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4 - Unidades Típicas de uma Indústria

4.1. INTERLIGAÇÃO DAS UNIDADES


O estudo do arranjo físico das edificações de uma indústria dá origem à Planta de Locação Geral,
relacionando as várias unidades de produção entre si e vinculando-as com as unidades auxiliares,
administrativas e sociais, com vias de circulação, pátios de estacionamento etc.
A interligação de todas essas unidades, típicas no contexto de uma indústria, deve, no entanto,
obedecer a uma série de premissas, normas e recomendações que permitam estabelecer, para cada
unidade no arranjo físico, qual a localização mais compatível com as funções que a mesma deve
desempenhar e quais as restrições impostas, por outras unidades, sobre esse desempenho.
Uma casa de caldeiras, por exemplo, dever á estar próxima dos pontos principais de consumo
de vapor (economia nas linhas isoladas e de alta-pressão) e dever á estar próxima dos reservatórios de
combustível (economia nas linhas aquecidas de óleo combustível). Não deve, todavia, ser justaposta a
um almoxarifado nem a uma unidade administrativa (desconforto térmico). Dependendo da direção
dominante dos ventos, poderá ainda gerar desconforto, devido aos gases de combustão, em unidades
assistenciais ou recreativas vizinhas. É dever do projetista analisar todas essas inter-relações, atrativas
ou repulsivas, antes de decidir sobre a localização de cada unidade que compõe o complexo industrial.
A fim de facilitar este estudo do inter-relacionamento das unidades de uma indústria, que tanta
influência ter á sobre sua futura operação, propomo-nos a analisar, para cada unidade de per si, os
fatores condicionantes de sua localização em relação ao restante da indústria.
Uma vez definida a localização relativa da unidade no arranjo físico da indústria, será
importante determinar ainda os elementos básicos para seu dimensionamento e a área requerida para
sua instalação, definindo-se também os métodos construtivos recomendados para sua execução.
Somente depois de definidos estes três parâmetros (local, dimensões e características da
construção), é que será iniciado efetivamente o detalhamento da unidade.
Apresentamos alfabeticamente, nas páginas que seguem, as diversas unidades que compõem
normalmente uma indústria, com recomendações de caráter específico que permitam ao projetista
definir sua localização mais adequada e estabelecer a área por elas requerida.

Para maior facilidade de consulta reunimos essas unidades em três grandes grupos:
- unidades de produção e instalações auxiliares;
- unidades administrativas e sociais;
- áreas externas e outras unidades.

4.2. UNIDADES DE PRODUÇÃO E INSTALAÇÕES AUXILIARES

1. Almoxarifado e área de armazenagem. Pelo controle ao qual devem estar sujeitos todos os
itens em estoque, o almoxarifado deve constituir uma área com circulação restrita, vedada a estranhos.
O almoxarifado não deve ser jamais uma zona de passagem obrigatória entre outras unidades da
indústria.
É importante a sua proximidade dos pontos de utilização dos itens estocados e desejável a
proximidade da oficina de manutenção.
Uma boa vigilância contra furtos e uma eficiente proteção contra incêndios são outros
requisitos a satisfazer na seleção do local para instalação do almoxarifado, além, naturalmente, da
facilidade de acesso a caminhões e carretas para carga e descarga de itens de estoque.
O movimento de carga e descarga junto aos grandes almoxarifados pode se constituir em um
inconveniente à proximidade de áreas administrativas e assistenciais, laboratórios e outras unidades
afins.
A localização adequada dos balcões de recepção de pedidos e de entrega dos itens requisitados
deve ser definida em função das áreas de produção que utilizam o almoxarifado.
Nos pontos de carga e descarga de caminhões e vagões é recomendável prever plataformas
elevadas ao nível do estrado da carroceria ou do fundo do vagão, facilitando-se assim essas operações.
(Ver pátio ferroviário e estacionamento de veículos.)
Os detalhes construtivos de um almoxarifado variam grandemente com o tipo e o porte da
instalação. Os pequenos almoxarifados, com busca manual, são usualmente parte de uma edificação
que abriga as unidades de produção. Neste caso o almoxarifado se resumirá em uma área cercada por
divisórias, de preferência incombustíveis e teladas, facilitando a ventilação e melhorando as condições
de iluminação natural, em geral precária devido à proximidade com que são alinhadas estantes e
prateleiras.
Os grandes almoxarifados já tendem para soluções técnicas próprias, conjugando muitas vezes a
própria estrutura de cobertura com a estrutura das prateleiras de armazenagem.
Nos almoxarifados industriais é de grande importância o projeto do piso, especialmente nas
áreas de descarga de volumes de maior peso, onde se recomenda um piso de alta resistência a
impactos.
No restante da área o piso deve resistir principalmente ao efeito de puncionamento provocado
pelas sapatas e pés de estantes metálicas, atuando sob a forma de cargas concentradas em pequenas
áreas do solo.
A iluminação dos almoxarifados poderá ser geral, mediante a instalação de luminárias sob a
cobertura, entre as prateleiras. Essa iluminação geral dever á ser complementada por iluminação
localizada, atendendo os pontos de estocagem de pequenos itens e as áreas de conferência, recepção e
despacho de itens requisitados.
Na elaboração do arranjo físico do almoxarifado deve-se procurar definir, de início, as
necessidades em área para os seguintes fins: escritórios, recebimento, pesagem, conferência,
circulação, estocagem, preparação e expedição.
É importante analisar se os estoques de todos os itens atingem o pico na mesma época ou não.
As áreas de estocagem devem ser calculadas para as condições mais desfavoráveis se houver
concomitância na ocorrência dos picos.
Na elaboração do arranjo físico dos almoxarifados e de outras áreas de estocagem é ainda
importante levar em conta os seguintes pontos:
a) os itens de maior rotatividade ou de grande peso ou volume devem ter sua localização mais
próxima das áreas de recepção e ou de expedição.
b) Os corredores que devem receber tráfego de empilhadeiras usuais não devem ter largura
inferior a 3 m (para empilhadeiras de grande porte essa largura deve ser aumentada de acordo com
recomendações do fabricante).
c) As portas de acesso não devem ter dimensões inferiores a 2,40 x 2,40 m, para possibilitar a
passagem de empilhadeiras comuns.

2. Balanças para veículos. A existência de balanças de carga para caminhões vagões ferroviários
é requerida nas instalações em que a manipulação de grandes volumes de matéria-prima e de produtos
acabados obriga a um controle de peso dos veículos que chegam e que saem da instalação. Tal é o caso
de fábricas de cimento, instalações de embarque de minérios etc.
Balanças rodoviárias devem estar localizadas de forma a permitir fácil acesso, mesmo dos
veículos mais longos (carretas tracionadas por cavalos mecânicos, por ex.).
A plataforma da balança não deve bloquear inteiramente a via de circulação, a fim de permitir a
continuidade do tráfego mesmo com a balança em reparo.
Quando a instalação exigir balanças independentes para pesagem à entrada e à saída dos
veículos, as vias de acesso devem ser traçadas de tal forma que em caso de defeito ou manutenção em
uma das balanças, a pesagem nos dois sentidos possa ser assegurada pela balança restante.
As balanças rodoviárias são, via de regra, localizadas nos limites da instalação, próximo à
portaria, que funciona assim também como casa de controle.
Caso haja conveniência para o arranjo físico da instalação e assim o justifique o tráfego de
veículos, pode-se localizar as balanças junto às plataformas de carga e descarga, no interior da
instalação, permitindo-se então o controle de pesos pelo próprio pessoal das seções de recebimento ou
de expedição.
A localização de balanças ferroviárias é definida pelo traçado do desvio que penetra os terrenos
da indústria e deverá ser tal que permita a pesagem de qualquer vagão de uma composição que utilize
esse desvio.
As balanças constituem usualmente pontos de estrangulamento nos sistemas de circulação de
veículos, pela necessidade obrigatória de parada, conferência etc. Sua disposição em relação à portaria
e às vias de circulação de veículos não-sujeitos à pesagem deve ser cuidadosamente estudada a fim de
se eliminar qualquer possibilidade, mesmo momentânea, de bloqueio total da circulação.
É recomendável, nas áreas de entrada e de saída do veículo na balança, prever-se uma faixa reta
de rua igual ao comprimento da plataforma da balança. Essa providência facilitará as manobras dos
veículos de carga, principalmente no caso de carretas tracionadas por cavalos mecânicos.
No caso de balanças ferroviárias exige-se normalmente um trecho reto de linha de pelo menos 15 m
além de cada uma das cabeceiras da plataforma de pesagem. A declividade da via ao longo desses
trechos não deve exceder usualmente 1:100.
Para as balanças rodoviárias, como também para as balanças ferroviárias que necessitem de
poço para instalação de seus componentes mecânicos, deve ser estudado um sistema satisfatório de
drenagem desse poço, evitando-se assim sua inundação eventual. A caixa do poço deverá ser
convenientemente impermeabilizada e permitir fácil inspeção no seu interior.
É recomendável a pavimentação das áreas adjacentes à balança e a iluminação local deve
facilitar as manobras dos veículos, sem risco de ofuscamento dos operadores e com o mínimo de
sombras projetadas.

3. Casa de bombas. Ver reservatórios de água (item 23).

4. Casa de caldeiras. Esta unidade pode variar em importância, desde um pequeno local para
instalação de caldeira usada em aquecimento, até uma central térmica que utilize o vapor para geração
de força motriz e para fins de processo e de aquecimento em toda a área industrial.
Conjugada com a casa de caldeiras, na mesma edificação, pode estar apenas a central de ar
comprimido, excetuados os seus reservatórios de ar que deverão estar localizados fora da casa de
caldeiras. Não é permitida a instalação, no mesmo local, de outras unidades da indústria, de acordo com
o que prescreve a Portaria nº 20 de 06.05.70 do DNSHT, aplicável a caldeiras com capacidade de
produção superior a 100 kg de vapor por hora.
De acordo com a mesma Portaria, a casa de caldeiras pode ser anexa a outro edifício da
indústria, porém deverá estar afastada pelo menos 3,00 m de outras edificações vizinhas. A posição e
altura das chaminés pode ser também fator condicionante da localização.
A casa de caldeiras deverá estar também completamente isolada de locais de armazenagem ou
manipulação de inflamáveis ou explosivos, e sua localização final na área da indústria será comandada
pela conveniência de se minimizar os comprimentos das linhas de vapor, tanto pelo elevado custo do
material como pelas perdas térmicas, proporcionais ambos à extensão das referidas linhas de
distribuição.
Essa localização tenderá, portanto, para o centro de gravidade dos pontos de consumo na
indústria, ressalvadas as razões de segurança.
A casa de caldeiras se constitui em fonte natural de poluição atmosférica e de desconforto
térmico, quando muito próxima a outras unidades. A par das restrições impostas pelo DNSHT, deve-se
procurar afastar da casa de caldeiras as unidades administrativas e assistenciais, com exceção da
cozinha do restaurante, que tendo aquecimento a vapor, poder á estar localizada em suas
proximidades.
A casa de caldeiras deve prever espaço suficiente para instalação, não apenas das caldeiras
como também dos sistemas de insuflamento de ar e alimentação de água, incluindo-se eventualmente
as unidades de tratamento de água necessária s à operação das caldeiras.
Em local anexo deverão ser instalados os reservatório s de combustível para uso da caldeira, além de
escritório e instalação sanitária para uso dos seus operadores.
As passagens entre as caldeiras e as paredes da construção devem permitir a livre circulação do
pessoal, além de possibilitar a remoção de peças e partes da caldeira e de seus equipamentos auxiliares.
As saídas devem ser em número de duas pelo menos e deverão estar permanentemente desobstruídas.
O acesso aos dispositivos de segurança, reguladores de alimentação e demais acessórios
necessários à operação deve ser fácil e seguro.
A casa de caldeiras deve ser construída inteiramente com materiais resistentes ao fogo e seu
projeto deve ser submetido previamente ao órgão regional competente em matéria de segurança e
higiene de trabalho, mediante requerimento do interessado.
Especialmente as escadas e plataformas deverão ser de material incombustível, permitindo a
saída do pessoal em caso de sinistro. A ligação da casa de caldeiras com as unidades de produção e
outras que consumam vapor e água aquecida deverá ser feita por meio de galeria técnica em subsolo,
por canaletas ou através de um pipe-rack.

5. Castelo de água. Ver reservatório de água (item 23).

6. Central de ar comprimido. Na distribuição das diversas unidades no arranjo geral de uma


instalação industrial, a Central de ar comprimido merece cuidados especiais e até mesmo certa
prioridade em relação ás demais unidades.
Os compressores de uma central de ar comprimido devem ter sua tomada de aspiração
localizada em um ponto livre de poeiras, umidade e vapores. A orientação da central em relação à
incidência dos raios solares é também importante, a fim de se ter a aspiração dos compressores e os
reservatórios de pressão à sombra.
Como o percurso das tubulações deve ser curto para se ter na linha uma perda de carga
reduzida, será sempre conveniente situar a central o mais próximo possível dos pontos de maior
demanda.
No caso de grandes compressores, o consumo de água de refrigeração para o sistema e o
suprimento de energia elétrica podem também influir na localização da central, atraindo-a para a
proximidade dos suprimentos de água e energia elétrica, sem prejuízo das recomendações acima feitas
com relação aos pontos de consumo e à posição da aspiração.
O elevado nível de ruído e a monotonia da partida e parada automática dos compressores,
repetindo-se indefinidamente durante as horas de operação da indústria, recomendam afastar a central
de ar comprimido dos locais administrativos e assistenciais.
A central será dimensionada com base nas necessidades de consumo da indústria,com margem
de segurança para compensar vazamentos que normalmente ocorrem nos engates e mangueiras e com
previsão para futuras ampliações dos pontos de consumo.
Além dos compressores propriamente ditos e de seus órgãos de acionamento (motores elétricos
usualmente) a central deverá abrigar os resfriadores (inter-coolers e after-coolers), as bombas de
circulação para a água utilizada no sistema de arrefecimento e os quadros elétricos de comando da
unidade.
Eventualmente poderá ser necessária a instalação de um compressor de emergência, de menor
capacidade, acionado por motor a combustão interna. Os reservatórios de ar comprimido serão
instalados externamente por motivos de segurança. Além da área requerida pelas instalações acima
descritas, dever á ser previsto, no caso de centrais de maior porte, local para pessoal de operação, com
pequeno escritório dotado de proteção acústica, caso seja necessário, e instalação sanitária.
A central de ar comprimido deve ser bem ventilada, com aberturas amplas ou simplesmente
desprovida de paredes em uma das faces da edificação pelo menos. A norma ABNT P-NB-222 fornece
elementos sobre a segurança requerida em instalações de ar comprimido.
Para a manutenção dos compressores e dos equipamentos complementares deve ser prevista a
instalação de aparelhos de carga, do tipo talha ou guindaste giratório ou, o que é mais eficiente, uma
ponte rolante.
O piso poder á ser simplesmente cimentado ou de preferência revestido de cerâmica, o que
assegura um ambiente de fácil limpeza e livre de poeira.

