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GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM
I ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
FRENTE À DOENÇA HIPERTENSIVA
ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO - DHEG
P
A
R GUAÍRA-PR, BRASIL
2019
0
BEATRIZ CRUZ COUTINHO
GUAÍRA-PR
2019
II
1
DANIELE GARCIA DE ALMEIDA SILVA
________________________________________
Prof./ Enfermeira Daniele Garcia de Almeida Silva
Universidade UNIPAR
________________________________________
Professora. Cristiane Claudia Meinerz
Universidade UNIOESTE
_________________________________________
Enfermeira Franciele Granzieira Giacomini
Universidade UEL
III
2
DEDICATÓRIA
IV
3
AGRADECIMENTOS
4
APRESENTAÇÃO
Artigo Científico conforme regulamento específico. Este artigo está adequado as instruções
VI
5
RESUMO
VII
6
ABSTRACT
This study investigated the role of the nursing professional regarding care for pregnant
women with specific pregnancy hypertension, whose diagnosis is at risk for mothers and
children. Also called preeclampsia, it is a very common condition among pregnant women,
but it can cause serious health damage if not diagnosed early so that appropriate treatment and
follow-up can be started. Thus, this article aimed to highlight the contribution of nursing
professionals to this problem, focusing on their role within the reality of pregnant women with
hypertensive disease and its consequences during prenatal care in primary care. materialized
in an exploratory-descriptive research, such as bibliographic research, carried out from
various scientific sources, which came to support the case study conducted at the House of the
Pregnant Woman of Iguatemi-MS, which had as sample the nurse responsible for care of
pregnant women. The results show that pregnant women in the municipality receive adequate
care, revealing the fundamental role of nurses in the safe and healthy obstetric follow-up of a
risky pregnancy, such as the woman who develops Specific Hypertensive Disease of
Pregnancy. It was found that their performance goes beyond the technical and scientific issues
that lead them to recognize the clinical picture of hypertensive pathology, advancing to the
field of orientation, thus performing actions that help prevent a poor prognosis and contribute
to prevent maternal and perinatal mortality.
VIII
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
4 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 20
APÊNDICE .............................................................................................................................. 24
ANEXO .................................................................................................................................... 26
IX
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1 INTRODUÇÃO
10
eclâmpsia, agravamento dos sinais e sintomas da pré-eclâmpsia, podendo evoluir para um
coma, para a prevenção deste agravamento, é necessário o rápido diagnóstico de DHEG e dos
sinais premonitórios da convulsão, quando presentes e se prescrito, utiliza-se medicação
anticonvulsivante, detectado a eminência da eclâmpsia, a conduta obstétrica indica a
interrupção da gestação (CUNHA; OLIVEIRA; NERY, 2007).
As complicações são inerentes tanto a mãe quanto ao bebê, sendo capaz de ser letal ou
deixar sequelas graves, para ambos, as mais frequentes são: descolamento da placenta,
prematuridade, retardo do crescimento intrauterino, morte materno fetal, oligúria, crise
hipertensiva, edema pulmonar, edema cerebral, trombocitopenia, hemorragia, acidente
vascular cerebral, cegueira, intolerância fetal ao trabalho de parto e a Síndrome de HELLP
(LIMA; PAIVA; AMORIM et al., 2010).
Conquanto, não se sabe se qualquer desvio relativo à normalidade neste caso, são por
causas genéticas, imunológicas ou ambientais, todavia são conhecidos como fatores
predisponentes os extremos da idade fértil (menor que 15 e maior que 35 anos), primíparas
(primeiro parto), multíparas (a partir de quatro partos), raça negra, hipertensão crônica, baixo
nível socioeconômico e familiares de primeiro grau com história de pré-eclâmpsia.
(OLIVEIRA, et al., 2017).
Diante dessa problemática, torna-se primordial uma assistência mais cautelosa as
primigestas desde o início da gestação, com o intuito de favorecer a redução dos riscos,
levando-se em conta que se houver um pré-natal de qualidade, menor serão as complicações
gestacionais (SPÍNDOLA; LIMA; CAVALCANTI, 2013).
Segundo Lima, Paiva e Amorim (2010), o pré-natal tem como objetivo amparar a
mulher desde o início do ciclo gravídico, com o intuito de que ao fim haja o nascimento de
uma criança sadia e bem-estar holístico da mãe e do filho, sendo um instrumento fundamental
na prevenção contra a DHEG, dado que fatores de risco como alimentação inadequada,
diabetes, hipertensão crônica, obesidade e sedentarismo são constatados ainda na pré
concepção. Para isso a Atenção Primária a Saúde é a porta que receberá esta gestante, é o
primeiro nível de atendimento, linha direta que vincula a saúde às famílias, com função não só
de promover saúde e prevenir doenças, mas a de intervir, proteger e recuperar também.
