Você está na página 1de 31

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes


Departamento de Letras

Disciplina: Literatura Brasileira – Simbolismo, Pré-Modernismo, Primeira e segunda


gerações modernistas
Carga horária: 60 horas
Semestre letivo: 2024.1
Professora: Juliane Vargas Welter (julianewelter@gmail.com)

Aula Data Unidade Conteúdo Textos


1 29/2 ******* Plano de Curso Plano de Curso

Panorama da Literatura *********


Brasileira
2 7/3 I
Auta de Souza 1. “No Horto”
2. “Cantiga”
(Horto, 1901) 3. “Desalento”
4. “Morena”
[seleção] 5. “Versos Ligeiros”
6. “Nunca Mais”
7. “Página Triste”
8. “Dolores”
9. “Quando Eu
Morrer”
10. “Extinto”
(SOUZA, s/d)

Textos teóricos:
Araújo (2004)
Araújo (2012)
Barros (2020)
Farias (2022)

3 14/3 I “A nova Califórnia”


Lima Barreto (BARRETO, 2011)
(contos)
“O filho de Gabriela”
[seleção] (BARRETO, 2011)

Textos teóricos:
Sevcenko (2003)
[cap. 1 e 2]

4 21/3 II A Semana de Arte Imagens exposição Anita


Moderna, O modernismo Malfatti (1917)
1. “O homem amarelo”
2. “A mulher de cabelos
verdes”
3. “A ventania”

“A respeito da exposição da
senhora Anita Malfatti:
paranoia ou mistificação”
(LOBATO, 1917)

“Os sapos”
(BANDEIRA, 1919)

Textos teóricos

Boaventura (2013)
Gonçalves (2012)

Textos complementares
[alerta de polêmica]
Fischer (2021)
Castro (2022)
Wisnik (2022)

5 4/4 I Mário de Andrade Macunaíma


(ANDRADE, 2008)

Textos teóricos
Bosi (s/d)
Souza (2003)
6 11/4 I Oswald de Andrade
“Postes da Light”
(Poesia pau-brasil) (ANDRADE, s/d)
[seleção]
“Manifesto da poesia pau-
brasil”
(ANDRADE, 1976)

“Manifesto do Antropófago”
(ANDRADE, 1976)

Textos teóricos:
Dias (2021)
Schwarz (1987)

7 18/4 I Manuel Bandeira 1. “Pensão familiar”


2. “O cacto”
(Libertinagem, 1930) 3. “Pneumotórax”
4. “Poética”
[seleção] 5. “Porquinho-da-índia”
6. “Evocação do Recife”
7. “Poema retirado de
uma notícia de jornal”
8. “Vou-me embora para
Pasárgada”
(BANDEIRA, 1993)
[seleção em anexo –
Anexo III]

Textos teóricos
Arrigucci (1987)
Candido, Souza (1993)

8 25/4 I Patrícia Galvão Parque Industrial


(GALVÃO, 2013)

Textos teóricos
Rodrigues (2009)
Moretti; Matias (2021)
Ribeiro (2021)

9 26/4 I Semana reservada para *************


30/4 orientações
[email, meet]

10 2/5 I Atividade Avaliativa I


PLANO DE AULA *************
Entrega via tarefa do
SIGAA
(ver anexo I)

[sem aula presencial]


11 9/5 II O romance de 30 Textos teóricos
Bueno (2015)
Rachel de Queiróz Candido (1984)
Lafetá (2000)

O quinze
(QUEIRÓZ, 2012)

Texto teórico
Bueno (2015)
Dias; Oliva (2020)
Lobato; Pereira (2011)

12 16/5 II Jorge Amado Capitães de Areia


(AMADO, 1937)

Textos teóricos
Duarte (2017)

13 23/5 II Graciliano Ramos


Vidas Secas
(RAMOS, 2012)

Textos teóricos
Candido (2006)
Pacheco (2014)

14 6/6 II Dyonélio Machado Os ratos


(MACHADO, 2004)

