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R.

José Higino, 416 - Prédio 18


Tijuca - Rio de Janeiro - RJ
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Caixa Postal 18976
CEP 20775971

J M N
Direção Executiva • Fernando Brandão
Gerência Executiva de Missões • Samuel Mou a
Gerência Executiva de Evangelismo • Fabrício Freitas
Gerência Executiva de Comunicação • Jeremias Nunes
Gerência Executiva de Administração e Suporte • Juarez Solino
Gerência Executiva de Ação Social • Anair Bragança
Gerência Executiva de Mobilização • Milton Monte
Produção Editorial • Diogo Carvalho
Assistente de Produção Editorial • Letícia Burity Guimarães
Produção Grá ca • Camila Freitas
Assistente de Produção Grá ca • aís Velasco
Tradução • João Ricardo Morais
Revisão • Adalberto Sousa e Suzane Mou a
• Filipe Ribeiro
Capa, Projeto Grá co e Diagramação • Oliver Arte Lucas

Copyright © 2018 da Junta de Missões Nacionais da CBB. Todos os direitos reservados. Proibida a
reprodução por qualquer meio, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

ISBN: 978-85-66207-43-9

Todos os textos bíblicos foram extraídos da Bíblia Almeida Século 21.

Earley, Dave
E12t Três coisas que todo pastor deve fazer / Dave Earley; tradução de João Ricardo Morais .- Rio de
Janeiro: JMN, 2018.
148p. ; 21cm.
1.Ministério pastoral. 2. Aconselhamento para pastores. 3. Pastores --- Vida espiritual I. Junta de Missões
Nacionais. II. Título.
CDD 253
Índice para catálogo sistemático:
1. Pastores: 253.2

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Sumário
Prefácio
1. As Três Coisas
Orar
2. Seja uma Pessoa de Oração
3. Ore por seu Povo
4. Crie uma Cultura de Oração
Pregar a Palavra
5. Pregue a Palavra
6. Comunique para Transformar
7. Pregue com Poder
Multiplicar Líderes
8. Capacite Membros para o Ministério
9. Multiplique!
10. Reproduza Líderes de Pequenos Grupos Multiplicadores
Prefácio
Desde que comecei a servir na Junta de Missões Nacionais em 2012, Deus me
tem agraciado com presentes extraordinários, em especial conviver com homens e
mulheres de Deus que ensinam, inspiram e emocionam. Um deles é Dave Earley.
Antes de conhecê-lo pessoalmente, já havia lido seus livros 8 hábitos de um líder
e caz de pequenos grupos e Transformando membros em líderes, publicados em uma
edição especial de Missões Nacionais e que se tornaram leitura indispensável para
quem deseje implementar a visão de Igreja Multiplicadora em sua igreja. Em 2016
tive a honra de conviver com ele em Guarapari/ES, na Conferência Nacional
Multiplique, e em Montes Claros/MG, em um congresso regional, intermeados
por um dia livre no Rio de Janeiro. Foi uma oportunidade ímpar de passar tempo
juntos e conversar sobre evangelização, discipulado, pequenos grupos e plantação
de igrejas. Posso testemunhar que tudo aquilo que ele diz em seus livros sobre
encorajamento e cuidado do líder é uma prática que ele carrega consigo por onde
vai. Pela graça de Deus, ele viu em mim alguém por quem orar e a quem
aconselhar no ministério cristão. Mesmo durante sua curta estada no Brasil, seu
amor pela multiplicação de discípulos e pela formação de líderes foi realmente
contagiante.
Nos dois congressos em que esteve conosco, Dave pregou mensagens bíblicas e
desa adoras, que impactaram o público e levaram muitas pessoas ao
quebrantamento e à decisão de mudarem radicalmente a vida de oração e de
comprometerem-se ainda mais com a missão. Quem o ouviu, certamente se
lembrará de sua reiterada pergunta: “Você crê que Deus pode fazer coisas
melhores, maiores, mais rápidas e duradouras do que você?”. E acrescentava:
“Então, ore!”. Di cilmente alguém saiu de suas plenárias sem a convicção de que
deveria orar mais.
Outro tema abordado com seu singular jeito de cativar a plateia foi o da
evangelização relacional. Dave ilustrou princípios bíblicos essenciais para a
multiplicação de discípulos com experiências marcantes vividas por ele desde a
sua juventude, a exemplo da curiosa, porém inspiradora, história do Templo
Batista do Banheiro, narrada também neste livro. O autor mostrou, com a Bíblia e
com a vida, que todo cristão é chamado e capacitado pelo Senhor para reproduzir
discípulos.
Um terceiro tema, que deu origem a este livro, foi o das três coisas que todo
pastor deve fazer. No meio de tanta atividade, nós, pastores, somos tentados a
cuidar de tudo na igreja e deixar de lado o que é mais importante. De maneira
biblicamente convincente, Dave abordou as três coisas mais importantes na
agenda pastoral. Mil pastores e líderes naquela Conferência foram chamados a
parar, re etir e realinhar o ministério ao que a Bíblia orienta serem as prioridades
de todo pastor. Foi um momento necessário de re exão e quebrantamento. Essas
três mensagens proferidas na Conferência Nacional Multiplique 2016 estão
gravadas em vídeo e podem ser acessadas no canal de Igreja Multiplicadora no
YouTube. Espero que a leitura deste livro aguce seu interesse em assistir também
às mensagens, o que, creio, será muito abençoador.
O convívio com Dave também me proporcionou conhecer algo a seu respeito
que me surpreendeu: seu grande e antigo amor pelo Brasil. Ele relatou que há
muitos anos, ainda em sua juventude, o Espírito Santo falara ao seu coração que,
um dia, pregaria para uma multidão de pastores e líderes na América do Sul.
Ministrar a Palavra naquela conferência foi o cumprimento dessa promessa, e ele
não conseguiu esconder a alegria de ver tudo aquilo acontecendo. Meses mais
tarde, convidado pela Convenção Batista do Estado de São Paulo, Dave voltaria ao
Brasil para pregar outra vez, agora na assembleia estadual em Guarulhos, nova
oportunidade para ouvi-lo e conviver com ele mais um pouco.
Também não posso deixar de mencionar a conversa que tive com ele no
intervalo de uma conexão no aeroporto de Belo Horizonte, quando lhe falei sobre
nosso desejo de lançar mais um livro dele por meio da Junta de Missões
Nacionais, de preferência sobre as “três coisas”. De fato, um livro sobre o papel do
pastor caberia muito bem no cenário maior da visão de uma Igreja Multiplicadora.
Manifestando mais uma vez um intenso amor pelo Brasil, ele imediatamente
considerou a possibilidade, porém disse que dependia de tratativas com as
editoras com quem rmara contratos nos Estados Unidos. Ao ouvir sobre nosso
padrão semi-voluntário de retribuição do autor, ele solicitou o envio de uma
proposta por escrito, com a minuta do contrato. Qual foi a minha surpresa algum
tempo depois, quando ele retornou o e-mail com o texto exclusivo desta edição e
o contrato assinado, porém com uma anotação de próprio punho alterando os
royalties para zero!
Ao lançar este livro em setembro de 2018, Dave Earley volta a terceira vez ao
Brasil, e consolida sua partilha de vida e ministério como os brasileiros. Glória a
Deus!
Sinceramente, não sei se preciso falar sobre o livro depois disso. O que posso
a rmar é que, se você o ler de coração aberto, Deus poderá transformar a realidade
de seu ministério e ajudá-lo a experimentar um novo começo à frente da igreja que
Deus o chamou para pastorear. Ao planejar como a obra seria editorada, pensamos
em muito mais do que um livro, mas em um curso que servisse como uma espécie
de reciclagem ou atualização pastoral, tanto para pastores com um ministério
orescente como para aqueles que estão desanimados e prestes a desistir. Também
sonhamos que o livro sirva de orientação básica acerca das prioridades de um
processo de plantação de igrejas. Por isso, o lançamento do livro acontece no
contexto de um curso no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de
Janeiro, com três noites, uma para cada “coisa”, que também será gravado e
disponibilizado posteriormente. Além disso, quisemos disponibilizar vídeos
curtos de comentários do autor sobre cada capítulo, os quais podem ser acessados
por meio do QR-Code que aparece no nal de cada seção.
Louvo a Deus pela vida do Dr. Dave Earley e pelo inesperado privilégio de
prefaciar este livro. Tenho certeza que, como eu sou grato agora, você o será
depois de ser enriquecido por suas ideias.
Para encerrar, uma re exão: Será que você, pastor, está fazendo muitas coisas na
igreja e se esquecendo das três mais importantes?
Quem sabe você esteja tão preocupado agora mesmo com as tarefas pastorais e
com a falta de tempo para resolvê-las que hesite em ler este livro?
Se você se sente assoberbado, será que consegue enxergar a importância
estratégica de sossegar um pouco e ler um livro que o ajudará a priorizar as coisas
das quais deveria mesmo se ocupar, antes de quaisquer outras?
Permita-me concluir com uma breve história.
Conta-se que uma tribo no interior do continente africano sofria com a seca.
Todos os dias, os homens mais fortes eram obrigados a caminhar quilômetros sob
o calor do sol para buscar água em latas, as quais eles traziam sobre a cabeça até o
centro da aldeia, onde era servida a todos. Eles faziam isso várias vezes por dia, a
m de garantir a sobrevivência da comunidade. Um dia, um especialista em
perfuração de poços visitou aquela tribo e, depois de pesquisas, concluiu pela
viabilidade de se cavar um poço no interior da aldeia, o qual forneceria água
potável e acabaria com as fatigantes viagens em busca de água. Então, ele procurou
o chefe da aldeia e propôs coordenar uma equipe para começar imediatamente a
escavação, estimando a conclusão da obra em poucas semanas. Para sua frustração,
a resposta daquele líder foi: “Não podemos cavar o poço, pois todos os homens
estão ocupados buscando água”.
Entendeu a moral da história?
Quantas vezes, no ministério, o que é urgente se torna inimigo do primordial!
Quantas vezes estamos tão ocupados com questões secundárias que nem sequer
paramos para re etir se deveríamos mesmo estar ocupados com elas. E, enquanto
isso, o que é realmente importante, ca deixado de lado.
Minha oração por você, leitor, e sobretudo pastor, é que Deus o ajude a priorizar
as três coisas que você deveria estar fazendo agora mesmo.
Quais são elas? Você vai ter de ler para descobrir.
Deus o abençoe!

Diogo Carvalho
Gerente de Evangelismo e Editor da Junta de Missões Nacionais
1

As Três Coisas
“O trabalho desgastado do pastor, como pregação exegética sólida, oração e
discipulado, está fora de moda.” Bill Hull1

O que a bíblia diz?


Muitos anos atrás, recebi a tarefa de ensinar uma matéria de pós-graduação para
potenciais pastores intitulada “Deveres Pastorais”. Examinei a ementa que o
professor anterior tinha usado e quei desapontado ao ver que ela apresentava
uma abordagem muito arcaica do pastoreio de uma igreja. As lições tinham foco
em coisas como conduzir reuniões, fazer visitas a hospitais e dar aconselhamento.
Então, z uma pergunta perigosa: o que a Bíblia diz a respeito dos deveres
primordiais de um pastor?
Comecei com a primeira discussão sobre o pastoreio espiritual encontrada na
Bíblia (Moisés e Jetro em Êxodo 18) e avancei por todo o conteúdo das
Escrituras.
Depois que terminei, cheguei a três conclusões:

1. As principais discussões na Bíblia sobre os deveres pastorais


apontam as mesmas três coisas.
2. Os lugares do mundo onde a igreja verdadeira está avançando de
forma explosiva são aqueles onde os pastores fazem as mesmas três
coisas descritas na Bíblia.
3. As igrejas que liderei experimentaram saúde e crescimento na
medida em que me concentrei nas mesmas três coisas.
As Três Coisas que Todo Pastor
Simplesmente Deve Fazer
Moisés e Jetro (Êx 18.14-23)

Moisés e o povo de Israel tinham acabado de experimentar o incrível poder de


Deus em sua libertação da escravidão do Egito. Por meio do uso deliberado de dez
pragas miraculosas, Deus não apenas havia derrotado a religião dos egípcios,
como também mostrado grande poder e profunda compaixão por seu povo.
Sinto muita compaixão por Moisés. A essa altura, ele tinha mais de oitenta anos
de idade e estava preso no deserto com dezenas de milhares de pessoas irritadiças
e imaturas. Em vez de se acomodar e aproveitar a aposentadoria, ele estava
cuidando de uma das multidões mais exaustivas da história. Os israelitas haviam
passado décadas na escravidão. Então, sua nova liberdade rapidamente se
transformou em licenciosidade. Toda vez que Moisés se virava, encontrava-os ora
se rebelando, ora se queixando.
Moisés sentiu o peso da responsabilidade e a profundidade da frustração de
liderar o povo hebreu com segurança através das ciladas do deserto para a Terra
Prometida, enquanto eles preferiam retornar à vida de escravidão que tinham tido
no Egito. Pastoreá-los era como tentar pastorear gatos.

A Abordagem Errada

Moisés estava tentando ser pastor, capelão, conselheiro e juiz de todos, quando
Jetro, seu sogro, foi visitá-lo. Jetro era um pastor experiente que supervisionava
grandes rebanhos em Midiã e, ao perceber como Moisés estava lidando com o
pastoreio, viu que ele estava fazendo tudo errado.
Quando o sogro de Moisés viu tudo o que ele fazia ao povo, perguntou: Que é isso que estás

fazendo com o povo? Por que fazes isso sozinho, deixando todo o povo em pé diante de ti, desde a

manhã até à tarde? Moisés respondeu a seu sogro: É porque o povo vem a mim para consultar a

Deus. Quando têm alguma questão, eles vêm a mim; e julgo entre eles e lhes declaro os estatutos

de Deus e as suas leis. Mas o sogro de Moisés lhe disse: O que estás fazendo não é bom. Com

certeza, tu e este povo que está contigo desfalecereis, pois a tarefa é pesada demais; não podes

fazer isso sozinho. (Êx 18.14-18)


Moisés podia fazer melhor do que ser pastor-solo do rebanho de Deus.
Estrategicamente, o Senhor já o tinha colocado perto de Jetro nas décadas
anteriores para que ele aprendesse as nuances de liderar um grande rebanho em
um terreno difícil. Mas, por algum motivo, quando o povo clamou por ajuda,
Moisés esqueceu-se de tudo o que havia aprendido e tentou suprir as necessidades
do povo sozinho. Foi o caminho para o esgotamento e a receita para o fracasso. Ele
caiu na armadilha de desgastar-se fazendo todo tipo de coisas boas e de
negligenciar as coisas melhores que os pastores devem fazer.

Evite a Armadilha

A maior parte das igrejas na América está em di culdades. Cerca de 85% das
igrejas dos Estados Unidos, por exemplo, estão estagnadas ou em declínio.2 A
maioria delas é liderada por um pastor-solo que está caindo na mesma armadilha
em que Moisés caiu. Em vez de liderar um grande rebanho saudável e em
crescimento para a Terra Prometida, esses pastores solitários estão lutando para
manter vivo um pequeno rebanho idoso. Estão concentrando todas as energias
tentando ser o pastor, capelão e conselheiro de todos, enquanto deixam de fazer as
três coisas que todo pastor realmente deve fazer.
Além das di culdades das igrejas, a maioria dos pastores nos Estados Unidos
está enfrentando di culdades pessoais. A armadilha do pastor-solo está levando-
os ao esgotamento. O conselheiro pro ssional Michael Todd Wilson e o pastor
veterano Brad Ho mann relatam que 45% dos pastores que eles entrevistaram
a rmam já ter experimentado depressão ou burnout a ponto de precisarem de uma
licença de suas atividades.3
O Seminário Teológico Fuller encontrou os seguintes resultados: 75% dos
pastores entrevistados relatam que tiveram pelo menos uma crise signi cativa
relacionada ao estresse em seu ministério; 45% das esposas de pastores disseram
que o maior perigo para eles e para a família é o esgotamento físico, emocional,
mental e espiritual; e 40% dos pastores admitiram ter, pelo menos uma vez nos
últimos três meses, considerado deixar o pastorado.
É claro que Deus não planejou que fosse assim.
Mas onde está o problema? Como observamos acima, muitos pastores estão
gastando suas energias tentando ser o único pastor, capelão e conselheiro, e estão
falhando em priorizar as três coisas que todos os pastores realmente devem fazer.

As Três Coisas

Deus usou Jetro para falar com Moisés. Como um sábio conselheiro, Jetro disse
a Moisés que o que ele estava fazendo era errado, mas também disse o que
precisava fazer para acertar.
Ouve-me agora. Eu te aconselharei, e que Deus esteja contigo: Deves representar o povo diante de

Deus, a quem deves levar as causas do povo; ensina-lhes os estatutos e as leis, mostra-lhes o

caminho em que devem andar e as obras que devem praticar. Além disso, procura dentre todo o

povo homens capazes, tementes a Deus, homens con áveis e que repudiem a desonestidade; e

coloca-os como chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez; para que eles

julguem o povo todo o tempo. Que levem a ti toda causa difícil, mas que eles mesmos julguem

toda causa simples. Assim aliviarás o teu fardo, pois te ajudarão a levá-lo. Se procederes assim, e se

Deus desse modo te ordenar, poderás suportar; e todo este povo também voltará para casa

tranquilo. (Êx 18.19-23)

O conselho de Jetro está repleto de sabedoria. Antes de vermos as condições,


vejamos os resultados. Observe que nos versículos 22 e 23 Jetro prometeu a
Moisés que, se ele se concentrasse nas três coisas que todo pastor deve fazer, a
liderança seria menos estressante. Ele seria capaz de suportar a tensão de pastorear
um grande rebanho, e o povo também progrediria. Isso é bem melhor do que um
rebanho em di culdades e um pastor esgotado.
Então, quais foram – e ainda são – as três coisas que todo pastor deve fazer?

1. Orar – “Deves representar o povo diante de Deus, a quem deves levar


as causas do povo” (v. 19).
2. Ensinar as pessoas a viver a Palavra de Deus – “ensina-lhes os
estatutos e as leis, mostra-lhes o caminho em que devem andar e as obras
que devem praticar” (v. 20).
3. Capacitar e mentorear os próximos escalões de líderes – “procura
dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, homens con áveis e
que repudiem a desonestidade; e coloca-os como chefes de mil, chefes de
cem, chefes de cinquenta e chefes de dez” (v. 21).

Agora é a Hora!
Agora é a hora de não deixarmos que os outros nos digam o que devemos ou
não fazer como pastores. Agora é a hora de deixar que a Palavra de Deus seja
nosso guia. A primeira instrução que Deus deu para um pastor na Bíblia foi para se
concentrar em três coisas:

1. Orar
2. Ensinar a Palavra
3. Multiplicar Líderes

Jesus (Os Evangelhos)

Li e reli os Evangelhos cronologicamente várias vezes. Imaginei que, como Jesus


é o Bom Pastor ( Jo 10.11), Ele nos mostraria o que um pastor espiritual e caz
deveria fazer. Então... no que Jesus se concentrou durante seu ministério?
Não foi em comparecer a reuniões, visitar hospitais ou fazer aconselhamento.
Então, o que Ele fazia?
Você adivinhou. Jesus priorizou as mesmas três coisas que Jetro disse para
Moisés fazer: orar, ensinar a Palavra e multiplicar líderes.

1. Orar

Sim, Jesus é Deus, mas não perca de vista o fato de que Ele também foi um
homem de oração admirável. S. D. Gordon resume a vida de oração do líder Jesus
quando escreve o seguinte: “O homem Cristo Jesus orava; orava muito; precisava
orar; amava orar”.6 Ele acrescentou: “Jesus orava. Ele amava orar [...] Ele orava
tanto e tantas vezes que isso se tornou parte de Sua vida. Tornou-se para Ele como
respirar – involuntário”.7 E. M. Bounds concorda: “A oração preencheu a vida de
nosso Senhor enquanto esteve na terra [...] Nada é mais notório na vida de nosso
Senhor do que a oração”.8
Sim, já ouvi o argumento de que não podemos orar como Ele porque Ele é o
Filho de Deus. Mas essa é a questão. Se Jesus Cristo, o Filho de Deus e o Filho do
Homem, precisava orar, quanto mais você e eu!
Nos evangelhos há quinze relatos de Jesus orando. Onze são encontrados em
Lucas. Por quê? A resposta é que, dos quatro escritores dos Evangelhos, Lucas foi
o que mais focou o aspecto humano de Jesus. Ele queria que víssemos que, como
um líder humano, Jesus viveu uma vida de oração. Jesus era plenamente Deus e
plenamente homem. Se o homem Jesus tirou tempo para orar, quanto mais você e
eu!

2. Ensinar a Palavra

Jesus era um poderoso pregador bíblico. Seu primeiro sermão foi uma citação da
lei para Satanás (Dt 8.3; 6.16; 6.13) e sua aplicação à situação (Mt 4.1-11). O
segundo foi uma leitura dramática de Isaías 61.1 e 2 e a proclamação de que essa
porção das Escrituras estava sendo cumprida enquanto Ele falava. Como rabino,
Jesus tinha de conhecer plenamente a Palavra de Deus e ensiná-la.

3. Multiplicar Líderes

Jesus era o mestre dos discipuladores. Sendo judeu, seguia um modelo rabínico
de desenvolvimento de discípulos. Ele selecionou e chamou alguns jovens para
estar com Ele, a m de treiná-los para o ministério (Mc 1.16-20; 3.13-19). O
clímax dessa formação ministerial foi o comissionamento para também serem
fazedores de discípulos (Mt 28.18-20). Jesus desenvolveu seus líderes de tal forma
que eles foram capazes de não apenas continuar o ministério, mas de multiplicá-lo
e levá-lo ao mundo depois que Ele foi embora.

Agora é a Hora!

Agora é a hora de não deixarmos que os outros nos digam o que devemos ou
não devemos fazer como pastores. Agora é a hora de deixar Jesus, o Bom Pastor,
ser o nosso guia. O exemplo de Jesus foi o de se concentrar em três ações:

1. Orar
2. Ensinar a Palavra
3. Multiplicar líderes

Os Apóstolos (At 6.1-7)

Os apóstolos foram treinados pessoalmente por Jesus para serem pastores


espirituais e cazes. Então, o que eles zeram?
Como você sabe, eles começaram a igreja em Jerusalém com enorme sucesso – 3
mil pessoas batizadas no primeiro dia e muitas outras sendo salvas diariamente
(At 2.41-47). Esse avanço surpreendente trouxe dores de crescimento inevitáveis.
Logo, os apóstolos se viram sugados na armadilha de exercer o ministério
sozinhos, negligenciando as três coisas que os pastores realmente devem fazer.
Não foi algo bom quando eles deixaram de lado uma parte do rebanho.
Contudo, sabiamente, eles zeram um ajuste nas prioridades.
Os apóstolos retornaram às três coisas: oração, ensino da Palavra e
desenvolvimento de outros líderes.
Em razão disso, os Doze convocaram a multidão dos discípulos e disseram: Não faz sentido que

deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete

homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste

serviço. Mas nós nos devotaremos à oração e ao ministério da palavra. (At 6.2-4)

Eles escolheram seguir o mesmo conselho que Jetro tinha dado a Moisés.
Pediram à igreja para ajudá-los a concentrar suas energias nas três coisas que todos
os pastores espirituais de fato devem fazer.

1. Orar – nos dedicaremos à oração


2. Ensinar a Palavra de Deus – não é certo negligenciarmos o
ministério da palavra de Deus… nos dedicaremos ao… ministério da
palavra.
3. Multiplicar líderes – escolham entre vocês sete homens de bom
testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles
essa tarefa.

A boa notícia é que a igreja concordou e os apoiou. Como resultado, Deus os


abençoou ricamente e levou a igreja à multiplicação.
A proposta agradou a todos, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe,

Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia, e os apresentaram perante

os apóstolos, os quais, depois de orar, impuseram-lhes as mãos. E a palavra de Deus era divulgada,

de modo que o número dos discípulos em Jerusalém se multiplicava muito, e vários sacerdotes

obedeciam à fé. (At 6.5-7)

Agora é a hora!
Agora é a hora de não deixarmos que os outros nos digam o que devemos ou
não devemos fazer como pastores. Agora é hora de deixarmos a primeira igreja da
história ser nosso guia. O exemplo dessa igreja, que alcançou sua cidade e mudou
o mundo, é de pastores que se concentravam em fazer três coisas:

1. Orar
2. Ensinar a Palavra
3. Multiplicar líderes

Paulo e Timóteo (1Tm 2.1-8; 2Tm 3.15-4.2, 2.2)

Paulo foi o mentor de vários jovens pastores, incluindo Timóteo. Somos


privilegiados por termos acesso a cartas em que Paulo fala detalhadamente a
Timóteo como ele deveria cumprir suas responsabilidades espirituais no
pastoreio. Como acontece nas orientações de Jesus aos apóstolos, Paulo também
não menciona muitas das responsabilidades assumidas hoje como essenciais pelo
pastor americano tradicional. Paulo não diz nada sobre reuniões de comitês,
visitas hospitalares ou realização de cultos fúnebres.
Em vez disso, tal como vimos em Jetro e Moisés, e em Jesus e os apóstolos,
Paulo encorajou Timóteo a concentrar-se em três tarefas fundamentais: orar,
ensinar a Palavra e liderar líderes.

1. Orar

Paulo intencionalmente lembrou Timóteo acerca da importância da oração. Ele


o aconselhou a ter, enquanto pastor espiritual para a igreja em Éfeso, uma tarefa
como prioridade número um – oração.
Antes de tudo, exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os

homens... (1Tm 2.1)

2. Ensinar a Palavra

Durante suas cartas a Timóteo, Paulo o lembra da importância do ensino sadio.


