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Bruna Pereira Rodrigues¹; Cheila Sousa da Silva¹; Natália Fernandes¹; Nayane Gonçalves de
Oliveira¹, Rafaela Viana¹; Paula Cândido Nahas²
RESUMO
Este artigo foi elaborado sobre o dado preocupante na busca incansável de mulheres por
procedimentos estéticos no Brasil. Pensando nisso, objetivou-se analisar a percepção da
imagem corporal em mulheres adultas, e identificar como as mídias sociais tem se propagado
quanto ao corpo feminino através de pesquisas com base em sites bibliográficos com artigos
de 2010 em diante. Diante disso, pode-se perceber que entre os estudos as mulheres são mais
suscetíveis na mudança corporal através de procedimentos cirúrgicos como forma de
aumentarem a auto estima, se sentirem bonitas e dentro dos padrões da sociedade divulgados
nas redes de comunicação. Contudo, a vaidade natural da mulher transformou-se em uma
procura excessiva por cirurgias deixando-as refém da procura pela perfeição. Portanto, fica
claro a importância dos meios midiáticos em filtrar conteúdo de valor pautado em evidências
científicas sem basear na comparação de corpos e manipulação, bem como também, do
trabalho de profissionais no suporte psicológico e nutricional adequado a essas mulheres que
sofrem com o cuidado excessivo de seus corpos.
1. INTRODUÇÃO
Dentre as pessoas, as mulheres se destacam pela vaidade e cuidado com o corpo,
forma que encontram de se sentirem mais feminina e se amarem. Contudo, segundo Strehlau
et al., (2015) a relação entre vaidade e auto estima pode estar prejudicada quando pensamos
no aumento pela procura de procedimentos estéticos pelas mulheres. Associado a isso,
podemos voltar na história da humanidade para perceber qual o perfil corporal que essas
pessoas têmbuscado. Antes, a mulher mais nutrida era vista como a mais deslumbrante, hoje,
os corpos sarados e magros prevalecem como “corpos perfeitos”, deixando qualquer outra
estrutura corporal como parte discriminada da sociedade.
A mídia acaba impondo esse tipo de corpo magro como espelho e prioridade as
pessoas, abrindo assim os caminhos para a obsessão de estratégias, sejam elas em clínicas de
estética, dietas sem acompanhamento de um nutricionista, exercícios sem auxílio de um
profissional na academia, entre outras formas, como a cirurgia plástica – o Brasil se encontra
em segundo lugar em procedimentos cirúrgicos de caráter estético para melhoria da
autoestima (ISAPS,2019).
A cirurgia plástica é uma grande aliada do sentimento de insatisfação corporal, embora
demande um investimento maior, as pessoas optam por ela justamente por não exigir tanto de
si quanto as modificações que seriam feitas diante dos hábitos saudáveis como dieta e
atividade física. Por outro lado, a forma mais correta, saudável, equilibrada e constante de
adquirir um corpo adequado torna se mais distante (ARAÚJO, et al., 2018).
Um levantamento realizado pela InternationalSocietyofAesheticPlasticSurgery(ISAPS,
2014), demonstrou que os procedimentos mais procurados são o implante de prótese de
mamas (15,3%), lipoaspiração de abdômen (13,9%), blefaroplastia (11,9%), lipoescultura
(9,1%) e rinoplastia (8,2%,). Mesmo após anos, na última pesquisa global feita pela ISAPS os
procedimentos mais procurados são os citados anteriormente, mesmo que com grande procura
por procedimentos não cirurgicos. Antes desses procedimentos, podemos notar uma grande
insatisfação corporal em diferentes idades, e uma melhoria no pós-operatório. Entretanto,
estudos apontam a presença de comorbidades em pacientes submetidos à cirurgia estética
como transtorno dismórfico e alimentar (COUGHLIN,et al., 2012).
Demonstra-se que as mulheres são capazes de fazer qualquer coisa para obter o tão
sonhado corpo perfeito, até mesmo sacrificar a própria saúde em busca do corpo ditado pela
mídia. Além de causar uma imensa rivalidade, não só com o corpo, mas também com roupas,
acessórios e sapato. A mídia e os outros meios de influência necessitam dispor uma sociedade
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onde cada pessoa seja capaz de se aceitar como um ser inigualável sem preconceitos ao seu
corpo (TOMAZ,et al., 2020).
