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1.

3 - ESTADO TRIDIMENSONAL DE TENSÕES

z
zy
zx
x dz
xy yz
yx xz y
z
y xz yx
yz xy
x zx
y zy dx
x z

dy

FIG. 1.2 – Componentes de tensão

Por Cauchy temos


𝜏 =𝜏

𝜏 =𝜏 (1.3)

𝜏 =𝜏

Transformações de Coordenadas

Conhecidas as tensões segundo um sistema de referência 𝑂𝑥𝑦𝑧 , procura-se a relação


existente entre tais componentes e aquelas, desse mesmo estado de tensão, dadas segundo outro
sistema de referência 𝑂𝑥̅ 𝑦𝑧̅
y

_
_ x
y
P y _
x
m1
1.0

0 x n1 1 x

z
_
z z
_
a) Coordenadas de um ponto em dois b) Cossenos diretores do eixo 0 x
sistemas de referência

A relação entre os dois sistemas de coordenadas é dado por:


2

𝑥 ℓ ℓ ℓ 𝑥̅
⎧ ⎡ ⎫ ⎤⎧ ⎫

𝑦 = ⎢𝑚
⎪ ⎥⎪ ⎪
⎢ 𝑚 𝑚 ⎥ 𝑦
⎨ ⎬ ⎢ ⎥⎨ ⎬
⎪ ⎪ ⎪ ⎪
𝑧
⎩ ⎭ ⎣𝑛 𝑛 𝑛 ⎦ ⎩ 𝑧̅ ⎭

_
_ x
y
P y _
x
m1
1.0

0 x n1 1 x

z
_
z z
_
a) Coordenadas de um ponto em dois b) Cossenos diretores do eixo 0 x
sistemas de referência

FIG. 1.5 – Transformações de coordenadas

onde ℓ , 𝑚 , 𝑛 , ℓ , 𝑚 , e ℓ , 𝑚 , 𝑛 são os cossenos diretores dos eixos 𝑂𝑥̅ , 𝑂𝑦 e 𝑂𝑧̅ ,


correspondentemente, segundo o sistema de referência 𝑂𝑥𝑦𝑧
.
A matriz que contém os cossenos diretores presente na expressão (1.21) possui uma
característica interessante, pois a sua transposta é a própria inversa.

Na figura está indicado um corte no elemento tridimensional submetido a um estado de


tensões
z z _
x
_ y
x tz dS _x dS y
_ tz dS _
y y
x tydS tydS
__
xy dS
tx dS tx dS
dS 1
xy xz _
yx z _xz_ dS
zx dSn1
_
z
y yz
zy
z

dSm1
x x

a) Forças em equilíbrio b) Forças equivalentes


3

Do equilíbrio da “pirâmide” de sólido mostrada na figura a implica em:

𝑡 𝑑𝑆 𝜎 𝜏 𝜏 ℓ 𝑑𝑆
⎧ ⎡ ⎫ ⎤⎧ ⎫
⎪ ⎢ ⎪ ⎥ ⎪ ⎪
𝑡 𝑑𝑆 = ⎢𝜏 𝜎 𝜏
⎥ 𝑚 𝑑𝑆 (1)
⎨ ⎬ ⎢ ⎥⎨ ⎬
⎪ ⎪ ⎪ ⎪
⎩𝑡 𝑑𝑆⎭ ⎣𝜏 𝜏 𝜎 ⎦ ⎩ 𝑛 𝑑𝑆 ⎭

com 𝑡 𝑑𝑆, 𝑡 𝑑𝑆 e 𝑡 𝑑𝑆 componentes, segundo 𝑂𝑥, 𝑂𝑦 e 𝑂𝑧, da força elementar que atua em tal
área.

Do sistema de referência 𝑂𝑥𝑦𝑧 pde se escrever:


𝑡 𝑑𝑆 ℓ ℓ ℓ 𝜎 ̅ 𝑑𝑆
⎧ ⎫ ⎡ ⎤⎧ ⎫
⎪ ⎪ ⎪ ⎪
𝑡 𝑑𝑆 = ⎢⎢𝑚 𝑚 𝑚 ⎥⎥ 𝜏 𝑑𝑆 (2)
⎨ ⎬ ⎢ ⎥⎨ ⎬
⎪ ⎪ ⎪ ⎪
⎩ 𝑡 𝑑𝑆⎭ ⎣ 𝑛 𝑛 𝑛 ⎦ ⎩ 𝜏 𝑑𝑆⎭

As equações (1) e (2) permitem, finalmente, escrever-se:

𝜎 ℓ ̅ 𝑚 𝑛 𝜎 𝜏 𝜏 ℓ
⎧ ⎡ ⎫ ⎤ ⎡ ⎤ ⎧ ⎫
⎪ ⎢ ⎪ ⎥ ⎢ ⎪ ⎪
𝜏 = ⎢ℓ 𝑚 𝑛 ⎥ . ⎢𝜏 𝜎 𝜏 ⎥ . 𝑚 (3)

⎨ ⎬ ⎢
⎪ ⎪ ⎥ ⎢ ⎥ ⎨



⎩ 𝜏 ⎭ ⎣ℓ 𝑚 𝑛 ⎦ ⎣𝜏 𝜏 𝜎 ⎦ ⎩𝑛 ⎭

Procedendo-se de maneira análoga na procura das tensões atuantes nos planos normais aos
eixos 𝑂𝑦 e 𝑂𝑧̅ encontram-se expressões similares à (3). Reunindo-se tais expressões numa só
expressão matricial, tem-se:

ℓ 𝑚 𝑛 𝜎 𝜏 𝜏 ℓ ℓ ℓ
𝜎 ̅ 𝜏 𝜏 ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
𝜏 𝜎 𝜏 ⎢ ⎥ ⎢ 𝜏 ⎥ ⎢ ⎥
= ⎢ℓ 𝑚 𝑛 ⎥ . ⎢𝜏 𝜎
⎥ . ⎢𝑚 𝑚 𝑚 ⎥ (1.25)
𝜏 𝜏 𝜎 ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
̅
⎣ℓ 𝑚 𝑛 ⎦ ⎣𝜏 𝜏 𝜎 ⎦ ⎣𝑛 𝑛 𝑛 ⎦

Existem direções onde as componentes cisalhantes anulam-se. De fato, nessa circunstância


tem-se, por exemplo, de (3). As tensões normais atuantes neste s planos são denominadas tensões
principais,  1 ,  2 e  3 , c o m  1   2   3 .

