos de
João Lourenço para a partir delas identificar as principais temáticas e abordagens;
Para cumprir o objetivo acima referido, foram analisados 37 discursos políticos
do PR, a partir dos quais, foram identificas as principais promessas e intenções políticas
do Líder.
3.1. Análise e Discussão dos Resultados dos Discursos Políticos
Os resultados obtidos na análise de conteúdo dos discursos políticos conforme o
exposto no gráfico nº 1 confirmam as principais preocupações levantadas nas
comunicações do PR de Angola, João Lourenço. É elemento facilitador, a discussão
académica e pública sobre o papel dos media na representação de discursos em períodos
de campanha eleitoral, por ser acalorada e contínua. Muita atenção tem sido dada ao papel
da propaganda política tanto na mobilização quanto na desmobilização do eleitorado. Do
exame feito, é possível perceber que a partir dos elementos constantes dos textos das
intervenções políticas feitas entre 2017 e 2020, as datas da pronúncia dos discursos do
PR acentuam o período que vai de 3 de outubro a 31 de dezembro de 2017, bem como o
período referente a 1 de janeiro e 31 de março de 2019, com cerca de 8% como sendo o
espaço em que o PR mais expôs as suas pretensões. Em relação aos temas mais abordados,
nesta época destacam-se a diplomacia e as relações internacionais, assim como, a
cooperação internacional com cerca de 27% das ocorrências. Quando se consideram em

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concreto as datas da pronúncia do discurso, verifica-se que os períodos compreendidos
entre 1 de outubro e 31 de dezembro de 2018 e entre 1 de abril e 30 de junho de 2019
com cerca de 14% cada, do total de mensagens também se destacam. Neste período
verifica-se uma grande manifestação de intenções e promessas do PR, a seguir se
posicionam as datas que vão de 1 de janeiro a 31 de março de 2018, bem como, o período
de 1 de julho a 30 de setembro de 2018, com 16% cada do total dos 37 discursos
pronunciados no período em análise. As datas da pronúncia do discurso simbolizam o
momento e o local identificados como sendo propícios para tais enunciações. A seleção
do local e da data, corresponde aos princípios daquilo que a Teoria da Espiral do Silêncio
apregoa, quando descreve o discurso político como sendo uma enunciação que tem
impacto no sentimento e nas ações das massas.
As ações políticas identificadas a partir dos discursos são centrais para a afirmação
de um novo começo, pois, principiam radicalmente novas atitudes. Foi possível
depreender as origens das ações políticas e a importância da informação contida nos
discursos políticos sobre os assuntos e a atividade política do PR, na medida em que, tais
reflexões permitem ao cidadão tomar decisões sustentadas e racionais. Os discursos
políticos indicam que, João Lourenço se propõe em atingir o desiderato expresso nos
textos, daí as suas preocupações serem alvo deste estudo, porquanto, permitem a adesão
dos cidadãos a uma nova configuração e a uma nova atitude governativa e com regras
(Schuck, Vliegenthart e Vreese, 2014; Cane, 2015; Connelly, 2005; Sebastião e
Lourenço, 2016; Mutsvairo & Karam, 2018; Reyes-Rodríguez, 2008; Salamon; Rosas,
2010).
Parte-se do pressuposto, que as intenções políticas se convertem em ações que
estimulam o envolvimento dos cidadãos. Considera-se que as intenções políticas indicam,
que os cidadãos participam da vida política de forma urbana, étnica e econômica. Nesta
conformidade, o tema dominante no discurso faz referência a vários domínios da vida
política, económica e social do país. As mensagens não têm uma orientação única mesmo
quando são pronunciadas em contextos específicos ou de especialidade. Dentre os
diversos contextos os temas variam em função do fim que João Lourenço se propõe a
alcançar, tanto no contexto interno, como no contexto externo. Da representatividade da
intensidade sociopolítica conforme o gráfico nº 3 nota-se que, 35% dos discursos estão
voltados para o contexto nacional, com cerca de 65% para o internacional. Luanda
destaca-se em relação aos locais da pronúncia dos discursos políticos, com 48% das

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exposições, cerca de 18 discursos. Os principais alvos destes pronunciamentos são: a
comunidade internacional, com 18%, as organizações regionais, com cerca de 16% e o
conjunto de públicos, com 27% do total das ocorrências. A proeminência nos discursos
está relacionado com outros países e organizações internacionais, com cerca de 49% das
ocorrências. Tal situação ocorreu, porque as restrições legais diminuem o papel da
propaganda e maior atenção tem sido dedicada ao papel dos meios de comunicação. As
evidências também são confusas; alguns estudos sugerem que os media desempenham
um papel mobilizador geral, enquanto outros relatam um padrão misto que os distingue
(Jolley e Douglas, 2014; Bratton, Bhavnani e Chen, 2012; Schuck, Vliegenthart e Vreese,
2014).
No domínio da cooperação, conforme ilustra o gráfico nº 4, a preocupação do PR
é especialmente com a CPLP, com cerca de 16% das ocorrências, a SADC, com cerca de
11% das ocorrências, assim como, com a Europa Oriental e Ocidental, com cerca de 8%.
Todas as áreas de intervenção merecem atenção do PR, no entanto, o PR acentua o
estabelecimento da paz em várias regiões do globo, com cerca de 22% das ocorrências
nos discursos, bem como, a educação, a cultura e o turismo, com 8% das ocorrências.
Nesta perspetiva, a literatura mais recente tem sugerido que os media estão a tomar uma
parte ativa na representação pública da política, modelando a agenda do discurso político,
e influenciando com as suas próprias preferências as controvérsias e os debates políticos,
permitindo a divulgação dos programas dos Governos (Salgado, 2012, p. 229).
Os discursos políticos são construídos com base nos conhecimentos
consubstanciados na ideia tradicional do saber, aos quais são associados a crença
verdadeira e justificada que requer esclarecimento e qualificação, assim, as principais
preocupações segundo o quadro nº 5, recaem para justiça social, com 5%, os direitos
humanos, com 4%, a governação inclusiva, com 4%, as finanças públicas, com 4%, os
assuntos da banca, com 3%, o crescimento económico, com 5%, o emprego e
desemprego, com 4%, a defesa, segurança e veteranos da pátria, com 3%, a mobilidade
de cidadãos, com 4% e os conflitos e a paz, com 3% das ocorrências. O Chefe de Estado
João Lourenço considera que geopoliticamente é possível renovar-se de forma
multilateral e imprimir maior dinâmica na cooperação e nas relações internacionais, mas
como defende, as renovações devem ser sustentadas pelos laços de irmandade, língua,
património cultural e mobilidade entre os Estados. Ao analisar-se o contexto dos
discursos, verifica-se uma atitude mais voltada para o âmbito internacional. Parte dos

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discursos do PR foram pronunciados em outras regiões ou países do mundo, numa
perspetiva de efetivação da política de diplomacia económica, visando persuadir os
investidores estrangeiros a instalarem-se em Angola. (Cull, 2009; García-Orosa, 2018;
Resende, 2018; Alves, 2016; Cardina, 2016; Reyes-Rodríguez, 2008; Fonseca & Ferreira,
2016; Salgado, 2005, p. 86). Em termos mais específicos do conjunto de comunicações
e da representatividade da intensidade sociopolítica e até mesmo político-ideológica, 35%
dos 37 discursos estão voltados para o contexto nacional e cerca de 65% têm uma
acentuação internacional. Aos media enquanto meios que facilitam a maior penetração
política dos governos, devido ao imediatismo e a disponibilidade, continuam associadas
às fortes raízes locais e por isso, facilitam a compreensão do contexto dos discursos
políticos (Nicholas, 2003; Bailey, Sigelman & Wilcox, 2003; Cull, 2009; Lopes e Espírito
Santo, 2016; Mendoza & Cabrera, 2017).
Os discursos são capazes de sustentar a explanação dos problemas sociais
particulares, com base no uso da linguagem, porque a linguagem mantém um tipo especial
de relação com outros elementos sociais. O discurso político é uma instância textual que
visa não somente a sua capacidade referencial, mas as escolhas efetuadas pelo autor do
discurso, localizando nessas escolhas as forças que operam na representação do mundo e
da sociedade. No campo do comportamento político e intenção política, os cidadãos
tendem a perceber o seu candidato de forma favorável e as declarações e posições do
candidato são assumidas como favoráveis no seu próprio ponto de vista (Kassarjian,
1963; Alves, 2016; Resende, 2018).
Ressaltam-se em termos de local onde os discursos foram feitos, tal como ilustra
o gráfico nº 4, a nível nacional um número elevado na capital do país, mas também uma
quantidade considerável de pronunciamentos feitos de uma forma isolada em diferentes
capitais de outros Estados distribuídos pelos diferentes continentes do mundo. Um dos
indicadores que se destacou na análise, como já fizemos referência, tem a ver com o local
onde foram pronunciados mais de 48% dos discursos, a província de Luanda com cerca
de 18 discursos com pendor político-ideológico e até temáticos em função das diferentes
abordagens que se impunham. Na vertente externa existe uma dispersão por vários países,
com destaque para aqueles onde João Lourenço se viu obrigado a falar mais de uma vez,
com ênfase para Africa do Sul, Estados Unidos da América, Portugal e Rússia, com cerca
de 5% das ocorrências cada um. Nesta conformidade, todas as representações do mundo
e do que nele ocorre, sejam elas mais ou menos abstratas, devem ser interpretadas como

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representações (ou recontextualizações) de práticas sociais, sem levar em conta o lugar
onde as mesmas são expressadas. (Figueiredo & Bonini, 2017; Espírito Santo, 2006;
Espírito Santo; 2010; Okoro, 2013; Kondowe, 2014).
Para fundamentar as intenções políticas é necessário compreender o
comportamento do individuo localmente. Segundo os fundamentos da Teoria da Ação
Racional é possível notar que a maioria dos comportamentos humanos socialmente
relevantes estão sob o controlo evolutivo de um determinado indivíduo ou grupo de
indivíduos geograficamente localizados e, como resultado, desse controlo, o objetivo
mais direto dos cidadãos traduz-se na intenção de engajar-se no comportamento que
melhor satisfaz, quando identificado nas intenções políticas e atitudes de seu interesse
(Vaske e Donnelly, 1999, p. 527)
A acentuação é notória para os representantes dos cidadãos e dos públicos cujos
apelos são frequentemente reiterados, à comunidade internacional e às organizações
regionais e internacionais. Relativamente ao que se destaca ou sobressai dos principais
temas dos discursos, considerando as caraterísticas político-intelectuais, de riqueza ou
poder político nas mensagens de João Lourenço ressalta no centro o país, como indica o
gráfico nº 5, com foco para os governos locais, com cerca de 8%, representantes de
cidadãos e públicos, com cerca de 14%, comunidade internacional, com 19%,
organizações regionais, com cerca de 16% e conjunto de públicos, com cerca de 27% do
total de ocorrências. Neste sentido, existe a questão da identidade social pela necessidade
de ser reconhecido pelos outros. Isto sustenta a legitimidade, de que depende a atuação
do PR nos domínios do poder. Daí a necessidade de as promessas políticas atuarem como
dispositivos estratégicos para atingir objetivos em diferentes arenas. Existe a arena interna
do partido que suporta a sua candidatura, onde as promessas mantêm-se e especificam a
ideologia geral; existe a arena parlamentar onde eles servem como base para as políticas
futuras, bem como, para negociação (Hakansson & Naurin, 2014; Costa, 2018,).
O PR João Lourenço primou, logo de início, pelo envolvimento de todos num
processo que, não devia excluir a participação de ninguém, daí a proeminência nos seus
discursos das figuras, instituições, Estados e organizações. Os apelos constantes aos
cidadãos, à comunidade internacional, à outras organizações justificam-se pelo fato da
política angolana do pós-guerra e a vida pública que, na sua ótica, exibiam resistência e
protestos não estarem alinhadas com a suas intenções. Nos seus discursos, o PR exalta o
país, os líderes de partidos políticos, os membros da sociedade, os protagonistas

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económicos e os países e as organizações internacionais. Em síntese, do ponto de vista da
proeminência na mensagem, nota-se um grande enfoque nas questões que dependem
direta ou indiretamente de outros países e organizações internacionais, (ver gráfico nº 6,
com cerca de 49%, o apelo aos membros da sociedade em geral obteve cerca de 19%).
Apesar de a análise apresentar o apelo aos países e aos protagonistas em terceira posição,
na prática é fundamentalmente a estes que o PR mais se dirige. As demais invocações
estão relacionadas com o incentivo ao empreendedorismo nacional e estrangeiro, à
solidariedade e cooperação, assim como à criação de condições para o desenvolvimento
do país, sendo que os protagonistas económicos posicionam-se logo a seguir, com cerca
de 14 % do total das ocorrências. O Governo angolano sempre tentou indicar que os seus
propósitos políticos eram ir buscar eficácia decisória à execução das ações políticas, que
tiveram o objetivo de responder às demandas e desafios do país (Faria, 2013; Stevenson,
2018; Ntoni-Nzinga, 2005; Ruigrok, 2010; Belchior, Sanches & Matias, 2016).
Nota-se, de igual modo, que a proeminência do PR deriva das suas próprias
intenções políticas, estas têm importância no discurso político, porque os cidadãos
parecem ter motivos favoráveis para mudanças (Jolley & Douglas, 2014, p. 37).
À medida que se analisam os discursos vai ressaltando a tendência de na, fase das
suas pronúncias, a competição política ter cedido espaço à consolidação do poder obtido
nas urnas, passada que estava a fase político-eleitoral, ou seja, os argumentos estavam
mais relacionados com o sistema de gestão da máquina administrativa, daí a tendência de
em 86% dos discursos se ter notado um tom indiferenciado. Quando o PR de Angola faz
menção aos partidos políticos fá-lo na generalidade somando, como ilustra o gráfico nº 7,
no estudo 10% das ocorrências e 2,5% de crítica à UNITA (maior partido na oposição).
Em Angola existe uma convivência pacifica entre os partidos políticos o que tem
permitido que se coloquem novos desafios aos cidadãos a nível das opções políticas. Tal
convivência pacífica entre os partidos políticos deu-se com o fim da discórdia em 2002.
Os desafios são a nível da transparência e da boa governação, e também da participação
efetiva dos diferentes partidos e da sociedade civil na vida do país. Apesar de o Chefe de
Estado ter feito pouca referência aos partidos políticos, Angola é oficialmente, uma
República multipartidária. (Ferreira,2002, Albino, Tavares & Pacheco, 2016; CRA, 2010;
Cunha & Araújo, 2018).

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As promessas discursivas oferecem artifícios no sentido de agradar ao público,
seduzindo-o com as suas projeções e mensagens, com as quais os indivíduos são
convidados a identificarem-se (Calazans, 2021; Hakansson & Naurin, 2014; Mari, 1998).
No domínio da cooperação internacional, as principais preocupações políticas do
PR condensam-se nos aspetos que promovem a cooperação entre os Estados. O Chefe de
Estado pretende, conjuntamente com outros Estados, ver solucionados os problemas
pendentes nas comunidades regionais de que Angola é parte. O PR também considera que
o reforço dos laços históricos e de amizade entre os Estados, promove a democratização
das regiões e, quer assumir um papel diretor nos principais projetos internacionais no
continente africano. João Lourenço é a favor da resolução conjunta dos conflitos armados.
Na arena internacional, o PR pretende manter os feitos alcançados. Ao observarmos os
resultados é notória a preocupação do PR com a CPLP, com cerca de 16% das
ocorrências, da SADC, com cerca de 11% das ocorrências, as relações com a Europa
Oriental que indica 8% das ocorrências gerais e na mesma proporção aparecem a União
Africana e América do Norte, ambas com 8% cada das ocorrências (ver gráfico nº 8).
Relativamente aos assuntos internos, referia-se a tais disposições, mesmo quando
estivesse perante situações de abrangência internacional, ou com caráter de cooperação e
relações internacionais, ainda assim, a ênfase era feita no sentido de se investir nas
fragilidades internas do país. Em relação à cooperação internacional, apesar de Wanda
(2017, pp.2-3), considerar que alguns países da União Europeia e os Estados Unidos da
América fugiram as suas responsabilidades em relação a Angola, tendo como argumento
o fato de que Angola ser um país rico em petróleo e diamantes, e, portanto não havia
necessidade de organizar-se uma conferência de doadores para ajudar a reconstruir o país.
Com este constrangimento, os angolanos procuraram desenvolver parcerias com países
como o Brasil, a Rússia e a China, mas também com países da União Europeia, América
do Norte e do Sul, que se pautaram pelos pilares da Cooperação Sul-Sul (CSS), com
especial ênfase para o respeito à soberania e à não ingerência nos assuntos
governamentais. (Wanda, 2017; Gaio, 2018; Rodrigues, 2013; Ferreira, 2005; Alves,
2013).
Quanto às áreas em que se propôs em intervir, conforme o gráfico nº 9, o Chefe
de Estado faz menção a todas as áreas de atividade do país, apresenta a necessidade de
desconcentrar-se e descentralizar o país, através da implementação das autarquias locais
e propõe a criação de condições para o estabelecimento da paz noutros países. João

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Lourenço preocupa-se, igualmente, com a livre circulação dos cidadãos e bens, quer
atingir a excelência no Ensino Superior, na mesma proporção que sugere combater a
proliferação de instituições ilegais de ensino e a inversão dos valores atuais.
Relativamente as áreas de intervenção, existe uma atenção em geral, daí que, cerca 45%
das ocorrências nos discursos estavam voltados para todas as áreas. O estabelecimento da
paz em várias regiões do globo faz parte dos apelos do Chefe de Estado, com cerca de
22% das ocorrências nos discursos seguindo-se, igualmente, a preocupação com a
educação, cultura e turismo com 8% das ocorrências. Da análise feita, nota-se que
associam-se as preocupações do PR, as questões relacionadas com a pobreza,
perturbações políticas, instabilidade económica, ruturas sociais e culturais, que
contribuíram para um aumento da exclusão da população do sistema social. Algumas
preocupações são acentuadas porque o direcionamento dos recursos nacionais para
sustentar o desenvolvimento social, na perspetiva de acabar com o crescimento rápido e
desordenado das cidades e com o nascimento de grandes musseques, na periferia dos
centros urbanos, são insuficientes e sem sustentabilidade. Outra preocupação de
intervenção é a migração de um grande número de jovens das zonas rurais para áreas
urbanas, em busca de emprego. O setor habitacional é também uma das áreas sociais por
intervir (Ruigrok, 2010; Belchior, Sanches e Matias, 2016; Ntoni-Nzinga, 2005; Gaio,
2018; Rodrigues, 2013; Chocolate, 2016; Oliveira, 2013).
Ao analisar o tom do discurso do PR, nota-se através do gráfico nº 10, tom
positivo, conforme a percentagem das ocorrências nos discursos (cerca de 62%). O Chefe
de Estado assume uma postura neutra, com mais de 10% das ocorrências discursivas. A
mensagem é dirigida a um país com instituições fracas, onde os direitos civis são
reduzidos e o padrão de vida é baixo. Nos seus discursos, o Chefe de Estado mostra
interesse no reencontro com a sociedade civil e a Comunidade Internacional, apesar de a
primeira continuar a ter e ser uma força pública fraca. Há, no entanto, um tom de abertura
ao espaço público que permite o surgimento da sociedade civil. O PR sustenta a sua
explanação sobre os problemas sociais numa perspetiva essencialmente positiva. Em
relação à forma ou grau de elevação do tom de voz nos momentos da exposição das suas
mensagens, assim como na produção e estruturação das palavras e das frases, nota-se, na
maior parte dos discursos uma linguagem conciliadora, apaziguadora e diplomática,
mesmo quando exigente (McMillan (2005; Resende, 2018; Charaudeau, 2002).

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O caso angolano requer uma atenção particular pelo défice democrático que vive,
uma situação que é comum em países periféricos, assim como em alguns países
industrializados, onde as elites nacionais corrompem e abalam a legitimidade de todo o
sistema político. Das principais preocupações do PR de Angola, existem aspetos críticos
na vida do país relacionados com a fraca ligação entre as diferentes áreas do Estado, uma
governação sem a participação dos governados, uma democracia débil, um
relacionamento preferencial com os demais Estados do mundo, ausência do poder local,
limitações ao direito de expressão e comunicação, debilidades nos transportes públicos,
na economia, nas contas públicas e nos setores da defesa e segurança.
Angola é um Estado moderno pós-burocrático, e, por isso, deve resolver os
problemas da pobreza, da corrupção, do nepotismo, da justiça, da habitação, da educação,
da saúde e da exclusão social como problemas de toda a sociedade, pois são um fenómeno
multifacetado e multissectorial, com uma forte dimensão política (Benomar, 2018; Sogge,
2009; Sousa, 2002; Fonseca & Ferreira, 2016; Santos, 2017; Faria, 2013; Gaio, 2017;
Pearce, Péclard & Oliveira, 2018, p. 3; Stevenson, 2018).

3.2. Análise e Discussão das Principais Tendências


Na secção que se segue, descrevem-se os resultados das principais tendências que
se observam nos discursos políticos de João Lourenço, PR de Angola. Relativamente aos
aspetos que selecionamos como sendo críticos, a partir dos discursos do PR de Angola,
baseados nos resultados da análise de variáveis de escolhas múltiplas, sobressaem quatro
classes de variáveis com padrões semelhantes de atitudes políticas, sociais e
comportamentais dos cidadãos, numa média de 16 citações no conjunto dos 37 discursos
políticos analisados. Conforme ilustra o quadro nº 5, a corrupção, a impunidade, a fome
e a pobreza representam cada uma, cerca de 26% do total de ocorrências, enquanto que o
nepotismo é referenciado, com cerca de 23% das ocorrências. Em Angola, em particular,
têm sido adotadas medidas e implementadas algumas práticas com o objetivo de combater
a corrupção. A publicação pela imprensa dos desacertos das políticas económicas, da crise
económica internacional, da corrupção que passou a ser investigada com a chegada de
João Lourenço, e o agudizar dos conflitos políticos que têm especial relação com os
problemas económicos e, sobretudo, com o desvendamento e institucionalização da
corrupção no Estado angolano e as reações ao seu combate, produziram um quadro de
crise política, económica e, especialmente de fundo ético, a crise da impunidade. A

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impunidade é frequentemente vista como uma pré-condição para a paz, na medida em
que, se pede às vítimas que esqueçam o passado e sigam em frente (Pereira, 2003;
Martins, 2014; Oliveira, 2004; Ellis, 2006; Endo, 2016; Valadares & outros, 2012).
Ao chegar ao poder, o Chefe de Estado prometeu uma série de reformas com vista
à modernização do aparelho do Estado. Essas reformas passam pelas alterações as
estruturas políticas, económicas, administrativas e sociais do Estado. No entanto, o
combate à corrupção é um grande desafio para a governação. Outro aspeto crítico
identificado nos discursos políticos é a impunidade. O que se observa é que os corruptores
escapam incólumes e a impunidade continua presente (Dutrénit-Bielous e Ramírez-
Rivera, 2019; Oliveira, 2004; Martins, 2014; Pereira, 2003). Partindo das contribuições
de Rodrigues (2012, p. 203), observa-se que o nepotismo é um tema recorrente na cultura
administrativa angolana e na própria sociedade.
As ocorrências dos aspetos da democracia extraídos através da análise efetuada
apresentam semelhanças com a forma como o PR aborda os mesmos assuntos. Os
resultados obtidos, através da análise temática dos seus discursos políticos, conforme o
quadro nº 6, evidenciam que a consolidação da democracia é uma preocupação constante
de João Lourenço, e, nota-se igualmente nos resultados, que a consolidação da
democracia e a governação inclusiva são abordadas na mesma proporção, com cerca de
20% cada uma das ocorrências totais, seguidas dos direitos humanos, com cerca de 20%
das ocorrências, a sociedade civil, as organizações e as personalidades políticas, com
cerca de 10%. No que se refere aos aspetos democráticos, o PR enfatiza a importância
das autarquias e do poder local, pois, permitem ao Estado desempenhar as suas funções
por meio de outras pessoas jurídicas. A discussão do processo democrático, em Angola,
começou com a Segunda República (1991-2010), com a aprovação de uma nova Lei
Constitucional em 1991, Lei nº. 12/91, que assegurava que Angola era um Estado
Democrático de Direito e consagrava a democracia multipartidária, as garantias dos
direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o sistema económico de mercado. Este
processo definiu que o poder emanava do povo, assim como previa a escolha dos seus
representantes por intermédio de eleições por sufrágio universal (Lei Constitucional, Lei
nº. 12/91; Schubert, 2013; Morais, 2012; Silva, 2008; Pato & Pereira, 2013; Fontoura &
Fernandes, 2015; Camarinha, Ribeiro & Graça, 2015; Dias e Sarrico, 2008).
Schubert (2013, p. 2) sublinha que Angola partiu de um sistema político Marxista,
que tinha herdado, em que se controlava ativamente todos os órgãos do país. Os

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funcionários do Estado eram administrativa e burocraticamente vigiados com atos de
violência política, em que os membros da oposição eram frequentemente perseguidos ou
presos.
Com o intuito de repor a capacidade financeira dos cidadãos, fruto das sucessivas
crises que o país vinha enfrentando, e repatriar o capital ilicitamente retirado do país para
equilibrar as finanças públicas e a balança de pagamentos, os aspetos financeiros, também
transformaram-se numa constante nos discursos políticos do PR de Angola. João
Lourenço apresenta preocupação com as finanças públicas, com cerca de 35% do total de
ocorrências (ver quadro nº 7). Inquietam ainda o PR os assuntos relacionados com a
banca, com cerca de 28% das ocorrências, fundamentalmente, no que concerne à
concessão de créditos às empresas e às famílias e ao repatriamento de capitais e
recuperação de ativos ilicitamente transferidos para o exterior do país. Apesar de, em
termos nominais, Angola ter registado um aumento relacionado com o imposto não
petrolífero o que acrescentou, nos 15 anos subsequentes a 2002, a receita tributária
nominal em 30 vezes, no contexto geral, o problema foi que, essas receitas, durante o
período 2002 – 2017, foram mais utilizadas para beneficiar interesses particulares em
detrimento do interesse comum (Fjeldstada, Orrea & Paulo, 2020, p. 3). Ainda que
Angola tenha experimentado um crescimento económico muito alto, tendo o Produto
Interno Bruto (PIB) aumentado de 405 bilhões de kwanzas para 20. 262 bilhões,
equivalentes a um aumento nominal de 50 vezes, durante este período verificou-se a falta
de distribuição ou planeamento dos recursos. Esta tendência não pode ser apenas
imputada à incapacidade ou à ineficiência do Estado, pois fazia parte de uma estratégia
de concentração dos benefícios dessa riqueza nas mãos das elites ligadas ao poder.
(Alencastro, 2020; Muniz, 2017).
Ao abordar as ações de crescimento económico e desenvolvimento de Angola, o
PR, João Lourenço, augura um crescimento económico sustentado, com cerca de 26%
das ocorrências nos discursos políticos (ver quadro nº 8). Dos resultados constantes do
trabalho, verifica-se que o empreendedorismo e o investimento estrangeiro representam
16% das ocorrências, o PR quer que se promovam mais as exportações fora do setor
petrolífero e diamantífero, com cerca de 14% das ocorrências, e, deseja conceder crédito
às grandes empresas e estimular o empreendedorismo e o investimento nacional, com
cerca de 12% de ocorrências. As preocupações também estão relacionadas com as
questões de emprego e desemprego que têm provocado muitas convulsões sociais, os

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transportes públicos que são insuficientes, as redes viárias e ferroviárias degradadas. Com
o crescimento acelerado dos setores das finanças e da banca, originado pelo aumento do
preço do petróleo e consequentemente a melhoria na articulação e nas comunicações
bancarias dentro do sistema internacional, Angola passou a ocupar um lugar cimeiro em
África; entretanto, viria a notar-se um retrocesso, a partir de 2014, depois da reconstrução
pós-guerra civil (Fjeldstada, Orrea e Paulo, 2020, p. 2; Ovadia, 2013, p. 35).
A análise da política económica de desenvolvimento de Angola sempre teve em
conta a procura de matérias-primas no mercado internacional. Devido ao facto de o país
contar nessa altura com um sistema fiscal não petrolífero obsoleto, ineficiente,
excessivamente complexo por vezes baseado em leis que datavam da época colonial, não
era possível absorver os recursos provenientes da venda de matérias primas para o
desenvolvimento do Estado (Жанго, 2018; Fjeldstada, Orrea & Paulo, 2020; Mendes &
Tian, 2010; Alencastro, 2020; Ferreira & Oliveira, 2018). O retrocesso deveu-se ao fato
de em termos nominais, Angola ter registado um aumento relacionado com o imposto não
petrolífero, mas sem benefícios notáveis para os cidadãos (Fjeldstada, Orrea e Paulo,
2020, p. 3). A alteração de algumas medidas e ações no Governo de João Lourenço,
estavam relacionadas com a melhoria da eficiência da estrutura institucional, mormente
com o fim da morosidade na emissão e concessão de licenças para o exercício da atividade
empresarial; com maior concessão de crédito as pequenas e médias empresas, com a
criação de um programa de diversificação dos investimentos e o desenho de uma política
voltada para o desenvolvimento da ciência com estímulo às inovações. As medidas
passaram também pela retirada das barreiras semelhantes ás dos anteriores regimes que
Angola teve, as quais denotaram um envolvimento institucional em estratégias de
acumulação de capital pelas elites, a fim de manter o status quo e aprofundar a
concentração interna do poder e da riqueza. No quadro nº 9, nota-se que o emprego e o
desemprego são a maior preocupação nos discursos políticos de João Lourenço, com
cerca de 40% das ocorrências, a indústria, com cerca de 25% das ocorrências e a
agricultura, com cerca de 22%. O problema de Angola, durante este período, esteve na
falta de distribuição ou planeamento dos recursos utilizados (Жанго, 2018, p. 89;
Alencastro, 2020, p. 135).
Da abordagem dos temas frequentes, nota-se que os aspetos relacionados com a
defesa, segurança educação, tribunais e outros órgãos de justiça se integram nos
elementos mais ressaltados, porque o PR considera que os temas de eleição da sua

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governação como o combate a corrupção, a impunidade e o nepotismo só podem ser
alcançados se estes setores forem fortalecidos. As tendências apuradas revelam a
importância que o PR atribui à defesa nacional, segurança e veteranos da pátria, com
cerca de 29% do total das ocorrências. A aposta na educação representa cerca de 26% do
total das ocorrências, a saúde é outro setor no qual o PR quer apostar, com 18% das
ocorrências, assim como nos tribunais e outros órgãos de justiça. Sustenta-se as intenções
do PR, com a preocupação de traçar-se uma estratégia de desenvolvimento social, criando
programas de luta contra a pobreza e a exclusão social, favorecer a prática da justiça social
e do sistema de justiça no seu todo, prevenindo e combatendo o crime, principalmente,
os crimes económicos, favorecendo o papel e o trabalho da Procuradoria-Geral da
República (Lopes, 2002; Sousa, 2002; Barros, 2014; Nascimento, 2002; Alves, 2013;
Ferreira, 2002).
Os desafios sociais depois do fim da discórdia em Angola, em 2002, deviam
permitir o alcance da estabilidade a nível da transparência, da boa governação, da
participação efetiva dos diferentes partidos e da sociedade civil. Em termos de educação
e saúde, registaram-se outros problemas sociais candentes e houve poucas aplicações
financeiras nestes sectores. A falta de aplicação de recursos indica que o investimento no
capital humano foi exíguo (Lopes, 2002; Ferreira, 2002).
Apesar de Angola ser um país produtor líder em termos de recursos naturais, o
país tem uma população que vive maioritariamente em condições de pobreza, devido ao
reflexo das fragilidades de um Estado possuidor de recursos naturais, mas com práticas
sociais preocupantes. Com base em algumas variáveis sociodemográficas podemos
completar o entendimento sobre a preocupação de João Lourenço relativamente a estes
aspetos da sua governação. O quadro nº 10 indica que as questões relacionadas com a
justiça social apresentam, cerca de 31% das ocorrências, a mobilidade de cidadãos indica,
cerca de 22% das ocorrências, as questões de conflitos e paz, com cerca de 20% e as
questões de género com 10% da totalidade das ocorrências. O Presidente quer ver estes
aspetos melhorados. É assim que, continuam, igualmente, na agenda política do Chefe de
Estado a questão da mobilidade interna e externa de cidadãos, a imigração ilegal, as
questões de género, justiça social e a resolução de conflitos. A serem melhorados os
elementos anteriores, poderá ter-se um clima de abertura e transparência nas relações
sociais e na consolidação das liberdades civis, liberdade de expressão e autorrealização,
fundamentais para a construção de um Estado Democrático e de Direito. Parece ser

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consensual, igualmente, que o país precisa de uma oferta de transportes coletivos (Santos,
2015; Valadares & outros, 2012; Pereira, 2002; Lopes, 2010; Neto, 2016).
3.3. Análise e Discussão dos Temas Centrais
Com o intuito de medir a relação entre as variáveis analisadas fizemos um
cruzamento da data com os temas dominantes nos discursos, para perceber em cada
contexto quais são os assuntos mais abordados. A tabulação cruzada, conforme o gráfico
nº 11, permitiu compreender a relação existente entre as duas variáveis, observando deste
modo uma série de dados “ocultos” que são úteis para entender os resultados da análise.
A análise efetuada indica que, o PR, nos seus discursos, aborda com frequência a questão
da diplomacia e relações internacionais e o faz sempre no contexto internacional.
Com o mesmo intuito de medir a relação entre as variáveis, contexto do discurso
com os temas dominantes, fez-se um cruzamento dos dados conforme se pode verificar
no gráfico nº 12. A partir da tabulação cruzada verifica-se que a democratização do país
é uma das áreas que o PR quer dinamizar. O PR também pretende investir nos assuntos
internacionais e motivar mais a participação dos cidadãos nas políticas internas. Uma
tendência que é verificada nas pesquisas científicas que esclarecem o impacto que as
promessas políticas tiveram na formação de regimes e no encerramento dos respetivos
sistemas políticos (Cane, 2015; Santos, 2001; Bernardes, 2015).
Com as variáveis, data da pronúncia do discurso e cooperação internacional,
identificaram-se especificamente, duas variáveis chaves do estudo. Ao cruzar a data da
pronúncia do discurso e a cooperação internacional, pretende-se evidenciar a tendência
de Angola ter procurado posicionar-se como um Estado equilibrado e um país próspero
em África, exercendo influência na estabilidade da região. O cruzamento no gráfico nº 13
indica que durante os 10 trimestres o PR fez referência à cooperação internacional com
os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, com cerca de 6 ocorrências,
com a União Europeia e resto da Europa 5 vezes, com a Comunidade de Desenvolvimento
da Africa Austral (SADC) 4 vezes, com América do Norte 3 vezes e com a União
Africana 3 vezes. A preocupação com as relações internacionais e a cooperação, é
amplamente discutida e tem acolhimento nas teorias e estudos sobre a forma como os
Estados devem se posicionar e relacionar-se com outros países fronteiriços e parceiros
internacionais. (Ferreira, 2005; Alves, 2013).
Fazendo uma leitura do cruzamento das variáveis, tom do discurso com os
partidos políticos verifica-se que a tabulação cruzada entre estas duas variáveis indica que

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nas abordagens do PR, apesar de o fazer sempre num tom positivo, mostra-se indiferente
em relação à posição que os partidos políticos tomam na cena político-social. O mesmo
também se verifica quando toma uma posição neutra ou negativa. Apesar da indiferença
do Chefe de Estado, não se pode ignorar o seu tom quando se dirige aos partidos políticos.
Cruzando as variáveis, tom do discurso com os partidos políticos, sobressai uma posição
do PR positiva com um total de 23% das frequências analisadas, fundamentalmente
quando se refere às principais áreas de atuação do Governo. No entanto, quando se olha
para os aspetos legais e estudos de opinião, o PR é visto como um político que adota um
tom neutro, quando se refere às questões tendentes ao estabelecimento da paz (Lei
Constitucional, 1992; Cunha & Araújo, 2018).
Na análise dos discursos cruzaram-se as variáveis, tema dominante no discurso e
tom do discurso negativo, a partir do qual foi possível perceber a posição do Chefe de
Estado. Uma posição, maioritariamente, voltada para a cooperação e solidariedade
internacional, com um total de 11% das ocorrências nos discursos políticos, seguido da
diplomacia e relações internacionais, com 10% do total das ocorrências analisadas.
Somam-se todos os outros setores com 3% e justiça, migrações e recursos minerais e
petróleo com 2% cada uma. A partir dos dados cruzados é possível notar que, estas
tendências enquadram-se nas formulações, verificadas nos estudos que colocam as
preocupações da governação nas questões gerais (todas as áreas) ou na necessidade de
estabelecimento de paz em certas regiões do mundo (Benomar, 2018; Pearce, Péclard e
Oliveira, 2018; Nicholas, 2003; Bailey, Sigelman e Wilcox, 2003).
O processo de consolidação da democracia apresenta-se, nos discursos, como uma
das ações prioritárias na governação de João Lourenço. Para compreender em que áreas
mais quer consolidar a democracia, cruzámos as duas variáveis. A intenção de
descentralizar o país, com a implementação de autarquias locais, demonstra esta ação. A
componente de análise que se centra nas variáveis, consolidação da democracia cruzadas
com as áreas de intervenção, conforme ilustra o gráfico nº 16, indica que João Lourenço
faz um acento tónico voltado para todas as áreas de intervenção governativa, com 25%
do total das ocorrências nos discursos políticos, imediatamente, seguido pelo conjunto
das questões, com 13% das ocorrências e estabelecimento da paz, com 8% das
ocorrências. Na perspetiva dos estudos teóricos, o processo de consolidação da
democracia apresenta-se, nos discursos, como uma das ações prioritárias da governação
(Fontoura e Fernandes, 2015; Silva, 2008; Pato & Pereira (2013).

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Com o propósito de identificar em que áreas de intervenção João Lourenço fala
mais dos direitos humanos, cruzámos as duas variáveis nesta análise. Existem elementos
democráticos por implementar, como é o caso da descentralização, efetivação das
autarquias locais, bem como de outros elementos por consolidar, como por exemplo, os
Direitos Fundamentais. No tocante à componente que se centra nas variáveis, direitos
humanos cruzada com as áreas de intervenção, a análise no gráfico nº 17 indica que o PR
pretende ver as questões relacionadas com os direitos humanos vingarem em todas as
áreas de atuação do Governo (13%). Em relação ao estabelecimento da paz em todas as
regiões de que Angola é parte, também existe uma acentuação na tabulação cruzada (7%).
O cruzamento das variáveis tom do discurso negativo com o tema dominante no
discurso, indica haver uma abordagem num tom do discurso negativo por parte do PR,
quando faz referência às questões que têm a ver com a diplomacia e as relações
internacionais, com 10 % das ocorrências totais (ver gráfico nº 16), no entanto, ele adota
esta postura quando se refere às pessoas, organizações internacionais ou outros países,
assim como, em relação à cooperação e solidariedade internacional (11%).
As variáveis, tom do discurso positivo cruzada com o tema dominante no discurso,
contraria a abordagem anterior, indicando um tom do discurso positivo do PR, quando
aborda às questões que têm a ver com a diplomacia e relações internacionais, com 10 %
das ocorrências (ver gráfico nº 15), assim como, a cooperação e solidariedade
internacional (11%). Nos discursos políticos as duas variáveis cruzam-se com o
autoelogio das ações políticas do Presidente, elogios a países e organizações
internacionais e promoção da imagem do país. Este panorama prevalece nos assuntos
gerais, com cerca de 3%. A percentagem anterior está representada pela variável todas as
áreas e cruza com a variável promoção de iniciativas socioeconómicas e autoelogio das
ações políticas do Presidente.
Ainda, na vertente dos tons dos discursos as variáveis, tom do discurso neutro
cruzada com o tema dominante no discurso, indicam existir um tom do discurso neutro
quando o PR, aborda as questões que têm a ver com a diplomacia e relações
internacionais, quando cruzada com o encorajamento a boas práticas de convivência
cívica, social e política, assim como o apelo às boas relações entre os Estados, com 5
ocorrências cada. Os recursos minerais, petróleo e gás, assim como, as migrações também
se destacam nesta análise no cruzamento com o encorajamento às boas práticas de
convivência cívica social e política e ao incentivo ao investimento e à produção nacional.

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Esta tendência teve a ver com a compreensão do Governo sobre a necessidade de traçar-
se uma estratégia económica, que incorporasse medidas para ajudar a diversificar a
economia, melhorando o ambiente de negócios e recuperando o setor dos petróleos e gás,
a partir de setembro de 2017 (Benomar, 2018; Pearce, Péclard & Oliveira, 2018).
O exercício que se segue é o cruzamento da variável, cooperação internacional
com os principais temas que apoquentam o PR. O cruzamento das variáveis, cooperação
internacional com a corrupção, indica existir uma maior preocupação e apelo a luta contra
corrupção quando o PR faz referência aos assuntos internos, com 8 ocorrências do total
da análise seguido dos pronunciamentos feitos na Europa Oriental, com 3 ocorrências
(ver gráfico nº 21). Para Angola, a cooperação internacional sempre foi vista como uma
forma de desenvolver ações político-diplomáticas e reforçar a sua participação nas
organizações regionais e internacionais; por conseguinte, o PR tem indicado o seu
empenho na resolução dos conflitos armados que ainda grassam no mundo. Assim, a
diplomacia deve prestar atenção às questões relacionadas com a Paz noutros continentes,
o que justifica o interesse que o Governo tem em indicar a sua desconformidade em
relação a corrupção. Em Angola, particularmente, têm sido adotadas medidas e
implementadas algumas práticas com o objetivo de combater a corrupção, embora o ideal
seja eliminá-la (Alves, 2013; Oliveira, 2004).
A mesma variável, cooperação internacional cruzada com a impunidade, indica
existir uma maior preocupação e apelo a luta contra a impunidade, quando o Presidente
faz referência aos assuntos internos, com 8 ocorrências do total da análise seguida dos
pronunciamentos feitos na Europa Oriental, com 3 ocorrências. Tais ações justificam a
intolerância social crescente em relação à impunidade que sempre beneficiou as elites
angolanas, que nunca esteve ao alcance das leis, exceto as que tinham como vítimas,
funcionários insignificantes. A governação em Angola nunca foi muito eficaz nem
legitima e o fracasso sempre deveu-se às elites domésticas, à sua ganância, as práticas
clientelistas e disputas tribais, que desencorajavam as formas sérias de regulação pública,
implantando a impunidade (Marques, 2017; Silva, 2020; Segge, 2006).
Na mesma sequência, a variável cooperação internacional cruzada com o
nepotismo, indica existir uma maior preocupação e apelo a luta contra a impunidade,
quase que na mesma proporção que as variáveis anteriores; contudo, no que diz respeito
aos assuntos internos registaram-se apenas 6 ocorrências do total da análise, seguida
igualmente, dos pronunciamentos feitos na Europa Oriental, com 3 ocorrências. Angola

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passou a estar marcada por uma Administração Pública pautada por um conjunto de
reformas com o intuito de tornar o Estado mais democrático. Esta situação deveu-se ao
facto de o nepotismo ser um tema recorrente, na cultura administrativa angolana e na
própria sociedade confundindo-se em alguma medida com o flagelo da corrupção. Isto
justifica a recorrência do Chefe de Estado a este tema (Rodrigues, 2012; Valadares &
outros, 2012; Ali & António, 2018; Borges, 2019).
Com o mesmo propósito cruzaram-se a variável, cooperação internacional com a
fome e pobreza, e nota-se existir uma maior preocupação e apelo à luta contra a fome,
nos pronunciamentos sobre os assuntos internos, com 7 ocorrências do total da análise,
na Europa Oriental, com 3 ocorrências e na América do Norte, com 2 referências.
A política de erradicação dos males que assolavam o país parece ter fracassado,
por ter sido meramente decorativa, pois, os direitos foram mais formais que reais, e foram
sistematicamente ignorados nos seus pontos essenciais, em particular nos que se referiam
as ações contra a fome, a pobreza, a corrupção e os direitos humanos. No entanto, o Chefe
de Estado vem fazendo apelos à comunidade internacional, mesmo quando os discursos
são pronunciados no contexto nacional, para resolver estes aspetos críticos, o que justifica
a nossa opção pelo cruzamento destas duas variáveis (Kabunda, 2017; Ferreira, 2002).
Na senda da melhor compreensão do momento em que durante os três anos em
análise, o PR mais fala dos assuntos que tem como bandeira da sua governação fez-se o
cruzamento das variáveis datas agrupadas, corrupção, impunidade e nepotismo dividindo
os três anos em dois grandes grupos.
A tabulação cruzada indica que no período que vai de 1 setembro 2017 a 31
dezembro de 2018, o PR fez 9 referências à corrupção, enquanto que de 1 de janeiro de
2019 a 31 janeiro de 2020, fez apenas 7 referências. Nestas datas, o Chefe de Estado
realça um fenómeno difícil de analisar, primeiro pelo anonimato dos seus atores e em
segundo, pela dificuldade em definir e classificar as atividades como corruptas ou não.
As alterações nas estruturas políticas, económicas, administrativas e sociais do Estado
angolano, podiam ajudar a combater este mal, apesar de as condições parecerem não
estarem criadas (Martins, 2014; Pereira, 2003; Viana & outros, 2020).
A tabulação cruzada indica que, no mesmo período compreendido entre 1 de
setembro de 2017 e 31 dezembro de 2018 o PR, fez igualmente, 9 referências a
impunidade, enquanto que de 1 de janeiro de 2019 a 31 janeiro de 2020 fez apenas 7
referências. A impunidade é um fenómeno que vinha sendo publicitado pela imprensa,

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fazendo fundamentalmente menção aos desacertos nas políticas económicas, que passou
a ser investigada com a chegada de João Lourenço ao poder e o agudizar dos conflitos
políticos, que têm especial relação com os problemas económicos e, sobretudo, com o
desvendamento da institucionalização da corrupção e da impunidade no estado angolano,
que produziram um sério quadro de crise política, especialmente de fundo ético, a crise
da impunidade (Marques, 2017; Ellis, 2006).
Devido à intenção do Chefe de Estado ao considerar o nepotismo em Angola como
um problema que se combatido poderia promover oportunidades iguais de ingresso de
jovens ao emprego na função pública, considerou-se a tabulação das variáveis datas
agrupadas com nepotismo, que indica que em relação ao período que vai de 1 setembro
de 2017 a 31 dezembro de 2018 o PR fez 7 referências a esta problemática, e no período
de 1 de janeiro de 2019 a 31 janeiro de 2020 fez 6 referências. Deve-se considerar a
insistência neste aspeto, pelo fato de o nepotismo ser uma temática recorrente de
abordagem na cultura administrativa angolana e na própria sociedade (Rodrigues, 2012;
Valadares & outros, 2012).

3.4.Síntese de Resultados
Do estudo realizado, a partir dos elementos constantes dos textos das intervenções
políticas, pode-se verificar como é que o PR mais expôs as suas pretensões. Em relação
aos temas mais abordados, neste período, destacam-se a diplomacia e as relações
internacionais, assim como, a cooperação internacional. A seguir posicionam-se as datas
que simbolizam o momento e o local identificados como ideal para tais enunciações. As
ações políticas identificadas, a partir dos discursos, são centrais para a afirmação de um
novo começo, pois principiam novas atitudes. Os discursos políticos indicam que João
Lourenço propõe-se atingir o desiderato expresso nos textos.
É possível perceber, em síntese, que as preocupações levantadas nos discursos
políticos já foram alvo de estudo, na medida em que, existem argumentos que permitem
a perceção da adesão dos cidadãos a novas configurações de poder e a novas atitudes
governativas com regras (Cane, 2015; Connelly, 2005; Sebastião e Lourenço, 2016;
Mutsvairo & Karam, 2018; Reyes-Rodríguez, 2008; Salamon, 2011; Rosas, 2010).
Dentre os diversos contextos, os temas variam em função do fim que João Lourenço
propõe-se em alcançar, quer no contexto interno, quer no contexto externo. Da análise
das categorias “proeminência e organizações internacionais” percebe-se que a

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prominência incide sobre outros países em detrimento das organizações internacionais.
As restrições legais internacionais (convenções e tratados) diminuem o papel da
propaganda, principalmente, no seio das organizações internacionais, o que faz com que
a maior atenção tenha sido dedicada ao papel dos meios de comunicação na relação com
outros Estados. As evidências não são consensuais; alguns estudos sugerem que os media
desempenham um papel mobilizador geral, enquanto que outros relatam um padrão misto
que os distingue nas relações com os outros Estados (Schuck, Vliegenthart e Vreese,
2014).
No domínio da cooperação, a preocupação do PR é, especialmente, com a CPLP,
assim como com a Europa Oriental e Ocidental; o PR acentua o estabelecimento da paz
em várias regiões do globo. Nesta perspetiva, a literatura tem sugerido que os media estão
a tomar uma parte ativa na representação pública da política, modelando a agenda do
discurso político, e influenciando com as suas próprias preferências as controvérsias e os
debates políticos, permitindo a divulgação dos programas dos Governos (Salgado, 2012).
No estudo realizado, as principais preocupações estão relacionadas, igualmente, com
à justiça social, os direitos humanos, à governação inclusiva, às finanças públicas, os
assuntos da banca, o crescimento económico, o emprego e desemprego, à defesa,
segurança e veteranos da pátria, à mobilidade de cidadãos e os conflitos e a paz. O Chefe
de Estado João Lourenço considera que, geopoliticamente, é possível renovar-se de forma
multilateral e imprimir maior dinâmica à cooperação e às relações internacionais. Os
estudos sugerem que essas relações podem ser sustentadas pelos laços de irmandade,
língua, património cultural e mobilidade entre os Estados (Cull, 2009; García-Orosa,
2018; Resende, 2018; Alves, 2016; Cardina, 2016; Reyes-Rodríguez, 2008; Espírito
Santo, 2008; Fonseca & Ferreira, 2016; Salgado, 2005). Ao analisar o contexto dos
discursos, verifica-se uma atitude mais voltada para o âmbito internacional. Parte dos
discursos do PR foram pronunciados em outras regiões ou países do mundo, numa
perspetiva de efetivação da política de diplomacia económica, visando persuadir os
investidores estrangeiros a instalarem-se em Angola.
Ressaltam-se, em termos de local onde os discursos foram feitos, a nível nacional
um número elevado na capital do país, mas também uma quantidade considerável de
pronunciamentos feitos de uma forma isolada em diferentes capitais de outros Estados
distribuídos pelos diferentes continentes do mundo. Ou seja, um dos indicadores que se
destacaram na análise tem a ver com o local onde foram pronunciados os discursos

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políticos, a província de Luanda com pendor político-ideológico e até temáticos em
função das diferentes abordagens que se impunham. Na vertente externa, verifica-se uma
dispersão por vários países, com destaque para aqueles onde João Lourenço se viu
obrigado a falar mais de uma vez, com ênfase para Africa do Sul, Estados Unidos da
América, Portugal e Rússia. Por isso, todas as representações do mundo e do que nele
ocorre, devem ser interpretadas como representações (ou recontextualizações) de práticas
ou atitudes políticas, sociais ou de outra índole (Figueiredo & Bonini, 2017; Espírito
Santo, 2006; Espírito Santo; 2010; Okoro, 2013; Kondowe, 2014).
Ressalta-se ainda a questão da identidade social do país, que exibe uma necessidade
de ser reconhecido pelos outros. Isto sustenta a legitimidade, de que depende a atuação
do PR e do poder. Daí a necessidade das promessas políticas como dispositivos
estratégicos para atingir objetivos em diferentes arenas, tais como, a arena interna do
partido que suporta a sua candidatura (Hakansson & Naurin, 2014; Costa, 2018).
Como já fizemos referência, anteriormente, o PR João Lourenço primou, logo de
início, pelo envolvimento de todos. As demais invocações estão fundamentalmente
relacionadas com o incentivo ao empreendedorismo nacional e estrangeiro, à
solidariedade e cooperação, assim como à criação de condições para o desenvolvimento
do país. O Governo angolano sempre tentou indicar que os seus propósitos políticos
consistiam em ir buscar algum nível de eficácia decisória na execução das ações políticas,
que tiveram como objetivo responder às demandas e aos desafios do país (Stevenson,
2018; Ntoni-Nzinga, 2005; Ruigrok, 2010; Belchior, Sanches & Matias, 2016).
Quando o PR de Angola fez menção aos partidos políticos fê-lo na generalidade. Em
Angola existe uma convivência pacífica entre os partidos políticos. Esta convivência tem
permitido que se coloquem novos desafios aos cidadãos a nível das opções políticas. Os
principais desafios verificam-se a nível da transparência e da boa governação, mas
também da participação efetiva dos diferentes partidos e da sociedade civil na vida do
país. Apesar de que o Chefe de Estado tenha feito pouca referência aos partidos políticos,
Angola é oficialmente, uma República multipartidária. (Ferreira, 2002, Albino, Tavares
& Pacheco, 2016; CRA, 2010; Cunha & Araújo, 2018).
Relativamente aos aspetos selecionados, a partir dos discursos do PR de Angola,
baseados nos resultados da análise de variáveis de escolhas múltiplas, sobressaem quatro
classes de variáveis com padrão semelhante de atitudes políticas, sociais e
comportamentais dos cidadãos, numa média de 16 citações nos 37 discursos analisados.

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A corrupção, a impunidade, a fome e a pobreza e o nepotismo. A corrupção no mundo
tem afetado as sociedades e as economias deixando de ser um problema isolado para ser
um problema comum a todos os Estados. Em Angola, em particular, têm sido adotadas
medidas e implementadas algumas práticas com o objetivo de combater a corrupção. Para
diminuir a corrupção é preciso fazer alterações nas estruturas políticas, económicas,
administrativas e sociais do Estado.
Os valores das ocorrências referentes à categoria “aspetos da democracia”,
extraídos através da análise efetuada aos media, apresentam semelhanças com as
principais promessas e intenções dos discursos políticos do PR. Os resultados obtidos,
através da análise temática dos seus discursos políticos, evidenciam a perceção da
consolidação da democracia, que em última análise, abarca os demais assuntos da vida
política do país, sendo uma preocupação constante de João Lourenço. Nota-se,
igualmente, nos resultados, referencias a consolidação da democracia e a governação
inclusiva, os direitos humanos, a sociedade civil, organizações e personalidades políticas
e a implantação de autarquias locais. O PR enfatiza, igualmente, a materialização do
poder local. É necessário perceber, que a materialização de autarquias é um processo que
permite que o exercício do poder emane do povo, assim como prevê a escolha dos seus
representantes por intermédio de eleições por sufrágio universal. (Lei Constitucional, Lei
nº. 12/91; Schubert, 2013; Morais, 2012; Silva, 2008, p. 69; Pato & Pereira, 2013;
Fontoura & Fernandes, 2015; Camarinha, Ribeiro & Graça, 2015; Dias e Sarrico, 2008).
Com o intuito de repor a capacidade financeira dos cidadãos, fruto das sucessivas
crises que o país vem enfrentando, e repatriar o capital, ilicitamente, retirado do país para
equilibrar as finanças públicas e a balança de pagamentos, os aspetos financeiros também
se transformaram numa constante nos discursos político do PR de Angola.
Ao abordar as ações de crescimento económico e desenvolvimento de Angola, o
PR, João Lourenço, augura um crescimento económico sustentado. Dos resultados
constantes do trabalho, verifica-se ênfase, igualmente, para o empreendedorismo e o
investimento estrangeiro, as exportações fora do setor petrolífero e diamantífero, crédito
as grandes empresas e estímulo ao investimento nacional e internacional.
É possível ainda notar, a preocupação do PR, com o emprego e o desemprego com a
indústria e a agricultura. Os aspetos relacionados com a defesa, segurança, educação,
tribunais e outros órgãos de justiça constituem-se nos elementos mais ressaltados, na
medida em que, o PR considera que os temas de eleição da sua governação como o

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combate a corrupção, a impunidade e o nepotismo só podem ser alcançados se estes
setores forem fortificados. Percebe-se com base nos textos analisados, que é necessário
delinear uma estratégia de desenvolvimento social, criando programas de luta contra a
pobreza e a exclusão, a favor da justiça social e do sistema de justiça no seu todo, que
previna e combata o crime, principalmente, o económico (Lopes, 2002; Sousa, 2002;
Barros, 2014; Nascimento, 2002; Alves, 2013; Ferreira, 2002).
Constavam, igualmente, na agenda política do Chefe de Estado, como preocupação,
a questão da mobilidade interna e externa de cidadãos, a imigração ilegal, as questões de
género, justiça social e a resolução de conflitos. Efetivadas as intenções do PR, pode-se
ter um clima de abertura e transparência nas relações sociais e na consolidação das
liberdades civis, liberdade de expressão e autorrealização, fundamentais para a construção
de um Estado Democrático e de Direito (Santos, 2015; Valadares & outros, 2012; Pereira,
2002; Lopes, 2010; Neto,2016).
Com o intuito de medir a relação entre as variáveis analisadas fizemos um
cruzamento, da data da pronúncia do discurso com os temas dominantes no mesmo, para
perceber em cada contexto quais são os assuntos mais abordados e entre as variáveis,
contexto do discurso com os temas dominantes no mesmo, para perceber quais são os
assuntos mais abordados.
Com as variáveis, data da pronúncia do discurso e cooperação internacional,
identificaram-se, especificamente, em que datas é que foram feitos os pronunciamentos.
Fez-se uma leitura do cruzamento das variáveis, tom do discurso com os partidos políticos
e verificou-se que, a tabulação cruzada entre estas duas variáveis, indica que nas
abordagens do PR, apesar de terem sido feitas sempre num tom positivo. O Presidente da
República mostra-se indiferente em relação a posição que os partidos políticos tomam no
cenário político-social. Na componente centrada na análise das variáveis, tema dominante
no discurso e tom do discurso negativo, nota-se que existe uma posição do Chefe de
Estado, maioritariamente, voltada para a cooperação e solidariedade internacional.
Com o propósito de identificar em que áreas de intervenção João Lourenço fala mais
dos direitos humanos, cruzamos as duas variáveis nesta análise e verificou-se existirem
elementos democráticos por implementar, como é o caso das autarquias, do poder local e
outros por consolidar, como por exemplo, os direitos fundamentais. O cruzamento das
variáveis, tom do discurso negativo com o tema dominante no discurso, indica haver uma

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abordagem num tom do discurso negativo por parte do PR, quando faz referência as
questões que têm a ver com a diplomacia e as relações internacionais.
A tabulação cruzada indica que, no mesmo período, compreendido entre 1 de
setembro de 2017 e 31 dezembro de 2018, o PR fez 9% de referências a impunidade,
enquanto que de 1 de janeiro de 2019 a 31 janeiro de 2020, faz apenas 7%. A impunidade
é um fenómeno que vinha sendo publicitado pela imprensa, fazendo-se,
fundamentalmente, menção aos desacertos nas políticas económicas que passaram a ser
investigadas com a chegada de João Lourenço. Os acirramentos dos conflitos políticos
têm especial relação com os problemas económicos e, sobretudo, com o desvendamento
da institucionalização da corrupção e da impunidade no estado angolano, que produziram
um quadro de crise política. Uma crise fundamentada, também, em elementos éticos. A
esta perturbação denominou-se crise da impunidade (Marques, 2017; Ellis, 2006).
O Chefe de Estado, João Lourenço, considerou o nepotismo em Angola como um
problema que se combatido poderia promover oportunidades iguais de ingresso de jovens
ao emprego na função pública (Rodrigues, 2012; Valadares & outros, 2012). Nesta
conformidade, a partir da tabulação das variáveis, datas agrupadas e nepotismo, é
verificável que no período que vai de 1 setembro de 2017 a 31 dezembro de 2018, o PR
faz 7% de referências a está problemática, já no período de 1 de janeiro de 2019 a 31
janeiro de 2020, faz referência, com cerca 6% das ocorrências. O nepotismo é,
igualmente, um tema recorrente em Angola.
As principais preocupações identificadas estão associadas às diferentes ações
dentro do cenário político, económico e social que sustenta a Nação, indicando as
posições individuais e coletivas quer do PR, quer dos cidadãos absorvidas e representadas
por ele. Angola é um Estado moderno pós-burocrático ou de burocracia avançada, por
isso deve resolver os problemas da pobreza, da corrupção, do nepotismo, da justiça, da
habitação, da educação, da saúde e da exclusão social como problemas de toda a
sociedade, pois são fenómenos multifacetados e multissectoriais com uma dimensão
política (Benomar, 2018; Sogge, 2009; Sousa, 2002; Fonseca & Ferreira, 2016; Santos,
2017; Faria, 2013; Gaio (2017; Pearce, Péclard & Oliveira, 2018; Stevenson, 2018).
Avaliados e discutidos os resultados da análise de conteúdo dos discursos políticos,
segue-se a apresentação dos resultados da análise de conteúdo das ações políticas
mediatizadas do Governo angolano e a descrição e sistematização das opiniões dos
entrevistados.