Ele lhe ordenou: “Procura apresentar-te aprovado diante de Deus, como obreiro que
não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).
Mais tarde, Paulo o instou a pregar a palavra (2Tm 4.2).
3. Multiplicar Líderes

Paulo deu o exemplo sobre a importância de mentorear os novos líderes quando


colocou Timóteo debaixo de suas asas nas viagens de plantação de igrejas. Em
suas cartas, também disse ao jovem pastor que uma de suas principais
responsabilidades era treinar homens éis que fossem capazes de discipular
outros.
O que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, transmite a homens éis e aptos para

também ensinarem a outros. (2Tm 2.2)

Além disso, Paulo disse à congregação de Timóteo, os efésios, que Timóteo e os


outros pastores-mestres que porventura estivessem ali eram dádiva de Cristo para
a igreja (Ef 4.11). Também disse que a responsabilidade daqueles pastores era
capacitar cada irmão para cumprir a obra do ministério (Ef 4.12), resultando no
crescimento dos membros e na expansão do corpo.
E ele designou [...] outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos

para a obra do ministério e para a edi cação do corpo de Cristo [...]. Nele o corpo inteiro, bem

ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a correta atuação de cada parte, efetua o

seu crescimento para edi cação de si mesmo no amor. (Ef 4.11,12, 16)

Agora é a Hora!

Agora é a hora de não deixarmos que os outros nos digam o que devemos ou
não devemos fazer como pastores. Agora é hora de deixarmos que o grande
plantador de igrejas e treinador de pastores, Paulo, seja nosso guia. Seu exemplo,
que se multiplicou em gerações após gerações de líderes depois dele, é de que os
pastores devem se concentrar em três coisas:

1. Orar
2. Ensinar a Palavra
3. Multiplicar líderes

Dave

Comecei uma plantação de igreja com alguns amigos no meu porão quando
tinha vinte e seis anos de idade. Nos cinco anos seguintes, trabalhei oitenta horas
por semana liderando aquela igreja, e ela cresceu para 350 pessoas cultuando
semanalmente. Depois de embates com o conselho de zoneamento da prefeitura,
compramos um terreno e construímos nosso próprio templo.
Ao mesmo tempo, minha esposa e eu tínhamos três lhos pequenos. Meus
parentes passavam por problemas muito difíceis. Então quei doente; muito,
muito doente.
Para começar, eu tinha apenas sessenta quilos, mas perdi dezoito em três
semanas. Meu sistema imunológico entrou em colapso. Tive uma infecção
respiratória da qual não conseguia me livrar. Tornei-me alérgico a quase tudo.
Meu açúcar no sangue despencou. Minhas articulações e músculos doíam tanto
que mal podia me mover. Estava exausto, completamente exausto, o tempo todo.
Minha doença durou três anos. Houve dias em que não conseguia sair da cama
sozinho. Algumas vezes estava tão fraco que nem conseguia me virar sozinho.
Não podia fazer muitas coisas que os pastores fazem. Não podia visitar alguém
no hospital nem participar de muitas reuniões. Parei de fazer aconselhamento.
Treinei pessoas para fazer casamentos e funerais. Deleguei a administração a
outros.
Não tive escolha senão parar de fazer todas as coisas boas que estava fazendo e
me dedicar unicamente às melhores.
Então, fazia apenas três coisas. Na verdade, eram as três que eu podia fazer.
Estudava a Bíblia durante a semana e pregava três vezes todos os domingos.
Orava por meia hora todas as manhãs com um discípulo e, depois, uma hora
sozinho. Também liderava uma vigília de oração uma vez por mês.
Discipulava um grupo de homens duas horas por semana e me encontrava com
um grupo de jovens cristãos uma noite por semana.
Fazia apenas essas três coisas, e minha igreja crescia numa média de mais de
quinhentas pessoas por semana.
Lentamente, voltei a trabalhar cinquenta horas por semana. Mas concentrava a
maior parte da minha energia e esforço nas três coisas. Orar, Ensinar a Palavra e
Multiplicar Discípulos. Comecei a investir mais tempo em oração e especialmente
em treinar líderes de pequenos grupos. Minha igreja cresceu para 125 pequenos
grupos de adultos e adolescentes e uma média de duas mil pessoas frequentando
os cultos semanalmente. 65 a 70% dos nossos membros exerciam algum
ministério semanalmente. Começamos cinco novas igrejas. Batizamos mais de
cem pessoas por ano.
Aviso!
Entendo a importância de algumas responsabilidades tradicionais de um pastor,
como casamentos, funerais, aconselhamento e visitas. Entendo a necessidade de
criar planos, fazer calendários e preparar orçamentos. Mas, em muitos casos,
enfatizamos por bastante tempo as coisas boas e negligenciamos as melhores.
Para ser o mais bíblico possível, o restante deste livro se concentrará em inspirar
e instruir pastores nas três tarefas que todos os pastores espirituais e cazes
realmente devem fazer: Orar, Ensinar a Palavra e Liderar.

E Agora?
Sugiro que um pastor invista pelo menos 25% de seu tempo em oração, 25% no
estudo e ensino da Palavra, 25% capacitando os santos e desenvolvendo líderes e
25% de seu tempo para outros deveres pastorais. Isso signi ca que, em uma
semana de trabalho de sessenta horas, ele está gastando quinze horas orando com
e pelas pessoas, quinze horas estudando e ensinando a Bíblia, quinze horas
desenvolvendo multiplicadores em potencial e quinze horas fazendo outras coisas.

Perguntas de Aplicação

1. Quanto tempo você gasta todas as semanas orando e


desenvolvendo uma cultura de oração em sua igreja?
2. Quanto tempo você gasta todas as semanas desenvolvendo
líderes?
3. O que você fará para aplicar este capítulo em sua vida e
ministério?

Notas
1. Bill Hull, e Disciple Making Pastor, (Grand Rapids, MI: Fleming
Revell, 1988), 41.
2. Win Arn, e Pastor’s Manual for E ective Ministry, (Monrovia, CA:
Church Growth, 1988), 41, 43.
3. Michael Todd Wilson e Brad Ho man, Preventing Ministry Failure,
(Downers Grove, IL: IVP, 2007), 31.
4. H.B London Jr. e Neil Wiseman, Pastors At Greater Risk, Ventura,
CA: Regal Books, 2003, 33-60.
5. S.D. Gordon, Quiet Talks on Prayer, (Grand Rapids, MI: Baker Book
House, 1980), 211.
6. S. D. Gordon, 209.
7. E. M. Bounds, e Reality of Prayer, (Grand Rapids, MI: Baker Book
House, 1978), 69, 73.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 1.


2

Seja uma Pe oa de Oração


Se um pastor não zer nada mais, qual é a única coisa que ele deve fazer? Se um pastor
não zer nada mais bem-feito, qual é a única coisa que ele tem de fazer bem-feito?
A resposta para ambas as perguntas é a mesma:

Orar
Qual foi a primeira coisa que o Senhor, por meio de Jetro, disse para Moisés
fazer? A resposta é orar (Êx 18.19).
O que foi que Jesus modelou diante de seus discípulos tão elmente que foi a
única coisa que eles lhe pediram para ensinar? A resposta é orar (Lc 11.1).
Quando os apóstolos sentiram que o crescimento da igreja os estava afastando
de suas prioridades, qual foi a primeira coisa a que eles se dedicaram? A resposta é
oração (At 6.4).
Quando Paulo aconselhou Timóteo a respeito da liderança da igreja de Éfeso,
qual foi a primeira tarefa que ele deu a Timóteo? A resposta novamente é orar
(1Tm 2.1).
A primeira prioridade para todos os pastores espirituais e cazes é orar.

Você Realmente Crê Nisso?

Você realmente crê que Deus pode realizar mais do que você?
Está convencido de que Ele pode produzir mudanças positivas mais rapidamente
do que você?
Você diria que Deus pode fazer coisas muito maiores do que você jamais poderia
fazer?
Você crê que o que Deus faz durará muito mais do que as coisas que os outros
podem fazer?
Se for assim, então essa declaração de fé exigirá que você faça da oração uma
prioridade em seu ministério. Se você realmente crê que Deus pode fazer coisas
maiores, mais rapidamente e melhores do que você, você vai orar. Deus pode fazer
mais em segundos do que podemos realizar em anos. Ele pode fazer tudo melhor,
maior e mais duradouro do que podemos imaginar.
Portanto, a questão se torna de que forma podemos cooperar com Deus para
sermos mais in uentes na vida das pessoas que pastoreamos. A resposta, claro, é
por meio da oração. Se você realmente crer nisso, você vai orar.

... Mas a Maioria Não Vai Crer

Tenho treinado pastores, missionários, obreiros e líderes de pequenos grupos


em todo o país e em muitas partes do mundo. Quando falamos sobre oração,
todos balançam a cabeça e concordam que a oração é importante. No entanto,
muitas vezes, líderes cristãos norte-americanos são culpados de fazer quase tudo,
menos orar. Uma pesquisa veri cou que em média o pastor ora apenas sete
minutos por dia!1 Outra, que 80% dos pastores entrevistados gastam menos de
quinze minutos por dia em oração.2 A pesquisa mais generosa concluiu que os
pastores oram 37 minutos por dia.3
Não sei qual pesquisa é a mais precisa, mas, de qualquer forma, todas elas nos
dizem a mesma coisa: a maioria dos pastores ora muito pouco. Não é de admirar
que muitos pastores estejam se sentindo desencorajados. Não é de admirar que
muitos venham a se esgotar. Não é de admirar que tantos desistam.

A Oração é o Denominador Comum

Nos últimos trinta anos, estudei quase cem líderes e pastores cristãos
muitíssimo in uentes. Comecei com o patriarca Abraão no Antigo Testamento e
cheguei ao pastor-evangelista do século 20, Billy Graham. Todos eles tinham
diferentes origens, habilidades, dons, experiências e níveis de instrução. Mas
tinham um denominador comum: vida de oração forte. A oração certamente não
é o único ato de liderança pastoral, mas é o denominador comum indiscutível
daqueles que promovem a diferença espiritual em cada geração e em qualquer
contexto.
Henry Blackaby a rma o seguinte: “Mais do que qualquer outra coisa que os líderes
façam, é a sua vida de oração que vai determinar sua e cácia”.4 O autor do século 19
Andrew Murray disse que a oração na vida do pastor deveria ser considerada
“como a parte mais elevada da obra a nós con ada, a raiz e a força de todos as outras
obras [...] Não há nada que precisemos estudar e praticar como a arte de orar bem”.5
J. C. Ryle, outro famoso líder cristão do século 19, escreve assim:
Li a vida de muitos cristãos eminentes que estiveram na terra desde os tempos bíblicos. Alguns

deles, vejo que foram ricos, e alguns pobres. Alguns instruídos, alguns indoutos [...] alguns eram

calvinistas, e alguns eram arminianos [...] Mas uma coisa eu vejo que todos tinham em comum.

Todos eles foram homens de oração.

Oração é o Fator Determinante

A oração é o fator determinante. Quanto mais oramos, mais Deus opera. Muitas
vezes não conseguimos perceber a maneira surpreendente como o nosso Deus
onipotente limitou sua atividade às nossas orações.
Por exemplo, o profeta Ezequiel mostrou como as orações de um único
intercessor teriam sido o fator determinante na libertação de Israel do cativeiro
babilônico.
Busquei entre eles um homem que levantasse o muro e se pusesse na brecha diante de mim por

esta terra, para que eu não a destruísse, mas não achei ninguém. Por isso, derramei minha

indignação sobre eles; eu os consumi com o fogo do meu furor; z com que seu caminho lhes

recaísse sobre a cabeça, diz o SENHOR Deus. (Ez 22.30,31)

Leia o versículo trinta novamente, devagar. Re ita no fato de que um único


homem que se pusesse na brecha poderia ter feito cessar o cativeiro babilônico.
Mas as últimas cinco palavras do versículo trinta contam a triste história – mas não
achei ninguém.
Com o passar dos anos eu descobri que não era o único que acreditava que a
oração é o fator determinante.
Esta verdade é ecoada de uma extremidade à outra das vertentes teológicas. Em
um dos extremos do continuum teológico, temos John Wesley, que escreveu que
“Deus não fará nada na terra a não ser em resposta à oração de fé”. Em outra
extremidade, temos João Calvino, que em suas Institutas declara: “Não se pode
explicar satisfatoriamente com palavras o quanto a oração é necessária [...] É certo que
Deus não se descuidará nem dormirá, mas Ele ca inativo, como se esquecesse de nós,
quando nos vê ociosos e mudos”.7
John Piper observou que “Deus ama abençoar o seu povo. Mas ama ainda mais
fazê-lo em resposta à oração”.8

Priorizar a Oração a m de Maximizar o Impacto

Hudson Taylor foi um missionário inglês na China. Ele fundou a Missão para o
Interior da China, que se tornou milagrosamente in uente para Deus naquela
nação. Ao tempo de sua morte, a missão compreendia 205 estações missionárias
com mais de 800 missionários e 125 mil cristãos chineses. Como ele fez isso? Ele
descobriu: “Somente é possível mover os homens a Deus pela oração”.9
Pastores espirituais sábios aprendem a priorizar a oração a m de maximizar o
seu impacto.

Deus não Faz Nada no Ministério à Parte da Oração

O ministério pastoral, em sua essência, é um trabalho espiritual. Trabalho


espiritual exige ferramentas espirituais. David Jeremiah lidera uma grande igreja
no sul da Califórnia e uma faculdade cristã. Quanto ao papel essencial da oração
no ministério, ele escreve:
Percorri o Novo Testamento há algum tempo, procurando coisas que Deus faz no ministério cristão

que não sejam movidas pela oração. Sabe o que encontrei?

Nada.

Não estou querendo dizer que foi difícil encontrar um item ou dois. Eu não encontrei nada. Tudo o

que Deus faz no trabalho ministerial, Ele o faz por meio da oração. Observe:

1. A oração é a maneira de derrotar o diabo (Lc 23.31,32; Tg 4.7).

2. A oração é a maneira que você leva o perdido à salvação (Lc 18.13).

3. A oração é a maneira de adquirir sabedoria (Tg 1.5).

4. A oração é a maneira como um desviado é restaurado (Tg 5.16-20).

5. A oração é como os santos se fortalecem (Jd 20; Mt 26.41).

6. A oração é a maneira de enviar obreiros para o campo missionário (Mt 9.38).

7. A oração é como curamos os doentes (Tg 5.13-15).

8. A oração é como realizamos o impossível (Mc 11.23,24).

10

... Tudo o que Deus quer fazer em sua vida Ele subjugou a uma coisa: oração.
Ocupado Demais para NÃO Orar

Jesus muitas vezes ministrou em um ritmo intenso. As exigências em relação a


seu tempo e energia eram imensas. Como Ele sobreviveu a isso, sem falar de como
prosperou e elevou-se triunfantemente acima de tudo?
Jesus via a oração como a fonte secreta da força espiritual e o reservatório de
verdadeiro refrigério. Mesmo quando estava muito ocupado, Ele nunca estava
ocupado demais para orar. Se nada mais seria feito naquele dia, a oração seria feita.
Quando os apóstolos estavam experimentando dores de crescimento da igreja e
começaram a lidar com suas próprias limitações, eles decidiram que não estavam
ocupados demais para deixar de orar, declarando isto: “Mas nós nos devotaremos à
oração e ao ministério da palavra” (At 6.4).

Oração Poupa Tempo

Charles Spurgeon, o pastor inglês incrivelmente bem-sucedido e ocupado,


concordou com essa ideia. Ao pregar sobre o tema da oração, ele observou:
Às vezes pensamos que estamos ocupados demais para orar. Isso também é um grande engano,

pois orar é economizar tempo [...] Deus pode multiplicar nossa capacidade de fazer uso do tempo.

Se dermos ao Senhor o que lhe é devido, teremos o su ciente para todos os propósitos necessários.

Quanto a isso, busque primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão

acrescentadas. Seus outros compromissos serão resolvidos suavemente se você não se esquecer do

11

seu compromisso com Deus.

George Müller foi um dos mais surpreendentes líderes espirituais que o mundo
já viu. Ele era um pastor talentoso, educador, lantropo e evangelista. Quando
ainda era um jovem pastor, atravessou um momento muito atarefado. Na verdade,
muitas vezes encontrou-se ocupado demais para orar como convém. Seu biógrafo
escreve:
Depois de aprender a lição de estar ocupado na obra do Senhor, muito ocupado, de fato, para orar,

ele disse a seus irmãos que quatro horas de trabalho após uma hora de oração realizaria mais do

12

que cinco horas sem oração. Esta regra, doravante, ele elmente manteve.

A oração permite que Deus faça mais em dias, horas, minutos ou mesmo
segundos, do que poderíamos conseguir sem Ele em meses, ou mesmo anos, de
trabalho. Com que frequência temos ensinado, encorajado e aconselhado pessoas
com pouco ou nenhum resultado? Quantas vezes temos compartilhado nossa fé
com aparentemente pouco ou nenhum avanço em relação às defesas da outra
pessoa? Mas, quando Deus age, Ele promove mudanças nas pessoas em segundos
que não seríamos capazes de produzir em anos. A oração é um poderoso meio de
economizar tempo. Uma vez que entendamos esse princípio, vamos aprender a
dizer: “Estou ocupado demais para não orar”.

Martinho Lutero

Martinho Lutero eleva-se como um gigante na história da igreja. O pastor


altamente ativo e in uente, professor, escritor e pai da Reforma Protestante
entendeu o poder da oração para economizar tempo e esforço. Quando indagado
sobre seus planos para a semana seguinte, Lutero mencionou que geralmente
passava duas horas por dia em oração, mas aquela seria uma semana muitíssimo
ocupada. Portanto, disse ele: “Trabalho, trabalho desde cedo até tarde. Na verdade,
tenho tanta coisa para fazer que vou passar as primeiras três horas em oração”. 13
Três horas em oração em um dia ocupado!
Martinho Lutero entendeu algo que precisamos entender. O tempo gasto em
oração pode ser o melhor dispositivo de economia de tempo que temos.

Priorize Oração em sua Agenda


Diária
Os biógrafos de Hudson Taylor, fundador muitíssimo ocupado da Missão para o
Interior da China, descreveram a prioridade que Taylor deu à oração e ao estudo
da Bíblia. Taylor pensava ser necessário se encontrar com Deus bem cedo no dia.
Eles escreveram que “das duas às quatro da madrugada, ele normalmente dedicava à
oração, o momento em que ele tinha mais certeza de não ser perturbado para esperar
em Deus”.14

1. De na um Momento para Orar

Jerry Falwell foi o fundador altamente in uente e pastor da famosa Igreja Batista
omas Road, que teve uma membresia de dezenas de milhares. Ele também
fundou a Liberty University, que tem mais de 50 mil estudantes. Quando Falwell
ainda era um universitário, ele aprendeu o imenso valor de ter um tempo diário de
oração. Ele foi ao deão acadêmico e pediu a chave do terceiro andar do prédio da
administração. Lá, ele orava das 13h30 às 17h todas as tardes, clamando a Deus
que abençoasse seu ministério como professor do quinto domingo da escola
dominical. Valeu a pena. A classe cresceu de dois meninos para 57 antes de maio.15
A maioria de nós precisa de nir um ou mais momentos diários de oração se
esperamos construir uma vida de oração dinâmica. Podemos escolher manhã,
tarde e/ou noite, mas precisamos escolher pelo menos um momento, ou vários
momentos, para a oração.

2. De na Quanto Tempo Orar

Líderes espirituais e cazes não só estabelecem um momento para a oração, mas


também costumam de nir um período de tempo. A maioria reserva uma hora, e
muitos reservam até mais. O padrão de passar uma hora em oração remonta ao
Jardim do Getsêmani quando Jesus confrontou o apóstolo Pedro que estava
adormecido: “Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Vós
não pudestes vigiar comigo nem uma hora?” (Mt 26.40). Pense apenas no que Deus
poderia fazer por seu intermédio, por você e em você, e por aqueles por quem ora
se você orasse pelo menos uma hora todos os dias!

3. Determine um Lugar para Orar

Quase tão importante quanto o tempo de oração é o lugar de oração. O melhor


exemplo de um líder que tinha um lugar especial para a oração é Moisés. O povo
que Moisés liderava era na maioria feito de crianças espirituais. Ele teve de
ensinar-lhes tudo, inclusive como se relacionar com Deus.
Moisés armou uma tenda fora do acampamento e a chamou de “a tenda da
revelação” (Êx 33.7-11). Aquela tenda era um lugar consagrado como lugar onde
acontecia um diálogo com Deus. Quando Moisés entrava nela, as distrações eram
minimizadas e oração maximizada.

E Agora?
Determine um momento ou momentos para orar todos os dias. Tenha um lugar
ou lugares para o seu encontro diário com Deus. Comece orando mais do que
jamais orou antes.
Citações

“Muito tempo gasto em oração é o segredo de tudo. A oração que é sentida como uma
força poderosa é o produto mediato ou imediato de muito tempo gasto em oração.
Nossas orações curtas devem seu sucesso e e ciência às orações longas que as
precederam.” E. M. Bounds16
“O maior problema que en entamos não é a oração não respondida, mas a oração
não feita.” Adrian Rogers17

Perguntas de Aplicação

1. Quando é o seu momento de oração?


2. Quanto tempo você gasta atualmente orando todos os dias?
Cada semana?
3. Onde é o seu lugar de oração?
4. O que você vai fazer para aplicar os ensinos deste capítulo?

Notas

1. William Brehm Why Should We Pray? Be Ready! h p://www.be-


ready.org/whypray.html
2. “Statistics About Pastors” Maranathalife.com
h p://www.maranathalife.com/lifeline/stats.htm
3. “Study shows only 16% of Protestant ministers are very satis ed with
their personal prayer lives,” Ellison Research
h p://www.ellisonresearch.com/ERPS%20II/release_16_prayer.ht
m
4. Henry e Richard Blackaby, Spiritual Leadership, (Nashville, TN:
B&H Publishing Group, 2001), 151.
5. Andrew Murray, With Christ in the School of Prayer, (Grand Rapids,
MI: Zondervan, 1983), xii.
6. J.C. Ryle, A Call to Prayer (Grand Rapids, MI: Baker Book House,
1976), 14-15.
7. John Wesley e João Calvino, citados por Peter Wagner em Prayer
Shield, Ventura, CA: Regal books, 1992), 29.
8. John Piper, Brothers, We are Not Professionals, (Nashville, B&H:
2002), 53.
9. Hudson Taylor citado em J. O. Sanders, 82.
10. David Jeremiah, Prayer: e Great Adventure (Sisters, Oregon:
Multnomah Publishers, 1997), 40-41.
11. Charles Spurgeon, “Pray Without Ceasing”, Metropolitan
Tabernacle Pulpit, Sermão Pregado na Manhã do Dia do Senhor, 10
de março de 1872, h p://www.spurgeon.org/sermons/1039.html
12. Basil Miller, George Müller: Man of Faith and Miracles, Minneapolis,
MN: Bethany Fellowship, 1941, 49.
13. Martinho Lutero citado em E.M. Bounds, Power rough Prayer,
Zondervan, (Grand Rapids, MI: 1962), 37.
14. Howard e Geraldine Taylor, Hudson Taylor’s Spiritual Secret,
(Chicago, IL: Moody Press, 1932), 235.
15. Jerry Strober, Ruth Tomczak, Jerry Falwell: A ame for God,
(Nashville, TN: omas Nelson, 1979), 25-26.
16. E.M. Bounds, Preacher and Prayer, (Grand Rapids, MI: Zondervan,
1982), p. 36.
17. Adrian Rogers, Adrianisms: e Wit and Wisdom of Adrian Rogers,
Memphis TN: Love Worth Finding Ministries, 2006), 44.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 2.