𝜎 ℓ ̅ 𝑚 𝑛 𝜎 𝜏 𝜏 ℓ
⎧ ⎡ ⎫ ⎤ ⎡ ⎤ ⎧ ⎫
⎪ ⎪ ⎢ ⎪ ⎪

0 = ⎢ℓ 𝑚 𝑛 ⎥ . ⎢𝜏 𝜎 𝜏 ⎥ . 𝑚 (1.26)
⎥ ⎥
⎨ ⎬ ⎢
⎪ ⎪ ℓ 𝑚 𝑛 ⎥ ⎢ ⎥ ⎨



⎩0⎭ ⎣ ⎦ ⎣𝜏 𝜏 𝜎 ⎦ ⎩𝑛 ⎭

Após transformações matriciais semelhantes à feita no caso bi-dimensional obtemos:


4

𝜎 −𝜎 ̅ 𝜏 𝜏 ℓ 0
⎧ ⎫ ⎧ ⎫
⎡ ⎤⎪ ⎪ ⎪ ⎪
⎢ 𝜏 𝜎 −𝜎 ̅ 𝜏 ⎥ 𝑚 = 0 (1.27)
⎢ 𝜏 𝜏 𝜎 − 𝜎 ̅⎥⎨ ⎬ ⎨ ⎬
⎣ ⎦⎪ ⎪ ⎪ ⎪
⎩𝑛 ⎭ ⎩0⎭

cuja solução não trivial implica em:

𝜎 −𝜎 ̅ 𝜏 𝜏
⎡ ⎤
𝑑𝑒𝑡 ⎢ 𝜏 𝜎 −𝜎 ̅ 𝜏 ⎥ =0 (1.28)
⎢ 𝜏 𝜏 𝜎 −𝜎 ̅⎥
⎣ ⎦

RELAÇÕES ENTRE O ESTADO DE DESLOCAMENTO E O ESTADO DE


DEFORMAÇÃO – CASO TRIDIMENSIONAL
De forma semelhante ao feito para o caso bidimensional apode se obter a relação entre as
deformações em relação aos dois sistemas de coordenadas 𝑂𝑥𝑦𝑧, e o sistema Ox y z

⎡ 𝜀̅ 𝛾 𝛾 ⎤
ℓ 𝑚 𝑛 ⎡ 𝜀 𝛾 𝛾 ⎤
ℓ ℓ ℓ
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ 𝑚
⎢ 𝛾 𝜀 𝛾 ⎥= ℓ 𝑚 𝑛 .⎢ 𝛾 𝜀 𝛾 ⎥. 𝑚 𝑚 (1.60)
⎢ ⎥ ℓ 𝑚 𝑛 ⎢ ⎥ 𝑛 𝑛 𝑛
⎣ 𝛾 𝛾 𝜀̅ ⎦ ⎣ 𝛾 𝛾 𝜀 ⎦

1.9 - RELAÇÕES ENTRE AS COMPONENTES DO ESTADO DE TENSÃO E AS


DO ESTADO DE DEFORMAÇÃO - LEI DE HOOKE
As relações entre tensões e deformações para o estado tridimensional são:

 1   
 E   0 0 0 
E E
 
  1 
0   x 
  x   E E

E
0 0

     y 
 y    
 1
0 0 0   
  z   E  
0  z 
E E
 
 xy   0 0 0
1
0

0   xy 
 yz   G   yz 
   1  
 xz   0 0 0 0 0   xz 
 G 
 0 1 
 0 0 0 0
G 
5

(1.64)

1.10 - EXEMPLOS DE APLICAÇÃO


Fórmulas de CARDAN, para calcular as raízes de uma equação do terceiro grau. as raízes são
reais, dada a natureza do problema, grandes simplificações podem ser conseguidas.

Dada uma equação do terceiro grau do tipo canônico:

𝑥 + 𝑎𝑥 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0

as raízes são expressas por:

𝑥 = 𝑦 − 𝑎/3

𝑥 = 𝑦 − 𝑎/3

𝑥 = 𝑦 − 𝑎/3

Por outro lado, sabendo-se que as três raízes são reais, têm-se:

𝑦 = 2 𝜌 𝑐𝑜𝑠(𝜃/3)

𝑦 = 2 𝜌 𝑐𝑜𝑠((2𝜋 − 𝜃)/3)

𝑦 = 2 𝜌 𝑐𝑜𝑠((2𝜋 + 𝜃)/3)

onde:

𝜌= 𝑅 +𝑄

𝜃 = 𝑎𝑟𝑐. 𝑡𝑔. (𝑄/𝑅)

sendo:

𝑅= −𝑐−

𝑄= −𝑏 −𝑅

𝜃 pertence ao primeiro quadrante no caso de 𝑅 positivo e ao segundo em caso contrário (essa


observação diz respeito à posição do número complexo no plano de Gauss).

