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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

ANÁLISE NÃO-LINEAR DE ESTRUTURAS

NOTAS DE AULAS

Capítulo V (Revisão: Teoria das Tensões)

Sergio Persival Baroncini Proença

Prof.Titular

São Carlos, Maio de 2012.


Teoria das Tensões - revisão 1
Autor: Sergio P.B. Proença

1. Relações de equilíbrio

Considere-se o estado de tensão caracterizado pelas componentes


segundo planos coordenados, conforme indicado na Figura 1:

 x  xy  xz  X 
 
T   yx  y  yz  f  Y 
T  TT  zx  z y  z  Z 
 

Figura 1 - Estado geral de tensão

De ponto a ponto do corpo as equações de equilíbrio estabelecem


relações entre as variações das tensões. Essas equações podem ser escritas
em forma vetorial intrínseca, utilizando do operador divergente, por:

divT  f  0 (1)

As grandezas envolvidas são definidas em notação tensorial como:

 T ji
T  Tij ei  e j ; divT  e
 xj i (2)
f  f k ek (i, j , k  1,...,3)

A mesma relação anterior pode ser expressa em componentes nas


formas:

( divT )i ei  f i ei  0  ( divT )i  f i  0 (3)

  x   yx   zx
   X 0
x y z
  xy   y   zy
  Y 0 (4)
x y z
  xz   yz   z
   Z 0
x y z
Teoria das Tensões - revisão 2
Autor: Sergio P.B. Proença

2. Componentes de tensão segundo um plano genérico.

As componentes de tensão segundo um plano genérico de normal n,


conforme ilustra a Figura 2, podem ser escritas em função das componentes
do tensor T, de acordo com o desenvolvimento que segue.
z
z

n tn n
tz tn
x
tx ty yx xy
y y
xz
y
yz zx
x
zy
t x 
  z
t n  T n  t y 
 
t z  x
 n1 
  z
n  n 2 
n
n3 
2
n  n.n  1 e3 

n1  cos  y
e1  e2
n 2  cos 
n3  cos  x

n12  n 22  n32  1
Figura 2 - Estado geral de tensão

Em componentes cartesianas os vetores t e n são dados por t n  t i ei ;


n  nk ek sendo que cada componente de t é dada por:

t x   x n1   xy n 2   xz n 3

t i  Tij n j ( i , j  1,...,3 ) t y   yx n1   y n 2   yz n 3 (5)

t z   zx n1   zy n 2   z n3

De fato, considerando-se que t n = T n, resultam:


Teoria das Tensões - revisão 3
Autor: Sergio P.B. Proença

t n  Tij ( ei  e j )nk ek  ( Tij nk  jk )ei


(6)
t i ei ( Tij n j )ei

2.1 Componentes normal e de cisalhamento ao plano de normal n

A componente normal é obtida projetando-se o vetor t zn sobre a


direção de n, mediante a operação produto interno:
p  n tn
P n

 n  t n .n  T n.n  Tij ni n j n n
(7)
 n  ti ei .nk ek  ti ni  np y

ou ainda
x
Figura 3 - Componentes de tensão

 n   x n12   y n22   z n32  2 xy n1 n2  2 xz n1 n3  2 yz n2 n3 (8)

Por sua vez, a componente de cisalhamento resulta da diferença entre o


módulo do vetor de tensão e de sua componente normal:

2
 n2  t n   n2  t n .t n  ( Tn .n )2
(9)
 Tn .Tn  ( Tn .n ) 2

É usual decompor a tensão de cisalhamento segundo duas direções


ortogonais entre si ( e m, por exemplo) contidas no plano inclinado.

z  1 
 
l    2 
’
n  2 
 1  cos  
’
’ ’ y  2  cos  

 3  cos  

x
 1
m
Teoria das Tensões - revisão 4
Autor: Sergio P.B. Proença

 n  t n .  ti ei . k ek  t x 1  t y  2  t z  3

 n   x n1   xy n2   xz n3  1   yx n1   y n2   yz n3   2   zx n1   zy n2   z n3   3
(10)
z

''
y
''
x '' ’

Figura 4 - Estado geral de tensão

m1 
 
m  m 2 
 
m 3 
m1  cos "
m 2  cos "
m3  cos  "
 nm  t n .m  t i ei .mk ek  t x m1  t y m2  t z m3 (11)