3

Ore por seu Povo


O povo hebreu, a quem Moisés foi chamado a liderar, era notoriamente rebelde.
Sua tendência a se afastar e vagar longe do Senhor decepcionou-o. De fato, em
mais de uma ocasião, o Senhor cou tão irado com eles que planejou destruí-los.
No entanto, Ele nunca o fez, embora tivesse uma boa razão.
O que afetou sua decisão?
O fator determinante foi a intercessão do líder Moisés.
O SENHOR disse a Moisés: Tenho observado esse povo e vi que é um povo muito obstinado. Agora,

deixa-me, para que a minha ira se acenda contra eles e eu os destrua; e farei de ti uma grande

nação. Moisés, porém, suplicou ao SENHOR seu Deus [...] E o SENHOR se arrependeu do castigo

que dissera que traria ao seu povo. (Êx 32.9-14)

Leia de novo, lentamente. Deus disse que ia destruir os hebreus, mas Moisés
intercedeu a favor deles. E Deus mudou de ideia! A oração intercessória é a única
coisa na terra poderosa o su ciente para fazer o nosso soberano Deus mudar de
ideia!
O que é surpreendente é que esta demonstração do poder da intercessão não foi
um evento único. Mais de uma vez, o povo a quem Moisés liderou queixou-se de
Deus. Mais de uma vez, Moisés orou por seu povo. Mais de uma vez, Deus
respondeu às suas orações intercessórias (Nm 14.11-20; Dt 9.8-29). O salmista
resume o poder da intercessão de Moisés em uma declaração contundente:
Ele havia decidido destruí-los, mas Moisés, seu escolhido, intercedeu diante dele, para evitar sua

ira, de modo que não os destruísse. (Sl 106.23)

O termo “interceder” signi ca “ car entre”. Usado para a oração, descreve o ato
de ir a Deus e pedir em favor de outra pessoa.
A palavra “oração” é um termo geral que signi ca “falar com Deus”. “Intercessão”
é mais especí co. Descreve ir a Deus em favor de outra pessoa. Portanto, enquanto
toda intercessão é oração, nem toda oração é intercessão.
O líder missionário Wesley Duewel escreve: “Você não tem um ministério maior
ou uma liderança mais in uente do que a intercessão”.1 Foi E. M. Bounds quem disse:
“Falar com os homens sobre Deus é uma grande coisa, mas falar com Deus sobre os
homens é ainda maior”.2

Jesus Ora por Nós


Jesus viveu a intercessão. Todo o seu ministério se identi ca conosco, estando
em nosso lugar, e indo a Deus Pai em nosso favor. Como líder, Ele muitas vezes
cou a sós para orar por seus seguidores.
Ao falar dos doze discípulos, Ele disse: “Rogo por eles” ( Jo 17.9). Ao falar então
de seus futuros seguidores, como nós, Ele disse: “E rogo não somente por estes, mas
também por aqueles que virão a crer em mim pela palavra deles” ( Jo 17.20).
Mesmo agora, em sua altíssima morada no céu, Jesus está intercedendo por nós.
Cristo Jesus é quem morreu, ou, pelo contrário, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à

direita de Deus e também intercede por nós. (Rm 8.34)

Portanto, também pode salvar perfeitamente os que por meio dele se chegam a Deus, pois vive

sempre para interceder por eles. (Hb 7.25)

Spurgeon Aconselhou Pastores a Orar por seu Povo

Charles Spurgeon é reconhecido como um dos maiores pastores que já


existiram. Ele liderou uma das primeiras megaigrejas depois do Pentecostes, com
até 10 mil pessoas se reunindo semanalmente para ouvi-lo pregar. Ele começou
um seminário e treinou pessoalmente centenas de pastores e missionários. Além
disso, levou a igreja a enviar intencionalmente equipes de membros para plantar
dezenas de igrejas na região metropolitana de Londres. Sua liderança também
produziu dezenas de ministérios de caridade, como orfanatos, ministérios para
viúvas, alimento e roupas para os pobres, ajuda aos pastores muito pobres, e muito
mais. Ele também foi um autor prolí co e popular.
Spurgeon era taxativo: a e cácia da pregação e liderança pastoral ui de uma
vida substancial de oração. Ele dizia aos seus jovens estudantes de pastorado:
“Ninguém é tão capaz de rogar aos homens como aqueles que estão lutando com Deus
em favor deles”.3 Como um grande defensor da importância da intercessão na vida
do pastor, ele dizia: “Meus irmãos, deixem-me suplicar-lhes que sejam homens de
oração. Talvez vocês nunca venham a ter grandes talentos, mas carão bem sem eles se
abundarem em intercessão”.4

Chaves para Oração Poderosa em


Favor dos Outros
1. O Altruísmo Sacri cial

Por que as orações de Moisés eram tão poderosas? O segredo é revelado no nal
de Êxodo 32. Moisés não estava apenas abnegadamente disposto a desistir de ser o
pai e rei de uma grande nação, mas estava disposto a desistir de sua própria
entrada no paraíso. Olhe atentamente para a oração de Moisés.
Assim, Moisés voltou ao SENHOR e disse: “Esse povo cometeu um grande pecado, fazendo para si

um deus de ouro. Mas, agora, perdoa-lhe o pecado; ou, caso contrário, risca-me do teu livro que

escreveste”. (Êx 32.31,32)

Estou espantado com o altruísmo sacri cial de Moisés – “perdoa-lhe o pecado;


ou, caso contrário, risca-me!”. Ele estava disposto a perder o seu lugar no céu se
isso os impedisse de ser destruídos. Surpreendente!
Dick Eastman é o presidente da grande agência missionária Every Home for
Christ (Cada Lar para Cristo). Ele também é um guerreiro de oração, e me
ensinou muito sobre intercessão. Ele escreve: “Um intercessor deve despedir-se do
seu eu e acolher os fardos da humanidade”.5 Em outra parte, ele a rma: “Como
intercessores que carregam cruzes de sacrifício, também estamos entre uma
humanidade ferida e um Pai amoroso, levando suas preocupações a Deus”.6

Ousadia Implacável

Abraão foi um líder espiritual falho, mas muito in uente. Ele foi o pai espiritual
de todos os crentes e o pai biológico dos judeus.
Como você pode se lembrar, Deus e dois anjos haviam se revestido de forma
humana a m de visitar Abraão e contar a Sara que ela daria à luz um lho dentro
de um ano. Depois do jantar, os três convidados se levantaram para ir embora, e o
Senhor contou a Abraão que eles também tinham vindo para investigar a maldade
extrema de Sodoma. Percebendo que o julgamento estava prestes a acontecer,
Abraão se posicionou corajosamente entre o Senhor e Sodoma, intercedendo em
favor do povo daquela cidade.
Mas Abraão permaneceu em pé diante do SENHOR. Chegando-se Abraão, disse: “Destruirás o

justo com o ímpio? Se houver cinquenta justos na cidade, destruirás e não pouparás o lugar por

causa dos cinquenta justos que ali estão? Longe de ti fazer tal coisa, matar o justo com o ímpio,

igualando o justo ao ímpio; longe de ti fazer isso! Não fará justiça o juiz de toda a terra? ”. (Gn 18.22-

25)

Observe sua postura – “permaneceu em pé diante do Senhor”. Esse é um exemplo


físico do posicionamento espiritual de um intercessor. Observe também que ele
lançou um desa o ao qual Deus deveria responder: “Se houver cinquenta justos
na cidade, destruirás e não pouparás o lugar por causa dos cinquenta justos que ali
estão?” (v. 24). Além disso, note que ele apelou para o caráter reto e justo do
Senhor: “Longe de ti fazer tal coisa, matar o justo com o ímpio, igualando o justo
ao ímpio; longe de ti fazer isso! Não fará justiça o juiz de toda a terra?” (v. 25).
Deus foi profundamente tocado pelo apelo de Abraão.
Então disse o SENHOR: “Se eu achar em Sodoma cinquenta justos dentro da cidade, pouparei o

lugar todo por causa deles”. (Gn 18.26)

As orações intercessórias de Abraão potencialmente salvaram uma cidade


inteira! Sua franqueza ousada fez a diferença. No entanto, Abraão não acabou aí.
Ele não era cego ou ingênuo, mas conhecia a natureza perversa de Sodoma. Ele se
importava o su ciente com as pessoas de lá para querer se certi car do livramento
delas. Então, pediu ao Senhor que poupasse Sodoma novamente, desta vez por
causa de quarenta e cinco justos. E Deus disse que sim!
E Abraão voltou a falar-lhe: “Agora que me atrevi a falar ao Senhor, embora eu seja apenas pó e

cinza; e, se de cinquenta justos faltarem cinco, destruirás toda a cidade por causa dos cinco? ” Ele

respondeu: “Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco”. (Gn 18.27,28)

Eu provavelmente teria parado aqui, satisfeito e em paz. Mas Abraão não parou.
Ele era implacável em suas orações. Mais quatro vezes buscou a Deus em favor de
Sodoma. Cada vez ele apelou por uma maior graça e misericórdia.
E Abraão continuou a falar-lhe: “E se achares ali quarenta? ”.

E ele concordou mais uma vez: “Não o farei por causa dos quarenta”.

E Abraão disse: “Não se ire o Senhor, se eu ainda falar. E se achares ali trinta? ”.
E ele concordou de novo: “Não o farei, se eu achar ali trinta”.

E Abraão tornou a dizer: “Mais uma vez me atrevi a falar ao Senhor. E se achares ali vinte? ”.

E ele respondeu: “Não a destruirei por causa dos vinte”.

E Abraão continuou: “Não se ire o Senhor, pois falarei só mais esta vez. E se achares ali dez? ”.

O SENHOR concordou: “Não a destruirei por causa dos dez”. (Gênesis 18.29-32)

Surpreendente! Orações persistentes de um homem garantiriam a segurança de


uma cidade inteira... se a cidade apresentasse pelo menos dez almas justas. Abraão
precisou de fé para continuar voltando a Deus e pedir mais. Precisou de um sério
interesse por aquelas pessoas. Precisou também de uma santa teimosia.
E funcionou! Deus concordou com os pedidos de Abraão.
Infelizmente, Abraão estava excessivamente otimista em sua visão sobre
Sodoma. Ele deve ter presumido que seu sobrinho Ló teria sido capaz de
convencer alguns outros a se unir a ele em nome de Deus e da justiça. Mas,
infelizmente, Ló falhou em converter até mesmo a própria esposa. Não havia
sequer um punhado de pessoas justas em Sodoma. Por isso, foi destruída.
Mas não perca a questão maior. A intercessão de Abraão havia potencialmente
poupado Sodoma da destruição. Sua súplica persistente fez a diferença.

3. Lágrimas de um Coração Partido

Jesus tinha um coração enorme pelas pessoas. Seu coração é muito bem
resumido em duas palavras – “Jesus chorou” ( Jo 11.35). Considere como Ele se
tornou um homem de dores e experimentado nos sofrimentos (Is 53.3). Observe
as lágrimas descendo por sua face enquanto contemplava a dor do povo – “E
quando se aproximou e viu a cidade, chorou por ela” (Lc 19.41).
Jesus, o intercessor de coração partido, derramou lágrimas por aqueles a quem
veio servir.
Vendo as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam atribuladas e abatidas, como ovelhas

que não têm pastor. (Mt 9.36)

Nos dias de sua vida, com grande clamor e lágrimas, Jesus ofereceu orações e súplicas àquele que

podia livrá-lo da morte e, tendo sido ouvido por causa do seu temor a Deus. (Hb 5.7)

Não há uma liderança servidora sem as lágrimas de um coração partido. Deus


disse ao profeta Joel que Ele queria que seus servos espirituais intercedessem por
seu povo com lágrimas ( Jl 2.17). Ele deu a mesma mensagem por intermédio de
Isaías (Is 22.12). Quando eles se recusaram a fazê-lo, Deus viu seu egoísmo como
maldade que “não será perdoada” (Is 22.13,14).
Um estudo dos grandes líderes servos na Bíblia é um estudo em lágrimas:

Davi chorou por causa dos insultos ao nome de Deus (Sl 69.9,10).
Josias chorou por seu povo (2Rs 22.19).
Uma multidão se reuniu como resultado das lágrimas de Esdras (Ed
10.1,2).

O Profeta Chorão
Um dos grandes servos intercessores é o profeta Jeremias, que foi rotulado como
“o profeta chorão”. Ouça a profunda carga emocional em suas palavras, quando
escreve: “Estou a ito por causa da a ição da lha do meu povo; ando de luto; o
espanto apoderou-se de mim” ( Jr 8.21). E: “Ah, se a minha cabeça se tornasse em
águas, e os meus olhos, numa fonte de lágrimas, para que eu chorasse de dia e de noite
os mortos da lha do meu povo!” ( Jr 9.1).
Por amor angustiante, ele alertou o seu povo:
Se não ouvirdes, chorarei secretamente, por causa do vosso orgulho; e os meus olhos chorarão

amargamente e se desfarão em lágrimas, porque o rebanho do SENHOR foi levado cativo. (Jr 13.17)

Jeremias escreveu outro livro da Bíblia que, devido ao seu conteúdo manchado
de lágrimas, se tornou amplamente conhecido como Lamentações. Nele, ele
registra a tristeza de Deus por causa do pecado do Seu povo e da destruição de
Jerusalém. Uma de suas características surpreendentes é que o pranto de Deus
resulta em lágrimas que escorrem pela face de Jeremias.
Por isso estou chorando; os meus olhos, sim, os meus olhos se desfazem em águas... (Lm 1.16)

Os meus olhos já se consumiram com lágrimas; estou perturbado; meu coração se derrama de

tristeza por causa da destruição do meu povo, porque os meninos e as crianças de peito desfalecem

pelas ruas da cidade. (Lm 2.11)

Torrentes de águas correm dos meus olhos por causa da destruição do meu povo. Os meus olhos

derramam lágrimas sem cessar, sem interrupção, até que o SENHOR atente e veja lá do céu. (Lm

3.48-50)
O Apóstolo Chorão
O ministério de intercessão de Paulo é regado de lágrimas. Ele resumiu seu
ministério em Éfeso lembrando os anciãos de que ele estava “servindo ao Senhor
com toda a humildade, e com lágrimas” e “que durante três anos não cessei, dia e noite
e com lágrimas” (At 20.19,31). Ele disse aos coríntios: “Porque vos escrevi em meio
a muita tribulação e angústia de coração, com muitas lágrimas” (2Co 2.4).
A recusa de seu povo, os judeus, em irem a Cristo o levou a escrever:
Digo a verdade em Cristo, não minto. Minha consciência dá testemunho comigo, no Espírito Santo,

de que tenho grande tristeza e incessante dor no coração. Porque eu mesmo desejaria ser

amaldiçoado e excluído de Cristo, por amor de meus irmãos, meus parentes segundo a carne. Eles

são israelitas... (Rm 9.1-4)

“Tentem Lágrimas”
Na história mais recente, o fundador do Exército da Salvação foi um homem de
intercessão marcada por lágrimas. William Booth tinha um zelo incomum e
controverso por Jesus. Ele viveu a vida de um soldado espiritual como o fundador
do Exército da Salvação e pregou o evangelho para as pessoas menos favorecidas
de seu tempo.
Duas pessoas de quem ele cuidava partiram para encontrar um novo trabalho,
mas encontraram fracasso e oposição. Frustrados e cansados, apelaram a Booth,
que lhes enviou um telegrama com apenas duas palavras: “TENTEM
LÁGRIMAS”.
Eles seguiram seu conselho e testemunharam um poderoso avivamento.7

“Que meu Coração se Comova”


Bob Pierce, o fundador da Visão Mundial, uma grande organização cristã de
ajuda e desenvolvimento para combater a pobreza que trabalha em mais de cem
países, uma vez escreveu na margem de sua Bíblia: “Que meu coração se comova
pelas coisas que comovem o coração de Deus”.8
Deus disse ao profeta Joel que seus servos espirituais deveriam interceder pelo
povo com lágrimas ( Jl 2.17). Ele entregou a mesma mensagem por meio de Isaías
(Is 22.12). Quando eles se recusaram a fazê-lo, Deus viu seu egoísmo como
maldade que “não será perdoada” (Is 22.13,14). Igualmente, o profeta Samuel
levou seu papel na oração pelo povo de Deus muito a sério, ao escrever: “Quanto a
mim, longe de mim pecar contra o SENHOR, deixando de interceder por vós” (1Sm
12.23).
Wesley Duewel acrescenta:
Devemos nos identi car tanto com aqueles que lideramos, tanto pelo amor quanto pelo

compromisso, que os carreguemos em nossos corações todos os dias de nossa liderança [...]

Devemos tocar Seu trono constantemente por nosso povo. Pecamos contra o Senhor se não o

fazemos.

Recusar-se a Desistir

Intercessão persistente baseada na fé produz resultados. Ninguém representa


isso melhor do que George Müller. Ele estava pregando em 1884, e testemunhou
que quarenta anos antes, em 1844, cinco indivíduos haviam sido colocados em
seu coração e ele começou a interceder por eles para irem a Cristo.
Dezoito meses se passaram antes que um deles se convertesse. Ele continuou a
orar por mais cinco anos e outro se converteu. Ele continuou a orar.
Ao nal de doze anos e meio, o terceiro se converteu.
Durante sua mensagem, dada em 1884, Müller a rmou que ainda continuava
orando pelos outros dois sem falhar um único dia, mas eles ainda não tinham se
convertido. Mas ele ainda acreditava que a resposta viria.14 Na verdade, Müller
disse: “Eles ainda não são convertidos, mas serão”.10
Doze anos mais tarde, em sua morte, após ter intercedido por eles diariamente
por um total de cinquenta e dois anos, eles ainda não eram convertidos. Mas um
deles foi a Cristo no funeral de Müller e outro logo em seguida!11 Intercessão
resiliente e persistente faz a diferença.

Um Guia para Oração por sua Igreja


1. Santi ca-nos e livra-nos pela verdade ( Jo 8.32; 17.16).
2. Que realmente amemos e sirvamos uns aos outros ( Jo 13.14).
3. Que sejamos protegidos do mal ( Jo 17.15).
4. Que sejamos unidos ( Jo 17.21-23).
5. Que sejamos e façamos discípulos (Mt 28.19,20).
6. Que nos devotemos à Palavra, oração, comunhão, adoração, ministério e
evangelismo (At 2.42-47).

Perguntas de Aplicação

1. Como você pode tornar a intercessão uma parte mais central do


seu ministério agora?
2. O que poderia acontecer se você começasse a orar pelos outros
como você deseja que os outros orem por você?
3. Quanto tempo por dia você dedicará à oração por sua igreja?

Notas

1. Wesley Duewel, Mighty Prevailing Prayer, (Grand Rapids, MI:


Zondervan, 1990), 22.
2. Bounds, Power, 27.
3. Spurgeon, Lectures to My Students, (Grand Rapids, MI: Zondervan,
1954), 45.
4. Spurgeon, 47.
5. Eastman, Love on Its Knees, (Tarrytown, NY: Fleming Revell, 1989),
56.
6. Eastman, Love, 17.
7. História contada por H. Begbie em “ e Life of General William
Booth”, registrada em h p://www.jesus-is-
savior.com/Great%20Men%20of%20God/general_william_booth.
htm (acesso em 12 de fevereiro de 2009).
8. Kenneth Boa, e Heart of God, World Vision Resources,
h p://www.worldvisionresources.com/product_info.php?
products_id=289 (acesso em 12 de fevereiro de 2009).
9. Wesley Duewel, Ablaze for God, (Grand Rapids, MI: Zondervan,
1989), p. 243.
10. D.L. Moody, Prevailing Prayer, (Chicago, IL: Moody Press, 1987),
100,101.
11. Basil Miller, George Müller: Man of Faith and Miracles, (Minneapolis,
MN: Bethany House, 1943), 146.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 3.


4

Crie uma Cultura de Oração


“O homem que mobilizar a igreja cristã à oração fará a maior contribuição para a
evangelização do mundo na história.”
Andrew Murray1

Orem Primeiro
Paulo escreveu uma carta a Timóteo, o jovem que liderava a estratégica igreja em
Éfeso, a partir da qual pretendia evangelizar toda a Turquia e grande parte da Ásia.
Em uma carta cheia de conselhos, Paulo disse para Timóteo tornar uma atividade a
sua principal prioridade.
Antes de tudo, exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os

homens, pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e

serena, em toda piedade e honestidade. Isso é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que

deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porque há

um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem. Ele se entregou em

resgate por todos, para servir de testemunho a seu próprio tempo. Digo a verdade, não minto, para

isso fui constituído pregador e apóstolo, mestre dos gentios na fé e na verdade. Quero que os homens

orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ódio nem discórdia. (1Tm 2.1-8)

Uma das responsabilidades mais importantes de um pastor é cultivar sua vida de


oração. Mas, além disso, o pastor deve também desenvolver o ministério de oração de sua
igreja.

1. Orem Primeiro

“Antes de tudo, exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por
todos os homens” (1Tm 2.1).
A expressão “antes de tudo” fala tanto de cronologia quanto de prioridade. Paulo
queria que Timóteo zesse da oração evangelística a primeira coisa de sua agenda e a
prioridade número um de sua vida e de sua igreja.
“Súplicas” fala sobre pedir a Deus para suprir uma necessidade, principalmente da
mesma pessoa que está orando. “Orações” é um termo geral e pode incluir reuniões
de oração. “Intercessões” refere-se a pedidos em favor de outros. “Ações de graças”
refere-se à gratidão a Deus por bênçãos recebidas. A questão não é que Paulo esteja
listando quatro maneiras de orar, mas sim que ele utiliza vários aspectos diferentes
da oração para chegar a uma só conclusão: a igreja deve se concentrar na oração.
Uma das principais razões para a existência de uma igreja é cobrir sua cidade com
oração. Mas a oração não deve ser um m em si mesmo. A oração deve preparar as
pessoas para o evangelismo e o discipulado. A oração torna mais difícil a ida de
pessoas da sua cidade para o inferno. Sem uma base rme de oração, todo o seu
esforço evangelístico produzirá poucos frutos duradouros.

2. Orem para que Todos os Perdidos Sejam Salvos

“Exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os
homens [...] Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao pleno conhecimento da verdade [...] Cristo Jesus, Ele se entregou em resgate
por todos...” (1Tm 2.1, 3-6).
A oração evangelística por todas as pessoas está enraizada no fato de que Deus
quer que todas as pessoas sejam salvas e de que Jesus morreu por todos. Barclay
escreve que “poucas passagens no Novo Testamento enfatizam tanto a universalidade do
evangelho como essa. A oração deve ser feita por todos os homens; Deus é o Salvador que
deseja que todos os homens sejam salvos; Jesus deu a sua vida em resgate por todos.
Como Walter Lock escreve: ‘A vontade de Deus para salvar é tão ampla quanto a sua
vontade de criar’”.2 Paulo queria que Timóteo soubesse que, para o evangelho se
espalhar, deveria haver oração. Ao que tudo indica, a igreja seguiu essa exortação. O
livro de Apocalipse mostra que o evangelho não apenas se espalhou por Éfeso, como
também pelas cidades circunvizinhas: Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadél a e
Laodiceia.
Infelizmente, mesmo nas igrejas americanas em que ainda há um culto de meio de
semana, a reunião de oração não é mais uma reunião de oração. Normalmente, é
mais um estudo bíblico do que um culto de oração. E o pouco de oração que tem, é
em favor das pessoas que estão enfermas. No entanto, como James W. Bryant
observa, “raramente a igreja ora para que o perdido seja salvo. Gastamos mais tempo
orando para manter os cristãos fora do céu do que para manter as pessoas perdidas fora
do inferno!”3
E se a sua igreja começasse a ver como sua a responsabilidade de orar por todos
em sua comunidade a m de serem salvos? E se ela e continuasse a orar até que
todos fossem salvos?

A Igreja em Chamas

Durante a faculdade eu fui membro ativo de uma igreja que estava em chamas por
Deus. O templo cava lotado durante os cultos. Jovens eram vocacionados para o
ministério. Perdidos eram salvos e batizados todas as semanas.
Qual era o segredo?
Mil pessoas reunidas toda quarta-feira à noite para orar. Pedidos de oração pelos
perdidos eram lidos e seguidos de oração. Uma vez o pastor deu a cada um de nós
uma página da lista telefônica da cidade e nos disse para orar por todas aquelas
pessoas até que fossem salvas. Mais tarde, aquela igreja cresceu para 9 mil pessoas,
porque ela orava pelos perdidos.

3. Orem em Favor das Autoridades Civis para que sua Igreja Seja Livre

para Compartilhar o Evangelho

“Antes de tudo, exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por
todos os homens, pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos
uma vida tranquila e serena, em toda piedade e honestidade” (1Tm 2.1,2).
As autoridades públicas podem ajudar na propagação do evangelho ou impedi-la.
Permissões, autorizações e políticas muitas vezes restringem ou abençoam o
ministério da igreja conforme a decisão subjetiva da autoridade. Devemos orar para
que o Senhor dê à igreja graça e converta o coração dos líderes para, consciente ou
inconscientemente, tomarem atitudes que nos ajudem a cumprir a Grande
Comissão.

4. Orem por Vocês Mesmos à Medida que Compartilhem o Evangelho


“Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.
Ele se entregou em resgate por todos, para servir de testemunho a seu próprio tempo.
Digo a verdade, não minto, para isso fui constituído pregador e apóstolo, mestre dos
gentios na fé e na verdade” (1Tm 2.5-7).
A igreja deve priorizar a oração por todas as pessoas perdidas em sua comunidade
para que sejam salvas, pois Jesus morreu por todas elas. Não só devemos orar para
que sejam salvas, como também orar por nós mesmos, para que estejamos dispostos
a testemunhar, proclamar, compartilhar o evangelho e ensinar-lhes a verdade (1Tm
2.6,7).
Pense sobre a primeira igreja que existiu. Dois de seus líderes, Pedro e João, foram
levados perante as autoridades, que lhes disseram para parar de pregar o evangelho
de Jesus. Qual foi a reação da igreja? Eles oraram para que tivessem mais coragem
para continuar a pregar! (At 4.24-31). Eles não apenas praticavam orações
evangelísticas pelas almas perdidas, mas também oravam por si mesmos, para que
não temessem compartilhar o evangelho com as pessoas perdidas pelas quais
estavam orando.

5. Orem por Toda a sua Comunidade e por Todos os Perdidos na

Comunidade

“Quero que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ódio nem
discórdia” (1Tm 2.8).
Desde os dias de Josué, os líderes cristãos levam seu povo a dar passos de fé. Não é
incomum pastores liderarem o rebanho para andar em torno de uma propriedade
clamando ao Senhor que aquele seja o local das novas instalações da igreja. Outros
oram na direção dos assentos do santuário, pedindo a Deus que os preencha e toque
todos os que sentarão neles no domingo. Paulo pareceu estar encorajando Timóteo a
reunir os homens de sua igreja para orar pelos perdidos de todas as partes da cidade.
Ultimamente, alguns adaptaram os princípios aplicados por Josué na conquista de
Jericó como um meio de evangelismo e batalha espiritual. Eles o chamam de
“caminhada de oração”. Caminhada de oração tem sido de nida como “orando,
vendo e percebendo”. Feita coletiva ou individualmente, a caminhada de oração é
uma forma de intercessão discreta que leva o intercessor à batalha. Enquanto as
crentes andam pela vizinhança, eles oram pelas pessoas nas casas, empresas e escolas
e pelas igrejas, para que o nome de Deus seja honrado, seu reino venha e sua vontade
seja feita naquela pessoa, família ou empresa.
Por exemplo, você pode dar a cada membro da igreja um mapa de sua cidade e lhe
pedir para orar diariamente por um pedaço dele, bairro a bairro. Você pode rasgar as
páginas da lista telefônica, entregá-las aos membros e pedir que orem pelas pessoas
cujos nomes estão na folha que receberam. Você pode levar seu povo a orar por
todos os cartazes de “Vende-se” que encontrarem, para que essas propriedades sejam
compradas em completo alinhamento com a vontade de Deus.