(THULER, et al., 2018).
As precauções assumidas durante o ciclo gravídico-puerperal são essenciais para obter
um prognóstico eficaz tanto materno quanto fetal, podem ser colocadas em prática durante a
realização do pré-natal ou no momento da hospitalização, sendo desenvolvida por uma equipe
multidisciplinar, que vise à manutenção ou o restabelecimento da saúde do indivíduo e do
11
coletivo (CUNHA; DE OLIVEIRA; NERY, 2007).
Entre os profissionais que são capacitados, sobressai-se o (a) enfermeiro (a), uma
profissão comprometida com o bem-estar holístico do ser humano e da coletividade, os
cuidados deste profissional devem, de forma, aumentar a sobrevida e vitalidade do binômio
mãe-filho nesses casos (CUNHA; DE OLIVEIRA; NERY, 2007).
No pré-natal é possível realizar uma busca ativa de gestantes, cadastra-las, intercalar
as consultas de acompanhamento entre enfermeiros e médicos, com avaliação de risco de
todas elas, visitar em domicílio as que possuem alto risco, referenciá-las ao serviço de
assistência a alto risco, acompanhamento da mesma pela UBSF, sempre visando a paciente e
não a doença, coletando informação do aspecto emocional e socioeconômico que podem
trazer risco a gestação (VIEIRA, 2016).
São os profissionais enfermeiros os primeiros a atender essas mulheres grávidas,
portanto é necessário que a assistência de enfermagem esteja apta a reconhecer precocemente
os sinais de complicações da hipertensão gestacional com a padronização do atendimento
baseado em instrumento que nortearam as ações primordiais, com grande respeito a
singularidade de cada gestante (THULER, et al., 2018).
O presente estudo tem por objetivo apontar o papel do enfermeiro dentro da realidade
de mulheres gestantes com DHEG e seus desdobramentos durante o pré-natal na atenção
primária.
Foi elaborado através do desejo de fomentar ainda mais discussões sobre um tema tão
problematizado na atualidade, determinar qual o vínculo do profissional com as mulheres com
pré-eclâmpsia, se reconhecem o significado de deter esta patologia e as ações norteadoras
deste profissional para o reconhecimento destas mulheres com esta doença.
A finalidade desta pesquisa é apresentar o papel do enfermeiro dentro das realidades
resultantes do não conhecimento das mulheres gestantes portadoras de DHEG durante o pré-
natal e seus desdobramentos. O intuito é de estabelecer parâmetros em bases sólidas,
revisando dados passados e realizar a conexão com a presente realidade, com finalidade de
chegar a domínio público e instigar mudanças e novas estruturas para a prevenção da
hipertensão gestacional.
12
2 MATERIAIS E MÉTODOS
13
uso. Por razões éticas, a participante do estudo não será identificada, sendo apenas chamada
de “entrevistada” e/ou “participante”.
Para a preservação dos aspectos éticos da pesquisa com seres humanos, foram
seguidas as disposições da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS)/Ministério da
Saúde (MS) 466/2012 e o projeto de pesquisa foi submetido à análise pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos da instituição, antes do início da coleta de dados. Ainda
antes da coleta, a participante foi esclarecida quanto aos objetivos da pesquisa, aos métodos a
serem empregados e quanto ao tipo de assuntos que seriam abordados. Após o esclarecimento
e garantia de sigilo e anonimato, a participante tendo a liberdade, aceitou participar do estudo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
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torno de 2 (dois) a 3 (três). Em se tratando de abortos, o número é preocupante, vez que a
média chega a 5 (cinco) abortos.
A última dimensão, cujas perguntas gravitaram em torno dos diagnósticos de
enfermagem, constatou-se que as mulheres em risco já tiveram DHEG em gestações
anteriores; mas a enfermeira respondeu que a grande parte dessas gestantes não foram
identificados nenhum sintoma. Sobre o tratamento que as gestantes estão fazendo, foi
explicado que foi prescrito metildopa, devendo ser tomado a dosagem 250mg.
