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Universidade Federal de Santa Catarina

Curso de Engenharia de Energia

Disciplina de Fundamentos de Química Orgânica

INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA

Prof. Reginaldo Geremias


OBJETO DE ESTUDO DA QUÍMICA ORGÂNICA

. A Química orgânica é a química do carbono e seus compostos,


chamados de moléculas orgânicas.
. Tem como objetivo relacionar a estrutura de uma molécula e
suas reações .
(VOLLHARDT, SCHORE, Química Orgânica: Estrutura e Função)

. A Química orgânica é a química dos compostos de carbono


(SOLOMONS & FRYER. Química Orgânica)
CARBONO: ELEMENTO CENTRAL NA QUÍMICA ORGÂNICA

. Elemento tetravalente

.Possibilidade de compartilhamento
de elétron com carbono e outros
elementos, formando ligações
covalentes (simples, duplas e triplas)

. Ligações covalentes permitem uma


diversidade estrutural (ex: cadeias
acíclicas, cíclicas, com e sem
substituições)

. Diversidade estrutural permite a


formação de diferentes moléculas
orgânicas (hidrocarbonetos, álcoois,
substâncias carboniladas etc.)
CH4 CH3CH2OH
metano etanol
. Grupos funcionais presentes em moléculas orgânicas: são arranjos característicos
e específicos de átomos que conferem reatividade e propriedades
predeterminadas a uma molécula.
CH3CHCH=CHCH2CH3
CH3

Corante fotossensibilizante
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNICA NA RESOLUÇÃO
Nº2, DE 24 DE ABRIL DE 2019
QUÍMICAORGÂNICA E COMPETÊNCIAS DO ENGENHEIRO(A) DE ENERGIA
Estrutura, nomenclatura e propriedades químicas e físicas de compostos orgânicos;
Aplicações em processos de geração e conversão de energia.
(EMENTA DA DISCIPLINA)

Desenvolvimento e aplicação de tecnologias relativas aos processos de


transformação, de conversão e de armazenamento de energia
(Art. 2o Resolução CREA Nº 1.076/2016)

Produção, composição e
Combustíveis a partir da uso de biodiesel
destilação fracionada do
petróleo Células fotovoltaicas
orgânicas
Composição e uso energético Produção de Etanol a partir
do carvão mineral biomassa lignocelulósica e
seu uso como combustível
Composição e uso energético Células fotovoltaicas
do gás natural sensibilizadas por corantes
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA ORGÂNCIA NO CURRÍCULO DO CURSO DE
ENGENHARIA DE ENERGIA

Estrutura, nomenclatura e propriedades químicas e físicas das moléculas


orgânicas

1a FQM7113 Química Geral : Cinética química e equilíbrio

EES7363 Fundamentos de Bioquímica: Química e funções biológicas


3a de aminoácidos, proteínas, enzimas, carboidratos, lipídeos, nucleotídeos,
ácidos nucleicos e vitaminas. Princípios de bioenergética. Metabolismo de
carboidratos, lipídeos e aminoácidos.

EES7364 Energia e Sustentabilidade: Biomassa e derivados

FQM7111 Física B: Primeira e segunda lei da termodinâmica


3a
FQM7334 Laboratório de Química: Cinética química e
enzimática,

EES7330 Fundamentos de Biotecnologia: Enzimas e cinética


enzimática; Fermentação e processos fermentativos.
4a
EES7350 Te rmodinâmica I: Primeira e Segunda Lei da
Termodinâmica para um sistema
EES7366 Termodinâmica II: Termodinâmica das reações
5a
químicas

EES7340 Produção de Biocombustíveis e Coprodutos:


6a Matérias-primas para biocombustíveis.

7a EES7306 Conversão Térmica dos Sólidos: Panoramas


mundial e brasileiro: biomassa e resíduos

8a EES7304 Energia Solar Fotovoltaica: Células


fotovoltaicas

EES7396 e EES 7384 TCCI e TCCII: Elaboração e


8a e 9a execução de TCC com abordagem multidisciplinar

EES7393 Estágio Profissional: Estágio realizado em


10a áreas afins do Curso de Graduação em Engenharia
de Energia
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
BÁSICOS
ESTRUTURA ATÔMICA
Estrutura de um átomo
. Um átomo consiste de um núcleo pequeno e denso, rodeado por elétrons que
são distribuídos por um volume espacial relativamente grande em volta do
núcleo.