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4. Resultados da Análise de Conteúdo das Ações Políticas Mediatizadas do
Governo Angolano na Imprensa Portuguesa e Angolana: Estudo Comparado
4.1. Cobertura Noticiosa
Visando sistematizar a cobertura das ações políticas mediatizadas do Governo
Angolano, a partir da representação das imprensas portuguesa e angolana no período entre
03 de outubro de 2017 à 31 de janeiro de 2020, foram identificados nos principais jornais
descritos no corpus de análise da imprensa, os textos com as reproduções das diferentes
categorias das atuações do Executivo angolano. Como resultado deste exercício, foram
agrupadas cento e setenta peças noticiosas representadas no quadro sobre os títulos das
notícias em anexo neste trabalho. As peças noticiosas foram analisadas e resultaram na
produção dos argumentos constantes dos quadros e dos gráficos abaixo expostos.
O gráfico nº 29 apresenta as datas da publicação das peças noticiosas analisadas
num total de cento e setenta textos pré-selecionados sobre as ações políticas do Governo
angolano difundidas ao longo dos três anos de análise. Para melhor análise cronológica,
subdividiu-se o período de análise em treze trimestres correspondentes a três anos.
Gráfico nº 29 Data da publicação das notícias sobre as ações políticas (2017-2020)

170

100 100

25 25
11 9 18 9 1111 9 16 13 7 15 5 11 5 7 7 5 9 8 15 14,7
6,5 10,6
5,3 14,7
5,36,56,55,39,4 7,6

Frequência Percentagem Percentagem válida


3 de outubro a 31 dezembro de 2017 1 de janeiro a 31 de março de 2018
1 de julho a 30 de setembro de 2018 1 de outubro 31 de dezembro de 2018
1 de janeiro a 31 de março de 2019 1 de abril a 30 de junho de 2019
1 de julho a 30 de setembro de 2019 1 de outubro de 31 a dezembro de 2019
1 de janeiro a 31 março de 2020 1 de abril a 30 de junho de 2020
1 de julho a 30 de setembro de 2020 1 de outubro a 31 de dezembro de 2020
Total 1 de abril a 30 junho de 2018

Fonte: elaboração própria


O gráfico ilustra que o trimestre que vai de 1 de janeiro a 31 de março de 2018,
foi o mais representativo, com cerca de 14% do total das peças sobre as ações políticas
do Governo angolano, ao qual se segue o período que vai de 1 de outubro a 31 de
dezembro de 2018, com cerca de 10, 6%, e na terceira posição o trimestre que vai de 1 de
janeiro a 31 março de 2020 com pouco menos de 9%.

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O gráfico que se segue exibe os órgãos de comunicação social (imprensa) que
representaram mediaticamente em Angola e Portugal as ações políticas do Governo
angolano, assim como, a percentagem que cada periódico teve no total das peças
noticiosas analisadas.
Gráfico nº 30 Órgãos de imprensa que divulgaram os textos analisados

Público Jornal Correio Express Jornal O País Folha 8 Expans Total


Econó da o de ão
mico Manhã Angola
Frequência 22 12 18 25 26 30 17 20 170
Percentagem 13 7 11 15 15 18 10 12 100

Frequência Percentagem

Fonte: elaboração própria


O gráfico ilustra que o Jornal o País destaca-se, com cerca de 18% do total das
peças analisadas, seguido do Jornal de Angola, com 15%, o Expresso, com cerca de 14%,
assim como, o Expansão, Folha 8 e o Público que partilham quase a mesma percentagem
entre os 10 e 13% do total de textos analisados.
Os assuntos abordados nas peças noticiosas sobre as ações políticas do Governo
angolano, esquematizados no gráfico abaixo, representam as preocupações mais
prementes do Executivo angolano.

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Gráfico nº 31 Assunto das notícias revisadas

19

15 15
14 14
12
11 11
10
9 9
8 8 8
7 7
6
5
4 444
3 3 33 3
2 2 2 2 2 2 2 2 222 2 2 22
1 11 11 1 1 1 1 1 111111 111 11 11 1

Frequência Percentagem

Estado Partidos Políticos


Banca/Finaças Trabalho/Emprego
Manisfestações Políticas e Sociais Justiça/Tribuanais
Habitação/Políticas Sociais Turismo/Ambiente
Educação Saúde
Tecnologia e Ciência Religião
Agricultura Casos Pessoais
Insólitos Recursos Naturais/Energia e HIdrocarbonetos
Forças Armadas Inteligência/Policia Nacional
Comercio e Industria Economia/Investimentos
Transportes/Vias de Comunicação Genero
Relações Internacionais Festividades
Corrupção Impunidade
Nepotismo Democracia
Telecomunicações e Comunicação Social Liberdades
Direitos Humanos Autarquias e Poder Local
Diplomacia

Fonte: elaboração própria


O gráfico ilustra que os assuntos estiveram relacionados com a economia e
investimentos, com 11%, corrupção e relações internacionais, com 8,2% cada uma,
recursos naturais, energia e hidrocarbonetos, com 7%, diplomacia, banca e finanças, com
cerca de 8% cada uma.
O gráfico que se segue ilustra os géneros jornalísticos usados para tratar os textos
que foram utilizados para construir as peças noticiosas sobre as ações políticas
mediatizadas do Governo angolano.

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Gráfico nº 32 Géneros jornalísticos usados para tratar os textos

Frequência Percentagem
Reportagem 65 38
Artigo 61 36
Opinião (Comentario/Análise) 3 2
Editorial 1 1
Notícia de Agências Nacionais (Lusa
8 5
e Angop)
Entrevista 15 9
Coluna/Breve 17 10

Fonte: elaboração própria


O gráfico ilustra que as reportagens lideraram a cobertura das ações políticas do
Governo angolano, com 38 % das peças noticiosas, seguindo-se os artigos, com 35% das
ocorrências e a coluna ou breve, com 10%.
Sendo a fotografia um recurso ilustrativo de cariz chamativo, o gráfico abaixo
apresenta a forma como as notícias foram, figurativamente, representadas e quais são as
ilustrações que os textos noticiosos encerram.

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Gráfico nº 33 Existência nos textos de foto ou ilustração

170
163

96 100

5 3 2 1

Sim. Imagem Sim. Imagem não Não Total


Explícita Explícita
Frequência 163 5 2 170
Percentagem 96 3 1 100

Fonte: elaboração própria


O gráfico nº 33 apresenta a existência, quase que na totalidade das notícias
analisadas, de fotografias ou ilustrações, com cerca de 95% do total das ocorrências, com
imagens esclarecedoras e quase 3% com imagens pouco esclarecedoras.
Quanto à menção do público, o gráfico abaixo ilustra dois momentos, sendo que o
primeiro apresenta uma referência ao protagonista e o segundo momento não faz
referência ao protagonista, tornando-se pois, secundário.
Gráfico nº 34 Referência as ações políticas mediatizadas nas notícias

Sim (Protagonista) Não (Secundário) Total


Frequência 135 35 170
Percentagem 79 21 100

Fonte: elaboração própria

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O gráfico nº 34 ilustra, relativamente, a referência ao público, um momento em
que o protagonista é referenciado, com 79% do total das ocorrências e outro em que o
protagonista não é representado, portanto, é secundário, com cerca de 20%.
O gráfico que se segue ilustra os contextos geográficos, em que as ações políticas
mediatizadas tiveram lugar, foram projetadas ou levadas a cabo, dividindo-as no contexto
nacional e internacional.
Gráfico nº 35 Contexto geográfico em que se materializaram as ações políticas
mediatizadas do governo

Frequência Percentagem
Nacional 88 52
Internacional 82 48
Total 170 100

Fonte: elaboração própria


O gráfico nº 35 descreve um certo equilíbrio nos espaços, com cerca de 51% a
fazer referência ao espaço nacional e cerca de 48% a indicar o espaço internacional,
descrevendo uma representação equilibrada.
O gráfico a seguir expõe os sítios onde tiveram lugar as ações políticas do Governo
angolano, fundamentalmente, levadas a cabo pelo PR, na qualidade de Chefe do
Executivo angolano ou pelos seus coadjuvantes.

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Gráfico nº 36 Local do acontecimento

114

67

19
12 10 11
3 2 1 1 1 2 7 6
2 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Frequência Percentagem

Luanda Malange Bie


Cuando Cubango Cabinda Huila
Região dos Grandes Lagos Portugal Europa Ocidental/União Europeia
Rússia África (outros) Caraíbas
Misto Internacional Lunda Norte

Fonte: Produção própria


Dos locais em que as ações políticas tiveram lugar ou foram implementadas,
Luanda destaca-se, com cerca de 67% das ocorrências, seguida de Portugal na
generalidade, com cerca de 7%, fundamentalmente, consubstanciadas na visita que o PR
de Angola, efetuou àquele país da CPLP e à Europa Ocidental/União Europeia com cerca
de 10% das ocorrências.
Do total de ocorrências analisadas, as ações voltadas para o contexto dos partidos
políticos foram sempre indiferenciadas, ainda que nesta comunicação, os partidos
políticos sejam um elemento importante, por fazerem parte do todo social que constitui o
Estado.

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Gráfico nº 37 Vínculo dos partidos políticos com as notícias

Frequência Percentagem
UNITA 11 7
CASA-CE 1 1
FNLA 1 1
Indiferenciado 154 91
Outros sem Assento Parlamentar 3 2

Fonte: elaboração própria


O gráfico nº 37 ilustra que, cerca de 90% das ações não se vincularam aos partidos
políticos, apenas 6,5% tinham a ver ou eram sancionadas pela UNITA, o maior partido
político da oposição.
A Sociedade Civil, enquanto mentora e responsável pela pressão política e
catalisadora de ações cívicas, também tem um tratamento indiferenciado, notando-se
apenas algumas referências, quando se trata de particulares, como no caso da empresária
Isabel dos Santos.
Gráfico nº 38 Vínculo das peças com a sociedade civil

Frequência Percentagem
ONG´s 3 2
Particulares 8 5
Indiferenciado 159 94
Total 170 100

Fonte: elaboração própria


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O gráfico nº 38 ilustra que, 93,5% dos membros da sociedade civil são vistos de
forma indiferenciada nas ações políticas do Governo e os particulares estão representados,
com cerca de 4,7% do total de ocorrências.
Relativamente aos cidadãos, também, existe um tom indiferenciado, regista-se
uma participação ou intervenção nas ações políticas de cidadãos com mais de 60 anos,
estando os jovens mais voltados para as manifestações e reivindicações públicas.
Gráfico nº 39 Vínculo das peças com os cidadãos

Frequência Percentagem
Mulheres (25-60) Anos 3 2
Jovens (18-24) Anos 2 1
Idosos (mais de 60) Anos 6 4
Indiferenciado 159 94

Fonte: elaboração própria


Apesar do tratamento indiferenciado e do desinteresse de outras camadas sociais,
os cidadãos demonstram a existência de problemas sociais que os afetam. Aos problemas
sociais dos cidadãos depreendem-se também as denúncias de corrupção, nepotismo e
impunidade.
Relativamente ao protagonismo que se dá às ações políticas do Governo angolano,
destaca-se nas peças noticiosas a sua representação quase sempre em primeiro plano.

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Gráfico nº 40 Destaque das ações políticas nas peças dos jornais

Frequência Percentagem
Primeiro Plano 130 77
Segundo Plano 40 24
Total 170 100

Fonte: elaboração própria


O gráfico nº 40 ilustra o protagonismo do Chefe de Estado, com cerca de 76,5%
das ações no primeiro plano e 23, 5% em segundo plano.
Quanto à sequência das histórias, esta subcategoria foi dividida em histórias
conhecidas e isoladas, conforme exposto no gráfico.
Gráfico nº 41 Fatos nas peças noticiosas com histórias isoladas ou conhecidas

Frequência Percentagem Percentagem


válida
Sim (Conhecida) 123 72 72,4
Não (Isolada) 47 28 27,6
Total 170 100 100

Sim (Conhecida) Não (Isolada) Total

Fonte: elaboração própria


O gráfico nº 41 ilustra que, cerca de 74,4 % das ações políticas são de histórias
conhecidas e 27, 6% são de histórias não conhecidas, ou seja, são histórias isoladas.
No que tange à fonte das informações veiculadas, estas têm como origem,
essencialmente, o próprio PR.
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Gráfico nº 42 Fonte da informação divulgada

56
23 33
2 1 8122 9 3 8 710113102 1 1 1 5 7 1 5 2 5144 6 1 8 6 1 1

Frequência Percentagem
Presidente da República
Grupo/Representante dos Públicos
Famílias
Partidos Políticos
Governos Internacionais
Governos Provinciais
Parlamento
Grupos Empresarias

Fonte: elaboração própria

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O gráfico nº 42 apresenta o Chefe de Estado como a principal fonte da informação,
com cerca de 32,9% das ocorrências, seguido do Vice-presidente da República e dos
departamentos ministeriais, com cerca de 13,5%, Tribunais e Procuradoria-geral da
República, com 7,6%, Governos Internacionais, com cerca de 7,1% e Líderes de Opinião e
Media, com cerca de 5,9%.
Relativamente à citação do PR enquanto protagonista das ações políticas no texto é
notória uma representação mediática frequente das ideias do PR, apesar de nalguns casos
não o citarem como tal, mas é referenciado pelos políticos cuja abordagem atribui-se ao PR.
Gráfico nº 43 Citação do PR como protagonista

170

100

52
31

6 7 9 9 4 4 5 5
2 1

Frequência Percentagem
Sem Citação do/a Protagonista 52 31
Protagonista 85 50
Família/Amigos 2 1
Públicos em Geral 6 4
Grupos/Associações 7 4
Outros 9 5
Total 170 100
Políticos 9 5

Fonte: elaboração própria

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O gráfico nº 43 sobre a citação do protagonista nos textos, apresenta o PR
referenciado em 50% das ações políticas mediatizadas, seguido de textos sem a sua citação
com 30,6% e textos com referência de políticos ou outros repartidos em 5,3% cada uma
categoria das ocorrências.
Relativamente ao enfoque, os textos noticiosos tratam maioritariamente da
informação sobre as ações políticas do Governo angolano, com um enfoque positivo.

Gráfico nº 44 Direção ou enfoque

Direcção ou Enfoque

Frequência Percentagem
Positivo 120 71
Negativo 39 23
Neutro 11 7
Total 170 100

Fonte: Produção própria


O gráfico nº 44 ilustra um enfoque positivo, na ordem dos 71% do total das
ocorrências, seguido dos que são tratados com um enfoque negativo, com 23% e os textos
com uma direção neutra, com 7%.
Apresentada a análise, feita às principais categorias das notícias publicadas pela
imprensa angolana e portuguesa, segue-se a tabulação cruzada das principais variáveis
das peças jornalísticas.

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4.2.Assuntos Centrais da Imprensa

O cruzamento da variável, data da publicação da notícia com o local da história,


indica o simbolismo histórico ou cronológico na efetivação das ações políticas. O local
da história é de capital importância porque os media em Angola e Portugal, ao fazerem
parte do sistema de representações sociais das abordagens referentes as ações políticas
permeadas por subjetividades, colaboram para a formação dos cidadãos esclarecendo
certos estereótipos. Geograficamente, Luanda destacou-se, com cerca de 10% das
ocorrências no período de 3 outubro a 31 de dezembro de 2017. Bié, Rússia, Caraíbas e
Portugal com 1% das ocorrências nos períodos de 3 outubro a 31 de dezembro de 2017,
1 de abril a 30 de junho de 2020, 1 de janeiro a 31 de março e 1 de junho a 30 de setembro
de 2018.

Página 234 de 422


Gráfico nº 45 Data da publicação – local da história

Fonte: elaboração própria


Considerando a alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula desta
tabulação cruzada. Existe uma relação entre a variável, data da publicação da notícia e
local da história com uma sig. de ,002.

Página 235 de 422


Quadro nº 30 Testes qui-quadrado data da publicação – local do fato
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 210,935a 156 ,002
Razão de verossimilhança 133,687 156 ,902
Associação Linear por Linear 3,626 1 ,057
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
170 células (93,4%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,01.
A partir das datas da pronúncia dos discursos, é possível aferir a direção que as peças
noticiosas dão as ações políticas, pois é do interesse dos públicos leitores perceberem em que
medida é que, estas atuações interferem ou melhoram a sua vida. O enfoque positivo tem
22% das ocorrências no período de 1 de abril a 30 de julho de 2020, 16% das ocorrências no
período de 1 de outubro de 31 dezembro de 2018, 11% das ocorrências no período de 1 de
outubro a 31 de dezembro de 2020 e 10% das ocorrências no período de 1 de julho a 30 de
setembro de 2020.
Gráfico nº 46 Data da publicação da notícia – direção ou enfoque

Fonte: elaboração própria

Página 236 de 422


A alocução do teste de qui quadrado rejeita a hipótese nula desta tabulação cruzada
que descreve uma relação entre a data da publicação da notícia e a sua direção ou enfoque.
Existe estatisticamente uma relação entre as duas variáveis, com uma sig. de ,001.
Quadro nº 31 Testes qui-quadrado data da publicação da notícia – direção ou enfoque
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 50,780a 2 ,001
4
Razão de verossimilhança 45,231 2 ,005
4
Associação Linear por Linear 6,031 1 ,014
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
25 células (64,1%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,06.
Para tornar a informação mais profissional os órgãos de imprensa redigem-na
classificando-a em géneros jornalísticos. Géneros estes que se referem a vários estilos e
técnicas para a produção de matérias relacionadas com o jornalismo, o que justifica o
interesse em cruzar o meio de comunicação que divulga as ações políticas mediatizadas
do Governo angolano, com os géneros jornalísticos que adota. Nos órgãos de imprensa,
os géneros observados foram: a) Reportagem com 14% das ocorrências no Jornal de
Angola, 10% das ocorrências no Expresso e no Correio da Manhã; b) Artigos com 13%
das ocorrências, c) Expansão e Folha 8 com 8% e d) o País com 11% das ocorrências.
Finalmente temos o Correio da Manhã com 6% das ocorrências.

Página 237 de 422


Gráfico nº 47 Órgão de imprensa – géneros jornalísticos
14
13 13
12
11
10 10 10
9

7
6 6 6 6
5
4
3 3
2 2 2 22 2 2 2
1 11 1 1 1
00 0000 00 0 0 00 00 00 0000 0000

Reportagem Artigo

Opinião (Comentario/Análise) Coluna/Breve

Editorial Notícia de Angencias Nacionais (Lusa e Angop)

Entrevista

Fonte: elaboração própria


Quanto à alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula da tabulação
cruzada entre o órgão de imprensa e os géneros jornalísticos. Existe estatisticamente uma
relação entre as variáveis, com uma sig. de ,000.
Quadro nº 32 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – géneros jornalísticos
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 111,608a 42 ,000
Razão de verossimilhança 107,412 42 ,000
Associação Linear por Linear 7,140 1 ,008
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
42 células (75,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,07.

Página 238 de 422


Independentemente do género, a completar a notícia, posiciona-se sempre a
ilustração, com o propósito de apresentar ao leitor os detalhes de uma determinada ação
ou o protagonista de um fato que se constitui numa “prova”, mas é também um “meio de
autenticação” de um texto. Nesta conformidade, o Semanário o País apresenta 30% de
ilustrações explicitas, o Jornal de Angola 26% das ilustrações explicitas, o Expresso 23%
e o Público, com cerca de 21% das ilustrações explicitas.
Gráfico nº 48 Órgão de imprensa – foto ou ilustração
30
26
23
21 20
18

12 13

4
0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0
O País
Público

Folha 8
Expresso

Jornal de Angola
Jornal Económico

Correio da Manhã

Expansão

Sim. Imagem Explícita Sim. Imagem não Explícita Não

Fonte: elaboração própria

Página 239 de 422


Nesta alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula desta tabulação
cruzada entre órgão de imprensa e foto ou ilustração. Existe uma relação estatística entre
as variáveis com uma sig. de ,002.
Quadro nº 33 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – foto ou ilustração
Significância Assintótica
Valor gl (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 34,519a 14 ,002
Razão de verossimilhança 23,345 14 ,055
Associação Linear por Linear ,001 1 ,976
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria

16 células (66,7%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada
é ,14.

Os órgãos de imprensa naturalmente referem-se aos públicos, quer sem a citação


do protagonista, quer através do protagonista ou de um plano secundário. Nesta
conformidade, considerou-se pertinente cruzar o órgão de comunicação com a referência
ao público. O País faz referência ao público 30 vezes, 26% como protagonistas e 4%
como secundários, o Jornal de Angola faz referência 26 vezes, 23% como protagonista e
3% como secundário, o Expresso faz referência 25 vezes 15% como protagonista e 10%
como secundário e o Público faz referência 22 vezes, 13% como protagonista e 9% como
secundário.
Gráfico nº 49 Órgão de imprensa – referência ao público
30
25 26 26
22 23
19 20
18 17
15 15
13 12 13
11 10
9
3 3 4 4
1 1

Sim (Protagonista) Não (Secundário) Total

Fonte: elaboração própria

Página 240 de 422


Quanto à alocução do teste de qui quadrado das variáveis, órgão de imprensa
cruzada com a referência ao público, rejeita-se a hipótese nula da tabulação cruzada.
Existe uma relação estatisticamente entre as variáveis, com uma sig. de ,012.
Quadro nº 34 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – referência ao público
Significância Assintótica
Valor gl (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 17,921a 7 ,012
Razão de verossimilhança 17,703 7 ,013
Associação Linear por Linear 5,631 1 ,018
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
5 células (31,3%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é 2,47.
No interesse da reação da oposição política, sobre as ações políticas do Governo,
os meios de comunicação tendem sempre a ouvir os outros partidos políticos. Nesta
conformidade, considerou-se pertinente cruzar a variável, órgão de imprensa com os
partidos políticos. Os partidos políticos aparecem em 29% indiferenciados no semanário
o País, 25% no Jornal de Angola, 24% no Expresso e 19% no Jornal Expansão.

Página 241 de 422


Gráfico nº 50 Órgão de imprensa – partidos políticos
29
2425
19
15 15 16
11
6
1110110 00000001 00001000 10200000

UNITA CASA-CE FNLA Outros sem Indiferenciado


Assento
Parlamentar

Público Jornal Económico Correio da Manhã Expresso


Jornal de Angola O País Folha 8 Expansão

Fonte: elaboração própria


Na alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula de tabulação cruzada
entre a variável órgão de imprensa e partidos políticos. Existe uma relação estatisticamente
aceitável entre as variáveis, com uma sig. de ,020.
Quadro nº 35 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – partidos políticos
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 45,369a 28 ,020
Razão de verossimilhança 34,068 28 ,199
Associação Linear por Linear 9,211 1 ,002
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
32 células (80,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,07.
É comum as reivindicações da sociedade civil fazerem-se ouvir através dos órgãos
de comunicação, que por sua vez também divulgam a reação às ações políticas
mediatizadas do Governo, pois, os meios de comunicação são o elo entre o poder e a
sociedade. A sociedade civil aparece indiferenciada em 30% no semanário o País, 26%
no Jornal de Angola e 23% no Expresso.

Página 242 de 422


Gráfico nº 51 Órgão de imprensa – sociedade civil
30

26
23
20
17 17
14
12

4
2 2 2
1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Público Jornal Correio da Expresso Jornal de O País Folha 8 Expansão


Económico Manhã Angola

ONG´s Particulares Indiferenciado

Fonte: elaboração própria


Quanto a alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula da
tabulação cruzada entre as variáveis, órgãos de imprensa e sociedade civil. Existe uma
relação entre as variáveis, com uma sig. de ,009.
Quadro nº 36 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – sociedade civil
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 29,321a 14 ,009
Razão de verossimilhança 27,258 14 ,018
Associação Linear por Linear 11,992 1 ,001
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
16 células (66,7%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,21.
Cruzando o órgão de imprensa com a variável protagonista, percebe-se quais e
quantas vezes os jornais referenciam o Chefe do Executivo e os Departamentos
Ministeriais. Na medida em que não basta apenas informar, é preciso também citar, como
e em que padrão as ações do Governo angolano são mediaticamente referenciadas. Nesta
tabulação, o País cita o protagonista com 17%, o Jornal de Angola com 11%, o Jornal
Expansão 12% e o Público com 10%. Não há citação do protagonista com 11% no jornal
o País, 9% no Jornal de Angola e com cerca de 6% no Público e no Correio da Manhã.
Página 243 de 422
Gráfico nº 52 Órgão de imprensa – citação do protagonista

17

13
12
11 11
10
9 9
8 8
7
6 6
5
4 4
3 3 3
2 2 2 2 2
11 11 1 11 1 1 1 1
0 0 00000 00 00 0 0 0 00 0 00 00

Público JE CM Expresso JÁ O País Folha 8 Expansão

Sem Citação do/a Protagonista Protagonista Família/Amigos


Políticos Públicos em Geral Grupos/Associações
Outros

Fonte: elaboração própria


Na alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula da tabulação cruzada
entre a variável órgão de imprensa e citação do protagonista. Existe estatisticamente uma
relação entre as duas variáveis, com uma sig. de ,027.
Quadro nº 37 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – citação do protagonista
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 61,355a 42 ,027
Razão de verossimilhança 61,098 42 ,029
Associação Linear por Linear ,439 1 ,508
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
41 células (73,2%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,14.
Para perceber o enfoque que os órgãos de comunicação dão às peças noticiosas,
cruzou-se a variável órgão de imprensa com direção ou enfoque. Deste cruzamento é
notório um enfoque maioritariamente positivo. Nota-se 28% de enfoques positivos no
semanário o país, 23% no Jornal de Angola, 16% no jornal expansão e 15% no expresso.

Página 244 de 422


De igual modo foram verificados 11% de enfoques negativos no Público, 6% no Correio
da Manhã, 8% Folha 8 e 3% no Jornal Expansão.
Gráfico nº 53 Órgão de imprensa – direção ou enfoque

28

23

16
15

11 11 11
10
9
7
6 6
4
3
2 2
1 1 1 1 1 1
0 0

Positivo Negativo Neutro

Fonte: elaboração própria


Em relação à alocução do teste de qui quadrado das variáveis, órgão de
imprensa e direção ou enfoque rejeita-se a hipótese nula. Existe estatisticamente uma
relação entre as variáveis, com uma sig. de ,000.
Quadro nº 38 Testes qui-quadrado órgão de imprensa – direção ou enfoque

Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 41,839a 14 ,000
Razão de verossimilhança 46,505 14 ,000
Associação Linear por Linear 6,921 1 ,009
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
12 células (50,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,78.
É com o género que se dá uma direção ou um enfoque à informação, e, portanto,
ao cruzar estas duas variáveis, pretendeu-se perceber a relação que existe entre ambas
nas peças analisadas. E nota-se que há maioritariamente um enfoque positivo. Aqui, há

Página 245 de 422


46% de enfoques positivos nas reportagens, 48% em artigos e 12% em coluna ou breve.
Por outro lado, temos 17% de enfoques negativos em reportagens, sendo 9% em artigos
e 3% em coluna ou breve.
Gráfico nº 54 Género da notícia – direção ou enfoque

48
46

17

12
9 9
6
4 3 2 4
2 2 2 2
0 1 1 0 0 0

Positivo Negativo Neutro

Fonte: elaboração própria

Quanto à alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula da tabulação


cruzada entre género da notícia e direção ou enfoque. Existe uma relação
estatisticamente entre as variáveis, com uma sig. de ,028.

Página 246 de 422


Quadro nº 39 Testes qui-quadrado género da notícia – direção ou enfoque

Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 22,945a 12 ,028
Razão de verossimilhança 20,105 12 ,065
Associação Linear por Linear 3,976 1 ,046
N de Casos Válidos 170
Fonte: produção própria
14 células (66,7%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,06

Independentemente da forma e da técnica que se empregue na produção da


informação, uma ilustração é sempre imprescindível, por isso, considerou-se pertinente
cruzar, o género da notícia com a fotografia, porquanto, as abordagens mediáticas
ilustradas têm geralmente um impacto incomensurável na representação das ações
políticas de um Governo. Aqui sobressaem 64% de ilustrações nas reportagens, 56%
nos artigos, 17% na coluna ou breve. Nota-se também 4% de ilustrações fotográficas
em artigos.

Página 247 de 422


Gráfico nº 55 Género da notícia – foto ou ilustração

163

64 56

17 15
1 0 4 1 3 0 0 0 0 0 0 1 8 0 0 0 0 5 2

Sim. Imagem Explícita Sim. Imagem não Explícita Não

Fonte: elaboração própria

Na alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula de tabulação


cruzada entre a variável, género da notícia e foto ou ilustração. Existe estatisticamente
esta relação, com uma sig. de ,000.
Quadro nº 40 Testes qui-quadrado género da notícia – foto ou ilustração
Significância Assintótica
Valor gl (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 90,020a 12 ,000
Razão de verossimilhança 16,812 12 ,157
Associação Linear por Linear ,010 1 ,922
N de Casos Válidos 170
Fonte: produção própria
16 células (76,2%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,01.

Ao cruzar a fonte da informação com o género da notícia, tem-se a intenção de


perceber de que forma se procedeu o tratamento técnico-profissional da informação
proveniente dos organismos, instituições, organizações políticas ou mesmo da imprensa.
Nota-se deste cruzamento que, 24% de ocorrências cai sobre a reportagem, quando se
trata do PR, 14% nos artigos, 6% nas colunas e 6% nas notícias de agência. Quando se
trata do vice-Presidente e dos Ministros, verificam-se 11% nos artigos, 8% nas entrevistas
e 3% nas colunas ou breves. Relativamente a tribunais/PGR, as percentagens sofrem um
decréscimo com 7% nas reportagens, 5% nos artigos e 1% na notícia/breve.

Página 248 de 422


Gráfico nº 56 Fonte da informação – género da notícia

24

14

11

8
7
66 6
5 5 5 5
44 4
3 3 3 3 3 3
2 2 2 22 2 2
1 11 1 1 1 1 1 1 1 111 1 11 1 1 11 11 1 1
0 00000 000000 000000 000 00 00000 0000 0000 00000 000 00000 000 000000 0000 00 00000 00000

Reportagem Artigo
Opinião (Comentário/Análise) Coluna/Breve
Editorial Notícia de Agências Nacionais (Lusa e Angop)
Entrevista

Fonte: elaboração própria


Em relação à alocução do teste de qui quadrado da variável fonte da informação
e género da notícia, rejeita-se a hipótese nula desta tabulação cruzada. Existe
estatisticamente uma relação entre as variáveis, com uma sig. de ,000.

Página 249 de 422


Quadro nº 41 Testes qui-quadrado fonte da informação – género da notícia
Significância
Assintótica
Valor gl (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 163,187a 102 ,000
Razão de verossimilhança 80,840 102 ,940
Associação Linear por Linear 1,296 1 ,255
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
121 células (96,0%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,01.
Da tabulação cruzada da variável, fonte da informação e espaço geográfico, sobressai
um equilíbrio na efetivação das ações políticas mediatizadas do Governo angolano, notando-
se que, as ocorrências se subdividem em 88% das ações para o espaço geográfico nacional e
82% para o internacional.
Gráfico nº 57 Fonte da informação – espaço geográfico

88 82

29 27
14 10 11 9 8 8
2 1 6 1 1 5 2 7 1 2 1 2 2 1 1 0 0 2 1 4 1 1 6 0 3 0 1 0

Nacional Internacional

Presidente da República Grupo/Representante dos Públicos


ONG´s Partidos Políticos
Governos Internacionais Governos Provinciais
Parlamento Grupos Empresarias
Empresas Públicas Vice-Presidente/Ministérios
Organizações Continentais/Regionais Organizações Internacionais
Oposição Política Tribunais/PGR
Líder de Opinião e os Media (Colonista/Editorial) Perito
Outro
Famílias

Fonte: elaboração própria

Página 250 de 422


Nesta alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula de tabulação
cruzada entre fonte da informação e espaço. Existe uma relação estatisticamente entre
as variáveis, com uma sig. de ,003.

Quadro nº 42 Testes qui-quadrado fonte da informação – espaço geográfico


g Significância
Valor l Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 37,81 1 ,003
2a 7
Razão de verossimilhança 43,66 1 ,000
6 7
Associação Linear por Linear ,109 1 ,742
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
26 células (72,2%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,48.
A partir da fonte de informação, quando cruzada com o enfoque, percebe-se o tom
com que, são normalmente reproduzidas as ações políticas mediatizadas do Governo
angolano pela imprensa. O que sobressai do gráfico abaixo é uma abordagem
maioritariamente feita num tom positivo com 120 das 170 ocorrências a confirmarem esta
afirmação. Quanto ao enfoque, positivo verificam-se 38% de referências ao PR, 20% ao
Vice-presidente e aos Ministros, 12% aos Governos internacionais e 9% de ocorrências
com citação ao parlamento. No que se refere ao enfoque negativo verificam-se 15% das
ocorrências para o PR e 5% para os partidos políticos e tribunais/PGR. Podemos concluir,
neste caso, que o enfoque negativo é insignificante.

Página 251 de 422


Gráfico nº 58 Fonte da informação – direção ou enfoque

Fonte: elaboração própria


Quanto à alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula da
tabulação cruzada entre a fonte da informação e a direção ou enfoque. Existe
estatisticamente uma relação entre as duas variáveis, com uma sig. de ,000.
Quadro nº 43 Testes qui-quadrado fonte da informação – direção ou enfoque
Significância Assintótica
Valor gl (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 78,046a 34 ,000
Razão de verossimilhança 73,472 34 ,000
Associação Linear por Linear ,902 1 ,342
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
43 células (79,6%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,06

Página 252 de 422


A partir do cruzamento entre a variável, fonte da informação e citação do
protagonista, é possível observar que ao conjunto dos textos que representam a cobertura
das ações políticas mediatizadas do Governo angolano, existe sempre um destaque do
protagonista. Nesta conformidade, como ilustra o gráfico nº 59 abaixo, para a citação do
protagonista, aparecem 38% das ocorrências com referência ao PR, 13% aos grupos e
representantes de públicos, 12% ao Vice-Presidente e Ministros e 10% a empresas
públicas.
Gráfico nº 59 Fonte da informação – citação do protagonista

Fonte: elaboração própria

Na alocução do teste de qui quadrado, rejeita-se a hipótese nula de tabulação


cruzada entre a variável fonte da informação e citação do protagonista. Existe
estatisticamente uma relação entre duas variáveis, com uma sig de ,000.

Página 253 de 422


Quadro nº 44 Testes qui-quadrado fonte da informação – citação do protagonista
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 235,365a 102 ,000
Razão de verossimilhança 130,138 102 ,032
Associação Linear por Linear 3,045 1 ,081
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
118 células (93,7%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,01.
Ao cruzar-se a variável, fonte da informação com a referência ao público, percebe-
se de antemão como é que a fonte cita os públicos cujas ações pretendem atingir, ou seja,
em que plano a representação noticiosa destas ações são citadas. Nesta conformidade,
quando se cita o protagonista, o PR aparece com 46% das ocorrências, os governos
externos com 12% das ocorrências, o Vice-presidente e Ministros com 16% das
ocorrências e os Tribunais e a PGR com 12% das ocorrências.
Gráfico nº 60 Fonte da informação – referência ao público

Fonte: elaboração própria


Na alocução do teste de qui quadrado da variável, fonte da informação e
referência ao público, rejeita-se a hipótese nula de tabulação cruzada. Existe
estatisticamente uma relação entre as variáveis, com uma sig. de 0, 013.

Página 254 de 422


Quadro nº 45 Testes qui-quadrado fonte da informação – referência ao público
Significância Assintótica
Valor gl (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 32,521a 17 ,013
Razão de verossimilhança 35,981 17 ,005
Associação Linear por Linear ,812 1 ,367
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
25 células (69,4%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,21.
A variável, assunto da notícia e referência ao público, quando cruzadas,
descrevem a forma como, a partir do conteúdo é possível ter-se a perceção sobre os
públicos, que são referenciados pelas peças noticiosas. A partir do gráfico, é possível
notar que o assunto turismo e ambiente apresenta a citação do protagonista com 17% das
ocorrências, habitação e políticas sociais com 11% das ocorrências, tecnologia e ciência
com 13% das ocorrências, igual número para a educação, a diplomacia com 12% e os
casos pessoais aparecem, com cerca de 9% das ocorrências. Quando o protagonista é
secundário e destaca-se os recursos naturais, energia e hidrocarbonetos.
Gráfico nº 61 Assunto da notícia – referencia ao público

17

1213 13 13
11
9
6 7
5
2 33 3 3 223212111
12 0 211110 102 20 2 121
0
2 2
0000101 110 01101101 110

Sim (Protagonista) Não (Secundário)

Estado Partidos Políticos


Diplomacia Banca/Finanças
Trabalho/Emprego Manifestações Políticas e Sociais
Justiça/Tribunais Habitação/Políticas Sociais
Turismo/Ambiente Educação
Saúde Tecnologia e Ciência
Religião Agricultura
Casos Pessoais Insólitos
Recursos Naturais/Energia e Hidrocarbonetos Forças Armadas
Inteligência/Policia Nacional Comercio e Industria
Economia/Investimentos Transportes/Vias de Comunicação
Género Relações Internacionais
Festividades Corrupção
Impunidade Nepotismo
Democracia Telecomunicações e Comunicação Social
Liberdades Direitos Humanos

Fonte: elaboração própria


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Relativamente à alocução do teste de qui quadrado rejeita-se a hipótese nula
de tabulação cruzada entre o assunto da notícia e a referência ao público. Existe
estatisticamente uma relação entre estas duas variáveis, com uma sig. de ,034 entre as
variáveis.
Quadro nº 46 Testes qui-quadrado assunto da notícia – referencia ao público
Significância
Valor gl Assintótica (Bilateral)
Qui-quadrado de Pearson 48,100a 32 ,034
Razão de verossimilhança 48,268 32 ,032
Associação Linear por Linear ,019 1 ,889
N de Casos Válidos 170
Fonte: elaboração própria
57 células (86,4%) esperavam uma contagem menor que 5. A contagem mínima esperada é ,21.
Feita a apresentação dos resultados da tabulação cruzada das principais peças
noticiosas da imprensa com a representação das ações políticas mediatizadas do Governo
angolano, segue-se o resultado da aplicação das entrevistas.

4.3. Os Discursos e Ações Políticas Mediatizadas: Entrevistas


Com o propósito de aprofundar as tendências identificadas nos resultados da
análise de conteúdo dos discursos e das ações políticas mediatizadas, realizaram-se
entrevistas, que permitiram extrair uma quantidade considerável de dados e informações
cujo propósito foi enriquecer o trabalho com conhecimentos sobre as análises realizadas.
Teve-se como objetivo com as entrevistas descrever com base na compreensão dos
entrevistados as suas visões e perspetivas sobre as promessas discursivas de João
Lourenço e as ações políticas mediatizadas do seu Governo, em consonância com a
discussão teórica acerca da intencionalidade dos mesmos e das manifestações de poder
para registar a descrição obtida a partir dos entrevistados.
Com o propósito anteriormente evocado, entrevistaram-se os responsáveis dos
partidos políticos e organizações sindicais, nomeadamente o Presidente do Sindicato dos
Jornalistas Angolanos adiante (SJA), Teixeira Cândido; o Secretário-geral da Associação
de Jornalistas Económicos de Angola (AJECO), Mateus Cavumbo; o Presidente da Frente
Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) e da sua Bancada Parlamentar, Dr. Lucas
Ngonda; a Vice-Presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola Coligação

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Eleitoral (CASA-CE) e Vice-Presidente da sua Bancada Parlamentar, Cesinanda Kerlan
Xavier e o Deputado e o Presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito
Daniel conforme indica o quadro nº 45, abaixo.
Os quadros a seguir sistematizam a interpretação das respostas dos entrevistados,
conforme as questões previamente estruturadas. Cada ocorrência/frequência no quadro
corresponde à resposta de um entrevistado, do total dos cinco que participaram neste
estudo.
Quadro nº 47 Organizações políticas e sindicais
Frequência
SJA- Sindicato dos Jornalistas Angolanos 1

AJECO – Associação dos Jornalistas 1


Económicos de Angola
CASA-CE- Convergência Ampla de Salvação de 1
Angola- Coligação Eleitoral
FNLA- Frente Nacional de Libertação de Angola 1

PRS- Partido de renovação social 1

Total 5

Fonte: elaboração própria


No total foram entrevistados cinco participantes nomeadamente o presidente do
Sindicato dos Jornalistas Angolanos, o Secretário-geral da Associação de Jornalistas
Económicos de Angola, o Presidente da Frente Nacional para a Libertação de Angola, o
Vice-Presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola, e o Presidente do
Partido de Renovação Social conforme ilustra o quadro nº47, acima.

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Quadro nº 48 O que pensa sobre as promessas do PR em relação a corrupção, a
impunidade e ao nepotismo?
Respostas-Síntese Entidade
O Presidente João Lourenço manifesta vontade em SJA
combater a corrupção, a impunidade e o nepotismo
O Presidente tem uma outra logica é muito corajoso FNLA
está a combater a sua própria família política
Estamos numa fase de maturação do atual contexto já CASA-CE
que se viveu muitos anos de letargia
Acreditamos que tem havido um esforço do Governo AJECO
liderado pelo Presidente João Lourenço em combater
a corrupção, a impunidade e ao nepotismo.
O PR tem tentado combater a impunidade o nepotismo PRS
e a corrupção, mas ele já encontrou um sistema
minado, é todo corrupto, caracterizado pela
impunidade e pelo nepotismo.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Colocada a questão nos moldes acima apresentados, os entrevistados, na sua
maioria, em número de três são favoráveis às promessas feitas pelo PR, ao considerarem
que o PR manifesta vontade em combater a corrupção, a impunidade e o nepotismo. No
entanto, eles alegam que o combate contra a corrupção, contra a impunidade e contra o
nepotismo não se faz única e exclusivamente com a vontade política, porquanto, não é
possível combater estes males sem que se faça uma reforma estruturante do Estado. Na
opinião de dois dos entrevistados, este combate deve passar por uma revisão
constitucional para conferir maior poder aos juízes, aos procuradores e ao sistema judicial
em geral. Noutra vertente, um dos entrevistados entende não se tratar de uma promessa,
mas sim de um programa criteriosamente definido pelo partido que governa o país
acoplado ao lema “Melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”.

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Quadro nº 49 Do que tem observado qual é a sua opinião sobre a promessa do PR
relacionada com a consolidação da democracia?
Respostas-Síntese Entidade
A consolidação da democracia depende de vários aspetos CASA-CE
nomeadamente, a ação das instituições, entretanto, tem
havido algum esforço do PR apesar de não depender
somente dele.
O presidente tem vontade em reformar o sistema e reforçar SJA
as instituições e os valores. Mas por si só, não basta.
Houve um retrocesso havia mais liberdade no tempo de José FNLA
Eduardo Dos Santos
Tem havido algum avanço. Os sinais são bastante animadores AJECO
visto que a consolidação da Democracia é sempre uma
questão complexa.
Não creio, porque há consolidação da democracia tem que PRS
passar por alguns parâmetros como a livre expressão, não
acreditao que os angolanos tenham liberdade de expressão
porque existem várias dificuldades essencialmente com a
imprensa.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Relativamente à questão relacionada com a consolidação da democracia, dois dos
entrevistados consideram que tem havido algum avanço. Um dos entrevistados acredita
que os sinais são bastante animadores visto que a consolidação da democracia é sempre
uma questão complexa e de interpretação difícil na sua execução. Outro grupo igualmente
com dois entrevistados considera que a vontade única da pessoa por si só não basta, por
isso, existe a necessidade de se reforçarem as instituições e não as pessoas, porque as
pessoas são, mais ou menos promotoras do desenvolvimento, quer a nível político, quer
a nível social e portanto, o último considera que a vontade das pessoas deve estar ancorada
às instituições, promotoras da liberdade.

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Quadro nº 50 Qual é a sua posição em relação à possibilidade de existirem autarquias
locais em Angola?
Respostas-Síntese Entidade
Válido As autarquias reforçam sempre a Democracia. As condições AJECO
estão a ser criadas para que sejam efetivadas
Nula, porque o MPLA não está confortável por causa da SJA
questão da má gestão do Estado nos últimos anos.
o país é obrigado a caminhar para o sentido de implementação FNLA
das autarquias locais
O país é obrigado a caminhar para a implementação das CASA-CE
autarquias locais já que é uma forma de consolidação da
democracia
As autarquias estão engavetadas. Vai ficando difícil falar PRS
sobre as autarquias porque agora ninguém mas fala nelas.
Era desejo do povo angolano e dos partidos políticos que as
autarquias se efetivassem
Total 5
Fonte: elaboração própria
Neste caso dois dos entrevistados consideram que o MPLA não está confortável,
por várias razões, pelo fato de se notar ter existido má gestão do Estado, nos últimos 20
anos, de governação do Presidente José Eduardo dos Santos, que permitiu que o país fosse
mal gerido, os recursos que deviam permitir o desenvolvimento socioeconómico do país
acabaram por ser em grande parte desviados para o exterior. O outro grupo, representado
por três entrevistados, considera que tem havido algum avanço. Os entrevistados acham
que existem sinais bastante animadores visto que a consolidação da democracia é sempre
uma questão complexa de interpretação na sua execução, ou seja, os partidos políticos
dificilmente ficam satisfeitos com as ações desencadeadas por um partido no poder, na
medida em que, pretendem conquistar todos os espaços mediáticos.

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Quadro nº 51 O que pensa sobre a liberdade de expressão, manifestação e reunião?
Respostas-Síntese Entidade
A imprensa está mais aberta ao pluralismo da informação, AJECO
dando vozes aos mais críticos e aos elementos dos partidos
políticos. O jornalismo feito neste período regista o cimentar da
liberdade de imprensa.
Inexistente, as lideranças acreditam que têm capacidade de SJA
governar quando dominam a imprensa e controlam as
opiniões.
Houve avanços significativos, não obstante existem ainda uma FNLA
ou outra situação pontual por resolver.
Numa perspetiva comparada com os anos anteriores (entre CASA-CE
2010 a 2016) por exemplo, reconheço que houve avanços
significativos
Não existe, ainda esta por se concretizar eu acho que o PR PRS
prometeu, até houve um período de 3 ou 6, que esvamos a
pensar que o paradigma mudou que nos haveríamos de viver
uma liberdade de expressão e de opinião, mas depois fecharam
o circuito
Total 5
Fonte: elaboração própria
Ainda que alguns entrevistados entendam que as lideranças africanas acreditam
que têm capacidade de governar quando dominam a imprensa, quando dominam o
Exército ou quando dominam o sistema judicial e que controlando essas três vertentes,
esses três instrumentos são capazes de consolidar poderes. Os entrevistados entendem ser
uma ingenuidade, porquanto quem fecha os caminhos de uma revolução pacífica, abre ao
mesmo tempo o caminho para uma revolução violenta, nessa conformidade, três acham
que a imprensa está mais aberta ao pluralismo da informação e tem havido abertura para
a manifestação e reunião. Contradizendo a ideia anterior, em que os outros dois
entrevistados consideraram os fatores económicos como causa da ausência de jornais
plurais, justificando que, para os jornais funcionarem precisam de grandes grupos
comerciais, fato que ainda não se verifica em Angola.
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Quadro nº 52 Qual é a sua opinião em relação aos direitos humanos em Angola?
Respostas-Síntese Entidade
Há uma crescente evolução sobre a matéria, tendo se AJECO
registado poucas violações aos direitos fundamentais.
Há ainda muita inobservância dos Direitos Humanos, os SJA
cidadãos são impedidos de reclamar e se manifestarem.
Ainda temos muito que aprender FNLA
Falar de direitos humanos é falar de uma questão que continua CASA-CE
a ser um “não assunto” principalmente para os atores
políticos.
Agora mata-se mais gente do que antes eu posso dar o PRS
exemplo do que aconteceu em cafunfo, aonde foram mortas
pessoas porque estavam a se manifestar, e a exigência era
Água, Luz, emprego, saúde e estrada. Foram mal-entendidos
Total 5
Fonte: elaboração própria
Quanto à questão dos Direitos Humanos, os entrevistados consideram em número
de três que há ainda muita inobservância dos Direitos Humanos, porque os cidadãos são
impedidos de reclamarem e de manifestarem-se. Um dos entrevistados apresentou, como
exemplo, o incidente ocorrido em Kafunfo, localidade da Lunda Norte, onde cidadãos
que pretendiam demonstrar o seu descontentamento foram alvejados. O nosso
entrevistado argumentava, igualmente, a inexistência de liberdade de reunião e
manifestação. Outro dos entrevistados considerou que, falar de direitos humanos, em
Angola, é falar de uma questão que continua a ser um “não assunto” principalmente para
os atores políticos.

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Quadro nº 53 O que pensa sobre o trabalho dos tribunais e da procuradoria-geral da
República na era João Lourenço?
Respostas-Síntese Entidade
Tem havido um trabalho que permite aos cidadãos terem AJECO
maior crença no chamado terceiro poder, cuja separação de
outros poderes tem sido evidente. Os Tribunais exercem o seu
poder na equidistância jurídica.
Insuficiente, porque não têm independência para agir. SJA
Há um grande problema a procuradoria e os tribunais nunca FNLA
concluem nenhum processo
Falar da ação dos Tribunais e da Procuradoria Geral da CASA-CE
República, diria que acabaram sendo vítimas do próprio
sistema que vigorou durante muitos anos.
Os tribunais estão a melhorar em termos de sentenças, mas PRS
ainda pecam em termos de atraso processual, justificando-se
pelo número de magistrados e de juízes que se tem, nos
tribunais anteriores as sentenças eram políticas eram
encomendadas algumas pessoas eram condenadas com penas
que nem sequer existiam no código penal
Total 5
Fonte: elaboração própria
Quanto à nova dinâmica que vem sendo dada aos Tribunais e à Procuradoria-geral
da República, na era João Lourenço, dois dos entrevistados não acreditam que estes
tenham mais independência para agir. Um dos entrevistados apresentou como exemplo o
fato de estes órgãos estarem a afetar bens como apartamentos recuperados no processo de
recuperação de ativos, à Magistratura Judicial e à Magistratura do Ministério Público sem
qualquer concurso público. Na generalidade, outros três são de opinião que tem havido
uma crescente evolução sobre a matéria tendo-se registado poucas violações aos direitos
fundamentais do homem. O contínuo respeito às normas previamente definidas por
organizações internacionais tem sido o apanágio da governação angolana, esclareceu um
dos entrevistados.

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Quadro nº 54 Que opinião é que tem em relação aos órgãos de defesa, Segurança e
Veteranos da Pátria?
Respostas-Síntese Entidade
Os militares e os outros órgãos são partidários, os SJA
veteranos não são valorizados
São órgãos que têm desempenhado o seu papel positivo AJECO
sempre na perspetiva de preservar os interesses do Estado.
Má, o Governo devia ter políticas mais substanciais que FNLA
pudesse comtemplar o militar e o antigo combatente
Devo dizer que quanto aos órgãos de Defesa, Segurança CASA-CE
continuam a ter a devida relevância e têm trabalhado
conforme o contexto. No que toca aos Veteranos da Pátria,
deviam ser melhor dignificados.
Angola tem um número muito elevado de veteranos, porque PRS
a guerra durou muitos anos e com muitas etapas, não houve
controlo dos exércitos, as pessoas que combateram estão
abandonados todos os esforços que foram feitos para que
estas pessoas fossem recuperadas caíram na corrupção
Total 5
Fonte: elaboração própria
Sobre os órgãos de defesa, segurança e veteranos da pátria, dois entrevistados
consideram que têm desempenhado o seu papel, positivamente, sempre na perspetiva de
preservar os interesses do Estado. Para um segundo entrevistado, os militares são
partidários do MPLA, porquanto a Casa de Segurança do PR é que tem o controlo do
exército, os militares seguem a orientação dos Generais que são partidários, por isso
chegam a cargos de Ministros e não consideram o sistema social emergente no sentido
em que as instituições não estão reforçadas.
Os outros três convergem na opinião de que não há separação de poderes, a
interferência do Executivo é omnipresente, porque tem expressão no Exército, no Sistema
Judicial, no Parlamento, na Imprensa, portanto, a gestão destes órgãos é centralizada.

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Quadro nº 55 Como avalia a mobilidade de cidadãos na CPLP e a imigração ilegal,
enquanto preocupação do PR?
Respostas-Síntese Entidade
Não é só preocupação do Presidente João Lourenço, mas de AJECO
todos os Estados da CPLP, sobretudo os de Portugal e Brasil,
zonas preferenciais dos cidadãos da comunidade, e tem sido
notória nos últimos anos.
Sou séptico em relação a CPLP, serve os interesses de Portugal, SJA
que promove e fomenta a sua língua.
Não acredito nela, a CPLP, foi crida pelos portugueses para FNLA
preservação da língua portuguesa
A preocupação de João Lourenço é oportuna, numa altura em CASA-CE
que na CPLP, continuam as dificuldades de mobilidade de
cidadãos.
O PR tem se empenhado nesta matéria, porque Angola era um PRS
país que estava esquecido no concerto das nações, durante
muitos anos não tinha ninguém na união africana, na própria
CPLP até mesmo na SADC
Total 5
Fonte: elaboração própria
No que toca à mobilidade na CPLP e imigração ilegal, um dos entrevistados disse
não ser só preocupação do Presidente João Lourenço, mas de todos os Estados da CPLP,
sobretudo Portugal e o Brasil, zonas preferenciais dos cidadãos da comunidade. Três dos
entrevistados, consideram a mobilidade de cidadãos nos países da comunidade lusófona
de notória nos últimos anos. Os interlocutores, consideraram haver um fluxo elevado de
imigração ilegal, sobretudo dos cidadãos dos PALOP para os países mais avançados da
comunidade, o caso de Portugal e do Brasil, mas este assunto tem sempre merecido
discussões atiçadas nas reuniões de cúpula da CPLP. O último mostrou-se cético ou não
acredita na mobilidade, porquanto, para este, a CPLP foi uma iniciativa de Portugal para
manter o controlo sobre os outros Estados membros e promover a Língua Portuguesa.

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Quadro nº 56 Que análise se pode fazer em relação ao crescimento económico do país?
Respostas-Síntese Entidade
Positiva, apostou na diversificação da economia, em vez da PRS
economia petrolíferas
É um fracasso, José Eduardo deixou o país na banca rota, SJA
João Lourenço se propôs em recupera-lo economicamente.
O país vive uma recessão económica e os esforços estão a AJECO
ser feitos para reverter a situação
O país viveu entre 2009 a 2014 um período áureo de CASA-CE
crescimento económico. Desde então tem decrescido de
forma consistente. Há de facto uma recessão económica com
graves consequências económicas e sociais.
O fracasso é total, o critério que se tem adotado vai PRS
impulsionar a economia, mas nunca irá se refletir na vida
das populações. O PR começou já a navegar contra a mare
quando herdou um país que foi saqueado
Total 5
Fonte: elaboração própria
Quando se questiona o crescimento económico na era João Lourenço, dois
entrevistados consideram ser um fracasso, pelo facto de o Presidente anterior, José
Eduardo dos Santos ter deixado o país quase que na falência, conforme pronunciamento
público do Presidente João Lourenço; por isso, propôs-se a recuperar economicamente o
país e melhorar as finanças públicas.
A outra parte dos entrevistados em número de três, igualmente, confirmaram esta
situação acentuando, que o país vivia uma recessão económica e estavam a ser feitos
esforços para se reverter a situação. Ainda nesta perspetiva, os entrevistados acentuaram
um aspeto que consideram positivo, o fato de o PR ter apostado na diversificação da
economia, ao invés de concentrar toda a economia à volta do petróleo, apostando noutros
recursos que já eram explorados pelos portugueses, como o fosfato, o manganésio, o
cobalto, o ferro, o cobre, o diamante e outros, o que indica que a sua intenção é melhorar
os atos públicos.

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Quadro nº 57 Que avaliação faz às finanças públicas nos últimos dois anos?
Respostas-Síntese Entidade
não acreditei que o Presidente pudesse recuperar a economia SJA
em 5 anos, por isso a crise é profunda.
A estrutura das finanças públicas mantem-se do ponto de vista CASA-CE
da sua alocação: pouca despesa para os sectores da saúde e da
educação, da agricultura e do apoio à atividade económica,
preponderância para o sector da Defesa e Segurança e
concentração de receitas na presidência da república.
Má, aí é que está o problema, nunca se fez um relatório FNLA
coerente
Tem estado a melhorar. A título de exemplo, a Lei da AJECO
Sustentabilidade das Finanças Públicas (LSFP) constitui um
instrumento que concorre para a melhor implementação da
Política Fiscal, confere maior disciplina fiscal e reforça a
transferência.
As finanças públicas do país não melhoraram! Porque se PRS
tivessem melhorado haveria algum aumento dos vencimentos
da função pública. Era apenas o petróleo que custeava as
despesas públicas do Estado.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Quanto às finanças públicas, três dos entrevistados são de opinião que a situação
financeira do país está mal, porquanto, João Lourenço encontrou um grande vazio nos
cofres públicos, nunca se fez um relatório coerente e conciso sobre a dívida pública do
país, quando o Mistério das Finanças tentou pronunciar-se sobre isto, em sede do
Parlamento, notaram-se muitos erros. Um dos entrevistados considerou existirem erros
de estimativa do volume da dívida pública, que Eduardo dos Santos contraiu, a que se
acrescem as dificuldades na localização da própria divida pública. Outro afirmou haver
descontrolo em relação a dívida internacional, remetendo o país para uma situação de
falta de dados coerentes relacionados com as finanças públicas.

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Quadro nº 58 Qual pensa ser o desfecho da política de repatriamento de capitais e
recuperação de ativos?
Respostas-Síntese Entidade
Válido O Presidente da República não conseguirá repatriar os fundos que SJA
estão no sistema económico de outros países
Acreditamos que vai atingir acima de 50% da meta definida que, AJECO
matematicamente, isso já é positivo.
A grande maioria do capital ficará fora do país devido a sua origem FNLA
duvidosa
Os países que receberam de bom grado o dinheiro vão agora aplicar CASA-CE
as regras de compliance para o reter.
Essa situação nos deixa alguma dúvida, de a um tempo a esta parte a PRS
Procuradoria-geral vem anunciando alguns valores que têm sido
recuperados, mas o PR classificou como uma gota de água no oceano,
Total 5
Fonte: elaboração própria
Quanto ao repatriamento de capitais e recuperação de ativos, três dos entrevistados
consideram que, o PR nunca conseguiria repatriar os fundos, porquanto, se encontram
nos sistemas económicos de outros países. Estes países iriam ressentir caso devolvessem
os capitais. Citaram como exemplo o caso da resposta do Primeiro-ministro português ao
PR de Angola, quando este pediu apoio numa das suas visitas a Portugal, a resposta foi,
vamos ajudar desde que não existam repercussões para a economia portuguesa. Uma
posição reforçada pelos outros dois entrevistados que consideraram que a grande maioria
do capital ficaria fora do país devido sua origem duvidosa.

