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O Modernismo brasileiro compreende três fa- 4 #"0/.* (*) " . /' /.

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ses, marcadas por três gerações diferentes e sucessi- #1*%*5 ' (" " %*'( "
vas:
Exemplo:
Primeira fase (combativa ou heróica) - de
“Naquela casa mora,
1922 a 1930;
mora, ponhamos: guaraciaba..
Segunda fase (maturidade) - de 1930 a
A dos cabelos fogaréu!
1945;
(Mário de Andrade)
Pós-Modernismo - de 1945 até a atualidade.

É bom salientar que essa divisão é feita como 6 % 7#* %*") %*/ # )
um recurso didático apenas. Numa mesma fase, po- Exemplo:
dem coexistir ideais variados; a maior parte dos escri- “- Qué apanhá sordado?
tores da 1ª fase continuou produzindo e, - O quê?
freqüentemente, passando por tendências diferentes. - Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.”
(Oswald de Andrade)
Esta geração revolucionária teve como objeti-
vo principal, demolir uma ordem social e política 8 9 % (*5 ! 31*. . 1* * /
com caráter colonialista, uma arte e literatura baseada Exemplo:
na imitação estrangeira e desligada da realidade na- “Para dizerem milho dizem mio
cional. Teve como principais representantes na poe- Para melhor dizem mió
sia: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Para pior pió”.
Bandeira, Guilherme de Almeida, Raul Bopp, Cassi- (Oswald de Andrade)
ano Ricardo e Menotti Del Picchia. Na prosa: Mário
de Andrade, Oswald de Andrade e Alcântara Macha- : 1*%*5 ! (; * <#) ( ! %
do. !*
No primeiro momento, o Modernismo rompeu Exemplo:
as barreiras da poesia e da prosa, valorizando o pro- “Minha terra tem palmares
saico e o humor, através de uma atitude demolidora e onde gorjeia o mar
de uma crítica corrosiva contra o academicismo. os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.”
(Oswald de Andrade)

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'( " ) %*+ ( , )
Exemplo: Exemplo:
“Sentaram-me num automóvel de pêsames”. “Recife morto, Recife bom, recife brasileiro
(Oswald de Andrade - Memórias Sentimentais como a casa de meu avô.”
de João (Manuel Bandeira)
Miramar)
> / 0/.* .(?1*. / (7#*"1
-#". (* */ % ! %0)*. / %*& Exemplo:
1 ( 1#( ! 2 ) (/* “Eu insulto o burguês! O burguês níquel,
3! . O burguês-burguês
Exemplo: a digestão bem feita de São Paulo!”
“... E o médico veio de Chevrolet (Manuel Bandeira)
Trazendo um prognóstico
e toda a minha infância nos olhos.”
(Oswald de Andrade)

Editora Exato 11
/1*! "" * / prezadas, em razão do radicalismo da
Exemplo: primeira geração. É o caso dos versos regu-
“Estou farto do lirismo comedido lares (metrificados), da estrofação criteriosa
Do lirismo bem comportado e de formas fixas como o soneto, a balada,
(...) o rondó, o madrigal etc.
Não quero mais saber do lirismo que não é São autores desta geração de poetas: Carlos
[libertação.” Drummond de Andrade, Murilo Mendes,
Cecília Meireles, Jorge de Lima, Vinícius
@ % "< " .*/ ) 1 (AB*. " "*)#%1 & de Morais e Manuel Bandeira.
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Exemplo:
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“O céu jogava tinas de água sobre o noturno
que me devolvia a São Paulo”. ( "
"*
11. Interesse pelo homem comum. Maior apuro do verso;
Exemplo: Mais ênfase na palavra, no ritmo, na rima;
“João gostoso era carregador de feira-livre e Tendência para uma arte mais racional, ce-
morava no morro da Babilônia...” rebral, às vezes até hermética;
(Manuel Bandeira) Busca do regionalismo temático e do uni-
versalismo;
4@
Caráter “engajado” da poesia.
(*/.*! *" ( .1 (?"1*. " ( " ( "
"* ! (1*( 4@ Investigação psicológica das personagens e
( " seus conflitos íntimos;
A ação e o enredo perdem importância em
“A bagaceira”, de José Américo de Almei-
favor das emoções, estados mentais e rea-
da, foi o marco inicial dessa fase, em 1928.
ções das personagens;
Os romances de 30 caracterizavam-se por
A sugestão, a associação e a expressão indi-
apresentarem uma visão crítica das relações
reta passam a ser os meios de veicular a ex-
sociais. Os romancistas buscavam ressaltar
periência;
o homem hostilizado pelo ambiente, pela
A literatura torna-se cada vez mais subjeti-
terra, pela cidade, o homem devorado pelos
va, interiorizada e abstrata, constituída de
problemas que o meio lhe impõe.
experiências mentais;
O trabalhador rural, a seca e a miséria eram
O princípio de seleção do material expande-
temas desses romances de cunho regional e
se para incluir todos os motivos e assuntos;
social.
Normalmente, o autor não faz o retrato do
Por meio de autores como Rachel de Quei-
personagem: este vive e o leitor o conhece e
roz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos,
julga.