Sobre os cuidados, a profissional descreveu encaminhamento para a nutricionista e
para a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) do município. Para encerrar a
pesquisa, foi perguntado se foi observada evolução da doença nas gestantes acompanhadas, ao
que a enfermeira responde que não, pois o acompanhamento destes casos é muito rigoroso,
sendo feito semanalmente, com a realização de exame e prescrição de medicamentos,
conforme observada a necessidade.
De posse desses resultados, passa-se a uma discussão embasada neles em
contraponto com a literatura científica que trata do tema em epígrafe, para verificar se a forma
como tem procedido o atendimento por parte da enfermeira às gestantes está de acordo com o
papel dos enfermeiros defendidos pela maioria dos especialistas no assunto.
Assim, inicia-se destacando que a pesquisa foi realizada em uma unidade que atende
as gestantes no município de Iguatemi denominada de Casa da Gestante. É muito importante
que este grupo tenha uma unidade de saúde que o atende de modo específico, pois como
declarado por Vieira et al. (2011), o período gestacional é um momento peculiar para as
mulheres, que vivencia uma experiência impar no nascimento de um filho, de forma que
devem e merecem receber um tratamento exclusivo e humanizado pelos profissionais de
saúde, aqui com foco na pessoa do enfermeiro que atua na maternidade e que faz o
acompanhamento de todo o processo, desde o pré-natal até o pós-natal.
Ferreira et al. (2016), realizou um estudo sobre esta questão, cujos resultados
mostraram que a expectativa quanto ao local onde são atendidas é muito alta, inclusive no que
se refere a humanização na assistência delas. Da mesma forma entendem Amorim et al.
(2017), também fundamentados em resultados de pesquisa que realizaram, ficando
demonstrado que os espaços de saúde voltados para as gestantes na Atenção Básica devem ser
de fácil acesso, com equipe de enfermagem qualificada e humanizada, que ofereça um
atendimento acolhedor e sem intervenções desnecessárias.
Compreende-se assim, que as gestantes devem ser atendidas em um espaço próprio,
sendo que o atendimento obstétrico e neonatal precisa ser essencialmente humanizado e de
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muita qualidade. É um dos papeis mais importantes dos enfermeiros realizar um acolhimento
digno das gestantes. É preciso que os serviços se centrem em cada uma delas, como sujeito
ativo, não como meras pacientes, haja vista que se encontram numa fase de vulnerabilidade e
de fragilidade maior, pois têm seus corpos alterados hormonal e bioquimicamente, o que leva
a mudanças psicossociais, que precisam ser observadas pelos profissionais.
Logo, o atendimento por parte da equipe de enfermagem, que é a que mantém um
contato mais próximo, deve ser de excelência. Sabe-se que a realidade brasileira está longe de
ser a ideal no que relacionado a isto, mas enfermeiros que vêm sendo formados nos últimos
anos, têm recebido capacitação nesse sentido, de modo que se espera haja melhora no
acompanhamento obstétrico.
Com relação ao número de gestantes atendidas na unidade pesquisada com quadro de
DHEG, ficou constatado na Casa da Gestante, dentre as 42 mulheres grávidas, 13 delas
demandam uma atenção e cuidados quanto a DHEG e se encontram na média de 26 anos de
idade, que envolve pacientes adolescentes de 16 anos a mulheres de 36. Este resultado mostra
dados que estão de acordo com diversas pesquisas, pelas quais é possível observar que em
geral, é alto o número total de gestantes que acompanhadas nas unidades de saúde, sendo
também realidade a presença de casos de mulheres com DHEG, sendo que Cunha, Oliveira e
Nery (2007), por exemplo, identificou 12 casos destes no trabalho que desenvolveram, com
prevalência de gestantes na faixa etária entre 18 e 26 anos.
Por sua vez, Nóbrega et al. (2016) realizou um estudo bastante amplo, envolvendo
468 mulheres que foram atendidas no período de início de 2008 a final de 2012, comprovando
que a maioria delas apresentaram problema de doença hipertensiva. Apesar destes estudiosos
não terem descritos o número exato de casos, eles especificaram que a maioria das mulheres
acometidas pela DHEG se enquadravam na faixa etária entre 19 a 25 anos e eram
primigrávidas.
Em outra pesquisa publicada mais recentemente por Amorim et al. (2017), de
28.399 gestantes atendidas em uma maternidade ao longo do período de um ano, foi
verificado que 1.394 casos de pré-eclâmpsia (9% do total) entre mulheres de 26 a 32 anos.
