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Luanda, 2023
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA
Luanda, 2023
DEDICATÓRIA
III
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, José António e Teresa Domingos João, não tenho palavra para
descrever a imensa gratidão que sinto. Obrigado pelo carinho, incentivo e apoio
incondicional!
Ao meu irmão Eduardo António, por ter investido e depositado confiança em mim e
aos meus estudos!
Aos meus irmãos António João, Roberto Antonio, Mateus António, Agostinho
António, Júlia Antonio, Domingas Antonio, Isabel António por terem me apoiado
sempre, bem como, ao casal António Agostinho e Juliana André pela hospitalidade!
Ao Orlando Quintas, a quem devo muita estima e gratidão, por ter estado sempre
disponível em responder os meus gritos de socorro!
Aos meus colegas, que durante este período de formação vivemos como uma família,
e que esta irmandade permaneça para muitos e longos anos!
Ao querido orientador, Me. Manuel da Silva Palanca por ter aplicado o seu saber, sua
experiência e paciência dedicada na forma como o trabalho foi conduzido até se
tornar uma realidade!
Muito Obrigado!
IV
RESUMO
V
ABSTRACT
The Work made an approach to the relationship between votes and mandates in
the Angolan electoral system: an analysis from the electoral result of 2022, that is, it
analyzed the effects of the Angolan electoral system on representativeness and the
degree to which the percentage of votes corresponds to the percentage of mandates in
the 2022 elections, sought to conceptualize electoral systems and characterize the
most influential aspects in the proportionality of the relationship between votes and
mandates, Like: the electoral formulas, the magnitude of the constituencies and the
barrier clause. The work had as general objective: To analyze the influential factors
in the relationship between votes and mandates in the Angolan Electoral System. His
hypotheses were: The relationship between votes and mandates creates imbalance in
political representation and that the Angolan Electoral System is tendentially
influenced by electoral formula and magnitude of constituencies. The work was
justified by the fact that there are few national scholars who talk about this subject
that for us it is very important to clarify and by the fact that it brings a pertinent
debate on the proportionality and representation of minorities in Angola. The work
used the quantitative and qualitative method that allows the researcher to make
statements of perceptions based on individual, social, political, historical and
statistical experiences. The research technique was the bibliographic review that is
constituted in the broad survey of the theoretical sources in the analysis of works and
documents.
VI
ÍNDICE
VII
2.3.2. Candidatura ............................................................................................... 27
CAPÍTULO III – RELAÇÃO ENTRE VOTOS E MANDATOS NO SISTEMA
ELEITORAL ANGOLANO ................................................................................... 28
3.1. Distribuição dos mandatos no circulo nacional ............................................. 28
3..2 Apuramento provincial ................................................................................. 29
3.3. Cláusula de barreira ..................................................................................... 39
3.4. Análise de proporcionalidade dos resultados das eleições de 2022 ................ 39
CONCLUSÕES ..................................................................................................... 41
SUGESTÕES ......................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 43
VIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
IX
LISTA DE QUADROS E TABELAS
X
INTRODUÇÃO
Os sistemas eleitorais são variáveis pertinentes na democracia moderna ou
representativa, esta democracia tem como base a igualdade de participação política e
igualdade de votos, ou seja, cada cabeça, um voto. Os regimes democráticos tendem
a adoptar sistemas eleitorais formais com o fito de viabilizar a representação política
e a representatividade dos grupos sociais e políticos. Apesar de o sistema eleitoral
angolano ter também essa pretensão, a realidade política muitas vezes desvia-se desta
pretensão.
As eleições de Agosto de 2022, foram das mais competitivas dos últimos anos,
por serem assim, reacendeu o debate sobre a desproporcionalidade do sistema
eleitoral e da relação entre votos e mandatos obtidos. Tendo sido no trabalho
apontado os principais factores como: As fórmulas eleitorais, métodos de conversão
de votos, a magnitude dos círculos eleitorais e a cláusula de barreira que de tempos
em tempos vem “eliminando” os partidos pequenos do sistema partidário angolano.
O trabalho procura, portanto, analisar os factores influentes na relação entre
votos e mandatos no sistema eleitoral angolano. Para concretizarmos a nossa
pesquisa, optamos pela abordagem mista, ou seja, quanti-qualitativa.