. O núcleo contém prótons carregados positivamente e nêutrons (não


carregados). Então, o núcleo é carregado positivamente.

. Como a quantidade de carga positiva em um próton é igual à quantidade de


carga negativa em um elétron, um átomo neutro tem o mesmo número de
prótons e elétrons.

. Átomos podem ganhar elétrons e tonarem-se carregados negativamente ou


podem perder elétrons para se tornarem carregados positivamente.

. Entretanto, o número de prótons em um átomo não muda.


.O número atômico de um átomo é igual ao número de prótons em seu núcleo.

. O número de massa de um átomo é a soma de seus prótons e nêutrons.

. Nem todos os carbonos têm o mesmo número de massa porque, apesar de


todos terem o mesmo número de prótons, eles não têm o mesmo número de
nêutrons.

. 98.89% dos carbonos de ocorrência natural têm 6 nêutrons, dando a eles


número de massa 12; 1,11 % tem 7 nêutrons, dando a eles número de massa
13.

. Esses dois tipos diferentes de átomo de carbono (12C e 13C) são chamados
isótopos.

. Isótopos têm o mesmo número atômico (isto é, mesmo número de prótons),


mas diferente número de massa porque diferem no número de nêutrons.

. As propriedades químicas dos isótopos de determinado elemento são quase


idênticas
DISTRIBUIÇÃO DE ELÉTRONS EM UM ÁTOMO

. Os elétrons estão em contínuo movimento (têm energia cinética),


evitando que a carga negativa seja puxada para dentro do núcleo em
função força atrativa da carga positiva dos prótons.

Princípio a incerteza de Heisenberg: afirma que a localização


precisa e o momento de uma partícula atômica não podem ser
determinados, simultaneamente.

. Orbitais ou nuvem eletrônica : revelam a energia de um elétron e a


região do espaço em torno do núcleo onde é mais provável se encontrar
um elétron.

. Quanto mais perto o orbital atômico está do núcleo, menor é a sua


energia.
. Os elétrons nos orbitais podem ser definidos por 4 números quânticos, o quais
permitem uma descrição completa dos elétrons nos átomos em termos de níveis de
energia, orientação espacial da nuvem eletrônica e orientação do próprio elétron na
nuvem

Número Quântico Principal (n) = especifica o nível de energia do orbital, dividindo-os


em camadas, assumindo valores inteiros e positivos (n=1, 2, 3, 4 etc). Quanto
maior o número quântico principal, maior será a energia do elétron. Cada camada
pode abrigar uma quantidade diferente de elétrons (ex: a primeira camada pode
abrigar somente 2 elétrons).
Número Quântico Secundário, de Momento Angular ou Azimutal (ℓ)= refere-se ao
formato dos orbitais (ex: esférica, halteres entre outros), sendo que os elétrons se
movem nesta nuvem.
. Todos os orbitais s são esferas.
. O orbital 1s é uma esfera simples.
. O orbital 2s é uma esfera com uma superfície nodal interna
O orbital 3s é maior que o 2s e tem dois nodos radiais

Nas figuras, as partes brancas são os


chamados nodos, ou seja, regiões sem
probabilidade de encontrar um elétron.
As partes em azul ou vermelho são as
regiões onde os elétrons podem ser
encontrados
. A forma de um orbital 2p é a de duas esferas, ou lóbulos, quase se tocando.

. O sinal da fase da função de onda 2p, é positivo em um dos lóbulos e negativo no


outro.

. Um plano nodal separa os dois lóbulos de um orbital p e os três orbitais p de um dado


nível de energia são distribuídos no espaço ao longo dos eixos x, y e z no sistema de
coordenadas cartesiano.
Número Quântico Magnético (mℓ): determina a orientação espacial do orbital e
depende do valor de ℓ. Portanto, mℓ varia de - ℓ a + ℓ e esses valores mostram a direção
do orbital ao longo dos eixos x, y ou z

. Número Quântico Spin (ms). relacionado à orientação do elétron no orbital e pode


assumir os +1/2 ou -1/2, podendo ser representados por setas ( )
CONFIGURAÇÕES ELETRÔNICAS

. A configuração eletrônica no estado fundamental de um átomo


descreve o orbital ocupado pelos seus elétrons quando eles
estão em orbitais disponíveis com menor energia.

