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Dados da edição:
JESUS, Isabela Maia Pereira de. O De Metris de Terenciano Mauro. Mafuá, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, n. 26, 2016.
ISSNe: 1806-2555.
Sobre os autor(es):
isabelamaiapj@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/1062028878272296
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Ciências e Letras
Departamento de Linguística
Araraquara - São Paulo, Brasil
RESUMO: Este trabalho apresenta um breve comentário acerca dos conceitos métricos colhidos na obra Terentianus de
littera, de syllaba, de pedibus, do gramático latino Terenciano Mauro. A partir de uma tradução vernácula de uma
passagem do livro De Metris, pretende-se entender melhor a tradição da métrica clássica, bem como as peculiaridades
desse autor, a fim de que seja possível observar os mecanismos de composição empregados por poetas latinos. Os versos
de autores como Horácio e Catulo são citados e utilizados frequentemente por Terenciano Mauro como exemplos
concretos dos metros descritos. Quando demonstra cada metro aplicado em modelos de célebres poetas como esses, o
autor os transforma em favor de suas explanações e pontos de vista.
PALAVRAS-CHAVE:
Terentianus Maurus Métrica Latina Poética Clássica Tradução
ABSTRACT: This paper presents a brief comment on metrical concepts taken from the book Terentianus de littera, de
syllaba, de pedibus, by the Latin grammarian Terentianus Maurus. Introducing a Portuguese translation from a passage of
the book De Metris, this work aims to show not only the tradition of classical metrics, as well as singularities of this
author, in order to clarify the composition skills of Latin poets. The verses of poets like Horace and Catulus are usually
quoted and used by Terentianus Maurus as concrete examples of describing meters. When the grammarian
demonstrates each meter on verses of noted poets, he changes them in favour of his explanations and his own points of
view.
KEYWORDS:
Terentianus Maurus Latin Metrics Classical Poetry Translation
O poema se nutre da linguagem viva de uma comunidade, de seus mitos, seus sonhos e
suas paixões, isto é, suas tendências mais secretas e poderosas. (PAZ, 1982, p. 49-50)
A obra Terentianus de littera, de syllaba, de pedibus, do autor Terenciano Mauro (doravante TM)
consiste em um manual técnico que busca apresentar e listar conceitos referentes à poética
clássica latina. Esse manual, entre outros de gramáticos antigos, encontra-se no volume VI
(Scriptores Artis Metricae) da obra de Heinrich Keil, intitulada Grammatici Latini. Quanto ao autor,
pouco se sabe sobre sua biografia. De acordo com Chiara Cignolo (2002, p. XXV), há indícios de
ele ter vivido num arco de tempo que cobre um período que vai do século II d. C até o século IV
d.C.
Este artigo concentrar-se-á no intervalo de versos de 2351 a 2485, do livro De Metris, segmento
em que o manual apresenta ao leitor uma grande variedade de dados, permitindo maior
conhecimento e aprofundamento da métrica clássica. Diferentemente de outras obras do
gênero, o manual de Terenciano Mauro apresenta a particularidade de ter sido composto em
versos latinos, de forma que a obra não revela somente o caráter de instrução próprio do gênero,
mas também certo cuidado com o aspecto formal do texto.
Quanto à tradução proposta neste trabalho, convém observar que ela procura expressar
principalmente o conteúdo dos versos. Diferentemente de uma tradução literária, não se
pretende reproduzir aqui a forma metrificada em que está vazado o De Metris. É interessante
ressaltar que, até o momento da realização deste estudo, não há tradução vernácula, nem
estudos específicos sobre este texto no Brasil. Aliás, existem apenas duas versões em línguas
modernas do manual de TM, uma em italiano e outra em francês. A versão traduzida em língua
italiana, preparada por Chiara Cignolo (2002) para a Bibliotheca Weidmanniana, contém o texto
latino em tradução bilíngue (latim-italiano) e também apresenta uma breve introdução sobre o
autor e sobre os textos críticos que apoiam o estabelecimento do texto latino e, por essa razão, é a
obra utilizada em cotejo com a tradução vernácula em português que será apresentada neste
texto.