Diante de tudo isso, fica claro a importância de discutir sobre o pensamento das
mulheres adultas em relação ao corpo, um público que se tornou vulnerável a transtornos e
tratamentos estéticos pela preocupação excessiva com sua estrutura corporal. Para tanto,
realizou-se um levantamento de dados bibliográficos pelos sites Lilacs, Google Acadêmico e
Scielo através das palavras chaves, “cirurgia plástica e relação com o corpo”, “insatisfação
corporal em mulheres”, “mulheres e procedimentos estéticos”, “comportamento alimentar”,
“cirurgia plástica relacionada com alimentação” para artigos de 2010 em diante tendo como
objetivos analisar a percepção da imagem corporal em mulheres adultas e identificar como as
mídias sociais tem se propagado quanto ao corpo feminino.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Insatisfação da imagem corporal em mulheres
Conforme estudos, a imagem corporal na adolescência sofre impacto através da
exposição nas mídias sociais. O corpo ideal é um importante mediador da insatisfação
corporal, sendo marcada, e também influenciada através dos pais, amigos e da mídia. Na
adolescência, principalmente as meninas, sofrem com a preocupação da mudança do corpo,
no peso e as mudanças hormonais, onde acontece o período da pré-menarca, que já resulta no
transtorno em imaginar como seria o corpo na fase adulta com o medo de sofrer rejeição em
não ter o corpo magro, como apresenta nas mídias sociais. Também, é onde acontece o
desequilíbrio no comportamento alimentar, o corpo é exposto através das imagens e fotos nas
redes sociais. Então, podemos perceber nessa fase, uma confiança na influência de produtores
de blogs, seguindo diversas dicas de dietas da moda e em comoter o corpo desejado sem a
ajuda de um profissional, acarretando problemas, como a compulsão alimentar que resulta da
ansiedade e receio em comer o que gosta por insatisfação ao corpo. (PEPIN; ENDRESZ,
2015; FARDOULY, et al., 2015). Pode-se entender que a insatisfação começa desde a
adolescência, podendo intensificar na vida adulta.
Em outro estudo, essa insatisfação entre mulheres se repetiu, partindo da avaliação de
sentirem-se mais pesadas (ElAnsari, et al., 2014). O aumento da baixa auto estima em
mulheres foi relacionada ao aumento do IMC, essa correlação se estendeu da adolescência a
meia idade, como analisado por Kiviruusu,et al., (2016).
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Segundo Rigoni, Nunes, Das Mercês Fonseca (2017) a imagem é utilizada pelas mídias
como meio de construir subjetividades, conseguindo assim provocar nas pessoas os mais
diversos sentimentos e emoções. Sendo assim, a imagem é capaz de causar um maior impacto
do que um texto escrito, por meio dela é possível conceber ideias (imagens mentais) de
maneira mais rápida.
Essa comunicação social é o meio midiático que mais domina e compara as pessoas a
obterem um corpo escultural, a qual constantemente inventa uma maneira diferente de
manipular a sociedade. Estamos em um mundo onde cada vez mais estão deixando de lado a
sua particularidade para obter o padrão imposto pela mídia (TOMAZ et al., 2020).
De acordo com Avelar e Veiga (2013) os padrões de beleza variam com o passar dos
anos, o que se torna praticamente impossível o alcance desses padrões estabelecidos. Portanto,
não são parâmetros obrigatórios a serem seguidos, visto que, muitos não conseguem atingi-
los, até mesmo devido suas condições financeiras que são limitantes, provocando assim,
sentimentos constantes de insatisfação.
Por exemplo, conforme Tomaz, et al., (2020), antigamente a mulher poderia ser da
maneira que ela desejasse, quanto maior o seu peso, mais glamorosa ela era, uma época que a
comunidade não interferia na sua beleza estética. Mas nos dias de hoje, acontece que a mulher
é totalmente dominada pelas imposições da comunicação social, sendo esta que interfere
mudança do corpo feminino através das propagandas impostos pelos corpos perfeitos.
Segundo essas pessoas, as influenciadoras chamam atenção pelos seus estilos de vidas
glamorosos, que despertam o desejo de se tornarem iguais a elas, o que muitas vezes geram
sentimentos de decepção, por não conseguirem os resultados propostos por essas
influenciadoras.
Diante de tudo isso, pode-se concluir que o culto ao corpo é uma estratégia de
sobrevivência ao mundo interior em que padrões sociais relacionados ao corpo feminino
suprem necessidades básicas não atendidas (JAGER, et al., 2017). A complementar, essas
necessidades não atendidas podem ser pelo sentimento de pertencimento que propagandas
criam através de slogans e frases de inspiração para chamar essas pessoas, e recebimento de
atenção pela mídia que entende o lado desse indivíduo que sofre com aceitação ao corpo,
propagando e incentivando aquilo que essas pessoas querem ouvir.
Por outro lado, a procura por cirurgias plásticas se dá também por meio da vaidade que
a própria mulher carrega consigo. Diante disso, pode-se observar nos estudos de Strehlau, et
al., (2015), quanto mais ostentação mais aumenta o amor próprio. O convencimento, da
mesma forma, induz absolutamente na prática de plásticas. Buscou-se entender pela forma de
estudos, que a vaidade influencia o empenhamento de pessoas através da auto estima. Neste
mesmo estudo foram analisadas possibilidades para demonstrar que uma enorme vaidade
colabora no aumento de processos clínicos, a mulher vaidosa se entusiasma a procurar pelo
perfeccionismo, sendo que os procedimentos plásticos podem conceder a melhoria de alguma
coisa que prejudica o amor próprio.
