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Introdução
O uso da pele de Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) como biomembrana para o
tratamento de feridas e queimaduras tem sido bem aceita, devido seu baixo custo,
promoção de cicatrização, menor número de trocas entre curativos, características
histomorfológicas como a presença de colágeno tipo I – estimulante de crescimento de
fibroblastos e queratinócitos, citocinas importantes no processo de fechamento da
ferida.
Desta forma, a pele de Tilápia é uma alternativa de curativo com baixo efeito de
contaminação, favorecedor do processo cicatricial e resultados estéticos desejados,
tornando-a uma opção no tratamento de equinos, cujo tratamento de feridas é um
desafio, devido a sua natureza, seu ambiente de convívio e a predisposição ao
desenvolvimento de tecido de granulação exuberante (TGE).
Relato De Caso
Foi atendida na Fazenda Santa Maria, no município de Flores em Goiás, uma égua SRD,
14 anos, com laceração no terço proximal do metacarpo em membro torácico direito
(MTD), com exposição óssea e ruptura total de tendão extensor digital comum (TEDC),
presença de miíase e tecido necrosado. Devido ao local onde a égua vive, presume-se
que o ferimento tenha sido provocado por pedra pontiaguda.
Depois de feita a assepsia da ferida, as peles foram fixadas com cola a base de etil-
cianoacrilato (Super Bonder®) próxima as bordas e em seguida, feita bandagem em “8”
com algodão e atadura.
Nos dias que se seguiram, as trocas dos curativos passaram a ser feitos a cada dois
dias, com base no odor e secreção, que inicialmente se apresentava em grande
quantidade, porém evoluindo para um aspecto mais uniforme com aumento da
epitelização, mas ainda com presença de tecido de granulação exuberante, diminuído
na face lateral distal da ferida e aumentado da face medial, que acreditou ter sido
motivada pela menor compressão da bandagem nesta região e dermatite ao redor da
ferida, causado pela cola.
Aos 14 dias do tratamento com a pele da Tilápia, a égua sofreu novo trauma, sendo
necessário a realização de antibióticoterapia por sete dias. Esta intervenção resultou
em redução da secreção possibilitando um tempo maior entre as trocas dos curativos,
que passou a ser de sete em sete dias.
Discussão
A pele de Tilápia, além de oferecer suporte estrutural para ossos, pele, ligamentos,
tendões e vasos sanguíneos, também atua como sinal extraceluar regulando processos
fisiológicos como adesão, proliferação e diferenciação celular.
Possui sete aminoácidos essenciais e dez não essenciais que favorecem a resistência de
degradação do colágeno tipo I à temperaturas acima de 37ºC, o que não ocorre em
outros mamíferos.
Conclusão
A pele de Tilápia tem baixo custo de aquisição, é eficiente, possui características que
conferem proteção da ferida, permite mobilidade do animal, auxilia o controle do
tecido de granulação exuberante, sem contra indicações e reações adversas ao animal.
Referências
LÔBO, Raianny Pires. UTILIZAÇÃO DE PELE DE TILÁPIA (OREOCHROMIS NILOTICUS)
NO TRATAMENTO DE FERIDA LACERANTE NA REGIÃO DO METACARPO EM EQUINO:
RELATO DE CASO. 2020. 25 f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Centro
Universitário de Brasília, Brasília, 2020.