Exemplos de Igrejas com uma Cultura


de Oração
A Casa de Oração do Primeiro Século

Quando Jesus andou na terra, o seu corpo físico era a morada principal de Deus
( Jo 1.14). Se você quisesse chegar a Deus, você precisaria ir a Jesus.
Mas, desde o Pentecostes, a igreja é o corpo de Cristo (1Co 12.12-27). A igreja é o
santuário de Deus tanto individual (1Co 6.19,20) quanto coletivamente (1Co
3.16,17). Claramente, desde o dia de Pentecostes, a igreja deve ser uma casa de oração
para todas as nações.
Portanto, uma vez que a igreja deveria ser uma casa de oração, faz sentido que os
discípulos tenham passado uma semana intensa de oração coletiva antes de
inaugurar a primeira igreja na história (At 1.13,14).
Isso explica por que a primeira igreja devotou-se à oração (At 2.42).
Não deve nos surpreender que, quando confrontada com a perseguição, a igreja
clamou por maior ousadia para testemunhar (At 4.24-31).
Também era de esperar que, quando tiveram de escolher entre duas coisas boas, os
apóstolos escolhessem dedicar à oração e ao ministério da palavra (At 6.1-4).
Não é de admirar que, quando seus líderes foram jogados na prisão, a igreja tenha
se reunido e clamado a Deus (At 12.1-5).
Claro que, quando Paulo aconselhou Timóteo, disse-lhe que sua primeira
prioridade como pastor devia ser certi car-se de que a igreja estava orando para que
todos os homens fossem salvos (1Tm 2.1-8). Ele queria que Timóteo edi casse uma
casa de oração para todos os povos.

A Casa de Oração de Londres

Muitos líderes cristãos consideram Charles Haddon Spurgeon o maior pastor na


história. Ele estabeleceu uma das primeiras megaigrejas modernas, em Londres no
século 19. Embora comumente conhecido como o “Príncipe dos Pregadores”, não
foi a pregação que tornou Spurgeon grande; foi liderar uma igreja que orava.
Spurgeon frequentemente comentava que seu sucesso era resultado direto das
orações éis de sua congregação. Quando visitantes vinham à igreja, ele os levava à
sala de oração no porão onde alguns membros estavam sempre de joelhos,
intercedendo. Então Spurgeon declarava: “Aqui é a casa de força desta igreja”.3
Mesmo que tivesse 5 mil frequentando as manhãs de domingo e outros 5 mil no
domingo à noite para um culto evangelístico, ele considerava a reunião de oração de
sua igreja na segunda-feira à noite a reunião mais importante da semana. Toda
segunda-feira, uma grande parte do enorme santuário de Spurgeon estava cheio de
1.000 a 1.200 intercessores sinceros e fervorosos. Seus biógrafos observaram: “Aos
olhos de Spurgeon, a reunião de oração era a reunião mais importante da semana”.4
Em relação às reuniões de oração, Spurgeon declarou:
A condição da igreja pode ser aferida com muita precisão por causa de suas reuniões de oração.

Assim, a reunião de oração é um medidor de graça, e a partir dela podemos medir a quantidade de

trabalho divino realizado entre um povo. Para que Deus esteja perto de uma igreja, ela deve orar. Para

Ele não estar lá, um dos primeiros sinais de sua ausência será a indolência na oração.5

Em sua autobiogra a, Spurgeon descreveu sua gratidão por ter sido abençoado
com uma igreja de oração: “Sempre dou toda a glória a Deus, mas não me esqueço
de que Ele me deu o privilégio de ministrar desde o início a um povo de oração.
Tivemos reuniões de oração que tocavam nossas almas. Cada um parecia
determinado a abalar a Cidade Celestial pelo poder da intercessão”.6
Em seu livro Only a Prayer Meeting (Apenas Uma Reunião de Oração), Spurgeon
apresentou várias razões para o sucesso da reunião semanal de oração de sua igreja,
além de sugestões para tornar as reuniões de oração mais e cazes, entre elas:

1. O pastor deve tornar a reunião de oração sua prioridade. Seu amor pela
oração, quando se torna evidente, “promoverá um amor correspondente
pela reunião de oração” entre seu povo.
2. Trabalhe para ter orações concisas. “O comprimento é o golpe mortal ao
fervor, e a brevidade é o assistente do zelo”.
3. Convença todos a orar em voz alta. “Dá vida e sentido a tudo o que
estamos fazendo ouvir aqueles lábios trêmulos proferir agradecimentos por
uma nova vida que acaba de ser recebida, e ouvir aquela voz embargada
confessando o pecado do qual acaba de escapar”.
4. Encoraje os participantes a enviar pedidos especiais de oração com
frequência. “Esses pequenos pedaços de papel, por si sós verdadeiramente
orações, podem ser utilizados como combustível para o fogo em toda a
assembleia”.
5. “Não permita que o canto, a leitura das Escrituras, ou a pregação tome o
lugar da oração. Lembre-se de que nos encontramos para a oração; e que
seja oração”.7

Uma Casa de Oração no Brooklyn

Em 1972, aos 29 anos de idade, Jim Cymbala tornou-se pastor da difícil, dividida e
quase falida igreja chamada Brooklyn Tabernacle. Apenas duas dúzias de pessoas
compunham a igreja e, em seu primeiro domingo como pastor, a oferta arrecadada
foi de 85 dólares. Jim tinha apenas educação universitária secular e se sentiu incapaz
de liderar uma igreja tão doente em um bairro tão difícil. Humilhado, destroçado, e
percebendo que a igreja estava condenada sem um novo agir de Deus, ele começou a
clamar a Deus em oração.
Durante uma viagem de férias à Flórida, Jim sentiu Deus falando com ele no fundo
de sua alma: “Se você e sua esposa levarem meu povo a orar e invocar meu nome,
você nunca deixará de ter algo novo para pregar. Eu vou prover todo o dinheiro
necessário, tanto para a igreja quanto para sua família, e você nunca terá um edifício
grande o su ciente para conter as multidões que Eu enviarei em resposta”.8
Jim voltou para seu povo com esperança renovada. Diante deles, contou-lhes sobre
sua nova resolução: “A partir deste dia, a reunião de oração será o termômetro de
nossa igreja. O que acontecer na terça-feira à noite será o medidor com o qual
julgaremos o sucesso ou o fracasso, porque essa será a medida pela qual Deus nos
abençoará”.9
Eles começaram a levar a oração a sério. Às vezes, faziam um clamor coletivo ao
Senhor, todos orando em conjunto, ou oravam de mãos dadas em um grande círculo,
ou, ainda, falavam dos seus fardos especiais. Os métodos variavam, mas o foco era
único – a oração.
Deus respondeu. Nas semanas seguintes, as respostas tornaram-se perceptíveis.
A vida dos membros de sua congregação foi poderosamente mudada. Animados
pelo que Deus estava fazendo, eles começaram a trazer amigos, vizinhos e membros
da família. Pessoas desesperadas, machucadas e destruídas começaram a vir e
encontrar libertação e transformação radicais.
Deus começou a enviar viciados, prostitutas, homossexuais, advogados, homens
de negócios e motoristas de ônibus. Havia latinos, afro-americanos, caribenhos e
brancos. As pessoas começaram a uir de Manha an, Bronx, Queens e Long Island.
Dentro de poucos anos, a igreja já não cabia no templo e passou a se reunir em uma
escola secundária local. Alguns anos mais tarde, a escola tornou-se muito pequena.
Então eles oraram.
Deus respondeu, dando-lhes um teatro de 1.400 assentos na rua principal na
entrada do Brooklyn. Apesar de enviarem equipes para começar novas igrejas ao
redor da cidade, eles tinham de realizar quatro cultos de domingo para acolher todos
os que queriam vir.
O grupo musical desorganizado e destreinado e o coral que não sabia ler partituras
introduziram uma animada reunião de oração de trinta minutos antes de seus
ensaios. O ministério de música da igreja começou a melhorar e se expandir. O
poder de seu louvor se tornou tão grande que muitas vezes Jim ignorou seu sermão e
foi direto ao apelo.
Talvez você saiba o restante da história. O coral, mais tarde, tornou-se
mundialmente famoso, com álbuns vencedores do Grammy Award. A história da
igreja de Jim, Fresh Wind, Fresh Fire (Vento Novo, Fogo Novo), tornou-se um best-
seller.
Qual foi o segredo?
Como Cymbala escreve: “Deus tinha formado um grupo de pessoas que queriam orar,
que acreditavam que nada era grande demais para Ele”.10

Uma Casa de Oração em um Vilarejo

Je erson, Oregon, tem uma população de 2.200 pessoas. Vários anos atrás, ela
também tinha um pastor muito desanimado. Dee Duke tinha desistido de seu
primeiro amor, a agricultura, para assumir o papel de pastor da difícil Igreja Batista
de Je erson. Depois de doze anos, ele estava esgotado e amargurado, planejando
pedir as contas.
Mas, durante uma conferência de quatro dias, tudo isso mudou. Na reunião de
oração dos pastores, o pastor Duke percebeu que tinha tentado tudo menos a
oração. Convencido de sua arrogância espiritual, falta de oração, espírito
independente e presunção de que poderia realizar qualquer coisa por meio do
trabalho árduo, decidiu mudar. Ele voltou para sua igreja, confessou sua falta de
oração à congregação e dedicou-se a orar e a levar sua igreja a se tornar uma casa de
oração. Ao fazê-lo, traçou sete objetivos especí cos:

1. Passar uma hora ininterrupta por dia orando a sós.


2. Passar uma hora por dia orando com um parceiro de oração.
3. Orar por todos na igreja pelo nome semanalmente.
4. Orar, pelo menos uma vez por mês, com outros pastores.
5. Pregar sobre oração durante três meses.
6. Planejar, pelo menos, quatro grandes eventos de oração na igreja a cada
ano (sempre precedendo um grande esforço evangelístico).
7. Identi car a área de cultivo da igreja (cada pessoa a trinta e dois
quilômetros em todas as direções a partir da igreja), pedi-la a Deus, e
ter o alvo de orar por ela.11

A oração mudou tudo. Diz Duke:


Quanto mais orávamos, mais Deus colocava em nossos corações alcançar os perdidos.

Experimentamos um crescente sentimento de urgência para alcançar os nossos vizinhos e o mundo.

Desenvolvemos modos criativos para alcançar os perdidos. Quase todos na igreja começaram a orar

12

por amigos perdidos, colegas de trabalho, familiares, missões e países ao redor do mundo.

Desde que Duke envolveu-se com a oração de forma comprometida, a igreja


cresceu para uma média de presença no domingo de manhã para 1.400 pessoas, em
uma cidade de 2.200 habitantes. Ela tem quarenta momentos de oração que
acontecem todas as semanas. Os membros também oram 24 horas por dia por
pessoas perdidas dez dias antes da Páscoa e 24 horas de jejum e oração no dia
anterior à Páscoa. Eles oram por todas as pessoas pelo nome em um raio de 36
quilômetros da igreja. Todas as manhãs, os alunos do ensino médio fazem uma
“caminhada de oração” ao redor da pista da escola, orando por seus colegas de classe.
Duke acredita rmemente que, para que uma igreja se torne uma casa de oração, o
pastor deve entender a diferença entre acreditar que a oração é importante e que ela
é essencial. “Aqueles que acreditam que a oração é essencial – e não apenas importante –
terão paixão e fervor que convencerão os outros a unirem-se a eles”.13

Tornando sua Igreja uma Casa de


Oração
Fui o pastor titular de três igrejas. Em cada uma delas, e em diferente épocas, o
ministério de oração foi diferente. Algumas das coisas que z na minha primeira
igreja foram as seguintes:

A igreja começou ao nos encontrarmos todas as noites durante um mês


para uma hora de oração em casas diferentes.
Uma vez por mês orávamos a noite toda, das 22h às 6h. Dividíamos
cada hora em adoração, oração com a Bíblia e intercessão.
Realizávamos uma reunião de oração todos os sábados à noite.
Nossos funcionários tinham um dia inteiro de oração, uma vez por
mês.
Tínhamos uma semana especial de oração e jejum por ano.

Em outra igreja:

Começamos a igreja ao nos reunirmos todos os dias durante um mês


para cinco horas de adoração, oração com a Bíblia, e intercessão.
Também fazíamos caminhada de oração ao redor de uma escola onde
nos reuníamos para culto diário durante um mês.
Nós nos reuníamos de segunda a quinta-feira por uma hora e meia para
louvor, leitura da Bíblia, oração com a Bíblia e intercessão.
Nós nos reuníamos por 45 minutos todos os domingos de manhã antes
do culto para adoração e oração.
Uma vez por ano, tínhamos cultos e reuniões de oração muito
especiais, três vezes por dia durante cinco dias seguidos.
Em uma terceira igreja:

Nós nos reuníamos de segunda a quinta-feira para 45 minutos de


adoração, leitura bíblica, oração com a Bíblia e intercessão.
Nós nos reuníamos uma noite por semana durante oito semanas
seguidas para oração especial e ensino sobre a oração.

Aplicação

Decida liderar sua igreja a se tornar uma casa de oração para sua cidade. Como
Dee Duke, estabeleça metas e planos especí cos para tornar sua igreja uma casa de
oração. Use algumas das ideias apresentadas neste capítulo.

Para fazer da minha igreja uma casa de oração, eu vou:


1. ...
2. ...
3. ...
4. ...
5. ...
Citações

“Nunca subestime o poder da igreja que ora!” Warren Wiersbe15


“O ministério da igreja é a oração – não o tipo comum que consiste de pequenas orações,
mas o tipo que prepara o caminho para Deus. É Deus quem primeiro deseja fazer uma
determinada coisa, mas a igreja prepara o caminho para isso com oração, para que Ele
tenha uma via. A igreja deveria ter grandes orações, espetaculares e fortes.” Watchman
Nee17
“A História costuma nos ensinar que não há avivamento ou despertar espiritual a menos
que igrejas comecem a orar. Além disso, a maioria das igrejas não se tornará uma casa de
oração a menos que os pastores liderem o modo por meio de seu exemplo pessoal e da
liderança hábil e estratégica em oração.”18 Paul Cedar
Notas

1. Andrew Murray citado em IFCA Voice, 2 de setembro de 2003.


2. William Barclay, 1Timothy, (Louisville, KY: John Knox Press, 1975),
55.
3. James W. Bryant e Mac Brunson, e New Guidebook for Pastors
(Nashville, TN: B&H, 2007), 47.
4. om Rainer, Giant Awakenings: Making the Most Of 9 Surprising
Trends at Can Bene t Your Church, (Nashville, TN: Broadman e
Holman, 1995) 23.
5. Arnold Dallimore, Spurgeon: A New Biography (Carlisle, PA: Banner of
Truth, 1985), 125.
6. Dallimore, 126.
7. Tom Cater, Spurgeon at His Best (Grand Rapids: Baker, 1988), 155;
seleções da edição de 1873 do Metropolitan Tabernacle Pulpit, 218.
8. Autobiogra a de C H. Spurgeon compilada por Susannah Spurgeon e
Joseph Harrald, Toronto Canada, University of Toronto Libraries, 77.
9. Spurgeon, Only a Prayer Meeting, Hagerstown, MD: Christian
Heritage, 8-11.
10. Jim Cymbala e Dean Merrill, Fresh Wind, Fresh Fire, (Grand Rapids,
MI: 1997), 25.
11. Cymbala, 27.
12. Cymbala, 38.
13. Dee Duke, citado em Daniel Henderson e Elmer Towns, e church
at Prays Together, (Colorado Springs, NavPress, 2009), 18.
14. Duke, 19.
15. Duke, 21.
16. Warren Wiersbe, Be Dynamic (Acts 1-12): Experience the Power of God’s
People, (Colorado Springs, CO: David C. Cook, 2009), 174.
17. Watchman Nee, e Prayer Ministry of the Church, (Christian
Fellowship Publishers, Richmond, VA: 1973), 31.
18. Paul Cedar citado em Daniel Henderson, Fresh Encounters, (Colorado
Springs, CO: NavPress, 2004), 11.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 4.


5

Pregue a Palavra
Últimas Palavras Famosas
As últimas palavras de uma pessoa são signi cativas. Elas devem ser
consideradas altamente importantes porque naquele momento decisivo, seu
coração, paixão e prioridades, tudo ui junto em uma ideia clara. Muitos
concordam que, de todos os conselhos que Paulo deu a seu pupilo, Timóteo, nas
cartas de 1ª e 2ª Timóteo, talvez o mais valioso seja o último.
As últimas palavras escritas por Paulo a Timóteo estão cheias de emoção. Ele
escreve com um espírito de convencimento porque está chegando ao nal de sua
vida. Ele é um prisioneiro, e está mais velho agora. Paulo em breve perderá sua
vida no martírio, quando sua cabeça será separada do corpo. É um apelo nal ao
jovem que vai dar continuidade ao seu ministério. Ele deve passar o bastão com
sucesso para o jovem pastor.
Assim, Paulo resume tudo o que tinha ensinado a Timóteo em uma sentença
nal, encontrada no último capítulo que escreveu. Nesse seu último discurso ao
jovem pastor, Paulo deixa-o com uma missão solene, séria, rigorosa e signi cativa.
Eu te exorto diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e

pelo seu reino, prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo, aconselha, repreende e exorta

com toda paciência e ensino. (2Tm 4.1,2)

Ao longo de suas cartas, Paulo deu a Timóteo várias incumbências solenes


(1Tm 1.3,4,18; 5.21; 6.13,14). No entanto, nenhuma delas é tratada de forma tão
solene como esta simples exortação: “Prega a Palavra”. Essa prioridade pastoral se
alinha com o conselho de Jetro a Moisés quando lhe disse: “Ensina-lhes os
estatutos e as leis, mostra-lhes o caminho em que devem andar e as obras que
devem praticar” (Êx 18.20).
O primeiro compromisso que cada pastor deve cumprir é Orar (1Tm 2.1). O
terceiro compromisso que cada pastor deve cumprir é Multiplicar Discípulos (2Tm
2.2). Mas o segundo compromisso é Pregar a Palavra (2Tm 4.1,2).

Pregar a Palavra é uma


Responsabilidade Séria
Como você acabou de ler, Paulo estabeleceu a ordem de pregar a palavra,
primeiramente destacando a gravidade suprema da exortação. Ele disse: “Eu te
exorto diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua
vinda e pelo seu reino, prega a palavra” (2Tm 4.1,2).
“Eu te exorto”: A palavra traduzida por “exortar” signi ca “testi car
sinceramente, ordenar solenemente, avisar seriamente, e insistir fortemente”. A
ideia é que esta exortação era de extrema importância, e Paulo não encontrou
outra forma mais contundente de entregá-la a Timóteo e imprimi-la em sua vida.
“... diante de Deus”: Paulo queria que Timóteo soubesse que seu ministério
tinha um observador constante. Deus estava sempre atento.
“... de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos”: Paulo também queria
que Timóteo soubesse que Jesus estaria não apenas prestando atenção a seu
ministério, mas também o avaliando cuidadosamente.
A solene tarefa dada a Timóteo se compara a uma frase comumente usada em
processos judiciais. A declaração “Eu te exorto diante de Deus e de Cristo Jesus” pode
estar relacionada a uma expressão jurídica descoberta por arqueólogos, a qual foi
usada nas intimações e documentos típicos da Antiguidade. Paulo usou a
terminologia de uma intimação legal para declarar: “O caso será levado contra
você no tribunal de Cristo Jesus, que é o juiz”.1 É uma intimação solene para o
pregador comparecer ao tribunal para enfrentar o julgamento de Deus quanto ao
seu ministério.
“... Jesus, que há de julgar”: Paulo queria que Timóteo levasse a sério a ordem de
pregar a Palavra, porque Jesus iria avaliá-lo de perto e dar o veredicto sobre seu
ministério. Ele estava sob escrutínio divino. Deixe-me lembrá-lo de que, quando
se trata da avaliação de sua vida e ministério, há apenas um Juiz e uma pessoa cuja
opinião realmente importa – Jesus. Temos de agradar-lhe.
“... pela sua vinda e pelo seu reino”: Se você soubesse que dentro de um mês um
rei iria visitar sua casa, o que você faria? Você limparia a casa, consertaria o buraco
na parede e compraria um novo tapete. Paulo queria que Timóteo soubesse que,
mais importante do que a visita de um rei, será a vinda do Rei dos Reis. Quando o
Rei dos Reis vier, Ele solicitará contas a Timóteo de seu ministério, especialmente
ao que estiver relacionado a se e como ele pregou a Palavra.
Pastores devem pregar a Palavra. Isso é inegociável.

Pregar a Palavra
O Novo Testamento fala de “pregação” por meio de uma variedade de palavras:

1. Anúncio de boas-novas (euangelizesthai)


2. Conversa (homilien)
3. Testemunho (martyrein)
4. Ensino (didaskein)
5. Profecia (propheteuein)
6. Exortação (parakalein)

Um bom pastor faz tudo o que está acima.


No entanto, na incumbência nal de Paulo a Timóteo, ele lhe ordenou que
pregasse a palavra. A palavra que traduz pregar é o verbo kerusso, que signi ca
“anunciar, proclamar publicamente”. No primeiro século, não havia, obviamente,
internet, jornais, televisão, telefones celulares ou rádio. Quando o imperador
queria fazer um anúncio público, enviava um arauto à comunidade e lá ele
proclamava a mensagem do imperador ao povo.
John Piper a rma que pregar é anunciar e exultar. O arauto traz boas notícias e o
povo celebra. Piper diz o seguinte: “Pregar é mais do que ensinar. ‘Pregar a Palavra’
signi ca ‘exultar-se na Palavra’. Isto é, anunciá-la e alegrar-se nela. Falar dela como
notícia maravilhosa. Falar de um coração que é movido por ela”.2 Piper dá duas razões
pelas quais Deus ordena que os pastores anunciem e exultem quando pregam a
Palavra. Primeiro, a natureza da verdade exige algo mais do que mera explicação,
discussão ou conversa. A magni cência da verdade exige uma proclamação sincera
e uma exultação apaixonada. Em segundo lugar, “nossos corações não serão atraídos
à adoração se alguém apenas dissecar e analisar o valor e a glória de Deus, mas não se
exultar nele diante de nós. Nossos corações anseiam por verdadeira pregação”.3
“Pregar” tem sido de nido como “a comunicação oral de uma verdade bíblica pelo
Espírito Santo através de uma personalidade humana a um determinado público com a
intenção de obter uma resposta positiva”.4 É chamada de “exposição responsável,
apaixonada e autêntica das Escrituras que exaltam a Cristo, pelo poder do Espírito,
para a glória de Deus”.5

Pregar a Palavra
Quando Paulo se referia à Palavra, o que ele queria dizer? Podemos encontrar
duas pistas no contexto imediato. A primeira é encontrada imediatamente antes
da ordem de “pregar a palavra”. (Tenha em mente que nas cartas originais, as
divisões de capítulos e versículos não existiam).
... desde a infância sabes as Sagradas Letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que

há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para

repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a m de que o homem de Deus tenha

capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra [...] prega a palavra... (2Tm 3.15-17; 4.2)

Obviamente, quando Paulo disse “prega a palavra”, ele estava dizendo a Timóteo
para pregar as Escrituras inspiradas por Deus. A palavra “Escritura” signi ca
simplesmente “escrito” ou “letra”. Isto signi ca que a Palavra de Deus veio a nós de
uma forma escrita contida em um livro – o livro de Deus. Isto signi ca que o seu
preparo e sua pregação devem ser baseados na Palavra, orientados pela Palavra,
saturados pela Palavra, equilibrados pela Palavra e éis à Palavra.
Uma vez que foi o Espírito de Deus que inspirou a Palavra, a preparação e a
pregação de um sermão também devem ser dadas pelo Espírito, formadas pelo
Espírito, conduzidas pelo Espírito e ungidas pelo Espírito.
Paulo queria que esse princípio estivesse muito claro para Timóteo. Como
pastor, pregar é o que você faz e a Palavra é o que você prega.
Por que Pregar a Palavra

Paulo queria que Timóteo concentrasse sua pregação na Palavra de Deus,


porque ela é o principal alimento que um pastor espiritual tem para oferecer ao
rebanho e a principal ferramenta para conduzi-los. Nenhum outro livro no mundo
é como ela.
A própria Bíblia usa várias metáforas para nos mostrar como ela é importante na
vida do crente.

1. Pregue a Palavra porque ela alimenta almas

A Palavra de Deus é...

1. Pão espiritual (Mt 4.4)


2. Leite espiritual (1Pe 2.2)
3. Alimento espiritual (Hb 5.14)
4. Semente espiritual (Mc 4.14)
5. Lâmpada espiritual (Sl 119.105)
6. Espada espiritual (Ef 6.17)
7. Bisturi espiritual (Hb 4.12)
8. Modelo para a construção de vida sábia (Mt 7.24-27)

2. Pregue a Palavra, porque ela instrui os perdidos no caminho da salvação

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de
quem o tens aprendido; pois desde a infância sabes as Sagradas Letras, que podem
fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.14,15).
Quanto ao poder da Palavra para salvar almas, John MacArthur escreve:
Os judeus costumavam gloriar-se de que seus lhos beberam na Lei de Deus com o leite de sua

mãe, e que isso era tão marcante em seus corações e mentes, que era mais fácil para eles esquecer

seus nomes do que a Lei de Deus. A Lei foi a tutora que conduziu a Cristo [...] Conclusão: ele está

dizendo que você sabe que a Palavra de Deus tem o poder para salvar [...] O que mais você deveria

pregar?

Paulo disse aos romanos:


Porque: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Como, pois, invocarão aquele em

quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há
quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? [...] Portanto, a fé vem pelo ouvir, e o

ouvir, pela palavra de Cristo. (Rm 10.13-15,17)

3. Pregue a Palavra porque ela ensina aos santos o caminho da justiça

Porque a Bíblia é a palavra registrada de Deus, ela é su ciente. Paulo disse a


Timóteo que as Escrituras são úteis para fazer tudo o que é necessário para tornar
os santos justos e capazes.
Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir,

para instruir em justiça; a m de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para

realizar toda boa obra. (2Tm 3.16,17)

Paulo diz a Timóteo para continuar pregando a Palavra, porque a Palavra é


muito útil. É o meio pelo qual as pessoas são direcionadas para a vida de justiça.
Observe os quatro termos que Paulo usa quando fala dos benefícios de pregar a
Palavra: ensino, repreensão, correção e instrução. Ele disse a Timóteo que a Bíblia
ensina, ou seja, mostra às pessoas o caminho certo a seguir. Ela repreende, ou seja,
alerta-as quando saem do caminho. Ela corrige, o que signi ca que as faz voltar ao
caminho. E ela também instrui, isto é, mostra às pessoas como permanecer no
caminho. Como a Bíblia poderia ser mais completa do que isso?
Paulo acrescenta mais um argumento: a Bíblia, em última análise, é capaz de
levar as pessoas a um ponto de capacidade e preparo para realizar toda boa obra. À
medida que aprendem e aplicam a Palavra, as pessoas se unem e se moldam para
as tarefas que Deus tem para elas.