7. Central de condicionamento de ar. Na escolha do local mais adequado para a central de


condicionamento de ar é importante definir, previamente, qual a área e quais os ambientes a serem
atendidos por essa central.
Definida essa área e esses ambientes, podem ser estudadas as seguintes alternativas para
localização da central:
a. Aproximadamente no centro geométrico da área de atuação, visando menores perdas de
carga, economia nos sistemas de dutos e menores perdas térmicas ao longo de locais não
condicionados. Essa alternativa prejudica, em muitos casos, o arranjo físico das demais instalações.
b. Localização em subsolo, com os dutos fazendo parte de piso falso ou correndo ao longo de
galerias técnicas . Esta alternativa tem a vantagem de liberar área útil do piso e de não interferir com
sistemas elevados de tubulações e de movimentação de cargas. Sua maior desvantagem pode ser a
menor facilidade para a manutenção, além do risco, em certos casos, de inundação da casa de
máquinas.
c. Localização elevada, na cobertura do prédio ou em mezanino. Reúne vantagens da localização
subterrânea (área do piso livre) e da localização próxima ao centro das cargas. É entretanto necessário
conciliar essa solução com os primeiros passos do projeto arquitetônico e dos cálculos estruturais da
edificação.
d. Localização em área externa à edificação, liberando inteiramente o arranjo físico interno. É a
solução mais indicada quando se adota o sistema de resfriamento indireto através de água gelada,
possibilitando a eliminação de dutos volumosos e permitindo situar as unidades frigoríficas próximas à
torre de resfriamento, na cobertura ou na face da edificação que melhor convenha à insolação e aos
ventos ou que seja mais compatível com o sistema elétrico de distribuição de força.
No caso de se adotarem unidades compactas de resfriamento direto do tipo self-contained, os
problemas locacionais ficam bastante reduzidos, possibilitando a instalação dessas unidades junto aos
recintos a condicionar.
Qualquer que seja, todavia, a solução adotada, é de suma importância que a tomada de ar
exterior se faça em local livre de impurezas em suspensão gases, vapores e umidade excessiva.
Nas grandes centrais de condicionamento o elevado nível de ruído normalmente gerado pelas
unidades compressoras não recomenda sua localização próximo a setores administrativos ou
assistenciais que exijam silêncio e ausência de vibrações, devendo em tais casos ser devidamente
estudado um tratamento acústico para isolamento da sala de máquinas.
Além da previsão de espaço para passagem dos duetos e eventual remoção dos equipamentos
para manutenção, deve-se prever em uma central de ar condicionado o espaço suficiente para
instalação dos compressores, condicionadores, condensadores e filtros, além dos ventiladores, painéis
de controle e bombas de circulação. O estudo da disposição relativa desses equipamentos faz,
normalmente, parte da responsabilidade do fabricante e fornecedor da central, que dever á ser
consultado quanto à área livre de piso a ser reservada e quanto às dimensões mínimas do local da
instalação (normalmente é um dado obtido diretamente da prática, conhecendo-se a capacidade da
instalação em toneladas de refrigeração). É importante também prever no arranjo físico o espaço
suficiente para desmontagem e remoção de feixes tubulares dos condensadores e para a substituição
dos filtros de ar da instalação.
8. Central de gases industriais. Se o consumo de gases industriais (acetileno, oxigênio,
nitrogênio etc.). justificar o investimento em uma instalação centralizada de distribuição desses gases, a
localização dessa central dever á obedecer aos seguintes requisitos:
a. Por motivos de segurança, no caso de gases inflamáveis , a central dever á estar isolada de
outras unidades, especialmente aquelas que operem com fornos, caldeiras, forjas e outros
equipamentos com chama desprotegida. A ventilação do local deve ser ampla e o ambiente seco.
b. Prever acesso fácil dos veículos de suprimento, mormente no caso de ser adotado o
suprimento a granel em caminhões ou vagões-tanque, sistema utilizado em instalações de grande porte
(indústrias químicas , estaleiros navais etc.).
c. As linhas de distribuição dos gases devem ser curtas, o que reduzir á as perdas de cargas e
diminuirá os riscos de acidente pela ruptura acidental dessas linhas.
d. Prever afastamento de locais sujeitos a trepidação constante, impactos sobre o solo e tráfego
intenso de veículos e pessoas.
A periculosidade inerente à manipulação de gases inflamáveis coloca as demais instalações de
armazenagem desses gases na relação das unidades industriais que devem ser afastadas de locais
sujeitos à fácil propagação do fogo (almoxarifados, escritórios, depósito s de sucata e de sobras de
material etc.).
As quantidades consumidas de cada gás industrial permitem estabelecer quatro estágios no
dimensionamento das instalações industriais para seu fornecimento:
a. Suprimento em cilindros, dispostos pelas áreas de consumo (não existirá , portanto, a central,
porém haver á sempre um local para armazenagem dos cilindros cheios e dos vazios).
b. Centralização dos cilindros dispostos em baterias e ligados a um manifold que alimenta a rede
de distribuição e consumo.
c. Instalação de reservatórios (esféricos ou cilíndricos), recarregados periodicamente no local
pelo fornecedor do gás.
d. Geração própria do gás, nos casos de consumo excepcionalmente elevado (oxigênio em
usinas siderúrgicas operando com o processo LD, por ex.) ou de riscos elevados nos transportes de
grandes volumes a granel (acetileno para corte e solda em instalações de calderaria, construção naval
etc.).
O dimensionamento das unidades descritas em b e c dependerá em grande parte da forma de
suprimento acordada com o fornecedor.
Em geral o fornecedor cede à indústria, em consignação, os cilindros e reservatórios (hipóteses
a, b e c) e também dá assistência caso sejam necessárias unidades de refrigeração e de vaporização para
submeter o gás às condições requeridas de pressão e de temperatura durante a armazenagem e j á na
fase de consumo.
A geração própria constitui, por si, uma unidade especializada de produção, cujo
dimensionamento e arranjo físico deverá ser estudado com a participação de firmas especializadas e
com os fabricantes dos equipamentos de geração.
Na hipótese de se adotar a central com baterias de cilindros, os mesmos deverão estar
dispostos em fila em local dotado de cobertura leve e fechamentos telados ou constituídos por peças
vazadas de concreto ou alvenaria. O piso dever á ser cimentado e estar de preferência a uma altura que,
provida de plataforma, permita descarregar os cilindros diretamente dos caminhões para os locais de
armazenagem.
No caso de gases inflamáveis (acetileno especialmente) a instalação elétrica dever á ser à prova
de explosão. A iluminação no local poder á ser fornecida por luminárias dispostas próxima s ao local,
podendo-se utilizar a própria iluminação das vias de circulação vizinhas. Na área da plataforma de carga
e descarga e sob a cobertura poderá ser instalada uma talha manual para permitir a manipulação dos
cilindros.
9. Central oxiacetilênica. Ver central de gases industriais (item 8);
10. Central térmica. Ver casa de caldeiras (item 4);
11. Centro de carga. Ver subestação (item 26);
12. Controle de qualidade. Ver laboratório (item 19).
13. Depósito de inflamáveis. A armazenagem de inflamáveis nas áreas ocupadas por
instalações industriais exige precauções condizentes com o grau de periculosidade dos produtos e com
as quantidades armazenadas. A presença de inflamáveis na instalação aumenta o risco de sinistros e
conseqüentemente os prêmios dos seguros.
A localização de depósito s de combustíveis derivados do petróleo é regulamentada pela
Resolução n° 8-71 de 21/09/71 do Conselho Nacional do Petróleo, que prevê condições mínimas de
segurança, afastamento e isolamento desses depósitos em relação às demais unidades da instalação e a
vias públicas e propriedades adjacentes.
A leitura dessa resolução e das instruções gerais que a acompanham, sob a denominação de
CNP-ABNT-IBP (PNB-216) é imprescindível em qualquer projeto de armazenamento e de manipulação
do petróleo e de seus derivados.
Também útil ao trabalho do projetista é a norma NB-98 da ABNT, que trata do armazenamento
e manuseio de líquidos inflamáveis e combustíveis em geral.
Os depósitos de combustíveis e inflamáveis devem ocupar um local que facilite o acesso direto
dos veículos de suprimento (caminhões e vagões-tanque) à estação de descarga e que seja próximo dos
pontos de maior consumo. As linhas de suprimento aos pontos de consumo devem ser curtas, correndo
em canaletas fechadas, em trincheiras ou em pipe-racks elevados. O estudo do percurso dessas linhas,
ao atravessarem outras unidades da instalação, é também um elemento de importância na escolha do
local para a armazenagem dos inflamáveis.
Além da área ocupada diretamente pelos tanques de armazenagem, no caso de combustíveis
líquidos e outros produtos inflamáveis é exigência do Conselho Nacional de Petróleo a construção de
um dique de terra ou então de muros de alvenaria ou de concreto circunscrevendo completamente o
parque de estocagem, quando os tanques ficarem acima do nível do solo. Este dique ou muro formar á
uma bacia para contenção do produto em caso de ruptura ou vazamento nos tanques.
A área ocupada pelo conjunto ser á função do volume da bacia e da altura do dique ou do muro.
A PNB-216 fornece as relações volumétricas e de superfície que permitem definir a bacia.
Na armazenagem de combustíveis sólidos a área requerida dependerá do sistema de
empilhamento ou ensilagem e dos métodos de transporte utilizados na movimentação do estoque.
A área de armazenagem de combustíveis a granel deve prever instalações para bombeamento
que farão o enchimento dos tanques e bombearão o produto para os pontos de utilização na indústria.
Em função da viscosidade do produto pode ser necessário instalar aquecimento (a vapor ou elétrico)
nas linhas de sucção e de distribuição e também nos próprios tanques.
Em instalações para armazenagem de óleo combustível de alta viscosidade é recomendável a
construção de uma rampa no local de descarga dos caminhões que abasteçam a indústria. Essa rampa
facilitar á a operação de bombeio, permitindo também melhor drenagem da área e o esgotamento do
óleo eventualmente derramado.
Os reservatórios cilíndricos de gás liquefeito são usualmente instalados na posição horizontal,
sobre berços de concreto, acima do nível do solo.
Nos depósito s de inflamáveis é proibido fumar e é vedado o uso de qualquer lâmpada ou de
dispositivo com chama desprotegida. A instalação elétrica será à prova de explosão e a proteção contra
descargas elétricas naturais se fará por meio de pára-raios convenientemente localizados, que incluam
em sua zona de influência a área de armazenagem (ver item 5.15 do Cap. 5).
O sistema de aterramento de todos os reservatórios e equipamentos de bombeio deve ser
eficiente, permitindo também o aterramento dos camihões-tanque durante as operações de carga e
descarga.
Tratando-se de matéria bastante especializada, e que requer absoluta segurança operacional,
recomenda-se o contato prévio do projetista com as eventuais empresas fornecedoras que tenham
interesse em suprir a indústria com produtos inflamáveis. Essas empresas dispõem, através de seus
departamentos técnicos, de subsídios valiosos ruja utilização no projeto permitir á dotar a indústria de
um sistema satisfatório de armazenagem de inflamáveis.
14. Estação de tratamento de água (ETA). Na localização da Estação de Tratamento de Água de
uma indústria pode-se adotar duas soluções distintas.
a. Instalar a ETA nas proximidades dos reservatórios de água da indústria, isto é, junto ao seu
castelo de água ou reservatório subterrâneo. Esta solução confere maior flexibilidade à operação e à
manutenção do sistema, pois reúne em uma única área do arranjo físico as operações de bombeamento
de água para as diversas finalidades (tratamento, recalque, combate a incêndio etc.).
b. Quando o suprimento de água à indústria é feito por adutora própria, a ETA pode ser
instalada em qualquer ponto ao longo dessa adutora. Procura-se tirar partido, em tais casos, de
eventuais diferenças de cota que permitam operar a ETA por gravidade ou então se procura localizar a
ETA junto à captação. Esta última hipótese traz como vantagem o recalque, pela adutora, de água já
tratada, o que aumentar á a vida útil das bombas de recalque e permitir á a utilização de bombas de
rotor fechado.
Como fator adicional na escolha da localização da ETA cabe ainda citar a facilidade para acesso
de veículo s que transportem produtos químicos (esses produtos recebidos a granel ou em grandes
embalagens têm um preço unitário sensivelmente inferior ao que custariam em pequenas embalagens).
Não consideramos neste tópico o tratamento de água para caldeiras, pois sua localização está
intimamente vinculada com a própria casa de caldeiras, dela normalmente fazendo parte.
Os possíveis riscos de infiltração em edificações vizinhas e o inconveniente da presença de
produtos químicos recomendam afastar da ETA as unidades assistenciais e as áreas administrativas.
Sendo provável expansão do consumo da água tratada na ETA, o que pode ocorrer com o
aumento da produção ou devido a alterações no processo produtivo, deve-se prever a necessidade de
se ampliar a ETA de forma modular, com a adição de unidades paralelas ou simétricas. O espaço
requerido para essas ampliações deve ser assegurado por ocasião do traçado das vias de circulação
interna e da localização de outras unidades vizinhas à ETA.
O dado básico para o dimensionamento da ETA de uma indústria é o volume de água
efetivamente consumido na unidade de tempo, devendo ser considerados todos os pontos de consumo
de água tratada para uso industrial e para consumo humano. Além desse volume, tomado na condição
mais desfavorável (máximo consumo esperado), deve-se levar em conta a qualidade da água bruta a
tratar e que pode variar substancialmente durante o ano. (em época de cheias as águas dos cursos de
água estarão mais contaminadas com alguns tipos de detritos, enquanto que terão outros detritos mais
diluídos).
A água recirculada em sistemas fechados não ser á computada, a não ser quanto à parcela de
complementação (necessária para manter o nível desses sistemas). Tal é o caso dos circuitos de água
para arrefecimento industrial, atendendo normalmente a pontos de grande consumo e que justifiquem
o reaproveitamento da água circulada.
A disposição relativa e as respectivas áreas ocupadas pelas câmaras de mistura e de floculação,
decantadores, instalação de filtros, casa de bombas etc. dependerão das condições do terreno, da
qualidade da águ a a tratar e da qualidade requerida após o tratamento.
No caso das grandes estações de tratamento, para armazenagem e preparo dos reagentes é
necessário prever uma sala, anexa à ETA, que abrigar á também o operador de plantão. A área ocupada
por esta sala é função dos volumes e das características físicas e química s dos reagentes a serem
armazenados, além de permitir abrigar equipamentos para testes de qualidade da água tratada,
pesagem de reagentes, instalações elétricas de controle e comando e em certos casos, vestiário s e
instalações sanitária s para uso do pessoal de operação.
O tipo de edificação para abrigo das diversas unidades de armazenagem e de testes,
mencionados anteriormente, depender á das condições climáticas do local. Em países quentes bastará,
normalmente, a proteção contra a chuva e o sol.
A iluminação na ETA dever á ser à prova de umidade e poeira. O concreto é amplamente
utilizado para a construção dos reservatórios e das diversas estruturas da ETA, devendo-se todavia ter
as necessárias precauções quando se trata de águas sulfatadas, agressivas ao cimento tipo Portland.
Em locais ou instalações sujeitas à constante deposição de poeiras e outros produtos em
suspensão no ar (fábrica de cimento, instalações de mineração etc.), é recomendável a construção de
ETA inteiramente coberta.
15. Estação de tratamento de esgoto (ETE). O sistema de tratamento dos esgotos de uma
indústria deverá processar separadamente os esgotos sanitários e os efluentes das diversas unidades
industriais.
Essa distinção entre tratamento de despejos sanitário s e despejos industriais pode conduzir à
localização, em áreas diversas, de várias unidades para tratamentos específicos.
Em certas circunstâncias pode ser também conveniente aproximar a ETE da Estação de
Tratamento de Água, pois os resíduos do tratamento de água pela ETA, ao invés de serem despejados
diretamente em curso de água próximo, poderão ser usados antes na coagulação ou na neutralização
dos despejos da ETE, com vantagens para ambas as instalações.
No caso de esgotos sanitários é importante localizar a ETE na cota mais baixa do sistema, de
maneira a se evitar custos adicionais de bombeamento. Os riscos de inundação podem, entretanto,
requerer a instalação de um sistema de bombeamento de emergência.
Outro condicionamento para a localização da ETE é a possibilidade, presente ou futura, de se
lança r o esgoto da indústria diretamente na rede municipal. Essa prática, que somente poderá ser