Textos teóricos
Arrigucci (2004)
Reis (2015)

15 13/6 II Carlos Drummond de


Andrade 1. “Consideração do
poema” (RP)
(A rosa do povo, 1945) 2. “Procura da poesia”
(Claro enigma, 1951) (RP)
3. “A flor e a náusea”
[seleção] (RP)
4. “Dissolução” (CE)
5. “Um boi vê os
homens” (CE)
(DRUMMOND,
2008; 2012)
[seleção em anexo –
Anexo IV]

Textos teóricos
Candido (s/d)
Pasini (2015)
Pilati (2009)

16 20/6 II Semana reservada para


orientações *************
[email, meet]
(sem aula presencial)

17 27/6 II Atividade Avaliativa II


VÍDEO *************
(ver Anexo II)
18 4/7 II PROVA Textos trabalhados ao longo
DE do semestre
REPOSIÇÃO
(individual, escrita)

REFERÊNCIAS LITERÁRIAS
AMADO, Jorge. Capitães de areia. Rio de Janeiro: José Olympio,
ANDRADE, Carlos Drummond. Claro Enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
___. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2008.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir,
2008.
ANDRADE, Oswald de. “O manifesto antropófago”, “O manifesto da poesia pau-brasil”.
In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro:
apresentação e crítica dos principais manifestos vanguardistas. 3ª ed. Petrópolis: Vozes;
Brasília: INL, 1976. Disponível em: https://www.ufrgs.br/cdrom/oandrade/oandrade.pdf.
Acesso: 26 dez. 2023
ANDRADE, Oswald. Poesia pau-brasil, s/d. Disponível em
https://drive.google.com/file/d/1-
J5esmqrx7TayPDcT0BpLfN7oY6n3u6T/view?usp=sharing. Acesso: 26 dez. 2023
BANDEIRA, Manuel. “Os sapos”, 1919. Disponível em:
http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/educativo/acerto3.html Acesso: 26
dez. 2023
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
BARRETO, Lima. Contos completos de Lima Barreto. São Paulo: Companhia das Letras,
2011. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1OSK1rSwhP_LkOs3067fj8rVDHvKv8Zg_/view?usp=s
haring. Acesso: 26 dez. 2023
GALVÃO, Patrícia. Parque industrial. São Paulo: Editora Cintra, 2013. Disponível em:
https://www.academia.edu/39631793/Patr%C3%ADcia_Galv%C3%A3o_Pagu_Parque
_Industrial_romance_Editora_Cintra_S%C3%A3o_Paulo_2013. Acesso: 26 dez. 2023.
MACHADO, Dyonélio. Os ratos. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2004. Disponível
em: https://lelivros.love/book/download-os-ratos-dyonelio-machado-em-epub-mobi-e-
pdf/. Acesso: 26 dez. 2023
MALFATTI, Anita. “O homem amarelo”. Disponível em: https://arteeartistas.com.br/o-
homem-amarelo-anita-malfatti/. Acesso: 26 dez. 2023
___. “A mulher de cabelos verdes”. Disponível em:
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra2048/a-mulher-de-cabelos-verdes. Acesso:
26 dez. 2023
___. “A ventania”. Disponível em:
http://www.acervo.sp.gov.br/GalleryMM/zoom_1034.html. Acesso: 16 março 2022.
QUEIROZ, Rachel de. O quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012.
https://drive.google.com/file/d/1EGcCCBzdKnmMOMbsWogxuoWe_laC00H0/view?u
sp=sharing. Acesso: 26 dez. 2023
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2002. Disponível em:
https://cs.ufgd.edu.br/download/Vidas%20Secas%20-%20Graciliano%20Ramos.pdf.
Acesso: 26 dez. 2023
SOUZA, Auta. Horto. Editora LeBooks, s/d. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/11V5np7PII-
t4Q_hBGWEqHbZ0vyXwPdSz/view?usp=sharing Acesso: 26 dez. 2023