Justificativas
É complexo versar sobre Sistema Eleitoral pelo facto dele apresentar várias
especificidades e variáveis que podem ser estudadas. Por outro lado, vemos que estes
factores aparecem também como impulsionador para se falar deste assunto. Pela sua
especificidade e variáveis a serem estudadas, nos centramos em abordar sobre a
relação entre votos e mandatos em um determinado pleito eleitoral, com vista a
conhecer os factores que influenciam nessa relação. O estudo é desafiador, pois são
poucos estudiosos nacionais que falam sobre este assunto que para nós é muito
importnte que se clarifique.
É sabido que os sistemas eleitorais constituem uma instituição política que tem
recebido particular atenção, quer pelos investigadores como também pelos
governantes e sabe-se que raramente um eleitor comum conheça em detalhes as
minúcias técnicas do sistema eleitoral adotado em seu país.
No entanto, a pesquisa que realizamos, será importante para futuros estudos
ligado ao tema; ajudar na formação, principalmente, científica dos estudantes e
11
governantes que queiram aperfeiçoar sobre o sistema eleitoral angolano e constituir
uma fonte importante para intelectuais e indivíduos que tenham algum interesse no
assunto desenvolvido.
Problematização
É importante que um sistema eleitoral assegure a representação de todos os
partidos políticos ou coligação de partidos políticos de acordo aos votos obtidos na
sua lista.
Face o postos, as eleições gerais de 2022 em Angola apresentou um elevado
nível de desproporcionalidade na atribuição de mandatos se comparados com os
números de votos validamente expressos por cada lista de partido político ou
coligação de partidos políticos. Esta desproporção é causada por várias deficiências
ao nível do próprio sistema eleitoral angolano. Por este motivo, formula-se a seguinte
pergunta: Qual é a relação entre votos e mandatos no sistema eleitoral angolano?
Hipóteses
Para dar resposta à pergunta de partida formulou-se as seguintes hipóteses:
H1 – A relação entre votos e mandatos cria desequilíbrio na representação política;
H2 – A relação entre votos e mandatos é tendencialmente influenciado por fórmula
eleitoral e magnitude dos círculos eleitorais.
Objectivos do estudo
Objectivo geral:
Analisar a relação entre votos e mandatos no Sistema Eleitoral Angolano.
Objectivos específicos:
Conceituar o Sistema Eleitoral com maior destaque na perspectiva restrita, com
vista ao entendimento do assunto em estudo;
Descrever o sistema eleitoral angolano, forma de eleição do Presidente da
República, Vice-Presidente da República e Deputados;
Explicar os factores influentes na relação entre votos e mandatos.
12
Metodologia
A concretização dos Objectivos passa pela escolha de um conjunto de métodos,
técnicas e instrumentos adequados e precisos que nos permitem alcançar de forma
objectiva as razões pela qual desenvolvemos este trabalho.
Assim, a pesquisa desenvolve-se metodologicamente na abordagem de
natureza mista, isto é, quanti-qualitativa. A pesquisa quantitativa é assim chamada
porque geralmente resulta em números, estatisticamente analisados e descritos de
forma clara. Esta pesquisa gera uma maior margem de segurança com relação às
inferências feitas, por isso, foi usada para se fazer a mensuração dos dados obtidos.
Assim sendo, procedeu-se a elaboração de tabelas e consequente a análise (Castilho,
Borges, & Pereira, 2014).
A pesquisa qualitativa, por sua vez, é caracterizada pela não utilização de
instrumentos estatísticos na análise de dados. (Castilho, Borges, & Pereira, 2014)
dito de outra forma, a pesquisa qualitativa usa a “subjetividade que não pode ser
traduzida em números” (Souza, Müller, Fracassi, & Romeiro, 2013, p. 15).
Quanto aos objectivos, a pesquisa é exploratória, pois para Zanella (2013) visa
essencialmente ampliar o conhecimento a respeito de um determinado fenômeno. Ou
seja, ela busca proporcionar maior familiaridade com o estudo. No entender de Gil
(2002: 41) estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou
a descoberta de intuições.