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Quadro nº 59 Relativamente a banca que avaliação faz ao crédito as empresas?
Respostas-Síntese Entidade
O crédito as empresas, neste contexto afigura-se impossível, SJA
porquanto os bancos estão incapacitados
Os últimos dados do Ministério da Economia e Planeamento AJECO
(MEP) apontam para uma subida vertiginosa do programa de
concessão do crédito, apesar de ainda empresários clamarem
por um grito de socorro.
As empresas estão a fechar ainda que a política monetária FNLA
seja de intervenção
A Banca é um meio de fuga de capitais e de uso impróprio CASA-CE
dos depósitos que saem para financiar a acumulação primitiva
do capital. A economia não logrou um nível de
sustentabilidade, de negócios regulares, de regras com
mitigação de riscos dada a natureza da sua origem.
Há muito que vínhamos alertando que se estava a criar PRS
desemprego não financiando as empresas, agora toda a
atenção está em revitalizar a macroeconomia, o Governo
pensa que tem que haver muitos impostos para poder
distribuir melhor a renda nacional, mas as pessoas não vão
viver só dos impostos.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Em relação ao crédito às empresas, as opiniões de dois dos entrevistados
convergem para a impossibilidade de os bancos concederem crédito às empresas, na
medida em que, o Estado está quase que numa situação de incapacidade, parecendo estar-
se, para eles, apenas num Estado de Gestão. Como prova disso, eles avançam o fato de
no âmbito da dívida pública, o endividamento contraído junto do Fundo Monetário
Internacional só puder acudir despesas correntes. A isto, acrescenta-se o fato de outros
três entrevistados convergirem na afirmação de que as empresas estejam a fechar, ainda
que exista uma política monetária de intervenção. Um dos informantes explicou, que os
últimos dados do Ministério da Economia e Planeamento (MEP), apontavam para uma
subida vertiginosa do programa de concessão de crédito, apesar de ainda existirem
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empresários a clamarem por um grito de ajuda.

Quadro nº 60 Como vê o empreendedorismo e o investimento nos últimos dois anos?


Resposta-Síntese Entidade
Há um crédito destinado ao desenvolvimento de ações de AJECO
empreendedorismo no país, cujas metas estão ainda abaixo das
previsões, devido à crise económica e financeira e pandémica
mundial.
De forma séptica, o empreendedorismo é uma cultura e faz-se SJA
havendo formação direcionada para tal
Há apenas apelos ao investimento no país FNLA
A estrutura de partido Estado limita a capacidade empreendedora CASA-CE
dos cidadãos. A política do Governo não foi para permitir o
financiamento do empreendedorismo, mas financiar aqueles que
podiam ser a fonte do financiamento partidário.
Aí sim, porque vai haver mais empresas, o parque industrial de PRS
Luanda está completamente vendido e ainda têm vindo
empresários que querem construir as suas infraestruturas em
Angola, o coronavírus tem sido um fator de impedimento.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Quanto ao empreendedorismo, dois entrevistados consideraram que o mesmo faz-
se em contextos onde haja uma cultura para tal, na medida em que, o empreendedorismo
só é possível, havendo uma formação direcionada para tal. As escolas angolanas não
formam empreendedores, formam pessoas para o funcionalismo públicos e para
trabalharem por conta de outras individualidades, por esses motivos mostram-se céticos,
quanto a implementação desta prática. Outros três disseram que há apenas apelos
constantes e incansáveis do PR ao investimento estrangeiro no país. Ainda assim, um dos
entrevistados afirmou existir um valor para o crédito destinado ao desenvolvimento de
ações de empreendedorismo no país, cujas metas estão ainda abaixo das previsões, devido
à crise económica, financeira e pandémica mundial.

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Quadro nº 61 Que tipo de avaliação faz à questão do emprego e do desemprego em
Angola?
Respostas-Síntese Entidade
A questão do emprego e do desemprego tem sido uma AJECO
preocupação premente do Governo
Péssima, o país vive de importações, o que dificulta o SJA
funcionamento das indústrias.
Há muito desemprego é preciso redefinir a formação e as FNLA
políticas de crédito
Apesar do esforço que o executivo angolano parece estar a CASA-CE
fazer, os sinais de redução do desemprego serão a médio prazo
O tecido industrial não existe, está todo ele degradado, as PRS
pequenas e microempresas não existem, foram despejadas
centena ou mesmo milhares de pessoas para o desemprego, o
sistema em si criou todo o desemprego.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Segundo dois dos entrevistados, falar do emprego e desemprego é aceitar que tem
sido uma preocupação do Governo, ainda que os dados do Instituto Nacional de
Estatística (INE), exponham uma taxa de desemprego a rondar os 31,5%, dos quais 16,2%
na zona rural. Porém, outros dois são de opinião que verificam-se altas taxas de
desemprego, talvez devido a Covid 19 e existem, igualmente, duas situações complexas
já que o binómio emprego vs. desemprego, tem tirado o sono de muitos governos. Outros
três, afirmaram que para Angola, os sinais de redução do desemprego só serão a médio
prazo, pois, existem determinadas variáveis que não dependem do Governo como é o caso
dos investimentos estrangeiros que seriam um upgrade no que se refere ao emprego.

Página 271 de 422


Quadro nº 62 Da observação que faz à situação da fome e da pobreza, qual será a evolução
nos próximos seis meses? Tem alguma ideia de como se pode ultrapassar este mal?
Respostas-Síntese Entidade
Com relativa melhoria, a pobreza e a fome têm a ver com o SJA
êxodo rural, devido o abandono das zonas originarias.
A fome e a pobreza continuam a ser preocupações das AJECO
autoridades. pelo que o Governo deve continuar a apostar nos
grandes programas definidos como o Kwenda.
Não pode haver avanços por causa do desemprego galopante FNLA
Penso que este mal pode ser ultrapassado com a conceção de CASA-CE
políticas públicas mais realistas e não com medidas paliativas.
Está a multiplicar-se. Combater a fome e a pobreza pressupõe ter PRS
foco, tem que se identificar bem as comunidades que padecem
Total 5
Fonte: elaboração própria
Neste caso, dois dos nossos entrevistados, consideram que a pobreza tem a ver
com êxodo rural que aconteceu durante a guerra civil, uma vez que as pessoas
abandonaram as suas zonas de conforto, as suas culturas e viram inclusive as suas terras
expropriadas, o que na realidade, era a fonte dos seus rendimentos. Segundo os
informantes, nunca se ouviu falar da fome e da pobreza com a intensidade que se fala nos
dias de hoje. Outros três dos entrevistados observam que a fome e a pobreza continuam a
ser ainda preocupações das autoridades angolanas, pelo que exortam o Governo a
continuar a apostar nos grandes programas de resolução destas questões como o
“Kwenda”. Os entrevistados consideram que se deve, igualmente, alargar a base de
apoios, criando cartões de abastecimento, por via de um “fundo para a pobreza”.

Página 272 de 422


Quadro nº 63 O que pensa sobre as ações que têm sido implementadas nos setores da
agricultura, pescas e indústria?
Respostas-Síntese Entidade
Insuficientes, a agricultura é de subsistência, não se pesca para a SJA
indústria, na realidade é tudo muito rudimentar.
Observando as linhas de financiamento do PRODESI, desde AJECO
2019 até junho de 2021, a Agricultura, Comércio e Distribuição,
assim como a Indústria Transformadora são os que mais se
beneficiaram de apoio.
As ações vêm tarde. Ainda assim, é necessário que a atenção que FNLA
se está a dar a esses setores seja contínua.
É necessário que a atenção que se está a dar nesses sectores seja CASA-CE
contínua já que são sectores extremamente estratégicos que
contribuiriam para a redução do desemprego
A agricultura estava sonegada, as pessoas despertaram e acham PRS
que têm que praticar a agricultura, mais ainda existem alguns
problemas, a produção ainda é familiar, a mecanizada é muito
reduzida
Total 5
Fonte: elaboração própria
Dois dos nossos entrevistados, concordam que existem várias ações neste
domínio. Os outros dois entrevistados enumeram uma série de programas, que têm sido
desenvolvidos neste domínio e recomendam que se observem as linhas de financiamento,
por exemplo, do PRODESI (Programa de Apoio à Produção, Diversificação das
Exportações e Substituição das Importações), que desde 2019 até junho de 2021 investiu
na agricultura, no comércio, na distribuição, assim como na indústria transformadora,
com maiores benefícios e apoios. Aqueles partilharam, igualmente, a informação que o
setor privado tem sido impulsionado para a diversificação económica com o PDN
(Programa de Desenvolvimento Nacional) 2018-2022, com o PRODESI, aos quais se
juntam um conjunto de programas e medidas para melhorar o ambiente de negócios, em
que se destacam: PAC - Programa de Apoio ao Crédito; PROPRIV- Programa de
Privatizações; PIIM - Plano Integrado de Intervenção nos Municípios; PAPE - Plano de
Ação para a Promoção da Empregabilidade e o reforço do Processo de Regularização de
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Atrasados com a dívida.
Um último informante defendeu que a agricultura estava relegada para um
segundo plano, pois a produção ainda é familiar e a mecanizada é muito reduzida.

Quadro nº 64 Como avalia os transportes públicos, as redes viárias e ferroviárias?


Respostas-Síntese Entidade
Inexistentes, funcionam de forma precária, perdemos uma SJA
oportunidade soberana de resolução deste problema
Nos últimos anos, houve um investimento maior nos transportes AJECO
públicos,
As primeiras políticas depois do fim da guerra foram num bom FNLA
sentido, agora está-se com problemas.
Avaliação negativa, pois continuam com as mesmas dificuldades CASA-CE
de anos anteriores
Estão maioritariamente nas mãos dos estrangeiros, partindo da PRS
capital. Os transportes públicos pertencentes a angolanos seriam a
TCUL que é estatal, a MACON que é privada e a TURA. Nas
províncias só há autocarros de pessoas particulares, não existem
redes de transportes públicos.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Relativamente aos transportes públicos, três entrevistados consideraram que se
perdeu uma oportunidade soberana para resolver a situação, na medida em que, se devia
ter feito o que acontece nas outras realidades, parcerias público-privadas. Ao invés disso,
monopolizou-se o setor. O Estado continuou a comprar os meios, houve interesses
sobrepostos aos do sector privado, e, alguns governantes entenderam não abrir o setor
para os privados competitivos para aqueles que têm know how. Outros dois concordam,
que no que concerne aos investimentos, registaram-se alguns interesses, por parte de
várias empresas em instalarem-se em Angola, como por exemplo, propuseram em
construir uma linha de metros a nível da capital, mas tudo emperrou devido à ambição e
interesse dos que queriam ter ações, comissões, ou ainda copropriedade nos negócios,
mesmo não tendo capacidades para tal o que desincentivou os investimentos. Um último
considerou que, as empresas de transportes públicos, estão maioritariamente nas mãos
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dos estrangeiros, partindo das que servem a capital. Os transportes públicos pertencentes
a angolanos são a TCUL que é estatal, a MACON que é privada e a TURA. Nas províncias
só há autocarros de pessoas particulares, não existem redes de transportes públicos.

Quadro nº 65 Que comentários pode fazer em relação às questões de género?


Respostas-Síntese Entidade
Tem sido uma luta das autoridades. O equilíbrio do género no AJECO
Aparelho do Estado tem sido notório, mas a meta dos 30% ainda
está a quem das expectativas.
O equilíbrio do género no aparelho do Estado tem sido notório FNLA
O contexto africano é o dos povos bantus em que, na divisão de SJA
tarefas a mulher competia-lhe as domésticas.
É um assunto que cada vez mais vai ganhando relevância na CASA-CE
sociedade angolana, principalmente para as gerações mais
jovens e instruídas.
Tem havido evolução, pois é uma preocupação do executivo, os PRS
partidos políticos têm lutado para observar essa situação não se
tem 50% de mulheres, mas pode -se chegar a 20 ou 30%. Na
Assembleia Nacional também há uma luta para que se possa
chegar 50% de mulheres e 50% de homem
Total 5
Fonte: elaboração própria
Quanto ao equilíbrio do género, 40% dos entrevistados considera que tem sido
uma luta das autoridades. O equilíbrio do género no aparelho do Estado por exemplo tem
sido notório, mas a meta dos 30%, ainda está aquém das expectativas. Uma opinião
reforçada nos outros 40% dos entrevistados, que afirmam que, em Angola desde o tempo
colonial, que o sistema social permitia a participação da mulher na vida pública,
contrariamente, a outros Estados Africanos, citando como exemplo, o fato de antes da
ocupação colonial o país ter tido uma Rainha “Njinga A Nbandi”, ainda assim, o Governo
angolano tem estado a seguir um bom exemplo. Angola é um país onde as mulheres
assumem muitas responsabilidades. 20% considerou que cerca de 30% das mulheres têm
lugares cimeiros, tais como: governadoras, diretoras, chefes de serviços com

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responsabilidade. É, em suma, um assunto que, cada vez mais, vai ganhando relevância
na sociedade angolana, principalmente para as gerações mais jovens e instruídas.

Quadro nº 66 O que pensa sobre a justiça distributiva e social em Angola?


Respostas-Síntese Entidade
A justiça distributiva depende da estruturação do Estado, quando SJA
o Estado quer prover tudo, não há justiça social.
Deve-se trabalhar afincadamente, apesar de haver alguma AJECO
melhoria nos últimos anos.
Precisamos aprender mais para pô-la em prática FNLA
Precisamos de aprender mais, principalmente os gestores públicos. CASA-CE
As assimetrias começam na distribuição do OGE. Mesmo nós PRS
como Deputados não sabemos quais são os critérios em que se
baseiam para a elaboração do OGE e consequente distribuição dos
recursos.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Relativamente à justiça distributiva e social, três dos entrevistados consideram que
é consensual que se precisa de aprender mais, para pô-la em prática, principalmente para
os gestores públicos. Outros dois entrevistados consideram haver assimetrias nesse
quesito, a começar pela distribuição do Orçamento Geral do Estado. Um dos entrevistados
adiantou que alguns deputados questionaram-se sobre os critérios que têm servido de base
para a elaboração do Orçamento Geral do Estado, porque não se percebe, se é por via do
número da população ou do nível de desenvolvimento que uma determinada província
apresenta, ou ainda se é pelo grau de necessidades que cada província tem, pois as
províncias têm um Orçamento distante da sua necessidade real. Um dos informantes
esclareceu que, a justiça distributiva depende da estruturação do Estado. O informante
acrescentou que quando o Estado quer prover tudo, não se pode falar em justiça social.

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Quadro nº 67 Como avalia a liberdade de culto e religião?
Respostas-Síntese Entidade
Sim, há liberdade, é uma cultura que assimilamos e nunca fomos SJA
capazes de refletir sobre ela.
Há muitas seitas que ainda exercem ilegalmente as atividades de AJECO
culto e religião. No entanto, as regras definidas recentemente vão
ajudar na delimitação da liberdade de culto e religião em Angola.
É um Estado laico, a liberdade de culto tem-se feito sentir com CASA-CE
casos que obrigam a intervenção do próprio Estado
Pelo facto de Angola assumir-se como um Estado laico, a liberdade FNLA
de culto e religião tem-se feito sentir
Esta situação por mais mecanismos que procuraram, não conseguem PRS
travar, queriam regular as igrejas ou as denominações religiosas, mas
a verdade é que a maioria funciona ilegalmente.
Total 5
Fonte: elaboração própria
Em relação à liberdade de culto e religião, é consensual que existe liberdade em
demasia, tendo dois dos entrevistados considerado que devia haver maior controlo no que
respeita a criação e proliferação de seitas religiosas. Primeiro, pelo fato de Angola
assumir-se como um Estado laico. Segundo, porque as seitas obrigam a intervenção do
Estado para regular as suas práticas, registando-se, muitas vezes, excessos nas suas
atitudes e práticas. Outros dois entrevistados afirmaram que as seitas religiosas exercem
ilegalmente as suas atividades de culto. Segundo um deles, o Ministério da Cultura,
Turismo e Ambiente está a trabalhar para a legalização dessas seitas, cujo processo
iniciou há mais de dois anos.
Outro interlocutor esclareceu que, esta situação por mais mecanismos que
procurarem, não conseguir-se-á travar, porque, o Governo queria regular as igrejas ou as
denominações religiosas, mas a verdade é que, piorou-se a situação e grande parte delas
passou a funcionar ilegalmente.

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Quadro nº 68 Na sua opinião que alterações se verificaram nos últimos dois anos na
educação e saúde?
Respostas-Síntese Entidade
Poucas, há hospitais, mas não há médicos. A mais escolas, mais SJA
a educação tem interferência dos media
A mudança de paradigma no modelo de ensino e aprendizagem, AJECO
foi substancial tendo culminado com o fim do programa da
reforma educativa que era vigente até 2020. Quanto à Saúde,
deve-se fazer mais investimentos.
Não houve alterações de relevo, ligeira melhoria na saúde. FNLA
Em função da situação da pandemia de COVID 19 que assolou CASA-CE
o mundo, não houve alterações de relevo. As situações
vivenciadas nesta fase, têm indicado que continuamos com um
caminho longo por percorrer.
A educação está em destaque. Na saúde há alterações, não temos PRS
ainda um atendimento humanizado, mas as melhorias residem
nas infraestruturas, em pouco tempo construíram-se várias
infraestruturas de saúde e de qualidade
Total 5
Fonte: elaboração própria
Ainda que, a maior parte dos entrevistados, em número de quatro considere que
houve poucas alterações e que nada de relevo aconteceu a este respeito, foi notável a
melhoria na saúde nos últimos dois anos; também é fato assente que houve mudança
substancial no paradigma de ensino e aprendizagem, tendo culminado com o fim do
programa da reforma educativa que vigorou até 2020. No setor da saúde, houve mais
investimentos em infraestruturas hospitalares e reforço na assistência médica e
medicamentosa. Um dos entrevistados afirmou existirem mais hospitais, e a inserção de
novos médicos no sistema de saúde, nas várias especialidades. Contudo, os entrevistados
reconhecem que muito ainda resta a fazer.

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5. As Ações Políticas Mediatizadas do Governo Angolano: Análise e Discussão das
Peças Noticiosas e Entrevistas
Neste capítulo discutiram-se os principais resultados, procurando interpretá-los
e relacioná-los com a teoria e a revisão da literatura que sustentam esta investigação.
Nesta conformidade, prosseguiram-se os seguintes Objetivos:
- Examinar as principais temáticas das ações políticas mediatizadas do Governo angolano,
a partir das imprensas portuguesa e angolana no período entre 03 de outubro de 2017 e
31 de dezembro de 2020;
- Identificar, numa perspetiva comparada, como as promessas discursivas de João
Lourenço, Presidente da República de Angola, se traduziram em ações políticas
mediatizadas do Governo angolano, segundo as imprensas portuguesa e angolana.
Para cumprir os objetivos acima referidos, analisam-se e discutiram-se os
principais elementos identificados nas peças noticiosas dos jornais, sobre as ações
políticas mediatizadas do Governo angolano e com o conteúdo das respostas obtidas a
partir das entrevistas semiestruturadas, com as quais, foi possível aprofundar os
resultados obtidos na análise de conteúdo dos discursos políticos e dos media.

5.1. Análise e Discussão das Principais Tendências


Os resultados obtidos conforme descrito no gráfico nº 28, indicam que o trimestre
que vai de 1 de janeiro a 31 de março de 2018, foi o mais representativo, com cerca de
15% do total das peças sobre as ações políticas do Governo angolano analisadas, a que se
segue o período que vai de 1 de outubro a 31 de dezembro de 2018, com cerca de 10, 6%,
e na terceira posição o trimestre que vai de 1 de janeiro a 31 março de 2020 com pouco
menos de 9%. Teixeira, Almeida e Belchior (2017, p. 17-18), consideram que ao agrupar-
se desta maneira as peças jornalísticas procurou-se analisar a informação com base nos
pontos convergentes e divergentes que consideram as ações políticas, na medida em que,
os indivíduos, para além de apoiarem o regime democrático, se mostram igualmente bem
informados, atentos e conhecedores da realidade política de Angola. É uma interceção
lógica, porquanto, Belchior, Sanches e José (2016, p. 13) dizem haver pouca perceção da
congruência entre as promessas discursivas e as ações políticas devido às dificuldades
dos cidadãos em distinguirem as estratégias das plataformas partidárias.
Os media têm sido determinantes para a troca de experiências, pois, permitem que
essas notícias se tornem património comuns ao grupo de cidadãos afetos aos mesmos,

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modificando a sua disposição mental. Os órgãos de imprensa desempenharam a sua
função informativa, porquanto, foram divulgando informações sobre as ações políticas
mediatizadas do Governo angolano, cujo conteúdo mostra a execução prática do teor das
mensagens dos discursos políticos de João Lourenço, PR da República de Angola
(Alexandre, 2001; Siqueira & Faria, 2007).
O sistema dos media enquanto rede de meios de comunicação permitem a
interação e a competição numa determinada área geográfica e data dentro do mesmo
período histórico, atendendo à mesma população, usando a mesma linguagem e os
mesmos códigos culturais (Santana-Pereira, 2016, p. 783), com essa tendência nota-se no
gráfico nº 29 que, quanto aos resultados, o Jornal o País se destaca, com cerca de 17%
do total de peças analisadas, seguido do Jornal de Angola, com 15%, o Expresso, com
cerca de 14%, assim como, o Expansão, Folha 8 e o Público, que partilham quase a
mesma percentagem entre os 10 e 13% do total dos textos analisados. Os jornais
analisados apresentam as origens e a importância da informação credível sobre os
assuntos e a atividade política do PR. Portugal é frequentemente descrito como tendo um
mercado de imprensa fraco, com um pequeno número de títulos, que não são lidos pelo
público em geral, mas sim por um pequeno segmento da população. Os jornais
selecionados incentivaram a participação dos cidadãos na vida do país e dos países com
os quais Angola se relaciona, por meio de diferentes práticas como: comentários, notícias,
participação em fóruns, partilha de conteúdo nas redes sociais, enquanto formas de
participação cidadã e de desenvolvimento das relações inter-Estados, assumindo-se como
dispositivo de naturalização das ações políticas do Governo angolano; mas também foram
um lugar de confrontação, dando voz a projetos alternativos, ligados a aspetos sobre a
cobertura mediática nacional e internacional (Sebastião e Lourenço, 2016; Santana-
Pereira, 2013; Rodrigues, 2013; Rebelo, 2014).
O assunto da notícia é o objeto da representação mediática da ação política que
significa “dar voz” as ideias da governação, o que já não parece, no contexto global, ser
uma iniciativa isolada, mas sim um movimento institucional que abarca várias esferas
sociais e culturais, a começar, claro, pelos media. Por isso, os media inserem o público
no contexto dos principais mecanismos intercessores das relações de disputa na política
e têm significativa influência nas representações sociais construídas sobre as práticas
desse campo e da sua legitimação (Ferreira e outros, 2018; Arias-Herrera, 2018)
Na generalidade, a análise da cobertura da imprensa portuguesa e angolana as

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ações políticas do Governo angolano, conforme o disposto no gráfico nº 30, demonstram
que os assuntos estiveram relacionados com a economia e investimentos, com 11%,
corrupção e relações internacionais, com 8% cada um, recursos naturais, energia e
hidrocarbonetos com, 7%, diplomacia, banca e finanças, com cerca de 8% cada uma. Os
assuntos das notícias divulgadas pelos órgãos de comunicação social estudados,
encontram respaldo na Teoria da Ação Política, que se serve dos media noticiosos de
forma instrumentalista, isto é, como se servisse dos interesses políticos do Governo. Esta
teoria defende a posição de que as notícias são distorções sistemáticas ao serviço dos
interesses políticos de certos agentes sociais específicos, que as utilizam na projeção da
sua visão do mundo e da sociedade, influenciando desta maneira a postura e a perceção
de quem consome estas notícias (Traquina, 2007, pp. 89-90).
A imprensa tem um papel de grande relevância na promoção das informações para
o público e, desta forma, na manutenção do exercício democrático. Ela regista uma
tendência interpretativa crescente, principalmente, no campo do jornalismo político. O
jornalista assumiu protagonismo no jogo político, contribuindo quer para o seu
desenvolvimento, quer para a construção da perceção pública da ação política (Morais &
Dias, 2019; Barros, 2019).
Os resultados ilustrados no gráfico nº 31 indicam que as reportagens lideraram a
cobertura das ações do Governo angolano, com 38 % das peças noticiosas, seguindo-se
do artigo, com 35% das ocorrências e a coluna ou breve, com 10%. É necessário
considerar que, devido aos novos produtos no formato digital e às novas técnicas, a
tendência é que os jornais assumam uma forte influência no setor da imprensa escrita e
na sua vertente mais tradicional, ainda assim, o formato em papel, continua a ter uma
forma genérica para cenários diferentes. Por isso, ao avaliar a dupla função exercida pelos
media tradicionais tais como a imprensa, concluiu-se ser um lugar de produção ideológica
seccionada das ações políticas (Quintanilha, 2018; Rebelo, 2014).
A análise expõe a existência de fotografia ou ilustração, com cerca de 95% do
total das ocorrências, com imagens explicitas e quase 3% com imagens não explicitas.
este aspeto permite perceber que a ligação e a representação das ações políticas
mediatizadas do Governo angolano são seletivas, o que possibilita que em função do
espaço geográfico se perceba o contexto e as dinâmicas na relação entre os media e o
Governo. Esta explanação tem respaldo por considerar que tanto as imagens como as
peças noticiosas são fabricadas por ocasião de acontecimentos ou circunstâncias que têm

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necessariamente um espaço excecional ou o adquirem graças aos meios audiovisuais,
proporcionando-lhes uma força e uma visibilidade que não tinham (Fonseca e Ferreira,
2016; Salgado, 2005).
Analogamente, a referência ao público apresenta o PR, como ilustra o gráfico nº
33, em primeiro plano, como protagonista, com 79% do total das ocorrências e é
igualmente figura central, quando o contexto tem a ver com o segundo plano, com cerca
de 20%. Neste sentido o protagonista não é apenas uma fonte de construção da mensagem,
mas também um sujeito a partir do qual, o emissor e o recetor são, inicialmente,
produzidos, ou seja, o público é entendido como um dos atores projetados pelos media
por meio dos seus textos ou peças noticiosas.
Angola possui uma diversidade de jornais independentes, no entanto, estes jornais
convivem com dificuldades relacionadas com a liberdade de imprensa (Lázaro, 2012, p.
39). Os constrangimentos circunscrevem-se à conformidade da lei de imprensa com a
nova Constituição aprovada em 2010. O relatório da Freedom House de 2017, por
exemplo, que analisou a liberdade de imprensa em Angola, atribui press freedom status:
not free a Angola na posição 73 dos 100 Estados analisados, considerando igualmente a
conjuntura do ambiente político, económico e legal. A organização Repórteres Sem
Fronteiras considera, na sua classificação de 2020, que Angola ocupa a posição 106 de
180 países, com a pontuação 33,92, uma evolução de quatro posições a contar da data do
início do estudo em 2017. Esta pontuação deve-se ao facto de os media tradicionais ainda
continuarem sob controlo do Governo. Os custos exorbitantes das licenças de rádio e de
televisão constituem um obstáculo ao pluralismo de imprensa.
A informação analisada indica uma distribuição equilibrada nos espaços
geográficos, onde efetivaram-se as ações políticas, com cerca de 51% das ocorrências a
fazerem referência que as mesmas tiveram lugar em território nacional, com cerca de 48%
a assinalar para o espaço internacional, descrevendo uma representação equilibrada. No
entanto, não se pode descurar que a política está em toda a parte e em todos os atos, por
isso, o quadro dos meios de comunicação social em Portugal hoje constitui um poderoso
aparelho ideológico com uma função complexa e contraditória, porque os textos
mediáticos contribuem sobremaneira para o controlo e a reprodução social (Morais e
Dias, 2019, p. 141).
Dos locais em que as ações políticas tiveram lugar ou foram implementadas,
Luanda destaca-se, com cerca de 67% das ocorrências, seguida de Portugal na

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generalidade, com cerca de 7%, fundamentalmente consubstanciadas na visita que o PR
de Angola, efetuou ao país da CPLP e a Europa Ocidental/União Europeia, com cerca de
10% das ocorrências.
Os locais geográficos ressaltam as tendências de produção da informação na
abordagem da imprensa sobre as ações políticas mediatizadas do Governo angolano. Os
lugares fazem parte da estratégia de comunicação do Governo para provocar um impacto
na vida dos cidadãos, na medida em que, essa estratégia é relevante para a teoria e para a
prática da interação governamental. Se a pluralidade das sociedades contemporâneas
representa a prática social, que pode ser exibida de diversas formas e em diversos lugares,
todas as representações do mundo e do que nele ocorre, sejam elas mais ou menos
abstratas, devem ser interpretadas como exposições de práticas sociais, expressas num
determinado contexto geográfico ou físico ( Kim & Krishna, 2018, p. 18; Figueiredo &
Bonini, 2017).
Os resultados indicam que, cerca de 90% das ações não vincularam os partidos
políticos e apenas 6,5% tinham a ver ou eram sancionadas pela UNITA, o maior partido
político da oposição. Quanto a sociedade civil, 93,5% dos membros são vistos de forma
indiferenciada nas ações políticas do Governo e os particulares estão representados com
cerca de 4,7% do total de ocorrências. O protagonista aparece, em cerca de 76,5% das
ações no primeiro plano e 23, 5% em segundo plano. Cerca de 74,4 % das ações políticas
analisadas são de histórias conhecidas e 27, 6% são de histórias isoladas.
Os órgãos de comunicação massiva têm divulgado informações sobre uma série
de ações políticas do Governo angolano, cujo conteúdo mostra a execução prática do teor
das mensagens dos discursos políticos de João Lourenço, PR de Angola. Tal sucede
porque o sentido primário da comunicação é tornar comum, partilhar, repartir, trocar
opiniões, associar ou conferenciar sobre alguma coisa e é, nesta conformidade, que os
media angolanos e portugueses, enquanto facilitadores, têm sido determinantes para troca
de informações, pois permitem que as notícias sobre as intenções discursivas se tornem
património comum aos cidadãos afetos, modificando a sua disposição mental e os seus
procedimentos (Alexandre, 2001; Cardoso, Cunha e Nascimento, 2003).
Os dados indicam que 94% dos membros da sociedade civil são vistos, de forma
indiferenciada, nas ações políticas do Governo e os particulares estão representados, com
cerca de 5% do total de ocorrências. É percetível que as ações políticas mediatizadas
resultam das intenções políticas expressas nos discursos de João Lourenço e constituem-

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se em elementos de ordem económica, social, civil e cultural que guiam ou resolvem as
aspirações dos cidadãos. (Correia, 2016; Siqueira & Faria, 2007).
Apesar do tratamento indiferenciado com 94% das ocorrências e do desinteresse
de outras camadas sociais, o conjunto dos cidadãos aparece descrito em todos os
problemas sociais. Aos problemas sociais dos cidadãos associam-se também, segundo o
estudo realizado, e na sequência dos resultados obtidos, descritos no gráfico nº 38. As
denúncias de corrupção, nepotismo e impunidade. Os cidadãos são considerados neste
estudo como sendo o modelo unitário da esfera pública que foi sendo progressivamente
abandonado para, em seu lugar, se erguer a atenção a uma rede heterogénea de públicos
que podem inclusive repensar, renegociar e reconsiderar por intermédio dos media as
questões abrangentes e controversas, geralmente, excluídas da agenda (Correia, 2016;
Siqueira & Faria, 2007),
Nos textos noticiosos, os jornais dão primazia ao PR como principal protagonista
das ações políticas. O público recetor dos jornais é entendido como um dos atores
projetados pelos media por meio dos seus textos ou peças noticiosas. Nesta relação, o
protagonista não é um conjunto de pessoas externas ao meio, pois está implícito ou
explicito no conteúdo proposto pelos media (García-Orosa, 2018, p.114). Relativamente
aos resultados, verifica-se que o protagonista é o Chefe de Estado, com cerca de 77% das
ações em primeiro plano e 24% em segundo plano (gráfico nº40).
Os resultados indicam o Chefe de Estado como a principal fonte da informação,
com cerca de 33% das ocorrências, seguido pelo Vice-presidente da República e dos
departamentos ministeriais com cerca de 14%, Tribunais e Procuradoria Geral da
República, com 8%, Governos Internacionais, com cerca de 7% e Líderes de Opinião e
Media, com cerca de 6% (gráfico nº 41). Este destaque deve-se ao fato de o Chefe do
Executivo ser um indivíduo que tende a comunicar diretamente com a imprensa, que
serve-se dos media como átrio de poder, prestando uma especial atenção aos repórteres
que o acompanham. O PR vem admitindo a culpa do Estado pelos momentos poucos
dignos que o país vivia, sem encontrar um responsável em concreto (Toniolo e Gonçalves,
2020, p. 72-73)
Os resultados indicam que, cerca de 74 % das ações políticas são de histórias
conhecidas e 28% são de histórias isoladas.
O ex-Ministro da Defesa (2014-2017) e antigo vice-Presidente do Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA), João Lourenço, apesar de ter encontrado um

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país enfraquecido, economicamente, por uma crise ligada à queda nos preços do petróleo,
desde 2014, por instituições prejudicadas pelo que, considera ser clientelismo, pela
corrupção e impunidades e, não menos preocupante, com uma crise de proteção com a
vizinha República Democrática do Congo, que ameaçava a segurança regional, para si os
problemas não se vislumbraram novos. Apesar das histórias parecerem do conhecimento
do PR algumas eram desconhecidas, na medida em que, depois do anúncio do Ex-
Presidente José Eduardo dos Santos de que não seria mais candidato a PR e de ter
declarado em sua substituição um novo candidato, criou-se uma grande expectativa, no
sentido de relançar as bases para a prosperidade do país. Aventava-se a possibilidade de
construir-se um novo modelo de desenvolvimento que beneficiasse todos os cidadãos
(Benomar, 2018).
O gráfico nº 42 sobre a citação do protagonista apresenta o PR referenciado em
50% das ocorrências das ações políticas mediatizadas, seguido de textos sem a sua
citação, com 31% e textos com referência de políticos ou outros repartidos em 5% cada
uma categoria das ocorrências. Em relação à citação do protagonista nos textos o Chefe
do Executivo está representado com 50% das ocorrências nas ações políticas
mediatizadas, seguido de textos sem a sua citação com 30,6% das ocorrências e textos
com referência de políticos ou outros repartidos, com 6 % em cada uma categoria das
ocorrências.
É relevante notar que os media têm a função social de informar a população acerca
dos fatos e acontecimentos decorrentes da vida social, política e cultural. É através dos
meios de comunicação, que o Governo influencia ou esclarece os seus propósitos. A par
do impulso dos media, a sociedade angolana moderna nas suas múltiplas vertentes, está
refletida no teor dos discursos políticos de João Lourenço, enquanto fator de múltiplas
interpretações inclusive para os estudos da comunicação política. Tornou-se essencial
estudar os momentos discursivos de João Lourenço, distinguindo nestes o próprio,
enquanto protagonista dos mesmos. (Barbosa e Gomes, 2010; Alexandre, 2001; Sgarbieri,
2006; Siqueira e Faria. 2007).
Os resultados indicam um tom positivo no tratamento noticioso, de cerca de 71%
do total das ocorrências, e um enfoque negativo, com 23%. Os textos noticiosos neutros
obtêm 7%. As imprensas estudadas, angolanos e portuguesa emitiram informações, que
por intermédio de imagens e da escrita, de uma forma ou de outra, tentaram criar, mudar
ou cristalizar atitudes ou opiniões nos indivíduos. O estudo das ações políticas implica

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definir a direção social ou o enfoque que as notícias tomam, na medida em que, a ação
política do Governo encontra-se representada nos media escritos e apresenta uma direção
crítica, indicando o sentido das medidas políticas que têm sido tomadas para a
prossecução dos fins da governação. Da ação política interpretam-se gestos, intenções,
comunicação verbal e não-verbal e resultados. Os media, por meio dos seus atores, têm o
poder de gerir o que é noticiado, isto é, os fatos que se tornam motivo de abordagem
social e, até mesmo a agenda política ou as decisões, as negociações e as medidas
políticas, ao mesmo tempo que se responsabilizam pelas escolhas que fazem (Alexandre,
2001; Sgarbieri, 2006; Charaudeau, 2006; Siqueira & Faria, 2007).

5.2. Análise e Discussão dos Assuntos Centrais


Nesta secção são feitas a análise e a discussão dos temas centrais da imprensa
anteriormente identificados. Considerando a simbologia e a influência das datas,
conforme indica o gráfico nº 44, no período que vai de 1 de janeiro a 31 de março de
2018, o Jornal de Angola fez 10 publicações, o país 5 e o Jornal Expansão 2 publicações.
De 1 de abril a 30 de junho de 2020, o País tem 8 publicações, o Público 2 e Jornal de
Angola 1. No período de 1 de outubro a 31 de dezembro de 2020, o Expresso tem 6
publicações, o País e o Correio da Manha com 5 cada uma e o Jornal Expansão e o
Público com 2 ocorrências cada um. Este pressuposto segue o pensamento plasmado nas
teorias da produção noticiosa, nomeadamente o gatekeeping e newsmaking, porquanto, a
cadeia de tratamento dos acontecimentos, ou seja, da notícia indica como fazer a
informação ou o ato tornar-se notícia. Verifica-se haver uma cadeia de tratamento da
informação que vai do jornalista, da área que envia as informações, à agência de imprensa
local, desta para distrital, que a envia para a central, até chegar ao editor de notícias do
jornal recetor. Considera-se que os efeitos comunicativos, em termos políticos nas
atitudes e nos comportamentos dos indivíduos, permanecem incertos, uma vez que, os
media não atuam de forma descontextualizada e a influência entre os media e a sociedade
é mútua. Isto justifica o contributo dos media na manutenção da ordem política e
consciência social que suportam os valores estabelecidos e os movimentos para a
mudança (Galtung & Ruge, 1965; Sebastião, 2016).
O cruzamento da variável data da publicação da notícia com o local do fato indica,
conforme o gráfico nº 45 que, geograficamente, Luanda destacou-se na mediatização das
ações políticas com 10% das ocorrências, no período de 3 outubro a 31 de dezembro de

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2017. Bié, Rússia, Caraíbas e Portugal com uma frequência de 15% nos períodos de 3
outubro a 31 de dezembro de 2017, 1 de abril a 30 de junho de 2020, 1 de janeiro a 31 de
março e 1 de junho a 30 de setembro de 2018.
Os media angolanos e portugueses foram intermediários para que as notícias sobre
as ações políticas mediatizadas se tornassem património comum aos cidadãos afetos,
modificando a sua disposição mental e os seus procedimentos. Todo o sistema dos media,
enquanto rede de meios de comunicação (canais de televisão, jornais e revistas, estações
de rádio e sítios na Internet) interagem e competem numa determinada área geográfica e
data dentro do mesmo período histórico, atendendo à mesma população, usando a mesma
linguagem e os mesmos códigos culturais (Alexandre, 2001; Santana-Pereira, 2016).
A partir das datas da publicação da notícia é possível aferir qual é a direção que
as peças noticiosas dão às ações políticas. O enfoque positivo conforme o gráfico nº 46
tem 22% das ocorrências no período de 1 de abril a 30 de julho de 2020, 16 ocorrências
no período de 1 de outubro à 31 de dezembro de 2018, 11% ocorrências no período de 1
de outubro a 31 de dezembro de 2020 e 10% ocorrências no período de 1 de julho a 30
de setembro de 2020. É possível verificar que o enfoque da notícia considera a perspetiva
normativa dos estudos de comunicação e política. A importância da data da publicação
da informação dos assuntos e da atividade política, permite ao cidadão tomar decisões. A
Teoria dos Efeitos Limitados dos Media não salienta a relação causal direta entre a
propaganda de massas e a manipulação da audiência, porque foca mais o processo indireto
de influência em que as dinâmicas sociais se intersetam com os processos comunicativos
em datas pré-selecionadas (Sebastião & Lourenço, 2016, p. 125; Monteiro & outros,
2012; Wolf, 1999).
O enfoque da notícia é trabalhado a partir da formulação do agenda-setting onde as
pessoas tendem a incluir ou excluir dos seus conhecimentos o que os media incluem ou
excluem do seu conteúdo. O público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou
negligencia elementos específicos dos cenários públicos. Na hipótese do agenda-setting,
a comunicação de massas não intervém diretamente no comportamento dos cidadãos, mas
influencia o modo como o destinatário das mensagens mediáticas organiza o seu
conhecimento sobre o mundo (Monteiro & outros, 2012; Silvestre; 2011).
Os géneros jornalísticos, nos órgãos de imprensa, conforme o gráfico nº 47 foram
reportagem, com 14 % das ocorrências no Jornal de Angola, 10 ocorrências no Expresso
e Correio da Manhã. Artigos, com cerca de 13% das ocorrências no Expansão e Folha 8

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e 11% no Jornal O País. Colunas, com 6 % de ocorrências no Correio da Manhã. A
imprensa é a maior fonte de informação da população, porque se reveste de um papel de
grande relevância na promoção das informações para o público e desta forma, na
manutenção do exercício democrático. Perante uma tendência interpretativa do
jornalismo político em detrimento de um estilo descritivo, em que o jornalista assume
protagonismo no jogo político, contribuindo quer para o seu desenvolvimento, quer para
a construção da perceção pública dos contextos políticos (Barros, 2019; Morais & Dias,
2019).
Independentemente do género jornalístico, a completar a notícia, posiciona-se
sempre a ilustração. Conforme o gráfico nº 48, o semanário O País apresenta 30
ilustrações explicitas, o Jornal de Angola 26 ilustrações explicitas, o Expresso 23 e o
Público 21 ilustrações explicitas. Os órgãos de imprensa desempenharam a sua função
informativa, divulgaram conteúdos sobre uma série de ações políticas mediatizadas do
Governo angolano, usaram as fotografias para melhor ilustrar o conteúdo sobre a
execução prática das ações políticas mediatizadas.
Os órgãos de imprensa referem-se aos públicos, quer sem a citação do
protagonista, quer através da menção do protagonista ou pela colocação do protagonista
num plano secundário. O País faz referência ao público 30 vezes, 26 como protagonistas
e 4 como secundários, o Jornal de Angola faz referência 26 vezes, 23 como protagonista
e 3 como secundário, o Expresso faz referência 25 vezes, 15 como protagonista e 10 como
secundário e o Público 22 vezes, 13 como protagonista e 9 como secundário (gráfico nº
49). Neste contexto, a referência ao público é feita com suporte do gatekeeper, através do
qual se selecionaram as notícias de acordo com os critérios valor/notícia. Estes critérios
introduziram justificação no processo de newsmaking, diminuindo o papel e a influência
da subjetividade do gatekeeper. Ainda assim, a introdução de critérios que levam a
seleção da notícia considera que a corrente de tratamento da notícia pode ser muito mais
curta se o jornal tiver um correspondente, pois ele pode então ser reduzido a editor-
correspondente do evento, o que envolve apenas duas etapas. O gatekeeping evidencia a
forma como os jornalistas tendem a criar notícias motivados por fatores políticos, sociais,
económicos e editoriais (Sebastião, 2016; Galtung & Ruge, 1965; White, 1950).
No interesse da reação da oposição política às ações mediatizadas do Governo, os
meios de comunicação tendem sempre a ouvir os outros partidos políticos. Nesta
conformidade, os partidos políticos aparecem 29 vezes indiferenciados no Semanário o

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País, 25 vezes no Jornal de Angola, 24 vezes no Expresso e 19 vezes no Jornal Expansão.
Os órgãos de imprensa interessam-se pela opinião dos partidos políticos, na medida em
que, a notícia é uma construção e o reflexo da realidade. Nesta conformidade, para o
paradigma da Construção Social da Realidade indicam-se os efeitos de curto prazo, para
analisar os efeitos de longo prazo, cumulativos e cognitivos. Os jornalistas, por
trabalharem sob a tirania do fator tempo, diante da imprevisibilidade dos acontecimentos
noticiáveis, que podem surgir em qualquer parte e a qualquer momento organizaram-se
de formas a impor ordem no tempo e no espaço, esforçando-se para ordenar e distribuir
o tempo das suas redes noticiosas (Traquina, 1999; Wolf, 1994).
É comum nas democracias, as reivindicações da sociedade civil fazerem-se ouvir
através dos órgãos de comunicação social. A sociedade civil conforme indica o gráfico nº
51 aparece indiferenciada, 30 vezes no semanário o País, 26 vezes no Jornal de Angola
e 23 vezes no Expresso. O Governo ao ajustar-se a uma nova relação com os media,
passou a fazer leituras mais próximas da realidade social de cada geografia e do resultado
de cada ação política. Os jornalistas trabalharam para promover ativamente este
relacionamento entre a sociedade civil e o Governo, porquanto, as representações fiéis
das ações mediatizadas se repercutiram na vida social de todos. A representação social
das ações políticas mediatizadas do Governo angolano, traduziram-se na forma como o
conhecimento sobre tais medidas foram, socialmente, elaboradas pelos media e
partilhadas com o objetivo de contribuir para a construção de um modo de organização
comum (Porto, 2009; Mutsvairo & Karam, 2018).
Cruzando, o órgão de imprensa com o protagonista, percebe-se quais e quantas
vezes os jornais referenciam o Chefe de Estado. Nesta tabulação, O País cita o
protagonista 17 vezes, o Jornal de Angola 11, o Jornal Expansão 12 e o Público 10. Não
há citação do protagonista 11 vezes no Jornal o País, 9 vezes no Jornal de Angola e 6
vezes no Público e Correio da Manhã. Os resultados consideram a dupla função exercida
pela imprensa, que são o meio de divulgação dos discursos políticos do poder, mas
também um lugar de confrontação, dando voz ao protagonista. O protagonista, e a sua
interação relacionada com as transações políticas, económicas e sociais, interessam à
imprensa, na medida em que, os media são um já designado “quarto poder”, que pode ser
visto como uma “arena contestada e competitiva constituída por sujeitos governamentais
e não-governamentais, autónomos e organizados”, cujo objetivo é influenciar a vida
política através do desenvolvimento de práticas discursivas e não discursivas, de modos

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que as ações políticas do Governo mediaticamente difundidas cumpram os objetivos para
as quais foram concebidas (Ferreira, 2017; Brown & Ainley, 2005; Rebelo, 2014).
Para depreender o enfoque que os órgãos de comunicação dão às peças noticiosas,
cruzaram-se as variáveis órgão de imprensa e direção ou enfoque. Verificam-se segundo
o gráfico nº 53, que 28 ocorrências descrevem o enfoque positivo no semanário O País,
23 no Jornal de Angola, 16 no Jornal Expansão e 15 no Expresso. Temos ainda, 11
ocorrências quanto ao enfoque negativo no Público, 6 no Correio da Manhã e Folha 8 e
3 no Jornal Expansão. A imprensa, quer em Portugal quer em Angola tem sido
considerada pelos cidadãos, como sendo a maior fonte de informação. Percebe-se, que os
media produzem, processam e distribuem informações que dão visibilidade aos assuntos
que podem cativar os públicos de uma maneira interessante. A influência dos media
fundamenta-se pelos estudos da persuasão, e é sustentada por aspetos psicológicos que
defendem que a mensagem enviada pelos media não é assimilada imediatamente pelo
indivíduo, pois, depende de várias perspetivas individuais (direção ou enfoque). Isto faz
parte das estratégias de governação e liderança, para persuadir regularmente os cidadãos
com o poder da linguagem baseada em valores e por intermédio da imprensa (Nelson &
Garst, 2005; Sebastião, Valença & Vieira Dias, 2016; Morais & Dias, 2019).
Existem 46 ocorrências com enfoque positivo nas reportagens, 48 em artigos e 12
em coluna ou breve. 17 ocorrências com enfoque negativo em reportagens, 9 em artigos
e 3 em coluna ou breve. A ilustração dá à informação um plano principal na abordagem
mediática, ou seja, a fotografia torna-se num elemento de análise da opinião pública,
sobre as representações das ações políticas mediatizadas e pode levar os cidadãos a
tomarem posições ou a uma maior reflexão. Quanto às manifestações da política, estas
tendem a ser regulares, o que submete os políticos, por um lado, e os jornalistas, por outro,
à uma constante reinvenção e criação de aparências de novidade nas suas relações
apostando nas ilustrações (Salgado, 2005, p. 86; Soroka, 2003).Uma ilustração é
coadjuvante, porque as abordagens mediáticas ilustradas têm geralmente impacto na
representação das ações políticas de um Governo. No estudo sobressaem 64 ilustrações
nas reportagens, 56 nos artigos, 17 na coluna ou breve. Na análise efetivada, no gráfico
nº 55, notam-se também 4 ocorrências com fotografias em artigos. As imagens e as peças
noticiosas são produzidas por ocasião de acontecimentos ou circunstâncias que não têm
necessariamente um carácter excecional e adquirem, graças aos meios audiovisuais, uma
força e uma visibilidade que não tinham. Graças à imprensa, é possível fazerem-se

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representações seletivas das notícias com fotos ou ilustrações para perceber o contexto e
as dinâmicas de governação. Quer o género, quer a ilustração, têm um papel na melhoria
da imagem democrática. Tal papel é sustentado pela teoria liberal tradicional, que atua
como um travão para o Estado, na medida em que, os órgãos de comunicação de massas
monitoraram toda a gama de atividades do Estado. Este papel é considerado na teoria
liberal tradicional como substituto de todas as outras funções dos media (Curran, 2003,
p. 217).
De acordo com o estudo efetuado, os produtos no quadro nº 56 apresentam o
resultado do cruzamento da variável, fonte da informação com o género da notícia com
26 ocorrências tratadas com reportagem sobre o PR, 14 artigos, 6 colunas e 6 notícias de
agência. Quando se trata do Vice-Presidente e Ministros, existem 11 artigos, 8 entrevistas
e 3 colunas ou breves. Relativamente aos tribunais/PGR, verificam-se 7 reportagens, 5
artigos e uma breve. De notar ainda que das intenções políticas, os media, por meio dos
seus atores, conseguiram gerir o que foi noticiado, isto é, os fatos que se tornaram motivo
de abordagem na imprensa e, até mesmo a agenda política, ou as decisões e as medidas
políticas, ao mesmo tempo que se responsabilizaram pelas escolhas que fizeram. Apesar
dos novos produtos no formato digital e das novas técnicas, a tendência é que os jornais
também tivessem as versões online e continuassem a tratar as suas matérias com base nos
géneros jornalísticos que assumem uma forte influência no setor da imprensa. (Rebelo,
2014; Charaudeau, 2006; Quintanilha, 2018).
Da tabulação cruzada da variável, fonte da informação e espaço geográfico,
sobressai um equilíbrio na efetivação das ações políticas mediatizadas do Governo
angolano, percebe-se que as ocorrências se subdividem em 88 ações para o espaço
geográfico nacional e 82 para o internacional, conforme ilustra o gráfico nº 57. É preciso
notar que para os teóricos do agenda-setting, o agendamento representa a introdução de
temas que os media consideraram serem importantes para debater. Os órgãos de
comunicação social não impõem uma forma de pensar às pessoas, mas estabelecem as
questões da atualidade sobre as quais convinha ter uma opinião, enunciando a fonte da
informação. A teoria dos efeitos de socialização pelos media destaca o seu efeito
socializador, indicando que, através do seu papel socializador, os media competem com
a família, a escola, as relações informais, os partidos políticos e o governo, o que significa
que os media promoveram a aprendizagem de normas, valores e expetativas de
comportamento num determinado contexto geográfico. Para esta teoria, os media

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participam na configuração do conhecimento sobre a política, modelam uma escala de
valores e atuam como agentes de socialização política, dando uma direção geográfica à
informação (Sebastião (2016; Sousa, 2006; Lopes & Espírito Santo, 2016; Mendoza &
Cabrera, 2017).
A partir da fonte de informação, quando cruzada com o enfoque, percebe-se como
é que o tom era, normalmente, reproduzido nas ações políticas mediatizadas do Governo
angolano pela imprensa. De acordo com o estudo realizado, nota-se um tom positivo nas
notícias estudadas com 120 das 170 ocorrências a confirmarem esta afirmação. Quanto
ao enfoque, positivo 38 referências vão para o PR, 20 para o Vice-presidente e Ministros,
12 para os Governos internacionais e 9 ocorrências com citação sobre o Parlamento.
Quanto ao enfoque negativo é insignificante. Nem sempre é possível analisar as ações
políticas sem definir a direção social que as mesmas pretendem tomar (Sgarbieri, 2006,
p. 386). Em relação ao efeito distorcido que o real produz sobre as pessoas, uma
preocupação permanente das chamadas teorias dos Efeitos a Prazo, resolveram-se com o
agenda-seting, que é uma conceção e competição permanente entre proponentes da
agenda pela atenção dos media profissionais. Esta afirmação relaciona-se com o facto de
que, para os teóricos do agenda-setting, o agendamento representa a introdução de temas
que os media consideram ser importante para debater; os órgãos de comunicação social
não impõem uma forma de pensar as pessoas, mas estabelecem as questões da atualidade
sobre as quais convém ter uma opinião a partir das suas fontes (MCCombs & Shaw, 1972;
Ferreira, 2017; Sebastião; 2016).
Com o cruzamento da variável fonte da informação e citação do protagonista
aparecem 38 ocorrências com referência ao PR, 13 a grupos e representantes de públicos,
12 ao Vice-Presidente e Ministros e 10 à empresas públicas (gráfico nº 59). Apesar de a
teoria dos media continuar a subestimar a possibilidade de ela moldar ou influenciar a
formulação de políticas governamentais, comportamentos e atitudes, notou-se que os
media também promoveram o apoio às preferências políticas, económicas e sociais dos
públicos (Robinson, 2001; Fairclough, 2003).
Quando à fonte de informação, a principal origem é o protagonista. O PR aparece,
com 46 ocorrências, governos internacionais, com 12 ocorrências, Vice-presidente e
Ministros, com 16 ocorrências e tribunais e PGR, com 12 ocorrências. O facto de os media
não necessitarem de um nível de escolaridade avançado para o seu consumo, por si só, já
constitui um elemento primordial de publicitação das ações políticas mediatizadas do

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Governo, com referência para os públicos que pretendem atingir. A imagem pública foi
construída através dos media e da imprensa também, por isso se constitui um reflexo das
prioridades das ações políticas, de foco de atenção de dinâmicas e de poder de interesses
programáticos do Governo, para com os cidadãos. Os assuntos tratados pelos meios de
comunicação assumiram um papel importante na divulgação de novas conceções, por
contribuírem para a formação de mentalidades e comportamentos sociais dos públicos
(Cunha & Pinto, 2017; Lopes & Espírito Santo, 2016; Mendoza & Cabrera; 2017).
A variável, assunto da notícia cruzada a referência ao público, como ilustra o
gráfico nº 61, descreve o turismo e ambiente com a citação do protagonista em 17
ocorrências, habitação e políticas sociais em 11 ocorrências, tecnologia e ciência em 13
ocorrências, com igual número aparece a educação e a diplomacia com 12 ocorrências,
casos pessoais com 9 ocorrências. Quando o protagonista é secundário destacam-se os
recursos naturais, a energia e os hidrocarbonetos.
A referência ao público faz parte dos compromissos eleitorais e permite
compreender como mensurar a ligação entre as promessas eleitorais e o comportamento
dos públicos, assim como a posição das políticas durante o mandato. Durante a campanha
eleitoral, emergem dos discursos, para além da organização discreta que se quer fazer ao
Estado, as perspetivas sobre os novos líderes por nomear e oponentes da liderança, o Líder
faz uso dos media (imprensa, rádio, televisão e internet), aceita ser entrevistado ou
procura os media para veicular os seus pontos de vista. O assunto da notícia é constituído
pelas promessas discursivas que são também um produto político e cultural dos media,
são enunciações criadas e disseminadas com base no modelo da indústria política ou
cultural de massas, que almeja a grande audiência e fornece-lhe os sentidos com os quais
os indivíduos tecem os seus modos de ser e estar no mundo, a fim de habitar o ritmo da
vida social contemporânea (Calazans, 2021; Artés & Bustos, 2008).