REFERÊNCIAS TEÓRICAS
ARAÚJO, Humberto H. de. “Pós-românticos no Rio Grande do Norte”. In: Múltipla
palavra: ensaios de literatura. João Pessoa: Idéia, 2004. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1QQjeCvEmeOQ8805713Cfm6GPtZpMSxD_/view?usp
=sharing. Acesso: 26 dez. 2023
ARAÚJO, Wellington M.de. “De esquifes e despontar da aurora: uma leitura da
representação lírica em Auta de Souza”. In: Anais XIII Encontro ABRALIC,
UEPB/UFCG, Campina Grande/PB, 2012.
ARRIGUCCI JR., Davi. “O humilde cotidiano de Manuel Bandeira”. In: ___. Enigma e
Comentário. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1geh8sZM_zkvbXyjg2oaXW63fNXaUB3Hz/view?usp=
sharing. Acesso: 26 dez. 2023
ARRIGUCCI Jr., Davi. “O cerco dos ratos”, In: MACHADO, Dyonélio. Os ratos. São
Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2004.
BARROS, Alice V. Do subterrâneo no Horto: Auta de Souza e os mitos culturais sobre
a poeta no século XIX. Em tese. Belo Horizonte, v.26, n.1, jan-abr 2020. Disponível em:
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/emtese/article/view/16241. Acesso: 26
dez. 2023
BOAVENTURA, Maria Eugênia. “Semana de Arte Moderna: o que comemorar?”, em
Remate de Males. Campinas, SP (33, 1-2), 2013, p.23-29. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8636444/4153.
Acesso: 26 dez. 2023
BOSI, Alfredo. “Situação de Macunaíma”. In: ___. Céu e Inferno. São Paulo: Livraria
Duas Cidades; Editora 34, [arquivo sem data]. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1GAdzkd-7awV4f1T2ng-
dvtvNvNEYYnw5/view?usp=sharing Acesso: 26 dez. 2023
BUENO, Luis. “O lugar do romance de 30”[p.43-80]; “Novidade e velharia” [p.124-134];
Uma história do romance de 30. São Paulo: UNESP, 2015 (OU: Uma história do
romance de 30. Tese de doutorado. Unicamp, 2001)
CANDIDO, Antonio. “A revolução de 30 e a cultura”. In: NOVOS ESTUDOS, n. 4, abril
de 1984. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4332357/mod_resource/content/1/ANTONIOC
ANDIDO_Revolucaode30eaCultura.pdf. Acesso: 26 dez. 2023
___. “Cinquenta anos de Vidas Secas”. In: Ficção e confissão. Rio de Janeiro: Ouro sobre
Azul, 2006. Disponível em: http://www.poscritica.uneb.br/wp-
content/uploads/2021/04/CANDIDO-Antonio.-Cinquenta-anos-de-Vidas-Secas.-In-
Fic%C3%A7%C3%A3o-e-confiss%C3%A3o.pdf. Acesso: 26 dez. 2023
CANDIDO, Antonio. “Inquietudes na poesia de Drummond”. In:__. Vários escritos. Rio
de Janeiro: Duas Cidades; Ouro Sobre Azul, [arquivo sem data]. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1oWsp068fwUm0gBC2NbfHhHPQei5yRYyB/view?usp
=sharing. Acesso: 26 dez. 2023
CANDIDO, Antonio. MELLO E SOUZA, Gilda. Prefácio a Estrela da Vida Inteira. In:
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0BzX9380Jf5-
jVDNPRDc2MHFlOHhVd3ZQQjNOOHJISXN5NXFV/view?usp=sharing. Acesso: 26
dez. 2023
CASTRO, Ruy. “Como a Semana de 22 virou vanguarda oficial depois de 22 anos
esquecida”. In: Folha de São Paulo, 05 de fev. de 2022. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/151i8scy3n0_vm0N4WXhHrp4IbSl11Xe4/view?usp=sh
aring. Acesso: 26 dez. 2023
DIAS, Fernanda S. A construção da cidade de São Paulo na poesia de Oswald de
Andrade e Roberto Piva. DISSERTAÇÃO. Araraquara: Unesp, 2021. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/213497/dias_fs_me_arafcl.pdf?sequ
ence=3&isAllowed=y. Acesso. 26 dez. 2023
DIAS, Gerusa Alves dos Santos; OLIVA, Osmar Pereira. “Rachel de Queiróz e
Conceição de O quinze: Mulheres que buscam refundar a tradição por meio da
insubordinação feminina”. In: Cadernos de Literatura Comparada, n. 43, 2020.
Disponível em: https://ilc-cadernos.com/index.php/cadernos/article/view/698. Acesso:
26 dez. 2023
DUARTE, Eduardo de Assis. “Jorge Amado e o Bildungsroman proletário”, em Revista
Brasileira de Lit. Comparada nº2. ABRALIC, 2017.
FARIAS, Genilson de A. “Auta de Souza: tecendo fios de liberdade por meio da palavra
escrita”. In: Tecelás da liberdade: trajetórias, narrativas e poéticas de mulheres. Natal:
EDUFRN, 2022. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/45931/1/Tecel%C3%A3sdaLiberdade_
Gomes_Farias_2022.pdf#page=27. Acesso: 26 dez. 2023
FISCHER, Luís Augusto. “Consagração da Semana de 22 impôs falsa ideia de que São
Paulo foi o berço do modernismo”. In: Folha de São Paulo, 11 de dez. 2021. Disponível
em:
https://drive.google.com/file/d/1fbh24baM7CkFTCSmcTU467BmIzQRSQyR/view?usp
=sharing. Acesso: 26 dez. 2023
GONÇALVES, Marcos Augusto. “O vernissage”, em _______. 1922: a semana que não
terminou. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
LOBATO, Andrea Teresa Martins; PEREIRA, Eduardo Oliveira. “A seca e a narrativa
do trágico em O quinze, de Rachel de Queiroz”. In: Revista Garrafa 24, maio-agosto,
2011. Disponível em:
https://revistas.ufrj.br/index.php/garrafa/article/viewFile/7766/6253. Acesso: 26 dez.
2023
LOBATO, Monteiro. “A propósito da exposição Anita Malfatti”. O estado de São Paulo,
1917. Disponível em:
http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/educativo/paranoia.html Acesso: 26 dez.
2023
MELLO E SOUZA, Gilda. O tupi o alaúde. São Paulo: Livraria Duas Cidades; Editora
34, 2003. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1Crnoka4Y65MHj7L7cGfq25oeHxj754WX/view?usp=s
haring Acesso: 11 fev. 2018.
MORETTI, Franciele; MATIAS, Felipe dos Santos. “A escrita engajada de Pagu contra
a opressão de classe social, gênero e raça em Parque Industrial”. In: Moara, n. 59, 2021.
Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/moara/article/view/11752. Acesso:
26 dez. 2023
PACHECO, Ana Paula. “O vaqueiro e o procurador de pobres: Vidas Secas”. In: Revista
do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 60, p. 34-55, abr. 2015. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rieb/a/pQcJ5t6mq5ks4wXDzzRTsFx/?format=pdf&lang=pt.
Acesso: 26 dez. 2023
PASINI, Leandro. “O processo expiatório de A rosa do povo, de Carlos Drummond de
Andrade” In: Literatura e Sociedade, [S. l.], v. 20, n. 21, p. 54-69, 2015. DOI:
10.11606/issn.2237-1184.v0i21p54-69. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/ls/article/view/114522. Acesso em: 26 dez. 2023
PILATI, Alexandre. “De hermetismo, dissolução, bens e sangue”. In: A nação
drummondiana: quatro estudos sobre a presença do Brasil na poesia de Carlos Drummond
de Andrade”. Rio de Janeiro:7 Letras, 2009.
REIS, Octávio A.L.G. “Os ratos: favor e forma literária”. In: __. Arranjos, fugas e
consciência emperrada em três romances de Dyonélio Machado”. DISSERTAÇÃO DE
MESTRADO. UFRGS, 2019. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/212736. Acesso: 26 dez. 2023
RIBEIRO, Fernanda. C. “A literatura engajada e feminista de Patríca Galvão em Parque
Industrial”. In: Aqui jaz o último ato: Anais 3º Cine Fórum da UEMS, 2021.. Disponível
em: https://anaisonline.uems.br/index.php/cineforumuems/article/view/7578/7264.
Acesso: 26 dez. 2023
RODRIGUES, Juliana B. Parque Industrial, de Patrícia Galvão: engajamento político e
projeto estético. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Uberlância, 2009. Disponível em:
http://clyde.dr.ufu.br/bitstream/123456789/11807/1/Diss%20Juliana.pdf. Acesso: 26
dez. 2023
SCHWARZ, Roberto. “A carroça, o bonde e o poeta modernista”, em _________. Que
horas são? : ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Disponível em:
https://joaocamillopenna.files.wordpress.com/2015/03/schwarz-a-carroc3a7a-o-bonde-
e-o-poeta-modernista.pdf. Acesso: 26 dez. 2023
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1_JaVh7TKfGJE0DDCsl716uPzwSvIl9TC/view?usp=sh
aring Acesso: 26 dez. 2023
WISNIK, Miguel. “Semana de 22 ainda diz muito sobre a grandeza e a barbárie do Brasil
de hoje”. In: Folha de São Paulo, 12 de fev. 2022. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1lg4mfflfrlPwilS56BsOxIeF8oLqCgB7/view?usp=sharin
g. Acesso: 26 dez. 2023
ANEXO I
PLANO DE AULA
(Atividade Avaliativa I)