Mesmo tipo de análise realizaram Frias e Dias (2017), tendo 204 mulheres como amostra,
sendo que 11% delas apresentavam DHEG, cuja faixa etária está entre 25 a 34 anos. Nestas
duas últimas pesquisas o quesito idade destoou das anteriores, que identificaram uma faixa
etária de 26 a 32 anos com mulheres com o problema, mas ainda assim compreendeu a faixa
de idade das gestantes atendidas na Casa das Gestantes, visto que a enfermeira apontou idade
média de 26 anos.
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Thuler (2018) e Neme (2006) se preocupa em destacar que a idade materna é um dos
fatores de risco quando se trata de problema de hipertensão na gravidez, mas enfatiza que
existem divergências na literatura científica quanto ao fato da gestação em seus extremos
aumentar os riscos dos problemas relativos a DHEG. Mas, independentemente disto, o que se
nota é que sempre existem casos de mulheres gestantes que acabam tendo complicações em
suas gestações por conta da DEHG, o que requer dos enfermeiros uma atenção diferenciada,
pois é um problema que mais pode levar tanto a morbimortalidade materna como perinatal.
Assim, seja qual for a quantidade de mulheres com tal quadro clínico, os enfermeiros
que as atendem devem acompanhá-las ao longo do processo de gravidez e pós-parto visando
promover a saúde de mães e filhos, procurando realizar ações que venham lhes proporcionais
melhor qualidade de vida, o que deve ser feito por meio de uma aproximação direta,
contextualizada e participativa. É fundamental que haja um vínculo real entre o enfermeiro e
as gestantes.
Retomando os resultados relacionados a média de gravidez anterior das pacientes
atendidas pela enfermeira entrevistada, o registro foi de três gestações, com média de 2 a 3
filhos vivos, com a presença de uma média de 5 abortos. Acerca disto, Amorim et al. (2017,
p.1809) salienta que “há escassez de artigos que relatam ocorrência das DHEG em mulheres
multíparas, desta feita, fica uma lacuna na discussão a respeito desta temática, evidenciado
prevalência de mulheres com SHG mais em grávidas do primeiro filho”. Ferreira et al (2016)
no trabalho que desenvolveram também permitem concluir isto.
Fato que também é comprovado pela pesquisadora desse presente artigo, pois sua
procura por estudos que tratassem do problema em mulheres multíparas (secundigestas,
tercigestas, etc.) revelou que não há muitos esforços no sentido de estudá-las, diferentemente
do que ocorre com as primigestas. Das pesquisas encontradas, cita-se inicialmente duas: a
primeira investigou cerca de 86 gestantes, sendo 51,2% multíparas (NEME, 2006); e a outra
avaliou 22 mulheres comprovando a presença de aproximadamente 59% de multíparas
(GONÇALVES; FERNANDES; SOBRAL, 2005).
No entanto, apesar destes resultados, de modo geral é entre as primigestas que se
encontra a maior prevalência de DHEG. Frias e Dias (2017) comprovaram isto, quando da
amostra de 204 mulheres com a síndrome hipertensiva, 54,9% se encaixavam neste grupo.
Isto parece perfeitamente explicado pelo fato que quando se engravida pela primeira vez, o
organismo da mulher estabelece os primeiros contatos com os chamados antígenos fetais, o
que acaba elevando as reações imunológicas em decorrência de uma produção baixa de
anticorpos bloqueadores maternos.
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Já o aborto não é uma constatação unânime, pois no presente artigo a entrevistada
citou a ocorrência de 5, enquanto Amorim et al. (2017) são pesquisadores que não se
depararam com nenhum caso em decorrência da doença hipertensiva. Nos demais estudos não
foi feita referência a abortos por DHEG, mas sim, a morte materna e perinatal. Com relação a
estas mortes, há consenso entre a maioria dos autores, que mostram usam os dados para
fomentar que seja feito um acompanhamento mais incisivo junto das gestantes, sendo que
simples aferições da pressão arterial periodicamente podem evitar sérios problemas
(AMORIM et al., 2017; THULER, 2018; NÓBREGA et al., 2016; LIMA, PAIVA,
AMORIM, 2010; CUNHA; OLIVEIRA; NERY, 2007; NEME, 2006).
Realmente a morte materna decorrente de problemas de hipertensão apresentam altos
índices. Inclusive a pré-eclâmpsia é tida como a maior causa mortis de mulheres no Brasil.
Daí o enfermeiro atuar com competência para, além de identificar eventuais riscos neste
sentido, ainda ter condições de fazer todo o acompanhamento necessário, de forma a
minimizar ao máximo todo e qualquer risco de morte tanto para a mãe como para o bebê.