5.3.Análise e Discussão do Conteúdo das Entrevistas


Depois da apresentação dos resultados das entrevistas feitas aos líderes dos partidos
políticos com assento parlamentar e aos responsáveis associativos, segue-se a análise e
discussão dos resultados obtidos confrontando-os com as teorias selecionadas e com a
revisão da literatura consultada.
Os entrevistados, são na sua maioria, favoráveis às promessas feitas pelo PR com
60%, ao considerar que o Presidente João Lourenço manifesta à vontade em combater a

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corrupção, a impunidade e o nepotismo. No entanto, os entrevistados alegam que o
combate contra a corrupção, impunidade e nepotismo não se faz única e exclusivamente
com a vontade política. Olhando para a discussão acadêmica e pública é notório que para
a obtenção desta informação o papel dos media na representação dos discursos, em
períodos pós-eleitoral, tenha tornado as preocupações acaloradas e contínuas. Alguns
estudos sugerem que os media desempenham um papel mobilizador geral, enquanto
outros relatam um padrão misto que os distingue. A literatura mais recente tem sugerido
que os media estão a tomar uma parte ativa na representação pública da política e dos
problemas que a mesma defende (Schuck, Vliegenthart & Vreese, 2014; Salgado, 2012).
A corrupção tem-se tornado uma preocupação entre as agências internacionais,
think thanks e formadores de opinião, chamando a atenção para os seus efeitos sobre o
mercado, a democracia e a sociedade, com efeitos nocivos para o meio ambiente, para a
perpetuação da pobreza e para as desigualdades. Este fenómeno, que se enquadra no
âmbito do escândalo político, é alvo de interesse multidisciplinar, dado o seu impacto na
sociedade, (Figueiras & Araújo, 2014; Paixão, 2015).
Relativamente à questão relacionada com a consolidação da democracia, 40 % dos
entrevistados consideram que tem havido algum avanço, pois os sinais são bastante
animadores apesar de a consolidação da democracia ser sempre uma questão complexa e
de difícil interpretação, na sua execução. Os partidos políticos na oposição dificilmente
ficam satisfeitos com as ações desencadeadas pelo partido no poder. Pode-se concordar
com tal afirmação, considerando que o The Economist Intelligence Unit, no seu Índice de
Democracia 2020 no mundo, coloca Angola no grupo dos países com regimes
autoritários. O The Ibrahim Index of African Governance (2020), considera ter havido
declínio e a Freedom House (2020) considera Angola um país que é governado pelo
mesmo partido desde a sua independência e as autoridades continuam a reprimir
sistematicamente a dissidência política.
40% dos entrevistados consideram que o MPLA não se sente confortável em
relação as autarquias, por várias razões, e de acordo com os informantes, as maiores
razões que justificam essa atitude podem ser em primeiro lugar, a questão da má gestão
do Estado, nos últimos 20 anos de governação do Presidente José Eduardo dos Santos, e
em segundo lugar a questão da consolidação da democracia que é sempre um assunto
complexo de interpretação na sua execução. Esta preocupação contraria tal pretensão,
pois, ao implementar autarquias locais, o PR poderá tornar a administração pública mais

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flexível, porquanto, a tendência nas autarquias é que as ações conducentes à resolução
dos problemas das coletividades estejam ligadas às estratégias dos indivíduos e das
famílias com as dos Governos e da sociedade civil, pois, as autarquias tendem a assumir
um importante papel no seio do setor público, detendo mais atribuições e
responsabilidades acrescidas na gestão dos recursos públicos (Aalberg, Vreese, &
Strömbäck, 2017; Fontoura e Fernandes, 2015; Camarinha, Ribeiro & Graça, 2015; Dias
& Sarrico, 2008).
Ainda que alguns entrevistados entendam que as lideranças africanas acreditam
que têm capacidade de governar quando dominam a imprensa, quando dominam o
Exército e quando dominam o sistema judicial, e que, controlando essas três vertentes, os
Governos são capazes de consolidar poderes, os entrevistados entendem ser uma
ingenuidade, porquanto quem fecha os caminhos de uma revolução pacífica, abre, ao
mesmo tempo, o caminho para uma revolução violenta, nessa conformidade, 40 % acham
que a imprensa está mais aberta ao pluralismo da informação e tem havido abertura para
a manifestação e reunião.
Angola, depois da independência, não esteve em paralelo com a ética e a prática
jornalística livre porque foi substituída pela lógica ideológica decorrente do modelo de
partido-Estado de inspiração marxista-leninista. Em Angola havia apenas uma minoria de
pessoas que lia jornais e os jornalistas enfrentavam problemas com a censura, bem como,
perseguições e prisões por parte do Governo (Lazaro, 2012; Hohlfeldt & Carvalho, 2012).
Surgiram, com a lei Constitucional de 1992, amplas liberdades para os cidadãos
angolanos, designadamente, a liberdade de criação de partidos políticos, a liberdade de
manifestação, a liberdade de expressão e de imprensa, incluindo a criação de novos
títulos. Isto tornou então o pluralismo da comunicação social uma parte intrínseca da
liberdade de imprensa (Cádima, Martins & Silvao, 2016, p. 102).
Quanto à questão dos Direitos Humanos, os entrevistados consideram que ainda
há muita inobservância, porque os cidadãos são impedidos de reclamarem e de se
manifestarem e apresentaram, como exemplo, o incidente ocorrido em Kafunfo, na
localidade da Lunda Norte, onde alguns cidadãos que pretendiam se manifestar, foram
alvejados, tendo alguns sido atingidos mortalmente, argumentando deste modo a
inexistência de liberdade. Ainda que o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019
do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2019) mostre que
Angola progrediu no desenvolvimento humano e no respeito aos direitos universais,

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melhorando sobretudo em termos de educação primária e educação em geral, torna-se
evidente que existe uma nova geração de desigualdades que está a emergir e pode ameaçar
os progressos obtidos e futuros, em particular dos direitos fundamentais dos grupos mais
vulneráveis da sociedade, que esperam por um futuro melhor.
Quanto à nova dinâmica que vem sendo dada aos Tribunais e à Procuradoria-geral
da República na era João Lourenço, 40 % dos entrevistados não acreditam que tenham
conseguido mais independência para agir. Outros 40 % acreditam que tem havido uma
crescente evolução sobre a matéria tendo registado poucas violações aos direitos
fundamentais do homem. O contínuo respeito às normas previamente definidas por
organizações internacionais tem sido o apanágio da governação angolana. Ainda que a
CRA, no nº 1 e 2 do artigo 174º, considere que a organização judiciária pressupõe a
existência de tribunais coadjuvados pela PGR, sendo o primeiro órgão de soberania com
competência para administrar a Justiça em nome do povo, tendo, no exercício da sua
função jurisdicional de dirimir conflitos de interesse público, ou privado, assegurar a
defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, bem como os princípios do
acusatório e do contraditório e reprimir as violações da legalidade democrática, esses
preceitos estão aquém do ideal.
Durante os pronunciamentos políticos, emergem dos discursos, para além da
organização político-administrativa que se pretende fazer ao Estado, as perspetivas sobre
os novos colaboradores por nomear e sobre os opositores à liderança. A disputa eleitoral
apresenta uma dupla situação, a de bastidores e a pública ou mediática. As promessas
discursivas adaptam-se a cada um destes pronunciamentos (Santos, 2006, p. 36). Os
órgãos de defesa, segurança e veteranos da pátria, um dos setores por reformar, são
considerados por 40% dos entrevistados, como tendo desempenhado o seu papel,
positivamente, sempre na perspetiva de preservar os interesses do Estado. Por outro lado,
outros 40% consideraram os militares como partidários do MPLA, porquanto a Casa de
Segurança do PR é quem detém o controlo do exército. No entanto, os cânones legais
defendem, desde o primeiro Acordo de Paz assinado em Bicesse, que levou à criação de
mecanismos funcionais e à adoção de estratégias que permitiram que o país passasse de
um Estado de partido único para um Estado multipartidário, que as Forças Armadas
Angolanas são um órgão republicano apartidário (Ntoni-Nzinga, 2005; Ruigrok, 2010).
No que toca à mobilidade na CPLP e à imigração ilegal, 60% dos entrevistados
consideram não ser só preocupação do Presidente João Lourenço, mas de todos os Estados

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da CPLP, sobretudo Portugal e o Brasil, zonas preferenciais dos cidadãos da comunidade.
Por isso, os entrevistados consideram que a mobilidade de cidadãos nos países da
comunidade lusófona é notória nos últimos anos. Na arena internacional, segundo
Benomar (2018), a relação com outros parceiros tem sido a meta, tendo João Lourenço
indicado isto com a sua primeira visita de Estado à África do Sul, bem como com as suas
deslocações a França, Bélgica, União Europeia, Portugal, Itália, Vaticano, Espanha e
outros Estados do Bloco Europeu. Países vinculados por uma parceria com ganhos
recíprocos.
Quando se interrogam os entrevistados sobre o crescimento económico na era
João Lourenço, 40% consideram ser um fracasso, por se estar a sair de uma situação em
que o Presidente José Eduardo dos Santos deixou o país quase em falência, tendo o
Presidente João Lourenço confirmado este fato num dos seus discursos políticos e por
isso, propôs-se recuperar economicamente o país e melhorar as finanças públicas. A outra
parte dos entrevistados, 40% também confirmaram esta situação, acentuando que o país
vive uma recessão económica e estavam a ser feitos esforços para se reverter a situação
A crise financeira internacional de 2008/2009 e a queda do preço do petróleo expuseram
a forte dependência de Angola das receitas petrolíferas (Fjeldstada, Orrea & Paulo, 2020;
Mendes & Tian, 2010).
Em relação às finanças públicas 60% dos entrevistados são de opinião que a
situação está mal. Tendo o entrevistado da FNLA considerado que João Lourenço
encontrou um vazio nos cofres públicos, e que nunca tinha sido feito um relatório coerente
e conciso sobre a dívida pública que o país possuía. Sendo Angola um Estado
democrático, que se funda em princípios estruturantes e multidimensionais, deve assentar
as suas ações de desenvolvimento nos princípios da sustentabilidade. Só dessa forma se
poderão evitar situações semelhantes as dos anteriores regimes que Angola teve, dos quais
se denotaram um envolvimento institucional em estratégias de acumulação de capital pela
elite, a fim de manter o seu status quo (Muniz (2017; Ovadia, 2013).
Quanto ao repatriamento de capitais e à recuperação de ativos, 60% dos
entrevistados são de opinião que o PR nunca irá conseguir repatriar os fundos, na medida
em que, os mesmos já se encontram inseridos nos sistemas económicos de outros países
e esses países irão definitivamente sentir, o efeito, caso devolvam os capitais. Os
entrevistados citaram, como exemplo, o caso da resposta do Primeiro-ministro português
ao PR de Angola, quando este pediu apoio para o repatriamento de capitais numa das suas

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visitas a Portugal, tendo recebido a seguinte resposta: “vamos ajudar desde que não
existam repercussões para a economia portuguesa”. Uma posição reforçada por 20% dos
entrevistados que consideraram, que a grande maioria do capital ficaria fora do país
devido a sua origem duvidosa. Na altura, muitos descreviam o Estado angolano como
uma monarquia, onde o Presidente governava por decretos e através de uma rede de
patronado poderosa, para um grupo exclusivo de familiares, ministros e generais. O
Estado encobria certas condenações, devido a certos vícios de impunidade, a única
oposição possível ao partido no poder vinha da sociedade civil e das igrejas, eram
praticados atos difusos por parte do ex-chefe de Estado, o que veio a propiciar o
aparecimento de uma janela de oportunidade para exportar capitais e ativos para o exterior
do país (Schubert, 2013; Arnpriester, 2017; Menezes, 2017).
Em relação ao crédito concedido às empresas, 40% dos indagados forneceram
opiniões convergentes evocando a impossibilidade de os bancos concederem crédito a
economia, pois o Estado se encontra quase que numa situação de incapacidade, sendo
apenas um Estado de Gestão. Esta situação está confirmada pelo fato de, no âmbito da
dívida pública, existir o endividamento contraído junto do Fundo Monetário Internacional
para acudir as despesas correntes e não as despesas de capital. A isto, acrescenta-se o
fato de outros 40% afirmarem que ainda que exista uma política monetária de intervenção,
as empresas estão a fechar. Ainda assim, 20% consideraram que os últimos dados do
Ministério da Economia e Planeamento (MEP) apontam para uma subida vertiginosa do
programa de concessão de crédito, apesar de ainda existirem empresários a pedirem ajuda
ao Estado.
Os nossos entrevistados consideram em 40% que o empreendedorismo faz-se
havendo uma cultura para tal, porque o empreendedorismo faz-se havendo uma formação
direcionada para isso, as escolas angolanas não formam empreendedores, formam pessoas
para o funcionalismo público e não para trabalharem por conta própria, por esses motivos
mostram-se sépticos a implementação desta prática. Outros 40% consideram haver
apenas apelos constantes e incansáveis do PR ao investimento estrangeiro no país. Apesar
de outra franja 20% afirmar existir um crédito destinado ao desenvolvimento de ações de
empreendedorismo no país, cujas metas estão ainda abaixo das previsões, devido à crise
económica, financeira e pandémica mundial. O PR apresentou-se como alguém que
queria diminuir o poder do seu antecessor, abrindo o mercado a livre concorrência. Desta

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maneira, o Presidente passou a ser visto como um reformista pelo FMI e outros entidades
externas. (Pearce, Péclard & Oliveira, 2018; Benomar, 2018).
Falar do emprego e desemprego é aceitar, segundo 40% dos nossos entrevistados,
que tem sido uma preocupação do Governo, ainda que dados do Instituto Nacional de
Estatística (INE) exponham uma taxa de desemprego a rondar os 31,5%, dos quais 16,2%
na zona rural. Outros 60% dos informantes são de opinião que a taxa de desemprego é
alta, por isso, existem duas situações complexas já que o binómio emprego vs.
desemprego tem tirado o sono de muitos governos. Com uma população a rondar os
32.097.671 milhões de habitantes em 2021, Angola é a segunda maior economia da África
Subsaariana. Uma economia em que cerca de 40.6 % da população vive abaixo da linha
da pobreza e o desemprego atingiu no primeiro trimestre de 2021 um valor acima dos
30.5 % (INE, 2021).
20% dos entrevistados consideram que a pobreza tem a ver com o êxodo rural
durante a guerra civil, porquanto, as pessoas abandonaram as suas zonas de conforto, e as
suas culturas e viram inclusive as suas terras expropriadas que, na realidade eram a fonte
dos seus rendimentos. Nunca se ouviu falar da fome e da pobreza com a mesma
intensidade de hoje. 60% dos informantes observam que a fome e a pobreza continuam a
ser ainda preocupações das autoridades angolanas; pelo que exortam o Governo a
continuar a apostar nos grandes programas de resolução destas questões, embora
reconheçam que já começam a existir alguns sinais de minimização dos problemas, como
é o caso do programa de apoio as populações, denominado de Kwenda. Consideram
também que deve igualmente alargar a base de apoio, criando cartões de abastecimento,
por via de um “fundo para a pobreza”.
A pobreza, as perturbações políticas, as instabilidades económicas, as ruturas
sociais e culturais contribuíram para o aumento crescente da exclusão da população do
sistema de educação formal. No entanto, as partes envolvidas no conflito fizeram um
compromisso para a reconstrução das relações sociais e para a formação de uma nova
visão para a nação. Com o crescimento rápido e desordenado das cidades e com o
nascimento de grandes musseques na periferia dos centros urbanos, os problemas da
pobreza e da exclusão social passaram a ser de toda a sociedade, pois a pobreza é um
fenómeno multifacetado e multissectorial com uma forte dimensão política a que nenhum
Governo de per si poderá responder adequadamente (Chocolate, 2016; Ntoni-Nzinga,
2003; Rodrigues, 2013).

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Quanto à agricultura, pescas e indústria, 60% dos nossos entrevistados, ainda que
numa linguagem diferente, concordam que têm existido várias ações nesse domínio.
Recomendam a observação das linhas de financiamento do PRODESI, que desde 2019
até junho de 2021, investiu na agricultura, no comércio, na distribuição, assim como na
indústria transformadora. Partilharam igualmente a informação que o setor privado tem
sido impulsionado para a diversificação económica, além do PDN 2018-2022, com o
PRODESI, aos quais se juntam um conjunto de programas e medidas para melhorar o
ambiente de negócios, em que se destacam: PAC - Programa de Apoio ao Crédito;
PROPRIV- Programa de Privatizações; PIIM - Plano Integrado de Intervenção nos
Municípios; PAPE - Plano de Acão para a Promoção da Empregabilidade e o reforço do
Processo de Regularização de Atrasados com a dívida. Olhando para as promessas
discursivas de João Lourenço, nota-se que o desenvolvimento efetivo da indústria e outros
setores em Angola, será impossível se não forem ultrapassados os problemas da
administração económica. Os resultados nos remetem para a necessidade de alteração de
algumas medidas e ações, para que se atinja o desenvolvimento almejado, passando pela
melhoria da eficiência da estrutura institucional (Жанго, 2018).
Relativamente aos transportes públicos, 60% dos informantes consideram que se
perdeu uma oportunidade para resolver a situação, pois se devia ter feito o que acontece
nas outras realidades, instalando parcerias público-privadas. Ao invés disso,
monopolizou-se o setor. O Estado continuou a comprar os meios. Houve interesse
sobrepostos aos do privado, alguns governantes entenderam não abrir o setor para os
privados competitivos para aqueles que têm know how. Foram registadas algumas
empresas privadas que manifestaram interesse em instalar-se em Angola, por exemplo,
metros a nível da capital, mas tudo emperrou no interesse dos que queriam ter ações no
negócio, ou ter comissões, ou ainda copropriedade mesmo não tendo capacidades o que
desincentivou os investimentos. As ações de desenvolvimento em Angola consistiram na
reabilitação de estradas e caminhos-de-ferro que atravessam o país e as suas fronteiras,
bem como a construção de edifícios públicos, hospitais e escolas e a renovação tanto das
redes de telecomunicações das principais cidades como de outros setores da economia.
No domínio dos transportes e da circulação de bens e serviços, o denominador comum no
país era uma oferta de transporte coletivo pouco diversificada, sem qualquer integração
modal e provedora de um importante número de ocupações pouco qualificadas. O país

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tinha uma rede viária degradada, fortemente congestionada e bastante limitada nas áreas
mais periféricas (Lopes, 2010; Ovadia, 2013; Ouriques e Avelar, 2017).
Quanto às questões do equilíbrio do género, 40% dos entrevistados consideraram
que tem sido uma luta das autoridades. O equilíbrio do género no aparelho do Estado por
exemplo tem sido notório, mas a meta dos 30% ainda não foi atingida, estando aquém das
expectativas. Uma opinião reforçada pelos outros 60% de entrevistados, que afirmaram,
que em Angola desde o tempo colonial que o próprio sistema social permitia a
participação da mulher contrariamente a outros estados africanos, tendo dado como
exemplo antes da ocupação colonialista o fato de ter tido, historicamente, uma Rainha,
Njinga A Nbandi, ainda assim o Governo angolano tem estado a seguir um bom exemplo.
Angola é um país onde a mulher assume muitas responsabilidades, há cerca de 30% de
mulheres em lugares cimeiros, tais como: membros do Governo central, governadoras,
deputadas, diretoras, chefes de serviços com responsabilidade. É em suma um assunto
que cada vez mais vai ganhando relevância na sociedade angolana, principalmente para
as gerações mais jovens e instruídas. Ainda bem que assim o é, num país onde os dados
revelam que 30,4% dos agregados familiares são liderados por mulheres (INE; 2021).
Relativamente à justiça distributiva e social, 40% dos participantes alegam que é
necessário aprender mais para pôr os conhecimentos em prática, principalmente no que
concerne à criatividade dos gestores públicos. Outros 60% dos entrevistados consideram
haver assimetrias nesse quesito, a começar pela distribuição do Orçamento Geral do
Estado, apesar de o país ter conseguido sair da recessão em 2018, em parte graças aos
esforços iniciais e às melhorias nos preços do petróleo, mas os saldos permanecem
frágeis. Num contexto de guerra comercial global, a situação de Angola, como a de outros
países emergentes, é crítica. A distribuição da riqueza tem sido a possível, com base nos
recursos arrecadados (Pearce, Péclard & Oliveira, 2018, p. 4; Benomar, 2018).
Em relação à liberdade de culto e religião, é consensual que há liberdade até em
demasia. Para 60% dos entrevistados, em primeiro lugar, existe liberdade pelo fato de
Angola se assumir como um Estado laico, nalguns casos até obriga a intervenção do
Estado devido a certos excessos por parte de determinados grupos religiosos. Em segundo
lugar, por haver muitas seitas que ainda exercem ilegalmente as atividades de culto e
religião. O Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente tem estado a trabalhar para a
legalização dessas seitas, cujo processo teve início no ano de 2020. Nesta conformidade,
é notória a existência de confiança entre os angolanos, que tem levado a um clima de

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abertura e transparência nas relações sociais e religiosas, que tem em parte contribuído
para a consolidação das liberdades civis, liberdade de expressão e autorrealização,
fundamentais para a construção de um Estado Democrático e de Direito (Pereira, 2002).
Apesar de a maior parte dos entrevistados, 40% de cada grupo, considerar que
houve poucas alterações ou mesmo nada de relevo e uma ligeira melhoria na saúde nos
últimos dois anos, verificou-se haver uma mudança no paradigma de ensino e
aprendizagem, tendo culminado com o fim do programa da reforma educativa que
vigorou até 2020. No setor da saúde houve mais investimentos em infraestruturas
hospitalares e reforço na assistência médica e medicamentosa. Existem mais hospitais, e
também foram envidados esforços no sentido de introduzir melhorias nos outros serviços
prestados por aquelas instituições. Entraram mais médicos também no sistema, fez-se um
esforço ainda que não seja suficiente. As poucas aplicações na educação e saúde
mostravam que o investimento no capital humano era exíguo em Angola. Grande parte
das crianças em idade escolar estava fora do sistema de ensino e havia uma grande taxa
de analfabetismo. Entretanto, existe atualmente um bom indicador, que provém da
apropriação nacional desse debate, ao ter-se criado um programa nacional especial de
combate à fome e à pobreza que assumiu também a dimensão da educação e saúde (Sousa,
2002; Lopes, 2002).
Feita a análise, apresentação e discussão dos resultados dos discursos políticos e
das peças noticiosas extraídas da versão online dos jornais identificados no corpus da
análise dos media e das entrevistas aos principais informantes identificados nas opções
metodológicas, na secção que se segue, apresenta-se a síntese de resultados.

5.4.Síntese dos Resultados


Os resultados indicam que as peças jornalísticas descrevem a informação com
base nos pontos convergentes e divergentes que consideram as ações políticas, na medida
em que, os indivíduos, para além de apoiar o regime, se mostram igualmente bem
informados, atentos e conhecedores da realidade política de Angola.
A partir da análise da informação, é possível perceber que, o sistema dos media
enquanto, rede de meios de comunicação, interage e compete numa determinada área
geográfica e data dentro do mesmo período histórico, atendendo à mesma população,
usando a mesma linguagem e os mesmos códigos culturais. Verificou-se que, o Jornal o
País se destacou na cobertura noticiosa, seguido do jornal de Angola, o Expresso, o

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Expansão, Folha 8 e o Público, nesta ordem decrescente. Neste ponto de vista os jornais
analisados apresentaram numa perspetiva normativa dos estudos de comunicação, as
origens e a importância da informação credível sobre os assuntos e a atividade política do
PR (Santana-Pereira, 2016; Sebastião e Lourenço, 2016),
Na generalidade, a análise da cobertura da imprensa portuguesa e angolana, sobre
as ações políticas do Governo angolano descrevem, que os assuntos mais enfatizados nos
discursos políticos e nos media foram os relacionados com a economia e investimentos,
relações internacionais, recursos naturais, energia e hidrocarbonetos, diplomacia, banca e
finanças.
Os resultados indicam ainda que as reportagens lideraram a cobertura das ações
políticas do Governo angolano, seguindo-se do artigo e a coluna ou breve. Ao avaliar a
dupla função exercida pelos media em particular a imprensa, verificou-se que os meios
de comunicação de massa são um espaço de produção ideológica seccionada (Rebelo,
2014; Quintanilha, 2018).
A análise expõe a existência, na quase totalidade das notícias analisadas, de
fotografias e ilustrações. Analogamente, a referência ao público apresenta o PR em
primeiro plano como o principal protagonista e é, igualmente, figura central, quando o
contexto tem a ver com o segundo plano. Neste sentido, o protagonista não é apenas uma
fonte de construção da mensagem, mas também um sujeito a partir do qual, o emissor e
o recetor são, inicialmente, produzidos, ou seja, o público é entendido como um dos atores
projetados pelos media por meio dos seus textos ou peças noticiosas. Nesta relação, o
protagonista não é um conjunto de pessoas externas ao meio, pois está implícito ou
explicito no conteúdo proposto pelos media (García-Orosa, 2018, p.114).
A informação analisada indica um certo equilíbrio nos espaços geográficos onde
se efetivaram as ações políticas. Dos locais em que as ações políticas tiveram lugar ou
foram implementadas, destaca-se Luanda, seguida de Portugal, fundamentalmente pelas
visitas efetuadas pelo PR àquele país da CPLP e a Europa Ocidental/União Europeia.
Os resultados da análise indicam que as ações políticas mediatizadas do Governo
angolano não vincularam os partidos políticos. Quanto à sociedade civil, os membros são
vistos de forma indiferenciada, nas ações políticas do governo e os indivíduos particulares
aparecem mais representados. As condições de exercício do poder político
transformaram-se nas últimas décadas, num contexto global marcado pela emergente era
da informação. A partir da sua função informativa, os órgãos de comunicação massiva

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têm divulgado informações sobre uma série de ações políticas do Governo angolano, cujo
conteúdo mostra a execução prática do teor das mensagens dos discursos políticos de João
Lourenço, PR de Angola (Cardoso, Cunha e Nascimento, 2003, p. 113).
Os resultados indicam o Chefe de Estado como a principal fonte da informação,
seguido pelo Vice-presidente da República e dos departamentos ministeriais, Tribunais e
Procuradoria-geral da República, Governos Internacionais e Líderes de Opinião e os
Media. Este destaque deve-se ao fato, de o “Chefe do Executivo ser um indivíduo não
raro, que fala diretamente à imprensa, que se serve dos media como uma espécie de átrio
de poder e presta uma especial atenção aos repórteres que o acompanham, e por isso, vem
admitindo a culpa do Estado pelos momentos poucos dignos que o país tem estado a viver,
sem encontrar um responsável em concreto” (Toniolo e Gonçalves, 2020).
Sobre os temas centrais da imprensa, o cruzamento da variável, data da publicação
da notícia com o local do facto, indica que geograficamente, Luanda destacou-se na
mediatização das ações políticas, seguidas do Bié, Rússia, Caraíbas e Portugal. Os media
angolanos e portugueses usaram datas concretas, enquanto facilitadores para que as
notícias sobre as ações políticas mediatizadas se tornassem um património comum aos
cidadãos afetos, modificando a sua disposição mental e os seus procedimentos. Todo o
sistema dos media enquanto rede de meios de comunicação (canais de televisão, jornais
e revistas, estações de rádio e sítios na Internet) interagiu e competiu numa determinada
área geográfica e data dentro do mesmo período histórico, atendeu à mesma população e
usou a mesma linguagem e os mesmos códigos culturais (Alexandre, 2001; Santana-
Pereira, 2016).
Os géneros jornalísticos destacados nos órgãos de imprensa foram reportagem,
artigos e colunas. Isso porque, a imprensa foi a maior fonte de informação da população,
tendo um papel de grande relevância na promoção das informações para o público e desta
forma contribuiu para a manutenção do exercício democrático. Assim, perante uma
tendência interpretativa crescente do jornalismo político em detrimento de um estilo
descritivo, a imprensa privilegiou géneros e táticas em função da substância, em que o
jornalista assumiu o protagonismo no jogo político, contribuindo para o seu
desenvolvimento, bem como, para a construção da perceção publica do mesmo. (Barros,
2019; Morais & Dias, 2019).
No interesse da reação da oposição política as ações mediatizadas do Governo, os
meios de comunicação tendiam sempre a confrontar as fontes. Nesta conformidade, os

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partidos políticos aparecem indiferenciados no semanário o País, no Jornal de Angola,
no Expresso e no Jornal Expansão. Os órgãos de imprensa interessaram-se pela opinião
dos partidos políticos, na medida em que, a notícia é uma construção e o reflexo da
realidade. Nesta conformidade, para o paradigma da Construção Social da Realidade
indicam-se os efeitos de curto prazo, para analisar os efeitos cumulativos e cognitivos de
longo prazo. Os jornalistas, por trabalharem sob a tirania do fator tempo, diante da
imprevisibilidade dos acontecimentos noticiáveis, que podem surgir em qualquer parte e
a qualquer momento organizaram-se de forma a impor ordem no tempo e no espaço,
esforçaram-se para ordenar e distribuir o tempo de formas a que pudessem cobrir o maior
número de eventos possíveis (Traquina, 1999; Wolf, 1994).
Cruzando o órgão de imprensa com o protagonista, percebe-se quais e quantas
vezes os jornais referenciam o Chefe de Estado. Nesta tabulação, o País cita o
protagonista 17 vezes, o Jornal de Angola 11, o Jornal Expansão 12 e o Público 10 vezes.
Não há citação do protagonista 11 vezes no Jornal o País, 9 vezes no Jornal de Angola e
6 vezes no Público e Correio da Manhã. Os resultados consideraram a dupla função
exercida pelos media tradicionais e pela imprensa, que é um lugar de produção ideológica,
assumindo-se não só como dispositivo de naturalização do discurso político do poder,
mas também como um lugar de confrontação, dando voz ao protagonista. O protagonista
e a sua interação relacionada com as transações de tipos de políticas económicas e sociais
interessaram a imprensa, porquanto, os media são uma força de pressão organizada, são
uma sociedade transnacional que pode ser vista como uma “arena contestada e
competitiva constituída por sujeitos governamentais e não-governamentais, autónomos e
organizados” cujo objetivo é influenciar a vida política através do desenvolvimento de
práticas discursivas e não discursivas, de modos que as ações políticas do Governo
mediaticamente difundidas cumprissem os objetivos para as quais foram concebidas
(Ferreira, 2017; Brown & Ainley, 2005; Rebelo, 2014).
A partir da fonte da informação, quando cruzada com o enfoque, pôde-se perceber
o tom com que são normalmente reproduzidas as ações políticas mediatizadas do Governo
angolano pela imprensa. Com o cruzamento da variável fonte da informação e citação do
protagonista aparece a referência ao PR, a grupos e representantes de públicos, ao Vice-
Presidente e Ministros e a empresas públicas. A partir da fonte da informação nota-se a
representação das práticas sociais, porquanto, os media reproduzem o mundo material e
outras práticas humanas passíveis de serem reveladas e de influenciarem a opinião

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pública. Apesar de muita teoria dos media continuar a subestimar ou negar a possibilidade
de ela moldar ou influenciar a formulação de políticas governamentais, comportamentos
e atitudes, os media servem, principalmente, para mobilizar apoio às preferências
políticas, económicas e sociais dos políticos, daí evidenciarem o protagonista com base
no interesse dos seus públicos (Robinson, 2001; Fairclough, 2003).
Em relação aos entrevistados, os mesmos são, na sua maioria, favoráveis às
promessas feitas pelo PR, ao considerar que, o Presidente João Lourenço, manifesta
vontade em combater a corrupção, a impunidade e o nepotismo. No entanto, alegam que
o combate a corrupção, a impunidade e ao nepotismo não se faz única e exclusivamente
com vontade política. Relativamente à questão relacionada com a consolidação da
democracia, os entrevistados consideram que tem havido algum avanço, pois os sinais
são bastante animadores visto que a consolidação da Democracia é sempre uma questão
complexa e de difícil interpretação, na sua execução, ou seja, os partidos políticos
dificilmente ficam satisfeitos com as ações desencadeadas pelo partido no poder.
Ainda que alguns entrevistados entendam que as lideranças africanas acreditam
que têm capacidade de governar quando dominam a imprensa, quando dominam o
Exército e quando dominam o sistema judicial, e que, controlando essas três vertentes,
são capazes de consolidar os poderes por eles exercidos, os demais entrevistados
entendem ser uma ingenuidade, porquanto quem fecha os caminhos de uma revolução
pacífica, abre, ao mesmo tempo, o caminho para uma revolução violenta; é nessa
conformidade que , os entrevistados acham que a imprensa está mais aberta ao pluralismo
da informação. Essa comparação, torna-se possível devido ao facto de Angola, depois da
independência, não ter estado em paralelo com a ética e a prática jornalística corretas, que
foram substituídas pela lógica ideológica decorrente do modelo de partido-Estado de
inspiração marxista-leninista. Inicialmente, havia apenas uma minoria de pessoas que lia
os jornais e os jornalistas enfrentavam problemas com a censura, perseguições e prisões
por parte do Governo. Com a lei Constitucional de 1992, verificaram-se amplas
liberdades para os cidadãos angolanos, designadamente, a liberdade de criação de
partidos políticos, a liberdade de manifestação, a liberdade de expressão e de imprensa,
incluindo a criação de novos títulos. Isto tornou então o pluralismo da comunicação social
uma parte intrínseca da liberdade de imprensa (Lazaro, 2012; Hohlfeldt & Carvalho,
2012; Cádima, Martins & Silvao, 2016).

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Quanto à questão dos Direitos Humanos, os entrevistados consideraram que existe
ainda muita inobservância dos Direitos Fundamentais, porque, os cidadãos são impedidos
de reclamarem e de se manifestarem. Em relação à nova dinâmica que vem sendo dada
aos Tribunais e à Procuradoria-geral da República na era João Lourenço, os entrevistados
não acreditam que tenham conseguido mais independência para agir.
No que toca à mobilidade na CPLP e à imigração ilegal, os entrevistados
consideram não ser só preocupação do Presidente João Lourenço, mas de todos os Estados
da CPLP, sobretudo Portugal e o Brasil, que representam zonas preferenciais dos cidadãos
da comunidade. Por isso, consideram a mobilidade de cidadãos nos países da comunidade
lusófona de notória nos últimos anos. Sobre o crescimento económico na era de João
Lourenço, consideram ser um fracasso, por se estar a sair de uma situação em que o
Presidente José Eduardo dos Santos deixou o país quase que na falência, tendo o
Presidente João Lourenço confirmado este fato num dos seus discursos, e, não obstante
ter proposto e manifestado a vontade de recuperar o país economicamente e melhorar as
finanças públicas, as suas ações ainda não se fazem sentir a nível da população mais
carenciada. A outra parte dos entrevistados, também esta situação, acentuando que o país
vive uma recessão económica, por isso, aparentemente estavam a ser feitos esforços para
se reverter a situação. Qualquer análise da política económica de desenvolvimento de
Angola deve ter como ponto de partida a grande procura de matérias-primas no mercado
internacional, o que tornou o país num dos mais disputados pelas potências emergentes.
No entanto, o país tem um sistema fiscal não petrolífero obsoleto, ineficiente. A crise
financeira internacional de 2008/2009 e a queda do preço do petróleo expuseram Angola
à uma forte dependência das receitas petrolíferas (Alencastro, 2020; Fjeldstada, Orrea &
Paulo, 2020; Mendes & Tian, 2010).
Na mesma perspetiva, em relação às finanças públicas os entrevistados são de
opinião que estão mal, porquanto, João Lourenço encontrou um rombo nos cofres
públicos, e por nunca se ter feito um relatório consistente sobre a dívida pública do país.
Quanto ao repatriamento de capitais e recuperação de ativos, os entrevistados consideram
que o PR nunca irá conseguir repatriar os fundos, porque estes estão inseridos nos
sistemas económicos de outros países e estes países iriam ressentir grandemente o efeito
da retirada desses capitais.
Em relação ao crédito às empresas, as opiniões convergiram para a
impossibilidade de os bancos concederem crédito aos empresários particulares, na medida

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em que o Estado está quase que numa situação de incapacidade, e até parece ser apenas
um Estado de gestão corrente.
Os entrevistados consideraram que o empreendedorismo faz-se havendo uma
cultura para tal, uma formação direcionada para isso, as escolas angolanas não formam
empreendedores, formam pessoas para funcionalismo público e não para trabalharem por
conta de outrem, por esses motivos mostram-se sépticos a implantação desta prática.
Outros consideraram haver apenas apelos constantes e incansáveis do PR ao investimento
estrangeiro no país.
Falar do emprego e desemprego, é aceitar segundo os entrevistados, que tem
sido uma preocupação do Governo. Uma preocupação que vem expressa nos relatórios
do Instituto Nacional de Estatística (INE), que indicam a existência de uma taxa de
desemprego a rondar os 31,5% dos quais 16,2% nas zonas rurais. Outros entrevistados
são de opinião que ainda existe muito desemprego, com casos complexos, pois entendem
que o binómio emprego vs. desemprego, tem tirado o sono de muitos governos.
Quanto à agricultura, pescas e indústria, os entrevistados, ainda que com
argumentos diferentes, concordam que têm existido várias ações nesse domínio.
Recomendam a observação das linhas de financiamento do PRODESI, que desde 2019
até junho de 2021, investiu na agricultura, no comércio, na distribuição bens de primeira
necessidade, assim como na indústria transformadora. Relativamente aos transportes
públicos, os entrevistados consideram que se perdeu uma oportunidade soberana para
resolver a situação, porque se devia ter feito o que acontece nas outras realidades,
desenvolvendo parcerias público-privada.
Apesar da maior parte dos entrevistados considerar, que houve poucas alterações
na saúde nos últimos dois anos, verificou-se haver uma mudança no paradigma de ensino
e aprendizagem, tendo culminado com o fim do programa da reforma educativa, que
vigorou até 2020. No setor da saúde houve mais investimentos em infraestruturas
hospitalares e reforçou-se na assistência médica e medicamentosa, existem mais
hospitais, e também foram envidados esforços no sentido de introduzir melhorias nos
outros serviços, entraram mais médicos para o sistema, fez-se um esforço ainda que não
seja suficiente. a partir das respostas dos entrevistados foi possível perceber, que as
poucas aplicações na educação e saúde mostraram que o investimento no capital humano
era exíguo em Angola. Os informantes fundamentaram a afirmação com o argumento de
que a grande parte das crianças em idade escolar encontravam-se fora do sistema de

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ensino, e por isso havia uma grande taxa de analfabetismo. Para mitigar a situação
expressa na opinião dos entrevistados, foi feito um prognóstico e criado o programa
nacional especial de combate à fome e à pobreza. Um programa que assumiu também a
dimensão da educação e saúde (Sousa, 2002; Lopes, 2002).

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Conclusão
Esta tese pretendeu analisar a cobertura e representação mediáticas do discurso do
PR de Angola e das ações políticas do seu Governo, em Portugal e Angola no período
entre 3 de outubro de 2017 e 31 de janeiro de 2020. O trabalho realizado apresenta duas
linhas principais de análise: a primeira centrou-se no estudo da informação e dos dados
sistematizados a partir das promessas, representações políticas, ideológicas e valorativas
contidas nos discursos políticos do Presidente João Lourenço. A partir destes
identificaram-se intenções e temáticas com as quais o PR manifestou os seus propósitos
para resolver os principais problemas dos cidadãos, num contexto pós-eleitoral. A
segunda debruçou-se sobre os resultados das principais ações políticas do Governo
angolano, identificadas com base na cobertura mediática. Neste segundo plano, foi
possível estudar como é que as preocupações do PR e os atos políticos mediatizados,
executados pelo Governo angolano, foram representados nas imprensas angolana e
portuguesa.
Nesta contribuição, cuja a pergunta de partida foi direcionada a perceber de que
forma é que os discursos políticos de João Loureço, PR de Angola, traduziram-se em
ações políticas mediatizadas do Governo angolano, recorreu-se em primeiro plano à
revisão da literatura para construir um suporte teórico-científico, interligando as teorias
de seleção, construção e efeitos dos media, com os argumentos do gatekeeping e news
making, agenda-seting e teoria dos efeitos limitados dos media, aliadas às teorias da
representação social, espiral do silêncio e ação política. Teve-se como suporte os
contextos social, político, histórico e económico presentes no período em análise. As
teorias permitiram, igualmente, perceber de que forma cada modelo compreende e explica
os efeitos decorrentes da exposição aos veículos de comunicação de massa, à luz da
realidade social e política.
Para averiguar, igualmente, como é que os discursos políticos de João Loureço se
traduziram em ações políticas mediatizadas do Governo angolano, examinaram-se os
argumentos desenvolvidos sobre o Estado angolano nos planos geopolítico, político,
económico e social. É de ter em conta, neste plano, que Angola é uma Nação que possui
uma natureza invulgar, onde para além da riqueza a nível natural existem elementos
importantes que estimulam o desenvolvimento económico.
Depois da independência, em 1975, Angola teve um grande viés na sua
organização, com a instituição do regime marxista-leninista que se traduziu na procura

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ab initio em uniformizar e homogeneizar a componente política, económica, social e
cultural a partir de uma marca de radicalização ideológica. Em Angola, o processo
democrático começou com a Segunda República (1992-2008), que assegurava que
Angola era um Estado Democrático de Direito e consagrou a democracia multipartidária,
as garantias dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o sistema económico
de mercado, e definiu que o poder emanava do povo, assim como previa a escolha dos
representantes por intermédio de eleições por sufrágio universal. No entanto, só durante
o período de 2002 a 2012 é que, se verificou um crescimento económico e uma
sustentabilidade fiscal dependentes das receitas do petróleo. O mau aproveitamento dos
recursos provenientes do petróleo restringiu a diversificação económica e não favoreceu
a criação de empregos necessários ao desenvolvimento.
A evolução do processo de desenvolvimento de Angola, enquanto, Estado
independente, contou sempre com os media que ganharam um grande impulso com o
advento da independência em 1975. No entanto, neste quesito, Angola ainda se encontra
em fase de amadurecimento das suas estruturas tecnológicas e de comunicação. O sistema
político que Angola adotou, em 1975, a ética e a prática jornalística de lógica ideológica
decorrente do modelo de partido Estado de inspiração marxista-leninista, que não ajudou
na concretização evolutiva da atividade jornalística.
O jornalismo angolano é uma atividade que se funda na sua legitimidade social.
A compreensão da influência e das complexas reconfigurações das mediações
jornalísticas atribuíram outros sentidos aos fenómenos políticos, económicos e culturais
cobertos pela imprensa angolana. Tal influência motivou que a segunda metade dos anos
1990 fosse determinante para a afirmação da liberdade de imprensa em Angola, pois, a
força dos jornalistas que provinham de uma cultura autoritária fez-se notar quando
passaram a exercer um tipo de jornalismo de pressão política e social.
A revisão da literatura permitiu-nos concluir que a revolução tecnológica em
Angola só teve início aquando da aprovação pelo Governo de uma nova lei para o setor
das telecomunicações em 2000, que encerrou o monopólio estatal nessa área. A história
da evolução recente das telecomunicações em Angola está, fortemente, ligada à UNITEL,
que começou a sua atividade como uma sociedade anónima.
No plano da questão nuclear recorremos à análise das peças noticiosas
relacionadas com a cobertura mediática dos discursos e das ações policiais do Governo
angolano. Quanto à imprensa portuguesa, cuja cobertura feita pelos jornais identificados

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no corpus deste estudo, também foi analisada no presente trabalho. Verificou-se que foi
após a queda do Estado Novo que a democracia subsequente se transformou numa espécie
de laboratório político para os círculos jornalísticos e de intelectuais. Esta tendência levou
à redescoberta das páginas e secções culturais, que foram menosprezadas no período
1974-1975, à valorização das edições dominicais, ao interesse pelas informações
referentes às novas tecnologias, e já em 1986-87, ao vigor do jornalismo económico.
Reconhece-se que, a partir da sua função informativa, os órgãos de comunicação
massiva divulgaram, quer em Angola, quer em Portugal, notícias sobre uma série de ações
políticas do Governo angolano, cujo conteúdo aponta para a execução prática do teor das
mensagens dos discursos políticos de João Lourenço, PR de Angola.
Nesta contribuição apresenta-se a análise dos discursos políticos de João Lourenço
e da cobertura mediática das ações políticas do seu Governo, que teve início com o
anúncio do Ex-Presidente José Eduardo dos Santos de que, não seria mais candidato à PR
de Angola. Com este anúncio os cidadãos ficaram ávidos da possibilidade de se construir
um novo modelo de desenvolvimento que beneficiasse todos os angolanos.
Percebeu-se porquê é que João Lourenço fez uma série de promessas para a
normalização do país. No domínio económico, apresentou a pretensão de melhorar o
ambiente de negócios, comprometeu-se em repatriar capitais e recuperar os ativos
indevidamente adquiridos no exterior do país. Iniciou um processo de detenção de altas
individualidades, o arresto de contas bancárias e bens de vários empresários, como é o
caso de Isabel dos Santos e do seu marido Sindika Dokolo, nas empresas onde detinham
posições acionistas. Estas medidas foram vistas como inéditas e foram bem acolhidas por
diversos intervenientes sociopolíticos, de acordo com o estudo realizado.
Para alcançar os seus objetivos e cumprir o seu programa eleitoral, João Lourenço
indicou a corrupção como um dos principais problemas públicos do país, tanto na
dimensão do Estado, quanto na dimensão da sociedade. Enquanto problema público, João
Lourenço considerou-a a bandeira de governação, para lutar contra agentes públicos e
privados, colocando no mesmo patamar políticos, burocratas, empresários e agentes
internacionais.
Angola, neste momento, está marcada por uma Administração Pública pautada
por um conjunto de reformas com o intuito de tornar o Estado mais democrático. Observa-
se, igualmente, que a evolução pública-administrativa em Angola está a ser construída
com fortes influências histórico-culturais. Um dos exemplos desta influência sobressai

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nas intenções discursivas de João Lourenço, tendentes a descentralizar o país com a
implementação de autarquias locais e aposta no crescimento económico e
desenvolvimento do Estado.

Tendências da Análise dos Discursos e da Imprensa


Os objetivos deste estudo permitiram conduzir ao exame das promessas e
representações políticas, ideológicas e valorativas contidas nos discursos políticos de
João Lourenço para, a partir delas, identificar as principais temáticas e abordagens. Ao
analisar as promessas discursivas, procurando verificar como é que as ações políticas
mediatizadas do seu Governo foram efetivadas, verificaram-se como principais
preocupações do PR de Angola, a justiça social, os direitos humanos, a governação
inclusiva, as finanças públicas, os assuntos da banca, o crescimento económico, o
emprego e desemprego, a defesa, segurança e veteranos da pátria, os conflitos e paz.
Também sobressaem as inquietações ligadas à consolidação da democracia, a educação,
a saúde, habitação e a mobilidade de cidadãos, fundamentalmente, na CPLP.
O PR levanta, igualmente, um conjunto de aspetos críticos da vida política social
e económica do país, tais como a fraca ligação entre os setores do Estado, a má
governação, a debilidade na democracia, o relacionamento preferencial com os demais
Estados do mundo, a ausência do poder local, as limitações nos direitos de expressão e
comunicação, as debilidades nos transportes públicos, nas contas públicas e nos setores
da defesa e segurança e a cooperação e solidariedade internacional.
Na generalidade, os discursos estão voltados para o contexto angolano, no entanto,
sempre com uma referenciação internacional, com destaque para Luanda como local mais
citado. Luanda é, igualmente, destacada como o espaço geográfico onde foram mais
pronunciados os discursos com 18 do total dos 37 discursos analisados. À medida que se
iam analisando os discursos, ressaltou a tendência de a competição política ter cedido
espaço à consolidação do poder obtido nas urnas. Relativamente aos assuntos internos,
destaca-se a tendência de se enfatizar o investimento nas principais áreas críticas do país,
mesmo perante situações de abrangência internacional ou com caráter de cooperação.
O PR destaca nos discursos a intervenção em todas as áreas da governação. É
ainda recorrente a temática das autarquias e do poder local, assim como do repatriamento
do capital ilicitamente retirado do país. O PR pretende ver os direitos humanos a vingarem
em todas as áreas de atuação do governo.

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No domínio da cooperação, a preocupação do PR foi especialmente dirigida às
comunidades de que Angola faz parte. O Chefe de Estado João Lourenço pretendia,
geopoliticamente, promover Angola de forma multilateral e imprimir maior dinâmica à
cooperação e às relações internacionais, sustentadas pelos laços de irmandade, língua,
património cultural e mobilidade entre os Estados.
Do estudo efetuado ressaltou-se que o Governo angolano tentou indicar que os
seus propósitos políticos eram evidenciar eficácia decisória na execução das ações
políticas. Esta busca teve como objetivo responder às demandas e os desafios do país.
Nesta perspetiva, o PR João Lourenço primou, à partida, pelo envolvimento de todos os
cidadãos num processo que não devia excluir a participação de ninguém, incluindo
instituições, Estados e organizações.
Os objetivos do estudo permitiram, igualmente, sistematizar as principais
temáticas das ações políticas mediatizadas do Governo angolano, a partir das imprensas
portuguesa e angolana no período entre 03 de outubro de 2017 e 31 de dezembro de 2020.
Este processo permitiu analisar 37 discursos políticos e 170 peças noticiosas produzidas
entre 3 de outubro de 2017 e 31 de janeiro de 2020.
As ações políticas mediatizadas indicam que os problemas sociais dos cidadãos se
centraram nas denúncias de corrupção, nepotismo e impunidade. Apesar deste enfoque,
em termos gerais, as promessas discursivas de João Lourenço traduziram-se em ações
políticas mediatizadas do Governo. Estas ações consideram os aspetos das relações
internacionais, recursos naturais, energia e hidrocarbonetos, diplomacia, banca e
finanças; crescimento económico, investimentos, empreendedorismo, consolidação da
democracia, governação inclusiva, emprego e desemprego; conflitos e paz, educação,
saúde, corrupção, impunidade, turismo, promoção da cultura, reforma da justiça, aspetos
de género; relacionamento com demais Estados e solidariedade internacional, como
temas frequentes nas notícias dos periódicos analisados em Angola e Portugal.
As ações políticas identificadas tiveram, geograficamente, lugar em Luanda,
seguida de Portugal com a visita que o PR de Angola efetuou àquele país da CPLP e à
Europa Ocidental/União Europeia. Os lugares identificados fazem parte da estratégia de
comunicação do Governo angolano, cujo propósito era o cumprimento com êxito do
programa de Governo.
No que se refere ao contexto de efetivação das ações políticas, na arena
internacional, é notória a preocupação do Chefe de Estado angolano em relação à

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cooperação que quer manter com outros parceiros. Estes parceiros propõem a Angola uma
cooperação diversificada, no plano comercial, com investimentos em serviços financeiros
e petrolíferos, minas e telecomunicações. Com a França, por exemplo, o Governo assinou
um acordo de Defesa, assim como um outro contrato de parceria de mil milhões de euros
para o setor dos petróleos, para que a Total e a Sonangol desenvolvessem um projeto de
exploração de petróleo em águas profundas, juntamente com um contrato de empréstimo
de cem milhões de euros da Agência Francesa de Desenvolvimento para o setor agrícola.
Ao agruparem-se as peças jornalísticas, procurou-se analisar a informação com
base nos pontos convergentes e divergentes referentes às ações políticas. Os media
angolanos e portugueses, enquanto facilitadores deste processo, foram determinantes para
a troca de experiências, permitiram que as notícias se tornassem património comum ao
grupo dos cidadãos afetos.
O objeto deste estudo referente às promessas discursivas de João Lourenço,
Presidente da República de Angola e às ações políticas mediatizadas do Governo
angolano, teve por base a análise comparativa dos textos noticiosos das imprensas
portuguesa e angolana e estudou a abordagem aos temas relacionados com a economia e
investimentos, corrupção, impunidade, relações internacionais. Foram, do mesmo modo,
analisados os temas dos recursos naturais, energia e hidrocarbonetos, diplomacia, banca
e finanças; assim como, temas sobre educação, saúde, habitação e mobilidade. Na
generalidade não foram mediatizados aspetos essenciais como: a justiça social, direitos
humanos, governação inclusiva, habitação, efetivação de autarquias e do poder local,
emprego e desemprego, empreendedorismo, investimentos, defesa, segurança e veteranos
da pátria e consolidação da democracia.
A imprensa desempenhou o seu papel de informar sobre as ações do Governo
angolano. A mesma, foi também a maior fonte de esclarecimento das intenções do PR
para os cidadãos, quer em Angola como em Portugal, dentre as principais preocupações
levantadas nos discursos políticos (uma multiplicidade de temas extensos).
A partir da análise efetuada considera-se haver um distanciamento entre a
informação mediatizada através das peças noticiosas da imprensa angolana e portuguesa
sobre as ações efetivadas e as promessas discursivas do PR de Angola, João Lourenço.
Esta conclusão advém do fato de as promessas não aparecerem representadas tal como
são citadas nos discursos. O estudo das ações políticas mediatizadas do Governo angolano
deveria acompanhar a concretização das promessas do líder da Nação angolana. O nosso

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argumento, como já fizemos referência na introdução, centra-se no distanciamento entre
a leitura e a observação discursiva da informação divulgada nos media angolanos e
portugueses.
A nossa tese foca-se no contexto específico pós-eleitoral, que tem características
próprias associadas ao potencial impacto do debate público, ansiedades e expectativas
dos cidadãos. Como tal, foram realizadas entrevistas a individualidades partidárias na
oposição com representação parlamentar e à organizações socioprofissionais de
jornalistas, para compreender o tipo de opinião que se construiu sobre as promessas
discursivas do PR e das ações políticas do seu Governo.
Os resultados da aplicação das entrevistas, apesar de se ter notado distanciamento
entre os discursos e as ações políticas mediatizadas, apontam no sentido de haver uma
certa compreensão por parte dos entrevistados em relação às promessas e às intenções
discursivas do PR. Ainda que as evidências sejam difusas, das respostas dos entrevistados
percebe-se, igualmente, que os media desempenharam um papel mobilizador em geral.
Relativamente aos Direitos Humanos, os nossos entrevistados enfatizaram haver
uma certa inobservância, ainda que Angola tenha progredido no desenvolvimento
humano e no respeito aos Direitos Universais, melhorando sobretudo em termos de
educação primária e educação em geral. Quanto à nova dinâmica que se vem dando aos
Tribunais e à Procuradoria-geral da República, no período de Governo de João Lourenço,
os nossos entrevistados ressaltaram existir a necessidade de melhorar. No que toca à
mobilidade na CPLP e à imigração ilegal, considerou-se não ser só preocupação do
Presidente João Lourenço, mas de todos os Estados da CPLP.
Os entrevistados, na sua maioria, são favoráveis às promessas feitas pelo PR, ao
considerarem que o Presidente João Lourenço manifesta vontade em combater a
corrupção, a impunidade e o nepotismo. Relativamente à consolidação da democracia, os
entrevistados consideram que tem havido algum avanço, ainda que lento. Sobre a
liberdade de expressão, imprensa, reunião e manifestação, os entrevistados consideram
que a imprensa está mais aberta ao pluralismo da informação, à manifestação e reunião.
Os mesmos consideraram ainda que os fatores económicos são a causa da ausência de
jornais plurais.
Interrogados sobre o crescimento económico no período em análise, os
entrevistados consideraram ser um fracasso. Alguns chegaram a considerar que esta
situação vem-se acentuando que o país vive uma recessão económica e que estavam a ser

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envidados esforços para se reverter a situação. Quanto às finanças públicas, os
entrevistados emitiram uma opinião desfavorável. Em relação ao repatriamento de
capitais e recuperação de ativos, os entrevistados consideram que o PR nunca irá
conseguir repatriar os fundos, porquanto, os mesmos já estão inseridos nos sistemas
económicos dos países para onde foram transferidos.
Quanto ao emprego e desemprego, os entrevistados consideraram que tem sido
uma preocupação do Governo. Em relação à pobreza e a fome os entrevistados
consideraram ter a ver com êxodo rural que aconteceu durante a guerra civil.
Comparativamente, em Portugal e Angola, fez-se a cobertura noticiosa em marcos
muito aproximados, em termos gerais a imprensa atendeu os anseios dos cidadãos. Em
Angola, o jornal O País destacou-se em termos de publicações, seguido do Jornal de
Angola e do Folha 8. Na última posição colocou-se o Jornal Expansão. Em Portugal o
Expresso foi o que mais textos noticiosos publicou, seguido do Jornal Económico e do
Público. Na última posição, em termos de textos noticiosos publicados, ficou o Correio
da Manhã. No total, as quatro publicações portugueses expuseram mais peças noticiosas
do que as quatro angolanas. Verificou-se, por ordem decrescente, o enfoque positivo no
jornal O País, Jornal de Angola, Expansão e Expresso. As notícias aparecem em tom
negativo no Público, no Correio da Manhã, Folha 8 e Expansão. Os jornais analisados,
durante as abordagens das ações políticas mediatizadas, apresentaram uma perspetiva
normativa nas peças compatíveis com as recomendadas no jornalismo, destacando as
fontes da informação.

Limitações e Potencialidades da Investigação


Este estudo teve no seu processo e percurso várias limitações. Registaram-se
dificuldades relacionadas com o acesso às fontes de informação, quer para a análise dos
discursos quer no que se refere às notícias, porque os recursos, que são disponibilizados
através da internet, não se mantêm inalterados. A não permanência dos recursos nos
websites limitou o acesso recorrente à mesma notícia e aos discursos políticos.
Na fase das entrevistas, os líderes dos partidos políticos da oposição,
representados no Parlamento, e os responsáveis das associações socioprofissionais de
jornalistas alegavam constantemente indisponibilidade, o que obrigou, apesar da
apresentação formal dos pedidos de entrevista, a recorrer a terceiros para facilitar o
contacto.

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Registaram-se ainda dificuldades impostas pelo contexto da pandemia da COVID
19, o que limitou as deslocações, quer dentro de Angola, quer para Portugal, assim como
o acesso aos recursos bibliográficos do ISCSP, Universidade de Lisboa, bem como, da
FCSH, da Universidade Nova de Lisboa.
Outra limitação esteve relacionada com o elevado volume de notícias nos jornais
analisados, o que dificultou, em parte, a seleção do corpus para a revisão do conteúdo dos
discursos e das ações políticas. Neste plano, o estudo efetuado poderá constituir uma base
para o aprofundamento destas tendências em outros intervalos de tempo mais amplos.
O período pós-eleitoral é aquele em que a política mais capta a atenção dos
jornalistas e dos cidadãos. Ainda assim, as caraterísticas que o tornam um objeto de
estudo pertinente e relevante são também aquelas que limitam a generalização dos seus
resultados. Outra dificuldade com que nos deparamos está relacionada com a recolha de
dados: os jornais apresentam bases de dados muito instáveis, com conteúdos interativos,
fazendo com que a informação esteja exposta por um período de tempo curto, o que
dificultou a validação da informação.
Em contextos políticos fechados há uma grande dificuldade em fazer com que as
pessoas emitam as suas opiniões. Este aspeto levou-nos a enfrentar um conjunto de
dificuldades para a obtenção de entrevistas, tendo sido forçados a reduzir o número de
entrevistados, por alegada falta de tempo por parte dos selecionados, dificuldades em
emitir opinião sobre o PR ou suposto conflito de interesse.
Pensamos que a análise dos discursos e das ações políticas no conjunto do
conteúdo das notícias representa um avanço importante para a investigação em
comunicação política. Nesta conformidade, recomendamos o desenho de estudos futuros
baseados, na análise de conteúdo dos discursos e ações políticas, numa perspetiva
metodológica mista, com o intuito de ampliar o campo de estudos desta natureza em
contexto angolano e acompanhar prováveis convergências entre a comunicação política
do PR e os atos do Governo.