[Formatação: fonte Times New Roman, 12, espaçamento 1,5 entre-linhas]

Contextualização: disciplina, série.


Tema/ ementa: Literatura Brasileira (neste caso)
Objetivo geral: meta, resultado a alcançar a médio prazo, formulado com verbos no
infinitivo, ideias amplas.
Objetivos específicos: metas de curto prazo, formulado com verbos no infinitivo.
Conteúdos: o que vai ser abordado.
Metodologia: como vai ser abordado.
Recursos: meios utilizados para tornar a aula mais efetiva.
Avaliação: verificar se os objetivos foram atingidos.
Referências: consultadas.
Cronograma: distribuir atividades previstas no tempo considerando a duração da aula
(pensar em uma aula de 100 minutos)

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Cumprimento das orientações 1,0
Criatividade 3,0
Coerência entre objetivos, conteúdos, metodologia, recursos e avaliação 3,5
Atualização e pertinência das referências utilizadas – no mínimo 3 1,5
Correção gramatical 1,0
TOTAL 10,0

PLANO DE AULA - EXEMPLO

PROFESSOR/A: (aluna/o que fez o plano)


DISCIPLINA: Literatura Brasileira
SÉRIE: 1º ANO (qualquer uma do ensino médio; especificar)
TEMA/EMENTA: A literatura brasileira de 1500 até o romantismo (a depender da série
do EM)
CONTEÚDO: Gregório de Matos e o barroco literário

OBJETIVO GERAL: Oportunizar o entendimento da literatura como um processo


estético e social, abordando as relações entre a literatura e as transformações sócio-
históricas do século XVII na América Portuguesa.
(Verbos que podem ser utilizados: Desenvolver, compreender, conhecer, desenvolver,
refletir, possibilitar, entender...)