Jorge Amado, Érico Veríssimo e tantos ou-
tros, a literatura mostra o homem como ali- (*/.*! *" #1 ( "
cerce de cada uma das diversas áreas sócio- "*
econômicas do país, mas quase sempre em João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Morais,
luta desigual com ela. Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar.
"* ( "
A poesia da segunda geração modernista Clarice Lispector e Guimarães Rosa.
foi, essencialmente, uma poesia de questio-
D E
namento em torno da existência humana, do
sentimento de “estar no mundo”, da inquie- "*
tação social, religiosa, filosófica, amorosa As décadas de 50 e 60 assistiram ao lançamen-
etc. to de tendências poéticas caracterizadas por inovação
Essa geração de poetas, livre do compro- formal, maior proximidade com outras manifestações
misso de combater o passado, mantém mui- artísticas e negação do verso tradicional, uma vez que
tas das conquistas da geração anterior, mas deveriam acompanhar o progresso de uma civilização
também se sente inteiramente à vontade pa- tecnológica e responder às exigências de uma socie-
ra voltar a cultivar certas formas antes des-
Editora Exato 12
dade impelida pela rapidez das transformações e pela tas mais significativos citam-se Dalton Trevisan,
necessidade de uma comunicação cada vez mais ob- Moacyr Scliar, Luís Fernando Veríssimo, Luís Vile-
jetiva e veloz. Procurava-se, assim, “o poema produ- la, Lygia Fagundes Teles e Domingos Pellegrini Jr.
to: objetivo útil”. (*/.*! *" ( .1 (?"1*. " ( "
) /.( 1 A partir do golpe militar de 1964, a circulação
A palavra como coisa, o poema objetivo em cultural esteve sob a mira da polícia e da política.
que se utilizam múltiplos recursos: o acústico, o vi- A produção literária – quando tinha coragem
sual, a carga semântica, o espaço tipográfico e a dis- de aparecer – era de caráter político e audacioso. É o
posição dos vocábulos na página. caso, por exemplo de Quarup, de Antônio Callado,
Ex.: romance que refletiu, em 1967, a multiplicidade de
VAI E VEM formas sociais vigentes no Brasil.
E E ( .1 (?"1*. "
VEM E VAI (José Lino) Incorporação de técnicas: legitimação da
(*/.*! *" 1 " /.( 1*"1 " pluralidade. Nos anos 70 e 80, não há mais
Oswald de Andrade, João Cabral de Melo Ne- limite entre o romance e o conto. São ro-
to, Décio Pignatari, José Lino, Ronald Azevedo, A- mances que se parecem com reportagens;
roldo de Campos e Augusto de Campos. contos que se parecem com poemas em
) (AF*" prosa ou com crônicas; autobiografias com
Valoriza a palavra dentro de um contexto ex- aspectos de romances; narrativas que ga-
tralingüístico, caracterizando-se pela periodicidade e nham jeito de cena teatral; textos que se fa-
repetição das palavras, cujo sentido e dicção mudam zem por justaposição de recortes, reflexões,
conforme sua posição no texto. documentos.
Ex.: “(...) E na mão do primeiro o Desestruturação do enredo: o romance per-
punhal se empunha se de a visão de conjunto, devido ao acúmulo
ergue chispando e em X de pormenores narrativos e, também, à des-
pando desce: se crava crição de estado d’alma, estados físicos etc.
cravo, na caixa de som”. A monotonia nas narrativas revela o fato de
(Colchão murcho coração) que para o autor não importa o que se con-
(Azevedo Filho) ta, mas como se conta. O mundo interior
(*/.*! *" #1 ( " "* ( F*" vem à tona com todas as suas nuanças e o
relato ganha tons psicanalíticos.
Mário Chamie, Mauro Gama, Yone Fonseca,
Ficcionalização de outros gêneros: os escri-
Armando Freitas Filho e Antônio Carlos Cabral.
tos trouxeram para o romance ou para o
Poema Processo: Caracteriza-se mais como
conto elementos do cinema, do teatro e da
uma arte gráfica do que literária - a palavra dá lugar a
telenovela. Assim, por exemplo, a narrativa
símbolos gráficos.
fim de século XX traz para o relato a coe-
Pode-se citar como exemplo o poema código
xistência entre o falado e o escrito, o monó-
“Fome”, de José de Arimatéia Soares Carvalho.
logo, a gíria, o texto completamente livre.
Realismo feroz, ultra-realismo: a nova nar-
Poesia marginal: poema produzido e distribu-
rativa, que adentra os anos 90, chega a a-
ído pelo próprio autor, nas ruas, bares, restaurantes
gredir o leitor pela violência dos temas que
etc.
aborda. É um ultra-realismo sem preconcei-
( " tos, ao qual a própria linguagem também
No romance, o regionalismo continua sendo faz jus, não se economizando nem se res-
um filão muito rico e produtivo, com autores consa- guardando; todas as palavras são válidas,
grados como Mário Palmério, Bernardo Elis, Antônio inclusive as de baixo calão.