As energias relativas dos orbitais na primeira e na segunda


camadas principais são as seguintes:
ORBITAL MOLECULAR (OM)
Exemplo: formação OM sigma e pi a partir de orbitais atômicos p

.Dois orbitais atômicos p podem sobrepor-se alinhados linearmente (alinhados ao eixo


internuclear) para formação de ligação sigma ( )

. A densidade eletrônica do orbital molecular sigma está concentrada entre os núcleos, o


que torna os lobos de trás (os lobos não sobrepostos) do orbital molecular um pouco
menores

. A sobreposição lado a lado de dois orbitais atômicos p forma uma ligação pi (π)
. O orbital molecular tem um nodo (um plano nodal que passa através de ambos os
núcleos)
REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA DE MOLÉCULAS
. Estrutura de Lewis:
Observação: carga formal

. Representa a diferença entre o número de eletrons atribuídos a um átomo em


uma molécula e o número de elétrons que ele tem na sua camada mais externa
no seu estado fundamental.

F = Z – (S/2) - U

F = carga formal

Z = número de elétrons que o átomo tem na sua camada mais externa no seu
estadofundamental

S = número de elétrons que o átomo está compartilhando com outros átomos

U = número de eletrons não compartilhados que o átomo possui.

Carga total = (quantidade de átomos A x sua carga) + (quantidade de átomo B x


sua carga) + ........
Exemplos cálculo carga formal:
Estruturas de Kekulé:

Estruturas condensadas:
LIGAÇÕES QUÍMICAS

. Lewis propôs que um átomo é mais estável se sua camada de valência for
completa ou contiver 8 elétrons e não tiver elétrons de maior energia
. Elétrons da última camada são chamados elétrons de valência e a última
camada é chamada camada de valência.

. São os elétrons de valência que participam das ligações químicas.

. Exemplo: o Flúor tem 7 elétrons de valência e recebe, rapidamente, um elétron


para ter a sua última camada com 8 elétrons, tornando-se eletronegativo.
. Um átomo de hidrogênio pode alcançar uma camada completamente vazia
pela perda de um elétron.

. Essa perda resulta em um íon hidrogênio carregado positivamente (próton).

. Um íon hidrogênio carregado positivamente é chamado próton porque o


átomo de hidrogênio, ao perder seu elétron de valência, mantém apenas o
núcleo do hidrogênio (que consiste de um único próton e não tem nêutron).

. Um átomo de hidrogênio pode alcançar sua última camada completa,


ganhando um elétron, formando um íon hidrogênio carregado negativamente
(íon hidreto).
Ligação Iônica
. Os átomos podem ganhar ou perder elétrons e formar partículas carregadas chamadas
de íons.

.Uma ligação iônica é uma força de atração entre íons com cargas opostas.

. Uma fonte de tais íons é uma reação entre átomos com eletronegatividades muito
diferentes

. A eletronegatividade é uma medida da capacidade de um átomo em atrair elétrons.

. A eletronegatividade aumenta ao longo de uma linha horizontal da tabela periódica da


esquerda para a direita e aumenta à medida que subimos ao longo de uma coluna
vertical
. Um exemplo da formação de uma ligação iônica é a reação entre os átomos
de lítio e flúor

. O lítio, um metal típico, tem uma eletronegatividade muito baixa; o flúor, um


não metal, é o mais eletronegativo de todos os elementos.

. A perda de um elétron pelo átomo de lítio produz um cátion de lítio (Li+) e o


ganho de um elétron pelo átomo de flúor fornece um ânion fluoreto (F-)

. O fluoreto de lítio cristalino (LiF) é formado a partir dos íons individuais de


lítio e de fluoreto.
Ligação covalente
. É a ligação formada como resultado do compartilhamento de
elétrons para alcançar uma camada de valência completa
Ligação covalente apolar:
. Elementos compartilham os elétrons igualmente, isto é, cada elétron passa tanto tempo
na vizinhança de um átomo quanto na do outro, resultando em uma distribuição regular de
cargas (apolar).