Conforme os procedimentos técnicos para a recolha de dados, nossa pesquisa
terá o suporte das tipologias de pesquisas que se valem das chamadas “fontes de
papel” (Festinger e Katz, 1974: 43), a pesquisa bibliográfica e a pesquisa
documental.
A pesquisa bibliográfica é aquela “desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (Kidder, 1987,
25). O que significa que utilizamos um conjunto de obras publicadas como livros,
artigos científicos, publicações periódicas, resultado de leituras de referências, para
dar o suporte metodológico necessário ao trabalho. A vantagem deste modelo de
pesquisa reside no facto de nos permitir a cobertura de uma gama de fenômenos e
factos muito mais ampla do que aquela que poderíamos pesquisar directamente.
13
A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A
diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa
bibliográfica, utilizamos fundamentalmente para ter acesso as contribuições dos
diversos autores sobre sistema eleitoral, a pesquisa documental nos proporciona o
acesso de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda
podem ser reelaborados de acordo com o objecto da nossa pesquisa como
documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas, tais
como associações científicas, cartas pessoais, diários, fotografias, gravações,
memorandos, regulamentos, ofícios, boletins ligados a processo eleitoral.
A pesquisa documental apresenta uma série de vantagens. De acordo com Gil
(2002: 45) “os documentos constituem fonte rica e estável de dados; tornam-se a
mais importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica; além da
capacidade do pesquisador, exige apenas disponibilidade de tempo” Ela tem ainda a
vantagem de o custo da pesquisa torna-se significativamente baixo, quando
comparado com outras pesquisas.
Estrutura do trabalho
Depois desta nota introdutória, o trabalho está estruturado em três capítulos: O
primeiro faz um enquadramento do sistema eleitoral, as suas tipologias, a magnitude
dos círculos eleitorais e a desproporcionalidade, bem como, a ligação entre sistema
eleitoral e representação política;
O segundo capítulo caracteriza o sistema eleitoral angolano na constituição de
2010. O modo de eleição do Presidente da República, do Vice-presidente e a eleição
dos deputados à Assembleia Nacional;
14
O terceiro caracteriza a relação entre votos e mandatos, abordando os factores
influentes, faz a distribuição de mandatos nos círculos eleitorais nacionais e
provinciais tendo em conta os resultados das eleições gerais de 2022, as fórmulas
eleitorais, a magnitude dos círculos eleitorais e a cláusula de barreira, bem como, a
análise da desproporcionalidade nos resultados das eleições de 2022. Por fim, temos
as Conclusões, sugestões e as referências bibliográficas.
15
CAPÍTULO I - SISTEMA ELEITORAL UMA
ABORDAGEM CONCEPTUAL
16
Martins (2008) apoiado da ideia de Farrel sobre sistema eleitoral reforça que “o
sistema eleitoral destina-se a transformar votos em mandatos”. Do ponto de vista
restrito, os sistemas eleitorais expressam os votos de uma eleição geral em mandatos
parlamentar no caso de eleições legislativas, ou em cargos políticos no caso de
eleições presidenciais (ALMEIDA, 2015).
Ainda na linha das concepções restritas, Miranda apresenta as concepções
formalistas, ou seja, as que enfatizam os aspectos jurídicos e que, deste ponto de
vista, não fogem muito das abordagens acima citadas. Para ele, os sistemas eleitorais
correspondem à forma como a vontade psicológica do corpo eleitoral é expressa e
convertida em vontade jurídica, ou seja, na distribuição de mandatos (1996).
Num sentido amplo, de acordo a Dieter Nohlen, o sistema eleitoral envolve
todos os aspectos relacionados com o processo eleitoral, desde direito ao sufrágio,
administração eleitoral, à contencioso eleitoral ( citado por ALMEIDA, 2015), dito
de outro modo, o sistema eleitoral na sua vertente ampla respeita a todos os
normativos que regulam os processos eleitorais como: a marcação das eleições; o
processo de apresentação de candidaturas; as regras que regulam as campanhas
eleitorais etc.