Calado, Josué Montello e José Cândido de Carvalho. Realismo mágico: trata-se de uma literatura
O romance policial e/ou histórico também é que opta pelo fantástico para registrar um
muito cultivado por autores contemporâneos como, mundo que não pode ser impresso pela lin-
por exemplo, Rubem Fonseca. guagem comum, devido à máquina repres-
A crônica e o conto são narrativas curtas con- siva. O fantástico e o absurdo servem para
sagradas na prosa das últimas décadas. O conto, po- camuflar uma realidade proibida de ser vei-
rém, situa-se em posição privilegiada tanto em culada.
quantidade como em qualidade, se analisado no con-
junto das produções contemporâneas. Entre os contis-

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#1 ( " ( " /1 )! (G/ H
Antônio Carlos Callado – Vários persona-
(*/.*! *" #1 ( " +( "
gens de seus livros foram inspirados em
pessoas reais – gente cruel, participante do (*) *( " & "* I
processo repressivo, que torturava e matava Mário Raul de Andrade - O “papa” do Mo-
pessoas. No romance Sempreviva, por e- dernismo publica, em 1917, “Há uma gota de sangue
xemplo, o personagem Claudemiro repre- em cada Poema”, sob o pseudônimo de Mário Sobral.
sentava o tenebroso delegado Sérgio Mário de Andrade considerava São Paulo a sua musa
Paranhos Fleury. Romances: Assunção de inspiradora. Deu à sua obra o caráter de missão, ou
Salviano, A Madona de Cedro; Quarup; Re- seja, considerou-se um arauto de novas idéias e colo-
flexos do baile; Sempreviva. cou seus textos a serviço da renovação cultural e po-
José J. Veiga – Representava uma linha da lítica do país. Assim, sua obra traz os traços da
nova narrativa, que tem predileção pelo fan- modernidade, ao mesmo tempo em que é participante
tástico. A força do desconhecido atuando de todos os movimentos democráticos da época.
sobre o mundo conhecido é veementemente Obras do autor: “Paulicéia Desvairada”, “Há
marcada em suas obras. Romances: A hora uma gota de sangue em cada poema”, “Amar, verbo
dos ruminantes; Aquele mundo de Vascon- intransitivo”, “Contos Novos” e “Macunaíma”.
celos; Sombras de Reis Barbudos; Os peca- José Oswald de Sousa Andrade - Foi uma
dos da tribo; De jogos e festas. das figuras centrais na campanha preparatória para a
Contos: Os cavalinhos de Platiplanto; A má- Semana de Arte Moderna, de 1922. Oswald de An-
quina extraviada. drade lutou intensamente pela criação de uma litera-
Murilo Eugênio Rubião – Grande contista, tura brasileira modernizada, de uma arte nacional.
trabalhou, também, o fantástico na literatu- Obras do autor: “Estrela do absinto”, “Memó-
ra. Contos: O pirotécnico Zacarias; O Ex- rias sentimentais de João Miramar”, “Serafim Ponte
mágico; O homem do boné cinzento; A es- Grande”, “O homem e o cavalo”, “A morta”, “O Rei
trela vermelha; Os dragões e outros contos; da Vela” e “Marco zero”.
O convidado; A casa do girassol vermelho. Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho -
João Antônio Ferreira Filho – Conhece, Influenciado pelos simbolistas franceses Baudelaire e
como poucos, o mundo da boêmia e da Verlaine, seus versos deixam transparecer a idéia da
marginalidade, optando por retratá-lo na li- morte, do desalento. Com “Carnaval” (1919), Manuel
teratura que escreve. É redator de jornal e Bandeira granjeia grande sucesso, porém, em con-
publicitário. Contos: Malagueta, Perus e traste com a euforia carnavalesca, a maioria dos po-
Bacanaço; Paulinho perna torta; Leão de emas desta obra traz a marca da decepção. Manuel
chácara; Malhação do Judas Carioca; Casa Bandeira foi parnasiano antes de pensar em ser mo-
de loucos; Calvário e pores do pingente A- dernista.
fonso Henriques de Lima Barreto; Lambões Obras do autor: “Estrela da manhã”, “Poesias
de Caçarda abraçado ao mundo com o meu escolhidas”, “Poesias completas”, “A autoria das
rancor. Cartas Chilenas”, “Mafuá do malungo” e “Itinerário
Lygia Fagundes Teles – Uma das maiores de Pasárgada”.
contistas, escreve contos tradicionais e fan- #/ " & ( " I
tásticos. Lygia também possui a autoria de José Américo de Almeida - “... José Américo
bons romances. Contos: Praia Viva; O cac- de Almeida - que abriu para todos nós o caminho do
to vermelho; Venha ver o pôr-do-sol; Antes moderno romance brasileiro.”
do Baile verde; Seminário de ratos; Seleta; (Guimarães Rosa)
O jardim selvagem, dentre outros. Roman-
ces: As meninas; Ciranda de Pedra e Verão “O número de referências bibliográficas não dá
no Aquário. idéia suficiente do êxito e da importância de “A ba-
Roberto Drummond – Um dos mais gaceira”, romance que abriu nova fase na história li-
significativos autores do “boom” editorial terária do Brasil”.
dos anos 70. Contos: Quando fui morto em (Otto Maria Carpeaux)
Cuba. Romances: Hilda Furação; O cheiro
de Deus; Hitler manda lembranças; Sangue
de Coca-Cola; O Dia em que Ernest He-
mingway morreu crucificado; Ontem à noi- Obras do autor: “A bagaceira”, “O boqueirão”
te era Sexta-Feira. e “Corteiros”.