. Átomos da ligação podem ser iguais, apresentando valor igual de eletronegatividade, ou


podem ser átomos diferentes, mas ou com pouca diferença de eletronegatividade entre si.

Ligações C-H são, relativamente,


apolares porque o Carbono e o
Hidrogênio têm pouca diferença
de eletronegatividade entrei si
(0,4)
Ligação covalente polar
. Ligação entre átomos diferentes com uma maior diferença de
eletronegatividades entre si.

. Quanto maior a diferença de eletronegatividade entre os átomos ligados,


mais polar será a ligação.

É importante entender o conceito de polaridade de ligação para entender


como as reações orgânicas ocorrem, porque uma regra central que governa
a reatividade das substâncias orgânicas é a de que átomos ou moléculas
ricos em elétrons são atraídos por átomos ou moléculas deficientes em
elétrons.
. Uma ligação polar tem um dipolo (uma extremidade negativa e outra positiva).

. O tamanho de um dipolo é indicado pelo momento de dipolo (µ), que é igual à


grandeza da carga (e) no átomo (ou a carga parcial positiva ou a carga parcial
negativa, porque elas usam a mesma grandeza) vezes a distância entre as duas
cargas (d), sendo a unidade chamada de debye (D).
Observação:
Mapas de potencial eletrostático: mostram que tipo de atração eletrostática um átomo ou
molécula tem por outro átomo ou molécula, de modo que possamos usá-los para prever
reações químicas.
Vermelho: significa potencial eletrostático mais negativo ( regiões que atraem moléculas
carregadasmais positivamente)
Azul: usado para áreas com potencial eletrostático mais positivo ( regiões que atraem
mais fortemente moléculas carregadas negativamente)
Outras cores: indicam níveis intermediários de atração
LIGAÇÕES QUÍMICAS NOS COMPOSTOS ORGÂNICOS

Ligação simples: Metano

. O metano (CH4) tem quatro ligações covalentes C - H. com


mesmo comprimento e ângulos de ligação (109,5°), portanto
são idênticas.
Observação: Orbitais híbridos
. São orbitais mistos, resultantes da combinação de orbitais (hibridização de
orbitais).
. Se um orbital s e três orbitais p da segunda camada são combinados e depois
distribuídos em quatro orbitais iguais, cada um dos quatro orbitais resultantes
será uma parte s e três partes p.
. Esse tipo de orbital misto é chamado orbital sp3
. Cada orbital sp3 tem 25% de caráter s e 75% de caráter p.
. Os quatro orbitais sp3 são degenerados (têm a mesma energia)
,
. Como um orbital p , um orbital sp3 tem dois lobos.

. Os lobos diferem em tamanho, contudo o orbital s adiciona-se a um lobo do


orbital p e reduz o outro lobo do orbital p.

. A estabilidade de um orbital sp3 reflete sua composição, sendo mais estável que
um orbital p mas não tão estável como um orbital s .

. O lobo maior do orbital sp3 é usado na formação da ligação covalente.


. Os quatro orbitais sp3 arranjam-se no espaço de forma que lhes seja
permitido ficar o mais distante possível uns dos outros, porque os elétrons se
repelem e, ficando o mais distante possível um do outro, minimiza-se a
repulsão.

. Quando os quatro orbitais espalham-se no espaço o mais distante possível


um do outro, eles apontam para o canto de um tetraedro regular (uma
pirâmide com quatro faces de um triângulo equilátero).

. Cada ligação C - H no metano é formada pela sobreposição de um orbital sp3


do carbono com o orbital s de um hidrogênio, justificando por que as quatro
ligações C - H são iguais.
Ligação no Etano
. Cada carbono usa quatro orbitais sp3 para formar quatro ligações covalentes.
. Um orbital sp3 de um carbono sobrepõe um orbital sp3 o outro carbono para formar a
ligação C- C.
. Cada um dos três orbitais sp3 restantes de cada carbono sobrepõe ao orbital s do
hidrogênio para formar uma ligação C -H.
. “Assim, a ligação C - C é formada pela sobreposição sp3 -sp3 e cada ligação C - H é
formada pela sobreposição sp3 - s.
. Cada ângulo de ligação no Etano é, aproximadamente, um ângulo de ligação tetraédrico
com 109,5°
Ligação no Eteno: uma ligação dupla
. Para se ligar a três átomos, cada carbono hibridiza três orbitais
atômicos.
. Como três orbitais (um orbital s e dois orbitais p) são
hibridizados, três orbitais híbridos são obtidos e chamados orbitais
sp2.
. Depois da hibridização, cada átomo de carbono tem três orbitais
sp2 degenerados e um orbital p.
. Para minimizar a repulsão eletrônica, os três orbitais sp2 precisam ficar o mais
distantes possível uns dos outros.