Como Pregar a Palavra


Pregue a Palavra de forma:

1. Urgente

Quando Paulo deu a ordem para “pregar a Palavra”, seu uso do verbo aoristo e os
imperativos seguintes acrescentam seriedade e objetividade ao imperativo.
Timóteo devia pregar a Palavra como nunca tinha pregado antes.

2. Persistente
Paulo não só disse a Timóteo “Pregue a Palavra”, como também disse quando
pregá-la. Ele disse: “prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo...” (2Tm 4.2).
A ordem “insiste” é de um verbo que signi ca “ que a postos”, ou “esteja
acessível”. Ela transmite a ideia de estar sempre de prontidão.
A frase “a tempo e fora de tempo” responde à pergunta de quando um pastor
deve pregar a Palavra. A resposta é que Timóteo devia pregar a Palavra se a
oportunidade parecesse favorável ou não, conveniente ou não, e se a mensagem
fosse bem ou mal recebida. Ele devia pregar a Palavra persistentemente, todo o
tempo e o tempo todo. Nunca deveria haver uma época na vida ou uma ocasião
em que o pastor não pudesse trazer uma mensagem conforme a situação.

3. Persuasiva

A ordem seguinte de Paulo foi muito simples – “Convença”. Esta palavra implica
“prove seu argumento”. O pastor deve mostrar as razões por trás do porquê de
certos atos serem pecaminosos. A pregação deve provocar uma convicção de
pecado e apontar para a sua con ssão. A boa pregação não é diferente de uma
cirurgia – ela corta para expor, e remove o que está errado para que, por m,
ocorra a cura.

4. Corajosa

A ordem para “repreender” baseia-se na palavra “convencer”. Signi ca alertar ou


corrigir. Portanto, o pastor sábio usará a palavra para expor e explicar o pecado
(convencer), alertar para as consequências do pecado e desa ar o ouvinte a uma
mudança (repreender).
É claro que nem sempre será popular ou fácil contestar o pecado e mostrar seu
preço. Mas essa coragem é exigida do pastor que ama seu rebanho e quer protegê-
lo.

5. Encorajadora

A ordem para “exortar” carrega a ideia de “caminhar ao lado para ajudar, inspirar,
aconselhar e motivar”. O encorajamento é o oxigênio da alma e a exortação é uma
chamada à ação. A boa pregação a ige o confortado, conforta os a itos, e chama
ambos a obedecerem às Escrituras.

6. Paciente

Paulo ordenou a Timóteo que pregasse a palavra “com total paciência”. O termo
que o apóstolo Paulo usou signi ca “paciência controlada; longanimidade,
perseverança, tolerância”. Em outras palavras, o pastor não deve esperar que será
capaz de pregar algo uma vez e que todos os seus ouvintes compreenderão
plenamente o ensino e para aplicá-lo imediatamente em sua vida. O pastor não
deve se cansar nem desistir de pregar a Palavra continuamente e de desa ar seu
povo a vê-la e vivê-la.

7. Clara

Paulo lembrou a Timóteo que sua pregação também devia incluir “ensino”. A
ideia é tornar a verdade simples e clara. A boa pregação instrui e inspira. Ela ajuda
as pessoas a aprender, entender e aplicar a Bíblia por si mesmas.

Maneiras de Pregar a Palavra


Há uma diferença entre pregar a Palavra e simplesmente pregar sobre a Palavra.
Pregar a Palavra é o resultado de uma séria intenção de interpretar, compreender,
explicar e aplicar a verdade de Deus conforme exposta nas Escrituras. O objetivo
da pregação bíblica é revelar a verdade que o autor original pretendeu que seus
leitores enxergassem, em seguida explicá-la, e depois aplicá-la aos ouvintes.
A pregação bíblica sólida geralmente recai em quatro categorias principais:

1. Tópica

Uma mensagem tópica (ou temática) bem-feita combina todas as passagens


bíblicas signi cativas sobre um assunto e as usa com precisão para revelar a mente
de Deus sobre aquele assunto. As principais divisões do sermão são baseadas no
tópico em si. Por exemplo, uma mensagem sobre divórcio abordaria todos os
versículos-chave na Bíblia sobre esse assunto.
2. Textual

Uma mensagem textual biblicamente fundamentada se concentra em um texto


pequeno, mas rico, e o interpreta e o aplica com precisão. O tema da mensagem e
os principais pontos do esboço vêm diretamente do texto escolhido. Por exemplo,
muitos pastores pregam uma mensagem textual sobre “O Maior Presente de
Deus” usando João 3.16 como texto-base.

3. Narrativa

Uma boa mensagem narrativa não disseca uma história bíblica. Em vez disso, ela
conta a história de uma forma fascinante enquanto destaca o tema principal e,
ainda assim, dá atenção às características históricas importantes. Um sermão
narrativo pode ser uma releitura do livro de Rute ou Jonas, ou da história do lho
pródigo.

4. Expositiva

Todas as pregações bíblicas são essencialmente expositivas em natureza, pois


expõem as verdades da Palavra de Deus ao ouvinte. Uma boa mensagem
expositiva irá explicar, interpretar e aplicar uma passagem selecionada. Mensagens
expositivas geralmente cobrem um parágrafo do Novo Testamento ou um capítulo
do Antigo Testamento.
Aplicação

1. Torne-se alguém que ame a Bíblia.


2. Comprometa-se a ler vários capítulos da Bíblia todos os dias
pelo resto de sua vida.
3. Mesmo que muitas vezes seja útil ler bons livros sobre a Bíblia,
esteja certo de que, acima de tudo e antes de qualquer outra
coisa, você deve ler a Bíblia.
4. Faça um grande e sério compromisso de pregar sempre a
Palavra. Nunca se levante para falar a menos que o que você
tenha a dizer esteja fundamentado na Palavra.

Citação:

“Em meu próprio ministério, tenho visto o que a pregação da Palavra pode fazer em
igrejas e na vida das pessoas; e eu a rmo que nada pode tomar o seu lugar.” Warren
Wiersbe7
Notas:

1. John MacArthur no sermão “Marks of the Faithful Preacher”, Part 1,


Jan. 10, 1988, h ps://www.gty.org/library/sermons-library/55-
20/marks-of-the-faithful-preacher-part-1 (acesso em 11 de maio de
2011).
2. John Piper no sermão “Advice to Pastors: Preach the Word” 4 de
fevereiro, h p://www.desiringgod.org/resource-
library/sermons/advice-to-pastors-preach-the-word (acesso em 11
de maio de 2011).
3. John Piper.
4. J. Vines e J. Shaddix, Power in the Pulpit (Chicago: Moody, 1999), 27.
5. Tony Merida, Faithful Preaching, (Nashville, TN: B&H, 2009), 6.
6. John MacArthur, no sermão “Five Reasons to Preach the Word”,
www.gty.org/library/sermons-library/80-180/5-reasons-to-preach-
the-word (acesso em 4 de julho de 2011).
7. Warren Wiersbe, Be Faithful (Chicago, IL. Moody Press, 1983), 19.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 5.


6

Comunique para Transformar


Trovão no Deserto

Ele surgiu no deserto como uma explosão, como um raio e ganhou súbita
proeminência nacional. A Palavra de Deus era fogo em seus ossos e em sua boca.
Em cumprimento à profecia de Isaías, João Batista preparou o caminho do Senhor.
Sua estranha personalidade e forte mensagem de arrependimento demoliam
montanhas espirituais e nivelavam caminhos íngremes. As multidões começaram
a uir até ele para serem batizadas em reconhecimento de sua necessidade por
justiça verdadeira.
Ele não usava os afagos de um evangelho de prosperidade, mas um pedaço de
pau de repreensão. Ele destruía fachadas e acabava com a falsidade. Ouça sua
mensagem:
Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi frutos próprios de

arrependimento; e não comeceis a dizer a vós mesmos: Abraão é nosso pai; porque eu vos digo que

até destas pedras Deus pode dar lhos a Abraão. E o machado já está posto à raiz das árvores;

aquela que não produzir bom fruto será cortada e jogada no fogo. (Lc 3.7-9)

Em vez de rejeitarem João e irem embora, as pessoas eram atraídas por sua
honestidade e franqueza. Sua mensagem era tão cheia do Espírito e de verdade
que não podia ser refutada. Era tão persuasiva, aguçada, poderosa e prática, que os
ouvintes respondiam a ela como todo pregador espera que seu público responda.
A multidão lhe perguntava: “O que devemos fazer?” (Lc 3.10).
“O que devemos fazer?” Soa familiar? No primeiro capítulo deste livro falamos
sobre Jetro dando a Moisés três prioridades nas quais devia construir o seu
ministério. A primeira prioridade era a oração. A segunda, ensinar o povo a viver a
Palavra de Deus. Jetro disse o seguinte:
Ensina-lhes os estatutos e as leis, mostra-lhes o caminho em que devem andar e as obras que

devem praticar. (Êx 18.20)

Os critérios para avaliar um sermão não são a boa sacada do título, a esperteza
do esboço, o elemento de entretenimento na apresentação, nem as imagens no
PowerPoint. Também não são a quantidade de palavras gregas ou referências
gramaticais utilizadas, nem as percepções históricas mencionadas. Em última
análise, um sermão é medido por seu impacto na vida das pessoas. Ele produz as
mudanças que irão tornar os ouvintes mais parecidos com Jesus?

Pregação e Ensino que Transformam


Poucas pessoas já pregaram com o poder transformador e praticidade de João
Batista. Quando ele pregava, vidas eram transformadas. A partir de seu sermão
descrito por Lucas, podemos aprender vários aspectos signi cativos do ensino da
Palavra com praticidade e poder.

1. Escuta Atenta da Palavra de Deus

“A palavra de Deus veio a João, lho de Zacarias, no deserto” (Lc 3.2).


Antes de João ser capaz de entregar sua poderosa mensagem, ele tinha de obter
sua mensagem de algum lugar. O poder vinha do fato de que era a palavra de Deus,
não a palavra de João.
João tinha grande poder em sua pregação porque ele recebia sua mensagem de
Deus. Sem a Palavra do Senhor, ele não tinha nada a dizer... e nós também não.
Nunca subestime o poder de uma mensagem dada por Deus. Nada confere a um
pregador mais con ança e ousadia no Espírito do que saber que ele tem uma
mensagem de Deus para sua igreja.
Como os pastores obtêm de Deus sermões que transformam vidas para dar ao
seu povo, semana após semana? Como João, temos de aprender a obter nossas
mensagens da Palavra de Deus. Mas como fazemos isso?
Há apenas uma maneira de obter uma palavra de Deus – escutando-a.
Deus é um Deus verbal. Ele falou e o mundo veio à existência. Um dos títulos
principais de Jesus é “a Palavra de Deus”. Suas ovelhas ouvem sua voz e o seguem.
A única maneira de obter uma palavra de Deus é escutando-a. Devemos aprender
a ouvir a voz de Deus em sua Palavra e por meio dela.
Esta escuta ativa envolve duas partes – estudo diligente da Palavra de Deus e
dependência ativa do Espírito de Deus.

2. Estudo Diligente

O estudo diligente da Bíblia tem dois aspectos principais. Primeiro, ele requer
uma “escavação” do texto com o objetivo de determinar a mensagem principal que
o autor queria comunicar ao seu público original.
Segundo, estudar para um sermão é se esforçar para encontrar a grande ideia do
texto, com o objetivo de decidir a melhor maneira de comunicá-lo ao seu público.

3. Dependência Ativa do Espírito de Deus

Dependência ativa do Espírito de Deus é expressa pela fé e pela oração. Faz todo
o sentido buscar o auxílio do Espírito Santo neste processo. A nal, foi ele quem
escreveu a Bíblia (2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21). Seu trabalho é nos guiar em toda a
verdade ( Jo 16.13). Portanto, podemos ir a Ele em oração esperando que Ele nos
revele o que quis dizer com as palavras contidas no Livro do qual Ele é o autor.
A escuta é a compreensão ativa de que Ele dará uma profundidade de percepção
que não pode ser alcançada pelo mero intelecto humano. Precisamos pedir a Deus
para falar conosco e abrir nossos olhos para vermos a verdade maravilhosa de sua
Palavra (Sl 119.18). Precisamos pedir que Ele nos mostre o que a porção bíblica
que estamos estudando signi ca.
Além disso, cooperar com o Espírito Santo na preparação do sermão envolve
ainda mais dependência dele para nos mostrar como Ele quer que apliquemos a
grande ideia da passagem bíblica escolhida para nosso público. A nal, Ele conhece
todos que estarão lá. Ele sabe o que eles estão passando. Ele conhece suas ideias
preconcebidas. Portanto, Ele sabe a melhor maneira de apresentar-lhes a verdade
da Palavra para que ela tenha o máximo impacto na vida deles.

4. Clari cação da Verdade Principal de uma Forma Memorizável


“E ele percorreu toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para
perdão de pecados [...] E João dizia às multidões que vinham para ser batizadas por ele
[...] ‘Produzi utos próprios de arrependimento’” (Lc 3.3, 7,8).
A mensagem de João era muito simples: “Arrependam-se!”.
Seu sermão tinha um ponto principal – arrependam-se; uma grande ideia –
arrependam-se; e um ponto principal de aplicação – arrependam-se. Não dá para
ser mais claro, simples e poderoso do que isso.
Nunca subestime o poder da simplicidade. J. Kent Edwards faz uma declaração
esclarecedora a respeito do poder da simplicidade quando escreve: “Existe uma
relação inversa entre a e cácia de um sermão e o número de ideias que ele contém.
Quanto mais ideias você empilha em um sermão, menos impacto ele tem [...] Menos é
mais!”.2
Todo pregador usado por Deus para produzir mudança de vida em seus
ouvintes crê na verdade de que cada passagem das Escrituras tem um tema
principal, e coloca isso em prática. A diferença entre uma palestra e uma
mensagem transformadora é que ela tenta persuadir o ouvinte a respeito de um
assunto primordial. Portanto, quando estudamos um texto em preparação para a
pregação, devemos identi car e esclarecer a verdade fundamental que está nele, a
m de sermos capazes de incuti-la na mente de nossos ouvintes.
Ao ouvirmos a Deus enquanto estudamos as Escrituras para nossa próxima
mensagem, estamos tentando escutar qual é o tema dominante, a ideia central, a
grande ideia, a verdade fundamental do texto. Então, buscamos ouvir um pouco
mais para identi car e esclarecer esse tema segundo ele se conecta à realidade de
nosso público.
Você pode chamar essa grande ideia de “o sermão em uma ase”. O sermão de
João em uma palavra em Lucas 3 é “arrepender-se” (Lc 3.3). Em uma frase, é
“Produzi utos próprios de arrependimento” (Lc 3.8). O restante de sua mensagem
aponta para a necessidade de arrependimento e as atitudes pelas quais seus
ouvintes poderiam expressá-lo.
Fazer o trabalho árduo para esclarecer e resumir o texto bíblico em uma palavra,
frase ou sentença concisa, clara e memorizável é uma prioridade inegociável para a
pregação de alto impacto.
É muito fácil perder o poder de uma mensagem por desordená-la no meio de
muitas outras coisas. Uma das maiores tentações na pregação é a de incluir
informações interessantes, porém desnecessárias. Quando isso acontece, o som
claro da voz de Deus no ouvido do espectador é abafado por outro ruído. A
mensagem transformadora torna-se pouco mais do que uma palestra interessante.
Quando comecei como pastor, tudo o que eu fazia era juntar material su ciente
para preencher uma mensagem de trinta minutos. Mas, depois de anos de estudo,
logo aprendi que a parte mais difícil não era descobrir o que dizer, mas sim
descobrir o que não dizer. Aprendi que, para ser um comunicador e caz do
evangelho, precisava deixar um monte de coisas boas na minha escrivaninha.
Aprendi a arquivar material bom para sermões ou séries futuras. Uma vez que
você tenha determinado qual é a grande verdade de um texto bíblico, você pode
passar o restante de seu tempo de estudo buscando a melhor maneira de dizê-la.

5. Questionamento Convincente

Em seu sermão de alto impacto sobre arrependimento, João penetrou a


desordem religiosa na vida de seus ouvintes ao fazer várias perguntas desa adoras
e convincentes. “O que vocês pensam que estão fazendo rastejando até aqui
embaixo, no rio? Vocês acham que um pouco de água em suas peles de cobra vai
desviar o juízo de Deus?”, e “O que conta é a sua vida. Ela está verde e
orescendo?”. Deus usou essas erguntas de sondagem para convencer
profundamente as multidões de seus pecados e levá-las a agir.
Nunca subestime o impacto de uma pergunta bem formulada e oportuna. O
próprio Deus usou esse método no Jardim do Éden. Quando Adão e Eva estavam
se escondendo por culpa, Deus perguntou: “Onde estás?” (Gn 3.9). É claro que
Deus não estava em busca de informações. Sendo onisciente, Deus já sabia onde
eles estavam. Ele usou a pergunta para realçar a mudança que tinha ocorrido em
seu relacionamento, provocada por seu pecado recente.
Jesus usou o poder de uma pergunta para ajudar seus discípulos a esclarecer
quem Ele era e o que Ele signi cava. Primeiro, fez uma pergunta geral para focar a
atenção deles sobre o assunto em questão: “Quem os homens dizem ser o Filho do
Homem?” (Mt 16.13). Então, veio com uma pergunta especí ca destinada a levá-
los a examinar seu relacionamento com Ele. “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt
16.15).
Descobri que muitas vezes posso provar meu ponto de vista de forma mais
e caz por meio de uma pergunta do que de uma declaração direta. Na semana
passada, estava pregando um sermão sobre oração a um grupo de cristãos que
creem na Bíblia, bem instruídos, espiritualmente maduros e rmes. Este grupo
podia facilmente cair no hábito de acomodar-se no conhecimento teórico da
verdade, mas sem uma expressão prática.
Portanto, no início da minha mensagem, perguntei: “Quantos de vocês creem
que Deus pode fazer coisas maiores do que vocês?”. Todos levantaram a mão.
“Quantos de vocês creem que Deus pode fazer coisas melhor do que vocês?”
Mais uma vez, todas as mãos levantadas.
“Quantos de vocês creem que Deus pode fazer coisas mais rapidamente do que
vocês?” Mais uma vez eles levantaram a mão depressa.
“Quantos de vocês creem que Deus pode fazer coisas mais duradouras do que
vocês?” Dessa vez, eles sorriram com ceticismo enquanto levantaram a mão uma
quarta vez.
Então, perguntei: “Quantos de vocês têm uma vida de oração que re ete
verdadeiramente essas crenças?”.
Eu os peguei – não havia lugar para eles correrem ou se esconderem. O
convencimento deles foi tão real que você podia tocar.
Enquanto pregava sobre o poder da oração, eu voltava àquele conjunto de
perguntas à medida que fazia a transição entre os pontos do sermão. Também
concluí minha mensagem com as mesmas perguntas.
A resposta foi forte e vidas foram mudadas. No dia seguinte, uma senhora disse:
“Sou cristã há cinquenta anos, mas depois da mensagem de ontem minha vida de
oração foi completamente mudada”.

6. Desa o Direto

João deu ao seu público um desa o direto. Ele disse: “Produzi utos próprios de
arrependimento” (Lc 3.8). Em outros termos, “Palavras não adiantam mais. Vocês
dizem que são tementes a Deus de verdade? Então provem!”. Ou seja: “Provem ou
calem-se”.
Isso é o que diferencia um sermão de uma palestra, e um pregador poderoso de
um professor chato. Na mensagem sobre oração que mencionei acima, eu
simplesmente parei em um ponto, pedi ao público para que cada um me olhasse
nos olhos, e então disse: “Desa o você a orar mais no restante deste ano do que
você jamais orou em toda a sua vida”.
Nunca subestime o poder de um desa o direto. O desa o direto é o ponto-
chave de toda a questão. É a razão de você ter estudado e orado tanto. É a razão
pela qual Deus reuniu essas pessoas para ouvir a Palavra de Deus. Sem o desa o
direto, as pessoas poderiam muito bem car em casa e ler um comentário sobre
essa passagem particular das Escrituras. Com um desa o direto, os santos são
impulsionados a agir, as almas são salvas e vidas são transformadas.
O desa o direto move a mensagem da cabeça do ouvinte para seu coração.
Move-se do intelecto para a vontade. Passa de um simples pensamento agradável
para uma vida transformada.
Isso se chama “pregar para um veredicto”. Robert Coleman, professor de
evangelismo e discipulado no Seminário Teológico Gordon-Conwell, escreve:
O teste da pregação é, em última análise, o que os homens fazem com ela. A decisão é o que conta

[...] o pregador deve fazer todo o possível para deixar o assunto simples, e então, chamar a

congregação à responsabilidade. Destinos eternos estão em jogo. Por essa razão, o apelo para um

compromisso é a questão mais decisiva da mensagem. O pregador sábio, portanto, deve dar tanto

ou mais consideração ao convite do que a qualquer outra parte do sermão [...] Esta é a coroação da

mensagem.

W. A. Criswell, o grande pregador expositivo já falecido da Primeira Igreja


Batista de Dallas, disse: “Pastor, pregue para um veredicto e espere por ele. Deus
honrará sua fé com almas”.3
Andy Stanley oferece esta preleção aos comunicadores do evangelho:
Como você comunicaria esta mensagem a seu lho de 18 anos se ele tivesse decidido se afastar de

tudo o que você lhe ensinou moral, ética e teologicamente, a menos que ele se convencesse de

uma razão para não fazê-lo? O que você diria neste [domingo] de manhã se você soubesse que isso

estaria em jogo? De fato, para o lho de alguém lá fora esta pode ser sua última chance. Agora

pare de se preocupar com seu esboço. Vá e defenda seu argumento.

7. Aplicação Especí ca

A mensagem de João passou de muito boa para ótima após seu desa o. Isso foi
porque ele não só lhes disse o que Deus disse – arrependam-se; o que fazer –
provar que eles se arrependeram; mas também lhes disse como fazê-lo. Ele lhes deu
uma aplicação muito especí ca:
Então as multidões lhe perguntavam: O que devemos fazer? Ele respondia: Quem tem duas

túnicas, reparta com o que não tem nenhuma, e quem tem alimento, faça o mesmo. Vieram

também alguns publicanos para ser batizados e perguntaram-lhe: Mestre, que devemos fazer? Ele

lhes respondeu: Não cobreis mais do que o prescrito. E também alguns soldados perguntaram: E

nós, que devemos fazer? Ele lhes disse: De ninguém tomeis nada à força, nem façais denúncia

falsa; e contentai-vos com o vosso salário. (Lc 3.10-14)

Observe que a mensagem de João tinha vários pontos de aplicação. Para a


multidão em geral, ele disse para comprovar o verdadeiro arrependimento através
da generosidade radical – compartilhando uma túnica e comida. Isso levou a
algumas aplicações ainda mais especí cas para determinados indivíduos, uma para
o cobrador de impostos e outra para o soldado.
Cada passagem da Escritura tem uma interpretação primária, porém muitas
aplicações. Os sermões também deveriam ter um ponto central de verdade que
conduz a um claro desa o que naturalmente leva a vários pontos de aplicação.
A pregação e caz desperta mudança no ouvinte. É mais do que informar. É um
meio de transformar. Contudo, transformação nunca ocorre sem aplicação.
O pastor Tiago nos ensina que informação sem aplicação leva à ilusão e engano
(Tg 1.22-24), mas informação mais aplicação produz bênção (Tg 1.25). Jesus disse
essencialmente a mesma coisa no nal do Sermão do Monte, só que Ele agravou a
situação. Ele disse que a informação sem aplicação conduz à queda (Mt 7.26,27).
Nada é dinâmico até que seja especí co. Quanto mais especí ca for a aplicação,
mais poderosa ela será para transformar vidas. Nunca subestime o poder de uma
aplicação especí ca.
Na mensagem sobre oração a que me referi anteriormente, minha principal
verdade era “a oração é poderosa”. Meu desa o foi “orar mais no restante deste ano
do que você jamais orou em toda a sua vida”. Minha aplicação veio imediatamente
após o desa o. Eu disse: “Não sei o que signi ca para você orar mais. Talvez isso
signi que orar todos os dias e não apenas de vez em quando. Talvez seja mudar de
quinze minutos por dia para trinta, ou de trinta para uma hora. Pode ser se
comprometer a participar de um encontro de oração semanal ou ter um parceiro
de oração, ou orar com seu cônjuge diariamente além da oração na hora da
refeição”.
Eu continuei: “Não me importo como você fará isso, mas me importo que você
faça isso. Por isso, daqui a pouco vou lhe pedir para usar o cartão-resposta em seu
boletim para escrever o tipo de compromisso de orar mais que você pretende
assumir este ano. No nal do culto, traga-o para frente e coloque-o sobre o altar
enquanto fala com Deus sobre essa decisão”.

8. Em Última Análise, Sempre Direcione para Jesus

O ministério de João foi principalmente o de preparar o caminho do Senhor (Lc


3.4). A conclusão em toda pregação centrada no evangelho deve ser exaltar Jesus e
direcionar as pessoas para Ele. Na verdade, no nal de sua mensagem, João
explícita e intencionalmente conduziu a multidão de volta a Jesus, dizendo: “Eu
vos batizo com água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou
digno de desatar a correia das sandálias” (Lc 3.16).
Nunca subestime o poder de Jesus. Você e eu não podemos salvar uma alma. Não
podemos mudar uma vida. Não podemos curar um coração partido. Não podemos
consertar um casamento. Não podemos libertar ninguém do vício.
Mas Jesus pode.
Comunicação poderosa, que transforma vidas e produz grande impacto é a
pregação que direciona as pessoas para Jesus.

Perguntas de Aplicação?