adotada após entendimentos com a concessionária do sistema público, permitir á em alguns casos
eliminar completamente o tratamento pela indústria. Poderá também ser adotada uma solução mista,
fazendo-se o tratamento na indústria de apenas alguns dos efluentes, justamente aqueles incompatíveis
com o sistema público existente, tendo-se sempre o cuidado de que o esgoto da indústria não
sobrecarregue os coletores já existentes.
Mesmo no caso da inexistência, no presente, de sistema público, sempre será vantajoso prever
a localização da ETE de acordo com o provável traçado ou o percurso do sistema coletor que venha a ser
construído no futuro pelo órgão público.
A instalação de tratamento de esgotos interfere, em princípio, com todas aquelas unidades que
requeiram ambiente puro, livre de odores e de emanações de gases.
Especialmente no caso de indústrias alimentícias e farmacêuticas, a localização e o projeto da
ETE deverão ser compatíveis com essas exigências.
A presença de matéria s inflamáveis, corrosivas ou tóxica s nos despejos de uma indústria toma
recomendável também o afastamento da ETE de suas zonas de perigo, tendo-se em vista especialmente
os riscos de explosão.
Certos cuidados construtivos, tais como instalações elétricas à prova de explosão na área dos
digestores, podem reduzir os riscos acima citados.
O dimensionamento da ETE deve atender às condições máxima s de fluxo impostas pelo funcionamento
das vária s unidades da indústria e pelo pico de utilização de suas instalações sanitárias, principalmente
nos períodos de mudança de turnos de trabalho, no caso do esgoto sanitário.
A área reservada à ETE deve prever a instalação folgada das unidades de decantação, filtragem,
neutralização, digestores etc, dentro das especificações próprias do projetista da unidade.
Nas grandes ETE's são, além do mais, requeridos abrigos para os sistemas de controle e para as
bombas, além de locais para armazenagem dos produtos químicos requeridos nas diversas etapas do
tratamento.
16. Forjaria. Ver unidades de produção (item 28).
17. Fundição. Ver unidades de produção (item 28).
18. Instalações de limpeza e lavagem industrial. Os vários tipos de lavagem ou limpeza
industrial utilizados em processos de fabricação ou na manutenção de equipamentos requerem
precauções especiais na sua localização. Essas precauções são decorrentes dos produtos que ali são
utilizados e das condições de execução do serviço.
Nas operações mais comuns de lavagem é utilizada água sob pressão, aquecida ou não. Este
sistema, empregado largamente na limpeza de veículos industriais e de equipamentos de operação ao
tempo, deve ser localizado de forma a atender ao fluxo de entrada e saída dos veículos, em local com
amplo suprimento de água. Normalmente segue-se a essa operação a de lubrificação do equipamento,
o que justifica a proximidade relativa das duas unidades. A limpeza por meio de jato de areia ou de
partículas metálicas já requer maior rigor na sua localização, pelos riscos de doenças profissionais a que
submete seus operadores e também o pessoal da indústria que trabalha permanentemente em local
próximo. Quando a limpeza é automática, feita no interior de máquinas inteiramente fechadas, sua
localização não oferece maiores problemas. Esses equipamentos serão dispostos no arranjo físico de
máquinas como outro equipamento qualquer, tomando-se a precaução, entretanto, de afastá-lo s de
setores de usinagem de precisão, pintura e outras atividades que exijam ar limpo e boa ventilação.
O jateamento de grandes peças, entretanto, utilizado principalmente em indústrias de
calderaria e na fabricação de estruturas metálicas, requer localização especial, em área coberta, porém
com ampla ventilação natural e em local afastado o mais possível das demais unidades da indústria e da
divisa do terreno, pelo prejuízo que poderá causar a terceiros.
A lavagem de peça s por meio de produtos químicos, em banhos de imersão, outra técnica
freqüentemente utilizada em indústrias mecânicas, acarreta, além do agravamento dos problemas de
insalubridade já acima apontados, o perigo de corrosão química pelo desprendimento de vapores
agressivos que podem atacar outros equipamentos, ferramentas e a própria estrutura do prédio. A
localização dessa unidade deverá ser cuidadosamente estudada com vistas à eliminação desses vapores
através de ventilação natural ou forçada, se necessário.
As instalações de lavagem e limpeza, que geram emanações de gases e a projeção de partículas
sólidas e líquidas, podem prejudicar unidades próximas, principalmente aquelas situadas na direção dos
ventos dominantes. Deve-se evitar localizar nesse rumo as torres de resfriamento, a central de ar
comprimido e as unidades administrativas e assistenciais da indústria.
As unidades de lavagem com jato de água sob pressão são instaladas geralmente em boxes
cobertos e fechados lateralmente, com dimensões básicas entre duas a três vezes aquelas do
equipamento ou veículo a lavar. Além dessa área deve se previsto abrigo para bombas e compressores
e, eventualmente, para um reservatório de água para consumo da unidade.
As instalações de jateamento com areia e partícula s sólida s em geral terão sua área de
influência definida pelos efeitos das partículas perdidas, o que, em condições normais, significa adotar-
se um raio de pelo menos 50 m, com centro no local de jateamento, ou construir paredes que isolem
esta unidade das demais instalações da indústria. Devem ser também previstos locais para os silos de
areia e para armazenagem de materiais ensacados utilizados nesses processos de limpeza.
Nas instalações de lavagem por meios químicos recomenda-se a consulta ao fabricante do
equipamento, cujo projeto poder á exigir áreas adicionais para secagem ao ar ou em estufas, contínua s
ou não, de dimensões muito variáveis.
Os efeitos da umidade (lavagem com água), da abrasão (jatos de partículas sólidas) e da
corrosão (lavagem química) se impõem na seleção dos materiais para construção das unidades de
lavagem e limpeza.
As estruturas de concreto são as mais recomendadas para essas unidades. Nos boxes de
lavagem as paredes divisórias deverão ser impermeabilizadas ou azulejadas e o piso, além de
antiderrapante, dever á possuir caimento satisfatório para recolher em valetas a água e os detritos da
lavagem.
Nas instalações de lavagem química recomenda-se a cobertura em cimento amianto, pois u
cobertura em alumínio pode ser atacada pelas emanações de gases e vapores.
A iluminação dos locais de lavagem e limpeza deverá ser sempre obtida através de luminárias
estanques à água, ao pó, ou a gases, conforme o tipo específico da instalação.
19. Laboratório e postos de inspeção de qualidade. Os laboratórios industriais e os locais de
inspeção e controle de qualidade têm suas posições no arranjo físico de uma indústria definidas pelos
seguintes princípios:
a. A inspeção no recebimento de matérias-primas e de componentes produzidos por terceiros
será feita em local próximo dos almoxarifados ou das áreas de estocagem.
b. O controle de qualidade do produto ser á feito sempre que possível ao longo das diversas
etapas da produção, de forma não-centralizada. Ao longo das linhas de produção serão instalados
postos de controle de qualidade, com a instrumentação necessária para não somente verificar a
qualidade do produto em curso de elaboração como também para aferir os equipamentos, ferramentas
e dispositivos utilizados nas operações de fabricação.
c. As operações de controle que exijam maior precisão, os testes e ensaios visando o
aperfeiçoamento do produto e a aferição de padrões e calibres utilizados nos postos de controle
disseminados pela indústria serão realizados fora da área de produção, em local compatível com a
importância e o grau de precisão requerido nessas operações.
O laboratório e os postos de controle devem ser instalados em locais isentos de poeiras e
emanações de gases e vapores, livres de trepidação e com boa iluminação natural.
É muito amplo o conceito de laboratório industrial, podendo variar de uma sala dl dimensões
médias, em pequenas indústrias, a todo um conjunto de edificações, constituindo um centro de
pesquisas, nas grandes organizações industriais. Da mesma forma, a conceituação da área requerida por
essas instalações é muito variável. Como valores mínimo s poderemos considerar 20 a 30 m2 para um
pequeno laboratório para os testes de material mais comuns em indústrias mecânicas, incluindo seu
setor de metrologia. Nessa área não estão computados locais administrativos que permitam o
recebimento de clientes ou de fornecedores nem o local necessário para arquivos e para guarda de
amostras e de corpos de prova.
Laboratório s mais completos podem exigir equipamentos para radiografia industrial,
implicando na existência de uma câmara escura e de um laboratório para revelação dos filmes. Podem
também contar com outros recursos, como instalações para análise metalográfica, análise química e
ensaios mecânicos de maior complexidade (fadiga, impacto, pressão de ruptura etc.). Nesses casos a
área total requerida depender á fundamentalmente das características dos aparelhos instalados,
determinando-se essa área como se fora a de uma oficina de manutenção ou a de uma unidade de
produção (ver cálculo de áreas mínimas no item 3.12 do Cap. 3).
Os postos de inspeção ao longo das linhas de produção serão tratados, para efeito de
dimensionamento, como parte integrante dessas linhas e devem ter sua área calculada em função da
freqüência e do volume das partidas a serem inspecionadas.
O local para instalação dos laboratórios deve ser antes de tudo limpo. Os materiais para
revestimento de pisos não devem ser geradores de poeiras (o cimentado áspero não é recomendado) e
devem permitir fácil limpeza (fácil remoção de manchas de óleo, produtos químicos etc.).
Os laboratórios metrológicos devem ter umidade e temperatura controlada (normalmente 20°C)
e não devem estar sujeitos a vibrações (estrutura se necessário isolada das demais e piso apoiado sob
camada de material adequado — cortiça, por ex.).
Locais para inspeção dimensional em peça s executadas com certas ligas não-ferrosas podem
também requerer climatização, com temperatura controlada (fabricação de pistões em ligas de
alumínio, por ex.).
Certos laboratórios de alta precisão efetuando testes que possam ser afetados por campos
magnéticos podem exigir estrutura anti-magnética (estrutura de madeira, por ex.) não sendo aceitáveis
o concreto armado ou a estrutura de aço.
O laboratório dever á ser servido por fluidos industriais (ar comprimido, água fria, água quente)
e tomadas elétricas em 110 V e 220 V, com possibilidade de ligação trifásica.
A iluminação deve ser compatível com o projeto de climatização e o uso de fontes
monocromática s pode não ser aceitável em certos laboratórios.
A instalação de Raios X industrial deverá ser projetada de conformidade com as recomendações
do fornecedor do equipamento, o mesmo ocorrendo no caso de utilização de isótopos e outras
substâncias radioativas. Essas instalações estão sujeitas, via de regra, à aprovação e inspeção periódica
por parte de órgãos da Saúde Pública e do Ministério do Trabalho, razão da importância que deve ter,
para o projetista, o conhecimento prévio das restrições e exigências impostas por essas entidades na
aprovação das referidas instalações.
20. Oficina de manutenção. Sua localização depender á dos seguintes condicionantes principais:
a. Proximidade das unidades de maior concentração de equipamentos e das instalações sujeitas
a manutenção mais freqüente.
b. Proximidade relativa do almoxarifado, para suprimento de peça s de reposição.
c. Facilidade de acesso para veículo s e equipamentos móveis cuja manutenção seja feita na
própria oficina.
Atendendo a conveniências de ordem técnica e administrativa, os recursos de manutenção de
uma indústria são muitas vezes localizados próximo s a outras unidades de apoio, tais como central de
ar comprimido, central térmica etc. Obtém-se assim uma centralização de órgãos e de serviço s de
manutenção e operação da indústria, atividades que estão intimamente relacionadas com a
continuidade operacional das unidades de produção.
As oficinas de manutenção estão sujeitas geralmente a regimes especiais de funcionamento em
horários noturnos, durante os fins de semana e mesmo durante períodos de férias coletivas. É
conveniente, portanto, evitar a proximidade de áreas residenciais contíguas a indústrias.
Quando ocupando edificação própria, o que é recomendável, a oficina de manutenção deve
dispor de um galpão de características simples e funcionais, em tudo semelhante às área s de produção
da indústria.
Os sistemas de fluidos e de distribuição de força e luz devem prever conexões para ligação de
equipamentos em teste e para ligação de ferramentas portáteis. No caso de testes em motores elétricos
ou de combustão interna, devem ser previstos berços para fixação desses equipamentos ao piso ou a
bancadas especiais, por meio de ranhuras, chumbadores ou de outros dispositivos de fixação.
O piso da oficina deverá ser executado em concreto dimensionado para receber impactos e
resistir ao desgaste decorrente da circulação de veículos industriais, em operações de carga e descarga
de peças e equipamentos completos. Algumas áreas poderão receber pavimentação com tacos de
madeira, mormente aquelas junto às bancadas ou locais de desmontagem de equipamentos de
precisão.
O dimensionamento das áreas requeridas por uma oficina de manutenção dependerá
largamente dos recursos e dos equipamentos a serem instalados nessa oficina. A oficina de manutenção
é, por isso, um excelente campo para aplicação das técnicas de determinação das áreas mínimas e dos
métodos de estudo do arranjo físico apresentado no Cap. 3.
21. Porto. Algumas indústrias, dada sua localização, podem receber matérias-primas e expedir
sua produção através de um porto particular.
Os portos marítimos são menos comuns, sendo utilizados principalmente por usinas siderúrgicas
e instalações de transbordo de minérios, cereais etc.
Os portos fluviais, lacustres ou situados à margem de canais são mais comuns e requerem para
seu projeto e execução uma série de informações, entre as quais é mais importante conhecer:
a. A variabilidade do nível da água ao longo do ano e especialmente nas situações de cheias e
secas máximas.
b. As condições presentes e futuras de navegabilidade do corpo d'água e a existência eventual
de obstáculo s à navegação (naturais ou artificiais, permanentes ou não).
c. Levantamento topográfico e batimétrico, com plantas e perfis transversais, incluindo margens
e barrancas.
d. Tipo de material do fundo nas áreas de atracação e de evolução das embarcações, incluindo
resultados de sondagens nos locais onde se pretenda executar obras de fundações.
e. Dados relativos às embarcações que se utilizarão do porto, como calado, comprimento
máximo, boca etc.
f. Dados sobre os tipos de operação de carga e descarga, incluindo especificação dos
equipamentos, volumes e quantidades máxima s manuseadas por dia etc.
O projeto e a construção do porto envolvem conhecimentos especializados que transcendem às
técnicas utilizadas na implantação da indústria, razão pela qual ser á imprescindível o concurso de
consultores em obras portuárias. Maiores esclarecimentos sobre a elaboração e aprovação dos projetos
e a autorização para execução das obras deverão ser obtidos junto ao escritóri o regional do
Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis (DNPVN), em transformação para Portobrás, e
junto à Capitania dos Portos que exerça jurisdição sobre a área.
22. Posto de serviço. Indústrias que disponham de frotas próprias de veículos e que decidam
fazer, elas mesmas, a manutenção, a revisão e o abastecimento dessa frota devem contar, entre suas
unidades, com um posto de serviço dimensionado para suas necessidades no setor.
A localização desse posto dependerá, em grande parcela, da finalidade da frota e de suas
dimensões.
Uma frota de veículo s de entrega urbana com grande rotatividade nas operações de despacho
influirá diretamente no dimensionamento das plataformas de carregamento e das áreas de manobra
para veículo s que chegam e que partem. 0 posto de serviço deve ser inserido na seqüência dessas
operações, localizando-se os serviço s de atendimentos aos veículos ao longo do seu fluxo de entrada e
saída .
Apesar das vantagens aparentes, não é recomendável executar simultaneamente as operações
de carga ou descarga e o abastecimento, reparo ou lubrificação dos veículos. No caso de manipulação
de cargas inflamáveis (combustíveis, óleos, gases) essa prática é ademais vedada, por questões de
segurança.
Deve-se, por outro lado, prever seu afastamento do ambulatório, das unidades administrativas
e de outros locais que requeiram ar seco e livre de contaminação por gases e óleos.
Além da área de manobra, a ser dimensionada de acordo com os princípios que norteiam o
traçado das vias internas de circulação e dos pátios de estacionamento, o posto de serviço dever á
prever local abrigado para armazenagem de óleos lubrificantes e dos comboios de lubrificação utilizados
pela indústria, devendo ainda ter área suficiente para escritórios, para descarga de combustível e para
coleta e armazenagem de óleos usados.
Devem ainda ser previstas valas de inspeção conjugadas com as oficinas de manutenção da