. No entanto, os eixos dos três orbitais estão no plano, direcionados para o canto
de um triângulo equilátero com o núcleo do carbono no centro, sendo o ângulo
de, aproximadamente, 120°.

. Como o átomo do carbono hibridizado em sp2 está ligado a três átomos que
definem um plano, ele é chamado carbono trigonal planar.

. O orbital p não hibridizado é perpendicular ao plano definido pelos eixos dos


orbitais sp2
. As duas ligaçõescarbono-carbono na ligação dupla não são idênticas.
. Uma das ligações resulta da sobreposição de um orbital sp2 de um carbono com
o orbital sp2 do outro carbono (ligação sigma, porque é formada pela
sobreposição alinhada).
. Cada carbono usa seus outros dois orbitais sp2 para sobreposição com o orbital s
do hidrogênio e formar as ligações C - H.
. A segunda ligação C - C resulta da sobreposição lado a lado de dois orbitais p
não hibridizados, formando uma ligação pi (π).
. “Assim, uma das ligações na ligação dupla C-C é sigma (σ) e a outra é pi (π) e
todas as ligações C —H são sigma”.
. Os dois orbitais p que se sobrepõem para formar a ligação pi (π) precisam estar o mais paralelos
possível um ao outro para a sobreposição ocorrer.
. Isso força o triângulo formado por um carbono e dois hidrogênios a ficar no mesmo plano, como o
triângulo formado pelo outro carbono e dois hidrogênios.
. Isso significa que todos os seis átomos do eteno ficam no mesmo plano, e os elétrons no orbital p
ocupam um volume do espaço acima e abaixo do plano.

. O mapa do potencial eletrostático para o Eteno mostra que ele é apolar, com acúmulo de carga
negativa (área laranja).

. Quatro elétrons mantêm os carbonos unidos em uma ligação dupla C —C, sendo que apenas
dois elétrons ligam os átomos de carbono em uma ligação simples C —C.

. Isso significa que uma ligação dupla C —C é mais forte (174 kcal/mol ou 728 kJ/mol) e menor
(1.33 Å) que uma ligação simples C —C (90 kcal/mol ou 377 kJ/mol, e 1.54 Å).
Ligação em Etino: uma ligação tripla

. Cada carbono forma duas ligações covalentes com dois átomos.


. Apenas dois orbitais (um s e um p) são hibridizados, formando dois orbitais sp
degenerados,
. No Etino, portanto, cada átomo de carbono tem dois orbitais sp e dois orbitais
p não hibridizados
. Um dos orbitais sp de cada carbono no etino sobrepõe um orbital sp do outro
carbono para form ar a ligação sigma C —C.
. O outro orbital sp de cada carbono sobrepõe-se ao orbital s de um hidrogênio
para formar uma ligação sigma C—H.
. Para minimizar a repulsão eletrônica, os dois orbitais sp apontam em direções
opostas.
. Consequentemente. o ângulo da ligação é 180°
. Os dois orbitais p não hibridizados são perpendiculares entre si e ambos são
perpendicularesao orbital sp.

. Cada orbital p não hibridizado encaixa-se em uma sobreposição lado a lado com um
orbital p paralelo no outro carbono, resultando na formação de duas ligações pi (π) .

. O resultado total é uma ligação tripla que consiste de uma ligação sigma e duas ligações
pi.
. Como os dois orbitais p não hibridizados em cada carbono são perpendiculares entre si,
há uma região de alta densidade eletrônica acima e abaixo, e na frente e atrás, do eixo
internuclearda molécula.
. O mapa de potencial para o etino mostra que a carga negativa acumula-se no cilindro
que envolve o contorno da forma oval da molécula.