Em pensamento, a conquista do corpo perfeito pode ser fácil, pois a tecnologia
favorece o alcance desse desejo. A seguinte afirmativa foi levantada por Severiano, Rêgo,
Montefusco (2010), estes falaram que a perfeição do corpo está disponível para toda a
população que o deseja, sendo que só não o tem quem não quer. A partir do momento que se
procura por procedimentos estéticos e cirúrgicos, apenas, pela perfeição, a busca se torna algo
preocupante, pois alguns pontos devem ser levados em conta, como a mudança alimentar e o
estilo de vida. Sendo assim, a pessoa precisa também de tratamento psicológico para melhorar
a percepção frente às novas mudanças na sua vida.
Pensando nesse lado emocional, a pessoa está muito centrada de que está fora do
padrão imposto pela sociedade. A busca incansável por estas intervenções podeestar
relacionada ao estado de felicidade, levando-as a acreditar que a conquista desse corpo
desejado as deixarão realizadas. O que acontece é que quando atinge esse objetivo não ficam
satisfeitas, estando sempre refém de cirurgias. Essa procura desenfreada por procedimentos
estéticos podemlevar a transtornos alimentares deixando a pessoa reclusa e doente até
alcançar seu objetivo tão apetecido.
É necessário que profissionais da saúde se atentem aos desdobramentos inerentes ao
desejo de realização de intervenções cirúrgicas de caráter estético por parte de seus
pacientes e clientes e forneçam orientação ou encaminhamento necessário para o
desenvolvimento das melhores estratégias em prol do bem-estar biopsicossocial dos
indivíduos que buscam mudanças na aparência física. (COELHO, 2017, p. 5)
Para o profissional de nutrição é imprescindível as postagens baseadas em artigos
científicos, onde pode reprovar as incorretas postagens propagadas nas mídias sociais. O
nutricionista também deve sempre informar que cada atendimento deve ser feito de forma
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particular, onde os propósitos cobiçados e organismos de cada pessoa são diferentes, o que
torna necessário o acompanhamento do nutricionista (TELES; MEDEIROS, 2020).
Portanto, os profissionais terão que trabalhar com ética, cautela, senso crítico na
avaliação de cada caso dos pacientes, assim reduzindo os riscos e complicações (GOMES, et
al., 2021). Essa postura profissional de desmitificar a cultura de corpos perfeitos e padrões de
beleza poderá ajudar muitas mulheres na aceitação ao corpo, conscientizando-as da
importância de cuidar do corpo não só pela estética, mas também pelo cuidado com a saúde.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se perceber que é desde a adolescência que começa a surgir à preocupação
excessiva com o corpo devido ao desenvolvimento hormonal nessa fase, mas é na vida adulta
que esse sentimento se torna maior. Com o acesso as mídias sociais, alcançar o corpo
desejado parece se tornar mais fácil. Foi visto então a influência das redes sociais na procura
de mulheres por cirurgias plásticas.
Falando especificamente das mulheres, nota-se nesse público sentimentos frágeis em
relação ao corpo, como tristeza, superestimação de peso, vergonha, baixa auto estima e
rejeição. Com esses pensamentos são impulsionadas a mudarem para se sentirem confortáveis
seguindo padrões de beleza onde o corpo magro e definido é visto como mais belo e atraente.
Esse padrão de corpo magro trouxe consequências graves à saúde das mulheres, pois
cada vez mais estão procurando por procedimentos estéticos, primeiramente buscando por
cosméticos, sem sucesso recorrem a cirurgias. Contudo, o mais preocupante é o desejo
desenfreado em atingir a perfeição a qualquer custo, até porque a vaidade da mulher é natural.
Os veículos de comunicação propagam informações enganosas, não mostrando a
realidade por trás desses processos de mudança, enfatizando somente o resultado final. As
propagandas divulgadas despertam interesse, mas a conquista desses resultados por vezes não
pode ser alcançada, tanto pela disparidade financeira quanto pela forma física subjetiva
mostrada.
Portanto, as mídias sociais devem estar atentasna forma como são passadas as
informações, para não afetarem negativamente no bem estar e saúde da população. Além
disso, a procura por profissionais da saúde, como o nutricionista pode ajudar a ter uma relação
melhor com o corpo e com a alimentação, sendo o exercício físico e a alimentação saudável
prescritos por profissionais qualificados, os pilares da qualidade de vida.
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4. REFERÊNCIAS
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