1. Qual dos requisitos da pregação transformadora mais o


surpreendeu?
2. Qual ressoou mais profundamente em você?
3. Em qual deles você precisa trabalhar mais?
4. Como foi sua última mensagem em termos de mudança de
vida?
5. O que você vai fazer para aplicar esses princípios à sua pregação
e ensino a partir de hoje?

Citações
“O próprio sermão é um poderoso agente de mudança.” Leith Anderson5
“Toda vez que comunico, quero pegar uma simples verdade e alojá-la no coração do
ouvinte. Quero que ele saiba aquela única coisa e o que fazer com ela.” Andy Stanley6
“Da maneira que entendo, maturidade espiritual é medida pela aplicação, não pela
contemplação.”8 Andy Stanley7
“Quando você se compromete a pregar para que haja mudança de vida, seu preparo
não está completo até que você tenha respondido a duas questões muito importantes: E
daí? E agora?” Andy Stanley e Lane Jones8
Notas:

1. J. Kent Edwards, Deep Preaching, (Nashville, TN: B&H, 2009), 60.


2. Robert Coleman, Preaching for a Verdict: Evangelistic Preaching in the
Wesleyan Tradition,
h p://www.preaching.com/resources/articles/11565629/page-2/
3. W. A. Criswell, Criswell’s Guidebook for Pastors, (Nashville, TN:
B&H, 1980), 37.
4. Stanley e Jones, 99.
5. Leith Anderson, citado em uma entrevista com Michael Duduit em
Communicate with Power, (Grand Rapids, Baker Books, 1996), 11.
6. Stanley e Jones, 12.
7. 95.
8. 97.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 6.


7

Pregue com Poder


“Preguei como se nunca fosse pregar novamente e como um moribundo a moribundos.”
Richard Baxter1

Estude, Obedeça, Ensine


Esdras recebeu uma tarefa quase impossível. Ele foi enviado por Deus a uma
cidade em caos, a um povo em derrota e para reconstruir um templo em ruínas.
No entanto, a mão abençoadora de Deus era evidente na vida e ministério de
Esdras. Logo, o templo foi reconstruído e, mais tarde, os habitantes de Jerusalém
foram conduzidos a um poderoso tempo de avivamento (veja Neemias 8).
O favor de Deus a Esdras foi o resultado de um compromisso tríplice que ele
tinha feito.
Ele partiu da Babilônia no primeiro dia do primeiro mês e chegou a Jerusalém no primeiro dia do

quinto mês, graças à boa mão do seu Deus que estava sobre ele. Porque Esdras tinha-se disposto

no coração a estudar a Lei do SENHOR e a praticá-la, e a ensinar em Israel os seus estatutos e

normas. (Ed 7.9,10)

Estude, obedeça e ensine a Palavra de Deus. É muito simples, e necessário.


Devemos estudar a Palavra e elaborar o sermão. Ambos são muito importantes.
Mas, para que sua mensagem seja poderosa e transformadora, você também
precisa vivê-la e proferi-la.

Faça e Ensine
“Fiz o primeiro relato, ó Teó lo, acerca de tudo o que Jesus começou a fazer e a
ensinar” (Atos 1.1).
Jesus foi um grande pregador. Milhares de pessoas se reuniam para ouvi-lo
ensinar. Suas palavras foram tão signi cativas que estão registradas em livros de
couro e impressas em tinta vermelha. Inúmeros livros foram escritos e palestras
dadas sobre suas palavras.
Contudo, o ministério de Jesus foi mais do que palavras poderosas. Suas palavras
foram con rmadas por uma vida excepcional. Ele fez coisas espantosas e, por isso,
foi capaz de dizer com poder palavras impactantes.
Lucas, o autor do Evangelho que leva seu nome, começou o livro de Atos com
um comentário interessante. Ele descreveu seu evangelho como um relato de
“tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar”.
Fazer e ensinar: isso deveria ser um lema para todos os comunicadores do
evangelho. Todo rebanho conhece o seu pastor. Se sua vida fracassar em con rmar
suas palavras, ninguém vai escutá-lo. John MacArthur observa: “Atrás do conteúdo
de sua mensagem está o caráter do expositor”.2
Um grande sermão nasce de uma grande vida. Alguém observou que uma
mensagem preparada na cabeça atinge a cabeça. Uma mensagem preparada no
coração, o coração. Mas apenas uma mensagem preparada na vida transforma
outras vidas.
Os sermões mais poderosos são frequentemente aqueles que, em certo sentido,
são a mensagem de vida do pregador. Sua história cruza com a história das
Escrituras. Seu sermão não é meramente teórico, nem algo que ele simplesmente
leu em um livro ou ouviu alguém abordar em um podcast. A dor, a alegria, as
perguntas e a luta são do próprio pregador. Elas dão peso a suas palavras.

Seja um Exemplo
Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo deu ao jovem pastor sugestões e
advertências sobre a pregação. O interessante é que cada ordem para pregar
aparece no contexto de uma ordem igualmente importante para que ele fosse
exemplo naquilo que estivesse ensinando. Observe nas palavras de Paulo um uxo
de ida e vinda direcionado à pregação e vida de Timóteo.
Ordena e ensina essas coisas. Ninguém te menospreze por seres jovem, mas procura ser exemplo

para os éis, na palavra, no comportamento, no amor, na fé e na pureza. Enquanto aguardas a

minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação e ao ensino. Não deixes de desenvolver o dom que

há em ti, que te foi dado por profecia, com a imposição das mãos dos presbíteros. Ocupa-te dessas

coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que todos possam ver teu progresso. Tem cuidado de ti

mesmo e do teu ensino; persevera nessas coisas. Dessa forma, salvarás tanto a ti mesmo como os

que te ouvem. (1Tm 4.11-16)

Viva a Mensagem
Grandes comunicadores do evangelho não só vivem na Palavra quando
precisam estudá-la, mas também vivem a Palavra. Somente quando vivermos a
mensagem que pregamos o Senhor atuará por meio dela com sua presença e um
novo poder espiritual.
Discutiremos o que signi ca viver a sua mensagem de dois ângulos: o macro e o
micro. No nível macro, viver a mensagem envolve o grande retrato de sua vida. O
curso geral de sua vida está sendo vivido em obediência à mensagem da Bíblia? É
um ímã que constantemente atrai outros a Cristo? Em nível micro, viver a
mensagem é uma questão de tentar obedecer a tudo o que está na passagem da
Escritura que Deus lhe deu para pregar naquela semana. Você está vivendo a
mensagem que está prestes a comunicar?
Deixe-me oferecer três lembretes sobre a importância de viver a mensagem que
você prega.

1. Lembre-se: Você é a sua Principal Ferramenta

Embora seja verdade que o pregador deva ter livros, programas de computador,
internet e mídia para ajudá-lo na preparação e pregação do sermão, eles não são
sua principal ferramenta. Spurgeon escreve:
Nós somos, em certo sentido, nossas próprias ferramentas, e, portanto, devemos nos manter em

ordem [...] meu próprio espírito, alma e corpo são meu maquinário mais próximo para o serviço

sagrado; minhas faculdades espirituais e minha vida interior são meu machado de batalha e

armas de guerra.
Robert McCheyne escreveu a um pastor expressando a mesma noção:
Lembre-se de que você é instrumento de Deus – creio, um vaso escolhido para Ele para levar Seu

nome. Em grande medida, de acordo com a pureza e perfeição do instrumento, será o sucesso. Não

são grandes talentos que Deus abençoa tanto como grande semelhança com Jesus. Um ministro

santo é uma arma impressionante nas mãos de Deus.

2. Lembre-se: Você só Tem uma Chance

Alguns meses atrás, Cathy e eu estávamos na antiga cidade de Corinto. Uma


grande plataforma de pedra se destacava no meio da ágora. Um sinal ao lado dizia
“BEMA”. O guia turístico nos disse como as decisões judiciais eram feitas dessa
Bema, ou tribunal. Também os atletas vitoriosos nos jogos que aconteciam ao
redor dali recebiam sua coroa de ores da vitória naquela plataforma.
Enquanto eu estava lá, minha mente foi até as palavras que Paulo escreveu mais
tarde às pessoas que passavam diariamente por aquele tribunal – “Pois é necessário
que todos nós sejamos apresentados diante do tribunal de Cristo” (2Co 5.10). Mais
tarde, ele escreveu palavras semelhantes aos romanos – “Pois todos compareceremos
diante do tribunal de Deus [...] Assim, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”
(Rm 14.10,12).
Um dia todos nós daremos conta do que zemos com o que nos foi dado.
Nossos pensamentos, palavras, ações e motivações serão meticulosa e
cuidadosamente examinados enquanto Jesus se prepara para nos dar recompensas.
O pastor Tiago nos lembra que os pastores também estão sujeitos a essa
avaliação. Na verdade, ele salienta que os pastores vão experimentar julgamentos
ainda mais severos – “Meus irmãos, muitos de vós não devem ser mestres, sabendo que
seremos julgados de forma mais severa” (Tg 3.1). Como pastor, você não só vai
prestar contas das palavras que disse, mas também da vida que viveu. Sua vida
condiz com suas palavras?
Você só tem uma chance na vida (Hb 9.27). Não haverá uma segunda
oportunidade. Então você deve fazer a vida valer a pena. Determine hoje pregar
tudo o que Deus diz e viver tudo o que você prega.

3. Lembre-se: Você Deveria Incomodar Muito o Inferno

Todo pastor deveria viver uma vida que zesse o inferno tremer.
Decida não se contentar em viver nada menos do que uma vida de entrega,
ardente, radicalmente justa, extravagantemente amorosa, centrada em Deus,
repleta da Palavra, que exalte a Cristo e que pise em Satanás. Decida ser um pastor
cujas habilidades Deus leve ao máximo de seu potencial. Torne-se alguém que
“chute a porta”, espiritualmente falando. Alguém que arrebata as almas das chamas
do inferno. Seja um guerreiro tão santo que sua vida cause dores de cabeça ao
próprio inferno.
Paulo era um homem assim. Lucas registra o triste relato dos exorcistas judeus
que tentaram expulsar demônios em nome de Jesus e de Paulo. Como você se
lembra, os demônios não caram impressionados, e os esmurraram alegando:
“Conheço Jesus, e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” (At 19.15).
Em seu livro clássico Por que tarda o pleno avivamento?, Leonard Ravenhill
explica por que Paulo era tão bem conhecido no inferno. Baseando-se no fato de
que Paulo via a si mesmo como cruci cado com Cristo, Ravenhill escreve:
Ele não tinha ambições – e por isso não tinha inveja de nada. Ele não tinha reputação – e por isso

não tinha pelo que lutar. Ele não tinha posses – e, portanto, nada com que se preocupar. Ele não

tinha “direitos” – assim, portanto, não poderia sofrer dano. Ele já estava quebrado – assim

ninguém poderia quebrá-lo. Ele estava “morto” – assim ninguém poderia matá-lo. Ele era o menor

dos menores – então, quem poderia humilhá-lo? Ele tinha sofrido a perda de todas as coisas –

então quem poderia defraudá-lo? Será que isso lança alguma luz sobre por que o demônio disse:

“sei quem é Paulo”? Por causa desse homem repleto de Deus, o inferno teve dores de cabeça.

Entregue a Mensagem
O pastor el deve estudar a Palavra, obedecer à Palavra e também ensinar a
Palavra. Como já vimos, o objetivo desse ensino é a mudança signi cativa na vida
dos ouvintes. Mas, para que isso ocorra, é necessário verdadeiro poder espiritual.
O Espírito Santo deve operar e mover-se no coração dos ouvintes de uma forma
que nenhum ser humano poderia fazer.
Pregadores antigos chamam a pregação com poder de “unção divina”. Lee Eclov
de ne unção divina como “a unção do Espírito Santo em um sermão para que algo
sagrado e poderoso seja adicionado à mensagem que nenhum pregador pode gerar, não
importam quão grandes sejam suas habilidades [...] O sermão e o Espírito se
encontram para formar uma enxurrada espiritual”.6
Chaves para Liberar a Unção Divina na Pregação

1. Ore

Tenho um amigo que assumiu uma jovem igreja logo depois de se formar na
universidade. Depois de alguns anos de pastoreio, ele sentiu a necessidade de ir
para um seminário. Enquanto o seminário lhe deu um poço mais profundo e
amplo de onde tirar água viva, todo o estudo deixou-o espiritualmente seco. Ele
sentiu como se tivesse perdido poder em sua pregação.
Sugeri que, nas próximas duas semanas, ele tentasse passar uma hora orando
para cada hora que passasse estudando para o sermão. Ele decidiu tentar.
Quando o encontrei duas semanas depois, ele me cumprimentou com um
grande sorriso. “Uau!”, ele disse. “Os dois últimos domingos foram os melhores
que tivemos em muito tempo. Havia esquecido o poder da oração na pregação”.
Charles Spurgeon era um comunicador poderoso. Ele dizia aos alunos: “A oração
irá singularmente ajudá-lo na entrega de seu sermão [...] Ninguém é tão capaz de
pleitear com os homens como aqueles que estão lutando com Deus em favor deles”.7
Abaixo, z uma lista de vários pedidos que você pode fazer a Deus com relação a
sua pregação:

Ore pedindo orientação quanto ao que Deus quer que você pregue.
Ore por iluminação à medida que você lê repetidamente o texto.
Ore por discernimento ao estudar o texto.
Ore por direção ao começar a elaborar o sermão.
Ore por sucesso (Gn 24.12), bênção (Gn 32.26), presença divina
(Êx 33.15), sabedoria (2Cr 1.10), favor (Ne 1.11), energia e
perseverança (Ne 6.9), e especialmente poder do alto (Lc 24.49)
enquanto prega.
Ore as orações de Paulo em favor de seu rebanho (Rm 1.8-10,
15.5,6,13; Ef 1.15-19, 3.14-19; Fp 1.9-11; Cl 1.9-12; 1Ts 1.2,3, 3.11-
13; 2Ts 1.11,12; Fm 1.4-6).

Sugiro também que você peça ao seu povo para orar por você enquanto você se
prepara e prega todas as semanas (1Ts 5.25; 2Ts 3.1; Rm 15.30; Ef 6.19; Cl 4.3).
Recrutei uma equipe de doze homens que oram por mim todos os dias. Eles se
dividem em quatro equipes, e cada uma delas ora uma vez por mês durante os
cultos de domingo. Suas orações dão poder a minha pregação.

2. Seja real

Enquanto pregamos, as pessoas se conectam mais rápida e profundamente com


nossas lutas, não com nossos sucessos. Exponha destemidamente suas mágoas e
seu coração. Dan Baty disse que “Vidas mudam apenas quando os corações são
tocados, e os corações são mais profundamente tocados quando o orador expõe o seu
próprio coração”.8

3. Seja passional

Jeremias foi o um profeta passional. Para ele, a pregação não era um mero
exercício intelectual. Sua pregação era um esforço angustiante para convencer
almas. Ele tomava a Palavra de Deus literalmente e a via como poderosa. Não é à
toa que ele escreveu: “Não é a minha palavra como fogo, diz o SENHOR, e como
martelo que esmaga a rocha?” ( Jr 23.29).
Paixão na pregação é aquela mistura gloriosa do poder da Palavra e do Espírito
de Deus com um pregador cujo coração está em chamas. Paixão é o que faz a
diferença entre o sermão resultar em apenas uma boa conversa ou em vidas
transformadas. Uma paixão genuína compensa todas as di culdades técnicas do
pregador. O zelo piedoso atrai uma multidão e impacta vidas.
Conta-se que John Wesley foi visitado por um jovem pastor. “Estou muito
impressionado com a popularidade e o impacto de seu ministério”, disse o jovem.
“O que você sugere que eu faça para obter a mesma quantidade de adeptos?”.
Wesley olhou-o nos olhos e respondeu: “Eu me coloco em chamas, e o povo vem
para me ver queimar”.9
Quando falo da paixão de um pregador, estou falando sobre um sentimento
intenso, motriz, dominador. Estou falando de um coração santo com um fogo que
se recusa a apagar.
A paixão é o que mexe com as emoções, afetos, devoções e decisões do orador e
do ouvinte. A paixão ui de uma convicção implacável de que o que Deus lhe deu
para dizer é vitalmente importante. É o coração ardente do pregador e caz.
Oradores e cazes derramam seu coração. Eles colocam tudo de si no que estão
fazendo. Não estão distraídos, mas focados no momento, aproveitando a
oportunidade.
Tenho uma simples regra: “Se eu não estou apaixonado por um sermão, não o
prego. Portanto, tenho que fazer o que for preciso para levar meu coração ao ponto
de se apaixonar pelo que estiver pregando”.
Como um comunicador da Palavra de Deus, você tem o incrível privilégio de
levantar-se e falar em nome de Deus diante das pessoas. Você tem a imensa
responsabilidade de dizer palavras que podem impactar o destino eterno de seus
ouvintes. Você tem o privilégio de falar das coisas que realmente importam. Você
fala de céu, inferno, cruz, pecado e salvação. Você tem a honra de exaltar bem alto
o nome de Jesus! Se isso não o incendeia, você deve esquecer a ideia de ser um
pregador e arranjar outro emprego.

4. Use histórias com um propósito

Poucas coisas podem iniciar ou concluir uma mensagem de forma mais e caz do
que uma boa e bem contada história. Dan Baty dá quatro dicas principais para
contar uma história de forma a desencadear maior poder em sua mensagem.

a. Descreva a história com detalhes sensoriais. Tente levar seu público a


ver, ouvir, cheirar, tocar e provar a cena que estiver contando.
b. Adicione uma emoção especí ca. Corra o risco de dizer como você se
sentiu ou se sente a respeito do que aconteceu. A conexão com o
público se estabelece quando ele experimenta os seus sentimentos.
c. Revele por que você se sentiu ou se sente assim. Dê informações
su cientes para que o público compreenda adequadamente a
profundidade de seus sentimentos.
d. Explique o que tudo aquilo signi ca. Diga ao público a razão da
história. Formule uma explicação concisa, em uma frase, que amarre
todas as emoções juntas e incuta a verdade no coração e mente dos
ouvintes.10

5. Coopere com o Espírito Santo


Quanto mais envelheço, mais me convenço de que o ministério real, duradouro,
profundo e que gera mudança de vida é uma questão de cooperação com o
Espírito Santo. O Espírito Santo já está comprometido a glori car a Jesus por
meio do convencimento e regeneração dos perdidos e da santi cação dos santos.
Nosso trabalho é nos unir à obra que Ele deseja realizar.
Cooperar com o Espírito começa quando você seleciona o texto, continua
quando você o estuda, e deve prosseguir enquanto você o transforma em um
sermão. Mas não para por aí. Descobri que meus momentos mais poderosos no
púlpito ocorreram quando percebi ter sentido o Espírito conduzindo-me a uma
direção e eu obedeci.
Outro dia, estava falando em uma grande conferência bíblica. Levantei-me, olhei
as pessoas nos olhos e derramei meu coração. Repreendi-os duramente e lhes dei
um forte desa o. Depois fui para minha mensagem. A resposta foi signi cativa.
Depois do sermão, Cathy me perguntou: – Você planejou dizer tudo aquilo no
começo?
– Não – eu disse. – Deus me atingiu com aquilo durante a música antes da
mensagem, e eu percebi que tinha de abrir mão da minha introdução para dizer
aquilo.
– Bem, com certeza chamou a atenção deles – disse ela. – A resposta foi bastante
surpreendente.
Enquanto cooperar com o Espírito possa signi car falar em alguns casos,
signi ca parar de falar em outros. Se você prestar atenção, poderá notar quando
Deus está realmente falando durante a mensagem. Ninguém está tossindo.
Ninguém está se mexendo. Há um silêncio sagrado.
Aprendi que, quando isso acontece, o pregador cheio do Espírito deve parar de
falar. Ele deve deixar Deus falar. Durante um ou dois minutos de silêncio, Deus
está trovejando sua mensagem aos corações.

6. Pregue com rgência

Domingo à noite, às 8 horas do dia 8 de outubro de 1871, ocorreu um incidente


que mudou para sempre a vida e ministério de D. L. Moody. Naquele domingo,
Moody pregou para o maior público que já tivera em Chicago. Depois de
derramar seu coração e apresentar Jesus como redentor, ele pediu a sua
congregação para voltar na próxima semana para tomar sua decisão por Cristo.
Eles nunca retornaram.
Enquanto centenas de pessoas saíram da igreja naquela noite, a música de
encerramento foi interrompida pelo barulho de caminhões de bombeiros, e a
multidão foi dispersa para sempre, pois Chicago estava em chamas. Nos dois dias
seguintes, centenas de pessoas morreram enquanto o Grande Incêndio de
Chicago destruiu mais de seis quilômetros quadrados da cidade, inclusive
queimando completamente a Igreja da Rua Illinois.
“Que erro!”, ele disse ao relatar a história para um grande público em Chicago,
no vigésimo segundo aniversário do grande incêndio naquela cidade em 1871.
“Desde então, nunca mais me atrevi a dar a um público uma semana para pensar
em sua salvação. Se eles se perderam, poderão se levantar no juízo nal contra
mim.”11
Quando você se preparar para pregar, considere estas duas sérias verdades: em
primeiro lugar, este pode ser o último sermão que seu público ouvirá. Em segundo
lugar, este pode ser o último sermão que você pregará.

Aplicação

1. Qual característica da pregação transformadora repercutiu mais


profundamente em você?
2. O que você pode fazer para aplicá-la melhor em seu ministério
de pregação?

Citações

“Ah se os ministros pregassem para a eternidade! Eles, então, fariam o papel de


verdadeiros oradores cristãos, e não apenas o de calma e iamente informar o
entendimento, mas, por meio de uma abordagem persuasiva e passional, esforçar-se
para tocar as afeições e aquecer o coração.” George White eld13
Notas
1. Richard Baxter, citado por Mark Galli, 131 Christians Everyone
Should Know, (Nashville, B & H Publishing Group, 2000), 86.
2. John MacArthur, Preaching (Nashville, TN: omas Nelson, 2005),
63.
3. Charles Spurgeon, Lectures to My Students, (Grand Rapids, MI:
Zondervan, 1954), 7-8.
4. Richard Baxter, citado em Spurgeon, Lectures to My Students, (Grand
Rapids, MI: Zondervan, 1954) 8.
5. Leonard Ravenhill, Why Revival Tarries (Minneapolis, MN: Bethany
House Publishers, 1986), 186.
6. Lee Eclov, “How Does Unction Function?” ed. Haddon Robinson e
Craig Larson em e Art and Cra of Biblical Preaching, (Grand
Rapids, MI: 2006), 81.
7. Spurgeon, 45.
8. Dan Baty, “Heart-to-Heart Preaching”, e Art and Cra of Biblical
Preaching, em e Art and Cra of Biblical Preaching, (Grand Rapids,
MI: 2006), 959.
9. John Wesley,
h p://thinkexist.com/quotation/catch_on_ re_with_enthusiasm
_and_people_will/212431.html (acesso em 4 de julho de 2011).
10. Dan Baty, “Heart-to-Heart Preaching”, e Art and Cra of Biblical
Preaching, em e Art and Cra of Biblical Preaching, (Grand Rapids,
MI: 2006), 560-561.
11. William R. Moody, e Life of Dwight L. Moody By His Son,
(Murfreesboro, TN: Sword of the Lord Publishers, 1930), 125.
12. Richard Baxter, citado por Mark Galli, 131 Christians Everyone
Should Know, (Nashville, B & H Publishing Group, 2000), 86.
13. J.B. Wakeley, Anecdotes of George White eld, (Shropshire, England,
Quinta Press, 2000), 275.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 7.


8

Capacite Membros para o


Ministério
Você tem de amar o livro de Efésios. Nele, Paulo dá uma exposição
surpreendente da vida cristã. Nos primeiros capítulos, ele nos fala de nossa
posição em Cristo. Nos últimos, nos diz como viver para Cristo. No capítulo
quatro, Paulo escreve uma de suas frases clássicas e intermináveis para mostrar à
igreja como cumprir seu propósito e experimentar crescimento contínuo,
maturidade, unidade e cumprimento como corpo de Cristo.
E ele designou uns como apóstolos, outros como profetas, outros como evangelistas, e ainda

outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do

ministério e para a edi cação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do

pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da

plenitude de Cristo; para que não sejamos mais inconstantes como crianças, levados ao redor por

todo vento de doutrina, pela mentira dos homens, pela sua astúcia na invenção do erro; pelo

contrário, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Nele o

corpo inteiro, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a correta atuação de

cada parte, efetua o seu crescimento para edi cação de si mesmo no amor. (Ef 4.11-16)

O trecho principal dessa passagem é encontrado nos versículos onze e doze.


Todo o restante dá apoio à última frase no versículo doze. Então, vamos olhar mais
de perto o que Paulo fala sobre o processo para uma igreja se tornar saudável,
crescendo e se multiplicando.
E ele designou uns como [...] pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra

do ministério, para edi cação do corpo de Cristo. (Ef 4.11,12)

Usei essa tradução neste capítulo porque ela mostra mais claramente o processo
que Paulo deu para termos uma igreja perpetuamente saudável e em crescimento.
Se você posicionar os versículos verticalmente, o processo se torna mais claro.
Ele designou uns como [...] pastores e mestres
para o aperfeiçoamento dos santos
para a obra do ministério,
para edi cação do corpo de Cristo (Ef 4.11,12).
Em outras palavras:
Cristo deu à igreja pastores. Para quê?
Para que eles aperfeiçoem os santos. Para quê?
Para que os santos façam a obra do ministério. Para quê?
Para que o corpo cresça.
Será que, se uma igreja não estiver crescendo, é porque os santos não estão
fazendo a obra do ministério? Será que, se os santos não estão fazendo a obra do
ministério, é porque os pastores falharam em aperfeiçoá-los para fazê-la?
Portanto, o papel dos pastores e mestres não é fazer o ministério.
Deixe-me dizer isso novamente: o papel dos pastores e mestres não é fazer o
ministério.
O papel dos pastores e mestres é aperfeiçoar os santos para a obra do ministério.
Uma das maiores razões pelas quais muitas igrejas nos Estados Unidos são
ine cazes, doentes, em declínio e disfuncionais é que elas adotaram um processo
exatamente oposto ao que a Bíblia ensina. Na maioria das igrejas tradicionais
americanas, a igreja contrata um “ministro” para fazer todo o ministério enquanto
os membros se assentam para vê-lo trabalhar e para criticar seus esforços.
Um dos maiores equívocos dos seminários de teologia é que muitos deles estão
treinando pessoas vocacionadas por Deus e cheias de dons espirituais para
abraçarem carreiras como ministros quando, na realidade, deveriam treiná-las para
aperfeiçoar os santos para que eles façam o ministério. Isso deve parar!
E, como a igreja tem negligenciado Efésios 4, os membros não vivem mais em
missão nem em serviço no ministério. Em vez disso, eles se tornaram
consumidores queixosos reclamando porque seu “ministro” contratado, treinado
em seminário e escolhido não os visitou no hospital.
Pastores demais nos Estados Unidos são capelães. Membros demais são
espectadores.
Apenas quando os pastores levarem a sério o aperfeiçoamento dos santos para
fazer a obra do ministério a igreja será o que Cristo morreu para que ela fosse.
Pastores devem aperfeiçoar os santos para o ministério.