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Anexos
Quadro nº 1 Data da Pronúncia do Discurso
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
3 de outubro a 31 dezembro de 2017 3 8,1 8,1 8,1
1 de janeiro a 31 de março de 2018 6 16,2 16,2 24,3
1 de abril a 30 junho de 2018 4 10,8 10,8 35,1
1 de julho a 30 de setembro de 2018 6 16,2 16,2 51,4
1 de outubro 31 de dezembro de 2018 5 13,5 13,5 64,9
1 de janeiro a 31 de março de 2019 3 8,1 8,1 73,0
1 de abril a 30 de junho de 2019 5 13,5 13,5 86,5
1 de julho a 30 de setembro de 2019 2 5,4 5,4 91,9
1 de outubro de 31 a dezembro de 2019 2 5,4 5,4 97,3
1 a 31 de janeiro de 2020 1 2,7 2,7 100,0
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 2 Tema Dominante no Discurso


Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Recursos Minerais, Petroleo e Gás 2 5,4 5,4 5,4
Obras Públicas e Ordenamento do 1 2,7 2,7 8,1
Território
Telecomunicações, Tecnologias de 1 2,7 2,7 10,8
Informação e Comunicação Social
Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação 2 5,4 5,4 16,2
Cultura, Turismo e Ambiente 1 2,7 2,7 18,9
Migrações 2 5,4 5,4 24,3
Organizações Empresariais e1 2,7 2,7 27,0
Profissionais
Diplomacia e Relações Internacionais 10 27,0 27,0 54,1
Cooperação e Solidariedade 11 29,7 29,7 83,8
Internacional
Justiça 2 5,4 5,4 89,2
Festividades e Solenidades 1 2,7 2,7 91,9
Todos os Setores de Actividades 3 8,1 8,1 100,0
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 3 Contexto do Discurso


Percentagem
Frequência Percentagem válida Percentagem acumulativa
Nacional 13 35,1 35,1 35,1
Internacional 24 64,9 64,9 100,0
Total 37 100,0 100,0

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Quadro nº 4 Local do Discurso
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Luanda 18 48,6 48,6 48,6
Benguela 2 5,4 5,4 54,1
Namibe 1 2,7 2,7 56,8
Cuando Cubango (Cuito Cuanavale) 1 2,7 2,7 59,5
Africa do Sul 2 5,4 5,4 64,9
Etiópia 1 2,7 2,7 67,6
Namíbia (Windhoek) 1 2,7 2,7 70,3
Cabo Verde 1 2,7 2,7 73,0
China (Pequim) 1 2,7 2,7 75,7
EUA (Nova Iorque) 2 5,4 5,4 81,1
Portugal (Lisboa) 1 2,7 2,7 83,8
Portugal (Porto) 2 5,4 5,4 89,2
Cuba (Havana) 1 2,7 2,7 91,9
Rússia (Moscovo) 2 5,4 5,4 97,3
França (Estrasburgo) 1 2,7 2,7 100,0
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 5 Proeminência
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
País 5 13,5 13,5 13,5
Líder de Um Partido Político 1 2,7 2,7 16,2
Protagonista Económico 5 13,5 13,5 29,7
Membros da Sociedade 7 18,9 18,9 48,6
Países e Organizações Internacionais 18 48,6 48,6 97,3
Orgãos de Justiça 1 2,7 2,7 100,0
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 6 Alvo do Discurso


Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Representantes de Cidadão e Públicos 5 13,5 13,5 13,5
Famílias 1 2,7 2,7 16,2
Governos Locais 3 8,1 8,1 24,3
Comunidade Internacional 7 18,9 18,9 43,2
Oposição Política 1 2,7 2,7 45,9
Prestadores de Serviços de Educação 1 2,7 2,7 48,6
Empreendedores e Empresários 2 5,4 5,4 54,1
Estrangeiros
Empresários Nacionais 1 2,7 2,7 56,8
Organizações Regionais e6 16,2 16,2 73,0
Internacionais
Conjunto de Públicos Nacionais e 10 27,0 27,0 100,0
Internacionais
Total 37 100,0 100,0

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Quadro nº 7 Partidos Políticos
Percentagem
Frequência Percentagem válida Percentagem acumulativa
UNITA 1 2,7 2,7 2,7
Todos 4 10,8 10,8 13,5
Indiferenciado 32 86,5 86,5 100,0
Total 37 100,0 100,0
Quadro nº 8 Cooperação Internacional
Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
União Europeia 1 2,7 2,7 2,7
União Africana 3 8,1 8,1 10,8
America do Norte 3 8,1 8,1 18,9
SADC e Países Parceiros 1 2,7 2,7 21,6
SADC 4 10,8 10,8 32,4
CPLP 6 16,2 16,2 48,6
Europa Oriental 3 8,1 8,1 56,8
China-Africa 1 2,7 2,7 59,5
Assuntos Internos 11 29,7 29,7 89,2
Resto do Mundo 4 10,8 10,8 100,0
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 9 Áreas de Intervenção


Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Agrícultura 1 2,7 2,7 2,7
Serviços Públicos 2 5,4 5,4 8,1
Energia, Petróleo e Gás 1 2,7 2,7 10,8
Ensino Superior/Ciência e Tecnologia 2 5,4 5,4 16,2
Telecomunicações 1 2,7 2,7 18,9
Educação, Cultura e Turismo 3 8,1 8,1 27,0
Serviços de Justiça 2 5,4 5,4 32,4
Estabelecimento da Paz 8 21,6 21,6 54,1
Todos as Áreas 17 45,9 45,9 100,0
Total 37 100,0 100,0

Qudro nº 10 Tom do discurso


Percentagem
Frequência Percentagem válida Percentagem acumulativa
Positivo 23 62,2 62,2 62,2
Neutro 10 27,0 27,0 89,2
Negativo 4 10,8 10,8 100,0
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 11 Tom do Discurso Negativo


Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Criticas Internas ao Partido ou aos Seus 3 8,1 8,1 8,1
Membros
Criticas a Pessoas e Organizações da 11 29,7 29,7 37,8
Sociedade Civil
Critica a Outros Países 11 29,7 29,7 67,6
Sem Criticas 12 32,4 32,4 100,0
Página 350 de 422
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 12 Tom do Discurso Positivo


Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Autoelogio das Ações Políticas do 7 18,9 18,9 18,9
Presidente
Promoção de Iniciativas 9 24,3 24,3 43,2
Socioeconomicas
Elogio a Inicitivas de Membros da 4 10,8 10,8 54,1
Comunidade
Elogios a Membros de Algumas Areas 3 8,1 8,1 62,2
Profissionais (Policias, Medicos e
Professores)
Elogio a Justiça No Combate a 2 5,4 5,4 67,6
Corrupção e em Especial a PGR
Elogios a Países e Organizações 6 16,2 16,2 83,8
Internacionais
Promoção da Imagem do País 6 16,2 16,2 100,0
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 13 Tom do Discurso Neutro


Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
informação sbre boas Praticas Cívicas 3 8,1 8,1 8,1
(em Relação aos Cidadãos, Jovens, ao
Alcoolismo e Gravidezes Precoces)
Sensibilização Acerca do Combate a 1 2,7 2,7 10,8
Criminalidade
Encorajamento e Valorização do Ensino 2 5,4 5,4 16,2
e da Invstigação
Encorajamento a Boas Práticas de 16 43,2 43,2 59,5
Convivência Cívica Social e Políticas
Apelo às Boas Relações entre Estados 12 32,4 32,4 91,9
Incentivo ao Investimento e a Produção 3 8,1 8,1 100,0
Nacional
Total 37 100,0 100,0

Quadro nº 14 Datas Agrupadas


Percentagem Percentagem
Frequência Percentagem válida acumulativa
Setembro 2017 a 31 Dezembro 2018 27 73,0 73,0 73,0
! Janeiro 2019 a 31 Janeiro 2020 10 27,0 27,0 100,0
Total 37 100,0 100,0

Página 351 de 422


Quadro nº 15 Data da Publicação da Notícia
Frequência Percentagem Percentagem válida
3 de outubro a 31 dezembro 11 6,5 6,5
de 2017
1 de janeiro a 31 de março de 25 14,7 14,7
2018
1 de abril a 30 junho de 2018 1 ,6 ,6
1 de julho a 30 de setembro de 9 5,3 5,3
2018
1 de outubro 31 de dezembro 18 10,6 10,6
de 2018
1 de janeiro a 31 de março de 9 5,3 5,3
2019
1 de abril a 30 de junho de 11 6,5 6,5
2019
1 de julho a 30 de setembro de 11 6,5 6,5
2019
1 de outubro de 31 a 9 5,3 5,3
dezembro de 2019
1 de janeiro a 31 março de 16 9,4 9,4
2020
1 de abril a 30 de junho de 12 7,1 7,1
2020
1 de julho a 30 de setembro de 13 7,6 7,6
2020
1 de outubro a 31 de 25 14,7 14,7
dezembro de 2020
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 16 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação)


Frequência Percentagem Percentagem válida
Público 22 12,9 12,9
Jornal Económico 12 7,1 7,1
Correio da Manhã 18 10,6 10,6
Expresso 25 14,7 14,7
Jornal de Angola 26 15,3 15,3
O País 30 17,6 17,6
Folha 8 17 10,0 10,0
Expansão 20 11,8 11,8
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 17 Seção (Lugar no Jornal Aonde Aparece a Notícia)


Frequência Percentagem Percentagem válida
Política 66 38,8 38,8
Economia 34 20,0 20,0
Sociedade 11 6,5 6,5
Internacional 23 13,5 13,5

Página 352 de 422


Mundo 35 20,6 20,6
Outros 1 ,6 ,6
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 18 Género da Notícia


Frequência Percentagem Percentagem válida
Reportagem 65 38,2 38,2
Artigo 61 35,9 35,9
Opinião 3 1,8 1,8
(Comentario/Análise)
Coluna/Breve 17 10,0 10,0
Editorial 1 ,6 ,6
Notícia de Agências 8 4,7 4,7
Nacionais (Lusa e Angop)
Entrevista 15 8,8 8,8
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 19 Assunto da Notícia


Frequência Percentagem Percentagem válida
Estado 8 4,7 4,7
Partidos Políticos 4 2,4 2,4
Autarquias e poder local 11 6,5 6,5
Diplomacia 15 8,8 8,8
Banca/Finaças 15 8,8 8,8
Trabalho/Emprego 2 1,2 1,2
Manisfestações Políticas e 4 2,4 2,4
Sociais
Justiça/Tribuanais 4 2,4 2,4
Habitação/Políticas Sociais 4 2,4 2,4
Turismo/Ambiente 1 ,6 ,6
Educação 3 1,8 1,8
Saúde 2 1,2 1,2
Tecnologia e Ciência 1 ,6 ,6
Religião 1 ,6 ,6
Agricultura 2 1,2 1,2
Casos Pessoais 1 ,6 ,6
Insólitos 1 ,6 ,6
Recursos Naturais/Energia e 12 7,1 7,1
HIdrocarbonetos
Forças Armadas 2 1,2 1,2
Inteligência/Policia Nacional 1 ,6 ,6
Comercio e Indústria 2 1,2 1,2
Economia/Investimentos 19 11,2 11,2
Transportes/Vias de 2 1,2 1,2
Comunicação
Genero 1 ,6 ,6
Relações Internacionais 14 8,2 8,2
Festividades 3 1,8 1,8
Página 353 de 422
Corrupção 14 8,2 8,2
Impunidade 10 5,9 5,9
Nepotismo 2 1,2 1,2
Democracia 1 ,6 ,6
Telecomunicações e3 1,8 1,8
Comunicação Social
Liberdades 3 1,8 1,8
Direitos Humanos 2 1,2 1,2

Quadro nº 20 foto ou Ilustração


Frequência Percentagem Percentagem válida
Sim. Imagem Explícita 163 95,9 95,9
Sim. Imagem não Explícita 5 2,9 2,9
Não 2 1,2 1,2
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 21 Referência ao Público


Frequência Percentagem Percentagem válida
Sim (Protagonista) 135 79,4 79,4
Não (Secundário) 35 20,6 20,6
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 22 Nacional ou Internacional


Frequência Percentagem Percentagem válida
Nacional 88 51,8 51,8
Internacional 82 48,2 48,2
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 23 Local da História


Frequência Percentagem Percentagem válida
Luanda 114 67,1 67,1
Malange 3 1,8 1,8
Bie 2 1,2 1,2
Lunda Norte 1 ,6 ,6
Cuando Cubango 1 ,6 ,6
Cabinda 1 ,6 ,6
Huila 1 ,6 ,6
Região dos Grandes Lagos 2 1,2 1,2
Portugal 12 7,1 7,1
Europa Ocidental/União 10 5,9 5,9
Europeia
Rússia 2 1,2 1,2
África (outros) 1 ,6 ,6
Caraíbas 1 ,6 ,6
Misto Internacional 19 11,2 11,2
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 24 Partidos Políticos


Frequência Percentagem Percentagem válida
UNITA 11 6,5 6,5
CASA-CE 1 ,6 ,6
FNLA 1 ,6 ,6
Página 354 de 422
Outros sem Assento 3 1,8 1,8
Parlamentar
Indiferenciado 154 90,6 90,6
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 25 Sociedade Civil


Frequência Percentagem Percentagem válida
ONG´s 3 1,8 1,8
Particulares 8 4,7 4,7
Indiferenciado 159 93,5 93,5
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 26 Cidadãos
Frequência Percentagem Percentagem válida
Mulheres (25-60) Anos 3 1,8 1,8
Jovens (18-24) Anos 2 1,2 1,2
Idosos (mais de 60) Anos 6 3,5 3,5
Indiferenciado 159 93,5 93,5
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 27 Protagonismo
Frequência Percentagem Percentagem válida
Primeiro Plano 130 76,5 76,5
Segundo Plano 40 23,5 23,5
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 28 Histórias Isoladas ou Conhecidas


Frequência Percentagem Percentagem válida
Sim (Conhecida) 123 72,4 72,4
Não (Isolada) 47 27,6 27,6
Total 170 100,0 100,0

Quadro nº 29 Fonte da Informação


Frequência Percentagem Percentagem válida
Presidente da República 56 32,9 32,9
Grupo/Representante dos 2 1,2 1,2
Públicos
Famílias 1 ,6 ,6
ONG´s 1 ,6 ,6
Partidos Políticos 8 4,7 4,7
Governos Internacionais 12 7,1 7,1
Governos Provinciais 2 1,2 1,2
Parlamento 9 5,3 5,3
Grupo empresarias 3 1,8 1,8
Empresas Públicas 8 4,7 4,7
Vice-Presidente/Ministérios 23 13,5 13,5
Organizações 7 4,1 4,1
Continentais/Regionais
Organizações Internacionais 10 5,9 5,9
Oposição Política 1 ,6 ,6
Tribunais/PGR 13 7,6 7,6
Líder de Opinião e os Media 10 5,9 5,9
Página 355 de 422
(Colonista/Editorial)
Perito 2 1,2 1,2
Outro 2 1,2 1,2
Total 170 100,0 100,0
Sem Citação do/a 52 30,6 30,6
Protagonista
Protagonista 85 50,0 50,0
Família/Amigos 2 1,2 1,2
Políticos 9 5,3 5,3
Públicos em Geral 6 3,5 3,5
Grupos/Associações 7 4,1 4,1
Outros 9 5,3 5,3
Total 170 100,0 100,0
Positivo 120 70,6 70,6
Negativo 39 22,9 22,9
Neutro 11 6,5 6,5
Total 170 100,0 100,0

Qaudro nº 30 Data da Publicação da Notícia * Direcção ou Enfoque


Direcção ou Enfoque
Positivo Negativo Neutro Total
Data da Publicação da 3 de outubro a 31 dezembro 9 2 0 11
Notícia de 2017
1 de janeiro a 31 de março de 22 3 0 25
2018
1 de abril a 30 junho de 2018 0 0 1 1
1 de julho a 30 de setembro 5 2 2 9
de 2018
1 de outubro 31 de dezembro 16 1 1 18
de 2018
1 de janeiro a 31 de março de 9 0 0 9
2019
1 de abril a 30 de junho de 8 2 1 11
2019
1 de julho a 30 de setembro 8 1 2 11
de 2019
1 de outubro de 31 a 5 3 1 9
dezembro de 2019
1 de janeiro a 31 março de 9 5 2 16
2020
1 de abril a 30 de junho de 8 4 0 12
2020
1 de julho a 30 de setembro 10 3 0 13
de 2020
1 de outubro a 31 de 11 13 1 25
dezembro de 2020
Total 120 39 11 170

Quadro nº 31 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) * Secção (Lugar no Jornal Aonde Aparece a
Notícia)
Contagem
Seção (Lugar no Jornal Aonde Aparece a Notícia)
Política Economia Sociedade Internacional
Público 2 2 0 7

Página 356 de 422


Orgão de Imprensa (Meio de Jornal Económico 3 3 0 1
Comunicação) Correio da Manhã 2 0 0 8
Expresso 2 7 0 5
Jornal de Angola 19 4 2 1
O País 22 6 2 0
Folha 8 9 3 3 1
Expansão 7 9 4 0
Total 66 34 11 23
Órgão de Imprensa (Meio de Público 11 0 22
Comunicação) Jornal 5 0 12
Económico
Correio da 8 0 18
Manhã
Expresso 11 0 25
Jornal de 0 0 26
Angola
O País 0 0 30
Folha 8 0 1 17
Expansão 0 0 20
Total 35 1 170

Quadro nº 32 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) * Género da Notícia


Contagem
Genero da Notícia
Opinião
(Comentario/Análise
Reportagem Artigo )
Orgão de Imprensa (Meio de Público 9 0 0
Comunicação) Jornal Económico 4 6 0
Correio da Manhã 10 0 0
Expresso 10 12 0
Jornal de Angola 14 6 2
O País 10 11 1
Folha 8 3 13 0
Expansão 5 13 0
Total 65 61 3
Órgão de Imprensa (Meio de Público 2 1 7
Comunicação) Jornal 0 0 0
Económico
Correio da 6 0 1
Manhã
Expresso 1 0 0
Jornal de Angola 2 0 0
O País 6 0 0
Folha 8 0 0 0
Expansão 0 0 0
Total 17 1 8
Órgão de Imprensa (Meio de Público 3 22
Comunicação) Jornal Económico 2 12
Correio da Manhã 1 18
Expresso 2 25
Jornal de Angola 2 26
O País 2 30
Folha 8 1 17
Expansão 2 20

Página 357 de 422


Total 15 170
Quadro nº 33 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) * Foto ou Ilustração

Foto ou Ilustração
Sim. Imagem Sim. Imagem não
Explícita explícita Não
Órgão de Imprensa (Meio de Público 21 0 1
Comunicação) Jornal Económico 12 0 0
Correio da Manhã 18 0 0
Expresso 23 1 1
Jornal de Angola 26 0 0
O País 30 0 0
Folha 8 13 4 0
Expansão 20 0 0
Total 163 5 2
Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) Público 22
Jornal Económico 12
Correio da Manhã 18
Expresso 25
Jornal de Angola 26
O País 30
Folha 8 17
Expansão 20
Total 170

Quadro nº 34 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) * Referência ao Público


Contagem
Referência ao Público
Sim Não
(Protagonista) (Secundário) Total
Orgão de Imprensa (Meio de Público 13 9 22
Comunicação) Jornal Económico 11 1 12
Correio da Manhã 15 3 18
Expresso 15 10 25
Jornal de Angola 23 3 26
O País 26 4 30
Folha 8 13 4 17
Expansão 19 1 20
Total 135 35 170

Quadro nº 35 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) * Partidos Políticos


Contagem
Partidos Políticos
Outros sem
Assento
UNITA CASA-CE FNLA Parlamentar
Orgão de Imprensa (Meio de Público 6 0 0 1
Comunicação) Jornal Económico 1 0 0 0
Correio da Manhã 1 0 0 2
Expresso 1 0 0 0
Jornal de Angola 0 0 1 0
O País 1 0 0 0
Folha 8 1 0 0 0
Expansão 0 1 0 0
Total 11 1 1 3
Página 358 de 422
rgão de Imprensa (Meio de Público 15 22
Comunicação) Jornal Económico 11 12
Correio da Manhã 15 18
Expresso 24 25
Jornal de Angola 25 26
O País 29 30
Folha 8 16 17
Expansão 19 20
Total 154 170

Quadro nº 36 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) * Sociedade Civil


Contagem
Sociedade Civil
ONG´s Particulares Indiferenciado Total
Órgão de Imprensa (Meio de Público 1 4 17 22
Comunicação) Jornal Económico 0 0 12 12
Correio da Manhã 2 2 14 18
Expresso 0 2 23 25
Jornal de Angola 0 0 26 26
O País 0 0 30 30
Folha 8 0 0 17 17
Expansão 0 0 20 20
Total 3 8 159 170

Quadro nº 37 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) * Citação do Protagonista


Contagem
Citação do Protagonista
Sem Citação
do/a
Protagonista Protagonista Família/Amigos
Órgão de Imprensa (Meio de Público 6 10 0
Comunicação) Jornal Económico 3 9 0
Correio da Manhã 6 8 1
Expresso 8 11 1
Jornal de Angola 9 13 0
O País 11 17 0
Folha 8 2 5 0
Expansão 7 12 0
Órgão de Imprensa (Meio de Público 4 1 1
Comunicação) Jornal Económico 0 0 0
Correio da Manhã 1 2 0
Expresso 0 0 3
Jornal de Angola 1 1 0
O País 1 0 0
Folha 8 2 1 3
Expansão 0 1 0
Total 9 6 7
Órgão de Imprensa (Meio de Público 0 22
Comunicação) Jornal Económico 0 12
Correio da Manhã 0 18
Expresso 2 25
Jornal de Angola 2 26

Página 359 de 422


O País 1 30
Folha 8 4 17
Expansão 0 20
Total 9 170

Quadro nº 38 Órgão de Imprensa (Meio de Comunicação) * Direcção ou Enfoque


Contagem
Direcção ou Enfoque
Positivo Negativo Neutro Total
Orgão de Imprensa (Meio de Público 7 11 4 22
Comunicação) Jornal Económico 11 1 0 12
Correio da Manhã 11 6 1 18
Expresso 15 10 0 25
Jornal de Angola 23 1 2 26
O País 28 1 1 30
Folha 8 9 6 2 17
Expansão 16 3 1 20
Total 120 39 11 170

Quadro nº 39 Género da Notícia * Direcção ou Enfoque


Contagem
Direcção ou Enfoque
Positivo Negativo Neutro Total
Género da Notícia Reportagem 46 17 2 65
Artigo 48 9 4 61
Opinião 2 0 1 3
(Comentário/Análise)
Coluna/Breve 12 3 2 17
Editorial 1 0 0 1
Notícia de Agências 2 6 0 8
Nacionais (Lusa e Angop)
Entrevista 9 4 2 15
Total 120 39 11 170

Quadro nº 40 Género da Notícia * Foto ou Ilustração

Foto ou Ilustração
Sim. Imagem Sim. Imagem
Explícita não explícita Não
Género da Notícia Reportagem 64 1 0
Artigo 56 4 1
Opinião 3 0 0
(Comentário/Análise)
Coluna/Breve 17 0 0
Editorial 0 0 1
Página 360 de 422
Notícia de Agências 8 0 0
Nacionais (Lusa e Angop)
Entrevista 15 0 0
Total 163 5 2
Género da Notícia Reportagem 65
Artigo 61
Opinião (Comentário/Análise) 3
Coluna/Breve 17
Editorial 1
Notícia de Agências Nacionais (Lusa e Angop) 8
Entrevista 15
Total 170

Quadro nº 41 Fonte da Informação * Espaço (Nacional ou Internacional)


Contagem
Nacional ou Internacional
Nacional Internacional Total
Fonte da Informação Presidente da República 29 27 56
Grupo/Representante dos 2 0 2
Públicos
Famílias 1 0 1
ONG´s 1 0 1
Partidos Políticos 6 2 8
Governos Internacionais 1 11 12
Governos Provinciais 1 1 2
Parlamento 5 4 9
Grupos empresarias 2 1 3
Empresas Públicas 7 1 8
Vice-Presidente/Ministérios 14 9 23
Organizações 1 6 7
Continentais/Regionais
Organizações Internacionais 2 8 10
Oposição Política 1 0 1
Tribunais/PGR 10 3 13

Página 361 de 422


Líder de Opinião e os Media 2 8 10
(Colonista/Editorial)
Perito 2 0 2
Outro 1 1 2
Total 88 82 170

Quadro nº 42 Fonte da Informação * Direcção ou Enfoque


Contagem
Direcção ou Enfoque
Positivo Negativo Neutro Total
Fonte da Informação Presidente da República 38 15 3 56
Grupo/Representante dos 1 0 1 2
Públicos
Famílias 1 0 0 1
ONG´s 1 0 0 1
Partidos Políticos 2 5 1 8
Governos Internacionais 12 0 0 12
Governos Provinciais 2 0 0 2
Parlamento 9 0 0 9
Grupos Empresarias 2 1 0 3
Empresas Públicas 8 0 0 8
Vice-Presidente/Ministérios 20 3 0 23
Organizações 6 0 1 7
Continentais/Regionais
Organizações Internacionais 8 1 1 10
Oposição Política 0 0 1 1
Tribunais/PGR 7 6 0 13
Líder de Opinião e os Media 2 5 3 10
(Colonista/Editorial)
Perito 0 2 0 2

Quadro nº 43 Fonte da Informação * Citação do Protagonista


Contagem
Citação do Protagonista
Sem Citação
do/a
Protagonista Protagonista Família/Amigos
Fonte da Informação Presidente da República 13 38 0
Grupo/Representante dos 0 1 0
Públicos
Famílias 0 0 1
ONG´s 0 1 0
Partidos Políticos 1 4 0
Governos Internacionais 1 7 0
Governos Provinciais 0 1 0
Parlamento 1 7 0
Grupos Empresarias 2 1 0
Empresas Públicas 4 3 0
Vice-Presidente/Ministérios 10 12 0
Organizações 2 3 0
Continentais/Regionais
Organizações Internacionais 6 0 0
Oposição Política 0 1 0
Tribunais/PGR 6 2 1

Página 362 de 422


Líder de Opinião e os Media 5 3 0
(Colonista/Editorial)
Perito 0 1 0
Outro 1 0 0
Total 52 85 2

Quadro nº 44 Fonte da Informação * Citação do Protagonista


Contagem
Citação do Protagonista
Públicos em Grupos/Associaç
Políticos Geral ões
Fonte da Informação Presidente da República 3 2 0
Grupo/Representante dos 0 0 1
Públicos
Famílias 0 0 0
ONG´s 0 0 0
Partidos Políticos 2 0 0
Governos Internacionais 2 1 0
Governos Provinciais 1 0 0
Parlamento 1 0 0
Grupos Empresarias 0 0 0
Empresas Públicas 0 0 1
Vice-Presidente/Ministérios 0 0 0
Organizações 0 0 1
Continentais/Regionais
Organizações Internacionais 0 0 4
Oposição Política 0 0 0
Tribunais/PGR 0 1 0
Líder de Opinião e os Media 0 1 0
(Colonista/Editorial)
Perito 0 1 0
Outro 0 0 0
Total 9 6 7

Quadro nº 45 Fonte da Informação * Citação do Protagonista


Contagem
Citação do
Protagonista
Outros Total
Fonte da Informação Presidente da República 0 56
Grupo/Representante dos Públicos 0 2
Famílias 0 1
ONG´s 0 1
Partidos Políticos 1 8
Governos Internacionais 1 12
Governos Provinciais 0 2
Parlamento 0 9
Grupos empresarias 0 3
Empresas Públicas 0 8
Vice-Presidente/Ministérios 1 23
Organizações Continentais/Regionais 1 7
Organizações Internacionais 0 10
Oposição Política 0 1
Tribunais/PGR 3 13
Página 363 de 422
Líder de Opinião e os Media 1 10
(Colonista/Editorial)
Perito 0 2
Outro 1 2
Total 9 170

Quadro nº 46 Fonte da Informação * Referência ao Público


Contagem
Referência ao Público
Sim Não
(Protagonista) (Secundário) Total
Fonte da Informação Presidente da República 46 10 56
Grupo/Representante dos 2 0 2
Públicos
Famílias 0 1 1
ONG´s 1 0 1
Partidos Políticos 5 3 8
Governos Internacionais 12 0 12
Governos Provinciais 1 1 2
Parlamento 9 0 9
Grupos empresarias 1 2 3
Empresas Públicas 8 0 8
Vice-Presidente/Ministérios 16 7 23
Organizações 5 2 7
Continentais/Regionais
Organizações Internacionais 6 4 10
Oposição Política 1 0 1
Tribunais/PGR 12 1 13
Líder de Opinião e os Media 8 2 10
(Colonista/Editorial)
Perito 2 0 2
Outro 0 2 2
Total 135 35 170

Quadro nº 47 Assunto da Notícia * Referência ao Público


Referência ao Público
Sim Não
(Protagonista) (Secundário) Total
Assunto da Notícia Estado 6 2 8
Partidos Políticos 2 2 4
Autarquias e poder local 11 0 11
Diplomacia 12 3 15
Banca/Finanças 13 2 15
Trabalho/Emprego 1 1 2
Manifestações Políticas e 2 2 4
Sociais
Justiça/Tribunais 3 1 4
Habitação/Políticas Sociais 3 1 4
Turismo/Ambiente 0 1 1
Educação 3 0 3
Saúde 2 0 2
Tecnologia e Ciência 1 0 1
Religião 1 0 1
Agricultura 1 1 2
Página 364 de 422
Casos Pessoais 1 0 1
Insólitos 0 1 1
Recursos Naturais/Energia e 7 5 12
Hidrocarbonetos
Forças Armadas 1 1 2
Inteligência/Policia Nacional 0 1 1
Comercio e Indústria 2 0 2
Economia/Investimentos 17 2 19
Transportes/Vias de 2 0 2
Comunicação
Género 0 1 1
Relações Internacionais 13 1 14
Festividades 3 0 3
Corrupção 13 1 14
Impunidade 9 1 10
Nepotismo 2 0 2
Democracia 0 1 1
Telecomunicações e 1 2 3
comunicação social
Liberdades 2 1 3
Direitos Humanos 1 1 2
Total 135 35 170

Quadro nº 48 Título das Notícias dos Jornais Portugueses e Angolanos Analisadas (3 de outubro de 2017- 31 de
janeiro de 2020)
Não se vai negociar” com Isabel dos Santos, diz
A Perestroika de João Lourenço
“Em Angola, o próprio chefe de Governo incentiva a corrupção”
Abel Chivukuvuku anuncia novas manifestações pela legalização do seu projecto político
Banca, segurança, economia as reformas que João Lourenço tem que fazer
EUA dispostos a apoiar Angola no repatriamento de capitais
João Lourenço admite que foram desviados bem mais que 24 mil milhões de dólares dos cofres do Estado
João Lourenço afasta Isabel dos Santos da Sonangol
João Lourenço afasta presidente da Sonangol
João Lourenço alerta para “inúmeros obstáculos no caminho” da governação
João Lourenço chamou Samakuva para discutir o caso Savimbi
João Lourenço diz que luta contra corrupção vai continuar apesar da “resistência organizada”
João Lourenço exonera comandante da polícia e chefe da secreta militar
João Lourenço muda chefias militares com 19 exonerações e 54 nomeações
João Lourenço pede ajuda à Europa para África ser capaz de reter a sua população
João Lourenço promete combater a corrupção que “grassa no Estado”.
João Lourenço propõe realização das primeiras eleições autárquicas em 2020
João Lourenço recebeu sociedade civil
João Lourenço recebido com honras no Parlamento com a concordância do BE
João Lourenço revoga contrato de 30 milhões atribuído por José Eduardo dos Santos
Marcelo elogia "projecto de paz, democracia e combate à corrupção" de João Lourenço
Primeiras autárquicas em Angola adiadas
ainda não é tempo para eleições autárquicas em Angola
Antigo ministro da Comunicação Social começa a ser julgado
José Eduardo dos Santos nega qualquer transferência de dinheiro do Estado para si ou entidades públicas
Executivo angolano vai adquirir 500 viaturas para transportadores de produtos do campo para a cidade
Estado angolano foi lesado em muito mais do que 24 mil milhões
João Lourenço participa em nova cimeira quadripartida no Ruanda
Marcelo Rebelo de Sousa e João Lourenço juntos em Roma
Presidente do Tribunal Supremo de Angola apresentou demissão e João Lourenço aceitou
Página 365 de 422
Príncipe Harry já em Luanda para encontro com João Lourenço
Presidente angolano João Lourenço condecora jornalista Rafael Marques
Não se vai negociar com Isabel dos Santos":
João Lourenço garante Sonangol no BCP
Presidente angolano quer investidores portugueses a viajarem "em força" para Luanda
João Lourenço viaja para Nova Iorque e discursa na 74ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas
Presidente angolano inicia visita com normalização das relações e dívidas em pano de fundo
Isabel dos Santos perde controlo de participação acionista na Unitel e direito a dividendos
Governo de Angola aprova criação de Prémio Nacional dos Direitos Humanos
Governo diz que Angola já pagou metade de dívida certificada
Angola sobe 19 lugares no índice da Transparência Internacional
“As autoridades angolanas embarcaram numa caça às bruxas”:
João Lourenço acaba com monopólio da Sonangol
Tribunal afasta Isabel dos Santos da UNITEL
Manuel Vicente implica Eduardo dos Santos na corrupção da Sonangol
João Lourenço expõe Manuel Vicente em negócio milionário no Hotel Miramar
Gemcorp socorre João Lourenço com a criação de milhares de empregos
Presidente de Angola avalia em 20,2 mil milhões de euros prejuízos do Estado por políticas anteriores
Generais Dino e Kopelipa devolvem ativos de mil milhões de dólares ao Estado angolano
Terminais portuários entregues a multinacionais
João Lourenço nega hipótese de negociações com Isabel dos Santos
Réu Zenu abre nova era na justiça
Angola tenta resolver o sufoco
Estamos seriamente empenhados em combater a corrupção
Estado angolano lista 195 empresas para privatizar até 2022
PR angolano diz que é preciso empenho para concretizar mobilidade na CPLP
Angola já integra rede global de estudos de opinião
Família de Savimbi “finalmente em paz” após receber restos mortais do político
Angola admite deixar de pagar dívida com petróleo
João Lourenço pede ajuda a Portugal para eleições autárquicas em Angola
João Lourenço: A dívida às empresas portuguesas “é para ser paga”
Lagarde leva boia de salvação a Lourenço
Angola acolhe mini-cimeira para reforçar “soluções africanas para problemas africanos”
Angola diz que já recuperou 500 milhões de dólares transferidos para Londres ilicitamente
Presidente angolano muda chefias militares com 19 exonerações e 54 nomeações
João Lourenço aumenta transparência da exploração dos recursos minerais e do petróleo em Angola
Presidente da RDC apoia João Lourenço na recuperação de capital colocado “ilicitamente” fora de Angola
João Lourenço anula concurso internacional para quarta telecom de Angola após vitória da Telstar
“Nova era no petróleo resulta de uma gestão transparente nos concursos públicos”
Lourenço considera que ainda não é tempo para eleições autárquicas em Angola
Angola: João Lourenço exonera filho de José Eduardo dos Santos
João Lourenço quer “renovada dinâmica” nas relações entre Portugal e Angola
Angola. João Lourenço exonera administração de todas as empresas públicas de comunicação social
João Lourenço revoga contrato de 30 milhões de euros atribuído por José Eduardo dos Santos
João Lourenço garante que dívidas a empresas portuguesas são para pagar
“Corrupção? Não temos medo do fogo, vamos continuar a brincar com ele”,
Da esquerda à direita, partidos realçam a importância da visita de João Lourenço
Combate efectivo a corrupção resultará em mais investimento norte americano
A imagem do paísmelhora mais a economia não avança
Activos recuperados sao "toxiscos" para os cofres públicos
Alemanha lança milhões e apoia "economia de mercado"
Ambiente de negocios em Angola trava competitividade da indústria turistica
Angola e Portugal vivem o melhor momento de proximidade economica
Angola junta-se ao forum de paises exportadores de gás

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As privatizações vistas de fora
Bolseiros angolanos em cuba custa 46,6 milhoes de USD/ano ao governo angolano
capitação de investimento e produção de armamento marcaram visita do PR a Russia
CASA-CE contra o sigilo no repatriamento de capitais
corrupção e fim da impunidade marcam os casos dos arguidos de luxo na nova era da justiça
eleições autarquicas vao ser adidadas para o proximo ano
Estado prepara privatizações de centralidades geridas pela imogestin
Estado resgata seis concessões de fazendas
Fim da dupla tributação com Portugal, China e Emirados Arabes Unidos
Hospital geral do Bie com 230 camas e 20 especialidades
João Lourenço na cimeira da SADC que aprovou visão 2050
PRODESI aumenta a velicidade de implementação a aproxima Governo e empresarios
Guerra no covil dos marimbondos
Manifesto anti-Lourenço
A bala vai sair pela culatra
Pobres, sim. Matumbos não
Os corruptos algum dia pagarão o que roubaram?
Repto directo a Dos Santos – Meta a boca no trombone
Quem tem tomates?
Uma no cravo, outra na ferradura e duas no Povo
Génio divino, obra de Deus!
No top das personalidades mundiais do ano, em 2019
Processos de Vicente e do 27 de maio ficarão juntos
Liberdade de expressão é um nado (quase) morto…
Um ano. Paraíso. De fora só ficam 20 milhões de pobres
Paraíso convidado a integrar o Conselho Económico e Social
Ora digam lá, quem é o mais forte cá do reino, quem é??
Quem vier atrás que feche a porta… (se ainda existir)
Empossados assessores do Vice-Presidente
João Lourenço concede audiências a estadistas
“A França não tem dinheiro ilícito para repatriar”
"É indispensável abalar o sentimento de impunidade"
“Angola é um lugar seguro para investir”
1,4 milhões de camponeses têm assistência do Governo
A FNLA está pronta para fazer alianças
Acesso ao crédito está mais facilitado
Agentes corruptos serão julgados criminalmente
África e Rússia estabelecem novas linhas de cooperação
Aeroporto do Cuito ganha novo terminal de passageiros
Aposta no homem e nos livros
Apoio à mulher rural
Augusto Tomás acusado de associação criminosa
Repatriamento de capitais tem apoio americano
PAPE criará 250 mil postos de trabalho até 2021
País ganha primeira Academia Diplomática
Delegação angolana de alto nível acompanha Presidente a Pequim
Consensos necessários
Comissão regula o acesso às casas sociais do Estado
Chefe de Estado visita a Bélgica
Região reforça apoio à RDC
Presidente recebe Samakuva
Polícia expulsa centenas de estrangeiros
PGR abre investigação
Volkswagen negoceia implantação

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A adesão de Angola à zona de livre comércio
Angola defende resolução pacífica de conflitos em áfrica
Angola defende resolução pacífica de conflitos em áfrica
Angola e Dubai assinam acordo de dupla tributação
Angola está engajada na industrialização do continente africano
Angola foi o país da OPEP que mais aumentou a produção
Angola volta a produzir ouro
China mantém posição de parceiro privilegiado para Angola
Comunicação social pública orientada a servir os interesses da sociedade
Deputados querem responsabilização de gestores das missões diplomáticas que não prestam contas
João Lourenço conta com papel da Igreja na busca de soluções para o país
Membro da sociedade civil enaltece PR no combate à corrupção
Ministra das Finanças destaca melhoria do ambiente de negócio
Missão das Nações Unidas apoia Governo a definir roteiro para desenvolvimento sustentável
O Que Fazer Com a Isenção de Vistos entre Angola e África do Sul?
Destacada importância dos direitos humanos na construção do Estado Democrático e de Direito
OGE corta regalias a titulares de cargos políticos, magistrados, deputados e cônjuges
Parlamento aprova proposta de lei sobre administração autárquica
PGR “aperta o cerco” aos generais Dino e Kopelipa
Polícia e secreta militar com novos responsáveis
Política de modernização da administração eleva Angola para membro do centro latino-americano para o
desenvolvimento
PR admite que eleições autárquicas podem não ocorrer em 2021
PR inaugura nova sede do Arquivo Nacional de Angola
UNITA defende realização das eleições autárquicas em 2021
Vice-Presidente defende sistema de ensino assente nas ciências exactas e nas tecnologias
Vice-primeiro-ministro russo enaltece relações comerciais com Angola
Sonangol lucra e acusa gestão da administração anterior
Sodiam afirma que De Grisogono só lhe gerou custos
SIC cria “força tarefa” contra a corrupção
Total 170 Titulos

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Quadro nº 49 Parcelas dos Textos que Justificam o Enfoque das Notícias (3 de outubro de 2017- 31 de
janeiro de 2020)

O Presidente angolano não está disposto a estender a mão a Isabel do Santos.


O homem que hoje chega a Portugal está a consolidar uma ruptura com o regime
João Lourenço vai se mostrando na sua verdadeira dimensão de autoritarismo sem limite
O Tribunal Constitucional, rejeitou em definitivo a legalização do PRA-JA Servir Angola
Alex Vines, vê com a presidência de João Lourenço
Os EUA querem que os angolanos sejam prósperos
o Presidente angolano admitiu que Angola foi lesada em “números bem maiores” aos que já tinha anunciado
O Presidente angolano afastou Isabel dos Santos da Sonangol
A decisão surge numa altura em que o país vive uma crise generalizada.
Precisamos de neutralizar ou reduzir a influência nefasta dos que apenas se preocupam em se servir a si mesmos
visa desbloquear a questão dos restos mortais do fundador do partido.
João Lourenço, avisou que não é possível dispensar a Justiça no combate à corrupção
Estas são mais duas mudanças promovidas por João Lourenço
exonerações na estrutura militar que recebeu de José Eduardo dos Santos
João Lourenço, assumiu-se como porta-voz das preocupações dos líderes africanos
melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”,
O Presidente angolanoas poprôs as primeiras eleições autárquicas em Angola
O Presidente de Angola vários líderes da sociedade civil, numa tentativa de abertura por parte do regime.
O BE concordou, tal como todos os partidos, com a realização de uma sessão de boas-vindas ao Presidente de Angola
O Presidente angolano, revogou um contrato de quase 30 milhões de euros, atribuído pelo anterior chefe de Estado
o vulto cimeiro de um novo tempo angolano
os membros do Conselho da República consideraram que não há condições para realizar a votação devido à pandemia
acusou partidos e a sociedade civil de se posicionarem como as únicas interessadas
Manuel António Rabelais é acusado dos crimes de peculato de forma continuada
Ex-presidente nega qualquer participação na compra e venda de recuros naturais
O Governo angolano vai adquirir 500 viaturas, que serão entregues, em regime de concurso público
à medida que se vai aprofundando as investigações vão-se descobrindo coisas novas
o comprometimento dos Presidentes do Uganda e do Ruanda em "dar passos subsequentes para a paz, a estabilidade
"Vim dar-lhe um abraço. Ele está de visita ao Vaticano, eu estou de visita a Itália"
"foi aceite, no interesse da salvaguarda do bom nome da justiça angolana".
o governador da província de Luanda, Sérgio Rescova, considerou satisfatória a presença do príncipe Harry em Angola
O jornalista e ativista foi condenado várias vezes por ter denunciado escândalos do antigo Presidente
João Lourenço tem dado prioridade ao combate contra a corrupção e pelo regresso dos capitais ao país
O presidente de Angola garantiu de que a petrolífera estatal Sonangol não prevê, para já, sair do capital do BCP
João Lourenço, desafiou os empresários portugueses a seguirem para Angola
participou em eventos ligados à economia, ao clima e à diplomacia
normalização das relações entre os dois países e a regularização das dívidas
Isabel dos Santos rejeitou anteriormente ter recebido transferências injustificadas da Unitel
a criação do prémio decorre da Estratégia Nacional de Direitos Humanos
Angola já pagou a Portugal "cerca de 100 dos 200 milhões de dívida certificada
Angola subiu 19 posições e melhorou a pontuação no Índice de Perceção da Corrupção (IPC) da Transparência 1
Internacional
Isabel dos Santos nega qualquer envolvimento em esquemas de desvio de dinheiro 1
criação da Comissão Instaladora da Agência Nacional de Petróleos e Gás 1
segundo golpe demolidor que, em cerca de de um mês, a empresária angolana sofre, 1
participação de José Eduardo dos Santos em alguns dos maiores negócios que, envolvem a Sonangol 1
o Presidente João Lourenço parece agora ter decidido retirar do armário o nome do antigo patrão da Sonangol 1
com a entrada da segunda fase da construção da Refinaria de Cabinda, a Gemcorp sai em socorro de João Lourenço 1
prejuízos causados ao Estado angolano pela política de delapidação do erário público 1
sinalizaram a sua disponibilidade para entregar um universo de ativos 1
Na corrida ao Porto de Luanda estão grupos como a suíça MSC, a Dubai Ports World e a China Merchants Ports 1
Não se vai negociar, na medida em que houve tempo, houve oportunidade de o fazer 1
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Com este julgamento, a partir de agora nada mais será como dantes na justiça angolana 1
Entre a Europa e a China, Angola tenta resolver o sufoco que se abate sobre as finanças do país 1
O Governo angolano quer parar o declínio na produção petrolífera 1
O capital de 195 empresas detidas ou participadas pelo Estado será alienado até 2022 1
empenho dos Estados-membros na superação dos entraves legais e políticos para a sua concretização 1
Angola não preenchia os requisitos para pertencer ao Afrobaremeter 1
Dezassete anos depois, a família de Jonas Savimbi disse que vai ficar "finalmente em paz", 1
Angola vai deixar de oferecer petróleo como garantia das linhas de crédito negociadas com outros estados 1
João Lourenço pediu ajuda a Portugal para as eleições autárquicas que o país vai realizar pela primeira vez 1
Angola tem vindo "gradualmente" a reduzir a dívida às empresas portuguesas 1
Acordo com o FMI de 3,7 mil milhões de dólares vai aliviar pressão sobre Luanda 1
discussão e concertação política sobre os projetos de paz e estabilidade nas duas regiões africanas 1
cumpre-nos levar ao conhecimento público que os 500 milhões de dólares americanos já foram recuperados 1
Desde que tomou posse, João Lourenço procedeu a exonerações de várias administrações de empresas estatais 1
garantir o uso adequado das receitas da exploração de recursos minerais e “reforçar o combate à corrupção”. 2
apoio à decisão do homólogo angolano, João Lourenço, de recorrer à justiça para repatriar capital 1
mudámos a política de gestão de recursos energéticos, para que sirvam melhor os interesses do país e dos investidores 1
não é ainda o tempo para eleições autárquicas em Angola 1
Depois de Isabel dos Santos e de Welwítschia “Tchizé” e José Paulino dos Santos “Coreon Dú” 1
votos de uma “renovada dinâmica” nas relações entre Portugal e Angola 1
administrações de todas as empresas públicas de comunicação social 1
revogou um contrato de quase 30 milhões de euros, atribuído pelo anterior chefe de Estado 1
Se fosse possível liquidarmos a dívida de uma vez, fá-lo-íamos 1
João Lourenço garantiu que o Governo angolano está empenhado no combate à corrupção em Angola 1
constitui “um marco histórico” nas relações entre Angola e Portugal. 1
Os EUA vêm Angola como um parceiro essencial no continente africano 1
Alteração da imagem internacional do país, fraco desenvolvimento economico e social 1
Cabe ao novo gestor (Estado) assumir os custos das despesas das empresas 1
Alemanha posicionou-se na frente nas parcerias público-privados do governo angolano 1
o ambiente de negócio atual reduz a actividade 1
Estamos condenados a ser irmãos 1
Angola tem reservas de gás inesploradas 1
Isenção de vistos em passaportes diplomaticos, de serviço e ordinarios 1
Angola é um pais de opurtunidades 1
A visita de João Lourenço a Cuba ficou marcada pela situação dos bolseiros 1
Angola gostaria de evoluir do estado atual de comprador a fabricante de armamento 1
Sigilo em relação aos cidadãos que quiserem trazer de volta o capital ilicitamente retirado do país 1
diapararam as investigações a crimes de colarinho branco 1
Com os ultimos desenvolvimentos é impossivel que se realizem eleições em 2020 1
A Imogestin tem de entrgar todos os bens direitos e obrigaações 1
PR determina resgate a favor do esta no "interesse público" 1
As convensões bilaterais facilitaram os contribuentes dos países 1
PR Inagurou o Hospital geral do Bie 1
A visão 2050 tem como base a paz 1
PR convidou as associações empresariais a irem ao Conselho de Ministros 1
João Lourenço é um agente secreto da CIA no seio do MPLA 1
Exonere-se Lourenço, exonere-se! Ao fim e ao cabo! 1
João Lourenço, avisou hoje que não é possível dispensar a justiça no combate à corrupção 1
Os Generais, Leopoldino do Nascimento “Dino” e Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” foram constituídos arguidos 1
Alargar e consolidar o espaço de democracia e de liberdades fundamentais em que a África Austral se tornou 1
João Lourenço diz esperar que a impunidade “tenha os dias contados” em Angola. 1
O ex-Presidente de Angola foi citado como tendo autorizado o desvio de fundos do CNC para beneficiar a si 1
O ex-Presidente de Angola foi citado por ter autorizado o desvio dos fundos do CNC para beneficiar a si 1
A consultora Fitch vinca que os esforços de João Lourenço “são cruciais para melhorar o crescimento económico 1

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Os males a corrigir, e não só, mas sobretudo a combater, são a corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade 1
Presidente da República, João Lourenço, é uma das dez personalidades africanas de 2018/ “El País”, 1
João Lourenço espera, que António Costa aproveite para devolver todos os processos de personalidades angolanas. 1
O relatório/2019 da Amnistia Internacional refere que a policiais e a segurança fazem “detenções arbitrárias”. 1
João Lourenço, disse em Berlim, que nos 11 meses que leva em funções foi feito “mais do que era esperado” 1
No dia em que João Lourenço, completa três anos de mandato, duas manifestações tomaram algumas artérias de Luanda 1
João Lourenço, Carlos Lopes e a gestora Maria Ramos integram a lista dos 100 africanos mais influentes de 2019 1
O chefe de Estado ocupou a 82ª posição 1
A Constituição diz que o Vice-Presidente é o órgão auxiliar do Presidente da República no exercício da função executiva 1
o novo Chefe de Estado, João Lourenço manteve encontros privados com os seus homólogos 1
A França não está na primeira linha para ajudar Angola no repatriamento de capitais ilícitos no exterior 1
condenar actos ilícitos que atentam contra a dignidade e a credibilidade do Estado 1
Angola é previligiada pela localização geográfica, que confere ao país uma posição estratégica 1
aumento da assistência técnica às explorações agrícolas 1
Estamos aqui para servir o interesse geral e dar, da melhor forma possível, a nossa contribuição 1
utilização de bens móveis como garantia 1
que se dediquem com zelo e sentido de missão nas suas actividades, como servidores públicos. 1
Os líderes africanos selaram com a Rússia, um compromisso para definir as novas linhas de cooperação 1
novo terminal de passageiros do Aeroporto Joaquim Kapango 1
só com homens e com livros se constrói uma Nação 1
Promover a mulher rural para dinamizar o desenvolvimento local e o combate à pobreza 1
A Procuradoria-Geral da República acaba de formalizar a acusação contra o ex-ministro dos Transportes 1
a Administração do Presidente Donald Trump vai apoiar o Executivo angolano no processo de re-patriamento de capitais 1
o Plano de Acção para Promoção da Empregabilidade (PAPE) vai contribuir para o aumento da renda familiar 1
a instituição dispõe de valências para os quadros ligados à diplomacia exercerem as funções com maior qualidade. 1
Angola na Focac é parte de uma estratégia improcedente do Governo para elevar a atracção 1
a questão da realização das primeiras eleições autárquicas tem dominado o discurso político nacional 1
analisar as condições de acesso e atribuição de habitações sociais nos projectos habitacionais 1
objectivo de reforçar a cooperação bilateral 1
prometeu apoio à nova presidência e falou da luta pelo desenvolvimento da região 1
combate à intolerância política e a despartidarização das instituições, para a consolidação do Estado 1
Mais de 400 estrangeiros que residiam na província de Cabinda em situação migratória ilegal foram expulsos 1
A PGR abriu um inquérito sobre as alegações da justiça suíça de que Carlos Panzo 1
instalação de uma unidade de montagem de veículos 1
poderá representar a materialização de uma das aspirações da União Africana, de garantir a integração económica 1
permitira integrar o património amnistiado na base de tributação 1
resolução pacífica dos conflitos para silenciar as armas no Continente 1
discutiram as perspectivas de cooperação económica, comercial e técnica 1
ponto crucial para a dinamização da transformação estrutural de África 1
Angola foi o país da OPEP que mais aumentou a produção 1
a produção atinge, aproximadamente, 4 Kg de ouro (dore bars) após refinação inicial 1
A parceria da China com Angola evoluiu de tal forma que hoje a China é o primeiro destino das exportações do nosso 1
país
Os órgãos de comunicação social devem melhorar a sua linha editorial 1
responsabilização, com base na Lei, de todos os gestores públicos das missões diplomáticas e consulares 1
os direitos humanos fortalecem, também, as instituições dos Estados 1
alargar as competências das organizações municipais, comunais e distritais 1
encontrar, mediante um diálogo aberto e sincero, soluções reais para ultrapassar o actual momento 1
a detenção de altos funcionários da Agência Geral Tributária (AGT), da Direcção Nacional do Tesouro (DNT), e outros 1
ha evolução no ambiente de negócios em Angola, relativamente a modernização do quadro legal 1
alinhamento do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022 com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 1
O mundo, está claro, é o conjunto das relações entre os homens, povos, Estados e Nações 1
austeridade orçamental, o Executivo quer continuar a reduzir o défice 1
A iniciativa legislativa visa estabelecer a forma externa dos actos, estrutura e publicação 1

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A PGR aplicou medidas de coacção ao antigo ministro de Estado e ao ex-chefe das comunicações do antigo Presidente 1
exonerações e nomeações nos vários órgãos de segurança, Forças Armadas, Polícia e Defesa Nacional 1
membro permanente e de plenos poderes do Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento 1
face ao volume de tarefas atinentes ao processo ainda por realizar. 1
o país acaba de ganhar importante infra-estrutura moderna 1
realização das eleições autárquicas, em simultâneo, em 2021 1
desenvolvimento de talentos e modelos de aprendizagem que estimulem a competência e o senso crítico 1
demonstrou-se satisfeito com as relações comerciais entre Angola e a Federação Russa 1
O lucro líquido da petrolífera estatal subiu mais de 96% no último exercício 1
decidiu sair da joalharia De Grisogono, onde detinha uma participação indirecta 1
O Serviço de Investigação Criminal constituiu uma equipa para analisar minuciosamente as operações financeiras 1
ilícitas
Total 170 Textos 1
7
0

Quadro nº 50 Categorias para Análise dos Discursos Políticos


Categoria Variáveis
Variáveis Bibliográficas
A1) Data da Pronúncia dos Discursos Políticos 1. 03 de outubro a 31 dezembro de 2017
2. 1 de janeiro a 31 de março de 2018
3. 1 de abril a 30 junho de 2018
4. 1 de julho a 30 de agosto de 2018
5. 1 de outubro a 31 de dezembro de 2018
6. 1 de janeiro a 31 de março de 2019
7. 1 de abril a 30 de junho de 2019
8. 1 de julho a 30 de setembro de 2019
9. 1 de outubro a 31 de dezembro de 2019
10. 1 a 31 de janeiro de 2020
A2) Tema Dominante no Discurso Político 1. Administração do Território
2. Administração Pública, Trabalho e
Segurança Social
3. Agricultura e Pescas
4. Indústria e Comércio
5. Recursos Minerais, Petróleo e Gás
6. Obras Públicas e Ordenamento do Território
7. Energia e Águas
8. Transportes
9. Telecomunicações, Tecnologias de
Informação e Comunicação Social
10. Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e
Inovação
11. Cultura, Turismo e Ambiente
12. Ação Social, Família e Promoção da Mulher
13. Juventude e Desporto
14. Poder Local
15. Organizações Profissionais
16. Migrações
17. Diplomacia e Relações. Internacionais

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18. Cooperação e Solidariedade. Internacional
19. Justiça
20. Assuntos Internos
21. Festividades e Solenidades
22. Todos os Setores da Vida do país (Público e
Privado)
A3) Contexto da Pronúncia pelo PR dos Discursos 1. Local
Políticos 2. Nacional
3. Internacional
A4) Local da Pronúncia pelo PR dos Discursos Políticos 1. Luanda
2. Benguela
3. Namibe
4. Cuando Cubango
5. Africa do Sul
6. Etiópia
7. Namíbia
8. União Europeia
9. Cabo Verde
10. China
11. EUA (Nova Iorque)
12. EUA (Washington)
13. Portugal (Lisboa)
14. Portugal (Porto)
15. Cuba
16. Rússia
17. França (Estrasburgo)
A5) Proeminência nos Discursos Políticos do PR 1. País
2. Partidos Políticos
3. Líder de Um Partido Político
4. Protagonista Económico
5. Membros da Sociedade
6. Países e Organizações. Internacionais
7. Oposicionistas ao Regime
8. Órgãos de Justiça
A6) Alvo dos Discursos Políticos do PR João Lourenço 1. Indivíduos
2017-2020 2. Representantes dos Públicos
3. Famílias
4. Prestadores de cuidados de saúde
5. Governos Locais
6. Comunidade Internacional
7. Oposição Política
8. Órgãos de Justiça
9. Media
10. Artistas
11. Peritos (Académicos)
12. Prestadores de Serviços de Educação
13. Empreendedores e Empresários. Estrangeiros
14. Empresários Nacionais
15. Poderes do Estado
16. Organizações Regionais e Internacionais
17. Ambientalistas
18. Mulheres
19. Crianças
20. Jovens
21. Idosos

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22. Conjunto de Públicos (Nacionais e
Internacionais)
23. Outros
B1) Citação dos Partidos políticos nos discursos do PR 1. UNITA
(2017-2020) 2. CASA-CE
3. FNLA
4. Outros Sem Assento Parlamentar
5. Todos os Partidos Políticos
6. Indiferenciado
B2) Intenções de Cooperação nos Discursos Políticos do 1. União Europeia
PR (2017-2020)
2. União Africana

3. América do Norte

4. SADC/Países Parceiros

5. SADC

6. CPLP

7. PALOP

8. Europa Oriental

9. China-Africa

10. Assuntos Internos

11. Resto do Mundo

B3) Áreas de intervenção nos discursos políticos 1. Agrícolas


2. Serviços Públicos
3. Habitação
4. Eletricidade
5. Água Potável
6. Ensino Superior/Ciência
7. Telecomunicações
8. Criação e Fomento do Trabalho/Emprego
9. Educação
10. Media
11. Saúde
12. Transportes
13. Erradicação da Fome
14. Redução da Pobreza
15. Justiça
16. Estabelecimento da Paz
17. Todas as Áreas
B4) Tom do PR nos Discursos Políticos 1. Positivo
2. Neutro
3. Negativo

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1. Críticas a Partidos da Oposição
B5) Tom do Discurso Negativo 2. Críticas a Líderes da Oposição
3. Críticas internas ao Partido ou aos seus
Membros
4. Críticas a Pessoas ou Organizações
5. Critica a Portugal
6. Critica a outros Países
7. Sem Críticas
1. Auto-Elogio das Ações Políticas do
Presidente
B6) Tom do Discurso Positivo 2. Promoção de Iniciativas Socioeconómicas
3. Elogios a Iniciativas de Membros da
Sociedade
4. Elogios a Comunicação Social e Alguns
Jornalistas
5. Elogios a Membros de Algumas Áreas
Profissionais (Policias, Médicos e
Professores)
6. Elogios a Justiça no Combate a Corrupção e
em Especial a PGR
7. Elogios a Países e Organizações
Internacionais
8. Promoção da Imagem do País
1. Informação sobre Boas Práticas Cívicas (em
B7) Tom do Discurso Neutro Relação a Jovens, ao Alcoolismo e
Gravidezes Precoce)
2. Sensibilização sobre Comportamento Cívico
Rodoviário
3. Sensibilização Acerca do Combate a
Criminalidade
4. Encorajamento e Valorização da Escola
5. Encorajamento a Boas Práticas de
Convivência Cívica Social e Políticas
Principais Temas Do Discurso Político do PR

C1) Defesa, Segurança e Veteranos da Pátria 1. Sim


2. Não
C2) Corrupção 1. Sim
2. Não
C3) Impunidade 1. Sim
2. Não
C4) Nepotismo 1. Sim
2. Não
C5) Tribunais e Outros Órgãos de Justiça 1. Sim
2. Não
C6) Procuradoria Geral da República 1. Sim
2. Não
C7) Saúde 1. Não
2. Sim
C8) Educação 1. Sim
2. Não
C9) Religião 1. Sim
2. Não
C10) Autarquias e Poder Local 1. Sim
2. Não
C11) Sociedade Civil, Organizações e Personalidades 1. Sim
2. Não

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C12) Agricultura 1. Sim
2. Não
C13) Indústria 1. Sim
2. Não
C14) Finanças Públicas 1. Sim
2. Não
C15) Assuntos da Banca
1. Sim
C16) Tributação 1. Sim
2. Não
C17) Inflação 1. Sim
2. Não
C18) Crescimento Económico 1. Sim
2. Não
C19) Crédito à Grandes Empresas 1. Sim
2. Não
C20) Empreendedorismo e Investimento Nacional 1. Sim
2. Não
C21) Empreendedorismo e Investimento Estrangeiro 1. Sim
2. Não
C22) Escoamento de Produtos Agrícolas e Manufaturados 1. Sim
2. Não
C23) Exportações 1. Sim
2. Não
C24) Repatriamento de Capitais e Recuperação de Ativos 1. Sim
2. Não
C25) Interligação da Rede Viária e Ferroviária 1. Sim
2. Não
C26) Governação Inclusiva 3. Sim
4. Não
C27) Consolidação da Democracia 1. Sim
1. Não
C28) Liberdades de Manifestação e Reunião 1. Sim
2. Não
C29) Liberdade de Expressão 1. Sim
2. Não
C30) Justiça Social 1. Sim
2. Não
C31) Direitos Humanos 1. Sim
2. Não
C33) Mobilidade de Cidadãos 1. Sim
2. Não
C34) Questões de Género 1. Sim
2. Não
C35) Emprego e Desemprego 1. Sim
2. Não
C36) Fome e Pobreza 1. Sim

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2. Não
C37) Conflitos e Paz 1. Sim
2. Não
C38) Imigração Ilegal 1. Sim
2. Não

Quadro nº 51 Categorias para Análise do Conteúdo da Media


CATEGORIA VALORES
A) Variáveis bibliográficas
A1) Data da Publicação das Notícias Sobre as Ações 1. 03 de outubro a 31 dezembro de 2017
Políticas (2017-2020)
2. 1 de janeiro a 31 de março de 2018
3. 1 de abril a 30 junho de 2018
4. 1 de julho a 30 de agosto de 2018
5. 1 de outubro a 31 de dezembro de 2018
6. 1 de janeiro a 31 de março de 2019
7. 1 de abril a 30 de junho de 2019
8. 1 de julho a 30 de setembro de 2019
9. 1 de outubro a 31 de dezembro de 2019
10. 1 de janeiro a 31 de março de 2020
11. 1 de abril a 30 de junho de 2020
12. 1 de julho a 30 de setembro de 2020
13. 1 de outubro a 31 de dezembro de 2020

A2) Órgãos de Imprensa que Divulgaram os Textos 1. Público


Analisados 2. Jornal Economico

3. Correio da Manhã
4. Expresso
5. Jornal de Angola
6. O País
7. Folha 8
8. Expansão

B4). Assunto das Notícias Revisadas 1. Estado


2. Partidos Políticos
3. Autarquias e poder local
4. Diplomacia
5. Banca/Finanças
6. Segurança Pública
7. Terrorismo/Guerra
8. Trabalho/Emprego
9. Pobreza
10. Manifestações Políticas e Sociais
11. Criminalidade
12. Tribunais/Justiça
13. Cultura
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14. Políticas sociais/Habitação
15. Ambiente/Turismo
16. Educação
17. Saúde
18. Tecnologia e Ciência
19. Religião
20. Atividades Desportivas
21. Políticas Fiscais
22. Media
23. Agricultura
24. Migrações
25. Casos Pessoais
26. Insólitos
27. Recursos Minerais, Energia e Hidrocarbonetos
28. Água
29. Forças Armadas
30. Inteligência/Policia Nacional
31. Indústria/Investimentos
32. Economia
33. Transportes/Vias de Comunicação
34. Género
35. Democracia
36. Pluralidade
37. Relações Internacionais
38. Festividades e Solenidades
39. Corrupção
40. Impunidade
41. Nepotismo
42. Democracia
43. Telecomunicações
44. Organizações Regionais
45. Liberdades
46. Clima
47. Desporto
48. Direitos Humanos
A4) Título Síntese da Notícia Texto
A5) Secção (lugar do jornal em que aparece a notícia) 1. Política
2. Economia
3. Sociedade
4. Cultura/artes
5. Desporto
6. Internacional
7. Mundo
9. Outros
A6) Géneros Jornalísticos Usados para Tratar os Textos 1. Reportagem
2. Artigo
3. Opinião (Comentário/Análise)
4. Coluna/breve
5. Editorial
6. Notícia de agências nacionais (Lusa e Angop)
7. Entrevista
A7) Existência nos Textos de Foto ou Ilustração 1. Sim. Imagem explícita
2. Sim. Imagem não explícita (EG. Esfumada,
esbatida, pessoas com rosto oculto ou em posição que
não permita a identificação)
3. Não
1. Sim (protagonista)
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A8) Referência as Acções Políticas Mediatizadas nas 2. Não (secundário)
Notícias
A9) Contexto Geográfico em que se Materializaram as 1. Nacional
Ações Políticas Mediatizadas do Governo 2. Internacional
A10) Local do Acontecimento 1. Luanda
2. Benguela
3. Malange
4. Bie
5. Lunda Norte
6. Etiópia
7. Namíbia
8. Cabo Verde
9. SADC
10. CEAAC
11. Região dos Grandes Lagos
12. PALOP
13. CPLP
14. Portugal
15. Europa Ocidental/União Europeia
16. 15. Europa de Leste
17. Rússia
18. Europa Central
19. EUA
20. Brasil
21. África (outros)
22. América do Norte
23. América Central
24. América Latina
25. China
26. Oriente
27. Médio Oriente
28. Países Árabes
29. Sudeste Asiático
30. Oceânia
31. Caraíbas
32. Misto Internacional
33. Geral (Internacional)
B1) Vínculo das Notícias com os Partidos Políticos 1. UNITA
2. CASA-CE
3. FNLA
4. Outros Sem Assento Parlamentar
5. Indiferenciado
B2) Vínculo das Peças com a Sociedade Civil 1. Igrejas
2. ONG´s
3. Particular
4. Indiferenciado
B3) Vínculo das Peças com os Cidadãos 1. Mulheres (25-60) anos
2. Crianças (0-18) anos
3. Jovens (18-24)
4. Idosos (mais de 60) anos
5. Indiferenciado
B5) Destaque das Ações Políticas nas Peças dos Jornais 1. 1º Plano
2. 2º Plano
B6) Fatos nas Peças Noticiosas com Sequencias Isoladas 1. Sim (conhecida)
ou Conhecidas 2. Não (isolada)
B7) Fonte da Informação Divulgada 1. Presidente da República

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2. Grupo/Representante dos públicos
3. Famílias
4. Associação desportivas
5. ONG`s
6. Partidos políticos
7. Governos Municipais
8. Governo Internacional
9. Governos provinciais
10. Parlamento
11. Grupos Empresariais
12. Empresas Públicas
13. Vice-Presidente/Ministérios
14. Organizações Continentais /Regionais
15. Organizações Internacionais
16. Oposição Política
17. Tribunais/PGR
18. Líder de opinião dos media
(Colunista/editorial)
19. Associações socioprofissionais
20. Celebridade
21. Perito
22. Educador
23. Outro
B8) Citação do PR como Protagonista 1. Sem citação do/a protagonista
2. Protagonista
3. Família/amigos
4. Políticos
5. Públicos em geral
6. Grupos/Associações
7. Outros
B9) Direção ou Enfoque 1. Positivo
2. Negativo
3. Neutro
B10) Discurso (Parcelas do texto que justificam a opção Texto

Quadro nº 52 Categorias para Análise das Entrevistas


Categoria Subcategoria Variáveis

AJA

Organizações Políticas e AJECO


Sindicalistas
Entidades Entrevistados
CASA-CE

FNLA

PRS

O que pensa sobre as promessas O Presidente João Lourenço


do Presidente da República em manifesta vontade de combater a
relação a corrupção, a corrupção, a impunidade e o
impunidade e ao nepotismo? nepotismo

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O Presidente tem uma outra logica é
muito corajoso está a combater a sua
própria família política
Estamos numa fase de maturação do
atual contexto já que se viveu muitos
anos de letargia
Do que tem observado qual a sua O Presidentes tem vontade em
opinião sobre a promessa do reformar o sistema e reforçar as
Presidente da República instituições e os valores. Por si só
relacionada com a consolidação não basta.
da democracia? Tem havido algum avanço.
Acreditamos que os sinais são
bastante animadores
Aspetos políticos
Houve um retrocesso havia mais
liberdade no tempo de José Eduardo
Dos Santos
Qual é a sua posição em relação Nula, porque o MPLA não está
a possibilidade de existirem confortável por causa da questão da
autarquias locais em Angola? má gestão do Estado nos últimos
anos.
As condições estão a ser criadas para
que sejam efectivadas
O país é obrigado a caminhar para o
sentido de implementação das
autarquias locais
O que pensa sobre a liberdade de A imprensa está mais aberta ao
expressão, manifestação e pluralismo da informação e tem
reunião? havido abertura para a manifestação
e reunião
Inexistente, as lideranças acreditam
que têm capacidade de governar
quando dominam a imprensa e
controlam as opiniões.
houve avanços significativos, não
obstante uma ou outra situação
pontual
Qual é a sua opinião em relação Há uma crescente evolução sobre a
aos direitos humanos em matéria
Angola? Há ainda muita inobisevancia, os
cidadãos são impedidos de reclamar
e se manifestarem.
Ainda temos muito que aprender

O que pensa sobre o trabalho Sim, tem havido um trabalho


dos Tribunais e da Procuradoria- titânico que permite aos cidadãos
Geral da República fazem-no terem maior crença no chamado
melhor na era João Lourenço? terceiro poder
Há um grande problema a
procuradoria e os tribunais nunca
concluem nenhum processo
Insuficiente porque não porque não
acredito que tenham independência
para agir.
Que opinião é que tem em São órgãos que têm desempenhado
relação aos órgãos de Defesa, um papel positivo

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Segurança e Veteranos da Má, o Governo devia ter políticas
Pátria? mais substanciais que pudesse
comtemplar o militar e o antigo
combatente
Os militares e os outros órgãos são
partidários, os veteranos não são
valorizados
Como avalia a mobilidade de É uma preocupação constante e
cidadãos na CPLP e a imigração opurtuna do Presidente João
ilegal, enquanto preocupação do Lourenço
Presidente João Lourenço? Não acredito nela, a CPLP, foi crida
pelos portugueses para preservação
da língua portuguesa
Sou séptico em relação CPLP, serve
os interesses de Portugal, que
promove e fomenta a sua língua.
Que análise se pode fazer em O país vive uma recessão económica
relação ao crescimento e os esforços estão a ser feitos para
económico do país? reverter a situação
José Eduardo dos Santos deixou o
país na banca rota, João Lourenço se
propôs em recupera-lo
economicamente.
Aspetos Económicos Positiva, apostou na diversificação
da economia, em vez da economia
petrolíferas
Que avaliação faz as finanças Tem estado a melhorar
públicas nos últimos 2 anos?
não acreditei que o Presidente
pudesse recuperar a economia em 5
anos, por isso a crise é profunda.
Má, aí é que está o problema, nunca
se fez um relatório coerente
Qual pensa ser o desfecho da O repatriamento vai atingir acima de
política de repatriamento de 50% da meta definida
capitais e recuperação de
O Presidente da República não
Ativos? conseguirá repatriar os fundos, que
estão no sistema economiuco de
outros países
A grande maioria do capital ficará
fora do país devido a sua origem
duvidosa
Relativamente a Banca que Os últimos dados apontam para uma
avaliação faz ao crédito as subida vertiginosa do programa de
empresas? concessão do crédito
O crédito as empresas, neste
contexto afigura-se impossivel,
porquanto os bancos estão
incapacitados.
As empresas estão a fechar ainda
que a política monetária seja de
intervenção
Como vê o empreendedorismo e Há um crédito destinado ao
o investimento nos últimos 2 desenvolvimento de ações de
anos? empreendedorismo no país
Há apenas apelos ao investimento no
país

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De forma séptica, o
empreendedorismo é uma cultura e
faz-se havendo formação
direcionada para tal
Que tipo de avaliação faz a A questão do emprego e do
questão do emprego e do desemprego tem sido uma
desemprego em Angola? preocupação premente do Governo
Negativa, há desemprego para isoo,
é preciso redifinir a formação e as
Aspetos Sociais políticas de crédito.
Péssima, o país vive de importações,
o que dificulta o funcionamento das
indústrias.
Da observação que faz a situação Com relativa melhoria, a pobreza e a
da fome e da pobreza, qual será a fome têm a ver com exodo rural,
evolução nos próximos 6 meses? devido o abandono das zonas
Tem alguma ideia de como se originarias.
pode ultrapassar este mal? A fome e a pobreza continuam a ser
preocupações das autoridades.