Com base na exposição anterior, pode-se mostrar que o estado de


tensão no ponto pode ser expresso em função de componentes de tensão
referidas a outro sistema de eixos, rodado com relação ao original, através da
seguinte relação:

T’ = A T AT (12)

onde A é um tensor ortogonal que reúne os cossenos diretores das novas


direções em relação às originais.
Se as novas direções forem definidas por n,  e m, por exemplo, a
matriz representativa do tensor A é dada por:

 n1 n2 n3 
A  1 2 3 
m m3 
 1 m2
Teoria das Tensões - revisão 5
Autor: Sergio P.B. Proença

2.2 Tensões normais principais

Existem três planos segundo os quais os vetores de tensão resultam


alinhados com as respectivas normais, isto é, não apresentam componentes
de cisalhamento (v.Figura 5).
Assim, o vetor de tensão tn é dito principal se verifica a relação tn = 
n onde o escalar  recebe a denominação de valor principal e n é o versor da
normal particular que define uma direção principal.
Como genericamente tn = T n a condição para a determinação das
direções principais é:
z
Tn  n
tz n

Em termos de componentes tn = n
ty
t i ei   ni ei tx y
( Tij n j )ei  (  ni )ei  Tij n j   ni
Tij n j   n j  ij ( Tij    ij )n j  0 x

Figura 5 - Vetor de tensão alinhado com a normal


ou ainda

t x   n1 (  x   )  xy  xz   n1  0 
t y   n2   ( y  )  yz  n   0 
 2   
 yx (13)
t z   n3   zx  zy ( z  ) n 3  0 

A condição para que o sistema homogêneo apresente solução diferente


da trivial (n = 0) é que o determinante da matriz de seus coeficientes se
anule. Dessa imposição resulta o seguinte polinômio cúbico em :

 3  I 1 2  I 2   I 3  0 (polinômio característico)
(14)

onde:

I1   x   y   z
 x  xy  x  xz  y  yz
I 2   x y   y  z   x z   xy
2
  yz
2
  zx
2
  
 xy  y  xz  z  yz  z
I 3   x y z  2 xy xz yz   x yz2   y xz2   z xy2  det T (15a,b,c)
Teoria das Tensões - revisão 6
Autor: Sergio P.B. Proença

I1 , I 2 e I 3 são denominados invariantes do tensor de tensões pois


possuem os mesmos valores se o tensor for escrito com relação a um
referencial rodado X’, Y’, Z’ , isto é:

I 1   ' x  ' y  ' z


I 2   ' x  ' y  ' x  ' z  ' y  ' z  x2' y'   x2' z'   z2' y'
I3   '  '   2     x'  y2' z'   y'  x2' z'   z'  x2' y'
x y z' x' y' x' z' y' z'

Determinação das raízes do polinômio cúbico.

Seja a seguinte decomposição:

x  y z I1
   m  ' com m   (16)
3 3

Substituindo-se  decomposto na expressão do polinômio


característico resulta:

3 2
 I1  I  I 
  '   I1  1  '   I 2  1  '   I 3  0
3  3  3 
 I12  '  I 2 I1 2 I 13 
 ' 3   I2       I3   0   ' 3 J 2  '  J 3  0 (17)
 3  3 27 

sendo:

I12 2I 3 I I
J2   I 2 ; J 3  1  2 1  I 3  2 m3  I 2 m  I 3 (18)
3 27 3

Definindo-se, por outro lado,  '  r cos a última relação passa a ser
dada por:

( r cos )3  J 2 r cos  J 3  0

ou

J2 J3
cos 3   2
cos   0 (19)
r r3

Essa relação apresenta analogia com a expressão trigonométrica:


Teoria das Tensões - revisão 7
Autor: Sergio P.B. Proença

3 1
cos 3   cos  cos 3  0 (20)
4 4

Da igualdade dos termos correspondentes resultam:

J2 3 4 2 J2 2 J2 4 8 J 23 / 2
  r 2
 J 2  r  r 3
 J 2  (21a,b)
r2 4 3 3 3 3 3 3
1 J 4J 3 3 J3
cos 3  33  cos 3  33  (21c)
4 r r 2 J 23 / 2