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contradições, o corpo, o erotismo (última fase do
José Lins do Rego - Sua estréia literária deu- poeta).
se em 1932, com o livro “Menino de Engenho”, pon- Obras do autor:
to de partida para o ciclo da cana-de-açúcar. Os ro- Poesia: “Alguma poesia” “Beijos das Almas”,
mances de José Lins do Rego, conforme a temática, “Sentimentos de Mundo”, “A rosa do povo”, “Claro
são reunidos em: enigma”, “Fazendeiro do Ar”.
a) Ciclo da cana-de-açúcar: “Menino de Engenho”, Prosa: “Contos de Aprendiz”, “Fala, amendo-
“Doidinho”, “Banguê”, “Moleque Ricardo” e eira”, “A bolsa e a vida”, “Boca de luar”, “O avesso
“Fogo morto”. das coisas” e “Cadeira de Balanço”.
b) Ciclo da seca, do cangaço e do misticismo: “Pedra
Bonita” e “Cangaceiros.” Cecília Meireles - “Como um todo uniforme e
c) sem filiação a nenhum ciclo, mas ligados à paisa- linear, presidido por três constantes fundamentais: o
gem do Nordeste, José Lins escreveu “Pureza”, oceano, o espaço e a solidão (...)” Às vezes, se deixa
“Riacho Doce”, “Água Mãe” e “Eurídice”. seduzir pelo medievalismo e busca as sugestões do
Rachel de Queiroz - em 1917, em companhia lirismo trovadoresco, incorrendo então num falso vir-
dos pais, vai de Fortaleza para o Rio de Janeiro, pro- tuosismo”.
curando esquecer os sofrimentos da terrível seca de (In. CÂNDIDO, A. E CASTELLO, J.A. Presença da literatura brasileira,
VIII. p. 112-113)
1915. Mais tarde, a romancista aproveita esse fato
Obras da autora: “Romanceiro da Inconfidên-
como tema de seu livro de estréia, “O Quinze.”
cia”, “Mar absoluto”, “Amor em Lenoreta”, “Ou isto
Obras da autora: “O Quinze”, “João Miguel”,
ou aquilo” (poesias infantis).
“Caminho de Pedras”, “As três Marias” e “O galo de
Ouro”. Vinícius de Morais - Segundo o próprio autor,
sua obra revela dois momentos bem distintos:
Graciliano Ramos - O estilo de Graciliano - na primeira fase, os poemas têm cunho reli-
Ramos é incisivo, direto e mesmo seco, coerente com gioso, melancólico e o verso é livre.
a realidade que fixou. A linguagem é rigorosamente - na segunda fase, o poeta afasta-se da religio-
justa e conscientemente trabalhada. Escreveu com sidade e diversifica os temas e os processos poéticos.
exatidão e rigor fora do comum. Foi perfeito artista Os sonetos apresentam duas facetas: de um lado, em-
da palavra. pregam linguagem “nobre”; de outro, linguagem co-
Obras do autor: “São Bernardo”, “Angústia”, loquial, objetiva.
“Vidas secas”, “Histórias completas”, “Insônia”, e Obras do autor: “O caminho para Distância”;
“Alexandre e outros heróis”. “Forma e exegese”, “Poemas; canções e baladas”,
“Pátria minha”, “Livro dos sonetos” e “Antologia po-
Jorge Amado - iniciou sua carreira com obras ética”.
de cunho regionalista e de denúncia social, passando (. *( B " # ( 68 13
por várias fases até chegar à atual, voltada para a João Cabral de Melo Neto - Ocupa um lugar
crônica de costumes. Sua obra apresenta altos e bai- todo especial na literatura brasileira pela inventivida-
xos, uma vez que revela certo descuido formal, abuso de verbal e pela participação nos problemas sociais.
de clichês e lugares comuns, lirismo às vezes piegas, Distingue-se em nossa literatura pela preocupação
o que o impede de atingir o nível que se esperaria do com a construção e purificação da poesia.
mais conhecido romancista brasileiro. Obras do autor: “O engenho”, “Psicologia da
Obras do autor: “O país do carnaval”, “Cacau”, composição”, “Pedra do sono”, “O cão sem plumas”,
“Suor”, “Jubiabá”, “Mar morto”, “Capitães da Arei- e “Morte e vida Severina”.
a”, “Terras do sem-fim”, “São Jorge dos Ilhéus” e “Escrevi Morte e vida Severina para aquele
“Gabriela, cravo e canela”. leitor do mercado de Recife que ouve o romanceiro
#/ " & "* I de cordel.”