indústria e, eventualmente, locais para armazenagem e troca de pneus e para carregamento de
baterias.
O posto de serviço deve ser construído com materiais incombustíveis, em estrutura leve, sem
comunicação direta com outras estruturas de classe inferior.
A armazenagem do combustível ser á feita preferivelmente em tanques enterrados, aplicando-
se as prescrições do Conselho Nacional de Petróleo no que tange às medidas de segurança relativas à
manipulação de derivados de petróleo (vide Resolução n° 8-71 do CNP), sendo também útil a consulta à
NB-190, que trata da instalação de tanques subterrâneo s para combustível.
O piso deve permitir fácil escoamento de águas e óleos, com a precaução de ser antiderrapante
nas áreas de maior caimento.
A área de atendimento do posto deverá ser dotada, em toda sua periferia, de canaletas de
drenagem ligadas ao sistema de esgoto ou de água s pluviais através de caixa separadora de óleo.
A iluminação pode ser assegurada por luminárias montadas em postes ou na fachada de
edificações próximas, tomando-se a precaução, no caso de postes, de localizá-los em pontos protegidos
contra abalroamentos dos veículos em manobra no local.
Os locais de descarga e armazenagem de combustível devem ser dotados de eficiente sistema
de aterramento, ao qual deverão estar conectados os carros-tanques durante a operação de
abastecimento do posto.
As instalações de armazenagem de combustíveis e lubrificantes são muitas vezes fornecidas em
consignação ou então financiadas pela concessionária distribuidora dos óleos e combustíveis , da í ser
conveniente a consulta prévia ao departamento técnico dessa concessionária, que estar á apto a suprir
a empreendedora com todos os detalhes necessários ao projeto desta unidade.
23. Reservatórios de água. Na localização dos reservatórios de água sempre procurar tirar
partido das elevações do terreno. Pode-se com isso obter a cota necessária para operação do sistema
por gravidade, com um investimento mínimo em obras estruturais e a eventual eliminação de bombas
de recalque.
Outro fator de peso na localização do reservatório é a solução adotada para o suprimento de
água. Sendo a captação feita fora dos limites da indústria, com o suprimento por uma linha adutora, ser
á vantajoso localizar o reservatório em função da direção de entrada dessa adutora nos limites do
terreno da indústria. Com isso se estar á reduzindo o comprimento total de tubulação, com as
vantagens decorrentes de menor perda de carga e de economia de material.
Um outro fator a considerar é a localização dos principais pontos de consumo de água na
indústria, seja para fins industriais, para consumo humano ou para combate a incêndio. As linhas de
distribuição serão tanto mais econômicas quanto mais se aproximar o reservatório desses pontos de
consumo.
Se a alimentação por gravidade não for possível, dever á ser construído um reservatório
subterrâneo que alimente, por bombeamento, um castelo de água ou que mantenha sob pressão as
linhas de distribuição através de bombeamento permanente.
A localização do reservatório subterrâneo será pautada pelas mesmas considerações acima
citadas para o reservatório elevado, acrescida de precauções relativas ao perigo de infiltração em
unidades vizinhas ao reservatório ou de sua contaminação por sistemas próximos de esgoto ou de
drenagem. Deve ser evitada a localização do reservatório subterrâneo na proximidade de vias de
tráfego pesado, devido aos riscos de trincas e de recalques em sua estrutura.
Além dos riscos de infiltração em unidades vizinhas, os reservatórios subterrâneos podem
prejudicar futuros planos de expansão dessas unidades e das vias de circulação interna da indústria,
razão pela qual sua localização dever á ser cuidadosamente analisada e conjugada, se possível, com a
criação de áreas verdes, que podem servir ao mesmo tempo para isolar as unidades de produção das
unidades administrativas e assistenciais.
O consumo diário de água pela indústria é o dado básico para o cálculo do volume a armazenar.
Deste consumo deve ser descontada, evidentemente, a água recirculada.
É comum adotar-se, como valor básico, uma reserva que atenda a um dia normal de operação.
Tudo dependerá, todavia, do controle que tenha a indústria sobre a fonte do suprimento (captação
própria e poços artesianos locais são mais confiáveis que o suprimento por adutora pública, atendendo
a outros consumidores).
O castelo de água dever á ter um volume que assegure a operação por algumas horas apenas e
mantenha ao mesmo tempo intocável uma reserva para combate a incêndios (para o volume dessa
reserva veja o Cap. 7 — Segurança na Indústria). A cota de fundo do reservatório elevado deve, pelo
menos, ser tal que assegure o funcionamento do sistema de hidrantes nas pressões exigidas pelos
órgãos de seguro.
A área ocupada pelo reservatório subterrâneo é função de sua profundidade, que não deve
exceder de dois a três metros no caso das bombas serem instaladas sobre o reservatório. É mais
recomendável, todavia, instalar a casa de bombas também em subsolo. Nesse caso as bombas
funcionarão afogadas e o conjunto "reservatório + casa de bombas" poder ter seu fundo em cota mais
baixa, ocupando assim menor área de terreno. Essa solução agrava, todavia, os problemas de vedação,
pelo aumento da pressão estática, e aumenta os eventuais riscos de inundação da casa de bombas.
A casa de bombas deverá ser amplamente ventilada no caso de se utilizarem bombas de
emergência e combate a incêndios com motor a combustão interna.
Os reservatórios de água, sejam eles elevados ou subterrâneos, são usualmente construídos em
concreto embora no caso de castelos de água a estrutura em chapa metálica seja também bastante
utilizada. Cuidado especial deve ser tido com a impermeabilização dos reservatórios de concreto e com
a proteção contra a corrosão dos reservatórios em chapa.
A fim de permitir sua limpeza periódica, os reservatórios devem ser dotados internamente de
septos que, dividindo o volume de água armazenado, permitem por meio de manobras de válvula s o
esvaziamento completo de uma célula sem interrupção do suprimento da indústria. Da mesma forma a
reserva de incêndio dever á ser sempre mantida no seu volume legal através de septos ou mediante a
instalação dos tubos de sucção para uso geral em cota superior à tomada de água para incêndio. Essa
diferença entre cotas mínimas de sucção para os dois sistemas assegura permanentemente a reserva de
incêndio.
24. Reservatórios de combustível. Ver depósitos inflamáveis (item 13)
25. Sala de controle. A conveniência ou a necessidade de se reunir em um único local os meios
de controle que atuam sobre determinada instalação conduz freqüentemente à criação das salas de
controle, cujas dimensões podem variar amplamente. A sala de controle pode ser apenas um pequeno
recinto para centralizar poucos instrumentos e para alojar o supervisor de uma instalação, como pode
ser uma edificação independente, com grande área, de onde se exerce controle absoluto sobre todo um
grande complexo industrial.
A localização da sala de controle no arranjo físico da indústria pode depender de vários fatores,
dentre os quais sobressaem:
a. O tipo da instalação sob controle. Em certos casos é importante conjugar o controle por
instrumentos com a supervisão visual das instalações como, por exemplo, em operações de carga e
descarga e nas manobras de veículo s e equipamentos móveis. Em tais casos é importante localizar a
sala de controle em ponto elevado ou que ofereça boa visão de todas as operações em curso.
b. Os métodos adotados para o controle. Sistemas automáticos e de controle remoto, acionados
eletricamente, podem estar mais afastados das instalações que controlam. Sistemas pneumáticos, por
seu turno, já não permitem grandes afastamentos dos locais que controlam, o mesmo se dando, em
maior escala, com sistemas acionados mecanicamente ou por meios hidráulicos.
A par dos condicionantes impostos pelo método de controle e pelas instalações em si, as
condições ambientais têm também grande influência na localização da sala de controle.
As salas de controle devem oferecer, antes de tudo, um ambiente adequado ao funcionamento
de instrumentos sensíveis e que estimule a concentração mental dos responsáveis pela supervisão da
sala. Ambientes úmido s e ruidosos não são adequados para a instalação de salas de controle.
Trepidações e impactos podem também desaconselhar a instalação das salas de controle em
determinadas área s da indústria. Alguns detalhes construtivos (isolamento acústico e térmico, vidros e
paredes duplas etc.) permitem contornar, em parte, as restrições decorrentes do meio ambiente,
especialmente quando se conjuga esses detalhes construtivos com a instalação de sistemas de
purificação ou de condicionamento de ar no interior da sala de controle.
A iluminação deve ser difusa, visando especialmente o conforto do operador na leitura de
instrumentos normalmente dispostos em painéis verticais ou em consoles inclinados. Os reflexos e o
ofuscamento provenientes de iluminação muito intensa devem ser evitados, assim como a incidência
direta dos raios solares (especialmente do poente) sobre os painéis e os instrumentos. 0 uso de quebra-
sói s e de vidros especiais (reflexivos ou do tipo esfumaçado) pode também contribuir para maior
conforto visual no interior das salas de controle.
O operador de uma sala de controle deve poder supervisionar de um ponto central da sala os
diversos painéis, consoles, quadros e avisos luminosos. Para melhor aproveitamento da área a
disposição dessas unidades poderá ser em semicírculo ou em U ao longo das paredes da sala
(mantendo-se geralmente um corredor de circulação junto às paredes, de forma a permitir a inspeção
das diversas unidades pela sua parte posterior).
A manutenção de cada unidade de controle deve ser possível sem a interrupção da supervisão
normal sobre as demais unidades da sala. O uso de pisos e de forros falsos para instalação da fiação e
das eventuais tubulações requeridas pelos sistemas pode facilitar grandemente esses serviços de
manutenção.
Os critérios de segurança contra fogo no projeto das salas de controle podem variar largamente,
em função da confiabilidade requerida dos sistemas controlados. Em casos extremos, a inundação do
ambiente com gás carbônico é a solução mais eficaz e a que menos prejudica os componentes e
sistemas da sala de controle.
26. Subestação. A localização da subestação em relação às demais unidades de uma indústria
deve atender, basicamente, a preceitos de segurança, à orientação das linhas de alimentação e à
localização dos pontos de consumo.
Em um bom projeto deve ser sempre possível, ademais, expandir-se a subestação, seja ela
abrigada ou instalada ao tempo.
O acesso de pessoal não-autorizado deve ser efetivamente controlado e a área onde se instala a
subestação deve ser livre de inundação, afastada de reservatórios de inflamáveis e, se possível, afastada
das vias principais de tráfego interno. Por exigência da prefeitura local (ou da concessionária ) pode ser
também necessário obedecer a recuos mínimos em relação às divisas do terreno.
As necessidades de acesso esporádico de carretas e outros veículos industriais para transporte
de transformadores e outros componentes da subestação justifica a previsão de uma via de circulação
secundária de bom traçado e pequena declividade, para atender à subestação.
Sendo o transporte da energia elétrica mais econômico nas tensões mais elevadas, é de todo
interesse que as distância s cobertas pelos cabos em baixa-tensão no interior da área da indústria sejam
as mais curtas. Em indústria s com grandes potências instaladas podem ser, por isso, previstos diversos
centros de carga ou subestações unitária s alimentadas pela subestação principal e dispostos sempre
em obediência ao princípio das menores distância s a serem vencidas em baixa-tensão. Cada centro
alimentar á uma determinada área de produção (solda, usinagem, fornos elétricos etc.) localizando-se,
de preferência, no centro de equilíbrio das respectivas cargas.
A localização final desses centros de carga dependerá, conseqüentemente, do arranjo físico das
oficinas e das unidades de produção.
Se a alimentação da subestação for feita diretamente por linha área em alta-tensão, no interior
da área da indústria deverão ser observadas as faixas de restrição com os afastamentos mínimos em
relação a prédios, vias de circulação, equipamentos etc., tal como determina a PNB-182. Nessas faixas s
ó podem estar situadas edificações e depósitos de materiais não inflamáveis até uma altura limite
estabelecida pela norma. Os depósitos de materiais inflamáveis não são permitidos nessa faixa.
Por questões de segurança não devem também ser localizadas nas proximidades da subestação
quaisquer unidades cujos equipamentos de carga e descarga (guindastes, teleféricos, pórticos etc.)
possam eventualmente atingir ou ser atingidos por condutores de alta-tensão. A mesma restrição se
aplica a certos locais de recreação (prática de certos esportes ao ar livre, por ex.).
Dependendo da disposição construtiva da subestação, e conforme sua capacidade, a área
requerida para sua instalação pode variar dentro de largos limites.
A disposição construtiva do tipo vertical ou compacto é a que requer menor área de terreno
para sua instalação, fazendo-se a montagem dos transformadores, barramentos e equipamentos de
manobra em vários planos.
Na disposição horizontal todos os equipamentos são montados a baixa altura, requerendo com
isso área bem maior que a solução vertical.
A disposição horizontal é a mais econômica do ponto de vista construtivo, sendo vantajosa
também pela maior facilidade de manutenção que oferece.
Além da casa de comando e da área reservada aos cubículos de entrada e de saída, nas grandes
subestações deverão ser previstos locais abrigados para instalação de baterias como fonte auxiliar de
tensão e, eventualmente, locais para instalação própria de ar comprimido.
As subestações abrigadas permitem um melhor aproveitamento da área do terreno, sendo
recomendáveis, apesar de seu custo de construção mais elevado, para indústrias que lutem com
carência de espaço para sua instalação. Deve-se levar ainda em consideração que o custo adicional da
construção será em parte compensado por um investimento menor em equipamentos, pois os
equipamentos para instalação ao tempo são em geral mais caros que aqueles para instalação em
subestações abrigadas.
Os centros de carga instalados junto aos equipamentos de maior consumo ou atendendo a
unidades específicas da indústria requerem em geral área reduzida, obedecendo a projetos compactos.
A fim de evitar interferência com o arranjo dos demais equipamentos, esses centros de carga
poderão ser localizados em subsolo (desde que se dê atenção à ventilação adequada) ou poder á ser
adotada a solução elevada, instalando-se os transformadores e os quadros de controle sobre uma
plataforma no centro do setor por eles alimentado, sem com isso roubar área útil de piso.
As estruturas nas subestações ao ar livre podem ser executadas:
a. em madeira. No caso de pequenas potências, em instalações provisórias ou em regiões
pioneiras com farta disponibilidade de boa madeira;
b. em concreto. Normalmente utilizam-se peças pré-moldadas, que permitem execução mais
rápida e dão melhor aparência que as estruturas moldadas no local;
c. em estruturas metálicas . Comumente do tipo treliça, executadas com peças galvanizadas, ou
então do tipo pórtico, executadas com perfis e chapas soldadas.
As subestações ao ar livre tornam-se mais vantajosas, economicamente, que as abrigadas, na
medida em que aumentem as tensões de serviço.
A área abrangida pelas subestações deve estar cercada a uma altura de pelo menos 2,50 m, e
deve estar protegida por um eficiente sistema de pára-raios e por uma malha de aterramento
dimensionada de acordo com as condições de resistividade do solo e com as tensões do sistema.
27. Torre de resfriamento. Além das imposições decorrentes do próprio sistema de
resfriamento de água, que indicarão onde melhor situar a tone em relação aos reservatórios e aos
pontos de consumo de água industrial arrefecida, ser á conveniente observar:
a. o local escolhido dever á ser tanto quanto possível livre de poluição do ar por agentes
corrosivos, fuligem, poeiras, vapores etc. Essa observação é especialmente importante para as indústria
s cujos processos de fabricação e cujas matérias-primas envolvidas sejam causadores de poluição
atmosférica . A direção dos ventos dominantes deve ser também um dos fatores a considerar;
b. nas grandes unidades de resfriamento é recomendável a previsão de fácil acesso de veículos
ao perímetro da unidade, para eventual remoção de partes de ventiladores, motores etc.;
c. o local de instalação da torre dever á ser livre de fortes correntes de ventos, objetivando-se
com isto evitar o arraste da água por essas correntes, em se tratando de resfriadores atmosféricos.
Respeitando-se as imposições técnicas acima enumeradas pode-se conjugá-las com as
conveniências do tratamento paisagístico local, adotando-se em certos casos, ao invés das torres
convencionais, as soluções com espelhos de água (piscinas) acrescidas, se necessário, de repuxos que
pulverizem a água aumentando a eficiência do resfriamento.