1.10.2 exemplo de aplicação


6

Num dado ponto de uma estrutura são conhecidas as componentes do estado de tensão, ou seja:

𝜎 = 0,3 𝑡𝑓/𝑐𝑚 𝜎 = 0,7 𝑡𝑓/𝑐𝑚 𝜎 = 0,8 𝑡𝑓/𝑐𝑚

𝜏 = −0,4 𝑡𝑓/𝑐𝑚 𝜏 = 0,2 𝑡𝑓/𝑐𝑚 𝜏 = 0,5 𝑡𝑓/𝑐𝑚

Pedem-se, em primeiro lugar, as tensões principais e as direções onde ocorrem; em segundo lugar,
sabendo-se que se trata de material elástico, linear e isótropo, com 𝐸 = 2 𝑥 10 𝑡𝑓/𝑐𝑚 e 𝜈 = 0,3,
pedem-se as deformações principais.
Calculo das tensões principais:

0,3 − 𝜎 ̅ −0,4 0,5


𝑑𝑒𝑡 −0,4 0,7 − 𝜎 ̅ 0,2 =0
0,5 0,2 0,8 − 𝜎 ̅

ou seja:

𝜎 ̅ − 1,8 𝜎 ̅ + 0,56 𝜎 ̅ + 0,227 = 0

De acordo com a forma canônica (1.72) têm-se, então:

𝑎 = −1,8

𝑏 = 0,56

𝑐 = 0,227

e, com isso, de (1.76) têm-se:

, ( , ) ( , )
𝑅= − 0,227 − = −0,0655

( , )
𝑄= − 0,56 − (−0,0655) = 0,0303

Com esses valores, de (1.75) têm-se

𝜌= (−0,0655) + (0,03030) = 0,0722

,
𝑡𝑔𝜃 = ,
∴ 𝜃 = 155,2 (−24,8 )

Finalmente, de (1.74) têm-se:

,
𝑦 = 2 √0,0722 𝑐𝑜𝑠 = 0,516

,
𝑦 = 2 √0,0722 𝑐𝑜𝑠 = 0,308

,
𝑦 = 2 √0,0722 𝑐𝑜𝑠 = −0,824
7

e de (1.73) têm-se as três raízes (−𝑎/3 = +0,6):

𝜎 = 1,116 𝑡𝑓/𝑐𝑚

𝜎 = 0,908 tf/cm

𝜎 = −0,224 𝑡𝑓/𝑐𝑚

que são tensõess direções principais.

Calculo da direção principal correspondente à tensão 𝜎 = 1,116 𝑡𝑓/𝑐𝑚


substituimos o valor de 𝜎 o sistema de equações :

0,3  1,116 0, 4 0,5   l1  0


 0, 4    
 0,7 0, 2  m1   0 
 0,5 0, 2 0,8   n1  0

Este sistema tem infinitas soluções diferentes de zero. Para encontrarmos uma solução fazemos
𝑛 = 1 e selecionamos um sistema de 2 equações a duas incógnitas para calcula l1 e m1

0,3 − 1,116 −0,4 ℓ −0,5


=
−0,4 0,7 − 1,116 𝑚 −0,2

encontrando-se, pois:

ℓ = 0,713

𝑚 = −0,205

Os versor dessa direção é dado por:

,
ℓ = = 0,573
, ,

,
𝑚 = = −0,165
, ,

𝑛 = = 0,803
, ,

De maneira similar, para as tensões 𝜎 = 0,908 e 𝜎 = −0,224 encontram-se as seguintes


direções, respectivamente:

ℓ = −0,271, 𝑚 = 0,885 , 𝑛 = 0,378

ℓ = −0,773, 𝑚 = −0,435, 𝑛 = 0,462

Cálculo das deformações


8

𝜀 = [1,116 − 0,3(0,908 − 0,224)] = 4,55 𝑥 10

𝜀 = [0,908 − 0,3(1,116 − 0,224)] = 3,20 𝑥 10

𝜀 = [−0,224 − 0,3(1,116 + 0,908)] = −4,16 𝑥 10

2 - ELASTICIDADE BIDIMENSIONAL
Até agora somente estudamos o que acontece em um ponto da estrutura. Precisamos agora
estudar a estrutura como um todo.
Na figura mostramos uma estrutura antes e depois de deformar. Observamos que os
deslocamentos variam de ponto para ponto e também as tensões e deformações que agora são
funções nas variáveis x e y.

P P u
v
Q u P' 
Q xy
dy dy dy+ dy
v
dx dx dx+ dx
Q'

y y
x x

a) Estrutura em repouso b) Estrutura sob efeito de solicitações

FIG. 2.1 – Estrutura original e deformada

RELAÇÕES BÁSICAS DA ELASTICIDADE PLANA

Definição de deformações:

𝜀 = 𝜀 = 𝛾 = + (2.1)

Relações entre deformações e tensões: estado plano de tensão


9
𝜀 1 −𝜈 0 𝜎
𝜀 = −𝜈 1 0 𝜎 (2.2)
𝛾 0 0 2(1 + 𝜈) 𝜏

Estado plano de deformação (𝜀 = 𝛾 =𝛾 = 0)

𝜀 1−𝜈 −(1 + 𝜈)𝜈 0 𝜎


𝜀 = −(1 + 𝜈)𝜈 1−𝜈 0 𝜎 (2.3)
𝛾 0 0 2(1 + 𝜈) 𝜏

2.3.1 - Equações de Equilíbrio

A figura mostra um elemento infinitesimal submetido a um estado variável de tensões. 𝑋 e 𝑌 são


forças volumétricas (por exemplo peso próprio)
y
y+ y
dy xy
xy+ y
dy
xy
Y xy+ x dx
y
x
x
X x+ dx
xy x

espessura dz
xy
0 x
y

FIG. 2.2 – Diferenciais de tensão

O equilíbrio de forças segundo o eixo 𝑂x e 𝑂𝑦 é expresso, respectivamente, por


𝜕𝜏 𝜕𝜎
𝜎 𝑑𝑦𝑑𝑧 − 𝜏 𝑑𝑥𝑑𝑧 + 𝜏 + 𝑑𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑧 + 𝜎 + 𝑑𝑥 𝑑𝑦𝑑𝑧 + 𝑋𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = 0
𝜕𝑦 𝜕𝑥
(2.4)
𝜕𝜏 𝜕𝜎
𝜎 𝑑𝑥𝑑𝑧 − 𝜏 𝑑𝑦𝑑𝑧 + 𝜏 + 𝑑𝑥𝑥 𝑑𝑦𝑑𝑧 + 𝜎 + 𝑑𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑧 + 𝑌𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = 0
𝜕𝑥 𝜕𝑦

ou, ainda, excluindo-se os fatores comuns:

+ +𝑋 =0
(2.5)
+ +𝑌 =0

Derivando a primeira equação em relaçã a x e a segunda em relação a y obtemos:


10

 2 x   xy X
2

  0
x 2 xy x
 2 y  2 xy Y
  0
y 2
xy y

Somando estas duas equações obtemos:

 2 x   y X Y  2 xy
2

     2
x 2 y 2 x y xy

ESTADO PLANO DE TENSÃO


Equação de Compatibilidade

As componentes do estado de deformação, 𝜀 , 𝜀 e 𝛾 , são definidas em termos de apenas


duas funções (componentes do estado de deslocamento); por conseguinte deve-se existir uma relação
entre elas
Equação de compatibilidade de deformações
= =

= = (2.6)

= + = +

e, por via de consequência, tem-se

+ = (2.7)

Substituindo as expressões de  x ,  y e  xy na equação de compatibilidade obtemos

2 1 2 1 2 
[ ( x   y )]  [ ( x   y )]  2(1   ) xy
y E
2
x E
2
xy E

Desenvolvendo esta expressão chega-se a:

2 2 2
( x   y )  ( y   x )  2(1   ) xy
y 2 x 2 xy
2 2 2 2 2
 x    y   y    x  2(1   ) xy
y 2 y 2 x 2 x 2 xy
11

 2 xy
Substituindo das equações de equilíbrio obtemos:
xy

2 2 2
( x   y )  ( y   x )  2(1   ) xy
y 2 x 2 xy
 2 x   y X Y
2
2 2 2 2 2
 x    y   y    x  (1   )(     )
y 2 y 2 x 2 x 2 xy x 2 y 2 x y

Simplificando obtemos:
+ + + = −(1 + 𝜈) + (2.8)

ou, ainda, em termos simbólicos:

+ 𝜎 +𝜎 = −(1 + 𝜈) + (2.9)

Assim obtemos o sistema final de equações , as de equilíbrio e a deduzida a partir da equação de


compatibilidade geométrica
 x  xy
  X 0
x y
 y  xy
 Y  0
y x
2 2 X Y
(  )( x   y )  (1   )(  )
x y
2 2
x y

ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÃO

Para i estado plano de deformações a terceira equação é dada por:

+ 𝜎 +𝜎 =− + (2.10)

2.6 - FUNÇÕES DE AIRY (FUNÇÃO DE TENSÃO)

O inglês G.B. AIRY (1862) propôs uma solução para este sistema de equações diferenciais,
também chamada FUNÇÃO de AIRY
A função de AIRY, denominada de 𝜙, é definida a partir da suposição da existência de uma
função que possui as seguintes características

=𝜎 −Ω

=𝜎 −Ω (2.12)
12

= −𝜏

As forças de podem ser expressas por meio da variação do potencial do campo


correspondente, ou seja

𝑋=−
(2.11)
𝑌=−

Verificação da solução: substituindo as tensões em dadas em função da função de Airy nas equações
da teoria da elasticidade temos:

  2   2
( 2  )  (  ) X 0
x y y xy
 3   3
   X 0
xy 2 x xy 2

 X  0 Definição de força volumétrica
x

  2   2
( 2  )  (  ) Y  0
y x x xy
 3   3
  Y  0
x 2y y x 2y

 Y  0 Definição de força volumétrica
y

Substituindo na terceira equação temos:


2  2  2  2 X Y
(  )(     )  (1   )(  )
x 2
y y
2 2
x 2
x y
 4  4  4  4  2  2 X Y
    2  2  (1   )(  )
x y
2 2
x 4
y 4
x y
2 2
x 2
y 2
x y
 2 X

x 2
x
2
Y

y 2
y
Finalmente chegamos a:
 4  4  4  2  2 
 2    (1   )(  2)
x 4 x 2 y 2 y 4 x 2 y

Qualquer função que obedeça esta equação é solução de um problema do estado plano de tensões.

Para o caso plano de deformação, obtemos:


13

( )
+2 + =− + (2.14)

Assim sendo, o problema estrutural consiste na procura de uma função 𝜙 que obedece a equação
(2.13) ou (2.14), conforme o caso, e que no contorno é compatível com as ações aí aplicadas.

As forças volumétricas de origem gravitacional variam muito pouco no espaço ocupado pelas
estruturas, ou seja:

=− ≅0
(2.15)
=− ≅0

Assim, tanto no caso plano de tensão, como no de deformação, a equação a ser integrada consiste em:

+2 + =0 (2.16)

Simplificação adicional ocorre nos casos onde o peso próprio pode ser desprezado em face das
demais solicitações, pois, nesses casos, as expressões (2.12) simplificam, ou seja:

𝜎 =

𝜎 = (2.17)

𝜏 =−

Na Teoria da Elasticidade, os problemas têm sido tratados com um procedimento inverso, ou


seja, dada uma solução da equação (2.16), por exemplo, procura-se o problema estrutural resolvido
com tal solução. Parece, à primeira vista, um procedimento muito estranho, pois o normal é o
contrário, ou seja, dado um problema procura-se a solução; e não dada uma solução procura-se o
problema. Todavia, achar o problema resolvido com uma dada solução constitui também um pro-
blema.