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Introduzir o assunto a partir das reapropriações contemporâneas do Barroco
brasileiro (“Triste Bahia”, canção de Caetano Veloso, e Velho Chico, telenovela
brasileira) e problematizar o “lugar do Barroco” na história da literatura brasileira
(polêmica Antonio Candido x Haroldo de Campos);
• Refletir sobre os conceitos “manifestação literária” e “literatura” a partir da obra
Formação da Literatura Brasileira;
• Refletir sobre a produção literária de Gregório de Matos, entendendo o seu lugar
político e literário dentro do seiscentos luso-brasileiro;
• Refletir sobre a forma literária poesia, assim como alguns dos principais aspectos
de seu conteúdo;
• Ensaiar reflexões sobre a reatualização de Gregório de Matos na literatura
brasileira durante o século XX (retornar a Caetano Veloso e à telenovela), retomando as
discussões sobre forma literária e processo sócio-histórico feitas ao longo da aula.
(Verbos: relatar, sublinhar, apontar, explicar, revisar, empregar, demonstrar, investigar,
comparar, planejar, esquematizar, avaliar...)

METODOLOGIA E RECURSOS: O conteúdo será abordado a partir ...


(Aula expositiva? Em grupo? Estudo dirigido? Apresentação e discussão de questões?
Quais recursos serão utilizados para isso?)

AVALIAÇÃO: xxxxxxxxxxxxx
(a escolha do professor, fugir de avaliações mais tradicionais como prova escrita, por
exemplo)
REFERÊNCIAS (no mínimo 3, sem contar a obra literária):
BOSI, Alfredo. “Do antigo estado à máquina mercante”; “Vieira ou a cruz da
desigualdade”. IN: Dialética da colonização. 4ª edição. São Paulo: Companhia das Letras,
2001.
CAMPOS, Haroldo de. O sequestro do barroco na formação da literatura brasileira: o
caso Gregório de Matos. 2ª edição. Coleção Casa de Palavras: Fundação Casa de Jorge
Amado, 1989.
CANDIDO, Antonio. “Introdução”. IN: Formação da literatura brasileira: Momentos
decisivos (1750-1880). 12ª edição. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: FAPESP,
2009.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos/Gregório de Matos; seleção e organização José
Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

CRONOGRAMA (delimitar e explicar aula/ações; precisa ser coerente com os


objetivos e com os 100 minutos de duração).

0 – 20 minutos Apresentação... (e assim por diante)


ANEXO II
VÍDEO
(Atividade Avaliativa II)

A proposta de avaliação consiste na produção de um vídeo curto que discuta concisamente


um tópico do romance previamente proposto pela professora.

Orientações:
· o trabalho deverá ser feito em duplas ou trios (os assuntos não poderão ser repetidos,
as inscrições serão feitas ao longo do semestre)
· o vídeo deverá ter no máximo 3 minutos;
· no vídeo você deverá explorar apenas o tópico (aprofundando a discussão), ou seja,
qualquer questão que fuja do tema não deverá ser tratada. Assim, não deverá ser
apresentado o romance ou contado o enredo, por exemplo. Isso tudo é informação prévia.
· Ao final do vídeo deverão constar as referências utilizadas.
· No vídeo serão avaliados os seguintes critérios: criatividade (3,0), qualidade do
conteúdo (3,0), qualidade da apresentação (2,0) e qualidade das obras consultadas (2,0)
· Nem todos os participantes do grupo precisam aparecer no vídeo. Inclusive, vocês
podem usar imagens, animações etc., não é obrigatório que os participantes apareçam de
fato.
· O vídeo deverá ser enviado por email
· Email para envio do vídeo: julianewelter@gmail.com