Observa-se que r e cos3 são também invariantes. Além disso, como o


cosseno do arco está sempre limitado ao intervalo [-1,1], segue que:

-1  cos 3  1 ou 0  3   ou ainda 0  0  /3

Dada a natureza cíclica de cos(3 + 2n), para  podem ser


determinados os seguintes valores (n=1):

 = 0  = 0 + (2/3) e  = 0 - (2/3)

Com r e os três valores de , obtém-se ’ e . Particularmente se 1


2 3, valem as expressões:

2 J2
1  m  cos  o
3
2 J2 2
2 m  cos(  o  )
3 3
2 J2 2
3 m  cos(  o  ) (22a,b,c)
3 3

As direções principais resultam da resolução do sistema de equações


homogêneo para cada valor de , acrescentando-se a condição:

n12  n22  n32  1

3. Decomposição do tensor de tensões

O tensor de tensões, um tensor simétrico, pode ser decomposto em


parcelas esférica e desviadora definidas por:
Teoria das Tensões - revisão 8
Autor: Sergio P.B. Proença

T = TH + S (23)

TH = m I

S = T - m I

onde

I = tensor identidade de segunda ordem


m I = parte esférica ou hidrostática
S = parte desviadora ou antiesférica

A decomposição tem a seguinte representação matricial:

(  x   m )  xy  xz   m 0 0 
S   yx ( y  m )  yz  ;  mI   0 m 0 
   0
  zx  zy (  z   m )  0  m 
(24)

O cálculo dos auto-valores ( s ) do tensor desviador se faz de modo


análogo ao apresentado para o tensor T, considerando-se a seguinte equação
característica:

s 3 J 1 s 2 J 2 s J 3  0

Na relação anterior aparecem novos invariantes (secundários)


definidos por:

J1  0

J2 
I 12
3
1
6
 
 I 2  (  x   y ) 2  (  x   z ) 2  (  y   z ) 2   xy
2
  yz
2
  xz
2

3
2I I I
J3  1  2 1  I3
27 3 (25)

Como os tensores T e S diferem entre si de uma parcela hidrostática, as


suas direções principais coincidem.

4. Máximas tensões de cisalhamento

Admita-se que o sistema de referência tenha seus eixos alinhados com


as direções principais. Considerando-se um plano de normal n inclinada em
relação aos eixos, valem sucessivamente as seguintes relações:
Teoria das Tensões - revisão 9
Autor: Sergio P.B. Proença

 1 0 0
tn  T* n com T*   0 2 0
0  3 
 0

 n  T * n.n   1 n1 2   2 n2 2   3 n3 2 (26)

2 2
 n 2  t n  n 2 t n   1 2 n1 2   2 2 n2 2   3 2 n3 2


 n2   12 n12   22 n22   32 n32   1 n12   2 n22   3 n32 2
(27)

Tendo-se em vista que

n12  n 22  n32  1  n32  1  n12  n 22

e substituindo-se na última relação resulta


 n2  (  12   32 )n12  (  22   32 )n 22   32  (  1   3 )n12  (  2   3 )n 22   3 2
 f ( n1 , n 2 )
(28)

A determinação dos valores extremos para a tensão de cisalhamento


pressupõe a aplicação da condição de estacionaridade na relação anterior,
neste caso, expressa por:

 n2  n2
0 e 0
n1 n2

Dessa condição resultam:

 n2
n1
 
 2n1 (  12   32 )  2 (  1   3 )n12  (  2   3 )n22   3 2n1 (  1   3 )  0

 n2
n 2
 
 2n2 (  22   32 )  2 (  1   3 )n12  (  2   3 )n22   3 2(  2   3 )n2  0
(29a,b)

Obs1: no caso interessa apenas o estudo da variação do quadrado da tensão de


cisalhamento (ou de seu módulo), pois se admite que o sinal positivo ou
negativo dessa tensão não implica em mudança de resposta do meio.