2.7 - FUNÇÕES DE AIRY POLINOMIAIS

Alguns problemas práticos podem ser resolvidos satisfatoriamente por meio de polinômios
(algébricos, por exemplo). É o caso da flexão de barras sob certas condições de carregamento. No que
se segue são expostos alguns casos, onde soluções polinomiais resolvem alguns problemas da prática.

2.7.1 - Casos Elementares

Considere-se, em primeiro lugar, a função de AIRY {que obedece à relação (2.16):

𝜙 = 𝐴 𝑥 + 𝐴 𝑥𝑦 + 𝐴 𝑦 (2.18)

que consiste num polinômio, cujos termos são do segundo grau. Naturalmente, em face das relações
(2.17), verifica-se, facilmente, que a inclusão de termos de grau menor em nada altera o campo de
14

tensão. Pois bem, a função expressa em (2.18) corresponde às seguintes componentes de tensão (vide
(2.17)):

𝜎 = 2𝐴

𝜎 = 2𝐴 (2.19)

𝜏 = −𝐴

ou seja, um estado de tensão uniforme. Essa resposta parece trivial, porém deve-se atentar para o fato
de que tal solução garante a existência de estados uniformes de tensão mesmo em casos não a nível
elementar, onde a uniformidade é garantida pela continuidade das funções em jogo.
É interessante constatar que, no caso de se ter 𝐴 = 𝐴 = 0, o problema resolvido trata do
conhecido caso de solicitação de uma barra, ou chapa, por força normal, ou tração uniforme, com 𝐴
valendo, naturalmente, 𝑃/2𝑆, sendo 𝑃 a força axial e 𝑆 a área da seção transversal da barra. A
figura 2.3 ilustra o problema em questão.

 x P
 = 2A 3 = S
y

a) Configuração da solicitação

x

y

b) Barra vinculada

FIG. 2.3 – Barra sob tração uniforme

Com relação ao estado de deformação tem-se nesse caso de força normal o seguinte, com
(2.2):

𝜀 = =

𝜀 = −𝜈 =− (2.20)

𝛾 = 0,0

e, com relação ao estado de deslocamento, tem-se, com (2.1):

=𝜀 =

=𝜀 =− (2.21)

+ =𝛾 =0
15

Por outro lado, integrando-se as duas primeiras das (2.21) encontram-se:

𝑢= + 𝑓 (𝑦) + 𝐶
(2.22)
𝑣=− + 𝑓 (𝑥) + 𝐶

onde 𝑓 (𝑦) e 𝑓 (𝑥) são funções apenas nas variáveis 𝑦 e 𝑥, respectivamente, sendo 𝐶 e 𝐶
constantes de integração. Levando as (2.22) na terceira das (2.21) encontra-se:

( ) ( )
+ =0 (2.23)

Cabe, agora, analisar em que condições a (2.23) pode ser satisfeita, lembrando-se que esta relação
deve ser obedecida para todo 𝑥 e 𝑦, como, por exemplo, para o ponto de coordenadas 𝑥 = 1 e
𝑦 = 2 e também para o ponto de coordenadas 𝑥 = 2 e 𝑦 = 1. Ora, tal condição só pode se
verificar com:

( )
=𝐶
(2.24)
( )
= −𝐶

com 𝐶 sendo uma constante. Assim sendo, a (2.22) ganha a redação:

𝑢= +𝐶 𝑦+𝐶
(2.25)
𝑣= −𝐶 𝑥 + 𝐶

No caso da vinculação apontada na figura 2.3b, lembrando-se que o engaste indicado não
impede movimentos transversais, tem-se

𝑢(0,0) = 0 ∴ 𝐶 = 0

𝑣(0,0) = 0 ∴ 𝐶 = 0 (2.26)

𝑢(0, 𝑦) = 0 ∴ 𝐶 = 0

e, com isso, tem-se, nesse caso:

𝑢 = 𝑃𝑥⁄𝐸𝑆
(2.27)
𝑣 = −𝜈𝑃𝑦/𝐸𝑆

Finalizando, é oportuno assinalar que o problema em tela, dentro das considerações


levantadas, está resolvido, pois as componentes do estado de deslocamentos são dadas por (2.27), as
do estado de deformação por (2.20) e as do de tensão por (2.19) com 𝐴 = 𝑃/2𝑆 e 𝐴 = 𝐴 = 0.
Outro caso interessante é o da flexão pura, conforme ilustra-se na figura 2.4. Esse caso de
solicitação é resolvido com a função de tensão:

𝜙 = 𝐴𝑦 (2.28)
16

1.0  
M M
c
x x
2c
y c y
 seção

a) Configuração da solicitação b) Configuração de tensões nas bordas

x v f

c) Configuração de deslocamentos

FIG. 2.4 – Barra sob flexão pura

sendo 𝐴 uma constante. Com efeito, o estado de tensão correspondente (vide 2.17) é dado por

𝜎 = 6𝐴𝑦

𝜎 =0 (2.29)

𝜏 =0

e, por outro lado, a constante 𝐴 está relacionada com a magnitude do momento fletor aplicado;
porquanto, por considerações estáticas, tem-se:

∫ 𝜎 𝑑𝑆𝑦 = 𝑀 (2.30)

ou seja

6𝐴 ∫ 𝑦 𝑑𝑆 = 𝑀 (2.30a)

ou, ainda

𝐴= (2.31)

sendo 𝐽 o momento de inércia da seção transversal. Com isso tem-se, finalmente

𝜎 = 𝑦

𝜎 =0 (2.32)

𝜏 =0

o que confirma os resultados já preconizados pela Resistência dos Materiais. No que respeita às
componentes do estado de deformação, supondo-se material obediente à lei de Hooke, têm-se
17

𝜀 = = 𝑦

𝜀 = = 𝑦 (2.33)