Em se tratando dos diagnósticos de enfermagem, a enfermeira entrevistada afirmou
que em se tratando das multigestas, as mulheres em risco já tiveram DHEG em gravidez
anterior, só que sem identificação de sintomas. Sobre isto, Spíndola, Lima e Cavalcanti (2013)
grifam que é fundamental que seja feita esta verificação, pois os dados obtidos quando se
analisa o histórico da gestante constituem um importante suporte na oferta de uma assistência
adequada a mulher em risco. Na mesma direção caminham Thuler et al (2018, p.1066): “[...]
insistir na identificação de fatores de risco que desencadeiam as DHEG e o autocuidado
dessas pacientes, bem como a investigação sobre a gestão farmacológica”.
Também entendem assim, Lima, Paiva e Amorim (2010), que procuram esclarecer e
destacar o papel dos profissionais de enfermagem quando afirmam que as implicações
geradas pela hipertensão gestacional podem ser evitadas, desde que às gestantes sejam
estendidas ações preventivas, que inclui a cobertura pré-natal, a atenção primária e, claro, a
realização de um diagnóstico precoce de mulheres grávidas de alto risco.
Os resultados dessa pesquisa e também as colocações dos autores tornam possível
compreender que um trabalho preventivo, mediante a realização de um acompanhamento
periódico ao longo do pré-natal. Uma assistência nesta etapa permite identificar as gestantes
de risco para de imediato iniciar o tratamento específico, com isto contribuiu-se com a
diminuição da mortalidade derivada da DEHG. É importante saber que como o diagnóstico de
pré́ -eclâmpsia envolve aferição da pressão arterial periódica, este procedimento deve ser
18
realizado com precisão. A aferição da pressão arterial está sujeita ao equipamento, à técnica e
aos erros do profissional de saúde, daí realizá-la com muita atenção e cuidado.
Já no quesito tratamento, a enfermeira pesquisada disse usualmente é prescrito
metildopa 250 mg. Este é um dos medicamentos citados por especialistas como Nóbrega et al.
(2016) e Lima, Paiva e Amorim (2010), como um dos fármacos mais receitados anti-
hipertensivos durante o período gestacional, pois como o princípio interventivo é reduzir a
pressão sanguínea da grávida e aumentar o fluxo sanguíneo placentário, o Metildopa atende
bem este objetivo, pois promove o relaxamento do músculo liso das artérias periféricas e a
redução da resistência vascular.
Além deste medicamento, são citados outros, tais como a Hidralazina (medicação
intravenosa), Propranolol (betabloqueador), Nifedipina e Nicardipina, (bloqueadores dos
canais de cálcio), todos estes três por via oral (FERREIRA et al., 2016; NÓBREGA et al.,
2016). Há ainda recomendação de que sejam associadas Nifedipina ou Hidralazina a
Metildopa, caso perceba-se necessária para manter os níveis pressóricos para a manutenção
(NOVO; PATRÍCIO; VANIM, 2010).
Como se pode ver, apesar de ser um problema muito comum e perigoso, quando
diagnosticado o tratamento é relativamente simples, pois à gestante será prescrito um ou mais
fármacos, como os citados acima, muito provavelmente o Metildopa, cuja dosagem passará
por ajustamento conforme variar os níveis arteriais e também de acordo com a evolução geral
da paciente. Assim, algumas vezes será preciso aumentar a dose; em outras diminuir; ou
ainda, associar um medicamento a outro.
Quanto aos cuidados, pela presente pesquisa verificou-se que a enfermeira da Casa
da Gestante, além de acompanhar as pacientes, conforme a situação, as encaminha uma
nutricionista e para a equipe do NASF. Sobre a necessidade de uma equipe multidisciplinar
como a que atende no NASF, Oliveira et al. (2017) e Cunha, Oliveira e Nery (2007) explicam
que o trabalho não pode ficar apenas a cargo do enfermeiro, pois há muitos fatores envolvidos
que requerem a atuação de um trabalho integrado e com a participação de diversos
profissionais da área de saúde. Eles também mencionam a necessidade de uma nutricionista.
O encaminhamento para ajustar a questão alimentar é aconselhado também por
Amorim et al. (2017), que explica que em geral as gestantes apresentam condições
nutricionais não- adequadas. Isto também é defendido por outros pesquisadores que alertam
que “A orientação alimentar, considerada recomendação fundamental para complementar o
tratamento medicamentoso/suplementação, quase sempre é esquecida ou é realizada de forma
padronizada, com indicação de alimentação hipossódica” (THULER et al., 2018, p.1066).