Vallés e Bosch entendem que do ponto de vista amplo, o sistema eleitoral
reconhece um conjunto de elementos normativos e sociopolíticos que configuram o
processo de designação dos titulares do poder, quando este processo se baseia em
preferências expressas pelos cidadãos de uma determinada comunidade política.
(MARTINS, 2008)
São dois os modelos tradicionais de sistemas eleitorais: o maioritário e o
proporcional. Todos os outros são nem mais nem menos do que modificações e
aperfeiçoamento destes.
17
atuação está ligada ao facto de que o eleitorado está mais ou menos repartido em
colégios.
Para Nicolau, “o sistema maioritário tem o propósito de assegurar apenas a
representação dos candidatos mais votados em uma eleição” (2004, p.17). Em geral,
a fórmula maioritária é utilizada em distritos uninominais 1. Aqui, o candidato mais
votado recebe 100% da representação e os outros partidos, independentemente da
votação, ficam sem representação.
No que respeita ao número de candidatos a eleger, o escrutínio maioritário
pode ser: uninominal, quando a nível de circunscrição há um único lugar a
preencher; plurinominal2, quando em cada circunscrição se pede aos eleitores que
designem vários candidatos, que normalmente se agrupam por listas.
Quanto ao número de votações, o sistema oferece duas variantes principais que
são: maioria simples ou relativa e maioria absoluta ou qualificada.
Maioria simples ou relativa, adoptada na Inglaterra, é aquela que a eleição
maioritária se faz mediante escrutínio de uma só volta ou turno, isto é, o candidato
eleito é o que obtiver maior percentagem dos votos, sem que se tenha em
consideração o facto de a maioria dos eleitores não se ter pronunciado a seu favor.
Na modalidade do escrutínio maioritário de duas voltas, são eleitos na primeira
volta ou votação os candidatos que tiverem obtidos a maioria absoluta dos votos3,
quer dizer, mais da metade dos votos expressos. E caso nenhum candidato haja
obtido maioria absoluta, procede-se a uma segunda volta ou votação, onde se elegerá
o concorrente que obtiver maior número de votos expressos. Via de regra, só
disputam a segunda volta os dois concorrentes mais votados na primeira volta.
1
Círculos eleitorais que elegem apenas um candidato
2
Para preencher mais de um lugar.
3
Mais da metade dos votos
18
que animam um organismo social” (1998). Para tal, o princípio proporcional procura
estabelecer a perfeita igualdade de votos e dar a todos os eleitores o mesmo peso,
prescindindo de preferência manifesta.
A representação proporcional de acordo com Prélot “tem por objecto assegurar
às diversas opiniões, entre as quais se repartem os eleitores, um número de lugares
proporcional às suas respectivas forças”. De tal modo, parafraseando Jeanneau, o
sistema proporcional é aquele que os lugares a preencher são repartidos entre as listas
disputantes proporcionalmente aos números de votos que hajam obtidos (Prélot
citado por Bonavides, 2000).
Para Duverger, o princípio básico da representação proporcional é que este
processo assegura uma representação das minorias em cada circunscrição numa
proporção aproximada dos votos obtidos (Duverger Citado por FERNANDES,
2010).
A fórmula proporcional tem duas preocupações fundamentais: assegurar que a
diversidade de opiniões de uma correspondência entre os votos recebidos pelos
partidos e sua representação. A principal virtude da representação proporcional, de
acordo aos defensores, estaria em sua capacidade de espelhar no Legislativo todas as
preferências e opiniões relevantes existente na sociedade.
No que concerne à distribuição dos assentos parlamentares, isto é, lugares a
preencher, podem ser utilizados vários processos. Normalmente, atribui-se a cada
lista os lugares que lhe cabem, dividindo os sufragios obtidos pelo “quociente
eleitoral”. Mas acontece muitas vezes que algumas listas não obtêm sequer um
número de votos igual ao quociente eleitoral, e os votos obtidos pelas outras não são
exactamente divisíveis por este. É necessário, por isso, proceder-se à repartição de
alguns lugares em função dos restos (FERNANDES, 2010). O problema da
utilização dos restos é o mais difícil de resolver, por isso, para resolver este problema
foram adoptados processos de escrutínio de representação proporcional, tais como:
A represntação proporcional com atribuição dos lugares restantes aos
restos maiores consiste em dividir, numa primeira fase, o número de sufrágios
expressos em cada circunscrição pelo número de lugares a preencher, obtendo-se o
quociente eleitoral4, e de seguida dividindo-se o número de votos obtidos por cada
4
Obtém-se o quociente eleitoral, dividindo o número total dos votos, pelo número total dos
mandatos a preencher.