𝛾 =0

Finalmente, as componentes do estado de deslocamento podem ser encontradas mediante


um procedimento análogo ao já utilizado no caso anterior. De início tem-se

𝑢= 𝑦𝑥 + 𝑓 (𝑦) + 𝐶
(2.34)
𝑣= + 𝑓 (𝑥) + 𝐶

Todavia, a terceira das (2.33) implica em:

( ) ( )
+ + =0 (2.35)

ou seja, com base nas mesmas considerações já levantadas anteriormente, tem-se:

( )
+ =𝐶
(2.36)
( )
= −𝐶

ou, ainda, por integração de (2.36):

𝑓 (𝑥) = 𝐶 𝑥 −
(2.37)
𝑓 (𝑦) = −𝐶 𝑦

e, com isso, a (2.34) fica, agora, com a seguinte redação:

𝑢= 𝑦𝑥 − 𝐶 𝑦 + 𝐶
(2.38)
𝑣= 𝜈 + + 𝐶 𝑥+𝐶

onde as constantes de integração 𝐶 , 𝐶 e 𝐶 dependem do tipo de vinculação. Por exemplo, no


caso de viga em balanço, conforme se exibe na figura 2.4c, tem-se

𝑢(0,0) = 0

𝑣(0,0) = 0 (2.39)

( , )
=0

ou seja, da primeira das (2.39) tira-se 𝐶 = 0, da segunda 𝐶 = 0 e da terceira 𝐶 = 0. Assim sendo,


nesse caso tem-se:
18

𝑢= 𝑥𝑦
(2.40)
𝑣= 𝜈 +

o que vem confirmar, mais uma vez, os resultados da Resistência dos Materiais com relação ao
movimento da linha de ordenada 𝑦 = 0. Cabe ressaltar, a propósito, que não deve causar estranheza
o fato de ser nulo na linha média o movimento 𝑢, porquanto, conforme reiteradas vezes mencionado,
aborda-se o assunto em teoria de pequenos deslocamentos (o movimento u dos pontos da linha media
é muito menor que o movimento 𝑣, e dessa forma é que deve ser entendido esse valor nulo).

2.7.2 - Viga em Balanço

A figura 2.5 mostra uma viga em balanço de largura unitária, altura 2𝑐 e comprimento ℓ,
engastada numa extremidade e submetida a uma solicitação de resultante 𝑃 na extremidade livre. O
engastamento da viga e o modo como a solicitação é aplicada será assunto para um comentário
posterior.
Em conformidade com a solicitação em pauta, as tensões no contorno devem obedecer às
seguintes condições (vide fig. 2.5).

a) para 𝑦 = ±𝑐 e 𝑥 qualquer se tem: 𝜎 = 𝜏 = 0


b) para 𝑥 = 0 e 𝑦 qualquer (ext. liv.) tem-se 𝜎 = 0 e

∫ çã
𝜏 𝑑𝑆 = 𝑃 (2.41)

Tais condições podem ser obedecidas combinando convenientemente um polinômio com


termos do quarto grau com um de termos do segundo grau. No caso em apreço a função de AIRY é
dada por:

𝜙= 𝑥𝑦 − (2.42)

(é fácil constatar-se que o polinômio em questão constitui uma função de AIRY, pois na variável 𝑥 a
potência é unitária) e as tensões correspondentes por:

𝜎 = =− 𝑥𝑦

σ = =0 (2.43)

𝜏 =− =− 1−

Cabe ser notado que as expressões (2.43) coincidem com as preconizadas pela Resistência dos
Materiais, uma vez que
19

c x
0
c

b 
P
y

FIG. 2.5 – Viga em balanço

( )
𝐽= = 𝑐

𝑀 = 1(𝑐 − 𝑦)[𝑦 + (𝑐 − 𝑦)⁄2]


(2.44)
𝑀 = −𝑃𝑥

𝑉 = −𝑃

sendo 𝐽 o momento de inércia da seção transversal, 𝑀 o momento estático da área


correspondente ao nível onde se calcula o cisalhamento, 𝑀 e 𝑉, respectivamente, o momento fIetor
e a força cortante na seção em consideração. Exibem-se na figura 2.6 as tensões que ocorrem no
contorno, para essa solução apontada.

diagrama de
x
3 P
3 P 4 bc
4 bc c
x
3 P
y c 2 C2

diagrama de
xy  diagrama de
xy

FIG. 2.6 – Tensões no contorno da viga em balanço

Princípio de Saint-Venant
Substituindo-se um grupo de forças por outro estaticamente equivalente -de mesma resultante- as
variações criadas no estado de tensão desaparecem, praticamente, numa extensão, cuja ordem de
grandeza é de ordem das da zona na qual foram aplicadas as forças.
20

tôrques

arame M

d
h

a) Região tensionada no corte b) Definição de "parte pequena"

FIG. 2.7 – Ilustração do Princípio de Saint-Venant (1º enunciado)

 = NS

d  = NS
d

d  = NS

 = NS

a) Tensões irregulares na b) Tensão uniforme de c) Tensão uniforme em ambos


extremidade com resultante resultante N= .S os carregamentos  = N/S
normal N
FIG. 2.8 – Ilustração do Principio de Saint-Venant (2º enunciado)

Teoria da elasticidade tri-dimensional


De forma semelhante ao caso bidimensional podem ser obtidas as equações de equilíbrio para o caso
tridimensional
 x  xy  xz
  X 0
x y z
 y  yx  yz
  Y  0
y x z
 z  zx  zy
  Z 0
z x y
21

Elasticidade bidimensional em coordenadas polares

A posição do ponto P pode ser escrita de duas formas: em relação ao sistema de coordenadas
retangulares (x,y) e coordenadas polares (r ,  ) . A relação entre os dois sistema de coordenadas é
dada por:
x  r cos 
y  rsen

Impondo o equilíbrio nas direções radial e tengencial obtemos o seguinte sistema de equaçõies de
equilíbrio:

 r 1  r  r   t
  R0
r r  r
1  t  r 
  2 r  0
r  r r

Sendo  as função de Airy temos:

1  1  2
r  
r r r 2  2
1  2
t 
r r 2
 1 
 r   ( )
r r 

Tubos de parede grossa


22

A figura indica um tubo de parede grossa com pressão interna P. O deslocamento ao logo de x não está
impedida e assim a tensão ao logo do eixo é nula.