DICA: Como trabalho idêntico foi feito em semestres passados, compartilho com vocês
(com autorização dos colegas) alguns ótimos resultados:
1) O narrador e suas estratégias narrativas em O cortiço (Clara, Wiliton e Kamilla:
https://drive.google.com/file/d/1WO4Xi6pgsNERyner_BUhmoOFaoa7aS_-
/view?usp=sharing
2) A discussão racial a partir de Rita Baiana e Bertoleza em O cortiço (Carolina,
Juliana, Luiz Eduardo e Melina):
https://drive.google.com/file/d/1l3zCYrqdW4D_fNGTUooHyPp1jRDew2n-
/view?usp=sharing
3) A discussão racial a partir de Amaro em O bom-crioulo (Carol, Marana e Michael
Douglas):
https://drive.google.com/file/d/1MXWbpWQMI0SAl66hw4N6AfmUy9diRo6-
/view?usp=sharing
4) A sexualidade masculina transgressiva a partir de Amaro e Aleixo em O bom-
crioulo (Isabela, Júlio, Jonas e Maria Regina):
https://www.youtube.com/watch?v=06ap_GxhPTU

· os tópicos a serem escolhidos/sorteados são (cada tópico será designado a um


grupo, sem tópicos repetidos):

O quinze Capitães de Vidas Secas Os ratos A rosa do povo


Areia Claro Enigma

1) O 1) O narrador 1) O narrador 1) O narrador 1) A


narrador e suas e suas e suas metalinguag
e suas estratégias estratégias estratégias em
estratégi narrativas narrativas narrativas
as 2) O
narrativa 2) A 2) A engajamento
construção construção 2) A

2) A do espaço do espaço construção 3) O

construç do espaço (des)engaja

ão do 3) A 3) A mento

espaço construção construção


3) A
da dos
construção
3) A personagem personagens
do
construção e a discussão ea
personagem
da de gênero precariedade
e a dinâmica
personage (Dora) da vida
da dívida
mea (Baleia e
(Naziazeno)
discussão Fabiano)
de gênero
(Conceiçã
o)
Anexo III

SELEÇÃO DE POESIAS
MANUEL BANDEIRA

Pensão Familiar (Libertinagem, p.126)

Jardim da pensãozinha burguesa.


Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebeias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
– É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.

Petrópolis, 1925

O cacto (Libertinagem, p.127-8)

Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:


Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.

Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.


O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bonde, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de
[iluminação e energia:

- Era belo, áspero, intratável.

Petrópolis, 1925

Pneumotórax (Libertinagem, p.128)

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.


A vida inteira que podia ter sido e não foi
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

– Diga trinta e três.


– Trinta e três…trinta e três… trinta e três…
– Respire.

…………………………………………………………………………………….

– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.


– Então doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Poética (Libertinagem, p. 129)

Estou farto do lirismo comedido


Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um
[vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais


Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador


Político
Raquítico
Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo

De resto não é lirismo


Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos
[de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos


O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

PORQUINHO-DA-ÍNDIA (Libertinagem, p.130)


Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .

— O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.

Evocação do Recife (Libertinagem, p.133)

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois —
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância

A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado e partia as vidraças


[da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras, mexericos
[namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:

Coelho sai!
Não sai!

A distância as vozes macias das meninas politonavam:

Roseira dá-me uma rosa


Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)

De repente
nos longos da noite
um sino

Uma pessoa grande dizia:


Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.

Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
— Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento

Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu


E nos pegões da ponte do trem de ferro os caboclos destemidos em jangadas
[de bananeiras

Novenas
Cavalhadas

E eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos meus


[cabelos
Capiberibe
— Capibaribe

Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas com o xale
[vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros


Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô.

Poema tirado de uma notícia de jornal (Libertinagem, p.136)

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia


[num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

Irene no céu (Libertinagem, p.142)

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:


- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Vou-me embora para Pasárgada (Libertinagem, p.146)

Vou-me embora pra Pasárgada


Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada


Aqui eu năo sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica


Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a măe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo


É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste


Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

REFERÊNCIAS:

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
Anexo IV

SELEÇÃO CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


A ROSA DO POVO (1945)
CLARO ENIGMA (1951)

Consideração do poema
Não rimarei a palavra sono
com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, que todas me convém.
As palavras não nascem amarradas,
elas saltam, se beijam, se dissolvem,
no céu livre por vezes um desenho,
são puras, largas, autênticas, indevassáveis.