A solução trivial n1 = n2 = 0 e, portanto, n3 = + 1 corresponde a n2 =


0 (valor mínimo). Outras soluções, de maior interesse por conduzirem a
valores máximos, resultam de: n1  0; n2 = 0 e n2  0; n1 = 0.
Teoria das Tensões - revisão 10
Autor: Sergio P.B. Proença

Impondo-se n1  0 e n2 = 0 na primeira relação de estacionariedade,


obtém-se sucessivamente:

2 n1 (  12   32 )  4 n13 (  1   3 ) 2  4 n1 (  1   3 ) 3  0
3
(  12   32 )  2(  1   3 ) 2 n12  2(  1   3 ) 3  0
n
(  1   3 ) 2 ( 1  2n12 )  0 
n
1 2 2
n12   n1   e n3  
2 2 2
1 1 2
 n2  (  1   3 )2 ou  n   1   3
4 2
1

Por outro lado, com n2  0 e n1 = 0 na segunda relação, resultam:

2 n 2 (  22   32 )  2 [(  2   3 )n 22   3 ] 2(  2   3 )n 2  0 3

(  2   3 ) 2 ( 1  2 n 22 )  0 n n

1 2 2
n22  n2   e n3  
2 2 2
1
n  2 3
2
2
1

Naturalmente na expressão de n pode-se exprimir n12 em função de


2

n22 e n32, obtendo-se outra solução possível dada por:


3

2 1
n3  0 n1  n2   en  1  2
2 2

n
n 2

Nota-se que os planos de tensões de cisalhamento máximas formam


o
45 com os eixos principais de tensão normal tomados dois a dois.

5. Tensões octaédricas

As tensões octaédricas ocorrem segundo planos cujas normais são


igualmente inclinadas com relação a eixos de um sistema de referência
alinhados com as direções principais.
Assim, os cossenos diretores dessas normais são iguais entre si:

n1  n2  n3  n*
Teoria das Tensões - revisão 11
Autor: Sergio P.B. Proença

2 1
3n* = 1 n* = 
3
(30)

A componente de tensão normal octaédrica é dada por:

2 2 2 I1
 oct  T * n.n   1 n    2 n*   3 n   m
3 (31)

ou seja, igual à média das tensões normais principais. Em função da


invariância dessa soma, vale também a relação:

 x  y  z
 oct 
3

Por sua vez:

2
 oct
2
 t n   oct
2

tn
2 2 2 2
 T  n.T  n   12 n*   22 n*   32 n* 
1 2
3

 1   22   32 
1 1
 oct2
 (  12   22   32 )  (  1   2   3 ) 2 
3 9
1
 ( 2 12  2 22  2 32  2 1  2  2 1  3  2 2 3 )
9
1 2
 oct
2
 [(  1   2 ) 2  (  1   3 ) 2  (  2   3 ) 2 ]  J 2
9 3 ;
2J 2 1
 oct   [(  x   y ) 2 
3 3
 (  y   z ) 2  (  z   x ) 2  6(  xy
2
  yz
2
  xz
2
)] 1 / 2
(32)

Considerando-se que

J2 
1
6
  
 1   2 2   1   3 2   2   3 2  1  1   m 2   2   m 2   3   m 2
2

então oct e oct são também invariantes, pois podem ser escritos em função
de outros invariantes:

I1
 oct   m
3
Teoria das Tensões - revisão 12
Autor: Sergio P.B. Proença

2J 2 2 2 2 3/ 2
 oct    oct
2
 J 2   oct
3
 J2
3 3 3 3 (33)

Uma última relação de interesse é:

3 3 J3 2J
cos 3   3 3
3/ 2
2 J2  oct (34)

6. Invariantes geométricos de tensão

Considere-se um sistema de referência em cujos eixos representam-se


valores principais de tensão, os quais não estão necessariamente ordenados
segundo seu valor algébrico.
P(1, 2, 3)

Nesse sistema d é um versor


1
igualmente inclinado com d
relação aos eixos de referência.
Um ponto sobre d representa um
estado hidrostático, pois 1 = 2 3
= 3 = . A Figura 6 ilustra esse
c
comentário. 2

Figura 6 - Vetor de tensão e eixo hidrostático

Um plano desviador ou octaédrico é um plano ortogonal ao eixo


hidrostático d e sua equação se deduz, por exemplo, pela condição de que
seja constante a projeção sobre aquele eixo do vetor posição de um ponto P
qualquer pertencente ao plano. Segundo essa idéia resulta:

(  1e1   2 e2   3 e3 ).d  c
1 1 1
(  1e1   2 e2   3 e3 ).( e1  e2  e3 ) 
3 3 3
1
(1   2  3 )  c
3
 1  2 3  3c (35)

O plano desviador particular que passa pela origem do sistema (c=0) é


denominado de plano , ou plano de Nadai, e tem equação  1   2   3  0 .
Teoria das Tensões - revisão 13
Autor: Sergio P.B. Proença

Um ponto P sobre o plano de Nadai representa um estado tangencial de


tensão. A Figura 7 ilustra esses comentários.