No trecho eleito para estudo, observa-se que Terenciano Mauro utiliza-se frequentemente de
versos de poetas latinos a fim de ilustrar e demonstrar seus conceitos teóricos. Ele apresenta as
possíveis variações dos metros e, geralmente, os transforma para indicar como as mudanças
criam seus próprios modelos. Esse é um mecanismo interessante empregado pelo autor –
embora não exclusivo dele – para facilitar a compreensão de sua exposição. Ao longo da
passagem analisada, TM utiliza um verso de Catulo como o principal modelo contido naquele
segmento para a explicação dos demais metros descritos no manual. Trata-se do primeiro verso
do Carmen IV: Phaselus ille quem uidetis, hospites1. Este verso é considerado um senário iâmbico
perfeito, ou seja, é formado por seis pés iâmbicos (˘ˉ), de tal forma que seu esquema métrico
pode ser apresentado assim: Phăsē lŭs ī llĕ quē m vĭdē tĭs, hō spĭtē s. Indicando as transformações
métricas, Terenciano Mauro reescreve esse metro catuliano como um exemplo ilustrativo para
suas explanações métricas. Isso pode ser observado no trecho em que o autor explica os versos
septenário iâmbico e octonário trocaico:
Nota-se que TM também apresenta explicações sobre as origens da utilização dos metros. Por
isso, citou o uso de Hipônax, satírico grego, que é considerado o inventor do tetrâmetro iâmbico
catalético [iii] (septenário), que corresponde ao trímetro iâmbico seguido por um pé antibáquico.
Desse modo, o autor acrescenta ao verso-base de Catulo um pé antibáquico final (Sā bī nŭs),
transformando-o em um septenário iâmbico [iv] , mas “claudicante”, por conter a mais a sílaba -
nŭs, embora esteja prosodicamente neutralizada (porque vem após a última sílaba “forte” do pé
iâmbico, que é a longa –bī -): Phăsē lŭs ī llĕ quē m vĭdē tĭs, hō spĭtē s, Săbī nŭs. A partir dessa mudança,
o autor acrescenta mais uma sílaba final est, formando um octonário trocaico [v] e altera o metro
utilizado até então: Phā sĕlū s ĭllē quĕm vī dĕtī s, hŏspī tĕs, Săbĭnū s ĕst. Assim, a partir desse último
verso, TM apresenta o retorno do septenário iâmbico, pois remove a última sílaba (ĕst) e substitui
o pronome ĭllē pela conjunção ē rgō ou ē rgŏ, porque, segundo Faria (1994, p. 199, s.v. ergo), a partir
de Ovídio essa conjunção pode aparecer por vezes com -o- breve. Na versão de TM, é possível
observar o esquema do verso da seguinte maneira: Phăsē lŭs ē rgŏ quē m vĭdē tĭs, hō spĭtē s, Săbī nŭs.
TM afirma ser iâmbico esse verso, pois mantém-se com o metro do verso original.
O autor procura evidenciar assim o caminho percorrido entre o verso original e suas
transformações, e aponta as variações métricas dos modelos na ordem de exposição, a fim de
apresentar um resumo esquemático das alterações, que podem ser resumidas desta forma:
Phăsē lŭs ī llĕ quē m vĭdē tĭs, hō spĭtē s, Sā bī nŭs. Septenário iâmbico
Phā sĕlū s ĭllē quĕm vī dĕtī s, hŏspī tĕs, Sā bĭnū s ĕst. Octonário trocaico
Phăsē lŭs ē rgŏ quē m vĭdē tĭs, hō spĭtē s, Sā bī nŭs. Septenário iâmbico
Portanto, a técnica expositiva dos diferentes tipos de metro usada por TM dá-se, em geral, em
forjar exemplos próprios, a partir de versos consagrados do cânone literário da poesia latina. Tal
expediente é um recurso didático característico de um manual técnico. Na sequência da
passagem traduzida para este texto, TM continua sua explanação métrica apresentando a
explicação dos trímetros acéfalos, além de expor a procedência desses versos:
No trecho acima, encontram-se muitos conceitos que já tinham sido abordados em outras
passagens do manual de TM. Observa-se que Terenciano Mauro explica o trímetro iâmbico
acéfalo [x] aproveitando a demonstração do tetrâmetro iâmbico [xi] acéfalo, mencionado
anteriormente a partir do verso 2280 do manual. Desse modo, entende-se que o tetrâmetro
iâmbico acéfalo é constituído por um pé crético (ˉ˘ˉ) seguido de um trímetro iâmbico (˘ ˉ ˘ ˉ ˘ ˉ ˘ˉ ˘ ˉ
˘ ˉ), enquanto o trímetro iâmbico acéfalo é formado por um dímetro iâmbico precedido por um
crético. É por esse motivo que o autor latino compara o tetrâmetro (quadratus) com o trímetro.
De acordo com Chiara Cignolo (2002, p. 540), todos os metros trocaicos cataléticos são
considerados forma acéfala do metro iâmbico, assegurando que de fato o tetrâmetro é
constituído pela adição de um crético inicial ao trímetro iâmbico.