Pastores Aperfeiçoam Santos para o


Ministério
“Ele designou uns como [...] pastores e mestres para o aperfeiçoamento dos santos
para a obra do ministério, para edi cação do corpo de Cristo” (Ef 4.11,12).

Santos

Por causa da distorção causada pela Igreja Católica Romana na noção de


santidade, temos a tendência de fugir do termo “santo”.
Mas Paulo amava esse termo. Na verdade, “santo” era seu termo favorito para se
referir aos seguidores de Jesus nascidos de novo. Mais de sessenta vezes Paulo se
refere aos salvos como “santos” (nove vezes só no livro de Efésios).
Ele começou a maioria de suas cartas às igrejas dirigindo-se aos “santos”.
A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados para serdes santos (Rm 1.7).

À igreja de Deus em Corinto, aos santi cados em Cristo Jesus, chamados para serem santos (1Co

1.2).

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus em

Corinto, com todos os santos em toda a Acaia (2Co 1.1).

Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão com os bispos e

diáconos em Filipos (Fp 1.1).

Aos santos e éis irmãos em Cristo que estão em Colossos (Cl 1.2).

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e eis em Cristo Jesus que estão

em Éfeso (Ef 1.1).

A palavra traduzida para santos é “hagios”, que signi ca santo, separado. Quando
Paulo chama alguém de “santo”, está descrevendo quem ele é “em Cristo”. Ele está
falando de sua posição. Quando uma pessoa é salva pela fé em Jesus Cristo, seu
status espiritual muda e ela é vista por Deus como justa e santa, separada para Ele.
Uma razão por que temos tão poucos membros de igreja servindo em um
ministério é os pastores terem falhado em ensinar seu povo quem eles são –
santos. Como resultado, se eu fosse à sua igreja e pedisse para todos os santos
levantarem a mão, poucos levantariam. Eles cariam envergonhados de levantar a
mão. Por quê? Porque eles não se veem como santos, não se chamam de santos e,
por conseguinte, não vivem ou ministram como santos. Como resultado, eles
saem perdendo por não viverem o nível de vida que Jesus conquistou para eles por
meio de seu sangue, e a igreja falha em não se tornar tudo o que poderia ser.

A Obra do Ministério

Paulo disse aos efésios que a responsabilidade dos pastores era aperfeiçoar os
santos para a obra do ministério. De alguma forma, nós nos afastamos do
entendimento de que cada crente é um santo e que cada santo pode e deve
cumprir o ministério.
A frase “a obra do ministério” é importante. Quando Paulo fala da “obra”, ele usa
um termo (ergon) que se refere a uma ocupação, esforço, empreendimento ou
negócio. O termo “ministério” é uma palavra que simplesmente signi ca “serviço”
(diakonais).
O que Paulo está dizendo é que todos os santos devem fazer do serviço cristão
ativo um estilo de vida. Eles podem ter um dia de trabalho como policiais,
enfermeiros ou advogados, mas sua real ocupação é servir ao Senhor por
intermédio da igreja.
Um dos aspectos mais importantes da Reforma Protestante foi o despertamento
para o princípio bíblico do sacerdócio do crente. O ponto era que cada crente
tinha acesso a Deus, podia ler a Bíblia por si e servir a Deus. Foi uma tentativa de
acabar com a divisão não bíblica entre clero e leigos.
Colocar o ministério nas mãos de uns poucos especialistas é extremamente
ine caz. Por exemplo, em um modelo convencional, uma igreja com setenta
membros e um pastor só teria um ministro.
Por outro lado, usando o modelo de Efésios 4, a mesma igreja teria setenta
ministros. Ou seja, o ministério seria cumprido sete mil vezes mais! Essa igreja
não permaneceria sendo uma igreja de setenta membros por muito tempo, pois
eles seriam aperfeiçoados e enviados para ministrar à comunidade.

A Edi cação do Corpo


“Ele designou uns como [...] pastores e mestres para o aperfeiçoamento dos santos
para a obra do ministério, para edi cação do corpo de Cristo” (Ef 4.11,12).
Paulo encorajou Timóteo assegurando que, à medida que ele e os outros
pastores de Éfeso se concentrassem no aperfeiçoamento dos santos para a obra do
ministério, o resultado seria a edi cação do corpo de Cristo. Edi car é um termo
amplo que, nesse contexto, fala do crescimento da igreja em qualidade e
quantidade. Ela ca maior e mais forte.
A primeira igreja na história cresceu de 120 no cenáculo para mais de 3 mil no
dia de Pentecostes, para 5 mil, e para um milhão de pessoas espalhadas ao redor
do mar Mediterrâneo até o nal do primeiro século.
Não havia prédios construídos por igrejas quando Paulo escreveu Efésios.
Quando Paulo fala da edi cação do corpo de Cristo e de crescimento, ele não está
falando sobre a expansão das instalações ou dos templos, apesar de que muitas
vezes isso acontece. Ele está falando sobre o crescimento das pessoas.
Deus não só quer que sua igreja tenha mais discípulos. Ele quer discípulos
melhores. Biblicamente, uma igreja não é um edifício, mas pessoas. Deus está
interessado na igreja, o corpo de Cristo que está sendo edi cado. Quando uma
igreja segue o plano de Deus, ela cresce em quantidade e qualidade.
Em Efésios 4, Paulo descreve o crescimento qualitativo ocorrendo em várias
direções e áreas da vida da igreja.
1. Unidade (4.13a) – até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus. Quando os pastores focam suas energias em
aperfeiçoar os santos para a obra do ministério, os membros da igreja vão car
concentrados demais no ministério para brigarem por qualquer coisa. A igreja
crescerá em unidade.
2. Maturidade (4.13b) – até que todos cheguemos [...] ao estado de homem feito, à
medida da estatura da plenitude de Cristo. A maturidade espiritual é medida pela
semelhança com Cristo. E maturidade não pode ser alcançada sem serviço.
Tivemos um pequeno grupo que se reunia em nossa casa semanalmente para
um estudo bíblico. Depois que todos os participantes foram salvos, eles cresceram
em maturidade por um tempo e depois diminuíram. Percebi que nosso grupo
estava começando a violar Efésios 4. Eles estavam se tornando cristãos do tipo
mar Morto, que sugavam de mim, como uma esponja, a vida espiritual. Nenhum
deles estava servindo.
Então, lhes dei três semanas para encontrar um ministério semanal em nossa
igreja antes de eu encerrar o grupo e enviá-los para servir. Todos eles se
envolveram.
Um dos homens, um engenheiro ex-ateu, começou a servir em um ministério
com crianças no meio da semana, ajudando-as a memorizar as Escrituras.
Várias semanas depois, encontrei-o no corredor após um culto.
– Como está seu ministério? – perguntei.
– Excelente – disse ele. – Cresci mais nas últimas três semanas com esses
meninos do que nos últimos três meses com você.
3. Estabilidade (4.14) Para que não sejamos mais inconstantes como crianças,
levados ao redor por todo vento de doutrina, pela mentira dos homens, pela sua astúcia
na invenção do erro. Quando as pessoas não estão servindo, elas permanecem
bebês espirituais. Elas perdem o apetite espiritual, cam mentalmente preguiçosas
e tornam-se presa fácil para os falsos mestres. Quando elas ministram é que são
impulsionadas a se aprofundar e crescer.
4. Realidade Atraente (4.15) Pelo contrário, seguindo a verdade em amor,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. A verdade é a realidade nal. O
amor é a atração nal. O mundo precisa de ambos. Quando os santos são
aperfeiçoados para o ministério, eles exibem a verdade amorosa que atrai os
perdidos ao Senhor.
5. Vitalidade Conjunta (4.16) Nele o corpo inteiro, bem ajustado e ligado pelo
auxílio de todas as juntas, segundo a correta atuação de cada parte, efetua o seu
crescimento para edi cação de si mesmo no amor. Observe que a beleza do corpo
vibrante é visível apenas quando cada membro faz a sua parte.
Quem não gostaria de integrar uma igreja que estivesse continuamente
crescendo em unidade, maturidade espiritual, estabilidade doutrinária, realidade
atraente e vitalidade conjunta? No entanto, a triste verdade é que, em vez de ser a
norma, a igreja que Paulo descreve em Efésios 4.11 a 16 é a exceção.
Mas isso pode mudar. Quando os pastores aperfeiçoam os santos para o
ministério, a igreja crescerá e orescerá.
O Aperfeiçoamento dos Santos

A palavra aperfeiçoar, usada por Paulo em Efésios 4.12 (kataridzo), tem um


duplo signi cado. Primeiro, era usada para reparar o que estava quebrado. No
grego clássico, podia descrever o ato de ligar um osso quebrado ou remendar uma
rede rasgada. A palavra também era usada para descrever o mobiliário de uma casa
ou a provisão de armadura e armas necessárias para um soldado. Também é
traduzida como “encaixar” ou “completar”. Paulo encorajou os coríntios a serem
completamente unidos.
Portanto, para um pastor aperfeiçoar os santos para o ministério ele deve
cooperar com o Senhor na reparação daqueles que estão quebrados,
amadurecendo-os, conectando-os e preparando-os para servirem de forma mais
e caz.

Como Aperfeiçoar os Santos para o


Ministério
O Senhor diz aos pastores não apenas que eles são responsáveis por aperfeiçoar
os santos, mas também como fazê-lo. Um estudo simples da palavra “aperfeiçoar”,
conforme usada por Paulo em Efésios 4, revela quatro ferramentas essenciais para
preparar os santos para o ministério cristão.

1. Oração

Quando fazemos um estudo sobre “aperfeiçoar” (Kataridzo), descobrimos que a


primeira ferramenta que o pastor tem para aperfeiçoar os santos é a oração. O
autor de Hebreus concluiu sua carta com uma oração para que Deus aperfeiçoasse
seus leitores com tudo o que era necessário para cumprirem Sua vontade.
O Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna trouxe dentre os mortos nosso Senhor Jesus, o

grande Pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade,

realizando em nós o que perante ele é agradável, por meio de Jesus Cristo, a quem seja a glória

para todo o sempre. Amém. (Hb 13.20,21)

Pastores sábios reconhecem que o Espírito Santo já está trabalhando para


aperfeiçoar os santos para o ministério. Só lhe cabe orar por esse m.
Não é de admirar que os apóstolos tenham optado por concentrar seu
ministério na oração e no ensino da Palavra (At 6.4).
Não é de admirar que Paulo tenha dito a Timóteo para priorizar a oração (1Tm
2.1).
Não é de admirar que Paulo estivesse constantemente orando pelas igrejas que
supervisionou (Rm 1.8-10, 15.5-6,13; Ef 1.15-19, 3.14-19; Fp 1.9-11; Cl 1.9-12;
1Ts 1.2,3, 3.11-13; 2Ts 1.11,12; Fm 1.4-6).
Não é de admirar que Jesus tenha orado por seus discípulos ( Jo 17).
Não é de admirar que Jetro tenha dito a Moisés que zesse da oração uma das
três coisas que ele devia priorizar (Êx 18.19).
Os pastores deviam passar menos tempo orando para que seu povo saia do
hospital e mais para que ele cumpra sua missão. Sugiro que você gaste sua energia
orando para que o Senhor “os aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua
vontade, realizando neles o que perante ele é agradável, por meio de Jesus Cristo, a
quem seja a glória para todo o sempre” (Hb 13.21). Já abordamos essa ferramenta
em capítulos anteriores.

2. A Palavra de Deus

Quando fazemos um estudo de Kataridzo, descobrimos que a segunda


ferramenta que o pastor tem para aperfeiçoar os santos é a Palavra de Deus. Olhe
atentamente para o nal deste conhecido versículo:
Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir,

para instruir em justiça; a m de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para

realizar toda boa obra. (2Tm 3.16,17)

Paulo disse que a Palavra era su ciente para aperfeiçoar Timóteo e seus homens
para toda boa obra. Não é de admirar que Paulo tenha dito a Timóteo para pregar
a Palavra (2Tm 4.2), nem que Jesus tenha orado por seus discípulos para que o Pai
os santi casse pela verdade da Palavra de Deus ( Jo 17.17).
Não é de admirar que Jetro tenha dito a Moisés para concentrar parte de sua
energia em “ensinar-lhes os estatutos e as leis, e mostra-lhes o caminho em que devem
andar e as obras que devem praticar” (Êx 18.20). Já estudamos essa ferramenta em
capítulos anteriores.
3. Treinamento Intencional

A terceira ferramenta para aperfeiçoar os santos é o treinamento intencional.


Lucas registra Jesus usando a palavra kataridzo como resultado de um
relacionamento discipulador intencional – “O discípulo não está acima do seu
mestre, mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre” (Lc 6.40).
Não é de admirar que Paulo tenha dito a Timóteo para usar esta ferramenta de
treinamento intencional quando escreveu “O que ouviste de mim, diante de muitas
testemunhas, transmite a homens éis e aptos para também ensinarem a outros” (2Tm
2.2). Discutiremos essa ferramenta mais detalhadamente no próximo capítulo.

4. Conexão com Outros Membros do Corpo de Cristo em Pequenos

Grupos

Como você sabe, a igreja de Corinto era desajustada. Uma das principais
motivações de Paulo para escrever-lhes a carta que chamamos de Primeira aos
Coríntios foi trazê-los à unidade. Nela, ele os exorta a se unirem em uma maior
unidade. Ao fazer isso, ele usa o termo kataridzo.
Irmãos, rogo-vos em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que entreis em acordo quando

discutirdes, e que não haja divisões entre vós; pelo contrário, sejais unidos no mesmo pensamento

e no mesmo parecer. (1Co 1.10)

Como pastor, eu achava difícil aperfeiçoar os santos para o ministério até que
comecei a colocar uma ênfase maior em pequenos grupos. Em pequenos grupos
saudáveis, os santos servem ativamente uns aos outros. Em vez de terem um
“ministro” pro ssional para servi-los, eles ministram uns aos outros. Eles oram uns
pelos outros. Eles encorajam e desa am uns aos outros. Cada grupo também pode
se envolver mais ativamente nas necessidades da comunidade. Discutiremos essa
ferramenta no último capítulo.

Funciona
Funcionou 2 Mil Anos Atrás
O pastor da igreja em Éfeso era Timóteo. Como já a rmamos, Paulo disse a
Timóteo para se concentrar em três coisas: Oração (1Tm 2.1), Pregação da
Palavra (2Tm 4.2) e Multiplicação de Discípulos (2Tm 2.2).
Deve ter funcionado, porque descobrimos que a igreja de Éfeso se multiplicou
para começar novas igrejas em Filadél a, Sardes, Pérgamo, Tiatira, Laodiceia e
Esmirna (Ap 2,3).

Funciona Hoje

O cristianismo na China está explodindo. Cresceu de 3 milhões de cristãos para


130 milhões nos últimos quarenta anos. Como isso pode estar acontecendo? Os
pastores trabalham em empregos de tempo integral. Os pastores e cristãos são
severamente perseguidos. Então por que a igreja continua a explodir em
crescimento?
A resposta é simples. Os pastores só fazem três coisas: oram, pregam a Palavra e
aperfeiçoam os santos para liderarem pequenos grupos multiplicadores. O pastor
da igreja pode ser preso a qualquer momento, mas os membros estão sempre
preparados para iniciar e conduzir suas próprias igrejas nos lares.

Funcionou para Mim

Depois que me formei no seminário, Cathy e eu levamos uma equipe de quatro


outros jovens casais para Columbus, Ohio, para iniciarmos uma igreja a partir do
zero. Não tínhamos ninguém lá esperando para se juntar à nossa igreja. Não
tínhamos uma igreja-mãe. Não recebemos nenhum apoio nanceiro ou humano
das associações locais.
Todos nós nos mudamos juntos em dois caminhões em um sábado, e doze de
nós (onze adultos e um bebê) nos reunimos como igreja na manhã seguinte em
cadeiras dobráveis no porão do meu apartamento. Éramos muito jovens e
inexperientes.
Vinte anos depois, nossa igreja tinha uma média de aproximadamente 2 mil
pessoas por semana unindo-se a nós para o culto. Nosso crescimento foi
consistente, tanto em qualidade quanto em quantidade.
Nunca experimentamos uma divisão na igreja ou mesmo uma farpa sequer.
Enviamos cinco jovens para plantar cinco novas igrejas- lhas na cidade. 125 cinco
pequenos grupos para adultos e adolescentes se reuniam por toda a comunidade.
Nossa igreja recebeu um prêmio nacional nos reconhecendo como uma das igrejas
mais saudáveis nos Estados Unidos.
Por quê?
Além da bênção soberana de Deus, do crescimento de nossa comunidade e das
orações de nosso povo, a resposta remonta a Efésios 4. Entendíamos as principais
responsabilidades dos pastores como 1) Oração, 2) Pregação da Palavra, 3)
Aperfeiçoamento dos santos para o ministério.
Como resultado, setenta por cento de nossos membros serviam todas as
semanas na igreja e por meio dela. Na medida em que obedecemos a Efésios 4.12
– pastores aperfeiçoando os santos e santos fazendo o ministério –
experimentamos as bênçãos de Efésios 4.13-16: crescimento contínuo da igreja e
saúde.

Perguntas de Aplicação

1. Você está decidido a ser um pastor Efésios 4?


2. Você investirá sua vida no aperfeiçoamento dos santos para a
obra do ministério?
3. Você se comprometerá e comprometerá a sua igreja a orar?
4. Você se dedicará à pregação da Palavra?
5. Você treinará discípulos intencionalmente?
6. Você desenvolverá uma rede de pequenos grupos
multiplicadores com seus líderes multiplicadores?

Citação

“Todos os crentes, independentemente de origem, habilidade ou status, têm um serviço


para executar na causa de Cristo na terra [...] a ministração por todos os crentes, como
foram capacitados [...] têm a intenção de realizar a edi cação da igreja.” Homer Kent
2

Notas
1. Win Arn, e Pastor’s Manual for E ective Ministry, (Monrovia, CA:
Church Growth, 1988), 41, 43.
2. Homer Kent, Ephesians: e Glory of the Church, (Moody Press,
Chicago, IL: 1971), 72.
3. 275.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 8.


9

Multiplique!
“Jesus veio para salvar o mundo, e por esse m Ele morreu, mas em seu caminho para a
cruz, concentrou sua vida em fazer alguns discípulos. Esses homens foram ensinados a
fazer o mesmo até que, através do processo de reprodução, o evangelho do Reino
chegasse até os con ns da terra.” Robert Coleman1

“Fazei Discípulos” – Jesus Fez

Jesus Cristo é, sem sombra de dúvida, o maior revolucionário da história. Ele


literalmente mudou o mundo. Instituições importantes e que promovem o bem,
como igrejas, hospitais, orfanatos, faculdades, universidades, produção em massa
de livros, escolas e movimentos de alfabetização, tudo pode ser rastreado até um
homem – Jesus! Nosso calendário, sistema legal e os melhores aspectos de nossa
cultura têm sua origem em Jesus. Mais de dois bilhões de pessoas são cristãs hoje.
Jesus mudou o mundo.
Como um pobre carpinteiro de uma nação sob domínio de outra e abandonada
conseguiu mudar a história do mundo? Ele se recusou a cumprir o ministério
sozinho. Ele quis garantir que seu ministério continuasse por muito tempo depois
que Ele partisse. Como fez isso?
Ele multiplicou discípulos. Jesus derramou sua vida a um grupo pequeno de
homens que mentorearam e multiplicaram outros, até que sua mensagem cobriu
todo o mundo conhecido da época.
Jesus deixou seus discípulos quando subiu ao céu. Porém, seu ministério cresceu
e se multiplicou diversas vezes, e isso aconteceu porque seus discípulos estavam
multiplicando líderes.
O que é um ministério que transforma vidas? É um ministério que forma e
multiplica discípulos. Pense nisso. Você pode começar a multiplicar-se
espiritualmente hoje mesmo por meio de um processo dinâmico que alcance além
de sua geração e adentre o próximo século. Sua in uência pode começar com um
punhado de homens e chegar a tocar o mundo.
O que é um ministério à semelhança de Cristo? É treinar poucos para alcançar
muitos. Multiplicar discípulos foi a estratégia evangelística global de Jesus.

“Fazei Discípulos” – Jesus Ordenou

Como já vimos no caso de Paulo escrevendo a Timóteo, as últimas palavras de


qualquer pessoa são geralmente as mais importantes, pois indicam seus valores e
prioridades. Poucos dias antes de ascender à glória, Jesus deu algumas instruções
nais. De todas as palavras que Ele falou, essas são especialmente importantes por
causa do quando que Ele as falou: elas foram suas últimas palavras. Elas são
importantes também por causa de quem as falou, Jesus Cristo. Devemos também
observar para quem Ele as falou: seus seguidores.
E, aproximando-se Jesus, falou-lhes: Toda autoridade me foi concedida no céu e na terra. Portanto,

ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito

Santo; ensinando-lhes a obedecer a todas as coisas que vos ordenei; e eu estou convosco todos os

dias, até o nal dos tempos. (Mt 28.18-20)

Um estudante de grego saberia que a ordem principal contida na frase de Jesus


está no verbo imperativo – “fazer discípulos”. As outras palavras “ir”, “batizar” e
“ensinar” modi cam e explicam como devemos cumprir a ordem principal: fazer
discípulos.

“Fazei Discípulos” – Jesus Comissionou

Os estudiosos chamam essas últimas palavras de Jesus de A Grande Comissão. A


palavra “comissão” é um termo militar que signi ca ordem, encargo ou diretriz
o cial. É usada, por exemplo, para designar um documento em que presidente dos
Estados Unidos confere autoridade aos o ciais do Exército, Marinha e outros
serviços militares.
Como em uma ordem o cial, desobediência a uma comissão dessa natureza não
é uma opção. Desobedecer seria considerado um ato de traição, sujeitando o
agente à disciplina e até mesmo à corte marcial.
Ninguém pode se intitular seguidor de Jesus sem se comprometer a cumprir
suas ordens. Uma vez que essa ordem de “fazer discípulos” foi tão claramente
dada, é óbvio que não deve ser desobedecida. A comissão de Jesus para
evangelizar o mundo por meio de mentoreamento e multiplicação de discípulos
não foi uma sugestão a ser considerada, mas uma ordem a ser obedecida.

“Fazer Discípulos” – Multiplicação Espalha o Evangelho ao Mundo

Os primeiros setenta anos de existência da igreja foram os mais frutíferos na


história do cristianismo. Ele correu por todo o Império Romano e penetrou a
África, a Ásia até a Índia. De um grupo pequeno escondido no cenáculo, o
número de seguidores de Cristo cresceu para um milhão. Tudo isso sem redes
sociais digitais, meios de comunicação, edifícios de igreja ou seminários.
Como isso aconteceu?
Discípulos zeram discípulos.
Jesus usou o poder da multiplicação.
Se você quiser causar um impacto signi cativo, implemente o poder da
multiplicação.
Walter Henrichsen observou: “Multiplicação pode ser dispendiosa e nos estágios
iniciais muito mais lenta do que a adição, mas, no longo prazo, é a maneira mais e caz
de cumprir a Grande Comissão de Cristo [...] e a única maneira”.2
O processo lento de formar líderes multiplicadores é a maneira mais rápida para
cumprir a Grande Comissão. O mundo está crescendo por meio da multiplicação
biológica. A m de fazermos frente a esse ritmo de multiplicação populacional,
temos de multiplicar multiplicadores.
Gosto da maneira como Waylon Moore fala disso: “Quando a igreja exala
discípulos, ela inala convertidos”.3 Ele observa ainda: “Fazer discípulos não traz
prestígio denominacional, mas os resultados são consistentemente melhores do que
qualquer coisa que experimentei em trinta anos de trabalho com pessoas”.4
Multiplicar líderes é um processo aparentemente pequeno, lento e
desvalorizado. Mas o que é motivador para nós, pessoas “comuns”, é que, ao usar
este pequeno processo de multiplicação, podemos criar um grande impacto. Ao
usar o lento processo de multiplicação de líderes, podemos alcançar mais pessoas
em menos tempo. Ao praticar os princípios de multiplicação de líderes, podemos
causar um impacto que emocione o coração de Jesus.

Como Mentorear e Multiplicar como


Jesus
Não existe um método único para mentorear fazedores de discípulos
multiplicadores, mas posso apresentar os princípios primários que Jesus usou para
fazer Seus discípulos.

1. Construa Relacionamentos com Alguns Fazedores de Discípulos

Potenciais

No batismo de Jesus, João Batista apontou para Ele e disse: “Este é o Cordeiro de
Deus!” ( Jo 1.36). Alguns jovens famintos ouviram isso e caram curiosos sobre
Jesus. Ele os convidou para passar o restante do dia com Ele ( Jo 1.37-39). A
próxima coisa que sabemos é que Ele formou um pequeno grupo de jovens com
quem se relacionou ( Jo 2.1).
Quando eu era adolescente, meu pastor de jovens foi Lee Simmons. Ele
derramou sua vida em vários jovens que mais tarde se tornaram pastores, inclusive
eu. Ele tinha um sonho de nos ajudar a amadurecer em Cristo e no ministério. Ele
demonstrou para nós como se vive um ministério e caz. Ele selecionou algumas
pessoas que acreditava terem ministério potencial – (Creio que alguns de nós o
selecionamos mais do que ele a nós) – e construiu um relacionamento com elas.
Ele jogava so ball conosco, nos ensinou a praticar esqui aquático e wrestling.
Estávamos tanto em sua casa que isso às vezes irritava sua esposa. Ele nos
in uenciou porque teve um relacionamento conosco.