Por simetria podemos concluir que a tensão de cisalhamento na direção radial é nula.

A figura mostra um elemento infinitesimal do tubo. As tensões  t são constantes por simetria.

 r tensão normal na direção radial


 t tensão normal na direção tangencial
como não existe tensão de cisalhamento esta tensões são tensões principais

Equação de equilíbrio na direção radial


23

d r d
 r rd dx  ( r  dr )(r  dr )d dx  2 t drdx 0
dr 2
simplificando
d
r r  t r
dr
as tensões principais são funções apenas de r

Deformações

A figura mostra o elemento depois da deformação

 r deformação radial
dv
(v  dr )  v
r  dr
dr
dv
r 
dr
 t deformação tangencial
(r  v)d  rd
t 
rd
v
t 
r
As deformações radial e tangencial então ficam:
dv
r 
dr
v
t 
r

Temos então duas expressões em função de uma única variável; Asso podemos então obter uma
relação ente elas:
24

v  r t
d d
r  (r t )   t  r t
dr dr
d t
r  r  t
dr

Como a tensão longitudinal é nulas deformações na direção radial e tangencial são dadas por:
1
r  ( r   r )
E
1
 t  ( t   r )
E
Substituindo as deformações na equação de compatibilidade temos:
d 1 1 1
r ( t   r )  ( r   r )  ( t   r )
dr E E E
r d t d (1   )
(  r )  ( r   t )
E dr dr E

como
d
r r  t r
dr
substituindo na equação anterior
r d t d r (1   ) d
(  ) [r r ]
E dr dr E dr

d t d r
 0
dr dr
integrando :
 t   r  C (constante)

A deformação longitudinal á dada por:

1
x  [ x   ( r   t )]
E
como  x  0 e  r   t  C
C
x 
E
A deformação é constante e portanto a seção do tubo
permanece plana
25

t  C - r
como
d d
r r   t   r  r r  C  2 r
dr dr

Como não conhecemos o valor de C modificamos a equação diferencial derivando ambos os lados em
relação a r

d d r d
[r ]  2 r
dr dr dr
derivando :
d 2 r d
r 2
3 r 0
dr dr

Esta equação diferencial (equação de Cauchy) tem solução na seguinte forma

 r  r
d r
  r  1
dr
d 2 r
2
  (  1)r  2
dr

Substituindo na equação diferencial temos:


r  (  1)r  2  3 r  1  0   (  1)r  1  3 r  1  0
como r  1  0
 (  1)  3  0   2  2  0
Raizes  =0 e  =-2

Assim a solução da equação diferencial tem a seguinte forma:


C2
 r  C1 
r2
Considerando um tubo com raio interno a e raio externo b, com pressão interna pi e pressão externa
pe as condições de contorno para a equação são:
26

C2
para r=a   r   pi  C1    pi
a2
C
para r=b   r   pe  C1  22   pe
b
Substituindo C1 e C2 e reorganizando:

2 2 2
b b b
  1    
r a r
 r    2 pi    2   pe
b b
  1   1
a a
2 2 2
b b b
  1    
t   r
pi    2   pe
a r
2
b b
  1   1
a a

O dimensionamento do tubo é feito pelo critério de Von Misses

1
i  [( 1   2 ) 2  ( 2   3 ) 2  (   i ) 2  
2

Como no tubo temos apenas  r e  t

 i   r2   r t   t2  

Exemplo: Calcular o menor raio externo possível do tubo da figura. O material segui o C.E.D
Dados:
a  10cm
  15kN / cm 2
a) pi  1, 2kN / cm 2 b=?
b) pi  12kN / cm 2
b=?

Para r=10cm temos:


27

2
b
  1
10
 r    2 pi  pi
b
  1
 10 
2
b
  1 b 2  100 b 2  100
 t   2
10
pi  2 pi   pi    2
b b  100 b  100
  1
 10 

Calculo da tensão ideal:

 r   pi  t   pi
 i   r2   r t   t2    15
( pi ) 2  ( pi ) pit  ( pi ) 2  15

pi 1     2  15
152
 2   1 0
pi2
152
pi  1, 2   2    1  0
1, 22
 2    155, 25  0
12,96    12

Como a raiz negativa não interessa

b2  100
 2  12
b  100
b 2  100  12b 2  1200  0
11b2  1200  b  10, 44 ou b  10, 44
portanto b  10, 44cm
28

152
pi  12   2    1  0
122
 2    0,5625  0
1, 4    0, 4
b2  100
 0, 4  b2  100  0, 4b2  40  0
b  100
2

0,6b 2  60  nao existe solução

Discos em rotação
Um disco circular girando em torno de seu eixo fica submetido às forças de inercia que
que geram tensões consideráveis em alta velocidades

As hipóteses são as mesmas de tubos de parede grossa


Hipótese adicional: as tensões não variam ao longo da espessura do disco

Equação de equilíbrio

As tensões são as mesmas do tubo de parede grossa. A força de inercia é dada por:
dF  massa * aceleração
Ac  w2 r

dM  erd dr
g
w  velocidade angular
  peso específico
g  aceleração da gravidade

A equação é similar ao de tubos com o acréscimo da força de inercia


29

d r 
r   t   r  w2 r 2
dr g

Procedendo da mesma forma que para tubo de parede grossa obtemos a equação do disco em termos
de tensões:
d 2 r d 
r 2
 3 r  (3   ) w2 r
dr dr g
A solução desta equação diferencial é:

