Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O 1-3-5-2:
2: defensivo ou ofensivo?
Para efeito didático, nesse texto adotaremos três linhas para descrever o esquema
tático (ou plataforma tática). Então, por exemplo, ao invés de utilizarmos 1-4-3-3,
1
utilizaremos 4-3-3.
Ainda que se resista em admitir, o 3 3-5-2 é hoje uma plataforma tática que permite
dinâmicas de jogo bastante ofensiva
ofensivas.. Muitos insistem em enxergá-lo
enxergá como o
“esquema dos três zagueiros” (e para quem tem dificuldades em entender ou admitir a
complexidade como conceito
conceito,, uma equipe que tem três zagueiros é mais “defensiva”
do que uma com dois).
Apesar de óbvio para muitos treinadores em todo o mundo que o argumento não é
verdadeiro, a ofensividade
dade ou não de uma equipe é muitas vezes dada pela distribuição
numérica didática dos jogadores em campo (a plataforma de jogo). Pouquíssimas
vezes é levado em conta, dentre outras coisas, o número de jogadores com que uma
equipe ataca quando está construi
construindo
ndo suas ações ofensivas (ou ainda quantos
jogadores ficam à frente da linha da bola em uma situação de ataque). É possível por
exemplo, uma equipe que joga no 4 4-3-3
3 (saudada pela “imprensa especializada” como
ofensiva por levar a campo três atacantes) ata
atacar efetivamente com quatro ou cinco
jogadores e outra no 3-6-1 1 ter sempre sete jogadores participando diretamente das
ações ofensivas.
Então, não se pode dar crédito a argumentação de que uma plataforma de jogo, que
na estrutura da equipe contempla três zzagueiros,
agueiros, é necessariamente “defensiva”. Mas
como nem toda informação chega onde tem de chegar (difícil acreditar, em um mundo
globalizado, que a informação tenha dificuldade de chegar em algum lugar), lugar) a
ignorância gera “burrice” e a “burrice”, mais “burri
“burrice” – e no final solidificam-se
solidificam os
preconceitos e os mitos.
Em sua formação básica a idéia era possibilitar mais jogadores participando da criação
das jogadas de ataque sem prejuízo para o sistema defensivo (e sem a necessidade de
congestionar o meio-campo de jogo com um sem número de “volantes”). Logo, os alas
ganharam vez em lugar dos originais meias e o 3-5-2 passou a ser um sistema com
grande equilíbrio defensivo mesmo quando na sua formação encontrava-se apenas um
“volante” (ao mesmo tempo em que garantia boas possibilidades ofensivas com a
progressão simultânea dos dois alas e dos dois meias-armadores).
Hoje, para os adeptos da marcação individual, o 3-5-2 tem sido alternativa quase que
constante no futebol que antes o rejeitava (o futebol brasileiro). Para os países que
evoluíram da marcação individual para a zona ele tem perdido seu espaço
(especialmente nos países em que a lógica norteadora para a marcação zonal está nas
“linhas” horizontais imaginárias do campo de jogo).
Naqueles em que a lógica é dada pelas “faixas” verticais imaginárias do campo, ele
ainda continua sendo alternativa.
Enquanto ainda para alguns o 4-3-3, o 4-4-2, o 3-5-2 ou qualquer outra representação
numérica nada mais é do que isso (uma representação numérica didática estática),
para outros é o “esqueleto” que gera maiores ou menores possibilidades de ações
tático-estratégicas em um jogo. Enquanto para alguns as “linhas” nada mais são do
que as marcas brancas que delimitam o campo de jogo, e as faixas nada mais do que
projeções de uma mente sem nada mais para fazer, para outros são a possibilidade de
mais uma vitória. Enquanto para alguns marcar individualmente ou em zona é uma
questão de gosto, para outros é um norte balizador das ações no jogo.
E por fim, enquanto para os desavisados, ter quatro equipes inglesas entre as oito
classificadas para as quartas-de-final da Champions League 07/08 é algum tipo de
coincidência, para outros a explicação é a real aplicação de conceitos e princípios
inerentes a lógica do jogo de futebol.