A água arrastada pelas correntes de ar, embora atingindo apenas uma pequena parcela do
volume de água circulado, pode, todavia prejudicar unidades vizinhas, tanto pela umidificação do
ambiente como pelo desconforto térmico. Recomenda-se, portanto, não instalar as torres nas
proximidades nem no rumo dos ventos dominantes que atingem instalações carentes de ambiente seco,
tais como escritórios, seções de desenho, tomadas para central de ar comprimido, almoxarifados de
materiais que temem a umidade etc.
As torres de resfriamento devem ser instaladas de preferência em locais arejados. Ao nível do
solo deverão dispor de área livre suficiente em toda a sua volta, que permita a tiragem e a renovação do
ar. As torres de médio e pequeno porte permitem, como solução alternativa, sua instalação sobre a
cobertura das edificações e sobre as próprias instalações cuja água recirculada deva ser refrigerada.
A evolução do projeto das torres de resfriamento tende para unidades cada vez mil compactas
(que requerem em contrapartida ventilação forçada mais eficiente e maior potência). As dimensões
básicas dessas unidades deverão ser obtidas junto aos fabricantes tradicionais.
Para fins industriais são normalmente utilizadas às torres de concreto, de cimento-amianto, de
madeira e, mais modernamente, de materiais plásticos.
A base sobre a qual se instalará a torre é normalmente construída em concreto, incorporando o
próprio tanque de recolhimento das águas resfriadas, que são a partir desse ponto recirculadas. Esse
tanque pode ser também executado em chapa de aço ou em poliéster, materiais mais leves que o
concreto é, portanto mais recomendados para as torres montadas sobre a cobertura de edificações.
As grandes torres de resfriamento, por seu turno, têm estrutura de concreto autoportante e
requerem, em geral, um projeto específico para cada caso de aplicação.
A Fig. 4.1 mostra o esquema de ligação para um sistema de resfriamento constituído de torre,
tanques, bombas e dispositivos de manobra e controle.
28. Unidades de produção. Entre os fatores que condicionam a localização das unidades de
produção, relacionando-as entre si e vinculando-as com as demais unidades de uma indústria, devem
ser considerados os que seguem:
a. A minimização dos custos de movimentação de materiais, estabelecendo-se um diagrama de
circulação curto e direto, evitando-se sempre que possível os retornos (vaivéns) de peças, de matérias-
primas e de produtos acabados.
b. As características dos processos empregados, principalmente se forem ruidosos, se causarem
vibrações intensas, se forem insalubres ou se constituírem fontes de poluentes do ar e das águas
servidas.
c. As necessidades de maior ou menor contato com as áreas administrativas, com fornecedores
e clientes e com os serviços auxiliares da indústria.
d. As dimensões requeridas para as edificações (pé direito, afastamento entre colunas,
necessidade de subsolo etc.) e as cargas sobre o piso e sobre as fundações.
e. As dimensões de peças e produtos acabados (ala de montagem de grandes transformadores
situados próximos à área de embarque e à saída da indústria, por ex.).
f. As necessidades em iluminação natural, exaustão de gases e fumaças e orientação quanto à
direção dos ventos dominantes. Devido ao risco de propagação de
incêndios, recomenda-se orientar as edificações que contenham materiais sujeitos à fácil combustão de
forma tal que o eixo mais longo seja perpendicular à direção dos ventos dominantes, reduzindo-se
assim as probabilidades de propagação do fogo por todo o prédio.
g. As necessidades de transporte ferroviário direto, colocando a unidade na dependência do
traçado da via férrea.
h. As necessidades de escoamento da produção por via rodoviária , colocando as unidades de
ensacamento, silos ou tanques de armazenagem próximo s ao acesso rodoviário.
A localização das unidades de produção deve obedecer ao princípio clássico dos movimentos
mínimo s do material, do homem e do equipamento, fatores esses que terão importância relativa
variável, conforme o tipo de indústria.
Nas refinarias de petróleo, cervejarias e fábrica s de cimento, por exemplo, move-se o material
ficando estático s o operador e os equipamentos; certas linhas de solda automática mantêm estáticos o
operador e o material, movendo-se apenas a máquina; nas operações de acabamento de aeronaves e
navios movimenta-se normalmente o operador com a máquina, permanecendo estático o produto.
Outros tipos de combinações entre os três fatores podem ainda ocorrer, exigindo, em cada caso, um
estudo da melhor disposição das unidades de produção entre si e justificando, portanto, a análise
cuidadosa das vária s alternativas possíveis.
Unidades que geram vapores, odores, gases de combustão, fuligem e outros poluentes
atmosférico s devem ser localizadas de forma a não prejudicarem outras unidades ou área s habitadas.
O mesmo procedimento deve ser adotado na localização de unidades que ofereça m elevado risco de
incêndio em relação às demais.
Forjarias, instalações de britagem, prensarias e outras unidades causadoras de impactos
transmitidos ao solo devem ser afastadas daquelas unidades que exijam silêncio e não admitam
vibrações (laboratórios , usinagem de precisão etc.).
Unidades de tratamento térmico, lavagem química e decapagem, pintura a pistola,
galvanoplastia e outras instalações cujas emanações de vapores e gases as enquadrem como locais
insalubres deverão ser isoladas das demais unidades de produção e principalmente das unidades
administrativas e assistenciais. Precauções ainda maiores deverão ser tidas com equipamentos de
jateamento com areia ou grenalha, pela abrasão que possam causar em outros equipamentos ou em
instalações vizinhas.
Instalações de testes de motores e de ensaios de turbinas e outros equipamentos geradores de
altos níveis de ruído deverão receber tratamento acústico especial, além de requererem localização
isolada das áreas administrativas e assistenciais da indústria.
Unidades que processem produtos inflamáveis, corrosivos, explosivos e radioativos devem ter
localização condizente com o grau de periculosidade dos materiais manipulados, indo-se até o caso
extremo da fabricação de explosivos, que requer subunidades de pequenas dimensões, muito afastadas
umas das outras para evitar a eventual propagação em cadeia de um sinistro.
A definição da área necessária à implantação de uma unidade de produção é função,
primordialmente, dos equipamentos e das instalações que compõem essa unidade, além das exigências
próprias do processo produtivo.
O conceito de área mínima, visto anteriormente, incluindo a área efetivamente ocupada pelo
equipamento, a sua área de gravitação e a área de evolução atendendo ao conjunto de equipamentos e
postos de trabalho de uma unidade, permitir á ao projetista estabelecer os requisitos mínimos em áreas
para cada unidade de produção.
Não devem ser omitidas, nesse cálculo, as área s requeridas para circulação de veículos
industriais (empilhadeiras, por ex.) e para estocagem de peça s e de produtos em elaboração, áreas
essas que podem exceder em muito às área s efetivamente ocupadas pelos próprio s equipamentos.
A área de um compartimento de trabalho não deve, além do mais, ser inferior aos valores
mínimos legais. Pelo código de edificações da cidade de S. Paulo (Lei n? 8266 de 20/06/75, Artigo 372)
esse mínimo é de 120 m².
Também de grande importância no dimensionamento da área a ser ocupada pela unidade de
produção é a facilidade de manutenção, exigindo muitas vezes áreas livres no arranjo físico que
permitam a remoção de feixes de tubos e de eixos de máquinas, a substituição de cabos elétrico s e a
desmontagem, enfim, de cada equipamento.
A altura livre (pé direito) em um galpão que abrigue uma unidade de produção industrial é
função do homem, do processo adotado e dos equipamentos instalados ou cuja instalação no futuro
deva ser prevista.
Como regra básica e de simples aplicação pode-se considerar que a altura livre nesses casos
deve ser:
— no mínimo de 3 m;
— nunca menor que o dobro da altura da maior máquina operatriz;
— no caso de instalações para fabricação de itens de grande porte deve-se adotar:
h  1,75 A,
onde A é a altura do maior item produzido, na posição mais desfavorável em que deva ser transportado
ou trabalhado.
Consideração especial merecem as instalações suspensas, consistindo de transportadores,
duetos de ventilação etc., para que não interfiram com a liberdade de movimento desses itens de
grande porte e com a eventual desmontagem e transporte de partes de equipamentos.
No caso de unidades que requeiram instalações em subsolo em parte de sua área construída,
pode-se tirar partido da declividade natural do terreno, localizando-se esse subsolo nas zonas de menor
cota natural.
As construções para abrigo de unidades de produção devem satisfazer a alguns requisitos
básicos, que procuramos a seguir conceituar.
a. Atendimento às imposições do processo. Sendo sua finalidade básica produzir dentro de
padrões definidos de custo e de qualidade, as unidades de produção de uma indústria devem ser
projetadas com vistas ao máximo rendimento no processo produtivo.
A construção dessas unidades deve satisfazer primordialmente a exigências de boa iluminação,
eliminação de gases e vapores nocivos, insonorização nos locais de alto nível de ruído e uma série de
outros requisitos específicos a cada tipo de atividade desempenhada no local.
O uso de pisos resistentes à corrosão nas indústrias químicas, o uso de ambientes com
temperatura e unidade controladas em indústria s mecânica s de precisão, o emprego de estruturas de
madeira em ambientes altamente corrosivos, a instalação de portas corta-fogo e a supressão de
materiais inflamáveis na construção de unidades onde seja elevado o risco de incêndio são apenas
alguns desses requisitos impostos pelo processo e que requerem do projetista um amplo conhecimento
da tecnologia dos materiais de construção.
É sempre recomendável, entretanto, no caso de unidades de produção que envolvam processos
ou equipamentos pouco usuais, recorrer-se aos detentores da patente ou à empresa que faz a cessão
do know-how, a fim de se determinar, de antemão, todas as limitações impostas por esses processos ou
equipamentos ao projeto do local onde vão ser os mesmos utilizados ou instalados.
b. Aproveitamento racional da área construída. Os elevados custos de uma construção industrial
e a necessidade de minimizar os tempos e percursos gastos na movimentação de homens, máquinas e
materiais durante o processo de produção conduzem o projetista a dimensionar com parcimônia as
áreas construídas para abrigar unidades industriais. É importante, contudo, que essa parcimônia não
conduza ao problema oposto, dificultando a própria operação da unidade devido a corredores de
circulação estreitos, afastamento insuficiente entre as máquina s ou postos de trabalho, pés direitos
insuficientes à movimentação de cargas e galerias de serviço com dimensões acanhadas, dificultando o
acesso das equipes de manutenção.
É importante também que na definição do arranjo físico da unidade sejam previstas área s de
circulação permitindo o cruzamento de veículo s e de operadores sem os inconvenientes dos tempos de
espera que podem ser ocasionados por um dimensionamento insuficiente dessas áreas. O
aproveitamento de área s em subsolo é uma boa solução para as unidades cuja produção implique em
eliminação permanente de aparas I detritos, localizando-se no subsolo os sistemas de remoção desses
materiais.
Os centros de carga poderão, por sua vez, ser instalados em plataformas elevadas, com
vantagens para a segurança e a ventilação de quadros e transformadores, permitindo assim o
aproveitamento integral da área do piso.
No caso de unidades para produção seriada, com grande número de componentes convergindo
para as linhas de montagem, os sistemas elevados de transporte por correias ou correntes, suportados
pela estrutura do prédio, poderão ser utilizados como área adicional para armazenagem, liberando área
do piso equivalente à das peças que circulam suspensas até atingirem o ponto da linha de montagem
onde serão utilizadas.
Galerias de serviço, em subsolo ou elevadas, permitem também liberar área ponderável do piso,
simplificando sua execução com a supressão de canaletas para acesso de cabos e de tubulações aos
equipamentos e aos postos de trabalho. Facilita-se, assim, a manutenção, que se fará, na maior parte
dos casos, sem necessidade de interrupção da produção e do tráfego interno.
Os escritórios para a chefia da unidade, alguns laboratórios, os serviços de planejamento e
controle, a supervisão de pessoal, os arquivos de desenhos etc., vinculados a cada unidade de produção,
poderão também ser instalados em mezaninos construído s sobre as área s de produção que admitam p
é direito relativamente baixo. Nesses casos deve-se ainda procurar conciliar a localização do mezanino
com as seções de produção causadoras de menor ruído, trepidação e emanações de gases e vapores.
Uma outra alternativa compatível com essa solução ser á empregar a área de piso sob o mezanino para
instalação de depósito s de ferramentas, pequenos almoxarifados e instalações sanitárias , locais esses
que exigem pequeno p é direito (menos de 3 m) e atendem satisfatoriamente às condições acima
expostas.
c. Baixos custos de manutenção e de conservação. Todos os detalhes da construção, bem como
a escolha dos materiais a empregar nas unidades de produção devem satisfazer a esse requisito.
Caixilhos, aberturas para ventilação, luminárias, calhas, rufos etc. devem ser projetados de
forma a minimizar o acúmulo de poeira e de detritos de difícil remoção.
Os sistemas expostos de tubulações e de eletrodutos devem ser facilmente inspecionáveis. A
troca de lâmpada s deve ser possível sem a necessidade de montagem de andaimes, utilizando-se, para
atingi-las, passarelas ou, caso existam, as próprias pontes rolantes.
O piso deve permitir limpeza fácil e os eventuais reparos em sua superfície devem ser possíveis
com o mínimo de interrupção no tráfego local. O emprego de pisos constituídos por plaquetas, blocos
ou unidades moduladas de fácil substituição acelera e simplifica os trabalhos de manutenção, reduzindo
seus custos substancialmente.
As superfícies de tapamento lateral devem ser laváveis e se possível devem dispensar pintura
freqüente.
O uso de painéis pré-moldados de concreto ou de telhas de fibrocimento ou de alumínio nesses
tapamentos laterais garante sua longa duração sob intempéries além de facilitar a eventual substituição
de elementos danificados.
Visando ainda o baixo custo de conservação nos locais de produção é importante que as linhas
arquitetônicas das edificações sejam singelas, livres de reentrâncias e ângulos desnecessários,
permitindo sempre que possível o uso de sistemas mecanizados de limpeza, não só dos pisos como
também das fachadas, vidraças e lanternins.
d. Elevado padrão de segurança. Sendo unidades que não devem ter sua atividade sustada, sob
pena de vultosos prejuízos para a empresa, as unidades de produção devem contar com um elevado
padrão de segurança na sua operação.
Os riscos de incêndio, explosão e acidentes de trabalho e também os inconvenientes de furtos
de material e de segredos de fabricação devem ser levados em consideração já na fase de projeto.
O uso de materiais incombustíveis ou retardantes da ação do fogo deve ser observado em
consonância com as vantagens decorrentes do pagamento de um prêmio mais baixo no seguro da
instalação (vide Cap. 7).
Os pisos, além de incombustíveis, devem ter características antiderrapantes, reduzindo-se com
isso o risco de acidentes pessoais e o perigo de derrapagens dos veículos de circulação interna
(empilhadeiras, principalmente).
No caso de instalações que manipulem explosivos e produtos altamente inflamáveis o piso
dever á impedir a formação de centelhas e os equipamentos deverão ser convenientemente aterrados
eletricamente para se evitar a formação de cargas estáticas.
As portas internas e externas que devam permanecer fechadas por imposição do processo (em
locais aquecidos, refrigerados ou de elevado nível de ruído) deverão permitir a visão em ambos os lados
do ambiente por elas dividido, evitando-se assim o choque de veículos ou de operadores que as
atravessem em sentidos contrários. (É muito comum utilizar-se o próprio veículo de transporte interno,
empilhadeiras inclusive, para empurrar a porta, abrindo-a.)
A localização de extintores, macas e outros equipamentos de uso em caso de emergência
devem ser sinalizados com as cores normalizadas e seus acessos devem estar permanentemente livres.
O uso de grandes superfícies envidraçadas deve ser evitado, a menos que se trate de vidro
armado (telado) ou que sejam previstas proteções efetivas para a eventualidade de quebra desses
vidros e de sua queda sobre os operadores. As chapas translúcidas de material plástico substituem, com
sucesso, o vidro nesses casos, sem os riscos de quebra.
Unidades de produção projetadas e construída s dentro de estritos princípios de proteção e
segurança constituem, ademais, um reflexo da mentalidade imperante na direção da empresa. O zelo
pela integridade física dos seus empregados representa assim um importante papel na formação de
uma imagem positiva da empresa, propiciando um relacionamento favorável entre empregados e
patrões.