2. Ore por Algumas Pessoas Fiéis a Fim de Derramar sua Vida Nelas

Mais tarde, Jesus tinha um grupo de jovens com quem havia construído
relacionamentos. Seu próximo passo foi estreitar seu foco em doze homens nos
quais iria estratégica e intencionalmente derramar sua vida. Como Ele os
escolheu?
Naqueles dias, Jesus se retirou para um monte a m de orar; e passou a noite toda orando a Deus.

Depois do amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais também

chamou de apóstolos. (Lc 6.12,13)

Jesus nos mandou orar para que o Senhor da seara envie trabalhadores para a
seara (Mt 9.37,38).
Uma estratégia que uso para formar uma equipe de potenciais discípulos é
reuni-los, compartilhar com eles a visão da colheita e fazê-los juntar-se a mim em
oração pela colheita. Várias grandes coisas acontecem. Primeiro, oramos pela
colheita. Em segundo lugar, consigo saber quais têm um coração para a colheita.
Em terceiro lugar, eles ganham um fardo pela colheita. Em quarto lugar, o Senhor
me dirige a quais deles devo convidar para um relacionamento intencional de
discipulado.

3. Convide-os para um Relacionamento Intencional de Discipulado

Depois de conhecer os seus potenciais obreiros discipuladores por quase um


ano, Jesus acelerou o passo e lhes fez um convite direto para um relacionamento
discipulador mais intenso (Mc 1.16-20). Como rabino, Ele os estava convidando
para uma relação de aprendizagem com Ele. Dizer “sim” signi cava que eles iriam
deixar de lado outros interesses para estar com Ele, andar juntos, estudar seus
ensinamentos e começar a ministrar a outros.
Meu método favorito de fazer discípulos é convidar um potencial fazedor de
discípulos para um treinamento pessoal para liderar um pequeno grupo
multiplicador. Neste momento, eles fazem um compromisso múltiplo:

1. Participar no meu pequeno grupo todas as semanas.


2. Orar pelos membros do grupo diariamente.
3. Ler um capítulo a cada semana de um livro sobre liderança de
pequenos grupos. (Permita-me recomendar meu próprio livro 8
hábitos de um líder e caz de pequenos grupos.)
4. Eles se encontram comigo semanalmente para treinamento.
Frequentemente, fazemos isso na hora do almoço ou antes ou depois
da reunião do pequeno grupo.
5. Eles começam liderando várias partes da reunião do pequeno grupo
– as boas-vindas, o período de louvor, as perguntas de
compartilhamento sobre a Palavra ou o período de oração.
6. Eles começam orando por sua aprendizagem e por aqueles a quem
vão convidar para participar do seu grupo quando iniciarem nos
próximos seis a doze meses.

4. Ore por Eles Todos os Dias

Gosto de orar por meus discípulos a mesma oração que Jesus orou pelos seus.
Ela está registrada em João 17 e inclui diversas petições:

1. Una-os (vv. 11, 21 e 22).


2. Encha-os com completa alegria (v. 13).
3. Proteja-os do mal (v. 15).
4. Santi que-os na Palavra da verdade (v. 17).
5. Envie-os (v. 18).

5. Acostume-os Lentamente Antes de Deixá-los Livres

Jesus entregou o objetivo da evangelização mundial aos seus discípulos e partiu


(At 1.8), mas não o fez de forma inesperada ou chocante. Ele os tinha acostumado
vagarosamente com a ideia de que iria partir antes de partir, de fato.

Primeiro, Ele permitiu que eles o acompanhassem enquanto


cumpria o ministério.
Em segundo lugar, antes de lançá-los na missão, deu-lhes um relato
completo sobre o que esperar (Mt 10, Lc 10.1-12).
Em terceiro lugar, Ele lhes deu liberdade para ministrar (Lc 10.1-
12).
Em quarto lugar, eles tinham um tempo de discussão e avaliação (Lc
10.17-20).
Quando estou treinando um aprendiz para liderar um pequeno grupo, tenho de,
aos poucos, entregar-lhe intencionalmente mais e mais do ministério. Dessa
forma, ele obtém a formação e a con ança necessária para, mais tarde, iniciar e
liderar seu próprio pequeno grupo.

Perguntas de Aplicação

1. Quem você está mentoriando neste momento?


2. Você pode dizer honestamente que está seguindo o exemplo de
Jesus de mentorear discípulos?
3. Quem são seus discípulos?
4. Quando e como você está derramando sua vida neles?

Citação:

“Jesus passou a maior parte de seu tempo com seu pequeno grupo de líderes. Ele
concentrou sua energia neles, mentoreando-os e mostrando-lhes como viver a vida do
Caminho.” M. Sco Boren 5
Notas:

1. Robert Coleman citado por LeRoy Eims, e Lost Art of Disciple


Making, (Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing, 1980), 9.
2. Walter A. Henrichsen, Disciples Are Made - Not Born (Wheaton, IL:
Victor Books, 1979), 143.
3. Waylon Moore, Multiplying Disciples: e New Testament Method of
Church Growth (Colorado Springs, CO: NavPress, 1981), 5.
4. Moore, 112.
5. M. Sco Boren, e Relational Way (Houston TX: Touch
Publications,2007), 12.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 9.


10

Reproduza Líderes de Pequenos


Grupos Multiplicadores
O Templo Batista do Banheiro

Quando eu tinha dezenove anos, ouvi o chamado para multiplicar discípulos.


Então, orei todas as noites durante duas semanas para que Deus me desse um
discípulo.
Exatamente duas semanas depois, um jovem de cabelos escuros chamado
Darrell veio até mim. Ele disse: – Dave, você tem algo de que preciso. Você se
reuniria comigo para me ensinar como passar tempo de qualidade com a Bíblia e
em oração?
Eu não o conhecia bem, mas sabia que ele era a resposta das minhas orações.
Então, disse: – Sim.
Ambos éramos muito ocupados, e tentamos estabelecer um horário que
pudéssemos ter diariamente. Naquela época, éramos alunos de uma faculdade
muito rígida, onde todas as luzes nos dormitórios tinham de estar apagadas antes
das onze e não poderia haver mais conversa. A única exceção era o grande
banheiro no meio do dormitório.
Então, na noite seguinte, comecei minha primeira igreja – o Templo Batista do
Banheiro! Nós nos encontrávamos todas as noites para ler a Bíblia e orar juntos.
Todas as noites, durante duas semanas, pedimos a Deus para nos dar uma bela
esposa e mais discípulos.
Exatamente duas semanas depois que começamos, nos encontramos no
banheiro, abrimos a Bíblia e começamos. De repente, um jovem alto e loiro entrou
correndo.
– Estou muito atrasado? – ele perguntou.
– Muito atrasado para quê? – eu disse.
– O Templo Batista do Banheiro – ele respondeu.
– Como você soube do Templo Batista do Banheiro? – perguntei.
– Estive do outro lado do banheiro todas as noites e escutei o que vocês estão
fazendo – ele disse. – Parece com o que preciso.
Então, naquela noite, Tim se uniu ao Templo Batista do Banheiro. Graças a ele,
crescemos de dois para três em duas semanas – um aumento de 50%! Éramos a
igreja que mais crescia na Virgínia.
Todas as noites, durante duas semanas, nos encontrávamos, estudávamos a
Bíblia, orávamos juntos por uma bela esposa e mais discípulos.
Exatamente duas semanas depois, Darrell, Tim e eu nos sentamos e abrimos
nossa Bíblia. Um rapaz baixo, com cabelos ruivos encaracolados entrou correndo.
– Estou muito atrasado? – ele perguntou.
– Muito atrasado para quê? – eu disse.
– O Templo Batista do Banheiro – ele respondeu.
– Como você soube sobre o Templo Batista do Banheiro? – perguntei.
– Sou o companheiro de quarto de Tim. Nas duas últimas semanas, sua vida
mudou tanto, e ele só sabe falar do Templo Batista do Banheiro – ele disse.
Então, naquela noite, Jim juntou-se ao Templo Batista do Banheiro, e crescemos
de dois para quatro em quatro semanas – um aumento de 100%! Ainda éramos a
igreja que mais crescia na Virgínia.
Continuamos a orar por mais discípulos. Todas as semanas, mais discípulos se
uniam a nós. Mais tarde, tivemos de sair do banheiro, e a faculdade nos deu nossa
própria sala com doze jovens se reunindo todas as noites para estudo bíblico e
oração.
No ano seguinte, cada um desses rapazes liderava seu próprio pequeno grupo.
Muitos deles se tornaram pastores e missionários.
Aprendi que, quando você está comprometido com a multiplicação de
discípulos, Deus fará tudo muito mais abundantemente e além do que você possa
pedir ou pensar!
Multiplique Discípulos
Paulo disse ao jovem pastor Timóteo para comprometer sua vida em três coisas:
1) Oração (1Tm 2.1), 2) Pregar a Palavra (2Tm 4.2) e 3) Fazer discípulos (2Tm
2.2).
O que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, transmite a homens éis e aptos para

também ensinarem a outros. (2Tm 2.2)

Leia 2ª Timóteo 2.2 novamente com cuidado. Há quatro gerações de


multiplicação espiritual acontecendo nesta passagem. Como Paulo escreveu a
carta, a primeira geração é ele mesmo – “mim”. Ele mentoreou o jovem a quem
escreveu – Timóteo (“você”). Timóteo devia passar o ensino adiante para uma
terceira geração (“homens éis”), a qual devia transmiti-la a uma quarta geração
(“outros”).
Paulo
Timóteo
Homens éis
Outros
Paulo alertou Timóteo a, em meio a todas as muitas responsabilidades como o
pastor principal de uma igreja importante, não esquecer o principal: investir em
fazer discípulos e mentorear multiplicadores.
O plano de Deus para a sua vida pode não ser o de pastorear uma megaigreja.
Pode não ser o de se tornar um autor de best-seller. Talvez ninguém exceto sua mãe
acesse seus podcasts. Mas, sem sombra de dúvida, o plano de Deus é que você faça
discípulos e multiplique sua vida na vida de outras pessoas. O plano de Deus para
você é que você invista tudo o que Ele lhe deu em alguns homens éis com o
propósito de que eles também invistam em outros. No restante deste capítulo
veremos como investir de forma mais e caz sua vida em “homens éis”.

Como Mentorear Multiplicadores


1. Reconheça Aquilo que Deus lhe Ensinou

Paulo disse a Timóteo para tomar aquilo que tinha aprendido e transmiti-lo a
outros. Para que você esteja na situação em que está hoje, sendo um pastor ou até
mesmo pensando em se tornar um, Deus está obviamente atuando em sua vida.
Ele o salvou, deu-lhe dons, usou-o e chamou-o. Além disso, ele lhe ensinou muitas
coisas.
Você tem mais a dar do que possa imaginar. Eu o desa o a começar a fazer
algumas listas. Inicie com uma lista das coisas pelas quais Deus fez você passar.
Anote as grandes lições de vida que Ele lhe ensinou. Identi que as dez mais
importantes que você poderia ensinar a um jovem cristão. Que lições você poderia
compartilhar com ele sobre viver a vida cristã? O que você aprendeu sobre o
ministério cristão? Quais foram as dez passagens ou versículos mais importantes
que Deus ministrou em sua vida?
Agora pegue os itens de suas listas e elabore uma pequena lição ou mesmo um
estudo bíblico sobre cada um. Isso pode se tornar o ponto inicial de seu ministério
de discipulado. Então, à medida que você aprende coisas novas, elabore novas
lições e passe-as adiante também.
Eu era apenas um estudante de dezenove anos do segundo ano da faculdade
quando comecei a fazer discípulos intencionalmente. Não sabia muita coisa nem
tinha muito o que oferecer, mas tinha o su ciente para começar com alguns jovens
que estavam apenas um ou dois passos atrás de mim. Eu sabia o quê, por quê e
como ter um tempo diário a sós com Deus, orar, memorizar versículos, conduzir
alguém a Jesus e liderar um pequeno grupo.
Então, foi isso que lhes transmiti.
Como já mencionei, nove meses depois todos eles estavam liderando seus
próprios pequenos grupos multiplicadores! Eles estavam treinando outros em
como ter um tempo a sós com Deus, como orar, memorizar versículos, conduzir
alguém a Jesus e liderar um pequeno grupo. No ano seguinte, todos os seus grupos
se multiplicaram.

2. Identi que Alguns Potenciais “Homens Fiéis”

Paulo disse a Timóteo para concentrar seu ministério discipulador em “homens


éis”. Sugiro que você comece considerando todas as pessoas como candidatas
potenciais a serem treinadas. Bill Donahue e Russ Robinson dão uma
recomendação: “Em vez de procurar líderes, sugerimos que você procure pessoas. Há
sempre uma maior oferta de pessoas do que de líderes óbvios”.1
Esteja aberto a qualquer um que Deus colocar em seu caminho. Deus usa
pessoas improváveis e comuns. O fundador da nação hebraica, Abraão, era um
criador de gado. O melhor rei de Israel, Davi, tinha sido um menino pastor. Os
discípulos de Jesus eram pescadores galileus incultos ou coletores de impostos.
Eram jovens que já tinham sido ignorados por outros rabinos, mas todos eles
pareciam famintos para aprender com Ele. Lembre-se de que Deus é grande o
su ciente para usar tolos, fracos e humildes para revelar sua glória e poder (1Co
1.26-29).
No caso de Paulo instruindo Timóteo, a orientação era para se concentrar em
homens éis. Discipulado, mentoreamento e treinamento de liderança e cazes
exigirão um elevado nível de compromisso. Você quer que seus esforços sejam tão
frutíferos quanto possível. Produtividade ideal exige seletividade sábia. Você quer
investir em pessoas que irão o mais longe e o mais rápido possível.
Jesus não escolheu todos para serem seus discípulos. Ele cuidadosamente
selecionou doze e deixou passar alguns outros. Há épocas em que não podemos
ser muito exigentes quando se trata de procurar líderes potenciais, mas muitas
vezes há grande valor em sermos seletivos.

Onde Procurar Homens Fiéis

Procure no seu grupo atual. Ou seja, procure entre as pessoas com


quem você já tem um relacionamento. Elas já se conhecem umas às
outras. Elas observaram como Deus usou você para liderar o grupo.
Procure aqueles que já mostram iniciativa em servir os outros.
Procure em grupos passados. Talvez existam pessoas que tenham feito
parte de sua igreja no passado, mas se afastaram. Talvez elas tenham
saído de seu campo de in uência por um tempo. Há pessoas com
quem você já teve um relacionamento e que podem estar prontas
agora para servir como seus aprendizes de liderança.
Procure aqueles que estão dispostos e são capazes de comprometer-se
elmente a se encontrar com você. Treinar um homem el leva tempo.
Vocês se reunirão de forma consistente. Procure por homens éis
que tenham tempo para se encontrar com você para o treinamento.
Procure ao redor de sua igreja. Há provavelmente pessoas que
frequentam os cultos, mas que, por qualquer motivo, não
conseguiram se encaixar em uma oportunidade para servir. Procure
por essas pessoas aos domingos. Convide-as para o seu grupo de
treinamento e veja como isso vai se desenrolar.
Procure em sua família. Às vezes o nosso maior ministério está em
nossa própria casa. Os líderes do Novo Testamento, Tiago e Judas
eram ambos meios-irmãos de Jesus Cristo. Atualmente, alguns dos
meus melhores aprendizes são os meus lhos mais velhos.
Olhe para os amigos. Ao procurar por líderes em potencial, olhe para
seus amigos e os amigos dos seus amigos. Além disso, olhe para os
amigos de seus lhos e os pais deles. Os pais dos amigos de nossos
lhos são alguns dos nossos relacionamentos mais frutíferos.
Olhe para os novos convertidos. Novos cristãos podem ser grandes
aprendizes por várias razões. Eles têm mais contatos com não
cristãos e, muitas vezes, têm uma mente mais evangelística. Eles são
entusiasmados, ensináveis e podem ser altamente contagiosos,
espiritualmente falando.
Olhe para seus joelhos. No Evangelho de Lucas, vemos que após mais
de um ano de ministério dinâmico, Jesus tinha vários seguidores.
Então, Ele passou a noite inteira em oração para ter a mente do Pai a
m de discernir em quem deveria derramar sua vida de uma forma
mais concentrada, a m de realizar seu plano de evangelização
mundial (Lc 6.12).

3. Reúna-se Regularmente com seus “Homens Fiéis”

Paulo disse a Timóteo que tomasse aquilo que tinha aprendido com ele e
transmitisse a homens éis (2Tm 2.2). A palavra “transmitir” signi ca con ar e
carrega a ideia de fazer um depósito em um banco.
Deus fez um rico depósito de verdade em sua vida. Você tem a sagrada
obrigação de depositar cuidadosamente essa verdade na vida de outros. Esta
transmissão não acontece em uma reunião curta e ocasional. Acontece ao longo
de meses e anos à medida que você regularmente investe sua vida na vida de
líderes em formação.
Penso que o melhor sistema é me reunir semanalmente com um discípulo
potencial no meu grupo pequeno E TAMBÉM me reunir com ele em outro
momento da semana fora do grupo.
Não há um padrão que dite quantas vezes por semana são necessárias para fazer
o devido depósito na vida do homem el. Por exemplo, eu discipulo um jovem
que agora é um pastor dinâmico de uma igreja muito grande. Ele e sua esposa
eram do meu grupo pequeno, mas eu também me encontrei com ele uma ou duas
vezes por semana para almoçar durante um período de três anos. Ele e sua esposa
também vieram a nossa casa para jantar todas as semanas durante cerca de um
ano.
A regra de ouro é: quanto mais frequentemente você se reúne, melhor. Isso é
uma verdade especialmente nos estágios iniciais.
Estamos todos tão ocupados fazendo o que pensamos que seja “ministério”, que
muitas vezes perdemos o verdadeiro ministério que acontece quando
simplesmente “gastamos tempo” com nossos discípulos. Esse não era
frequentemente o principal método de Jesus? Imagine quantas horas Ele deve ter
gastado apenas andando e falando com seus discípulos.

4. Convide-os a Fazer a Obra do Ministério Juntamente com Você

Paulo convidou Timóteo para acompanhá-lo em sua segunda viagem


missionária (At 16.3). O jovem discípulo precisava vê-lo em ação. Seus líderes em
formação muitas vezes aprenderão muito mais com o seu exemplo do que com
sua mensagem.
Nossos lhos trabalharam ao meu lado e de Cathy enquanto liderávamos um
grupo de estudo bíblico para alunos desigrejados do ensino médio. Nosso grupo
cresceu para mais de cinquenta jovens que apareciam todas as semanas, com
vários indo a Cristo todos os meses. Eles se reuniam no grande grupo para as
boas-vindas, o louvor e a Palavra. Em seguida, eles se reuniam em pequenos
grupos de quatro a dez para prestação de contas e oração. Continuamos a treinar
novos líderes e a enviá-los para novos grupos todos os anos.
Na época, realmente não percebíamos o alcance daquele grupo de estudantes
que “por acaso” liderávamos nas noites de quarta-feira. Mas, quando nossos lhos
foram para a faculdade, todos eles se tornaram líderes dinâmicos de pequenos
grupos multiplicadores e treinadores de líderes.
Um dia, todos eles estavam em casa para o almoço. Perguntei-lhes como tinham
aprendido a se tornar líderes e discipuladores multiplicadores tão e cazes. “Nós
apenas observamos como você e a mamãe realizavam o ministério”. Em seguida,
eles riram. “Nós também lemos seus livros!”

5. Dê-lhes Oportunidades para Fazer a Obra do Ministério sem Você

A melhor e mais básica maneira de desenvolver um líder em treinamento para se


tornar um líder e caz é o treinamento na prática. Isso funciona quando o líder
delega áreas de responsabilidade para o líder em potencial e supervisiona como
ele lida com cada uma delas. Por exemplo, o líder em potencial lidera o tempo de
oração de um pequeno grupo de estudo bíblico enquanto o líder observa e depois
compartilha sua avaliação positiva com o líder em potencial. O líder em formação
aprende ministrando em um ambiente supervisionado.
Durante sua segunda viagem missionária, Paulo foi expulso de Tessalônica para
Bereia por um bando de judeus sedentos de sangue. Lá, ele começou uma igreja,
mas o encontraram e o expulsaram da cidade. Mas a nova igreja de Bereia não
sofreu por falta de liderança. Quando Paulo entrou em um barco para Atenas,
deixou Silas e Timóteo para conduzirem o ministério em sua ausência (At 17.14).
Mais tarde, enquanto estava em Éfeso, Paulo enviou Erasto e Timóteo à frente
dele para a Grécia (At 19.22). Claro, Timóteo mais tarde tornou-se o pastor
responsável pela igreja em Éfeso.
Você nunca multiplicará seu ministério se você se agarrar a ele.
Você precisa começar a entregar partes de seu ministério a seus discípulos para
que eles adquiram gosto por ele, experimentem seus sofrimentos e aprendam
quais perguntas fazer. Perceba que, depois de um tempo, o crescimento deles
diminuirá se ainda estiveram sentados a seus pés e sem a oportunidade de servir.
Mas eles começarão a crescer novamente, mais rapidamente, uma vez que
comecem a ministrar por conta própria.
Práticas Simples que Precisam Acontecer Fora de uma Reunião de Pequeno

Grupo

Peço aos líderes de grupo que se comprometam com várias práticas todas as
semanas fora da reunião do grupo. Na realidade, tento fazer com que todos os
membros do grupo desempenhem estas atividades tão rapidamente quanto
possível.

1. Orar pelo grupo


2. Convidar novas pessoas para o grupo
3. Entrar em contato com aqueles que frequentam o grupo

Cinco partes para uma reunião de Pequeno Grupo

Nós também dividimos nossas reuniões de grupo em várias partes. Tento fazer
com que aqueles a quem estou capacitando comecem a liderar essas várias partes
o mais rápido possível.

1. Boas-vindas: Preparar um lanche, cumprimentar a todos e liderar o


quebra-gelo
2. Louvor: Liderar o grupo em palavras de louvor e ação de graças a
Deus
3. Palavra: Liderar um momento de compartilhamento sobre a Bíblia
(geralmente baseada no sermão de domingo, com perguntas para
interação)
4. Oração: Dividir o grupo maior em grupos menores de acordo com
o gênero para orar uns pelos outros
5. Multiplicação: Liderar o grupo a falar e a orar por aqueles que você
está convidando para o grupo

6. Lembre-lhes o Quadro Maior – Multiplicar!

Paulo lembrou a Timóteo que os homens éis em quem ele investiria deveriam
ser capazes de “também ensinar a outros” (2Tm 2.2). O depósito de Paulo na vida
de Timóteo foi para um propósito único e primordial: para que ele o passasse
adiante, investindo em outros.
Não perca de vista seu objetivo: a multiplicação.Ao falar do quadro maior dos
pequenos grupos multiplicadores, Joel Comiskey escreve:
Reprodução [de Pequeno Grupo] é tão central para um ministério [de pequeno grupo] que o

objetivo da liderança [de grupo] não está cumprido até que os novos grupos também estejam se

reproduzindo [...] O tema da reprodução deve guiar o ministério [de grupo]. O m desejado é que

cada um [pequeno grupo] cresça e se multiplique.

Ele também a rma: “O trabalho principal do líder [líder de pequeno grupo] é


treinar o próximo líder [de grupo] – não apenas encher a casa de convidados”.3
Creio que, se você deixar de lembrar constantemente seus homens éis do
quadro maior de multiplicarem-se em outros homens éis, eles perderão o foco.
Não é o su ciente fazê-los ministrar e cazmente. A tarefa não estará concluída até
que eles estejam fazendo discípulos que façam discípulos.
Como lemos em Lucas 6.13, Jesus selecionou doze homens para treinar e
chamou-os de “apóstolos”. A palavra “apóstolo” vem da raiz da palavra apostello,
que signi ca enviado. Os doze foram chamados para serem enviados. Mais tarde,
Jesus os comissionou para irem e fazerem seus próprios discípulos (Mt 28.19,20).
Quando olho para meu ministério pastoral, tenho boas recordações de pessoas
que levei a Cristo. Eu me regozijo por casais que aconselhei e que voltaram a ter
vida conjugal sadia. Relembro alguns cultos poderosos que conduzi e mensagens
que preguei.
Mas o verdadeiro fruto do meu ministério são os “homens éis” que capacitei.
Minha maior alegria em meu pastorado são os homens e mulheres que foram
salvos por meu intermédio e treinados para chegarem ao ponto em que estão hoje,
plantando igrejas e fazendo discípulos como pastores e missionários.

Perguntas de Aplicação

1. Quem é o seu Timóteo?


2. Quando você se reúne com ele?
3. Como você o está capacitando para multiplicar?
Uma Última Pergunta:
Deus deu a Moisés três coisas para fazer: orar, ensinar a Palavra e multiplicar
líderes. Jesus fez três coisas: orar, ensinar a Palavra e multiplicar líderes. Os
apóstolos zeram três coisas: orar, ensinar a Palavra e multiplicar líderes. Paulo
disse a Timóteo para fazer três coisas: orar, ensinar a Palavra e multiplicar líderes.
Você fará essas três coisas?
Três Perguntas Adicionais:
1. Se não for você, QUEM?
2. Se não for aqui, ONDE?
3. Se não for agora, QUANDO?
Notas

1. Bill Donahue e Russ Robinson, Building a Church of Small Groups,


(Grand Rapids, MI: Zondervan, 2001), 122,123.
2. Joel Comiskey, Leadership Explosion, (Houston, TX: Touch
Publications, 2000), 39.
3. Comiskey, 40.

Acesse o vídeo com comentários do autor sobre o capítulo 10.

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