Não pode haver avanços porque por


causa do desemprego galopante

O que pensa sobre as ações que Nos financiamentos feitos desde


têm sido implementadas nos 2019 à 2021, a Agricultura, e a
setores da agricultura, pescas e Indústria Transformadora
indústria? beneficiaram-se mais de apoio.
Penso que vêm tarde. Ainda assim, é
necessário que a atenção que se está
a dar nesses sectores sejam
contínuos.
Aspetos Sociais Insufucientes, a agricultura é de
subsistência, não se pesca para
comercializar ou industrializar, na
realidade é tudo muito rudimentar.
Como avalia os transportes Inexistentes, funcionam de forma
púbicos e as redes viárias e precária, perdemos uma
ferroviárias? oportunidade de resolução deste
problema
Nos últimos anos, houve um
investimento maior nos transportes
públicos
As primeiras políticas depois do fim
da guerra foram num bom sentido,
agora está mal
Que comentário pode fazer em O equilíbrio do género no Aparelho
relação as questões de género? do Estado tem sido notório
Angola não está mal, a mulher
assume cerca de 30% dos lugares
cimeiros
O contexto africano e dos povos
bantus em que, na divisão de tarefas
a mulher competia-lhe as
domésticas.

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O que pensa sobre a justiça Deve-se trabalhar afincadamente,
distributiva e social em Angola? apesar de haver alguma melhoria
nos últimos anos.
A justiça distributiva depende da
estruturação do Estado, quando o
Estado quer prover tudo, não ha
justiça social.
Precisamos aprender mais para pô-la
em prática
Como avalia a liberdade de culto Há liberdade, é uma cultura que
e religião? assimilamos e nunca fomos capazes
de refletir sobre ela.
É um Estado laico, a liberdade de
culto tem-se feito sentir com casos
que obrigam a intervenção do
próprio Estado
Pensamos que as regras definidas
vão ajudar na delimitação da
liberdade de culto e religião em
Angola.
Na sua opinião, que alterações se A mudança no modelo de ensino e
verificaram nos últimos 2 anos aprendizagem foi substancial.
na educação e saúde? Quanto à Saúde, deve-se fazer mais
investimentos
Não houve alterações de relevo,
ligeira melhoria na saúde.
Poucas, há hospitais, mas, não há
médicos. A mais escolas, mas, a
educação tem interferência dos
media

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Pronuncia e Disposição Cronológica dos Discursos Políticos de João Lourenço
Para prosseguir o objectivo sobre a identificação dos principais temas dos discursos políticos,
selecionámos 37 mensagens proferidas por João Lourenço entre 3 de setembro de 2017 a 31 de janeiro de
2020, aqui dispostos cronologicamente.
1. Discurso de investidura, pronunciado no dia 27 de setembro de 2017, na Praça da República
de Angola, em Luanda, durante a cerimónia de investidura no posto de Presidente da
República;
2. Mensagem sobre o estado da Nação 2017, pronunciada no dia 16 de outubro de 2017, na sede
da Assembleia Nacional (Parlamento) em luanda, durante a cerimónia solene de abertura da
1ª Sessão Legislativa da IV Legislatura da Assembleia Nacional;
3. Discurso sobre a visita de Estado à África do Sul, pronunciado no dia 23 de novembro de
2017, em Pretoria no Palácio Presidencial da República da Africa do Sul;
4. Discurso de abertura do ano letivo 2018, pronunciado no dia 31 de janeiro de 2018, na
Província do Namibe durante a abertura do ano letivo no subsistema do Ensino Geral;
5. Discurso na União Africana, pronunciado no dia 28 de janeiro de 2018 em Adis Abeba,
durante a 30ª Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União
Africana (UA);
6. Discurso no Conselho de Governação Local, pronunciado no dia 19 de fevereiro de 2018, na
Província de Benguela, durante a 1ª Sessão Ordinária do Conselho de Governação Local;
7. Discurso de abertura do ano judicial 2018, pronunciado no dia 14 de março de 2018, no
município do Lobito, Província de Benguela, durante a cerimónia solene de abertura do ano
judicial;
8. Discurso no Conselho da República, pronunciado no dia 22 de março de 2018, no Palácio
Presidencial em Luanda, durante a primeira reunião do Conselho da República;
9. Discurso sobre a diplomacia, pronunciado no dia 23 de maio de 2018, no ministério das
Relações Exteriores em Luanda, durante a VIII reunião de Embaixadores de Angola no
exterior;
10. Discurso no Comité Ministerial de Defesa e Segurança da SADC, pronunciado no dia 18 de
junho de 2018 em Windhoek, República da Namíbia, durante a 38ª Cimeira dos Chefes de
Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC);
11. Discurso na Abertura da ANGOTIC-2018, pronunciado no dia 19 de junho de 2018 em
Luanda, durante a Sessão de Abertura da ANGOTIC-2018;
12. Discurso no fórum Parlamentar da SADC, pronunciado no dia 25 de junho de 2018 em
Luanda, durante a 43ª Assembleia Plenária do Fórum Parlamentar da Comunidades de
desenvolvimento da Africa Austral (SADC);
13. Discurso no Parlamento Europeu, pronunciado no dia 04 de julho de 2018 em Estrasburgo,
França, durante a sessão solene do Parlamento Europeu em honra do Presidente da República
de Angola;
14. Discurso de encerramento da Cimeira da CPLP, pronunciado no dia 18 de julho de 2018, na
Ilha do Sal, Cabo Verde durante o encerramento da XII Cimeira da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa;
15. Discurso na Cimeira dos BRICS, pronunciado no dia 27 de julho de 2018 em Joanesburgo,
África do Sul, durante a 10ª Cimeira do agrupamento de países em via de desenvolvimento”
Brasil, India, Rússia, China Africa do Sul (BRICS);
16. Discurso na Cimeira da SADC, pronunciado no dia 17 de agosto de 2018 em Windhoek,
República da Namíbia, durante a cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade
de Desenvolvimento da África Austral (SADC);
17. Discurso na Cimeira dos Chefes de Estado da FOCAC, pronunciado no dia 3 de setembro de
2018 em Pequim, República da China, durante a Cimeira do Fórum de Cooperação China-
África (FOCAC);
18. Discurso no Fórum de Negócios Angola-EUA, pronunciado no dia 24 de setembro de 2018
na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos da América, durante o Fórum de Negócios Angola-
Estados Unidos da América (EUA);
19. Discurso na Assembleia-geral da ONU, pronunciado no dia 26 de setembro de 2018 em Nova
Iorque, Estados Unidos da América, durante a 73ª Assembleia-Geral das Nações Unidas;
20. Mensagem sobre o estado da Nação, pronunciada no dia 16 de outubro de 2018, na província
de Luanda, na sede da Assembleia Nacional (Parlamento) na cerimónia solene de abertura da
2ª Sessão Legislativa da IV Legislatura da Assembleia Nacional;

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21. Discurso na Universidade Agostinho Neto, pronunciado no dia 16 de novembro de 2018, no
Campus Universitário, na Província de Luanda perante os estudantes da Universidade
Agostinho Neto;
22. Discurso na Câmara Municipal de Lisboa, pronunciado no dia 22 de novembro de 2018, na
cidade de Lisboa, Portugal, durante a cerimónia de entrega das Chaves da cidade;
23. Discurso na Câmara Municipal do Porto, pronunciado no dia 23 de novembro de 2018, na
cidade do Porto, Portugal, durante a cerimónia de abertura das conversações entre as
delegações oficiais de Angola e Portugal;
24. Discurso sobre a visita de Marcelo Rebelo de Sousa Presidente de Portugal, pronunciado no
dia 6 de março de 2019 em Luanda, por ocasião da visita de Estado a Angola do homólogo
português, Marcelo Rebelo de Sousa.
25. Discurso sobre o dia da Libertação da África Austral, pronunciado no dia 23 de março de
2019, na localidade de Cuíto Cuanavale, Província do Cuando Cubango, por ocasião da
comemoração do dia de Libertação da África Austral em homenagem a celebre batalha militar
do Cuíto Cuanavale;
26. Discurso na Duma de Estado da Assembleia Federativa da Rússia, pronunciado no 2 de abril
de 2019, em Moscovo, Rússia, durante a visita oficial aquele país;
27. Discurso no Fórum Empresarial Rússia-Angola, pronunciado no dia 3 de abril de 2019, em
Moscovo, Rússia, na abertura do Fórum Empresarial Rússia-Angola;
28. Discurso no Fórum Mundial do Turismo, feito no dia 23 de maio de 2019, em Luanda, Angola,
durante à sessão de abertura do Fórum Mundial de Turismo (WTF);
29. Discurso na Conferência “Angola Oil & Gas”, feito no dia 4 de junho de 2019, em Luanda,
Angola, durante a cerimónia de abertura da Conferência “Angola Oil & Gas”;
30. Discurso no V Congresso das Jurisdições Constitucionais de África, pronunciado no dia 10
de Junho de 2019, durante a sessão de abertura do V Congresso da Conferência das Jurisdições
Constitucionais de África;
31. Discurso sobre o Plano Integrado de Intervenção nos Municípios, feito no dia 28 de junho de
2019, em Luanda, Angola, durante a cerimónia de lançamento do Plano Integrado de
Intervenção nos Municípios (PIIM);
32. Discurso na Universidade de havana, pronunciado no dia 01de julho de 2019 em Havana,
Cuba, durante a visita de Estado a Cuba;
33. Discurso no Fórum de Empresários Angolanos, feito no dia 31 de julho de 2019, em Luanda,
Angola, durante a cerimónia de abertura do fórum com os empresários nacionais;
34. Discurso na Assembleia Parlamentar da CPLP, feito no dia 07 de setembro de 2019, em
Luanda, Angola, durante a IX Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP);
35. Discurso sobre a visita do Chefe de Estado do Gana a Angola, pronunciado no dia 09 de
outubro de 2019, por ocasião da visita oficial do Chefe de Estado do Gana, Nana Addo
Dankwa Akufo-Addo;
36. Mensagem sobre Estado da Nação 2019, pronunciada no dia 15 de outubro de 2019, na sede
da Assembleia Nacional (Parlamento), em Luanda Angola, durante a cerimónia solene de
abertura da 3ª Sessão Legislativa da IV Legislatura da Assembleia Nacional;
37. Discurso de Cumprimentos de Ano Novo, pronunciado no dia 17 de janeiro de 2010, em
Luanda, Angola, durante a cerimónia de cumprimentos de ano novo ao corpo diplomático
acreditado no país.

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Guião de Entrevistas
Guião de entrevista sobre a cobertura e representação mediáticas do discurso e das ações políticas
do Governo angolano, em Portugal e Angola no período (2017-2020).
Com estas entrevistas pretende-se recolher informação complementar que nos permita analisar as
promessas discursivas de João Lourenço Presidente da República de Angola sua representação mediática e
compará-las as ações políticas do Governo angolano, através das opções noticiosas das imprensas angolana
e portuguesa, na medida em que se esta a contribuir para a sistematização e aprofundamento da discussão
sobre os moldes em que se processam a cobertura e a representação mediáticas do discurso e ações políticas,
em contexto africano.
Especificamente é pretensão da entrevista produzir informação com base nas respostas dos
entrevistados que permitam aferir se as promessas discursivas de João Lourenço e as ações políticas do seu
Governo estão em conformidade considerando os elementos examinados na discussão teórica acerca da
intencionalidade dos mesmos e das manifestações de poder por parte dos intervenientes.
Grupo I Aspectos Políticos
1. O que pensa sobre as promessas do Presidente da República em relação a corrupção, a impunidade
e ao nepotismo?
2. Do que tem observado qual a sua opinião sobre a promessa do Presidente da República relacionada
com a consolidação da democracia?
3. Qual é a sua posição em relação a possibilidade de existirem autarquias locais em Angola?
4. O que pensa sobre a liberdade de expressão, manifestação e reunião?
5. Qual é a sua opinião em relação aos direitos humanos em Angola?
6. O que pensa sobre o trabalho dos Tribunais e da Procuradoria-Geral da República fazem-no
melhor na era João Lourenço?
7. Que opinião é que tem em relação aos órgãos de Defesa, Segurança e Veteranos da Pátria?
8. Como avalia a mobilidade de cidadãos na CPLP e a imigração ilegal, enquanto preocupação do
Presidente João Lourenço?
Grupo II Aspectos Económicos
9. Que análise se pode fazer em relação ao crescimento económico do país?
10. Que avaliação faz as finanças públicas nos últimos 2 anos?
11. Qual pensa ser o desfecho da política de repatriamento de capitais e recuperação de Ativos?
12. Relativamente a Banca que avaliação faz ao crédito as empresas?
13. Como vê o empreendedorismo e o investimento nos últimos 2 anos?
Grupo III – Aspectos Sociais
14. Que tipo de avaliação faz a questão do emprego e do desemprego em Angola?
15. Da observação que faz a situação da fome e da pobreza, qual será a evolução nos próximos 6
meses? Tem alguma ideia de como se pode ultrapassar esta mal?
16. O que pensa sobre as ações que têm sido implementadas nos setores da agricultura, pescas e
indústria?
17. Como avalia os transportes púbicos e as redes viárias e ferroviárias?
18. Que comentário pode fazer em relação as questões de género?
19. O que pensa sobre a justiça distributiva e social em Angola?
20. Como avalia a liberdade de culto e religião?
21. Na sua opinião, que alterações se verificaram nos últimos 2 anos na educação e saúde?

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ENTREVISTA FEITA AO PRESIDENTE DO SINDICATO DOS JORNALISTAS ANGOLANOS
(SJA) TEIXEIRA CÂNDIDO
-Muito bom dia.
- Bom dia.
-Poderia identificar-se por favor!?
- Eu sou o Teixeira Cândido, sou responsável do sindicato dos Jornalistas Angolanos, é a primeira
associação, primeiro sindicato a surgir depois da Proclamação do Multipartidarismo, portanto, o sindicato
surgiu em 92 precisamente quase que um ano depois de se proclamar formalmente o Multipartidarismo em
Angola é o primeiro sindicato que surge, o sindicato vai surgir na sequencia da Declaração de Windhoek,
de 3 de Maio da Declaração de Windhoek em que, conjunto de 66 jornalistas africanos reuniu-se em
Windhoek, reuniu-se em Windhoek precisamente para proclamar, para defender a promoção do pluralismo
da informação e da liberdade de impressa em concreto e a partir dai então houve a orientação, a
recomendação de se constituir uma associação que defendesse essa liberdade, é na sequencia disso que
surge o sindicato dos jornalistas angolanos, hoje é a maior associação do país, tem cerce de 5000 (cinco
mil) filiados em todo território nacional, nós devemos andar entre 7000 (sete mil) profissionais na
comunicação social, mas estes são os filiados que nós temos, e prontos, e vamos trabalhando. Estou no
sindicato desde 2004 claro ocupando várias funções.

- Muito obrigado. Nessa qualidade eu gostaria de saber qual é a sua opinião em relação as promessas
feitas pelo Presidente João Lourenço relativamente ao combate a corrupção, a impunidade e ao
nepotismo.

- Bom, a minha opinião é que, sim senhora o Presidente João Lourenço manifestou esta vontade de combater
a corrupção, mas o combate a corrupção não se faz por mera vontade do Presidente da República, o que
nós entendemos, é que não era possível fazer a reforma, ou o combate a corrupção sem que se fizesse uma
reforma estruturante do Estado, isso passava necessariamente por uma revisão constitucional no qual se
pudesse conferir poderes aos juízes, ao sistema judicial, nós por exemplo, somos de opinião que o
Procurador-geral porque é aquele que na verdade inicia o processo, é aquele que tem a responsabilidade
de investigar, este devia também de facto estar afastado do titular do poder executivo, por quê? Porque o
titular do poder executivo é o responsável máximo do Governo e ele é sujeito da ação da PGR, ora,
entendíamos que devíamos estar afastado exatamente do Presidente da República, aí sim, com esses dois
mecanismos, por um lado o sistema judicial liberto das interferências, por outro lado o procurador também
liberto da interferência política e uma impressa pública, porque é aquela que tem mais expressão, é aquela
que tem mais alcance, é aquela que tem mais condições, é aquela que pode de fato gerar mudanças, também
livre da interferência do poder político, aí sim teríamos condições então de começar a caminhar, estes eram
na minha opinião, são as premissas que poderiam permitir ao Presidente João Lourenço encetar este
combate a corrupção.

- Relativamente, isto está interligado, aqueles comentários que acabou de fazer estão interligados a
democracia no fundo. Prometeu também que iria consolidar este instituto no nosso país, que
cometário se oferece fazer?

- Bom, eu sou da opinião que, sim senhora os Presidentes podem ter vontade mas, temos de olhar o sistema
no todo, a vontade de única pessoa na basta por um lado, eu também sou discípulo daqueles que defendem
que tem que se reforçar as instituições e não as pessoas, porque as pessoas elas são, vamos lá dizer em
função dos valores que lhes são intrínsecos podem ser mais promotores ou menos promotor do
desenvolvimento e esse desenvolvimento quer a nível político, quer a nível social e por conta disso tínhamos
de depender ou na verdade esta vontade tem de estar ancorada nas instituições, as instituições deviam elas
mesmas querer a liberdade. Pois, dizia eu então que sim, aí teríamos condições do Presidente João Lourenço
poder encetar essas. Pois, dizia eu então que, sim senhora a vontade do Sr. Presidente é determinante para
dar o impulso processual ou para dar o arranque se quisermos mas, era necessário que esta vontade fosse
ancorada nas instituições, ou que as instituições tivessem essa capacidade e tivessem esse reforço para de
fato continuar, porque como sabem nos termos da constituição atual o presidente tem 10 anos e o combate
a corrupção não se faz em 10 anos, o combate a corrupção é um processo contínuo, o combate a corrupção
ou a impunidade se quisermos de certo modo sermos mais concretos, combate a impunidade pressupõe
exatamente um exercício permanente, exercício que devem ser feitos das instituições independentemente
de quem esteja a ocupar o cargo do Presidente da República ou não, na verdade o Presidente João Lourenço
prometeu dar este arranque, e sim deu este arranque, com todos os questionamentos, com todas as dúvidas,
com todas as reticencias que o processo tem, e as críticas estão aí, nos as conhecemos, em relação a esse

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processo, todo modo o que nos achamos, é que saudamos é que ele deu pelo menos este início, mas para
que o processo fique consolidado, para que o processo seja abrangente e para que não se veja o processo
como sendo uma questão seletiva e outras perspetivas era necessário que reforçasse as instituições e isso
tinha de haver.

- O reforço das instituições acaba caindo também na implementação das autarquias?

- A minha opinião é que, não há nenhum país desenvolvido no mundo em que este desenvolvimento tenha
resultado num governo centralizado, porque entendemos que as autarquias são aquelas que acodem aqueles
problemas imediatos, emergentes e urgentes das comunidades, e tenho estado a dizer por exemplo, que caso
caia um posto de eletricidade não será o governador que vai resolver, tem de ser o autarca, tem de ser a
equipa do autarca que vai acudir a luz imediatamente daquele bairro.

- Mas aventa-se um horizonte que o Presidente fez uma promessa, que iria implementa-la?

- Em 2020, eu, minha opinião, minha elação, eu assumo essa ideia é que o MPLA não está confortável e
não está por todas as razões, primeiro por conta desta questão da má gestão do Estado, dos últimos anos,
dos últimos 20 anos da gestão do Presidente José Eduardo dos Santos ,exatamente, permitiu que o país
fosse mau gerido, os recursos que deviam permitir o desenvolvimento socioeconómico do país acabaram
por sere grande parte deles, vamos lá dizer desviados, foram exatamente para os cofres ou bolsos dos
titulares dos cargos públicos e isso prejudicou o desenvolvimento local, prejudica o desenvolvimento local
depois há aqui uma cadeia, não havendo desenvolvimento local, não há de fato desenvolvimento a nível
nacional e entendo que as autarquias são urgentes, para mim são a resposta dos problemas que o país
enfrenta porque um autarca não iria permitir que por exemplo, um autarca nos gambos, não iria permitir
por exemplo, que populares morressem a fome, e nem podemos esperar que o Presidente da República saia
aqui de Luanda para ir acudir um processo dos gambos, nem podemos esperar que por exemplo, que o
Ministério da Ação Social que está sedeado em Luanda seja capaz de dar resposta aos problemas do gambo,
por exemplo, uma situação emergente, uma decisão urgente, que podia ocorrer era, vamos montar cozinha
comunitária enquanto esperamos um programa estruturante para depois acudir as pessoas, isso teria
obviamente resolvido.

- E nesta perspetiva, qual é então a junção que nos podemos fazer ainda na senda das promessas com
relação a liberdade de expressão, manifestação e reunião, que isso é uma situação que está fortemente
ligada a alterações nesse quesito?

- Os países africanos e as lideranças africanas acreditam piamente que, têm capacidade de governar quando
dominam imprensa, quando dominam o Exército e quando vamos lá dizer dominam o sistema judicial,
dominando, controlando essas três perspetivas, essas três vertentes, esses três instrumentos são capazes de
consolidar poderes, são capazes de governar tranquilamente, eu entendo que é uma ingenuidade acreditar
nisso porque, dizia um líder que não é famoso porque nunca promoveu liberdades, mas cujos os discursos
são estudados o Fidel de Castro de que quem fecha os caminhos de uma revolução pacífica, abra ao mesmo
tempo o caminho de revolução violenta, e é isso que o Continente Africano tem estado a nos mostrar, são
expressões do Fidel de Castro, é exatamente esse resultado que o Continente Africano tem estado a nos
mostrar, parece que nós também importamos este modelo, eu entendo que o MPLA tenha em mãos uma
oportunidade de ouro, uma oportunidade de ouro para ser recordado como sendo aquele partido que
governou, estruturou a democracia, estruturou o desenvolvimento, mas o MPLA a postergar essas reformas
estruturantes com o medo de que vá perder protagonismo, vá repartir este poder quase absoluto que tem as
outras forças políticas, suspeito que um dia poderá eventualmente acordar e não estar mais no poder, como
poderá acontecer isso, não tenho uma ideia, mas posso vaticinar prognósticos, aquilo que a historia nos
ensina é de que os partidos que ficam durante muito tempo no poder, nunca normalmente saem por via
eleitoral, normalmente é por vias de convulsões, tanto internas às vezes, ou externas, então, adivinho que
se o MPLA não se antecipar, se o MPLA não perceber os sinais dos tempos, corre o risco de exatamente
termos o que nós conhecemos no Congo Democrático Mabutu sesseko o que nós assistimos na Líbia com
Kadaf, o que nós assistimos com Benali na Tunísia abdelazizi Buteflica na Argélia creio, o que nós
assistimos com Osnini Mubarak no Egipto, portanto aqui…

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- Nós vimos que nesses cenários que acabou de explicar também houve uma grande confusão, que é
o respeito aos Direitos Humanos, acha que isso em Angola já se pode considerar?

- Não! Não, e um exemplo é questão do assassinato em kafunfo daqueles cidadãos que iam se manifestar,
quer dizer isto é um exemplo claro que não existe liberdade, quer dizer nós não estamos a falar de um
cidadão que foi agredido, estamos a falar de um conjunto de cidadãos que perderam a vida e foram expostos
como se fossem na realidade peças de exposição, como se fossem quadros artesanais, não, não, isso…

- E nessa senda acha que os tribunais, já falou, já tentou mostrar a sua posição, mas acha que os
Tribunais e a Procuradoria Geral da República nesses processos todos, no tempo, e na era do
Presidente João Lourenço têm sido coerentes, têm feito o seu papel?

- Não! Não, para lhe ser concreto sem filosofar, não, e não porque não acredito piamente que eles tenham
independência para agir, e um dos sinais que me permite aferir exatamente a ausência da independência, é
o facto de se estar a afetar bens como apartamentos que estão a ser recuperados aí no Eixo Viário por
exemplo, aquele Edifício que o Estado recuperou, aqueles apartamentos estão a ser repartidos entre a
Magistratura Judicial e a Magistratura do Ministério Público , entre a PGR e os Juízes, o fato de muito
deles terem que beneficiar de casas , com financiamentos e que não estão previstos no orçamento dos
tribunais, quer dizer os bens poderiam, eles poderiam beneficiar desses bens desde que tivessem escritos
no Orçamento Geral do Estado, desde que este dinheiro, estas despesas fossem escritas no âmbito das
despesas dos tribunais e não serem afetados por um órgão que era suposto respeitar o Princípio da Separação
de Poderes, quer dizer estamos aqui a dizer, primeiro: para mim a separação de poderes fica logo beliscada
a partir do momento que Presidente da República designa os Presidentes dos Tribunais Superiores, fica
logo beliscada, segundo: esta relação para mim promiscua entre o Executivo e o Sistema Judicial, não
permite que nós possamos ter uma elação mais positiva disso. Dir-me-á você há mais nos outros Sistemas
Políticos também os Presidentes designam os Presidentes dos Tribunais? Não, com duas diferenças,
e o nosso sistema pode ser comparado ao Sistema Americano em que o Presidente Americano designa por
exemplo os juízes do tribunal supremo, com alguma diferença, qual é a diferença? Primeiro: os presidentes,
os juízes são ratificados pelo Cenado, o Cenado ratifica ou não, tem a última palavra, e segundo juízes são
amovíveis, são vitalícios, ou seja, uma vez no cargo eles não podem ser, não há, não podem ser jubilados,
se não pelo idade, pelo tempo ou pela morte, portanto, estamos aqui a dizer que nos outros sistemas os
juízes têm garantias para fazer o seu trabalho, e o exemplo claro é o de por exemplo juízes designados pelo
Donald Trump depois terem decidido contra a pretensão do Donald Trump rever por exemplo os resultados
das últimas eleições.
- Voltando cá para Angola, nos ainda temos uma preocupação que é com os Órgãos de Defesa e
Segurança e Veteranos da Pátria, o que é que acha que se fez nesse campo?

-Bom, este é outro problema, dizem que os militares são apartidários, mas se vir bem, depois, a Casa de
Segurança é que tem na realidade vamos lá dizer o controlo do exército, e quando às vezes é necessário
chama-lo para acudir por exemplo o partido que governa, são chamados, então há que entoar, os militares
não apartidários efetivamente, não são, os militares são, seguem, seguem exatamente a orientação dos
Generais que são partidários, porque têm filiação partidária, por isso é que chegam às vezes a cargo de
Ministro, então, portanto, estamos aqui a dizer que o nosso Sistema, é um Sistema Emergente, estou a falar
Sistema Político, Emergente no sentido de que as instituições não estão reforçadas, não há separação clara
de poderes, a interferência do Executivo é omnipresente, digo omnipresente na medida em que tem
expressão no Exército, tem expressão no Sistema Judicial, tem expressão no Parlamento, tem expressão na
Imprensa, portanto, estamos aqui a dizer que o Executivo é omnipresente.
- E em relação aos veteranos, aqueles que são dispensados qual é o tratamento que têm?
- Não, não são preparados, como não são preparados para poder viver fora do Exército, dos privilégios, o
que nós vamos vendo é que esse veteranos depois vão reivindicando e cada vez que há reivindicação desses
veteranos, o que se acontece é que se dão alguns benesses ou chamado para ocupar este ou aquele cargo,
o normal nos outros países é quem chega a General, quem chega a esse cargo, tem um conjunto de
privilégios que permitem viver com algum desafogo, mas não é possível porque, se por um lado temos um
conjunto de Generais que conquistaram de fato o generalato, passe expressão por causo do mérito, mas
depois vimos, vamos as atribuições administrativas, não é, parece que Angola é dos países com mais
Generais, não é possível, não é possível confortar todos esses com privilégio que nos conhecemos nas outras
partes do mundo, não é possível.

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- Vamos cair um bocado para CPLP é uma comunidade que fizemos parte e uma das bandeiras do
Presidente em relação a CPLP tem sido a Promoção da Mobilidade, acha que fez alguma coisa nesse
sentido?

- Não, eu sou muito séptico com relação CPLP, porque a CPLP foi uma iniciativa para mim de Portugal,
queria imitar commonwealth, queria imitar a francofonia é na realidade uma comunidade que Portugal
queria não só para promover e fomentar a própria língua, mas também para poder ter uma palavra e poder
ter mais controlo, só que Portugal não é capaz de fazer está, não é capaz de assumir isso bem, porque tem
o Brasil, Brasil não liga nenhuma para Portugal, então, tem alguma expressão no continente Africano, nos
país PALOP, não tem expressão no Brasil, não tem grande expressão no Brasil, agora a mobilidade depende
muito do interesse, Portugal esta amarrado com as regras da União Europeia, quer dizer, é verdade que
continua a manter sua soberania, mas a sua soberania é limitada, a soberania respeita as regras da União
Europeia, um cidadão lusófono que chega a Portugal tem em primeira instancia que respeitar as regras da
União Europeia só depois é que tem que respeitar as regras de Portugal.
- Tenho muitas dúvidas, podem eventualmente se assistir essa mobilidade a nível de um conjunto de
cidadãos Políticos, aqueles que ocupam exatamente cargo públicos e outros, mas muito raramente isso vai
ocorrer a nível de cidadãos comuns.

- Voltando a Angola, que analise é que faz com relação ao crescimento económico?
estamos a sair de uma situação em que o Presidente João Lourenço, o Presidente José Eduardo dos Santos
deixa o país quase que em banca rota, o próprio Presidente João Lourenço afirmou isso, e se propôs em
recuperar economicamente o país, melhorar as finanças.

- Como é que estão as Finanças Publicas e como é que está o crescimento?

- Bom, aí tenho de ser honesto comigo mesmo, eu não acredito qualquer Presidente pudesse recuperar a
economia em 5 anos, a nossa economia não se recupera em 5 anos porque tem problemas estruturantes, tem
problemas estruturantes porque se tu não tens produção local isso resulta de facto de não se ter feito um
investimento nas infraestruturas estruturantes, chamo infra- estruturas estruturantes como devia, como se
previa, por exemplo há um estudo colonial que previa sete barragens a nível do Rio Cuanza, ao longo do
Rio Cuanza e isso permitiria não só a eletrificação, mas também permitiria o florescer da industria, olha
nos temos a volta do rio Cuanza apenas três barragens, estamos a falar de Capando, estamos a falar de
Laúca, estamos a falar do Cambambe, portanto faltam quatro barragens que permitiriam eventualmente
comportar o crescimento que nos temos… (foi cortado)
- Diagnóstico doutro hora que o país já cresceu.
- Diagnóstico, exatamente doutro hora, que hoje eventualmente significaria umas sete. Queria, estava eu a
fazer uma analise em relação a possibilidade de haver um crescimento económico, não, para mim o
crescimento económico não são números bonitos mas estatísticas, para mim o crescimentos económico
temos de senti-lo, nós não temos nem estradas, nós não temos barragens suficientes para alimentar uma
economia, nós não temos vamos lá dizer nas outras províncias não temos consumidores, uma economia
depende na minha opinião disso, de consumo e o consumo está quase que restrito, está sediado em Luanda
e aqui em Luanda onde encontramos consumo, mas nas outras províncias na há consumo, porque a
capacidade de compras do cidadão é quase reduzida, aqueles que têm ainda uma capacidade de compras
encontram-se fundamentalmente em Luanda, por outro lado não temos estrada, significa que a produção é
muita cara, os custos operacionais são altíssimos o que faz com quem concorre, ou quem se atreve em
investir em Angola tenha dificuldade exatamente porque depois tem que competir com outros que tem
menos custos porque importa um preço competitivo apesar de todas as taxas alfandegarias consegue sempre
ter o produto ainda a um preço mais competitivo do que quem produz, então, porque quem produz tem que
ter gerador, quem produz tem que ter água, quem produz depois tem que ter dificuldades de escoar o
produto para zona onde há consumo e isso não permite, então a minha expectativa é que talvez dentro de
10 anos, mas com reformas muitos sérias e com investimento muito sério nesse campo que acabei de elencar
é que podemos começar a falar do desenvolvimento da economia.
A outra questão que contraria exatamente a questão das Finanças Públicas tem muito que ver com a dívida
pública, quer a dívida interna, quer a dívida externa, aí faz todo sento por exemplo e eu apoio aqueles que
devemos ter uma auditoria para conhecer realmente a dívida pública porque já sabemos que grande parte
da gordura que a dívida pública apresenta terá sido injetado exatamente por gestores públicos que não
prestaram serviços, porque esse têm de fazer prova do serviço que prestaram para que Estado tenha na
realidade a obrigação de ter que pagar a dívida pública interna. A dívida pública externa estou feliz porque
foi restruturada fundamentalmente os meios de pagamento, acho que nunca devíamos ter feito contrato com

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a China para pagar em Petróleo, nunca com o petróleo ,não, entendo que nós perdemos muito, porque se
por um lado hoje o teu preço de referencia, o teu produto de referencia tem uma valor baixo, amanhã pode
ter um valar alto, mas como você está comprometido em que 12 milhões de barris têm que ir imediatamente
à China você acaba exatamente, porque você não pratica o preço do momento, você tem um preço
estabelecido e então você vai escoando petróleo em função do preço acordado no contrato.
- Olhando um bocado para situação da dívida externa e o facto de os gestores públicos terem se calhar
fomentado essa situação. Eu queria saber, depois o Presidente também se comprometeu em repatriar os
capitais e recuperar os ativos, peso embora já falamos sobre a situação da distribuição desses ativos.

- O que é que lhe oferece dizer em relação ao repatriamento de capitais e a recuperação da dívida?

- Bem, no fundo no fundo o Senhor Presidente da República saberia que não conseguiria repatriar os fundos,
na medida em que estão no sistema económicos dos vários país, os vários países iriam ressentir isso, aliás
foi essa resposta que Primeiro Ministro Português deu quando o Presidente da República pediu apoio na
visita a Portugal, pediu apoio para que o Governo Português permitisse e ajudasse o Estado Angolano a
recuperar esses ativos, e a resposta é, sim senhora vamos faze-lo desde que isso não tenha repercussões na
economia portuguesa e é obvio que as economias europeias fundamentalmente no qual estão esses capitais
não iriam permitir por exemplo a saída de 100.000.000 (cem milhões USD)de dólares, saírem 100.000.000
(cem milhões USD) de dólares do sistema económico tem repercussão grande, nesse sentido quer dizer há
desempregos, há outras repercussões eles não iriam permitir exatamente isso, portanto, houve uma boa
vontade sim senhora o que Estado pode fazer é acordos judiciais com esses países e passar a ser então
detentor do património que aqueles que não foram capaz de provar como conseguiram constituir esse
património, ou seja o Estado seria o futuro proprietário deste património, mas agora repatriar esses capitais
é uma situação muito pouco crível.

- E quanto ao crédito às empresas?

- Bom, o crédito das empresas é o que na realidade nós falamos, primeiro o Estado está quase que numa
situação de incapacidade, não é capaz, porque parece-me que o Estado, é um Estado Gestão, quer dizer
trabalha para comer, o nosso Estado Hoje trabalha para comer a primeira e principal prioridade do Estado
é trabalha para comer, das poucas obras que vamos assistindo ainda, está no âmbito da dívida pública, do
endividamento do Estado, aliás não é segredo para ninguém o endividamento que Estado fez ao Fundo
Monetário Internacional exatamente para puder acudir despesas correntes e não é para despesas de capital,
então tenho muitas dúvidas que o Estado seja capaz e isso tem outro reflexo na própria economia, não há
crescimento da economia, se o Estado não potencia as empresas, as empresas não conseguem pagar salários,
não pagando salários não há consumos, não havendo consumo não há desenvolvimento, então, eu entendo
que o Estado devia fazer um esforço sim senhora de pagar a dívida porque depois iria buscar através dos
impostos, iria buscar de facto, e o consumo gera receitas para o Estado, então devíamos pensar em potenciar
as famílias, porque são as famílias que geram o consumo e é o consumo que vai gerar receitas fiscais para
o Estado, então, estamos aqui a dizer que é uma cadeia, mas reconheço, nesta altura eu não tenho
autorização para falar em nome do Governo, estou apenas a fazer uma análise de quem acompanha os
fenómenos, reconheço a incapacidade do Estado para puder fazer, pagar de forma célere e como devia ser
por exemplo a dívida com os créditos com as empresas.

- E em relação ao empreendedorismo, temos estado a ver aqui um movimento frenético tentar


incentivar o empreendedorismo?

- Bom, eu gosto muito de história e a nossa história diz que nos começamos com tal empreendedorismo em
91 a partir da altura em que se proclamou a economia de mercado, mas esse empreendedorismo é venda
retalho, compro o fardo, vou revender e o empreendedorismo não se faz por vontade administrativa, o
empreendedorismo faz-se havendo uma cultura para tal, empreendedorismo faz-se havendo uma formação
direcionada para isso, as nossas escolas formam funcionários públicos, formam pessoas para trabalhar por
conta de outrem e não formam pessoas para empreender, só olharmos para às curricula das escolas médias,
os técnicos médios, eu gosto muito do exemplo da Alemanha porque a Alemanha privilegia exatamente
técnicos médios, cursos técnicos e nós tínhamos inclusive esta referencia como sabe na década de 80
fundamentalmente nos primeiros anos da independência, nós tínhamos uma cooperação muito forte com o
Bloco Socialista e com RDA, nós tínhamos RDA que era um grande parceiro do Estado, muitos técnicos
foram para RDA aprenderam cursos técnicos, e foram esses que depois foram os primeiros eletricistas,
foram esses que depois foram os primeiros pedreiros, mas depois destruímos, destruímos esse sistema todo

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que era benéfico, que era importante, que era capaz de gerar pessoas empreendedoras, porque hoje quatro
ou cinco pessoas que aprenderam a eletricidade podiam criar uma cooperativa e ter uma empresa própria,
cinco pessoas que aprenderam a pedreira como em Portugal iriam chegar aqui criar uma empresa, e podiam,
de facto temos exemplo mas muito residuais, isso de que alguém que vai para Portugal durante x tempos
trabalha na pedreira mas depois vem para aqui, já não quer trabalhar por conta de outrem e consegue
constituir de fato temos esse exemplo, mas muito residuais que não permitem de fato ter isso.

- Isso só para acrescentar cai na questão do emprego e desemprego também, não é?

- Exatamente há uma relação direta. Eu estava a dizer a questão cultural, se olharem por exemplo para os
fenícios que vão gerar os árabes a maior parte dos árabes, os árabes crescem com a cultura de que qualquer
um deles tem de ser empreendedor tem de criar negócio próprio, os portugueses também por conta da
relação histórica que tiveram, aliás, parte da população portuguesa é constituída pelos fenícios e os árabes
que vão invadir a Península Ibérica, estes também têm esta parte, ele cresce com essa cultura de montar um
negócio próprio, por isso é que nós vemos são os principais revendedores de tintas, com negocio de retalho,
eles crescem exatamente com essa cultura, nós não crescemos com essa cultura, nós foi-nos ensinado que
o Estado era capaz de prover desde a água a roupa, nós crescemos a comprar roupa na loja do povo, e então,
essa não é uma cultura que se acaba com 30 anos de um sistema muito confuso, não se sabe ao certo se é
um sistema Estado Providencia, ou é uma Economia de Mercado então não se acaba com isso, é importante
na minha opinião que voltemos aos exemplos que o país conheceu nos princípios da década de 80, em que
formava técnicos e depois libertá-los, libertá-los não apenas mete-los num mercado mas também com
políticas de créditos, se os bancos não concedem créditos, não é possível que haja empreendedorismo, eu
posso ter um terreno, mas o meu terreno em si não é capital, não é capaz de gerar empreendedor salvo se
alguém que esteja interessada em fazer uma sociedade, mas muito pouca gente, então, tenho de puder ter
acesso ao credito para poder eventualmente rentabilizar o meu próprio espaço, portanto, estamos aqui a
dizer duas questões que podem ter influencia decisiva na minha opinião no empreendedorismo tem que ver
primeiro com a formação temos que restruturar a formação, a formação como se formam pessoas e depois
créditos, políticas de créditos que permitam fomentar a economia, eu acho que isso vai acabar por retirar
jovens do desemprego, o Estado não é capaz em nenhuma parte do mundo de acolher todos os funcionários,
não é capaz, porque depois o Estado faz o que, quando o Estado absorve grande parte da força do trabalho,
paga mal, pagando mal os serviços são ineficazes, serviços ineficazes têm na realidade despesas enormes e
não há reflexos nas economia do país, portanto, há um relação muito direta.

- E se caíssemos para questão da pobreza são um dos problemas que João Lourenço defende?

- Bom a pobreza tem muito a ver com exido rural, que houve durante a guerra um exido, as pessoas
abandonaram as suas zonas de conforto, as pessoas abandonaram as suas culturas de cultivo por exemplo,
as pessoas viram inclusive expropriadas terras nos quais eram proprietários e eram na realidade as fontes
do seu rendimento, nós nunca apesar de tudo nunca vimos falar da fome com a intensidade, com a pobreza
que nós conhecemos hoje é uma explicação sociológica de que normalmente as pessoas procuram imigrar
o espaço para o lugar onde se sentem eventualmente mais valorizados, onde têm a expectativa que
conseguem realizar-se mais é de facto, mas nós podíamos resolver isso se tivéssemos uma política de facto
reassentamento, de manutenção dessas populações, porque eu não posso permite que o mucubal venha para
Luanda viver, quando ele nunca aprendeu, não estudou, não formou-se, não tem possibilidade dele
sobreviver em Luanda se não for por assistência social, ou se não for assistido essa pessoa não é capaz de
viver em Luanda porque ela não está preparada para enfrentar a realidade de Luanda, então, isso resulta um
pouquinho da questão do conflito, resulta um pouquinho das preocupações imensas que Estado tem que
não o permitiu reassentar mais uma vez a questão das autarquias teriam espaço aqui, então eu acho que tem
uma relação muito direta.

- E as ações no ramo da agricultura, da pesca já tivemos algumas referências nesse domínio, hoje
como é que o país esta?

- Bom, tivemos referencia na época colonial, tivemos referencia na década de 70 em que Angola era
exatamente uma das principais produtores de café, de algodão, de todos outros bens, mas foi resultado de
um produto, foi resultado de um emprego de força obrigatório, não foi uma questão estruturada como por
exemplo acontece com as outras realidades sul africanas em que os boers e outros dominam a agricultura e
continuam a fazer exatamente isso, o nosso caso a agricultura que nos conhecemos foi a agricultura
subsistência, os povos recolhiam, iam a pesca pescar o mínimo, o essencial para poderem, que não era…

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na realidade nunca pescaram para puder comercializar, nunca foi exatamente isso, na realidade a nossa
cultura e agricultura que nós conhecemos é essa, os grandes magnatas, se algumas vez tivemos magnatas
no nosso contexto os latifundiários eram portugueses e era tudo Estado, depois tínhamos poucas empresas
como as Cotonangue, como outras grandes empresas mas eram empresas detidas por Belgas, eram detidas
por este conjunto que chamo os nórdicos daquele eixo, Alemanha, Holanda, Bélgica que tinham essa
cultura muito acentuada mas que depois quando não se sentiram confortáveis, tiveram de abandonar e
levaram todo know how, levaram tudo e não tivemos capacidade de absorver, não tivemos capacidade de
absorver uma agricultura industrial, a nossa agricultura foi de subsistência e nunca tivemos uma agricultura
industrial, o país teve por conta de know how, que não era exatamente dos autóctones, com a independência
a forma a que se deu, não era possível portanto, mantermos essa agricultura.
- E aí se formos para os transportes públicos, as redes viárias e ferroviárias?
- Bom, aí perdemos uma oportunidade soberana de termos essa situação resolvida na medida em que
devíamos ter feito aquilo que nas outras realidades acontecem parceria público-privada, nos quisemos
monopolizar esse sector o Estado quis continuar a ser aquele que comprava autocarros para por na rua e
isso não acontece em países desenvolvidos por um lado, por outro lado, houve-me parece aqui interesse,
sobrepôs-se interesse privado ao interesse público porque depois alguns governantes começaram a
compreender que era bom não abrir esse sector para privados competitivos para aqueles que têm know how,
para aqueles têm na realidade experiencias mundiais por explorarem exatamente essa questão dos
transportes, sei que houve muito interesse de várias empresas instalarem aqui por exemplo metros a nível
da nossa capital, mas tudo emperrou no interesse porque toda gente queria ter ações, queria ter comissões,
queria ser também proprietário mesmo não tendo know how isso acabou por desincentivar esse
investimento, mau por um lado, por outro lado a questão da própria eletrificação do país também contribui
muito para essa ausência de desenvolvimento do país, tivemos um disparate na minha opinião que foi aquele
de gastar dinheiro para recuperar as linhas férreas da China com comboios que já estão ultrapassados no
tempo, esses comboios não circulam em parte nenhuma do mundo, foi um desperdício enorme de receitas
teríamos pensado de modo diferente, teríamos eventualmente adotado transportes mais condizentes com a
modernidade e se calhar aí sim teríamos um desenvolvimento completamente assustador, mas
desperdiçamos essa oportunidade hoje e a realidade dos transportes Públicos é essa você tem uma cidade
como Luanda que tem qualquer coisa como dez milhões eventualmente sete ou oito milhões dos que
residem em Luanda não têm transporte próprio e não há capacidade de resposta porque o Estado não é
capaz.

- E a justiça distributiva?

- Bom, a justiça distributiva na minha opinião depende um pouco da estruturação do próprio Estado, quando
o Estado quer dar tudo, quando Estado quer ser aquele que constrói cantina e depois aquele vai regular o
mercado não é possível falarmos de justiça distributiva, não é, para mim a justiça distributiva ocorre
fundamentalmente numa economia de mercado, mas também ocorre naqueles países que estão
comprometidos com welfare state como nós chamamos bem-estar social, hoje para lhe dizer a tal justiça
distributiva que era suposto ser uma bandeira dos partidos socialistas fundamentalmente dos Estados
Socialistas, nós não sabemos ao certo a nossa ideologia, qual é a ideologia do nosso país? Ou seja, o partido
que governa qual é a ideologia que governa? Olhemos para a Lei Geral de Trabalho por exemplo temos
uma Lei Geral do Trabalho mais drástica da lusofonia, quer dizer a nossa Lei é tão arrasadora como
nenhuma outra temos, Portugal economicamente é mais desenvolvido tem 45 anos de Democracia por
exemplo não tem uma Lei Geral de Trabalho como essa, Brasil que é um país que nós conhecemos com
aquele desenvolvimento não tem uma Lei Geral de Trabalho como essa, Moçambique não tem, quer dizer,
os partidos não bastam apregoar formalmente que eu sou de esquerda, ou do centro esquerda, um social-
democrática ou que seja é preciso que seus atos na realidade digam qual é a ideologia que professam, nos
últimos anos assistimos quase que um partido a enveredar para um Estado de Direita basicamente um
Estado de Direita mais do que um Estado Social, curioso, quer dizer, se me perguntarem qual é a ideologia
dos nossos partidos, confesso que não sei o lhe dizer qual é a ideologia, não consigo divisar.

- E portanto, se caíssemos para a questão do género, como jornalista se calhar tem acompanhado um
bocado as preocupações, as alterações que o mundo vai sofrendo, a paridade e essa coisa toda, o que
se oferece dizer em relação a isso?

- Mais uma vez voltamos a história, a história explica o nosso contexto o contexto africano e
fundamentalmente do povos bantos era de que na divisão de tarefas, a mulher competia-lhe as tarefas
domesticas por um lado, por outro lado temos de recordar que tivemos uma colonização que não permitia

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por exemplo que todo cidadão tivesse acesso ao ensino, aliás, a Lei do indigenato explica exatamente a
estratificação da classe e é verdade que tínhamos os tais assimilados, os supostamente aqueles que tiveram
acesso ao ensino, que tiveram acesso alguns privilégios mas não foram capazes de conferir a todos os
membros da família fundamentalmente mulheres não é, ensino, tivemos e resultado do que temos hoje é
mais trabalhos das igrejas missionarias que vão ter centro de educação das mulheres, são essas que vão ser
as nossas primeiras mães, são essas heroínas que nós vamos conhecendo aqui e são essas que vão hoje
embelezando o panorama é verdade que eu tenho a expectativa que daqui a 10 anos a realidade seja outra
e qual é o fundamento da minha apreciação? O fundamento da minha apreciação é hoje que primeiro que a
população Angolana é maioritariamente constituída por mulheres, segundo as salas de aulas hoje são
constituídas maioritariamente por mulheres, terceiro a perspetiva dos pais hoje é de que todos os filhos
devem ter oportunidades iguais e isso vai gerar uma mudança, o que vai determinar exatamente os lugares,
os espaços de intervenção de cada um, vai ser a competência e não mais o género, essa é a minha expectativa
para daqui a 10 anos , mas agora hoje a nossa realidade tem de ser situada com base no contexto histórico
que nós tivemos.

- O culto, a religião também é uma questão que está intrinsecamente ligada ao nosso modus vivendis
que comentários se oferece fazer?

- É uma cultura que nos assimilamos e não nunca fomos capazes de refletir, sou católico apostólico romano
batizado, crismado, casado, toda a minha família é católica, mas hoje pensando como cidadão e fazendo
uma apreciação crítica eu sou temente a Deus de fato acredito piamente que o universo não pode ter surgido
do nada, apesar dos filósofos terem tentando, ensaiar, explicar a origem do mundo, mas nenhum deles me
convenceu até hoje nem o Jonhs Fernandes, nem tão pouco os outros, continuo a acreditar que terá havido
alguém uma mão terá criado o mundo e por isso eu sou temente a Deus, mas não significa ser temente a
Igreja Católica, a Igreja Católica é produto dos Romanos, é um produto do ocidente que na realidade nós
acolhemos ainda que hoje já não seja essencialmente já não seja integralmente aquela cultura que nós
assimilamos, mas assimilamos porque não foi uma cultura, a nossa cultura é do misticismo e o resto mas
aceito exatamente.

- Mas e depois se formos a olhar na perspetiva da daquele papel que o Estado tem atribuído hoje às
Confeções Religiosas não digo as Igrejas, mas Convenções Religiosas que é um pouco de
sensibilização política, sensibilização das massas vamos usar esse termo, para tentar encobrir
algumas ações, ou algumas revoltas, ou manifestações?

- Bom, primeiro o que eu entendo por um lado não faz mal, é verdade que o nosso Estado é laico mas
reconhece na constituição a existência das convenções religiosas por um lado, por outro lado entendo que
a religião também é uma instituição de socialização, sendo uma instituição de socialização acredito que
sim, tem este papel a desempenhar ainda que o Estado não o convoque de modo próprio, voluntariamente
a igreja tem de desempenhar este papel, agora uma coisa é a igreja conscientemente, as convenções
religiosas conscientemente desempenhar esse papel, outra coisa é serem instrumento do poder político e
que nós temos estado a assistir nos últimos anos foi a instrumentalização das convenções religiosas porque
elas dominam, porque há quase que um dogma dentro das convenções religiosas, os cristãos por mais
esclarecidos que sejam temem na realidade aos líderes, os líderes aproveitam-se dentro do âmbito da sua
promiscuidade para instrumentalizar.

- Deixei este para o fim, mas também é deveras importante é a questão da educação e saúde pelo
menos nos últimos 2 anos, como é que nós estamos neste capítulo?

