Você está na página 1de 3

FICHA INFORMATIVA 2 – Práticas discriminatórias e

consequências jurídicas

Como se define discriminação?

De acordo com o artigo 3º da Lei n.º 93/2017, de 23 de agosto (adiante referida como Lei
93/2017), entende-se por Discriminação:

Qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência em razão da pertença de qualquer


pessoa a uma origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de
origem, que tenha por objetivo ou efeito a anulação ou restrição do reconhecimento, gozo
ou exercício, em condições de igualdade, de direitos, liberdades e garantias ou de direitos
económicos, sociais e culturais.
Tipos de Discriminação
Discriminação Direta: Sempre que uma pessoa ou grupo de pessoas sejam objeto de
tratamento desfavorável.

Discriminação Indireta: Sempre que uma disposição, critério ou prática,


aparentemente neutra, coloque uma pessoa ou grupo de pessoas numa situação de
desvantagem.

Discriminação por associação: Aquela que alguém pode sofrer em virtude da sua
relação e/ou associação com pessoa ou grupo de pessoas a quem sejam atribuídos ou
que possuam as características como a origem racial e étnica, cor, nacionalidade,
ascendência e território de origem.

Discriminação Múltipla: Aquela que resultar de uma combinação de dois ou mais


fatores de discriminação.

Assédio: Sempre que ocorra um comportamento com o objetivo ou o efeito de violar a


dignidade de determinada pessoa ou grupo de pessoas e de criar um ambiente
intimidativo, hostil, degradante, humilhante, desestabilizador ou ofensivo.
O que são práticas discriminatórias?
De acordo com o artigo 4.º da Lei 93/2017, são proibidas e consideram-se
discriminatórias as práticas em que se recuse, condicione ou impeça, em razão da origem
racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem:
• A fruição de bens de consumo à disposição do público;
• O acesso e exercício normal de atividade económica;
• A venda/ arrendamento de imóveis;
• O acesso a locais públicos/ abertos ao público;
• O acesso aos cuidados de saúde ou estabelecimentos onde se exercem esses
cuidados; • O acesso a estabelecimentos de educação;
• O acesso a fruição cultural.
Consideram-se ainda discriminatórias as seguintes práticas:
• A adoção de práticas por parte de qualquer órgão, serviço, entidade, empresa ou
trabalhador da administração direta ou indireta do Estado que limitem o exercício
de qualquer direito;
• A constituição de turmas com base em critérios discriminatórios;

• A divulgação de ameaças, insultos ou aviltações em razão da origem racial e


étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem.

Quais são as consequências da prática de atos


discriminatórios?
As práticas de atos discriminatórios podem ser classificadas como crimes ou como
contraordenações.

Contraordenações I sujeitas ao regime sancionatório previsto na Lei 93/2017


• Admoestação
• Coimas (Pessoa Singular – De 509,26€ a 5.092,60€ / Pessoa Coletiva – De
2.037,04€ a
10.185,20€)
• Prestação de trabalho a favor da comunidade

Crimes I sujeitos a penas previstas no artigo 240.º do Código Penal


• Prisão de seis meses a oito anos (cuja execução pode ser suspensa ou ser
substituída por multa, em certos casos)

As contraordenações são processadas em entidades administrativas com a possibilidade


de recurso para os Tribunais. Nesse caso, a aplicação do regime da prevenção, da
proibição e do combate à discriminação racial cabe à Comissão para a Igualdade e
Contra a Discriminação Racial (CICDR).

E se for vítima ou presenciar uma prática discriminatória?

Deverá apresentar queixa junto da CICDR, que é um órgão especializado no combate à


discriminação racial e que tem a missão de prevenir e proibir a discriminação racial sob
todas as formas e sancionar a prática de atos que se traduzam na violação de quaisquer
direitos fundamentais, ou na recusa ou condicionamento do exercício de quaisquer
direitos económicos, sociais ou culturais, por quaisquer pessoas, em razão da origem
racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem. A CICDR reúne
toda a informação relativa ao ato em questão e recomenda as medidas adequadas,
nomeadamente a instauração de processos de contraordenação ou a aplicação de
sanções.

Ideias-chave

• Nos termos da lei, Discriminação pode ser direta, indireta, múltipla, por associação e
por assédio.
• As práticas discriminatórias são proibidas por lei e podem ser classificadas como
contraordenações ou crimes.
• As contraordenações são processadas por entidades administrativas com a
possibilidade de recurso para os Tribunais.
• Se for vítima ou presenciar uma prática discriminatória deverá apresentar queixa
junto da CICDR.

Você também pode gostar