A partir desse exemplo, TM apresenta como deverá ficar o trímetro catalético que deseja
representar; o que se obtém, no exemplo do trecho aqui reproduzido, pela eliminação da sílaba
final (est). É interessante notar que o modo como os modelos métricos são apresentados ao leitor
evidencia a diferença entre os versos, já que são alocados um após o outro. Após mostrar e, até
certo ponto, desmontar o trímetro, o autor parte para a explicação do dímetro iâmbico e seus
usos:
Nessa passagem, TM cita mais variações possíveis da última sílaba do metro iâmbico puro. É
interessante notar que o autor não especifica claramente a que dímetro e trímetro ele se refere
em sua explicação. Dessa forma, Terenciano Mauro exige do leitor o esforço ou de reter
perfeitamente a matéria específica de que ele trata em cada passagem ou de voltar aos pontos
chave do texto em que se encontra claramente a referência à matéria tratada, já que, como
ocorre na passagem analisada, a definição de metros e conjuntos de metros não se encontra no
período imediatamente anterior. Nesse caso, entende-se que os conceitos devam referir-se ao
dímetro e trímetro iâmbicos, pois, como já se mencionou anteriormente, o esticólogo baseia-se
em um exemplo de senário iâmbico perfeito, de onde extrai conclusões a partir de
transformações sobre ele praticadas com esse fim.
TM também afirma que o dímetro iâmbico se transforma a partir do trímetro, composto
anteriormente no verso 2431 (Phăsē lŭs ī llĕ quē m vĭdē s Săbī nŭs ē st). Dessa forma, se for subtraído
o terceiro pé de qualquer lugar do verso, ele ficará com dois apenas. Mas os versos terão oito
sílabas se forem constituídos por um iambo ou espondeu, exceto quando o iambo for substituído
por um dátilo [xviii] , anapesto [xix] ou um tríbraco [xx] . Portanto, pode-se concluir que esta é a
escansão do verso: Phăsē lŭs ī llĕ quē m vĭdē s.
Nos versos seguintes, TM continua a expor mais usos do dímetro, citando grandes poetas da
literatura clássica, característica comum e muito recorrente em obras do gênero manual técnico.
Segundo Terenciano Mauro, os poetas Álfio Avito e Horácio Flaco compuseram seus poemas em
séries contínuas de dímetros iâmbicos. Porém, Avito, diferentemente de Horácio, não compõe
apenas poemas, mas um livro inteiro em dímetros, de modo a tornar-se inovador nessa
modalidade através da obra Exellentium, sobre a qual TM não apresenta detalhes nem
fragmentos. De acordo com o autor, em seus dez poemas dos Epodos, Horácio Flaco alterna
dímetros e trímetros iâmbicos. Esse aspecto é exemplificado por meio dos dois primeiros versos
do Epodo I, em que Horácio apresenta o trímetro ĭbī s lĭbū rnī s ī ntĕr ā ltă nā vĭŭm [xxv] antes do
dímetro ămī cĕ, prō pū gnā cŭlă. Com esse exemplo, é possível entender o motivo que levou o
estudioso latino a afirmar que Flaco coloca dímetros logo após seus trímetros: Tales trimetris
subdidit Flaccus suis.
TM ilustra assim a forma que parece ser a de um epodo [xxvi] , de acordo com o modelo de
Arquíloco, nas obras de Horácio, sem perder de vista a transformação de trímetros em dímetros,
como já havia apresentado com os metros dos poemas de Catulo. É, portanto, possível perceber a
tradição desses metros e o modo como os versificadores e poetas a recriam.
Nota-se que o autor apresenta o dímetro acéfalo e catalético utilizados, não apenas por
Arquíloco, mas também por Horácio Flaco no poema 18 do segundo livro das Odes. Nesse trecho,
TM não explicita os versos de Horácio, mas repete o exemplo do Carmen IV de Catulo, utilizado
como base ao longo de suas explanações. Primeiramente, apresenta o dímetro iâmbico ădē st
cĕlē r phăsē lŭs ē st. Logo após, dá início a suas transformações, tal como fez na explicação acerca
do trímetro iâmbico. Para demonstrar o dímetro iâmbico acéfalo, elimina a primeira sílaba ăd-,
de modo que o verso fica assim: ē st cĕlē r phăsē lŭs ē st. Em seguida, com a eliminação da última
sílaba ē st, transforma o verso em um dímetro iâmbico catalético: ădē st cĕlē r phăsē lŭs.