19
partido pelo respectivo quociente. Esta operação permite atribuir alguns lugares aos
partidos que alcançaram um número de votos igual ou superior ao quociente
eleitoral. Depois, os partidos que tiverem os restos maiores ficarão com os restantes
lugares.
A representação proporcional com repartição dos lugares restantes pela
médias maiores segue, numa primeira fase, um mecanismo idêntico ao anterior. Mas
o processo para atribuição dos lugares restantes é diferente. Adiciona-se
ficticiamente a cada lista um lugar aos que lhe couberam em virtude da divisão dos
votos obtidos pelo quociente eleitoral – se ainda lhe não foi atribuído nenhum lugar,
faz-se a divisão por 1 – e divide-se o número de sufrágios que a lista recolheu pelo
número assim obtido, encontrando-se uma média para cada lista. O partido que tiver
a média mais alta fica com o lugar restante ou um dos lugares restantes. Recomeça-se
a operação até serem atribuídos todos os lugares.
A representação proporcional com a atribuição dos lugares segundo o
método de Hondt foi adoptada pela lei belga de 1899. Este processo tem a vantagem
de permitir encontrar, mediante uma operação, o número total de lugares que cabem
em cada lista.
O método de Hondt proporciona resultados próximos dos obtidos pela
aplicação do mecanismo da média maior, mas segue um caminho diferente.
Dividem-se os votos obtidos por cada lista por 1, 2, 3, 4, 5, n, representando n o
número de lugares a preencher.
Os resultados alcançados por esta operação são ordenados de seguida, por
ordem decrescente, até ao número de deputados a eleger. O último número da lista
assim ordenado chama-se repartidor, e é diferente do quociente eleitoral dos
exemplos anteriores, porque dividindo os votos alcançados por cada lista por este
número repartidor obtém-se directamente o número de lugares que cabe a cada
partido.
A representação proporcional com a distribuição dos lugares segundo o
método de Saint-Lague segue um método de Hondt, procurando corrigir este no
sentido de uma proporcionalidade mais aproximada entre o número de eleitos e a
quantidade de votos obtidos por cada partido. Para tanto, introduz-se um pequeno
pormenor, que consiste em dividir os votos obtidos por cada lista por algarismos
ímpares, começando-se por 1, 4, isto é, dividem-se aqueles resultados por 1, 4, 3, 5,
20
7, n. Este mecanismo faz baixar o número repartidor, permitindo deste modo uma
representatividade mais equitativa e, por conseguinte, mais justa.
A representação proporcional com a distribuição dos lugares segundo o
método dinamarques é uma correção do método de Saint-Lague e o qual consiste
em dividir os resultados por 1, 4, 7, 10, 13, n. Este método é o mais justo de todos,
pois garante uma representatividade quase equitativa.
A representação proporcional com a repartição dos lugares pelo quociente
rectificado seguindo o método de Hagenbach-Bischoff, é utilizado na Suíça. O
processo do quociente retificado consiste em acrescentar uma unidade, ou mais, ao
número de lugares a preencher, a fim de fazer baixar o quociente eleitoral de forma
que todos os lugares sejam atribuídos ao dividirem-se os votos obtidos por cada lista
pelo respectivo quociente. Cotteret e Emeri advertem que este processo apresenta um
inconveniente: “o risco de levar a uma repartição de lugares superior à legalidade
prevista” (FERNANDES, 2010).
21
qual não se contabilizam os assentos atribuídos pelo primeiro sistema para calcular
os resultados do segundo sistema.
Enquanto que um sistema de representação proporcional personalizada
geralmente tem resultados proporcionais, o sistema paralelo provavelmente obtém
resultados cuja proporcionalidade fica algures entre os de uma pluralidade ou maioria
e de um sistema de representação proporcional.