B 
r  A  2
 (3   ) w2 r 2
r 8g

As tensões podem então serem escritas da seguinte forma:


B 
r  A  2
 r2 = w2 (3   )
r 8g
B 
t  A  2   r2 = w2 (1  3 )
r 8g

Exemplo: disco com velocidade angular w e sem tensões nas bordas

Condições de contorno:
B
para r=a   r  0  A    a2  0
a2
B
para r=b   r  0  A  2   b 2  0
b
Resolvendo o sistema temos:
A= (a 2  b 2 )
B   a 2b 2

Assim:
 a 2b 2
 r   (a 2  b 2 )  2
r2
r
 a 2b 2
 t   (a 2  b 2 )  2   r 2
r
30

a 2b 2  w2 a 2b 2
 r   [(a 2  b 2 )  2
 r 2
]   r  (3   )[(a 2
 b 2
)  2
 r2]
r 8g r
 a 2b 2  2  w2 a 2b2 1  3 2
 t   [(a 2  b 2 )   r ]  t  (3   )[(a 2  b 2 )  2  r ]
r2  8g r 3 

Observações:

1 -A tensão radial é nula nas bordas e positiva para toda espessura do disco tornando-se máxima
para r  ab cujo valor é:

2
 b 2 w2 (3   )  b  a 
 r max   
g 8  b 

2-A tensão tangencial é máxima na borda interna do disco (r=a)


 b 2 w2 (3   ) 1  a
2
 t max  [1  ]
g 4 3   b2
2 – A tensão  t max é sempre maior que  r max
4 Quando o raio internos é muito pequeno, isto é r  0 acontece uma mudança muito forte na
tensão  t perto do furo e para este caso

 b 2 w2 (3   )
 t max 
g 4
5 Para o outro extremo, quando a  b a tensão máxima é dada por:
 b 2 w2
 t max 
g
Para o caso de um disco cheio (eixo) a constante B deve ser igual a zero senão teríamos
tensões infinitas para r=0 para qualquer rotação.
para eixo B=0   r  A   r 2
t  A   r2
para r=b   r  0  A   b 2  0
portanto
A= b2   r   (b 2  r 2 )
 2
 t   (b 2  r )

Ambas tensões são sempre positivas e para r=0 são iguais:

 w2b 2
 t max   r max  (3   )
8g

Para um disco com furo as condições de contorno são as seguintes:


31

Disco com furo


B 
r  A  2
r2 = w2 (3   )
r 8g
B 
t  A  2  r2 = w2 (1  3 )
r 8g

ra  r   p tensão de assentamento térmico


r  b  r  pe tensão aplicada na periferia
pode ser positiva ou negativa

As constantes A e B devem ser obtidas para cada problema

Disco cheio - (Eixo)



 r  A  r2 = w2 (3   )
8g

t  A   r2 = w2 (1  3 )
8g

Exemplo:
Para o conjunto da figura sabe-se que a 3000 rpm a pressão de assentamento térmico é 1kN/cm2
e que a tensão na periferia é +3kN/cm2
Dados: a=3cm e b=25cm
a) Calcular a máxima tensão ideal pelo critério de de Von Misses
b) Calcular a diferença de diâmetros para garantir o assentamento

  7,85*105 kN / cm3
g  980cm / s 2
E  21000kN / cm 2
  0,3

Transformando rpm em radianos por segundo

 : rotações por minuto


w: velocidade angular
  3000 rd
w=   100
30 30 s
32

7,85*105 kN
= (100 ) 2 (3  0,3)  0,3261*102 4
8 *980 cm
5
7,85*10 kN
= (100 ) 2 (1  3* 0,3)  0,1878*102 4
8*980 cm

B
r  A   0,3261*102 r 2
r2
B
 t  A  2  0,1878 *102 r 2
r

Condições de contorno para o disco:


kN B
r  3cm  r  1 2
 A  2  0,3261*10232  1
cm r
kN B
r  25cm  r  3 2  A  2  0,3261*102252  3
cm r
kN kN
Solução do sistema A  5,125 2
B  -54,87 2
cm cm

54,87
 r  5,125   0,3261*102 r 2
r2
54,87
 t  5,125  2  0,1874 *102 r 2
r

Calculo de  r max
d r 2 *54,87
  2 * 0,3261*10 2 r  0
dr r3
54,87
r4   r  11,39cm
0,3261*102
kN kN
para r=11,39 cm  r  0, 427 2  t  0,530, 427 2
cm cm
kN
 i  0, 427 2  0, 427 * 0,53  0,532  0, 486 2
cm

Não existe ponto de máximo  t


Cálculo das tensões para os raios interno e externo do disco

kN kN
r  3cm  r  1 2
 t  11, 20 2
cm cm
kN kN
r  25cm  r  3 2  t  0, 403 2
cm cm
33

A máxima tensão ideal ocorre no raio interno do disco.

para r=3cm
kN
 i  1  (1) *11, 20  1,1202  11, 73
cm 2

Calculo da diferença de diâmetros

Disco cheio - (Eixo)


 r  A   r2
para r=3cm  r  1kN / cm2
A   32 =-1  A=9 +1=9*0,3261*10 2 -1
A= -0,9706
  r  -0,9706  0,3261*102 r 2

Posições iniciais e finais do conjunto disco+eixo

  diferença de raios
  vd  ve

Cálculo dos deslocamentos:


34

para r  3cm
disco
 r  1  t =1,12 kN/cm 2
r 3
vd  ( t   r )  [11, 2  0,3(1)]
E 21000
vd  1,6428*103 cm

para r  3cm eixo


 r  1  t =-0,9875 kN/cm 2
r 3
vd  ( t   r )  [0,9875  0,3(1)]
E 21000
vd  0,982 *104 cm

  diferença de raios
  vd  ve    1, 6428*103  (0,982 *104 )  0,001741cm
diferença de dametros  2  0, 003482cm

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