4.3. UNIDADES ADMINISTRATIVAS E SOCIAIS


1. Ambulatório e postos de socorro de acidentados. Em obediência ao Artigo nº 168 da
Consolidação das Leis do Trabalho, todos os estabelecimentos industriais devem estar equipados com
material médico necessário à prestação de socorros de urgência. Tendo mais de cem empregados, a
indústria dever á contar com ambulatório próprio.
Tal como os demais serviços relacionados com a higiene e o conforto do pessoal empregado, o
ambulatório deve estar situado sempre que possível em local tranqüilo, livre das vias de grande tráfego
interno, gozando todavia de acesso fácil a partir de qualquer ponto dentro dos limites da instalação.
O ambulatório deve ser também facilmente acessível do exterior da instalação, através da
portaria, seja para atendimento de funcionários licenciados (sem que estes necessitem penetrar nas
áreas de produção), seja para o acesso de ambulância s e de socorro externo. A fim de proporcionar um
socorro médico imediato nas diversas áreas de trabalho, deverão ser previstos, além do ambulatório,
postos de socorro, com macas, lavadores oculares, chuveiros de emergência etc. nos pontos de maior
expectativa de acidentes (ver Cap. 7).
O ambulatório dever á estar isolado de unidades e instalações emissoras de odores, fumaças,
vapores e gases nocivos. Seu afastamento de fundições, centrais térmicas, unidades de galvanoplastia,
instalações de jateamento de areia etc. dever á ser assegurado seja pela distancia física, seja pela
interposição de área s verdes arborizadas.
Pode-se afirmar que a interferência de um ambulatório sobre as demais unidades de uma
indústria ocorre principalmente no plano psicológico, pela influência negativa que possa ter, sobre
outros funcionários, a remoção de um colega ferido e o impacto causado por gritos e gemidos de
acidentados sobre os funcionários, que trabalham nas seções vizinhas.
O dimensionamento de um ambulatório dever á ser feito após estar claramente definido o tipo
de atendimento e o grau de assistência que o mesmo prestará ao pessoal da indústria, definindo-se
ainda se familiares e dependentes de funcionários também serão ali atendidos. Basicamente os serviços
de atendimento poderão variar desde os simples curativos, em indústrias leves com baixo índice de
acidentes, até ambulatório s que disponham de salas de emergência para atendimento de casos de
cirurgia nas indústrias de maior periculosidade ou situadas em localidades onde pequenos sejam os
recursos médicos.
De acordo com as recomendações do comitê misto OIT/OMS, devem ser observadas s seguintes
metragens mínimas:
— indústrias com 100 a 300 empregados: 35 m2;
— indústrias com 301 a 500 empregados: 60 m2;
— indústrias com mais de 500 empregados: 250 m2.
Pelo código de edificações da cidade de S. Paulo (Lei 8 266 de 20.6.75), indústrias com área total
de construção superior a 500 m2 devem possuir ambulatório com área não inferior a 16 m2.
Os ambulatórios mais simples são constituídos de uma sala dotada de lavabo, WC e outras
facilidades tais como água quente, pequeno esterilizador e local para repouso.
Nos ambulatórios mais completos, situados em edificações próprias e se possível isoladas das
demais edificações da indústria, deverão ser consideradas também:
— salas de Consulta, em número de duas ou três, dotadas de WC (9 a 12 m2 cada sala);
— sala de pequena cirurgia, com saleta de esterilização (20 a 25 m2);
— aparelhagem de Raios X incluindo câmara escura (10 a 12 m2 no total);
— consultório odontológico (10 a 12 m2).
Além desses locais, deverão ser previstas as necessárias salas de espera, sala de recuperação,
sala para coleta de material para exame, uma sala para serviços administrativos e uma pequena copa.
Na definição do arranjo desses vários setores, deve ser também previsto o acesso de
ambulâncias através de uma entrada independente da sala de espera, a fim de não traumatizar, pela
passagem de acidentados, os funcionários que aguardam atendimento de rotina.
A distribuição de postos de socorro de emergência dependerá, por sua vez, do grau de
periculosidade de cada unidade da indústria, e do número de empregados ali trabalhando.
Como norma básica, devem ser distribuídas, em locais convenientes da indústria, macas
visivelmente dispostas em áreas de fácil acesso. A cor normalizada para sinalização desses locais é o
verde.
Nas indústrias que trabalham com ácidos e produtos químicos corrosivos devem ser previstos,
nas seções cujos empregados estejam sujeitos ao risco de contato com esses produtos, lavadores de
olhos, com água corrente em abundância, e chuveiros de emergência, em cabinas convenientemente
dispostas nas áreas mais perigosas.
O prédio do ambulatório deverá possuir boa iluminação natural e ampla ventilação. O uso de
ventilação forçada ou de condicionamento de ar é recomendado quando as condições ambientes não
forem satisfatórias. A ventilação forçada com filtragem e sobre pressão (pressão no interior das salas
ligeiramente superior à pressão externa) é recomendada para locais de atmosfera poluída por poeira,
vapores etc., evitando-se com a sobre pressão a contaminação de fora para dentro.
O material do piso deve ser lavável, sendo recomendado o uso de produtos plásticos com boas
características de insonorização.
As paredes devem ser laváveis e assegurar a absorção dos ruídos externos, não permitindo que
o nível de ruído no interior do ambulatório se eleve acima do recomendado pela norma NB-95 da ABNT.
Nas paredes que isolam o local de instalação da aparelhagem de Raios X deve ser adotada a
forração com lâmina de chumbo. A norma ABNT NB-32 orienta sobre a proteção necessária em
instalações radiológicas. Escadas, degraus e desníveis devem ser evitados no interior do ambulatório ,
visando a fácil circulação de macas e de aparelhos sobre rodas. O mesmo cuidado deve ser tido nas
entradas do ambulatório, especialmente no acesso à ambulância. A instalação elétrica deve permitir a
ligação da variada aparelhagem médica, obedecendo a suas especificações. No consultório odontológico
deve ser prevista a instalação de pequeno compressor de ar. Dependendo da extensão do ambulatório,
pode ser também prevista uma instalação centralizada de oxigênio e de gases anestésicos.
2. Armazém reembolsável. Muitas indústria s de grande porte incluem nas facilidades que
oferecem a seus empregados a instalação de uma armazém reembolsável, através do qual se faz a
aquisição, a preço s de custo, de gêneros e artigos de consumo para o funcionário e sua família. Nesse
local podem ainda ser comercializados itens da produção da própria indústria, quando aplicáveis ao
consumo direto de seu pessoal. A localização dessa unidade não deve interferir de forma alguma com as
unidades de produção. O acesso ao reembolsável deve ser independente dos demais acessos da
indústria, tanto por questão de segurança industrial como para permitir o controle contábil e tributário,
independente do restante da indústria. Como solução mais recomendada, o reembolsável deve ser
instalado em edificação inteiramente distinta das demais edificações da indústria, muitas vezes fora da
própria área da empresa, em imóvel que pode estar localizado no núcleo habitacional ou no centro
urbano mais próximo.
Sendo um local de armazenamento de gêneros e de produtos diversos, muitos dos quais
inflamáveis, é recomendável dotara unidade de amplos recursos de combate a fogo. No caso de venda
de combustíveis (gasolina, querosene etc.) esses produtos devem ser estocados de acordo com os
regulamentos de segurança que regem a matéria. (Vide Depósito de Inflamáveis, no item 4.2 deste
capítulo.)
O reembolsável interfere negativamente sobre unidades administrativas e sobre algumas
unidades industriais. A proximidade de familiares pode perturbar a atuação normal dos funcionários da
indústria.
Os problemas de estacionamento de veículos dos compradores e dos fornecedores pode ser um
ponto crucial no sistema de circulação da indústria e de suas vias de acesso.
É extremamente difícil caracterizar, em poucas linhas, o dimensionamento dessa unidade, que
pode variar de algumas dezenas de metros quadrados até um completo supermercado, no caso de
indústria de grande porte.
Além das áreas de exposição dos artigos, em prateleiras ou estrados, com corredores de largura
mínima igual a 2 metros, deverão ser eventualmente previstos:
- câmaras frigoríficas;
- escritórios para administração, contabilidade e guarda de valores;
- sanitários e vestiários para os funcionários do reembolsável;
- lixeira e eventualmente incinerador;
- plataforma para carga e descarga de caminhões, independente do acesso dos compradores.
Uma boa iluminação natural, amplo arejamento e ausência de colunas intermediárias são
algumas das características básicas para a estrutura de reembolsável. O piso deve ser resistente ao
desgaste causado pela circulação de rodízios metálicos e pelo ventual arraste de caixas, caixotes e
tonéis.
Os degraus devem ser sempre que possível substituídos por rampas, condição essencial no caso
de se utilizar o auto-serviço com carrinhos individuais.
3. Arquivos. Ver escritórios (item 16).
4. Auditório. A localização mais correta de um auditório ou, como é mais freqüente, de uma sala
de conferências em uma indústria, dependerá da finalidade principal a que esse local se destine.
Se para fins de treinamento do pessoal da própria indústria, o auditório dever á ser localizado
junto ao complexo formado pela escola profissional, pelos laboratórios de pesquisa e por outros locais
de assistência profissional e cultural ao funcionário, tais como biblioteca, salas de recreação etc.
Se a finalidade do auditório ou da sala de conferências for a de reunir clientes, representantes
comerciais, grupos de visitantes, em suma, pessoas não-vinculadas diretamente à produção e à
operação da indústria, a localização mais recomendada ser á junto aos órgãos de administração central,
notadamente próximo às seções de compras e de vendas, ao serviço de assistência técnica e ao órgão
de relações públicas. O local deve ter acesso direto da portaria, evitando-se a circulação pelas áreas
industriais de elementos estranhos à indústria. Neste caso o auditório poder á fazer parte integrante do
edifício da administração, com as devidas cautelas para que sua área não seja em curto prazo
aproveitada para instalação de outros órgãos administrativos que tenham sido modestamente
dimensionados. Uma solução prática para evitar esse risco é dotar o auditório, desde o início, de piso
inclinado e de assentos fixos ao solo, distribuídos em fileiras.
Não é recomendável situar o auditório ou a sala de conferências próximo a unidades industriais
causadoras de trepidações (forjarias, prensarias), ruído s excessivos gases, vapores e odores.
Por ser um local sujeito à grande densidade de ocupação em seus momentos de utilização, o
auditório deve ter seus acessos, corredores e escadas dimensionados de forma a permitir o rápido
escoamento dos presentes.
O risco de incêndio pode ser elevado devido ao uso de cortinas, tapetes e materiais de fácil
combustão.
As principais interferências causadas por um auditório ou, em menor escala, uma sala de
conferências sobre outras unidades da indústria, são:
— fluxo intenso e momentâneo de pessoal, interferindo com unidades próximas que requeiram
grande concentração de seus operadores (centro de processamento de dados, laboratórios etc.);
— nível de ruído elevado, causado por debates e por técnica s audiovisuais utilizadas nas
reuniões, prejudicando unidades vizinhas que requeiram silêncio (ambulatório, serviços administrativos
etc.).
No dimensionamento do auditório deve-se considerar no cálculo da área total pelo menos 1 m2
por pessoa assentada. Pessoas de pé ocuparão no mínimo 0,5 m2, não sendo recomendável, por motivo
de conforto e de segurança, que o número de participantes de pé ultrapasse o número de participantes
assentados.
Instalações sanitárias, copa e eventualmente balcão para serviço de café devem ser
considerados no projeto de auditórios ou grandes salas de conferências destinadas a reunir clientes,
representantes comerciais e grupos de não-empregados da indústria.
Deve-se prever também, nos grandes auditórios, cabinas para projeção de diapositivos e de
filmes, além de locais adequados para guarda de material de limpeza, arquivos de película s e guarda de
equipamento de som.
No caso de ambientes dotados de ar condicionado, deve ser previsto espaço para as unidades
de condicionamento se o sistema servir apenas ao auditório, como edificação independente.
No projeto do auditório ou da sala de conferências devem ser perseguidos os objetivos a seguir.
a. Controle dos ruídos externos e de vibrações de unidades vizinhas e solução dos fenômenos de
eco e reverberação causados por ruído s internos no auditório. Os pisos, tetos e paredes deverão
receber o revestimento mais adequado à consecução desses objetivos.
b. Conforto visual em todos os pontos do auditório, mediante projeto de iluminação adequado
ao ambiente e através da disposição racional dos assentos, das telas para projeção e da tribuna para o
conferencista. No caso de sala de conferências, a forma e a disposição da mesa de reuniões assumirá a
maior importância.
c. A iluminação natural é fator secundário, devendo todavia ser evitada a incidência direta de
raios solares, mormente no período da tarde.
d. Deve ser assegurada uma ventilação efetiva do local. No caso de ventilação forçada, a solução
estrutural e o tratamento acústico devem levar em consideração a presença dos duetos de insuflação e
exaustão e dos pontos de tomada de ar.
Um bom projeto de auditório executado para clima quente deverá sempre permitir, no futuro,
com o mínimo de modificações, a instalação de um sistema de condicionamento de ar, mesmo que este
sistema não esteja em cogitação a curto ou médio prazo.
5. Banheiros. Ver vestiários (item 29).
6. Biblioteca. Ver escritórios (item 16).
7. Cantina. Ver refeitório (item 22).
8. Centro esportivo. Indústrias de grande porte e também indústrias implantadas pioneiramente
em localidades desprovidas de uma infra-estrutura recreativa podem reservar uma área em suas
instalações para a prática de esportes por seus funcionários e, eventualmente, também por seus
familiares. A localização dessa área no complexo industrial deve obedecer aos seguintes princípios
básicos :
a. Afastamento das vias de circulação industrial.
b. Não-interferência com a operação de quaisquer unidades industriais cujos horário s de
funcionamento sejam coincidentes com a prática esportiva.
A localização mais adequada para o centro esportivo, seja ele constituído de campos ao ar livre
ou de ginásios cobertos, será junto aos prédios assistenciais. Outra solução seria o uso das área s
destinadas a futuras expansões da indústria , cujos prazos previstos, por serem longos, justifiquem o
investimento em terraplenagem e as construções necessárias à prática dos esportes (vestiários,
sanitários , galpão coberto em estrutura de preferência desmontável etc.).
O acesso ao local a partir da portaria da indústria deve ser possível sem que sejam cruzadas área
s de produção, mormente aquelas unidades que possam oferecer riscos de acidentes.
Face aos costumes regionais, que fazem variar as atividades desportivas prediletas de região
para região, recomenda-se a pré-seleção dos esportes a serem praticados, dimensionando-se a seguir,
de acordo com suas regras específicas, os locais para sua prática. De qualquer forma, deve-se assegurar
junto a esses locais, instalações sanitárias, vestiários, chuveiros e, eventualmente duchas, além de local
para guarda de artigos desportivos.
Sendo locais sujeitos à grande aglomeração de pessoal, seus acessos e saídas devem ser amplos
e as estruturas de apoio (arquibancadas, rampas etc.) devem ser cuidadosamente dimensionadas para
presença de multidão.
Cuidado especial merece a sinalização de saídas de emergência, quando se tratar de recintos
fechados.
Os pisos devem ser antiderrapantes e as portas de acesso aos recintos fechados devem ser do
tipo vaivém, ou pelo menos deverão abrir no sentido da evacuação do local.
9. Centro de treinamento. Algumas atividades de treinamento para pessoal de operação e
aprendizes podem ser desenvolvidas fora da área de produção (o que é sempre desejável). É
recomendável nesse caso a criação de um centro de treinamento como unidade integrada, reunindo
salas de aula, oficinas de aprendizado, eventualmente um local para exibição de peça s e mecanismos
fabricados pelos alunos etc.
Condicionam a localização desse centro:
a. Proximidade das demais unidades assistenciais da indústria, mormente refeitório e setores
administrativos.
b. Local sempre que possível fora da influência de vias internas de tráfego pesado, permitindo o
acesso direto de aprendizes e instrutores sem que tenham que atravessar essas vias e as unidades de
produção.
c. Proteção do efeito nocivo de poluentes atmosféricos e afastamento relativo dos focos de
odores e de ruídos intensos.
Tratando-se de local que pode congregar menores ou pessoas não diretamente empregadas
pela empresa, é importante definir os riscos a que estejam sujeitos os freqüentadores do centro de
treinamento, com vistas principalmente ao seguro contra acidentes aplicável às demais unidades da
indústria.
O centro de treinamento pode interferir negativamente em algumas unidades administrativas
que requeiram tranqüilidade para sua operação, uma vez que os horários de entrada e saída de
aprendizes e funcionário s designados para cursos no centro nem sempre coincidem com os horários
das demais unidades vizinhas, gerando eventual mente a circulação ruidosa de grupos de pessoas por
corredores e outras áreas de circulação.
No caso de salas de aula, deve ser assegurada uma área mínima de 1,5 m2 por participante.
As oficinas, laboratório s e outros locais de ensino prático deverão, sempre que possível, adotar
índices básicos de dimensionamento idênticos aos das unidades reais de produção.
A necessidade de salas para professores, sala para leitura, câmara escura, arquivo, laboratórios
diversos etc. dever á ser analisada em cada caso específico.
O centro de treinamento dever á ter suas próprias instalações sanitárias e caso não se localize
na mesma edificação que outros serviços administrativos dever á contar com pequena copa e com local
para guarda de material de limpeza.
Além dos locais acima previstos é importante ter em conta que, de acordo com a legislação
trabalhista em vigor, os estabelecimentos industriais situados em localidade onde a escola primária
esteja a mais de 2 km de distância e que ocupem permanentemente mais de trinta menores analfabetos
entre 14 e 18 anos são obrigados a manter local apropriado para lhes ministrar instrução primária.
As salas de aula deverão ser amplamente ventiladas e sempre que possível com iluminação
natural, protegidas contra a incidência direta dos raios solares.
O pé direito mínimo deve ser de 3 m e as salas de aula terão cores claras e pisos de madeira,
borracha ou materiais sintéticos.
Escadas e corredores deverão ser amplamente dimensionados, evitando-se sempre que possível
lançar o fluxo de aprendizes em corredores e escadas que sirvam outras áreas administrativas da
indústria.
10. Computador. Ver escritórios (item 16).
11. Cooperativa de consumo. Ver armazém reembolsável (item 2).
12. Cozinha. Ver refeitório (item 22).
13. Creche. Estabelecimentos onde trabalhem pelo menos trinta mulheres com mais de 16 anos
de idade devem prover local apropriado para guarda, sob vigilância e assistência, de seus filhos em
período de amamentação. Essa exigência poder á ser dispensada se a empresa estabelecer convênio
com entidade que mantenha creche distrital que satisfaça às exigências do DNSHT (Portaria n? 1 de
15.01.69).
A localização da creche dentro dos limites da indústria deve obedecer aos requisitos de silêncio,
atmosfera livre de agentes nocivos i respiração e relativo afastamento das vias de circulação intensa.
De acordo com a Portaria do DNSHT acima citada e que rege a instalação de creches, deve ser
assegurada a área mínima de 3 m2 por criança , obedecendo o número de leitos à proporção de um
para cada trinta funcionária s com idade entre 16 e 40 anos.
O afastamento mínimo entre os berços e dos berços às paredes do local deve ser de 0,50 m.
Além do local para instalação dos berços deve ser prevista uma saleta para amamentação, uma
cozinha dietética para o preparo de mamadeiras ou de suplementos dietéticos para as crianças ou para
as mães, além de instalações sanitárias para as mães e o pessoal da creche.
O ambiente da creche deve ter baixo nível de ruído, prevendo-se, caso necessário, tratamento
acústico para o local.
Cuidado especial deve ser tido com a insolação do ambiente, permitindo o escurecimento,
mediante quebra-sóis ou persianas, sem perda da ventilação.
14. Diretoria. Ver escritórios (item 16).
15. Escola profissional. Ver centro de treinamento (item 9).
16. Escritórios. A localização das áreas de escritórios no arranjo físico de uma Industria é
condicionada pelos dois vínculos principais inerentes às funções administrativas:
- contatos para dentro da indústria, com as unidades de produção e os serviços auxiliares;
- contatos para fora da indústria, com fornecedores, compradores, visitantes, candidatos a
emprego etc.
Essa dupla vinculação conduz à localização clássica das áreas de escritórios, situando-as entre a
portaria, por um lado, e as unidades de produção ou de apoio, por outro lado. A exigência adicional de
relativo silêncio e de condições ambientais favoráveis ao bom desempenho dos serviços administrativos
recomenda, por seu turno, a criação de áreas de transição na seqüência assim formada (rua –escritórios
- oficinas), que pode passar a ser:
1 - rua e portaria;
2 - área s verdes e estacionamento de veículos ;
3 - escritórios ;
4 - unidades de produção leves e limpas, almoxarifados etc.;
5 - unidades de produção pesadas e poluentes (fundição, prensaria etc.).
Os elos 2 e 4 da cadeia assim formada atuarão como tampões na proteção das áreas
administrativas contra os efeitos nocivos do ruído, do ar poluído, das vibrações etc.
Dependendo da disponibilidade de área e da importância relativa das unidades administrativas
sediadas nos terrenos da indústria (muitas empresas mantêm edifícios-sede no centro da cidade e
apenas alguns setores administrativos na área industrial), os escritórios poderão ser alojados conforme
as quatro soluções básicas mostradas na Fig. 4.2.
Procuramos esquematizar na Fig. 4.2 essas quatro alternativas, alertando contudo, para a
conveniência de um estudo aprofundado para escolha da alternativa mais adequada e que leve em
conta:
- as reais necessidades presentes e futuras em área s de escritório;
- o fluxo interno de pessoal na indústria e as vinculações escritórios - oficinas;
- os recursos a prever em sistemas internos de comunicações (melhores comunicações = menor
dependência de proximidade física);
- as possibilidades de futura expansão, tanto das áreas industriais como das áreas assistenciais
por ventura existentes;
- as necessidades presentes e futuras em vias de circulação interna e em áreas de
estacionamento de veículos.
Além dos aspectos já citados comandando a localização das áreas de escritórios de uma
indústria, é conveniente ter-se em conta:
- o acesso do exterior da indústria às áreas de escritório, mormente aos setores de vendas,
atendimento de clientes, contratação de pessoal etc. dever á evitar o cruzamento com fluxos de
veículos industriais. O estudo desses fluxos poder á influir na localização dos escritórios e na posição da
portaria;
- a direção dominante dos ventos e a localização de chaminés, torres de resfriamento e outros
equipamentos e instalações que desprendam fuligem ou partículas sólidas e líquidas ou gerem
vibrações ou ruído s intensos.
O dimensionamento das áreas de trabalho administrativo em uma indústria deverá obedecer a
seguinte seqüência.
a. Relacionamento de todos os serviços administrativos a serem desempenhados em escritórios
pelos vário s setores da indústria (faturamento, contabilidade, vendas, relações públicas , gerência,
direção etc.).
b. Relacionamento dos serviços administrativos a serem localizados junto às unidades de
produção (conferência de cargas recebidas, certas funções dos órgãos de planejamento e controle de
produção etc.).
c. Determinação do número de empregados em cada órgão administrativo.
d. Definição da área básica necessária por funcionário , por posto de trabalho ou por órgão
administrativo.
Uma vez de posse desses dados o projetista deverá estudar os vínculos que unem entre si os
vários órgãos administrativos, bem como o fluxo de documentos entre esses órgãos, determinando
quais os órgãos que, pelo seu maior inter-relacionamento, deverão ocupar posições vizinhas no arranjo
geral das áreas de escritórios.
Estaríamos assim minimizando os tempos de deslocamento de funcionários de seus postos de
trabalho e acelerando o fluxo de documentos que representam, em suma, a produção de um escritório.
A fim de facilitar o atendimento do item d reunimos no Quadro 4.1 alguns dados, indicativos
que podem simplificar o dimensionamento das áreas necessárias aos escritórios de uma indústria. É
importante ter-se em conta que certos órgãos apresentam exigências próprias quanto à área a ocupar e
quanto à sua localização, podendo requerer tratamento especial. Nesses casos poder-se-ia incluir:
a. O centro de processamento de dados, se existir, requer ambiente com ar condicionado e livre
de insolação direta, principalmente à tarde, quando mais intenso é o efeito dos raios solares.
b. As seções de recrutamento de pessoal e de relações industriais devem permitir acesso direto
ao pessoal empregado nas áreas de produção, sem que os operários necessitem transitar pelos demais
setores da administração, permitindo também o acesso fácil de candidatos a emprego sem que os
mesmos transitem pelos demais locais da indústria.
c. As seções de desenho, vinculadas aos departamentos de engenharia do produto e do
processo devem gozar de localização privilegiada quanto à iluminação natural. Esta iluminação deverá,
sempre que possível, incidir pela esquerda dos postos de trabalho.
Havendo serviço de reprodução de cópias heliográficas, seu local deve ser escolhido e
dimensionado de forma a permitir boa ventilação e exaustão dos vapores de amônia, de tal forma que
não prejudique unidades contíguas.
A construção dos escritórios deve obedecer aos princípios de higiene e de conforto que
assegurem um ambiente agradável, livre de ruído, bem ventilado, convidativo, em suma, ao
desempenho de funções muitas vezes rotineiras e repetitivas.
Fig. 4.2. Alternativas para localização das áreas de escritórios de uma indústria.

No projeto dos escritórios de uma indústria pesada deve-se ter em conta primordialmente seu
isolamento das fontes de ruído e de poluição do ar. O tratamento acústico, sempre que julgado
necessário, poder á ser feito pela escolha adequada de materiais de acabamento e pela disposição
conveniente de corredores e paredes divisórias, atuando como zonas de transição para o interior das
salas de trabalho.
É importante considerar que alguns equipamentos hoje usuais em escritórios são incompatíveis
com níveis elevados de vibração. Tal é o caso dos computadores eletrônicos, cujos locais de instalação
requerem usualmente tratamento acústico e anti-vibratório, além da desumidificação do ambiente.
As grandes áreas de escritórios poderão ser subdivididas, empregando-se para isso painéis
modulados reutilizáveis, que permitam, caso necessário, a reintegração de áreas previamente divididas
e o seu rearranjo imediato.
Da mesma forma, os sistemas de alimentação elétrica e a fiação para inter-comunicadores e
telefones deverão permitir o remanejamento eventual dos espaços internos, de

Quadro 4.1. DADOS BÁSICOS PARA DIMENSIONAMENTO DE ESCRITÓRIOS

Áreas de piso para escritórios em geral


— sala individual para um funcionário em cargo de chefia: 8-1 0 m3 8 -10 m2
— sala para funcionários graduados (dois por sala): 10 m2
— serviços de datilografia — área mínima por datilógrafa: 2 m2
— área recomendada por datilógrafa: 3 m2
— serviços administrativos em geral (funcionários em salão coletivo)
— área por funcionário: 5 m2
— sala de reunião para seis pessoas: 14 m2
— salas de espera — área requerida por uma pessoa sentada:
Área de piso em seção de desenho
— seção com um ou dois desenhistas — área por desenhista: 10 m2
— grupos de três ou mais desenhistas — área por desenhista: 7- 8 m2