Carlos Drummond de Andrade - Drum- (João Cabral de Melo Neto)
mond, além de poeta, é um excelente prosador, de es-
tilo marcado pelo humor e pelo ceticismo, ou seja, Ferreira Gullar - Empregando muitas vezes
estado de espírito de quem duvida de tudo. A obra de ritmos e temas da literatura de cordel, Gullar põe a nu
Drummond pode ser dividida de acordo com sua te- as tensões sociais, fazendo uso de uma poesia voltada
mática: reminiscência da infância, da família, de Ita- para a denúncia e a crítica. Suas poesias expõem forte
bira; a busca da poesia; o cotidiano; a busca de si conteúdo ideológico.
mesmo, o filosófico e o metafísico; o amor e suas Obras do autor: “Um pouco acima do chão”,
“Luta corporal”, “João Boa-Morte”, “Cabra marcado
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para morrer”, “Quem matou Aparecida”, “Na verti- 1 Além dos versos livres e da poesia em prosa, ou-
gem do dia” e “Barulho”. tra característica formal modernista presente no
( " poema é a ausência de sinais de pontuação, tais
Clarice Lispector - Clarice aprofunda a son- como são convencionalmente utilizados. Trans-
dagem psicológica apresentando o fluxo da consciên- creva um verso do poema que exemplifique si-
cia. Este fluxo cruza vários planos narrativos, sem multaneamente esses três aspectos estilísticos da
haver preocupação com a lógica ou com a ordem nar- primeira geração modernista.
rativa.
Obras da autora: “Perto do coração selvagem”, 2 Embora não possua uma seqüência linear, o texto
“O lustre”, “A paixão segundo G.H.”, “A hora da es- pode ser dividido em duas partes, que se interca-
trela” e “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”. lam. A primeira é de negação (estrofes 1, 2, 3, 5,
João Guimarães Rosa - é uma das principais 6) e a segunda, de afirmação (estrofes 7, 8).
expressões da literatura brasileira. Seus romances de a) A que parte pertence a quarta estrofe? Por quê?
cunho regionalista, surpreendem em virtude da origi- b) Que elemento formal destaca a quarta estrofe
nalidade de sua linguagem e de suas técnicas narra- do poema, pela sua modernidade?
tivas, que apontam uma mudança substancial na
velha tradição regionalista. A grande novidade lin-
güística introduzida pelo regionalismo de Guimarães 3 Na parte de negação do poema, o sujeito poético
foi a de recriar, na literatura, a fala do sertanejo, não rejeita o lirismo parnasiano, destacando critica-
apenas no nível do vocabulário, mas também no da mente algumas de suas características. Escolha
sintaxe e na melodia da frase. Guimarães Rosa recria fragmentos de versos que exemplifiquem as ca-
a própria língua portuguesa, a partir do aproveita- racterísticas mencionadas. Observe o exemplo.
mento de temas em desuso, da criação de neologis- Contenção emocional, gerando a normativida-
mos e do emprego de palavras tomadas de de academicista exacerbada, protocolar.
empréstimo a outras línguas. A prosa de Guimarães é "lirismo comedido" / "bem comportado" /
carregada de recursos mais comuns à poesia, tais co- "funcionário público com livro de ponto expedi-
mo o ritmo, as aliterações, as metáforas, as imagens, ente" / "protocolo e manifestações de apreço ao
obtendo assim, uma prosa altamente poética, nos li- Sr. diretor".
mites entre a poesia e a prosa.
a) Vocabulário elitizado, dicionarizante.
Obras do autor: “Sagarana”(contos), “Grande b) Correção gramatical.
Sertão: Veredas” (romance), “Corpo de baile” (nove-
las), publicada, atualmente em três partes: “Manuel-
zão e Miguilim”; “No urubuquaquá, no Pinhém”; e 4 Além do Parnasianismo, outro estilo literário é
“Noites do sertão”. rejeitado pelo sujeito poético. Identifique e cite
duas de suas características, referidas no texto.

Poética J
Manuel Bandeira
1 (Uneb-BA)
Estou farto do lirismo comedido Dê-me um cigarro
do lirismo bem comportado Diz a gramática
Do lirismo funcionário público com livro de ponto Do professor, e do aluno
expediente E do mulato sabido.
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor Mas o bom negro e o bom branco
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no di- da Nação Brasileira
cionário. Dizem todos os dias
o cunho vernáculo de um vocábulo Deixa disso camarada
Abaixo os puristas. Me dá um cigarro.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos univer-
sais. Os versos acima ilustram:
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exce- a) o pendor de Manuel Bandeira, inclinado a fa-
ção. zer poesia em torno de aspectos mais comuns
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis. da realidade.

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b) o projeto modernista que propaga a desvincu- Já na meninice fez coisas de sarapantar. De
lação da cultura brasileira da arte estrangeira. primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o
c) a emoção e o lirismo que alimentam a inquie- incitavam a falar exclamava:
tude de espírito de Mário de Andrade. -Ai! Que preguiça..."
d) o propósito de Oswald de Andrade no sentido (Mário de Andrade)
de renovar a linguagem para aproximá-la da
naturalidade da fala. Confrontando os textos, percebe-se que:
e) a construção da poesia simples que, em Manu- a) Mário de Andrade "copiou" de José de Alencar
el Bandeira, rompe os princípios parnasianos e o início de seu romance.
inaugura o “lirismo-libertação". b) Em Iracema há um "herói", enquanto em Ma-
cunaíma há um "anti-herói".
c) Há um choque entre o pensamento do século
2 (FCMSC-SP) XVIII e o do século XX.
Movimentos: d) Ambos os romances são indianistas.