No momento em que compara seus exemplos aos de Horácio, é interessante notar que ele
apenas compara a forma dos versos, já que mantém o conteúdo de seus modelos transformados.
TM menciona que somente em um poema, Horácio alternou um dímetro trocaico catalético –
exemplificado pelo verso ē st cĕlē r phăsē lŭs ē st – com um trímetro iâmbico catalético –
exemplificado por phăsē lŭs ī llĕ quē m vĭdē s Săbī nū s.
Somente mais adiante o autor mencionará os versos horacianos que foram comparados a seus
modelos pela semelhança da forma:
Tais versos seriam os dois primeiros do poema 18 de Horácio: non ebur neque aureum / mea
renidet in domo lacunar. O primeiro verso é um dímetro acéfalo e o outro um trímetro iâmbico,
semelhante ao catuliano: phaselus ille quem vides Sabinus. TM inicia uma decomposição do
verso, a fim de demonstrar de uma forma minuciosa aquilo que explicou anteriormente. Assim,
o autor informa que non ebur é um pé crético (ˉ˘ˉ), já que a consoante que vem após a segunda
sílaba de ebur (ou seja, o n– de neque) alonga-a (-bū r). Desse modo, subdivide o dímetro acéfalo
em um pé crético (nō n ĕbū r) e uma primeira parte de um trímetro iâmbico (nĕquē ăurē um), ao
mesmo tempo em que apresenta o trímetro subdividido em um dímetro iâmbico (mĕā rĕnī dĕt ī n
dŏmō ) e um antibáquico (lā cū năr) que, assim como o último pé (Sabinus) do verso de Catulo,
claudica. De acordo com Cignolo (2002, p. 545), nessa ode alterna-se o dímetro trocaico catalético
com o trímetro iâmbico catalético.
TM prossegue sua explicação ainda comparando o verso horaciano ao modelo utilizado por ele
mesmo ao longo de sua obra. Nesse momento, ao eliminar as sílabas mea reni, o que permanece
– dĕt ī n dŏmō lā cū năr – o autor produz uma forma semelhante ao verso catuliano já utilizado
anteriormente: ădē st cĕlē r phăsē lŭs, mencionando novamente o dímetro iâmbico catalético,
exposto primeiramente nos versos 2463-64.
Considerações Finais
É possível observar que os trechos da obra de Terenciano Mauro, aqui traduzidos e brevemente
comentados e analisados, apresentam uma certa trajetória nos exemplos fornecidos que, por
meio de combinações e transformações, buscam apresentar o uso dos mais variados metros e
versos recorrentes em muitos poetas. O autor demonstra a aplicação dos metros com seus
exemplos elucidativos que, como se pode notar no percurso do texto, geralmente resgatam o
modelo central, no presente caso, o verso do IV poema de Catulo: Phaselus ille quem uidetis,
hospites.
Desse modo, TM torna mais concreto e identificável o conceito de derivação métrica corrente a
partir de certo momento na tradição da Poética clássica latina, além de reafirmar a importância
dos cânones de seu tempo. Ademais, ressalta-se que os instrumentos e as técnicas apresentados
pelo gramático, ao lado dos demais elementos da poesia, fornecem elementos adicionais e
instigantes para fomentar análises mais profundas das obras dos poetas mais respeitados.
Referências
FARIA, Ernesto. Dicionário Escolar Latino Português. Rio de Janeiro: FAE, 1994.
HARVEY, P. Dicionário Oxford de Literatura Clássica. Trad. Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 1998.
KEIL, H. (KEILII, H). Grammatici Latini: Scriptores Artis Metricae. Leipzig: Georg Olms
Verlagsbuchhandlung, 1961, v. 6.
PAZ, O. O arco e a lira. Tradução de Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
SALVATORE, A. Prosódia e métrica latina: Storia dei metri e dela prosa métrica. Roma: Jouvence,
1983.
[i] Refere-se ao antibáquico, pé de cinco tempos, formado por duas sílabas longas e uma breve (ˉ ˉ ˘), segundo Salvatore (1983, p. 34). Esse
pé também pode ser chamado palimbáquio.
[ii] “Verso quadrado” corresponde a um verso formado por oito iambos e, por ser composto somente por estes pés, possui 16 sílabas. Este
verso pode ser nomeado também como octonário iâmbico.
[iii] “Catalético” significa que o verso é manco, em que não se verifica uma parte do metro.
[iv] Verso composto por sete pés iâmbicos, de acordo com Crusius (1951, p. 129).
[v] Verso formado por oito pés troqueus (ˉ ˘), podendo ser entendido como uma composição de dois tetrâmetros trocaicos, de acordo com
Boldrini (2002, p. 134).