-Bom, eu não gosto de falar em função dos edifícios que foram construídos, gosto de falar em função da
taxas de mortalidade, gosto de falar em função da qualidade da assistência que o cidadão são sujeitos, gosto
de falar fundamentalmente da saúde preventiva, agora não há nenhum sistema de saúde que ature o número
de angolanos que acorrem aos hospitais diariamente, não há médicos capazes de dar resposta ao número de
pacientes que assistem diariamente o que nós aprendemos nas outras realidades, nas realidades mais
evoluídas é que o maior aliado da saúde, do sistema de saúde é a prevenção, com a condição dos nossos
bairros, com a condição de residência da maior parte dos cidadãos, com os problemas de saneamento básico
que nós assistimos, não é possível pensarmos que o sistema de saúde tenha melhorado, construíram-se mais
hospitais? Talvez, não tenho o número. Terão aumentado o número de médicos sim? Sim, houve muitos
concursos públicos. Isso significa melhoria e eficácia do sistema de saúde? Não. Por quê? Porque o número
continua a ser maior, por quê? Porque cada vez mais as condições de salubridade são degradantes, cada vez

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mais assistimos bairros como o Bairro Popular para não falar de Viana, as periferias, há um não
ordenamento, quer dizer parece-me que o Estado não tem capacidade de gizar um ordenamento a altura na
realidade de prevenir, a altura de oferecer aos cidadãos condições saudáveis de habitabilidade, há uma
relação muito direta e é por isso que se explica por exemplo que Portugal não vemos jovens a irem aos
hospitais como nós assistimos aqui permanentemente, quem são os que acorrem aos hospitais com
frequência? São os idosos e é natural, os idosos depois perdem defesas no organismos e é natural que eles
frequentem muito mais os hospitais mas jovens como nós e fundamentalmente um país que é constituído
maioritariamente por jovens por conta da nossa taxa de mortalidade em que por exemplo a base é larga e o
topo é estreito, temos essa demografia, temos esse quadro demográfico, não se aceita por exemplo que o
médico tenha de assistir trinta, quarenta pacientes dos quais vinte e cinco sejam jovens e trinta velhos, não
faz sentido, então companheiro eu não tenho, não me dou por satisfeito com os sistema de saúde que nós
temos e eu não questiono sequer a competência dos médicos tão pouco a eficácia dos hospitais é que não
é possível termos hospitais eficazes com o número de pessoas que acorrem aos hospitais, vamos para onde
nós começamos a vida que é na maternidade é que três, quatro parturientes estão a disputar uma cama, uma
cama de quase menos de 2 metros não é possível, quando nas outras realidades eu o pai tenho o orgulho de
ir por exemplo assistir ao parto da minha mulher, assisto e começo a dar o conforto ao meu filho a partir da
maternidade até a minha casa, não é possível, então a referencia inicial começa exatamente a partir daí onde
inicia a vida que é a maternidade , eu não posso direcionar critica nem a ministra da saúde nem a, eu
direciono críticas as politicas publicas gizadas pelo Executivo que permitem exatamente esta frequência
aceitável dos hospitais é por ai, então esta é a minha opinião posso estar equivocado mas…

- E se calhar isso se repercute na educação?

- Absolutamente, absolutamente. Bom, como digo a nossa educação, eu tenho aqui que fazer uma análise
seguinte, a nossa educação que inicialmente era controlada, era dominada, era monopolizada por duas
grandes instituições, as famílias e o ensino, hoje interfere por exemplo a media e não só a media
convencional e por conta da incapacidade de nós termos órgãos de comunicação social capazes na realidade
de orientar o nosso cidadão nós assimilamos a cultura de toda gente, hoje toda a gente tem acesso a media,
hoje toda a gente tem acesso as televisões e tudo resto e assimilam a cultura em função da capacidade crítica
que cada uma das famílias tem, olha é só olharmos e fazermos aqui um estudo relâmpago empírico, vamos
para a casa das várias famílias nas periferias às 18 horas toda a gente está a ver novelas, novelas mexicanas,
novelas turcas, novelas, essas novelas são veículos de exportação de cultura e depois qual é o
comportamento que os nossos têm, eventualmente um comportamento que não é condizente com a nossa
realidade que não é a nossa cultura, então temos dificuldades hoje de combater, de enfrentar este touro que
nos surgiu que é a media convencional isso resulta exatamente também da descredibilização da nossa media
por um lado, por outro lado resulta de facto de nós não termos condições de projetarmos uma a media a
altura de competir por exemplo com as outras realidades, se nós tivéssemos investimento na media pública
capaz de produzir novelas, produzir series, produzir entretenimento que disputa audiência com a globo,
com as outras, hoje estaríamos em condições de controlar, de aferir e orientar a educação dos nossos filhos
e do modo geral estou aqui a perceber que a tua pergunta seja educação de um modo geral e não apenas
educação no sentido restrito do termo.
- E a base esta aí.
- Exatamente, estou aqui analisar exatamente nessa perspetiva, então hoje temos essa dificuldade, portanto,
há aqui uma cadeia, uma relação muito direta entre um posicionamento do Estado aqui e uma consequência
aí, portanto educação hoje é reflexo da destruturação das famílias também que teve um grande papel porque
as famílias ficaram destruturadas com exido, com a guerra, as famílias hoje ficaram destruturadas, por
outro lado, mantivemos uma cultura da poligamia que não ajuda por quê, se a poligamia tinha uma
expressão muito pouco negativa numa zona rural porque o pai podia ter uma lavra e tendo filhos podiam
eventualmente ampliar a lavra e daí saírem bens para puder subsistirem, o pai que emigra para a cidade,
para a zona urbana é funcionário dos caminhos de ferro ganha 30 mil Kwanzas, quer continuar a ter 2, 3
mulheres isso vai ter repercussão na educação dos filhos não consegue dar o mínimo para os filhos, então,
transportamos as vezes uma cultura que podia se adaptar no espaço físico, no espaço cultural para outro
espaço, nós hoje assimilamos as zonas urbanas como uma cultura ocidental e não uma cultura africana
como tal, mas transportamos essa cultura e o que é que isso resulta? Resulta na destruturação das famílias
hoje muitas mulheres não têm maridos, hoje muitos filhos não conhecem os pais ou os conhecem as vezes
a distância e isso obviamente tem reflexo na educação.
Muito obrigado.

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ENTREVISTA FEITA AO SECRETÁRIO-GERAL DA ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS
ECONÓMICOS DE ANGOLA (AJECO) MATEUS CAVUMBO

Resposta do Secretário-Geral de Direção, Mateus Cavumbo. Jornalista há 26 anos. Licenciado em


Comunicação Social na Universidade Privada de Angola (UPRA). Diretor-adjunto do Jornal de Economia
& Finanças da Edições Novembro, detentora dos títulos Jornal de Angola, Jornal dos Desportos, Cultura e
outras publicações regionais.
Gabriel Luciano Maria Benguela se encontra matriculado no ano letivo 2020/2021, no 3º ano
do Doutoramento em Ciências da Comunicação, tendo sido autorizado, por despacho do Conselho
Científico de 06 de fevereiro de 2020, a realizar uma Tese no âmbito do referido curso.
Mais se declara que a referida Tese se destina à obtenção do grau de Doutor e versa sobre o tema “Cobertura
e Representações Mediáticas do Discurso e das Ações Políticas do Governo Angolano, em Portugal e
Angola (2017-2020)”, sob a orientação da Professora Doutora Paula Maria Ferreira do Espírito Santo.
Grupo I Aspetos Políticos
1. O que pensa sobre as promessas do Presidente da República em relação à corrupção, à
impunidade e ao nepotismo?
Não se trata de promessas, mas sim de um programa criteriosamente definido pelo partido que governa o
país acoplado ao lema “Melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”. Este programa é o que foi
sufragado no último pleito eleitoral realizado a 31 de agosto de 2017, no qual consta a corrupção, a
impunidade e o nepotismo como bandeira da governação.
Acreditamos que tem havido um esforço do Governo liderado pelo Presidente João Lourenço em combater
a corrupção, a impunidade e ao nepotismo.
Os resultados estão à vista de todos com a aprovação da Lei sobre Repatriamento Coercivo e Perda Alargada
de Bens, tendo sido recuperados grandes somas, conforme anunciou a Direção de Recuperação de Ativos
da Procuradoria da República (PGR). Até finais de 2020, foram recuperados pelo Estado angolano, mais
de cinco mil milhões de dólares norte-americanos em bens e dinheiro, através do Serviço Nacional de
Recuperação de cativos (SNRA) da PGR, desde o início do processo de arresto, em 2019. Quanto ao
combate à impunidade, até finais de 2020 existiam 1.522 processos relacionados com a criminalidade
económico-financeira e patrimonial, com destaque para os crimes de peculato, branqueamento de capitais,
recebimento indevido de vantagens, participação económica em negócio e corrupção ativa.

2. Do que tem observado qual a sua opinião sobre a promessa do Presidente da República
relacionada com a consolidação da Democracia?

Tem havido algum avanço. Acreditamos que os sinais são bastante animadores visto que a consolidação da
Democracia é sempre uma questão complexa e de interpretação na sua execução, ou seja, os partidos
políticos dificilmente ficam satisfeitos com as ações desencadeadas por um partido no poder, na medida
em que pretendem conquistar todos os espaços mediáticos.
Contudo, o Presidente da República tem sido magnânimo em questões de abertura da Democracia, já que
tem respondido satisfatoriamente às querelas existentes no “metier” político, dando espaço para que os
líderes de partidos opinem ou aconselhem-no no quadro da reunião do Conselho da República. Verifica-se,
no entanto, uma certa abertura tangível que na realidade passada.

3. Qual é a sua posição em relação a possibilidade de existirem autarquias locais em Angola?

As autarquias reforçam sempre a Democracia às quais os cidadãos elegem os dirigentes que vão administrar
uma determinada zona regional ou local. Porém, as condições estão a ser criadas para que sejam efetivadas
as eleições autárquicas no país.
A Assembleia Nacional deu um passo importante no capítulo da legislação, um alicerce importante para
acautelar possíveis percalços inerentes ao futuro pleito em Angola.
Porém, ainda persistem algumas discussões sobre a possibilidade de se realizar no próximo ano, período
aprazado para as próximas eleições legislativas, estando por aprovar também peças do pacote legislativo,
entre as quais a lei polémica, a da institucionalização das autarquias face às posições antagónicas entre os
que defendem o gradualismo e os que pretendem eleições em simultânea.

4. O que pensa sobre a liberdade de expressão, manifestação e reunião?

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Têm sido dados passos importantes desde que o Presidente João Lourenço assumiu o poder em setembro
de 2017. A imprensa está mais aberta ao pluralismo da informação, dando vozes aos mais críticos e aos
elementos dos partidos políticos.
O jornalismo feito neste período em que o país conhece o aprofundar da democracia regista o cimentar da
liberdade de imprensa. Nota-se que Angola tem estado a melhorar neste quesito.
Na certeza de dias mais profícuos para o jornalismo angolano, os jornalistas advogam que a arte do bem
fazer um jornalismo, com ética e deontologia profissional, deve ser o maior ganho dos profissionais da
informação e o Governo aposta na liberdade de imprensa.
O Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Engenheiro Manuel
Homem, afirmou, recentemente, à margem do debate sobre o papel da Comunicação Social no Parlamento,
que o Governo está engajado na construção de um país onde a liberdade de imprensa se constitua num bem
para todos.
O Ministro disse que a liberdade de imprensa deve constituir um bem para que o país continue a trilhar os
caminhos do desenvolvimento.
A imprensa está mais aberta ao pluralismo da informação sobre a manifestação e reunião, tem havido
evolução com a abertura a organizações cívicas e civis exercerem o seu direito.

5. Qual é a sua opinião em relação aos direitos humanos em Angola?

Há uma crescente evolução sobre a matéria tendo registado poucas violações aos direitos fundamentais do
homem. O contínuo respeito às normas previamente definidas por organizações internacionais tem sido o
apanágio da governação angolana.
6. O que pensa sobre o trabalho dos Tribunais e da Procuradoria-Geral da República fazem-
no melhor na era João Lourenço?

Sim. Tem havido um trabalho titânico que permite aos cidadãos terem maior crença no chamado terceiro
poder, cuja separação de outros poderes tem sido evidente. Os Tribunais exercem o seu poder na
equidistância jurídica preservando sempre o interesse dos cidadãos e não de quem detém mais poderes.
Quanto à PGR tem tido um trabalho mais visível em comparação com a de anos passados antes do
Presidente João Lourenço assumir a hierarquia suprema do Estado.

7. Que opinião é que tem em relação aos órgãos de Defesa, Segurança e Veteranos da Pátria?
São órgãos que têm desempenhado o seu papel positivo sempre na perspetiva de preservar os interesses do
Estado.
8. Como avalia a mobilidade de cidadãos na CPLP e a imigração ilegal, enquanto preocupação
do Presidente João Lourenço?

Não é só preocupação do Presidente João Lourenço, mas de todos os Estados da CPLP, sobretudo os de
Portugal e Brasil, zonas preferenciais dos cidadãos da comunidade.
A mobilidade de cidadãos nos países da comunidade lusófona tem sido bastante notória nos últimos anos.
Há uma iminente imigração ilegal, sobretudo dos cidadãos dos PALOP aos países mais avançados da
comunidade no caso de Portugal e Brasil, mas este assunto costuma merecer sempre discussões acesas nas
reuniões de cúpula da CPLP.
Alguns países vêm a importância da mobilidade e da circulação no espaço da CPLP como aproximação dos
povos da comunidade, no estreitamento dos laços de amizade e cooperação e na promoção de uma
verdadeira cidadania da CPLP, pelo que têm instado os Estados-Membros a criar condições para a
implementação do acordo para o estabelecimento de balcões específicos nos postos de fronteira, para o
atendimento de cidadãos da CPLP, assim como capacitar as forças e serviços de segurança dos Estados-
Membros da CPLP no domínio da detenção de riscos nos aeroportos internacionais, designadamente,
através da criação de equipas conjuntas. Numa Declaração tornada pública após a V Reunião dos Ministros
do Interior e Administração Interna da CPLP realizada na Praia, capital de Cabo Verde, a 24 de Abril de
2019, os Ministros fizeram uma proposta de nota interpretativa sobre o art.º 2º do Acordo de Concessão de
Vistos de Múltiplas Entradas para Determinadas Categorias de Pessoas e uma proposta de estratégia
comum de segurança documental na CPLP.
Os Estados defendem maior reforço da concertação e cooperação entre os Estados-Membros, centrada no
respeito pelos princípios fundadores da Organização, particularmente, a igualdade soberana dos Estados, a
integridade nacional, o primado da democracia, o Estado de Direito e o respeito pelos direitos humanos e
pela justiça social.
Grupo II Aspetos Económicos

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9. Que análise se pode fazer em relação ao crescimento económico do país?

Angola está a viver um período de recessão económica e os esforços estão a ser feitos tendentes a reversão
da situação. As previsões das organizações internacionais avançam que a economia angolana vai contrair
este ano 1,4 por cento, depois de ter registado uma recessão de 1,5 por cento em 2019, mas regressa ao
crescimento em 2021, com uma taxa prevista de 2,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
De acordo com as Perspetivas Económicas Regionais da África Subsaariana, um documento que este ano
é exclusivamente dedicado aos impactos da pandemia de Covid-19, prevê também uma subida da dívida
pública, de 109,8 por cento do PIB no ano passado, para 132,2 este ano e 124,3 em 2021, devido às
necessidades de financiamento para suplantar a descida dos preços do petróleo e a despesa necessária para
controlar a pandemia da Covid-19.
O relatório aponta que o crescimento nos países exportadores de petróleo deve cair de 1,8 por cento em
2019 para -2,8 este ano, uma revisão de 5,3 pontos percentuais face às previsões de Outubro, sendo a
Nigéria, o maior exportador da região, deve contrair-se 3,4 por cento.

10. Que avaliação faz as finanças públicas nos últimos 2 anos?


11.
Tem estado a melhorar. A título de exemplo, a Lei da Sustentabilidade das Finanças Públicas (LSFP)
constitui um instrumento legal que concorre para a melhor implementação da Política Fiscal, na qual vai
conferir maior disciplina fiscal e reforço da transferência, assim como maior previsibilidade da Política
Fiscal em linha com os instrumentos do Sistema Nacional de Planeamento.
Com a aprovação da referida Lei, a implementação da Política Fiscal está a ser orientada tendo como
referência as Regras Fiscais, sendo ainda acompanhado por um sistema de monitoriamente reforçado.
No tocante às Regras Fiscal, a LSFP estabelece que a política fiscal deve ser formulada e executada com
vista a garantir a sustentabilidade das finanças públicas, assegurando o objetivo de reduzir, consistente e
sistematicamente, no longo prazo, o rácio entre o Stock da Dívida e o Produto Interno Bruto, para um valor
igual ou inferior a 60 por cento.

12. Qual pensa ser o desfecho da política de repatriamento de capitais e recuperação de ativos?

Acreditamos que vai atingir acima de 50 por cento da meta definida que, matematicamente, isso já é
positivo. Como já nos referirmos, mais de 5 mil milhões de dólares foram recuperados em bens e dinheiro,
pelo que este número poderá sofrer algum incremento antes do balanço de governação do Presidente João
Lourenço.

13. Relativamente à Banca que avaliação faz ao crédito às empresas?

Os últimos dados do Ministério da Economia e Planeamento (MEP) apontam para uma subida vertiginosa
do programa de concessão do crédito, apesar de ainda empresários clamarem por um grito de socorro.
No quadro do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das
Importações (PRODESI), foram aprovados, desde 2019, 757 projetos cujos montantes ascenderam a 510,
1 mil milhões de Kwanzas.
O Programa de Apoio ao Crédito (PAC) veio dar corpo às linhas mestras do PRODESI, sendo que se aplica
aos projetos de investimento que contribuam direta ou indiretamente para a produção interna de bens
essenciais.
O programa visa viabilizar o acesso ao financiamento para os investimentos. Nesta fase, o Governo está
concentrado essencialmente para os programas de alívio económico.

14. Como vê o empreendedorismo e o investimento nos últimos 2 anos?

Há um crédito destinado ao desenvolvimento de ações de empreendedorismo no país, cujas metas estão


ainda abaixo das previsões, devido à crise económica e financeira e pandémica mundial.
O acesso ao crédito bancário, pelos requisitos de garantias reais, é algumas vezes um caminho que os
empreendedores têm dificuldade em percorrer.
O recurso ao microcrédito é uma solução de financiamento de valor reduzido concedido a pessoas com
dificuldades em aceder a outras formas de crédito, mas os valores nem sempre são suficientes para
impulsionar um projeto empresarial consistente.

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Quanto aos investimentos, ressaltamos a mais recente alteração à Lei do Investimento Privado que foi
aprovada a Lei n.º 10/21, 22 de abril, e visa tornar Angola um país mais atrativo para os investidores
externo, mediante a introdução de medidas de melhoria do ambiente de negócios, de redução de burocracias
e facilitação na atribuição de benefícios e vantagens para os investidores.
A Lei do Investimento Privado aplica-se a investimentos internos e externos de qualquer valor e estabelece
os princípios e as bases gerais do investimento privado.
A primeira grande alteração a LIP é a criação de um terceiro regime de investimento, além dos regimes de
declaração prévia e especial: o regime contratual.
O regime contratual pode aplicar-se a projetos de investimento realizados em qualquer sector de atividade
e implica uma negociação, entre o promotor do projeto de investimento e o Estado angolano, quanto às
condições para a implementação do projeto, aos incentivos e facilidades a conceder no âmbito do contrato
de investimento privado e à aplicação em território nacional de capitais no âmbito do reinvestimento.
No entanto foi eliminada a condição da implementação total do projeto de investimento para o que o
investidor estrangeiro possa recorrer ao acesso a crédito interno.
Os investidores externos, após o pagamento dos tributos devidos e da constituição das reservas obrigatórias,
têm o direito de transferir para o exterior os valores correspondentes: a) aos dividendos; b) ao produto da
liquidação dos seus empreendimentos; c) a indemnização que lhe sejam devidas; e d) a royalties ou a outros
rendimentos de remuneração de investimento indiretos, associados a cedência de tecnologia.
No que respeita ao investimento interno, passam também a ser consideradas como formas de realização do
investimento: a aplicação de capitais obtidos com financiamento e a alocação de matérias-primas.
Grupo III – Aspetos Sociais

15. Que tipo de avaliação faz a questão do emprego e do desemprego em Angola?

A questão do emprego e do desemprego tem sido uma preocupação premente do Governo. O Instituto
Nacional de Estatística (INE) está a levar a cabo um inquérito, para determinar o índice de emprego e
desemprego em Angola.
O estudo denominado “Inquérito ao Emprego em Angola” (IEA), vai decorrer até 2021 e conta com o
financiamento do Banco Mundial.
Os resultados produzidos por este inquérito vão permitir ao Executivo avaliar o cumprimento das políticas
públicas e as metas do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022.
O levantamento mais recente sobre a taxa de desemprego no país feito pelo INE mostra que a população
desempregada em Angola está estimada em 3.675.819, sendo 1.625.529 homens e 2.050.290 mulheres.
A taxa de desemprego anda à volta dos 36,5 por cento contra os 16,2 da zona rural.

16. Da observação que faz a situação da fome e da pobreza, qual será a evolução nos próximos
6 meses? Tem alguma ideia de como se pode ultrapassar este mal?

A fome e a pobreza continuam a ser ainda preocupações das autoridades angolanas, pelo que o Governo
deve continuar a apostar nos grandes programas definidos como o Kwenda.
Deve alargar a base de apoios, criando cartões de abastecimentos, por via de um “fundo para a pobreza”.
Pensamos que a única maneira para minimizar a fome e a pobreza é reforçar com as verbas para o contínuo
apoio às camadas mais desfavorecidas.
Sugerimos o contínuo apoio financeiro do Governo que potencie a criação de pequenos negócios.
17. O que pensa sobre as ações que têm sido implementadas nos sectores da Agricultura, Pescas
e Indústria?

Observando as linhas de financiamento do PRODESI, desde 2019 até junho de 2021, a Agricultura,
Comércio e Distribuição, assim como a Indústria Transformadora são os que mais se beneficiaram de apoio.
Naturalmente deve haver maior fiscalização na implementação dos projetos destes sectores.
Com intuito de reanimar o sector privado e impulsionar a diversificação económica, além do PDN 2018-
2022 e, no âmbito do PRODESI, o Executivo desenhou um conjunto de programas e medidas para melhorar
o ambiente de negócios, em que se destacam: PAC - Programa de Apoio ao Crédito; PROPRIV - Programa
de Privatizações; PIIM - Plano Integrado de Intervenção nos Municípios; PAPE - Plano de Acão para a
Promoção da Empregabilidade (PAPE) e o reforço do Processo de Regularização de Atrasados.
Juntam-se a essas iniciativas do Executivo, os estímulos do Banco Central (BNA) para o financiamento da
economia.

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18. Como avalia os transportes púbicos e as redes viárias e ferroviárias?

Nos últimos anos, houve um investimento maior nos transportes públicos, com a chegada de novos
autocarros, quer para a transportadora nacional, a TCUL, como às outras operadoras privadas que fazem
rotas interprovinciais.
O mesmo sucedeu-se igualmente às redes viárias e ferroviárias com o alargamento investimentos, quer a
nível de Luanda, quer a nível das províncias.
19. Que comentário pode fazer em relação às questões de género?

Tem sido uma luta das autoridades. O equilíbrio do género no Aparelho do Estado tem sido notório, mas a
meta dos 30 por cento ainda está a quem das expectativas.

20. O que pensa sobre a justiça distributiva e social em Angola?

Deve-se trabalhar afincadamente, apesar de haver alguma melhoria nos últimos anos.
Um dos maiores handicaps é a crise económica e financeira e agora da pandemia da Covid-19 que
influenciaram negativamente na justiça distributiva e social em Angola.

21. Como avalia a liberdade de culto e religião?

Há muitas ceitas que ainda exercem ilegalmente as atividades de culto e religião. O Ministério da Cultura,
Hotelaria e Turismo está a trabalhar para a legalização das igrejas, cujo processo iniciou há um ano.
O Governo defendeu a revisão aos critérios para o credenciamento de novas confissões religiosas.
Há uma proposta de nova de legislação para a abertura de igrejas e os que exercem as atividades religiosas
que devem ter mais de 500 mil assinaturas. Pensamos que as regras definidas vão ajudar na delimitação da
liberdade de culto e religião em Angola.

22. Na sua opinião, que alterações se verificaram nos últimos 2 anos na Educação e Saúde?

A mudança de paradigma no modelo de ensino e aprendizagem que foi substancial tendo culminado com o
fim do programa da reforma educativa que era vigente até 2020.
Quanto à Saúde, deve-se fazer mais investimentos em infraestruturas hospitalares e reforço na assistência
médica e medicamentosa, assim como na melhoria da qualidade do Ensino Primário que constam dos cinco
maiores programas prioritários do Governo para 2021.

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ENTREVISTA FEITA AO DR. LUCAS NGONDA PRESIDENTE DA FRENTE NACIONAL
PARA A LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (FNLA) E DA SUA BANCADA PARLAMENTAR

-Muito obrigado mais uma vez, poderia identificar- se por favor.


-Eu sou Lucas Bengui Ngonda, Nascido na província do Uíge na aldeia com o meu próprio nome Bengui
Ngonda que é ate do meu falecido pai, portanto sou casado pai de N filhos, e estou na vida política a quase
60 e poucos anos na anuência política só tinha vinte, vinte não 17 anos praticamente porque aos 27 anos
depois é que eu integro a FNLA quando tinha em 1967 é que eu integro na luta clandestina naquele tempo
que não se podia fazer política no poder colonial nos nós organizávamos em grupo entravamos em contacto
com Kinshasa, mandavam-nos e recebíamos material e nos também mandávamos relatório e tudo e entrei
na vida politica desde aquela data ate hoje, e no ponto de vista profissional eu fui funcionário da fazenda e
contabilidade hoje ministério das finanças depois fui para europa como refugiado, e como refugiado
enfrentei as situações circunstanciais lá e fiz a sociologia por tanto em França, formei-me em sociologia e
portanto de regresso fomos evoluindo com a vida política de angola.
- Muito bem.
- É mais ou menos isso.
- Tem uma história muito bonita e interessante.

Sr. Presidente, voltando já aqui as questões dos nossos dias, que opiniões é que tem em relação as
promessas que o Presidente fez para combater a impunidade a corrupção e o nepotismo?

- Bom em primeiro lugar quer dizer nos temos que ter um sector justo e porque também estamos a construir
uma sociedade que não tinha experiencia de governação é 100 anos antes e 150 anos antes nos nós
libertamos do colonialismo português muito recentemente, uma nação não se constrói em pouco tempo, é
o sistema político que foi instaurado em angola em principio favoreceu todas as condições que deram as
consequências que estamos a seguir e a sofrer hoje instaurou-se um estado do proletariado em que a
propriedade privada era proibida, o Estado controlava praticamente tudo não reconhecia portanto a
propriedade privada, com a queda do sistema da União Soviética isso provocou portanto a queda de toda a
cadeia portanto de países que tinham as democracias populares como modelo, caiu angola também não
seguiu o exemplo com a queda do muro de Berlim então faz se a entrada da democracia ai é que é o
problema da corrupção e na democracia total que nos é que é os antigos dirigentes fizeram, já que vamos
transitar para a democracia a democracia é um estado democrático de direito é a economia de mercado,
quem deve ocupar o mercado? Nós mesmos.
Quem deve constituir a elite?
Nós mesmos.
Quem deve controlar tudo?
Nós mesmos.
Eles mesmos quem os membros do comité central, os membros do bureau político , os membros do governo,
os membros em suma do partido MPLA os membros e tanto mas que essa historia da corrupção é uma
historia do MPLA pode haver ali um ou outro e tudo que não seja do MPLA não vai faltar não há regra sem
exceção mais o foco, o foco é mesmo o MPLA e porquê , porque quando se entra para o sistema de
redimensionamento empresarial e distribuir as empresas portanto a certas individualidades, as
individualidades que eles encontraram são eles próprios foram se distribuindo as empresas quer dizer tudo
que desse para se criar riqueza numa economia de mercado tinha que cair nas mãos do próprio MPLA.

- E o Sr. Presidente acha que esse imbróglio todo que se criou o Presidente pode falar em combater
esse mal?

- Eu vou chegar la, eu vou chegar la, criou-se isto é portanto empresas aqui quintas acolá fazendas e num
sei quantos, eu lembro uma vez eu estive na Huila não quero dizer o nome de um alto dirigente do MPLA
que eu encontrei porque eu ensinava na Huila dava aulas na Huila no Huambo em Benguela só fui dar aulas
uma única vez mais Huila e Huambo e onde eu ia e Cabinda onde íamos dar aulas, Huila, Huambo e Cabinda
e encontrei um alto dirigente nós encontramos no grande hotel lá da Huila e eu perguntei o que estava lá a
fazer e ele não eu estamos agora no domínio de transformação por tanto da economia do mercado e agora
trago aqui o resto da malta e tudo se não um dia tudo isso vai ser tomado pelos estrangeiros e nos ficamos
de mãos fazias, não é muito sacrifício para ficarmos de mãos vazias.
Quer dizer o principio de meter a economia nas mãos dos angolanos não esta errado, não esta errado era
por aí que se devia passar, agora o que que esta errado a forma como esta economia devia ficar nas mãos
dos angolanos, quer dizer que a forma, quer dizer a distribuição é injusta a distribuição é injusta da riqueza

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nacional, porque injusta porque só contemplou as pessoas que estavam destro do sistema, então já que eles
criam burguesia porque a sociedade de economia no mercado cria uma burguesia, burguesia do poder
económico, burguesia do poder politico e burguesia do poder social, e então estas quer dizer são as linhas
que o Presidente José Eduardo Dos Santos seguiu, criaram uma sociedade que fosse controlado pelo próprio
partido que criou essa sociedade, quer dizer não podia haver mas um outro aparelho que viesse pra controlar
não, o próprio MPLA criou este modelo e que tinha que controlar esse modelo como enriquecendo as
pessoas aquilo que hoje para João Lourenço é crime no tempo do Eduardo Dos Santos não era crime e eu
vou lhe dar um exemplo o Banco Nacional cré que a casa forte ficou com as portas abertas durante o fim
de semana e todos os policias, militares e tudo foram se servir tiraram milhões da caixa forte diretamente e
esta questão foi parar nas mão da procuradoria da republica até hoje nunca ouve onde é que foi este dinheiro
tudo obedecia praticamente o mesmo plano porque também o presidente José Eduardo Dos Santos a sua
base social, a sua base social ou para segurar a sua base social tinha que assegurar os recursos do país os
diamantes o petróleo, e tanto mas que quando se diz a Sonangol fez e num seque não podia sair nada da
Sonangol sem a autorização do José Eduardo dos Santos, não podia sair nada da Endiama sem a autorização
do José Eduardo Dos Santos, o que quer dizer tudo isso foi programado, agora o Presidente João Lourenço
chega com uma outra logica outra logica e aí eu sempre disse nas minhas declarações que ele é muito
corajoso porque está a combater a sua própria família politica ele esta a combater a sua própria casa ele esta
a tentar desmoronar a casa que ele próprio construiu para contruir uma outra coisa e isto acontece isto é
preciso ter uma coragem politica extraordinária.
- Muito bem.
- E ele tem essa coragem.

- E Sr. Presidente, associado a isso o Presidente também prometeu consolidar a democracia esse nosso
jovem problema, acha que esta também a trabalhar nesse especto?

- Bom consolidação da democracia eu vejo que do meu ponto de vista nos tínhamos mas liberdade de ação
no tempo de José Eduardo Dos Santos sobre tudo, naquela fase de implementação mesmo da democracia a
UNITA estava nas matas e no sei quantos a lutar e tudo mas aqui a democracia era plena, eu lembro e íamos
enes debates havia conferencias havia os jornais multiplicaram se hoje esses jornais todos desapareceram
o jornal escrito multiplicou-se criou se os jornais de todo os tipos onde toda gente podia dizer o próprio
Eduardo dos Santos era acusado disto e de aquilo e tudo e a pessoa não acordava na prisão acordava em
sua casa mas escreveu aquilo, aquilo era democracia de facto mais José Eduardo não era isso que lhe
preocupava o que lhe preocupava ele porque sabia que tinha os mecanismos todos sobre controlo os cães
ladram e a caravana passa este é o Zé Eduardo.
-Isto está um pouco interligado com aquilo que eu ia perguntar a seguir, é mesmo com a liberdade de
expressão manifestação e reunião, será que esta a acontecer isto?
- Entretanto, entretanto mesmo José Eduardo dos Santos havia as fragilidades quando se tocasse no
problemas de destabilização do sistema então ai saia polícia saiam os cães saia tudo porque tudo menos
isso o Zé Eduardo também neste aspeto manifestação eram interditas agora também a mesma coisa, agora
neste sistema do Presidente João Lourenço ele falou muito das liberdades e de que não existir e
exclusivamente ele próprio abriu quer dizer conversou com a imprensa depois de tomar posse e tudo,
conversou com a imprensa eu pensei que as coisas mudassem mas não veja bem que hoje mesmo nos como
partido político temos muito menos tempo de antena que antes e quando nos são cedidos os tempos de
antenas que nos que, se o nosso discurso é um discurso que fizemos como partido da oposição aquilo que
eu vejo nos países ocidentais onde há democracia, o discurso de um partido da oposição é um discurso
importante tem que se seguir um discurso de um sindicalista vem na primeira pagina, o discurso de um
homem do partido da oposição vem na primeira pagina, porque é importante porque são eles os grandes
protagonistas do funcionamento do aparelho da democracia e da ação social não é que se passa connosco.
A pessoa fala 20min e o que eles vão tirar é aquilo que lhes interessa a opinião fazem cortes e tudo, isto
não é liberdade de expressão, isso é censura e é censura feita de uma forma velada e não declarada mas é
censura quer dizer procuram os aspetos mas negativos da posição que nos tomamos ou procuram os aspetos
mas negativos em relação a nos mesmos e daqueles aspetos identificam com as suas politicas é que passam.
- Isso toca também os direitos humanos, não é?
- Diga?
- Toca também os direitos humanos
- Toca também os direitos humanos naturalmente.

- E como é que estamos nestes aspetos?

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- Sim os direitos humanos o primeiro direito do homem é comer, beber ter casa viver as condições que
permita a subsistência da própria vida este é o primeiro direito, os outros direitos é uma consequência da
existências do homem, o homem existe e precisa de ter a volta de si um determinado numero de
pressupostos que garantem a sua existência permanente então a liberdade de expressão, a liberdade de
expressão é importante mas essa liberdade de expressão exprime os jornais que não existem eu sou uma
das pessoas que comecei a escrever fora dos critérios dos sistemas aqui isto o que é, a uns vamos la dizes
deixei de escrever assim constantemente nos jornais, praticamente deixei de escrever nos jornais la pros
anos 90, 99 quando assumi as responsabilidades do partido e deixei de escrever, mas antes eu escrevia e
quantas vezes é que eu não fui ameaçada houve uma altura eu vivia e tinha uma viatura Renault, vivia no
GAMEK ali enfrente a FAPA um general fardado bloqueou me a viatura a frente desceu do carro e tudo,
Sr. continuas a escrever um dia vais ser encontrado morto, ou então vais ter de fugir outra vez la pra o
estrangeiro onde andaste, mas assim frente a frente depois saiu entrou outra vez no carro e foi, era o sistema
que tinham, era o sistema que tinha e portanto as pessoas podiam escrever dizer tudo nos jornais mas era
uma democracia aparente também que era quando se tocassem questões do fundo já não era assim, e muitas
vezes tocava-se questões do fundo para te provocar para depois ir se buscar as pessoas que tocarão nestas
questões e começar a construir uma espécie de processo contra essas pessoas, e ficam marcadas no sistema,
não há democracia.

- E sente que hoje continua isso?

- Em parte sim, em parte sim basta escrever, não é só as razões económicas que fizeram desaparecer os
jornais, as razões económicas também estão na base disso porque os jornais para funcionar precisam de
grandes grupos nos ainda não temos capacidade de formar esses grandes grupos económicos e sustentar os
jornais, todos os dias mandar e enviar correspondentes todos os dias, não temos capacidades para isso essa
é uma razão, mais por outro lado também é quando publiquei o meu livro pedi alguém que quis ser portanto
o apresentador que devia apresentar o livro, que devia apresentar ao Presidente da República discuti mesmo
com ele estava sentado a onde esta, discutimos e tal mas depois em termos de publicidade disse que epá eu
tenho alguém ai no jornal de angola e tudo ele e ele que tinha alguém no jornal de angola é muito amigo e
tal antes de do dia por tanto da apresentação vamos publicitar o livro ele telefonou aqui na minha presença
que tinha portanto esse projeto de apresentar e tudo num sei que o livro pra ser publicitado disse mais já
leu bem o livro se é um livro que fala mal do MPLA não vale a pena, não vale a pena, nós aqui já lemos o
livro olha lé só a pagina tal, lé a pagina tal, lé a pagina tal, não nem tão pouco isto não isto esta fora de
questão aqui na minha presença ele pós o telefone em alta voz e eu estava a ouvir se nós formos a ver aquilo
que eu escrevi no livro não é nada estranho, é historia de angola, é historia dos partidos políticos, é historia
da confusão, é historia da guerra civil, quer dizer quais são os fundamentos como é que parte quem fica
com que foi o que eu escrevo e essas são as questões o que que tinha para intimidar, mais não há questões
que são polemicas as datas históricas do MPLA, num sei quanto mais a existência do próprio MPLA a
cumplicidade do MPLA com os portugueses ninguém pode falar ta ver a cumplicidade do próprio MPLA
com o propósito que os portugueses entreguem a dependência ao MPLA porque é o partido que eles
escolheram por razões raciais e tudo isso e culturais e tudo eu falo disto, portanto isso não lhe convém.

- Ainda na senda da democracia também podia se falar no princípio da desconcentração ou


descentralização do próprio poder ele prometeu autarquias o que que se passa nesse domínio?

-Bom as autarquias o presidente José Eduardo dos Santos tinha nos prometido que deviam ter lugar em
2014, logico que em 2014 não tiveram lugar, nos da oposição fomos fazendo barulho no decurso do
mandato passado e esse mandato passado portando em que o João Lourenço ainda não era Presidente ele
seguiu portanto as nossas intervenções, e depois de ele ter sido eleito ele foi nos recebendo um por um, e
no primeiro conselho da republica esta a questão das autarquias foi uma das questões que foi muito
profundamente discutida no conselho da republica, depois de sairmos do conselho da republica ele fez tudo
e portanto remeteu o pacote legislativo das eleições autárquicas, este pacote é que tem sido discutido ate
hoje ainda falta a lei principal de institucionalização das autárquicas, essa lei ainda não foi portanto
apresentada ao partido, agora o Presidente da Republica viu que as eleições gerais estão ai próximas como
realizar as autarquias com as eleições gerais, e o modelo das autarquias que é aquele que o Presidente da
Republica quis implementar que é o gradualismos territorial dizer que Luanda é autarquia, Benguela
autarquia o outros não, esse aqui autarquia o outro não, nos na oposição dissemos que não, como nenhum
município esta preparado, nenhuma província esta preparada, e a preparação tem que ser conjunta com a
ajuda do próprio Estado vamos implementar as autarquias em todo território nacional que ele não estava de
acordo, quer dizer que o governo não estava de acordo houve discussões muito acesas no parlamento nunca

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estiveram de acordo, o parlamento, nos também na oposição fizemos o finca pé que e víamos que para não
criar assimetria regional em termos portanto do desenvolvimento a oposição via que é melhor implementar
as autarquias, porque se implementar vamos fazer de conta que benguela é autarquias vai ter todas as
estruturas e infraestruturas e tudo isso, a tendência dos africanos é ir lá onde há tudo e abandonam, é o que
se passou com o problema da guerra civil olha só Luanda como esta já imaginou nas províncias há aldeias
de 3 casas, as aldeias que eu conheci no meu tempo que eram 5000 mil pessoas hoje são aldeias são 3
famílias e tudo com casas isoladas porque todos estão em Luanda, estão em Lobito, estão no Huambo, estão
nas grandes cidades então se nos implementamos as condições em todos os municípios é uma forma das
populações regressarem nas suas zonas de origens é a nossa alimentação, mais o Presidente da Republica
entendeu que isto havia de ferir a constituição e o gradualismo colocou entre nos um problema de definições
e acabou por remeter isto para a decisão e a revisão da Constituição, agora vamos ver.

- Acha que os Tribunais e a Procuradoria-geral trabalham melhor agora na era do João Lourenço?

- não há nenhum inquérito neste momento que eu saiba posso por minha ignorância ou falta de atenção mas
não me lembro um inquérito que tenha sido feito pela a Procuradoria-geral da República mostra o inquérito
olha começamos assim, olha o que se passou é isto, isto, isto, e remetemos o problema aos juízes, é
assassinatos é tudo nunca sai nada, nunca sai nada, que procuradoria é esta, que justiça é essa de nos FNLA
muitas vezes nos pensamos que a policia judiciaria que esta nas mãos do ministério do interior devia estar
nas mãos do ministério da justiça como se passa nos outros países ao invés de ficar nas mãos do ministério
do interior devia ficar nas mãos do ministério da justiça, porque as questões julgamentos que são como se
diz isso em termos jurídicos aqueles julgamento a presa o povo esta a sendo julgado, nos escapes interno,
julgamentos sumários que são feitos não tem quer dizer respaldo em termo mesmo de ordenamento jurídico
nacional ta ver esses julgamentos deixa muitas vezes rancores aos cidadãos e nos o que que assistimos
assassinatos aqui violência , a violência resulta preciso momento quando a justiça não é feita a violência
tem sua origem quando o cidadão tem ene razões e o Estado nunca comtempla por tanto estas razões para
fazer a justiça, isto redunda em delinquência em violência de todo tipo e é a situação atual do nosso pais
nesse momento a justiça não funciona olha para ilustrar o que eu estou a dizer aqui um dia destes o Dr.
Raul Araújo é uma das pessoas que esta na base de feitura de quase de toda a legislação de angola
independente desde o principio, toda a legislação quer legislação constitucional, legislação privada tudo
tem a mão do Dr. Raul Araújo e um dia destes ele disse publicamente que a justiça em Angola esta mal
porque os julgamentos são feitos por encomendas, agora imagina a gravidade desta afirmação e ele era o
Juiz de um tribunal, era juiz de um tribunal e terminou creio a sua carreira não sei se já passou a jubilado,
sim já foi jubilado no Tribunal Constitucional, mas ele fez essas afirmações o que quer dizer o que melhor
que mim que quem fala assim como se diz na gíria não é gago, quem fala assim não é gago é uma pessoa
que estava na base, não, os julgamentos no nosso sistema são feitos por encomenda.

- E quanto a outra questão também e que até a FNLA tem responsabilidade social muito grande, a
questão dos órgãos de Defesa, Segurança e Veteranos da Pátria?

- Esta, esta questão por exemplo a nossa luta começou ainda o velho Holden estava em vida eu acompanhei
o velho Holden junto do Presidente José Eduardo dos Santos varias vezes, varias vezes para conseguirmos
situar os estatutos portanto dos antigos combatentes, quando o presidente José Eduardo dos Santos decide
substituir o fundo de pensão, fundo de pensão em destituir pós a categoria de antigos combatente mas o
hoje por exemplo imagine alguém que passou toda a sua juventude filhos por educar e quer dizer não
conseguiu educar nenhum porque estava nas tarefas da pátria e hoje esta a ganhar 23 mil kz por mês, o que
que ele pode fazer com esse dinheiro, vai educar o filho vai comer vai comprar casa vai fazer o que, eu
varias vezes nas minhas intervenções eu disse as pessoas eu sempre lhe disse que a experiencia que vivi
vinte e poucos anos la fora sobre tudo em Franca que eu tenho dos antigos combatentes não e só questão
do dinheiro mas tentar criar uma situação em que um veterano de guerra um antigo combatente que perdeu
toda sua vida a libertar a pátria, uma casa que lhe e atribuída não e grande coisa, construir bairros, mas que
sejam bairros dos antigos combatentes, esta bem José Eduardo dos Santos começou a fazer isto o primeiro
bairro que esta ali a entrada do nova vida, no projeto Nova vida todo aquele quarteirão da entrada que fica
ali na entrada central que fica atras da bomba de combustível aquele quarteirão foi construído para os
antigos combatentes, mais depois a partir dele próprio Presidente José Eduardo dos Santos ocupou uma
parte la no fim do quarteirão porque depois daquele quarteirão esta uma espécie de um campo de futebol
aquelas casas todas ficaram para as sobrinhas, pra num sei que pra primos e o seu irmão Avelino creio que
vivia ali e outros mais tudo aquilo e o resto outros dirigentes ocuparam.
- Outro nepotismo.

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- Exatamente se o presidente ocupou nos vamos fazer o que. É assim quer dizer eu como membro do
conselho da republica atribuo me casa la ta ver também vivo no nava vida como membro do Conselho da
Republica, mas eram casas destinadas aos militares, aos militares atribuiu-se terrenos, e o que que os
militares fizeram, este capolo todo tinham sido entregues terrenos aos militares os militares venderam os
terrenos, venderam mas o dinheiro e como tudo nem todos tem o cuidado de gastar o terreno para depois
construir uma casa aqui e num sei quantos, muitos estoiraram este dinheiro e ficaram com a família fora
ate hoje, o que quer dizer que o Governo devia ter politicas muito mas substanciais que pudesse comtemplar
realmente o antigo combatente, criar-lhe condições, porque aquilo que eu sei la fora o antigo combatente
tem desconto das escolas pro filho, nos hospitais tem lugares reservados nos comboios mesmo pra eles tem
tudo isso tudo e no fim tem a pensão Zita que ele vai receber, ma essas prebendas todas que recebem em
todo lado já lhes ajuda um pouco, ou o que recebe não e grande coisa, não e uma soma maravilhosa, mas
já que as outras despesas todas já estão suprimidas eles com aquilo pode garantir o essencial a sua família
em casa.

- E outra questão que ele também levanta com muita frequência nos fóruns internacionais, e a
questão da mobilidade dentro da CPLP acha que Angola tem feito alguns passos neste sentido?

- Bom, a CPLP quer dizer e uma imitação do grupo dos francófonos que agora também Angola quer entrar
na francofonia, bom a CPLP do ponto de vista eu ataquei a CPLP quando foi criada , quando eu escrevia
nos jornais de angola, no folha 8 e tudo ataquei, ataquei porque, porque a logica que estava na base da
criação da CPLP não me parecia ser naquela altura coerente, não me parecia ser coerente porque, porque
nos tínhamos um pais novo para construir e Angola no quadro da CPLP passou a ser aquilo que se diz na
gíria a vaca leiteira ta ve para esses países todos Angola por ser um pais rico e num sei quantos e tudo então
era a vaca leiteira, negócios para o Brasil, quer dizer negócios leoninos como se diz na linguagem comercial
as vantagens para uns e para outros não e Angola entrou naquele ritmo tudo em nome da CPLP eu lembro
me na altura ouve para a criação da CPLP fomos convidados num coloquio com o falecido Joaquim Pinto
de Andrade, ele é quem me convidou ele foi convidado foi me ver no partido funcionava ali nas ingombotas
e epá Lucas vamos, esse é um assunto importante não podes faltar então fomos juntos em Portugal e foi
apresentado portanto a CPLP quer dizer o interesse fundamental disso naquela altura era a preservação da
língua portuguesa portanto da língua portuguesa nos, nos tornamos independentes para alguma coisa, a
independência pressupões independência cultural, independência económica, independência social, e a
independência cultural engloba línguas e tudo isto, onde e que ficam as línguas destes países que englobam
na CPLP?
Bom todos nos falamos português e as línguas maternas foram postas, portanto de lado, mas a francofonia
da um outro tipo de exemplo, as línguas da francofonia são estudadas na soborn tem cadeira de olofe tem
cadeiras de iuruba cadeiras de num sei quantos e as pessoas fazem doutoramento disto, fazem na linguística,
fazem doutoramento disto, em Portugal isto esta ausente, então onde fica portanto esta relação, onde é que
fica esta relação entre nos e a CPLP, esta era portanto a nossa opinião, quer dizer a CPLP hoje, bom tivemos
la um angolano como Secretário-geral que e o Marcolino Moco, mas eu penso que o seu papel ainda esta a
quem para daquilo que se esperava da CPLP e esperávamos ver uma universidade portanto da CPLP um
exemplo ainda não temos, instituições da CPLP que englobasse todas as preocupações dos países membros,
mais nos ainda não temos isso.

- E como é que acha que esta o crescimento económico na época de João Lourenço, pode se falar em
crescimento?

- Bom um especto positivo que ainda esta no principio é o facto da aposta dele para a diversificação da
economia, ao invés de concentrarmos toda a nossa economia nas petrolíferas, Angola é um pais que tinha
ou que tem recursos e já eram explorados pelos portugueses os portugueses enriqueceram exploraram o
fosfato, exploraram o manganésio, exploraram o cobalto, exploraram o ferro, exploraram o cobre,
exploraram o diamante ta ver esses minerais todos depois ficaram por ai e como naquela altura os
portugueses exploravam ainda em pequenas quantidades porque angola e nossa angola vamos preservar
esses recursos para mas tarde e num sei quantos e só exploraram um pouco nos temos as companhias que
eles pegaram no processo de redimensionamento empresarial não sei onde e que pararam mas existia
companhia, companha geral de asfalto de angola por exemplo existia já a comfabril, não só se ocupava da
agricultura mas ocupava se também da exploração mineira e tudo em fim, isto devia voltar mas não, a
primeira republica não sei se vou dizer se e a primeira ou a segunda republica, e a primeira republica do
Neto e a segunda República do dos Santos porque ouve mudança das constituições Neto ouve uma
constituição e com José Eduardo dos Santos ouve mas outra constituição, portanto a segunda republica de

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José Eduardo dos Santos concentrou paticamente toda atenção económica na produção de petróleo, e todos
os sectores ficaram pobres, mesmo a economia simples do pequeno cidadão perdeu o valor, produção de
banana, produção de ginguba, produção de mandioca, produção de tal, João Lourenço vem e repõe essas
coisas eu penso que é preciso continuar, é preciso continuar porque nos não seremos um pais
verdadeiramente independente se não formos economicamente independente, e então se conseguimos
desenvolver a agricultura, a agricultura vai chamar uma industria transformadora forte que nos vai permitir
também exportar os nossos produtos, as latas de conservas, a carne bovina e tudo isto Angola já exportava,
Angola alimentava esta africa toda que vimos de carne bovina no tempo colonial porque todo o sul do pais
Huambo e tudo milhares de cabeça de gado ora o pais esta ai João Lourenço pensou esta a seguir o método
de Deng Chao Ping da China, e a politica que João Lourenço esta a seguir.

- E as finanças publicas nos últimos anos, nos últimos dois anos?

- Bom as finanças publicas diria ai é que estão quer dizer o problema que finanças publicas que João
Lourenço encontra que nos saibamos como deputados da Assembleia Nacional nunca se fez um relatório
coerente, e conciso sobre a divida pública do pais, quando o mistério das finanças tentou pronunciar-se
sobre isto saíram muitos erros , erros de estimação do volume da divida pública que Eduardo dos Santos
tinha deixado, erros da apreciação, erros de localização onde e que estava esta divida pública com que num
sei quantos devia publica e divida internacional e isto também ficou assim a própria assembleia hoje, quer
dizer temos que adivinhar qual á a divida pública do pais, eu lembro me quando o fundo monetário
internacional estava a negociar connosco convocou uma reunião com os deputados e eu participei ai num
hotel ai nos combatentes e uma das primeiras questões que levantou era questão da divida publica que era
enorme que Angola já não podia suportar, mas como e que isto ia acontecer se quando portanto abre a
economia do mercado Angola não tinha divida, era o único pais africano que não devia o fundo monetário
internacional nem clube de Paris, nem a FMI, não Angola não tinha divida e verdade eu era exilado la fora
não podia por os pés em Angola nê, mas isso dava-me um certo orgulho e as pessoas epá o vosso país, um
pais africano sem divida porque todos os países africanos tinham dividas com o ocidente com as antigas
metrópoles angola não tinha mais depois da abertura do mercado voltando da ideia da tal criação da
burguesia que devia ter dinheiro esses dinheiros todos foram a vida, foram pros bancos, foram para as
Bahamas foram num sei quantos mas e o presidente João Lourenço vai ter muitas dificuldades em reaver
esses dinheiros.
- Pois é a outra questão
- Eu já estive a conversar com a bem pouco tempo com um economista que me disse, não dizia-me ele la
no ocidente onde o dinheiro foi parar e todo este mundo desenvolvido não trabalhão com dinheiro como
nos trabalhamos o dinheiro fica ai não eles esses dinheiro todo já esta investido, você pensa que eles vão
parar com todo os seus investimentos para trazer o dinheiro ca.
- Então ele não vai conseguir repatriar os capitais.
- Sim, isso não vai acontecer, vai apanhar isto e os outras coisas o governo Angolano vai ter que negociar,
os hotéis que estão a funcionar, as grandes fabricas que estão a funcionar com o dinheiro de Angola, e num
sei quantos mais, isso é um processo a longo tempo não é agora não se pode esperar aquele dinheiro que
esta espalhado la fora para se fazer qualquer coisa em angola, angola tem que criar outros mecanismos
financeiros e tudo isso e eu dei-lhe razão.

- Com certeza, mais acha que há mais créditos as empresas hoje?

- As empresas estão a fechar se bem que a política agora a política monetária que eu vi a última intervenção
do Sr. Governador do Banco é para encorajar, portanto o empresariado nacional a aguentar, mas também
encorajar sim é bom e os impostos, todo o ano de 2017, 2018 e 2019 não fizemos outra coisa se não cobrar
impostos, o que quer dizer que hoje as empresas estão submersas no sistema tributário insuportável.
- O cidadão em si.
- O cidadão em si é insuportável então a onde e que a economia vai, os outros países o que que acontece na
situação de uma economia, que esta num nível como o nosso o incentivo era suprimir os impostos dizer pra
tal, tal tipo de produtos não se paga impostos para tal tipo de importação o Estado encoraja isto, isto e num
sei quantos mais sobre tudo a importação de mátrias primas que devem criar as condições de produção do
país isentos portanto de impostos, não temos essas políticas, o que quer dizer que a pessoa abre uma empresa
logo nos primeiros rendimentos que tem só vão todos pagamentos dos impostos e a economia dificilmente
pode arrancar com isto quer dizer que, todas essas politicas tem que ser revistas se o presidente João
Lourenço quer ter sucesso realmente, agora ele esta preocupar entre a situação económica que e difícil e

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que muitas vezes e preciso fazer um esforcinho para poder conseguir ganhar certos domínios do outro lado
esta a pensar em ser reeleito, isso cria lhe uma situação.
- Encruzilhada.
- Encruzilhada, mas então se eu for muito duro também não vou seguir.
- Se não se for não consigo resultados, e acha que com o empreendedorismo que ele tem estado a
incentivar e com o apelo ao investimento no pais, há aqui alguma coisa para a economia?

- o apelo ao investimento há alguma coisa no pais mas, o investimento la fora essas pessoas trabalham com
direito, trabalhão com a justiça imagina que eu seja um investidor europeu quer investir em angola e nas
informações no dia seguinte estão a me mostrar as malas do Lussaty um exemplo como e que o dinheiro
vai parar espalhado numa casa, com milhares de coisas mas esse pais onde o dinheiro não tem segurança e
onde eu vou investir ele recolhe, aqui dentro fizeram aquilo como uma forma de propaganda para dizer que
o João Lourenço esta a lutar contra a corrupção, mas o resultado la fora é muito negativo essas são péssimas
imagens não ajudam o pais, podiam apresentar isso de uma outra forma talvez com as prisões e falar dos
números e tudo mas apresentar o dinheiro de uma maneira escandalosa como apresentaram só pode
acontecer no nosso pais.

- Fora do sistema financeiro.

- E verdade só podia acontecer num pais de negros e estes quando vêm isto, mais ai o dinheiro não tem
segurança nenhuma como e que se pode investir, esta propaganda que eles fizeram, fizeram ver que o João
Lourenço esta a lutar mesmo contra a corrupção tem efeitos contrários, ham, pode ter efeitos contrários la
fora porque o que eles querem é a segurança do dinheiros deles e isto a segurança se garante portanto com
o sistema bancário com a justiça, e a justiça falamos disto a pouco deixa desejar, ya deixa a desejar, deixa
a desejar porque o próprio juiz disse um dia que os julgamentos são feitos por encomendas então se o
julgamento é encomendado aquele senhor e que lhe de essa tenda porque me deve isso num sei quantos
mais porque o outro investiu o dinheiro dele e esta a ser condenado porque o angolano tem o amigo dele la
no tribunal.
- E complicado.
- E complicado muito ele que veio investir o seu dinheiro, eu não sei quem e que o Presidente da Republica
tem ao seu lado como conselheiros, mas precisa de ter uma pessoas quem tem uma experiência politica,
experiência de Estado, e preciso ele ter gente que tem experiência de Estado com cabeça firme que possa
de facto dizer que não faça isso, não faça aquilo e assim que os Estados funcionam.
- Isso vai ter uma grande influencia também no problema do emprego e desemprego?
- No emprego e no desemprego também tem uma grande influência, tem grande influência em termo
portanto de viabilidade ele já quis fazer avançar muita coisa mais cria-se uma fabrica que passado um tempo
estão a vir nos reportar que a fabrica esta parada a cinco meses como e que e se foi criado para empregar
gente agora cinco meses esta coiso e porque, porque o pais vive de importações e não tem dinheiro para
importar os, os investidores aqueles que criaram empreendimentos em Angola só são aqueles que tem já,
quer dizer as suas condições preparadas la fora mandam mercadorias, mas aqui o nosso sistema para dar a
mercadoria de Angola para fora e trazermos aqui a mercadoria fica um bocado complicado, mesmo nos
quando viajamos hoje para ter alguns tostões para puder andar ali assim é problema as divisa não saem num
lado e controlo portanto que se faz mas do outro lado também criam problemas para os investidores, para
aqueles que já investiram e precisam de pagar a divida la fora, investiu uma série de coisas aqui mas os
produtos aqui não rendem e num dam o rendimento suficiente para puder pagar a divida das importações e
isso então cria problema, e são os problemas que o pais tem nesse momento.

- E quanto a fome e a pobreza ele também se predispôs em combater fome e a pobreza, há algum
avanço nesses últimos seis meses?

- Bom avanço não pode haver porque, porque onde nos estamos a falar do desemprego galopante e o
desemprego esta aonde? Nas famílias, se as famílias e que estão desempregadas quer dizer que as famílias
é que estão pobres, não tem trabalho e consequentemente não tem recursos e prontos portanto a pobreza
mina as famílias, agora criaram um modelo que o nome creio, Kuenda, kuenda quer dizer andar em kikongo,
este modelo que consiste a subsidiar as famílias, fazem recenseamento de algumas famílias nas aldeias e
dá-se 15 mil kz, 10 mil, 7 mil kz e num sei que distribuição de dinheiro, isto ajuda numa primeira fase ajuda
a família talvez comprar isto, comprar aquilo mas onde há pobreza aquilo não e investimento pra produção
e eu as vezes sigo estes programas de televisão nestas pessoas porque hoje são os programas que passam
mais e quando dam o dinheiro, que é que os camponeses dizem, e obrigado Governo deu me 15 mil epá eu

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já vou comprar coadores para eu começar, vou abrir uma cantina aqui par vender o meu arroz ta ver não
vai produzir ele vai comprar o arroz no camião que veio da Huila pra revender porque e mas fácil do que ir
no campo portanto investir e investir dinheiro, o que quer dizer que e um investimento mal feito e um
investimento sem grande retorno, quer dizer eles querem fazer disto um investimento para tirar as pessoas
da pobreza mas não as pessoas vão se tornar dependente disto e torna-se cada vez mais pobre também
porque o campo onde eles tem toda a riqueza fica abandonado preferem ficar sentado durante o dia a vender
uma caixa de massa e num sei que, o Governo vai vir outa vez com mas tal 15 mil compra e num sei quantos
quer dizer para esta população esta sendo ajudada mas para o funcionamento do próprio sistema quer dizer
a economia esta parado porque esta desarticular o aparelho o camponês que se habituou a trabalhar duro no
campo mesmo no tempo colonial hoje já temos a idade que viemos de la vimos que as manhas as vilas
estavam abarrotados de camponeses que traziam todo tipo de produto e os comerciantes e que iam, oh Maria
pesa poe na balança e os camiões partiam para o Huambo para os portos exportar produtos que não eram
portanto produzidos pelos próprios europeus, mas pelos indígenas naquele tempo, europeu não ia no campo
produzir arroz e podiam estar la como capataz mas tudo, café, arroz, algodão, sisal era produzido pelos
africanos e os camiões enchiam os portos e as riquezas que se exportavam, hoje estes camponeses todos
estão completamente desarticulados já abandonaram os campos uns estão ai por Luanda nas grandes cidades
e agora os que ficaram estamos agora a desmobilizar los com este problema dar lhe dinheiro para não ir no
campo.