I. Pau-Brasil e) José de Alencar e Mário de Andrade utilizam-
II. Verde-Amarelo se da mesma técnica narrativa.
III. Antropofagia
Objetivos:
1. Resposta ao conservadorismo manifestado pelo 4 Relacione as opiniões críticas do professor Al-
movimento da Anta. fredo Bosi aos poetas a que se referem:
2. Revalorização do primitivo, através de uma ar- a) Cecília Meireles
te que redescobrisse o Brasil. b) Carlos Drummond de Andrade
3. Proposição de uma estrutura nacionalista. c) Murilo Mendes
A associação correta é: d) Vinícius de Moraes
a) I-2; II-3; III-1 e) Jorge de Lima
b) I-3; II-2; III-1
c) I-1; II-2; III-3 ( ) "Na verdade, [...] foi pelo prosaico, pelo irô-
d) I-3; II-1; III-2 nico, pelo anti-retórico que [...] se afirmou
e) nenhuma. como poeta congenialmente moderno. O rigor
da sua fala madura, lastreada na recusa e na
contenção, assim como o fizera homem de es-
3 (Universidade Estadual do Mato Grosso) perança no momento participante de A rosa do
Leia com atenção os textos a seguir: povo, o faz agora homem de um tempo reedi-
( . ) ficado até a medula pela dificuldade de trans-
Capítulo II cender a crise de sentido e de valor que rói a
"Além, muito além daquela serra, que ainda nossa época, apanhando indiscriminadamente
azula no horizonte, nasceu Iracema. as velhas elites, a burguesia afluente, as mas-
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha sas." (Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasi-
os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais leira. São Paulo, Cultrix.)

longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não ( ) "É poeta de aderência ao ser, poeta cósmico e
era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia social [...]. Tendo mantido firme a sua ânsia li-
no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida bertária, ânsia que partilhou com o Modernis-
que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão mo anterior a 30 [...] Místico, ele perfura a
e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, crosta das instituições e dos costumes culturais
da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal ro- para morder o cerne da linguagem religiosa,
çando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a ter- que é sempre ligação do homem com a totali-
ra com as primeiras águas". dade. [...] Foi João Cabral de Melo Neto quem
(José de Alencar) acertou no alvo quando reconheceu: (sua) poe-
.#/ ?) sia [...] me foi sempre mestra, pela plasticidade
Capítulo I e novidade da imagem. Sobretudo foi ela quem
"No fundo do mato-virgem nasceu Macunaí- me ensinou a dar precedência à imagem sobre
ma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do a mensagem, ao plástico sobre o discursivo.
medo da noite. Houve um momento em que o silên- Nessa caracterização, reconhecem-se o proces-
cio foi tão grande escutando o murmurejo do Urari- so futurista da montagem e o processo surrea-
coera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. lista da seqüência onírica; a combinação de
Essa criança é que chamaram de Macunaíma. ambos faz-se pelo traço comum, associativo,

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que permite que se justaponham sintática e 5 Sobre a poesia da segunda geração modernista,
simbolicamente os dados da imaginação". responda as questões abaixo:
(Alfredo Bosi. Op. cit. págs. 498 e 499.) a) Em que sentido podemos considerar a poesia da
( ) "Este poeta, que, a certa altura da sua história geração de 30 um prolongamento e, ao mesmo
espiritual, partilhou com Murilo Mendes o pro- tempo, uma contraposição em relação à produ-
jeto de restaurar a poesia em Cristo [...] Come- ção poética da geração de 22?
çou como sonetista neoparnasiano [...]. Mas o b) Por que os poetas da geração de 30 são consi-
contato com o Modernismo em geral e, parti- derados poetas de cosmovisão? Compare a poe-
cularmente, com o grupo regionalista do Reci- sia de Carlos Drummond de Andrade com a de
fe [...] ajudou o poeta a descobrir a sua Murilo Mendes e a de Jorge de Lima quanto a
vocação de artista de múltiplas dimensões (a esse aspecto.
social, a religiosa, a onírica), embora organi- c) Na produção poética da geração de 30, onde se
camente lírico, isto é, enraizado na própria afe- encontram as vozes mais líricas, no sentido tra-
tividade, mesmo quando aparente dispersar-se dicional da palavra? Por quê?
em notações pitorescas, em ritmos folclóricos, d) O que você entende por “lírica moderna”?
em glosas dos grandes clássicos. [...] Os poe- Quem é seu principal representante no Brasil?
mas negros, que incorporam tantas vozes e Aponte uma obra desse escritor que justifique a
ritmos da linguagem afronordestina, nos dão sua resposta.
pistas para uma decifração mais completa da e) Qual o significado da obra Tempo e Eternidade
religiosidade a um tempo mística e terrena de para o Modernismo brasileiro? Dos autores des-
Tempo e eternidade". sa obra, qual escreveu poemas satíricos sobre a
(Alfredo Bosi. Op. cit. págs. 502, 503 e 504.)