22
CAPÍTULO II – SISTEMA ELEITORAL ANGOLANO
NA CONSTITUIÇÃO DE 2010
5
Neste tipo de lista, o cidadão eleitor não tem a possibilidade de alterar a ordem da lista.
23
angolana de origem, a idade mínima, a residência habitual, a plenitude de gozo de
direitos civis e políticos e a capacidade física e mental. Em síntese, são:
24
f) Os membros dos órgãos de administração eleitoral;
g) Os antigos Presidentes da República que tenham exercido dois
mandatos, que tenham sido destituídos ou que tenham renunciado ou
abandonado funções.
h) Os cidadãos que tenham sido condenados com pena de prisão superior
a 3 anos.
6
São as eleições para o órgão legislativo, isto é, a Assembleia Nacional, no caso Angolano,
temos eleições gerais.
25
É eleito Vice-Presidente da República o candidato número dois da lista, pelo
círculo nacional, do partido político ou coligação de partidos políticos vencedor das
eleições gerais. Esta formulação permite, por um lado, que o Vice-Presidente tenha a
legitimidade necessária para substituir o Presidente da República e, por outro lado,
faz com que ele seja sempre do mesmo partido político que o Presidente da
República.
São aplicáveis à eleição do Vice-Presidente as regras aplicáveis à eleição do
Presidente da República, nomeadamente quanto aos requisitos necessários à
candidatura. Contrariamente ao candidato a Presidente da República, o candidato a
Vice-Presidente não é identificado no boletim de voto.
7
Diz-se do sistema de representação que admite apenas uma câmara legislativa.
26
2.3.1. Inelegibilidade
São inelegíveis a Deputados:
2.3.2. Candidatura
As candidaturas a Deputados à Assembleia Nacional são apresentadas pelos
partidos políticos, isoladamente ou em coligação, podendo as listas integrar cidadãos
não filiados nos respectivos partidos, nos termos da lei.
As candidaturas devem ser subscritas por 5000 a 5500 eleitores, para o círculo
nacional e por 500 a 550 eleitores, por cada círculo provincial.
27
CAPÍTULO III – RELAÇÃO ENTRE VOTOS E
MANDATOS NO SISTEMA ELEITORAL ANGOLANO
CASA-CE 47.446/48.246=0,983
APN 30.139/48.246=0,624
P-Njango 26.867/48.246=0,552
Fonte: elaborado pelo autor com base aos dados da CNE (2022).
28
Na primeira operação temos um total de 126 mandatos distribuídos, restando 4
mandatos por distribuir, sendo assim o número 3 do artigo 27° da lei orgânica, na
alínea c), manda distribuir os mandatos restantes em ordem do resto mais forte de
cada partido político, contudo, o número 4 do mesmo artigo assevera que para a
distribuição dos mandatos restantes concorrem apenas os partidos ou coligações de
partidos que tenham conseguido eleger pelo menos um Deputado. Na segunda
operação, somente o MPLA, UNITA, PRS. FNLA e PHA concorrem para os
mandatos restantes, pois apenas eles elegeram pelo menos um deputado.
30
Tabela 5: Círculo eleitoral Cabinda
Partidos Divisor 1 Divisor 2 Divisor 3 Divisor 4 Divisor 5 Total de
mandatos
MPLA 43.669 21.834 14.556 10.917 8.733 1
UNITA 114.300 57.150 38.100 28.575 22.860 4
PRS 1.817 0
FNLA 1.662 0
PHA 1.541 0
CASA-CE 1.880 0
APN 947 0
P-NJANGO 624 0
Fonte: eleborado pelo autor com base aos dados fornecidos pela CNE (2022).
31
Tabela 7: Círculo eleitoral do Cuanza Norte
A província do Cuanza Sul teve um total de 343.914 votos válidos, tendo sido
utilizados 327.088 votos válidos, tendo sobrado cerca de 16.826 votos válidos de
cidadãos eleitores.
32
Tabela 9: Círculo eleitoral do Cunene
33
Tabela 11: Círculo eleitoral do Huambo
Fonte: eleborado pelo autor com base aos dados fornecidos pela cne (2022).
