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AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS OESTE DA COLINA

ESCOLA EB23 FREI CAETANO BRANDÃO – ANO LECTIVO 2009/2010


EF A ESCOLAR B3 – CIDADANIA E EMPREGABILIDADE
ALIMENTAÇÃO E SAÚDE: HOJE E AMANHÃ

NOME _____________________________________ DATA __/__/__

CAUSAS DOS DISTÚRBIOS ALIMENTARES

As variáveis socioculturais interagem com o processo de desenvolvimento, por-


que é a sociedade que cria conceitos e preconceitos, sendo que estes influenciam o
modo de pensar e agir do Homem. No caso da definição cultural do peso e da forma
corporal ideal, esta tem variado ao longo dos tempos, existindo, actualmente, atitudes
negativas relativamente a uma forma corporal gorda, o que pressiona o ser humano
para a magreza e realização de dietas, principalmente as mulheres. Assim, há, nos
dias de hoje, uma grande preocupação com a imagem do corpo, em especial na mu-
lher ocidental, que se deve, em grande parte a factores como os estereótipos culturais,
as modificações no ideal de beleza social, a massificação dos media, a glamourização
da moda e a grandes transformações nas expectativas e papéis sociais da mulher, e
leva, muitas vezes à insatisfação relativamente à imagem — “descontentamento nor-
mativo” —, o que pode influenciar o desempenho da mulher em várias situações. “(...)
os estereótipos actuais em relação à aparência física contribuem para o aumento da
bulimia nervosa” . Devido a este estereótipo, as mulheres mais atraentes são, normal-
mente, percepcionadas como mulheres que possuem mais capacidades, que têm mais
sucesso e que são mais felizes. “Também a nível do mercado de trabalho, o estereóti-
po da aparência física influencia as decisões de contratação. Os indivíduos fisicamen-
te mais atraentes têm mais probabilidades de serem avaliados como mais qualificados
(...)”.
O ideal de beleza, como já foi referido, variou ao longo dos tempos e tornou-se,
actualmente, na imagem de magreza. Estudos realizados demonstram que a maioria
das mulheres não possui o peso considerado ideal e que a insatisfação com o corpo é
maior nestas do que nos homens.
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Para compreender melhor esta preocupação com a imagem é necessário ter
em conta o papel que a beleza tem na vida da mulher. Alguns estudos demonstram
que existe uma relação entre o comportamento alimentar e a percepção de feminilida-
de. É sugerido que uma mulher que come pouco é mais feminina e que, consequente-
mente, causa uma melhor impressão nos homens. Verificou-se que a bulimia nervosa
aumentou consideravelmente na época em que a mulher abandonou o seu papel tradi-
cional e procurou outros papéis sociais. Contudo, apesar de terem sido realizados es-
tudos com vista a descrever e melhor compreender a relação existente entre a bulimia
nervosa e feminilidade, não foi possível obter apoio empírico que comprovasse que a
bulimia nervosa surge da procura de um ideal social estereotipado de feminilidade.
A pressão cultural para a magreza exercida sobre as mulheres verifica-se com
mais frequência em grupos, o que significa que as mulheres cuja profissão esteja rela-
cionada com a imagem corporal (bailarinas, modelos, etc.) têm mais possibilidades de
desenvolver distúrbios alimentares. Já no grupo de amigos pode acontecer que exista
esta pressão ou, pelo contrário, exista uma protecção por parte destes.
O preconceito contra os “gordos” constitui outra influência na ocorrência de dis-
túrbios alimentares, já que as pessoas com uma forma corporal gorda são cultural-
mente associadas a um baixo estatuto social, à preguiça e descontrolo. Este precon-
ceito inicia-se cedo, sendo possível verificar que já existe na escola primária ou até an-
tes. Estudos demonstraram que crianças de peso normal e crianças obesas atribuem
características negativas a pessoas “gordas”. Além da magreza existir como o ideal de
beleza, passou a existir, também, como indicador de saúde, devido à mensagem ne-
gativa por parte dos médicos, relativamente à obesidade e consequente exploração
desta mensagem pela “indústria do emagrecimento” — “magreza é saúde”.
Outro factor sociocultural que muito influencia no aparecimento de distúrbios
alimentares é a massificação dos media. Seja na televisão ou em revistas, verifica-se
que há frequentes tentativas de “vender” imagens de corpos perfeitos, incluindo em ar-
tigos que mostram como alcançar a imagem ideal, muitas vezes através de “milagres”.
Contudo, a mensagem que diz ao público que qualquer mulher pode obter o corpo per-
feito apenas com auto-disciplina e esforço, ou até sem ele, está errada, já que muitas
mulheres não têm uma constituição genética que lhes permita ser magras. Quem está
mais vulnerável à influência desta mensagem são as mulheres com baixa auto-estima
e descontentes com a sua imagem. Estudos comprovam que existe uma relação entre
a exposição aos media e a insatisfação corporal e patologias alimentares.
Desde a infância, raparigas e rapazes recebem diferentes imagens acerca do
corpo através dos media, da família, dos amigos, etc., criando diferentes atitudes em

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relação ao corpo. “As raparigas tendem mais a percepcionar o seu corpo numa pers-
pectiva estética e os rapazes a encará-lo numa perspectiva funcional e activa.” Ao
contrário dos rapazes, as raparigas dão mais importância à imagem que passam aos
outros, já desde a infância, o que torna a adolescência mais difícil para estas, o que é
agravado pelo conjunto de mudanças que ocorrem neste período. Ao mesmo tempo
que a adolescente valoriza muito a opinião que os outros têm de si, tem necessidade
de compreender e conjugar as visões que tem de si mesmo, que podem ser confusas
e paradoxais. A imagem corporal, nesta fase, torna-se muito relevante pois a adoles-
cente dá extrema importância ao que os outros pensam de si e está mais vulnerável a
outros factores como, por exemplo, as variáveis socioculturais. Contudo, observações
clínicas mostram que alguns casos de bulimia nervosa começam já na vida adulta, o
que revela a constante preocupação da mulher com o seu peso e imagem, indepen-
dentemente da sua idade.

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