Caimento máximo
— em corredores e áreas de circulação com piso em rampa: 10%
Cubagem de ar em áreas de escritórios
— volume mínimo por funcionário: 7m3
— volume recomendado por funcionário: 10 m3
acordo com novas conveniências geradas por modificações no organograma funcional da empresa.
O uso de pisos vinílicos ou de carpetes sintéticos e não-inflamáveis tem-se desenvolvido recentemente,
simplificando as operações de limpeza e de manutenção dos escritórios.
A boa iluminação dos escritórios assume grande importância, especialmente nos vetores que
trabalham com desenhos, datilografia, fichários etc. Os índices de iluminamento recomendados para
alguns tipos de serviços de escritório constam do Quadro 6.1. do Cap. 6.
17. Instalações sanitárias. O princípio básico a ser observado na escolha do local paia instalações
sanitárias é o de se reduzir ao estritamente necessário os tempos de afastamento do funcionário de seu
local de trabalho. Paia que isso seja possível, adotam-se os sanitários setoriais, localizados em pontos
diversos da indústria de forma que seus usuários não necessitem percorrer mais do que algumas
dezenas de metros para atingem o sanitário mais próximo.
Alem dessas instalações sanitárias setoriais pode-se prever instalações sanitárias centrais. junto
ao vestiário central, quando este existir.
A localização das instalações sanitárias deve também satisfazer ao traçado mais conveniente do
sistema de esgoto sanitário, considerando-se os caimentos necessários à rede e os percursos mais
econômicos dos seus ramais. O suprimento de água, por seu turno, deverá sei também levado em
consideração, mormente nos casos de sanitários centrais conjugados a vestiários, onde é grande o
consumo de água nos horários de entrada e de saída de pessoal.
Na localização dos sanitários deve-se procurar levar em conta a direção dos ventos dominantes
para assegurar uma boa ventilação natural e ao mesmo tempo evitar a tu agem desses locais para as
áreas de trabalho ou, pior ainda, para o interior de refeitório, ambulatórios etc.
Nas edificações com vários pavimentos deve-se evitar a sobreposição de sanitários a locais que
possam ser mais prejudicados por infiltrações. Tal é o caso dos centros de processamento de dados
(risco de umidade) ou das câmaras frigoríficas do restaurante da indústria (risco de contaminação e
dano ao isolamento térmico do teto).
A localização dos sanitários dos setores administrativos e sociais de indústria deve, ademais, ter
em consideração a discrição dos acessos. Sua entrada deve possuir ângulos mortos, abrindo-se as portas
sempre no sentido do interior dos sanitários.
A zona de influência de uma instalação sanitária permitirá definir o número de usuários (de
mesmo sexo e atuando em um mesmo turno) que convergirão para essa unidade. Seu
dimensionamento deverá prever no mínimo um vaso sanitário e um lavatório para cada vinte usuários.
No caso de sanitários masculinos, adiciona-se, às quantidades acima, um mictório para cada vinte
usuários.
O código de edificações da cidade de S. Paulo (Lei 8 266 de 20.6.75) estabelece no seu artigo
373 o número mínimo de aparelhos em função da área total construída da indústria.
18. Pontos de controle de pessoal Existem dois critérios distintos para a localização dos pontos
de controle do pessoal empregado em uma instalação industrial.
Um critério recomenda a centralização desse controle, situando os relógios de ponto em um só
local, à entrada da instalação, geralmente junto à portaria. Esse sistema permite o controle central de
todos os funcionários, porém exige de cada unidade, mormente das mais afastadas do local desse
controle, uma supervisão adicional, para que o abandono do local de trabalho pelos empregados não se
faça com tumulto, nem antes do horário contratual. Esse é o critério mais recomendado para indústrias
médias ou pequenas.
Um segundo critério consiste em distribuir os relógios de ponto pelas várias unidades da
instalação, possibilitando a supervisão direta do pessoal pela chefia de cada unidade, evitando-se assim
os tempos ociosos decorrentes de uma centralização excessiva.
Tratando-se de locais sujeitos a picos de circulação de pessoal, os pontos de controle devem ser
dispostos de forma a não interferir com instalações de segurança (hidrantes, extintores), com postos de
socorro urgente (macas de emergência, entrada do ambulatório) e com a circulação de veículos de
qualquer espécie.
Os corredores de acesso, portas, portões e faixas de circulação de pedestres devem ser
amplamente dimensionados nas proximidades desses pontos de controle a fim de se acelerar ao
máximo, nas horas de maior afluência, o escoamento do pessoal empregado.
19. Portaria. Constituindo-se em um centro de controle efetivo sobre todos os veículos e todas
as pessoas, funcionários ou não, que entram ou saem da instalação, a portaria da indústria deve estar
localizada de forma a ter assegurada, antes de tudo, uma boa visibilidade sobre as vias de acesso da
instalação. É recomendável também o controle visual sobre as áreas de estacionamento e sobre o eixo
principal de circulação interna da indústria.
No caso de existência de mais de uma portaria (distribuídas para pessoal da empresa, visitantes,
veículos etc.), ê importante a caracterização prévia da finalidade de cada um dos pontos de acesso à
indústria e sua perfeita integração no sistema viário interno para veículos e pedestres. Nas entradas e
saídas de veículos, principalmente os de carga, é importante ainda conciliar a localização da portaria
com as vias públicas de acesso e com o relevo do terreno externo à indústria, de maneira a evitar os
ângulos mortos e principalmente as manobras de veículos próximas a lombadas.
Além das interferências acima citadas sobre o sistema viário externo, a portaria poderá
dificultar, se não bem dimensionada, o livre acesso de veículos de bombeiros e veículos pesados
industriais. É também importante analisar a participação da portaria na liberação de veículos que
demandam autorização para entrada ou saída da indústria, fato agravado quando são acumuladas, pela
portaria, as funções de controle de carga e de pesagem.
A largura dos portões de acesso deve ser compatível com o fluxo máximo a cruzar a portaria nos
momentos de pico (horários de entrada ou saída de turnos de trabalho e fluxo máximo de veículos para
carga e descarga).
É recomendável separar, por meio de ilhas, blocos pré-moldados de concreto ou cavaletes
removíveis, os diversos fluxos de:
— veículos que requerem pesagem;
— veículos que não requerem pesagem;
— veículos de visitantes, de fornecedores ou de compradores;
— veículos de pessoal da indústria.
— pessoal a pé.
As instalações da portaria devem incluir, pelo menos, uma saleta para abrigo dos porteiros e
guardas, com amplas facilidades de comunicações internas (telefone, interfone etc.) com os demais
setores da instalação.
Sendo geralmente uma edificação isolada no terreno e afastada das demais edificações da
indústria, a portaria deverá possuir também instalações sanitárias para o pessoal de plantão e,
eventualmente, uma sala de espera para pessoas que aguardem permissão para ingressar nos limites da
indústria.
Certos tipos de indústria podem ainda reunir na edificação da portaria os setores de vendas,
emissão de notas fiscais, controle de recebimento de cargas e matérias-primas etc.
A portaria deve permitir o efetivo bloqueio do acesso de veículo s à indústria por meio de
portões ou cancelas e deve impedir o acesso de estranhos, principalmente nas horas de menor
movimento.
A edificação deve proteger seus ocupantes do sol, da chuva e dos ventos. As áreas
envidraçadas devem ser devidamente dispostas, permitindo visibilidade perfeita no maior ângulo
possível.
Sendo um local que deve estar permanentemente guarnecido por funcionários (à noite, por
guardas ou vigias) deve-se assegurar o conforto térmico necessário à sua ocupação em noites de
inverno.
A iluminação do local deve permitir o controle livre de reflexos e de ofuscamento.
20. Postos de socorro. Ver ambulatório (item W
21. Recepção. Ver portaria (item 19).
22. Refeitório. A existência de um refeitório é obrigatória por lei (Artigo 217 da CLT e Portaria n?
8 de 07.05.68 do DNSHT) em qualquer indústria na qual trabalhem mais de 300 operários . Quando o
estabelecimento possuir menos de 300 empregados, embora dispensando o refeitório, a lei obriga a
existência de local adequado para refeições, dotado de pias para lavagem de marmitas, pratos etc., com
instalação de água potável, dispondo de mesas e assentos em número correspondente ao de usuários e
contando com instalação para aquecimento das refeições trazidas pelos usuários.
Também esse local para refeições poder á ser dispensado se a empresa mantiver convênio com
restaurante situado a uma distância máxima de mil metros do local de trabalho, ou a indústria estiver
localizada em cidade do interior, mantendo vila operária, ou residirem seus empregados nas
proximidades, o que lhes permita tomar suas refeições nas próprias residências.
A localização do refeitório no arranjo físico da indústria deve ter em vista situá-lo em local não
afetado por gases, ruídos, vibrações, odores e poeiras provenientes das unidades de produção, sendo
importante considerar também a direção dominante dos ventos para a escolha do melhor local.
O refeitório deve estar, sempre que possível, isolado das demais unidades da indústria por meio
de área s verdes, constituindo-se em um prédio independente englobando a cozinha, se esta existir.
Nos grandes refeitórios, contando com câmaras frigoríficas e instalações próprias para
armazenagem de gás ou outros combustíveis, é importante assegurar o acesso aos veículo s de
fornecedores desses produtos de forma que não interfira, de preferência, com fluxos principais de
circulação da produção e com os veículos industriais.
Outro condicionamento da localização do refeitório será a distância a ser percorrida por linhas
de água potável e principalmente de vapor, no caso de ser utilizado o suprimento central deste último.
Sem prejuízo para o afastamento relativo do refeitório das demais unidades industriais, deve-se
procurar reduzir as extensões percorridas por essas linhas de fluidos e, especialmente, as de vapor.
Tratando-se de local gerador de grande fluxo de pessoal em horas de pico, com eventual
formação de filas nas imediações, é importante o afastamento do restaurante de outras unidades que
requeiram silêncio e concentração. É o caso dos ambulatórios e dos centros de processamento de dados
e outras unidades administrativas que necessitem operar mesmo em horário de refeições.
Também a presença de detritos e de restos de alimentos a serem removidos em horário normal
de trabalho recomenda a análise criteriosa dessas influências nocivas do refeitório sobre as áreas
vizinhas, levando-se em conta a presença inevitável de odores, fumaça e gorduras no ar circulado.
O dimensionamento do refeitório da indústria far-se- á tomando por base os seguintes dados.
a. O número de refeições a servir simultaneamente, considerando que o pessoal da indústria
poder á ser distribuído em vário s horário s de refeições. A lei estipula que o refeitório dever á abrigar
simultaneamente, no mínimo, um terço do total de empregados em cada turno de trabalho. A área
mínima estabelecida por usuário é de 1,2 m2.
Pelo código de edificações da cidade de S. Paulo (Lei 8 266 de 20.6.75) as indústrias devem ter
pelo menos 1 m2 de refeitório para cada 60 m2 de área construída ou fração. Essa norma é aplicável a
todas as indústrias com área total construída superior a 500 m2.
b. A existência de cozinha, cuja área a ocupar deve atender às recomendações de seu fabricante
e depender á do número de refeições a preparar e da forma de seu preparo.
c. A existência de dispensa e de câmara s frigoríficas , cujas área s são função da
freqüência de abastecimento dos gêneros e da perecibilidade dos mesmos (leite, carnes, peixes etc.).
d. A existência de lavatórios , na proporção de uma torneira para cada vinte usuário s e de pias
para lavagem de pratos, marmitas e outros utensílio s à saída do refeitório, mantendo-se a proporção
acima estabelecida (um para vinte). Devem ainda ser previstos bebedouros na proporção de um para
oitenta usuários.
Para o pessoal de serviço no refeitório devem ser previstos vestiários e um pequeno escritório
para o administrador.
O serviço de café deve ser concentrado à saída, em balcão próprio, ganhando-se assim precioso
tempo na liberação das mesas para outros turnos de refeições.
No caso de suprimento próprio de vapor deve ser previsto local para instalação de caldeiras,
armazenagem de combustível etc. (ver item "Casa de caldeiras"). Utilizando-se o gás liquefeito como
combustível é importante determinar previamente o consumo diário de gás, em função do consumo
médio por refeição, e estabelecer a área requerida e o tipo de reservatório (botijões, cilindros ou outros
reservatórios ) de conformidade com a firma distribuidora de gás e com base na freqüência adotada
para o reabastecimento. O uso de gás encanado dispensa a previsão dessa área.
Sendo elétrico o aquecimento a utilizar na cozinha, deve-se prever, nos grandes refeitórios, local
adequado para um eventual centro de carga. Os detritos decorrentes da preparação dos alimentos e
seus restos devem ser mantidos, até sua remoção, em recinto fechado e isolado do ambiente geral, e,
especialmente, da cozinha.
O ambiente no refeitório deve ser claro e arejado, com p é direito mínimo de 3,00 m e paredes
laváveis até uma altura de, no mínimo , 1,80 m.
O piso deve ser liso, impermeável e lavável, assegurando fácil limpeza através de caimento
adequado, não sendo aceitável o revestimento com cimento áspero ou madeira. Recomenda-se o
revestimento cerâmico ou com materiais sintéticos laváveis.
As portas do acesso devem abrir no sentido da evacuação do recinto, assegurando o fácil
abandono do local em caso de fogo ou pânico, e em todos os locais de circulação de grande fluxo de
pessoas devem ser previstas rampas ao invés de degraus.
A Fig. 4.3. nos fornece um exemplo de restaurante de indústria para atendimento de 300
usuários simultaneamente.
23. Relógios de ponto. Ver pontos de controle de pessoal.
24. Restaurante. Ver refeitório (item 2).
25. Sala de conferências. Ver auditório (item 4).
26. Seção de compras. Ver escritórios (item 16).
27. Seção de projetos. Ver escritórios (item 16).
28. Seção de vendas. Ver escritórios (item 16).
29. Vestiários. A localização dos vestiários para os empregados de uma indústria pode obedecer
a dois critérios distintos:
- vestiários setoriais de pequeno porte, situados nas proximidades dos postos de trabalho;
- vestiários centrais, em geral de grande porte e constituindo muitas vezes uma edificação
independente.
Esses critérios são válido s tanto para vestiários masculinos como para os femininos.
A centralização dos vestiários é mais vantajosa do ponto de vista do controle do pessoal,
mormente quando o acesso aos cartões de ponto se dá após o vestiário.
Os vestiários centralizados podem constituir juntamente com outras unidades sociais da
indústria, uma única edificação, independente das áreas de produção.
É importante prever-se no arranjo físico dos vestiários a possibilidade dos mesmos serem
isolados durante as horas normais de expediente, permitindo-se o acesso dos usuários apenas em
intervalos determinados de tempo, antes e após o horário de trabalho.
Em indústria s de grande porte, que ocupem grandes áreas, pode ser conveniente, contudo,
criar-se vários vestiários que atendam a área de trabalho distintas. Nestes casos, cada grupo de unidade
de produção poder á contar com seu vestiário central mantendo-se sempre que possível a eqüidistância
desse vestiário às diversas unidades de sua área de influência.
Como locais de grande densidade de ocupação e de grande movimentação de pessoal, os
vestiário s devem atender aos preceitos de segurança contra fogo, contra acidentes e contra tumulto,
mediante o correto dimensionamento de suas saídas, escadas etc.
Como o fluxo intenso de pessoal em horas de pico repercute negativamente sobre as unidades
vizinhas que requeiram silêncio e tranqüilidade, deve-se procurar afastar os vestiários de grandes
dimensões dos laboratórios, das salas de reunião e dos locais de leitura e pesquisa.
As instalações sanitárias e chuveiros, quando integrando o vestiário , recomendam também seu
afastamento de unidades que requeiram ambiente livre de odores ou de umidade elevada. Como valor
geral, de caráter meramente indicativo, em um vestiário deve-se dispor em média de 1 m2 por pessoa,
considerando-se no cômputo do pessoal apenas os usuários que dele possam se servir simultaneamente
em um determinado momento (turno de empregados que entra ou que sai). Neste valor está incluída a
área para a instalação de armários individuais para guarda dos pertences pessoais. A Portaria n° 9 de
09.05.68 do DNSHT estabelece as característica s e dimensões mínima s desses armários ou escaninhos.
O número de chuveiros dependerá muito das condições climáticas da região, dos hábitos locais
e do tipo de atividade desempenhada pelos usuários.
De acordo com a legislação trabalhista em vigor, deve-se prever um mínimo de um chuveiro
para cada vinte empregados, proporção que deve ser aumentada até um para dez em instalações
insalubres, onde os empregados estejam expostos a substâncias nocivas ou incompatíveis com o asseio
corporal, caso em que também deverão ser previstos lavatórios individuais ou coletivos,
independentemente das instalações sanitárias, na proporção de uma torneira para cada vinte
empregados.
O código de edificações da cidade de S. Paulo (Lei 8 266 de 20.6.75) estabelece para os
vestiários a área de 1 m2 para cada 90 m2 ou fração da área total construída da indústria.
Havendo necessidade de água quente corrente, deve ser previsto local para instalação dos
aquecedores. O aquecimento central a vapor faz prever a existência de linhas isoladas de vapor, cujo
percurso dever á ser o mais curto possível.
Nos grandes vestiários o fluxo de circulação deve ser estudado de forma que os funcionários
que cheguem não se cruzem ou circulem em contracorrente com os que deixam o recinto.
O ambiente dos vestiários deve ser arejado, claro, se possível livre de colunas e outros obstáculo
s à circulação.
Os locais dos sanitários deverão ser muito arejados, de preferência dotados de ventilação
natural e permanente.
Pisos, paredes e divisória s deverão ser laváveis, revestidos de preferência com material
cerâmico de fácil limpeza (não devem ser adotados quaisquer materiais porosos nas superfícies de
acabamento).
Nos vestiários de grande porte os degraus e as escadas devem ser sempre que possível
substituídos por rampas de pequena declividade. As portas de entrada e saída devem ser amplamente
dimensionadas, abrindo no sentido da evacuação do recinto. Sua largura nunca poder á ser inferior a
1,20 m.
Deve ser previsto ainda o suprimento de água potável e eventualmente de vapor ou de gás para
aquecimento de água. O ponto de descarga do sistema de esgotos sanitário s é de grande importância
nos vestiários integrados com chuveiros e sanitários, pois condicionar á em parte o arranjo interno do
vestiário e influir á no arranjo do sistema externo de esgotos sanitários.

4.4. ÁREAS EXTERNAS E OUTRAS UNIDADES


1. Desvio ferroviário. Ver pátio ferroviário (item 4).
2. Estacionamento de veículos. A técnica de localização dos pátios de estacionamento de
veículos na área de uma indústria recomenda a separação desses veículos em três grupos básicos:
— veículo s particulares pertencentes ao pessoal da empresa;
— veículo s de visitantes, clientes e representantes comerciais;
— veículo s de carga, transportando matérias-prima s ou produtos acabados.
No primeiro caso, incluindo automóveis, bicicletas e motos, o estacionamento dever á estar
situado próximo aos locais de trabalho, sem utilizar entretanto as vias internas de circulação da
instalação, que devem servir exclusivamente à produção e aos serviço s de manutenção. As áreas de
produção e de armazenagem devem ser bloqueadas a esses veículos particulares.
Com o poder aquisitivo sempre crescente do empregado na indústria, esse tipo de
estacionamento deve ser previsto não somente para as necessidades atuais, como também deve levar
em conta que em poucos anos a posse do automóvel ser á muito mais generalizada do que o é hoje.
O segundo tipo de estacionamento, para visitantes, clientes e representantes comerciais, deve
situar-se próximo à entrada principal da instalação, com acesso aos prédios administrativos através da
portaria.
Esse estacionamento pode, na prática, fazer parte do estacionamento destinado aos veículos do
pessoal da empresa. Ê, entretanto, conveniente reservar-se um número de vagas para visitantes,
clientes e fornecedores, próximo à recepção, à seção de vendas, à seção de compras etc., pois a
rotatividade da ocupação dessas vagas requer vias de acesso desimpedidas e área s de fácil manobra
para os veículos que chegam ou partem fora de horário s normais de movimentação dos veículos dos
empregados.
O terceiro grupo, finalmente, é função do tipo instalação e de suas necessidades de transportes.
Indústria s há , como por exemplo fábrica s de cimento, refinarias de petróleo , usinas siderúrgicas etc.,
em que o sistema de vendas adotado exige ordenação dos veículo s de carga que transportarão a
produção diária . Nesses casos é de se prever, fora da área industrial, um pátio de estacionamento
compatível com o número de veículos a atender diariamente, sabendo-se que normalmente é adotado
pelos transportadores o critério da precedência de chegada, através da organização de fila ou da
distribuição de senhas. Este estacionamento deve convergir para instalações de pesagem e controle,
com acesso direto à seção de vendas da indústria sem que haja ingresso desnecessário do pessoal das
transportadoras na área de produção.
As áreas de estacionamento de veículo s particulares devem ser dispostas de tal forma que não
prejudiquem as operações normais da indústria, mormente a circulação de veículos industriais, além do
eventual deslocamento de brigadas de incêndio, ambulâncias e outros veículos que exijam trânsito livre.
O fluxo de entrada e saída de veículo s particulares no estacionamento deve ser estudado de
forma que não bloqueie os acessos à portaria e às instalações de pesagem (balanças) porventura
existentes à entrada da indústria.
No dimensionamento dos locais de estacionamento de automóveis deve-se procurar demarcar
uma área mínima de 5,20 x 2,50 m por veículo. Nesta área já está compreendido o afastamento entre
veículos, porém não foi levada em consideração a área necessária às manobras de entrada e saída nas
vagas. As áreas de manobra dependem da solução adotada para o estacionamento, que pode obedecer
a uma das três alternativas mostradas na Fig. 4.4. Das três alternativas, a chamada "espinha de peixe" é
a que permite o melhor aproveitamento da área disponível, quando esta for estreita, em razão da
menor largura requerida pelas vias de circulação para acesso as vagas.
A alternativa c (disposição longitudinal) dever á ser adotada quando disponível para o
estacionamento tiver pequena largura, impossibilitando a adoção das alternativas a ou b.