“História do Brasil”? Qual dedicou-se a trans-
( ) "(Seus) primeiros livros [...] também foram
por para a literatura as tradições folclóricas a-
escritos sob o signo da religiosidade neo-
fro-nordestinas?
simbolista [...]; mas a urgência biográfica logo
deslocou o eixo dos temas desse poeta lírico
por excelência para a intimidade dos afetos e 6 (UFSM-RS)
para a vivência erótica. [...] será talvez, depois Sobre o romance de 30, afirma-se:
de Bandeira, o mais intenso poeta erótico da I. Trata-se de narrativas de autores nordestinos
poesia brasileira moderna. [...] Alguns de seus que denunciam a injusta organização social do
sonetos deram vida nova à forma antiga e po- país.
voaram de ecos camonianos o estilo de não II. As narrativas que o integram têm como traço
poucos jovens estreados depois da guerra." comum certos aspectos, como a problemática
(Alfredo Bosi. Op. cit. págs. 510 e 511.)
agrária e social brasileira.
( ) "Com (o poeta) a vertente intimista [...] afi- III. Não interrompe a seqüência da narrativa no
na-se ao extremo e toca os limites da música Brasil, constituindo-se em uma frustração dos
abstrata. Mas, enquanto Murilo, Jorge de Li- ideais de renovação modernista.
ma, [...] Vinícius são líricos do ser e da pre- Está(ão) correta(s):
sença (religiosa, erótica ou social), o poeta de a) I apenas.
Solombra parte de um certo distanciamento do b) II apenas.
real imediato e norteia os processos imagéticos c) III apenas.
para a sombra, o indefinido, quando não para o d) I e II apenas.
sentimento da ausência e do nada. [...] Mas há e) II e III apenas.
outro neo-simbolismo [...] filiado às sondagens
líricas [...] que conceberam a poesia como sen-
timento transformado em imagem [...]. Nas pa- 7 (Vunesp-SP)
lavras (do poeta), ia poesia é grito, mas Em seu álbum póstumo, o cantor e compositor
transfigurado'. A transfiguração faz-se no pla- Cazuza diz, com sarcasmo:
no da expressividade. [...] (Foi) talvez o poeta "A burguesia fede!
moderno que modulou com mais felicidade os A burguesia quer ficar rica!
metros breves, como se vê [...] no trabalhadís- A burguesia não tem charme nem é discreta
simo Romanceiro da Inconfidência." com suas perucas de cabelo de boneca
(Alfredo Bosi. Op. cit. págs. 512 e 513.) A burguesia quer ser sócia do Country
Quer ir em Nova lorque fazer compras".
"Burguesia", Cazuza

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Compare os versos apresentados com o seguinte II. O fragmento 2, por meio da oposição entre o
poema concreto: homem e o objeto, tematiza a problemática so-
cial.
III. O fragmento 3 NÃO assinala a inquietação
do poeta que está em busca de novas expres-
sões poéticas.
Está(ão) correta(s):
a) apenas a afirmativa I.
Augusto de Campos. Viva vaia. São Paulo, Brasiliense, 1986. b) apenas a afirmativa II.
c) apenas a afirmativa I e II.
Releia ambos os textos e, a seguir, comente: d) apenas a afirmativa I e III.
a) O sentido de crítica social que os versos canta- e) apenas a afirmativa II e III.
dos por Cazuza e o poema de Augusto de
Campos podem conter:
b) Que relação pode existir entre a simbologia 9 (UFS-SE)
gráfica do tipo de letra "decorativa" ou "orna- um
mental" com que Augusto de Campos escreve movi
a palavra "luxo" e os versos "A burguesia não mento
tem charme nem é discreta/Com suas perucas compondo
de cabelo de boneca". além
da
nuvem
8 (EFSM-RS) Leia os fragmentos abaixo, de auto- um
ria de Ferreira Gullar: campo
de
As peras, no prato, combate
apodrecem.
O relógio, sobre elas, O poema acima representa a poesia concretista
mede porque:
a sua morte? a) liga a palavra e o contexto extralingüístico, es-
Paremos a pêndula. De- tabelecendo uma ponte entre o poeta e a vida
teríamos, assim, a social.
morte das frutas? b) propõe uma arte mais comunicativa, voltada
para os problemas reais.
Em usinas escuras, c) elimina o retórico, compondo um discurso poé-
Homens de vida amarga tico despojado.
E dura d) se relaciona com as artes plásticas e com a mú-
Produziram este açúcar sica.
Branco e puro e) joga com as palavras, criando estruturas que se
Com que adoço meu café esta manhã ligam visualmente.
Em Ipanema
4 10 (OBJETIVO-SP) Considere o texto:
Só cabe no poema Posições do corpo
O homem sem estômago Sob o azul
A mulher de nuvens Sobre o azul
A fruta sem preço Subazul
O poema, senhores, Subsol
Não fede Subsolo
Nem cheira (Cassiano Ricardo)
Todas as características que seguem encontram-
Considere as afirmações sobre os excertos apresenta- se no poema acima, exceto:
dos: a) aproveitamento do espaço concreto, em que a
I. O fragmento 1 insere-se na perspectiva moder- palavra se dimensiona visualmente.
nista, pois se vale de objetos do cotidiano para b) presença de sintaxe antidiscursiva, suprimidos
fazer poesia. os elementos de ligação tradicionais da frase.

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c) incorporação de temas e formas do folclore, 5
numa aproximação com o ufanismo romântico. a) A segunda geração modernista pode ser consi-
d) tendência à criação vocabular, à sintaxe apura- derada um prolongamento da primeira, em
da e à maior concisão de linguagem. termos de produção poética, uma vez que in-
e) técnica da repetição, como elemento decisivo corpora propostas de 22 às obras literárias. Ao
para a fixação da mensagem nuclear do poema. mesmo tempo, a poesia de 30 se contrapõe à
de 22, por seu caráter construtivo, de revalori-
zação de elementos poéticos tradicionais.