[vi] Segundo Chiara Cignolo (2002, p. 531), o adjetivo quadratus refere-se à extensão de um verso. Pode ser um tetrâmetro ou octonário
iâmbico. Nesse caso, o termo alude ao tetrâmetro.
[vii] Pé composto por uma sílaba breve entre duas longas (ˉ ˘ ˉ), de acordo com Crusius (1951, p. 40).
[viii] “Aqui está aquele barquinho veloz que tu vês”.
[ix] “É veloz aquele barquinho que tu vês”.
[x] Com a primeira sílaba eliminada, conforme se explica no próprio excerto aqui transcrito. Ademais, segundo Terenciano Mauro, esse
metro foi invenção de Arquíloco, poeta grego de Paros.
[xi] Verso composto de quatro pés métricos iâmbicos, de acordo com Crusius (1951, p. 76).
[xii] Poeta grego que, segundo Harvey (1998, p. 58), provavelmente é do século VII a.C.
[xiii] Trímetro iâmbico catalético.
[xiv] Tetrâmetro acéfalo.
[xv] “Aquele barquinho que tu vês é Sabino”.
[xvi] “Aquele barquinho Sabino que tu vês”.
[xvii] “Aquele barquinho que tu vês”.
[xviii] Pé métrico composto por uma sílaba longa e duas breves (ˉ ˘ ˘), segundo Crusius (1951, p. 40).
[xix] Pé métrico composto por duas sílabas breves e uma longa (˘ ˘ ˉ), segundo Crusius (1951, p. 40).
[xx] Pé composto por três sílabas breves (˘ ˘ ˘) (SALVATORE,1983, p. 34).
[xxi] Poeta latino que, segundo Cignolo (2002, p. 544), pode ser contemporâneo de Terenciano Mauro (séc. II d.C.).
[xxii] “Dos Excelentes”.
[xxiii] Quintus Horatius Flaccus (65-8 a.C.), poeta romano reconhecido por sua maestria em compor os mais variados tipos de metros,
compôs livros como o das Odes (obra agrupada em quatro livros) e dos Epodos (conjunto de dezessete poemas). Em relação às Odes,
segundo Cardoso (2003, p. 66), Horácio tencionou apresentar ao Lácio os metros eólicos, apesar de Catulo já ter utilizado esses metros
anteriormente. No que se refere aos Epodos, de acordo com Cardoso (2003, p. 93), são uma das primeiras obras do poeta e são poemas com
aspectos satíricos. Quanto à sua estrutura, são formados por um trímetro e um dímetro iâmbicos.
[xxiv] “Amigo, irás em liburnas entre as altas torres dos navios”. (HORÁCIO, Epodos, I, 1-2). Obs.: liburna é um barco veloz, que recebe esse
nome por ser utilizado pelos habitantes da Libúrnia.
[xxv] De acordo com Boldrini (2002, p. 118), os metros iâmbicos admitem substituições no primeiro, quinto e nono elemento do verso,
sendo que a última sílaba sempre é “ancípite”, ou seja, pode ser longa ou breve. O esquema pode ser apresentado assim: X ¯ ˘ ¯ X ¯ ˘ ¯ X ¯ ˘ X
(“X” representa a possibilidade de variação entre sílabas breves ou longas). Por esse motivo, convém notar que no verso ĭbī s lĭbū rnī s ī ntĕr
ā ltă nā vĭŭm, as sílabas longas seguidas em –nī s ī n- e as breves em –vĭŭm- podem ser justificadas pela posição.
[xxvi] Segundo Crusius, um epodo iâmbico é a união de um trímetro com um dímetro iâmbico (1951, p. 102), exatamente o que se vê nos
Epodos de Horácio.
[xxvii] É interessante notar que os versos 2456 e 2457 mencionam o poema 6 dos Epodos horacianos, em que o tebano Licambes recusa a
mão de sua filha a Arquíloco. Indignado, o poeta de Paros escreve versos tão violentos e mordazes contra o pai e a filha, que ambos se
enforcam. Por tal razão, o trímetro iâmbico é considerado violento, de acordo com Chiara Cignolo (2002, p. 544).
[xxviii] Refere-se ao trímetro iâmbico explicado anteriormente.
[xxix] HORÁCIO, Odes, II,1-2.
[xxx] Isto é, na Ode II.18 de Horácio, de que TM estava tratando nos versos anteriores.
[xxxi] “Nem marfim nem teto áureo/ rebrilham em minha casa.”
[xxxii] “Aqui está o barquinho veloz”.
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