Como os dois átomos de carbono na ligação tripla são mantidos unidos por seis elétrons, uma ligação tripla é
mais forte(231 kcal/mol ou 967 kJ/mol) e menor (1,20 Å) que uma ligação dupla.
Ligação no cátion metila (+CH3)

. O carbono carregado positivamente no cátion metila é ligado a três átomos, de


modo que ele hibridiza três orbitais (um s e dois p).
. Portanto, ele forma suas três ligações covalentes, usando orbitais sp2. .

. Seu orbital p não hibridizado fica vazio.


. O carbono carregado positivamente e os três átomos ligados a ele ficam no
plano.
. O orbital p fica perpendicular ao plano.
Ligação no radical metila ( .CH3)

. O átomo de carbono no radical metila também é hibridizado em sp2 .

. O radical metila difere do cátion metila por um elétron


desemparelhado que está no orbital p.

. Os mapas potenciais são bem diferentes do cátion metila por causa da


adição de um elétron no radical metila.
Ligação no ânion metila ( : CH3)

. O carbono carregado negativamente no ânion metila tem três pares de elétrons


ligantese um par livre.

. Os quatro pares de elétrons estão bem distantes quando os quatro orbitais que contêm
os elétrons ligantes e os livres apontam para o canto de um tetraedro.

. O carbono carregado negativamente é hibridizado em sp3.

. Três dos orbitais sp3 do carbono se sobrepõem cada um ao orbital s de um hidrogênio, e


o quarto orbital sp3 segura o par livre.
Ligação na água

. O oxigênio precisa usar orbitais híbridos para formar ligações covalentes, assim
como o carbono.
. O orbital s e os três orbitais p precisam hibridizar-se para produzir quatro
orbitais sp3.
. Cada uma das duas ligações O —H é formada pela sobreposição de um orbita sp3.
do oxigênio com o orbital s de um hidrogênio.
. Um par livre ocupa cada um dos dois orbitais sp3. restantes.
RESUMO: HIBRIDIZAÇÃO DE ORBITAL, COMPRIMENTO DE LIGAÇÃO,
FORÇA DE LIGAÇÃO E ÂNGULOS DE LIGAÇÃO

1) A hibridização de um C, O ou N é sp (3- número de ligação pi)


. Todas as ligaçõessimples são ligações sigma (σ).
. Todas as ligações duplas são compostaspor uma ligação sigma e uma ligação pi (π).
. Todas as ligações triplas são compostas por uma ligação sigma e duas ligações pi.
. A maneira mais fácil para determinar a hibridização do átomo de carbono, oxigênio ou
nitrogênio é olhar o número de ligações pi que ele forma: se ele não forma ligação pi, ele é
hibridizado em sp3 ; se ele forma uma ligação pi ele é hibridizado em sp2; se ele forma duas
ligaçõespi, ele é hibridizado em sp.
. As exceções são carbocátion e radicais alquila, que são hibridizados em sp2 (não porque
eles formem uma ligação pi, mas porque eles têm um orbital p vazio ou meio completo).
2) Uma ligação pi (π) é mais fraca que uma ligaçãosigma.

. Comparando comprimentos e forças de uma ligação simples,


dupla e tripla, vemos que quanto mais há ligações segurando os
dois átomos de carbono, menor e mais forte é a ligação carbono-
carbono.

. “Ligações triplas são menores e mais fortes que ligações


duplas, que são menores e mais fortes que ligações simples”.

. Uma ligação pi (π) é mais fraca que uma ligação sigma (σ),
porque a sobreposição alinhada que forma a ligação sigma é
melhor que a sobreposição lado a lado que forma uma ligação pi
(π).
3) Quanto maior a densidade eletrônica na região de sobreposição
dos orbitais, mais forte é a ligação

. Uma ligação sigma C—H é menor e mais forte que uma ligação sigma C —C porque o
orbital do hidrogênio está mais perto do núcleo do que o orbital sp3 do carbono.
. Consequentemente, os núcleos estão mais próximos em uma ligação formada pela
sobreposição sp3- s do que na sobreposição sp3—sp3.
. Além disso, sendo uma ligação C—H menor, ela é mais forte que uma ligação C—C,
uma vez que há densidade eletrônica maior na região de sobreposição de um orbital sp3
com um orbital s do que na região de sobreposição de dois orbitais sp3.
4) Quanto maior o caráter s, menor e mais forte é a ligação.