11 (MACK) Quando Caetano Veloso diz em Sam- b) Os poetas da geração de 30 são considerados
pa: “da feia fumaça que sobe apagando as estre- poetas de cosmovisão, porque transcendem o
las, eu vejo surgir seus poetas de campos e nacionalismo de 22, ampliando-o para uma
espaços”, refere-se a um grupo no qual se inclu- consciência social e política de caráter univer-
em Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Au- sal. Enquanto, em Drummond, essa cosmovi-
gusto de Campos. são se revela por meio de uma poesia de
Sua proposta é, basicamente, usar todos os recur- denúncia social e política, que identifica o ca-
sos de que a palavra dispõe, com os termos ad- pitalismo como responsável pelas desigualda-
quirindo validade não só pelo significado, como des e contradições, em Murilo Mendes e em
também pelos aspectos visuais. Tal tendência é Jorge de Lima, a crítica à realidade é feita de
conhecida como: uma perspectiva místico-religiosa, bíblica, a-
a) Poesia Futurista. pocalíptica.
b) Poesia-práxis. c) As vozes mais líricas da poesia de 30 encon-
c) Poema/Processo. tram-se nas obras de Vinícius de Moraes e de
d) Metapoema. Cecília Meireles. Ambos são poetas mais inti-
e) Poesia Concreta. mistas, mais voltados para a realidade interior,
a realidade das emoções, dos sentimentos e das
sensações humanas, que caracteriza o lirismo
-
tradicional.
d) A lírica moderna é aquela que aborda os pro-
"1# *(* *
blemas sociais, as questões coletivas, em ver-
1 O terceiro verso da primeira estrofe e o segundo sos que não deixam de ser líricos, pois
verso da sexta estrofe são os melhores exemplos apresentam a realidade externa numa perspec-
a serem citados. tiva humana densa, de envolvimento entre o
mundo interior do sujeito poético e o mundo
2
exterior, sobre o qual se posiciona. Seu maior
a) A quarta estrofe pertence a ambas as partes, já
representante no Brasil é Carlos Drummond de
que nela há um “corte” que interrompe a nega-
Andrade, principalmente em seus poemas pú-
ção (verso 1), substituindo-a pela afirmação
blicos, de conteúdo ideológico, social. A obra
(versos 2 e 3).
que melhor exemplifica essa característica da
b) O “corte” cinematográfico, que quebra a se-
poesia do escritor é A rosa do povo, de 1945.
qüência linear do texto.
e) Tempo e eternidade é a obra que trouxe para o
3 contexto do Modernismo a poesia místico-
a) “... lirismo que pára e vai averiguar no dicioná- religiosa e cristã, renovando-a artisticamente
rio o cunho de um vocábulo”. em seu catolicismo engajado, preocupado com
b) “Abaixo os puristas”. as questões sociais. Murilo Mendes e Jorge de
4 Trata-se do Romantismo. As características desse Lima são seus autores. A obra do primeiro in-
estilo referidas no texto são a obsessão pela temá- clui poemas satíricos sobre a "História do Bra-
tica amorosa e a tendência à autodestruição. sil" e a obra do segundo destaca-se por
incorporar à literatura as tradições folclóricas
F (.?.* " afro-nordestinas.
1 D 6 D
2 A
3 B 7 a) Nos versos de Cazuza a crítica social é explíci-
ta. O autor ataca hábitos e valores atribuídos à
4 B, C, E, D, A burguesia: O apego à riqueza material, à falta de

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fineza de trato, o gosto de ostentação, a falta de - -K
autenticidade e o consumismo. Já, no poema de
Augusto de Campos, a crítica social é “implíci- ABAURRE, Maria Luiza M. e PONTARA, Marce-
ta”. Manifesta-se no uso irônico dos tipos orna- la. Literatura Brasileira - tempos, leitores e lei-
mentais que compõem a palavra "luxo", repetida turas. Editora Moderna.
exaustivamente em corpo pequeno, até formar; FARACO, Carlos Emílio e MOURA, Francisco
em corpo maior, a palavra "lixo ". Marto de. Literatura Brasileira.. Editora Ática
b) Os dois enunciados apresentam uma perspecti- MAIA, João Domingues. Literatura: Textos & Téc-
va crítica da sociedade, sobretudo pela focali- nicas.. Editora Ática.
zação do universo burguês. Na montagem de
Augusto de Campos, essa crítica se realiza por
contraste entre as palavras lixo e luxo, tão pa-
recidas no significante quanto opostas no sig-
nificado. Assim, o luxo burguês dissimula sua
própria realidade que é o lixo moral da socie-
dade de classes, e a função das letras "orna-
mentais" denunciaram-se a si mesmas como
aparência e ideologia que esconde o lixo. Pro-
cesso semelhante aparece na canção "Burgue-
sia", no qual a expressão "não tem charme"
evoca imediatamente o seu contrário, celebra-
do num filme de Buñnuel (O discreto charme
da burguesia).
8 C
9 E
10 C
11 E

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