19
Ainda em se tratando da alimentação, alguns autores destacam o papel fundamental
do enfermeiro neste processo, denominando-o de educador, haja vista que deve atuar também
como um orientador no sentido de fazer com que as gestantes compreendam a necessidade de
mudar de hábitos alimentares para que a pressão arterial fique controlada (LIMA; PAIVA;
AMORIM et al., 2010). Claramente, este mesmo papel de orientação se revela no que tange a
sua conscientização quanto a importância de também seguir à risca o tratamento
medicamentoso.
Encerrando, menciona-se sobre a evolução ou não das doenças nas gestantes que a
enfermeira entrevistada dá assistência. Em consonância com ela, a DHEG não evolui, ao
contrário, tem sido possível controlar o nível pressórico, porque é realizado um
acompanhamento rigoroso. Esta posição vem ao encontro dos achados na literatura científica,
que se mostra uníssona a respeito disto. Ferreira, Meireles e Reis (2018) e Nóbrega et al.
(2016) fazem parte dela e vêm salientar que a falta ou má assistência a gestante com doença
hipertensiva vai levar a uma evolução desfavorável, inclusive, podendo causar a morte dela.
Enquanto, quando o enfermeiro cumpre seu papel, contribui diretamente para o controle da
DHEG, o que é fundamental para que o período gestacional transcorra tranquilamente,
superando quaisquer complicações presentes ou potenciais
4 CONCLUSÃO
20
Afirma-se que o objetivo maior desse artigo foi satisfatoriamente atendido, pois com
a análise feita a luz da literatura dos resultados alcançados no estudo prático, ficou a certeza
de que o papel do enfermeiro dentro da realidade de mulheres gestantes com DHEG no
decorrer do pré-natal na atenção primária é muito importante, especialmente quando este
profissional atua além das questões técnicas e clínicas, mas estende seu trabalho para a área
da orientação, se revelando também, um educador. Assim tem ocorrido na Casa da Gestante,
unidade que foi objeto de estudo desse trabalho.
Em vias de conclusão, atém-se ao fato de que é essencial que toda a equipe de
enfermagem envolvida na assistência à saúde das gestantes na atenção primária deve ter como
uma das prioridades o acompanhamento daquelas que apresentam riscos maiores de
desenvolver a DEHG, sendo que para evitar complicações é preciso que o problema seja
identificado o mais cedo possível, para que elas recebam tratamento adequado.
Ao final, o desenvolvimento desse artigo veio estabelecer parâmetros de bases
sólidas, agregando conhecimento para os profissionais de Enfermagem sobre a prestação de
assistência a gestantes com DEHG. O esperado é que os resultados encontrados e discutidos
venham proporcionar um enriquecimento sobre o assunto em epígrafe a todos, contribuindo
para que percebam o quanto é importante o papel que desempenham e que, além disto, se
sintam instigados a fazer parte de possíveis mudanças no que tange a prevenção da
hipertensão gestacional.
Cumpre por fim avultar, que esse trabalho abre possibilidades para futuras pesquisas,
já que um problema tão preocupante, como é a DEGH, fomenta a realização de mais estudos
inéditos, que se concentrem em aprofundamentos envolvendo investigações dentro de um
tempo pré-estabelecido, cuja amostra seja formada por grupos de pacientes que apresentem
doença hipertensiva, para verificar como tem sido o acompanhamento também na visão deles.
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Com acesso em: 19 maio 2019.
VIEIRA, Sônia M. et al. Percepção das puérperas sobre a assistência prestada pela equipe de
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Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
07072011000500032&script=sci_abstract&tlng=pt>. Com acesso em: 19 maio 2019.
23
APÊNDICE
24
APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
25
ANEXO
26
ANEXO A - REVISTA ARQUIVOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIPAR
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ANEXO B - INSTRUÇÕES PARA AUTORES DA REVISTA ARQUIVOS DE CIÊNCIAS
DA SAÚDE DA UNIPAR
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31
ANEXO C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO – TCLE
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33
ANEXO D – DECLARAÇÃO DE PERMISSÃO PARAA UTILIZAÇÃO DE DADOS
34
ANEXO E – CONSENTIMENTO PÓS-INFORMADO
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ANEXO F - PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ
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37
38
ANEXO G - DECLARAÇÃO DA CORREÇÃO PORTUGUÊS
39
40