Uma pedra no meio do caminho


ou apenas um rastro, não importa.
Estes poetas são meus. De todo o orgulho,
de toda a precisão se incorporaram
ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinícius
sua mais límpida elegia. Bebo em Murilo.
Que Neruda me dê sua gravata
chamejante. Me perco em Apollinaire. Adeus, Maiakovski.
São todos meus irmãos, não são jornais
nem deslizar de lancha entre camélias:
é toda a minha vida que joguei.

Estes poemas são meus. É minha terra


e é ainda mais do que ela. É qualquer homem
ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna
em qualquer estalagem, se ainda as há.
— Há mortos? há mercados? há doenças?
É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,
por que falsa mesquinhez me rasgaria?
Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes rugas.
O beijo ainda é um sinal, perdido embora,
da ausência de comércio,
boiando em tempos sujos.

Poeta do finito e da matéria,


cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,
boca tão seca, mas ardor tão casto.
Dar tudo pela presença dos longínquos,
sentir que há ecos, poucos, mas cristal,
não rocha apenas, peixes circulando
sob o navio que leva esta mensagem,
e aves de bico longo conferindo
sua derrota, e dois ou três faróis,
últimos! esperança do mar negro.
Essa viagem é mortal, e começá-la.
Saber que há tudo. E mover-se em meio
a milhões e milhões de formas raras,
secretas, duras. Eis ai meu canto.

Ele é tão baixo que sequer o escuta


ouvido rente ao chão. Mas é tão alto
que as pedras o absorvem. Está na mesa
aberta em livros, cartas e remédios.
Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,
o uniforme de colégio se transformam,
são ondas de carinho te envolvendo.

Como fugir ao mínimo objeto


ou recusar-se ao grande? Os temas passam,
eu sei que passarão, mas tu resistes,
e cresces como fogo, como casa,
como orvalho entre dedos,
na grama, que repousam.

Já agora te sigo a toda parte,


e te desejo e te perco, estou completo,
me destino, me faço tão sublime,
tão natural e cheio de segredos,
tão firme, tão fiel… Tal uma lâmina,
o povo, meu poema, te atravessa.

Procura da poesia
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro


são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.


O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza


nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.


Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.


Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

A flor e a náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:


Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.


Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.


Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.


Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!


Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.


Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde


e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
A epígrafe de Claro Enigma
Les événements m’ennuient.
Paul Valéry.

Dissolução
Escurece, e não me seduz
tatear sequer uma lâmpada.
Pois que aprouve ao dia findar,
aceito a noite.

E com ela aceito que brote


uma ordem outra de seres
e coisas não figuradas.
Braços cruzados.

Vazio de quanto amávamos,


mais vasto é o céu. Povoações
surgem do vácuo.
Habito alguma?

E nem destaco minha pele


da confluente escuridão.
Um fim unânime concentra-se
e pousa no ar. Hesitando.

E aquele agressivo espírito


que o dia carreia consigo
já não oprime. Assim a paz.
destroçada.

Vai durar mil anos, ou


extinguir-se na cor do galo?
Esta rosa é definitiva,
ainda que pobre.
Imaginação, falsa demente,
já te desprezo. E tu, palavra.
No mundo, perene trânsito,
calamo-nos.
E sem alma, corpo, és suave.

Um boi vê os homens
Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente, falta-lhes
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
até sinistros. Coitados, dir-se-ia não escutam
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível
e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes
e no rasto da tristeza chegam à crueldade.
Toda a expressão deles mora nos olhos — e perde-se
a um simples baixar de cílios, a uma sombra.
Nada nos pelos, nos extremos de inconcebível fragilidade,
e como neles há pouca montanha,
e que secura e que reentrâncias e que
impossibilidade de se organizarem em formas calmas,
permanentes e necessárias. Têm, talvez,
certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem
perdoar a agitação incômoda e o translúcido
vazio interior que os torna tão pobres e carecidos
de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme
(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no campo
como pedras aflitas e queimam a erva e a água,
e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade.

Você também pode gostar