. O comprimento e a força de uma ligação C—H dependem da


hibridização do átomo de carbono a que o hidrogênio está ligado.

. Quanto maior o caráter s do orbital usado pelo carbono para


fazer a ligação, menor e mais forte é a ligação (porque um orbital s
está mais próximo do núcleo que um orbital p).

Uma ligação C—H formada por carbono hibridizado em sp (50%


s) é menor e mais forte que uma ligação C—H formada por um
carbono hibridizado em sp2 (33,3% s ), que é menor e mais forte
que uma ligação C—H formada por um carbono hibridizado em
sp3 (25% s)
5) Quanto maior o caráter s, maior é o ângulo de ligação

. O ângulo de ligação também depende do orbital usado pelo carbono para


formar a ligação.
. “Quanto maior a quantidade do caráter s no orbital, maior o ângulo de
ligação.”
. Por exemplo: carbonos hibridizados em sp têm ângulos de ligação de 180°,
carbonos hibridizados em sp2 tem ângulos de ligação de ~ 120° e carbonos
hibridizados em sp3 têm ângulos de ligação de 109,5°.
MOMENTOS DE DIPOLO DE MOLÉCULAS
. Em moléculas com uma ligação covalente, o momento de dipolo da ligação é idêntico
ao momento de dipolo da molécula.
. Para moléculas que têm mais do que um a ligação covalente, a geometria da molécula
tem que ser levada em consideração, porque a magnitude e a direção do momento de
dipolo da ligação individual (a soma vetorial) determinam o momento de dipolo total da
molcécula.
. Moléculas simétricas, portanto, não têm momento de dipolo.
Exemplo 1:
. Na molécula de C02 o átomo de carbono é ligado a dois átomos e usa orbitais sp para
formar ligações sigma C —O.
. Os dois orbitais p restantes no carbono formam as duas ligações pi. O momento de
dipolo individual de cada ligação C—O cancela uma à outra porque orbitais sp formam
um ângulo de ligação de 180°, dando ao CO2 momento de dipolo zero D.
Exemplo 2:

. No Tetracloreto de carbono (CCl4) os quatro átomos ligados ao


carbono hibridizado em sp3 são idênticos e projetados,
simetricamente, para fora do átomo de carbono.

. A simetria da molécula leva o momento de dipolo das ligações a


se cancelar.
Outros exemplos:
. O momento de dipolo do Clorometano (CH3CI) é maior (1,87 D) que o momento de
dipolo da uma única ligação C —Cl (1,5 D) porque os dipolos C —H são orientados, o que
reforça o dipolo da ligação C —Cl ( eles estão todos na mesma direção relativa).

. O momento de dipolo da água (1,85 D) é maior que o momento de dipolo de uma única
ligação O —H (1,5 D) porque os dipolos das duas ligações O —H reforçam uma à outra.
Os pares de elétrons livres também contribuem para o momento de dipolo.

. Da mesma forma, o momento de dipolo da amônia (1,47 D) é maior que o momento de


dipolo de uma única ligação N —H (1,3 D).
Observação: Forças de van der Waals
Forças dipolo-dipolo:

Momento de dipolo permanente


resultante de uma distribuição não
uniforme dos elétrons ligantes.

Ligações de Hidrogênio:

Atrações dipolo-dipolo muito fortes entre


átomos de hidrogênio ligados a átomos
pequenos e muito eletronegativos (O, N ou
F) e os pares de elétrons não ligantes em
outros átomos eletronegativos.

Forças de Dispersão
ou forças de London:

Dipolos temporários e dipolos induzidos


em moléculas apolares resultantes de
uma distribuição não uniforme de
elétronsem um dado instante.
REFERÊNCIAS

MORRISON, Robert Thornton; BOYD, Robert Neilson.


Química orgânica. 16. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2011. xvii, 1510 p

SOLOMONS, T. W. Graham.; FRYHLE, Craig B. Química


Orgânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. vol. 1

McMURRY, John. Química Orgânica. Editora Pioneira


Thomson Learning. São Paulo, 2005

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