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O primeiro texto “A Literatura Angolana”, escrito por Maria Nazareth Soares

Fonseca, apresenta a evolução da literatura na Angola. Para isso, a autora baseia-


se no estudo de outros autores, como Carlos Ervedosa, Luiz Kandjimbo, Manuel
Ferreira e Inocência Mata, além de citar várias obras que marcaram e caracterizam
cada período.
Segundo Ervedosa, a primeira fase da literatura na Angola é marcada,
predominantemente, pela oralidade e só a partir do século XIX que a presença da
escrita passou a ser mais presente. Posteriormente, houve um período de luta pela
libertação da influência portuguesa nas obras e fortalecimento da identidade
angolana e mesmo na década de 60 com severa censura o movimento continua com
autores lançando obras que retratavam e criticavam a realidade, além de gerarem
um sentimento de pertencimento nos leitores. Durante todo esse período a imprensa
foi de extrema importância. Já em um momento de pós-independência os autores
passaram a apostar cada vez mais na ficção e é um gênero bastante explorado até
na atualidade.
O segundo texto escrito por João Paulo Henrique Pinto e que recebe o título
de “Literatura e identidade nacional em Angola” mostra a relação existente entre a
literatura e o surgimento do nacionalismo na Angola.
O autor inicia o texto trazendo o conceito de nação e da cultura como um
“campo de disputa” em que as matrizes são obrigadas a se relacionar e foi o conflito
entre a cultura do colonialismo e da Angola que fomentarão o crescimento de um
sentimento nacionalista. A partir disso, João Paulo passa a mostrar isso na prática,
no início os colonos utilizavam da literatura como forma de dominação, mas os
próprios angolanos passaram a utilizá-la para apresentar sua realidade e
insatisfação, um grande exemplo citado no texto é a criação da “Casa de Estudantes
do Império”, onde o objetivo de controlar os estudantes foram frustrados, uma vez
que a CEI foi uma das maiores apoiadoras dos movimentos africanos,
principalmente, após a publicação do “Boletim Mensagem” e da “Revista
Mensagem”, no final da década 40, que deu espaço para os jovens que se reuniram
sob o nome de “Novos Intelectuais de Angola”.
É importante ressaltar que, como dito pelo autor na conclusão do texto, “a
construção de identidade social é necessariamente redutora” e que os intelectuais
escolhiam aspectos que levariam ao mais próximo de uma Angola ideal, mas como
apresentado em textos de autores como Antônio Jacinto, Viriato da Cruz e Mario
Antônio Fernandes de Oliveira, os “Novos Intelectuais de Angola” tinham grande
preocupação em criar um discurso identitário trazendo, principalmente, através da
poesia traços das línguas faladas, como exemplo o quimbuno e aspectos do
cotidiano do povo angolano.

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