Fig. 4.4. Estacionamento para automóveis.

Como valor global estimativo pode-se prever, para cada vaga de estacionamento, uma área de
20 a 25 m2, já computando as vias de circulação interna do estacionamento e as faixas para manobra.
Assim, para estacionar satisfatoriamente cem automóveis, por exemplo, seria necessária uma
área de terreno de 2 000 a 2 500 m2.
O dimensionamento das áreas para estacionamento de caminhões dependerá basicamente do
seu tipo e dos tipos de manobra a executar. No caso de disposição dos caminhões em fila, com saída
conforme a precedência de chegada, o problema é de fácil solução, devendo-se estimar apenas o
comprimento médio dos caminhões. Esse comprimento varia normalmente, desde os 6 a 7 m (pequenos
caminhões de 2 eixos) até os 16,5 m (cavalo mecânico com semi-reboque) ou 18 m (caminhão com
reboque).
O estacionamento de ré dos caminhões, muito utilizado contra plataformas de carregamento ao
nível da carroceria, requer uma área de manobra variável, dependendo também do tipo de caminhão,
de seus eventuais reboques e do raio de giro do conjunto. A altura dessas plataformas deve ser de 1,30
sobre o nível acabado do pátio de estacionamento dos caminhões (1,10 ou 1,20 m no caso de
caminhonetes).
Os estacionamentos de veículos em instalações industriais podem ser em parte cobertos, se
envolverem operações de carga e descarga. Neste caso farão parte da unidade industrial onde se
processa a operação (unidade de ensacamento em indústria de cimento, descarga de silos para cereais
etc.).
Nos estacionamentos de veículos particulares poderá ser adotada a proteção contra a incidência
direta dos raios solares, tirando-se partido das sombras projetadas por edificações vizinhas ou com a
arborização do local, ou ainda mediante a construção de coberturas leves, em estrutura tubular, por
exemplo.
A área a ser ocupada por cada veículo deve ser demarcada no piso, sempre que possível. O uso
de faixas pintadas (nas cores amarela ou branca) ou de muretas de concreto ou de paralelepípedos são
as soluções mais empregadas.
É importante que toda a área de estacionamento conte com um bom sistema de drenagem e
disponha dos caimentos necessários ao escoamento das águas na superfície.
A pavimentação pode ser executada em concreto, paralelepípedo s ou asfalto. Não é
recomendável o estacionamento em solo nu, não apenas devido à formação de poeira ou lama, como
pela tendência ao crescimento de ervas daninhas e ao surgimento de desníveis e depressões, cuja
remoção periódica implicar á em custos adicionais na manutenção do pátio. Se, por motivos
econômicos, não se prevê a pavimentação da área de estacionamento, a mesma deverá, pelo menos,
receber uma camada de 5 a 10 centímetros de brita, de pedrisco ou mesmo de areia.
3. Pátio de armazenagem. Em muitas indústrias existe a conveniência de se reservar áreas
descobertas para a armazenagem de matérias-primas, de itens de estoque, de grande porte ou mesmo
de produtos acabados, que não sofram com a ação das intempéries.
A finalidade desse pátio é que indicar á sua melhor localização entre as demais unidades da
indústria. Se forem partes de reposição, equipamentos de reserva, itens de estoque de grande porte
etc., sua localização mais recomendada ser á junto ao almoxarifado e próximo às oficinas de
manutenção.
Tratando-se de um pátio para produtos acabados (veículos, peça s de calderaria etc.) dever á ser
localizado de preferência junto ao ramal ferroviário que atende à instalação ou próximo de vias de
circulação que permitam o embarque desses itens sem interferência com a produção.
No caso de pátio de estocagem de matéria-prima (carvão, minério, clinquer, enxofre, toras de
madeira etc.) a localização estar á condicionada aos equipamentos de carga e descarga (guindastes,
escavadeiras, empilhadeiras, recuperadoras etc.), em posição intermediária entre os pontos de descarga
(desvio ferroviário, por ex.) e os pontos de utilização (alto-forno, moinho etc.).
Aplicam-se a esses pátios as mesmas restrições de localização indicadas para os almoxarifados
cobertos, agravadas pelo grande volume dos itens movimentados ou pela poluição do ar decorrente de
manipulação de matérias-prima s pulverulentas.
As áreas para armazenagem de materiais ao tempo funcionam geralmente como estoques de
reserva que asseguram a operação contínua da indústria.
O dimensionamento dessas áreas será portanto função das condições de suprimento e de
consumo dos itens assim estocados. No caso dos materiais a granel estocados em pilhas é importante o
exato conhecimento do ângulo de repouso do material nas condições mais adversas (seco ou úmido),
para se determinar a área útil requerida para sua estocagem.
Para qualquer das finalidades e localizações acima citadas, o pátio deve ocupar sempre uma
área relativamente plana e dotada de boa drenagem.
O revestimento do pátio pode ser feito com asfalto, concreto, pedrisco ou pode mesmo se
reduzir à terra batida.
4. Pátio ferroviário. São ainda em número reduzido, em nosso país, as instalações industriais
que contam com desvios e pátio s ferroviários próprios, permitindo o recebimento direto, dentro da
indústria, de matérias-prima s e o embarque dos produtos acabados. Tudo indica que tal situação se
inverterá a médio prazo, com o reequipamento das nossas estradas de ferro e a expansão dos
transportes de carga por ferrovia.
A localização de um pátio ferroviário, ao invés de ser ditada pelo arranjo físico da indústria, é
geralmente o fator que condiciona todo esse arranjo, influindo diretamente até mesmo na escolha do
terreno para a implantação da indústria.
A definição da área ou do ponto de entrada da via férrea nos terrenos da indústria dever á ser
feita em consonância com as exigências de raios mínimos e da declividade máxima permissíveis, valores
esses fornecidos pela ferrovia.
Sendo, obviamente, destinada ao transporte de cargas a granel ou em grandes volumes, a via
férrea industrial dever á penetrar diretamente nas áreas de recebimento de matérias-prima s e nos
armazéns, silos ou parques de tanques destinados à expedição dos produtos acabados.
O traçado das vias, o posicionamento das agulhas e a definição das cotas dos boletos dos trilhos
no pátio deverão preceder, no projeto, a definição final da localização das instalações de carga e
descarga e das demais unidades do arranjo físico.
A Fig. 4.5 mostra, esquematicamente, algumas soluções que podem ser adotadas no traçado do
desvio e do pátio ferroviário para uso de indústria s de diversos tipos e de portes variáveis.
Devido à grande diversidade existente no material rodante em uso nas nossas ferrovias, ser á
sempre recomendável, antes de se definir o pátio ferroviário da indústria, consultar-se a estrada de feno
que serve a região e recorrer-se também às normas elaboradas pelo antigo Departamento Nacional de
Estradas de Ferroa.

Fig. 4.5. Desvios e pátios ferroviários para indutrias.


Quanto à sua interferência sobre outras unidades da indústria, a presença de um pátio
ferroviário pode acarretar dois tipos de problemas.
a. Ruído, e trepidação gerados pelas manobras efetuadas pela movimentação das locomotivas e
pelo acoplamento de vagões, e poluição causada pela carga e descarga de materiais pulverulentos ou
voláteis.
b. Interrupção freqüente ou permanente das demais vias de circulação para veículos e pedestres
que cruzem em nível as vias que compõem o pátio.
Deve-se portanto procurar afastar do pátio ferroviário os demais fluxos internos de material e
de pessoal, que poderão, contudo, ser paralelos às vias férreas, somente as cruzando em pontos bem
definidos e sujeitos a perfeita sinalização e cuidadosa vigilância.
Também as unidades administrativas e assistenciais da empresa deverão estar afastadas do
pátio, cedendo lugar a unidades industriais, armazéns e oficinas.
O dimensionamento de um pátio ou desvio ferroviário para atendimento de uma indústria se
fará com base nos seguintes elementos principais:
a. Determinação do número de vias e da extensão de cada via. Considera-se, para tal, o número
de vagões carregados ou descarregados na unidade de tempo (por dia, possivelmente), o número de
composições e as possibilidades de manobra oferecidas pelo traçado do pátio.
b. O raio mínimo permitido no traçado das curvas das vias não deve ser inferior a 100 m para a
bitola métrica ou a 150 m na bitola larga. Raios menores que esses dão origem às "curvas forçadas",
cujo emprego somente é aceitável em condições especiais de tráfego.
c Determinação da distância entre duas vias paralelas (a "entrevia"). No caso de pátios
ferroviários industriais recomenda-se adotar os valores mínimos aceitos pela ferrovia.
d. A declividade nas vias de um pátio destinado ao estacionamento de vagões deve ser, se
possível, nula e em especial junto às plataformas de carga e descarga. Nas ligações com a via externa à
indústria essa declividade poderá atingir até a rampa máxima recomendada para terreno montanhoso,
tudo dependendo, contudo, das composições que se utilizarão do desvio. Para isso deve-se considerar
as cargas a tracionar e o tipo de locomotiva em utilização. Mais uma vez, a consulta direta à ferrovia
local será o caminho mais recomendável para solucionar a questão.
No projeto de plataformas para carga e descarga de vagões ferroviários, assume grande
importância a altura do piso acabado da plataforma em relação ao boleto da linha. Essa altura deve
coincidir, sem desníveis ou degraus, com o fundo dos vagões, permitindo o trânsito direto de
empilhadeiras e outros veículos da plataforma para o vagão e vive-versa.
A Fig. 4.6 mostra as dimensões a serem obedecidas preferencialmente no projeto destas
plataformas, conforme normalização proposta pelo Conselho Ferroviário Nacional. É sempre
conveniente, todavia, confirmar esses dados junto à ferrovia local.
No projeto e na construção do desvio e do pátio ferroviário para atendimento de uma indústria
deve-se levar também em conta os seguintes elementos:
a. É importante dotar toda área de um bom sistema de drenagem de águas pluviais.
b. O tipo de trilho a adotar depende da carga máxima por eixo. Para vias secundárias, às quais se
poderiam assemelhar as vias internas de indústria, é usual o emprego do TR 37 na bitola métrica e do TR
45 na bitola larga.
(1) Somente para linhas eletrificadas.
(2) Dimensão mínima para plataformas retas.

c. No cálculo de pontilhões os trens-tipos a serem adotados estão descritos na Norma Brasileira


NB-7.
d. No interior dos prédio s industriais ou junto às plataformas de carga e descarga as faixas
ocupadas pelas vias deverão ser pavimentadas, adotando-se para isso o concreto, asfalto, os blocos de
madeira ou placas pré-moldada s de concreto. Nas áreas externas não-sujeitas à circulação de outros
veículos, o lastro de brita ser á suficiente como revestimento.
5. Vias de circulação interna. Sempre que a conformação do terreno permitir e o arranjo físico
das diversas unidades de produção aconselhar, deverão ser previstas duas vias principais de circulação,
ortogonais de preferência, cruzando toda a área da indústria. Ao longo dessas vias deverão estar
localizadas tanto as unidades de produção como os serviços auxiliares, separados entre si por vias
secundárias.
No traçado das vias de circulação de uma indústria deverão ser evitados, sempre que possível ,
os cruzamentos entre vias de grande tráfego . Este problema é especialmente agudo nas proximidades
da entrada principal da instalação, junto à portaria, nas balanças de carga e próximo aos locais de carga
e descarga de matérias-primas e de produtos acabados.
A melhor solução para se eliminar ou pelo menos reduzir o congestionamento nesses pontos
críticos é a orientação do tráfego de veículo s conforme suas finalidades: caminhões carregados;
caminhões vazios; veículo s transportando inflamáveis ou explosivos; automóveis de funcionários;
automóveis de visitantes etc.
Esta seleção do trafego deve, evidentemente, estar apoiada em uma setorização equivalente
das áreas de estacionamento e de manobra e poder á exigir mais de um portão de acesso. Esta última
solução todavia pode acarretar os inconvenientes do aumento do efetivo de pessoal de controle e s ó
dever á ser adotada quando os volumes de tráfego que se cruzam assim o justifique.
Cuidado especial deve merecer qualquer cruzamento de nível com ramal ferroviário . Tais
cruzamentos, reduzidos aos estritamente necessários, deverão prever sistemas de sinalização visual e,
se possível, acústica, além de cancelas nos locais de tráfego intenso.
As vias de circulação interna de uma indústria, mormente aquelas destinadas a veículos
pesados, podem prejudicar o desempenho de unidades de produção não compatíveis com vibrações,
ruído dos veículos ou com a poluição do ar gerada pela descarga de motores de combustão interna.
Estão neste caso as oficinas mecânicas de alta precisão, alguns laboratório s de ensaio e instalações que
requeiram ar relativamente puro (tomadas de ar para unidades condicionadoras, tomadas de ar para
central de ar comprimido etc.).
Escritórios , ambulatórios , refeitório s e demais unidades administrativas e assistenciais devem
ser também poupadas da proximidade de vias de circulação intensa, podendo-se utilizar os parques de
estacionamento como áreas de transição entre as vias de circulação e aquelas unidades.
A interferência das vias de circulação nas instalações enterradas e aéreas deve ser também
cuidadosamente analisada. A profundidade dos bancos de duetos elétricos, galerias de serviço, redes de
água, incêndio, drenagem e outras mais deve ser tal que não haja interferência com o pavimento da via
de circulação nem haja o risco de ruptura das linhas devido ao peso dos veículos em tráfego.
Da mesma forma, as linhas aéreas de tubulações e de energia elétrica devem permitir a livre
passagem de veículos, nos gabaritos a serem estabelecidos conforme a finalidade e a importância de
cada via.
É sempre conveniente que as linhas enterradas de tubulações e duetos elétricos corram sob os
passeios para pedestres e não sob as vias de circulação de veículos pesados, pois serão menos afetados
por eventuais recalques provocados pelo tráfego local e poderão sofrer reparos sem necessidade de
interrupção do tráfego de veículos.
Passagens para caminhões deverão ter uma largura mínima de 5,50 m, a fim de permitirem a
ultrapassagem ou o tráfego nos dois sentidos; para o tráfego de um só caminhão deve-se prever uma
largura mínima de passagem igual a 2,50 m.
Vias de mão única com possibilidade de ultrapassagem deverão ser preferidas, sempre que
possível, nos grandes projetos.
O Quadro 4.2 nos dá as dimensões mínimas recomendáveis para diversos tipos de vias de
circulação e para o trânsito de pessoas, com base na experiência colhida em indústrias dos mais
diversos tipos.
Quadro 4.2. CONDIÇÕES PARA TRAÇADO DE VIAS DE CIRCULAÇÃO EM ÁREAS INDUSTRIAIS
Largura recomendada para os eixos principais de tráfego 10,00 m
Largura mínima de outras vias principais 6,00 m
Largura mínima de vias secundárias 3,00 m
Largura mínima para cruzamento de dois caminhões 5,50 m
Largura mínima para passagem de um caminhão 2,50 m
Largura mínima de passagens para circulação de pessoas:
passagem de 1 só pessoa 0,65 m
cruzamento de 2 pessoas 1,20 m
cruzamento de 3 pessoas 1,70 m
Largura mínima de corredores que conduzam à saída do local de trabalho 1,20 m
Altura livre mínima em vias principais (1) 4,20 m
Altura livre mínima em vias secundárias (1) 3,00 m
Declividade máxima em vias principais. 7%
Declividade máxima recomendada em vias secundárias (permitindo tráfego de
caminhões carregados). 10%
Declividade máxima recomendada para locais com tráfego de empilhadeiras comuns
Carregadas. 8-10%
Declividade máxima de rampas para pedestres (rampas com mais de 6% devem ter piso
antiderrapante). 12%

(1) Valores sujeitos a confirmação para atender exigências especiais da indústria ou do Corpo de Bombeiros local.
Os raios de curvatura assumem grande importância no traçado das vias de circulação para fins
industriais. Nas rodovias a velocidade comanda o traçado, exigindo grandes raios. Nas vias industriais a
velocidade é baixa, porém circulam com freqüência carretas e veículos industriais com grande
comprimento. Nesse caso é a manobrabilidade desses veículos que condiciona os raios mínimos.
Como boa norma, esse raio medido na curva externa não deve ser inferior a 20 m nas vias
principais para tráfego de caminhões.
Pode-se adotar 40 m como valor recomendável para a manobra de carretas longas tracionadas
por cavalos mecânicos. Nas esquinas e curvas internas esse raio não deve ser inferior a 7 m.
A declividade é também fator de grande importância no traçado das vias de circulação em uma
indústria. O Quadro 4.2 nos d á valores máximo s recomendados para a declividade nos vário s tipos de
vias.
Para a circulação de pessoas entre máquinas, equipamentos e pilhas de material em qualquer
local de trabalho em uma indústria, as passagens devem ter largura mínima de 0,80 m; essas passagens
deverão no entanto ter 1,30 m no mínimo, quando se situarem entre partes móveis de máquinas .
(Artigo 189 da Consolidação das Leis do Trabalho).
A largura mínima das aberturas de saída de um local de trabalho deve ser de 1,20 m devendo as
portas abrirem para o exterior do local de trabalho.
Corredores e circulações internas que conduzam à saída do local devem ter essa mesma largura mínima
de 1,20 m. (Artigo 202 da Consolidação das Leis do Trabalho).
As vias de circulação interna em uma indústria devem obedecer, no seu projeto e construção,
aos critérios que definem os tipos de pavimento industrial analisados no Cap. 8.
Para a correta execução dessas vias, os seguintes elementos básicos deverão ser previamente
definidos no projeto.
a. Cota do terreno na terraplenagem acabada.
b. Cota do piso acabado das edificações e das áreas de produção.
c. Cota dos meio-fios.
d. Cotas dos eixos de rua.
e. transversais das vias de circulação de veículos e dos passeios para pedestres.
f. Cota do boleto de vias férreas.
Alguns desses elementos devem levar em conta a definição prévia do sistema de drenagem de
águas pluviais e o posicionamento das respectivas bocas de lobo ao longo das vias de circulação.

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