- Temos também a situação dos transportes públicos das redes viária ferroviárias que se fez nesse
domínio?

- Bom eu penso que as primeiras politicas depois da proclamação portanto do fim da guerra do pais foram
num bom sentido, foram num bom sentido porque em 8 anos o país recuperou quase todas as estradas eu
estou a falar com conhecimento de causa quer na campanha eleitoral de 2012 como 2017 girei o pais todo,
o pais todo fiquei encantado as estradas enfim quer dizer tinham aberto os comboios começaram a andar
mas o problema e a qualidade das infraestruturas e uma vez destas eu conversando com o embaixador da
china sobre a qualidade dos produtos. Depois ele me disse, Sr. deputado olha a china constrói segundo o
dinheiro que vocês pagam a china faz tudo se você lhe der dinheiro para eu fazer caixa de fósforos vou
fazer mesmo caixa de fósforos , se me der dinheiro para fazer uma caixa de ouro, só ouro mesmo eu faco
vocês reclamam as estradas mas o dinheiro que nos recebemos não dava para mais, a china pode construir
uma estrada que dura mil anos isso e possível mas depende do dinheiro que a gente recebe agora imagina,
não mandamos construir estradas de boa qualidade que hoje o asfalto já desapareceu em todo o lado não
sei se tem seguido a coisa os asfaltos já desapareceram e onde e que foi esse dinheiro que devíamos construir
as estradas aos chineses para fazer boas estradas estão nesta questão de corrupção que nos vimos foi
distribuídos as contas disto as contas daquilo e num sei quantos mais e eu lembro me aquilo que deu lugar
a tempestade num copo de água, a tempestade Paciana que levou o Miala na prisão e outros mais foi o que?
Foi a questão dos negócios, o negócio da china fez estremecer o futungo ou o palácio do Governo naquela
altura, e porque uns queriam ganhar, mais segundo aquilo que nos ouvimos depois os chineses disseram
epá, se vocês como ministros querem que a gente constrói temos que construir uma casa mas isso na China
isso e proibido nos na china não há nada disso dai resultou que o presidente da republica José Eduardo dos
Santos nessa altura ele próprio constituísse a volta de si um Gabinete de Reconstrução Nacional para
acompanhar portanto o processo de recuperação do território em todo o pais, os chineses fizeram o seu
trabalho, mas depois a manutenção o acompanhamento, quer nos caminhos de ferros, quer nas estradas,
quer nos hospitais tudo isto não se criou as condições e hoje os mesmos hospitais estão a ser recuperados
as mesmas estradas estão fechadas hoje, já não se pode passar ainda ontem eu estive a ver creio que nesta
região do Uíge ai kimbele para já a vias que estão cortadas mesmo já porque os caminhos já não se pode
passar, quer dizer este esforço todo tem que ter acompanhamento e depois o colono construía estradas
pensando no tempo da sua duração, nos estamos a construir estradas pensando nos dinheiros que vamos
encaixar e aquilo que nos vamos, para o inglês ver como se dizia no se seculo XIX (19), isso e para o inglês
ver e é a coisa, isto é assim, o Presidente João Lourenço pode fazer toda a coisa mas o aparelho do Estado
tem que ser restruturado na forma e tem que ter patriotas com uma outra mentalidade.

- E as questões de género em angola?

- Bom as questões do género em angola eu penso que angola não esta muito mal em termos de porque, nos
mesmo desde que o tempo colonial os outros países, esta e uma questão sociológica de divisão social do
trabalho os países africanos por onde eu já andei as mulheres são extremamente descriminadas, pelo menos
mesmo aqui na Republica Democrática do Congo a mulher é mesmo uma boneca para enfeitar para vestir

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e ficar ai por isso uma ou outra que é capaz de assumir portanto tarefas, outro tipos de tarefas mas Angola
não mesmo desde o tempo colonial nos mesmos no nosso próprio sistema social eu lembro me do me
falecido pai quando ele viajasse para o congo Belga quem lhe substituísse na responsabilidade do sobado e
tudo mais num sei que era a sua irmã a tia wanga era uma mulher forte, tinha palavra, tinha autoridade era
a wanga quem a substituía, o que quer dizer que já naquele tempo dava-se valor portanto a mulher, e o
Governo angolano eu penso que esta a seguir um bom exemplo, angola e o pais onde a mulher assume
muitas responsabilidades, a um cerca de 30% das mulheres em angola estão nos lugares cimeiros,
governadores, diretores, chefes de serviços com a responsabilidade, eu penso que nesse domínio nos não
estamos piores em relação aos outros países africanos.
- Muito bem. E a liberdade, desculpa falamos da justiça distributiva e social, há aqui uma justiça distributiva
em termos de recursos, em termos da riqueza que o país produz?
- A justiça distributiva faz se como, faz se com os salários, então aonde um homem chefe de família que
esta a ganhar 20 mil kz por mês e vai a correr porque não pode faltar e ele precisa desse dinheiro qual e a
justiça distributiva que nos podemos falar ai, não temos segurança social, em que o individuo chega num
hospital, aqui diz-se nos termos da constituição no ordenamento jurídico angolano em angola a saúde é
gratuita e o que esta nas leis, a educação também e gratuita e o que esta nas leis, mas vamos na pratica a
educação gratuita havia de garantir o que a tal justiça distributiva, a saúde gratuita havia de garantir o que,
havia de garantir portanto a tal justiça distributiva, a segurança social também isso tudo são instrumentos
que dão garantia a justiça distributiva quer dizer o produto nacional bruto tem no seu, na sua aplicação,
estão envolvidos todas as classes sociais no caso os salários não tem padrão o sistema no tempo colonial
fazia um padrão salarial, se o fulano e contino e porteiro todos os porteiros dopais o salario tem o mesmo
nível se ele é terceiro oficial todos os terceiros oficiais o salários tem o mesmo nível aqui não, não há
padrão de salario nos podemos encontrar pessoas em instituições diferentes a fazerem o mesmo trabalho
mas a ganharem salários completamente díspares então a justiça distributiva não pode quer dizer não existe
não temos onde, quais são os indicadores, os indicadores que digam que de facto isso é a justiça distributiva.

- E a liberdade de culto e de religião?

- Bom isto há, isto há e o que há demais aqui.


- As vezes ate os partidos políticos servem se um bocado das confissões religiosas para fazer passar o seu
pape a sua mensagem,
- Mas esta errado esta a ver, porque como disse alguém dai a Cezar o que é de Cezar e a Deus o que é de
Deus estas a ver, a nossa constituição proclama angola como um Estado laico, não podemos confundir a
função politica com a função religiosa, o Estado laico quer dizer que e a politica tem os seus próprios
mecanismos a religião também tem os seus mecanismos, no sistema colonial confundia nos essas duas
instituições muito mas isto vem desde o tempo da criação do papado e tinha a explicação que vem da idade
media esta ligação entre o Estado e o coiso isto vem desde o conselho da odisseia em que o imperador
romano chama as religiões e diz epá a partir de agora não vos vou perseguir mas em contra partida vocês
tem de ajudar o estado a ocupar isto a ocupar aquilo a governar e num sei quantos mais e assim que pois,
então já não tem romano isto vem dai a razão porque hoje a evidencia quando mesmo na europa onde há
palácio ao lado esta uma igreja, aqui é o palácio ali esta uma igreja, mas nos não, nos não podemos seguir
isto quer dizer porque queremos engordar a nossa forca politica precisamos de movimento religioso estamos
a confundia as coisas, agora o religioso que e militante isto e problema dele do religiosa ele deve aderir o
seu partido politico e sem demagogia estando de um lado a minha religião e a minha profissão, a religião
e uma questão de crença, uma questão de acreditar, mas a politica e uma questão de escolha nacional,
questão de programas e isto que ainda não temos no nosso pais.

- Esta bem, uma questão que eu deixei para o fim e a última mesmo já e de propósito pese embora já
falamos um bocado sobre a questão da saúde, que alterações e que se verificaram nos últimos dois
anos na educação e na saúde?

- Bom, na saúde construiu se mais hospitais foram muitos hospitais entraram mais médicos também no
sistema fez-se um esforço não suficiente, mas fez se um esforço no domínio da saúde, no domínio da
educação nos a um tempo atras tínhamos fora do sistemas de ensino nas ultimas estatísticas eu ainda era
subdecano ou o diretor da faculdade de economia as estatísticas iam para 30%de crianças que não tinham
acesso ao sistema de ensino, hoje esse numero diminuiu quer dizer que ouve um esforço enorme para coiso
esta questão da recuperação da infra estruturas e tudo ajudaram a diminuição portanto disso, e depois
estendeu se muitas instituições de ensino, as universidades encontraram uma abertura muito grande, mas
qual é o aspeto negativo e eu sempre combati isto como deputado, o aspeto negativo da universidade privada

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eu vivi num pais quase durante vinte e poucos anos em frança, em França não há universidades privadas
não há e qual e o critério dos franceses, os Franceses dizem que o cidadão não se forma no privado o cidadão
forma se nas instituições do estado a porque o estado e bom, então todas as universidades estão concentradas
nas mãos do Estado mesmo os diplomas dos institutos superiores que são privados passa pelo sistema estatal
é o sistema francês e é la onde eu estudei também e isto portanto e a politica para favorecer o cidadão esta
a ver agora, nos fomos também imitar o sistema brasileiro ou o sistema americano, multiplicamos as
instituições do ensino privado e o que que acontece se fizer um estudo sobre os programas daquilo que se
ensina vai encontrar uma disparidade enorme aquele que se ensina na faculdade de economia não é o que
se ensina numa outra faculdade de economia as mesmas faculdades, nas medicinas nas engenharias e num
sei quantos mais são coisas diferentes os professores cada um faz o seu programas ensina, não, a nação tem
que ter uma linha de pensamento, o ensino tem que ter uma linha de pensamento o que que se ensina no
primeiro ano o que que se ensina no segundo o que que ensina no terceiro ate chegar ao mestrado, o que
que vamos ensinar isto precisa portanto de uniformização do ensino e depois fazer lhe universidade a
escolha do cidadão porque a universidade privada nesse momento nem todo o cidadão tem dinheiro, nem
todo o cidadão tem dinheiro para pagar o seu filho a escola, outra pessoa que vai inscrever o seu filho na
universidade lusíada, pois quando se inscreve como é o privado tem sempre vícios de forma o que que
acontece ele já pagou a inscrição uma grande soma vão lhe cobrar a folha de prova tem que comprar vão
lhe cobrar portanto dinheiro para o cratão de identidade o dinheiro das inscrições que eu paguei assim e a
instituição privada depois colocam multa você já paga adiantado quer dizer que um dinheiro pago adiantado
quer dizer a prestação de serviço ainda não esta cumprida podia se cumprir e no fim de cada mês pode
cobrar uma multa porque o mês acabou o serviço já foi prestado. Ora o mês esta no principio se a conta e
paga dia 5 se for la pagar dia 7 paga multa, multa para que se o serviço também ainda não esta prestado,
sim a criança eu paguei a multa por um serviço não prestado a criança pode cair doente estar no hospital e
não frequentar a escola durante aquele mês e porque cobrar a multa mas isto é um principio de negociata
dos negócios e verdade e o principio dos negócios porque a escola passou a ser negocio quer dizer não estão
preocupados com a formação com a pessoa que eles têm que construir ali para o Angola do amanha essa
não é a primeira preocupação as preocupação são com os dinheiros que tem que apanhar aqui apanhar ali e
la e num sei quantos mais, não estão preocupados com aquilo que a criança tem que saber. Isto é um sistema
que tem que ser revisto.
- Muito obrigado Sr. Presidente.

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ENTREVISTA FEITA A DRA. CESINANDA KERLAN XAVIER, VICE-PRESIDENTE DA
CONVERGÊNCIA AMPLA DE SALVAÇÃO DE ANGOLA COLIGAÇÃO ELEITORAL (CASA-
CE) E DA SUA BANCADA PARLAMENTAR
Grupo I Aspetos políticos
1. O que pensa sobre as promessas do Presidente da República em relação a corrupção, a
impunidade e ao nepotismo?
Sobre as promessas do PR em relação a corrupção, a impunidade e ao nepotismo, penso que estamos numa
fase de maturação do atual contexto já que se viveu muitos anos de letargia quanto a essas questões e desse
ponto de vista, com alguns avanços e outrora alguns recuos, penso que a médio prazo essas questões aos
poucos serão efetivadas.
2. Do que tem observado qual a sua opinião sobre a promessa do Presidente da República
relacionada com a consolidação da democracia?
Dizer que a consolidação da democracia depende de vários aspetos nomeadamente, a acão das instituições,
entretanto, parece que tem havido algum esforço do PR apesar de não depender somente dele, mas de todo
um sistema político.

3. Qual é a sua posição em relação a possibilidade de existirem autarquias locais em Angola?

A minha opinião resume-se no facto de o país ser obrigado a caminhar para o sentido de implementação
das autarquias locais já que acaba sendo uma forma de consolidar a democracia, se olharmos na lógica da
descentralização política e administrativa.

4. O que pensa sobre a liberdade de expressão, manifestação e reunião?

Numa perspetiva comparada com os anos anteriores (entre 2010 a 2016) por exemplo, reconheço que houve
avanços significativos, não obstante uma ou outra situação pontual ainda assim, quero acreditar que se pode
fazer mais.

5. Qual é a sua opinião em relação aos direitos humanos em Angola?


Falar de direitos humanos em Angola é falar de uma questão que continua a ser um “não assunto”
principalmente para os atores políticos. Outrossim, determinados grupos da sociedade civil têm procurado
divulgar através de ações localizadas a importância dos direitos humanos em sociedades democráticas,
portanto ainda temos muito que aprender.

6. O que pensa sobre o trabalho dos Tribunais e da Procuradoria-Geral da República fazem-


no melhor na era João Lourenço?

Do meu ponto de vista, falar da ação dos Tribunais e da Procuradoria Geral da República, diria que acabam
sendo vítimas do próprio sistema que vigorou durante muitos anos. Atualmente (era João Lourenço), tem-
se feito um esforço em adotar outro rumo o que, no meu entender continua a esbarrar nas dificuldades
trazidas dos anos anteriores.

7. Que opinião é que tem em relação aos órgãos de Defesa, Segurança e Veteranos da Pátria?

Relativamente aos órgãos de Defesa, Segurança e Veteranos da Pátria devo dizer que quanto aos dois
primeiros (Defesa e Segurança), continuam a ter a devida relevância e têm trabalhado conforme o contexto.
No que toca aos Veteranos da Pátria, penso que deviam ser melhor dignificados.

8. Como avalia a mobilidade de cidadãos na CPLP e a imigração ilegal, enquanto preocupação


do Presidente João Lourenço?
9.
Avaliação feita resume-se no facto da preocupação de João Lourenço ser oportuna, numa altura em que na
CPLP, continuam com as dificuldades de mobilidade de cidadãos.
aspetos sociais
Grupo II Aspetos Económicos

10. Que análise se pode fazer em relação ao crescimento económico do país?

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O país viveu entre 2009 a 2014 um período áureo de crescimento económico. Desde então tem decrescido
de forma consistente. Há de facto uma recessão económica com graves consequências económicas e sociais.
Durante o boom registado, devido ao aumento do preço de petróleo e da respetiva produção e do
crescimento igualmente do sector não petrolífero ancorado ao petróleo, o país não soube aproveitar o fluxo
financeiro abundante na ordem dos 400 mil milhões de usd, (CEIC da Universidade Católica) para investir
na diversificação da economia e fazer sair o país da dependência dum recurso esgotável. Ao invés disso, o
dinheiro foi empregue em despesas correntes (má despesa), muitas delas supérfluas, usadas em
investimentos ilegítimos no exterior do país e desviadas por redes poderosíssimas de corrupção. Resultou
assim que o crescimento observado não foi sustentado, instabilidade que se manifesta de forma dramática
nesta fase de recessão, produzindo dois fenómenos económicos terríveis: pobreza e desemprego. A
existência duma política económica contorcionista, de austeridade, vai agravar ainda mais os aspetos
negativos da recessão.

11. Que avaliação faz as finanças públicas nos últimos 2 anos?

A estrutura das finanças públicas mantem-se do ponto de vista da sua alocação: pouca despesa para os
sectores da saúde e da educação, da agricultura e do apoio à atividade económica, preponderância para o
sector da Defesa e Segurança; concentração de receitas na presidência da república, bem como da gestão
orçamental; concentração da execução orçamental no poder central (85% do OGE) contra o poder local.
Desconcentração paliativa de verbas do PIIM (Programa de Investimento Integrado dos Municípios) e de
outros programas de luta contra a pobreza, como o Kwenda, e demagogias no que concerne ao orçamento
participativo (25 milhões de kwanzas).

12. Qual pensa ser o desfecho da política de repatriamento de capitais e recuperação de Ativos?

A grande maioria do capital ficará fora do país devido a sua origem duvidosa. Estes países que receberam
de bom grado o dinheiro vão agora aplicar as regras de compliance para o reter. Isto porque os visados não
querem dar o braço a torcer (não querem ser conhecidos) acham o roubo legitimo e o poder não quer mostrar
nem a magnitude nem as ligações do saque. Os procedimentos adotados pelo governo angolano acabarão
por denunciar a natureza ilegítima do capital que será por essa via apropriado pelo estado detentor. Uma
vez que a massa monetária é grande, tudo será feito para os capitais ficarem retidos, sobretudo em países
como em Portugal, onde o dinheiro roubado jogará grande papel no equilíbrio das finanças do próprio país.

13. Relativamente a Banca que avaliação faz ao crédito as empresas?

A Banca é um meio de fuga de capitais e de uso impróprio dos depósitos que saem para financiar a
acumulação primitiva do capital. A economia não logrou um nível de sustentabilidade, de negócios
regulares, de regras com mitigação de riscos dada a natureza da sua origem. A Banca é um provedor,
alimentada pelos recursos estatuais e da empresa petrolífera. Com maior controlo internacional a Banca
agora, depois de ter permitido o crédito malparado, investe na fonte segura de retorno, isto é, em títulos de
tesouro, ou seja, em capital especulativo, ao invés de o fazer na economia, dado que a grande força
financeira é do estado. Por isto, não corre o risco de conceder créditos, a empresários sem instinto produtivo
e atreitos a despesas pessoais de luxo e sem projetos com critérios económicos de avaliação. A própria
Banca foi habituada a conceder créditos em função “das ordens superiores” e não na base do critério
económico. O sistema revolta-se contra si próprio e provoca a paralisação da economia. Sem crédito o
investimento resultante do autofinanciamento é diminuto, num contexto em que as grandes fortunas se
mantêm no exterior do país. Há inda um fator económico que inibe o crédito (nos dois sentidos quer da
Banca, quer dos próprios empresários) que são as elevadas taxas de juro. Isto só muda se a política
económica for suficientemente corajosa para baixa-la aos níveis inferiores à própria inflação.

14. Como vê o empreendedorismo e o investimento nos últimos 2 anos?

A estrutura de partido estado limita a capacidade empreendedora dos cidadãos. A política do Governo não
foi para permitir o financiamento do empreendedorismo, mas financiar aqueles que podem ser fonte do seu
próprio financiamento partidário. Alimentou o dinheiro macho que dificultou a justa aplicação dos mesmos
para a criação de riqueza e para cumprimento da sua função social. Os fundos para a o incremento das
condições ambientais para o desenvolvimento económico e os capitais estão concentrados na atividade
petrolífera e diamantífera (economia de capital intensivo). Não há uma perspetiva coerente de crescimento
organizado e sustentável das pequenas e médias empresas, nem do sector agrícola onde o estado de forma

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inconsequente financia grandes projetos latifundiários ou de controlo estatal que a agricultura familiar. Com
mau ambiente e bastantes constrangimentos o empreendedorismo potencial não se realiza. Os últimos dois
anos não é, pois, diferente dos anteriores, apesar da tentativa do aperfeiçoamento dos mecanismos de acesso
a fundos, mas que esbarram no critério de lucratividade da Banca, como analisado acima, bem como nos
vícios da corrupção.
Por consequência, o investimento continua sendo insuficiente para gerar emprego. Pelo contrário a falta de
crédito e o não pagamento da dívida interna do estado às empresas, tem gerado falências e fechos de
empresas em magnitude maior que a abertura de novas empresas. Mesmo o investimento público que seria
a via para aumentar a oferta conjugada com melhoria salarial para estimular a procura, tem diminuído nos
últimos anos face a política de austeridade.
A privatização da economia a preços baixos tem conduzido a uma despatrimonialização do estado sem as
devidas compensações financeiras, mas uma vez que os capitais não retornaram elas têm beneficiado
sobretudo o capital externo que, mesmo assim, se mantém exíguo uma vez que Angola se mantem, dada a
corrupção que se reflete na tremenda burocracia, um país difícil para se fazer negocio (maus indicadores
do doing business).

Grupo III
aspetos sociais

15. Que tipo de avaliação faz a questão do emprego e do desemprego em Angola?

No período em que vivemos da Covid 19, são duas situações bastantes complexas já que o binómio emprego
vs. desemprego, têm tirado o sono de muitos governos. Para Angola em particular, apesar de o esforço que
o executivo angolano parece estar a fazer, penso que os sinais de redução do desemprego serão a médio
prazo pois, existem determinadas variáveis que não dependem do governo como é o caso dos investimentos
estrangeiros que seria um up grade no que se refere ao emprego.

16. Da observação que faz a situação da fome e da pobreza, qual será a evolução nos próximos
6 meses? Tem alguma ideia de como se pode ultrapassar esta mal?

O que posso dizer em relação a situação da fome e da pobreza é que, com o aproximar da realização das
eleições em 2022, o governo vai concentrar maiores recursos para acudir a situação aliás, as experiências
anteriores empurram-nos para este cenário. Penso que este mal pode ser ultrapassado com a conceção de
políticas públicas mais realistas e não com medidas paliativas.

17. O que pensa sobre as ações que têm sido implementadas nos setores da agricultura, pescas e
indústria?

Penso que vêm tarde. Ainda assim, é necessário que a atenção que se está a dar nesses sectores sejam
contínuos já que continuam a ser sectores extremamente estratégicos para o país e que em grande medida
contribuiriam para a redução do desemprego.

18. Como avalia os transportes púbicos e as redes viárias e ferroviárias?

Avaliação que faço é negativa pois continuam com as mesmas dificuldades de anos anteriores, precisa-se
de um investimento mais responsável e realista.

19. Que comentário pode fazer em relação as questões de género?

É um assunto que cada vez mais vai ganhando relevância na sociedade angolana, principalmente para as
gerações mais jovens e instruídas.

20. O que pensa sobre a justiça distributiva e social em Angola?

Relativamente a justiça distributiva e social em Angola, creio que precisamos aprender mais para pô-la em
prática, principalmente os gestores públicos.

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21. Como avalia a liberdade de culto e religião?

Pelo facto de Angola assumir-se como um Estado laico, a liberdade de culto e religião tem-se feito sentir o
que nalguns casos obriga a intervenção do próprio Estado devido alguns excessos por parte de determinados
grupos religiosos.

22. Na sua opinião, que alterações se verificaram nos últimos 2 anos na educação e saúde?

Em função da situação pandémica que assolou o mundo e em particular Angola, penso que não houve
alterações de relevo pois, as situações vivenciadas nesta fase, têm indicado que continuamos com um
caminho longo por percorrer.

ENTREVISTA FEITA AO DR. BENEDITO DANIEL, PRESIDENTE DO PARTIDO DE


RENOVAÇÃO SOCIAL (PRS) E DEPUTADO A ASSEMBLEIA NACIONAL

Muito. Obrigada por me ter recebido, mais uma vez agradeço gostaria que se identificasse por favor.
Eu sou Benedito Daniel Presidente do Partido de Renovação Social PRS.

Muito obrigado Sr. Presidente nos gostaríamos de saber qual e a opinião que o PRS tem em relação
as promessas do presidente João Lourenço sobre a impunidade a corrupção e o nepotismo.

Bom o Presidente João Lourenço na verdade tem tentado combater a impunidade o nepotismo e a corrupção,
mas acontece que ele já encontrou um sistema minado. significa dizer que o sistema e todo corrupto, sistema
e todo aquele que este caracterizado pela impunidade, que este caracterizado pelo nepotismo, e ate mesmo
indivíduos que circundam o próprio presidente estão enfermos dessas situações. Tem se feito alguma
educação ou alguma correção nestes indivíduos, mas que há nosso ver não surte assim bons efeitos e nos
temos até certo ponto algum sentimento de vermos que o presidente esta combater por tanto estes
fenómenos sozinho , mas de qualquer das formas e um processo que esperamos que as pessoas vão
engrenando nele paulatinamente a impunidade em si esta tem sido combatida porque como existem algumas
formas de ser combatida achamos que esta a diminuir mas o nepotismo nem tanto, o nepotismo apenas esta
a mudar de forma tempos atrás o nepotismo era de praticado de uma forma aberta mas agora parece nos
que e praticado já de forma fechada mas não podemos aferir aqui que desapareceu ainda não desapareceu
em muitos ser comuns dos órgãos de administração do estado ainda se continuam a praticar o nepotismo
mas como não e de forma aberta entretanto as pessoas não vêm a corrupção tem sido combatida mas
também de uma forma que nos não achamos justa porque a corrupção precisa de ser combatida agregando
a ela outras formas de corrupção outras formas que podem ajudar deixar se que a corrupção seja combatida
apenas nos meios judiciários não e um bom método . não e um bom método porque este metendo torna se
mas elitista mas a corrupção não é problema das elites apenas a corrupção começa mesmo aqui em baixo
nas classes sociais mas baixas e enquanto não se combate a corrupção nas classes sociais mas baixas apenas
se combate ao nível das elites estamos combater a corrupção a nível das elites mas ela esta florescer no
nível mais baixo .
SR. Presidente em relação a consolidação da democracia também é uma promessa que ele fez disse
que ia consolidar e estabilizar acha que há avanços neste período da sua governação.

Não creio. não creio porque há consolidação da democracia tem que passar por alguns parâmetros por tanto
uns dos parâmetros mais importante e a livre expressão das pessoas eu não posso acreditar que os angolanos
tenham uma livre expressão porque existem várias dificuldades essencialmente com a nossa imprensa
mesmo certos órgãos as pessoas não podem expressar livremente. aquilo que eles desejam ate certo ponto
a expressão de ideias contrárias aquilo que o poder professa torna se crime aqui em angola nos os políticos
por exemplo que as vezes pensamos o contrário mesmo que ainda não pensamos o contrário temos imensas
dificuldades de passarmos as nossas palavras os nossos pensamentos nos órgãos de comunicação social
públicos e muito difícil nos aparecermos ao menos portanto que essa ideia seja dos próprios órgãos mas
senão e extremamente difícil as atividades dos partidos políticos da oposição exceto algumas nos por
exemplo na qualidade de partido de renovação social sentimos muitas dificuldades de passarmos as nossas
atividades nesses órgãos públicos e o que acontece e que as vezes em todos os acontecimentos ou todas as
realizações ou eventos que nos realizamos convidamos a televisão publica de angola, convidamos a tv
zimbo eles aparecem gravam tudo e nunca passam nada portanto estas gravações simplesmente vão para
serem analisados vão para serem estudados para depois contra por e entretanto não passar nada para o
angolano ver para os militantes do PRS verem que existe um outro partido com outros pensamentos .

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Então quer dizer que não existe liberdade de reunião nem liberdade de expressão?

Não existe isto, ainda esta por se concretizar eu acho que o presidente prometeu houve um período se calhar
de 3 ou 6 meses que nos ate esvamos a pensar que o paradigma mudou que nos haveríamos de viver uma
liberdade de imprensa de expressão e de opinião muito mas boa mas depois fecharam o circuito esta fechado
eu não posso aqui aferir doutor que existe liberdade de opinião ou a liberdade de expressão politicamente
e ventilado mas materialmente ou praticamente não existe.

E em relação aos direitos humanos em Angola acha que no mandato do Presidente João Lourenço
houve uma evolução, a respeito ou nem por isso?

Agora mata se mais gente do que antes eu posso dar o exemplo do que aconteceu em cafunfo por tanto em
cafunfo pessoas foram mortas simplesmente porque estavam a manifestar e a exigência era Água, Luz,
emprego, saúde e estrada. mas, entretanto, foram mal interpretados foram considerados de independentistas
divisionistas, portanto todos os nomes possíveis lhes foram dados e ai foi uma chacina que se perpetuou
tanto e que o próprio governo nunca assumiu e nunca pelo menos trouxe ao público o verdadeiro números
das pessoas que ai tinham sido chacinadas falou se apenas em 6 cidadãos enquanto o numero e a para muito
alem de 70 indivíduos e não se pediu pelo menos alguma desculpa aquela população ou se justificar que
tinha sido por erro e não só nesta parcela das lundas que onde mais se viola os direitos humanos creio que
e nas lundas e em cabinda nunca passou um dia sem morrer alguém e os indivíduos que matam que são das
tropas de interversão rápida das forças armadas irregulares da policia nacional nunca são responsabilizados
portanto matam e ninguém diz nada não há procuradoria não há tribunal na há nada e se haver procuradoria
e do povo nunca vai haver procuradoria da aquele que esta ao serviço do estado daquele que defende o
estado por tanto para nos achamos que não há apesar de luanda mesmo em luanda nas suas manifestações
também viu a ser reprimida com força muito desproporcional na então não podemos dizer que evolui
alguma coisa.

E em relação a procuradoria-geral e os tribunais já que tocou neste assunto acha que na era de João
Lourenço trabalham melhor.

Ai sim os tribunais estão a melhorar em termos de sentença, mas ainda pecam em termos de atraso de
processo mais isto e justificado segundo eles pelo número de magistrados e de juízes que tem se formos
haver os tribunais anteriores as sentenças eram políticas eram encomendadas algumas pessoas eram ate
sentenciadas com penas que nem sequer existiam no nosso código penal posso ate aferir aqui um exemplo
claro de José Calupeteca que foi um discedente da igreja adventista que estava em montanha a fazer as suas
orações por qualquer circunstancia colidiu com as forças de ordem e a ele foi lhe imputado crime por tanto
de morte de alguns elementos da policia nacional foi condenado a 35 anos a de prisão maior e ate ai esta
pena de prisão maior não existia no ordenamento penal do nosso pais portanto o código penal apenas previa
uma pena máxima de 24 anos e nos nunca soubemos onde e que o juiz tirou a pena de 35 anos portanto em
que artigo se baseou e compreendemos facilmente que foi uma encomenda politica mas agora não e tanto
agora não acontece porque realmente os juízes já baseiam se mas no direito e nos factos pelo menos já
condenam os réus segundo a prescrição do código penal já não a tanta interferência dos políticos ali
achamos que os tribunais estão a melhorar acho que há também uma certa fiscalização da procuradoria,
a procuradoria nos últimos anos tem fiscalizado muito os tribunais ali há situação esta a mudar embora que
haja muita coisa que devem ser mudada porque os tribunais não têm condições de trabalho principalmente
nas províncias o números de juízes e muito reduzido este sector ficou muito fechado durante muito tempo
eles elitizaram o sector não porque não haja juízes muitos no desemprego o sector foi muito elitista assim
como procuradores também estão no desemprego porque o sector era elitista portanto tinha que passar por
processo políticos para se chegar ate la e isso fez com que o sector apresentasse as insuficiências que tem
agora mas que esta a melhorar este sim esta a melhorar.

Muito bem, e as autarquias locas também o é um processo que prometeu efetivar como é que estamos
quanto a isto?

As autarquias estão engavetadas. vai ficando difícil falar sobre as autarquias porque agora ninguém mas
fala delas era desejo do povo angolano e dos partidos políticos para que as autarquias fossem realizadas

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mas infelizmente o presidente da republica a um determinado momento veio a público dizer que se
realizariam as eleições autárquicas porque nunca foram convocadas como nunca foram convocadas
teríamos que esperar ou ate que fossem convocadas ou ate que se criassem condições para sua convocação
na nossa analise politica pensamos que as condições aqui se referiam eram os pogramas de intervenção nos
municípios os famosos PIMI que eles querem implementar nos municípios e que a um determinado
momento poderiam ser um indicativo aos populares ou aos eleitores para se dizer que o governo fez
qualquer coisa para depois serem chamados a eleição mas infeliz mente estes projetos também têm
conhecidos insuficiências tudo porque onde poderiam ser realizadas não existem acesso não existem
estradas não tem como se chegar la os governadores estão encurralados eles fazem um projeto que devia
ser realizado ai onde e necessário ele vai realiza lo onde existe uma via de acesso as vezes não e ai onde e
necessário o projeto e agora não se fala mas das autarquias uns diziam que elas deverão ser à cupuladas as
eleições gerais o que não pode ser a oposição mesmo o povo angolano não aceita isto alguns aventam 2023
ou 2024 como ano provável da realização das autarquias mas para nos e melhor aferimos que não existe
nada sobre as autarquias.
Outras responsabilidades sociais que os partidos políticos também não podem fugir e a questão dos
órgãos de defesa e segurança ordem interna e veteranos da pátria, o que acha que se esta a fazer neste
domínio?

Angola tem um numero muito elevado dos veteranos da pátria tudo porque a guerra em angola durou muitos
anos e como muitas etapas nos tivemos uma guerra de libertação do colonialismo com aproximadamente 3
exércitos e nos tivemos outra guerra que se enquadrou na chamada guerra civil que durou tantos anos com
aproximadamente 2 exércitos e não houve controlo desses exércitos ou das pessoas que combateram e que
depois saiam das forças armadas a maioria destes elementos estão abandonados muitos deles ate foram
bons oficiais nas forças armadas adstritas mesmo ao MPLA que são as FPLAS outros foram bons nas
FALA outros foram bons na ELNA mas estão abandonados todos os esforços que foram feitos nestes
sentidos para que estas pessoas fossem recuperadas caíram na corrupção o que aconteceu e que tanto a
caixa social como o ministério o antigo ministério dos veteranos de guerra antes ser a cupulado ao ministério
da defesa uns metiam familiares que nunca combateram familiares que não tinham idade não havia
averiguação possível foram enchendo a caixa de segurança do exercito foram enchendo o antigo ministério
dos antigos combatentes e aquelas pessoas que realmente deveriam estar na aquela caixa portanto nunca
estiveram e um serviço teórico não podemos não podemos dizer que e pratico porque ainda não vimos
resultados deste trabalho tem sido feito pelo ministério da defesa de um recadastramento. têm recadastrado
as pessoas no sentido de expurgar esses fantasmas que encheram a caixa social para que possam realmente
entrar na caixa social a queles que têm o direito de ai estar mas este trabalho tem se revelado muito difícil
porque em cada estancia os contornos são muito difícil e ate agora ainda não se conseguiu avançar com
este processo as coisas continuam na mesma para além disto eu próprio não sei como e que podemos chamar
aquilo se e subsidio ou vencimento que se da ao antigo combatente, nos queremos copiar o que se faz na
américa um capitalismo muito rápido mas o antigo combatente americano vive bem isto nos não queremos
copiar pagamos 20.000 00 há um antigo combatente há um veterano da pátria que pode ter por ai 8 filhos
9, 10 ainda que tenha 5 não consegue meter o filho na escola, não consegue comprar caderno para o filho
portanto estas pessoas vivem sem dignidade muito difícil acreditar-se que estas pessoas deram toda sua
mocidade fizeram tudo para um pais que hoje se diz independente democrático.
Muito bem de facto. outra questão que também prometeu e que ia trabalhar muito para que a
mobilidade na CPLP fosse um facto, acha que o presidente tem estado a se empenhar neste aspeto?

Há nível internacional sim a nível internacional acho que o presidente tem se empenhado porque angola e
um pais que estava esquecido no concerto das nações angola durante muitos anos não tinha ninguém na
união africana e se tivesse só era um tradutor se calhar um secretario que estaria em níveis muito baixo na
própria CPLP não tinha nada na própria SADC também não tinha e um dos problemas que pairava sobre
angola era o problema de línguas porque os angolanos confinaram se muito em português apenas era difícil
encontrar quadros angolanos de gabaritos que pudessem ser de langues pelo menos que dominassem o
inglês ou dominassem o francês portanto eram situações muitos difíceis foram marginalizados por causa
disto mas depois que começaram a superar estava sendo difícil eles puderem realmente chegarem a lugares
sinérgicos mas agora em pouco tempo acho que ele conseguiu superar isto porque já temos mesmo quadro
ao nível da SADC e quadros mesmo com boas posições temos também ao nível da CPLP temos ao nível
da UNIÃO AFRICANA pelo menos já estamos a contar ai com 2 pelo menos da Josefa saco mais um outro
temos agora o antigo ministro das Relações Exterior que agora esta na africa caraíbas e pacifico ex.
secretario geral ali esta a se dar passos esta a se dar passos porque em menos de 3 anos conseguiu se colocar
os angolanos também nestas organizações internacionais não só na SADC mas também em outras

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organizações como na SDAO na ACP e na união Africana na CPLP e na SADC, ali a politica Internacional
mudou sim ali conseguiu se êxitos não podemos esperar muito porque nos anos anteriores reservava se na
UNIÃO AFRICA 70 lugares para Angola nem um só era preenchido mas agora a situação começa a mudar
porque em 70 lugares que podem ser reservados pelo menos 10 já podem ser preenchido e podemos dizer
que esta se subir as escadas.

Muito bem vamos fugir um bocado para as questões económicas, também disse que ia impulsionar o
crescimento económico do país há resultados?

O fracasso e total o critério que se tem adotado e um critério que vai impulsionar se calhar mas também
não soubemos quando vai impulsionar a economia do pais mas iremos voltar nos critérios do passado em
que esta economia vai ser impulsionada mas que nunca ira se refletir na vida das populações ai o presidente
começou já a navegar contra a mare quando ele herdou o pais , o pais praticamente foi saqueado segundo
ele tanto não encontrou dinheiros aqueles que estavam a investir foram todos porque o pais era corrupto os
ricos angolanos nunca investiram no pais a maioria das industrias eram estatais foram completamente
abandonadas os parques industrias que estavam a ser em angola paralisaram totalmente que não eram muito
portanto e só em luanda e bengo, Huambo mais ou menos Huíla o resto do pais não tem absolutamente
nada mas na tentativa de se poder trazer investidores para angola este processo não foi rápido não foi rápido
porque a COVID impediu e tinha que passar por alguns processos os primeiros tinham que retificar as leis
para fazerem leis favoráveis aquelas leis que fossem atraentes para trazerem os investidores em segundo
lugar tinha que se vender as fabricas as industrias e o processo de vendas ainda continuam também nunca
esclareceram quem esta a comprar essas fabricas e quando poderão funcionar e tudo ainda esta parado pensa
se em reativar a macro economia mas a macro economia não vai trazer o bem estar para as populações
como nunca trouxe em nenhum pais nos podemos pensar industrializar o pais mais industrializar o pais não
e fator do bem estar social ai nos criticamos porque estamos a ver pogramas que estão a começar nos ramos
ou nas folhas para depois descer enquanto deviam começar no tronco as micro pequenas e medias empresas
desapareceram tanto por conta da COVID ou mesmo por conta das dificuldades financeira porque o poder
de compra das pessoas caiu drasticamente ninguém tem mais dinheiro para sustentar estas pequenas
empresas e a situação esta muito drástica para a população mas eles começam a pensar em grandes
industrias o que vai a acontecer e justamente que essas industrias vão existir vão produzir um telefone este
telefone vai ser caro e o angolano não vai ter dinheiro para comprar aquele telefone embora que ele vai ser
produzido aqui vão trazer uma industria de trator a industria de trator vai fornecer trator e o angolano não
vai ter dinheiro para comprar porque e o angolano que não tem dinheiro e o resultado ou o investidor vai
exporta esses materiais que fabricam para o seu pais ou vai arranjar um país qualquer onde vai vender e
não vai ser em Angola por tanto, é aí onde é reside o problema mas não se avançou em nada agora embora
que os angolanos já venham a viver mal a situação piorou ene vezes porque é muito difícil ver pessoas que
podemos considerar sã a viver do lixo hoje muita mamãe muitos papas mães com crianças vivem do lixo
eles fazem acampamentos nos contentores de lixo esperando as pessoas que vêm botar(deitar) o lixo para
daí aproveitarem qualquer coisa para comer mesmo as pessoas que trabalham hoje têm uma refeição por
dia e as vezes essa refeição é apenas pão, por tanto, o tecido industrial não existe, está todo ele degradado,
as pequenas e microempresas não existem por conta do Covid foram despejados ene ou centena de pessoas
ou milhares de pessoas para o desemprego. O desemprego aumentou muito mais para além daqueles que
eles próprio vieram a criar porque o sistema criou desemprego. Nós, há muito vínhamos alertando que
estava a se criar desemprego de forma desnecessária, mas ninguém se preocupou em oferecer o emprego
as pessoas, agora toda a atenção está em revitalizar a macroeconomia muito bem. mas o governo pensa que
tem que haver a macro- economia para haver muitos impostos para poder distribuir bem a renda nacional
porque o governo não pode distribuir aquilo que não tem, mas as pessoas não vão viver apenas dos impostos
o que o estado vai cobrar.

Já que tocou nisso acredita que a fome e a pobreza que se nota como…nos últimos 6 meses não
fizeram nenhuma evolução produtiva

R: não está a se multiplicar porque combater a fome e a pobreza temos que ter foco, temos que ter
comunidades bem identificadas aí é onde nós vamos saber que há fome é aí onde nós vamos combater mas
se tivermos que ter todo a população faminta não podemos dizer que estamos a evoluir o problema é que,
eles podem preocupar-se . com o Cazombo onde tem focos de pessoas bem identificadas que estão a passar
fome mais aqui em luanda também tem endividou aqui em Luanda a passar fome que ninguém conhece
que não foram identificados ou se calhar ninguém está preocupado com eles é o que está a acontecer,
podemos levar o kwenda no Uíge, num município que podemos identificar que há fome Mas aqui no Cuanza

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Sul há fome mesmo e cuanza sul é a escassos quilómetro de Luanda no Bengo aqui no Quibaixe há fome é
difícil mesmo saindo daqui para Quibaixe podemos encontrar senhoras a venderem laranjas tangerinas
maracujás, etc. mais se o Dr. Dar 500kz para comprar um balde de maracujá que pode custar 200kz não
tem 300kz para dar o troco, nem tem 100kz porque durante um mês nunca viu 100 e ninguém está
preocupado com essas pessoas por tanto a ideia que se tem é essa gente vivem não! e por tanto seria muito
trabalho ou tem que se fazer trabalho para se identificarem as pessoas, por tanto eles Vão identificando
focos por aí e por acolá, mas a verdade é que enquanto se faz isso há uma generalização da fome.

Enquanto já falou aqui que o presidente encontrou os cofres vazios como é que acha que estamos nos
últimos 2 anos as finanças públicas no país?

R: finanças públicas do país não melhoraram! Porque se tivessem melhorado haveria algum aumento dos
vencimentos da função pública algumas técnicas resultaram uma da técnicas que resultou é que os
vencimentos da função públicas eram sustentados com os dinheiros do petróleo por tanto era o petróleo que
costeava as despesas públicas do estado a partir dos vencimentos até a outras despesas mas felizmente agora
já não é o caso, por tanto agora já se consegue ter o dinheiro dos impostos e só o dinheiro dos impostos e
só o dinheiro dos impostos já sustenta os vencimentos da função pública, nesta altura o petróleo subiu, o
barril de petróleo subiu, seria um momento em que Angola poderia voltar se calhar aquela altura de vacas
gordas por tanto por conta da subida do barril de petróleo, mais o que aconteceu é que por causa do corana
vírus a produção também baixou, Angola já não produz as mesma quantidades de petróleo dos anos
anteriores, isso está criar um transtorno e equilíbrio, não podemos falar de equilíbrio porque a dívida ainda
é enorme de Angola tanto a Dívida interna e externa ainda persiste o que existe é que tem sido amortizada,
mas ainda não chegou nos níveis que podemos considerar que são mas ou menos aceitáveis, nesta área tem
havido alguns esforço mas ainda não existe equilíbrio, não podemos falar de equilíbrio o esforço sim
podemos reconhecer os exercícios que tem vindo a ser feito, mas equilíbrio como tal não existe porque as
pessoas estão apertadas não ganham nada e o estado não sabe como poder compensar o esfoço dos
trabalhadores porque não tem dinheiro
E o repatriamento de capitais e os demais e a recuperação de activos que prometeu, como é que está?

R: Essa situação nos deixa alguma dúvida, de um tempo a esta parte a procuradoria tem anunciado os
dinheiros que tem sido recuperados ao nível do exterior mas o presidente da república dizia que é gota de
água no oceano, em relação o dinheiro e os meios que essas pessoas tem, por tanto tudo o que está a voltar
para o país é uma gota de água no oceano porquê! porque é a maioria dos angolanos quando empreenderam
nesses países encontraram países com leis diferentes, e nós já prevíamos isso, alguns associaram-se aos
nacionais daqueles países, de formas que o estado angolano não teve o cuidado levou o processo muito
apressado, não teve o cuidado de estudar memorizadamente a situação de cade país, em muitos países
quando se tentou esse repatriamento, o capital e os meios reverteram-se ao sócio nacional desse país e por
tanto é que rápidos ao sócio nacional daquele país e por tanto o que aconteceu é que, é Angola que ficou a
perder, e é o angolano que ficou a perder existiram mesmo casos em que é o estado daquele país é o caso
de Portugal que ficou com as empresas do angolano, por tanto um julgamento alhas, um decreto da justiça
sem nenhum julgamento você produziu essas riquezas no nosso país e por tanto a riqueza foi adquirida de
forma desonesta então reverte-se ao estado Português ou Argentino, coisas dessa natureza tudo que tem
voltado para Angola são partes exíguos que deviriam ser dinheiros que estavam em alguns bancos ou meios
que eram propriedade dos angolanos isso sim, mais são dinheiro insignificantes. hoje por exemplo a
procuradoria dizia que o dinheiro dos angolanos com processos na procuradoria ronda por aí em cerca de
mil milhões de dólares mais é uma gota no oceano porque mil milhões de dólares era só dinheiro de
angolano, e por tanto é esse dinheiro que vai voltar para o país para cobrir os processos de ene angolanos e
angolanos não está a ganhar muito com isso, a única coisa que provavelmente vai ganhar é só distinguir a
corrupção mas pensarmos que esses capitais vão servir o país não, não são significativos.

Em relação ao investimento e o empreendedorismo acha que há mais investimento na era do João


Lourenço, há mais impressas interessadas a virem há mais riqueza nesse sentido em perspetivas?

Estamos ainda em promessas, aí sim, porque vai haver mais empresas porque o parque industrial de Luanda
está completamente vendido, uma ou outra empresa que falta por ser vendido e ainda têm vindo empresários
que querem construir as suas infraestruturas em Angola, acho que o corona vírus como é uma situação
internacional é um fator de impedimento nessa perspetivas se não houvesse o corona vírus aí sim porque
as leis mudaram substancialmente e elas mesmo são favoráveis aos estrangeiros aí também não
concordamos completamente porque nós achamos que atracão de investimento também devia contribuir

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para o enriquecimento internacional.. servir para justificar…. mas em felizmente ..estão a favor disso … o
estrangeiro vem pode investir e pode investir e voltar com o seu próprio capital aí é muito complicado …
tenhas leis mais favoráveis anteriormente que essas porque essas dão independência total ao investidor não
precisa de se aliar ao angolano também não precisa de ter problema com seu capital investir onde quer ir
pega no seu capital vai se embora dessa este país da mesma forma que o encontrou mete um número muito
elevado de angolanos no desemprego que trabalharam na sua fábrica e ai acabou com essas leis acho que
atracão dos empresários vai ser maior porque tudo que eles querem é o capital aí a perspetiva sim é maior
se não fosse o corona vírus entretanto acho que já teríamos muitos empresários em Angola.
E as Ações nas agriculturas, pesca e na indústria? Já se fazem. Na indústria já se falou um pouco e
na agricultura e a pesca?
A agricultura estava sonegada graças ao corona vírus então as pessoas despertaram e acharam que têm que
praticarem a agricultura mais Ainda temos alguns problemas, os problemas que temos é que a produção
ainda é uma produção familiar, a produção mecanizada é assim muito reduzida por tanto de pessoas
contadas, em uma província pode haver duas ou três empresários com essa produção mais aí também o
desenvolvimento vai ser rápido por causa da ocupação que os angolanos têm de auto se sustentar-se e
também por causa dos investimento que estão sendo feitos pelo Banco mundial, pelo Banco de
desenvolvimento Africano e outros Bancos que estão interessados em apoiar a Agricultura. Existem
problema por serem resolvidos como os problemas das vias de acessos onde se faz a produção, não há vias
de acessos também os carros as vezes não chegam la é exatamente isso que acontece produz-se mais depois
não se sabe como se evacuar a produção, aí o desenvolvimento vai ser rápido e a única questão aí que muito
previsível também vai ser mesmo a disputa de terras, daqui a mais 5 anos não vai haver terra para se cultivar.
Se antes o camponês queria ter uma lavra apenas para o seu consumo hoje quer ter 3, 4 lavras quer ter pelo
menos 2 lavras para o seu consumo e 2 para o seu negócio, ele vai pegar nessas 3 lavras para poder fazer
os seus negócios para ter dinheiro e já começa a aparecer um fenómeno porque as terras em angola , as
terras dos atóteles são limitados porque cada povoação tem os seus limites quer dizer os rios onde deve
cultivar e já começa acontecer o fenómeno de que um Soba por exemplo de uma determinada aldeia tem
terras para distribuir para a sua população que é mesmo a sua população como terá para dar as outras
pessoas, aos estrangeiro é um fenómeno novo que mais ou menos começa aparecer, agora quanto as pescas;
as pescas estamos muito longe não há investimento para os angolanos, o peixe hoje é muito caro, nós temos
um oceano atlântico e não sabemos onde é que para o nosso peixe, por tanto existem arrastões inter-
continentais coreanos Japonês espanhóis levam todo peixe o angolano o quê que tem! Uma traineira de 15
metros, esses é o angolano que se considera empresário se calhar é uma traineira de 20 metros e os outros
só têm chatas que vão pescar quilos não pescam toneladas, por tanto tem que haver mesmo investimento
nas pescas aí os angolanos estão muito atrás podemos ter empresários contados se calhar não vão chegar
30 nem 40 e pelo menos podem afirmar se é que fazem esse trabalho das pescas e se o fazem tem que estar
associado a um estrangeiro.

E as questões dos transportes públicos, as redes viárias e ferroviárias como é que estão?

R: Bom… Também estão nas mãos dos estrangeiros partindo mesmo da capital. Os transportes públicos
pertencentes a angolanos seria a TECUL que é estatal, a MACON que é privada, a TURA que já está a
suspirar, por tanto está na fase do seu desaparecimento e são essas grandes empresas. Nas províncias
existem autocarros de pessoas, não existem redes, por tanto rodoviárias não existem e há alguns estrangeiros
por tanto que tentaram desenvolver esse ramo de atividade, como: ANGORREAL mas que agora está na
beira da falência por causa do Corona vírus já despediu metade dos trabalhadores agora está em via de
despedir outra metade, não pode fazer porque não tem como indemnizar esses trabalhadores por tanto o
corona vírus já está….ja não tínhamos uma rede rodoviária sustentado e contestada mas com o corona vírus
os problemas aumentaram e porquê! isso tudo se deveu a centralização e porque as redes rodoviária estão
mais centralizadas aqui na capital tudo que existe nas províncias é alguma extensão da mesma MACON
que está do mesmo ANGOREAL que está aí na beira da falência já despediu metade dos trabalhadores
agora está em via de despedir outra metade não pode fazer porque não tem como indemnizar esses
trabalhadores e por tanto o Corona vírus também já está a,,, já não tínhamos uma rede rodoviária
sustentável , …. Mas o Corona vírus os problemas aumentaram e porquê! Isto se deveu a descentralização
e porque as redes estavam, mas centralizadas aqui na capital. Tudo que existe nas províncias é alguma
atenção apenas da mesma MACON que está aqui mesmo a ANGORREAL que está aí nós podemos
encontrar uma rosalina que está aí tem um ou 2 autocarros como por exemplo a MORVIC EXPRESSES
não podemos falar da rede rodoviária por tanto um número de autocarros para transportar pessoas. Agora a
rede ferroviária é a mesma coisa. Nós ouvimos de comboio que chegaram a Benguela porque se tivéssemos
que ter uma rede ferroviária mais desenvolvida é mesmo é o caminho de ferro de Benguela que tem mais

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números de locomotivas que têm mais números de carruagem etc, etc. mais nunca vimos a circular dizem
que e existem, mas não sabemos se podemos aferir com propriedade, se existe ou não existe mas, de facto
existe se não existe agora com problemas de corona Virus números de viagem foi drasticamente reduzido
por 7 viagens por semana com 2 a 3, agora se falo do caminho de ferro de luanda, é um problema, caminho
de ferro de Moçâmedes, é outro problema.

E as questões dos géneros?

R: Bom aí tem havido evolução porque acho que é uma preocupação do executivo tendo em conta que
mesmo nos partidos políticos, os partidos políticos têm lutado para observar essa situação não se tem 50%
de senhoras mas pode -se chegar a 20, 30%, aquí mesmo na Assembleia também tem sofrido uma luta para
ver se observado muita luta para ver se algum dia se possa chegar 50% de senhoras e 50% de homem mais
a percentagem tem aumentado até mais ou menos 30% por aí. No Governo o esfoço também tem sido feito
para se colocar algumas governadoras provinciais, algumas Ministras. Aí tem-se feito algum esforço estou
a increr que o partido que governa como o próprio presidente assumiu compromisso que vai fazer validade
no próximo congresso para haver 50% de homens e 50% de mulheres daí poderão vir mulheres que poderão
preencher outras vagas ao nível de outros órgãos de administração do estado para compensar, aí está a se
fazer passos.

E a justiça distributiva social, acha que a riqueza nacional tem sido bem repartida nos últimos
tempos?

R: aí não, as assimetrias e eu já disso isso várias vezes mesmo na Assembleia Nacional começam na própria
distribuição do orçamento geral do estado. Mesmo nós como deputados e eu já fiz também essa pergunta
várias vezes, não sabemos quais são os critérios em que se baseiam para a elaboração do Orçamento geral
do Estado, não sabemos se o critério é a população se o critério é o nível de desenvolvimento que uma
província tem, se o critério é o grau das necessidades que uma província tem! Não conseguimos entender
isso, o que podemos aqui afirmar é que as províncias quase têm um orçamento de instante, os que recebem
mais recebem sempre mais dão aqueles valores mesmo ainda que subir um bocadinho é um valor
aproximado, os que recebem menos sempre recebem menos se aumentar um bocadinho é uma percentagem
mínima os que fazem maiores realizações são as mesmas províncias com maiores realizações. As províncias
com menos realizações são as mesmas e ali vem um problema, por tanto quando as receitas não chegam
não se tem receitas para se fazer muitas despesas e esse é o resultado das assimetrias e o mas doloroso é
que existem províncias que produzem riquezas posso falar, a províncias do Zaíre, que produz petróleo mais
que não tem nada tirando a energia agora que é resultante das centrais térmicas do resto não tem nada as
Lundas com os Diamantes são matas se aí nós queremos mostrar algo emblemático que seja de África, é lá
onde podermos tirar uma foto e mostrar a um Europeu essas pessoas ainda vivem a vida do século 12(XII)
ou no século não sei quê não conhece uma televisão qualquer. Na aldeia não podemos falar de luz, a água
potável, não podemos falar em nada e as vezes a mina de diamantes vem para derrubar a casa dele e dizer
que ele tem que sair para dar mais 10 metros para construir a sua casa a 10 metros e nem se quer sabe como
vai construir a sua própria casa porque vai ter que tirar aquelas chapas que já furaram para colocar
novamente naquela casa e aquele que lhe disse que você tem que deixar aquele lugar colocar porque
é……para você …. Nem se quer se digna em dar-lhe as chapas por tanto não podemos falar de boa
distribuição de renda nacional, isso não existe.

E a liberdade de culto de religião acho que é o que mais se transparece aqui.

R: Liberdade de culto e religião sim, esta situação por mais mecanismos que eles procuraram encontrar não
se conseguiu travar porque queriam regular é as igrejas ou as denominações religiosas, mas a verdade é que
a maioria funciona. Eles também encontraram um mecanismo de funcionar, aí não se conseguiu travar
ninguém e tem graça que mesmo as denominações que não são reconhecidas pelo Estado funcionam na
mesma aí a lei não é rígida ninguém fiscaliza para dizerem que não podem funcionar, podemos falar da
igreja Islâmica que não é reconhecida mais todas as mesquitas ao nível do pais funcionam há outras
denominações. A denominação que mais prolifera é a pentecostal e bom Deus, que tem igrejas por todos
os lados mais funcionam, comentário Dr. Benguela: E as vezes o estado até, não digo o estado, os partidos
políticos servem-se dessas denominações para fazer passar a sua mensagem.
Servem-se e incentivam, aí não podemos dizer que há problemas, aí acho que é uma situação sensível. Está
bem, uma questão que eu deixei por fim, é a última.

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Que alterações é que se verificam nos últimos dois anos na educação e na saúde?

R: A saúde sim, a educação está em destaque, na saúde podemos dizer que há alterações, não há alterações
de nos termos uma saúde humanizada, por tanto aquela saúde com bom atendimento, aquela saúde possa
ser aceitável onde o paciente vai encontrar medicamentos nos hospitais , não existe, mas as melhorias
residem apenas nas infraestruturas em pouco tempo construiu-se várias infraestruturas de saúde e de
qualidade portanto, há algumas especialidades que eram muito cadente em angola por exemplo como
especialidades de hemodiálise eram muito difícil em angola, as pessoas iam para os estrangeiros para fazer
a hemodiálise e se não estou em erro, ao nível de angola havia dois centros apenas e com insuficiência
havia um centro aqui em angola que era por tanto no Maria Pia e havia um em Benguela, por tanto todos
doentes do sul, tinham que vir para Benguela para fazerem a hemodiálise e as vezes não chegava as pessoas
eram obrigado as a ficarem três quatro meses a viver em Benguela por exemplo do Cunene do Lubango ,
Bié, era uma situação muito triste, mas acho que essa especialidade foi compensada , construiu-se alguns
centros de hemodiálise a nível do país, no Sul , no Leste, acho que ainda não se construiu no Norte alguns
hospitais também foram construídos no Bié, na Lunda Sul , um hospital que já durava muito tempo que
ninguém construía , isso foi feito, mas não é suficiente agora precisa-se construir mas hospitais , precisa-se
de se humanizar a própria saúde porque só a estrutura não dá saúde e já vimos casos no Cunene no LAU
em que o hospital do LAU é um hospital moderno bonito mas está sempre vazio ninguém vai lá ,as pessoas
vão para o Congo Democrático onde temos hospital do século 17 ou quê e se chega lá todos internados são
angolanos porquê, porque aqueles hospital apesar de ser moderno não dão saúde a ninguém não tem
medicamento, não tem médicos especializados preferem ir lá onde a estrutura é velha mas que saem de lá
com saúde. Em termos estruturais melhorou-se, hoje está a se melhorar mais em termos da humanização da
saúde, de assistência médica medicamentosa, continuamos na mesma as mortes são assustadoras, agora, na
educação ainda não se dei nenhum passo.
Está bem Sr. Presidente muito obrigado foi uma entrevista longa e prazerosa.

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