1 P
d 1
P

3
3

2  2 

Figura 7 - Plano desviador pela origem do sistema

Um vetor de tensão genérico OP pode ser decomposto na direção do


eixo hidrostático e numa outra direção perpendicular a ele. O valor de sua
projeção sobre o eixo hidrostático (v. Figura7) resulta de:

ON    OP.d 
1 1 1
(  1e1   2 e2   3 e3 ).( e1  e2  e3 )
3 3 3
1 3 3
 ( 1   2   3 )  ( 1   2   3 )  I 1  3 m
3 3 3 (36)

Como conseqüência, valem as seguintes relações:

  3 m  3 oct
ON   d   m e1   m e2   m e3 (37)

portanto, ON representa a parte hidrostática do vetor de tensão. A projeção


NP denominada parte desviadora pode ser determinada pela seguinte
diferença:

NP  OP  ON  (  i   m )ei  si ei

O módulo dessa projeção tem relação com a componente cisalhante da


tensão octaédrica. De fato:

2
 2  NP  s12  s 22  s 32  2 J 2  3 oct
2
(38)

Obs1:
Teoria das Tensões - revisão 14
Autor: Sergio P.B. Proença

(  1   m ) 0 0   s1 0 0
S 0 ( 2   m ) 0   0 s2 0
 ( 3   m ) 0 s 3 
 0 0  0

Obs2: dois estados de tensão que diferem entre si por uma pressão
hidrostática estão alinhados paralelamente ao eixo hidrostático. P’ d
P
De fato, para o ponto P(  1 , 2 , 3 )  NP  (  i   m )ei 1
N’
N
Para outro ponto P ' (  1   H , 2   H , 3   H )
3
tem-se que:
2
1
 1   H   2   H   3   H   3  m   H 
' '
ON  OP .d 
3
'
ON  (  m   H )ei e, como conseqüência,

' ' '


NP  OP  ON  (  1   m )e1  (  2   m )e2  (  3   m )e3  NP

Para a interpretação geométrica do ângulo de Lode (), é necessário


visualizar a projeção do sistema de referência no plano de Nadai a partir de
um ponto de vista situado sobre o eixo hidrostático.
 1’
Da figura ao lado segue que: NP .i   cos
( i é um versor contido no plano  ).
Valem também as relações: P
i

6  O=N
i ( 2e1  e2  e3 )
6
NP  (  i   m )ei  si ei 120o

 2’  3’
Nessas condições, pode-se escrever uma expressão
mais conveniente para o cálculo de cos  :
Figura 8 - Ângulo de Lode
  NP


6
NP.i  ( 2 s1  s 2  s 3 )   cos   2 J 2 cos 
6
3
 cos  ( 2 s1  s 2  s 3 )
6 J2
Por outro lado, no plano de Nadai o estado de cisalhamento é puro ou
tangencial de tensão (  1   2   3  0 ) e, portanto, vale a relação:
Teoria das Tensões - revisão 15
Autor: Sergio P.B. Proença

3
s1  s2  s3  0  cos  s1
2 J2

Além disso, levando-se em conta a relação trigonométrica (cos3 =


4cos  - 3 cos ) resulta:
3

3
 3  3 3 3 3 3 3
cos 3  4 s1   s1  ( s13  s1 J 2 )  J3
2 J  2 J2 3 3
 2  2J 2 2 2J 2 2

Obs3 :
3
1 s s
s13  s1 J 2  s13  s1 ( s12  s 22  s 32 )  1  1 [( s 3  s 2 ) 2  2 s 3 s 2 ]  s1 s 2 s 3  J 3
2 2 2

Obs4 :
2
sen    cos   i1
1 3
d
i  i1 e1  i2 e2  i3 e3
1
2 3 i .d  0  ( i1  i2  i3 )  0
3
6
3 i3  i 2   mas i3  i2  i*
i 3
 