O círculo eleitoral do Huambo obteve um total de 543.227 votos válidos,
tendo utilizado um total de 521.196 votos válidos, sobrando cerca de 22.031 votos
válidos dos eleitores.
35
APN 642 0
P-NJANGO 370 0
Fonte: eleborado pelo autor com base aos dados fornecidos pela CNE (2022).
A província da Lunda-Sul teve um total de 123.582 votos válidos, tendo
utilizado para a conversão de votos em mandatos, cerca de 107.509, tendo restado
um total de 16.073 votos válidos dos eleitores.
37
CASA-CE 3.599 0
APN 3.258 0
P-NJANGO 1793 0
Fonte: eleborado pelo autor com base aos dados fornecidos pela CNE (2022).
Nota: Escusa-se fazer a divisão dos termos de outros partidos que não tiveram votos
suficientes para eleger qualquer deputado nos círculos provinciais.
38
3.3. Cláusula de barreira
O outro factor que influencia na relação entre votos e mandatos, é a chamada
cláusula de barreira. A cláusula de barreira é a existência de limitações à
representação política decorrentes de imposição de barreiras mínimas à conversão de
votos em mandatos; tal como afirma Martins (2008) a barreira legal tem efeitos
diferenciados na proporcionalidade consoante a magnitude dos círculos.
Bonavides (1997) considera que um dos objectivos da cláusula de barreira seria
embargar as possibilidades representativas das minorias políticas. Transforma-se
assim a representação proporcional o privilégio irremediável das organizações
partidárias mais fortes e em melhor harmonia com os interesses da ordem
estabelecida.
O sistema eleitoral angolano consagra no artigo 33º, número 4, alínea I da lei
dos partidos políticos, a cláusula de barreira, ou seja, os partidos políticos podem ser
extintos se não atingirem 0,5% do total dos votos expressos nas eleições gerais, ou
melhor, esta cláusula é um mecanismo de impedir uma certa fragmentação partidária
como também, dificulta as minorias de chegarem um dia ao poder. Os partidos:
Aliança Patriótica Nacional (APN) e o Partido Nacionalista para a Justiça em Angola
(P-NJANGO) foram extintos por estarem a baixo da cláusula de barreira.
As cláusulas de barreiras criam desequilíbrios na representação política na
medida em que é um grande limite ao pluralismo político e partidário, ademais, as
cláusulas de barreiras limitam a proporcionalidade e as oportunidades de
representação política dos pequenos partidos.
39
Tabela 20: Relação votos e mandatos por %
A nível nacional nas eleições de 2022 teve um total de 6.272.104 votos válidos,
o MPLA obteve um total de 3.209.429 de votos; Tendo a UNITA obtido 2.759.786
votos. Nesta senda, o MPLA conseguiu 51,17% dos votos, ao passo que a UNITA
obteve 43,95% dos votos. Na Assembleia Nacional, o MPLA obteve 124 mandatos,
correspondendo a 56,36 % dos lugares, a UNITA, por seu turno, conseguiu 90
mandatos, correspondendo a 40, 90% dos mandatos. Como se verifica há uma certa
desproporcionalidade entre a percentagem dos votos obtidos em cada candidatura e a
percentagem dos mandatos obtidos.
Com tudo, fica clara que a nível dos círculos eleitorais há uma
desproporcionalidade na relação de votos e cadeiras, ademais, nos círculos
provinciais há um grande número de votos sobrantes, sem puder eleger qualquer
representante. Assim, é quase um absurdo ter um círculo eleitoral de Luanda com
quase 2 milhões de eleitores elegendo 5 deputados (Mandatos) e o círculo eleitoral
de menos de 200.000 eleitores eleger o mesmo número de deputados (mandatos).
40
CONCLUSÕES
41
SUGESTÕES
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAHL, Robert. (2012). A Democracia e seus Críticos. (A. Mari, Trad.) São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes.
43
GIL, A. C. (2002). Como Elaborar Projetos de Pesquisa (4 ed.). São Paulo: Editora
Atlas S.A.
JAIRO, Nicolau (2004). Sistemas Eleitorais. 5ºed. Rio de Janeiro: Editora FVG.
44