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All content following this page was uploaded by Iara Janaína Fernandes on 19 March 2015.
Resumo: Uma das consequências das atividades industriais de produção de alimentos é a geração de
elevados volumes de resíduos, cuja destinação pode ser problemática, por ocupar grandes espaços, e
quando mal gerenciada pode representar riscos ambientais e à saúde da população. Segundo a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/10, para que um resíduo seja considerado
rejeito é preciso que tenham se esgotado todas as possibilidades de aproveitamento. A partir da
casca de laranja, resíduo gerado em grande quantidade pelas indústrias e também pelo restaurante
universitário da UNISINOS, é possível obter coprodutos de alto valor comercial, como pectina e óleo
essencial. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o resíduo casca de laranja na obtenção
dos coprodutos óleo essencial e pectina. Para tanto, foi avaliada a obtenção destes produtos em
cascas inteiras de laranjas e a partir da separação do albedo e do flavedo, e trituração das amostras.
A extração da pectina foi realizada em meio aquoso. Para a extração do óleo essencial, utilizou-se o
método de hidrodestilação. Destaca-se que o maior rendimento de pectina foi obtido quando se
utilizou o resíduo gerado da extração do óleo. O segundo maior resultado da extração da pectina foi
para o albedo seco e moído. Para o óleo essencial, foi para cascas segregadas e trituradas.
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
Cascas segregadas
Cascas inteiras
(somente albedo)
Secagem Secagem
Extração em meio
aquoso
PECTINA
Para a extração de óleo essencial foram utilizadas cascas de laranjas trituradas e inteiras,
ou seja, não trituradas. Ambas passaram pela limpeza, retirando gomos e vesículas. O método
empregado foi a hidrodestilação em aparelho Clevenger durante três horas. Após a extração de óleo
essencial, obteve-se um resíduo e este foi utilizado para fazer a extração da pectina. A extração da
pectina foi realizada conforme o processo descrito anteriormente. Para amostra inteira, que não estava
triturada, utilizada na extração de óleo essencial, foi preciso triturá-la para que se pudesse fazer a
extração de pectina. A Figura 3 sintetiza a metodologia adotada.
Trituração
Extração pectina
(Meio aquoso)
PECTINA
3. RESULTADOS
Através do gráfico é possível perceber que o maior rendimento na extração do óleo foi
para as cascas trituradas. O processo de trituração ocasionou um rendimento maior, isso porque a
eficiência do processo de extração sólido-líquido é altamente influenciada pelo modo como o solvente
entra em contato com o soluto contido no sólido (IBARZ, 2002). Geankoplis (1998) explica que a
matéria-prima deve passar por um processo de trituração, para aumentar o rendimento na extração
sólido-líquido. A parede celular possui resistência à difusão do soluto ao longo do poro e isso faz com
que dificulte a ação dos solventes. Este processo de trituração realiza o rompimento da parede celular,
facilitando à ação do solvente a entrar em contato com o interior das células vegetais, nas quais está
concentrado o óleo no seu interior.
Santos, Serafini e Cassel, (2003) obtiveram rendimento da extração de óleo de 0,4%
(v/p), a partir da utilização de cascas inteiras segregadas. Fernandes, Cardoso e Hoffmann (2006)
obtiveram um rendimento de 2,93% (v/p) de óleo essencial para cascas segregadas e trituradas, já para
cascas segregadas inteiras obtiveram um rendimento de 0,53% (v/p), para destilações conduzidas por
três horas. Estes resultados corroboram com os encontrados neste trabalho.
Através da Figura 6 é possível observar o rendimento de pectina extraída a partir do
resíduo gerado na extração do óleo essencial.
Figura 6 – Rendimento de pectina extraída a partir do resíduo gerado no processo de extração de óleo essencial.
É possível verificar que o maior rendimento obtido para pectina foi para o resíduo
triturado, de 23%. Entretanto, mesmo para o resíduo inteiro, onde o rendimento foi de 18,6%, é
notório que para as amostras que passaram pela extração do óleo, apresentaram rendimentos
superiores aos apresentados na Figura 4. Sugere-se que este maior rendimento pode estar associado ao
aquecimento da amostra ou a remoção de componentes durante o processo de extração do óleo
essencial.
Pandharipande e Makode (2012) realizaram, primeiramente, a extração de óleo essencial
usando técnicas de destilação simples e com o resíduo gerado extraíram pectina com ácido cítrico em
soluções de pH desejado. O rendimento para pectina foi de 46,46%. Os autores encontraram
rendimento maior, comparado a este trabalho, possivelmente em função do método utilizado para
extração da pectina.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Agradecimentos
Agradecemos à Unisinos e o Restaurante universitário pelo apoio e pela doação das
cascas de laranja.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm >.
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