2 6
i3  i2  
6
6
i  ( 2e1  e2  e3 )
6

Obs5 - Algo mais sobre o ângulo de Lode :


3 1
Considerem-se as relações cos  s1 ; J 2  ( s12  s22  s32 ) e admita-
2 J2 2
se que as tensões principais estejam ordenadas em valor algébrico, isto é
 1   2   3 . Os seguintes casos são de interesse por terem correspondência
com valores particulares do ângulo de Lode:

a)  1  0 ; 2   3  0 (tração simples)
1 2 
m  ; s1   1 ; s 2  s 3   1
3 3 3
1 4  2
3
J 2  (  12  2 1 ) J 2  1
2 9 9 3
Teoria das Tensões - revisão 16
Autor: Sergio P.B. Proença

3 2
cos   1  1 0 o
3 3
2 1
3

b)  3  0 ; 1   2  0 (compressão simples)

3 3 2
m   ; s1  s 2  ; s3    3 ;
3 3 3

1   32 4 2  3
J2  2   3  J 2  3
2 9 9  3
3 3 1
cos      60 o
3 3 2
2 3
3

c)  1    0 ; 2  0 ; 3  (estado de cisalhamento simples)


 m  0 ; s1   ; s2 0 ; s3  
1
J2  ( 2  2 )   2  J2  
2
3 3
cos      30 o
2 2

Por outro lado, tendo-se em vista sucessivamente, no plano  , as


projeções de NP sobre os eixos  1 , 2 , 3 , resultam as seguintes expressões
(para  1   2   3 ):

2 2 2 2 J2 2
s1  J 2 cos ; s 2  J 2 cos(   ); s3  cos(  )
3 3 3 3 3

Então, as tensões principais de cisalhamento podem ser expressas nas


formas:

1 1 
 12  (  1   2 )  ( s1  s 2 )  J 2 sen(  )
2 2 3
1 1
 23  (  2   3 )  ( s 2  s 3 )  J 2 sen 
2 2
1 1 
 31  (  3   1 )  ( s 3  s1 )   J 2 sen(   )
2 2 3
Teoria das Tensões - revisão 17
Autor: Sergio P.B. Proença

Das últimas relações segue que se  1   2   3 ,  deve satisfazer


 
simultaneamente sen(  )  0 , sen(   )  0 e sen(   )  0 ; isto somente é
3 3

possível se 0    .
3
Finalmente é importante observar que ,  e  são também invariantes
e por estarem relacionados com medidas lineares e angulares no espaço das
tensões principais serão aqui denominados por invariantes geométricos .

Resumo das relações de interesse:

.Invariantes de tensão:

I1 = x + y + z = 1 + 2 + 3
I2 = x y + x z + y z -  2xy   2xz   2yz = 1 2 + 1 3 + 2 3
I3 = x y z + 2 xy xz yz - x  2yz   y  2xz   z  2xy  1 2 3

.Tensão média:

1   2   3 I1
m  
3 3

.Parte hidrostática:

TH   m I
TH   m  ij
ij

 m 0 0
TH   0  m 0 
 
 0 0  m 

.Parte desviadora:

 s1   1   m
S  T  TH 
 s2   2   m
sij  Tij   m ij s    
 3 3 m
Teoria das Tensões - revisão 18
Autor: Sergio P.B. Proença

1 
3 ( 2 x   y   z )  xy  xz 
 
S   xy
1
( 2 y   x   z )  yz 
 3 
 1 
  xz  yz ( 2 z   x   y )
 2 

.Invariante da parte desviadora:

1
J 2  [(  x   y )2  (  x   z )2  (  y   z )2 ]   xy2   xz2   yz2
6
1
 [(  1   2 )2  (  1   3 )2  (  2   3 )2 ]
6
1 1
 [(  1   m )2  (  2   m )2  (  3   m )2 ]  ( s12  s22  s32 )
2 2

.Ângulo de Lode e tensões principais:

3 3 J3
cos 3  0    /3
2 J 23 / 2
2 J2
1  cos    m
3
2 J2 2
2  cos(   )m (  1  2  3 )
3 3
2 J2 2
3  cos(   ) m
3 3

.Tensões octaédricas:

I1 2
 oct   m  ;  oct  J2
3 3

.Invariantes “geométricos”:

  3  m  3  oct
  2 J 2  3  oct

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